CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL Com Silvio Aparecido Crepaldi Módulo 1 – A evolução da contabilidade e os principais conceitos 1.1– A história da contabilidade Segundo os historiadores, Aristóteles já refletia acerca de uma ciência que controlaria a riqueza do mundo. Portanto, a Ciência Contábil seria uma das ciências mais antigas que se conhece. Diversos registros mostram que as civilizações antigas já possuíam um esboço de técnicas contábeis. Podemos citar como exemplo a obra “Summa de arichmetica, proportioni et proportionalita”, de Frei Paccioli, que foi publicada em Veneza no ano de 1494 e que descreve, em um dos seus capítulos, um método empregado por mercadores de Veneza no controle de suas operações, posteriormente denominado “Método das Partidas” ou “Método de Veneza”. Nos séculos seguintes, a contabilidade expandiu sua utilização para instituições como a Igreja e o Estado, sendo muito importante no desenvolvimento do capitalismo. Porém, nessa época, as técnicas e as informações ficavam restritas aos donos dos empreendimentos, uma vez que os livros contábeis eram considerados sigilosos. Isso limitou consideravelmente o desenvolvimento da ciência, pois não existia a troca de idéias entre os profissionais. O único objetivo da contabilidade nessa época era informar ao dono do negócio qual o lucro obtido numa empreitada comercial. Só mais recentemente, com o desenvolvimento do mercado acionário e o fortalecimento da sociedade anônima como forma de sociedade comercial, é que a contabilidade passou a ser considerada como um importante instrumento para a sociedade.
1. CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL Com Silvio Aparecido
Crepaldi Mdulo 1 A evoluo da contabilidade e os principais
conceitos 1.1 A histria da contabilidade Segundo os historiadores,
Aristteles j refletia acerca de uma cincia que controlaria a
riqueza do mundo. Portanto, a Cincia Contbil seria uma das cincias
mais antigas que se conhece. Diversos registros mostram que as
civilizaes antigas j possuam um esboo de tcnicas contbeis. Podemos
citar como exemplo a obra Summa de arichmetica, proportioni et
proportionalita, de Frei Paccioli, que foi publicada em Veneza no
ano de 1494 e que descreve, em um dos seus captulos, um mtodo
empregado por mercadores de Veneza no controle de suas operaes,
posteriormente denominado Mtodo das Partidas ou Mtodo de Veneza.
Nos sculos seguintes, a contabilidade expandiu sua utilizao para
instituies como a Igreja e o Estado, sendo muito importante no
desenvolvimento do capitalismo. Porm, nessa poca, as tcnicas e as
informaes ficavam restritas aos donos dos empreendimentos, uma vez
que os livros contbeis eram considerados sigilosos. Isso limitou
consideravelmente o desenvolvimento da cincia, pois no existia a
troca de idias entre os profissionais. O nico objetivo da
contabilidade nessa poca era informar ao dono do negcio qual o
lucro obtido numa empreitada comercial. S mais recentemente, com o
desenvolvimento do mercado acionrio e o fortalecimento da sociedade
annima como forma de sociedade comercial, que a contabilidade
passou a ser considerada como um importante instrumento para a
sociedade. Atualmente, a rea contbil tornou-se essencial na maioria
das empresas, pois desta forma podem apresentar demonstraes
contbeis e divulgaes adequadas e esclarecedoras opinio pblica. O
desenvolvimento do mtodo contbil est intimamente associado ao
surgimento do capitalismo. A ampliao do leque dos usurios
potenciais da contabilidade decorre da necessidade de uma empresa
evidenciar suas realizaes para toda a sociedade: os sindicatos
precisam saber qual a capacidade de pagamento de salrios; o governo
demanda a agregao de riqueza economia e a capacidade de pagamentos
de impostos; os ambientalistas exigem conhecer a contribuio para o
meio ambiente;
2. os credores querem calcular o nvel de endividamento e a
probabilidade de pagamento das dvidas; os gerentes da empresa
precisam de informaes para ajudar no processo decisrio e reduzir as
incertezas etc. A partir de agora, voc ter a oportunidade de obter
conceitos e princpios fundamentais para administrar eficientemente
o seu empreendimento ou sua rea de trabalho, por meio das informaes
geradas pela contabilidade. 1.2 Objeto e finalidade Pode ser
considerada uma entidade qualquer pessoa fsica ou jurdica detentora
de um patrimnio a pessoa fsica o ser humano, o indivduo, e a pessoa
jurdica a que nasce da unio de duas ou mais pessoas fsicas ou
jurdicas, com um determinado objetivo comum. Vamos ver a seguir
algumas definies de contabilidade: Contabilidade uma cincia que
estuda e controla o patrimnio das entidades, mediante o registro, a
demonstrao expositiva e a interpretao dos fatos nele ocorridos, com
o intuito de oferecer informaes sobre sua composio e variao, bem
como sobre o resultado econmico decorrente da gesto da riqueza
patrimonial. O primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade,
realizado na cidade do Rio de Janeiro, de 17 a 27 de agosto de
1924, formulou um conceito oficial para Contabilidade: Trata-se de
uma cincia que estuda e pratica as funes de orientao, de controle e
de registro relativas administrao econmica. Interpretando essas
definies, podemos dizer que o objeto da contabilidade o patrimnio
e, para control-lo, feito o registro de todas as transaes que
acontecem na entidade por meio dos lanamentos contbeis,
possibilitando posteriormente obter informaes sobre a variao da
composio de bens, direitos, obrigaes, formao de lucro ou de prejuzo
no perodo apurado. Existem, porm, muitos casos, especialmente de
pessoas fsicas, em que esse controle perfeitamente dispensvel, uma
vez que o patrimnio to pequeno que no necessita de uma
contabilidade sistematizada para exerc-lo. As informaes produzidas
pela contabilidade devem ser: Confiveis: os trabalhos elaborados
devem inspirar confiana e segurana aos usurios.
3. geis: os trabalhos devem ser elaborados em tempo hbil para
serem usufrudos, porque seno perde-se o sentido da informao,
principalmente em pases com economia instvel. Elucidativas: cada
usurio da informao tem um grau de conhecimento; identific-lo
primordial para que os trabalhos sejam elucidativos. Fonte para a
tomada de deciso: o que est em jogo o patrimnio da empresa; dessa
forma, quem controla isso deve gerar o alicerce para as decises a
serem tomadas. Fazendo uso destes quatro princpios de trabalho, a
rea contbil capaz de ajudar a empresa a controlar suas atividades,
ou seja, mostrar se o comportamento est de acordo com os planos
traados; e tambm pode ajudar no planejamento, ou seja, nas linhas
de aes a serem tomadas e na maneira como devem ser executadas para
alcanar os objetivos. 1.3 Teorias contbeis Conhea as principais
teorias sobre contabilidade: Personalismo: A Teoria Personalista
das contas foi desenvolvida pelo italiano Francesco Marchi.
Pressupe que cada grupo de pessoas tem a responsabilidade pelo
controle do patrimnio, sendo possvel obter as informaes sobre a
composio. Controlismo: De acordo com esta doutrina, defendida por
Fbio Besta, as contas representam valores materiais e no simples
relaes de dbitos de pessoas. O que importa o montante do patrimnio
e no a relao de responsabilidade das pessoas. Aziendalismo: Esta
teoria defendida por Gino Zapa e pressupe que o patrimnio est sob a
ao administrativa do homem, e este deve cuidar tanto dos aspectos
constitutivos e quantitativos, como tambm de suas interferncias no
negcio. Patrimonialismo: Esta teoria foi criada por Vicenzo Masi.
Pressupe que o patrimnio um objeto de estudo e controle da
contabilidade, e prope a diviso de contas em patrimoniais e de
resultado. Dentre as quatro teorias que apresentamos, a teoria do
Patrimonialismo hoje a mais difundida e aceita. Ela prega que as
contas patrimoniais so as que representam bens, direitos, obrigaes
e situao lquida que constam do Balano Patrimonial e se relacionam
com o aspecto esttico do patrimnio; j as contas de resultado
representam as receitas e despesas, bem como as variaes da situao
lquida, e se relacionam com o aspecto dinmico do patrimnio.
4. 1.4 Princpios contbeis Se retomarmos o que vimos at agora,
podemos dizer que a contabilidade uma metodologia, pois somente
assim h possibilidade de universalizao das informaes e anlises.
Porm, essa metodologia no absolutamente rgida e, por isso, faz-se
necessrio que sejam obedecidos certos mandamentos, chamados de
Princpios Fundamentais de Contabilidade. O Conselho Federal de
Contabilidade, que controla o exerccio das atividades do contador,
emitindo a Resoluo CFC n 750, de 29 de dezembro de 1993, publicada
no Dirio Oficial da Unio (DOU) de 31/12/93, Seo I, p.21.582, e
republicado em 07-0294, Seo I, p.1.890 a 1.893, disps sobre as
Normas Brasileiras de Contabilidade, referentes aos Princpios
Fundamentais de Contabilidade (acesse a biblioteca para ler esta
resoluo). A observncia destes princpios obrigatria no exerccio da
profisso e constitui condio de legitimidade das Normas Brasileiras
de Contabilidade (NBC). Os princpios contbeis so: 1.Princpio da
entidade 2.Princpio da continuidade 3.Princpio da oportunidade
4.Princpio do registro pelo valor original 5.Princpio da atualizao
monetria 6.Princpio da competncia 7.Princpio da prudncia PRINCPIO
DA ENTIDADE Reconhece o patrimnio como objeto da contabilidade e
afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciao de um
patrimnio particular no universo dos outros existentes,
independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de
pessoas, a uma sociedade ou a uma instituio de qualquer natureza ou
finalidade, com ou sem fins lucrativos. Com isso, podemos deduzir
que o patrimnio da pessoa jurdica distingue-se do patrimnio pessoal
de cada scio. Dois pontos importantes devem ser compreendidos:
5. 1) Sendo a escrita contbil centrada em entidades, no se deve
misturar os recursos, direitos e obrigaes. Por exemplo: uma empresa
e seus scios so entidades distintas, por isso, no se pode confundir
o caixa do dono com o da empresa. 2) Devem-se olhar todos os
fenmenos patrimoniais do ponto de vista da entidade. Por exemplo:
se uma empresa compra mercadorias de um fornecedor, sua
contabilidade ir registrar uma dvida a saldar; por outro lado, o
fornecedor ter um crdito a receber. So registros contbeis
diferentes. PRINCPIO DA CONTINUIDADE A continuidade ou no da
entidade, bem como sua vida estabelecida ou provvel, deve ser
considerada quando da classificao das mutaes patrimoniais,
quantitativas ou qualitativas. Por este princpio pressupe-se que
uma empresa, ao fazer sua contabilidade, continuar existindo por
tempo indeterminado, j que essa continuidade influenciar o valor
econmico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou vencimento dos
passivos. A menos que haja boa evidncia em contrrio, ela continuar
a operar por um perodo indefinidamente longo no futuro, por isso o
princpio da continuidade. O xito de uma empresa medido pela
diferena entre o valor de sua produo e o custo dos recursos
aplicados na produo. Os recursos adquiridos e ainda no utilizados
aparecem nos registros contbeis no pelo seu valor atual de mercado,
mas pelo seu custo. Por exemplo: se uma empresa compra um terreno
por R$ 5.000,00, ela deve registr-lo com esse valor. Todas as
alteraes posteriores no valor de mercado no se refletiriam nos
registros contbeis, independentemente do valor vendido. PRINCPIO DA
OPORTUNIDADE Este princpio refere-se tempestividade e integridade
do registro das mutaes patrimoniais, determinando que este seja
feito no tempo certo e com a extenso correta. Como resultado deste
princpio, tambm chamado de Princpio da Universalidade, as empresas
so obrigadas a:
6. 1) registrar seu patrimnio e suas posteriores mutaes de
imediato e de forma integral, na data da emisso do documento e no
valor nele expresso; 2) o registro das variaes patrimoniais deve
ser feito mesmo na hiptese de somente existir razovel certeza de
ocorrncia e deve ser apropriado no montante que afeta o patrimnio;
3) o registro deve incluir elementos quantitativos e qualitativos,
contemplando os aspectos fsicos e monetrios; 4) o registro deve
prever as variaes ocorridas no patrimnio em um perodo de tempo
determinado, para gerar informaes teis ao processo decisrio da
gesto. As principais variaes patrimoniais tm origens em: -Transaes
realizadas com outras entidades, formalizadas mediante acordo de
vontades, independentemente da forma ou da documentao de suporte,
como compra ou venda de bens e servios; -Eventos de origem externa,
de ocorrncia alheia vontade da administrao, mas com efeitos sobre o
patrimnio, como modificaes nas taxas de cmbio, quebra de clientes,
efeitos de catstrofes naturais etc.; -Movimentos internos que
modificam predominantemente a estrutura qualitativa do patrimnio,
como a transformao de materiais em produtos semifabricados ou
destes em produtos prontos, mas tambm a estrutura
qualitativa-quantitativa, como no sucateamento de bens inservveis.
PRINCPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL Este princpio pressupe que
os componentes do patrimnio devem ser registrados pelos valores
originais das transaes e expressos a valor presente da moeda do
pas, que sero mantidos na avaliao das variaes patrimoniais
posteriores. Esse registro resulta na: 1) avaliao dos componentes
com base nos valores de entrada; 2) no alterao dos seus valores
intrnsecos, admitindo-se somente sua decomposio em elementos e/ou
sua agregao, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;
3) permanncia do valor original enquanto o componente permanecer
como pane do patrimnio, inclusive quando da sada deste; 4) traduo
do valor dos componentes patrimoniais pela homogeneizao
quantitativa dos mesmos.
7. Dessa forma, as quantias pelas quais os bens esto
registrados nas contas de uma empresa no indicam por quanto
poderiam ser vendidos. Em geral, certo dizer que quanto mais tempo
uma empresa possui um bem, menor a probabilidade de que a
importncia pela qual aparece nos registros contbeis corresponda a
seu atual valor de mercado. PRINCPIO DA ATUALIZAO MONETRIA Este
princpio pressupe que os efeitos da alterao do poder aquisitivo da
moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contbeis atravs
do ajustamento de expresso formal dos valores dos componentes
patrimoniais. Como resultado deste princpio temos que: 1) a moeda
no representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; 2)
para que a avaliao do patrimnio possa manter os valores das
transaes originais, necessrio atualizar sua expresso formal em
moeda nacional; 3) a atualizao monetria no representa nova
atualizao, mas somente o ajustamento dos valores originais para
determinada data, mediante a aplicao de indexadores ou outros
elementos aptos a traduzir a variao do poder aquisitivo da moeda
nacional em dado perodo. PRINCPIO DA COMPETNCIA Este princpio diz
que as receitas e as despesas devem ser includas na apurao do
resultado do perodo em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando
se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.
As receitas consideram-se realizadas nas transaes com terceiros
quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso de
efetiv-lo; quando do desaparecimento parcial ou total de um
passivo; ou pela gerao natural de novos ativos independentemente da
interveno de terceiros. Com relao s despesas, consideram-se
incorridas quando deixar de existir o correspondente valor ativo
por transferncia de sua propriedade para terceiros; pela diminuio
ou extino do valor econmico de um ativo; ou pelo surgimento de um
passivo, sem o correspondente ativo.
8. PRINCPIO DA PRUDNCIA Este princpio determina a adoo do menor
valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo,
sempre que se apresentem alternativas igualmente vlidas para
quantificao das mutaes patrimoniais que alterem o patrimnio lquido.
Este princpio impe a escolha da hiptese que resulte o menor
patrimnio lquido, quando apresentarem opes igualmente aceitveis
diante dos demais princpios. A prudncia consiste em, nos casos de
dvidas quanto a valores, no antecipar informaes de lucros. 1.5
Tcnicas contbeis Agora voc ir conhecer as tcnicas contbeis
utilizadas no trabalho dos profissionais da rea. Partindo-se do
conceito de que a contabilidade estuda o patrimnio, podemos inferir
que a sua funo principal o registro e o controle destes fatos.
Podemos chamar de ato administrativo as operaes que no modificam o
patrimnio, como, por exemplo, o anncio de venda de um terreno. J
fato administrativo so as operaes que modificam o patrimnio, como,
por exemplo, a concretizao da venda do terreno. Tcnicas contbeis so
os mtodos utilizados para: o registro dos fatos administrativos
(escriturao); a elaborao posterior das demonstraes contbeis; a
anlise da consistncia e qualidade dos lanamentos e das demonstraes
(auditoria); o estudo comparativo das demonstraes financeiras para
diagnosticar a sade econmico-financeira da empresa (anlise de
balanos). O registro dos fatos administrativos, ou seja, das
operaes que modificam o patrimnio, importante para a organizao
contbil. Para se ter uma uniformidade nesses registros preciso usar
sistemas e mtodos racionais, chamados de sistemas de contas e
mtodos de escriturao. O sistema de escriturao ou de contas
possibilita aos gestores da rea contbil obter diversas informaes de
acordo com os seus interesses e tambm pelo tipo de empresa na qual
atuam ou para a qual est sendo feita a escriturao.
9. Os enfoques dos registros podem ser os seguintes:
Patrimonial constitudo pelos elementos patrimoniais Financeiro
movimento das disponibilidades Oramentrio para instituies pblicas
Riscos para empresas de seguro e de previdncia social Giro Cambial
responsabilidades oriundas de garantias Bens de Terceiros registra
a posse real ou simblica de bens de terceiros Contratos registra
direitos e deveres decorrentes de contratos Estatstico observa
fenmenos administrativos por meio de fatos destacados 1.6 Campo de
aplicao Qualquer pessoa, fsica ou jurdica, que tenha necessidade de
manter registros patrimoniais, potencial beneficirio dos
conhecimentos e das prticas contbeis. Essa prtica deve estar
adequada natureza (pblica ou privada), ao ramo de atividade
(indstria, comrcio ou servio) e ao porte (pequeno, mdio ou grande)
da entidade em questo. CAMPO DE APLICAO DA CONTABILIDADE ENTIDADES
ECONMICO-ADMINISTRATIVAS = AZIENDAS Azienda termo italiano que
significa um conjunto econmico vinculado a um sujeito jurdico, isto
, a entidade com seu patrimnio. Elas podem ser de dois tipos: de
carter social e de carter econmico. Tambm podem ser classificadas
como pblicas ou privadas. importante saber tambm que existe um
sistema contbil especfico para cada tipo de informao que se
pretende obter. Vamos conhec-los. Contabilidade Fiscal: Participa
do processo de elaborao de informao para o fisco e responsvel pelo
planejamento tributrio da empresa. Essa rea de atuao possui uma
remunerao bastante atrativa para os profissionais de primeiro nvel.
Contabilidade Pblica: rea de controle e gesto das finanas pblicas.
Este um campo que possui bastante mercado de trabalho em Braslia,
por exemplo.
10. Contabilidade de Custos: Talvez hoje esta seja a rea mais
valorizada no Brasil e no mundo. Tornou-se muito importante com a
reduo da taxa de inflao e a abertura econmica aos produtos
estrangeiros. Fornece importantes informaes na formao de preo da
empresa. Contabilidade Gerencial: Voltada para a melhor utilizao
dos custos econmicos da empresa, por meio de adequado controle dos
insumos, efetuado por um sistema de informao gerencial. O
controller um dos profissionais com melhores remuneraes no mercado.
Auditoria: Por meio de empresas de auditoria ou de setores internos
da organizao, controla a confiabilidade das informaes e a
legalidade dos atos praticados pelos administradores. O
profissional desta rea tem uma remunerao bastante atrativa. Percia
Contbil: Atua na elaborao de laudos em processos judiciais ou
extrajudiciais. rea de atuao exclusiva do contador. Contabilidade
Financeira: Responsvel pela elaborao e consolidao das demonstraes
contbeis para fins externos. So os relatrios exigidos pelos rgos
que fiscalizam as empresas, como, por exemplo, Receitas Estadual e
Federal, e CVM (Comisso de Valores Mobilirios). Anlise
Econmica-financeira: Denominao moderna para a anlise de balanos.
Atua na elaborao de anlises da situao patrimonial de uma organizao
com base em seus relatrios contbeis. Avaliao de Projetos: Elaborao
e anlise de projetos de viabilidade de longo prazo, com a
estimativa do fluxo de caixa e o clculo de sua atratividade para a
empresa. Contabilidade Atuarial: Responsvel pela contabilidade de
fundos de penso e empresas de previdncia privada. Contabilidade
Ambiental:
11. Responsvel por informaes sobre o impacto causado no meio
ambiente. Consiste em contabilizar a utilizao do espao no qual a
empresa est inserida, destacando os possveis impactos ambientais
causados. Contabilidade Social: Dimensiona o impacto social da
empresa por meio da sua agregao de riqueza e de seus custos
sociais. O balano social mostra que a empresa explora uma atividade
econmica em uma determinada comunidade, mas tambm proporciona
recolhimentos de impostos, que retornam para a comunidade em forma
de empregos, por exemplo. Contabilidade de Empresas Transacionais:
Contabilidade de empresas imobilirias. 1.7 Contabilidade financeira
x contabilidade gerencial Para finalizarmos este primeiro mdulo em
que discutimos o surgimento da contabilidade e seus principais
conceitos, basta diferenciarmos a contabilidade financeira da
gerencial. Contabilidade financeira: o processo de elaborao de
demonstrativos financeiros para propsitos externos, como
acionistas, credores e autoridade governamentais. Ela condicionada
a imposies legais e requisitos fiscais e voltada para o passado.
Contabilidade gerencial: o processo de identificao, mensurao,
acumulao, anlise, preparao, interpretao e comunicao de informaes
financeiras usadas pela administrao para planejar, avaliar e
controlar dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e
responsvel de seus recursos. ITEM Clientela Propsito Data Restries
Tipo de informao Natureza da informao FINANCEIRA GERENCIAL Externa
Interna Reportar o desempenhoInformar decises tomadas passado pelos
gerentes Histrica, atrasada. RefleteAtual, orientada para o uma
realidade passada futuro Regulamentada: leis
fiscaisDesregulamentada: e princpios fundamentaissatisfazer
necessidades de contabilidade estratgicas e operacionais Somente
para mensuraoMensurao fsica e financeira operacional dos processos,
tecnologia e competidores Objetiva, auditvel,Mais subjetiva e
sujeita a confivel, consistente ejuzo de valor, vlida,
12. Escopo precisa relevante e acurada Muito agregada;
reportaDesagregada; informa as toda a empresa. Estdecises e aes
locais. presa obedincia de toda No est presa a legislao obedincia
de legislao, assim pode produzir relatrios setoriais e com contedo
mais informacional A contabilidade um ramo do conhecimento humano
que trata da identificao, avaliao, registro, acumulao e apresentao
dos eventos econmicos de uma entidade, com o objetivo final de
permitir a tomada de deciso por seus usurios internos e externos
por meio de seus sistemas de informao. As entidades utilizam as
informaes para comunicar as atividades em uma parte da organizao
aos responsveis pelas decises em outra parte. Mas as informaes
fazem mais que simplesmente comunicar. O tipo de informao
comunicada provoca aes que determinam o desempenho da empresa. A
contabilidade dever desempenhar um papel na nova base de informaes.
De muitas maneiras, estudiosos e profissionais tm tentado
caracterizar a contabilidade e, por conseqncia, expor, em linhas
gerais, as tarefas do contador no momento atual, no intuito de
conhecer suas limitaes, os contornos, o mbito e principalmente seu
objetivo. Mdulo 2 Patrimnio 2.1 Conceito de patrimnio Patrimnio: o
conjunto de bens, direitos e obrigaes, suscetveis de avaliao em
moeda e vinculados a uma empresa ou pessoa fsica, num determinado
momento. Bens: so valores materiais de propriedade da organizao;
irrelevante que eles estejam pagos ou no. Podemos citar como
exemplos de bens: dinheiro no caixa, mercadorias, matrias-primas,
mquinas, instalaes, prdios, terrenos, veculos etc. Os bens podem
ser classificados em quatro categorias diferentes: imveis - tudo
quanto possa ser incorporado ao solo. Exemplos: prdios, galpes etc.
mveis - aqueles suscetveis de movimento prprio ou de remoo por fora
alheia. Exemplos: equipamentos, instalaes etc.
13. fungveis - os bens mveis que podem ser substitudos por
outros da mesma espcie, qualidade e quantidade. Exemplos: uma saca
de arroz, uma dzia de canetas etc. consumveis - os bens mveis cujo
uso importa destruio imediata da prpria substncia. Exemplos:
sementes para uso na agricultura, alimentos em geral etc.
importante destacar que um ativo de uma empresa s pode constar como
um bem patrimonial quando ela tiver algum dos seguintes direitos
sobre ele: TIPO DE DIREITO 1) Da propriedade CARACTERIZAO Domnio
por parte do proprietrio (bem na mo de terceiro). Exemplo: aluguel
de uma mquina. Direito to-somente de usufruto por parte do
adquirente, podendo vend-lo desde que no haja restrio por parte do
proprietrio (bem de terceiro). Exemplo: utilizao de um imvel. 3) Da
propriedade e daNeste instante, passa-se a ter efetivamente um bem
2) Da posse posse propriamente dito e sem restrio, sendo que a
empresa adquiriu total liberdade sobre o objeto. Exemplo: imvel
adquirido pela empresa. Se ele no se enquadrar em nenhum desses
tipos de direitos, o bem no pode ser considerado um patrimnio da
empresa. O patrimnio inicial de uma empresa normalmente formado
pelo capital social, ou seja, o dinheiro ou os bens materiais que
os scios colocam disposio da entidade para que ela possa funcionar.
Este patrimnio, ento, diversificado em bens das mais variadas
espcies. Os direitos, elementos positivos, fazem parte do ativo da
empresa, e as obrigaes, elementos negativos, do passivo. Patrimnio:
o conjunto ou fundo de valores econmicos negativos e positivos
vinculados a certa entidade. Os valores positivos do patrimnio so
os bens e direitos e so considerados como ativo da empresa. J os
valores negativos so as obrigaes e so considerados como passivo da
empresa. Direitos: so bens que nos pertencem, mas que no esto em
nosso poder. So os valores de propriedade da empresa que esto em
posse de terceiros, como dinheiro aplicado em banco, valores a
receber por vendas a prazo de mercadorias, capital social a
integralizar, adiantamento a fornecedores etc.
14. Obrigaes: so bens em nosso poder que pertencem a terceiros.
So as dvidas que a empresa tem para com terceiros, como salrios a
pagar, emprstimos bancrios, impostos a recolher, fornecedores de
mercadorias, ttulos a pagar etc. Para concluir os conceitos
relacionados ao patrimnio de uma empresa, vamos conhecer outras
denominaes dadas aos seus componentes. So elas: Imobilizaes
tcnicas: representam os valores que se encontram aplicados para a
utilizao na manuteno das atividades da empresa. So bens que vo
sendo lentamente consumidos pelo uso. Exemplo: mquinas, veculos,
prdios, utenslios, mveis, ferramentas e instalaes aplicadas na
produo. Bens de venda: representam este grupo os valores que se
destinam a ser vendidos, quer no estado em que existem, quer
transformados ou adaptados (caso da indstria). Exemplo:
mercadorias, matrias-primas, matrias auxiliares, produtos
semi-acabados, produtos terminados, retalhos, resduos etc. Bens de
crdito: representam este grupo os valores que se destinam a
produzir resultados pela prpria natureza da aplicao. Geralmente so
imobilizaes financeiras. Exemplos: aplices, aes e cotas de outras
empresas, debntures de terceiros, imveis alugados e arrendados etc.
Crditos de funcionamento: representam este grupo os valores a
receber oriundos das operaes normais e tcnicas dos negcios,
geralmente de vendas a crdito a pequenos prazos. Exemplos:
duplicatas a receber, letras de cmbio a receber, valores em conta
corrente etc. Crditos de financiamento: representam este grupo os
valores de crditos a receber oriundos de emprstimos de dinheiro
feitos a terceiros, geralmente a longo prazo. Exemplos: notas
promissrias a receber, valores em conta corrente a receber etc.
Bens numerrios: representam o dinheiro e os ttulos que diretamente
expressam a moeda. Exemplos: dinheiro em caixa e em banco, cheques,
ordens de pagamento vista etc. Rateios e antecipaes ativas:
representam os valores antecipados em pagamentos ou crditos em
formao. Exemplos: antecipaes a fornecedores, dividendos a pagar em
outras empresas etc. Dbitos de funcionamento: representam este
grupo os valores a pagar, ou seja, as dvidas ou o capital de
terceiros, que financiaram aplicaes normais ou tcnicas, oriundas
geralmente de compras a prazo. Exemplos: duplicatas a pagar, letras
de cmbio a pagar, valores em conta a pagar etc. Dbitos de
financiamento: representam este grupo os valores de dvidas oriundas
de emprstimos de dinheiro feitos por terceiros, geralmente a maior
prazo. Exemplos: notas promissrias a pagar, hipotecas, penhores,
valores em conta a pagar etc.
15. Rateios e antecipaes passivas: representam os valores
recebidos como antecipaes ou dvidas em formao. Exemplos: antecipaes
de clientes, dividendos a pagar etc. 2.2 Ativo e passivo ATIVO
PASSIVO = SITUAO LQUIDA Vimos no tpico anterior que o ativo de uma
empresa composto pelos direitos, enquanto o passivo composto pelas
obrigaes. Dessa forma, se subtrairmos um pelo outro, teremos a
situao lquida da empresa. Na contabilidade, o ativo sempre igual ao
passivo. A razo desta igualdade ser mais bem explicada quando
tratarmos do mtodo das partidas dobradas. Mas, em princpio, vamos
tentar entender analisando alguns exemplos numricos. Capital o
aporte de recursos que os scios colocam disposio da empresa. O
contrato social fixa o valor do capital expresso em moeda nacional,
e ele pode ser alterado no decorrer da vida da empresa mediante
integralizao de lucros, reservas ou aportes de novos recursos
externos. Esse capital poder ser formado com contribuies em
dinheiro ou em qualquer espcie de bens suscetveis de avaliao em
dinheiro. Conhea alguns conceitos de capital: Capital social ou
nominal: o valor constante dos atos constitutivos do capital da
empresa; Capital subscrito: o montante de recursos que os scios
subscreveram; Capital realizado: o capital subscrito diminudo da
parcela ainda a integralizar; Capital a integralizar: o montante de
recursos que os scios ainda no entregaram para a empresa; Capital
autorizado: o limite mximo que o capital poder atingir, sem que
haja alterao do estatuto; Capital prprio: igual ao patrimnio lquido
ou situao lquida. So os valores no exigveis; so os recursos que os
scios investiram para explorao da atividade econmica; Capital (do
ponto de vista econmico): todo bem econmico passvel de ser aplicado
produo. 2.3Situao lquida e suas alteraes Agora que j entendemos um
pouco mais sobre ativo e passivo, vamos fazer o mesmo com a situao
lquida, j que vimos anteriormente que ela resulta da subtrao do
ativo pelo passivo. O que voc acha que situao lquida de uma
empresa?
16. Vimos anteriormente que o passivo de uma empresa formado
pelas obrigaes. Estas obrigaes da empresa so para com terceiros e
tambm para com os seus scios, uma vez que eles investiram capital
para sua abertura. Entra aqui o Princpio das Entidades: scios,
apesar de serem os donos da empresa, tm direitos em funo do
dinheiro que investiram e tambm dos lucros gerados. Estas obrigaes,
denominadas de situao lquida, se modificam com as alteraes do
capital e pela apurao dos lucros ou prejuzos. Os prejuzos,
evidentemente, tornaro a situao lquida negativa e, nestas condies,
os scios passaro a ter obrigaes com a empresa e no o inverso, como
mencionamos. Considerando que os valores componentes da equao
patrimonial assumem diversas grandezas, devido relao entre os bens
e direitos e as obrigaes com terceiros, a situao lquida da empresa
pode ser positiva, negativa ou nula: SITUAO LQUIDA NEGATIVA,
DESFAVORVEL OU DEFICITRIA Quando o total dos bens e direitos menor
do que o total das obrigaes, o ativo menor do que o passivo, diz-se
que a situao lquida ou o patrimnio lquido negativo, desfavorvel ou
deficitrio, no existindo riqueza prpria, ou ainda, que o passivo
est a descoberto. SITUAO LQUIDA NULA OU EQUILIBRADA Se o total do
ativo, bens e direitos, exatamente igual ao total das obrigaes
(passivo), diz-se que a situao lquida ou patrimnio lquido nula ou
equilibrada, no existindo, tambm, riqueza prpria. SITUAO LQUIDA
POSITIVA, FAVORVEL OU SUPERAVITRIA Quando o ativo maior que o
passivo, ou seja, quando os bens e direitos superam as obrigaes,
diz-se que o patrimnio lquido ou a situao patrimonial positivo,
favorvel, superavitrio ou, ainda, que existe riqueza prpria.
Considerando as regras fundamentais da contabilidade, que determina
o registro da aplicao dos recursos simultaneamente e em valores
iguais s respectivas origens, temos como correta a seguinte equao
contbil geral: Ativo + Despesas = Capital Social + Receitas +
Passivo Imagine que o patrimnio de uma empresa seja constitudo da
seguinte forma:
17. Caixa $ 300.000 Fornecedores $ 75.000 Capital Social $
225.000 Durante o exerccio social em questo, foram realizadas as
seguintes operaes: 1)aquisio de um veculo para uso prprio a prazo $
30.000 2)compra de mercadorias $ 100.000 3)venda de mercadorias a
prazo $ 150.000 com lucro de $ 50.000 4)despesas administrativas a
dinheiro $ 25.000 Dessa forma, a situao patrimonial da empresa em
questo seria: ATIVO PASSIVO Caixa............................ $
175.000,00 Fornecedores.............. $ 75.000,00 Duplicata a
Receber .... $ 150.000,00 Ttulos a Pagar ........... $ 30.000,00
Veculos ....................... $ 30.000,00 Total do Passivo
........ $ 105.000,00 Capital ......................... $
225.000,00 Receita ........................ $ 50.000,00 Despesa
Administrativa $ 25.000,00 Total do Pat. Lquido Total
(ATIVO).............. $ 355.000,00 $ 250.000,00 Total (P + SL).. $
355.000,00 1.O valor do caixa, inicialmente descrito como $
300.000, foi descrito na tabela como $ 175.000 em virtude de terem
sido abatidos os valores das operaes feitas vista, ou seja, a
aquisio das mercadorias e das despesas administrativas. 2.A aquisio
do veculo deve constar tanto como ativo quanto passivo, por ter
sido feita a prazo, ou seja, um ativo por ser um bem da empresa,
mas tambm um passivo por ser uma obrigao a ser paga posteriormente.
3.O total do ativo a somatria do caixa, da duplicata a receber
(venda de mercadorias) e do veculo adquirido.
18. 4.O total do passivo a somatria dos fornecedores, do veculo
a ser pago, do capital social e das despesas administrativas. Vamos
discorrer agora sobre as possveis alteraes da situao lquida. O
patrimnio das entidades passa por constantes modificaes, motivadas
pelas decises tomadas por sua administrao ou mesmo por
acontecimentos imprevisveis, mas que tm reflexos sobre o patrimnio.
Estes eventos so denominados fatos contbeis ou fatos
administrativos e devem ser registrados pela contabilidade da
empresa. Eles do margem a trs tipos de alteraes no patrimnio: Fatos
permutativos: So aqueles que no alteram o patrimnio lquido da
empresa, ocorrendo somente trocas entre os elementos que o compem,
tais como: bens por bens, bens por obrigaes, direitos por bens etc.
Representam modificaes entre componentes do ativo e/ou passivo, sem
que o patrimnio lquido se modifique. Exemplos: -compra de
mercadorias vista (bens por bens) -compra de instalaes a prazo
(bens por obrigaes) -recebimento de direitos (direitos por bens)
-pagamento de obrigaes (bens por obrigaes) Fatos modificativos: So
aqueles que alteram o patrimnio lquido da empresa. Eles podem ser
aumentativos, quando o patrimnio aumenta com as receitas, e
diminutivos, quando diminui com as despesas. Exemplos: -receitas de
aluguel (fato modificativo aumentativo) -receitas de juros (fato
modificativo aumentativo) -despesas de salrios (fato modificativo
diminutivo) -despesas financeiras (fato modificativo diminutivo)
Fatos mistos: So aqueles que provocam alteraes no ativo, no passivo
e no patrimnio lquido simultaneamente. Eles combinam os fatos
permutativos e modificativos. Exemplos: -venda de mercadorias com
lucro (entrou o dinheiro no caixa, saiu a mercadoria e aumentou o
patrimnio lquido)
19. -pagamento de duplicatas com juros (saiu o dinheiro do
caixa, diminuiram as obrigaes e houve uma despesa) 2.4 Conceito de
contas Partindo do pressuposto que a contabilidade de uma empresa
feita por meio do registro dos fatos contbeis, como vimos
anteriormente, necessrio seguir uma padronizao para este
procedimento. O Mtodo das Partidas Dobradas universalmente
utilizado e aceito para este registro. Com ele, cada dbito efetuado
numa ou mais contas deve corresponder a um crdito em uma ou mais
contas, ou melhor, cada dbito corresponde sempre a um crdito de
mesmo valor. Dessa forma, para cada registro contbil temos sempre
pelo menos duas contas. Uma conta um recurso contbil utilizado para
reunir sob um nico item todos os eventos e valores patrimoniais
(bens, direitos ou obrigaes) de mesma natureza. Por exemplo: Conta
Banco Ultramarino rene todos os movimentos, depsitos e retiradas de
dinheiro realizados no banco Ultramarino Conta Veculos informa
todos os movimentos, compra e venda de veculos Em contabilidade,
contas so denominaes contbeis que identificam e controlam elementos
contbeis de natureza semelhante; o registro de dbitos e crditos da
mesma natureza, identificados por um ttulo que qualifica um
componente do patrimnio ou uma variao patrimonial. CAIXA
________________________________________________________ D C
________________________________________________________
________________________________________________________ Saldo
Caixa: seria o nome dado conta para lanamento dos fatos
administrativos. Estes lanamentos sero efetuados por registros a
dbito e a crdito, conforme movimentao ocorrida. D: debitar uma
conta registrar o valor da operao no lado esquerdo. C: creditar uma
conta registrar o valor da operao no lado direito.
20. Saldo: trata-se da diferena entre o dbito e o crdito de uma
conta. Ele pode ser credor ou devedor. Ele devedor quando o dbito
maior que o crdito, e credor quando o crdito maior que o dbito.
Estes registros contbeis so feitos no razonete, como o esquema nos
mostra. L so representados os movimentos de dbito e crdito das
contas em forma de T. O seu objetivo explicar a razo da existncia
da conta, para que ela serve, onde ela se aplica, como se trabalha
com ela e como ela passa pelas fases de abertura, desenvolvimento e
encerramento. As contas tambm podem ser classificadas de acordo com
sua funcionalidade. Para isso, elas se dividem em: COMPOSIO
Sintticas Analticas MOVIMENTAO Dinmicas Estticas POSIO Unilaterais
Bilaterais DURAO Permanentes Transitrias LEI DAS SOCIEDADES POR AES
Patrimoniais Resultado Sintticas: As contas sintticas so aquelas
que dispensam ou no exigem desdobramentos. Cada conta desse tipo
rene dbitos e crditos de vrias subcontas relacionadas.
21. Exemplo: bancos, contas correntes, caixa. Analticas: As
contas analticas exigem desdobramentos. So subcontas filiadas a
determinadas contas gerais. Exemplo: Banco do Estado do Piau, Banco
Portugus do Brasil (so desdobramentos da conta sinttica bancos).
Unilaterais: As contas unilaterais so aquelas que sofrem variaes
apenas num sentido. Por isso, o saldo dessas contas aumenta
(positiva ou negativamente) sempre. Esto nesse caso as contas
Receitas, que sempre sero creditadas, e as contas Despesas, que
sempre sero debitadas. Bilaterais: As contas bilaterais so aquelas
que sofrem variaes nos dois sentidos, ou seja, seu saldo pode
aumentar ou diminuir. Elas so divididas em trs classes: contas do
ativo, contas do passivo ou contas mistas. Dinmicas: As contas
dinmicas so aquelas que atendem rotina do processo contbil, sendo
debitadas ou creditadas a cada passo. Exemplo: caixa, bancos,
despesas gerais, duplicatas a receber. Estticas: As contas estticas
so aquelas que se movimentam apenas em virtude de eventos
especficos e acidentais, como constituio da empresa, construes,
constituio de reservas, reforma de instalaes e apurao de
resultados. Exemplo: capital, prdios, reserva legal, gastos com
instalao. Permanentes: As contas permanentes so aquelas que
registram os fatos da administrao econmica em seus movimentos
usuais. Exemplo: mercadorias, capital, contas a receber, contas a
pagar. Transitrias: As contas transitrias so aquelas criadas para
atender situaes especiais e que perdem a razo de existir quando
tais situaes se extinguem. Exemplo: balano de abertura (usada para
receber valores ativos e passivos de um inventrio levantado ao
iniciar-se um negcio. Ela deixa de existir quando estes valores so
debitados nas contas de bens e de direitos conforme o caso, e
creditados nas contas de obrigaes e de capital). Patrimoniais: As
contas patrimoniais so aquelas que representam e expressam valores
do patrimnio, ou seja, do ativo, do passivo e do patrimnio lquido.
Exemplo: duplicatas a receber, fornecedores, emprstimos.
22. Resultado: As contas de resultado so aquelas que
representam e expressam valores das despesas e receitas. Exemplo:
salrios, juros, passivos, receitas financeiras. Para finalizar este
tpico, o ltimo grupo de contas o de compensao. Este grupo especial
de contas serve para representar atos administrativos que no
alteram o patrimnio. Elas funcionam apenas como lembretes para o
administrador do patrimnio. Representam deslocamentos momentneos de
bens ou direitos para outras entidades e compromissos firmados
pelos gestores da massa patrimonial em nome da empresa. Veja alguns
exemplos deste grupo: Emprstimo de um bem de uma entidade para
outra Fiana prestada em contratos Hipotecas imobilirias Mercadorias
compradas e vendidas em consignao Entrega de Duplicatas a Receber
para cobrana As contas de compensao so lanadas aos pares, ou seja,
a uma conta de compensao no dbito contrape-se outra de compensao no
crdito. Por isso, uma conta de compensao jamais ter como
contrapartida uma conta patrimonial. Desse modo, fcil entender que
o ativo de compensao soma o mesmo valor que o passivo de compensao,
pois no h situao lquida nessa massa, como se d com o patrimnio da
entidade. 2.5 Plano de contas O plano de contas o elo de comunicao
da entidade com os diversos usurios da informao contbil, como os
administradores, os investidores, os agentes financeiros, os
clientes, os fornecedores, o fisco etc. Trata-se de um sistema
metdico e organizado, em que os fatos contbeis devem ser
classificados para que a contabilizao seja feita de maneira
uniforme. Nele devem ser apresentadas as contas, o ttulo e a
descrio de cada uma, bem como os regulamentos e convenes que regem
o uso do plano e de suas contas integrantes do sistema contbil da
empresa. Um bom plano de contas deve ter os seguintes elementos
bsicos: -elenco de contas: relao das contas que sero utilizadas
segundo o planejamento contbil; -funo atribuda a cada conta: o que
cada ttulo (conta) representa no patrimnio da empresa;
23. -funcionamento: quando deve ser debitada e quando deve ser
creditada. Ao elaborar um plano de contas necessrio estudar a
natureza da empresa a que ele vai pertencer, colhendo dados como
forma jurdica (fundao, associao etc.), ramo de atividade (comrcio,
indstria etc.), sistema de operaes ( vista, a prazo etc.), volume
dos negcios (atacado ou varejo), exigncias de ordem legal
(autorizao e/ou concesso de rgos pblicos). De posse desses
elementos, ou de outros que forem considerados como necessrios,
torna-se possvel a confeco do plano de contas. Apresentaremos a
seguir a estrutura do plano de contas utilizada para o registro dos
fatos contbeis de uma empresa. possvel adotar as diretrizes
estabelecidas na legislao comercial e fiscal, que se tm revelado
bastante teis tambm para fins gerenciais. Conhea a seguir a
estrutura bsica do plano de contas, com algumas contas dispostas,
segundo a legislao comercial, Lei 6.404/76. ATIVO PASSIVO ATIVO
CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADES DUPLICATAS A PAGAR
CAIXA CONTRIBUIO A RECOLHER BANCOS CONTA MOVIMENTO PASSIVO EXIGVEL
A LONGO PRAZO DIREITOS REALIZVEIS CONTAS A PAGAR DUPLICATAS A
RECEBER RESULTADO DE EXERCCIO FUTURO (-) DUPLICATAS DESCONTADAS
PATRIMNIO LQUIDO (-) PROVISO P/ CRD. LIQ. DUVIDOSA CAPITAL SOCIAL
ADIANTAMENTOS RESERVAS DE REAVALIAO ESTOQUES RESERVAS DE LUCROS
MERCADORIAS LUCROS OU PREJUZOS ACUMULADOS DESPESAS ANTECIPADAS
SEGUROS A VENCER REALIZVEL A LONGO PRAZO CONTAS A RECEBER ATIVO
PERMANENTE INVESTIMENTO RESERVA DE CAPITAL
24. IMOBILIZADO MVEIS E UTENSLIOS VECULOS (-) DEPRECIAO
ACUMULADA DIFERIDO DESPESAS PR-OPERACIONAIS CONTAS DE RESULTADO
DESPESAS OPERACIONAIS VENDAS SALRIOS COMISSES DE VENDAS PROPAGANDA
E PUBLICIDADE ALUGUIS IMPOSTOS E TAXAS MATERIAL DE ESCRITRIO GUA,
LUZ E TELEFONE SEGUROS DESPESAS DIVERSAS ADMINISTRATIVAS HONORRIOS
E PR-LABORE SALRIOS GRATIFICAES A FUNCIONRIOS AVISO PRVIO E
INDENIZACES PROVISES PARA FRIAS PROVISES PARA 13 SALRIO ENCARGOS
SOCIAIS ALUGUIS GUA, LUZ E TELEFONE CORREIOS E MALOTES REPRODUO
SEGUROS
25. DESPESAS DE VIAGENS COPA E COZINHA MANUTENO DO ESCRITRIO
SERVIOS DE TERCEIROS ASSINATURAS E PUBLICAES IMPOSTOS E TAXAS
FINANCEIRAS COMISSES E DESPESAS BANCRIAS JUROS VARIAO CAMBIAL
CORRECO MONETRIA RECEITAS FINANCEIRAS DESCONTOS OBTIDOS OUTRAS
RECEITAS E DESPESAS RECEITAS VENDAS NO MERCADO NACIONAL VENDAS NO
MERCADO EXTERNO VENDAS VISTA VENDAS A PRAZO VENDAS DE MERCADORIAS
VENDAS DE PRODUTOS FABRICADOS RECEITA DE SERVIOS EXECUTADOS
DESCONTOS OBTIDOS RECEITAS DE JUROS RECEITAS DIVERSAS A correta
classificao das contas de fundamental importncia para possibilitar
estudos comparativos, anlises e quaisquer outros detalhamentos. A
quantificao apropriada das contas, realando as que efetivamente
representam fatos relevantes, essencial ao planejamento e controle
da contabilidade. No plano de contas possvel estabelecer uma
conveno numrica ou literal para identificar as contas e
classific-las nos respectivos grupos e subgrupos.
26. Veja um exemplo. Utilizamos Cdigo 1 para Ativo e Cdigo 2
para Passivo. l. Ativo 1.1. Ativo Circulante 1.1.1.
Disponibilidades 2. Passivo 1.1.2. Direitos Realizveis 2.1. Passivo
Circulante 1.1.3. Estoques 2.2. Passivo Exigvel de Longo Prazo
1.1.4. Despesas do Exerccio 2.3. Resultados de Exerccios Futuros
Seguinte 2.4. Patrimnio Lquido 1.2. Ativo Realizvel a Longo Prazo
1.3. Ativo Permanente 1.3.1. Investimentos 1.3.2. Imobilizado
1.3.3. Diferido 2.6 Determinao do dbito e do crdito No estudo da
contabilidade, a determinao do dbito e do crdito de fundamental
importncia, pois isso ir determinar todo o processo contbil. O
primeiro passo para determinar o dbito ou o crdito de certa conta
ser saber a origem da mesma, ou seja, se ela um bem ou direito
(ativo), uma obrigao (passivo), ou se ela representa um elemento do
patrimnio lquido positivo ou negativo. Dessa forma, temos: -o ativo
composto por contas com saldo devedor -o passivo composto por
contas com saldo credor -o patrimnio lquido positivo sempre
creditado e seu saldo credor -o patrimnio lquido negativo sempre
debitado e seu saldo devedor SALDO DEVEDOR ATIVO SALDO CREDOR
PASSIVO
27. PATRIMNIO LQUIDO (-) (DESPESA) PATRIMNIO LQUIDO (+)
(RECEITA) Todas as contas tm um valor inicial, ou seja, o primeiro
lanamento que se faz em determinada conta ter que ser de acordo com
sua origem. Vamos entender isso melhor. a)Uma conta que representa
um bem ou um direito da empresa, ter seu valor inicial sempre a
dbito. b)Nas contas do patrimnio lquido, as despesas so debitadas.
c)As contas que representam obrigaes da empresa tero seu valor
inicial sempre a crdito. d)Nas contas do patrimnio lquido, as
receitas so creditadas. Exemplificando: se formos usar pela
primeira vez a conta Caixa, teremos que faz-lo a dbito, pois se
trata de um bem e, portanto, de um ativo da empresa. Se formos usar
a conta Fornecedores, vamos credit-la, pois ela representa uma
obrigao e, portanto, um passivo da empresa. Assim, partindo de um
valor inicial, as contas bilaterais (ativo e passivo), vo sendo
debitadas e creditadas com seu saldo variando a cada operao:
Anotam-se no dbito: -os aumentos do ativo -as redues do passivo -os
aumentos do patr. lq. negativo Anotam-se no crdito: - as redues do
ativo - os aumentos do passivo - os aumentos do patr. lq. positivo
SALDO ELEMENTOS INICIAL ATIVO DBITO PASSIVO CRDITO SITUAO LQUIDA
POSITIVA SITUAO LQUIDA NEGATIVA CRDITO DBITO VARIAES CRDITO/DBITO
(+) DBITO (-) CRDITO (+) CRDITO (-) (+) DBITO CRDITO (+) DBITO
28. Para melhor entendimento do quadro anterior, vamos
decifr-lo: as contas do Ativo tm o valor inicial a dbito; aumentam
seu saldo com os dbitos e diminuem com os crditos; as contas do
Passivo tm o valor inicial a crdito; aumentam com os crditos e
diminuem com os dbitos; as contas do Patrimnio Lquido Positivo tm
seu valor inicial a crdito; sero sempre creditadas e o seu saldo
aumentar sempre; as contas do Patrimnio Lquido Negativo tm seu
valor inicial a dbito; sero sempre debitadas e o saldo aumentar
sempre. Para concluir, o registro dos fatos contbeis fica muito
mais fcil se forem seguidos alguns passos. 1. Identificar as contas
envolvidas 2. Identificar a que grupo pertence a conta 3.
Identificar qual o efeito do fato sobre cada conta 4. Efetuar o
lanamento segundo o mecanismo de dbito e crdito Mdulo 3 Controle
interno e avaliao de estoques 3.1 Conceito e categorias e controles
internos Voc j reparou como o controle faz parte da nossa vida?
Estamos constantemente controlando nossos horrios, nossas atitudes,
nossos comportamentos, nossos gastos... Isso j faz parte da nossa
rotina diria. Nas empresas isso no diferente. Mudam apenas os tipos
de controles, que existem para outras finalidades. Vamos entender
isso melhor. As empresas tambm utilizam algumas formas de controle
em sua rotina diria. Para que se mantenham ativas no mercado
necessrio adotar esta poltica interna, pois s assim se mantero
organizadas e produtivas. Controle interno o sistema adotado por
uma empresa que compreende o plano de organizao, os deveres,
responsabilidades e todos os mtodos e medidas adotadas, com a
finalidade de: salvaguardar os ativos; verificar a exatido e
fidelidade dos dados e relatrios contbeis e de outros dados
operacionais; desenvolver a eficincia nas operaes;
29. comunicar e estimular o cumprimento das polticas, normas e
procedimentos administrativos adotados. Ao conceito de controle
interno podemos agregar o conceito de sistema, que, na verdade, so
complementares. Todas as empresas so estruturadas para atingir um
ou vrios objetivos especficos. Vimos que, para isso, elas precisam
adotar controles internos capazes de organizar todas as rotinas e
procedimentos. Podemos chamar essa organizao de sistemas, que, em
ltima anlise, representam o modo lgico por meio do qual se executa
determinada tarefa. Estes sistemas permitem administrao da empresa
obter eficincia em suas tarefas, por meio da aplicao de funes
especficas organizadas de modo lgico. Obviamente, devemos imaginar
que a alta administrao de uma empresa no tem condies de controlar
todas as tarefas desenvolvidas por seus funcionrios. Por isso, para
assegurar-se que tais funes esto sendo devidamente praticadas so
definidos outros sistemas que tm por finalidade controlar o
funcionamento do sistema anterior, ou seja, eles servem para
fiscalizar se as rotinas esto sendo corretamente cumpridas pelos
seus funcionrios. Este novo sistema chamamos de sistema de
controles internos. Segundo suas finalidades, podemos desdobr-lo
em: Controles organizacionais: Este tipo de controle est
relacionado designao de responsabilidade e delegao de autoridade
aos funcionrios. Partindo do pressuposto de que impossvel para a
alta administrao controlar tudo e todos, imprescindvel que ela
estabelea uma estrutura organizacional adequada, que possa realizar
as atividades de planejamento, execuo e controle das operaes. No
que tange organizao de funes e delegao de autoridade, conveniente
documentar a definio de linhas e instrues de operao, mediante a
elaborao de manuais, organogramas e descrio de cargos. Controles de
sistemas de informao: Este tipo de controle est relacionado
adequada prestao de informao aos diferentes nveis da
administrao.
30. Em todas as empresas, o planejamento e o controle das
operaes dependem do conhecimento que a administrao tem das
atividades e operaes passadas, presentes e futuras. Esse
conhecimento depende em maior ou menor grau, de acordo com cada
empresa, do sistema de informao. Este sistema serve como olhos e
ouvidos da administrao, j que ela no pode estar presente em todos
os lugares. Controles de procedimentos: Este tipo de controle
refere-se observao de polticas e procedimentos dentro da organizao.
Em qualquer empresa, de extrema importncia que todos os funcionrios
compreendam claramente suas funes e responsabilidades, conhecendo
as normas e procedimentos internos documentados. Estes
procedimentos devem ser adequados estrutura da empresa, devem ser
bem definidos e fceis de interpretar e aplicar. Existem dois tipos
de procedimentos: os procedimentos do fluxo de documentao, que so
incorporados no sistema de processamento das transaes (por exemplo,
reviso de clculos, endosso de cheques etc.); e os procedimentos de
controles independentes, que so estabelecidos pela administrao (por
exemplo, auditoria interna, conciliao bancria etc.). Em relao ao
controle organizacional importante destacar que as empresas devem
tomar o cuidado para que ningum controle sozinho todas as etapas de
um processo, seja ele qual for. O ideal que haja uma verificao
cruzada, envolvendo outras pessoas no processo, pois assim
evitam-se possveis fraudes internas. Em geral, necessrio
estabelecer departamentos separados e independentes para funes como
compras, vendas, produo, finanas etc. Obviamente, no ser isso que
impedir fraudes, mas uma ao que pode dificult-las. Outro ponto
importante diz respeito ao grau de competncia e integridade das
pessoas que compem o quadro de funcionrios. O ideal unir um sistema
de controle sofisticado com pessoas competentes e ntegras, pois
assim a empresa poder funcionar melhor. 3.2 Limitaes e importncia
do controle interno Como nem tudo perfeito, existem algumas
limitaes inerentes aos sistemas de controle interno.
31. 1.Falha na comunicao: na aplicao da maioria dos
procedimentos de controle podem ocorrer falhas resultantes do
entendimento precrio das instrues, erros de juzo, descuidos ou
outros fatores humanos. 2.Fraudes: os procedimentos de controle
cuja eficcia depende da diviso de funes podem ser burlados mediante
conivncia. 3.Erros cometidos pela administrao: os procedimentos de
controle referentes execuo e ao registro das operaes podem se
mostrar ineficazes face aos erros ou irregularidades cometidas pela
administrao e face s estimativas e juzos inadequados da administrao
na elaborao das demonstraes financeiras, dos oramentos e fluxos de
caixa. 4.Dados defasados: qualquer projeo de uma avaliao atual do
controle interno para perodos futuros corre risco dos procedimentos
ficarem defasados, devido a mudanas de condies e pelo fato de
haver-se deteriorado o grau de observncia dos procedimentos.
5.Custo: espera-se que um sistema de controle interno proporcione
razovel certeza da conceituao dos seus objetivos. O conceito de
certeza razovel leva em conta que o custo do controle interno no
deve superar os benefcios esperados. Esses benefcios consistem na
reduo das perdas decorrentes da no-consecuo dos objetivos gerais
implcitos na definio de controle contbil. Vamos falar agora sobre a
importncia que o controle interno tem para as empresas. A utilizao
de um controle adequado sobre cada sistema operacional de extrema
importncia para a empresa, pois desta maneira atinge-se os
resultados mais favorveis com menores desperdcios. Alm disso, os
sistemas de controle medem a eficcia com que as decises so
traduzidas em resultados para a empresa, ou seja, se as metas esto
sendo alcanadas. SISTEMAS DE CONTROLE ELEMENTOS FORMAIS ELEMENTOS
INFORMAIS Elementos formais: So as regras e os procedimentos
estabelecidos. Elementos informais:
32. a tradio da empresa, ou seja, a prtica do passado e a sua
cultura. Os sistemas de controle so compostos por elementos formais
e informais. A criao de um sistema trata principalmente dos
elementos formais, pois sem eles utiliza-se apenas uma abordagem
intuitiva que identifica os controles fsicos existentes na empresa,
bem como instrues orais ou escritas. Um dos mais abstratos e
poderosos sistemas de controle a contabilidade que opera na
empresa, incluindo a maneira de se organizar e interpretar os dados
numricos dentro do sistema. - A linguagem contbil comum a toda
organizao de negcios. - Os nmeros contbeis facilmente se adaptam
exigncia organizacional. - Os dados contbeis so produzidos
principalmente para o controle de resultados, que o cerne do
processo empresarial. - Os sistemas contbeis medem a eficcia
administrativa, no a natureza do comportamento, esforo ou
diligncia. - uma ferramenta que monitora o desempenho financeiro da
empresa. Observando estes fatores de importncia baseados nos
resultados da empresa, podemos concluir que a prpria contabilidade
cria pr-requisitos para uma bem sucedida implementao do sistema de
controle da rea. Porm, preciso se certificar da forma pela qual a
produo medida e garantir que a tecnologia que traduz a ao em
resultados seja estvel e regular. A competncia para medir a produo
de uma rea deve ser alta, pois s assim o sistema de controle pode
ser usado com xito. O ambiente externo tambm pode complicar a
mensurao dos resultados. Podemos citar como exemplo as flutuaes do
mercado e a influncia da legislao. Para lidar com este problema, a
empresa precisa implementar um sistema contbil que seja capaz de
filtrar os verdadeiros resultados a partir de dados preliminares.
Alm disso, importante que o controle seja exercido de cima para
baixo. O ideal que a empresa implemente centros de
responsabilidades, onde os administradores desses centros possam
tomar decises a respeito de determinados problemas empresariais,
com base em suas prprias avaliaes, sem a interferncia da alta
administrao. Mas para isso a empresa precisa estabelecer critrios
para mensurar o desempenho destas aes, a fim de que elas no sejam
tomadas de forma impensada. 3.3 Centros de responsabilidades
33. CENTROS DE RESPONSABILIDADES CENTROS DE CUSTOS CENTROS DE
LUCROS CENTROS DE INVESTIMENTOS Os centros de responsabilidades, de
uma forma geral e resumida, servem para distribuir poderes e
responsabilidades entre os membros da empresa. Em cada centro deve
ser nomeado um coordenador que ir tomar as decises necessrias na
sua rea de atuao. importante que estes centros no estejam
totalmente separados, pois os trabalhos estaro sempre relacionados
uns com os outros. Existem trs tipos de centros de
responsabilidades, como o esquema demonstra, e cada um tem uma
tarefa especfica a desempenhar vamos entender melhor estas tarefas
a seguir. No centro de custo os gerentes no tm autonomia para tomar
decises sobre a escala das operaes ou sobre preos a serem cobrados.
J no centro de lucro a situao diferente. Os gerentes tm o direito
de deciso sobre insumos e produo. No centro de investimento
concedido aos gerentes o direito de tomar suas prprias decises de
investimentos, podendo alocar determinados fundos para projetos. A
essncia da administrao o conhecimento do que est sendo feito, se
est de acordo com o planejado, e sempre observando aquilo que deve
ser melhorado. E essa observao dada pela funo de controle, porque
ser atravs dela que os gerentes dos centros de responsabilidade e a
alta administrao sabero o que precisam mudar, como podem mudar e
por onde devem comear as mudanas. 3.4 Mtodos de avaliao de estoques
Os mtodos de avaliao de estoques representam uma parcela
extremamente importante no processo de controle gerencial. A
utilizao desses mtodos, na sua forma individual, j largamente
utilizada pelas empresas. Entretanto, a utilizao de forma conjunta
constitui no s um avano nos estudos da rea de custos, mas uma
necessidade das empresas, j que elas possuem diferentes estratgias
para abordagem e resoluo de seus problemas.
34. No Brasil, os mtodos mais comuns utilizados para avaliar o
estoque so o preo especfico, o custo mdio, o PEPS (primeiro a
entrar, primeiro a sair) e o UEPS (ltimo a entrar, primeiro a
sair). O custo mdio pode ser dividido em custo mdio ponderado mvel
e custo mdio ponderado fixo. O objetivo desses mtodos separar o
custo dos produtos entre o que foi vendido e o que permaneceu em
estoque. As entradas no estoque de determinada matria-prima,
normalmente com custos diferentes entre si, vo influenciar o valor
das sadas desse estoque, base para o custeio do material aplicado
na produo. Por isso, faz-se necessria a utilizao de algum desses
mtodos, j que os custos do produto e do estoque esto intimamente
ligados. Vamos imaginar que a Indstria Qumica, durante o ms de
Janeiro do ano 19XX, tenha tido a seguinte movimentao no seu
estoque: Dia 03 08 12 25 30 Quantidade 1.500 kg 2.500 kg --1.000 kg
--- Preo unitrio $ 10,00 $ 12,00 --$ 13,00 --- Total $ 15.000,00 $
30.000,00 --$ 13.000,00 --- Consumo ----1.500 kg --2.000 kg O
controle do estoque de acordo com os cinco mtodos de avaliao
citados, em termos de compras, consumo e saldo final, em quantidade
e valor, ficaria da seguinte forma: Preo especfico Este tipo de
mtodo de avaliao de estoque utilizado quando possvel fazer a
determinao do preo especfico de cada unidade de estoque, e pode-se
dar baixa, em cada venda, por esse valor. Dessa forma, no estoque
final, seu valor ser a soma de todos os custos especficos de cada
unidade existente. Geralmente, este mtodo usado em empresas que
fabricam veculos, tratores, mquinas de grande porte etc. Veja, a
seguir, como ficaria a movimentao da empresa, segundo este mtodo:
COMPRAS CONSUM O SALDO
35. DIA QUANT 03 08 12 25 30 PREO UNITRIO 1.500 10 2.500 12
----1.000 13 ----- TOTAL 15.000 30.000 --13.000 --- kg PREO TOTAL
UNITRIO ------------1.500 10 15.000 ------2.000 12 24.000 Kg TOTAL
1.500 4.000 2.500 3.500 1.500 15.000 45.000 30.000 43.000 19.000
Custo mdio ponderado mvel Neste mtodo de avaliao o valor de cada
unidade em estoque se altera pela compra de outras unidades por
preo diferente. A caracterstica bsica deste mtodo que tanto o
estoque final como o custo das mercadorias vendidas ou requisitadas
(para uso na produo) so avaliados pelo preo das aquisies. Veja a
movimentao do estoque da Indstria Qumica, segundo este mtodo: Dia
03 08 12 25 30 COMPRAS Quantidad Preo $ e kg Unitri Total o 1.500
10 15.000 2.500 12 30.000 ------1.000 13 13.000 ------58.000
CONSUMO Custo Quantidad e Mdio 10,00 11,25 11,25 11,75 11,75
----1.500 --2.000 SALDO $ Kg $ ----16.875 --23.500 40.375 1.500
4.000 2.500 3.500 1.500 15.000 45.000 28.125 41.125 17.625 17.625
Voc pode observar que cada entrada por custo diferente do custo
mdio anterior altera esse custo mdio, e que cada sada, embora no
altere o custo mdio, altera o fator de ponderao. Resumindo, o valor
de cada unidade em estoque altera-se pela compra de outras unidades
por preo diferente. Custo mdio ponderado fixo Neste mtodo os
materiais consumidos so baixados ao custo mdio do final do ms,
mesmo que tenham sido consumidos em vrios dias do ms. Isso porque o
lanamento de baixa feito unicamente no final do ms. Desta forma, o
custo nico em virtude de ter sido usado o custo mdio final, aps as
ponderaes por custo e por quantidades durante o ms.
36. Vamos ver a movimentao: COMPRAS Quantidad Preo $ e Kg
Unitri Total o 1.500 10 15.000 2.500 12 30.000 1.000 13 13.000
------58.000 Dia 03 08 25 30 CONSUMO Custo Quantidad e Mdio 10,00
11,25 11,60 11,60 ------3.500 SALDO $ kg $ ------40.600 40.600
1.500 4.000 5.000 1.500 15.000 45.000 58.000 17.400 17.400 PEPS
Neste mtodo os estoques so avaliados pelos custos de aquisies mais
recentes. As matrias-primas so baixadas do estoque pelo preo mais
antigo e, consequentemente, os que permanecem em estoque ficam
avaliados pelos custos mais recentes. Dessa forma, medida que
ocorrem as vendas ou requisies (para uso na produo) dada a baixa a
partir das primeiras compras, o que equivaleria ao raciocnio de que
vendemos ou requisitamos primeiro as primeiras unidades compradas.
Veja a movimentao da Indstria Qumica segundo a avaliao deste mtodo:
COMPRAS Dia kg Unit. Total 03 1.500 10 15.000 08 2.500 12 30.000 12
--- kg ----- CONSUMO Unit. Total --------- --- --- 1.500 10 15.000
25 1.000 13 13.000 --- --- --- 30 --- --- 2.000 12 24.000 ---
58.000 39.000 SALDO kg 1.500 2.500 4.000 1.500 2.500 1.000 3.500
2.000 1.500 Total 15.000 30.000 45.000 15.000 30.000 13.000 43.000
24.000 19.000 19.000 Vale ressaltar que, numa economia
inflacionria, a avaliao pelo PEPS faz com que os estoques sejam
valorizados com custos mais elevados e, portanto, o lucro maior.
Porm, isso significa que as obrigaes fiscais tambm sero
maiores.
37. UEPS Este mtodo apresenta estoques com valores mais
reduzidos e custos dos produtos vendidos mais elevados. O custo das
mercadorias vendidas ou requisitadas estar sempre baseado nas
compras mais recentes, e o estoque final, nas mais antigas. Vale
ressaltar que este mtodo no aceito pela legislao do Imposto de
Renda. Veja a tabela que mostra a avaliao da Indstria Qumica
segundo este mtodo: Dia 03 08 COMPRAS Kg Unit. Total 1.500 10
15.000 2.500 12 30.000 CONSUMO kg Unit. Total ------------- 12 ---
--- --- 1.500 12 18.000 25 1.000 13 13.000 --- --- --- 30 --- ---
--- 1.000 1.000 13 12 13.000 12.000 58.000 43.000 SALDO kg 1.500
2.500 4.000 1.500 2.500 1.000 3.500 Total 15.000 30.000 45.000
18.000 27.000 13.000 40.000 2.000 1.500 25.000 15.000 15.000 Numa
economia inflacionria como a brasileira, comparando os trs mtodos
de controle de estoque podemos concluir que: O mtodo PEPS
sub-avalia o custo da mercadoria vendida e o estoque final. O mtodo
UEPS super-avalia o custo da mercadoria vendida e sub-avalia o
estoque final; portanto, no aceito pela legislao do Imposto de
Renda. O mtodo do custo mdio mantm o custo da mercadoria vendida e
o estoque final entre os valores obtidos, atravs dos mtodos
anteriores. Vale ressaltar que, mundialmente, o mtodo mais comum e
mais utilizado a Mdia Ponderada Mvel, em que o estoque
constantemente avaliado pela mdia. Mdulo 4 Sistema de custeio por
absoro 4.1 Conceito e esquema bsico O custeio representa um
elemento essencial das atividades de contabilidade gerencial de uma
empresa.
38. O custo trata de estabelecer quanto de gastos foram usados
por um produto, um grupo de produtos, uma atividade especfica ou um
conjunto de atividades da empresa. O custeio por absoro, ou custeio
pleno, consiste na apropriao de todos os custos envolvidos na
produo de um produto, sejam eles fixos ou variveis. Apenas os
gastos no fabris (despesas) so excludos. Custeio por absoro o mtodo
derivado da aplicao dos princpios fundamentais de contabilidade e,
no Brasil, adotado pela legislao comercial e fiscal. Na verdade,
ele no um princpio contbil em si, mas uma metodologia decorrente da
aplicao desses princpios, sendo vlido para a apresentao de
demonstraes financeiras e para o pagamento do Imposto de Renda. A
distino principal no custeio por absoro entre custos e despesas. A
separao importante porque as despesas so jogadas imediatamente
contra o resultado do perodo, enquanto somente os custos relativos
aos produtos vendidos tero idntico tratamento. Os custos relativos
aos produtos em elaborao e aos produtos acabados que no tenham sido
vendidos estaro ativados nos estoques destes produtos. Dessa forma,
neste mtodo, todos os custos so alocados aos produtos fabricados,
incorporando tanto os custos diretos como os indiretos, sendo estes
por meio de critrios de rateio, como veremos mais adiante. Observe
o esquema e veja a separao: GASTOS CUSTOS CUSTOS DO PRODUTO =
CUSTOS CUSTOS DO PERODO = CUSTOS DESPESAS
39. DIRETOS INDIRETOS - Despesas de comercializao - Despesas de
administrao geral - Gastos com matrias-primas - Gastos com
mo-de-obra - Gastos com maquinrio CUSTOS DIRETOS + CUSTOS INDIRETOS
= CUSTO DO PRODUTO Para entender melhor o esquema, vamos ver quais
so os trs passos que devem ser seguidos para a definio do custo de
um produto: 1 passo: Separar os custos do produto dos custos do
perodo, ou seja, os custos diretos e os indiretos do produto. 2
passo: Os custos diretos do produto devem ser atribudos aos
produtos especficos, enquanto os custos indiretos devem ser
atribudos a centros de custos. Os custos diretos so os gastos
incorridos unicamente para um determinado produto. 3 passo: Os
custos indiretos devem ser distribudos dos centros de custos para
os produtos, de acordo com o seu uso. Este o passo mais importante
para se obter a preciso do custo. Estes centros de custos podem ser
reas de deciso (centros de responsabilidades), departamentos de
servio ou simples entidades contbeis. Um centro de custo absorve
todos os custos que variam conforme a medida de atividade, e ser
isso que refletir os servios prestados ao produto. Por exemplo, se
uma mquina utilizada para a fabricao de dois produtos diferentes,
deve ser separado o custo de funcionamento da mquina para a
fabricao de cada produto em separado. Vamos ver um exemplo.
Suponhamos que a Empresa Astorga seja uma indstria qumica presente
no mercado h cerca de 20 anos. Ela fabrica atualmente apenas dois
produtos: o Produto A e o Produto B.
40. O seu quadro de funcionrios composto por cerca de 150
pessoas distribudas entre as reas administrativa, comercial e
operacional. Na rea fabril, existem hoje cerca de 60 funcionrios
que representam um gasto mensal com salrios de $ 120.000. Na rea
comercial, os salrios dos vendedores so compostos apenas por
comisses sobre vendas, que mensalmente giram em torno de $ 60.000.
A rea administrativa e a diretoria geram despesas mensais com
salrios e honorrios em torno de $ 120.000. Alm disso, outras
despesas mensais ocorrem na Astorga: compra de matriaprima,
seguros, compra de materiais diversos, despesas com manuteno,
despesas com entregas e compra de material de expediente, entre
outras. Considerando todas as despesas da empresa, em um
determinado ms teramos o seguinte quadro: DESCRIO Salrios de fbrica
Comisso de vendedores Matria-prima consumida Salrios da administrao
Honorrios da diretoria Depreciao Seguros de fbrica Materiais
diversos fbrica Manuteno Despesas de entrega Material de expediente
VALOR ($ 000) 120 60 270 80 40 30 10 20 30 10 20 Total: 690 === O
primeiro passo para o custeio dos produtos seria a separao dos
custos de produo e das despesas do perodo. CUSTOS DE PRODUO Salrio
de fbrica Matria-prima consumida Depreciao Seguros de fbrica
Materiais diversos fbrica Manuteno DESPESAS DO PERODO Comisso de
vendedores Salrios da administrao Honorrios da diretoria Despesas
de entrega Material de expediente Total: $ 480.000,00 Total: $
210.000,00
41. Os custos de produo esto relacionados com os gastos da
produo. So chamados de custos diretos. Por exemplo: compra de
matria-prima, pagamento de mo-de-obra etc. As despesas do perodo so
os gastos indiretos com a produo. So chamados de custos indiretos.
Por exemplo: despesa de comercializao, de administrao geral etc.
Vimos que as despesas no integram o custo dos produtos e, dessa
forma, elas devero ser lanadas diretamente contra os resultados do
exerccio. Partindo do princpio de que a Empresa Astorga fabrica
apenas dois produtos e que ela possui um sistema de controle de
materiais que lhe possibilita identificar quanto cada produto
consumiu de matria-prima, temos o seguinte quadro: Compra de
matria-prima Produto A R$ 80.000 Produto B R$ 190.000 Total: R$
270.000,00 Com relao aos salrios do pessoal da fbrica, h a
necessidade de separar a mo-de-obra direta e indireta. Considera-se
como mo-de-obra direta (MOD) o trabalho humano diretamente
identificvel e mensurvel com o produto, inclusive os encargos
sociais. Exemplo: operador de mquina. A mo-de-obra indireta (MOI)
aquela relacionada com a rea de produo, mas no ligada diretamente
ao produto. Exemplo: supervisor de fbrica. Dessa forma, se
conseguirmos medir o tempo de produo de cada produto por meio de
controles, ento a mo-de-obra direta. Se no conseguirmos e tivermos
que utilizar qualquer critrio de rateio, ento ela sero mo-de-obra
indireta. Vamos considerar que a Astorga mantm apontamentos que
permitem a apurao das horas gastas na fabricao de cada produto, bem
como as horas de mo-deobra indireta. A diviso seria a seguinte:
TOTAL GASTO COM MO-DE-OBRA DIRETA TOTAL GASTO COM MO-DE-OBRA
INDIRETA
42. $ 90.000 $ 30.000 Produto A Produto B $ 40.000 $ 50.000
Desta forma, podemos perceber que os $ 90.000 de custos com a
mo-de-obra direta foram apropriados diretamente aos produtos A e B,
conforme utilizao, enquanto que os $ 30.000 da mo-de-obra indireta
foram incorporados aos gastos gerais de fabricao para posterior
distribuio. Supondo que os demais custos sejam considerados
indiretos, o quadro de custos diretos e indiretos da Astorga seria
o seguinte: DIRETOS CUSTOS Produto A Produto B Matria-prima
Mo-de-obra direta Depreciao Seguros de fbrica Materiais diversos
Mo-de-obra indireta Manuteno Total 80.000 40.000 INDIRETOS 190.000
50.000 TOTAL 30.000 10.000 20.000 30.000 30.000 120.000 240.000
270.000 90.000 30.000 10.000 20.000 30.000 30.000 120.000 480.000
Do total de $ 480.000 de custos, $ 360.000 j esto alocados aos
produtos A e B. J os gastos gerais de fabricao, ou custos
indiretos, no montante de $ 120.000, precisam, por algum critrio,
ser rateados aos dois produtos tambm. Vejamos algumas formas de
alocao de tais custos indiretos. Uma maneira bastante simples a
distribuio proporcional ao total de custos diretos. Teramos ento:
PRODUTO DIRETOS PROPORO INDIRETOS TOTAL
43. A 120.000 1/3 40.000 160.000 B TOTAL 240.000 360.000 2/3
1,0 80.000 120.000 320.000 480.000 A ltima coluna nos indica o
custo total de cada produto. A penltima coluna indica o montante de
custos indiretos de fabricao, distribudos segundo os custos diretos
de cada produto. Uma outra alternativa que poderia ser utilizada
para o rateio dos custos indiretos seria de acordo com o gasto de
mo-de-obra direta. Dessa forma, a diviso seria: Produto
Matria-prima Mo-de-obra direta Proporo Indiretos Total A 80.000
40.000 4/9 53.334 173.334 B TOTAL 190.000 270.000 50.000 90.000 5/9
1,0 66.666 120.000 306.666 480.000 claro que existem vrios outros
critrios de rateio, alguns descendo a detalhes como distribuio do
aluguel (ou depreciao do prdio, se for prprio) por m, materiais
auxiliares de acordo com o consumo de matria-prima, depreciao de
mquinas de acordo com horas trabalhadas etc. O nvel de detalhamento
a ser usado depende da relevncia dos valores envolvidos e do bom
senso de cada um, visando a eliminar as arbitrariedades. impossvel
determinar uma regra de rateio. Cada empresa utiliza aquela que
melhor atende suas necessidades. Veja a seguir um fluxo global de
custos e despesas para apurao de resultados no custeio por absoro.
Gastos Custos Indiretos Rateio Despesas Diretos
44. Produto A Vendas Produto B Estoque inicial Estoque final
Custo dos produtos vendidos Resultado Podemos ver, pelo grfico, que
todas as despesas vo para o resultado do perodo, enquanto os custos
somente so lanados ao resultado na parte correspondente aos
produtos vendidos, permanecendo o restante como estoque. 4.2
Departamentalizao A departamentalizao consiste em dividir a fbrica
em segmentos, chamados departamentos, aos quais so debitados todos
os custos de produo neles incorridos. Departamento a unidade mnima
administrativa constituda, na maioria dos casos, por homens e
mquinas desenvolvendo atividades homogneas. Deve haver sempre um
responsvel pelo departamento. Os departamentos podem ser divididos
em dois grupos: Departamentos de Produo Departamentos de Servios So
aqueles que atuam sobre os produtos e tm seus custos apropriados
diretamente a estes. So aqueles que no atuam diretamente na produo
e sua finalidade a de prestar servios aos departamentos de
produo.
45. A tabela abaixo mostra quais departamentos devem compor
cada empresa: Empresa de Produo Usinagem Montagem Acabamento
Pintura Refinaria Mistura Empresa de Servios Limpeza Manuteno
Expedio Almoxarifado Adm. Geral da Fbrica Controle de Qualidade
Estes so apenas alguns exemplos de departamentos de produo e de
servios. De acordo com o tipo de servio ou produto desenvolvido
pelas empresas, podem existir estes ou outros departamentos. Na
maioria das vezes, departamento um centro de custo, ou seja, nele
so acumulados os custos para posterior alocao aos produtos
(departamentos de produo) ou a outros departamentos (de servios).
Em alguns casos, podem existir mais de um centro de custo num mesmo
departamento. o caso dos quais, apesar de desenvolver atividades
homogneas, usam mquinas de diversas capacidades produtivas e
operadas por pessoal especializado. O objetivo de melhor controle
dos custos atingido porque a departamentalizao torna a incorrncia
dos custos de produo no mbito do departamento como sendo de
responsabilidade do respectivo chefe ou supervisor. J a determinao
mais precisa do custo dos produtos ocorre porque a
departamentalizao diminui a arbitrariedade dos critrios de rateio.
Isso se d por dois motivos: 1)alguns custos, embora sejam indiretos
em relao aos produtos, so diretos em relao aos departamentos, ou
seja, podem ser diretamente atribudos a ele. Por exemplo: a
depreciao de mquinas do departamento ou o uso de material indireto.
2)nem todos os produtos passam por todos os departamentos e, caso
passem, o fazem em propores diferentes. Por exemplo: suponhamos uma
fbrica que possui seis departamentos, sendo trs de servios e trs
produtivos. Os produtos da empresa passam pelos departamentos de
produo e devem carregar os custos indiretos de cada departamento.
Porm, os departamentos de servios tambm tm custos que precisam ser
lanados aos produtos por algum critrio.
46. 4.3 Critrios de rateio dos CIFs pelos departamentos Assim
como os custos diretos de fabricao, os custos indiretos tambm
precisam ser rateados. Os custos diretos so rateados pelos
produtos, j os indiretos devem ser rateados pelos departamentos.
Para efetuar o rateio dos CIFs (Custo Indireto de Fabricao), que so
indiretos em relao aos departamentos e representam custos comuns a
todos eles, cada empresa deve estudar a sua situao especfica para
escolher critrios adequados que efetivamente reflitam a carga dos
custos que devam ser descarregados em cada um deles. Embora cada
caso deva ser estudado particularmente, h alguns critrios que so
amplamente utilizados na prtica e que sero reproduzidos aqui com
fins puramente ilustrativos, sem a pretenso de ser uma lista
exaustiva. 4.4 Pr-determinao dos custos indiretos de fabricao A
pr-determinao dos CIFs consiste em se efetuar uma estimativa de
qual ser o valor destes num determinado perodo de produo e utilizar
este gasto prestimado para apurar o custo de produo do perodo, ao
invs do gasto real. Para fazer essa estimativa, a empresa dever
seguir quatro passos: 1. Estimar o volume de produo no perodo (uma
vez que o valor dos CIFs variveis depende deste volume) 2. Estimar
os CIFs variveis a partir da previso do volume de produo 3. Estimar
os CIFs fixos 4. Calcular uma taxa pr-determinada dos CIFs para
aplicao produo Se quisermos fazer o acompanhamento do custo de cada
produto durante o ms, seremos obrigados a estimar os CIFs, porque
os custos indiretos departamentais somente sero conhecidos aps o
encerramento do perodo, assim como as quantidades de produtos
efetivamente elaborados. Muitas empresas precisam saber os custos
incorridos no decorrer do prprio perodo de produo, medida em que os
produtos vo sendo transferidos de um departamento de produo para
outro ou em que vo sendo acabados. Evidentemente, o valor
estimativo dos CIFs pr-determinados provavelmente no ir coincidir
com o valor real. Por isso, para compatibilizar os dois valores, os
seguintes passos devem ser seguidos na contabilizao: 1. medida em
que os produtos so transferidos de departamento ou sendo
elaborados, a conta dos Departamentos ou dos Produtos dever
ser
47. debitada pelo valor pr-determinado dos CIFs, com crdito
numa conta de CIF pr-determinado. 2.Os CIFs incorridos devero ser
debitados a uma conta de CIFs reais, com contrapartida em Contas a
pagar, Caixa ou Bancos, Depreciao acumulada, Seguros a vencer,
conforme sua natureza. 3.No final do perodo, as contas de CIFs
aplicados e CIFs reais devero ser encerradas, respectivamente, a
crdito e a dbito de uma conta denominada Variao do CIF. Se os CIFs
aplicados forem maiores que os reais, tal conta ter saldo credor.
Se for o inverso, saldo devedor. 4.A conta Variao do CIF dever ser
encerrada contra Produtos em elaborao, Produtos acabados e Custo
dos produtos vendidos, conforme a porcentagem da produo de perodo
que esteja semi-elaborada, acabada ou vendida. Vamos ver um exemplo
prtico para entender esta pr-determinao dos custos indiretos
melhor. Suponhamos que o levantamento dos custos indiretos por
departamento de uma empresa tenha resultado no quadro abaixo:
Departamentos Administrao da fbrica Almoxarifado Controle de
qualidade Usinagem Cromeao Montagem Valor ($ 000) 200 100 60 120
160 200 Total: 840 ==== Veja como ficaria o rateio dos custos de
administrao da fbrica. Tendo em vista os vrios componentes do total
de custos indiretos de fabricao da administrao, optamos por fazer
um detalhamento maior. Descrio Aluguel Salrios Outros Valor ($ 000)
60 100 40 Total: 200 ===
48. O aluguel dever ser rateado aos outros cinco departamentos,
com base na rea utilizada pelos mesmos. Veja como ficaria:
Departamentos Almoxarifado Controle de qualidade Usinagem Cromeao
Montagem Valor do rateio ($ 000) 15 10 10 15 10 60 == J os salrios
devero ser rateados de acordo com o nmero de empregados em cada
departamento. Veja como ficaria: Departamentos Almoxarifado
Controle de qualidade Usinagem Cromeao Montagem Valor do rateio ($
000) 12 17 21 20 30 100 === Os outros custos indiretos da
administrao devero ser distribudos em partes iguais a cada
departamento. Veja como ficaria: Departamentos Almoxarifado
Controle de qualidade Usinagem Cromeao Montagem Valor do rateio ($
000) 8 8 8 8 8 40 == Os custos do departamento almoxarifado somam
agora $ 135.000, isto , mais $ 35.000 decorrentes da distribuio dos
custos da administrao, e sero distribudos em partes iguais aos
departamentos produtivos, uma vez que estes so os que efetivamente
usam o almoxarifado. O departamento de controle de qualidade
praticamente no faz uso do almoxarifado, razo pela qual no includo
no rateio do custo.
49. Departamentos Usinagem Cromeao Montagem Valor ($ 000) 45 45
45 135 === Vamos ver agora como ficaria o rateio dos custos
indiretos do departamento de controle de qualidade. O rateio dos
custos do controle de qualidade deve ser no valor de $ 95.000, ou
seja, $ 60.000 mais $ 35.000 decorrentes da distribuio dos custos
da administrao. O rateio feito base do nmero de testes feitos para
cada departamento: Departamentos Usinagem Cromeao Montagem Valor ($
000) 47,5 15,2 32,3 95 ===== Aps estes rateios, temos todos os
custos indiretos de fabricao atribudos somente aos trs
departamentos de produo. Dessa forma, teramos o seguinte quadro:
Departamento Custo inicial ($ 000) Usinagem Cromeao Montagem 120
160 200 Rateio dos departamentos de servios 131,5 103,2 125,3 Total
($ 000) 251,5 263,2 325,3 Neste ponto, precisamos fazer a
transferncia dos CIFs para cada produto fabricado. Supondo que a
empresa tenha produzido no perodo 1.000 unidades dos produtos A e B
e que tenha feito apontamentos dos gastos de hora-mquina por
produto, em cada departamento de produo. Temos, ento, o seguinte
quadro: PRODUTO A USINAGEM 300 HM CROMEAO 250 HM MONTAGEM 100 HM B
TOTAL 200 HM 500 HM 150