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"Eu, etiqueta" de Carlos Drummond de Andrade. O poema está na voz do ator Paulo Autran.

Consumo eu etiqueta

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"Eu, etiqueta" de

Carlos Drummond

de Andrade.

O poema está na

voz do ator Paulo

Autran.

“Eu, etiqueta “"Em minha calça está grudado

um nome que não é o meu de

batismo ou cartório,

um nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de

bebida... que jamais pus na

boca, nesta vida.

Em minha camiseta, a marca de

cigarro que não fumo, até hoje

não fumei."

Eu, etiqueta DRUMMOND

DE ANDRADE, Carlos. O

Corpo. Rio de Janeiro: Ed.

Record,1984, pp.85-87.

Em minha calça está grudado

um nome que não é meu de

batismo ou de cartório um

nome... estranho.

Meu blusão traz lembrete de

bebida que jamais pus na

boca, nesta vida.

Minhas meias

falam de

produto que

nunca

experimentei

mas são

comunicados

a meus pés.

Meu tênis é proclama

colorido de alguma coisa não

provada por este provador de

longa idade.

Meu lenço, meu relógio, meu

chaveiro, minha gravata e cinto e

escova e pente, meu copo, minha

xícara, minha toalha de banho e

sabonete, meu isso, meu

aquilo, desde a cabeça ao bico dos

sapatos,

São mensagens, letras falantes,

gritos visuais, ordens de uso,

abuso, reincidência, costume

hábito, premência,

indispensabilidade,e fazem de mim

homem-anúncio itinerante, escravo

da matéria anunciada...

Estou, estou na moda. É doce

estar na moda, ainda que a

moda seja negar minha

identidade, trocá-la por mil,

açambarcando todas as marcas

registradas, todos os logotipos

do mercado.

Com que incidência demito-me

de ser eu que antes era e me

sabia tão diverso de outros, tão

mim-mesmo, ser pensante e

solidário com outros seres

diversos e conscientes de sua

humana, invencível condição.

Agora sou anúncio, ora vulgar ora

bizarro, em língua nacional ou em

qualquer língua (qualquer,

principalmente). E nisto me

comprazo, tiro glória de minha

anulação. Não sou – vê lá –

anúncio contratado.

Eu é que mimosamente pago para

anunciar, para vender em bares

festas praias pérgulas piscinas, e

bem à vista exibo esta etiqueta

global no corpo que desiste de ser

veste e sandália de uma essência

tão viva, independente, que moda

ou suborno algum a compromete...

Onde terei jogado fora meu gosto e

capacidade de escolher, minhas

idiossincrasias tão pessoais, tão

minhas que no rosto se espelhavam, e

cada gesto, cada olhar, cada vinco da

roupa resumia uma estética?

Hoje sou costurado, sou tecido,

sou gravado de forma universal,

saio da estamparia, não de casa,

da vitrina me tiraram, recolocam,

objeto pulsante mas objeto que se

oferece como signo de outros

objetos estáticos, tarifados.

Para me ostentar assim, tão

orgulhoso e ser não eu, mas

artigo industrial, peço que

meu nome retifiquem.

Já não me convém o título

de homem. Meu nome novo

é coisa. Eu sou a

coisa, coisamente.

O consumo em “Eu Etiqueta” poema de Carlos Drummond

de Andrade, pressupõe relação de comportamento, bem

como fabricação da identidade mediante a exibição de

mercadorias, onde o meios de produção levam os

trabalhadores a perderam a sua capacidade de escolha,

tornando-se divulgadores de marcas, que são consumidas

como símbolos de status e para demarcar relações

sociais. Drummond relata que a moda é responsável por

fazer seus consumidores deixarem seus gostos pessoais

de lado“ É doce estar na moda, ainda que a moda seja

negar minha identidade”. A análise do poema de

Drummond, evidência a forma como o consumidor se

relaciona com o produto, transmitindo através do seu

conteúdo a mensagem de que somos verdadeiras vitrines

e uma extensão de identidades fabricadas para atender a

sociedade de consumo.. Ilustra o fato do homem se

identificar com o produto e não ter uma identidade. Pois o

produto passa a valer mais do que quem o produz , já que

o homem passou a ser alienado com relação ao que

produz. O texto fala da etiqueta que passa a ser a

identidade da pessoa e não quem ela é. O ter em

detrimento do ser.

PROBLEMATIZAÇÃO DO TEXTO

Neste momento será introduzido o

tema proposto. O poema cumpre

bem esta função. O mesmo será

trabalhado com maior profundidade

durante a instrumentalização, mas

serão feitas algumas reflexões

para perceber a perspectiva dos

alunos sobre o assunto em

questão. Algumas perguntas e

esclarecimentos são importantes:

· Que tipo de texto acabamos de

ler/ouvir? (descritivo, literário,

argumentativo)

· Por que vocês acham que o

autor escreveu este texto?

· Qual o significado do título?

· O que é consumismo e

consumo?

· O que é ser/como podemos nos

tornar consumidores conscientes?

· Quem mais consome na sua

família?

· Quem gerencia as despesas da

família e como isto é organizado?

Aponte uma frase em mais

chamou sua atenção? Você

concorda com a frase que o

colega citou, ou elencaria

outra?

· O que é moda?

· Como você consome?

(As frases devem ser feitas para um

determinado aluno para que ele se

comprometa com as respostas)

3-DISCUSSÃO

Exercícios para discussão e

elaboração no caderno:

1)Quem é Carlos Drummond de

Andrade?(pesquisar)

2) Na poesia Eu, etiqueta, Carlos

Drummond de Andrade se define

de várias formas, entre elas:

· Escravo da matéria anunciada;

· Homem-anúncio;

· Objeto pulsante;

· Artigo industrial;

A partir do que foi discutido sobre

consumo e consumismo, descreva

de forma sintetizada, qual a

relação dessas palavras com os

atos de consumo e consumismo.

3) Mais adiante o autor do texto

deixa claro que já não é mais

"ser, pensante", e que seu nome

tem de ser retificado para

"coisa, coisante". Qual a relação

dessa afirmação com o “SER e o

TER”?

4)O que é moda?

5) No texto o autor também afirma:

"Estou, estou na moda". O que significa

"estar na moda" para você? Como a

moda contribui para o aumento do

consumismo? Explique.

6) Ao afirmar estar na moda o autor

conclui: "É duro andar na moda, ainda

que a moda seja negar minha

identidade". Andar na moda influencia

na identidade de cada ser? Explique.

7) O que é mais importante

andar na moda ou preocupar-se

com a valorização do ser

humano?

RAP DE QUEM É CONSCIENTESe liga meu irmão

No que eu vou te alertar...O consumismo exagerado não é bom,

É melhor não abusar.

Não precisa seguir moda,Para poder sobreviver.

É melhor honrar a própria identidade...Que ser objeto da vaidade.

Se liga na parada,Todos têm vontade de comprar.

Você que é consciente...Não cai nessa roubada.

Comprar só para viver bem,Cuidar da natureza...E planejar o futuro,

Preservar seus próprios “bens”.

Pedro Gabriel Ritter, Lucas Borguetti, Lucas Muskopf, Daniel Simione.6ª série- Escola Municipal de Ensino Fundamental Casemiro de Abreu.

Consumismo Carlos Drummond de Andrade,

É poeta e escritor,Só escreve a verdadeEle não é inventor.

Desde a sua época,Pouco mudou...As pessoas se preocupavam com a moda,Hoje, isso aumentou.

Sua história é de luta,Sempre criticou o que julgava errado,Ao consumismo nos pede para dizer não,Preservar nossa identidade e ter muita atenção.

Mas o que é consumismo?O excesso de tudo que compramos,Consumismo é desperdício,O melhor é moderar, para não virar vício.

Alana Regina Ferreira, Marisa Ritter, Fabiana Müller, Fabiane de Lima.6ª série- Escola Municipal de Ensino Fundamental Casemiro de Abreu.