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2012 CONTABILIDADE COMERCIAL Prof. Fabio Darci Kowalski

Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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Page 1: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

2012

Contabilidade ComerCial

Prof. Fabio Darci Kowalski

Page 2: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2012

Elaboração:Prof. Fabio Darci Kowalski

Revisão, Diagramação e Produção:Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

657.839

K886c Kowalski, Fabio Darci Contabilidade Comercial / Fabio Darci Kowalski. Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2012.

217 p. il.

Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-363-1

1. Contabilidade Comercial I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título

Impresso por:

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III

apresentação

A Contabilidade é uma ciência social, pois é a ação humana que pode modificar toda a estrutura patrimonial de qualquer tipo de empresa. Sendo assim, na contabilidade faz-se necessária a utilização de diversos controles, regras, leis e princípios que devem ser seguidos, os quais permitirão que as empresas saibam, a todo o instante, qual a sua situação e o caminho que deve ser seguido.

Dentre os vários ramos da contabilidade, destaca-se a Contabilidade Comercial, na qual se aplica o estudo e o controle do patrimônio das empresas comerciais, cuja finalidade é oferecer informações sobre sua composição e suas variações, além do resultado decorrente da atividade mercantil. Logo, o contador tem um papel fundamental, o de ser o responsável por esse controle.

O Caderno de Estudos da disciplina de Contabilidade Comercial foi construído com esta intenção, ou seja, proporcionar, ao(à) acadêmico(a), conhecimento suficiente para que este(a) possa atuar, além de contador(a), como um(a) consultor(a) de empresas.

Dessa forma, apresentamos, na Unidade 1, as principais características e elementos de uma sociedade e o conjunto de contas necessárias para construir a Demonstração do Resultado do Exercício. Na Unidade 2, os tributos incidentes sobre as compras e vendas de produtos, mercadorias ou serviços, bem como, devoluções, fretes e abatimentos. E por fim, na Unidade 3, apresentamos operações contábeis envolvendo juros e descontos, provisão para créditos de liquidez duvidosa e uma revisão do Caderno de Estudos de Contabilidade Comercial.

Então, vamos seguir em frente! Desejo, a todos vocês, ótimos estudos.

Prof. Fabio Darci Kowalski

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

NOTA

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VII

sumário

UNIDADE 1 – A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................. 1

TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS .................................................................................. 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 32 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS .................................................................................................................................... 3

2.1 DEVERES LEGAIS DO CONTADOR ............................................................................... 53 EMPRESA COMERCIAL ................................................................................................................. 8

3.1 CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................ 103.2 NOME SOCIAL ......................................................................................................................... 153.3 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS .............................................................................. 15

4 LIVROS OBRIGATÓRIOS .............................................................................................................. 165 LIVROS AUXILIARES ...................................................................................................................... 20

5.1 LIVRO RAZÃO .......................................................................................................................... 216 LIVROS FISCAIS ............................................................................................................................... 257 DOCUMENTOS FISCAIS ............................................................................................................... 268 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL - SPED ................................................ 26

8.1 SPED CONTÁBIL ..................................................................................................................... 298.2 SPED FISCAL ............................................................................................................................ 29

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 31RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 34AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35

TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ..................................... 411 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 412 CRITÉRIOS BÁSICOS CONTÁBEIS ............................................................................................ 41

2.1 PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA .............................................................. 442.2 PRINCÍPIO DO CONFRONTO COM AS DESPESAS ................................................ 442.3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE APRESENTAÇÃO DE ACORDO COM A LEI Nº 11.638/07 ...................................................................................................................................... 46

3 EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO .............................. 55RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 63AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64

UNIDADE 2 – OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS ................................... 69

TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS ................................ 711 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 712 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS ..................................................................................................................................................... 72

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VIII

2.1 DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS DE ICMS - DIFA .................................................... 782.2 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA .............................................................................. 792.3 ICMS SOBRE COMPRAS E VENDAS NORMAIS ....................................................... 852.4 ICMS INCIDENTE SOBRE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO ............................. 93

3 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI ............................................... 974 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISSQN ............................... 1045 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS .................................................. 108

5.1 REGIME NÃO CUMULATIVO ........................................................................................... 1095.2 REGIME CUMULATIVO....................................................................................................... 116

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 122RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 124AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 125

TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS ..................................................................................................... 1311 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1312 REGISTRO EM CONTAS DESDOBRADAS ............................................................................... 1313 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO E SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE................................................................................................................................... 1324 FRETES E SEGUROS SOBRE COMPRAS ................................................................................... 1375 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS ............................................................................................ 1396 DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS........................................................................... 1407 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS ...................................................................................................... 1428 DEVOLUÇÕES DE VENDAS ......................................................................................................... 1449 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS ............................................................................................... 14610 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS ............................................................... 14711 FRETES SOBRE VENDAS ............................................................................................................. 148RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 151AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 152

UNIDADE 3 – OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL ................. 159

TÓPICO 1 – JUROS E DESCONTOS ............................................................................................. 1611 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1612 JUROS ATIVOS, JUROS PASSIVOS, DESCONTOS OBTIDOS E DESCONTOS CONCEDIDOS ................................................................................................................................... 161RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 169AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 170

TÓPICO 2 – PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD .......... 1771 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1772 CÁLCULO DA PCLD ........................................................................................................................ 1773 CONTABILIZAÇÃO DA PCLD ...................................................................................................... 1794 REVERSÃO DA PCLDA .................................................................................................................. 1805 PCLD CONFORME O REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA.................................. 183LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 186RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 189AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 190

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IX

TÓPICO 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE .................................................................................. 1931 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1932 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE ............................................................................ 193RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 205AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 206

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 215

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UNIDADE 1

A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer as principais características e elementos de uma sociedade;

• identificar o conjunto de contas necessário para construir a Demonstração do Resultado do Exercício.

Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos. Em cada um deles você encontrará os conceitos básicos de uma sociedade e os critérios que devem ser seguidos na elaboração da Demonstração de Resultado do Exercício, além de exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS

TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1UNIDADE 1

SOCIEDADES COMERCIAIS

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico vamos conhecer as principais características e elementos de uma sociedade. Veremos desde a definição de contabilidade comercial, a perspectiva do profissional contador nessa área, bem como as obrigações legais, fiscais e contábeis exigidas no decorrer das atividades.

Notaremos que, no cotidiano, não basta apenas gerarmos a informação em grande quantidade, é preciso trabalhar de maneira tal que essa represente de forma qualitativa a atual situação vivida pela sociedade, ou seja, o contador precisa se adequar às obrigações exigidas diariamente pelos usuários internos e externos da contabilidade, proporcionando, cada vez mais, a agregação de valor em sua informação prestada.

2 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS

A Contabilidade Comercial pode ser definida como o ramo da Contabilidade aplicado ao estudo e ao controle do patrimônio das empre sas comerciais, cuja finalidade é oferecer informações sobre sua composição e suas variações, além do resultado decorrente da atividade mer cantil. Logo, o contador tem um papel fundamental, o de ser o responsável por esse controle.

A perspectiva profissional do Contador de empresas comerciais, até pouco tempo atrás, era bastante modesta, seja pelo número de empresas em que este prestava serviços ou pela própria dimensão das entidades, que eram consideradas pequenas. Atualmente, cada vez mais é cobrada do contador uma posição diferente do que se exigia há algum tempo atrás, ou seja, o contador não está no mercado de trabalho apenas para fornecer informações ao fisco, calcular os impostos e enviar as guias de arrecadação para as empresas. O contador está assumindo a função de gestor, pois é ele, muitas vezes mais do que ninguém, que sabe e pode dizer para onde vai essa empresa, quais rumos devem ser tomados, mercados que devem ser analisados, produtos que devem ser vendidos e que trarão benefícios às empresas.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Não há mais empresas grandes ou pequenas, todas são e devem ser vistas pelo contador como únicas, cada uma com suas peculiaridades. Todas as empresas querem a melhor informação possível, de preferência algo que lhes garanta sua presença no mercado, trazendo bons retornos sobre o capital investido. Segundo Iudícibus e Marion (2002, p. 28):

Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade de dis tribuição é um dos pontos básicos e mesmo com a ampliação e moderniza ção das empresas mercantis, que atuam em grandes mercados, às vezes ul trapassando até as fronteiras geográficas de um país, multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais.

Para que o contador possa fornecer esse tipo de informação, precisará ter uma boa formação, ampla e flexível. Dessa forma, por exemplo, é preciso conhecer e interpretar informações do tipo: qual o verdadeiro custo do produto, mercadoria ou serviço, qual o preço de venda adequado, qual o capital de giro necessário para a empresa, quando e como captar recursos de terceiros ou próprios, como administrar a mão de obra empregada nos mais diversos departamentos, entre outras.

ESTUDOS FUTUROS

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você verá e aprenderá a gerar e interpretar ess\as informações.

A cobrança desses conhecimentos, das empresas para os contadores, será sempre maior. Espera-se que não dependa da empresa, por exemplo, a iniciativa de buscar novos benefícios fiscais, como redução da carga tributária. Sendo assim, depende do contador a informação eficaz e, uma vez que há cada vez mais pessoas qualificadas, quem souber mais e souber repassar esse conhecimento é que se sairá bem no mercado de trabalho.

NOTA

Cultura, conhecimento técnico, bons relacionamentos profissionais e o mínimo de empatia podem ser o diferencial do contador comercial.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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2.1 DEVERES LEGAIS DO CONTADOR

O contador deve respeitar e seguir todas as normas exigidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Caso contrário, poderá sofrer punições financeiras ou até mesmo perder seu registro como contador. O Código Civil aprovado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, comenta nos artigos 1177 e 1178, Seção III, onde trata da responsabilidade civil dos contadores, que caso o contabilista venha a provocar qualquer dano à empresa ou à sociedade, este será responsável solidariamente junto com o empresário pelos seus atos:

Art. 1177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.

Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos.

Art. 1178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito.

Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codcivil2livro2tit4c3.>. Acesso em: 16 jan. 2011.

O contador é a pessoa responsável por todas as informações contábeis, ou seja, responde diretamente pela veracidade dessas informações, indiferente se este alegar estar ciente ou não do que ocorreu ou está ocorrendo na sociedade. É preciso ficar atento a todas as exigências legais, uma vez que, a partir do momento em que o contador assume a contabilidade da sociedade, esta então passa a ser de sua responsabilidade.

O Código de Ética do Profissional Contabilista – CEPC, instituído pela Resolução nº 803/1996 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, define em seu Capítulo II, artigo 2o, os deveres do contabilista, os quais são enunciados a seguir:

I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais;

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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II - guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade;

III - zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo;

IV - comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores;

V - inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir opinião sobre qualquer caso;

VI - renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia;

VII - se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas;

VIII - manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão;

IX - ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja propugnando por remuneração condigna, seja zelando por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Contabilidade e seu aprimoramento técnico.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codetica>. Acesso em: 16 jan. 2011.

E quanto ao desempenho de suas funções, o CEPC, em seu Capítulo II, artigo 3o, comenta que é vedado ao contabilista:

I - anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, conteúdo que resulte na diminuição do colega, da Organização Contábil ou da classe, sendo sempre admitida a indicação de títulos, especializações, serviços oferecidos, trabalhos realizados e relação de clientes;

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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II - assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe;

III - auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra exclusivamente de sua prática lícita;

IV - assinar documentos ou peças contábeis elaborados por outrem, alheio à sua orientação, supervisão e fiscalização;

V - exercer a profissão, quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não habilitados ou impedidos;

VI - manter Organização Contábil sob forma não autorizada pela legislação pertinente;

VII - valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber;

VIII - concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou destinado a fraudá-la ou praticar, no exercício da profissão, ato definido como crime ou contravenção;

IX - solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem que saiba aplicação ilícita;

X - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua responsabilidade profissional;

XI - recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem, comprovadamente, confiadas;

XII - reter abusivamente livros, papéis ou documentos, comprovadamente confiados à sua guarda;

XIII - aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições expressas em lei ou contra os Princípios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;

XIV - exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com finalidades ilícitas;

XV - revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento;

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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XVI - emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles;

XVII - iludir ou tentar iludir a boa-fé de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas;

XVIII - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos Conselhos Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado;

XIX - intitular-se com categoria profissional que não possua, na profissão contábil;

XX - elaborar demonstrações contábeis sem observância dos Princípios Fundamentais e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;

XXI - renunciar à liberdade profissional, devendo evitar quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho;

XXII - publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual não tenha participado.

FONTE: Disponível em: <http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=codetica>. Acesso em: 16 jan. 2011.

3 EMPRESA COMERCIAL

As empresas podem ser separadas em três segmentos distintos: indústria, comércio e/ou prestadoras de serviços.

As indústrias em geral são responsáveis pela operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo. Nesse sentido, segundo o Regulamento do IPI aprovado pelo Decreto 7.212/2010, considera-se industrialização:

● Transformação: a que, exercida sobre matéria-prima ou produto intermediário, importe na obtenção de espécie nova.

● Beneficiamento: a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto. No beneficiamento não há a fabricação de um produto.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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● Montagem: a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal.

● Acondicionamento ou reacondicionamento: a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria.

● Renovação ou Recondicionamento: a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização.

FONTE: Adaptado de: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/decreto7212_2010.htm>. Acesso em: 16 jan. 2010.

Já nas empresas consideradas como prestadoras de serviços não há a venda de algum bem ou produto, mas sim da própria prestação de serviços, ou seja, considera-se como prestação de serviço o resultado de um trabalho realizado por um indivíduo, que tem como consequência uma remuneração. Ocorre a circulação econômica, não de um bem material, mas sim, de capital intelectual, ou seja, é fornecido o trabalho e não a mercadoria.

As práticas existentes no ato do comércio possibilitam definir a Empresa Comercial como sendo aquela que serve de intermediária ou mediadora entre o produtor e o consumidor ou usuário dos bens, para obtenção de resultados positivos.

Conforme Iudícibus e Marion (2008, p. 3), “a atividade comercial é uma das mais importantes, pois permite colocar à disposição dos consumidores, física ou economicamente delimitados, grande variedade de bens e serviços, necessários à satisfação das necessidades humanas”.

Obviamente que numa mesma empresa é possível encontrar vários segmentos reunidos, ou seja, a empresa pode ter como atividade a prestação de serviços, a industrialização e o comércio, dividida em atividades primárias e secundárias, conforme o ato constitutivo.

A empresa comercial poderá ser constituída por uma só pessoa física, no exercício individual do comér cio, ou por um grupo de pessoas sob a forma de sociedade.

Segundo Andrade (2002, p. 7), a “sociedade mercantil é a união de duas ou mais pessoas que celebram con trato e mutuamente se obrigam a combinar esforços, com o objetivo de tirar proveito dos atos de comércio praticados em comum”.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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A sociedade tem como início a ideia de uma ou mais pessoas físicas que no decorrer do tempo é colocada em prática através de uma nova pessoa, a Jurídica, que pode ser caracterizada pelos seguintes elementos:

• Diversidade de pessoas: duas ou mais pessoas concorrem para sua criação, sejam elas físicas ou jurídicas.

• Patrimônio próprio: constituído, inicialmente, por sócios, acionistas ou associados.

• Finalidade lucrativa: o objetivo social de toda empresa comercial é o resultado positivo, ou seja, a remuneração do investimento aplicado.

Assim, pode-se dizer que tudo começa de uma boa ideia, na qual, após várias análises sobre a viabilidade de pô-la ou não em prática, poderá então surgir a empresa, através de aportes de bens e direitos, tendo como finalidade a melhor remuneração destes do que em outra fonte de investimento.

3.1 CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A partir do momento em que a sociedade é constituída e registrada, assume personalidade jurí dica própria, ou seja, personalidade independente dos sócios. Conforme Andrade (2002), essa situação permite à empresa:

• Agir em defesa de seus próprios fins.

• Possuir seu patrimônio.

• Assumir direitos e obrigações.

• Assumir em juízo.

A sociedade tem vida própria e capacidade de, através das pessoas físicas ou jurídicas que a compõem, atingir plenamente seus objetivos sociais. A sociedade, na maioria das vezes, é constituída por contrato, onde é identificada por um nome social pelo qual será reconhecida publicamente. O contrato deve designar, também, quem representará a sociedade nos direitos e obrigações que vier a ter em decorrência de suas atividades.

Uma das formas mais comuns de sociedade é a Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada, representada pela sigla LTDA, em que o capital é dividido em cotas e cada quotista ou sócio entra com uma parcela do capital.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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As Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada ou Sociedades Limitadas foram reformuladas pelo Código Civil de 2002, que, de forma expressa, derrogou o Decreto nº 3.708/1919. A sociedade limitada é o tipo de sociedade na qual cada sócio responde pelo valor de sua cota, porém, todos terão responsabilidade solidária pela integralização do chamado capital social.

A constituição da sociedade LTDA se dá mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará as informações abaixo; sendo ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato segundo preleciona o disposto nos artigos 997 e 1.054 do Código Civil:

• nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

• denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

• capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação pecuniária;

• a quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la;

• as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;

• as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade e seus poderes e atribuições;

• a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

• se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.

FONTE: Disponível em: <http://www.cartoriosaojose.com.br/infopjsoccso.htm>. Acesso em: 16 jan.1011.

Nos 30 dias subsequentes à constituição da sociedade, deverá a mesma requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede, consoante determina o art. 998 do Código Civil. O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato e, se algum sócio nele tiver sido representado por procurador, da respectiva procuração.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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ESTUDOS FUTUROS

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você verá outras formas jurídicas de Sociedades Mercantis, como, por exemplo, as sociedades por ações, mais conhecidas como Sociedades Anônimas.

O patrimônio é da sociedade, ou seja, da Pessoa Jurídica, não podendo ser confundido com o patrimônio de seus sócios. A partir do momento em que a empresa é registrada, nasce uma nova pessoa, a Pessoa Jurídica, que é independente do patrimônio das pessoas que a fundaram.

Para que haja quaisquer modificações na sociedade, como, por exemplo, alteração de capital, do quadro social, do nome social, dentre tantas, desde que seja legal, basta, pela vontade de seus sócios, modificar a estrutura da sociedade elaborando uma alteração contratual.

Quanto à forma de tributação, a maioria das empresas comerciais, pelo fato de serem Microempresas – ME ou Empresas de Pequeno Porte – EPP, optam pelo regime tributário simplificado, denominado Simples Nacional.

O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte, a partir de 01.07.2007.

• Microempresa (ME) é a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário (individual) que, no ano calendário anterior, auferiu receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00.

• Empresa de pequeno porte (EPP) é a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário (individual) que, no ano calendário anterior, auferiu receita bruta superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00.

NOTA

As micro e pequenas empresas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representam: 67% do pessoal ocupado, 20% do Produto Interno Bruto (PIB) e 99% das empresas de comércio, indústria e serviços do país.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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Dentre as principais características do Simples Nacional, destacam-se:

• Ser facultativo.

• Ser irretratável para todo o ano calendário.

• Abranger os seguintes tributos: IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS, ICMS, ISS, Contribuição Previdenciária Patronal.

• Apurar e recolher os tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação.

• Disponibilizar às ME e às EPP sistema eletrônico para a realização do cálculo do valor mensal devido.

• Apresentar declaração anual, única e simplificada, de informações socioeconômicas e fiscais.

• Vencer no último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao do período de apuração.

• Possibilitar aos Estados adotarem sublimites de EPP em função da respectiva participação no PIB.

FONTE: Adaptado do site: <http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/sobre/caracte-risticas.asp>.Acesso em: 16 jan. 2011.

Entretanto, há outras formas de tributação em que as empresas comerciais podem optar, dentre as mais comuns: Lucro Presumido e Lucro Real. Nessas duas formas de tributação, os tributos: IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS, ICMS, ISS e Contribuição Previdenciária Patronal são calculados separadamente, ou seja, uma guia para cada imposto, ao contrário do que acontece no Simples Nacional, onde todos os impostos podem ser pagos em guia única.

O Lucro Presumido é uma variável usada por muitos contribuintes com a finalidade de apurar o lucro e, por consequência, o Imposto de Renda das pessoas jurídicas que, partindo do total da receita bruta, encontra uma presunção de lucro, que na verdade á uma ficção tributária criada para simplificar o pagamento dos impostos de determinados contribuintes previamente selecionados.

Já o regime do Lucro Real, por ser a forma mais exata de determinação da base de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, resulta, na maioria das vezes, ser mais vantajoso do que o lucro presumido, simplesmente pelo fato de que pelo Lucro Real é pago IRPJ e CSLL sobre o lucro e não sobre as receitas, como acontece no Lucro Presumido.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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NOTA

Atualmente, no Brasil:

• Temos cerca de 5,5 milhões de empresas com CNPJ ativo; dessas, 250 mil estão no Lucro Real e as restantes são Lucro Presumido e Simples Nacional.

• De cada R$ 100,00 arrecadado, R$ 84,00 são de empresas que estão no Lucro Real.• Lucro Real (maioria empresas de grande porte) = 4% das empresas do Brasil = 84% da

arredacação nacional.• Lucro Presumido (maioria empresas de pequeno e médio porte) = 26% das empresas do

Brasil = 10% da arrecadação nacional.• Simples (micro e pequenas empresas) = 70% das empresas do Brasil = 6% da arrecadação

nacional.

Algumas estão obrigadas a optar pelo Lucro Real, como, por exemplo:

- bancos comerciais;- bancos de investimentos;- bancos de desenvolvimento;- caixas econômicas;- sociedades de crédito;- financiamento e investimento;- sociedades de crédito imobiliário;- sociedades corretoras de títulos;- valores mobiliários e câmbio;- distribuidoras de títulos e valores mobiliários;- empresas de arrendamento mercantil;- cooperativas de crédito;- empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência

privada aberta;- empresas que auferiram lucros, rendimentos ou ganhos de capital no exterior,

prestação de serviços (factoring).

As empresas cujas receitas brutas no ano anterior foram superiores a R$ 48.000.000,00 ou a R$ 4.000.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade do ano calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, estão obrigadas a optar pelo Lucro Real. Esse fato faz com que esta forma de tributação seja responsável por 84% de toda a arrecadação nacional. São poucas empresas (4% das empresas no Brasil), mas empresas gigantes, como, por exemplo, a Petrobrás S/A.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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NOTA

Não há como concluir, de forma generalizada, qual a melhor forma de tributação, pois cada empresa apresenta situações diferentes. Por isso, é obrigação do contador analisar a melhor alternativa, dentro da legalidade, para não onerar a empresa em sua carga tributária.

3.2 NOME SOCIAL

Obrigatoriamente, as sociedades precisam de um nome pelo qual desejam ficar conhecidas publicamente. De acordo com o Código Civil de 26 de dezembro de 2002, artigo 1158, há duas classificações técnicas para dife renciar os nomes sociais:

a) Firma ou razão social: é composto pelo nome de um, de alguns, ou de to dos os sócios por extenso ou abreviadamente. Exemplo: Silva e Soares.

b) Denominação social: quando a empresa utiliza algum nome, sem que possa identificar algum sócio ou sócios, mas que indique qual a sua atividade. Exemplo: Imobiliária Central, Padaria dos Sonhos.

Em função da forma jurídica da sociedade mercantil, haverá casos em que a lei exigirá somente a razão social, a denominação social ou ambas em sua identificação pública. No caso das Sociedades Limitadas, vistas até o momento, poderão utilizar ambas: denominação ou razão social.

3.3 RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

A responsabilidade do sócio com relação às dívidas sociais varia segundo a forma jurídica que a sociedade assumir, podendo ela ser classificada em li-mitada ou ilimitada.

De acordo com o Código Civil de 26 de dezembro de 2002, artigo 1052, quando a responsabilidade é limitada, os sócios, com relação às dívidas sociais, respondem somente pelo valor do capital por eles subscritos, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Entretanto, quando a responsabilidade é ilimitada, respondem também com seus bens particulares. Por exemplo: O Sr. Fulano e o Sr. Beltrano resolveram abrir uma empresa com o nome de Fulano e Beltrano Padaria Ltda. Ambos iniciaram a empresa com um capital de R$ 10.000,00 cada, num total de R$ 20.000,00. Se, por acaso, a empresa vier a ter dívidas sociais e não quitá-las, a dívida alcançará apenas o total de R$ 20.000,00, que faz parte do capital da empresa. Entretanto, se fosse uma sociedade ilimitada, a dívida alcançaria, além dos R$ 20.000,00 que fazem parte do capital da empresa, também os bens particulares do Sr. Fulano e do Sr. Beltrano.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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NOTA

Conforme o artigo 1158, § 3, do Código Civil de 2002, a omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

4 LIVROS OBRIGATÓRIOS

Na constituição da empresa faz-se necessário alguns livros obrigatórios, onde serão registradas as operações referentes às atividades da mesma. Na sociedade comercial há o Livro Diário, onde, como o próprio nome já diz, são registradas todas as operações que aconteceram no dia, em ordem cronológica, com individualização, clareza e caracterização do documento respectivo.

A obrigatoriedade do Livro Diário está prevista:

a) no novo Código Civil, pela Lei nº 10.406/2002, art. 1.180;

b) no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), em seu art. 258; e

c) na Lei das S.A. (Lei nº 11.638/2007), em seus artigos 100, 176 e 177.

De acordo com o art. 258 do Regulamento do Imposto de Renda de 26 de março de 1999, o Livro Diário poderá ser substituído por folhas numeradas seguidamente, quando empregadas na escrituração mecanizada, devendo o livro ou folhas do Diário conter termos de abertura e de encerramento, submetidos à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio, ou seja, onde foi registrado o ato constitutivo da empresa.

A autenticação é um registro (assinatura) adquirido junto ao órgão competente do Registro do Comércio. A autenticação é feita na primeira folha do Livro Diário, ou seja, no termo de abertura, fazendo com que, dessa forma, o livro não seja posteriormente alterado.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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No termo de abertura e de encerramento do Livro Diário deverá constar a finalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o número de folhas, a firma individual ou o nome da sociedade a que pertença, o local da sede ou estabelecimento, o número e data do arquivamento dos atos constitutivos no órgão de registro do comércio e o número de registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

Os termos de abertura e encerramento serão datados e assinados pelo comerciante ou por seu procurador e por contabilista legalmente habilitado, ou seja, que tenha registro no CRC.

O novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), em seu art. 1.179, § 2º, dispensa o pequeno empresário da escrituração contábil. A legislação fiscal dispensa as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido, assim como as microempresas e empresas de pequeno porte, da escrituração contábil, desde que mantenham escrituração em Livro Caixa e Registro de Inventário.

Apesar de essas empresas estarem dispensadas da escrituração contábil, a utilização do Livro Diário é essencial a todas as empresas que detêm patrimônio, tendo em vista que a escrituração contábil é uma ferramenta da administração dos negócios das empresas.

A entidade deve manter um sistema de escrituração uniforme dos seus atos e fatos administrativos por intermédio de processo manual, mecanizado ou eletrônico.

A escrituração será executada:

• em idioma e moeda corrente nacional;

• em forma contábil (partidas dobradas);

• em ordem cronológica de dia, mês e ano (o Livro Diário poderá ser escriturado por meio de partidas mensais, resumida ou sintética, com valores totais que não excedam a operações de um mês, desde que haja escrituração analítica lançada em registros auxiliares;

• com ausência de espaço em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens;

• com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e a prática de atos administrativos.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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A terminologia utilizada deve expressar o verdadeiro significado das transações.

O uso de códigos e/ou abreviaturas nos históricos dos lançamentos é admitido, desde que permanentes e uniformes, devendo constar, em elenco identificador, do Livro Diário ou de registro especial revestido das formalidades extrínsecas.

No caso de ser adotada a escrituração contábil mecanizada ou eletrônica, os formulários contínuos, numerados mecânica ou tipograficamente, serão destacados e encadernados em forma de livro.

Exemplo simples de escrituração no Livro Diário:

A Cia. Alfenas Ltda. teve as seguintes operações no mês de setembro: (Neste exemplo não estão sendo reconhecidos os encargos sobre os salários e os tributos sobre as operações de compra e venda de mercadorias).

02-09 – Integralização de capital social no valor de $ 50.000 pelo sócio Ademar Bel em dinheiro, cujo depósito foi feito no Banco do Brasil em conta corrente.

04-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 001, um veículo marca/modelo MB 2428 no valor de $ 10.000. O veículo foi adquirido do fornecedor Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239.

08-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 002, um computador

modelo Windows XP 4600 no valor de $ 1.000. O computador foi adquirido do fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899.

10-09 – Compra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A para o estoque no valor total de $ 2.000. A mercadoria foi adquirida do fornecedor Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

15-09 – Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A no valor total de $ 2.280. A mercadoria foi vendida ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

20-09 – Pagamento da compra efetuada em 10-09 do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 432. O pagamento foi via banco, através do Cheque 003.

30-09 – Provisão de salários no mês no valor de $ 600,00.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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QUADRO 1 – EXEMPLO DE LIVRO DIÁRIO

DATA CONTA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO

02/09 CapitalIntegralização de capital em dinheiro do Sócio Ademar Bel em dinheiro, numa conta corrente no Banco do Brasil.

50.000

02/09 Banco do BrasilIntegralização de capital em dinheiro do Sócio Ademar Bel em dinheiro, numa conta corrente no Banco do Brasil.

50.000

04/09 Veículo

Aquisição de 01 veículo marca/modelo MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo cheque 001 BB.

10.000

04/09 Banco do Brasil

Aquisição de 01 veículo marca/modelo MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo cheque 001 BB.

10.000

08/09 Computador

Aquisição de 01 computador modelo Windows XP 4600, do fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899 – pago pelo cheque 002 BB.

1.000

08/09 Banco do Brasil

Aquisição de 01 computador modelo Windows XP 4600, do fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899 – pago pelo cheque 002 BB.

1.000

10/09 EstoqueCompra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

2.000

10/09 FornecedoresCompra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

2.000

15/09 Receita de Venda

Venda à vista, via banco de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

2.280

15/09 Banco do BrasilVenda à vista, via banco de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

2.280

15/09Custo da

Mercadoria Vendida

Venda à vista, via banco de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

1.200

15/09 EstoqueVenda à vista, via banco de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

1.200

20/09 FornecedoresPagamento da compra efetuada em 10-09, do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 432 - pago pelo cheque 003 BB.

2.000

20/09 Banco do BrasilPagamento da compra efetuada em 10-09, do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 432 - pago pelo cheque 003 BB.

2.000

30/09 Salário Provisão de salários no mês. 60030/09 Salário a pagar Provisão de salários no mês. 600Total 69.080 69.080

FONTE: O autor

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Este é apenas um simples exemplo de escrituração, mas há outras informações que deveriam ser lançadas no campo histórico, como, por exemplo, número da conta do Banco do Brasil na qual foi lançada a integralização, melhor descrição da marca ou modelo dos bens etc.

NOTA

Desde 1º de janeiro de 1992, as empresas optantes pela tributação no Lucro Real estão obrigadas a escriturar também o Livro Razão. Porém, para as demais empresas não optantes do Lucro Real, o Livro Razão é considerado apenas um livro auxiliar.

5 LIVROS AUXILIARES

Os livros auxiliares são livros facultativos, porém necessários internamente na empresa para melhor rapidez e exatidão nas informações. Os livros auxiliares mais utilizados e úteis na contabilidade são:

• Razão: um dos mais importantes livros do dia a dia contábil. Registra, individualmente, cada conta do Livro Diário. Utilizado para analisar a movimentação exclusiva de determinada conta, de forma rápida e simples, facilita a busca de informações. O seu for mato, assim como o Diário, pode ser em fichas, folha solta etc;

• Caixa: registra toda a movimentação de dinheiro da empresa. Indispensável para qualquer empresa, independentemente do seu tamanho;

• Livro de Contas a Pagar e Contas a Receber: utilizados para controle das contas a receber e a pagar da empresa.

A maioria das empresas já possui esses livros em meio eletrônico. Há alguns anos se notava que, principalmente, as pequenas empresas mantinham um controle do livro caixa e de contas a pagar e a receber em cadernetas ou cadernos, o que muitas vezes provocava erros no saldo do caixa, falta de cobranças, falta de pagamentos etc.

As operações eletrônicas aprimoraram os controles na contabilidade e tendem a cada vez mais facilitar e deixar de forma mais eficiente e eficaz o trabalho do contador.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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5.1 LIVRO RAZÃO

O Livro Razão é uma forma individualizada de evidenciar o Livro Diário, uma vez que este último demonstra a movimentação diária da empresa, de todas as contas juntas naquele dia, porém, o primeiro evidencia cada conta separadamente, facilitando a conciliação de saldos e a procura por determinados valores.

Conforme o artigo 259, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999, desde 1º de janeiro de 1992 tornou-se obrigatória, para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, a escrituração e a manutenção do Livro Razão ou fichas, utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subcontas, os lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na legislação. A escrituração deverá ser individualizada, obedecendo-se a ordem cronológica das operações.

Também de acordo com o artigo 259, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999, o Livro Razão ou as respectivas fichas estão dispensados de registro ou autenticação em qualquer órgão. Entretanto, na escrituração deverão ser obedecidas as regras da legislação comercial e fiscal aplicáveis aos lançamentos em geral.

A não manutenção do Livro Razão ou fichas, nas condições determinadas na legislação, implicará no arbitramento do lucro da pessoa jurídica (RIR/1999, art. 530, inciso VI e art. 259, §2º).

ATENCAO

O Livro Razão pode ser considerado como sendo o Razonete da conta contábil, ou seja, a individualização de todas as contas que tiveram algum movimento no período.

Exemplo simples de escrituração no Livro Razão:

Com base nas informações da Cia. Alfenas Ltda., vistas anteriormente e escrituradas do Diário, será registrado o Livro Razão:

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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QUADRO 2 – LIVRO RAZÃO – BANCO DO BRASIL

Conta: BANCO DO BRASIL RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

02/09

Integralização de capital em dinheiro do sócio Ademar Bel, numa conta corrente no Banco do Brasil.

50 000 D 50 000

04/09

Aquisição de 01 veículo marca/modelo MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo cheque 001 BB.

10 000 C 40 000

08/09

Aquisição de 01 computador modelo Windows XP 4600, do fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899 – pago pelo cheque 002 BB.

1 000 C 39 000

15/09

Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

2 280 D 41 280

20/09

Pagamento da compra efetuada em 10-09 do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 432- pago pelo cheque 003 BB.

2 000 C 39 280

SALDO MÊS D 39 000

FONTE: O autor

QUADRO 3 – LIVRO RAZÃO – ESTOQUE

Conta: ESTOQUE RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

10/09

Compra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

2 000 D 2 000

15/09

Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

1 200 C 800

SALDO MÊS D 800

FONTE: O autor

Page 33: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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FONTE: O autor

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 4 – LIVRO RAZÃO – VEÍCULO

Conta: VEÍCULO RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

04/09

Aquisição de 01 veículo marca/modelo MB 2428, do fornecedor Carro Bom Ltda., através da Nota Fiscal 234.239 – pago pelo cheque 001 BB.

10 000 D 10 000

SALDO MÊS D 10 000

QUADRO 5 – LIVRO RAZÃO – COMPUTADOR

Conta: COMPUTADOR RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

08/09

Aquisição de 01 computador modelo Windows XP 4600, do fornecedor Computel Ltda., através da Nota Fiscal 4.899 – pago pelo cheque 002 BB.

1 000 D 1 000

SALDO MÊS D 1 000

QUADRO 6 – LIVRO RAZÃO – FORNECEDOR

Conta: FORNECEDOR RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

10/09

Compra a prazo de 10 unidades da mercadoria tipo A, do fornecedor Albatroz Ltda., através da Nota Fiscal 432.

2 000 C 2 000

20/09

Pagamento da compra efetuada em 10-09, do fornecedor Albatroz Ltda. Nota Fiscal 432- pago pelo cheque 003 BB.

2 000 D 0 000

SALDO MÊS 0 000

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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QUADRO 7 – LIVRO RAZÃO – SALÁRIOS A PAGAR

Conta: SALÁRIOS A PAGAR RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00 30/09 Provisão de salários no mês 600 C 600

SALDO MÊS C 600

FONTE: O autor

FONTE: O autor

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 8 – LIVRO RAZÃO – CAPITAL

Conta: CAPITAL RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

02/09

Integralização de capital em dinheiro do sócio Ademar Bel numa conta corrente no Banco do Brasil.

50 000 C 50 000

SALDO MÊS C 50 000

QUADRO 9 – LIVRO RAZÃO – RECEITA DE VENDA

QUADRO 10 – LIVRO RAZÃO – CUSTO DA MERCADORIA

Conta: RECEITA DE VENDA RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

15/09

Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

2 280 C 2 280

SALDO MÊS C 2 280

Conta: CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00

15/09

Venda à vista, via banco, de 6 unidades da mercadoria tipo A, ao cliente Comércio MM Ltda., através da Nota Fiscal 001.

1 200 D 1 200

SALDO MÊS D 1 200

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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FONTE: O autor

QUADRO 11 – LIVRO RAZÃO – SALÁRIOS

Conta: SALÁRIOS RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo

SALDO ANTERIOR 0 00 15/09 Provisão de salários no mês 600 D 600 SALDO MÊS D 600

Este também é apenas um simples exemplo de escrituração. Automaticamente, as outras informações que deveriam ser lançadas no campo histórico apareceriam também no Livro Razão. Nota-se que aparece a palavra código nas fichas do Livro Razão. Este código será o número da conta que aparece no plano de contas do sistema contábil.

Perceba que o Livro Razão é escriturado seguindo a ordem do plano de contas, ou seja, primeiro as contas do ativo, depois passivo e em seguida as de resultado.

6 LIVROS FISCAIS

São os livros exigidos pelos governos federal, estadual e municipal. Dentre os mais importantes destacam-se:

• Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR (apura o lucro tributá vel base para cálculo do Imposto de Renda);

• Livro de Apuração do IPI: utilizado pelos estabelecimentos industriais e equiparados a industrial, para controle do Imposto sobre Produtos Industrializados;

• Registro de Entrada de Mercadorias: utilizado para registro de todas as entradas de produtos ou mercadorias;

• Registro de Saída de Mercadorias: utilizado para registro de todas as saídas de produtos ou mercadorias;

• Livro de Apuração do ICMS: utilizado para registro de todas as entradas e saídas de produtos ou mercadorias, independente se houver ou não a tributação do ICMS;

• Livro de Inventário: utilizado pelos estabelecimentos que mantiverem estoques, prontos ou em elaboração;

• Livro Registro de Apuração do ISSQN: utilizado para escriturar as prestações de serviços da empresa e o respectivo imposto devido sobre essas;

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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• Registro de Impressão de Documentos Fiscais: utilizado pelos estabelecimentos que confeccionarem documentos fiscais, para o uso próprio ou para terceiros;

• Registro de Empregados: utilizado em todas as atividades, para registrar informações acerca dos funcionários e sua movimentação. Poderá ser feito através de livros, fichas ou sistema eletrônico.

7 DOCUMENTOS FISCAIS

Há vários tipos de documentos fiscais a serem emitidos, dentre os principais destacam-se:

a) Nota Fiscal - modelo 1b) Nota Fiscal de Produtor - modelo 4c) Nota Fiscal Avulsad) Nota Fiscal Conta de Energia - modelo 6e) Nota Fiscal de Venda a Consumidor - modelo 2 série Df) Cupom Fiscalg) Nota Fiscal Eletrônica - modelo 55h) Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas - modelo 8i) Nota Fiscal de Serviço de Comunicação - modelo 21j) Nota Fiscal de Serviço de Telecomunicação - modelo 22

Porém, nas empresas comerciais, o documento fiscal mais comum a ser utilizado nas saídas, mais comumente as vendas, é a Nota Fiscal, modelo 1, a Nota Fiscal de Venda a Consumidor, modelo 2 série D, o Cupom Fiscal e a Nota Fiscal Eletrônica, modelo 55, as quais são utilizadas na comercialização de mercadorias.

Já nas entradas, mais comumente as compras, a empresa poderá receber qualquer tipo de documento, dependendo de sua operacionalidade.

8 SISTEMA PÚBILICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL - SPED

Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o projeto do Sistema Público de Escrituração Digital - SPED faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e, conforme a Receita Federal do Brasil – RFB (2011), constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o fisco e os contribuintes.

De acordo com a RFB (2011), o SPED consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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Dentre as principais características do SPED destaca-se que:

• É composto por três grandes subprojetos: Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal Digital e a NF- e - Ambiente Nacional.

• Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal.

• Possibilita, com as parcerias fisco-empresa, planejamento e identificação de soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face às exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias.

• Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na definição dos meios de atendimento às obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação tributária contribua para aprimorar esses mecanismos e confira a esses instrumentos maior grau de legitimidade social.

• Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua, com reflexos positivos para toda a sociedade.

O SPED tem como objetivos, entre outros:

• Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais.

• Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores.

• Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica.

FONTE: Disponível em: <http://www1.receita.fazenda.gov.br/sobre-o-projeto/objetivos.htm>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Quanto aos principais benefícios do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), destacam-se:

• Redução de custos com a dispensa de emissão e armazenamento de documentos em papel e até mesmo a eliminação do papel.

• Redução de custos com a racionalização e simplificação das obrigações acessórias.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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• Uniformização das informações que o contribuinte presta às diversas unidades federadas.

• Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas.

• Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações do contribuinte.

• Simplificação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da administração tributária (comércio exterior, regimes especiais e trânsito entre unidades da federação).

• Fortalecimento do controle e da fiscalização por meio de intercâmbio de informações entre as administrações tributárias.

• Rapidez no acesso às informações.

• Aumento da produtividade do auditor através da eliminação dos passos para coleta dos arquivos.

• Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de um leiaute padrão.

• Redução de custos administrativos; melhoria da qualidade da informação.

• Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais.

• Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos distintos e concomitantes.

• Redução do “Custo Brasil”.

• Aperfeiçoamento do combate à sonegação.

• Preservação do meio ambiente pela redução do consumo de papel.

FONTE: Adaptado do site: <http://www.fiscosoft.com.br/a/4idu/sistema-publico-de-escritura-cao-digital-sped-glauce-vianna>. Acesso em: 16 jan. 2011.

A facilidade de acesso à escrituração, ainda que não disponível em tempo real, amplia as possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da realização de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua execução.

A maioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de informática para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil. As imagens em papel simplesmente reproduzem as informações oriundas do meio eletrônico.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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8.1 SPED CONTÁBIL

O SPED contábil também é conhecido pela sigla ECD – Escrituração Contábil Digital. De acordo com a RFB (2011), é a substituição da escrituração em papel pela Escrituração Contábil Digital - ECD, também chamada de SPED-Contábil. Trata-se da obrigação de transmitir em versão digital os seguintes livros:

I - Livro Diário e seus auxiliares, se houver;

II - Livro Razão e seus auxiliares, se houver;

III - Livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórias dos assentamentos neles transcritos.

FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2007/in7872007.htm>.Acesso em: 16 jan. 2011.

Segundo a Instrução Normativa RFB nº 787, de 19 de novembro de 2007, estão obrigadas a adotar a ECD em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de novembro de 2007, e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 926, de 11 de março de 2009); em relação aos fatos contábeis desde 1º de janeiro de 2009, as demais sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 926, de 11 de março de 2009). Para as demais sociedades empresárias a ECD é facultativa.

As sociedades simples e as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional estão dispensadas desta obrigação.

8.2 SPED FISCAL

O SPED fiscal também é conhecido pela sigla EFD – Escrituração Fiscal Digital. De acordo com a RFB (2011), a Escrituração Fiscal Digital - EFD é um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte.

Dentro da EFD já está em andamento o Projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF- e), o qual está sendo desenvolvido, de forma integrada, pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e Receita Federal do Brasil, desde a assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de 27/08/2005, que atribui ao Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT) a coordenação e a responsabilidade pelo desenvolvimento e implantação do Projeto NF- e.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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De forma geral, o SPED fiscal já vem sendo utilizado por várias empresas desde o ano de 2005 e, segundo a RFB (2011), a tendência é que todas as empresas venham a adotar essa sistemática eletrônica.

DICAS

Maiores informações sobre o SPED podem ser obtidas no site da Receita Federal do Brasil em:<http://www.receita.gov.br.>. Neste site você poderá verificar quais empresas estão obrigadas a utilizar o SPED e a partir de que período.

ESTUDOS FUTUROS

Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura complementar do texto a seguir, do livro Contabilidade Comercial, de autoria de Eurídice Mamede de Andrade (2002, p. 16-18). A partir dele teremos condições de compreender que a função do contador já não é apenas a escrituração, mas também, a consultoria.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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LEITURA COMPLEMENTAR

Eurídice Mamede de Andrade

Antes da constituição da sociedade, o profissional da área contábil é comumente chamado a opinar sobre os diversos aspectos dos novos negócios ou sobre as necessárias alterações dos já existentes.

Durante a entrevista inicial com o empreendedor é necessário averiguar alguns aspectos fundamentais para o início e o sucesso do empreendimento, ou seja:

1) Oportunidade

2) Projeto

3) Recursos

4) Capacidade

Para tornar viável a prestação de um bom serviço é necessário que o con sultor mantenha-se sempre informado, ou seja, adquira cultura geral inces-santemente e, antes da entrevista, informe-se sobre as características particu-lares daquele negócio, através de contato com as associações de classe, revis tas especializadas etc.

No quesito “oportunidade” é fundamental avaliar se o momento é oportuno para o início da atividade proposta. Questões relacionadas com o mercado consumidor, o momento econômico, condições climáticas, cultura socioeconômica da região, à sazonalidade, dentre outras, devem ser avaliadas em conjunto com o empreendedor.

O projeto do futuro empresário, em geral, não está formalizado. Normal-mente, encontra-se apenas em sua ideia, sem nenhuma anotação em papel ou meio magnético. A formalização do projeto é fundamental para um início pro-missor. O projeto nada mais é do que um plano, um estudo, com desenho e descrição de qualquer coisa que se deseja realizar. Pode configurar-se, também, como o conjunto de medidas que se devem tomar para realizar alguma coisa.

Ao discriminar, no papel, o tipo, as dimensões, a estrutura física, o nível de estoques, a quantidade de empregados, os móveis, os utensílios, as máquinas, os equipamentos, dentre outros itens necessários ao início e à manutenção das atividades, o empreendedor terá uma visão geral do negócio que preten de realizar; terá, ainda, a oportunidade de visualizar falhas ou pontos fracos do próprio projeto. Nesta fase, o consultor deverá auxiliar na elaboração ou reformulação do projeto inicial, de modo a viabilizar a implantação do negó cio, no menor prazo e custo possíveis.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Uma vez aprovado o projeto, será necessário identificar as fontes de re-cursos para realizá-lo. Normalmente, a fase de alocação de recursos é paralela à fase de ajuste e reformulação do projeto, ou seja, o projeto se submeterá aos recursos disponíveis e estes devem ser aplicados de forma a oferecer o melhor retorno possível.

Nessa avaliação devem estar incluídos não só os recursos financeiros próprios ou de terceiros, como os recursos humanos e os recursos materiais. Com esta finalidade, convém avaliar a disponibilidade de:

• Recursos financeiros próprios - se suficientes para montar e manter o negócio durante seu prazo de maturação, ou seja, período necessário para atingir e ultrapassar o ponto de equilíbrio.

• Linha de crédito liberada para utilização imediata, com amortização prevista no médio prazo.

• Recursos humanos residentes próximos ao local do estabelecimento - seu nível de conhecimentos e habilidades, se algum treinamento será preciso, e apreciação de outras alternativas.

• Recursos materiais para aquisição ou necessidade de encomendas prévias; possibilidade de escassez devido à conjuntura econômica e social ou situação climática iminentes.

Por último, porém tão importante quanto as demais, deve-se avaliar a questão da capacidade pessoal dos sócios para gerenciar o negócio. Pelo me nos um deles deve possuir conhecimentos indispensáveis sobre o ramo de atividade que vão operar. Não basta apenas que o conheça superficialmente. A operacionalidade do processo poderá fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento. Deve-se conhecer todo o giro do negócio, des de as particularidades até as generalidades. Alguns itens devem fazer parte desses conhecimentos, não apenas teóricos, mas também colhidos na prática; dentre outros, a saber:

• Principais fornecedores e suas condições de vendas.

• Processamento do material, principais problemas e suas soluções.

• Alternativas de produção, terceirização, importação.

• Rede de distribuição, logística.

• Hábitos, localização, perfil dos clientes.

• Fatia do mercado que pretende alcançar.

• Principais concorrentes.

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TÓPICO 1 | SOCIEDADES COMERCIAIS

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• Associações de classe.

• Condições gerais do mercado.

FONTE: Adaptado de: ANDRADE, Eurídice Mamede de. Contabilidade comercial: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

Em resumo, o contador deve averiguar, junto ao empreen dedor, suas reais condições de desenvolver o projeto com a eficiência e eficá cia, que poderão fazer dele um referencial no mercado em que operará. Para que isso ocorra, o contador precisa estar atento ao mercado de trabalho e às necessidades do empreendedor, buscar fontes de informações confiáveis e participar de cursos de educação continuada, eventos, palestras etc. constantemente, uma vez que a legislação brasileira e o próprio mercado globalizado mudam rapidamente.

NOTA

Sempre quando formos prestar quaisquer serviços de consultoria, temos que estar profundamente atualizados. Em função disso, o profissional contábil jamais para de estudar, uma vez que sempre haverá novas empresas, novas atividades e clientes necessitando de informações fidedignas, as quais, nós, contadores, temos como fornecer.

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Neste tópico vimos a definição de contabilidade comercial e a posição que um contador deve tomar frente às atividades exigidas diariamente em seu trabalho. Observamos também que a contabilidade comercial está amarrada a várias obrigações, sejam elas fiscais, contábeis ou administrativas, mas todas com suas características que devem ser seguidas. Percebemos que o contador, a partir de agora, deve ser muito mais do que um simples prestador de serviços, o qual está ali para cumprir as obrigações junto ao fisco, ou seja, ele deverá ser a pessoa que dará pontos norteadores capazes de direcionar as empresas para a melhor tomada de decisão.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Qual função o contador de empresas comerciais vem assumindo? Por quê?

2 Complete a seguinte sentença: As práticas existentes no ato do comércio possibilitam definir a Empresa

Comercial como sendo aquela que serve de _______________________ou _____________________ entre o produtor e o consumidor, ou usuário dos bens, para obtenção de resultados positivos.

3 Explique esta afirmação: A parir do momento em que a sociedade é constituída e registrada, assume

personalidade jurí dica própria, ou seja, personalidade independente dos sócios.

4 Complete a seguinte sentença: Nas sociedades comerciais, o Livro obrigatório é o _____________. Porém,

tão importante quanto ele é o Livro _________________, uma vez que:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

5 O Código de Ética do Profissional Contabilista – CEPC define como o contabilista deve se portar frente ao mercado de trabalho. Quando o contabilista deseja opinar sobre determinado caso, o que o CEPC enuncia sobre esta situação? Por quê?

6 Cite os principais diferenciais entre uma empresa que seja considerada prestadora de serviços, comércio e indústria.

7 Qual a diferença entre uma Microempresa (ME) e uma Empresa de Pequeno Porte (EPP)?

8 Quais as três principais formas de tributação existentes hoje no mercado?

9 Qual o livro contábil que pode ser considerado como o Razonete da conta contábil? Por quê?

10 Qual a diferença entre SPED Fiscal e SPED Contábil?

AUTOATIVIDADE

Assista ao vídeo deresolução da questão 10

Assista ao vídeo deresolução da questão 6

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11 Com base nas informações a seguir, escriture o Livro Diário, em seguida o Livro Razão:

A Cia. Camargo Ltda. teve as seguintes operações no mês de setembro: 02-09 – Integralização de capital social no valor de $ 60.000 pelo sócio João Matos em dinheiro, cujo depósito foi feito no Banco do Brasil em conta corrente.

04-09 – Comprou à vista, via banco, através do Cheque 001, um veículo marca/modelo VW 160, no valor de $ 16.000. O veículo foi adquirido do fornecedor FeedCar Ltda., através da Nota Fiscal 309. Conferir pontuação. 10-09 – Compra a prazo de 40 unidades da mercadoria tipo A, para o estoque, no valor total de $ 6.000. A mercadoria foi adquirida do fornecedor Belano Ltda., através da Nota Fiscal 987.542. 15-09 – Venda à vista, via banco, de 26 unidades da mercadoria tipo A, no valor total de $ 6.500. A mercadoria foi vendida ao cliente Macedo Ltda., através da Nota Fiscal 001.

LIVRO DIÁRIO

DATA CONTA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO

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Total

LIVRO RAZÃO

Conta: BANCO DO BRASIL RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

Assista ao vídeo deresolução da questão 11

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Conta: ESTOQUE RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

Conta: VEÍCULO RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

Conta: FORNECEDOR RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

Conta: CAPITAL RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

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Conta: RECEITA DE VENDA RAZÃOCódigo Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

Conta: CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA RAZÃO

Código Ano Data Histórico Débito Crédito D/C Saldo SALDO ANTERIOR 0 00

SALDO MÊS

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TÓPICO 2

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

A Demonstração do Resultado do Exercício, também conhecida pela sigla DRE, é a apresentação, em forma resumida, da movimentação econômica da empresa em um determinado período, com o intuito de evidenciar o resultado líquido, seja este negativo, positivo ou nulo.

Neste segundo tópico veremos a forma como a Demonstração do Resultado do Exercício deve ser apresentada, desde as receitas brutas de vendas até o resultado líquido do exercício. Analisaremos os princípios contábeis que devem ser seguidos quando se trata dessa demonstração contábil voltada a evidenciar informações de caráter econômico.

NOTA

Enquanto o Balanço Patrimonial evidencia valores de caráter financeiro, como, por exemplo, capacidade de pagamento, valores a receber e a pagar, investimentos etc., a Demonstração do Resultado do Exercício evidencia valores de caráter econômico, como, por exemplo, receitas, custos, despesas, lucro ou prejuízo etc.

2 CRITÉRIOS BÁSICOS CONTÁBEIS

A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que rege as Sociedades por Ações e, por conseguinte, as demais sociedades, inclusive as Sociedades Limitadas, estabelece em seu art. 187 a ordem em que a Demonstração de Resultado do Exercício deve ser apresentada, para fins de publicação, além de outras providências.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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NOTA

O resultado constante na Demonstração do Resultado do Exercício é frequentemente usado como medida de desempenho ou como base para outras avaliações, tais como o retorno do investimento ou resultado por ação.

O Resultado na Demonstração do Resultado do Exercício é obtido através da confrontação entre receitas e despesas. De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica - NBC T 1, as receitas e despesas podem ser apresentadas na demonstração do resultado de diferentes maneiras, para que auxilie o usuário da informação contábil na tomada de decisão. Por exemplo, é comum a distinção das receitas e despesas recorrentes das atividades operacionais daquelas resultantes das atividades descontinuadas. Essa distinção é feita porque a fonte de uma receita é relevante, na avaliação da capacidade que a entidade tenha de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriundas de atividades descontinuadas, como a venda de um investimento de longo prazo, normalmente não se repetem numa base regular. Nessa distinção leva-se em conta a natureza da entidade e suas operações, suas atividades principais e secundárias.

Na maioria das vezes é mais interessante que as receitas da empresa sejam provindas da sua atividade operacional, uma vez que esta é considerada constante, facilitando, dessa forma, as projeções e/ou orçamentos que a empresa venha a fazer.

As receitas são os benefícios econômicos da entidade que surgem normalmente, através das atividades operacionais por meio das vendas ou aumentos de ativos e redução de passivos, que resultem no aumento do patrimônio líquido, por exemplo: vendas de mercadorias, juros recebidos na cobrança de clientes, descontos obtidos no pagamento de duplicatas etc.

Segundo Sprouse e Moonitz, citado por Iudícibus (2009, p. 149), “receita de uma empresa durante determinado período de tempo representa uma mensuração do valor de troca dos produtos (bens ou serviços) durante aquele período”.

Para Iudícibus (2009, p. 149), “esta definição é uma das melhores, pois caracteriza o que é essencialmente a receita e dá margem a uma ampla gama de formas pelas quais pode ser reconhecida, colocando bem o fato de que o mercador deverá validar o esforço desenvolvido pela empresa, atribuindo um valor de troca à produção de bens e serviços”.

Já os ganhos são benefícios econômicos da entidade, que podem surgir através das atividades não operacionais e que resultem no aumento do patrimônio líquido, por exemplo: na venda de ativos pelo registro do valor vendido, reavaliação, entre outros.

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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De acordo com Iudicibus (2009, p. 159), “especificamente, um ganho representa um resultado líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às operações normais do empreendimento”.

Por sua vez, as despesas podem ser consideradas o oposto das receitas, pois é o decréscimo nos benefícios econômicos da entidade que surge normalmente, através das atividades operacionais, por meio dos custos ou redução de ativos e aumento de passivos, que resultem na redução do patrimônio líquido. Por exemplo: custo das mercadorias vendidas, descontos concedidos na cobrança de clientes, juros pagos, pagamento de duplicatas etc.

Para Iudícibus (2009, p. 153), “despesa, em sentido restrito, representa a utilização ou consumo de bens e serviços no processo de produzir receitas”.

As despesas ocorrem pelo simples fato da necessidade de geração de receitas, por exemplo: as despesas com as compras só existem porque estas compras serão revendidas ou utilizadas no processo produtivo, onde ambas contribuirão no processo de geração de receita. As despesas de salários e encargos só existem pelo fato dos colaboradores estarem contribuindo para a venda de produtos e serviços, o que consequentemente irá gerar receita. E assim, ao se analisar a entidade, todas as despesas que ali estão deveriam ser geradas com intuito de geração de receitas, se não agora, mas num futuro próximo.

Assim, segundo Iudícibus (2009, p. 153), “o que caracteriza a despesa é o fato de ela tratar de expirações de fatores de serviços, direta ou indiretamente relacionados com a produção e a venda do produto ou serviço da entidade”.

Já as perdas também podem ser consideradas o oposto dos ganhos, uma vez que são reduções de benefícios econômicos da entidade que podem surgir através das atividades não operacionais e que resultem na redução do patrimônio líquido. Por exemplo: na venda de ativos pelo registro de sua baixa, sinistros como incêndios, vendavais, entre outros.

Para entender melhor a Demonstração do Resultado do Exercício é preciso analisar os princípios contábeis que norteiam a contabilidade das empresas no que tange ao reconhecimento das receitas, custos e despesas, assunto esse expresso no § lo também do art. 187 da Lei nº 11.638/2007, como segue:

Na determinação do resultado do exercício serão computados:

a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas re ceitas e rendimentos.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Dessa forma, esses aspectos são condizentes a dois princípios contábeis denominados, respectivamente, como sendo:

● Princípio da Realização da Receita.

● Princípio do Confronto das Despesas.

2.1 PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA

Com base nesse princípio, as receitas são reconhecidas a partir do momento em que são realizadas, ou seja, quando há o repasse de mercadorias, produtos ou serviços, indiferente se nestas transações houver ou não o pagamento à vista. Segundo Iudícibus e Marion (2002, p. 105), “escolhe-se como ponto normal de reconhecimento da receita aquele em que produtos ou serviços são transferidos ao cliente e não, propriamente, o ponto em que o dinheiro é recebido”. Esse é o motivo da diferença entre o Regime da Competência e o Regime de Caixa.

Um exemplo simples e prático seria o seguinte: a empresa Alfa vende à empresa Beta 10 unidades de uma determinada mercadoria por $ 100 a unidade no dia 10/02/2008, logo, o total da venda é de $ 1.000. No entanto, a empresa Beta irá pagar 30% à vista ($ 300) e o restante ($ 700) daqui a 60 dias, ou seja, em 10/04/2008. Neste caso, pelo princípio da Realização da Receita, quanto de receita a empresa Alfa deve reconhecer contabilmente? Resposta: A empresa Alfa deverá reconhecer em sua Demonstração de Resultado do Exercício, a receita de $ 1.000, uma vez que, economicamente, o ato contábil já foi registrado pela ocasião da venda, indiferente do recebimento.

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 8), “as receitas e despesas são apropriadas ao período em função de sua incorrência e da vinculação da despesa à receita, independente de seus reflexos no caixa”.

2.2 PRINCÍPIO DO CONFRONTO COM AS DESPESAS

Este princípio está intimamente ligado ao princípio da Realização da Receita, ou seja, as despesas devem ser reconhecidas contabilmente a partir do momento ou do período em que gerarem receitas.

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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NOTA

As despesas existem com uma única finalidade na empresa, que é gerar receitas. Por exemplo: as despesas com mão de obra, aluguel, energia elétrica, salários administrativos etc. são realizadas com o intuito de que mais tarde seus benefícios sejam maiores do que seus custos, caso contrário não seriam mais úteis, podendo até serem cortadas.

Conforme Iudícibus e Marion (2002, p. 114), “todas as despesas e perdas ocorridas em determinado período deverão ser confrontadas com as receitas reconhecidas nesse mesmo período [...]”.

Tendo como base o exemplo visto anteriormente, da empresa Alfa e Beta, pode-se considerar o seguinte: a empresa Alfa efetuou a venda de 10 unidades a $ 100 cada, onde reconheceu, em 10/02/2008, uma receita de $ 1.000. Porém, para que a empresa Alfa pudesse vender essas 10 unidades, ela teve que se desfazer de parte de seu estoque. Se, por acaso, cada uma das 10 unidades que vendeu estivesse avaliada no estoque por $ 60, então a empresa Alfa precisaria reconhecer o custo da mercadoria vendida no valor de $ 600. Dessa forma, tem-se o confronto da receita ($ 1.000) com a despesa ($ 600) necessária para que tal venda pudesse acontecer, onde ambas estarão registradas na Demonstração do Resultado do Exercício para expressar economicamente as operações ocorridas num determinado período, indiferente se ali houve pagamento ou recebimento em dinheiro.

As receitas e seu confronto com as despesas são geralmente reconhecidas na contabilidade no momento em que produtos ou serviços são transferidos ao cliente, coincidente, muitas vezes, com o ponto de venda. Segundo Iudícibus (2009, p. 47), a Contabilidade assim o faz, porque:

1) o ponto em que ocorre a transferência é, usualmente, aquele em que a maior parte do esforço em obter a receita já foi desenvolvida;

2) o ponto de transferência é o ideal para estabelecer um valor objetivo de mercado para a transação; e

3) no ponto de transferência normalmente se conhece todo o custo de produção do produto ou serviço vendido e outras despesas diretamente associáveis, embora os desembolsos com tais despesas possam ocorrer após a venda (como, por exemplo: devedores duvidosos, comissão sobre a venda, gastos com consertos derivados de concessão de garantia etc). É possível, pelo menos em um bom número de casos, prever ra zoavelmente tais encargos no ato da venda.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Conforme o autor, é importante notar que a observância das três condições é que de veria propiciar a escolha do melhor ponto para reconhecer a receita e consequente confronto com as despesas. O ponto de venda somente deveria ser escolhido se verificassem as três condições em mais alto grau naquele ponto (o que quase sempre ocorre, mas não exclusivamente).

2.3 CRITÉRIOS BÁSICOS DE APRESENTAÇÃO DE ACORDO COM A LEI Nº 11.638/07

ESTUDOS FUTUROS

Você poderá observar as principais contas da DRE no Caderno de Estudos de Contabilidade, na Unidade 2, Tópico 1. Sendo assim, faz-se necessário você ter em mãos o plano de contas já apresentado no Item 3 daquela Unidade, para melhor aproveitamento do aprendizado.

A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que rege as Sociedades por Ações e, por conseguinte, as demais sociedades, inclusive as Sociedades Limitadas, alterada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, estabelece em seu art. 187 a ordem em que a Demonstração de Resultado do Exercício deve ser apresentada, para fins de publicação, além de outras providências.

Para que a Demonstração do Resultado do Exercício forneça aos seus usuários dados básicos sobre o resultado econômico da empresa, lucro ou prejuízo, o art. 187 da Lei das Sociedades por Ações dispõe sobre a sua correta apresentação. Sendo assim, destacam-se os principais pontos:

Artigo 187. A Demonstração do Resultado do Exercício discriminará:

1) a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;

2) a receita operacional líquida das vendas e serviços, o custo operacional das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;

3) as despesas operacionais referentes às despesas administrativas, comerciais e com vendas. Logo após, o resultado financeiro composto de receitas e despesas financeiras;

4) o resultado operacional, as outras receitas e outras despesas operacionais;

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5) o resultado do exercício antes do Imposto de Renda e Contribuição Social e a provisão para o imposto;

6) o lucro ou prejuízo líquido do exercício.

FONTE: Adaptado do site: <http://www.oconsultorcontabil.com.br/demonstracao-do-resultado--do-exercicio-dre/>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica - NBC T 3.3, a partir dessa estrutura a Demonstração do Resultado do Exercício objetiva evidenciar a composição do resultado, formado num determinado período de acordo com as operações da Entidade.

De acordo com Marion (2008, p. 91), “a Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12 meses.”

Para Iudícibus e Marion (2002), a Demonstração do Resultado pode ter mais poder preditivo do que o próprio Balanço Patrimonial, pois este último alinha o saldo das contas num determinado momento, evidenciando os saldos ano após ano e, consequentemente, sendo mais útil para se avaliar uma situação estática, ao passo que a Demonstração de Resultado refere-se a somente um determinado período e descreve as causas do aparecimento de determinado resultado.

Por ser uma demonstração voltada a evidenciar os valores econômicos da entidade, ao final do período pode-se calcular o lucro ou prejuízo e a rentabilidade da empresa, além de todos os custos e despesas inerentes à sua operacionalidade.

Para facilitar o aprendizado em relação à classificação das contas que compõem a Demonstração de Resultado do Exercício, apresenta-se a seguir um exemplo dessa demonstração:

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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MAIS BAHIA LTDA

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010 E 2009 - EM R$

2010 2009

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 12.000.00 9.500.00

VENDA DE PRODUTOS 6.000.00 5.000.00

VENDA DE MERCADORIAS 4.000.00 3.000.00

VENDA DE SERVIÇOS 2.000.00 1.500.00

(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (4.600.00) (3.350.00)

DEVOLUÇÕES (100.00) (50.00)

IMPOSTOS (4.500.00) (3.300.00)

= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 7.400.00 6.150.00

(-) CUSTOS OPERACIONAIS (5.000.00) (4.100.00)

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS (2.000.00) (1.500.00)

CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (2.500.00) (2.200.00)

CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS (500.00) (400.00)

= LUCRO BRUTO 2.400.00 2.050.00

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (1.100.00) (1.000.00)

DESPESAS ADMINISTRATIVAS (900.00) (700.00)

DESPESAS COM VENDAS (400.00) (200.00)

OUTRAS DESPESAS (200.00) (400,00)

OUTRAS RECEITAS 400.00 300.00

+/- RESULTADO FINANCEIRO 50.00 200.00

+ RECEITAS FINANCEIRAS 200.00 300.00

(-) DESPESAS FINANCEIRAS (150.00) (100.00)

= RESULTADO OPERACIONAL 1.350.00 1.250.00

(-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (130.00) (110.00)

(-) PROVISÃO P/ IMPOSTO DE RENDA (240.00) (200.00)

= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 980.00 940.00

FONTE: O autor

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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As contas constantes na DRE são sintéticas, ou seja, são contas somadoras de outras contas, por exemplo:

1) Em venda de produtos pode-se ter: venda do produto A, venda do produto B etc.

2) No grupo Deduções, em impostos sobre vendas, pode-se ter: ICMS, IPI, ISS, entre outras.

3) No grupo Custos Operacionais, em custo dos produtos vendidos pode-se ter: compras, fretes sobre compras etc.

4) No grupo Despesas Operacionais, em despesas administrativas, pode-se ter: salários, aluguel, telefone, entre outras.

5) No grupo Resultado Financeiro, em receitas financeiras, pode-se ter: juros recebidos, descontos obtidos, entre outros.

E assim por diante, em toda a DRE apresentam-se contas sintéticas, as quais expressam, na maioria das vezes, dezenas ou centenas de contas analíticas.

NOTA

Agora, analisaremos a composição de cada uma das contas sintéticas que compõem a DRE, caracterizando conceitualmente e destacando alguns exemplos de contas analíticas que ali poderiam ser contabilizadas.

No grupo Receita Operacional Bruta estão alocadas todas as vendas normais que a entidade teve naquele período, a prazo ou à vista, no mercado interno ou externo, inclusive valores de impostos sobre vendas que ainda não foram subtraídos, devoluções e abatimentos sobre vendas. Indiferente se for venda de produtos, mercadorias ou serviços, todas essas receitas devem ser evidenciadas nesse grupo.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 361), “[...] a contabilização das vendas deve ser feita pelo seu valor bruto [...] impostos, devoluções e abatimentos deverão ser registrados em contas devedoras específicas”.

Conforme Matarazzo (2003, p. 67), somente as receitas de vendas normais devem ser alocadas no Resultado Bruto da entidade, uma vez que as “outras receitas de caráter operacional secundário devem figurar após o lucro bruto, reservando-se para este, portanto, o papel de mostrar o resultado bruto da atividade operacional da empresa”.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Já no grupo Deduções da Receita Bruta estão alocados os tributos e abatimentos sobre vendas e as possíveis vendas canceladas.

Os tributos sobre vendas são aqueles gerados no ato da venda, através

de algum documento fiscal. São alguns dos principais tributos incidentes sobre as vendas:

• ICMS - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

• IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados.

• ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.

• PIS - Programa de Integração Social.

• COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

As devoluções de vendas ou vendas canceladas podem acontecer por vários motivos, dentre alguns se destacam: problemas nas embalagens ou nos próprios produtos, que podem estar inconsistentes com o pedido e data de entrega em atraso, dentre outros.

Por sua vez, os abatimentos sobre vendas acontecem geralmente

quando o cliente constata que sua compra, por qualquer motivo, não atendeu às expectativas do pedido. O cliente poderá pedir um abatimento no preço de compra. O abatimento ocorre normalmente por algum defeito, avaria ou algo que esteja em inconformidade com o pedido.

A Receita Operacional Líquida representa as vendas líquidas da empresa. É o resultado obtido pela seguinte equação: Receita Bruta (-) Deduções. É de fato o que realmente interessa para a empresa, uma vez que é a sobra em termos de receita.

Para Marion (2008, p. 93), “[...] os impostos sobre vendas não pertencem à empresa, mas ao governo. Ela é uma mera intermediária (veículo de arrecadação) que arrecada impostos junto ao consumidor e recolhe ao governo”. Por isso, é importante que se separe das vendas tais tributos, e que se analise a carga tributária, uma vez que não se pode contar com esta parte da receita bruta.

Logo após a receita líquida estão alocados os custos operacionais da entidade. Para Martins (1998, p. 25), o custo é considerado um “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”.

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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Os custos podem ser diretos, quando apropriados diretamente aos produtos fabricados, ou indiretos, quando se faz necessário algum método de rateio para sua apropriação. Dentre os principais custos destacam-se: matéria-prima, mão de obra, energia elétrica, material de embalagem, depreciação etc.

Os custos podem ser classificados também de acordo com seu volume de atividade numa unidade de tempo, ou seja, podem ser fixos ou variáveis. Os custos fixos são aqueles que não se alteram em função de aumentos ou diminuições do volume de produção do período, por exemplo: aluguel da fábrica, seguros da fábrica, salários de vigias etc. Por sua vez, os custos variáveis são aqueles que variam diretamente de acordo com o volume produzido, por exemplo: matéria-prima, material de embalagem, energia elétrica etc.

NOTA

Os custos passam a ter essa nomenclatura e, consequentemente, são reconhecidos na Demonstração do Resultado do Exercício, quando já contribuíram para a geração de receitas, ou seja, no momento em que a entidade reconhece a receita de venda, ela passa a reconhecer também os custos, pois até então estes últimos são considerados apenas investimentos.

Segundo Martins (1998, p. 25), “todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são estocados nos Ativos da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos”.

Abaixo dos custos, a Demonstração do Resultado evidencia o Lucro Bruto que é resultante da equação: Receita Operacional Líquida (-) Custos Operacionais.

Logo após o Lucro Bruto, a Demonstração do Resultado apresenta as despesas operacionais, as quais são divididas em despesas administrativas, comerciais e de vendas, outras despesas e outras receitas.

Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 383), “as despesas operacionais constituem-se das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa”.

São as despesas necessárias para manter a operacionalidade da entidade. Isso significa que, em qualquer empresa ativa, indiferente de sua forma jurídica ou de tributação, se for comércio, indústria ou prestadora de serviços, terá na demonstração de resultado alguma despesa operacional.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 383) destacam que “as despesas de vendas representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda [...]”. São as despesas necessárias para manter e proporcionar maior volume de vendas dentro daquilo que é estabelecido pela entidade. São alguns exemplos de despesas com vendas: salários e encargos do pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas, propaganda, publicidade, garantia de produtos etc.

Já as despesas administrativas, como o próprio nome já diz, são aquelas necessárias para manter, dirigir ou administrar a empresa. Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 383), essas despesas “representam os gastos, pagos ou incorridos, para direção ou gestão da empresa, e constituem-se de várias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social”.

São alguns exemplos de despesas administrativas: honorários da administração, incluindo conselho fiscal e diretoria, salários e encargos do pessoal da área administrativa, despesas legais e judiciais, material de escritório etc.

Quanto às Outras Despesas e Outras Receitas, até a Lei nº 11.941/2009 eram classificadas como sendo receitas não operacionais e despesas não operacionais, ou seja, aquelas despesas não relacionadas diretamente às atividades principais da empresa.

NOTA

Conforme o art. 60 da Lei nº 11.941/2009, o tratamento fiscal das outras receitas e despesas até então consideradas não operacionais permanece o mesmo.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007) consideram as outras despesas e outras receitas operacionais como sendo atividades acessórias do objeto da empresa.

São alguns exemplos de outras receitas operacionais: venda de ativo imobilizado, resultado positivo obtido pelo ganho do investimento em empresas coligadas ou controladas, amortização de deságio etc. Já em outras despesas operacionais podem ocorrer: custo pela baixa ou venda de um ativo imobilizado, resultado negativo obtido pela perda do investimento em empresas coligadas ou controladas, amortização de ágio etc.

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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DICAS

No decorrer do curso de Ciências Contábeis você irá conhecer detalhadamente os métodos de investimentos, dentre eles o Método de Custo e o Método de Equivalência Patrimonial, aprofundando seus conhecimentos em empresas coligadas e controladas, aquisição com ágio e deságio e toda a estrutura conceitual e prática desses itens.

Abaixo das Despesas Operacionais está evidenciado o resultado financeiro, composto por receitas e despesas financeiras. Dentre as principais despesas financeiras destacam-se: juros passivos, descontos concedidos, multas sobre pagamentos em atraso etc. Já as receitas financeiras são consideradas ganhos, os quais não podem ser reconhecidos na receita bruta da entidade. Dentre as principais receitas financeiras destacam-se: juros recebidos, descontos obtidos, entre outras.

São juros passivos quando paga-se um valor a maior do que o principal devido. Isso ocorre, por exemplo, em empréstimos e/ou financiamentos, em decorrência do prazo contratado, em fornecedores quando a empresa paga esses em atraso, nos impostos quando paga fora do prazo, dentre outras situações prováveis.

São juros ativos quando a empresa recebe um valor a maior do que o principal. Por exemplo, quando um cliente paga em atraso a empresa pode cobrar juros pela demora. Quando a empresa aplica seu capital de giro numa aplicação financeira e essa a remunera.

Já os descontos têm praticamente a mesma natureza, ou seja, são despesas ou receitas financeiras pela cobrança de um direito ou pagamento de uma obrigação.

São descontos obtidos quando a empresa, em relação às suas obrigações, paga essas a menor em decorrência, por exemplo, da quitação antes do prazo do vencimento ou de algum acordo entre o credor.

São descontos concedidos quando a empresa, em relação aos seus direitos, cobra esses a menor em decorrência, por exemplo, da quitação por parte do cliente antes do prazo de vencimento ou de algum acordo entre esse e a empresa.

O Resultado Financeiro pode ser tanto positivo quanto negativo. Será negativo quando as despesas financeiras forem superiores às receitas financeiras, e será positivo quando ocorrer o inverso, ou seja, as receitas financeiras forem superiores às despesas financeiras.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Depois que a Demonstração do Resultado evidenciou as despesas operacionais e o resultado financeiro, apresenta-se o Resultado Operacional ou Lucro Operacional, formado pela seguinte equação: Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais +/- Resultado Financeiro.

Já nas últimas linhas, a Demonstração do Resultado apresenta a provisão para Imposto de Renda e contribuição social, impostos esses calculados diretamente sobre o resultado da empresa ou por estimativa de suas vendas brutas, dependendo de sua forma de tributação.

A maioria das empresas, em sua forma de tributação, opta por ser lucro real, lucro presumido ou simples. Generalizando, aquelas optantes pelo lucro real terão Imposto de Renda e contribuição social, apenas se obtiveram ao final do exercício (anual ou trimestral) lucro fiscal. Aquelas optantes pelo lucro presumido terão Imposto de Renda e contribuição social indiferente se obterem ou não lucro no exercício, uma vez que as bases de cálculo desses dois tributos são as vendas brutas. Já aquelas empresas optantes do Simples não terão ao final da Demonstração do Resultado do Exercício as linhas que cabem ao Imposto de Renda e contribuição social, uma vez que esse contribuinte, ao invés de apurar os oito tributos abrangidos pelo regime unificado (IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, Contribuição Previdenciária Patronal, ICMS e ISS) separadamente, apura os valores devidos em um único aplicativo de cálculo, que emite também uma única guia de pagamento, denominada DAS (Documento de Arrecadação Simplificado), e sua provisão é evidenciada no grupo deduções da receita bruta na demonstração do resultado.

Ao final, a Demonstração do Resultado evidencia o resultado econômico da entidade, ou seja, o lucro ou prejuízo.

Para Marion (2008, p. 99), “o lucro líquido é a sobra líquida à disposição dos proprietários (sócios ou acionistas)”.

A partir da Lei nº 11.638/07, art. 178, o lucro deve ser totalmente destinado para capitalização ou distribuição, não podendo permanecer na conta lucros acumulados, porém o artigo ainda prevê que poderá existir a conta prejuízos acumulados.

Sendo assim, após a verificação do resultado na demonstração contábil, esse resultado, se negativo, poderá ser compensado com possíveis reservas no patrimônio líquido, as quais são constituídas para esse fim, compensado com a própria conta capital social, ou permanecer na conta prejuízos acumulados. Entretanto, se o resultado for positivo, esse deve ser destinado a alguma conta do patrimônio líquido ou distribuído, parcialmente ou não, o importante é que não mais poderá ser deixado na conta lucros acumulados.

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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NOTA

A conta lucros acumulados ainda deve permanecer no plano de contas, uma vez que a destinação de seu resultado somente ocorrerá após decisão da assembleia realizada pelos sócios ou acionistas.

Observa-se também que a Demonstração do Resultado está evidenciada com valores de dois anos. Isso é uma das características qualitativas das demonstrações contábeis, a qual permite que o usuário da informação contábil acompanhe a evolução da entidade, ou seja, possibilita o conhecimento da evolução da informação, de forma a identificar as variações de um período para outro.

Exige-se que, ao menos, sejam divulgados dois anos em todas as demonstrações contábeis, para fins de comparação entre um período e outro; sendo assim, por exemplo, nas demonstrações contábeis referentes ao ano de 2010 haverá mais uma coluna, com os valores de 2009.

De acordo com a NBC T 1, os usuários devem poder comparar as

demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, a fim de identificar e analisar tendências na sua posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem também ser capazes de comparar as demonstrações contábeis de diferentes entidades a fim de avaliar, em termos relativos, a sua posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações na posição financeira e econômica. Consequentemente, a mensuração e apresentação dos efeitos financeiros e econômicos de transações semelhantes e outros eventos devem ser feitas de modo consistente pela entidade, ao longo dos diversos períodos, e também por entidades diferentes.

3 EXEMPLO DE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

A seguir, será apresentado um exemplo contendo diversas operações, onde será elaborada a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial.

NOTA

Todas as operações apresentadas neste exemplo serão detalhadas e explicadas no decorrer deste Caderno de Estudos. O exemplo tem como objetivo apenas evidenciar a Demonstração do Resultado do Exercício de forma mais prática.

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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A Empresa Estrelar Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em 30/04/x8:

Caixa 40.000,00Aplicações financeiras 20.000,00Clientes 2.000,00Estoque de mercadorias 8.000,00Estoque de produtos 11.000,00Fornecedores 5.000,00Capital 76.000,00

Em 05/x8, a Empresa Estrelar Ltda. teve as seguintes operações:

02/05/x8 (1) – Receita de venda de mercadorias no valor de 12.000,00, à vista. O imposto sobre o valor da venda é de 17%. O custo das mercadorias vendidas equivale a 80% das mercadorias em estoque.

04/05/x8 (2) – Receita de venda de produtos no valor de 15.000,00 a prazo. O imposto sobre o valor da venda é de 17%. O custo dos produtos vendidos equivale a 70% dos produtos em estoque.

09/05/x8 (3) – Receita de prestação de serviços no valor de 5.000,00 a prazo. O imposto sobre a prestação equivale a 5%.

15/05/x8 (4) – Devolução de 10% da mercadoria vendida em 02/05/x8. O valor foi pago à vista.

21/05/x8 (5) – Rendimento da aplicação financeira no valor de 2.000,00.

24/05/x8 (6) – Pagamento via caixa do saldo de fornecedores em 30/04/x8. Foram pagos 200,00 de juros.

27/05/x8 (7) – Cobrança via caixa do saldo de clientes em 30/04/x8. Foram cobrados 300,00 de juros.

31/05/x8 (8) – Provisão de despesas de salário administrativo no valor de 2.000,00 e despesas de salário com vendas no valor de 800,00.

31/05/x8 (9) – Provisão de custos, como salários no setor de produção no

valor de 3.000,00, custos como salários no setor comercial no valor de 1.000,00 e custos como salários no setor de prestação de serviços no valor de 900,00.

31/05/x8 (10) – Provisão para Imposto de Renda Pessoa Jurídica no valor de 1.500,00 e Contribuição Social Sobre o Lucro no valor de 1.000,00.

Sabe-se que, neste exemplo:

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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• O imposto sobre venda de Mercadorias e Produtos será o ICMS – imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, equivalente a 17% sobre o valor da venda.

• O imposto sobre prestação de Serviços será o ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, equivalente a 5% sobre o valor da prestação.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faremos:

• Os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes.

• A Demonstração do Resultado do Exercício.

• O Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Estrelar Ltda., em 31/05/x8

Balanço Patrimonial da Empresa Estrelar Ltda., em 31/05/x8

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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Quanto aos lançamentos registrados no período destaca-se que:

No dia 02/05 (1): Receita de venda de mercadorias:

D – Caixa 12.000,00 (venda à vista)

C – Venda de Mercadorias 12.000,00 (registro da receita)

D – CMV 6.400,00 (reconhecimento do custo da mercadoria vendida)

C – Estoque 6.400,00 (80% do saldo em estoque: 8.000,00)

D – ICMS sobre Venda 2.040,00 (17% sobre a venda: 12.000,00) C – ICMS a Pagar 2.040,00 (reconhecimento da obrigação).

No dia 04/05 (2): Receita de venda de produtos:

D – Clientes 15.000,00 (venda a prazo)

C – Venda de Produtos 15.000,00 (registro da receita)

D – CPV 7.700,00 (reconhecimento do custo do produto vendido)

C – Estoque 7.700,00 (70% do saldo em estoque: 11.000,00)

D – ICMS sobre Venda 2.550,00 (17% sobre a venda: 12.000,00) C – ICMS a Pagar 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 09/05 (3): Receita de prestação de serviços:

D – Clientes 5.000,00 (prestação de serviço a prazo)

C – Prestação de Serviços 5.000,00 (registro da receita de prestação de serviço)

D – ISSQN sobre Receita 250,00 (5% sobre a receita de prestação de serviço: 5.000,00)

C – ISSQN a Pagar 250,00 (reconhecimento da obrigação)

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TÓPICO 2 | DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

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No dia 15/05 (4): Devolução de 10% da mercadoria vendida em 02/05/x8:

D – Devolução de Venda 1.200,00 (registro da despesa: 10% de 12.000,00)

C – Caixa 1.200,00 (pagamento pela devolução da venda)

D – Estoque 640,00 (entrada no estoque: 10% de 6.400,00)

C – CMV 640,00 (estorno do registro do custo da mercadoria vendida)

D – ICMS a Compensar 204,00 (reconhecimento do direito pela entrada de mercadoria)

C – ICMS sobre Venda 204,00 (estorno do registro da despesa: 17% de 1.200,00)

No dia 21/05 (5): Rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira 2.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros no ativo)

C – Rendimento Aplicação 2.000,00 (registro da receita financeira)

No dia 24/05 (6): Pagamento via caixa do saldo de fornecedores em 30/04/x8 com juros:

D – Fornecedores 5.000,00 (Baixa da obrigação)

D – Juros Pagos 200,00 (Despesa de juros) C – Caixa 5.200,00 (Pagamento com 200,00 de juros)

No dia 27/05 (7): Cobrança via caixa do saldo de clientes em 30/04/x8 com juros:

C – Clientes 2.000,00 (Baixa do direito)

C – Juros Ativos 300,00 (Receita de juros) D – Caixa 2.300,00 (Cobrança com 300,00 de juros)

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UNIDADE 1 | A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS

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No dia 31/05 (8): Provisão de despesas de salários administrativos e de vendas:

D – Salários Administrativos 2.000,00 (Reconhecimento da despesa)

D – Salários Vendas 800,00 (Reconhecimento da despesa)

C – Salários a Pagar 2.800,00 (Reconhecimento da obrigação)

No dia 31/05 (9): Provisão de custos como salários no setor produtivo, comercial e serviços:

D – Custo Salários Produção 3.000,00 (Reconhecimento do custo) D – Custo Salários Comércio 1.000,00 (Reconhecimento do custo) D – Custo Salários Serviços 900,00 (Reconhecimento do custo) C – Salários a Pagar 4.900,00 (Reconhecimento da obrigação)

No dia 31/05 (10): Provisão para Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social Sobre o Lucro:

D – Imposto de Renda 1.500,00 (Reconhecimento da despesa) C – Imposto de Renda a Pagar 1.500,00 (Reconhecimento da obrigação)

D – Contribuição Social 1.000,00 (Reconhecimento da despesa) C – Contribuição Social a Pagar 1.000,00 (Reconhecimento da obrigação)

NOTA

A habitualidade de se distinguir as contas do Ativo, Passivo e Resultado gera o aperfeiçoamento na prática de registros contábeis. É uma forma simples e prática de aprender. Dessa maneira, verifique na Demonstração do Resultado do Exercício a posição e a influência de cada uma das CONTAS DE RESULTADO (receitas e despesas) evidenciadas neste exemplo.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico vimos que a Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo apresentar as contas de natureza econômica da empresa, ou seja, as receitas, despesas, lucros ou prejuízos. Conhecemos de que forma as contas devem ser reconhecidas, tanto as despesas como as receitas. Além disso, aprendemos que as contas ali evidenciadas são apenas contas sintéticas, uma vez que por trás delas há diversas outras contas analíticas que poderiam detalhar qual a composição de seus saldos. Verificamos que há uma ordem para se reconhecer as contas na demonstração do resultado, começando pelas vendas brutas até se chegar ao resultado do exercício.

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1 Dê um exemplo prático, diferente do apresentado neste Caderno de Estudos, de realização de receita e confronto com as despesas.

2 A Empresa Praiana Ltda. apresentou as contas com os seguintes saldos em 31/12/2007;

AUTOATIVIDADE

Contas Valor Contas valorCaixa 1.400 Aplicações Financeiras 10.300Venda de Mercadorias 40.000 Duplicatas a Receber 8.000ICMS 8.000 Cheques em Cobrança 2.000Devoluções de Vendas 1.000 Mercadorias 12.000ICMS a Recolher 2.000 Títulos a Receber – 1,5 1.500INSS a Recolher 800 Terrenos 50.000Seguros a Pagar 1.000 Veículos 20.000Salários – Venda 1.200 Custo da Mercadoria Vendida 15.000Seguros – Adm. 600 Salários – Adm. 2.000Manutenção – Adm. 100 Propaganda – Venda 500Telefone – Adm. 50 Fornecedores 4.400Juros Recebidos 40 Descontos Concedidos 20Contribuição Social 1.370 Receita não Operacional 200Empréstimos Bancário 2.500 Imposto de Renda 2.200Empréstimos Bancário – 1,5 4.500 Capital 81.800

Sua tarefa será distribuir cada uma dessas contas no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício, levando em consideração que:

• As contas do Ativo e Passivo que possuem a expressão “1,5” possuem sua realização em 18 meses, portanto, precisam ser lançadas no Longo Prazo.

• As contas de receitas e despesas são analíticas, portanto, sua tarefa será distribuir na DRE em contas sintéticas de acordo com a Lei 6.404/76. Se, por exemplo, tiver a conta “salários – vendas”, significa que a conta deve ser lançada no Grupo Despesas Operacionais em despesas com vendas, mas se por acaso fosse “salários – adm.”, deveria ser lançada no mesmo grupo, porém em despesas administrativas.

• O resultado obtido na DRE deve ser transferido para a conta de Lucros Acumulados, para que o total do ativo seja igual ao do passivo.

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• Você deve ter em mãos o plano de contas já apresentado no Caderno de Estudos de Contabilidade, Unidade 2, Tópico 1.

Balanço Patrimonial da Empresa Praiana Ltda. em 31/12/2007

Ativo 2007 Circulante ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... Não Circulante ....................... Realizável a Longo Prazo ....................... ......................................................................................................... ....................... Permanente ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... .......................Total do Ativo .......................

Passivo 2007 Circulante ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... ....................... Não Circulante ....................... Exigível a Longo Prazo ....................... ......................................................................................................... ....................... Patrimônio Líquido ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... .......................Total do Passivo .......................

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Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Praiana Ltda. em 31/12/2007

2007Receita Operacional Bruta .......................

......................................................................................................... .......................(-) Deduções da Receita Bruta .......................

......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... .......................

= Receita Operacional Líquida .......................(-) Custos Operacionais .......................

......................................................................................................... .......................= Lucro Bruto .......................

(-) Despesas Operacionais ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... .......................

+/- Resultado Financeiro ....................... ......................................................................................................... ....................... ......................................................................................................... .......................

= Resultado Operacional ....................... ......................................................................................................... .......................

= Resultado Antes da Provisão para Contribuição Social ....................... ......................................................................................................... .......................

= Resultado Antes da Provisão para Imposto de Renda ....................... ......................................................................................................... .......................

= Lucro Líquido do Exercício .......................

3 Por qual motivo existem despesas nas entidades contábeis? Dê um exemplo.

4 Assinale a alternativa correta. Na Demonstração do Resultado do Exercício, no grupo deduções da receita bruta, podem ser incluídas as seguintes contas:

a) ( ) Custo da mercadoria vendida, impostos sobre vendas, devoluções de vendas e despesas operacionais.

b) ( ) Custo dos produtos vendidos, impostos sobre compras e as devoluções de vendas.

c) ( ) Impostos sobre vendas e devoluções de vendas.d) ( ) Custo da Mercadoria, Produto ou Serviço Vendido, impostos sobre

vendas e devoluções de vendas.

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5 Complete com V para verdadeiro e F para falso.

( ) O objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras da empresa os dados básicos e essenciais sobre a movimentação financeira da empresa.

( ) Uma receita realizada para recebimento futuro representa um aumento de ativo e um aumento da situação líquida.

( ) As contas de despesas e receitas têm a fun ção de registrar informações de gastos e ganhos, e não representam nenhum elemento patrimonial de bem, direito, obrigação ou patrimônio líquido.

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UNIDADE 2

OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• distinguir os principais tributos incidentes sobre as compras e vendas de produtos, mercadorias e serviços;

• calcular e contabilizar os tributos incidentes nas operações de compra e venda de produtos, mercadorias e prestações de serviços;

• contabilizar e analisar as mais variadas operações com mercadorias, en-volvendo vendas, compras, devoluções, descontos e abatimentos.

Esta unidade de estudo está dividida em dois tópicos. Em cada um deles você encontrará os principais tributos incidentes sobre compras e vendas, respectivos cálculos e contabilizações, diversas operações envolvendo com-pra e venda de mercadorias, bem como os exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

Assista ao vídeo desta unidade.

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TÓPICO 1

TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico conheceremos os principais tributos incidentes sobre as compras e vendas de produtos, mercadorias e serviços. Calcularemos e contabilizaremos esses impostos de tal forma que seja possível analisar o impacto causado por estes sobre o resultado das empresas.

Veremos que a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas do mundo e que pesa fortemente para as empresas e, consequentemente para os consumidores finais.

Os tributos poderão ser inclusos ou adicionados no valor das mercadorias, dependendo aqui da sua espécie, onde os mesmos podem ser divididos em impostos, taxas e contribuições.

Nesta disciplina veremos, principalmente, os impostos e contribuições incidentes sobre o preço de venda, ou seja, aqueles que guardam alguma proporcionalidade ou percentual sobre este.

Dentre os principais tributos incidentes sobre as vendas, podemos citar:

● ICMS - imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

● IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.

● ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.

● PIS - Programa de Integração Social.

● COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Porém, destaca-se que nas empresas comerciais, foco principal dos nossos estudos, os tributos incidentes sobre as vendas mais comuns são: ICMS; IPI (em alguns casos); PIS sobre Faturamento; COFINS e ISSQN (em alguns casos).

2 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS – ICMS

O ICMS é um imposto estadual e representa uma das mais importantes fontes de arrecadação. Com os recursos do ICMS, o poder público atende de diversas formas à população, por exemplo, com a construção de rodovias, hospitais, creches, postos de saúde etc.

O ICMS, como o próprio nome já diz, incide sobre operações relativas à compra e venda de mercadorias, porém, cabe ressaltar que nos serviços de transporte interestadual haverá também a incidência desse imposto.

NOTA

Nos demais serviços haverá apenas a incidência do imposto sobre serviços, o ISSQN, ou seja, não haverá dupla tributação. Sendo assim, as receitas serão tributadas pelo ICMS ou pelo ISSQN, mas não pelos dois ao mesmo tempo.

O ICMS é um imposto seletivo em função da essencialidade da mercadoria e serviços, conforme disposição contida no artigo 155, § 2º, inciso III, da Constituição Federal de 1988. Entretanto, os serviços de telefonia e o consumo de energia elétrica e combustíveis são essenciais à boa qualidade de vida do cidadão, entretanto, são excessivamente onerados pelo ICMS, cujas alíquotas são as mais elevadas previstas na legislação, ou seja, 25%.

Porém, há os seguintes casos quando se trata do ICMS:

• Não incidência - É a ocorrência de um ato jurídico que não está compreendido no campo de incidência do tributo, ou seja, o ato praticado não se enquadra em nenhum dos casos previstos na legislação tributária como hipótese de incidência tributária. São alguns exemplos da não incidência do ICMS, conforme o Regulamento do ICMS do Estado de Santa Catarina - RICMS/SC art. 6º Capítulo II, Inciso I: operações com livros, jornais etc.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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• Isenção - É uma situação devidamente estabelecida em lei, que dispensa o pagamento do tributo. Embora ocorra o fato gerador do tributo, o contribuinte fica desobrigado do seu pagamento. Excepcionalmente, as isenções do pagamento do ICMS são concedidas e revogadas, através de convênios firmados pelos representantes dos Estados e do Distrito Federal. São alguns exemplos da isenção do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 2, Capítulo I, Seção I, art. 2º Inciso I: abóbora, abobrinha, acelga, agrião etc.

• Base de cálculo reduzida - Algumas unidades da Federação entendem que a redução da base de cálculo é uma espécie de isenção parcial. Por exemplo, conforme o RICMS/SC Anexo 2, Capítulo II, Seção I, art. 7º Inciso III - em 58,823% (cinquenta e oito inteiros e oitocentos e vinte e três milésimos por cento) nas saídas de tijolo, telha, tubo e manilha.

• Suspensão - É o adiamento temporário da exigência de pagamento do tributo, mesmo ocorrendo o seu fato gerador, mediante o cumprimento de certas condições estabelecidas em lei. Caso essas condições não sejam integralmente cumpridas, caberá ao contribuinte beneficiado recolher o imposto dispensado na época. São alguns exemplos da suspensão do ICMS, conforme RICMS/SC Anexo 2, Capítulo IV, art. 27 Inciso I – a saída de qualquer mercadoria, para conserto, reparo ou industrialização, desde que retorne ao estabelecimento de origem, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da saída.

• Diferimento - É a postergação temporária do pagamento do imposto para uma etapa posterior de operação ou prestação, desde que cumpridos todos os requisitos legais. Desta forma é transferida a obrigatoriedade de recolhimento do imposto ao próximo contribuinte, adquirente da mercadoria ou tomador do serviço. São alguns exemplos de diferimento do ICMS, conforme RICMS/SC, Anexo 3, Capítulo II, Inciso V: leite fresco, pasteurizado ou não.

O ICMS é considerado um imposto por dentro, pois seu valor está incluído no valor das mercadorias ou dos serviços constantes da nota fis cal. Por exemplo: determinada mercadoria custou R$ 100,00, mas terá a incidência de ICMS de 17% quando for vendida. Sendo assim, terá que ser embutido no preço de venda o percentual do ICMS, uma vez que o consumidor final arcará com esse imposto. Pergunta-se: qual o valor de venda dessa mercadoria se fosse vendida pelo preço de custo?

Resposta: Se aplicarmos os 17% diretamente sobre os R$ 100,00 o preço de venda ficaria em R$ 117,00, porém, o ICMS deve ser calculado sobre o valor da venda e não sobre o custo da mercadoria, dessa forma o preço teria que ser de R$ 120,48 para que fosse vendida pelo preço de custo. Observe o cálculo a seguir:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Calculando o preço de venda:

Forma errada Forma corretaCusto da mercadoria 100,00 100,00+ ICMS 17% 17,00 20,48= Preço de venda 117,00 120,48

Quando a empresa vender essa mercadoria, ela deverá calcular o ICMS sobre o preço de venda e, esse valor terá que ser pago ao Governo Estadual. O saldo que sobrar é o que realmente ficará para a empresa.

Prova real: para ver se realmente a mercadoria foi vendida pelo preço esperado, nesse caso, o de custo:

Forma errada Forma corretaPreço de venda 117,00 120,48(-) ICMS 17% 19,89 20,48= Preço líquido de venda 97,11 100,00

Observe que se fosse apenas lançado o ICMS sobre o custo, a venda teria sido feita por R$ 97,11, abaixo do resultado esperado, porém, se fosse vendida por R$ 120,48, o valor que sobraria seria exatamente o pretendido, ou seja, os R$ 100,00.

Um dos métodos para calcular corretamente o ICMS sobre o custo é:

Divide-se o custo pelo valor restante entre o percentual do imposto e 100%, assim feito:

Preço de Venda = 100,00 / (1 – 0,17) = 120,48. Veja outro exemplo a seguir:

A empresa Vende Mais S/A está querendo saber qual o valor que deve cobrar de um de seus clientes, sabendo que:

Valor do custo da mercadoria: 1.000,00.Margem de ganho esperada sobre venda: 11,45%.Alíquota incidente de ICMS: 17%. Qual valor que a empresa Vende Mais

S/A deverá cobrar?

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Resposta: 11,45% + 17% = 28,45 – 100 = 71,55 ou 0, 7155.1.000,00 / 0,7155 = 1.397,62 (preço de venda a cobrar).

Prova real:1.397,62 x 17% = 237,601.397,62 x 11,45% = 160,02

Dessa forma, a empresa Vende Mais S/A venderá o produto a R$ 1.397,62, descontará o ICMS no valor de R$ 237,60 e ficará com um lucro de R$ 160,02.

Portanto, 1.397,62 (-) 237,60 (-)160,02 = 1.000,00, ou seja, não influenciou no preço de custo.

Como foi demonstrado, o ICMS é calculado mediante a aplicação de um percentual, denominado alíquota, que pode variar de acordo com o tipo da mercadoria ou do ser viço, sua origem e destinação. Por exemplo, na venda de produtos da cesta básica, a alíquota é de 7% e energia elétrica em geral é 12% ou 25%.

As alíquotas do ICMS podem ser de 7%, 12%, 17%, 18% ou 25%.

Veja, a seguir, a alíquota interna de ICMS praticada por cada Estado:

Região Norte:Estado AlíquotaAcre 17%Amapá 17%Amazonas 17%Pará 17%Rondônia 17%Roraima 17%Tocantins 17%

Região Nordeste:Estado AlíquotaAlagoas 12%Ceará 17%Bahia 17%Maranhão 17%Paraíba 12%Pernambuco 17%Piauí 17%Rio Grande do Norte 17%Sergipe 17%

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Região Centro-Oeste:Estado AlíquotaGoiás 12%Mato Grosso 17%Mato Grosso do Sul 17%

Região Sudeste:Estado AlíquotaEspírito Santo 17%Minas Gerais 18%Rio de Janeiro 18%São Paulo 18%

Região Sul:Estado AlíquotaParaná 17%Rio Grande do Sul 17%Santa Catarina 17%

Sendo assim, se uma mercadoria tributada normalmente é vendida dentro do Estado de São Paulo, a alíquota de ICMS será de 18%, porém, se a mesma mercadoria, também tributada normalmente, for vendida dentro do Estado de Santa Catarina, a alíquota será de 17%.

Já nas vendas interestaduais, ou seja, de um Estado para outro, as alíquotas do ICMS são diferentes. Veja a seguir as alíquotas do ICMS nas operações interestaduais:

Região AlíquotaNorte 7%Nordeste 7%Centro-Oeste 7%Sudeste 12%Sul 12%

O quadro a seguir evidencia mais detalhadamente as alíquotas do ICMS nas operações interestaduais:

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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QUADRO 12 – ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS DO ICMS

D E S T I N O

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PR PE PI RN RS RJ RO RR SC SP SE TO

AC 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

AL 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

AM 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

AP 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

BA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

CE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

DF 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

O ES 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

R GO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

I MA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

G MT 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

E MS 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

M MG 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 12 7 7

PA 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

PB 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

PR 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 7 7 7 12 12 7 7 12 12 7 7

PE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

PI 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

RN 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

RS 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 7 7 12 12 7 7

RJ 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 7 7 12 12 7 7

RO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

RR 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

SC 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 7 7

SP 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 12 7 7 12 7 7 7 12 12 7 7 12 7 7

SE 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

TO 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

NOTA

É preciso observar no Regulamento do ICMS de cada Estado sobre alíquotas a serem utilizadas, quando o destinatário não for contribuinte do ICMS e sobre produtos com alíquotas diferenciadas.

FONTE: Portal Contábil 2010

Dessa forma, se uma empresa situada no Estado de São Paulo vende mercadorias para outra empresa situada no Estado do Rio Grande do Sul (Região Sul), a alíquota de ICMS será de 12%. Porém, se a mesma empresa, situada no Estado de São Paulo, vender mercadorias para outra empresa situada no Estado do Pará (Região Norte), a alíquota de ICMS será de 7%.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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2.1 DIFERENCIAL DE ALÍQUOTAS DE ICMS - DIFA

Entretanto, nas compras interestaduais é necessário averiguar se a mercadoria adquirida está ou não sujeita ao Diferencial de Alíquota - DIFA. O DIFA é um percentual de ICMS que o comprador paga ao seu Estado, pelo fato da compra ter sido efetuada por um percentual menor do que o praticado internamente por esse, que é o Estado de destino. Por exemplo: no exemplo anterior, a empresa situada no Estado do Rio Grande do Sul comprou mercadorias com incidência de 12% de ICMS, porém a alíquota interna desse Estado é de 17%. Nesse caso, a mercadoria poderá estar sujeita ao DIFA de 5% (17% menos 12%), onde esse deverá ser calculado sobre o valor da mercadoria adquirida e pago ao Estado do Rio Grande do Sul pelo comprador.

Todos os contribuintes do ICMS são obrigados a recolher o ICMS relativo à diferença existente entre a alíquota interna (praticada no Estado destinatário) e a alíquota interestadual nas seguintes operações e prestações:

● na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para uso e consumo;

● na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas para o ativo imobilizado;

● na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual, cuja prestação tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para uso e consumo;

● na entrada, de prestação de serviço de transporte interestadual cuja prestação tenha iniciado em outra Unidade da Federação referente à aquisição de materiais para o ativo imobilizado.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/artigos/diferencialaliquotasicms.htm>. Acesso em: 16 jan. 2011.

Somente existirá diferencial de alíquotas a ser recolhido caso o percentual da alíquota interna seja superior ao da alíquota interestadual. Por exemplo: a alíquota interna do Estado de Alagoas é de 12%, então, se uma empresa situada no Estado de Goiás vende mercadorias para outra empresa situada no Estado de Alagoas, a alíquota de ICMS será de 12%, não havendo assim o diferencial de alíquota.

A base de cálculo do diferencial de alíquota é o valor da operação que decorrer a entrada da mercadoria ou da prestação do serviço.

Veja o exemplo: (compra de material de uso e consumo, despesa).

A Empresa A, estabelecida no Estado do Acre, efetuou a compra à vista de uma determinada mercadoria da Empresa B, com sede no Estado do Rio Grande do Sul, pelo valor de R$ 10.000,00.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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ICMS destacado na NF: R$ 700,00 = (R$ 10.000,00 x 7%).ICMS alíquota interna ES: R$ 1.700,00 = (R$ 10.000,00 x 17%).Diferencial de alíquota: R$ 1.000,00 = (R$ 1.700,00 – R$ 700,00). Sendo assim, a Empresa A, situada no Estado do Acre, que adquiriu a

mercadoria deverá R$ 1.000,00 de DIFA ao seu estado, onde o valor poderá ser adicionado junto com os demais valores de ICMS a recolher ou compensado em conta gráfica (apuração do ICMS).

Neste caso, os lançamentos contábeis seriam assim evidenciados:

D – Despesa de Material de Consumo 11.000,00 (material de consumo mais o DIFA) C – ICMS a Pagar 1.000,00 (10% de DIFA sobre o total da compra)

C – Caixa 10.000,00 (compra à vista)

Se a compra dessa mercadoria fosse destinada à revenda e não ao consumo interno, então não haveria o diferencial de alíquota.

NOTA

Cabe ressaltar que de acordo com a Seção IV da Constituição Federal de 1988, nem todas as mercadorias estão sujeitas ao ICMS: há mercadorias que não sofrem a sua tributação por estarem imunes ou isentas; há aquelas que, mesmo sofrendo a incidência, tendo em vista benefícios fiscais (podendo ser estaduais), poderão estar isentas por determinado período; há aquelas com redução da base de cálculo ou que não sofrem incidência do imposto.

2.2 ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

É muito comum as mercadorias serem tributadas por substituição tributária. Dessa forma, as mercadorias são tributadas na fonte, ou seja, no momento que saem da fábrica e não nos comércios onde são revendidas. Essa modalidade é mais prática, uma vez que o Estado precisa fiscalizar apenas a retenção do ICMS nas vendas em suas fontes e não nos revendedores.

Um dos produtos que é tributado por substituição tributária é o refrigerante. Por exemplo: um Estado possui 4 fábricas de refrigerantes e 25.000 revendedores. Quem irá recolher ou pagar o ICMS serão as 4 fábricas, retendo o imposto quando essas efetuarem as vendas de refrigerantes. As vendas que ocorrerão nas etapas seguintes, que serão dos revendedores a outros revendedores ou a consumidores finais, não serão tributadas, uma vez que o ICMS já foi pago antecipadamente pelas 4 fábricas.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Sendo assim, nas operações com Substituição Tributária há o Substituto e o Substituído. No exemplo anterior, o Substituto é sujeito passivo, diverso do contribuinte, a quem a lei atribui o dever de recolher o imposto relativo às operações subsequentes àquela por ele praticada, portanto, as 4 fábricas de refrigerantes. Já o substituído promove a operação de circulação de mercadorias (contribuinte), cujo recolhimento a legislação atribuiu ao substituto, no exemplo anterior os 25.000 revendedores.

O regime de substituição tributária não se aplica às operações realizadas pelo estabelecimento substituto para uso ou consumo ou para integração ao ativo permanente do destinatário, exceto quando se tratar de operação interestadual com mercadoria sujeita à substituição destinada ao uso ou consumo ou ao ativo permanente do destinatário, hipótese em que a substituição recairá somente sobre o diferencial de alíquota.

Veja os exemplos a seguir, de substituição tributária em Empresas Normais (não optantes do Simples Nacional):

Deve ser utilizada a seguinte fórmula para se calcular o ICMS Substituição tributária:

ICMS ST = (Al x BC ST) – ICMS operação própria onde:

a) ICMS ST = imposto a recolher por substituição tributária.b) Al = alíquota interna aplicável ao produto.c) BC ST = base de cálculo da substituição tributária apurada conforme regra

aplicável ao produto.d) ICMS operação própria = ICMS incidente sobre a operação praticada pelo

próprio remetente.

Exemplo: Substituto sujeito ao regime Normal de apuração do ICMS (não optante pelo Simples Nacional).

QUADRO 13 – OPERAÇÃO INTERNA COM SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Base de cálculo da operação própria R$ 1.000,00

Base de cálculo da substituição R$ 1.400,00

Alíquota interna 17%

ICMS operação própria 1.000 x 17% R$ 170,00

ICMS-ST 1.400 x 17% – 170 R$ 68,00

FONTE: O autor

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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O lançamento contábil do substituto (vendedor) será o seguinte:

D – Caixa R$ 1.068,00 (venda à vista mais R$ 68,00 do ICMS ST) C – Receita de Venda R$ 1.068,00 (registro da receita com R$ 68,00 do ICMS ST)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido: R$ 1.000,00) C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação: ICMS próprio)

D – ICMS ST sobre Venda R$ 68,00 (ICMS ST conforme exemplo) C – ICMS ST a Pagar R$ 68,00 (reconhecimento de uma obrigação: ICMS ST)

Ainda neste lançamento seria necessário reconhecer o Custo da Mercadoria Vendida – CMV, mas pelo fato de não interferir no exemplo não está sendo reconhecido. Perceba que os R$ 68,00 do ICMS ST são agregados ao valor de R$ 1.000,00 da venda, ou seja, o substituto já está cobrando antecipadamente o ICMS para repassar ao fisco, uma vez que este irá pagar R$ 170,00 de ICMS próprio mais R$ 68,00 de ICMS ST. Quanto ao valor de R$ 1.400,00, que é a base de cálculo do ICMS ST, ele não aparece nos lançamentos contábeis, uma vez que é apenas utilizado no cálculo do ICMS ST.

NOTA

Ressalta-se que os R$ 68,00 reconhecidos também como receita de venda, não farão parte da base de cálculo dos demais impostos, como, por exemplo, do PIS, COFINS, IRPJ, CSLL etc., ou seja, para cálculo desses impostos, a receita de venda será de R$ 1.000,00 e não de R$ 1.068,00. Em resumo, deve-se excluir o ICMS ST da base de cálculo.

Suponhamos agora que o substituído (comprador), um comércio varejista, por exemplo, tenha adquirido essa mesma mercadoria. Os lançamentos contábeis seriam estes:

D – Estoque R$ 1.068,00 (entrada pelo valor total com ICMS)

C – Caixa R$ 1.068,00 (compra à vista) Perceba que o substituído (comprador) não está se creditando do ICMS,

pois nessa modalidade que é a substituição tributária, o ICMS deixa de ser creditado e consequentemente debitado nas etapas seguintes, uma vez que o substituto (vendedor) já havia recolhido o ICMS próprio e o ICMS ST.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Agora, digamos que este, o substituído, que é um comércio varejista, revenda esta mercadoria por R$ 1.400,00. Os lançamentos contábeis seriam estes:

D – Caixa R$ 1.400,00 (venda à vista) C – Receita de Venda R$ 1.400,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 1.068,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 1.068,00 (100% da mercadoria adquirida)

Note que nesta etapa o varejista não está provisionando o ICMS a pagar, uma vez que não há necessidade, porque este ICMS já foi recolhido antecipadamente pelo substituto.

Sendo assim, com a substituição tributária, o ICMS é recolhido antecipadamente e, mesmo que nas etapas seguintes os varejistas não emitam Nota Fiscal, o governo estadual não sai perdendo, uma que vez que já recebeu antecipadamente o ICMS.

A substituição tributária é a forma que o fisco adotou para garantir a arrecadação, pois é muito comum que as Indústrias, atacadistas, importadores em geral que são os substitutos, emitem as Notas Fiscais de Venda, porém, nas etapas seguintes, quando fica a cargo dos varejistas, o índice de sonegação (não emissão da Nota Fiscal) é alto.

Veja a seguir os mesmos dados do exemplo anterior, mas com Operação Interestadual (fora do estado) com destino ao Estado de Santa Catarina:

QUADRO 14 – OPERAÇÃO INTERESTADUAL COM SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA

Base de cálculo da operação própria R$ 1.000,00

Base de cálculo da substituição R$ 1.400,00

Alíquota interna 17%

Alíquota interestadual 12%

ICMS operação própria (1.000 x 12%) R$ 120,00

ICMS-ST (1.400 x 17%) – 120 R$ 118,00

FONTE: O autor

Note que a única diferença é o valor do ICMS próprio, que é calculado de acordo com a alíquota interestadual e não mais com a alíquota interna e, consequentemente, o ICMS ST é majorado, uma vez que seu cálculo depende do ICMS próprio.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Os lançamentos contábeis, neste exemplo, ficam da mesma forma que o exemplo anterior, porém, ressalta-se que os ICMS próprio será menor e o ICMS ST maior.

O ICMS próprio deve ser recolhido (pago) ao Estado de origem da empresa, ou seja, onde esta estiver estabelecida. Já o ICMS ST deve ser recolhido ao Estado de destino da mercadoria, ou seja, conforme o exemplo anterior, o ICMS ST deve ser pago ao Estado de Santa Catarina.

A base de cálculo do imposto, para os fins de substituição tributária, será o valor correspondente ao preço único ou máximo de venda a varejo, fixado pelo órgão público competente. Portanto, nos exemplos, os R$ 1.400,00 da Base de cálculo da substituição já seriam previamente estabelecidos pelo fisco, ou seja, não importa se a mercadoria for vendida a R$ 1.000,00 ou R$ 800,00, a Base de cálculo da substituição será de R$ 1.400,00, pois é o preço que o fisco estima que esta mercadoria seja revendida nas etapas seguintes pelos varejistas. Sendo assim, o fisco antecipa a arrecadação do ICMS, uma vez que a venda seria por R$ 1.000,00, mas o recolhimento do ICMS está sendo feito já por R$ 1.400,00.

O fisco pode estabelecer a base de cálculo do imposto, para os fins de substituição tributária, através de um valor fixo já estipulado ou também através de uma margem, ou seja, um percentual, para que seja inserido no preço para que, então, se encontre a base de cálculo do ICMS ST. Essa margem é definida pelo fisco como sendo a Margem de Valor Agregado – MVA.

A MVA será determinada com base em preços usualmente praticados no mercado, obtidos por levantamento, ainda que por amostragem, ou através de informações e outros elementos fornecidos por entidades representativas dos setores, adotando-se a média ponderada dos preços coletados. A mercadoria submetida ao regime de substituição tributária em operação interestadual terá a margem de valor agregado, estabelecida em Convênio ou Protocolo.

Quando a operação for interna (dentro do Estado), a MVA será a original, porém quando for interestadual, a MVA será ajustada, mas ambas já definidas por cada Estado.

No exemplo anterior, a base de cálculo da operação própria era de R$ 1.000,00. Sendo assim, o fisco pode estabelecer que a base de cálculo do imposto, para os fins de substituição tributária seja de R$ 1.400,00, ou simplesmente atribuir uma MVA de 40%. Neste caso, não haveria diferença.

Entretanto, quando utilizada a MVA e não um preço fixo, no cálculo com a MVA será também reconhecido como base de cálculo de substituição tributária. Outros valores, como por exemplo: IPI, seguros, fretes e outras despesas que poderão fazer parte da Nota Fiscal. Veja o exemplo a seguir:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Venda INTERNA de R$ 80,00 em cosméticos (água de colônia) com os seguintes valores a embutir: frete R$ 10,00, seguro R$ 5,00 e outras despesas R$ 5,00. Sabe-se que a venda está sendo realizada dentro do Estado de Santa Catarina (mercadoria destinada para revenda). Margem de Lucro R$ 62,99%. Alíquota interna 25%.

QUADRO 15 – OPERAÇÃO INTERNA ST COM MVA

Valor da mercadoria 80,00(+) Valor do frete 10,00(+) Valor do seguro 5,00(+) Valor de outras despesas 5,00(=) Valor de partida 100,00(+) Margem de lucro 62,99(=) BASE DE CÀLCULO DO S.T. 162,99(x) Alíquota interna 25%(=) ICMS apurado 40,75(-) ICMS do remetente 25,00(=) ICMS Substituição Tributária 15,75

FONTE: O autor

Note que a base de cálculo do ICMS é soma do valor da mercadoria e das demais despesas. No exemplo, a alíquota do ICMS para este produto é de 25%. Esta operação gerou então o ICMS próprio a pagar, no valor de R$ 25,00 e o ICMS ST, no valor de R$ 15,75.

A legislação dispõe que somente o ICMS próprio pode ser compensado com eventual crédito existente em conta gráfica, ou seja, compensado com a apuração do ICMS. Dessa forma, o ICMS-ST deve ser pago, não podendo ser compensado, a não ser com créditos de ICMS que porventura também sejam provindos de substituição tributária

DICAS

Você verá, detalhadamente, as operações com substituição tributária no decorrer do curso de Ciências Contábeis.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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2.3 ICMS SOBRE COMPRAS E VENDAS NORMAIS

O ICMS, por ser o imposto mais comum entre as operações realizadas pelas empresas comerciais, na maioria das compras e vendas de mercadorias é registrada a ocorrência desse imposto.

O ICMS é imposto não cumulativo, ou seja, os valores devidos do imposto pelas vendas poderão ser compensados com os créditos obtidos nas compras, sendo assim, o valor do imposto pago em uma operação é compensado no valor do imposto a pagar na operação subsequente.

Exemplo: Digamos que a sua empresa compre determinada quantidade de mercadorias de um fornecedor, pagando R$ 1.000,00, com ICMS incluso no valor de R$ 170,00. Seu fornecedor, ao rece ber os R$ 1.000,00 deverá repassar R$ 170,00 ao Governo do Estado, uma vez que ele efetuou a venda a você. Assim sendo, você pagou ao forne cedor R$ 1.000,00 sendo R$ 830,00 correspondente ao custo das mercadorias adquiridas e R$ 170,00 cor respondente ao ICMS. Porém, digamos, agora, que você venda a mesma quantidade de mercadorias a um cliente por R$ 1.500,00, com ICMS incluso no valor de R$ 255,00. Dos R$ 1.500,00 que você recebeu (recei ta bruta de vendas), R$ 1.245,00 correspondem à receita líquida de vendas e R$ 255,00, ao ICMS, que você talvez recolherá ao Governo do Estado. É isso mesmo, talvez recolha, pois sendo o ICMS um imposto não cumulativo, você poderá compensar (abater) desses R$ 255,00, devidos em função da venda do lote de mercadoria, os R$ 170,00 de ICMS que pagou pelo mesmo lote quando o comprou de seu fornecedor. Dessa forma, você recolherá ao governo apenas R$ 85,00, ou seja, R$ 255,00 menos R$ 170,00. Assim, pode-se concluir que:

• O valor do ICMS, obtido nas compras junto aos fornecedores, representa um direito para sua empresa com o Governo do Estado.

• O valor do ICMS, gerado nas vendas junto aos clientes, representa uma obrigação da sua empresa com o Governo do Estado.

• Somente no final do mês, quando sua empresa apurar todas as vendas e compras desse período é que se saberá se o saldo de ICMS será a pagar ou a compensar.

NOTA

Nem todas as compras geram crédito para a empresa que adquire os produtos. Dependerá, por exemplo, da forma de tributação do fornecedor, do tipo da mercadoria que se está comprando, sua destinação etc.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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A apuração do ICMS, que tem como objetivo levantar o saldo de ICMS do mês, bem como, relacionar todas as entradas (compras) e saídas (vendas), deve ser feita mensalmente para que a empresa possa fiscalmente e gerencialmente saber como se comportam as operações no período. Essa apuração é feita da seguinte forma:

• somam-se os valores do ICMS incidentes em todas as compras que geram direito efetuadas durante o referido mês;

• somam-se os valores do ICMS incidentes em todas as vendas que geram obrigação efetu adas no mesmo mês, mesmo aquelas mercadorias vendidas que não correspondam àquelas compradas no mesmo mês;

• caso o total do ICMS calculado sobre as compras seja superior ao calculado sobre as vendas, a diferença ficará em favor da empresa (direito), porém, se o ICMS calculado sobre as compras for inferior ao calculado sobre as vendas, a diferença ficará em favor do governo estadual (obrigação);

• se a diferença for um direito para a empresa, ela poderá utilizar este valor para compensação de seus débitos (obrigações) nos próximos períodos, até que seja totalmente compensado, indiferente do prazo. Contudo, se a diferença for uma obrigação para a empresa, ela terá que pagar este valor já no mês subsequente ao da apuração.

Acompanhe o seguinte exemplo:

A Empresa Fiel Ltda. teve as seguintes operações em 10/x8 envolvendo compras e vendas de mercadorias que geram, respectivamente, direitos e obrigações em relação ao ICMS:

Obs.: Em 30/09/08, a empresa teve um saldo de R$ 10.000,00 em caixa, R$ 10.000,00 em capital e nenhum saldo de ICMS a compensar ou a pagar. Sabe-se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e que o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual líquido das compras.

10/10/x8 (1) – Compra de mercadorias à vista no valor de R$ 5.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

29/10/x8 (2) – Venda de 50% da mercadoria, adquirida em 10/10/x8, por um total de R$ 4.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS.

Apuração do ICMS em 31/10/x8 (no final do mês):

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Entradas (compras): 5.000,00 x 17% = 850,00 (direito), também considerado como crédito.

Saídas (vendas): 4.000,00 x 17% = 680,00 (obrigação), também considerado como débito.

Saldo em 31/10/x8: 850,00 – 680,00 = 170,00 de crédito, que poderá ser utilizado em períodos posteriores para compensação de outros débitos, que possam vir a surgir em decorrência das operações da empresa.

Já no mês 11/x8, a Empresa Fiel Ltda. teve as seguintes operações:

03/11/x8 (3) – Compra de mercadorias à vista no valor de R$ 2.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

18/11/x8 (4) – Venda do saldo da mercadoria adquirida em 10/10/x8, por um total de R$ 4.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS.

18/11/x8 (5) – Venda de 80% da mercadoria adquirida em 03/11/x8, por um total de R$ 3.000,00 a prazo, com 17% de débito de ICMS.

Apuração do ICMS em 30/11/x8 (final do mês):

Saldo de ICMS a compensar (crédito) do mês anterior (31/10/x8): R$ 170,00.

Entradas (compras): 2.000,00 x 17% = 340,00 (direito), também, considerado como crédito.

Saídas (vendas): 7.000,00 x 17% = 1.190,00 (obrigação), também considerado como um débito.

Saldo em 30/11/x8: 170,00 (saldo anterior) + 340,00 – 1.190,00 = 680,00 de débito, que deverá ser pago já em 12/x8.

NOTA

Observe que no mês 10/x8, as compras foram maiores que as vendas, em função disso, a empresa ficou com um saldo de ICMS a compensar para o mês seguinte. Entretanto, no mês 11/x8, as vendas foram superiores às compras e, mesmo utilizando o saldo de ICMS a compensar de 10/x8, a empresa ficou com um saldo de ICMS a pagar.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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O ideal é que sejam contabilizados tanto os valores a crédito (entradas) como a débito (saídas), em contas distintas, uma vez que são registradas, respectivamente, no ativo e passivo da empresa, onde facilitará a análise gerencial desse imposto. Sendo assim, somente no final do mês uma das contas é zerada, no caso a que tiver menor saldo. Mas como poderia ser feita essa contabilização?

Levando em consideração as operações da Empresa Fiel Ltda., a seguir serão contabilizados por meio de Razonetes os valores de 10/x8 e logo após de 11/x8.

DICAS

Utilizaremos, nesse exercício, o controle de estoque permanente, que também será visto no decorrer desta Unidade, no Tópico 2.

Lançamentos da Empresa Fiel Ltda. em 10/x8.

Obs.: Será posta a numeração de cada lançamento para facilitar a aprendizagem. Em que: S.A. - significa Saldo Inicial da conta, AP - Apuração de ICMS e TR – Transferência do valor obtido na Demonstração do Resultado do Exercício para a Conta do Patrimônio Líquido.

FIGURA 1 – LANÇAMENTOS DA EMPRESA FIEL LTDA. EM 10/x8

FONTE: O autor

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Demonstração do Resultado do Exercício da Fiel Ltda. em 31/10/x8

QUADRO 16 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Fiel Ltda. em 31/10/x8

Ativo 31/10/x8 Passivo 31/10/x8 Circulante 11.245.00 Patrimônio Líquido 1.245.00 Caixa 9.000.00 Capital 10.000.00 Mercadorias 2.075.00 Lucros Acumulados .245.00 ICMS a Compensar 170.00 Total do Ativo 11.245.00 Total do Passivo 1.245.00

QUADRO 17 – BALANÇO PATRIMONIAL

Observa-se que no lançamento (1), o total de mercadorias que entram no estoque está avaliado pelo valor líquido, ou seja, R$ 5.000,00 menos 17% de ICMS, que totaliza R$ 4.150,00. Também, nessa operação, o total de lançamentos necessário para registrar a entrada é 3:

D – Estoque R$ 4.150,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS))

D – ICMS a Compensar R$ 850,00 (17% de ICMS sobre o total da compra: 5.000,00)

C – Caixa R$ 5.000,00 (compra à vista)

Já no lançamento (2), pode-se dividir a operação em três partes distintas:

1) Reconhecimento da receita e entrada de um bem ou direto.

2) Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e baixa do estoque.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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3) Provisionamento da despesa de ICMS sobre vendas e reconhecimento do passivo.

No lançamento (2), o total de lançamentos necessários para registrar a saída é 6:

D – Caixa R$ 4.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 2.075,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 2.075,00 (50% da mercadoria adquirida sem ICMS em 10/10/x8)

D – ICMS sobre Venda R$ 680,00 (17% sobre o total vendido) C – ICMS a Pagar R$ 680,00 (reconhecimento de uma obrigação)

Percebe-se que, no final do mês, a conta ICMS a compensar possui um saldo de R$ 850,00, enquanto a conta de ICMS a Pagar possui apenas R$ 680,00. Isso ocorreu pelo fato das compras terem sido maiores do que as vendas nesse mês. Sendo assim, pela Apuração do ICMS (AP), é zerada a conta que possui o saldo menor, nesse caso, a conta ICMS a Pagar:

D – ICMS a Pagar R$ 680,00 (zeramento da obrigação, uma vez que tem saldo menor)

C – ICMS a Compensar R$ 680,00 (compensação com ICMS a Pagar)

No final do mês existirá apenas uma das contas acima com saldo, ou seja, ou haverá ICMS a Pagar ou ICMS a Compensar. Na empresa Fiel Ltda., o saldo positivo ficou na conta ICMS a Compensar, num valor de R$ 170,00 que poderá ser utilizado já no mês 11/x8.

No mês 10/x8, a empresa apresentou um lucro de R$ 1.245,00, que está evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício. A transferência (TR) pode ser feita através do zeramento das contas de resultado dessa demonstração, onde são transferidos todos os saldos dessas contas para o Patrimônio Líquido, neste caso, para a conta lucros acumulados.

Este zeramento é feito somente no final do exercício nas empresas, que no Brasil coincide em 31/12, porém, para fins didáticos, será considerado o zeramento já no final de cada mês para melhor visualização das transações ocorridas no mês. Sendo assim, o resultado apresentado na Demonstração do Resultado do Exercício já estará lançado dentro do Patrimônio Líquido e as contas de resultado serão consideradas zeradas sempre no início de cada mês, desse exemplo.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Levando em consideração os saldos da Empresa Fiel Ltda. em 10/x8, serão contabilizados a seguir, por meio de Razonetes, os valores de 11/x8. As contas de resultado estarão com seus saldos zerados, uma vez que, para fins didáticos, os valores de 10/08 já foram transferidos para a conta Lucros Acumulados.

Demonstração do Resultado do Exercício da Fiel Ltda. em 30/11/x8

QUADRO 18 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 7.000,00 VENDA DE MERCADORIAS 7.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (1.190,00) IMPOSTOS (1.190,00)= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 5.810,00 (-) CUSTOS OPERACIONAIS (3.403,00) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (3.403,00)= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 2.407,00

FONTE: O autor

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Balanço Patrimonial da Fiel Ltda. em 30/11/x8

QUADRO 19 – BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo 30/11/x8 Passivo 30/11/x8 Circulante 14.332.00 Circulante 680.00 Caixa 11.000.00 ICMS a Pagar 680.00 Clientes 3.000.00 Patrimônio Líquido 13.652.00 Mercadorias 332.00 Capital 10.000.00 Lucros Acumulados 3.652.00Total do Ativo 14.332.00 Total do Passivo 14.332.00

FONTE: O autor

Da mesma forma como o lançamento (1), o lançamento (3) evidencia a entrada de mercadorias pelo valor líquido, apurando separadamente o ICMS a Compensar. Já os lançamentos (4) e (5), que refletem as vendas do mês, são lançadas separadamente da seguinte forma:

1) Reconhecimento da receita e entrada de um bem ou direto.

2) Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e baixa do estoque;

3) Provisionamento da despesa de ICMS sobre vendas e reconhecimento do passivo.

Porém, percebe-se que no mês 11/x8 as vendas foram superiores às compras, o que ocasionou saldo de ICMS a Pagar. Neste caso, a conta zerada (AP) foi a de ICMS a Compensar, uma vez que seu saldo foi inferior a de ICMS a Pagar. O saldo de R$ 170,00 de crédito de 10/x8 foi utilizado em 11/x8, entretanto, mesmo assim, não foi suficiente para compensar os débitos, o que resultou em R$ 680,00 a pagar de ICMS.

No mês 11/x8, a empresa apresentou um lucro de R$ 2.407,00 que está evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício. A transferência (TR) desse resultado foi para a conta Lucros Acumulados, que totalizou, nesses dois meses, R$ 3.652,00.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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NOTA

Não confunda Débitos e Créditos no financeiro da empresa. Quando os direitos são superiores às obrigações, a empresa possui um crédito (financeiro), no entanto, quando as obrigações são superiores aos direitos, a empresa possui um débito (financeiro). Mas contabilmente, quando os direitos são superiores às obrigações, a empresa possui um débito (contábil), no entanto, quando as obrigações são superiores aos direitos, a empresa possui um crédito (contábil). Esse é o motivo por a maioria de leigos na área contábil não entender a linguagem do contador. Por isso, quando você for explanar determinados saldos, tente sempre expô-los numa linguagem financeira. A empatia deve ser uma das virtudes do contador.

2.4 ICMS INCIDENTE SOBRE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO

No geral, as compras que dão direito a crédito de ICMS são aquelas utilizadas como insumos na produção ou como mercadorias para comercialização, porém, quando a empresa compra bens que integrarão seu imobilizado, ela poderá, também, em alguns casos, se creditar do ICMS constante na respectiva nota fiscal. Isso mesmo, em alguns casos, porque nem todas as compras do imobilizado dão direito a crédito, pois depende da destinação (onde será utilizado) e procedência (forma de tributação do fornecedor) desse bem. Mas, nesta disciplina, serão analisados somente os bens que dão direito a crédito do imposto.

A partir da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, os bens relacionados à operacionalidade da empresa (ativo imobilizado) têm direito a crédito do valor do ICMS. Como, por exemplo, máquinas e equipamentos, veículos, móveis e utensílios, computadores etc.

Naquela época, a empresa que comprasse o bem poderia creditar de uma só vez todo o ICMS constante na nota fiscal (regra válida até 31/12/2000). Por exemplo: se a empresa comprasse um veículo (financiado ou não), em 10/12/2000, por R$ 120.000,00 com 17% de ICMS, o registro contábil seria este:

D – Veículos R$ 99.600,00 (entrada no imobilizado sem o ICMS)D – ICMS a Compensar R$ 20.400,00 *C – Financiamento/Caixa R$ 120.000,00 (indiferente à forma de pagamento)

* 17% de ICMS para utilizar de imediato e compensar com os possíveis débitos da empresa, valor este lançado no Ativo Circulante da empresa.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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No entanto, com a Lei Complementar nº 102, de 11 de julho de 2000, a partir de 01/01/2001, os créditos de ICMS correspondentes às compras para o Ativo Imobilizado poderão ser utilizados em 48 parcelas mensais. Sendo assim, o crédito do referido imposto não pode ser apropriado de uma só vez, deve ser dividido em 48 parcelas iguais e apropriado uma a uma durante 48 meses.

Utilizando o exemplo anterior, mas supondo que o mesmo tenha sido adquirido em 01/01/2001, ficaria assim:

D – Veículos (1) R$ 99.600,00 (entrada no imobilizado sem o ICMS)D – ICMS sobre Ativo Imobilizado (1) R$ 5.100,00 **D – ICMS sobre Ativo Imobilizado (1) R$ 15.300,00 ***C – Financiamento/Caixa (1) R$ 120.000,00 (indiferente à forma de pagamento)

** Esse valor corresponde ao seguinte cálculo: 20.400,00 dividido por 48 multiplicado por 12. Ou seja, as 12 parcelas lançadas no Ativo Circulante - AC.

*** Esse valor corresponde ao seguinte cálculo: 20.400,00 dividido por 48 multiplicado por 36. Ou seja, as 36 parcelas lançadas no Ativo Realizável a Longo Prazo - ARLP.

Dessa forma, a empresa poderá se creditar do imposto nas aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado, na proporção de 1/48 avos por mês.

Com base na compra de 01/01/2001 e tendo em vista que contas ICMS a Compensar, ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC e ICMS sobre Ativo Imobilizado – ARLP são contas distintas, os lançamentos contábeis de apropriação do imposto seriam feitos mensalmente da seguinte forma:

a) Em 31/01/2001, através do reconhecimento de 1 parcela na apuração do ICMS (conta gráfica):

D – ICMS a Compensar (2) R$ 425,00C – ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC (2) R$ 425,00

Transfere-se uma parcela que está no Ativo Circulante para outra do Ativo Circulante, porém, somente será utilizado na apuração do ICMS o valor que estiver na conta ICMS a Compensar. Ou seja, as parcelas que estão na conta ICMS sobre Ativo Imobilizado não poderão integrar a apuração de ICMS até que sejam apropriadas uma a uma, em 48 meses.

b) Em 31/01/2001

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado – AC (3) R$ 425,00

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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C – ICMS sobre Ativo Imobilizado – ARLP (3) R$ 425,00

Transfere-se uma parcela do longo para o curto prazo, ou seja, o curto prazo deve ficar com 12 parcelas, uma vez que caracteriza os direitos utilizáveis nesse período.

Nos Razonetes, os lançamentos ficariam assim:

FIGURA 2 – LANÇAMENTOS NOS RAZONETES

FONTE: O autor

NOTA

Caso o bem for vendido antes dos 4 anos, contados da data de aquisição, o saldo remanescente do crédito de ICMS deve ser estornado e de preferência lançado contra o custo do bem, ou seja, incorporado ao preço desse.

Se o bem adquirido para o ativo imobilizado seja de procedência interestadual, ou seja, uma compra fora do estado, será necessário verificar se não há incidência do diferencial de alíquota do ICMS. É admissível o crédito do valor do ICMS destacado na nota fiscal e no conhecimento de transporte de carga, inclusive o diferencial de alíquota do ICMS devido na entrada do bem e do serviço de transporte destinados ao ativo imobilizado e que estiver vinculada à atividade-fim da empresa, à razão de 1/48 por mês, conforme rege a Lei Complementar nº 87/96. Veja o exemplo a seguir:

Em 01/05/2010, a Indústria de Metais MM Ltda., situada no Estado do Paraná (EMPRESA NORMAL) adquiriu de Equipa Máquinas S/A, situada no Estado de SC, um transformador para uso operacional no valor de R$ 80.000,00 à vista com ICMS incluso na alíquota de 12%. Houve também frete sobre a compra no valor de R$ 2.000,00, à vista, com ICMS incluso na alíquota de 12%. Tanto a compra da máquina como o frete têm incidência de 5% de diferencial de alíquota.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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1) Qual a correta contabilização dessa operação?

2) Qual o valor de crédito de ICMS que a Indústria de Metais MM Ltda. poderá utilizar em conta gráfica (apuração do ICMS), já em 05/2010, referente a essas duas operações?

Resposta da questão 1:

Lançamento em 01/05/2010 (compra da máquina com 12% de ICMS):

D – Máquinas e Equipamentos R$ 70.400,00 (entrada no imobilizado sem o ICMS)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 2.400,00 (crédito 12 avos no valor de 200,00)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 7.200,00 (crédito 36 avos no valor de 200,00)

C – Bancos R$ 80.000,00 (pagamento à vista)

Lançamento em 01/05/2010 (diferencial de ICMS na compra da máquina: 5% de R$ 80.000,00):

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 1.000,00 (crédito 12 avos no valor de 83,33)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 3.000,00 (crédito 36 avos no valor de 83,33)

C – ICMS a Pagar R$ 4.000,00 (Diferencial de alíquota a pagar: 5%)

Lançamento em 01/05/2010 (frete sobre a compra da máquina com 12% de ICMS):

D – Máquinas e Equipamentos R$ 1.760,00 (entrada no imobilizado sem o ICMS)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 60,00 (crédito 12 avos no valor de 5,00)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 180,00 (crédito 36 avos no valor de 5,00)

C – Bancos R$ 2.000,00 (pagamento à vista)

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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Lançamento em 01/05/2010 (diferencial de ICMS sobre o frete da compra da máquina: 5% de R$ 2.000,00):

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado AC R$ 25,00 (crédito 12 avos no valor de 2,08)

D – ICMS sobre Ativo Imobilizado ANC R$ 75,00 (crédito 36 avos no valor de 2,08)

C – ICMS a Pagar R$ 100,00 (Diferencial de alíquota a pagar: 5%)

Note que a Indústria de Metais MM Ltda. terá que pagar o diferencial de alíquota nos dois casos, porém, poderá se creditar do valor em 48 meses.

Quanto ao valor do frete, está sendo incorporado ao valor da máquina no ativo imobilizado, pois faz parte de seu custo.

Resposta da questão 2:

Neste caso, a Indústria de Metais MM Ltda. poderá se creditar do seguinte valor do ICMS em conta gráfica já em 05/2010:

Crédito no valor de R$ 200,00 pela compra da máquina.Crédito no valor de R$ 83,33 pelo diferencial de alíquota da compra da máquina.Crédito no valor de R$ 5,00 pelo frete sobre compra da máquina.Crédito no valor de R$ 2,08 pelo diferencial de alíquota sobre o frete da

compra da máquina.

Total de crédito originado nesta transação para já ser utilizado em 05/2010: R$ 290,41.

Sendo assim, durante os próximos 48 meses, a Indústria de Metais MM Ltda. poderá se creditar de uma parcela de R$ 290,41 em decorrência dessa operação de compra, frete sobre compra e diferencial de alíquota.

3 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI

O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, como o próprio nome já diz, e conforme o Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – TIPI.

Ainda segundo o Decreto nº 7.212/10, considera-se como industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Conforme Teixeira (2010, p. 7), “o imposto sobre produtos industrializados – IPI é um dos tributos típicos da sociedade industrial do Brasil. Ele surgiu com a Lei nº 25, de 03/12/1891, embora alguns historiadores tenham localizado indícios do tributo na época do império”.

Dessa forma, o IPI é exigido, principalmente, nas empresas industriais. É de competência federal e seu cálculo é feito através de uma alíquota que varia em função do tipo do produto, incide sobre o próprio valor dos produtos e a estes é adicionado.

O IPI será calculado mediante aplicação das alíquotas, constantes da Tabela do IPI - TIPI, sobre o valor tributável dos produtos, conforme dispõe o Art. 189 do Decreto nº 7.212/10.

Também fazem parte da base de cálculo do IPI, além do valor dos produtos, os valores de frete, descontos incondicionais, despesas acessórias, seguros etc., desde que evidenciados na Nota Fiscal.

Da mesma forma que o ICMS, o IPI não incide sobre todos os produtos e também é considerado imposto seletivo, ou seja, quanto mais secundária for sua utilidade, maior será sua tributação. Também é um imposto não cumulativo, uma vez que gera direito nas compras e obrigação nas vendas em que no final do período é feita a apuração do imposto, que poderá estar com saldo devedor (a pagar) ou credor (a compensar).

NOTA

O Decreto nº 7.212/10, artigo 226, inciso I, veda o crédito de IPI nas compras destinadas ao ativo imobilizado e ao material de uso e consumo que NÃO seja utilizado na produção, como, por exemplo, o material de escritório. Ainda conforme o Decreto nº 7.212/10, artigo 228, as aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo SIMPLES NACIONAL também não geram créditos.

O exemplo a seguir evidencia a contabilização do IPI sobre as compras e vendas de produtos:

A Indústria Girassol Ltda. teve as seguintes operações em 01/x8, envolvendo compras e vendas de produtos que geram, respectivamente, direitos e obrigações em relação ao IPI:

Obs.: Em 31/12/x7, a empresa teve um saldo de R$ 15.000,00 em caixa, R$ 15.000,00 em capital e nenhum saldo de IPI ou ICMS a compensar ou a pagar. Sabe-se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e que o Custo dos Produtos Vendidos – CPV- é definido com base no percentual líquido das compras.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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12/01/x8 (1) – Compra de matéria-prima (produtos) a prazo, no valor de R$ 10.000,00, com 17% de crédito de ICMS e 10% de IPI, perfazendo um total de R$ 11.000,00.

31/01/x8 (2) – Venda de 80% do estoque (produtos) adquiridos em 12/01/x8, por um total de R$ 9.000,00 à vista, com 17% de débito de ICMS e 10% de IPI, perfazendo um total de R$ 9.900,00.

Contabilização por meio de Razonetes:

Demonstração do Resultado do Exercício da Indústria Girassol Ltda. em 31/01/x8

QUADRO 20 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Page 110: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Balanço Patrimonial da Indústria Girassol Ltda. em 31/01/x8

QUADRO 21 – BALANÇO PATRIMONIAL DA INDÚSTRIA

Ativo 31/01/x8 Passivo 31/01/x8 Circulante 26.830.00 Circulante 11.000.00 Caixa 24.900.00 Fornecedores 11.000.00 Produtos 1.660.00 Patrimônio Líquido 15.830.00 IPI a Compensar 100.00 Capital 15.000.00 ICMS a Compensar 170.00 Lucros Acumulados 830.00Total do Ativo 26.830.00 Total do Passivo 26.830.00

FONTE: O autor

No dia 12/01 (1), a compra foi registrada da seguinte forma:

D – Estoque R$ 8.300,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS e IPI) D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos: 10.000,00)

D – IPI a Compensar R$ 1.000,00 (10% de IPI sobre os produtos: 10.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Se, por acaso, a empresa que tivesse adquirido esses produtos não tivesse direito a compensar o IPI, se fosse um comércio, por exemplo, o registro ficaria dessa forma:

D – Estoque R$ 9.300,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS, mas com IPI)

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos: 10.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 31/01 (2), a venda foi registrada da seguinte forma:

D – Caixa R$ 9.900,00 (venda à vista)C – Receita de Venda R$ 9.900,00 (registro da receita – mercadoria mais IPI)

D – CPV R$ 6.640,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)C – Estoque R$ 6.640,00 (80% dos produtos adquiridos sem ICMS e IPI)

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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D – ICMS sobre Venda R$ 1.530,00 (17% sobre a mercadoria 10.000,00) C – ICMS a Pagar R$ 1.530,00 (reconhecimento da obrigação)D – IPI sobre Venda R$ 900,00 (10% sobre a mercadoria 10.000,00) C – IPI a Pagar R$ 900,00 (reconhecimento de uma obrigação)

As compras foram maiores que as vendas no período, dessa forma:

• IPI: R$ 1.000,00 de crédito menos R$ 900,00 de débito – saldo de R$ 100,00 a compensar.

• ICMS: R$ 1.700,00 de crédito menos R$ 1.530,00 de débito – saldo de R$ 170,00 a compensar.

Percebe-se que o ICMS já está incluso na mercadoria, porém o IPI é somado a ela. Enquanto o ICMS é calculado por dentro, já fazendo parte da mercadoria, o IPI é calculado por fora, ou seja, tem como base o valor da mercadoria, onde é apenas somado o valor do IPI para se chegar ao total da venda, por exemplo:

Custo dos produtos vendidos: R$ 6.640,00 (8.300,00 x 80%)Valor dos produtos vendidos: R$ 9.000,00IPI: R$ 900,00Valor total da venda: R$ 9.900,00

Sabe-se que dentro dos R$ 9.000,00 já está incluso o ICMS. Então, R$ 9.000,00 menos 17% R$ 1.530.00 é igual a R$ 7.470,00. A diferença dos R$ 7.470,00 para os R$ 6.640,00 equivale ao ganho embutido no preço de venda que é de R$ 830,00. Já os R$ 9.900,00 são decorrentes da soma: produtos (9.000,00) + mais IPI (900,00).

Em resumo, pode-se concluir que:

• Custo dos produtos vendidos: R$ 6.640,00 (8.300,00 x 80%).

• Preço Líquido de Venda: R$ 7.470,00 (R$ 6.640,00 mais R$ 830,00 de ganho).

• Valor dos produtos vendidos: R$ 9.000,00 (R$ 7.470,00 divididos por 0,83). Aqui se insere o valor do ICMS por dentro. Este cálculo já foi evidenciado no início desta Unidade.

• Valor da venda: R$ 9.900,00 (pode-se dizer que o IPI é calculado parte sobre o valor dos produtos e parte sobre o ICMS. Calcula-se um imposto sobre outro, uma vez que na Base de Cálculo do IPI, que é de R$ 9.000,00, já está incluso o ICMS).

Quando a empresa não tem direito a crédito do IPI, ou seja, quando a compra não se destinar à industrialização ou à comercialização, o IPI deve ser considerado um custo, que deve ser agregado ao produto, uma vez que a empresa compradora pagará para o fornecedor a mesma quantia (com ou sem IPI), porém não se beneficiará com o respectivo crédito. Veja o exemplo a seguir:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Informações da operação:

Custo do produto R$ 100,00ICMS 17%IPI 10%

• 1 ° Exemplo: Produto destinado a comercialização

> Cálculo do ICMS

100,00 / 083 = 120,48

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 120,48

ICMS = 120,48 X 17% = 20,48

> Cálculo do IPI

120,48 + 10% IPI = 132,53

IPI = 12,05

Nesse caso: 132,53 – 12,05 – 20,48 = 100,00 (= custo)

Perceba que os R$ 100,00 do preço de custo não estão sendo alterados.

• 2° Exemplo: Produto destinado ao uso e consumo

> Cálculo do ICMS

100,00 / 083 = 120,48

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 132,53

ICMS = 132,53 X 17% = 22,53 (note que agora na base de cálculo do ICMS está incluso o IPI)

> Cálculo do IPI

120,48 + 10% IPI = 132,53

IPI = 12,05

Nesse caso: 132,53 – 12,05 – 22,53 = 97,95 (abaixo do custo)

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

103

Pelo fato de pagar 17% sobre o IPI, deve-se acrescentar mais 1,7% no preço de venda, ou seja, 17 x 10% = 1,7. Então teríamos o seguinte preço:

> NOVO CÁLCULO DO ICMS (17 + 1,7) = 18,70

100,00 / 0,8130 = 123,00

BASE DE CÁLCULO DO ICMS = 135,30

ICMS = 135,30 X 17% = 23,00

> NOVO CÁLCULO DO IPI

123,00 + 10% IPI = 135,30

IPI = 12,30

Nesse caso: 135,30 – 12,30 – 23,00 = 100,00 (= custo)

Veja que o preço de venda possui as seguintes variações:

• Quando destinado a industrialização ou comercialização = R$ 132,53

• Quando destinado ao uso e consumo = R$ 135,30*

* essa variação é decorrente do acréscimo do ICMS sobre o IPI

Tanto o ICMS como o IPI, que são impostos não cumulativos, podem ser reconhecidos contabilmente da seguinte forma:

• como parte integrante do custo dos produtos ou mercadorias adquiridos (estoque), se assim estiverem relacionadas;

• como impostos a compensar para que então, na respectiva apuração, sejam confrontados com os débitos dos impostos a pagar;

• como simples despesas, se não estiverem relacionadas à compra de produtos ou mercadorias, como, por exemplo, aquisição de material de consumo, limpeza, expediente etc.

Para estar ciente do ideal tratamento desses impostos é preciso estar frequentemente atualizado em suas legislações específicas.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

104

4 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA – ISSQN

De acordo com a CF – Constituição Federal de 1988, Seção V, Art. 156, inciso III:

Compete aos municípios instituir impostos sobre serviços de qualquer natureza, definidos em lei complementar.

O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN está regulamentado pela Lei Complementar 116, de 31 de julho de 2003 e incide sobre a receita de serviços prestados, seja por empresas, profissionais liberais ou trabalhadores autônomos.

Por ser um imposto municipal, sua alíquota varia de município para município, uma vez que cabe a eles regulamentá-lo, porém, a Lei Complementar nº 116/03 define que a mínima será de 2% e a máxima de 5% sobre o total da receita.

Seu cálculo é feito mensalmente, e já é recolhido no mês subsequente ao de apuração.

Conforme a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, fica definido que o imposto não incide sobre:

• as exportações de serviço, para o exterior do País; • a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos,

dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

• o valor intermediário no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/LCP/Lcp116.htm>. Acesso em:16jan. 2011.

De acordo com a Lei Complementar nº 116/03, o ISS será devido, na maioria das atividades, no local da prestação do serviço, ou seja, quem tem o direito de receber o ISS é a prefeitura onde está situado o tomador do serviço, desde que tal serviço tenha sido prestado ali. Por exemplo:

A empresa A, situada no município de Blumenau/SC, prestou serviços à empresa B, situada no município de Indaial/SC. A empresa A se deslocou até o município de Indaial para efetuar a prestação de serviços, logo, o ISS gerado nessa operação é devido à prefeitura de Indaial, pelo fato dos serviços terem sido prestados naquela cidade.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

105

Porém, se a empresa A, situada no município de Blumenau/SC, tivesse prestado serviços a empresa B, situada no município de Indaial/SC, mas não se deslocado até a cidade de Indaial para executar os serviços, ou seja, se tivesse prestado os serviços na própria cidade de Blumenau, então o ISS seria devido à prefeitura de Blumenau.

Quando o ISS é devido fora do domicílio do prestador, ou seja, quando o serviço é executado fora do município, então há a situação de ISS substituição tributária.

ESTUDOS FUTUROS

Neste Caderno de Estudos veremos apenas o ISS normal. O ISS substituição tributária será estudado no decorrer do curso de Ciências Contábeis.

IMPORTANTE

Enquanto as vendas de mercadorias em geral são tributadas pelo ICMS, os serviços são tributados pelo ISSQN, ou seja, ou um ou outro.

Exemplo: A Oficina Automotiva JJ Ltda. obteve as seguintes receitas no mês 12/x7:

04/12/x7 (1) – Venda de prestação de serviços no valor de R$ 1.000,00 à vista.

12/12/x7 (2) – Venda de mercadorias no valor de R$ 3.000,00 a prazo. Foram vendidas 60% das mercadorias em estoque.

Obs.: Sabe-se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente e que o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual do saldo em estoque.

Levando em consideração os seguintes saldos, em 11/x7:

Caixa: R$ 5.000,00Estoque: R$ 4.000,00Capital: R$ 9.000,00

E que as vendas de mercadorias têm incidência de ICMS de 17% e as vendas de prestação de serviços têm incidência de ISSQN de 3%, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

106

• a apuração dos impostos;• a Demonstração do Resultado do Exercício;• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamento por meio dos Razonetes:

Demonstração do Resultado do Exercício da Oficina Automotiva JJ Ltda. em 31/12/x7

QUADRO 22 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Ativo 31/12/X7 Passivo 31/12/X7 Circulante 10.600.00 Circulante 540,00 Caixa 6.000.00 ICMS a Pagar 510,00 Clientes 3.000.00 ISSQN a Pagar 30,00 Estoque 1.600.00 Patrimônio Líquido 10.060,00 Capital 9.000,00 Lucro Acumulado 1.060,00 Total do Ativo 10.600.00 Total do Passivo 10.600,00

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 23 – BALANÇO PATRIMONIAL

Page 117: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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No dia 04/12 (1), a venda de prestação de serviços foi registrada da seguinte forma:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)

C – Venda de Serviços R$ 1.000,00 (registro da receita)

D – ISSQN sobre Venda R$ 30,00 (3% sobre a receita de venda de serviços 1.000,00)

C – ISSQN a Pagar R$ 30,00 (reconhecimento da obrigação)

Considera-se como prestação de serviço o resultado de um trabalho realizado por um indivíduo, que tem como consequência uma remuneração. Ocorre a circulação econômica, não de um bem material, mas sim, de capital intelectual, ou seja, é fornecido o trabalho, e não a mercadoria.

Neste caso, não há nenhum custo a ser baixado, uma vez que na receita de serviços nenhuma mercadoria foi vendida, fato este que não origina tributação de ICMS.

NOTA

Gerencialmente, os custos sobre os serviços podem ser considerados como sendo: mão de obra, depreciação, energia elétrica, dentre outros custos indiretos ou até diretos, dependendo dos controles da empresa, porém, estes custos são lançados na Demonstração do Resultado do Exercício para que, quando gerarem receitas, sejam confrontados.

No dia 12/12 (2), a venda de mercadorias foi registrada da seguinte forma:

D – Caixa R$ 3.000,00 (venda a prazo)

C – Receita de Venda R$ 3.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.400,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 2.400,00 (60% das mercadorias em estoque)

D – ICMS sobre Venda R$ 510,00 (17% sobre a venda de mercadorias 3.000,00) C – ICMS a Pagar R$ 510,00 (reconhecimento da obrigação)

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

108

Percebe-se que as vendas de mercadorias e prestação de serviços foram tributadas pelo ICMS e ISS respectivamente, no entanto, a que foi tributada por um não poderá ser tributada por outro, ou seja, ou há incidência de ICMS ou ISS.

5 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS E CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS

A COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e o PIS (Programa de Integração Social) são contribuições que as empresas, em geral, devem recolher mensalmente, ao Governo Federal, em decorrência de suas receitas, produtos, mercadorias ou serviços, ou seja, são calculadas sobre as vendas.

As alíquotas do PIS e da COFINS são diferentes uma da outra e, indiferente

da forma em que forem calculadas (cumulativa ou não cumulativa), têm grande representatividade na tributação das empresas, sejam essas comerciais, industriais ou prestadoras de serviços.

As alíquotas do PIS são:

• 0,65% quando cumulativo

• 1,65% quando não cumulativo

As alíquotas da COFINS são:

• 3,00% quando cumulativo

• 7,60% quando não cumulativo

A primeira impressão é que, uma vez que ambos são calculados sobre as vendas, é muito mais vantajoso optar em tributar pela cumulatividade, pois a alíquota é menor tanto no PIS como na COFINS, porém, na não cumulatividade, as empresas conseguem obter créditos por algumas de suas compras e estas podem ser compensadas com o imposto, o que muitas vezes o torna menos oneroso.

A seguir serão apresentadas as duas formas de tributação dessas duas contribuições, porém, a viabilidade de se optar por uma ou outra depende muito da atividade da empresa, suas compras e vendas, principalmente, no qual poderá talvez escolher sua forma de tributação. Não cabe aqui, neste Caderno de Estudos, apontar a melhor ou a pior forma, mas sim, evidenciar a sua existência para que, através de um rigoroso estudo, se busque a melhor alternativa para a empresa.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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5.1 REGIME NÃO CUMULATIVO

O regime não cumulativo do PIS foi instituído pela Lei nº 10.637, de 31 de dezembro de 2002. Já o regime não cumulativo da COFINS foi instituído pela Lei nº 10.833, de 31 de dezembro de 2003.

As alíquotas para o PIS e a COFINS são, respectivamente, 1,65% e 7,6% sobre as receitas mensais e sobre os possíveis créditos apurados.

A COFINS e o PIS, com a incidência não cumulativa, têm como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Ambos têm a mesma característica, pois permitem o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica.

NOTA

Desde 01.04.2005, está reduzida a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidente sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não cumulativa. O benefício não se aplica aos juros sobre o capital próprio. Consideram-se como receitas financeiras: juros recebidos, descontos obtidos, receita de aplicação financeira etc.

A principal receita tributária por esse regime é o faturamento da empresa, porém, pode-se excluir da base de cálculo:

• Exportação de mercadorias para o exterior.

• Prestação de serviços para pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas no exterior, com pagamento em moeda conversível.

• Vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação.

• IPI sobre vendas.

• Vendas Canceladas.

• Vendas do Ativo Permanente.

• Receitas de Exportação ou com fim específico de exportação.

Dentre os principais créditos admissíveis apurados por esse regime para compensação com os débitos destacam-se:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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I - Bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias sujeitas à substituição tributária do PIS e COFINS.

II - Bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados a venda, inclusive combustível e lubrificante.

III- Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da Pessoa Jurídica.

IV - Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa.

V - Despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e o valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES.

VI - Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços.

VII – Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa.

VIII - Bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada pela COFINS na modalidade não cumulativa.

IX - Armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/tributos/cofins_mp135.html>. Aces-so em: 16 jan 2011.

A seguir será apresentado um exemplo contendo diversas operações, em que, após sua resolução, o mesmo será apresentado no regime cumulativo do PIS e COFINS, para melhor entendimento do assunto.

A Empresa Alfa Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em 30/04/x8:

Caixa R$ 30.000,00Aplicações Financeiras R$ 50.000,00Capital R$ 80.000,00

Em 05/x8, a Empresa Alfa Ltda. teve as seguintes operações:

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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02/05/x8 (1) – Compra de mercadorias para revenda no valor de R$ 10.000,00, via caixa.

05/05/x8 (2) – Despesa com energia elétrica, paga via caixa, no valor de R$ 1.000,00. Esta operação não gerou crédito de ICMS.

07/05/x8 (3) – Venda de mercadorias no mercado interno (Brasil), no valor de R$ 15.000,00, à vista. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 60% do saldo em estoque.

12/05/x8 (4) - Venda de mercadorias para o mercado externo (EUA), no valor de R$ 4.000,00 a prazo. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 80% do saldo em estoque.

31/05/x8 (5) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 1.000,00.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime não cumulativo.

• As vendas de exportação são isentas de PIS, COFINS e ICMS, ou seja, não se incluem na base de cálculo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV é definido com base no percentual do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 24 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 19.000.00 VENDA DE MERCADORIAS - Mercado Interno 15.000.00 VENDA DE MERCADORIAS - Mercado Externo 4.000.00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (3.937.50) IMPOSTOS (3.937.50)= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 15.062.50

(-) CUSTOS OPERACIONAIS (6.785.00) CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (6.785.00)= LUCRO BRUTO 8.277.50

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (907.50) DESPESAS ADMINISTRATIVAS E VENDAS (907.50) + RESULTADO FINANCEIRO 1.000.00 RECEITAS FINANCEIRAS 1.000.00 = LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 8.370.00

FONTE: O autor

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

113

FONTE: O autor

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 25 – BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo 31/05/08 Passivo 31/05/x8 Circulante 89.590.00 Circulante 1.220.00 Caixa 34.000.00 ICMS a Pagar 850.00 Aplicações Financeiras 51.000.00 COFINS a Pagar 304.00 Clientes 4.000.00 PIS a Pagar 66.00 Estoque 590.00 Patrimônio Líquido 88.370.00 Capital 80.000.00 Lucro Acumulado 8.370.00 Total do Ativo 89.590.00 Total do Passivo 89.590.00

FONTE: O autor

Apuração dos Débitos e Créditos PIS/COFINS

QUADRO 26 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULOS PIS/COFINS – DÉBITOS

QUADRO 27 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULOS PIS/COFINS – CRÉDITOS

Page 124: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

114

QUADRO 28 – APURAÇÃO DOS SALDOS FINAIS

FONTE: O autor

Tanto o PIS como a COFINS apresentaram débitos bem superiores ao saldo final a pagar de ambos. Isso representa que, os créditos obtidos no período foram relevantes na apuração por esse regime. Outro fator importante na apuração foi a isenção das exportações, que não entraram na base de cálculo, o que, de certa forma, favorece a empresa, uma vez que ela não precisará pagar tributos sobre essas vendas.

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

No dia 02/05 (1): compra de mercadorias para revenda:

D – Estoque R$ 7.375,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS, PIS e COFINS))

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos: R$ 10.000,00)

D – PIS a Compensar R$ 165,00 (1,65% de PIS sobre os produtos: R$ 10.000,00)

D – COFINS a Compensar R$ 760,00 (7,6% de COFINS sobre os produtos: R$ 10.000,00)

C – Caixa R$ 10.000,00 (pagamento à vista)

No dia 05/05 (2): despesa de energia elétrica:

D – Energia Elétrica R$ 907,50 (registro pelo valor líquido (sem PIS e COFINS))

D – PIS a Compensar R$ 16,50 (1,65% de PIS sobre a despesa: 1.000,00)

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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D – COFINS a Compensar R$ 76,00 (7,6% de COFINS sobre a despesa: 1.000,00)

C – Caixa R$ 1.000,00 (pagamento à vista)

No dia 07/05 (3): venda de mercadorias no mercado interno (Brasil):

D – Caixa R$ 15.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 15.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 4.425,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 4.425,00 (60% do estoque líquido dos impostos: R$ 7.375,00)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.550,00 (17% sobre a venda: R$ 15.000,00) C – ICMS a Pagar R$ 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

D – PIS sobre Venda R$ 247,50 (1,65% sobre a venda: R$ 15.000,00) C – PIS a Pagar R$ 247,50 (reconhecimento da obrigação)

D – COFINS sobre Venda R$ 1.140,00 (7,6% sobre a venda: R$ 15.000,00) C – COFINS a Pagar R$ 1.140,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 12/05 (4): venda de mercadorias para o mercado externo (EUA):

D – Clientes R$ 4.000,00 (venda a prazo: reconhecimento de um direito)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.360,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 2.360,00 (80% do saldo em estoque: 2.950,00)

No dia 31/05 (5): rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira R$ 1.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros no ativo)

C – Rendimento Aplicação R$ 1.000,00 (registro da receita)

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

116

Nas operações de compras que envolvem crédito de PIS e COFINS são lançados os valores líquidos, tanto na despesa quanto no estoque, uma vez que no ato é registrada a conta de crédito desses tributos. Este cálculo está evidenciado no item (1) e (2).

Da mesma forma em que se apura o saldo de ICMS a pagar ou a compensar, faz-se também a apuração do PIS e da COFINS. Neste exemplo, o saldo dos débitos (3) foi superior aos dos créditos, resultando, dessa forma, PIS e COFINS a pagar. Entretanto, nos períodos em que os créditos (compras) forem maiores que os débitos (vendas), haverá saldo a compensar.

NOTA

Veja que nas vendas destinadas ao mercado externo (4) há isenção dos tributos aqui calculados. Esse é um benefício que o governo dá às empresas, incentivando esse tipo de operação. Dessa forma, as empresas que têm boa parte de seu faturamento destinado ao mercado externo, mesmo tendo sempre as vendas superiores às compras, terão saldo de ICMS, PIS e COFINS a compensar. Esses impostos, por sua vez, poderão ser compensados com outros de sua mesma natureza, o que aumenta ainda mais o benefício de se exportar. Porém, outros fatores devem ser analisados em relação ao custo/benefício de se vender ou não para o mercado externo, como, por exemplo: fretes, preparação dos produtos, valor da moeda etc.

5.2 REGIME CUMULATIVOO regime cumulativo do PIS e da COFINS foi instituído pela Lei nº

9.718, de 27 de novembro de 1998. As alíquotas para o PIS e a COFINS são, respectivamente, 0,65% e 3% sobre as receitas brutas.

De acordo com o artigo 2º da Lei nº 9.718/98, entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, desde que seja de sua atividade operacional, primária ou secundária.

A partir da Lei nº 11.941, de 28 de abril de 2009, as empresas não precisarão tributar PIS e COFINS sobre receitas que não são exclusivamente de sua atividade, como, por exemplo, as receitas financeiras de juros recebidos, descontos obtidos, receitas de aplicação financeira, as receitas de aluguéis recebidos etc.

A principal receita tributada por esse regime é o faturamento da empresa, porém, pode-se excluir da base de cálculo:

• Receitas de Exportação.• Receitas Isentas não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, com

Suspensão ou Sujeitas à Alíquota Zero.

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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• IPI e ICMS/Substituto Tributário.• Receitas de Variações Cambiais Auferidas no Mês.• Reversão de Provisões e Recuperação de Créditos Baixados como Perda.• Resultados Positivos em Participações Societárias e em SCP.• Vendas de Bens do Ativo Permanente.• Vendas de Produtos Sujeitas à Substituição.• Vendas de Produtos com Alíquotas Diferenciadas.• Vendas Sujeitas a Alíquotas por Unidade de Produto.• Receitas de Vendas Auferidas no Âmbito do MAE.• Exclusões Permitidas às Sociedades Cooperativas

Neste regime de apuração, além das alíquotas serem menores, a empresa não gera créditos para compensar com seus possíveis débitos do PIS e COFINS.

Agora, com base nas mesmas informações do exemplo da Empresa Alfa Ltda., faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;• a apuração dos impostos (créditos e débitos);• a demonstração do resultado do exercício;• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 29 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

FONTE: O autor

QUADRO 30 – BALANÇO PATRIMONIAL

Balanço Patrimonial da Empresa Alfa Ltda. em 31/05/x8

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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FONTE: O autor

Apuração dos Débitos e Créditos PIS/COFINS

QUADRO 31 – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO PIS/COFINS – DÉBITOS

Neste regime não há créditos de PIS e COFINS a serem calculados, entretanto, as alíquotas desses tributos são menores do que no regime não cumulativo. Da mesma forma, as exportações são isentas, ou seja, não foram tributadas. Pelo fato de haver créditos com valores relevantes, no regime não cumulativo, foi apurado um saldo de PIS e COFINS a pagar, inferior ao regime cumulativo:

Regime cumulativoPIS: R$ 97,50COFINS: R$ 450,00Saldo a Pagar: R$ 547,50

Regime não cumulativoPIS: R$ 66,00COFINS: R$ 304,00Saldo a Pagar: R$ 370,00

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

No dia 02/05 (1): compra de mercadorias para revenda:

D – Estoque R$ 8.300,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 1.700,00 (17% de ICMS sobre os produtos: 10.000,00)

C – Caixa R$ 10.000,00 (pagamento à vista)

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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No dia 05/05 (2): despesa de energia elétrica:

D – Energia Elétrica R$ 1.000,00 (registro pelo valor total)

C – Caixa R$ 1.000,00 (pagamento à vista)

No dia 07/05 (3): venda de mercadorias no mercado interno (Brasil):

D – Caixa R$ 15.000,00 (venda à vista)

C – Receita de Venda R$ 15.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 4.980,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 4.980,00 (60% do estoque líquido dos impostos: 8.300,00)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.550,00 (17% sobre a venda: 15.000,00) C – ICMS a Pagar R$ 2.550,00 (reconhecimento da obrigação)

D – PIS sobre Venda R$ 97,50 (0,65% sobre a venda: 15.000,00) C – PIS a Pagar R$ 97,50 (reconhecimento da obrigação)

D – COFINS sobre Venda R$ 450,00 (3% sobre a venda: 15.000,00) C – COFINS a Pagar R$ 450,00 (reconhecimento da obrigação)

No dia 12/05 (4): venda de mercadorias para o mercado externo (EUA):

D – Clientes R$ 4.000,00 (venda a prazo: reconhecimento de um direito)

C – Receita de Venda R$ 4.000,00 (registro da receita)

D – CMV R$ 2.656,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 2.656,00 (80% do saldo em estoque: 3.320,00)

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

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No dia 31/05 (5): rendimento da aplicação financeira:

D – Aplicação Financeira R$ 1.000,00 (reconhecimento do acréscimo de juros no ativo)

C – Rendimento Aplicação R$ 1.000,00 (registro da receita)

As compras são lançadas pelo valor total, apenas descontando o ICMS quando houver. Este cálculo está evidenciado no item (1) e (2). Dessa forma, os valores registrados nas compras são superiores pelo fato de não estarem sendo descontados créditos de PIS e COFINS, o que, consequentemente, provoca um saldo maior no estoque final pelo regime cumulativo.

DICAS

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura complementar do texto a seguir, de parte do artigo de Manuel Perez Matinez (2002), originalmente publicado no IBPT - Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. A partir dele, você terá mais visível o papel do contador frente ao atual cenário tributário brasileiro.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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LEITURA COMPLEMENTAR

O CONTADOR DIANTE DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Manuel Perez Matinez

O mundo globalizado, o mercado competitivo e o pesado ônus tributário que sufoca as empresas requerem do profissional da contabilidade, a todo instante, práticas de gerenciamento eficazes para preservar a continuidade do empreendimento. Procurar formas lícitas para reduzir o pagamento de tributos e ao mesmo tempo estar atento às mudanças da legislação é uma necessidade imprescindível para maximização dos lucros das empresas, para manutenção dos negócios e melhorar os níveis de empregos. Esses fatos importantes requerem a participação ativa do contador.

Conforme a Consultoria Trevisan, “gerenciar impostos é administrar custos – particularmente no Brasil, cujo sistema tributário, além de complexo, passa por frequentes alterações, acrescentando dificuldades imprevistas para o gerenciamento dos negócios”.

Em época de mercado competitivo e recessivo, de aumento da concorrência entre as empresas nacionais, o planejamento tributário assume um papel de extrema importância na estratégia e finanças das empresas, pois, quando se analisam os balanços das mesmas, percebe-se que os encargos relativos a impostos, taxas e contribuições são, na maioria dos casos, mais representativos do que os custos de produção.

Quando se pensa em realizar algo de forma clara e objetiva no âmbito empresarial está se decidindo pelo planejamento, isto é, por um projeto de previsão das necessidades e realizações, sendo o contador figura de destaque no instante de implementar esse ferramental valioso de gestão: o planejamento tributário. Com isso, estará colaborando decisivamente para a continuidade do negócio e consequente manutenção de empregos.

Em nosso entendimento, o planejamento tributário consiste em um conjunto de medidas contínuas que visam à economia de tributos, de forma legal, levando-se em conta as possíveis mudanças rápidas e eficazes, na hipótese do fisco alterar as regras fiscais.

Quando se trabalha o planejamento tributário, busca-se, através da ação do contador ou em conjunto com profissional da área jurídica, promover menor impacto no fluxo de caixa da empresa. As grandes empresas já contemplam, hoje, em sua estrutura organizacional, um Comitê de Planejamento Tributário, constituído por pessoas de várias formações e segmentos para tratar especificamente desse grande projeto.

Dentre as finalidades do planejamento tributário, destaca-se:

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TÓPICO 1 | TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS

123

• evitar a incidência do tributo - nesse caso, adotam-se procedimentos com o fim de evitar a ocorrência do fato gerador;

• reduzir o montante do tributo - as providências serão no sentido de reduzir a base de cálculo ou alíquota do tributo;

• retardar o pagamento do tributo - o contribuinte adota medidas que têm por fim postergar o pagamento do tributo, sem ocorrência da multa.

O planejamento tributário existe para todas as esferas do Poder Legislativo, quer seja municipal, estadual ou federal, e a pergunta que se faz é: estão os contadores preparados adequadamente para efetuar o planejamento tributário? Estão efetivamente gerenciando os impostos de seus clientes ou empregador? Estão procurando formas lícitas de pagar menos tributos? Estão preferindo aplicar opções legais mais simplificadas que lhes tiram maiores responsabilidades e competências?

FONTE: Adaptado de: MARTINEZ, Manuel Perez. O contador diante do planejamento tributário. Disponível em: <http://www.classecontábil.com.br>. Acesso em: 15 out. 2008.

O autor deixa as perguntas no ar para que nós, da área contábil, possamos nos perguntar: qual a minha participação nas possíveis resoluções dessas indagações? O que eu faço ou posso fazer? Estou preparado profissionalmente?

Procurar novos conhecimentos e estar sempre atualizado faz parte do cotidiano do contador. Ninguém mais do que ele pode dar direção ao tumultuado mundo da legislação tributária.

Realmente, a carga tributária no Brasil é uma das mais altas e complexas do planeta. Este é um dos motivos que levam boa parte das empresas a contratar consultorias voltadas a esta área, para que possam, de alguma forma, reduzir seus tributos. O contador, por sua vez, é a pessoa qualificada e preparada para dar essa consultoria.

Gerenciar não só os tributos, mas também os demais setores das empresas, como os de produção, compras, vendas etc. e fazer parte da própria administração, está cada vez mais se tornando realidade para os contadores.

Entretanto, as várias mudanças que vêm acontecendo na área fiscal, nos últimos anos, estão tomando muito tempo do contador. As principais mudanças que merecem ser destacadas são: a adoção da substituição tributária e do SPED.

Esse tempo, tão precioso para o contador, que deveria ser destinado ao planejamento tributário e à contabilidade gerencial, está absorvido para resolver problemas relacionados à substituição tributária e o SPED. Porém, espera-se que, a partir do momento em que essas mudanças estejam sob controle, o contador volte às áreas gerenciais e de planejamento com até mais tempo disponível do que tinha antes.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico vimos os principais tributos incidentes sobre as compras e vendas de mercadorias, desde o cálculo até sua contabilização e evidenciação na Demonstração do Resultado do Exercício e no Balanço Patrimonial. Observamos a cumulatividade e não cumulatividade, o efeito que ambos geram nas demonstrações contábeis. Destacamos a importância de o contador estar atento à legislação, pois depende dele, principalmente, o planejamento tributário das empresas. Observamos que os tributos são destinados a três esferas: federal, estadual e municipal, entretanto, depende, principalmente, da atividade da empresa qual a melhor forma de tributação a ser escolhida.

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AUTOATIVIDADE

1 A Empresa Malta Ltda. apresentou os seguintes saldos contábeis em 30/06/08:

Caixa R$ 20.000,00Aplicações Financeiras R$ 30.000,00Capital R$ 50.000,00

No mês 07/x8 ela apresentou a seguinte movimentação:

04/07/x8 (1) - Compra de mercadorias a prazo, no valor de R$ 5.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

05/07/x8 (2) – Venda de 50% da mercadoria (no mercado interno (Brasil), adquirida em 04/07/x8, por um total de R$ 4.000,00 a prazo, com 17% de débito de ICMS.

10/07/x8 (3) – Rendimento da aplicação financeira, no valor de R$ 800,00.

21/07/x8 (4) – Despesa com energia elétrica, paga via caixa, no valor de R$ 2.000,00. Esta operação não gerou crédito de ICMS.

28/07/x8 (5) - Venda de mercadorias para o mercado externo (EUA), no valor de R$ 6.000,00 a prazo. O Custo da Mercadoria Vendida equivale a 80% do saldo em estoque.

Sabe-se que:

A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

• As vendas de exportação são isentas de PIS, COFINS e ICMS, ou seja, não se incluem na base de cálculo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• O Custo das Mercadorias Vendidas – CMV- é definido com base no percentual do saldo em estoque.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração do PIS e COFINS;

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• a demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

Caixa Capital Estoque D C D C D C

Clientes ICMS a Compensar Venda de Mercadorias D C D C D C

C.M.V. ICMS sobre Vendas ICMS a Pagar D C D C D C

COFINS sobre Vendas

PIS sobre Vendas Aplicações Financeiras

D C D C D C

Rendimento Aplicações

Energia Elétrica COFINS a Pagar

D C D C D C

Fornecedores PIS a Pagar Lucros Acumulados D C D D D C

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Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício

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Balancete Patrimonial da Empresa Malta Ltda.

Ativo 31/07/x8 Passivo 31/07/x8

Circulante ................... Circulante ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... Patrimônio Líquido ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... .................................. ................... Total do Ativo Total do Passivo

2 A empresa Vende Mais S/A está querendo saber qual o valor que deve cobrar de um de seus clientes, sabendo que:

Valor do custo da mercadoria: R$ 1.000,00 Margem de ganho esperada sobre venda: 11,45% Alíquota incidente de ICMS: 17%. Qual valor que a empresa Vende Mais

S/A deverá cobrar?

3 Assinale a alternativa correta. Haverá o DIFA nos seguintes casos:

a) ( ) Venda de mercadoria destinada à industrialização.b) ( ) Venda de mercadoria destinada à revenda.c) ( ) Caso o percentual da alíquota interna seja inferior ao da alíquota

interestaduald) ( ) Na entrada, de mercadorias de outra Unidade da Federação destinadas

para o ativo imobilizado, desde que o percentual da alíquota interna seja superior ao da alíquota interestadual ou que não haja qualquer tipo de benefício fiscal.

4 Em 01/03/2010, o Comércio de Peças LL Ltda. (EMPRESA NORMAL), adquiriu DENTRO DO ESTADO, um caminhão para uso operacional, no valor de 129.960,00 com ICMS incluso em 17%. O valor totalmente financiado. Qual o valor de crédito de ICMS que a empresa poderá utilizar em conta gráfica já em 03/2010, referente a esta operação?

5 No mês de janeiro de 2010, a empresa LL Calculadoras S/A, optante pelo lucro real, comprou mercadorias para revenda, no valor total R$ 78.000,00 à vista, as quais geraram créditos de PIS em 1,65%, COFINS em 7,6% e ICMS em 17%. Faça a contabilização dessa operação.

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D/C Conta Contábil Valor em R$...... ...................................................... . ..................................... ...................................................... . ..................................... ...................................................... . ..................................... ...................................................... . ..................................... ...................................................... . ...............................

6 Assinale a alternativa correta. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL) comprou mercadorias, onde a Nota Fiscal era assim composta: R$ 10.000,00 o valor das mercadorias, com 17% de ICMS e 15% de IPI, resultando num total de R$ 11.500,00 o valor total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa pode se creditar do ICMS, mas não do IPI. Nesse caso, o valor a ser lançado no estoque é de:

a) ( ) R$ 8.300,00. b) ( ) R$ 9.800,00. c) ( ) R$ 11.500,00. d) ( ) R$ 10.00,00.

7 Assinale a alternativa correta. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL) comprou produtos onde a Nota Fiscal era assim composta: R$ 11.000,00 o valor das mercadorias, com 17% de ICMS e 10% de IPI, resultando num total de R$ 12.100,00 o valor total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa pode se creditar do ICMS e do IPI. Nesse caso, o valor a ser lançado no estoque é de:

a) ( ) R$ 12.100,00. b) ( ) R$ 9.130,00. c) ( ) R$ 11.000,00. d) ( ) R$ 8.833,00.

Tendo como base, as informações referentes ao Balanço Patrimonial – Cia. do Vale (EMPRESA NORMAL), responda as questões 8 e 9, a seguir:

Cia. do Vale informações do Balanço Patrimonial encerrado em 31/12/2007:

Caixa R$ 10.000,00Estoque R$ 24.600,00Capital R$ 34.600,00

Assista ao vídeo deresolução da questão 6

Assista ao vídeo deresolução da questão 5

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8 Assinale a alternativa correta. Em 01/2008, a única transação da Cia. do Vale foi a venda de 10% do saldo em estoque, apurado em 31/12/2007, por R$ 5.000,00 a prazo com incidência de 17% de ICMS. Em 31/01/2008, no balancete de apuração, foi então constatado que:

a) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 5.000,00. b) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 1.690,00. c) ( ) Havia um resultado líquido positivo de R$ 4.150,00. d) ( ) Havia um resultado líquido negativo de R$ 2.460,00.

9 Assinale a alternativa correta. Em 01/2008, a única transação da Cia. do Vale foi a venda de 10% do saldo em estoque, apurado em 31/12/2007 por R$ 5.000,00 a prazo com incidência de 17% de ICMS. Em 31/01/2008, no balancete de apuração, foi então constado que:

a) ( ) Houve um aumento do passivo e uma redução do resultado líquido da empresa.

b) ( ) Houve um aumento do ativo e do resultado líquido da empresa.c) ( ) Não houve alteração do saldo do ativo, mas o resultado líquido da

empresa aumentou.c) ( ) Não houve alteração do saldo do ativo, mas o passivo aumentou.

10 Calcule o quadro a seguir com as seguintes informações: Venda INTERNA de R$ 200,00 em latas de tinta e com 10% de IPI, dentro do Estado de Santa Catarina (mercadoria destinada para revenda). Margem de Lucro 35%. Alíquota interna 17%.

Valor da Mercadoria(+) Valor do IPI(=) Valor de partida (mercadoria + IPI)(+) Margem de Lucro 35%(=) BASE DE CÁLCULO DO S.T.(x) Alíquota Interna 17%(=) ICMS Apurado(-) ICMS do Remetente (próprio)(=) ICMS Substituição Tributária

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TÓPICO 2

OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E

VENDAS DE MERCADORIAS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico veremos as principais operações que afetam as compras e vendas de mercadorias. Conheceremos operações envolvendo métodos de registros contábeis diferentes, gastos que podem ser incorporados ao custo das mercadorias adquiridas e transações relacionadas às compras, às vendas, às devoluções, aos abatimentos e descontos.

Veremos que as empresas têm a possibilidade de não manter um registro contábil de estoque para cada compra ou venda que efetuar, podendo assim, registrar tudo em contas de despesas e receitas, para que somente no final do período se apure quanto de estoque há e qual o custo da mercadoria vendida. Esse método chama-se Sistema de Inventário Periódico. Até o momento vínhamos estudando o Sistema de Inventário Permanente, em que para cada transação era movimentada conta estoque no ativo circulante.

2 REGISTRO EM CONTAS DESDOBRADAS

Para que a contabilidade seja mais eficaz na análise gerencial de todas as operações que envolvam as compras e vendas de mercadorias, a empresa deve utilizar contas desdobradas, ou seja, ela deverá criar tantas contas quanto necessário para registrar suas operações, por exemplo: Estoque de Mercadorias, Vendas, Compras, Devolução de Compras, Devolução de Vendas, Fretes sobre Compras, Frete sobre Vendas, Abatimentos sobre Compras, Abatimentos sobre Vendas etc.

Para melhor entendimento de todas essas nomenclaturas de contas, faz-se necessário conhecer o Sistema de Inventário Periódico e o Sistema de Inventário Permanente.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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NOTA

A empresa não precisará, necessariamente, manter um controle de estoque atualizado por operação na contabilidade, ou seja, para cada venda ou compra que efetuar, não precisará dar a entrada ou a saída da conta estoque, reconhecendo assim o Custo da Mercadoria Vendida somente no final do período, com a contagem do mesmo. Nas compras, por exemplo, é debitada uma conta de despesa, ao invés da conta estoque. Essa forma de registro será vista no decorrer desse tópico.

3 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO E SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMAMENTE

No Sistema de Inventário Periódico é feita a contagem do estoque ocasionalmente, dessa forma, o Custo das Mercadorias ou Produtos vendidos é conhecido somente nessa fase. Essa contagem, geralmente, é feita no final do mês, trimestre, semestre ou ano.

De acordo com Iudícibus e Marion (2008, p. 86):

No final do período é feito um inventário físico das mercadorias existentes, o qual, após valorado, passa a se constituir no valor do Estoque Final. Como era conhecido o valor do Estoque Inicial e como as Compras foram registradas, o fato de estar sendo conhecido o valor do Estoque Final (via inventário físico) permite obter o CMV do período através da fórmula: CMV = EI + C – EF.

No qual:

CMV = Custo das Mercadorias Vendidas.EI = Estoque Inicial.C = Compras (lançadas diretamente na Demonstração do Resultado do

Exercício).EF = Estoque Final.

Esse é um sistema simplificado que dispensa controles contábeis rigorosos e pessoal especializado para sua execução, porém, uma vez que a contagem é feita de tempos em tempos, e na contabilidade será utilizado como base o relatório de estoque final, é preciso ter os seguintes cuidados:

a) Se relatório de estoque final estiver incorreto e lançado, a maior haverá CMV menor do que o real.

b) Se relatório de estoque final estiver incorreto e lançado, a menor haverá CMV maior do que o real.

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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Por exemplo, suponhamos que a Empresa Mais Controle Ltda. apresente os seguintes saldos e operações:

a) Saldo de Estoque Inicial em 31/12/x7:

100 unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 1.000,00 em estoques.

b) Operações realizadas em 10/01/x8:

Compra de 30 Unidades a R$ 10,00 cada, por um total de R$ 300,00, à vista.

Venda de 80 Unidades, por um total de R$ 1.600,00, à vista.

c) Relatório de Estoque Final cedido pela empresa (através de contagem física), em 31/01/x8.

50 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 500,00 em estoques.

Contabilmente, os registros contábeis seriam feitos dessa forma:

No dia 10/01: compra de 30 Unidades

D – Compra de Mercadorias R$ 300,00 (lançamento como despesa na DRE) C – Caixa R$ 300,00 (venda à vista)

No dia 10/01: venda de 80 Unidades

D – Caixa R$ 1.600,00 (venda à vista)C – Venda de Mercadorias R$ 1.600,00 (lançamento como receita na DRE)

Perceba que em nenhum momento foi movimentado, contabilmente, o estoque, ou seja, após essas operações, o estoque contábil ainda é de R$ 1.000,00. Apenas as contas de resultado são movimentadas nas operações, facilitando os registros contábeis. Contudo, de que forma ajustar o estoque em 31/01/x8 e reconhecer o CMV do período?

Através da seguinte fórmula: CMV = EI + C – EF. Então, teríamos:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 500,00 = 800,00. Porém, sabe-se que o estoque está avaliado por R$ 1.000,00 no ativo

circulante e na DRE já estão lançados como despesas os R$ 300,00 da compra efetuada em 10/01/x8. Sendo assim, parte dos R$ 800,00 do CMV calculado já está lançado como compras no valor de R$ 300,00, então, contabilmente, é necessário lançar apenas a diferença entre o saldo inicial de estoques e o seu saldo final: EI – EF, ou 1.000,00 – 500,00 = 500,00, para não incorrer em erro e baixar mais do que o necessário da conta estoque.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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NOTA

Assim que o CMV for calculado, basta apenas lançar a diferença entre o estoque já constante (EI) e o relatório cedido pela empresa (EF).

O lançamento contábil de ajuste em 31/01/x8, seria esse:

D – CMV R$ 500,00 (reconhecimento do custo, diferença entre o EI - EF)C – Estoque R$ 500,00 (baixa do estoque)

Esse lançamento de “ajuste de estoques” é feito somente no final do período, após estar ciente do saldo de estoque final fornecido pela empresa. O lançamento de ajuste é de R$ 500,00 e não de R$ 800,00 pelo fato de se reconhecer somente a diferença nos estoques e dos R$ 300,00 já reconhecidos como despesas.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00- CMV R$ 800,00 (R$ 300,00 de compra + R$ 500,00 da variação de estoques)= Lucro R$ 800,00

Entretanto, caso a empresa tivesse fornecido o relatório de estoque final incorreto, por exemplo, 60 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 600,00 em estoques, teríamos o seguinte CMV:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 600,00 = 700,00.

Veja que, por um descuido, a empresa estaria reconhecendo um estoque a maior (R$ 600,00 ao invés de R$ 500,00), valorizando o mesmo e, consequentemente, um CMV a menor, aumentando os lucros do período.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00- CMV R$ 700,00 (R$ 300,00 de compra + R$ 400,00 da variação de estoques)= Lucro R$ 900,00

Porém, se caso a empresa tivesse fornecido o relatório de estoque final incorreto a menor, por exemplo, 40 Unidades a R$ 10,00 cada – total de R$ 400,00 em estoques, teríamos o seguinte CMV:

CMV = 1.000,00 + 300,00 – 400,00 = 900,00.

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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Dessa forma, também por um descuido, a empresa estaria reconhecendo um estoque a menor (R$ 400,00 ao invés de R$ 500,00), desvalorizando o mesmo e, consequentemente, um CMV a maior, diminuindo os lucros do período.

Nesse caso, a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00- CMV R$ 900,00 (300,00 de compra + 600,00 da variação de estoques)= Lucro R$ 700,00

Por isso, sugere-se que quando se utiliza o Sistema de Inventário Periódico, o relatório de estoques final, que é fornecido pela empresa, deve estar totalmente correto, caso contrário, contabilmente, se terá além de estoques avaliados incorretamente também um resultado do exercício inconsistente.

Já no Sistema de Inventário Permanente as variações nos estoques são lançadas no ato da compra, venda ou qualquer operação que possa vir a modificá-lo, não necessitando, dessa forma, que a empresa forneça o relatório de estoques existentes para que se apure o CMV.

Segundo Iudícibus e Marion (2008, p. 86), “no inventário permanente, a cada venda efetuada, a empresa controla cada item de estoque negociado. Isso permite que se conheça após cada operação (quer de compra quer de venda) o nível de seus estoques”.

NOTA

Mesmo utilizando o Sistema de Inventário Permanente, é preciso que, de tempos em tempos, haja a confrontação do estoque contábil e o físico da empresa. Essa operação tende a impedir, por exemplo, o furto ou extravio de materiais, além de manter o saldo contábil de estoques sempre atualizado.

Tendo como base o exemplo a Empresa Mais Controle Ltda., serão demonstrados, a seguir, os lançamentos pelo Sistema de Inventário Permanente:

No dia 10/01: compra de 30 Unidades

D – Estoque de Mercadorias R$ 300,00 (lançamento no ativo circulante) C – Caixa R$ 300,00 (compra à vista)

No dia 10/01: venda de 80 Unidades

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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D – Caixa R$ 1.600,00 (venda à vista)C – Venda de Mercadorias R$ 1.600,00 (lançamento como receita na DRE) D – CMV R$ 800,00 (reconhecimento do custo) C – Estoque de Mercadorias R$ 800,00 (baixa do estoque)

Note que, no Sistema de Inventário Permanente as compras são lançadas diretamente no estoque e, nas vendas, o CMV já é reconhecido durante a operação. Diferente do Sistema de Inventário Periódico, neste é movimentado o estoque e reconhecido o CMV em cada operação.

Nesse caso a empresa teria o seguinte resultado líquido:

Vendas R$ 1.600,00- CMV R$ 800,00 = Lucro R$ 800,00

No final do mês não há nenhuma diferença nos saldos, ou seja, o estoque totalizou R$ 500,00 e o lucro ficou em R$ 800,00, igual nos dois métodos.

O resultado em si não se altera, apenas a forma em que se chega até ele. Quando se utiliza o Sistema de Inventário Permanente, os controles precisam ser mais rigorosos, além de aumentar o número de lançamentos contábeis e tomar mais tempo de contador. Porém, as informações sobre saldos de estoques e custos desses são apuradas a qualquer tempo, o que de fato propicia uma grande vantagem na tomada de decisão.

Não há nenhum impedimento das empresas utilizarem o Sistema de Inventário Periódico ou o Sistema de Inventário Permanente, porém, destaca-se que os registros devem ser feitos em contas desdobradas.

Por exemplo, uma compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00 à vista, poderia ser registrada:

a) No inventário Periódico – é registrada qualquer operação que envolva o estoque em contas de despesas na Demonstração do Resultado do Exercício - DRE e, no final do período, é contado o estoque e apurado o CMV:

D – Compra de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como despesa na DRE) C – Caixa R$ 1.000,00 (compra à vista)

b) No inventário Permanente - as operações são lançadas em contas diretamente no estoque dentro do Ativo Circulante e se passa a conhecer o CMV já no ato da venda:

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento no Ativo Circulante - AC) C – Caixa R$ 1.000,00 (compra à vista)

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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Já uma venda, por exemplo, no valor de R$ 1.000,00 à vista, poderia ser registrada da seguinte forma:

No Inventário Periódico:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

No Inventário Permanente: nesse sistema é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos, então, que o CMV seja de R$ 400,00:

D – Caixa R$ 1.000,00 (venda à vista)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 400,00 (reconhecimento do custo na DRE)C – Estoque de Mercadorias R$ 400,00 (baixa do estoque – atualização instantânea no AC)

4 FRETES E SEGUROS SOBRE COMPRAS

Algumas despesas necessárias para a aquisição de mercadorias podem ser agregadas aos seus custos, como é o caso, por exemplo, de fretes e seguros sobre compras.

Conforme Iudícibus e Marion (2008, p. 97), “o custo real de uma mercadoria adquirida não é somente o constante de nota fiscal, mas o que resulta da soma desta com todas as despesas necessárias para a colocação do produto em condições de venda”.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Só Parafuso Ltda., determinada mercadoria adquirida por R$ 900,00 teve também despesas com fretes no valor de R$ 100,00 e seguros no valor de R$ 50,00, ambas à vista. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que tanto a mercadoria adquirida como o frete têm incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 747,00 (despesa da compra de mercadoria – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

D – Frete sobre Compras R$ 83,00 (despesa do frete sobre compra – valor sem ICMS)

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

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D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (ICMS sobre o frete – Ativo Circulante)

D – Seguro sobre Compras R$ 41,50 (despesa do seguro sobre compra – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 8,50 (ICMS sobre o seguro – Ativo Circulante)

C – Caixa R$ 1.050,00 (pagamento à vista)

Pelo registro com inventário permanente:

D – Estoque de Mercadorias R$ 747,00 (ativo circulante: compra de mercadoria: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

D – Estoque de Mercadorias R$ 83,00 (ativo circulante: frete sobre compra: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (ICMS sobre o frete – Ativo Circulante)

D – Estoque de Mercadorias R$ 41,50 (ativo circulante: seguro sobre compra: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 8,50 (ICMS sobre o seguro – Ativo Circulante) C – Caixa R$ 1.050,00 (pagamento à vista)

Percebe-se que pelos dois métodos as despesas referentes às compras são agregadas a ela. No cálculo do valor unitário de cada mercadoria, utilizando o registro com inventário permanente, deve ser considerado o valor total do estoque, inclusive com os valores de fretes e seguros sobre as compras. Nesse caso, por exemplo, se caso houvesse R$ 1.000 unidades no estoque, o custo unitário seria de R$ 0,8715 (871,50 / 1000 un). Entretanto, se, por exemplo, na venda dessas mercadorias houver frete, esse deve ser considerado como frete sobre vendas e não deve ser agregado às compras, uma vez que já faz parte do processo de venda.

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que o valor da mercadoria, do seguro e do frete seja reconhecido pelo seu valor líquido. Nesta operação, o saldo de ICMS a Compensar totalizou 178,50 (153,00 + 17,00 + 8,50). Esse valor poderá ser compensado com os possíveis débitos das vendas, conforme já exposto neste Caderno de Estudos na Unidade 2, Tópico 1.

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo

“cálculo dos impostos”:

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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QUADRO 32 – NOTA FISCAL – FRETE E SEGURO SOBRE COMPRAS

BC DO ICMS

R$ 1.050,00

VALOR DO ICMSR$178,50

BASE DE CÁLCULO ICMS ST ICMS ST

VALOR DOS PRODUTOSR$ 900,00

FRETE

R$ 100,00

SEGURO

R$ 50,00

DESCONTOS IPI VALOR TOTAL DA NOTAR$ 1.050,00

FONTE: O autor

5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS

Quando na compra de mercadorias constatar se o fornecedor, por qualquer motivo, não atendeu às expectativas do pedido, a empresa compradora poderá pedir um abatimento no preço de compra. O abatimento ocorre normalmente por algum defeito, avaria ou algo que esteja em inconformidade com o pedido.

O abatimento sobre compra ocorre depois que a mercadoria for recebida, pois é somente nesta fase que é descoberto o problema. Uma vez dado o abatimento sobre o preço, que é uma redução dele, a empresa compradora poderá optar em ficar com as mercadorias ao invés de devolvê-las.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Estamparia Ltda. determinada mercadoria foi adquirida por R$ 900,00 a prazo, e ao ser conferida na entrega, constatou-se que a cor era diferente daquela que havia sido solicitada no pedido. Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de R$ 100,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 747,00 (despesa da compra de mercadoria – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 900,00 (reconhecimento da obrigação)

D – Fornecedores R$ 100,00 (compensação de parte da obrigação pelo abatimento)

C – Abatimento s/ Compra R$ 100,00 (receita obtida pelo abatimento - DRE)

Pelo registro com Inventário Permanente:

Page 150: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

140

D – Estoque de Mercadorias R$ 747,00 (ativo circulante: compra de mercadoria: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ R$ 153,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 900,00 (reconhecimento da obrigação)

D – Fornecedores R$ 100,00 (compensação de parte da obrigação pelo abatimento)

C – Estoque de Mercadorias R$ 100,00 (baixa de parte do custo do estoque no ativo circulante)

Nota-se que a obrigação junto ao fornecedor, é, no ato, diminuída pelo abatimento. No sistema de Inventário Periódico, o abatimento é registrado numa conta de resultado a crédito, gerando, assim, uma receita para contrapor a despesa gerada na compra. Já no sistema de Inventário Permanente, o abatimento é registrado na conta estoque do ativo circulante, uma vez que dessa forma, por haver alguma imperfeição na mercadoria, essa estará avaliada por um valor inferior à compra, gerando um CMV menor quando for vendida. Nesse caso, por exemplo, caso houvesse 100 unidades no estoque, o custo unitário seria de R$ 6,47 (900,00 – 153,00 - 100,00 / 100 un).

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que o valor da mercadoria seja reconhecido pelo seu valor líquido. Nesta operação, o saldo de ICMS a Compensar totalizou R$ 153,00. Esse valor poderá ser compensado com os possíveis débitos das vendas.

Neste caso, na Nota Fiscal, não é destacado nenhum valor que evidencie o abatimento, uma vez que este é apenas constatado após a emissão da referida nota, ou seja, no recebimento das mercadorias.

6 DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS

Diferente do abatimento, o desconto incondicional obtido é aquele que a empresa compradora consegue junto ao fornecedor no ato da compra, dessa forma, na própria Nota Fiscal já é destacado o desconto.

Esse fato, geralmente, ocorre para bonificar o comprador pela quantidade comprada, pelo tempo de relação comercial e entre outros motivos internos, que não contemplam quaisquer problemas nas mercadorias.

Pelo fato do desconto estar na própria nota fiscal, não há motivo para o seu lançamento contábil, por exemplo: suponhamos que na empresa Aço Brasil

Page 151: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

141

Ltda., determinada mercadoria foi adquirida por R$ 900,00 a prazo, mas, no ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 850,00, valor este que será lançado na empresa compradora. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Compra de Mercadorias R$ 705,50 (despesa da compra de mercadoria – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 144,50 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 850,00 (reconhecimento da obrigação)

Pelo registro com Inventário Permanente:

D – Estoque de Mercadorias R$ 705,50 (ativo circulante: compra de mercadoria: valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 144,50 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 850,00 (reconhecimento da obrigação)

Verifica-se que não há menção do desconto, uma vez que o total da Nota Fiscal é de R$ 850,00. No sistema de Inventário Permanente, caso houvesse, por exemplo, 10 unidades no estoque, o custo unitário seria de R$ 70,55 (850,00 – 144,50 / 10 un).

Note que o ICMS é destacado em ambos os métodos, gerando um lançamento na conta ICMS a Compensar no Ativo Circulante, fazendo com que o valor da mercadoria seja reconhecido pelo seu valor líquido. Nesta operação, o saldo de ICMS a Compensar totalizou R$ 144,50. Esse valor poderá ser compensado com os possíveis débitos das vendas.

NOTA

Quase todos os impostos incidem sobre o valor líquido destacado no exemplo, ou seja, sobre os R$ 850,00. Porém, se a empresa que estivesse vendendo fosse contribuinte do IPI, esse desconto não influenciaria no cálculo, uma vez que o IPI seria calculado sobre os R$ 900,00, desconsiderando assim os descontos incondicionais concedidos e, os demais impostos como ICMS, PIS, COFINS etc. teriam como base de cálculo os R$ 850,00.

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

142

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo “cálculo dos impostos”

QUADRO 33 – NOTA FISCAL – DESCONTOS INCONDICIONAIS OBTIDOS

BC DO ICMS

R$ 850,00

VALOR DO ICMSR$ 144,50

BASE DE CÁLCULO ICMS ST ICMS ST

VALOR DOS PRODUTOSR$ 900,00

FRETE SEGURO DESCONTOS

R$ 50,00

IPI VALOR TOTAL DA NOTAR$ 850,00

FONTE: O autor

7 DEVOLUÇÕES DE COMPRAS

As devoluções de compras podem acontecer por vários motivos, dentre alguns se destacam: problemas nas embalagens ou nos próprios produtos que podem estar inconsistentes com o pedido, data de entrega em atraso, dentre outros.

Por exemplo, suponhamos que na empresa HG Eletrodomésticos Ltda.

foram adquiridas 10 unidades de uma determinada mercadoria, por um total de R$ 1.000,00 a prazo, porém, 4 unidades foram devolvidas ao fornecedor por não estarem de acordo com o pedido. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS, que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS e que o valor devolvido será compensado com o total a pagar para o fornecedor. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

Na compra:

D – Compra de Mercadorias R$ 830,00 (despesa da compra de mercadoria – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 170,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedor R$ 1.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Na devolução de 4 unidades:

D – Fornecedores R$ 400,00 (compensação de parte da obrigação pela devolução)

C – Devolução de Compra R$ 332,00 (receita obtida pela devolução: 4 unidades)

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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C – ICMS a Pagar R$ 68,00 (17% sobre o total da mercadoria devolvida - Passivo Circulante)

Pelo registro com Inventário Permanente:

Na compra:

D – Estoque de Mercadorias R$ 830,00 (lançamento no ativo circulante: compra de mercadoria)

D – ICMS a Compensar R$ 170,00 (ICMS sobre a compra da mercadoria – Ativo Circulante)

C – Fornecedores R$ 1.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Na devolução de 4 unidades:

D – Fornecedores R$ 400,00 (compensação de parte da obrigação pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 332,00 (baixa de 4 unidade do estoque no ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 68,00 (17% sobre o total da mercadoria devolvida - Passivo Circulante)

Nota-se que a obrigação junto ao fornecedor é, no ato, diminuída pela devolução. No sistema de Inventário Periódico, a devolução é registrada numa conta de resultado a crédito, gerando, assim, uma receita para contrapor a despesa gerada na compra. Já no sistema de Inventário Permanente, a devolução é registrada na conta estoque do ativo circulante, uma vez que o estoque é atualizado em cada operação.

O valor de R$ 400,00 pode ser obtido da seguinte forma: R$ 1.000,00 / 4 unidades = R$ 100,00 cada unidade. Uma vez que foram devolvidas apenas 4 unidades, então: 4 unidades X 100,00 = 400,00.

O valor de R$ 332,00 pode ser obtido da seguinte forma: 400,00 – 17% = 332,00, onde a diferença dos R$ 400,00 para os R$ 332,00 é justamente os R$ 68,00 de ICMS.

NOTA

Na compra é utilizada a conta ICMS a Compensar, enquanto na sua devolução, é ICMS a Pagar. Isso ocorre pelo fato de sair mercadoria da empresa, o que caracteriza como uma venda, logo, na venda é utilizada a conta ICMS a Pagar, em que somente no final do período será feita a apuração do ICMS.

Page 154: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

144

8 DEVOLUÇÕES DE VENDAS

Assim como acontece a devolução de compra para quem está adquirindo a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, a devolução de venda para quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor que está recebendo a mercadoria de volta de seu cliente.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Papelart Ltda. foram vendidas 10 unidades de uma determinada mercadoria, por um total de R$ 1.000,00 a prazo, porém, 4 unidades foram devolvidas pelo cliente, por não estarem de acordo com o pedido. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS, que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS e que o valor devolvido será compensado com o total a receber do cliente. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

Na venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE) D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE) C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Na devolução de 4 unidades:

D – Devolução de Vendas R$ 400,00 (despesa obtida pela devolução de 4 unidades) C – Clientes R$ 400,00 (compensação de parte do direito pela devolução)

D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de 400,00 – direito adquirido)C – ICMS sobre Venda R$ 68,00 (estorno da despesa)

Pelo registro com Inventário Permanente – Nesse sistema é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos então que o CMV seja de 60% do valor da venda:

Na venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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C – ICMS a Pagar R4 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Na devolução de 4 unidades:

D – Devolução de Vendas R$ 400,00 (baixa de parte da receita de venda pela devolução)

C – Clientes R$ 400,00 (compensação de parte do direito pela devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 240,00 (retorno do estoque vendido - atualização instantânea)

C – CMV R$ 240,00 (estorno do CMV: 60% de 400,00)D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de 400,00 – direito adquirido)C – ICMS sobre Venda R$ 68,00 (estorno da despesa)

NOTA

Perceba que as contas em geral são as mesmas utilizadas nas vendas de mercadorias, porém:

1. Ao invés de utilizar o estorno da conta receita de vendas é debitado “Devolução de Vendas”, que constará nas deduções da receita bruta na Demonstração do Resultado do Exercício.

2. Quanto ao ICMS, na venda é utilizado ICMS a pagar, entretanto, na devolução é utilizado ICMS a Compensar. Isso ocorre pelo fato de entrar mercadoria na empresa, o que caracteriza uma compra, logo, na compra é utilizada a conta ICMS a Compensar.

3. Somente no final do período será feita a apuração do ICMS, do PIS e da COFINS.

Verifica-se que o direito junto ao cliente é, no ato, diminuído pela devolução. No sistema de Inventário Periódico, a devolução é registrada numa conta de resultado a débito, gerando assim, uma despesa para contrapor a receita gerada na venda. Já no sistema de Inventário Permanente, a devolução é registrada na conta estoque do ativo circulante, uma vez que o estoque é atualizado em cada operação.

O valor de R$ 400,00 pode ser obtido da seguinte forma: 1.000,00 / 4 unidades = 100,00 cada unidade. Uma vez que foram devolvidas apenas 4 unidades, então: 4 unidades X 100,00 = 400,00.

De acordo com os lançamentos, o saldo de ICMS a Pagar seria de R$ 102,00 (R$ 170,00 – R$ 68,00). Já a base de cálculo do PIS e da COFINS seria de: 600,00 (1.000,00 – 400,00), e seus respectivos valores a uma alíquota de 0,65% e 3% seriam de R$ 3,90 e R$ 18,00.

Page 156: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

146

9 ABATIMENTOS SOBRE VENDAS

Assim como acontece nos abatimentos sobre compras para quem está adquirindo a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, o abatimento sobre venda para quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Mega-Esporte Ltda. determinada mercadoria foi vendida por R$ 1.000,00 a prazo e ao ser conferida na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de R$ 100,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.000,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 100,00 (lançamento como despesa na DRE) C – Clientes R$ 100,00 (compensação de parte do direito pelo abatimento)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE) C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente – Nesse sistema é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos então que o CMV seja de 60% do valor da venda:

D – Clientes R$ 1.000,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 100,00 (lançamento como despesa na DRE) C – Clientes R$ 100,00 (compensação de parte do direito pelo abatimento)

D – ICMS sobre Venda R$ 170,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE) C – ICMS a Pagar R$ 170,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Page 157: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

147

Percebe-se que o direito, junto ao cliente, é, no ato, diminuído pelo abatimento. Tanto no sistema de Inventário Periódico como no sistema de Inventário Permanente, o abatimento é registrado numa conta de resultado a débito, gerando, assim, uma despesa para contrapor a receita gerada na venda. A conta estoque, não é alterada no abatimento sobre venda, uma vez que não há o retorno para o fornecedor, sendo, então, considerada como uma despesa de venda na Demonstração do Resultado do Exercício.

Neste caso, na Nota Fiscal, não é destacado nenhum valor que evidencie

o abatimento, uma vez que este é apenas constatado, após a emissão da referida nota, ou seja, na entrega das mercadorias ao cliente.

10 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS

Assim como acontece nos descontos incondicionais obtidos para quem está adquirindo a mercadoria, do outro lado ocorre o inverso, ou seja, o desconto incondicional concedido para quem a vendeu, nesse caso, o fornecedor.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Alvorada Ltda. determinada

mercadoria foi vendida por R$ 1.200,00 a prazo, mas no ato foi concedido um desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 1.150,00, valor este que será lançado na empresa vendedora como valor efetivo da venda. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.150,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.150,00 (lançamento como receita na DRE)

D – ICMS sobre Venda R$ 195,50 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 195,50 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente

Nesse sistema é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos, então, que o CMV seja de 50% do valor da venda:

D – Clientes R$ 1.150,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.150,00 (lançamento como receita na DRE)

Page 158: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

148

D – CMV R$ 575,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 575,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 195,50 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 195,50 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Nota-se que não houve influência do desconto de R$ 50,00, uma vez que a Nota Fiscal foi emitida pelo valor de R$ 1.150,00.

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo “cálculo dos impostos”:

QUADRO 34 – NOTA FISCAL – DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS

BC DO ICMS

R$ 1.150,00

VALOR DO ICMSR$ 195,50

BASE DE CÁLCULO ICMS ST ICMS ST

VALOR DOS PRODUTOSR$ 1.200,00

FRETE SEGURO DESCONTOS

R$ 50,00

IPI VALOR TOTAL DA NOTAR$ 1.150,00

FONTE: O autor

11 FRETES SOBRE VENDAS

Diferente do frete sobre compras, o frete sobre vendas não é adicionado ao custo da mercadoria, mas sim, considerado como sendo uma despesa de venda na DRE, indiferente se for adotado o sistema de Inventário Periódico ou o sistema de Inventário Permanente.

Em alguns casos, o frete sobre vendas dá o direito de crédito de ICMS, dependendo da empresa que presta este serviço de transporte.

Por exemplo, suponhamos que na empresa Bergamota Ltda. determinada mercadoria foi vendida por R$ 1.200,00 a prazo e teve R$ 100,00 de despesas de frete a prazo. Sabe-se que a empresa adota o regime Cumulativo no cálculo do PIS e da COFINS e que tanto a mercadoria vendida como a despesa de frete sobre venda tem incidência de 17% de ICMS. Essa operação poderia ser registrada da seguinte forma:

Pelo registro com Inventário Periódico:

D – Clientes R$ 1.200,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.200,00 (lançamento como receita na DRE)

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TÓPICO 2 | OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS

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D – ICMS sobre Venda R$ 204,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE) C – ICMS a Pagar R$ 204,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Frete sobre Venda R$ 83,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)C – Fretes a Pagar R$ 100,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Pelo registro com Inventário Permanente:

Nesse sistema, é necessário reconhecer qual o valor do estoque que está sendo vendido, uma vez que o controle é simultâneo. Suponhamos, então, que o CMV seja de 50% do valor da venda:

D – Clientes R$ 1.200,00 (reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 1.200,00 (lançamento como receita na DRE)

D – ICMS sobre Venda R$ 204,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 204,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Frete sobre Venda R$ 83,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 17,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)C – Fretes a Pagar R$ 100,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – CMV R$ 600,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 600,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

Perceba que a despesa de frete gera um crédito de ICMS, o qual poderá ser compensado com ICMS a Pagar. No exemplo, a apuração do ICMS seria esta:

ICMS a Pagar: R$ 204,00ICMS a Compensar: R$ 17,00Saldo de ICMS a Pagar: R$ 187,00

Veja como ficaria essa operação na Nota Fiscal, especificamente no campo “cálculo dos impostos”:

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UNIDADE 2 | OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS

150

QUADRO 35 – NOTA FISCAL – FRETE SOBRE VENDA

BC DO ICMS

R$ 1.200,00

VALOR DO ICMSR$ 204,00

BASE DE CÁLCULO ICMS ST ICMS ST

VALOR DOS PRODUTOSR$ 1.200,00

FRETE SEGURO DESCONTOS IPI VALOR TOTAL DA NOTAR$ 1.200,00

FONTE: O autor

Neste caso, na Nota Fiscal não é destacado nenhum valor que evidencie o frete sobre venda, uma vez que este é uma despesa e não um valor cobrado do cliente.

Para que gere o direito a crédito de frete sobre venda, a empresa que está vendendo a mercadoria, em nosso exemplo, a empresa Bergamota Ltda., teria que contratar uma transportadora, onde esta última emitiria um Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas – CTRC para cobrar tais serviços.

O frete sobre venda nada mais é do que uma despesa para a empresa que está vendendo, despesa esta, comprovada por documento fiscal.

NOTA

Ressalta-se que o crédito do imposto pago, relativo ao frete sobre serviços de transporte, não cabe às empresas do SIMPLES NACIONAL, mas somente às empresas NORMAIS, optantes de outras formas de tributação, como Lucro Real ou Lucro Presumido.

Page 161: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico conhecemos as principais operações com mercadorias. Vimos que a empresa pode adotar tanto o Sistema de Inventário Periódico, calculando assim o CMV a cada contagem de seu estoque físico, como o Sistema de Inventário Permanente, onde o estoque e o CMV são apurados, simultaneamente, a cada operação envolvendo: compras, vendas, devoluções e abatimentos.

Constatamos através de exemplos, alguns em documentos fiscais, a influência de cada operação no cálculo do ICMS e do estoque.

Conhecemos a utilização da conta mista, onde é registrada qualquer

operação que envolva o estoque numa única conta, denominada mercadoria, e a utilização das contas desdobradas onde é registrada qualquer operação que envolva o estoque em contas distintas.

Page 162: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

152

AUTOATIVIDADE

1 O Comércio de Peças BBR Ltda. apresentou as seguintes operações em 03/x8:

03/03 (1) – Compra de 800 unidades de mercadorias para revenda a prazo, no valor de unitário de R$ 10,00 cada, totalizando R$ 8.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

03/03 (2) – Devolução de 100 unidades compradas em 03/03. O valor foi compensado com fornecedores.

03/03 (3) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre o saldo da compra efetuada em 03/03 no valor de R$ 490,00.

03/03 (4) – Fretes sobre compras no valor de R$ 168,67, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

04/03 (5) – Venda de 600 unidades a prazo, por um total de R$ 9.000,00, com 17% de débito de ICMS. O CMV unitário é 7,80, conforme memória de cálculo a seguir.

04/03 (6) – Devolução de 100 unidades vendidas em 04/03. O valor foi compensado com clientes. Sabendo que o preço de venda é unitário é de R$ 15,00 (9.000,00 / 600un) e o valor do custo unitário é de 7,80 (valor conforme memória de cálculo).

04/03 (7) – Abatimento sobre a venda a prazo efetuada em 04/03, no valor de R$ 500,00.

04/03 (8) – Fretes sobre vendas, no valor de R$ 200,00, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;

• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente;

• no controle do estoque é utilizada a média ponderada;

• o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV - é definido com base no percentual do saldo em estoque;

• os saldos iniciais em 01/03/08 eram: R$ 10.000,00 em caixa e R$ 10.000,00 em capital.

Page 163: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

153

Memória de cálculo. Sabendo que o valor unitário do estoque é assim composto (média ponderada):

Data Operação Valor Quantidade saldo saldo Valor Unitário03/03 compra 6.640,00 800 800 6.640,00 8,3003/03 devolução 830,00 100 700 5.810,00 8,30 03/03 abatimento 490,00 700 5.320,00 7,6003/03 frete 140,00 700 5.460,00 7,8004/03 venda 4.680,00 100 780,00 7,8010/03 devolução 780,00 100 200 1.560,00 7,80

Com base nessas informações, realize:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração do PIS e COFINS;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

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154

Apuração do PIS e COFINS

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155

Demonstração do Resultado do Exercício

Balancete Patrimonial

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2 Assinale a alternativa CORRETA. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL) que adota o Sistema de Inventário Permanente teve a seguinte operação: Devolução de venda no valor de R$ 15.000,00 com incidência de 17% de ICMS, sendo que o valor da mercadoria (estoque) representa R$ 5.000,00. Nesse caso:

a) ( ) Deve ser debitado o estoque, no valor de R$ 4.150,00.b) ( ) Deve ser debitado o CMV, no valor de R$ 6.000,00.c) ( ) Deve ser debitado o ICMS sobre Vendas, no valor de R$ 2.550,00.d) ( ) Deve ser debitado o ICMS a Recuperar, no valor de R$ 2.550,00

3 Assinale a alternativa CORRETA. Determinada empresa (EMPRESA NORMAL) que adota o Sistema de Inventário Permanente teve a seguinte operação: Devolução de compra com incidência de 17% de ICMS. A Nota Fiscal de devolução totalizou R$ 6.000,00. Nesse caso:

a) ( ) Deve ser creditado o estoque, no valor de R$ 6.000,00. b) ( ) Deve ser creditado o ICMS a Pagar, no valor de R$ 1.020,00.c) ( ) Deve ser debitado o estoque, no valor de R$ 4.980,00. d) ( ) Deve ser debitado o ICMS a Recuperar, no valor de R$ 1.020,00.

4 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa (EMPRESA NORMAL) adota o sistema de Inventário Permanente e teve frete sobre venda de mercadorias, no valor de R$ 1.500,00, pago via caixa, com crédito de 17% de ICMS. Nesse caso deve-se:

a) ( ) Debitar de R$ 1.500,00 em despesa de frete.b) ( ) Debitar ICMS a Compensar, no valor de R$ 255,00.c) ( ) Debitar ICMS a Pagar, no valor de R$ 255,00.d) ( ) Creditar ICMS a pagar, no valor de R$ 255,00.

5 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa (EMPRESA NORMAL) adota o sistema de Inventário Permanente e obteve junto ao fornecedor um abatimento sobre a compra, no valor de R$ 500,00. Nesse caso deve-se:

a) ( ) Debitar o estoque, no valor de R$ 500,00.b) ( ) Creditar o estoque, no valor de R$ 500,00.c) ( ) Debitar em receitas sobre abatimentos na DRE, o valor de R$ 500,00.d) ( ) Creditar em receitas sobre abatimentos na DRE, o valor de R$ 500,00.

6 Assinale a alternativa CORRETA. Adotando-se duas contas para o registro do ICMS incidente nas compras e nas vendas, no final do mês, para regularização, a empresa deverá:

a) ( ) Deixar os saldos intactos.b) ( ) Transferir os dois saldos para o próximo mês.

Page 167: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

157

c) ( ) Compensar ambos os saldos, debitando a conta que representa a obrigação e creditando a que representa direito, considerando o menor dentre os dois saldos.

d) ( ) Recolher o saldo da obrigação e manter o saldo do direito no Balanço.

7 Assinale a alternativa CORRETA :

a) ( ) O Abatimento é oferecido pela empresa, gratuitamente ao cliente, e vem destacado na Nota Fiscal, enquanto que o desconto é oferecido ao cliente em decorrência de problemas no recebimento das mercadorias, como avarias, desconformidade com o pedido etc.

b) ( ) Incondicional é o desconto oferecido pelo vendedor independentemente de impor ao cliente alguma condição, e deve ser destacado na própria Nota Fiscal de Venda.

c) ( ) O valor dos fretes incidentes sobre as compras de mercadorias para revenda será contabilizado diretamente na DRE como despesas de fretes sobre compras, quando o Sistema for de Inventário Permanente.

d) ( ) O ICMS é considerado um imposto “por fora”, pois seu valor está incluído no valor das mercadorias ou dos serviços constantes da nota fis cal.

Tendo como base as informações referentes ao Balanço Patrimonial – Cia. do Vale (EMPRESA NORMAL), responda à questão 8:

Cia. do Vale informações do Balanço Patrimonial encerrado em 31/12/2007:

Caixa R$ 10.000,00Estoque R$ 24.600,00Capital R$ 34.600,00

8 Assinale a alternativa CORRETA. Em 31/12/2007, a Cia. do Vale apresentou em seu estoque um valor de R$ 24.600,00, que era composto por 100 unidades de uma determinada mercadoria. Em 05/01/2008, a empresa adquiriu mais 50 unidades da mesma mercadoria, por um total de R$ 15.000,00 com incidência de 17% de ICMS. Sabe-se que a empresa mantém um controle de estoque permanente, o qual controla pela média ponderada e não houve mais nenhuma movimentação desse a não ser esta compra. Sendo assim, a valor de cada mercadoria constante no estoque em 05/01/2008 será de:

a) 264,00 b) 247,00 c) 396,00 d) 249,00

9 Suponhamos que em 27/04/2009, a empresa Malha Fina Ltda. (EMPRESA NORMAL) efetuou uma compra à vista, por R$ 3.000,00, onde teve também despesas com fretes no valor de R$ 150,00 à vista. Sabe-se que tanto as mercadorias adquiridas como o frete têm incidência de 17% de ICMS.

Page 168: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

158

Pede-se:

• O registro contábil dessa operação levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de inventário permanente.

• O total de ICMS a compensar dessa operação.• O custo unitário da mercadoria levando em consideração que foram

adquiridas 100 unidades de uma mesma mercadoria.

10 Suponhamos que na empresa Estamparia Ltda. (EMPRESA NORMAL), determinada mercadoria foi adquirida por R$ 600,00 a prazo e ao ser conferida na entrega, constatou-se que a cor era diferente do que havia sido solicitado no pedido. Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de R$ 50,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Proceda ao registro contábil dessa operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de Inventário Permanente.

11 Suponhamos que na empresa Mega-Esporte Ltda. (EMPRESA NORMAL), determinada mercadoria foi vendida por R$ 1.450,00 a prazo e ao ser conferida na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o comprador solicitou um abatimento de R$ 160,00 sobre o total da Nota Fiscal. Sabe-se que a mercadoria vendida tem incidência de 17% de ICMS. Proceda ao registro contábil dessa operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de Inventário Permanente e que o custo da mercadoria representa R$ 990,00.

12 Suponhamos que na empresa Aço Brasil Ltda. (EMPRESA NORMAL), determinada mercadoria foi adquirida por R$ 500,00 a prazo, porém, no ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 50,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 450,00. Sabe-se que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS. Proceda ao registro contábil dessa operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de Inventário Permanente.

13 A empresa Metal Ilha Ltda. (EMPRESA NORMAL) iniciou suas atividades em 01/02/2009. Já em 02/02/2009 foram adquiridas 40 unidades de uma mesma mercadoria, para revenda por um total de R$ 3.000,00 a prazo. Entretanto, no mesmo dia, 4 unidades foram devolvidas ao fornecedor por não estarem de acordo com o pedido. Sabe-se que a mercadoria adquirida tem incidência de 17% de ICMS e que o valor devolvido será compensado com o total a pagar para o fornecedor. Proceda ao registro contábil dessa operação, levando em consideração que a empresa trabalha com o registro de Inventário Permanente.

Assista ao vídeo deresolução da questão 13

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159

UNIDADE 3

OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• contabilizar as operações de juros e descontos nos pagamentos e recebi-mentos de duplicatas;

• contabilizar e analisar os efeitos da Provisão para Devedores Duvidosos sobre as demonstrações contábeis.

• analisar de forma integral as principais operações constantes no Caderno de Estudos de Contabilidade Comercial, tendo como base de controle de estoque o Sistema de Inventário Permanente.

Esta unidade de estudo está dividida em três tópicos. Em cada um deles você encontrará operações envolvendo: juros ativos e passivos, descontos obtidos e concedidos, provisão para créditos de liquidez duvidosa, variações no sis-tema de inventário permanente, bem como, os exercícios de fixação.

TÓPICO 1 – JUROS E DESCONTOS

TÓPICO 2 – PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

TÓPICO 3 – INVENTÁRIO PERMANENTE

Assista ao vídeo desta unidade.

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Page 171: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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TÓPICO 1

JUROS E DESCONTOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico analisaremos as principais operações envolvendo juros e descontos ativos e passivos. Os juros podem ser pagos ou recebidos e, da mesma forma, os descontos podem ser concedidos ou recebidos, dependendo das operações que os originaram.

2 JUROS ATIVOS, JUROS PASSIVOS, DESCONTOS OBTIDOS E DESCONTOS CONCEDIDOS

Habitualmente, costumam ocorrer situações que envolvem juros ou descontos nas atividades operacionais da empresa, como, por exemplo, no pagamento de fornecedores ou cobrança de clientes.

São juros passivos quando se paga um valor a maior do que o principal devido. Isso ocorre, por exemplo, em empréstimos e/ou financiamentos, em decorrência do prazo contratado, em fornecedores, quando a empresa o paga em atraso; nos impostos, quando paga fora do prazo; dentre outras situações prováveis.

São juros ativos quando a empresa recebe um valor a maior do que o principal. Por exemplo, quando um cliente paga em atraso, a empresa pode cobrar juros pela demora. Quando a empresa aplica seu capital de giro numa aplicação financeira e esta a remunera.

Sendo assim, pode-se dizer que são juros passivos quando a empresa paga a maior alguma dívida, porém, são juros ativos, quando a empresa recebe um valor a maior num direito que lhe é devido, mas ambos são registrados na Demonstração do Resultado do Exercício como despesa e receita, respectivamente.

Já os descontos têm praticamente a mesma natureza, ou seja, são despesas ou receitas financeiras pela cobrança de um direito ou pagamento de uma obrigação.

Page 172: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

162

São descontos obtidos quando a empresa, em relação às suas obrigações, paga essas a menor, em decorrência, por exemplo, da quitação antes do prazo do vencimento ou de algum acordo entre o credor.

São descontos concedidos quando a empresa, em relação aos seus direitos, cobra esses a menor, em decorrência, por exemplo, da quitação por parte do cliente, antes do prazo de vencimento ou de algum acordo entre esse e a empresa.

Por exemplo, suponhamos que a empresa Beta Ltda. tenha os seguintes saldos em 30/04/x8:

Capital: R$ 50.000,00Veículos R$ 30.000,00Caixa R$ 20.000,00

E que teve as seguintes operações no mês 05/x8:

01/05/x8 (1) – Compra a prazo de 100 unidades de uma determinada mercadoria para revenda, no valor de R$ 11.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

02/05/x8 (2) – Venda a prazo de 70 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/x8, no valor de R$ 7.000,00, com 17% de débito de ICMS.

04/05/x8 (3) – Cobrança de R$ 2.000,00, da conta clientes via caixa. Foram cobrados juros de 10% sobre o valor.

10/05/x8 (4) – Pagamento de R$ 3.000,00 da conta fornecedores via caixa. Foram pagos juros de 4% sobre o valor.

17/05/x8 (5) – Despesa com energia elétrica, no valor de 500,00, via caixa.

20/05/x8 (6) – Pagamento de R$ 4.000,00, da conta fornecedores via caixa. Foi obtido um desconto de 5% sobre o valor.

26/05/x8 (7) – Cobrança de R$ 3.000,00 da conta clientes via caixa. Foi concedido desconto de 5% sobre o valor.

27/05/x8 (8) – Devolução de 10 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/x8. O valor será compensado com o saldo a pagar do fornecedor. ICMS 17%.

31/05/x8 (9) – Devolução de 15 unidades da mercadoria vendida em 02/05/x8. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;

Page 173: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

163

• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;

• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

Page 174: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

164

Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

Page 175: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

165

QUADRO 36 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

FONTE: O autor

Balanço Patrimonial da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

QUADRO 37 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que:

Em 01/05 (1), compra a prazo de 100 unidades por 11.000,00, com 17% de crédito de ICMS.

D – Estoque R$ 9.130,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 1.870,00 (17% de ICMS sobre o total da compra: 11.000,00)

C – Fornecedores R$ 11.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Page 176: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

166

Em 02/05 (2), venda a prazo de 70 unidades por R$ 7.000,00, com 17% de débito de ICMS.

D – Clientes R$ 7.000,00 (reconhecimento do direito) C – Receita de Venda R$ 7.000,00 (registro da receita)

D – CVM R$ 6.391,00 (reconhecimento do custo para geração da receita)

C – Estoque R$ 6.391,00 (70 unidades da mercadoria adquirida: sem ICMS)

D – ICMS sobre Venda R$ 1.190,00 (17% sobre o total vendido) C – ICMS a Pagar R$ 1.190,00 (reconhecimento de uma obrigação)

Em 04/05 (3), cobrança de 2.000,00 da conta clientes, com juros de 10% sobre o valor.

D – Caixa R$ 2.200,00 (Cobrança com 10% de juros)C – Clientes R$ 2.000,00 (Baixa do direito)C – Juros Ativos R$ 200,00 (Receita de juros)

Em 10/05 (4), pagamento de R$ 3.000,00 da conta fornecedores com juros de 4% sobre o valor.

C – Caixa R$ 3.120,00 (Pagamento com 4% de juros)D – Fornecedores R$ 3.000,00 (Baixa da obrigação)D – Juros Passivos R$ 120,00 (Despesa de juros)

Em 17/05 (5), despesa com energia elétrica, no valor de 500,00.

D – Energia Elétrica R$ 500,00 (Reconhecimento da despesa)C – Caixa R$ 500,00 (Pagamento à vista)

Em 20/05 (6), pagamento de R$ 4.000,00 da conta fornecedores, com desconto de 5% sobre o valor.

C – Caixa R$ 3.800,00 (Pagamento com 5% de desconto)D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)C – Desconto obtido R$ 200,00 (Receita de desconto)

Em 26/05 (7), cobrança de R$ 3.000,00 da conta clientes, com desconto de 5% sobre o valor.

D – Caixa R$ 2.850,00 (Cobrança com 5% de desconto)C – Clientes R$ 3.000,00 (Baixa do direito)D – Desconto Concedido R$ 150,00 (Despesa de desconto)

Page 177: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 1 | JUROS E DESCONTOS

167

Em 27/05 (8), devolução de 10 unidades da mercadoria adquirida, em 01/05/x8.

D – Fornecedores R$ 1.100,00 (compensação de parte da obrigação pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 913,00 (baixa de 10 unidades do estoque no ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 187,00 (17% sobre o total da mercadoria devolvida - Passivo Circulante)

Em 26/05 (9), devolução de 15 unidades da mercadoria vendida em 02/05/x8.

D – Devolução de Vendas R$ 1.500,00 (baixa de parte da receita de venda pela devolução)

C – Clientes R$ 1.500,00 (compensação de parte do direito pela devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.369,50 (retorno do estoque vendido - atualização instantânea)

C – CMV R$ 1.369,50 (estorno do CMV: 15 unidades)

D – ICMS a Compensar R$ 255,00 (17% de 1.500,00 – direito adquirido)C – ICMS sobre Venda R$ 255,00 (estorno da despesa)

Nota-se que, nas cobranças de clientes, quando o valor é recebido a maior (1), gera-se uma receita financeira denominada juros ativos, porém, quando a menor (6), gera-se uma despesa financeira, denominada desconto concedido. Já nos pagamentos, quando o valor é pago a maior (2), gera-se uma despesa financeira, denominada juros passivos, porém, quando o valor é pago a menor (5), gera-se uma receita financeira, denominada desconto obtido.

Na Demonstração do Resultado do Exercício, os juros e descontos são lançados no resultado financeiro, sendo que, no grupo de despesas financeiras são somados os juros passivos e descontos concedidos; por sua vez, nas receitas financeiras, são somados os juros ativos e descontos obtidos.

Page 178: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

168

NOTA

Para facilitar o aprendizado: um ponto importante a ser observado na ORDEM DE CONTABILIZAÇÃO dos juros ou descontos é:

1. dar entrada ou saída de caixa/bancos pelo valor efetivo do pagamento ou recebimento;2. dar baixa da obrigação ou direito, indiferente do valor que se está pagando ou recebendo;3. reconhecer os juros ou descontos pela diferença da entrada/saída caixa e o valor da

obrigação ou direito que se está baixando.

Sendo assim, por exemplo, no pagamento de um fornecedor, no valor de R$ 2.000,00, indiferente do valor que se paga, deve-se debitar a conta fornecedor no valor de R$ 2.000,00, em que a diferença será lançada em juros ou descontos. Da mesma forma, na cobrança de um cliente no valor de R$ 2.000,00, indiferente do valor que se recebe, deve-se creditar a conta clientes no valor de R$ 2.000,00, em que a diferença será lançada em juros ou descontos.

Page 179: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

169

Neste tópico vimos algumas operações envolvendo juros e descontos. Distinguimos, contabilmente, as operações de juros ativos, juros passivos, descontos obtidos e descontos concedidos, bem como, suas respectivas apresentações na Demonstração do Resultado do Exercício.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 A empresa Gasparzinho Ltda. obteve os seguintes saldos, em 30/04/x8:

Capital: R$ 80.000,00Veículos R$ 50.000,00Caixa R$ 30.000,00

Porém, no mês 05/x8, teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Compra a prazo de 10 unidades de uma determinada mercadoria para revenda no valor de R$ 14.000,00, com 17% de ICMS.

02/05/x8 (2) – Venda a prazo de 6 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/x8, no valor de R$ 15.000,00, com 17% de débito de ICMS.

02/05/x8 (3) – Frete sobre venda no valor de R$ 800,00, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

04/05/x8 (4) – Cobrança de R$ 5.000,00 da conta clientes, via caixa. Foi concedido desconto de 5% sobre o valor.

10/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 4.000,00 da conta fornecedores, via caixa. Foi obtido um desconto de 10% sobre o valor.

17/05/x8 (6) – Despesa com telefone, no valor de R$ 400,00, via caixa.

20/05/x8 (7) – Pagamento de R$ 6.000,00 da conta fornecedores, via caixa. Foram pagos juros de 1% sobre o valor.

26/05/x8 (8) – Cobrança de R$ 2.000,00 da conta clientes, via caixa. Foram cobrados juros de 2% sobre o valor.

27/05/x8 (9) – Devolução de 2 unidades da mercadoria adquirida em 01/05/x8. O valor será compensado com o saldo a pagar do fornecedor. ICMS 17%.

31/05/x8 (10) – Devolução de 1 unidade da mercadoria vendida em 02/05/x8. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

Sabe-se que:

• a empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo;• não há incidência do IPI, porém há o ICMS;• a empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

AUTOATIVIDADE

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

Page 181: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

171

Com base nessas informações, faça:

• os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos (créditos e débitos);

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

Page 182: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

172

Apuração do PIS e COFINS

Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

Page 183: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

173

Balanço Patrimonial da Empresa Beta Ltda. em 31/05/x8

Page 184: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

174

2 Assinale a alternativa CORRETA. A empresa Petropar Ltda. pagou uma duplicata com R$ 600,00 de juros. Nesse caso, os R$ 600,00 representam para a empresa contabilmente:

a) ( ) Juros ativos.b) ( ) Juros passivos.c) ( ) Descontos obtidos.d) ( ) Descontos concedidos.

3 Assinale a alternativa CORRETA. Os juros passivos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do que o principal.

b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do que o principal.

c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do que o principal.

d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do que o principal.

4 Assinale a alternativa CORRETA. Os juros ativos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do que o principal.

b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do que o principal.

c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do que o principal.

d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do que o principal.

5 Assinale a alternativa CORRETA. Os descontos obtidos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do que o principal.

b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do que o principal.

c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do que o principal.

d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do que o principal.

Assista ao vídeo deresolução da questão 4

Page 185: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

175

6 Assinale a alternativa CORRETA. Os descontos concedidos acontecem quando:

a) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a maior do que o principal.

b) ( ) A empresa, em relação às suas obrigações, paga um valor a menor do que o principal.

c) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a maior do que o principal.

d) ( ) A empresa, em relação aos seus direitos, recebe um valor a menor do que o principal.

Page 186: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

176

Page 187: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

177

TÓPICO 2

PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO

DUVIDOSA – PCLD

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste Tópico 2 veremos o que é a Provisão para Créditos de Liquidez Duvidosa - PCLD e qual seu efeito nas demonstrações contábeis. Entenderemos seu cálculo e sua contabilização.

A PCLD pode ser realizada em qualquer tipo de empresa comercial,

industrial ou prestadora de serviços. Não é obrigatória, porém, principalmente para fins gerenciais, ou seja, internamente, torna-se imprescindível na análise de seus créditos.

O objetivo dessa provisão é cobrir possíveis perdas no recebimento de suas contas a receber, sendo assim, é reconhecida antecipadamente uma despesa de perda para que, no efetivo recebimento dessas, a empresa já esteja preparada financeiramente e economicamente.

As contas a receber, que são comentadas aqui, são em geral provenientes das vendas que as empresas efetuam aos seus clientes, porém, outros valores, como, por exemplo, cheques em cobrança, podem fazer parte do cálculo da PCLD.

2 CÁLCULO DA PCLD

A forma de apurar o valor da PCLD varia de empresa para empresa, ou seja, cada uma faz o que lhe for mais coerente, obviamente, dentro da realidade. De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 81), “a apuração do valor da provisão pode variar, pois cada empresa pode ter aspectos peculiares a respeito de seus clientes, ramo de negócios, situação de crédito em geral e a própria conjuntura econômica do momento”.

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Entretanto, recomenda-se que a PCLD seja feita individualmente por cliente, uma vez que depende dele honrar ou não sua dívida. Outros fatores, como, por exemplo, o levantamento do histórico do cliente, quando e como ele costuma pagar suas dívidas, condições de vendas, concordatas, falências etc. também devem ser levados em consideração.

Muitas empresas adotam o tempo de atraso da dívida para fazer a PCLD. Sendo assim, se o valor está há 30 dias atrasado, faz-se uma provisão de 1% sobre esse, se 60 dias 2%, 90 dias 3%, 120 dias 4% e assim por diante.

Pelo exemplo a seguir, adaptado do modelo de Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), o Comércio de Parafusos ABC Ltda. constatou que parte de seus clientes está com dívidas em atraso na seguinte ordem:

QUADRO 38 – DÍVIDAS EM ATRASO

Cliente Valor total Dias em atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a receber

A 20.000,00 30 2% 400,00 19.600,00

B 30.000,00 90 6% 1.800,00 28.200,00

C 30.000,00 120 8% 2.400,00 27.600,00

D 40.000,00 60 4% 1.600,00 38.400,00

TOTAL 120.000,00 6.200,00 113.800,00

FONTE: Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007)

O cálculo leva em consideração cada cliente, individualmente, e a quantidade de dias em atraso, dessa forma, tem-se um total R$ 120.000,00 a receber, porém, por meio da PCLD, a empresa está assumindo que, possivelmente, receberá somente R$ 113.800,00.

NOTA

No exemplo estão sendo levados em consideração os dias em atraso e um determinado percentual para a PCLD, porém, nada impede que cada empresa estipule quando e como fazer a PCLD, de tal forma, que evidencie de fato a realidade de sua operacionalidade.

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TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

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Segundo Iudícibus e Marion (2008), na PCLD devem ser excluídas do saldo de Contas a Receber aquelas com garantia real (provenientes de vendas com reserva de domínio e de alienação fiduciária), ou seja, aquelas contas cuja cobrança seja garantida, não necessitando, então, a PCLD.

3 CONTABILIZAÇÃO DA PCLD

Na contabilização da PCLD é debitada uma despesa operacional (despesa com vendas), na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, e creditado uma conta denominada PCLD no Ativo. É creditado uma conta do Ativo e, como este é de natureza devedora, ou seja, todas as contas do ativo apresentam-se com saldo a débito, a PCLD estará sendo evidenciada de forma negativa, uma vez que seu saldo é credor.

Como exemplo serão utilizados os valores do Comércio de Parafusos ABC Ltda.:

D – Despesa com PCLD R$ 6.200,00 (registro da despesa na DRE) C – PCLD R$ 6.200,00 (registro da provisão no ativo circulante)

Note que não é necessário fazer a provisão individualmente, apenas o cálculo dessa despesa é recomendado. A partir do momento em que os meses passam, o cálculo deve ser revisto, para que haja o devido ajuste, provisionando dessa forma, apenas a diferença.

Na DRE, a despesa estaria assim evidenciada:

QUADRO 39 – DESPESAS NA DRE

FONTE: O autor

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Já no ativo, os saldos seriam estes:

QUADRO 40 – DESPESAS NA DRE

Ativo

Circulante 113.800.00 Clientes 120.000.00 (-) PCLD (6.200.00)

Total do Ativo 113.800.00

FONTE: O autor

Na DRE, o lançamento gera uma despesa que, consequentemente, gera perdas. Como não há receitas, o prejuízo é a própria despesa de PCLD. No Ativo, a conta clientes não é alterada, apenas é inserida a conta PCLD, que evidenciará, no geral, que a empresa possui apenas um líquido, de R$ 113.800,00 a serem cobrados.

Essa operação faz com que a administração esteja preparada para receber apenas R$ 113.800,00, ao invés de esperar pelos R$ 120.000,00. Dessa forma, a empresa espera contar com os recursos líquidos e, sendo conservadora, não gastará mais do que receberá, evitando a falta de capital de giro para pagar suas contas no futuro.

No entanto, segundo Iudicibus, Martins e Gelbcke (2007, p. 83), “quando um saldo se torna efetivamente incobrável, ou seja, quando se esgotaram sem sucesso os meios possíveis de cobrança, sua baixa da conta de clientes deve ser feita [...]”.

Sendo assim, não haveria motivos de manter um saldo de contas a receber sabendo que esse não é cobrável, mesmo que haja 100% de PCLD sobre tal valor. A seguir, será apresentado de que forma efetuar a baixa total da conta a receber, tendo essa já feita a PCLD. Nesse caso, haverá a reversão da PCLD.

4 REVERSÃO DA PCLDA

A reversão da PCLD ocorre quando a conta a receber é parcialmente ou totalmente paga ou quando já não há mais expectativas de cobranças. Nesse caso, deve-se efetuar a baixa de contas A Receber.

Como exemplo, serão utilizados os valores do Comércio de Parafusos ABC Ltda., sabendo que:

a) O Cliente A pagou R$ 19.600,00 dos R$ 20.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 400,00.

b) O Cliente B pagou R$ 25.000,00 dos R$ 30.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 1.800,00.

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TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

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c) O Cliente C pagou inteiramente os R$ 30.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 2.400,00.

d) O Cliente D pagou R$ 20.000,00 dos R$ 40.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 1.600,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais a possibilidade de cobrar o restante.

e) Um antigo cliente E pagou R$ 10.000,00 que haviam sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

Dessa forma, fazem-se necessários os seguintes lançamentos:

No Cliente A:

D – Caixa R$ 19.600,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 19.600,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 400,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 400,00 (baixa do saldo de contas a receber pela PCLD)

Repare que não é gerada nenhuma despesa na cobrança, uma vez que o valor pago equivale ao valor líquido esperado do Cliente A. Nesse caso, é zerado o total A Receber de R$ 20.000,00 do Cliente A.

No Cliente B:

D – Caixa R$ 25.000,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 25.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 1.800,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 1.800,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 3.200,00 (conta de despesa na DRE - perda)C – Clientes R$ 3.200,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Desta vez, o saldo da PCLD não foi suficiente, gerando assim uma despesa de R$ 3.200,00 na cobrança. Nesse caso, é zerado o total a receber de R$ 30.000,00 do Cliente B.

No Cliente C:

D – Caixa R$ 30.000,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 30.000,00 (baixa total do valor em contas a receber)

D – PCLD R$ 2.400,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Outras Receitas Operacionais R$ 2.400,00 (conta de receita na DRE)

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Já o Cliente C pagou o total de sua dívida, sendo assim, a despesa de R$ 2.400,00, gerada antecipadamente pela PCLD, foi revertida, gerando uma receita para a empresa.

No Cliente D:

D – Caixa R$ 20.000,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 20.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 1.600,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 1.600,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 18.400,00 (conta de despesa na DRE - perda)C – Clientes R$ 18.400,00 (baixa do saldo de contas a receber)

O Cliente D pagou apenas metade de sua dívida, porém, como não há mais a possibilidade de cobrança do restante, não há motivos de manter a PCLD ou até mesmo ajustar essa para R$ 20.000,00, cabendo aqui, a baixa integral do direito.

No Cliente E:

D – Caixa R$ 10.000,00 (entrada no caixa) C – Outras Receitas Operacionais R$ 10.000,00 (conta de receita na DRE)

No Cliente E já não havia a PCLD, uma vez que essa havia sido baixada junto com o direito de cobrança. Nesse caso, resta à empresa dar a entrada de caixa e reconhecer a receita pelo seu valor integral.

Sendo assim, a PCLD é apenas uma antecipação de uma possível perda que a empresa possa vir a ter em suas cobranças, em que ele será ou não reconhecida como tal, dependendo do efetivo pagamento.

Agora, os saldos nas demonstrações contábeis estariam assim evidenciados:

No Ativo da empresa:

QUADRO 41 – SALDO NO ATIVO DA EMPRESA

Ativo Circulante 104.600.00 Caixa 104.600.00

Clientes 0.00 (-) PCLD 0.00

Total do Ativo 104.600.00

FONTE: O autor

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TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

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FONTE: O autor

Note que todo o saldo de clientes foi baixado, nesse caso, a PCLD deve estar zerada também.

Já na DRE:

QUADRO 42 – DEMONSTRAÇÃO NA DRE

A conta Perda com Incobráveis não foi maior porque parte já havia sido lançada como despesa na PCLD. Dessa forma, a empresa anteviu a possível ocorrência. Entretanto, houve R$ 12.400,00 de outras receitas, que é justamente, a recuperação das contas Despesa com PCLD e Despesas com incobráveis desse e de outros períodos.

5 PCLD CONFORME O REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA

ESTUDOS FUTUROS

Recomenda-se a leitura do Regulamento do Imposto de Renda para melhor entendimento das formas de tributação, possíveis adições e exclusões. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3000.htm>.

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Para as empresas que tributam seus lucros (Optantes do Lucro Real), a despesa da PCLD não pode ser deduzida para fins fiscais. Dessa forma, precisa ser adicionada na apuração. Por isso, cada empresa faz a PCLD conforme lhe for mais condizente com realidade, uma vez que não há vantagens fiscais na operação.

Outra conta que deve ser analisada para fins tributários é aquela que registra a perda obtida pela empresa na baixa de contas incobráveis. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda de 26 de março de 1999 – RIR/99, Artigo 340, somente pode ser deduzida a baixa dos seguintes créditos:

I. quando já existe declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário;

II. sem garantia de valor: a) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses,

independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) acima de R$ 5.000,00 até 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém mantida a cobrança administrativa;

c) superior a R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III. haja garantia (venda com reserva de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais, tais como o penhor de bens móveis e a hipoteca de bens), vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;

IV. haja declaração de falência ou concordata da pessoa jurídica, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar.

FONTE: Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/D3000.htm.>. Acesso em: 12 dez. 2008.

NOTA

Nem sempre o resultado contábil é o resultado que será tributado. Há exclusões e adições que devem ser feitas para então se chegar ao resultado fiscal.

Sendo assim, de acordo com a Demonstração do Resultado do Exercício do Comércio de Parafusos ABC Ltda., o prejuízo contábil foi de R$ 15.400,00, porém, para fins fiscais, teríamos que analisar as seguintes contas:

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TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

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Despesa com PCLD: R$ 6.200,00 (não pode ser dedutível).

Perdas com incobráveis: R$ 21.600,00.

a) R$ 3.200,00 do Cliente B (não pode ser dedutível ainda – abaixo de R$ 5.000,00, porém não está vencido há mais de seis meses.).

b) 18.400,00 do Cliente D (pode ser dedutível, uma vez que esse declarou falência).

Então, para fins fiscais, o prejuízo do Comércio de Parafusos ABC Ltda. seria este:

= Prejuízo contábil: (R$ 15.400,00)+ Despesa com PCLD: R$ 6.200,00+ Reversão de Perdas: R$ 3.200,00= Resultado Fiscal: R$ (6.000,00)

Pelo fato da empresa ainda apresentar prejuízo, não haverá tributação, porém, caso houvesse um resultado fiscal positivo (lucro fiscal), esse teria que ser tributado, indiferente do prejuízo contábil.

ESTUDOS FUTUROS

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os seus conteúdos, sugerimos a leitura complementar do texto a seguir, que é parte do artigo de José Carlos Marion e Márcia Carvalho dos Santos (2008). A partir dele, você irá entender que dentre as principais atribuições do contador não estão apenas os registros contábeis por meio de lançamentos, mas sim, competência e ética.

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR

O PERFIL DO FUTURO PROFISSIONAL E SUA RESPONSABILIDADE SOCIAL: OS DOIS LADOS DE UMA PROFISSÃO

José Carlos Marion e Márcia Carvalho dos Santos Estamos diante de uma nova etapa na área contábil, ou seja, a fase mecânica

cedeu lugar à fase técnica e esta está cedendo lugar à fase da “informação”. Sendo assim, fica evidente a queda nos empregos pelo fato de estarmos vivendo um momento de transição. Para Perez (1997, p. 68), o objetivo da profissão contábil:

“vai mais além de acumular cifras para preparar um balanço para efeitos impositivos. Vai mais além de registrar automaticamente uma ou várias operações: um software adequado pode produzir melhor as rotinas”.

Os profissionais contábeis são necessários a estes serviços ligados à produção (engenharia, informática, pesquisas, design...), aos serviços ligados à distribuição (comércio), aos serviços sociais (educação, saúde, higiene, gastronomia, segurança...) e outros.

Todavia, apesar das inúmeras vantagens, não existem milagres no processo de obtenção de sucesso profissional nesta área ou em qualquer atividade. Há necessidade do desenvolvimento equilibrado das “duas pernas” que permitem a realização profissional: a competência e a ética.

Um profissional da área contábil é um agente de mudanças, e como tal este profissional deve mostrar suas diversas habilidades. O contador é o “anjo da guarda” de uma empresa, tornando-se seu profundo conhecedor, podendo desta forma atuar em sua continuidade e crescimento.

O contador deve se apresentar como um “tradutor”, e não simplesmente como um apurador de dados. Não basta elaborar os relatórios contábeis/financeiros, mas fazer com que os gestores consigam entender o que esses relatórios estão informando. Sob este aspecto, um tradutor é aquele que consegue interpretar as informações e adequá-las à tomada de decisão com eficiência e rapidez. O profissional contábil, neste contexto, deve estar mais preocupado com a utilidade, transparência, clareza e objetividade das demonstrações contábeis para o usuário do que com a beleza intrínseca dessas demonstrações.

Acreditamos que seja importante o contador buscar e revelar as informações nas diversas atividades que compõem a empresa, neste momento o profissional contábil está se passando por um “repórter”. A função de um repórter é a busca de informações importantes, tratar estas informações sem distorcê-las e repassá-las fidedignamente, o mais breve possível.

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TÓPICO 2 | PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA – PCLD

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A vantagem de deter informações imprescindíveis é a possibilidade de poder planejar, simular e criar diversas alternativas, as quais possibilitem a empresa atingir a sua meta, alcançando o sucesso.

A profissão contábil, assim como qualquer outra, é exercida na combinação da competência com a ética. Ou melhor, é o exercício da competência conduzida pela ética. A competência é fazer aquilo que é certo. A ética exige que seja feito de forma correta, consistente com boa reputação da profissão.

De todas as profissões, o profissional contábil é o que mais está sujeito a partilhar de esquemas espúrios já que sua atividade está intimamente ligada com repórter de dados, cifras, apuração de resultado, e, consequentemente, exibe dados que geram montantes referentes a impostos, taxas, dividendos, encargos, valor patrimonial da ação, lucro etc.

Há empresas que estão preocupadas em reduzir seus custos e desembolsos através de um planejamento tributário, de um orçamento operacional, de uma cuidadosa política de dividendos, de modernas técnicas de controles internos (no sentido de evitar desperdícios) e de outros instrumentos eficazes e sadios que proporcionam economias para as mesmas e benefícios para a nação, e ninguém melhor que o profissional contábil para coordenar e orientar este tipo de trabalho.

Por outro lado, há empresas que, achando-se vítimas de uma carga tributária e previdenciária excessivamente onerosas, e até mesmo justificando-se em circunstância do elevado ônus financeiro imposto pelos bancos emprestadores de recursos e outros motivos, julgam-se no direito de reduzir os seus encargos e consequentemente seus desembolsos, através de omissão de dados contábeis, subtraindo fraudulentamente montantes devidos ao fisco ou a terceiros, procedimentos estes que levam à sonegação, fraudes, evasão fiscal etc.

Poucas profissões se expõem tanto à corrupção quanto a Contabilidade. Ao mesmo tempo em que estamos tão ameaçados à sedução da corrupção, formamos os agentes que combatem ou contribuem decisivamente no processo de evitar a corrupção: auditores, investigadores de fraudes contábeis, peritos contábeis etc.

É provado em países, onde a relação auditores externos/número de habitantes é maior, a corrupção é pequena (Holanda, Inglaterra, EUA...). Por outro lado, em países como o Brasil, onde o número de auditores externos é irrelevante, a corrupção está livre para expansão sem limite.

De maneira geral, o profissional contábil gerencia todo o sistema de informação, os bancos de dados que propiciam tomada de decisões tanto dos usuários internos como os externos. Toda sociedade espera transparência dos Informes Contábeis, resultados não só de competência profissional, mas,simultaneamente, de postura ética.

FONTE: Adaptado de: MARION, José Carlos; SANTOS, Márcia Carvalho. O perfil do futuro profis-sional e sua responsabilidade social: os dois lados de uma profissão. Disponível em: <http://www.marion.pro.br/portal/modules/wfsection/article. php?articleid=8>. Acesso em: 10 nov. 2008.

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

Nota-se que os autores buscam evidenciar que a função do contador está muito além do que somente fazer os registros contábeis, pois são eles quem têm a base de informação mais completa da empresa, capazes de reduzir custos, aumentar receitas, reduzir impostos por meio de um planejamento tributário, além de otimizarem os recursos disponíveis.

Mas para que isso aconteça, além de muita competência profissional, é preciso que se tenha ética. Não se fala aqui em ser apenas um bom profissional, mas também que se tenha caráter.

No tratamento que se dá às pessoas com quem se trabalha, sejam clientes, fornecedores, fiscais, auditores, colegas de trabalho etc., não importa; acima de tudo, espera-se do contador uma postura transparente, que saiba ouvir e entender, interpretar e solucionar os problemas.

Você poderá analisar o Código de Ética do Profissional Contabilista no site:<http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=1996/000803>. Acesso em: 12 jun. 2008.

DICAS

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Neste tópico vimos o que é a PCLD e qual sua influência no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Analisamos as possibilidades de cálculo da PCLD e o que deve ser levado em consideração em relação ao levantamento e análise de créditos em atraso da empresa. Através de exemplos práticos, fizemos a reversão da PCLD e analisamos sua adição no lucro fiscal.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 O Comércio da Motos MM constatou que parte de seus clientes está com dívidas em atraso, na seguinte ordem:

Cliente Valor Total Dias em Atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a ReceberA 32.000,00 30 1% 320,00 31.680,00 B 15.000,00 60 2% 300,00 14.700,00 C 12.000,00 120 4% 480,00 11.520,00 D 18.000,00 180 6% 1.080,00 16.920,00

TOTAL 77.000,00 2.180,00 74.820,00

Sabe-se que, logo após essa constatação, houve as seguintes cobranças:

a) O Cliente A pagou R$ 30.000,00 dos R$ 32.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 320,00.

b) O Cliente B pagou inteiramente os R$ 15.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 300,00.

c) O Cliente C pagou R$ 11.520,00 dos R$ 12.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 480,00.

d) O Cliente D pagou R$ 10.000,00 dos R$ 18.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 1.080,00. Esse, por sua vez declarou falência, não havendo mais a possibilidade de cobrar o restante.

e) Um antigo cliente E pagou R$ 6.000,00 que haviam sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

Sua tarefa será:

a) lançar a despesa da PCLD no valor de R$ 2.180,00;

b) lançar as cobranças efetuadas e fazer a reversão da PCLD.

Resolução:

a) Lançamento da despesa da PCLD

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

b) Lançamento das cobranças e reversão da PCLD:

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No Cliente A:

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

No Cliente B:

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

No Cliente C:

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

No Cliente D:

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

No Cliente E:

D –.................................................................................. ...................................C –.................................................................................. ...................................

Assista ao vídeo deresolução da questão 1

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192

Page 203: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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TÓPICO 3

INVENTÁRIO PERMANENTE

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste Tópico 3 estudaremos a influência causada no Sistema de Inventário Permanente pelas principais operações relacionadas à Contabilidade Comercial apresentadas neste Caderno de Estudos.

Faremos uma mesclagem das 3 unidades vistas até o momento. Serão analisadas operações com ICMS, IPI, ISSQN, PIS, COFINS, vendas no mercado interno e externo, receitas financeiras, fretes sobre compras e vendas, abatimentos sobre compras e vendas, descontos condicionais obtidos e concedidos, devoluções de compras e vendas, juros ativos e passivos, descontos obtidos e concedidos e PCLD.

Será utilizado como base o Sistema de Inventário Permanente, controlado pela média ponderada, em que, no final, serão elaborados os devidos lançamentos diários, Razonetes e controles de impostos, juntamente com as Demonstrações Contábeis de acordo com a Lei nº 6.404/76.

2 SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE

Foi apresentado na Unidade 2, Tópico 2, item 3, deste Caderno de Estudos, que as variações nos estoques do Sistema de Inventário Permanente são lançadas no ato da compra, venda ou qualquer operação que possa vir a modificá-lo, não necessitando, dessa forma, que a empresa forneça o relatório de estoques existentes para que se apure o CMV, porém, faz-se necessário que haja, de tempos em tempos, uma recontagem dos estoques, para evitar possíveis problemas físicos, financeiros e contábeis.

Tendo como base o exemplo a seguir, serão analisadas as variações ocorridas no Sistema de Inventário Permanente, juntamente com a revisão de algumas das principais operações comerciais vistas neste Caderno de Estudos:

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UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

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A Cia. Ômega apresentou os seguintes saldos, em 30/04/x8:

Capital R$ 90.000,00Reservas de Lucros R$ 11.510,00Aplicação Financeira R$ 10.000,00 Veículos R$ 50.000,00Caixa R$ 20.000,00Clientes R$ 22.000,00*PCLD R$ 490,00

* a conta clientes está assim representada:

QUADRO 43 – CONTA CLIENTE

Cliente Valor total Dias em atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a receberA 4.000,00 30 1% 40,00 3.960,00 B 3.000,00 60 2% 60,00 2.940,00 C 6.000,00 60 2% 120,00 5.880,00 D 9.000,00 90 3% 270,00 8.730,00

TOTAL 22.000,00 490,00 21.510,00

FONTE: O autor

Já no mês 05/x8 teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Venda de serviços a prazo ao Cliente H no valor de R$ 5.000,00, com incidência de 3% de ISSQN.

01/05/x8 (2) – Compra a prazo de 50 unidades da mercadoria “A” para revenda no valor de R$ 15.200,00, com 17% de crédito de ICMS, porém, no ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 200,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 15.000,00.

01/05/x8 (3) – Frete sobre compra da mercadoria “A” em 01/05/x8, no valor de R$ 800,00, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

03/05/x8 (4) – Devolução de 10 unidades compradas em 01/05/x8. O valor foi compensado com fornecedores.

04/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 4.000,00, via caixa da compra efetuada em 01/05/x8. Foi obtido um desconto de 4% sobre o valor.

06/05/x8 (6) – Venda a prazo de 30 unidades da mercadoria “A” para o mercado interno ao Cliente W, no valor de R$ 12.600,00, com 17% de débito de ICMS. Ao ser conferido na entrega, junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o Cliente W solicitou um abatimento de R$ 600,00 sobre o total da Nota Fiscal.

Page 205: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

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08/05/x8 (7) – Compra a prazo de 30 unidades da mercadoria “A” para revenda no valor de R$ 12.000,00, sendo que na Nota Fiscal há incidência de 10% de IPI e 17% de ICMS, perfazendo uma compra total de R$ 13.200,00.

08/05/x8 (8) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre a compra efetuada em 08/05/x8, no valor de R$ 300,00.

09/05/x8 (9) – O Cliente A pagou R$ 3.960,00 dos R$ 4.000,00, que devia e a PCLD era de R$ 40,00. O valor foi pago, via caixa.

10/05/x8 (10) – Cobrança de R$ 4.000,00 do cliente W, via caixa, referente à venda efetuada em 06/05/x8. Foi concedido desconto 2% sobre o valor.

11/05/x8 (11) – O Cliente B pagou R$ 2.800,00, via caixa, dos R$ 3.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 60,00. Já foi confirmado que o restante não será pago pelo cliente.

15/05/x8 (12) – Venda a prazo de 10 unidades da mercadoria “A” para o mercado externo, ao cliente F, no valor de R$ 5.000,00.

15/05/x8 (13) – Frete sobre venda no valor de R$ 400,00, pago via caixa, com crédito de 17% de ICMS.

18/05/x8 (14) – O Cliente C pagou inteiramente, via caixa, os R$ 6.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 120,00.

24/05/x8 (15) – Venda a prazo de 20 unidades da mercadoria “A” para o mercado interno ao cliente Q, no valor de R$ 9.600,00, com 17% de débito de ICMS, porém, no ato, foi concedido um desconto de R$ 400,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 9.200,00.

25/05/x8 (16) – O Cliente D pagou R$ 3.000,00 dos R$ 9.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 270,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais a possibilidade de cobrar o restante.

26/05/x8 (17) – Devolução de 3 unidades da mercadoria vendida em 24/05/x8 ao cliente Q. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

27/05/x8 (18) – Pagamento de R$ 4.000,00 via caixa, da compra efetuada em 01/05/x8. Foram pagos juros de 2% sobre o valor.

28/05/x8 (19) – Cobrança de R$ 4.000,00 do cliente W via caixa, referente à venda efetuada em 06/05/x8. Foi cobrado 3% de juros sobre o valor.

29/05/x8 (20) – Despesa com energia elétrica no valor de R$ 900,00, via caixa.

Page 206: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

196

29/05/x8 (21) – Um antigo cliente denominado R pagou R$ 3.500,00, que haviam sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

31/05/x8 (22) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 800,00.

31/05/x8 (23) – Provisão para Créditos de Liquidez Duvidosa de 1% da venda de serviços, efetuada em 01/05/x8 ao Cliente H.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• No controle do estoque é utilizada a média ponderada.

Com base nessas informações, faça:

• a Memória de cálculo da ficha de controle de estoque; • os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Memória de cálculo da ficha de controle de estoque

QUADRO 44 – MEMÓRIA DE CÁLCULO

FONTE: O autor

Page 207: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

197

Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes:

Page 208: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

198

Apuração dos impostos

QUADRO 45 – APURAÇÃO DOS IMPOSTOS

FONTE: O autor

Page 209: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

199

Demonstração do Resultado do Exercício

QUADRO 46 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

FONTE: O autor

Page 210: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

200

Balancete Patrimonial

QUADRO 47 – BALANCETE PATRIMONIAL

FONTE: O autor

Quanto aos lançamentos registrados no período, destaca-se que: Em 01/05/x8 (1):

D – Caixa R$ 5.000,00 (venda à vista)C – Venda de Serviços R$ 5.000,00 (registro da receita)

Em 01/05/x8 (2):

D – Estoque R$ 12.450,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS) D – ICMS a Compensar R$ 2.550,00 (17% de ICMS sobre o total da compra: 15.000,00)

C – Fornecedores R$ 15.000,00 (reconhecimento da obrigação)

Em 01/05/x8 (3):

D – Estoque R$ 664,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS) D – ICMS a Compensar R$ 136,00 (17% de ICMS sobre o total do frete: 800,00)C – Caixa R$ 800,00 (pagamento à vista)

Em 03/05/x8 (4):

D – Fornecedores R$ 3.000,00 (compensação de parte da obrigação pela devolução)

C – Estoque de Mercadorias R$ 2.490,00 (baixa de 10 unidades do estoque no ativo circulante)

C – ICMS a Pagar R$ 510,00 (17% sobre o total da mercadoria devolvida - Passivo Circulante)

Page 211: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

201

Em 04/05/x8 (5):

C – Caixa R$ 3.840,00 (Pagamento com 4% de desconto)D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)C – Desconto obtido R$ 160,00 (Receita de desconto)

Em 06/05/x8 (6):

D – Clientes R$ 12.600,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 12.600,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 7.968,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 7.968,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 2.142,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE) C – ICMS a Pagar R$ 2.142,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

D – Abatimento s/ Vendas R$ 600,00 (lançamento como despesa na DRE) C – Clientes R$ 600,00 (compensação de parte do direito pelo abatimento)

Em 08/05/x8 (7):

D – Estoque R$ 11.160,00 (entrada pelo valor líquido (sem ICMS com IPI)

D – ICMS a Compensar R$ 2.040,00 (17% de ICMS sobre a mercadoria: 12.000,00)C – Fornecedores R$ 13.200,00 (reconhecimento da obrigação)

Em 08/05/x8 (8):

D – Fornecedores R$ 300,00 (compensação de parte da obrigação pelo abatimento)

C – Estoque de Mercadorias R$ 300,00 (baixa de parte do custo do estoque no ativo circulante)

Em 09/05/x8 (9):

D – Caixa R$ 3.960,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 3.960,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 40,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 40,00 (baixa do saldo de contas a receber pela PCLD)

Page 212: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

202

Em 10/05/x8 (10):

D – Caixa R$ 3.920,00 (Cobrança com 2% de desconto)C – Clientes R$ 4.000,00 (Baixa do direito)D – Desconto Concedido R$ 80,00 (Despesa de desconto)

Em 11/05/x8 (11):.

D – Caixa R$ 2.800,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 2.800,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 60,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 60,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 140,00 (conta de despesa na DRE - perda)C – Clientes R$ 140,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Em 15/05/x8 (12):

D – Clientes R$ 5.000,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)C – Venda de Mercadorias R$ 5.000,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 3.379,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 3.379,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

Obs.: Não há provisão do ICMS em exportações.

Em 15/05/x8 (13):

D – Frete sobre Venda R$ 332,00 (despesa de venda na DRE – valor sem ICMS)

D – ICMS a Compensar R$ 68,00 (17% de crédito de ICMS sobre a despesa do frete)C – Caixa R$ 400,00 (valor pago à vista)

Em 18/05/x8 (14):

D – Caixa R$ 6.000,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 6.000,00 (baixa total do valor em contas a receber)

D – PCLD R$ 120,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Outras Receitas R$ 120,00 (conta de receita na DRE – receitas operacionais)

Em 24/05/x8 (15):

D – Clientes R$ 9.200,00 (venda a prazo, reconhecimento do direito)

Page 213: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

TÓPICO 3 | INVENTÁRIO PERMANENTE

203

C – Venda de Mercadorias R$ 9.200,00 (lançamento como receita na DRE)

D – CMV R$ 6.758,00 (reconhecimento do custo)C – Estoque de Mercadorias R$ 6.758,00 (baixa do estoque – atualização instantânea)

D – ICMS sobre Venda R$ 1.564,00 (17% sobre o total vendido – despesa na DRE)

C – ICMS a Pagar R$ 1.564,00 (reconhecimento de uma obrigação no PC)

Em 25/05/x8 (16):

D – Caixa R$ 3.000,00 (entrada no caixa) C – Clientes R$ 3.000,00 (baixa do valor cobrado em contas a receber)

D – PCLD R$ 270,00 (reversão da PCLD – conta do ativo)C – Clientes R$ 270,00 (baixa de contas a receber pelo valor da PCLD)

D – Perdas com Incobráveis R$ 5.730,00 (conta de despesa na DRE - perda)C – Clientes R$ 5.730,00 (baixa do saldo de contas a receber)

Em 26/05/x8 (17):

D – Devolução de Vendas R$ 1.380,00 (baixa de parte da receita de venda pela devolução)

C – Clientes R$ 1.380,00 (compensação de parte do direito pela devolução)

D – Estoque de Mercadorias R$ 1.013,70 (retorno do estoque vendido - atualização instantânea)

C – CMV R$ 1.013,70 (estorno do CMV: 3 unidades)

D – ICMS a Compensar R$ 234,60 (17% de 1.380,00 – direito adquirido)C – ICMS sobre Venda R$ 234,60 (estorno da despesa)

Em 27/05/x8 (18):

C – Caixa R$ 4.080,00 (Pagamento com 2% de juros)D – Fornecedores R$ 4.000,00 (Baixa da obrigação)D – Juros Passivos R$ 80,00 (Despesa de juros)

Em 28/05/x8 (19):

D – Caixa R$ 4.120,00 (Cobrança com 3% de juros)C – Clientes R$ 4.000,00 (Baixa do direito)

Page 214: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

UNIDADE 3 | OPERAÇÕES DIVERSAS EM CONTABILIDADE COMERCIAL

204

C – Juros Ativos R$ 120,00 (Receita de juros)

Em 29/05/x8 (20):

D – Energia Elétrica R$ 900,00 (despesa de energia na DRE) C – Caixa R$ 1.200,00 (valor pago à vista)

Em 29/05/x8 (21):

D – Caixa R$ 3.500,00 (entrada no caixa) C – Outras Receitas R$ 3.500,00 (conta de receita na DRE – receita

operacional)

Em 31/05/x8 (22):

D – Aplicação Financeira R$ 800,00 (entrada na aplicação – conta do AC) C – Rendimentos Aplicações R$ 800,00 (conta de receita na DRE – receita financeira)

Em 31/05/x8 (23):.

D – Despesa com PCLD R$ 50,00 (registro da despesa na DRE) C – PCLD R$ 50,00 (registro da provisão no ativo circulante)

Observe que na memória de cálculo da ficha de controle de estoque há diversas variações que não fazem parte das simples compras ou vendas, como, por exemplo, abatimentos, fretes e devoluções.

Quanto às demais operações vistas especificamente e separadamente em cada uma das 3 unidades, agora aparecem numa só empresa, facilitando a análise e o entendimento do assunto.

Page 215: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

205

Neste tópico vimos as principais operações relacionadas à Contabilidade Comercial, apresentadas neste Caderno de Estudos, porém, agrupadas num único exemplo para facilitar o entendimento do assunto.

Tendo como base o sistema de Inventário Permanente, controlado pela média ponderada, analisamos, desde os lançamentos diários e Razonetes até as Demonstrações Contábeis, de acordo com a Lei nº 11.638/2007.

RESUMO DO TÓPICO 3

Page 216: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

206

AUTOATIVIDADE

A Cia. Mascavo apresentou os seguintes saldos em 30/04/x8:

Capital R$ 134.250,00Aplicação Financeira R$ 20.000,00 Veículos R$ 60.000,00Caixa R$ 20.000,00Clientes R$ 35.000,00*PCLD R$ 750,00

* a conta clientes está assim representada:

Cliente Valor Total Dias em Atraso % da PCLD Valor da PCLD Líquido a ReceberA 12.000,00 45 1,5% 180,00 11.820,00 B 13.000,00 90 3,0% 390,00 12.610,00 C 8.000,00 60 2,0% 160,00 7.840,00 D 2.000,00 30 1,0% 20,00 1.980,00

TOTAL 35.000,00 750,00 34.250,00

Já no mês 05/x8 teve as seguintes operações:

01/05/x8 (1) – Venda de serviços a prazo ao Cliente H no valor de R$ 3.000,00, com incidência de 3% de ISSQN.

01/05/x8 (2) – Compra a prazo de 200 unidades da mercadoria “A” para revenda no valor de R$ 10.100,00, com 17% de crédito de ICMS, porém, no ato, o fornecedor concedeu um desconto de R$ 100,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 10.000,00.

01/05/x8 (3) – Frete sobre compra da mercadoria “A” em 01/05/x8 no valor de R$ 361,44, pago via caixa, com 17% de crédito de ICMS.

03/05/x8 (4) – Devolução de 50 unidades compradas em 01/05/x8. O valor foi compensado com fornecedores.

04/05/x8 (5) – Pagamento de R$ 2.500,00, via caixa, da compra efetuada em 01/05/x8. Foi obtido um desconto de 3% sobre o valor. 06/05/x8 (6) – Venda a prazo de 100 unidades da mercadoria “A” para o mercado interno ao Cliente W no valor de R$ 8.000,00, com 17% de débito de ICMS. Ao ser conferido na entrega junto ao cliente, constatou-se um pequeno defeito, mas que ainda permitiria sua venda ao consumidor final. Sendo assim, o Cliente W solicitou um abatimento de R$ 400,00 sobre o total da Nota Fiscal.

Page 217: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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08/05/x8 (7) – Compra a prazo de 100 unidades da mercadoria “A” para revenda no valor de R$ 4.000,00, sendo que na Nota Fiscal há incidência de 10% de IPI e 17% de ICMS, perfazendo uma compra total de R$ 4.400,00.

08/05/x8 (8) – Foi obtido, junto ao fornecedor, um abatimento sobre a compra efetuada em 08/05/x8, no valor de R$ 150,00.

09/05/x8 (9) – O Cliente A pagou R$ 11.820,00 dos R$ 12.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 180,00. O valor foi pago via caixa.

10/05/x8 (10) – Cobrança de R$ 2.100,00 do cliente W, via caixa, referente à venda efetuada em 06/05/x8. Foi concedido desconto 3% sobre o valor.

11/05/x8 (11) – O Cliente B pagou R$ 12.000,00 via caixa dos R$ 13.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 390,00. Já foi confirmado que o restante não será pago pelo cliente.

15/05/x8 (12) – Venda a prazo de 90 unidades da mercadoria “A” para o mercado externo ao cliente F, no valor de R$ 7.000,00.

15/05/x8 (13) – Frete sobre venda no valor de R$ 700,00, pago via caixa, com crédito de 17% de ICMS.

18/05/x8 (14) – O Cliente C pagou inteiramente, via caixa, os R$ 8.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 160,00.

24/05/x8 (15) – Venda a prazo de 50 unidades da mercadoria “A” para o mercado interno ao cliente Q no valor de R$ 3.700,00, com 17% de débito de ICMS, porém, no ato, foi concedido um desconto de R$ 200,00. Nesse caso, a nota fiscal foi emitida no valor total de R$ 3.500,00.

25/05/x8 (16) – O Cliente D pagou R$ 800,00 dos R$ 2.000,00 que devia e a PCLD era de R$ 20,00. Esse, por sua vez, declarou falência, não havendo mais a possibilidade de cobrar o restante.

26/05/x8 (17) – Devolução de 10 unidades da mercadoria vendida em 24/05/x8 ao cliente Q. O valor será compensado com o saldo a receber do cliente. ICMS 17%.

27/05/x8 (18) – Pagamento de R$ 3.000,00 via caixa, da compra efetuada em 01/05/x8. Foi pago juros de 1% sobre o valor.

28/05/x8 (19) – Cobrança de R$ 3.500,00 do cliente W via caixa, referente à venda efetuada em 06/05/x8. Foi cobrado 2% de juros sobre o valor.

29/05/x8 (20) – Despesa com energia elétrica no valor de R$ 600,00 via caixa.

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208

29/05/x8 (21) – Um antigo cliente denominado R pagou R$ 2.000,00, que haviam sido considerados incobráveis e já haviam sido baixados em períodos anteriores.

31/05/x8 (22) – Rendimento da aplicação financeira no valor de R$ 400,00.

31/05/x8 (23) – Provisão para Créditos de Liquidez Duvidosa de 1% da venda de serviços, efetuada em 01/05/x8 ao Cliente H.

Sabe-se que:

• A empresa tributa PIS e COFINS pelo regime cumulativo.

• Não há incidência do IPI, porém há o ICMS.

• A empresa utiliza o Sistema de Inventário Permanente.

• No controle do estoque é utilizada a média ponderada.

Com base nessas informações, resolva:

• a Memória de cálculo da ficha de controle de estoque; • os lançamentos contábeis por meio dos Razonetes;

• a apuração dos impostos;

• a Demonstração do Resultado do Exercício;

• o Balancete Patrimonial.

Resolução:

Memória de cálculo da ficha de controle de estoque

Page 219: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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Lançamentos contábeis por meio dos Razonetes

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Page 221: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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Apuração dos impostos

Page 222: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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Demonstração do Resultado do Exercício

Page 223: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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Balancete Patrimonial

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Page 225: Contabilidade ComerCial - UNIASSELVI

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Eurídice Mamede de. Contabilidade comercial: teoria e prática. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

BRASIL. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7212.htm>. Acesso em: 20 dez. 2010.

______. Lei nº 11.941 de 27 de maio de 2009. Institui o regime tributário de transição, alterando a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e dá outras providências. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/2009/lei11941.htm>. Acesso em: 20 dez. 2010.

______. Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de nº 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 20 dez. 2010.

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