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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA MATERIAL DE APOIO Apostila de Contabilidade Tributária elaborado pelo Prof. Marcelo Gabriel, organização e diagramação feita pelo Prof. Olair Ferreira Nunes Marcelo Gabriel 01/02/2012

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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA MATERIAL DE APOIO

Apostila de Contabilidade Tributária elaborado pelo Prof. Marcelo Gabriel, organização e diagramação feita pelo Prof. Olair Ferreira Nunes

Marcelo Gabriel

01/02/2012

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SUMÁRIO

AULA Nº 1 – APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO, REVISÃO DOS CONCEITOS BÁSICOS

DO DIREITO TRIBUTÁRIO E HIERARQUIA NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. ................... 3

1 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO E ALGUNS PONTOS IMPORTANTES .................. 3

1.1 REVISÃO DOS CONCEITOS BÁSICOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO ........................ 5

1.1.1 CONCEITO DE TRIBUTO ........................................................................ 5

1.1.2 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA (FATO GERADOR DO TRIBUTO) ... 6

1.1.3 ESPÉCIES DE TRIBUTOS ....................................................................... 8

1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS .............................................. 12

1.2.1 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA (ART. 145, § 1º) ................. 12

1.2.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL (ART. 150, I) ......... 12

1.2.3 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (ART. 150, III, B) .................................. 12

1.2.4 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (ART. 150, III, A) ............................. 13

1.2.5 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA TRIBUTÁRIA (ART. 150, II) ...... 13

1.2.6 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO (ART. 150, IV) .......................... 13

1.2.7 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÂNSITO (ART. 150, V) ......................... 13

1.2.8 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE DA TRIBUTAÇÃO (ART. 151, I) ................ 13

1.3 IMUNIDADE E ISENÇÃO TRIBUTÁRIA ............................................................ 13

1.4 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA: TIPOS, HIERARQUIA E FINALIDADES ..................... 15

1.5 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL ................................................................. 17

1.6 VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA .................................. 17

1.7 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ..................... 19

1.8 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL ................................................................ 20

AULA Nº 2 – CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO... 21

2 A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO ................................................. 21

AULA Nº 3 – PIS E COFINS ............................................................................. 25

3 PIS E COFINS – ASPECTOS GERAIS ........................................................ 25

AULA Nº 4 – LUCRO ARBITRADO, SIMPLES NACIONAL E PRESUMIDO ................... 38

4 LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL.................................................. 38

5 LUCRO PRESUMIDO .................................................................................. 50

AULA Nº 5 – LUCRO REAL ................................................................................ 65

6 LUCRO REAL – ASPECTOS GERAIS ........................................................... 65

6.1 APURAÇÃO DO LUCRO REAL ANUAL E TRIMESTRAL ................................... 68

6.2 AJUSTES AO LUCRO LÍQUIDO NO LUCRO REAL – LIVRO LALUR – ADIÇÕES E

EXCLUSÕES .......................................................................................................... 73

AULA Nº 6 – FCONT E RTT ............................................................................. 88

7 FCONT - CONTROLE FISCAL CONTÁBIL DE TRANSIÇÃO .............................. 88

8 REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO – RTT – LEI 11.638/2007 ................. 90

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AULA Nº 1 – APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO, REVISÃO DOS CONCEITOS BÁSICOS DO

DIREITO TRIBUTÁRIO E HIERARQUIA NA

LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA.

Objetivo da Aula:

1 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO E ALGUNS PONTOS IMPORTANTES

Direito Tributário

Conceito de Tributo

Hipótese de Incidência Tributária (Fato Gerador do Tributo)

Aspecto Material

Aspecto Temporal

Aspecto Espacial

Aspecto Pessoal

Sujeito Ativo

Sujeito Passivo

Aspecto Quantitativo

Base de cálculo

Alíquota

Espécies de Tributos

Impostos (CF - arts. 145, I; 153, 154, 155 e 156);

Taxas (CF - art. 145, II);

Contribuições:

De melhoria (CF - art. 145, III);

Para fiscais (CF - art. 149);

Sociais;

o De seguridade social (CF - art. 195, I, II, III);

o Outras de seguridade social (CF - art. 195, § 4°);

O objetivo desta aula é apresentar o conteúdo definir as regras do trabalho durante o semestre e mostrar a importância da contabilidade tributária no contexto EMPRESA.

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o Sociais gerais (o FGTS, o Salário, art. 212, § 5°, contribuições para o SESI, SENAI, SENAC, CF - art. 240);

De intervenção no domínio econômico (CF - art. 149);

Corporativas: de interesse de categorias profissionais ou econômicas - OAB etc. (art. 149, CF).

Os empréstimos compulsórios (CF - art. 148).

Princípios Constitucionais Tributários

Princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º)

Princípio da legalidade ou da reserva legal (art. 150, I)

Princípio da anterioridade (art. 150, III, b)

Princípio da irretroatividade (art. 150, III, a)

Princípio da igualdade ou isonomia tributária (art. 150, II)

Princípio da vedação de confisco (art. 150, IV)

Princípio da liberdade de trânsito (art. 150, V)

Princípio da uniformidade da tributação (art. 151, I)

Imunidade e Isenção Tributária

Hierarquia da Legislação Tributária

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1.1 REVISÃO DOS CONCEITOS BÁSICOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO

Antes de iniciarmos o estudo sobre Contabilidade Tributária faz-se necessário traçar limites e objetivos sobre o tema.

Logo, Logo, antes de qualquer coisa, adotaremos como definição de Direito Tributário, o seguinte: ―Direito Tributário positivo é o ramo didaticamente autônomo do Direito, formado pelo conjunto de normas (Leis) que correspondam direta ou indiretamente, a Instituição, Arrecadação e Fiscalização de tributos.‖.

A partir desta definição, torna-se possível avançarmos para os demais conceitos que envolvem as premissas básicas para o entendimento da Contabilidade Tributária.

1.1.1 CONCEITO DE TRIBUTO

O art. 3º do Código Tributário Nacional nos dá uma definição legal de tributo, criticada por alguns doutrinadores pela pretensão da lei em criar conceitos jurídicos – o que seria atividade própria da dogmática e não papel do legislador – mas de importante valor didático e valioso na integração normativa dos demais enunciados que versam sobre Direito Tributário.

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

A palavra tributo, quando empregada nos textos de direito positivo, é utilizada em várias acepções, ora como a quantidade de dinheiro que se leva ao Estado no cumprimento de um dever, ora como o próprio dever. É utilizada também para referir-se à lei que prescreve o dever de carrear dinheiro aos cofres públicos, dentre várias outras designações utilizadas de acordo com o contexto empregado.

Analisando o artigo, teremos o seguinte entendimento:

Por ―prestação pecuniária compulsória‖, entende-se como sendo a obrigatoriedade em cumprir o dever jurídico de carrear dinheiro aos cofres públicos por aquele escolhido, pela lei, para figurar no pólo passivo da obrigação tributária.

Por ―em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir‖, pagamento em dinheiro, coercitivamente.

No tocante a expressão ―que não constitua sanção por ato ilícito‖, encontramos, importante característica da relação tributária inexistente em qualquer outra relação obrigacional, mesmo naquelas também próprias do Direito Público.

As multas exigidas por infrações e as indenizações a serem pagas ao Poder Público pela prática de ilícitos por parte de particulares, no caso de destruição de patrimônio público ou pelo descumprimento de contratos administrativos, apesar de serem relações obrigacionais de Direito Público e daquelas ex lege, não se submetem ao regime tributário, apenas tão-somente pelo fato de se constituírem em sanções pela prática de atos ilícitos. Dos atos ilícitos nascem multas e outras conseqüências punitivas, que não configuram tributos, por isso não integrando o seu conceito.

A expressão ―instituída por lei‖, contida na definição legal, culmina na elevação do princípio da estrita legalidade em matéria tributária, ou seja, não institui-se ou majora-se tributo sem Lei que os façam.

Assim sendo, todos os tributos no direito brasileiro, sem exceção, submetem-se ao princípio da estrita legalidade e à exigência de lei que venha a prever, em seu

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enunciado, todos os elementos, aspectos ou critérios da relação jurídica tributária obrigacional, sob pena de violação à Constituição.

Cabe ressaltar por fim que não há como confundir as obrigações de Direito Privado com as obrigações tributárias. As primeiras nascem por força da manifestação da vontade das partes, o que permite às partes ocupantes dos pólos da relação que, durante o seu regular desenvolvimento, os direitos envolvidos, por se tratarem de direitos disponíveis, possam ser objetos de transação, confissão ou compromissos. Já nas relações obrigacionais tributárias, o vínculo obrigacional nasce por força de lei. A vontade das partes é irrelevante no tocante à instauração do vínculo obrigacional tributário. Ninguém paga tributo por que quer. Só se paga por força de imposição legal.

1.1.2 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA (FATO GERADOR DO

TRIBUTO)

Aspecto Material

Aspecto Temporal

Aspecto Espacial

Aspecto Pessoal

Sujeito Ativo

Sujeito Passivo

Aspecto Quantitativo

Base de cálculo

Alíquota

Tratar dos aspectos que compõem a hipótese e a conseqüência, a título de exame do núcleo lógico–estrutural da norma–padrão, será de grande utilidade no entendimento da classificação dos tributos.

Ressalta-se que o desmembramento dos aspectos realizado na seqüência tem o escopo de demonstrar e analisar suas características, servindo como mero estudo científico da matéria, a título didático.

Com efeito, não é possível separar faticamente os elementos, uma vez que eles ocorrem de maneira instantânea. Por isso, ao imaginar o surgimento dos aspectos abaixo explicitados, mister se faz entender sua ocorrência de forma imediata.

1.1.2.1 ASPECTO MATERIAL

O aspecto material da hipótese de incidência é o núcleo que informa a essencialidade do fato previsto pela norma abstrata (lei), tratando das circunstâncias objetivas.

Esse aspecto, dessa forma, é basicamente formado por verbo e seu correspondente complemento. Daí a sua importância, pois é o aspecto material o próprio verbo que delimita qual ação será executada pelo sujeito passivo para que ele possa incorrer na hipótese de incidência tributária.

Ex: Quem aufere renda, deve pagar tributo

Auferir renda (aspecto material), pressupõe aumento patrimonial e conseqüentemente faz nascer o dever da obrigação de pagar tributo.

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1.1.2.2 ASPECTO TEMPORAL

O aspecto temporal faz parte da hipótese de incidência tributária (fato gerador) e revela ao sujeito passivo e ativo o momento do nascimento da obrigação, ocasião em que exatamente houve a consumação da situação hipotética contida na letra da lei.

Ex. O momento em que ocorre o fato gerador (período de apuração, semanal, mensal, trimestral, anual).

1.1.2.3 ASPECTO ESPACIAL

Não basta a lei estabelecer a razão por que se paga o tributo (aspecto material – verbo), e o momento de ocorrência da obrigação (aspecto temporal). Fundamental se faz instituir em que local ocorre à obrigação tributária.

Para a determinação desse aspecto, o sistema constitucional positivo brasileiro levou em consideração a forma federativa de Estado, e, portanto, a própria pessoa política de direito público interno titular da respectiva competência impositiva. Dessa forma, o âmbito da validade territorial da norma jurídica de tributação, ou seja, o aspecto espacial da norma tributária, irá variar de acordo com o ente político tributante. Nesse sentido, um tributo de competência da União terá como âmbito de validade (aspecto espacial) todo o território nacional; um tributo de competência dos Estados e do Distrito Federal, o território do respectivo Estado (ou do Distrito Federal); um municipal, o do respectivo Município.

O aspecto espacial, portanto, tem a função de delimitar o território em que a norma tributária é válida, em outras palavras, o local onde os suportes fáticos descritos na hipótese serão consumados pelo sujeito passivo, formando, então, a obrigação jurídica tributária.

1.1.2.4 ASPECTO PESSOAL

O aspecto pessoal já não se encontra mais no âmbito da hipótese, e sim na conseqüência, segunda parte da regra matriz de incidência.

Trata, pois, de relacionar o sujeito passivo e o sujeito ativo da obrigação tributária nascida com a configuração do fato imponível (fato gerador).

Na regra matriz constante da norma tributária especifica em seu elemento conseqüente (conseqüente da regra matriz) os sujeitos envolvidos na relação jurídica, ou seja, o sujeito ativo ou credor da relação que nada mais é do que o Fisco – federal, estadual, distrital ou municipal – e o sujeito passivo ou devedor da relação, geralmente o contribuinte, aquele que está ligado de modo direto e imediato à ocorrência do fato jurídico como no exemplo do contribuinte que aufere a renda ou que obtém ganho de capital, o que industrializa e vende o produto industrializado, o que importa produtos do exterior, o que paga salários, o que pratica operações financeiras, etc.

Analisados até aqui os aspectos material, temporal, espacial e pessoal, passaremos a discorrer sobre o último aspecto que constitui a regra matriz de incidência tributária.

1.1.2.5 ASPECTO QUANTITATIVO

A norma jurídica tributária já definiu, até a presente análise, a materialidade, ou seja, apresentou o verbo de qual resulta a ―tipificação‖ do ato, o momento que surge a obrigação, o local, o sujeito ativo e o sujeito passivo, só restando, portanto, o aspecto quantitativo.

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Esse aspecto diz respeito ao ―quantum‖ se deve atribuir uma obrigação tributária. Já diz o artigo 3˚ do Código Tributário Nacional, como já desenvolvido no tópico anterior, que o tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Pois bem, se o tributo é prestação pecuniária, nada mais coeso do que afirmar que a norma jurídica deva, também, explicitar o valor da obrigação em moeda e/ou seus parâmetros com a finalidade de aferição de valor, a saber, a base de cálculo e a alíquota.

Na composição da hipótese de incidência o elemento mais importante é o núcleo. É a natureza do núcleo que permite distinguir as distintas naturezas jurídicas dos negócios jurídicos.

Também é o núcleo que confere o gênero jurídico do tributo. Nas regras jurídicas de tributação, o núcleo da hipótese de incidência é sempre a base de cálculo.

É à base de cálculo, portanto, que rechaça a materialidade da norma, fazendo-se de ferramenta para calcular o valor do fato tributado.

Já a alíquota, elemento constitutivo do aspecto quantitativo da norma tributária, é uma quota ou parte ideal do fato posto como aspecto material da hipótese da incidência (fato gerador).

A alíquota será aplicada somente depois que o fato escolhido para a base de cálculo, sob a ação do método de conversão, transfigurou-se em cifra, de modo que a alíquota sempre representa uma parcela deste fato já transfigurado em cifra e não daquele outro fato que condicionou a variação da alíquota.

Ex. Base de cálculo (valor da mercadoria), alíquota (percentual definido em lei que incidirá sobre uma base de cálculo apurada.

1.1.3 ESPÉCIES DE TRIBUTOS

Não tem assumido posição pacífica, na doutrina e na jurisprudência, o assunto pertinente ao estudo da classificação e espécies tributárias.

No entanto, adotaremos as espécies tributárias previstas no Sistema Tributário Constitucional, as quais são as seguintes:

Impostos (CF - arts. 145, I; 153, 154, 155 e 156);

Taxas (CF - art. 145, II);

Contribuições:

De melhoria (CF - art. 145, III);

Para fiscais (CF - art. 149);

Sociais;

De seguridade social (CF - art. 195, I, II, III);

Outras de seguridade social (CF - art. 195, § 4°);

Sociais gerais (o FGTS, o Salário, art. 212, § 5°, contribuições para o SESI, SENAI, SENAC, CF - art. 240);

Especiais:

De intervenção no domínio econômico (CF - art. 149);

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Corporativas: de interesse de categorias profissionais ou econômicas - OAB etc. (art. 149, CF).

Os empréstimos compulsórios (CF - art. 148).

A seguir, de modo didático, as características dos tributos. Vejamos:

1.1.3.1 IMPOSTOS

É o tributo exigível independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Destinação: Despesas gerais.

O CTN define impostos no art. 16: "Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte."

Cabe, a respeito dessa entidade tributária, com base na doutrina e na jurisprudência, fixar um posicionamento limitado pelos seguintes enunciados:

O imposto é pago pelo contribuinte sem que exija do Estado, imediatamente, uma contraprestação. É, portanto, um tributo não vinculado.

A Constituição Federal discrimina impostos nos arts. 153, 155 e 156.

Estes são chamados de nominados. Os permitidos pelo art. 154 da CF são denominados de inominados, tendo como característica essencial o fato de que só podem ser instituídos pela União no exercício de sua competência residual.

A receita de impostos não pode ser vinculada a órgãos, fundo ou despesa, de acordo com o art. 167, IV, da CF.

Os impostos, sempre que possível, terão caráter pessoal.

Os impostos podem ser classificados em:

Diretos (os que são exigidos de uma só pessoa, do contribuinte de direito, isto é, de quem é o responsável pela obrigação tributária, ou do contribuinte de fato, que é o que suporta o ônus do imposto, a exemplificar com o Imposto de Renda, com o Imposto Territorial Rural, com o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, com o IPTU, com o ISS dos autônomos e similares, etc.);

Indiretos

(são os impostos que, embora recolhidos pelo contribuinte de direito, o que assume a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação tributária, são suportados, financeiramente, pelo contribuinte de fato, a exemplo do ICMS, do IPI, do IOF e outros);

Reais (são os que incidem sobre bens singulares ou rendimentos, sem considerar a condição pessoal do contribuinte, a exemplificar com o IPTU, com o ITR e outros semelhantes);

Pessoais (os que são exigidos tendo em vista as diferenças financeiras e de encargos possuídas por cada pessoa, a exemplo do Imposto de Renda das pessoas físicas e das pessoas jurídicas);

Proporcionais (são os que consideram alíquota única a incidir sobre o valor da matéria tributável, o IPTU, ITBI, etc.);

Progressivos (os que possuem alíquotas diferenciadas para variadas bases de cálculos, aumentando a incidência à medida que há aumento do valor sobre o qual haverá a sua aplicação, o Imposto de Renda, IPTU, etc.);

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Fixos (quando o valor do imposto é determinado em quantia certa, sem depender de qualquer cálculo como o ISS dos profissionais liberais que pagam unidades fiscais fixadas pela lei);

Federais, estaduais e municipais, considerando-se à competência tributária impositiva;

Vinculados (taxas, contribuições de melhoria e as contribuições especiais) e não vinculados (os impostos), visto como tendo elo com a atividade estatal;

Sobre o comércio exterior, sobre o patrimônio e a renda, sobre a produção e a circulação e especiais, de acordo com a classificação imposta pelo Código Tributário Nacional, considerando a natureza econômica do fato gerador de cada um;

Fiscais (quando visa arrecadar recursos financeiros para o Estado), extra fiscais (com a finalidade de intervenção no domínio econômico) e para fiscais (busca arrecadar recursos para o custeio de atividades que não são próprias e diretamente do Estado, mas, em seu nome, são desenvolvidas por delegação).

1.1.3.2 TAXAS

É o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição. Destinação: Custeio do relativo exercício ou serviço.

A taxa, diferentemente do imposto, tem os seus elementos configuradores previstos no art. 145 da CF:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;

§ 2° - As taxas não poderão ter base de cálculo própria dos impostos.

De acordo com o texto constitucional, há três espécies de taxas:

Pelo exercício do poder de polícia;

Pela utilização efetiva de serviços públicos específicos e divisíveis, desde que prestados ao contribuinte;

Pela utilização em potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, embora não utilizados diretamente pelo contribuinte, porém, postos à sua disposição.

O Código Tributário Nacional, no art. 77, define taxa do mesmo modo como está na Constituição Federal. Aliás, se diferença existisse, haveria de prevalecer o posto na Carta Magna.

O art. 79 do CTN cuida de especificar quando os serviços públicos são utilizados pelo contribuinte:

Art. 79 - Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se:

I - utilizados pelo contribuinte:

Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;

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Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

II - específicos, quando possam ser destinados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidade públicas;

III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.

O CTN, no art. 80, traça regras de atribuições dos entes federados para a instituição de taxas:

Art. 80 — Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público.

O conceito de taxa e as considerações postas na CF, no CTN, na doutrina e na jurisprudência a seu respeito, determinam a fixação dos enunciados a seguir expostos, sendo que alguns são submetidos a questionamentos.

É concorrente a competência para a cobrança de taxas, pelo que ela pode ser exigida pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

A fixação da base de cálculos das taxas só encontra uma limitação: não poderá ser a base de cálculo que tenha servido para a incidência de imposto.

As taxas só podem ser cobradas se criadas por lei e se estiverem previsíveis no orçamento.

As taxas são tributos pagos pelos particulares em decorrência de um consumo direto e individual dos serviços públicos e que têm como fato gerador o exercício do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

1.1.3.3 CONTRIBUIÇÕES

Contribuição social — É o tributo exigido da sociedade, para assegurar direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Destinação: Financiar a seguridade social.

De serviço e sindical - É o tributo consistente em contribuições compulsórias exigidas dos empregadores para serviço social e sistema sindical. Destinação: Serviço social e formação profissional.

Interventiva - É o tributo de intervenção da União no domínio econômico. Destinação: Para fins de intervenção.

Corporativa - É o tributo instituível pela União, de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Destinação: Custear a atuação da entidade.

Contribuições previdenciárias - É o tributo instituível pelos Estados, Distrito Federal e Municípios exigido de seus servidores para os sistemas de previdência e assistência social dos mesmos. Destinação: Custeio dos benefícios.

Empréstimo compulsório - É o tributo instituível pela União: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública de guerra externa ou sua iminência; II - para investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Destinação: Custear despesas extraordinárias investimento público relevante.

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1.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

1.2.1 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA (ART. 145, § 1º)

O referido parágrafo estabelece que, "sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte".

Ao criar os impostos, o legislador deve levar em conta, sempre que possível, a situação particular de cada contribuinte, permitindo com isso que seja realizada a justiça tributária ao não exigir imposto acima do suportável. O princípio da capacidade contributiva é realizado, por exemplo, no imposto de renda, onde existem alíquotas diferenciadas e se permitem várias deduções de acordo com a situação do contribuinte.

1.2.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL (ART. 150, I)

O texto do referido art. 150, I da CF estabelece que "é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça". É o princípio da legalidade tributária, que limita a atuação do poder tributante em prol da justiça e da segurança jurídica dos contribuintes. Seria temeroso permitir que a Administração Pública tivesse total liberdade na criação e aumento dos tributos, sem garantia alguma que protegesse os cidadãos contra os excessos cometidos.

O princípio da legalidade tributária nada mais é que uma reverberação do princípio encontrado no art. 5º, II da CF onde lemos que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei", o constituinte quis deixar bem claro a total submissão dos entes tributantes ao referido princípio, para que não restasse dúvida de natureza alguma. A lei a que se refere o texto constitucional é, entendida como norma jurídica aprovada pelo legislativo e sancionada pelo executivo, ao contrário da lei em sentido amplo que se entende

como qualquer norma jurídica emanada do estado que obriga a coletividade.

Na própria CF encontramos algumas exceções em relação ao princípio da legalidade, o Poder Executivo tem liberdade de alterar as alíquotas dos impostos sobre exportação, importação, produtos industrializados e sobre operações financeiras através de decreto. É importante frisar que em relação à criação de tributos não existem exceções, ou seja, todos os tributos devem ser criados por lei .

1.2.3 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (ART. 150, III, B)

Proclama o referido artigo que é vedado aos entes tributantes cobrar tributo "no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou". Também aqui vemos o desejo de estabelecer a segurança jurídica na relação tributária, o Estado vê-se obrigado a aguardar o início do próximo exercício financeiro para iniciar a cobrança do tributo criado ou aumentado. Assim, se um tributo tiver sua alíquota aumentada no mês de outubro de 2007, só poderá ser cobrado com a nova alíquota a partir de janeiro de 2008.

O princípio da anterioridade comporta algumas exceções, os impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados, operações financeiras, extraordinários de guerra e o empréstimo compulsório decorrente de calamidade pública ou guerra externa, podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que foram instituídos ou aumentados.

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1.2.4 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE (ART. 150, III, A)

Não se pode cobrar tributo relativo a situações ocorridas antes do início da vigência da lei que as tenha definido, ou seja, a lei sempre se aplicará a fatos geradores ocorridos após o início da sua vigência.

A regra geral é da irretroatividade da lei, sendo exceção a ocorrência de leis retroativas, tais como as leis interpretativas, a lei penal mais benigna, etc.

1.2.5 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA TRIBUTÁRIA (ART. 150, II)

A igualdade jurídica dos cidadãos é proclamada no art. 5º, I da CF, que afirma "todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza...", vemos assim que a isonomia ou igualdade tributária não é nada mais que uma confirmação de um princípio constitucional básico: a igualdade de todos perante a lei.

Os poderes tributantes não poderão tratar os iguais de forma desigual, independentemente do nome que tenham os rendimentos, títulos ou direitos dos indivíduos, a lei tributária não poderá ser imposta de forma diferenciada em função de ocupação profissional ou função exercida.

1.2.6 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO (ART. 150, IV)

O Estado não pode criar tributo que seja utilizado com efeito de confisco, ou seja, o tributo não pode ser tão gravoso que atinja de forma exacerbada o patrimônio do contribuinte. A Constituição Federal não diz o que deve ser considerado tributo com efeito de confisco, nem fala das características que tais tributos devem possuir, sendo assim, cabe ao Poder Judiciário, em suas decisões, e à doutrina, com os estudos aprofundados, determinar o que seria considerado confisco.

1.2.7 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÂNSITO (ART. 150, V)

A CF garante a todos os indivíduos a liberdade de locomoção dentro do território nacional, sendo assim, art. 150, V confirma tal liberdade ao assegurar que não se pode limitar o tráfego de pessoas ou bens através da criação de tributos interestaduais ou intermunicipais, exceto pela cobrança de pedágio, em vias conservadas pelo Poder Público.

1.2.8 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE DA TRIBUTAÇÃO (ART. 151, I)

A União não pode criar tributos que impliquem em distinção ou preferência por um Estado, Distrito Federal ou Município, em relação aos demais. Os tributos têm de ser uniformes em todo o território nacional.

1.3 IMUNIDADE E ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

A isenção é causa impeditiva do nascimento do tributo nas condições estabelecidas na lei que a estabeleceu. A regra jurídica que prescreve a isenção, em última análise, consiste na formulação negativa da regra jurídica que estabelece a tributação. A diferença entre isenção e imunidade é de que, na primeira, havia uma regra jurídica geral a estabelecer a hipótese de incidência de um tributo, impedida de funcionar, excepcionalmente, em relação às normas de isenção concedidas, enquanto na segunda, a regra jurídica que estabelece a hipótese de incidência já nasce delimitada em sua abrangência por ordem constitucional.

Em outras palavras, a isenção é somente necessária quando houver previamente a regra jurídica que instituiu o tributo; já a imunidade antecede à regra jurídica que

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possa vir a instituir o tributo. Apenas como simples lembrança, a imunidade alcança os impostos; a isenção, todos os tributos.

A isenção não se confunde, também, com a remissão. Na isenção, o fato gerador "in concreto" não acontece; na remissão, o fato imponível já ocorreu, havendo, a posteriori, o perdão do débito correspondente. Na isenção, não se formaliza o ato administrativo do lançamento; na remissão, formaliza-se o lançamento para, depois, ser cancelado.

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No Brasil, a tributação decorre da utilização de uma série de normas jurídicas distintas. O conjunto dessas regras jurídicas, de diversos tipos, forças e finalidades, relacionadas com o fenômeno da tributação, é conhecido pela expressão legislação tributária (art. 96 do Código Tributário Nacional).

1.4 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA: TIPOS, HIERARQUIA E FINALIDADES

Os principais componentes da legislação tributária são os seguintes, dispostos de maneira hierarquizada:

a) Constituição. É a lei fundamental do Estado. A Constituição ocupa o ápice do ordenamento jurídico, devendo ser observada, acatada e respeitada por todas as outras normas existentes.

A Constituição brasileira, de maneira original em relação a outros países, organiza o Sistema Tributário Nacional, fixando quais os tributos existentes (arts. 145, 148 e 149), distribuindo a competência tributária no caso dos impostos (tributos não vinculados) (arts. 153 a 156), estabelecendo as limitações ao poder de tributar (arts. 150 a 152) e dispondo acerca da repartição das receitas tributárias (arts. 157 a 162);

b) Emendas à Constituição. São modificações realizadas pelo Congresso Nacional, na condição de Poder Constituinte Derivado, na própria Constituição por intermédio de um processo legislativo especial previsto no art. 60 da Carta Magna ("A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros"), observadas as limitações previstas no seu § 4º (conhecidas como "cláusulas pétreas". Entre outras, está o respeito aos direitos e garantias individuais). Ao serem aprovadas, as emendas têm a mesma força das normas constitucionais.

Parte significativa das emendas editadas trata de matéria tributária.

c) Leis complementares (ou leis complementares à Constituição). São diplomas legais com a função de complementar dispositivos constitucionais que tratam genericamente de determinadas matérias, normalmente devido a sua complexidade. As leis complementares devem ser aprovadas pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional (art. 69 da Constituição). Possuem, em regra, caráter nacional (devem ser obedecidas pelas leis federais, estaduais e municipais) e somente serão editadas para os temas em que o Texto Maior expressamente reclama regulamentação por essa espécie normativa (ADIN n.789).

As leis complementares tributárias tratarão das seguintes matérias:

c.1. Conflitos de competência, regulamentação das limitações ao poder de tributar, normas gerais de legislação tributária e definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte (art. 146 da Constituição)

c.2. Estabelecer critérios especiais de tributação com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência (art. 146-A da Constituição);

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da AC n. 1.657, entendeu como proporcional e razoável a exigência de regularidade tributária para o exercício da atividade econômica da fabricação de cigarros. Entre outros fatores, observou-se que a diferença a menor no recolhimento do IPI sobre o cigarro tem reflexo superlativo na definição do lucro da empresa fabricante e nas condições de concorrência no setor.

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c.3. Instituição de empréstimos compulsórios (art. 148, caput da Constituição);

c.4. Instituição do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, inciso VII, da Constituição);

c.5. Instituição de impostos residuais (art. 154, inciso I, da Constituição);

c.6. Disciplinamento, no âmbito do ITBD, da situação do doador com residência ou domicílio no exterior e de cujus (falecido) com bens, residência, domicílio ou

inventário processado no exterior (art. 155, §1o, inciso III, da Constituição);

c.7. Definição, no âmbito do ICMS, de semi-elaborados (art. 155, §2o, inciso X, alínea a, da Constituição);

c.8. Disciplinamento de vários aspectos do ICMS (art. 155, §2o, inciso XII, da Constituição);

c.9. Definição, no âmbito do ISS, dos serviços a serem tributados (art. 156, inciso III, da Constituição);

c.10. Disciplinamento, no âmbito do ISS, das alíquotas máximas e isenções em exportações de serviços para o exterior (art. 156, §3o, da Constituição);

c.11. Instituição de "outras contribuições de Seguridade Social" (art. 195, §4o, da Constituição).

d) Resoluções do Senado Federal. São diplomas normativos aprovados

exclusivamente pelo Senado Federal com a mesma força da lei ordinária.

Existem quatro matérias tributárias a serem reguladas pelo Senado Federal por intermédio de Resoluções. Vejamos as hipóteses:

e) Leis ordinárias. São diplomas normativos aprovados pelos parlamentos (Congresso Nacional, Assembléia Legislativa, Câmara Legislativa do Distrital Federal e Câmara de Vereadores) com a função precípua de inovar a ordem jurídica, ou seja, criar ou extinguir, em abstrato, direitos e obrigações.

As leis viabilizam a tributação na medida em que são os instrumentos de instituição (ou criação) e modificação dos tributos. Cabe à lei estabelecer o fato gerador, a base de cálculo, a alíquota, o sujeito passivo, as penalidades e as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários (art. 97 do Código Tributário Nacional). Nos termos do Código, deve ser entendida como majoração de tributo a ampliação (onerosa para o contribuinte) da base de cálculo. Por outro lado, não constitui majoração de tributo a mera atualização monetária da base de cálculo.

f) Tratados e convenções internacionais. São acordos firmados entre Estados soberanos para regular assuntos de interesse comum. No âmbito tributário são muito comuns os tratados para evitar a bitributação. Para "vincular e obrigar" no território nacional, um tratado ou convenção internacional precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo (art. 49, inciso I, da Constituição), e ser promulgado e publicado por decreto presidencial (ADInMC n.1.480).

Segundo o art. 98 do Código Tributário Nacional, os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e serão observados pela que lhes sobrevenha. Esse dispositivo acende uma polêmica doutrinária acerca da supremacia ou não dos tratados e convenções internacionais sobre a legislação interna. Cabe registrar, no entanto, que as decisões do Supremo Tribunal Federal apontam para a "paridade normativa entre atos internacionais e normas infraconstitucionais de direito interno" (ADInMC n. 1.480 e CR n. 8.279 AgR/AT). Com a edição da Emenda Constitucional n. 45, de

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2004 (Reforma do Judiciário) foi inserido o parágrafo terceiro no art. 5° da Constituição estabelecendo expressamente que os tratados sobre direitos humanos, aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais;

g) Decretos. São normas jurídicas editadas pelo Chefe do Poder Executivo (Presidente da República, Governador ou Prefeito) com o objetivo de interpretar e detalhar a aplicação prática da lei. Esses diplomas legais não podem inovar a ordem jurídica, ou seja, criar, em abstrato, direitos ou obrigações não previstas em lei. Admite-se, no entanto, a instituição de obrigações instrumentais, viabilizadoras daquelas já previstas em lei, por parte de normas infralegais.

No campo tributário são freqüentes os decretos com a função de reunir e consolidar a legislação esparsa acerca de determinado tributo. Assim, tem-se, entre outros, o Regulamento do Imposto de Renda, o Regulamento do IPI, o Regulamento Aduaneiro;

h) Normas complementares. São orientações dadas pelas autoridades administrativas a seus subordinados viabilizando a interpretação uniforme da legislação tributária (REsp n. 460.986). As normas complementares são veiculadas por intermédio de portarias, instruções normativas, ordens de serviço, circulares, pareceres, atos declaratórios, etc. Também são normas complementares os convênios celebrados pelos entes estatais entre si. Por fim, as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de âmbito administrativo, a que a lei atribua eficácia normativa, também se enquadram no gênero em questão.

As normas complementares tributárias são assim denominadas no art. 100 do Código Tributário Nacional, ao lado das práticas reiteradas pela administração. Ainda segundo o art. 100, exatamente no parágrafo único, a observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.

1.5 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

Atualmente, a lei complementar exigida pelo art. 146 da Constituição, notadamente para veicular normas gerais, está representada no Código Tributário Nacional. Originalmente editado como lei ordinária (Lei n. 5.172, de 1966), possui o status (a força) de lei complementar, por conta do princípio, fenômeno ou teoria da recepção (art. 34, §5o, do ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).

O princípio, fenômeno ou teoria da recepção consiste basicamente no aproveitamento na nova ordem constitucional de diplomas legais editados perante a ordem constitucional anterior, desde que não conflitem com os mais recentes ditames constitucionais.

1.6 VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Vigência é a aptidão para incidir, ou seja, produzir efeitos no plano jurídico. Consiste em pressuposto para a incidência e pressupõe a superação da "vacatiolegis" (período compreendido entre a publicação e a vigência). Assim, a vigência está relacionada com a validade formal da lei. Em regra, se não existir um obstáculo ou condicionamento externo, a lei em vigor, porque pronta e acabada, poderá incidir, ser aplicada aos casos concretos pertinentes.

As principais regras de vigência de diplomas legais de natureza tributária são as seguintes:

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a) Lei: 45 (quarenta e cinco) dias depois de publicada em território nacional e 3 (três) meses depois no estrangeiro (art. 1o da LICC - Lei de Introdução ao Código Civil) ou a regra que a própria lei estabelecer.

A eficácia da lei tributária no tempo deve observar 2 (dois) condicionantes: a eventual "vacatio legis" e o princípio da anterioridade, inclusive na modalidade ―qualificada‖;

b) Atos normativos: na data da publicação, salvo disposição em contrário;

c) Decisões com eficácia normativa: 30 (trinta) dias depois da publicação, salvo disposição em contrário;

d) Convênios: na data em que o próprio convênio estabelecer, salvo disposição em contrário.

O art. 104 do Código Tributário Nacional veicula regra de vigência no primeiro dia do exercício seguinte para uma série de situações tributárias relacionadas com impostos sobre o patrimônio ou a renda (instituição e majoração de tributos, veiculação de novas hipóteses de incidência e revogação de isenção). É fortíssimo, entretanto, o raciocínio no sentido da revogação desse dispositivo.

Com efeito, segundo certas decisões do Supremo Tribunal Federal (ADC n. 1 e ADIn n. 3.694), o princípio da anterioridade diz respeito à produção de efeitos das leis tributárias e não a vigência propriamente. Ademais, para os casos de revogação de isenção, o Supremo Tribunal já decidiu pela imediata produção dos efeitos da medida (RE n. 204.062).

A aplicação é o reconhecimento da incidência, em casos concretos, pela autoridade competente. A lei tributária aplica-se a fatos geradores futuros e pendentes. Admite-se, ainda, a aplicação a ato ou fato pretérito quando a lei:

a) for meramente interpretativa;

b) em se tratando de ato ou fato não definitivamente julgado: deixe de defini-lo como infração, deixe de defini-lo como contrário a ação ou a omissão ou comine penalidade menos severa.

Imagine-se a seguinte situação hipotética: a penalidade vigente no momento da ocorrência do fato gerador era de 75% (setenta e cinco por cento), por conta da Lei A, e antes do pagamento do crédito devido, ela foi reduzida para 30% (trinta por cento), por força da Lei B. Assim, na vigência da Lei B, se o ato não estiver definitivamente julgado, o percentual de multa a ser cobrado e pago será de 30% (trinta por cento).

O art. 3° da Lei Complementar n. 118, de 2005, veiculou norma interpretativa nos seguintes termos: ―Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o §1° do art. 150 da referida Lei‖. Assim, restou desautorizada a tese dos ―cinco mais cinco‖ (anos) na repetição de indébito tributário nos casos de tributos submetidos ao lançamento por homologação.

A Corte Especial do STJ, por unanimidade, reconheceu a inconstitucionalidade da aplicação retroativa da norma interpretativa (modificativa, segundo a decisão) prevista no art. 3° da Lei Complementar n. 118, de 2005, por ofensa aos princípios constitucionais da autonomia e independência dos poderes e da garantia do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada (AI nos EREsp n. 644.736).

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1.7 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Interpretação é a atividade intelectual com a finalidade de declarar o conteúdo, o sentido e o alcance das regras jurídicas.

A interpretação de normas tributárias deve observar algumas definições fixadas explicitamente no Código Tributário Nacional. Nessa linha, ficou consagrada a possibilidade de o legislador adequar conceitos, categorias e formas de direito privado para atingir fins tributários específicos. Essa adequação encontra limite

nos conceitos utilizados na Constituição, que não podem ser modificados pelo legislador ordinário (arts. 109 e 110 do CTN). Assim, o legislador pode adotar um instituto de direito privado com efeitos distintos no plano tributário (exemplos: a prescrição tributária extingue o direito, a decadência tributária admite interrupção, a confissão de dívida tributária viabiliza a cobrança do crédito mediante inscrição direta em dívida ativa e independentemente de lançamento direto). Por outro lado, os conceitos presentes na Constituição não podem ser ampliados arbitrariamente pelo legislador (exemplo: charretes não podem ser conceituadas como veículos automotores, nem equiparadas aos mesmos, como forma de viabilizar a tributação pelo IPVA).

O STF, como destacado anteriormente, entendeu inconstitucional a ampliação da base de cálculo da COFINS e do PIS pela Lei n. 9.718, de 1998. Houve, segundo o STF, alargamento indevido do conceito de receita bruta para toda e qualquer receita, violando, assim, a noção de faturamento veiculada no art. 195, inciso I, alínea ―b‖, da CF, na redação anterior à Emenda Constitucional n. 20, de 1998. Na visão do STF, o conceito de faturamento equivalia ao de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza (RE n. 357.950 e RE n. 346.084.

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1.8 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Organograma Hieráquico Tibutário

DIPJ -DASN - DITR - DIMOF - DCTF - INFORME

DIMOB - DMED - DEC. IMUNIDADE - RAIS - ECD

DIRF - DACON - CIAP DIGITAL - RTT - FCONT - Manad

PIS/COFINS DIGITAL - PERDCOMP - eLALUR - IN 86

IRPJ - CSLL - ITR - II - IE

PIS - COFINS - IPI - FGTS

IOF - CONT. SINDICAL

Tributos Federais

União

GIA

SINTEGRA

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EFD

ICMS

IPVA

ITCMD

Tributos Estaduais

Estado

DIPAM

DES

DEC IMUNIDADE

NF'e

ISS

IPTU

ITBI

TFE - TFA

Tributos Municipais

Município

Planejamento

Entendendo os Tributos

Recolhimento

Retenção

Compensação

Noção básica das formas de tributação Lucro Real

Lucro Presumido

Simples

Arbitrado

Identificação dos tributos em função do segmento econômico da empresa:

Indústria

Comércio

Prestação de Serviços.

Obrigações Principais

Obrigações Acessórias

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AULA Nº 2 – CONTABILIDADE COMO

CONHECIMENTO E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Objetivo da Aula:

2 A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO

I - A Contabilidade como ciência social

A Contabilidade possui objeto próprio - o Patrimônio das Entidades - e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma ciência social com plena fundamentação epistemológica. Por conseqüência, todas as demais classificações - método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes - referem-se a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas.

II - O Patrimônio objeto da Contabilidade

O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência, tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto é sempre o patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limites estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa.

O patrimônio também é objeto de outras ciências sociais - por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito - que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio.

Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em "máquinas", ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às "máquinas" como categoria, mas se ocupará de cada máquina em particular, na sua condição do componente

O objetivo desta aula é mostrar a contabilidade como conhecimento e resolver alguns estudos de casos inerente o que foi visto até o presente momento.

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patrimonial, de forma que não possa ser confundida com qualquer outra máquina, mesmo de tipo idêntico.

O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja "Valor", porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados.

Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, mediante a equação considerada como básica na Contabilidade:

(Bens + Direitos) - (Obrigações) = Patrimônio Líquido

Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-se denominá-lo de "Passivo a Descoberto".

O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Entidade.

O conhecimento que a Contabilidade tem do seu objeto está em constante desenvolvimento, como aliás, ocorrem nas demais ciências em relação aos respectivos objetos. Por esta razão, deve-se aceitar como natural o fato da existência de possíveis componentes do patrimônio cuja apreensão ou avaliação se apresenta difícil ou inviável em determinado momento.

III - Objetivos da Contabilidade

A existência de objetivos específicos não é essencial à caracterização de uma ciência, pois, caso o fosse, inexistiria a ciência "pura", aquela que se concentra, tão-somente, no seu objeto. Aliás, na própria área contábil, encontramos muitos pesquisadores cuja obra não apresenta qualquer escopo pragmático, concentrando-se na Contabilidade como ciência. De qualquer forma, como já vimos, não há qualquer dificuldade na delimitação dos objetivos da Contabilidade no terreno científico, a partir do seu objeto, que é o Patrimônio, por estarem concentrados na correta representação deste e nas causas das suas mutações.

O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta apresentação do patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas mutações. Já sob ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma Entidade particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios.

O tema, tão claro no quadrante científico, comporta comentários mais minuciosos quando direcionado aos objetivos concretos perseguidos na aplicação da Contabilidade a uma Entidade em particular. Adentramos, no caso, o terreno operacional, regulado pelas normas. Assim, ouve-se com freqüência dizer que um dos objetivos da Contabilidade é o acompanhamento da evolução econômica e financeira de uma Entidade. No caso, o adjetivo "econômico" é empregado para designar o processo de formação de resultado, isto é, as mutações quantitativo-qualitativas do patrimônio, as que alteram o valor do Patrimônio Líquido, para mais ou para menos, correntemente conhecidas como "receitas" e "despesas". Já os aspectos qualificados como "financeiros" concernem, em última instância, aos fluxos de caixa.

Cumpre também ressaltar que, na realização do objetivo central da Contabilidade, defrontamo-nos, muitas vezes, com situações nas quais os aspectos jurídico-formais das transações ainda não estão completa ou suficientemente elucidados. Nesses casos, deve-se considerar o efeito mais provável das mutações sobre o

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patrimônio, quantitativa e qualitativamente, concedendo-se prevalência à substância das transações.

IV - Informações geradas pela Contabilidade

De forma geral, no âmbito dos profissionais e usuários da Contabilidade, os objetivos desta, quando aplicada a uma Entidade particularizada, são identificados com a geração de informações, a serem utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização de interesses e objetivos próprios. A precisão das informações demandadas pelos usuários e o próprio desenvolvimento de aplicações práticas da Contabilidade, dependerão, sempre, da observância dos seus Princípios, cuja aplicação à solução de situações concretas deverá considerar o contexto econômico, tecnológico, institucional e social em que os procedimentos serão aplicados. Isso significa, com grande freqüência, o uso de projeções sobre os contextos em causa, o que muitos denominam de visão prospectiva nas aplicações contábeis.

As informações quantitativas que a Contabilidade produz, quando aplicada a uma Entidade, devem possibilitar ao usuário avaliar a situação e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível.

Devem, pois, permitir ao usuário, como partícipe do mundo econômico:

Observar e avaliar o comportamento;

Comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades;

Avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos;

Projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômicos em que se insere.

E tudo isso para que o usuário possa planejar suas próprias operações.

Os requisitos referidos levam à conclusão de que deve haver consistência nos procedimentos que a Entidade utiliza em diferentes períodos e, tanto quanto possível, também entre Entidades distintas que pertençam a um mesmo mercado, de forma que o usuário possa extrair tendências quanto à vida de uma Entidade e à sua posição em face das demais Entidades ou mesmo do mercado como um todo. Tal desiderato é extremamente incentivado pelo sistema formal de normas, cuja coerência estrutural é garantida pela observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, estabelecendo-se, pois, o necessário elo de ligação entre a Ciência da Contabilidade e seus ordenamentos aplicados. Evidentemente o preceito em análise, conhecido por "consistência", não constitui princípio da Contabilidade, mas regra técnico-comportamental. Tanto isso é verdade que procedimentos aplicados, mesmo fixados como norma, podem ser alterados em função das necessidades dos usuários ou mesmo da qualidade dos resultados da sua aplicação, enquanto que os princípios que os fundamentam permanecem inalterados.

V - Usuários da Contabilidade

Os usuários tanto podem ser internos como externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas e, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de interferências sobre o seu futuro.

Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e especificadas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo operacional. Já os

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usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.

Em países com um ativo mercado de capitais, assume importância ímpar a existência de informações corretas, oportunas, suficientes e inteligíveis sobre o patrimônio das Entidades e suas mutações, com vista à adequada avaliação de riscos e oportunidades por parte dos investidores, sempre interessados na segurança dos seus investimentos e em retornos compensadores em relação às demais aplicações. A qualidade dessas informações deve ser assegurada pelo sistema de normas alicerçado nos Princípios Fundamentais, o que torna a Contabilidade um verdadeiro catalisador do mercado de ações.

O tema é vital e, por conseqüência, deve-se manter vigilância sobre o grau em que os objetivos gerais da Contabilidade aplicada a uma atividade particularizada estão sendo alcançados. O entendimento das informações pelos próprios usuários pode levá-los à conclusão da necessidade de valer-se dos trabalhos de profissionais da Contabilidade.

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AULA Nº 3 – PIS E COFINS

Objetivo da Aula:

3 PIS E COFINS – ASPECTOS GERAIS

COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela

LC 70 de 30/12/1991.

PIS - Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP, de que tratam o art. 239 da Constituição de 1988 e as Leis Complementares 7, de 07/09/1970, e 8, de 03/12/1970.

As contribuições do PIS e COFINS, atualmente, estão regidas pela Lei 9718/98, com as alterações subseqüentes.

As duas contribuições, apesar de originarem-se de diferentes legislações, têm uma relativa semelhança na base de cálculo, pois em sua formação devem ser somadas todas as receitas auferidas, com as exceções e exclusões previstas em lei.

COFINS - CONTRIBUINTES São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado em geral, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, exceto as microempresas e as empresas de pequeno porte submetidas ao regime do Simples Federal (Lei 9317/96) - vigente até 30.06.2007, e do Simples Nacional (LC 123/2006), vigente a partir de 01.07.2007.

PIS – CONTRIBUINTES São contribuintes do PIS as pessoas jurídicas de direito privado e as que lhe são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive empresas prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e suas subsidiárias, excluídas as microempresas e as empresas de pequeno porte submetidas ao regime do Simples Federal (Lei 9317/96) - vigente até 30.06.2007, e do Simples Nacional (LC 123/2006), vigente a partir de 01.07.2007.

BASE DE CÁLCULO A partir de 01.02.1999, com a edição da Lei 9718/98, a base de cálculo da contribuição é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas.

Na legislação anterior à Lei 9718/98, a base de cálculo da COFINS e do PIS era o faturamento, compreendendo somente as receitas das atividades operacionais da empresa, ou seja, o somatório das Notas Fiscais de Venda, de Prestação de Serviços ou de Operações de Conta Alheia (comissões), admitidas, quando fosse o caso, as deduções na base de cálculo.

Com as modificações da Lei 9718/98, todas as receitas, exceto as textualmente excluídas, integram a base de cálculo da COFINS e do PIS, sejam operacionais ou não operacionais. Obviamente, manteve-se também o Faturamento.

O objetivo desta aula é mostrar o PIS e COFINS e seus Aspectos Gerais.

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Entretanto, a partir de 28.05.2009, por força do artigo 79 da Lei 11941/2009, que revogou o § 1º do art. 3º da Lei 9718/98, entende-se que a base de cálculo será a receita bruta da pessoa jurídica, e não mais a totalidade das receitas auferidas.

No grupo (espécie) de receitas operacionais, isto é, aquelas decorrentes do giro normal do negócio, porém, não geradas diretamente pelas atividades objeto da sociedade, temos, como exemplos:

os juros e multas cobrados de clientes por atraso no pagamento de títulos;

as receitas financeiras e respectivas variações monetárias decorrentes de atualização de direitos;

as receitas de aluguéis eventuais de imóveis ou móveis;

a receita de serviços eventuais;

a receita de venda de produtos residuais (sucatas);

as receitas em operações de bolsa;

as receitas de investimentos temporários;

prêmio de resgate de títulos e debêntures;

os rendimentos de aplicações financeiras;

a atualização de impostos a compensar pela taxa SELIC;

os descontos financeiros obtidos;

aluguéis recebidos;

a amortização de deságio de investimentos; etc.

As reversões de provisões, os rendimentos de participações societárias e as recuperações de despesas que não representam ingresso de novos valores também integram este grupo, porém, são excluídas da base de cálculo.

No grupo (espécie) receitas não operacionais, as receitas mais comuns são as decorrentes de alienação de bens do ativo permanente, tais como bens móveis e imóveis, investimentos, etc. Estas, entretanto, estão textualmente excluídas da base do PIS e da COFINS.

Assim, o conceito de Faturamento, que antes significava o somatório das receitas objeto da empresa (aquelas constantes em Notas Fiscais de venda ou prestação de serviços), para fins de apuração de base de cálculo do PIS e COFINS, abrange todas as receitas da empresa, sejam operacionais ou não operacionais.

EXCLUSÃO – TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS – ICMS Exclui-se da base de cálculo a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar 87/1996.

Base: inciso V, § 2, art. 3º da Lei 9718/98, incluído pelo art. 15 da Lei 11945/2009.

STF DECLARA INCONSTITUCIONAL O AUMENTO DA BASE DE CÁLCULO Em 09.11.2005, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9718/98, que conforme exposto anteriormente, havia aumentado a base de cálculo da contribuição para o PIS e da COFINS.

Observe-se que tal decisão somente beneficia os contribuintes autores dos recursos extraordinários já julgados. Mas o caminho para aqueles que possuem ações pendentes, bem como os contribuintes que ainda pretendem iniciar a ação no Judiciário, com muita probabilidade será de êxito.

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Conforme previsão constitucional, o STF também poderá comunicar ao Senado a decisão, para que o Legislativo providencie a suspensão da parte declarada inconstitucional, e aí sim, os efeitos da decisão valerão para todos os contribuintes.

A decisão proferida não dá fundamento para que de imediato todos os contribuintes deixem de recolher o PIS e COFINS sobre a receita bruta, sob pena de autuação do fisco federal. Até que o § 1º do art. 3º da Lei 9718 seja retirado do nosso ordenamento jurídico, salvo se amparado por decisões específicas, na qual o contribuinte é parte, o PIS e COFINS devem continuar a ser recolhidos na forma definida na lei.

Para aquelas que estão no regime não cumulativo das contribuições poderá ser pleiteada a inconstitucionalidade do aumento da base de cálculo somente para o período compreendido entre fevereiro de 1999 e novembro de 2002 para o PIS e fevereiro de 1999 a janeiro de 2004 para a COFINS. Isso porque em 2002 e 2003 foram editadas as Leis 10637 e 10833 ampliando a base de cálculo das contribuições, já em consonância com a nova redação da Constituição dada pela EC 20/1998.

Para as empresas que estão no regime cumulativo das contribuições (como as que optaram pelo lucro presumido) a inconstitucionalidade permanece, pois não existe nenhuma lei posterior regulamentando o aumento da base de cálculo do PIS e COFINS.

ALÍQUOTA ZERO – RECEITAS FINANCEIRAS – A PARTIR DE 02/08/2004 – REGIME NÃO

CUMULATIVO DO PIS E COFINS A partir de 02.08.2004, por força do Decreto 5164/2004, ficam reduzidas a zero as alíquotas do PIS e COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições.

O disposto não se aplica às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge, estas até 31.03.2005.

E, a partir de 01.04.2005, por força do Decreto 5442/2005, ficam reduzidas a zero as alíquotas do PIS e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge.

Observe-se que permanece a incidência do PIS e COFINS sobre os juros sobre o capital próprio.

O disposto aplica-se, também, às pessoas jurídicas que tenham apenas parte de suas receitas submetidas ao regime de incidência não-cumulativa.

ALÍQUOTA ZERO – PROGRAMAS DE ESTÍMULO FISCAL Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas do PIS e da COFINS incidentes sobre as receitas decorrentes de valores pagos ou creditados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios relativos ao ICMS e ao ISS, no âmbito de programas de concessão de crédito voltados ao estímulo à solicitação de documento fiscal na aquisição de mercadorias e serviços.

Base: art. 5º da Lei 11945/2009.

OPERAÇÕES REALIZADAS EM MERCADOS FUTUROS RECONHECIMENTO A PARTIR DE 30.12.2004

A partir de 30.12.2004, para efeito de determinação do PIS e da COFINS, os resultados positivos ou negativos incorridos nas operações realizadas em mercados de liquidação futura, inclusive os sujeitos a ajustes de posições, serão

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reconhecidos por ocasião da liquidação do contrato, cessão ou encerramento da posição.

O resultado positivo ou negativo será constituído pela soma algébrica dos ajustes, no caso das operações a futuro sujeitas a essa especificação, e pelo rendimento, ganho ou perda, apurado na operação, nos demais casos.

Base: artigo 32 da Lei 11051/2004.

RECONHECIMENTO ATÉ 29.12.2004

Até 29.12.2004, nas operações realizadas em mercados futuros, considerava-se receita bruta o resultado positivo dos ajustes diários ocorridos no mês.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS A partir de 01.03.2006, para efeito de determinação da base de cálculo do PIS e da COFINS, as instituições financeiras e as demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem computar como receitas ou despesas incorridas nas operações realizadas em mercados de liquidação futura, segundo os critérios do artigo 110 da Lei 11196/2005.

OPERAÇÕES DE CÂMBIO Nas operações de câmbio, realizadas por instituição autorizada pelo Banco Central do Brasil, considera-se receita bruta a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra da moeda estrangeira.

Exemplo:

US$ 1.000.000 comprados a R$ 2,80 cada = R$ 2.800.000,00

US$ 1.000.000 vendidos a R$ 2,81 cada = R$ 2.810.000,00

Receita Bruta = R$ 2.810.000,00 menos R$ 2.800.000,00 = R$ 10.000,00

VARIAÇÕES CAMBIAIS ATIVAS – CRITÉRIOS OPCIONAIS

A partir 01.01.2000, as receitas financeiras decorrentes da variação monetária dos direitos de créditos e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão considerados, para efeito da base de cálculo do PIS e COFINS, á opção da pessoa jurídica (art. 30 da MP 2158/2001):

a) No momento da liquidação da operação correspondente (regime de caixa).

b) Pelo regime de competência, aplicando-se a opção escolhida para todo o ano calendário.

ALÍQUOTAS COFINS: a alíquota geral é de 3% ou 7,6% sobre a receita bruta (dependendo do regime de tributação e enquadramento pela Lei 10.833/2003). Entretanto, para determinadas operações, a alíquota é diferenciada (veja tópicos específicos no Guia Tributário).

PIS: 0,65% ou 1,65% (a partir de 01.12.2002 - dependendo do regime de tributação e enquadramento pela Lei 10.637/2002) sobre a receita bruta ou 1% sobre a folha de salários, nos casos de entidades sem fins lucrativos. Entretanto, para determinadas operações, a alíquota é diferenciada (veja tópicos específicos no Guia Tributário).

Exemplos:

1. Cálculo do PIS e COFINS sobre a receita bruta de R$ 1.000.000,00 (empresa optante pelo Lucro Presumido):

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COFINS: R$ 1.000.000,00 x 3% = R$ 30.000,00

PIS: R$ 1.000.000,00 x 0,65% = R$ 6.500,00

2. Cálculo do PIS de uma entidade sem fins lucrativos, cujo valor da folha de salários é de R$ 10.000,00 no mês:

R$ 10.000,00 x 1% = R$ 100,00

PRAZO DE PAGAMENTO A partir de Novembro/2008

A partir da competência Novembro/2008, o PIS e a COFINS serão recolhidos até o dia 25 do mês seguinte ao da competência (vigésimo quinto dia do mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores) – novo prazo fixado pela MP 447/2008, convertida na Lei 11933/2009.

ANTECIPA-SE o recolhimento se o dia 25 não houver expediente bancário.

Entretanto, no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, o prazo de recolhimento é até o dia 20 (vinte) do mês subseqüente.

De Janeiro/2007 a Outubro/2008

A partir da competência Janeiro/2007 (vencimento Fevereiro/2007) até competência Outubro/2008 (vencimento Novembro/2008), o PIS e a COFINS serão recolhidos até o dia 20 do mês seguinte ao da competência (o último dia útil do segundo decêndio subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador) - novo prazo fixado pelos artigos 7º e 11 da MP 351/2007.

ANTECIPA-SE o recolhimento se o dia 20 não houver expediente bancário. Como exemplo, os tributos da competência janeiro/2007 vencerão no dia 16.02.2007, pois nos dias 19 e 20 de fevereiro não haverá expediente bancário (carnaval).

Até Dezembro/2006

Até a competência dezembro/2006 (vencimento janeiro/2007), o recolhimento do PIS e da COFINS era feito até o último dia útil da primeira quinzena (dia 15 ou o último dia útil anterior, se o dia 15 não for útil) do mês seguinte ao mês de ocorrência dos fatos geradores.

IMPORTADORES DE CIGARROS Para os importadores de cigarros, o recolhimento das contribuições do PIS e COFINS (tanto em relação à contribuição própria quanto da substituição tributária) deverá ser efetivado na data do registro da declaração de importação no SISCOMEX (art. 53 e 54 da Lei 9532/97).

PESSOA JURÍDICA COM FILIAIS – APURAÇÃO E PAGAMENTO CENTRALIZADO Nas pessoas jurídicas que tenham filiais, a apuração e o pagamento das contribuições serão efetuados, obrigatoriamente, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz.

COBRANÇA NÃO-CUMULATIVA DO PIS BASE DE CÁLCULO PREVISTA NA LEI 10.637/2002

Art. 1o A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal (Ato de Faturar), assim entendido o total das receitas

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auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.

§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.

§ 2o A base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP é o valor do faturamento, conforme definido no caput.

§ 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas:

I - decorrentes de saídas isentas da contribuição ou sujeitas à alíquota zero;

II - (VETADO)

III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária;

IV - de venda de álcool para fins carburantes; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.727, de 2008)

V - referentes à:

a) vendas canceladas (DEVOLUÇÕES) e aos descontos incondicionais concedidos;

b) reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita.

VI – não operacionais, decorrentes da venda de ativo imobilizado. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003)

Com a Lei 10.637/2002, para as empresas optantes pelo lucro real, a partir de 01.12.2002, com exceções específicas, acaba a cumulatividade do PIS sobre a

receita bruta, descontando-se créditos da contribuição.

ALÍQUOTAS A alíquota geral é de 1,65%. Para determinadas operações de vendas de produtores, distribuidores ou importadores de combustíveis, produtos farmacêuticos, perfumaria, toucador, higiene pessoal, máquinas e veículos, autopeças, pneus novos de borracha, câmaras-de-ar de borracha, querosene de aviação, embalagens para bebidas, água, refrigerante, cerveja e preparações compostas e papel imune a impostos, a alíquota é específica, conforme definido nos parágrafos do art. 2º da Lei 10.637/2002.

CRÉDITOS ADMISSÍVEIS

1. Bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos adquiridos com substituição tributária ou submetidos á incidência monofásica do PIS.

2. Bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, com as vedações previstas.

3. Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa.

4. Despesas financeiras (*) decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoas jurídicas, exceto de optante pelo SIMPLES. (*) Por força do art. 37 da Lei 10.865/2004, que alterou a redação do inciso V do art. 3 da Lei 10637/2002, as despesas financeiras não gerarão mais créditos, a partir de 01.08.2004.

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5. Máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem assim a outros bens incorporados ao ativo imobilizado.

Nota: há soluções de consulta, por parte da 8a RF/SRF, entendendo que a

partir de 01.02.2004, por força da Lei 10.833/2003, artigos 3 e 15, o direito do crédito foi modificado para ―máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços.‖ Portanto, outros bens do ativo imobilizado não comporão a base de cálculo do crédito. Mas o assunto é polêmico, pois não houve revogação do direito de crédito da depreciação de outros bens, e sim, simples complemento a este direito, na Lei 10.833,/2003. Eis o teor de uma das referidas Soluções de Consulta:

SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 83, DE 26 DE MARÇO DE 2004 - 8ª RF (DOU DE 16.04.2004).

Assunto: Contribuição para o PIS/PASEP

Ementa: PIS NÃO-CUMULATIVO - Crédito. BENS INCORPORADOS AO ATIVO IMOBILIZADO.

O valor dos encargos de depreciação, incorridos a partir de 01 de dezembro de 2002, relativos à bens incorporados ao ativo imobilizado pode ser considerado crédito na apuração do PIS/PASEP não-cumulativo. A partir de 01 de fevereiro de 2004 (vigência da Lei nº 10833, de 2003), apenas os encargos de depreciação de bens incorporados ao ativo imobilizado, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, podem ser considerados crédito na apuração do PIS/PASEP não-cumulativo.

6. Edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mão-de-obra, tenha sido suportado pela locatária.

7. Bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto na Lei 10637/2002.

8. A partir de 01.02.2003, a energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica (art. 25 da Lei 10.684/2003).

9. A partir de 01.02.2003, as contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas (art. 25 da Lei 10.684/2003).

Por força da Lei 10.833/2003, art. 15, a partir de 01.02.2004 são admissíveis também os seguintes créditos:

10. máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços;

11. edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;

12. armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos de bens para revenda ou insumo, quando o ônus for suportado pelo vendedor.

CUSTOS DE FABRICAÇÃO DO IMOBILIZADO A partir de 01.12.2005, são admissíveis créditos calculados em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.

Não integram o valor das máquinas, equipamentos e outros bens fabricados para incorporação ao ativo imobilizado:

I - de mão-de-obra paga a pessoa física; e

II - da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando

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revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição.

Base: artigo 45 da Lei 11.196/2005, que altera a redação do inciso VI e § 13 do art. 3 da Lei 10.637.

CÁLCULO DO CRÉDITO O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota de 1,65% sobre o somatório de:

1. Dos itens mencionados em 1 e 2 acima, adquiridos no mês;

2. Dos itens mencionados em 3, 4, 8 e 9, incorridos no mês;

3. Dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados em 5 e 6, e 10 e 11 (estes a partir de 01.02.2004) incorridos no mês;

4. Dos bens mencionados em 7, devolvidos no mês;

5. Dos itens mencionados em 12, a partir de 01.02.2004, incorridos no mês.

EXEMPLO:

Descrição: Valor R$

1. bens adquiridos para revenda 500.000,00

2. bens e serviços utilizados 325.000,00

3. aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos 59.000,00

4. energia elétrica 180.500,00

5. encargos de depreciação - máquinas e equipamentos 37.950,00

6. amortizações de benfeitorias 9.400,00

7. devoluções 125.620,00

8. TOTAL de 1 A 7 1.237.470,00

Crédito do PIS 1,65% x TOTAL 8 20.418,26 DEVOLUÇÃO DE VENDAS No caso de devolução de vendas efetuadas em períodos anteriores, o crédito calculado mediante a aplicação da alíquota incidente na venda será apropriado no mês do recebimento da devolução.

Bases: artigos 21 e 22 da Lei 11.051/2004, aplicável ao PIS conforme artigo 26 da mesma lei, e artigo 14 da Lei 11.727/2008.

CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO Os encargos de depreciação devem ser determinados mediante a aplicação da taxa de depreciação fixada pela SRF em função do prazo de vida útil do bem, nos termos das Instruções Normativas SRF nº 162/1998, e nº 130, de 1999 (para acessar as taxas,), conforme art. 1º da IN SRF 457/2004.

As pessoas jurídicas devem manter, durante o prazo de 10 (dez) anos, em boa guarda, à disposição da SRF, os registros contábeis ou planilhas que permitam a comprovação da utilização dos créditos de depreciação.

Bases: Lei 10.833/2003 e IN SRF 457/2004.

COBRANÇA NÃO-CUMULATIVA DA COFINS BASE DE CÁLCULO PREVISTA NA LEI 10.833/2003

Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, com a incidência não-cumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal (Ato de Faturar), assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.

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§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.

§ 2o A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme definido no caput.

§ 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas:

I - isentas ou não alcançadas pela incidência da contribuição ou sujeitas à alíquota 0 (zero);

II - não-operacionais, decorrentes da venda de ativo permanente;

III - auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária;

IV - de venda de álcool para fins carburantes; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.727, de 2008)(Vigência)

V - referentes a:

vendas canceladas (DEVOLUÇÕES) e aos descontos incondicionais concedidos;

IPI

reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição que tenham sido computados como receita.

Com a Lei 10.833/2003 para as empresas optantes pelo lucro real, a partir de 01.02.2004, com exceções específicas, acaba a cumulatividade da COFINS sobre

a receita bruta, descontando-se créditos da contribuição.

ALÍQUOTAS A alíquota geral é de 7,6%. Para determinadas operações de vendas de produtores, distribuidores ou importadores de combustíveis, produtos farmacêuticos, perfumaria, toucador, higiene pessoal, máquinas e veículos, autopeças, pneus novos de borracha, câmaras-de-ar de borracha, querosene de aviação, embalagens para bebidas, água, refrigerante, cerveja e preparações compostas e papel imune a impostos, por força do art. 21 da Lei 10.865/2004 (que alterou vários parágrafos do art. 2 da Lei 10.833/2003), a alíquota é específica.

Receitas Financeiras

São reduzidas a zero as alíquotas da COFINS e do PIS-Pasep incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive as operações de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime não cumulativo dessas contribuições, observado que (Decreto nº 5.442/2005):

a) aplica-se também às pessoas jurídicas que tenham apenas parte de suas receitas submetidas ao regime de incidência não cumulativa; e

b) não se aplica aos juros sobre o capital próprio.

CRÉDITOS ADMISSÍVEIS

1. Bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos adquiridos com substituição tributária ou submetidos á incidência monofásica da COFINS;

2. Bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, com as vedações previstas;

3. Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;

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4. Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;

5. Despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos (*) e o valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES; (*) Por força do art. 21 da|Lei 10.865/2004, que alterou a redação do inciso V do art. 3 da Lei 10833/2003, as despesas financeiras não gerarão mais créditos, a partir de 01.05.2004.

6. Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços;

7. Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa;

8. Bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada pela COFINS não cumulativa;

9. Armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos 1 e 2 acima, quando o ônus for suportado pelo vendedor.

A Lei 11.196/2005, em seu artigo 43, altera a redação do inciso VI do art. 3 da Lei 10.833 - estipulando que são admissíveis créditos calculados em relação a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. A vigência desta alteração é 01.12.2005.

CÁLCULO DO CRÉDITO O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o somatório de:

1. Dos itens mencionados em 1 e 2 acima, adquiridos no mês;

2. Dos itens mencionados em 3 a 5 e 9, incorridos no mês;

3. Dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados em 6 e 7, incorridos no mês;

4. Dos bens mencionados em 8, devolvidos no mês.

Exemplo de Cálculo do Crédito

Descrição Valor R$

Bens adquiridos para revenda 500.000,00

Bens e serviços utilizados 325.000,00

Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos 59.000,00

Encargos de depreciação - máquinas e equipamentos 37.950,00

Amortizações de benfeitorias 9.400,00

Devoluções 125.620,00

SOMA 1.056.970,00

Crédito do COFINS 7,6% x soma 80.329,72 DEVOLUÇÃO DE VENDAS No caso de devolução de vendas efetuadas em períodos anteriores, o crédito calculado mediante a aplicação da alíquota incidente na venda será apropriado no mês do recebimento da devolução.

Base: artigos 21 e 22 da Lei 11.051/2004 e artigo 14 da Lei 11.727/2008.

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CÁLCULO DA DEPRECIAÇÃO Os encargos de depreciação referidos nos itens 6 e 7, devem ser determinados mediante a aplicação da taxa de depreciação fixada pela SRF em função do prazo de vida útil do bem, nos termos das Instruções Normativas SRF nº 162/1998, e nº 130, de 1999, conforme art. 1º, da IN SRF 457/2004.

As pessoas jurídicas devem manter, durante o prazo de 10 (dez) anos, em boa guarda, à disposição da SRF, os registros contábeis ou planilhas que permitam a comprovação da utilização dos créditos de depreciação.

PIS E COFINS – CONTABILIZAÇÃO DE CRÉDITOS – REGIME NÃO CUMULATIVO Os créditos do PIS e COFINS, escriturados por pessoa jurídica que tenha auferido receitas submetidas ao regime de tributação não cumulativa dessa contribuição (Lei 10.637/2002 e 10.833/2003), poderão ser utilizados na dedução, na escrita contábil da pessoa jurídica, dos débitos da contribuição decorrentes de suas receitas tributadas.

Desta forma, conclui-se que é obrigatório a contabilização do crédito do PIS e da COFINS, não bastando contabilizar o encargo correspondente pelo valor líquido (débito menos crédito), devendo sê-lo destacadamente.

A seguir, apresento exemplos de contabilização:

CRÉDITO DE ESTOQUES DE 01.12.2002 ESTOQUES EXISTENTES EM 01.12.2002 - R$ 50.000,00 CRÉDITO DO PIS R$ 50.000,00 X 0,65% = R$ 325,00 DIVIDIDO POR 12 = R$ 27,03.

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Ativo Circulante

Estoque

Valor

325,00

DB

CR

Histórico

Valor integral do

crédito

Mensalmente, se transferirá o crédito para a conta de PIS a Recolher:

Passivo Circulante

PIS a Recolher

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Valor

27,03

DB

CR

Histórico

CRÉDITO NA AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS VALOR DAS COMPRAS DO MÊS (SEM IPI): R$ 100.000,00 CRÉDITO DO PIS R$ 100.000,00 X 1,65% = R$ 1.650,00

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado ou Ativo Circulante

Custo da Mercadoria Vendida ou Estoques

Valor

1.650,00

DB

CR

Histórico

1

1 Se as mercadorias correspondentes estiverem em estoque, deve-se creditar a respectiva conta de estoques, ou proporcionalmente, caso parte das mercadorias tenham sido vendidas e parte ficaram em estoques.

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CRÉDITO DE DEPRECIAÇÃO DEPRECIAÇÃO NO MÊS R$ 916,00 X 1,65% = R$ 15,11

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado

Custo da Mercadoria Vendida

Valor

15,11

DB

CR

Histórico

2 CRÉDITO DE DESPESAS FINANCEIRAS DESPESAS BANCÁRIAS NO MÊS R$ 500,00 X 1,65% = R$ 8,25

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado

PIS Crédito de Despesas Financeiras *

Valor

8,25

DB

CR

Histórico

3

Nota: observar que as despesas financeiras não geram mais créditos do PIS, a partir de 01.08.2004, quando fixou-se alíquota 0 do PIS e COFINS sobre Receitas Financeiras.

CRÉDITO DE ENERGIA ELÉTRICA E OUTRAS DESPESAS ENERGIA ELÉTRICA NO MÊS R$ 1.000,00 X 1,65% = R$ 16,50

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado

PIS Crédito de Energia Elétrica *

Valor

16,50

DB

CR

Histórico

ALUGUÉIS PAGOS A PESSOA JURÍDICA: R$ 5.000,00 X 1,65% R$ 82,50

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado

PIS Crédito de Custos ou Despesas Operacionais *

Valor

82,50

DB

CR

Histórico

4

2 Lançamento para depreciação relativa a custos de produção. Se a depreciação se referir a despesas gerais (por exemplo, depreciação de computadores), lança-se a crédito de uma conta específica de redução de despesas administrativas ("PIS crédito de depreciações" ou semelhante). 3 Esta conta é redutora das despesas financeiras.

4 Estas contas são redutoras de custos ou despesas.

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CRÉDITO RELATIVO Á DEVOLUÇÃO DE VENDAS DEVOLUÇÃO DE VENDAS NO VALOR DE R$ 4.000,00 X 1,65% = R$ 66,00

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Conta de Resultado

PIS sobre Receita

Valor

66,00

DB

CR

Histórico

Nota: na prática, o crédito do PIS de devoluções de vendas é um estorno da despesa do PIS contabilizada anteriormente, por isso, o crédito do mesmo recai sobre a própria conta de resultado onde foi contabilizado o PIS sobre as vendas.

DÉBITO DO PIS TOTAL DA RECEITA BRUTA: R$ 250.000,00 DÉBITO DO PIS: R$ 250.000,00 X 1,65% = 4.125,00

Conta de Resultado

PIS sobre Receita

Passivo Circulante

PIS a Recolher

Valor

4.125,00

DB

CR

Histórico

APURAÇÃO CONTÁBIL DO PIS A RECOLHER: PELA TRANSFERÊNCIA DOS CRÉDITOS DO PIS, APURADOS NO MÊS, À CONTA DE PIS A

RECOLHER:

Passivo Circulante

PIS a Recolher

Ativo Circulante

PIS a Recuperar

Valor

DB

CR

Histórico

Conforme valor

apurado no mês

5 TRIBUTAÇÃO DOS CRÉDITOS O valor dos créditos apurados da COFINS de acordo com a Lei 10.833/2003 e do PIS de acordo com a Lei 10.637/2002 não constitui receita bruta da pessoa jurídica, servindo somente para dedução do valor devido da contribuição. Isto, para evitar dupla incidência (PIS e COFINS sobre créditos das referidas contribuições).

Entretanto, para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, não se poderá excluir, como entendem alguns, os créditos das referidas bases de cálculo, apurado pelo Lucro Real, já que não há, expressamente, esta possibilidade na legislação.

Base: Ato Declaratório Interpretativo SRF 3/2007

APLICAÇÃO DO PRESENTE TÓPICO AOS CRÉDITOS DA COFINS A PARTIR DE 01.02.2004

Entendo que se aplica a contabilização explanada também à COFINS não cumulativa, a partir de

01.02.2004, adaptando-se somente as contas contábeis relativas a esta contribuição.

5 Se o saldo do PIS a Recuperar for superior ao débito apurado no período, deve-se transferir só o montante exato para zerar a conta de PIS a Recolher, sendo o saldo remanescente mantido na Conta de PIS a Recuperar, para

futura compensação com o próprio PIS ou outros tributos federais.

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AULA Nº 4 – LUCRO ARBITRADO, SIMPLES

NACIONAL E PRESUMIDO

Objetivo da Aula:

4 LUCRO ARBITRADO E SIMPLES NACIONAL

LUCRO ARBITRADO – ASPECTOS GERAIS O QUE É O LUCRO ARBITRADO? O arbitramento de lucro é uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada pela autoridade tributária ou pelo contribuinte.

É aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso. Por exemplo: quando o contribuinte optante pelo lucro real não tem o livro diário ou razão, quando deixa de escriturar o livro inventário, etc.

Quando conhecida a receita bruta, e, desde que ocorrida qualquer das hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do imposto de renda correspondente com base nas regras do lucro arbitrado.

PERÍODO DE APURAÇÃO A partir de 01/01/1997, a tributação com base no lucro arbitrado ocorrerá trimestralmente, em períodos de apuração encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (RIR/99, art. 220 e 530).

APLICAÇÃO DO ARBITRAMENTO DE LUCRO A partir de 01/01/1995, ocorrida qualquer das hipóteses que ensejam o arbitramento de lucro, previstas na legislação fiscal, poderá o arbitramento:

I) ser aplicado pela autoridade fiscal, em qualquer dos casos previstos na legislação do imposto de renda (RIR/99, art. 530).

II) ser adotado pelo próprio contribuinte, quando conhecida a sua receita bruta (RIR/99, art. 531);

Nos anos-calendário de 1992 a 1994, o arbitramento do lucro recebeu o seguinte tratamento:

a) ano de 1992 - revogada a possibilidade do auto-arbitramento; a iniciativa do arbitramento passou a ser exclusivamente da autoridade fiscal (Lei 8383/1991, art.41);

b) anos de 1993 e 1994 - permaneceu como regra geral a exclusividade da iniciativa da autoridade fiscal, sendo dada, por exceção, a possibilidade de o contribuinte poder arbitrar seu lucro nos casos fortuitos ou de força maior, como definido na Lei Civil (Lei 8383/1991, art. 41 c/c Lei 8541/1992, art. 21).

O objetivo desta aula é passar os conceitos do Lucro Arbitrado e Simples Nacional.

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FORMA DE OPÇÃO PELO CONTRIBUINTE A tributação com base no lucro arbitrado será manifestada mediante o pagamento da primeira quota ou da quota única do imposto devido, correspondente ao período de apuração trimestral em que o contribuinte, pelas razões determinantes na legislação, se encontrar em condições de proceder ao arbitramento do seu lucro.

MUDANÇA DE OPÇÃO A pessoa jurídica que, em qualquer trimestre do ano-calendário, tiver seu lucro arbitrado poderá optar pela tributação com base no lucro presumido nos demais trimestres, desde que não esteja obrigada à apuração pelo lucro real (RIR/99, art. 531, inciso I, e IN SRF 93/1997, art. 47).

A adoção do regime de tributação com base no lucro arbitrado só é cabível na ocorrência de qualquer das hipóteses de arbitramento previstas na legislação tributária. Ocorrendo tal situação e conhecida a receita bruta, o contribuinte poderá arbitrar o lucro tributável do respectivo ano-calendário, ou somente de um trimestre, sendo-lhe assegurado o direito de permanecer no regime do lucro real nos demais períodos de apuração trimestrais (RIR/99, art. 531, inciso I, e IN SRF 93/1997, art. 46).

COMPROVAÇÃO DE RECEITAS E DEMAIS OBRIGAÇÕES FISCAIS Mesmo sendo tributadas com base no lucro arbitrado persiste a obrigatoriedade de comprovação das receitas efetivamente recebidas ou auferidas.

O arbitramento de lucro em si por não ser uma sanção, mas uma forma de apuração da base de cálculo do imposto, não exclui a aplicação das penalidades cabíveis (RIR/99, art. 538).

HIPÓTESES DE ARBITRAMENTO O imposto de renda devido trimestralmente será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado quando (RIR/99 art. 530):

I) a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para:

Identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou

Determinar o lucro real;

II) o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou deixar de apresentar o Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária, quando optar pelo lucro presumido e não mantiver escrituração contábil regular;

III) o contribuinte optar indevidamente pelo lucro presumido;

IV) o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente, residente ou domiciliado no exterior;

V) o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizadas para resumir, totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário;

VI) o contribuinte não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal, nos casos em que o mesmo se encontre obrigado ao lucro real.

As pessoas jurídicas, cujas filiais, sucursais ou controladas no exterior não dispuserem de sistema contábil que permita a apuração de seus resultados, terão os lucros decorrentes de suas atividades no exterior determinados, por arbitramento, segundo as disposições da legislação brasileira (IN SRF 213/2002, art. 5

o).

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CRITÉRIO DE APURAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO

O lucro arbitrado será apurado mediante a aplicação de percentuais:

a) Sobre a receita bruta quando conhecida, segundo a natureza da atividade econômica explorada (RIR/99, art. 532);

b) Quando desconhecida a receita bruta, o lucro arbitrado também será apurado mediante a aplicação de coeficientes sobre valores (bases) expressamente fixados pela legislação fiscal (RIR/99, art. 535).

CÁLCULO DE ARBITRAMENTO QUANDO CONHECIDA A RECEITA BRUTA A base de cálculo do lucro arbitrado será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas (RIR/99, art. 532 e 536):

1) o valor resultante da aplicação de percentuais variáveis, conforme o tipo de atividade operacional exercida pela pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida nos respectivos trimestres;

2) ao resultado obtido na forma do item 1 deverão ser acrescidos os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras (renda fixa e variável), as variações monetárias ativas, as demais receitas e todos os resultados positivos obtidos pela pessoa jurídica, inclusive os juros recebidos como remuneração do capital próprio, os descontos financeiros obtidos, os juros ativos não decorrentes de aplicações e os demais resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas no item anterior. Também deverão ser incluídos os valores recuperados correspondentes a custos e despesas inclusive com perdas no recebimento de créditos, salvo se o contribuinte comprovar não ter deduzido tais valores em período anterior no qual tenha se submetido à tributação com base no lucro real, ou que se refiram a período a que tenha se submetido ao lucro presumido ou arbitrado (RIR/99, art.536).

GANHOS NO EXTERIOR Os lucros, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior serão adicionados ao lucro arbitrado para determinação da base de cálculo do imposto (RIR/99, art. 536, § 5

o).

PERCENTUAIS DE APLICAÇÃO SOBRE A RECEITA BRUTA Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta, quando conhecida, são os mesmos aplicáveis para o cálculo da estimativa mensal e do lucro presumido, acrescidos de 20% (RIR/99, art. 532):

ATIVIDADES PERCENTUAL

Revenda de combustíveis 1,92%

Fabricação própria 9,60%

Revenda de mercadorias 9,60%

Industrialização p/ encomenda 9,60%

Transporte de cargas 9,60%

Serviços hospitalares 9,60%

Atividade rural 19,20%

Serv. Transporte/ exceto cargas 19,20%

Administração de consórcios 38,40%

Hotelaria e estacionamento 38,40%

Serviços Profissionais habilitados 38,40%

Representante comercial 38,40%

Administração e Locação de imóveis 38,40%

Corretagem em geral 38,40%

Serviços da construção civil 38,40%

Factoring 38,40%

Bancos, instituições financeiras e assemelhados 45,00%

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Os percentuais serão sempre os mesmos ainda que a pessoa jurídica venha a ser tributada reiteradamente através do arbitramento de lucro em mais de um período de apuração, pois inexiste previsão legal para se agravar os percentuais de arbitramento.

ATIVIDADES MISTAS Quando se tratar de pessoa jurídica com atividades diversificadas serão adotados os percentuais específicos para cada uma das atividades econômicas, cujas receitas deverão ser apuradas separadamente (RIR/99, art. 223, § 3

o).

ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS As pessoas jurídicas que se dediquem à venda de imóveis, construídos ou adquiridos para revenda, loteamentos e/ou incorporação de prédios em condomínio terão seus lucros arbitrados deduzindo-se da receita total o valor do custo do imóvel devidamente comprovado, corrigido monetariamente até 31/12/1995. O lucro arbitrado será tributado na proporção da receita recebida ou

cujo recebimento esteja previsto para o próprio trimestre (RIR/99, art. 534).

PRESTADORES DE SERVIÇOS – REDUÇÃO DO PERCENTUAL DE ARBITRAMENTO Para as pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviço, cuja receita bruta anual seja de R$ 120.000,00, o percentual de arbitramento será de 19,2%. Caso a receita bruta acumulada até um determinado trimestre do ano-calendário exceder este limite ficará a pessoa jurídica sujeita ao pagamento da diferença do imposto postergado, apurada em relação a cada trimestre transcorrido, em quota única até o último dia útil do mês subseqüente ao trimestre em que ocorrer o excesso, sem acréscimos (Lei n

o 9.250/95, art. 40 e IN SRF 93/1997, art. 41, §§ 6

o

ao 9o).

Tal prerrogativa não se aplica às pessoas jurídicas que prestam serviços hospitalares e transporte, bem como às sociedades prestadoras de serviço de profissões legalmente regulamentadas.

CONCEITO DE RECEITA BRUTA Compreende-se no conceito de receita bruta o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. Na receita bruta se inclui o ICMS e deverão ser excluídas as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador dos quais o vendedor ou prestador é mero depositário (Exemplo: IPI).

APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL Nas alienações de bens classificáveis no ativo permanente e de aplicações em ouro não tributadas como renda variável ou renda fixa, o ganho de capital corresponderá à diferença positiva verificada entre o valor da alienação e o respectivo custo contábil.

O custo de bens e direitos adquiridos até 31/12/1995 poderá ser corrigido monetariamente até essa data, com base na UFIR de 01/01/1996 (R$ 0,8287), não mais se aplicando qualquer correção a partir dessa referida data.

No caso de não haver comprovação dos custos pela pessoa jurídica implicará a adição integral da receita à base de cálculo do lucro arbitrado.

Considera-se custo ou valor contábil de bens e direitos, desde que devidamente comprovados:

a) Do ativo permanente, o valor de aquisição, corrigido monetariamente até 31/12/1995, diminuído dos encargos de depreciação, amortização ou exaustão acumulada;

b) Não classificados no ativo permanente, sujeitos à correção monetária até 31/12/1995, o valor de aquisição corrigido até essa data.

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Caso na alienação de bem ou direito seja verificada perda, esta não será computada para fins do lucro arbitrado.

COEFICIENTES APLICÁVEIS QUANDO NÃO CONHECIDA A RECEITA BRUTA O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, quando não conhecida a receita bruta, será determinado por meio de procedimento de ofício, mediante a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo (RIR/99, art. 535):

BASES ALTERNATIVAS COEFICIENTE

● Lucro real referente ao último período em que a pessoa

jurídica manteve escrituração de acordo com as leis

comerciais e fiscais.

1,5

● Soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo

prazo e permanente, existentes no último balanço

patrimonial conhecido.

0,04

● Valor do capital, inclusive correção monetária contabilizada

como reserva de capital, constante do último balanço

patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição

ou alteração da sociedade.

0,07

● Valor do patrimônio líquido constante do último balanço

patrimonial conhecido.0,05

● Valor das compras de mercadorias efetuadas no mês 0,4

● Soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento

dos empregados e das compras de matérias-primas,

produtos intermediários e materiais de embalagem

0,4

● Soma dos valores devidos no mês a empregados. 0,8

● Valor mensal do aluguel. 0,9

NOTAS:

1) O art. 535, § 1o, RIR/99 estabelece que, a critério da autoridade lançadora,

poderão ser adotados limites e preferências na aplicação dos percentuais, levando em consideração a atividade da empresa:

a) Atividade industrial - soma da folha de pagamento dos empregados, das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem;

b) Atividade comercial - valor das compras;

c) Atividade de prestação de serviço - soma dos valores devidos aos empregados.

2) De acordo com a IN SRF 93/1997, art. 43, deve ser observado:

a) No caso de empresa com atividade mista, ser adotados isoladamente em cada uma delas;

b) Se o critério eleito for o lucro real, quando este for decorrente de período-base anual ou mensal, o valor que servirá de base ao arbitramento será proporcional ao número de meses do período-base considerado;

c) Ao valor determinado de acordo com estes percentuais serão adicionados, para efeitos de se determinar o lucro arbitrado, outros resultados.

REGIME DE RECONHECIMENTO DAS RECEITAS

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Regra geral, a pessoa jurídica apura a base de cálculo dos impostos e contribuições pelo regimento de competência, sendo exceção os rendimentos auferidos em aplicações de renda fixa e os ganhos líquidos em renda variável, os quais devem ser acrescidos à base de cálculo do lucro arbitrado quando da alienação, resgate ou cessão do título ou aplicação (IN SRF 93/1997, art. 41 § 2

o,

art.42 e 43).

NOTA:

1. Também constitui exceção a regra geral (regime de competência), os lucros derivados nas empresas imobiliárias, os quais serão tributados na proporção da receita recebida ou cujo recebimento esteja previsto para o próprio trimestre.

2. Relativamente aos ganhos líquidos, o imposto de renda sobre os resultados positivos mensais apurados em cada um dos dois meses imediatamente anteriores ao do encerramento do período de apuração será determinado e pago em separado, nos termos da legislação específica, dispensado o recolhimento em separado relativamente ao terceiro mês do período de apuração. O imposto pago em separado será considerado antecipação, compensável com o imposto de renda devido no encerramento do período de apuração.

3. A pessoa jurídica poderá excluir a parcela das receitas financeiras decorrentes da variação monetária ativa dos direitos de crédito e das obrigações, em função da taxa de câmbio, submetida à tributação, segundo regime de competência, relativo a períodos compreendidos no ano-calendário de 1999, excedente ao valor da variação monetária efetivamente realizada, ainda que a operação tenha sido liquidada (MP n

o

1.858-10 de 1999, art. 31 e reedições).

VALORES DIFERIDOS NA PARTE B DO LALUR No período de apuração em que a pessoa jurídica tiver seu lucro arbitrado deverão ser adicionados à base de cálculo trimestral do imposto os saldos dos valores constantes na parte B do Lalur, cuja tributação havia sido anteriormente diferida, aplicando-se esse entendimento, inclusive, ao saldo do lucro inflacionário diferido (RIR/99, art. 536, § 4

o).

ALÍQUOTA DO IMPOSTO E ADICIONAL A alíquota do imposto de renda que incidirá sobre a base de cálculo arbitrada é de 15% (RIR/99, art. 541).

O adicional do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado será calculado mediante a aplicação do percentual de 10% sobre a parcela do lucro que exceder ao valor de R$ 60.000,00 em cada trimestre. O valor do adicional deverá ser recolhido integralmente, não sendo admitida quaisquer deduções. Na hipótese de período de apuração trimestral inferior a três meses (início de atividade, por exemplo), deverá ser considerado, para fins do adicional, o valor de R$ 20.000,00 multiplicado pelo número de meses do período (RIR/99, art. 542 e 543).

APRESENTAÇÃO DA DIPJ A pessoa jurídica tributada com base no lucro arbitrado deverá apresentar, anualmente, a DIPJ.

Na hipótese de adoção do lucro arbitrado apenas em alguns dos períodos de apuração, e nos demais o regime de tributação pelo lucro real ou presumido, deverá informar na DIPJ, juntamente com as demais informações exigidas pelo regime escolhido, em quadro ou ficha específica utilizada para aquela forma de tributação, o(s) período(s) de apuração arbitrado(s).

LUCROS NO EXTERIOR

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Os lucros, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior serão adicionados ao lucro arbitrado para determinação da base de cálculo do imposto.

DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS Poderá ser distribuído a título de lucros, sem incidência do imposto de renda (quer na fonte quer na pessoa física), ao titular, sócio ou acionista da pessoa jurídica, o valor correspondente ao lucro arbitrado, diminuído de todos os impostos e contribuições (inclusive adicional do IR, CSLL, COFINS, PIS –ADN COSIT 04/1996) a que estiver sujeita a pessoa jurídica. Igualmente, a pessoa jurídica poderá distribuir valor maior que o lucro arbitrado, também sem incidência do imposto de renda, desde que ela demonstre, via escrituração contábil feita de acordo com as leis comerciais, que o lucro contábil efetivo é maior que o lucro arbitrado.

Todavia, se houver qualquer distribuição de valor a título de lucros superior àquele apurado contabilmente, deverá ser imputado à conta de lucros acumulados ou às de reservas de lucros de exercícios anteriores e estará sujeito à tributação do imposto de renda com base na legislação específica vigente nos respectivos períodos anteriores, com acréscimos legais. Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montantes suficientes, bem assim quando se tratar de lucro que não tenha sido apurado em balanço, a parcela excedente será submetida à tributação, no caso de pessoa física, com base na tabela progressiva aplicável aos rendimentos do trabalho assalariado (IN SRF 93/1997, art. 48)

A isenção somente abrange os lucros distribuídos, não alcançando valores pagos a outros títulos, como por exemplo: pro labore, aluguéis e serviços prestados, os quais se submeterão à tributação conforme a legislação que rege a matéria. No caso desses rendimentos serem percebidos por pessoas físicas serão submetidos à tributação com base na tabela progressiva; no caso de beneficiários pessoas jurídicas serão considerados como receita operacional, sendo passíveis ou não de tributação na fonte, conforme a hipótese.

VEDAÇÃO DE INCENTIVOS FISCAIS Do imposto apurado com base no lucro arbitrado não será permitida qualquer dedução a título de incentivo fiscal (RIR/99, art. 541 e 614, II).

Poderá ser deduzido, do imposto apurado em cada trimestre (IN SRF 93/1997, art.44):

i. O imposto de renda pago ou retido na fonte sobre receitas que integraram a base de cálculo do imposto devido, desde que pago ou retido até o encerramento do correspondente período de apuração;

ii. O imposto de renda pago indevidamente em períodos anteriores.

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS ANTERIORES AO ARBITRAMENTO O regime de tributação com base no lucro arbitrado não prevê a hipótese de compensar prejuízos fiscais apurados em períodos de apuração anteriores nos quais a pessoa jurídica tenha sido tributada com base no lucro real.

Entretanto, tendo em vista que não existe mais prazo para a compensação de prejuízos fiscais, caso a pessoa jurídica retorne ao sistema de tributação com base no lucro real poderá nesse período compensar os prejuízos fiscais anteriores, obedecidas as regras vigentes no período de compensação, desde que continue a manter o controle desses prejuízos no Lalur, parte B.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO No caso de arbitramento, aplicam-se à contribuição social sobre o lucro líquido as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para pessoas jurídicas optantes pelo Lucro presumido.

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Observe-se que a alíquota da CSLL é a normal, ou seja, não existe o majoramento como no Imposto de Renda.

BASE DE CÁLCULO - ATÉ 31/08/2003 A base de cálculo corresponderá a 12% (doze por cento) da receita bruta da venda de bens e serviços, conforme art. 56 da IN SRF 93/1997, acrescida dos demais rendimentos e ganhos de capital.

BASE DE CÁLCULO – A PARTIR DE 01/09/2003 A partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da Lei 10684/2003, a base de cálculo da CSLL, devida pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido e arbitrado corresponderá a:

12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte;

32% para:

Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transporte;

Intermediação de negócios;

Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;

Factoring.

Nota: acrescer à base de cálculo os demais rendimentos e ganhos de capital.

ALÍQUOTAS DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 8% (oito por cento) até 30.04.1999.

A partir de 01.05.1999, a alíquota foi majorada para 12% (doze por cento) e a partir de 01.02.2000 a alíquota é de 9% (nove por cento).

Bases legais: Lei no 8981/1995, com as alterações introduzidas pelas Leis

9065/1995, art. 1o, e 9249/1995, arts. 2

o, 3

o, 16 e 24; 9430/1996, arts. 1

o, 4

o, 27,

48 e 51 a 54 e 9779/1999, art. 22, e RIR/99, arts. 529 a 539 e os citados no texto.

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SIMPLES NACIONAL – ASPECTOS GERAIS A LC 123/2006 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

É também chamada de ―Lei Complementar do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte‖ (LCMEPP).

Substitui, integralmente, a partir de 01.07.2007, as normas do Simples Federal (Lei 9317/1996), vigente desde 1997, e o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei 9841/1999).

O novo Estatuto estabelece regras para tratamento diferenciado à micro e pequenas empresas, especialmente no que se refere:

1. À apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da união, dos Estados, do distrito federal e dos municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias.

2. Ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias.

3. Ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

COMITÊ GESTOR O DC 6038/2007 instituiu o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - denominado Comitê Gestor do Simples Nacional – CGSN.

Compete ao CGSN tratar dos aspectos tributários da Lei Complementar 123/2006.

DEFINIÇÃO DE MICROEMPRESA OU EMPRESA DE PEQUENO PORTE Consideram-se microempresa ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil Brasileiro), devidamente registrados no registro de empresas mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

1 - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, auferir, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000.00 (Trezentos e sessenta mil reais);

2 - no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que auferir, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) até ou inferior a R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais).

Art. 966 do Código Civil Brasileiro:

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

CONCEITO DE RECEITA BRUTA Considera-se receita bruta, para fins de aplicação do Simples Nacional, o produto da venda de bens s serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços

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prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

INÍCIO DE ATIVIDADES No caso de início de atividade no próprio ano-calendário, o limite de receita bruta será proporcional ao número de meses em que a microempresa ou a empresa de pequeno porte houver exercido atividade, inclusive as frações de meses.

Exemplo:

Início de atividades: 20/fevereiro/2007

Número de meses, no ano de 2007, em que a empresa esteve em atividades, incluindo a fração do mês de fevereiro: 11.

Receita Bruta no ano de 2007: R$ 1.100.000,00

Receita Bruta proporcional, para fins de enquadramento:

R$ 1.100.000,00 dividido por 11 meses = R$ 100.000,00/mês.

R$ 100.000,00 x 12 meses = R$ 1.200.000,00.

RECOLHIMENTO EM GUIA ÚNICA – TRIBUTOS ALCANÇADOS

O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento Único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições:

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

II - Imposto sobre Produtos industrializados (IPI);

III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS):

V - Contribuição para o PIS/PASEP;

VI - Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso das pessoas jurídicas que se dediquem às atividades de prestação de serviços previstas especificamente;

VII - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços e sobre Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal (ICMS);

VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

TRIBUTOS NÃO ABRANGIDOS NO SISTEMA

O recolhimento da guia única do Simples Nacional não exclui a incidência dos seguintes impostos ou contribuições devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:

I - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou valores Mobiliários (IOF);

II - Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros (II);

III - Imposto sobre exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE);

IV - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR);

V - Imposto de Renda, relativo aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável;

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VI - Imposto de Renda relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação de bens do ativo permanente;

VII - Contribuição provisória sobre movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF);

VIII - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);

IX - Contribuição para manutenção da seguridade social, relativa ao trabalhador;

X - Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na qualidade de contribuinte individual;

XI - Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa jurídica a pessoas físicas;

XII - PIS, COFINS e IPI incidentes na importação de bens e serviço;

XIII - ICMS devido:

a) nas operações ou prestações sujeitas ao regime de substituição tributária;

b) por terceiro, a que o contribuinte se ache obrigado, por Força da legislação estadual ou distrital vigente;

c) na entrada, no território do Estado ou do Distrito Federal, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, bem como energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou industrialização;

d) por ocasião do desembaraço aduaneiro;

e) na aquisição ou manutenção em estoque de mercadoria desacobertada de documento fiscal;

f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal;

g) nas operações com mercadorias sujeitas ao regime de antecipação do recolhimento do imposto, bem assim do valor relativo à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, nas aquisições em outros Estados e Distrito Federal, nos termos da legislação estadual ou distrital.

XIV - ISS devido:

a) em relação aos serviços sujeitos à substituição tributária ou retenção na fonte;

b) na importação de serviços;

XV - demais tributos de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos municípios, não relacionados especificamente.

IMPEDIMENTOS À OPÇÃO PELO REGIME

Não se inclui no regime diferenciado e favorecido do Simples Nacional, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica:

I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;

II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior,

III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da Lei Complementar do Simples Nacional, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais).

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IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada pelo Simples Nacional, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado, de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 3.600.000,00 (Três milhões e seiscentos mil reais)..

VI - constituídas sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo.

VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;

VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa da arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar;

IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;

X - constituída sob a forma de sociedades por ações.

O disposto nos itens IV e VII anterior não se aplica participação no capital de cooperativas de crédito, bem como em centrais de compras, bolsas de subcontratação, no consórcio previsto na Lei Complementar do Simples Nacional, e associações assemelhadas, sociedades de interesse econômico, sociedades de garantia solidária e outros tipos da sociedade, que tenham como objetivo social a defesa exclusiva dos interesses econômicos das microempresas e empresas de pequeno porte.

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5 LUCRO PRESUMIDO

LUCRO PRESUMIDO – ASPECTOS GERAIS O QUE É O LUCRO PRESUMIDO? É a forma de tributação simplificada do Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL).

A sistemática de tributação pelo Lucro Presumido é regulamentada pelos artigos 516 a 528 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3000/99).

PESSOAS JURÍDICAS AUTORIZADAS A OPTAR A PARTIR DE 2.003 A partir de 01.01.2003, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido.

Este aumento de limite é válido para opção do lucro presumido a partir de 01.01.2003. Portanto, a base da receita a ser considerada para fins de enquadramento pode ser a de 2.002.

Observe-se que o primeiro requisito é não estar obrigada ao regime de tributação pelo lucro real. Assim, por exemplo as empresas de factoring e as que usufruam de benefícios fiscais, não poderão optar pelo lucro presumido.

Base: artigo 46 da Lei 10637/2002.

OPTANTE PELO REFIS As empresas que aderiram ao Programa de Recuperação Fiscal (REFIS), de que trata a Lei 9964/2000, poderão optar, durante o período em que ficaram submetidas ao REFIS, pelo regime de tributação com base no lucro presumido (art. 9 do Dec 3431/2000). O disciplinamento da matéria está na IN SRF 16/2001.

OCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO DE OBRIGATORIEDADE AO LUCRO REAL DURANTE O ANO

CALENDÁRIO A pessoa jurídica que houver pagado o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração pelo lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ e CSL sob o regime de apuração do lucro real trimestral, a partir inclusive, do trimestre da ocorrência do fato.

ALÍQUOTAS E ADICIONAL A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o lucro presumido, apurado de conformidade com o Regulamento.

O disposto neste item aplica-se, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural.

ADICIONAL A parcela do lucro presumido que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).

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O adicional aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação.

O disposto neste item aplica-se, igualmente, à pessoa jurídica que explore atividade rural.

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela aplicação da alíquota geral de 15%.

EXEMPLO:

Lucro Presumido de R$ 90.000 no 1º trimestre de 2.001:

a) IRPJ á alíquota normal = R$ 90.000 x 15% = R$ 13.500

b) IRPJ Adicional = R$ 90.000 do lucro presumido menos R$ 60.000 (R$ 20.00 x período de apuração de 3 meses) x 10% = R$ 3.000,00

Valor a Recolher (a+b) = R$ 13.500 + R$ 3.000 = R$ 16.500

MOMENTO DA OPÇÃO A opção pela tributação com base no lucro presumido será aplicada em relação a todo o período de atividade da empresa em cada ano-calendário (Lei 9430/1996, art. 26).

A opção será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário (Lei 9430/1996, art. 26, § 1°).

A partir do ano-base de 1997, a empresa que houver iniciado atividade a partir do segundo trimestre manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração do início de atividade (Lei 9430/1996, art. 26, § 2°).

MUDANÇA DE OPÇÃO A partir de 1999 a opção pela tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo o ano-calendário (Lei 9718/1998, art. 13, § 1°).

Portanto, a empresa que efetuar o recolhimento do primeiro trimestre nesta opção, deverá manter esta forma de tributação durante todo o ano.

PERÍODO DE APURAÇÃO O imposto com base no lucro presumido será determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário (Lei 9430/1996, artigos 1° e 25).

PRAZO E FORMA DE PAGAMENTO O IRPJ e a CSLL devidos com base no Lucro Presumido deverão ser pagos até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração trimestral. Assim, o IR devido no 1

o. trimestre/2.001 deverá ser pago até

30.04.2001 (se este dia não houver expediente bancário, então o vencimento deve ser antecipado).

Utiliza-se o DARF normal (cor preta), com os seguintes códigos:

2089 - IRPJ

2372 - CSLL

Na hipótese do IRPJ ou CSLL ser superior a R$ 2.000,00, poderá ser pago em até 3 quotas iguais, mensais e sucessivas, observado o seguinte:

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a) As quotas deverão ser pagas até o último dia útil dos meses subseqüentes ao do encerramento do período de apuração;

b) Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$ 1.000,00;

c) O valor de cada quota (excluída a primeira, se paga no prazo) será acrescido de juros SELIC, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do enceramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% no mês de pagamento.

OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS PARA O LUCRO PRESUMIDO A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter (Lei 8981/1995, art. 45):

I – Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária, ou escrituração contábil nos termos da legislação comercial;

II – Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário;

III – em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal.

Nota: O prazo de decadência do Imposto de Renda é de 5 (cinco) anos.

LUCRO PRESUMIDO – CÁLCULO DO IRPJ O IRPJ sobre o Lucro Presumido será pago sobre a base de cálculo presumida, à alíquota de 15%.

EXEMPLO:

Base de cálculo no 1º trimestre de 2005: R$ 50.000,00

IRPJ = 15% x 50.000,00 = 7.500,00

ADICIONAL A parcela do Lucro Presumido (ou seja, a base de cálculo) que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).

EXEMPLO:

Base de cálculo no 1º trimestre de 2005: R$ 100.000,00

IRPJ = 15% x 100.000,00 = R$ 15.000,00

IRPJ Adicional = 10% x (100.000,00 - 3 meses x R$ 20.000,00,) = 10% x (100.000,00 - 60.000,00) = 10% x 40.000 = R$ 4.000,00

Total do IRPJ = R$ 15.000,00 + R$ 4.000,00 = R$ 19.000,00

BASE DE CÁLCULO PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO DO LUCRO SOBRE A RECEITA BRUTA A base de cálculo do imposto e do adicional, decorrente da receita bruta, em cada trimestre, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida no período de apuração, obedecidas as demais disposições (Lei 9249/1995, art. 15, e 9.430/1996, artigos 1° e 25, inciso I).

Nas seguintes atividades, o percentual será de (Lei 9.249/1995, art. 15, § 1°):

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ESPÉCIES DE ATIVIDADES:Percentuais sobre

a receita

● Revenda a varejo de combustíveis e gás natural 1,60%

● Venda de mercadorias ou produtos

● Transporte de cargas

● Atividades imobiliárias (compra, venda, loteamento,

incorporação e construção de imóveis)

● Serviços hospitalares

● Serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,

imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina

nuclear e análises e patologias clínicas, a partir de

01.01.2009 - ver nota (3)

● Atividade Rural

● Industrialização com materiais fornecidos pelo

encomendante

● Outras atividades não especificadas (exceto prestação de

serviços)

● Serviços de transporte (exceto o de cargas)

● Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano - ver

nota (1)

● Serviços profissionais (Sociedades Civis - S/C, médicos,

dentistas, advogados, contadores, auditores, engenheiros,

consultores, economistas, etc.)

● Intermediação de negócios

● Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis

ou direitos

● Serviços de construção civil, quando a prestadora não

empregar materiais de sua propriedade nem se

responsabilizar pela execução da obra (ADN Cosit 6/97).

● Serviços em geral, para os quais não haja previsão de

percentual específico

● Comercialização de veículos usados ver nota (2)

● No caso de exploração de atividades diversificadas, será

aplicado sobre a receita bruta de cada atividade o respectivo

percentual

1,6 a 32%

8%

16%

32%

EXEMPLO 1: Uma empresa comercial teve as seguintes receitas com a revenda de mercadorias:

Mês/ano Valor R$

Janeiro/2.005 55.000,00

Fevereiro/2.005 75.000,00

Março/2.005 50.000,00

TOTAL DO 1o TRIMESTRE 180.000,00

A base de cálculo do trimestre será de R$ 180.000,00 x 8% (percentual aplicável para revenda de mercadorias) = R$ 14.400,00.

EXEMPLO 2: Uma clínica de médicos obteve receitas no 1

o trimestre/2.005 de R$ 75.000,00.

Seu valor para base de cálculo do IR a recolher será de R$ 75.000,00 x 32% (percentual aplicável aos serviços profissionais) = R$ 24.000,00.

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EXEMPLO 3: Uma empresa obteve receitas no 4

o trimestre/2.004 de R$ 100.000,00,

decorrentes das seguintes atividades:

Vendas de serviços de caráter profissional R$ 80.000,00

Revenda de produtos R$ 20.000,00

Seu valor para base de cálculo do IR a recolher será:

R$ 80.000,00 x 32% (percentual aplicável aos serviços profissionais até 31.12.2005) = R$ 25.600,00.

R$ 20.000,00 x 8% (percentual aplicável a revenda de produtos) = R$ 1.600,00

Total R$ 25.600,00 + R$ 1.600,00 = R$ 27.200,00

NOTAS IMPORTANTES À TABELA: (1) As pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços em geral, cuja receita bruta anual seja de até R$ 120.000,00, podem utilizar, para determinação da base de cálculo do imposto de renda trimestral, o percentual de 16% (dezesseis por cento).

Esta regra não se aplica às pessoas jurídicas que prestam serviços hospitalares e de transporte, bem como às sociedades prestadoras de serviços de profissões legalmente regulamentadas (Lei 9.250/95, art. 40, parágrafo único). As empresas de serviços de profissões regulamentadas são aquelas sujeitas a fiscalização e controle profissional, como Advogados, Médicos, Dentistas, Músicos, Contabilistas, Auditores, Consultores, Administradores, Economistas, Engenheiros, etc.

A pessoa jurídica que houver utilizado o percentual de 16% para apuração da base de cálculo do imposto trimestral, cuja receita bruta acumulada até determinado mês do ano-calendário exceder o limite de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), ficará sujeita ao pagamento da diferença do imposto postergado, apurado pelo percentual de 32% em relação a cada trimestre transcorrido. A diferença deverá ser paga até o último dia útil do mês subseqüente ao do trimestre em que ocorreu o excesso, sem acréscimos legais.

(2) A pessoa jurídica que tenha como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra de venda de veículos automotores, que pratique as vendas em consignação, terá como base de cálculo o valor da diferença entre o valor de venda e o da compra (INS SRF 152/98).

As sociedades prestadoras de serviços relativos ao exercício de profissões legalmente regulamentada, como por exemplo, as escolas, inclusive as creches, mesmo com receita bruta anual de até R$ 120.000,00, não podem aplicar o percentual de 16% sobre a receita bruta para fins de determinação do Lucro Presumido, devendo, portanto, aplicar o percentual de 32%, conforme Ato Declaratório Normativo COSIT 22/2000.

(3) Os serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, serão tributados, a partir de 01.01.2009, à base de cálculo

de 8% (oito por cento). Base: art. 29 da Lei 11.727/2008.

INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA Para fins de apuração das bases de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),

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consideram-se industrialização as operações definidas no art. 4º do Decreto No 4.544, de 26 de Dezembro de 2002 (adiante reproduzido), observadas as disposições do art. 5º c/c o art. 7º do referido decreto:

Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único):

I – a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação);

II – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento);

III – a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem);

IV – a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou

V – a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento).

Base: Ato Declaratório Interpretativo RFB 26/2008.

CONCEITO DE RECEITA BRUTA Para efeitos da sistemática de tributação pelo Lucro Presumido, a receita bruta compreende:

O produto da venda de bens nas operações de conta própria

O preço dos serviços prestados e

O resultado auferido nas operações de conta alheia* (Lei 8.541/1992, art. 14, § 3°).

* Nota: O resultado auferido nas operações de conta alheia são aquelas decorrentes de comissões obtidas sobre representação de bens ou serviços de terceiros.

RECEITA BRUTA NA REVENDA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES USADOS A partir de 30.10.1998, as pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, nas vendas de veículos, adquiridos para revenda ou recebidos como parte do preço de venda de veículos novos ou usados, será computada como receita a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado (constante na nota fiscal de venda), e o seu custo de aquisição (constante da nota fiscal de entrada) – Lei 9.716/1998, art. 5 e IN SRF 152/1998.

Assim, somente a diferença entre o preço de venda e o custo da aquisição do veículo automotor usado é que fará parte da receita bruta.

EXEMPLO: Uma revendedora de veículos usados adquire um veículo para revenda por R$ 7.000,00. Posteriormente, vende o mesmo por R$ 8.000,00. A receita bruta, para fins de base de cálculo, será de R$ 8.000 - R$ 7.000 = R$ 1.000 (e não R$ 8.000).

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RECEITA BRUTA NAS ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS Considera-se receita bruta nas atividades imobiliárias o montante efetivamente recebido em cada período de apuração, relativo às unidades imobiliárias vendidas.

RECEITAS FINANCEIRAS DE CONTRATOS IMOBILIÁRIOS A partir de 01.01.2006, por força do artigo 34 da Lei 11.196/2003, as receitas financeiras da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, será considerada para recolhimentos do lucro presumido como receita da operação.

Portanto, para fins de IRPJ Presumido, a base de cálculo será de 8% da respectiva receita financeira, e 12% para fins de CSLL Presumida.

Só podem receber este tratamento as receitas financeiras decorrente da comercialização de imóveis e quando for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato.

DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Na receita bruta não se incluem (Lei 8.541/1992 art. 14, § 4°).

1. As vendas canceladas (devoluções);

2. Os descontos incondicionais concedidos (constantes na nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependentes de evento posterior á emissão desses documentos);

3. Os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário. Estes impostos são: o IPI incidente sobre as vendas e ao ICMS devido por substituição tributária.

RECEITA BRUTA - REGIME DE COMPETÊNCIA OU REGIME DE CAIXA A receita bruta era considerada pelo regime de competência, ou seja, quando a receita era auferida, independentemente da data de seu pagamento.

Porém, a partir da publicação da IN SRF 104/1998 (DOU 26.08.1998), passou-se a admitir o regime de caixa para a tributação da receita bruta. Ou seja, é admissível a tributação da receita bruta somente por ocasião do recebimento da mesma.

A tributação somente por ocasião do recebimento da receita está sujeita ás seguintes condições:

1) Emissão da nota fiscal por ocasião da entrega do bem ou da conclusão do serviço;

2) Caso seja mantida escrituração somente do Livro Caixa, neste deverá ser indicada, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder a cada recebimento;

3) Caso seja mantida escrituração contábil, os recebimentos das receitas deverão ser controlados em conta específica, na qual, em cada lançamento, deverá ser indicada a nota fiscal a que corresponder o recebimento;

EXEMPLOS DE APURAÇÃO DE RECEITA BRUTA: EXEMPLO 1:

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Descrição Valor R$

Vendas de mercadorias 100.000,00

Vendas de serviços 50.000,00

Comissões recebidas ("conta alheia") 5.000,00

Total da Receita Bruta 155.000,00 EXEMPLO 2:

Descrição Valor R$

Vendas de Produtos Industrializados c/IPI 110.000,00

Vendas de Outros Produtos 20.000,00

IPI destacado em Notas Fiscais (10.000,00)

Total da Receita Bruta 120.000,00 EXEMPLO 3:

Descrição Valor R$

Vendas de Produtos + Serviços 90.000,00

Notas Fiscais Canceladas (20.000,00)

ICMS Substituição Tributária Destacado em NF (5.000,00)

Total da Receita Bruta 65.000,00

OUTRAS RECEITAS QUE DEVEM SER ADICIONADAS A BASE DE CÁLCULO DO LUCRO

PRESUMIDO 1. GANHOS DE CAPITAL E OUTRAS RECEITAS Os ganhos de capital, os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa (CDB, FIF, etc.) e ganhos líquidos de aplicações financeiras de renda variável (ações, mercados futuros, etc.), as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pela receita bruta, integrarão a base de cálculo para efeito de incidência do imposto e do adicional (Lei 9.430/1996, art. 25, inciso II).

Com relação aos rendimentos e ganhos líquidos de aplicações financeiras, por força do disposto na IN SRF 25/2001, art. 33, § 9º, II, estas são tributadas pelo regime de caixa.

Não são tributáveis:

a) As recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas, e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro real em anos anteriores;

b) A reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas;

c) Os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias, caso refiram-se a períodos em que os mesmos sejam isentos de imposto de renda (a partir de 1996).

O ganho de capital nas alienações de bens do ativo imobilizado e de aplicações em ouro não tributadas como renda variável corresponderá à diferença positiva verificada entre o valor da alienação e o respectivo valor contábil.

EXEMPLO: Venda de um veículo por R$ 10.000,00, cujo valor contábil de aquisição foi de R$ 18.000,00, havendo uma depreciação acumulada de R$ 11.000,00, o cálculo do ganho de capital corresponderá a:

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1. Valor da Venda do Veículo 10.000,00

2. Valor Contábil da Aquisição 18.000,00

2a) - Valor da Depreciação Acumulada 11.000,00

2b) = Valor Contábil do Veículo (2 - 2a) 7.000,00

(=) Ganho de Capital Apurado (1 – 2b) 3.000,00

PAGAMENTO EM SEPARADO DO IRPJ - GANHOS LÍQUIDOS Os ganhos líquidos auferidos em operações realizadas nas bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas será pago em separado nos dois meses

anteriores ao do encerramento do período de apuração.

Base: inciso I, § 9º do art. 33 da IN SRF 25/2001.

EXEMPLO: Os ganhos líquidos relativos ao trimestre encerrado em 30.09.2007 serão pagos separadamente:

1. Em 31.08.2007, relativamente aos ganhos ocorridos em julho/2007 e

2. Em 28.09.2007, relativamente aos ganhos ocorridos em agosto/2007.

A partir de 20.08.2007, o recolhimento deverá ser realizado com o código de receita 0231 - IRPJ - Ganhos Líquidos em Operações na Bolsa - Lucro Presumido ou Arbitrado - Pagamento em Separado, instituído pelo Ato Declaratório CODAC 60/2007.

CORREÇÃO MONETÁRIA DO CUSTO DE AQUISIÇÃO DE BENS OU DIREITOS Para os fins de apuração do ganho de capital, observar os seguintes procedimentos (Lei 9.249/1995, art. 17):

I – tratando-se de bens e direitos cuja aquisição tenha ocorrido até o final de 1995, o custo de aquisição poderá ser atualizado monetariamente até 31 de dezembro desse ano, tomando-se por base o valor da UFIR vigente em 1° de janeiro de 1996 – R$ 0,8287, não se lhe aplicando qualquer atualização monetária a partir dessa data;

II – tratando-se de bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995, ao custo de aquisição dos bens e direitos não será atribuída qualquer atualização monetária.

EXEMPLO:

1. Valor da Venda de um Imóvel Adquirido em 1994 15.000,00

2. Valor Original Contábil da Aquisição 10.000,00

2a) + Valor da Correção Monetária até 1995 4.019,62

2b) = Valor Contábil do Imóvel Vendido (2 + 2a) 14.019,62

(=) Ganho de Capital Apurado (1 - 2b) 980,38 Se o Ganho de Capital Apurado for negativo, não ocorrerá tributação.

Se houver um ou mais ganhos de capital no período de apuração trimestral, não se somam os resultados negativos e positivos. Somente os resultados positivos serão tributados, sem se compensar os negativos.

EXEMPLO:

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1. Ganho de Capital na Venda de um Veículo 4.000,00

2. Perda de capital na Venda de Ações (1.000,00)

3. Perda de capital na Venda de um Terreno (5.000,00)

4. Ganho de Capital para Fins de Base de Cálculo do

Lucro Presumido 4.000,00

2. PARCELA DE REAVALIAÇÃO DE BENS OU DIREITOS Na apuração de ganho de capital, os valores acrescidos em virtude de reavaliação somente poderão ser computados como parte integrante dos custos de aquisição dos bens e direitos se a empresa comprovar que os valores acrescidos foram computados na determinação da base de cálculo do imposto (Lei 9.430/1996, art. 52). Os valores reavaliados são aqueles que, por força de Laudo de Reavaliação, foram acrescidos ao valor contábil dos bens ou direitos.

3. VALORES DIFERIDOS NO LALUR A pessoa jurídica que, até o ano-calendário anterior, houver sido tributada com base no lucro real, deverá adicionar à base de cálculo do imposto, correspondente ao primeiro período de apuração no qual houver optado pela tributação com base no lucro presumido, os saldos dos valores cuja tributação havia diferido, controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, corrigidos monetariamente até 31.12.1995 (Lei 9.430/1996, art. 54).

EXEMPLO: Uma empresa tem R$ 45.000,00 de saldo na Parte B do seu LALUR, ainda não tributados, em 31.12.2004. Sabe-se que apurou o IRPJ pelo Lucro Real, no ano de 2004. Optando pelo Lucro Presumido em 2.005, deverá proceder a adição deste valor em 31.03.2005:

Descrição Valor R$

Base de cálculo apurada sobre as receitas normais 50.000,00

Saldo da Parte B do LALUR 45.000,00

Total da Base de Cálculo 95.000,00

Ressalta-se, ainda, que a depreciação acelerada incentivada não deve ser adicionada de imediato na apuração do lucro presumido, mas sim na medida em que a depreciação normal for adicionada ao lucro líquido, conforme dispõe a solução de consulta nº 71, da 10ª Região Fiscal, de 09.05.2001:

SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 71 (10ª Região Fiscal), DE 9 DE MAIO DE 2001

Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ementa: LUCRO PRESUMIDO – BASE DE CÁLCULO – DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA

Dos valores controlados na parte B do LALUR, a serem adicionados à base de cálculo do imposto de renda, correspondente ao primeiro período de opção pelo regime de lucro presumido, excluem-se os de depreciação acelerada incentivada. O saldo dos valores correspondentes à depreciação acelerada incentivada deve ser atualizado até dezembro de 1995 e permanecerá registrado no LALUR. Havendo mudança na forma de tributação, do lucro presumido para o lucro real, em anos-calendários subseqüentes, os valores que compõe o saldo deverão ser baixados na medida em que os valores da depreciação normal forem adicionados ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real, e sua conseqüente tributação. Dispositivos legais: Lei nº 8.383, de 1991, art. 46; Lei nº 8.643, de 1993, art. 2º; Lei nº 9.430, de 1996, art. 54; Decreto nº 3.000, de 1999, art. 313; Parecer Normativo CST nº 19, de 1982. (DT 10ª RF – Vera Lúcia Ribeiro Conde – Chefe da divisão – DOU 25.06.2001 – p. 47)

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4. VARIAÇÕES CAMBIAIS A partir de 01.01.2000, as receitas decorrentes das variações monetárias dos direitos de créditos e das obrigações, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeitos da base de cálculo, entre uma das seguintes opções:

1) No momento da liquidação da operação correspondente ("regime de caixa"); ou

2) Pelo regime de competência.

Aplica-se a opção escolhida para todo o ano-calendário.

DEDUÇÕES DO IMPOSTO Para efeito de pagamento, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido no período de apuração, o imposto pago ou retido na fonte sobre as receitas que integram a base de cálculo, bem como o imposto de renda pago indevidamente em períodos anteriores (art. 10 da Lei 9.532/1997).

EXEMPLO: No encerramento do trimestre, a empresa apurou um Imposto de Renda de R$ 5.500,00. Mas teve retenção na fonte, sobre seus rendimentos financeiros, de R$ 1.000,00. O valor do IRPJ a Recolher será calculado conforme segue:

Descrição Valor R$

Imposto de Renda calculado 5.500,00

(-) Retenção na Fonte (1.000,00)

(=) Valor a Recolher 4.500,00 LUCRO PRESUMIDO – CÁLCULO DA CSLL Para as empresas não obrigadas à adoção do Lucro Real é facultada a opção pela sistemática do Lucro Presumido para a determinação da CSLL. Convém destacar que não é possível, por exemplo, a empresa optar por recolher o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo lucro presumido.

Escolhida a opção, deverá proceder á tributação, tanto do IRPJ quanto da CSLL, pela forma escolhida.

BASE DE CÁLCULO - A PARTIR DE 01.09.2003 A partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da Lei 10.684/2003, a base de cálculo da CSLL, devida pelas pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido corresponderá a:

12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de transporte;

32% para:

a) Prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transporte;

b) Intermediação de negócios;

c) Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza.

VEÍCULOS USADOS Nos termos do artigo 96, da IN SRF 390/2004, as pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para

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revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados.

Os veículos usados serão objeto de Nota Fiscal de Entrada e, quando da venda, de Nota Fiscal de Saída, sujeitando-se ao respectivo regime fiscal aplicável às operações de consignação.

Considera-se receita bruta a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado tiver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada.

Na determinação da base de cálculo estimada e do resultado presumido ou arbitrado, aplicar-se-á o percentual de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta, conforme definida, auferida nos períodos de apuração ocorridos até 30 de agosto de 2003, e o percentual de 32% (trinta e dois por cento) para os períodos ocorridos a partir de 1º de setembro de 2003.

BASE DE CÁLCULO - ATÉ 31.08.2003 Até 31.08.2003, a base de cálculo correspondia a 12% (doze por cento) da receita bruta da venda de bens e serviços.

EXEMPLO: Empresa tributada pelo lucro presumido apurou os seguintes valores de receita bruta na prestação de serviços de administração de bens imóveis (não houve obtenção de receitas de juros, ganhos de capital ou outras operações tributáveis):

Mês/Ano Receita

R$

% Base

cálculo

CSLL

Base

Cálculo

CSLL R$

CSLL

Devida R$

jul/03 10.000,00 12% 1.200,00 108,00

ago/03 15.000,00 12% 1.800,00 162,00

set/03 12.000,00 32% 3.840,00 345,60

TOTAL 37.000,00 6.840,00 615,60

DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Da receita bruta poderão ser deduzidas as vendas canceladas, os descontos incondicionalmente concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante, e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário (IPI e ICMS Substituição Tributária).

A partir da publicação da IN 104/1998 (26.08.1998), a receita bruta pode ser considerada pelo regime de caixa.

ADIÇÕES À BASE DE CÁLCULO Deverão, ainda, ser somadas á base de cálculo:

1. Os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não compreendidas na atividade, inclusive:

a) Os rendimentos auferidos nas operações de mútuo realizadas entre pessoas jurídicas controladoras, controladas, coligadas ou interligadas, exceto se a mutuaria for instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil;

b) Os ganhos de capital auferidos na alienação de participações societárias permanentes em sociedades coligadas e controladas, e de participações societárias que permaneceram no ativo da pessoa jurídica até o término do ano-calendário seguinte ao de suas aquisições;

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c) Os ganhos auferidos em operações de cobertura ("hedge") realizadas em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros ou no mercado de balcão;

d) A receita de locação de imóvel, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica, deduzida dos encargos necessários à percepção da mesma;

e) Os juros relativos a impostos e contribuições a serem restituídos ou compensados;

f) As variações monetárias ativas;

Nota: A partir de 01.01.2000, as receitas decorrentes das variações monetárias dos direitos de créditos e das obrigações, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeitos da base de cálculo, entre uma das seguintes opções:

1. no momento da liquidação da operação correspondente ("regime de caixa"); ou

2. pelo regime de competência, aplicando-se a opção escolhida para todo o ano-calendário.

g) Juros remuneratórios do capital próprio pagos ou creditados por sociedade da qual a empresa seja sócia ou acionista.

2. Os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável.

3. O resultado do cálculo do preço de transferência, decorrentes de operações externas de exportação ou mútuo com empresas vinculadas ou domiciliadas em países com tributação favorecida. Nesta hipótese, será somada 12% da diferença da receita de exportações e o valor integral da receita com mútuo apurados segundo as regras do IRPJ.

OBSERVAÇÃO: A partir de 01.01.2006, a base de cálculo da CSLL será determinada mediante a aplicação do percentual de 12% (doze por cento) sobre a RECEITA FINANCEIRA da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente de comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato (art. 34, da Lei 11.196/2005, que acresceu o § 2º, ao artigo 20, da Lei 9.249/1995).

EXEMPLO 1: Uma administradora de imóveis obteve uma receita de serviços, no 1

o

trimestre/2010, de R$ 15.000,00. A base de cálculo da CSLL será de R$ 15.000,00 x 32% = R$ 4.800,00.

EXEMPLO 2: Uma indústria obteve uma Receita Bruta de Vendas R$ 50.000,00 no trimestre. No mesmo período, recebeu juros de aplicações financeiras de R$ 5.000,00. A base de cálculo será:

R$ 50.000,00 x 12% (base de cálculo das vendas de bens) = R$ 6.000,00

+ R$ 5.000,00 (juros recebidos)

= R$ 11.000,00

VALORES NÃO INTEGRANTES DA BASE DE CÁLCULO

Não integram a base de cálculo:

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a) as recuperações de créditos que não representem o ingresso de novas receitas;

Exemplo: a recuperação de um crédito de R$ 5.000,00 que tinha sido considerado como perda não deve integrar a base de cálculo da CSLL. No entanto, eventuais acréscimos cobrados (multa, juros e atualizações) representam novas receitas, sendo, portanto, tributáveis.

b) reversão do saldo de provisões anteriormente constituídos;

c) lucros e dividendos lançados como receitas;

d) ganhos com equivalência patrimonial;

Nota: Recuperações de créditos ou reversão de provisões que reduziram a CSLL em períodos anteriores, em face de eventual opção pelo Lucro Real, devem ser adicionados à base de cálculo.

ALÍQUOTAS DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL A partir de 01.02.2000 a alíquota é de 9% (nove por cento).

No período de 01.05.1999 a 31.01.2000, a alíquota era de 12% (doze por cento)

A alíquota da CSLL era de 8% (oito por cento) até 30.04.1999.

EXEMPLO: Base de cálculo de R$ 10.000,00 no 2

º trimestre/2010. Valor da CSLL: R$

10.000,00 x 9% = R$ 900,00

RECEITA BRUTA - REGIME DE COMPETÊNCIA OU REGIME DE CAIXA VINCULADO A

OPÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DO IRPJ Se, em decorrência da Instrução Normativa 104/1998, a empresa apurar o IRPJ no lucro presumido segundo o regime de caixa sobre a receita bruta, deverá proceder ao cálculo da tributação pela CSLL também pelo regime de caixa.

No caso de ter optado pelo tributação do IRPJ pelo regime de competência, fará a apuração da CSLL segundo este regime.

Ou seja, a escolha entre regime de caixa e regime de competência, no IRPJ, vincula a forma de apuração da CSLL.

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ESPÉCIES DE ATIVIDADES: IRPJ CSLL

● Revenda a varejo de combustíveis e gás natural 1,60% 12%

● Venda de mercadorias ou produtos

● Transporte de cargas

● Atividades imobiliárias (compra, venda, loteamento,

incorporação e construção de imóveis)

● Serviços hospitalares

● Serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia

clínica, imagenologia, anatomia patológica e

citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias

clínicas, a partir de 01.01.2009 - ver nota (3)

● Atividade Rural

● Industrialização com materiais fornecidos pelo

encomendante

● Outras atividades não especificadas (exceto prestação

de serviços)

● Serviços de transporte (exceto o de cargas)

● Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano –

ver nota (1)

● Serviços profissionais (Sociedades Civis - S/C,

médicos, dentistas, advogados, contadores, auditores,

engenheiros, consultores, economistas, etc.)

● Intermediação de negócios

● Administração, locação ou cessão de bens

móveis/imóveis ou direitos

● Serviços de construção civil, quando a prestadora não

empregar materiais de sua propriedade nem se

responsabilizar pela execução da obra (ADN Cosit 6/97).

● Serviços em geral, para os quais não haja previsão de

percentual específico

● Comercialização de veículos usados ver nota (2) ver nota (2)

● No caso de exploração de atividades diversificadas,

será aplicado sobre a receita bruta de cada atividade o

respectivo percentual1,6 a 32%

8% 12%

16% 32%

32% 32%

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AULA Nº 5 – LUCRO REAL

Objetivo da Aula:

6 LUCRO REAL – ASPECTOS GERAIS

São contribuintes do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ):

i. As pessoas jurídicas;

ii. As empresas individuais.

As disposições tributárias do IR aplicam-se a todas as firmas e sociedades, registradas ou não.

As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência sujeitam-se às normas de incidência do imposto aplicáveis às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo (Lei 9430/1996, art. 60).

As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem como suas subsidiárias, são contribuintes nas mesmas condições das demais pessoas jurídicas (Constituição Federal, art. 173 § 1º).

FORMAS DE TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS As Pessoas Jurídicas, por opção ou por determinação legal, são tributadas por uma das seguintes formas:

a) Simples Nacional.

b) Lucro Presumido.

c) Lucro Real, que será abordado no presente curso.

d) Lucro Arbitrado.

BASE DE CÁLCULO A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o lucro real, presumido ou arbitrado, correspondente ao período de apuração.

Como regra geral, integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de incidência do imposto.

PERÍODO DE APURAÇÃO O imposto será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.

O objetivo desta aula é conhecer os conceitos do Lucro Real e exercitar suas aplicações.

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No caso da apuração com base no lucro real, o contribuinte ainda tem a opção de apurar anualmente o imposto devido, devendo, entretanto, recolher mensalmente o imposto por estimativa.

Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data do evento.

Na extinção da pessoa jurídica, pelo encerramento da liquidação, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data desse evento.

ALÍQUOTAS E ADICIONAL A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto de renda à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, apurado de conformidade com o Regulamento. O disposto neste item aplica-se, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural.

No caso da CSLL a alíquota aplicável é de 9% (nove por cento) para todas as pessoas jurídicas, com exceção às instituições financeiras, pessoas jurídicas de seguros privados e de capitalização que a partir de 01.05.2008 devem aplicar sobre as bases de cálculo a alíquota de 15% (quinze por cento), conforme previsto no Art. 17 da MP 413/2008.

ADICIONAL A parcela do lucro real que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional do imposto de renda à alíquota de 10% (dez por cento).

O adicional aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação.

O disposto neste item aplica-se, igualmente, à pessoa jurídica que explore atividade rural.

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela aplicação da alíquota geral de 15%.

EXEMPLO:

Lucro Real de R$ 90.000 no 1º trimestre de 2009:

a) IRPJ á alíquota normal = R$ 90.000 x 15% = R$ 13.500

b) IRPJ Adicional = R$ 90.000 do Lucro Real menos R$ 60.000 (R$ 20.000 x período de apuração de 3 meses) x 10% = R$ 3.000,00

Valor a Recolher (a + b) = R$ 13.500 + R$ 3.000 = R$ 16.500.

LUCROS DISTRIBUÍDOS Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, não estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no país ou no exterior.

OBRIGAÇÕES, LUCRO LÍQUIDO A sistemática de tributação sob o Lucro Real é disciplinada pelos artigos 246 a 515 do Regulamento do Imposto de Renda (Dec 3000/99).

PESSOAS JURÍDICAS OBRIGADAS AO LUCRO REAL A partir de 1999 estão obrigadas à apuração do Lucro Real as pessoas jurídicas (Lei 9718/1998, art. 14):

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I – cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses (limite fixado pela Lei 10637/2002);

Nota: o limite acima é válido a partir de 01.01.2003. Até 31.12.2002, a obrigação pela opção do lucro real era para as pessoas jurídicas cuja receita total no ano-calendário fosse superior a R$ 24.000.000,00, ou proporcionalmente, quando o número de meses de atividades fosse inferior a 12 meses.

II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

Notas: com base no Ato Declaratório Interpretativo 5/2001 SRF:

1) Não confundir rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior com receitas de exportação. As exportadoras podem optar pelo Lucro Presumido, desde que não estejam nas hipóteses de vedação. A restrição deste item alcança aquelas empresas que tenham lucros gerados no exterior (como empresas Offshore, filiais controladas e coligadas no exterior, etc.).

2) A prestação direta de serviços no exterior (sem a utilização de filiais, sucursais, agências, representações, coligadas, controladas e outras unidades descentralizadas da pessoa jurídica que lhes sejam assemelhadas) não obriga á tributação do lucro real.

IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;

Nota: como exemplo de benefícios fiscais: o programa BEFIEX (isenção do lucro de exportação), redução do IR pelo Programa de Alimentação do Trabalhador, projetos incentivados pela SUDENE e SUDAM, etc.

V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2 da Lei 9430/1996;

Nota: o regime de estimativa é a opção de pagamento mensal, estimado, do Imposto de Renda, para fins de apuração do Lucro Real em Balanço Anual.

VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

Também estão obrigadas ao Lucro Real as empresas imobiliárias, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado (IN SRF 25/1999). O custo orçado é a modalidade de tratamento contábil dos custos futuros de conclusão de obras.

LUCRO REAL – OPÇÃO – POSSIBILIDADE As pessoas jurídicas, mesmo se não obrigadas a tal, poderão apurar seus resultados tributáveis com base no Lucro Real.

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Assim, por exemplo, uma empresa que esteja com pequeno lucro ou mesmo prejuízo, não estando obrigada a apurar o Lucro Real, poderá fazê-lo, visando economia tributária (planejamento fiscal).

OCORRÊNCIA DE SITUAÇÃO DE OBRIGATORIEDADE AO LUCRO REAL DURANTE O ANO

CALENDÁRIO A pessoa jurídica que houver pagado o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração pelo lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ e CSL sob o regime de apuração do lucro real trimestral, a partir inclusive, do trimestre da ocorrência do fato.

EXEMPLO: Empresa optante pelo lucro presumido abre uma filial no exterior, e obtém rendimentos na mesma, a partir de setembro/2008.

Apurará o IRPJ e a CSL pelo lucro presumido, até o último trimestre anterior (encerrado em 30.06.2008) ao da ocorrência da situação obrigatória ao lucro real.

A partir do trimestre julho/agosto/setembro/2008, irá apurar o lucro real.

Base: art. 2 do Ato Declaratório Interpretativo 5/2001 SRF.

CONCEITO DE LUCRO REAL Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pelo Regulamento (DL 1598/1977, art. 6).

A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei 8981/1995, art. 37, § 1º).

6.1 APURAÇÃO DO LUCRO REAL ANUAL E TRIMESTRAL

MOMENTO DE OPÇÃO PELO REGIME DE TRIBUTAÇÃO A opção pelo lucro real anual, lucro real trimestral ou lucro presumido será manifestado pelo pagamento da 1ª quota de qualquer um dos regimes, mediante DARF, sendo que a legislação não permite mudar a forma de tributação durante o ano-calendário (art.13, Lei 9.718/98).

Por isso, é fundamental uma análise detalhada de qual é a melhor forma de tributação, antes do pagamento da 1ª quota do Imposto, pois se a empresa optou pelo lucro real (anual ou trimestral) não poderá modificar no ano-calendário para o lucro presumido e vice-versa. Lembrando que a opção de tributação feita para o Imposto de Renda deve ser a mesma para a Contribuição Social sobre o Lucro.

OBRIGATORIEDADE DA APURAÇÃO PELO LUCRO REAL ANUAL OU TRIMESTRAL Estão obrigadas a apurar o lucro real, conforme art. 14 da Lei 9.718/98, as seguintes empresas:

a) cuja receita total, no ano calendário anterior, seja superior a R$ 48.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a doze meses;

b) cujas atividades sejam de instituições financeiras ou equiparadas;

c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganho de capital oriundos do exterior;

d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;

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e) que, no decorrer do ano calendário, tenha efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, inclusive mediante balanço ou balancete de suspensão ou redução do imposto;

f) cuja atividade seja de ―factoring‖.

As demais empresas que não se enquadrarem em nenhuma das situações acima previstas podem optar pelo lucro presumido, caso for a melhor alternativa.

LIMITAÇÃO DA COMPENSAÇÃO DO PREJUÍZO FISCAL E DA BASE NEGATIVA DA CSSL –

LUCRO REAL TRIMESTRAL OU ANUAL A partir de 01/janeiro/1996, a compensação do prejuízo fiscal (IRPJ) e da base negativa da contribuição social sobre o lucro está limitada a 30% do lucro do exercício após adições e exclusões do lucro real. Assim se a empresa teve prejuízos em anos anteriores de R$ 150.000,00 e no ano apurou lucro de R$ 110.000,00, poderá compensar apenas 30% do lucro, deste ano, ou seja compensa apenas R$ 33.000,00 do prejuízo fiscal anterior, devendo pagar IRPJ e CSSL sobre R$ 77.000,00 (110.000,00 - 33.000,00).

LUCRO REAL ANUAL – IMPOSTO DE RENDA

O lucro Real Anual será apurado no período compreendido de janeiro a dezembro de cada ano, sendo que a empresa, MENSALMENTE, terá que pagar ou demonstrar que não há imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro calculado por estimativa, optando pelas seguintes alternativas:

a) Com base no faturamento, acrescido das demais receitas.

Com base no resultado do somatório de um percentual aplicado sobre a receita bruta do mês, acrescidos do ganho de capital e demais receitas. Os percentuais aplicáveis sobre a receita bruta variam de acordo com a atividade da pessoa jurídica e constam no artigo 15 da Lei nº 9.249/95:

8% na venda de mercadorias e produtos;

1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;

16% na prestação de serviços de transporte, exceto o de cargas que é 8%;

16% para as Instituições Financeiras e equiparadas;

16% na prestação de serviços em geral pelas pessoas jurídicas com receita bruta anual até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transporte e de profissões regulamentadas (art. 40, Lei nº 9.250/95);

32% na prestação de serviços.

Observação: As demais receitas (juros auferidos, descontos obtidos, etc.) e ganhos de capital comporão a base de cálculo sem qualquer redução (100% do valor apurado).

Para fins de cálculo da CSLL contribuição social s/ o lucro por estimativa deverá somar o percentual sobre a receita bruta do mês, acrescidos do ganho de capital e demais receitas, variando os percentuais de acordo com as seguintes atividades:

i. 12% na venda de mercadorias, produtos (art. 29 e 30 da Lei nº 9.430/96);

ii. 32% na prestação de serviços em geral, a partir de 01/09/2003 (Por força da Lei 10.684/2003, art. 22).

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Observação: As demais receitas (juros auferidos, descontos obtidos, etc.) e ganhos de capital comporão a base de cálculo sem qualquer redução (100% do valor apurado). A Instrução Normativa SRF 390 de 30/01/2004, trata sobre as disposições gerais sobre a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

b) Com base em Balancetes de Suspensão ou Redução do Imposto.

A empresa poderá também reduzir ou suspender o pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social de cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional (art. 2º da Lei 9430/96) da seguinte forma:

b.1) Redução

A redução ocorre quando a empresa, em um determinado mês, demonstra que o valor apurado do imposto menos o valor já pago durante o período acumulado é inferior ao cálculo pela estimativa como base na receita, como citado no item ―a‖.

EXEMPLO: Valor do Imposto devido com base nos percentuais aplicado sobre a

Receita no mês de junho/xx= R$ 30.000,00

Valor do Imposto apurado com base no balancete acumulado de jan/xx a jun/xx = R$ 40.000,00

Valor do imposto pago, retido ou compensado de jan/xx a jun/xx = R$ 25.000,00

Saldo a pagar no mês de junho/xx (40.000,00- 25.000,00) = R$ 15.000,00

Se a optar pelo balancete de redução haverá um desembolso de apenas R$ 15.000,00, ao invés de R$ 30.000,00.

No mês de junho/xx, a forma mais viável é a opção pelo pagamento com base no balancete de redução de janeiro a junho, apesar de apurar 40.000,00 de imposto, serão deduzidos os impostos já pagos, retidos ou compensados nos respectivos meses (25.000,00), restando saldo a pagar de apenas R$ 15.000,00. Sendo que o recolhimento com base na receita bruta custaria para a empresa R$ 30.000,00, pois os valores pagos nos meses anteriores não podem ser deduzidos, por não comporem a base de cálculo do mês. Esse estudo deve ser feito a cada mês do ano, levando em conta também a possibilidade de suspensão do imposto que será visto no item seguinte.

OBSERVAÇÃO: O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser

também adotado para a Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser analisada a melhor alternativa calculando os dois tributos.

O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diário (art. 12,§ 5º, da IN SRF 93/97) e no Livro LALUR transcrever a apuração do resultado (art. 13 IN SRF 93/97).

Base legal: artigos 10 a 16 da IN SRF 93/97

b.2) Suspensão

A suspensão do recolhimento do imposto ocorre quando a empresa demonstra através de balancete que em um determinado mês, o resultado acumulado de janeiro até esse mês, resultou em prejuízo fiscal, inexistindo imposto a pagar, como exemplo:

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1. Prejuízo contábil de R$ 150.320,00, conforme balancete contábil levantado em 30/jun/xx. (resultado acumulado de janeiro a junho)

2. Adições ao lucro real - R$ 30.150,00

3. Prejuízo fiscal ->150.320,00 – 30.150,00 = 120.170,00

4. Como houve prejuízo fiscal no mês de junho/xx (resultado acumulado de janeiro a junho), não há IRPJ nem CSSL a recolher neste mês, sendo necessário apenas a transcrição do Prejuízo no LALUR e manter balancete no Diário Contábil, comprovante o resultado.

A outra forma de suspensão do recolhimento do imposto e da contribuição social ocorre quando a empresa demonstra através de balancete, com resultado acumulado, que os valores pagos nos meses anteriores são superiores ao valor do imposto apurado nesse mês, como exemplo:

No Balancete do mês julho/xx, que contempla o resultado acumulado de janeiro/xx a julho/xx, apurou-se um imposto a pagar de R$ 35.000,00, porém nos meses de janeiro/xx a junho/xx a empresa já recolheu imposto no valor de R$ 40.000,00, ou seja, R$ 5.000,00 a mais do que o devido, com isso poderá suspender o pagamento em julho.

OBSERVAÇÃO: O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser

adotado para a Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser analisada a melhor alternativa calculando os dois tributos.

O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diário (art. 12, § 5º, da IN SRF 93/97) e no Livro LALUR transcrever a apuração do resultado (art. 13 IN SRF 93/97).

Base legal artigos 10 a 16 da IN SRF 93/97.

A apuração pelo Lucro Real Anual, apesar de ter mais detalhes e ser mais trabalhosa, compensa pela vantagem tributária em relação ao Lucro Real Trimestral.

ALÍQUOTAS E ADICIONAL DO IMPOSTO DE RENDA

A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15% (quinze por cento) sobre o lucro real, presumido ou arbitrado, apurado de conformidade com o Regulamento.

A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder ao valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10% (dez por cento).

O adicional de que trata este item será pago juntamente com o imposto de renda apurado pela aplicação da alíquota geral de 15%.

EXEMPLO: Lucro Real de R$ 110.000 no 1

º trimestre de 2.009:

a. IRPJ á alíquota normal = R$ 110.000 x 15% = R$ 16.500

b. IRPJ Adicional = R$ 110.000 do Lucro Real menos R$ 60.000 (R$ 20.000 x período de apuração de 3 meses) x 10% = R$ 5.000,00

Valor a Recolher (a + b) = R$ 16.500 + R$ 5.000 = R$ 21.500

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LUCRO REAL ANUAL – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO Em janeiro de 2004, a Receita Federal editou a IN SRF 390/2004, que dispõe sobre a apuração e o pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, não trazendo alterações, mas consolidando as normas. Trouxe relação de adições e exclusões, bem como no art. 42, a pessoa jurídica deve utilizar livro específico para apuração da CSLL, para transcrever a demonstração do resultado ajustado e manter os registros de controle dos valores que devam influenciar a determinação do resultado ajustado dos períodos subseqüentes.

A contribuição social sobre o lucro, apurada pelo lucro real anual se dá por duas opções: a) com base no faturamento mensal da empresa acrescidas das demais receitas; b) com base em balanços/balancetes de suspensão ou redução acumulados mensalmente, devendo a opção ser a mesma opção do IRPJ.

a) Apuração Anual da CSLL, com recolhimentos mensais sobre a base de cálculo estimada

Nas atividades desenvolvidas por pessoas jurídicas de natureza comercial, industrial ou de prestação de serviços, a base de CSLL apurada por estimativa será a soma dos seguintes valores:

a.1) o valor correspondente aos percentuais abaixo da receita bruta auferida, excluídas as vendas canceladas, as devoluções de vendas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador dos quais o vendedor dos bens ou prestador de serviços seja mero depositário:

12% na venda de mercadorias, produtos (art. 29 e 30 da Lei nº 9.430/96);

32% na prestação de serviços em geral, a partir de 01/09/2003 (Por força da Lei 10.684/2003, art. 22;) intermediação de negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza.

EXEMPLOS: Faturamento venda de MERCADORIAS E PRODUTOS: R$ 400.000,00:

R$ 400.000,00 x 12% = 48.000,00 -> base de cálculo

Faturamento venda de SERVIÇOS até 31/08/2003: R$ 300.000,00

R$ 300.000,00 x 12% = 36.000,00 -> base de cálculo

Faturamento a partir de 01/09/2003 venda de SERVIÇOS: R$ 400.000,00

R$ 200.000,00 x 32% = 64.000,00 -> base de cálculo

O percentual acima será acrescido pela totalidade (100%), das demais receitas:

1. Ganhos de capital (lucros) obtidos na alienação de bens do ativo permanente e de aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro.

2. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de operações financeiras de renda variável (ações, swap, etc.).

3. Demais receitas e resultados positivos não abrangidos anteriormente (como juros e descontos obtidos, aluguéis, etc.), inclusive juros remuneratórios do capital próprio, recebido pela empresa da qual seja sócia ou acionista.

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EXEMPLO:

Descrição Dados Base de cálculo

Faturamento 2.000.000,00 x 12% 240.000,00

Juros aplicação financeira 2.500,00

Ganho de capital 25.000,00

Juros Selic 3.000,00

Total Base de Cálculo 270.500,00

Alíquota 9%

Valor da CSLL a pagar 24.345,00

b) Balanços de Suspensão ou Redução no Pagamento da CSLL

A mesma forma de tributação adotada, pela pessoa jurídica, para fins de apuração do imposto de renda, deve ser adotada para fins de apuração da CSLL.

Assim, a pessoa jurídica que levantou balanço ou balancete para suspender ou reduzir o pagamento do imposto de renda, em determinado mês do ano-calendário, deve apurar a base de cálculo da CSLL sobre o resultado do período apurado nesse mesmo balanço, ajustado pelas adições determinadas, pelas exclusões permitidas e pelas compensações de base de cálculo negativa da CSLL, observados os limites definidos na legislação pertinente.

c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - alíquotas

9% (nove por cento) a partir de 01.02.2000.

Observação: Com a edição da IN SRF 390/2004 de 30.01.2004, a base de cálculo da CSLL deverá ser demonstrada numa espécie de Lalur da CSLL.

6.2 AJUSTES AO LUCRO LÍQUIDO NO LUCRO REAL – LIVRO LALUR –

ADIÇÕES E EXCLUSÕES

Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-lei 1.598/77, art. 6, § 2):

I – os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real;

II – os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, devam ser computados na determinação do lucro real.

A determinação da base real exige demonstrações financeiras, ajustando-se o lucro líquido apurado no Demonstrativo de Resultados, após a CSLL e antes do IR, pelas adições, exclusões e compensações previstas na legislação.

LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL (LALUR) Os controles de adições, exclusões e compensações do Lucro Real são efetuados em Livro próprio para isto, chamado "Livro de Apuração do Lucro Real" (LALUR).

Este Livro contém 2 partes:

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PARTE "A" - é a parte aonde irão discriminados os ajustes, por data, ao Lucro Real, como: despesas indedutíveis, valores excluídos, e a respectiva Demonstração do Lucro Real.

EXEMPLO:

 pág. 12

DATA     H  I  S  T  Ó  R  I  C  O   ADIÇÕES  EXCLUSÕES

         NATUREZA DOS AJUSTES

05.10.2008 MULTA registradas Livro Diário, fl. 108 6.438,47

31.10.2008 MULTA registradas Livro Diário, fl. 115 612,39

29.11.2008 MULTA registrada Livro Diário, fl. 129 510,68

18.12.2008 MULTA registradas Livro Diário, fl. 137 5.938,92 13.500,46

30.11.2008DIVIDENDOS recebidos registrados

Livro Diário, fl. 130 1.744,00  1.744,00

         TOTAL ADIÇÕES E EXCLUSÕES         13.500,46           1.744,00

31.12.2008 DEMONSTRATIVO DO LUCRO REAL

  Período de 01.10.2008  a  31.12.2008      

RESULTADO DO PERÍODO 15.001,00

         A D I Ç Õ E S :

         MULTAS         13.500,46

         TOTAL DAS ADIÇÕES           13.500,46

         E X C L U S Õ E S :

DIVIDENDOS 1.744,00

TOTAL DAS EXCLUSÕES  1.744,00

         LUCRO REAL ANTES DA

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS 26.757,46

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS:

  Período base de 2006   (8.027,23)  

  LUCRO REAL APÓS A

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS   18.730,23  

  31 de Dezembro de 2008      

PARTE A  - REGISTRO DOS AJUSTES DO LUCRO LIQUIDO DO EXERCÍCIO 

____________________________

João Fernandes - Contador CRC ......

____________________________

Adalberto Dias - Sócio Gerente

 

        

PARTE "B" - incluem-se os valores que afetarão o Lucro Real de períodos-base futuros, como, por exemplo: Prejuízos a Compensar, Depreciação Acelerada Incentivada, Lucro Inflacionário Acumulado até 31.12.1995, etc.

EXEMPLO:

 Pág. 52

CONTA:

Mês de

Ref.

Valor a

Corrigir Coef Débito Crédito

Valor

Corrigido D/C

31.12.2008Prejuízo Fiscal n/ano, cfe.

Página 05 - Parte A, d/livro12.08 * * 18.033,20 18.033,20  C

PARTE B - CONTROLE DE VALORES QUE CONSTITUIRA O AJUSTE DO LUCRO LÍQUIDO DE

EXERCÍCIOS FUTUROS.

Para efeitos de Controle de Valores

PREJUÍZO FISCAL ANO CALENDÁRIO 2004

HISTÓRICODATA

Nota: os campos com asterisco (*) não são mais preenchidos a partir de

31.12.1995, data da extinção da correção monetária.

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Os valores controlados na parte "B" do Livro de Apuração do Lucro Real, existentes em 31 de dezembro de 1995, somente serão atualizados monetariamente até essa data, observada a legislação então vigente, ainda que venham a ser adicionados, excluídos ou compensados em períodos de apuração posteriores (Lei 9.249/95, art. 6).

A atualização dos valores referidos até 31.12.1995 será efetuada tomando-se por base o valor da UFIR vigente em 1° de janeiro de 1996 – R$ 0,8287 (Lei 9249/95, art. 6, parágrafo único).

AS ADIÇÕES NA PARTE "A" DO LALUR As adições, fundamentalmente, são representadas por despesas contabilizadas e indedutíveis para a apuração do Lucro Real, como multas indedutíveis, doações, brindes, etc.

Assim, uma empresa que apurou um lucro contábil de R$ 100.000,00, mas contabilizou despesas não aceitas como redutoras para fins fiscais, de R$ 20.000,00, deverá ajustar o lucro contábil, via Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), uma vez que este lucro não pode e não deve ser alterado contabilmente. Desta forma procede-se a adição ao lucro contábil de R$ 20.000,00, na Parte "A" do LALUR, o que produz, na prática, um efeito de anulação da despesa contabilizada. Este ajuste mantém o lucro contábil em R$ 100.000,00, porém, para fins fiscais o aumentará para R$ 120.000,00, valor equivalente ao que representaria o lucro contábil, caso não tivessem sido contabilizadas as despesas não dedutíveis.

É de notar que não há, neste caso, nenhuma necessidade de controle a ser efetuado na Parte "B" do LALUR, pois a despesa é indedutível. O controle na Parte "B" far-se-ia necessário se a dedutibilidade fosse vinculada a um evento futuro, como por exemplo, de despesas com a constituição de provisões, que são dedutíveis apenas quando o fato provisionado ocorrer. Nesta última hipótese, a despesa seria adicionada e anotada na Parte "B" do LALUR, para ser excluída, quando efetivamente a perda provisionada se materializasse.

EXEMPLOS DE ADIÇÕES AO LUCRO REAL: Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas

ou coligadas serão adicionados ao lucro líquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do ano-calendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil (Art. 1, Lei 9.532/97);

Os pagamentos efetuados à sociedade civil quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das referidas pessoas (Decreto-lei 2.397/87, art. 4);

Encargos de depreciação, apropriados contabilmente, correspondentes ao bem já integralmente depreciado em virtude de gozo de incentivos fiscais previstos no Regulamento do Imposto de Renda;

Perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei 8.981/95, art. 76, § 3°);

Despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, ressalvado a hipótese em que são considerados salários indiretos (Lei 9.249/95, art. 13, inciso IV);

Contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da

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previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica (Lei 9.249/95, art. 13, inciso V);

Doações, exceto as expressamente admissíveis como dedutíveis (Lei 9.249/95, art. 13, inciso VI);

Despesas com brindes (Lei 9 249/95, art. 13, inciso VII);

A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (a partir de 1997), registrado como custo ou despesa operacional (Lei 9.316/96, art. 1 e parágrafo único);

Perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações (Lei 8.981/95, art. 76, § 4°);

Provisões, exceto a provisão de férias, 13º salário e as provisões técnicas

obrigatórias das companhias de seguro e de capitalização;

A parcela realizada da reserva de reavaliação, quando computada no resultado do exercício e ainda não tributada;

As participações nos lucros atribuídas a administradores e partes beneficiárias de sua emissão (art. 463 do Regulamento do IR);

Saldos do lucro inflacionário acumulado, realizado no período-base;

Perda apurada na alienação ou baixa de investimento adquirido mediante dedução do IRPJ (exemplo: quotas do Finor, Finam);

Resultado negativo da equivalência patrimonial no capital social de coligada ou controlada;

Prejuízos de alienação de ações, títulos ou quotas de capital, com deságio superior a 10% (dez por cento) dos respectivos valores de aquisição, salvo se a venda houver sido realizada em bolsa de valores ou decorrer de participações permanentes;

Multas por infração a norma legal, tais como multas de trânsito, multas de ofício (aplicadas na autuação pelo fiscal, não confundir com a multa de mora pelo pagamento em atraso do tributo, a qual é plenamente dedutível), outras multas pelo não cumprimento da lei ( entrega da DCTF, DIRF, DACON em atraso);

Valor da variação cambial passiva, amortizada no ativo diferido, que tiver sido excluída em 2.001 do lucro real (art.2, parágrafo único da Lei 10305/01);

Tributos com exigibilidade suspensa (§1º do art. 41 da Lei nº 8.981/95). Devem ser adicionados para fins do Lucro Real os tributos contabilizados em contas de resultado do período e que foram suspensos por processo administrativo ou judicial de defesa, com ou sem depósito judicial.

Observar que o Imposto de Renda Pessoa Jurídica é indedutível de sua própria base de cálculo;

Depreciação de carros de Luxo, barcos, apartamentos e outros bens utilizado pela Diretoria da empresa e que não estejam ligados intrinsecamente com a atividade da empresa ( inciso III art. 13. 9.249/96);

Na venda de bens do ativo imobilizado que foram reavaliados, deve ser adicionado ao Lucro Real o valor da reserva de reavaliação referente ao bem;

Perda no recebimento de créditos que não estiverem em conformidade com os artigos 9º a 12 da Lei 9.430/96.

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EXCLUSÕES AO LUCRO REAL Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei 1.598/77, art. 6, § 3º):

I – os valores cuja dedução seja autorizada pelo Regulamento e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração;

II – os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam computados no lucro real;

III – o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitado a 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas no Regulamento, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei 9.065/95, art. 15 e parágrafo único).

As exclusões, em parte, são representadas pelas receitas não tributáveis contabilizadas. Excluem-se, também, os valores cuja tributação pode ser diferida, entre outras.

Adiante uma lista dos principais valores excluíveis, desde que atendido as particularidades da legislação que regem cada assunto:

Parcela de lucro de empreitada ou fornecimento contratado com pessoa jurídica de direito público, proporcional ao valor da receita não recebida, para contratos superiores há 12 meses.

Ganho de capital auferido na venda de bens do Ativo Imobilizado para recebimento do preço após o término do ano-calendário subseqüente ao da contratação.

Lucros e dividendos recebidos de participações societárias.

Resultado positivo da avaliação pela equivalência patrimonial.

Variações Cambiais Ativas (MP 2158-35, art. 30).

Variações Cambiais Passivas – Operações Liquidadas (MP 2158-35, art. 30).

Amortização do deságio obtido na aquisição de participações societárias avaliadas pela equivalência patrimonial, enquanto não baixado o investimento.

Encargos financeiros auferidos após 2 meses do vencimento, relativos a créditos vencidos e não recebidos.

Parcelas das perdas apuradas nos mercados de renda variável que excederam os ganhos auferidos nas mesmas operações, adicionadas ao lucro líquido em período-base anterior, até o limite dos ganhos e perdas de operações da espécie computados no período-base.

Resultados positivos auferidos pelas sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica.

Provisões indedutíveis adicionadas ao lucro líquido em período base anterior que tenham sido revertidas a credito do resultado do exercício ou utilizadas para débito de despesas dedutíveis.

Depreciação acelerada incentivada.

Amortização de ágio na aquisição de investimentos relevantes sujeitos á avaliação pela equivalência patrimonial e baixados no período-base.

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Reversão de Provisões não dedutíveis (as quais em períodos anteriores foram adicionadas ao Lucro Real e estão sendo revertidas, a crédito das contas de resultado)

Aplicações na aquisição de Certificados de Investimentos em projetos de produção de obras audiovisuais cinematográficas brasileiras.

Propaganda Eleitoral Gratuita, Lei 9.504, de 30/09/97, exclusão para emissoras de rádio e televisão que transmitem programa eleitoral gratuito.

A partir de 01.01.2003, dispêndios realizados com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica de produtos - artigo 39 da Lei 10.637/2002 (até 31.12.2005) e artigo 17 e seguintes Lei 11.196/2005 (a partir de 01.01.2006).

A partir de 04.12.2008, poderão ser excluídas as parcelas de contabilização de receitas advindas do Regime Tributário de Transição – RTT – ajustes decorrentes da Lei 11.638/2008, atendidos aos requisitos previstos nos artigos 15 e seguintes da Lei 11.941/2009.

A partir de 04.03.2009, a empresas dos setores de tecnologia da informação - TI e de tecnologia da informação e da comunicação - TIC poderão excluir do lucro líquido os custos e despesas com capacitação de pessoal que atua no desenvolvimento de programas de computador (software), para efeito de apuração do lucro real, sem prejuízo da dedução normal. A exclusão fica limitada ao valor do lucro real antes da própria exclusão, vedado o aproveitamento de eventual excesso em período de apuração posterior. Base: art. 11 da Lei 11.908/2009.

A partir de 05.06.2009, as receitas decorrentes de valores em espécie pagos ou creditados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao ICMS e ao ISS, no âmbito de programas de concessão de crédito voltados ao estímulo à solicitação de documento fiscal na aquisição de mercadorias e serviços. Base: art. 4º da Lei 11.945/2009.

E-LALUR A INS RFB 989/2009 institui o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real (e-Lalur).

A escrituração e entrega do e-Lalur, referente à apuração do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), será obrigatória para as pessoas jurídicas sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda pelo Regime do Lucro Real.

Deverão ser informados, no e-Lalur, todas as operações que influenciem, direta ou indiretamente, imediata ou futuramente, a composição da base de cálculo e o valor devido do IRPJ e da CSLL, especialmente quanto:

I - à associação das contas do plano de contas contábil com plano de contas referencial, definido em ato específico da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB);

II - ao detalhamento dos ajustes do lucro líquido na apuração do Lucro Real;

III - ao detalhamento dos ajustes da base de cálculo da CSLL;

IV - aos registros de controle de todos os valores a excluir, adicionar ou compensar em exercícios subseqüentes, inclusive prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL;

V - aos registros, lançamentos e ajustes que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária relativos à determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando não devam, por sua natureza

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exclusivamente fiscal, constar da escrituração comercial, ou sejam diferentes dos lançamentos dessa escrituração.

VI - aos lançamentos constantes da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont), de que tratam os arts. 7º a 9º da Instrução Normativa RFB nº 949, de 16 de junho de 2009, e a Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009.

O e-Lalur deverá ser apresentado pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até as 23h59min59s (vinte e três horas, cinqüenta e nove minutos e cinqüenta e nove segundos), horário oficial de Brasília, do último dia útil do mês de junho do ano subseqüente ao ano-calendário de referência, por intermédio de aplicativo a ser disponibilizado pela RFB na Internet.

O arquivo eletrônico contendo os registros do e-Lalur será assinado digitalmente pelo contribuinte com Certificado Digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada pela Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil), mediante utilização de certificado digital.

As pessoas jurídicas que apresentarem o e-Lalur ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010, da escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real no modelo e normas estabelecidos pela Instrução Normativa SRF nº 28, de 13 de junho de 1978, e da utilização do Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o FCont de que trata a Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009, com a redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 970 de 23 de outubro de 2009, e pela Instrução Normativa RFB nº 975, de 7 de dezembro de 2009.

IRPJ, CSLL PIS E COFINS – REDUÇÃO DE MULTA E JUROS – LEI 11.941/2009 Não será computada na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, do PIS e da COFINS a parcela equivalente à redução do valor das multas, juros e encargo legal em decorrência do disposto nos artigos 1, 2 e 3 da Lei 11.941/2009 (parcelamento de débitos tributários).

Base: parágrafo único do art. 4 da Lei 11.941/2009.

DOAÇÕES FEITAS POR PESSOAS JURÍDICAS DEDUTÍVEIS DO IMPOSTO DE RENDA Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas

As doações feitas pelas pessoas jurídicas não são dedutíveis, a não ser as efetuadas às instituições de ensino e pesquisas autorizadas por lei federal e às entidades civis, legalmente constituídas, sem fins lucrativos que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, nos moldes das disposições contidas no Regulamento do Imposto de Renda – RIR.

O Regulamento do Imposto de Renda disciplina essa matéria pertinente a deduções decorrentes de doações de pessoas jurídicas, em seu art. 365 ao regular que, in verbis:

―Art. 365. São vedadas as deduções decorrentes de quaisquer doações e contribuições, exceto as relacionadas a seguir (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VI, e § 2º, incisos II e III):

I – as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e que preencham os requisitos dos incisos I e II do art. 213 da Constituição, até o limite de um e meio por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução e a de que trata o inciso seguinte;

II – as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computada a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras:

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a) as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária;

b) a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

c) a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União, exceto quando se tratar de entidade que preste exclusivamente serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem‖.

A legislação que trata do assunto, mencionada nesse dispositivo (Art. 365 do RIR) é a seguinte:

a) Artigo 13, da Lei 9.249/95, combinado com a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal 11/1996, in verbis:

―Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964:

VI - das doações, exceto as referidas no § 2º;

§2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações:

III - as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computada a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras:

a) as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária;

b) a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

c) a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União.‖

INSTRUÇÃO NORMATIVA 11/1996

―Art. 28. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro é vedada a dedução das despesas com doações e contribuições não compulsórias.

§ 1º A vedação de que trata este artigo não se aplica, exclusivamente, em relação às:

3. a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, até o limite de dois por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução, observado o disposto no § 3º.‖

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b) Artigo 59, da Medida Provisória 2.158-35, de 24 de agosto de 2001.

‖Art. 59. Poderão, também, ser beneficiárias de doações, nos termos e condições estabelecidos pelo inciso III do § 2º do art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP qualificadas segundo as normas estabelecidas na Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999.

§ 1º O disposto neste artigo aplica-se em relação às doações efetuadas a partir do ano-calendário de 2001.

§ 2º Às entidades referidas neste artigo não se aplica a exigência estabelecida na Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, § 2º, inciso III, alínea "c".

É preciso destacar que a legislação em vigor concede incentivos fiscais para doação às organizações do terceiro setor (OSCIPs), unicamente para empresas que são tributadas com base no lucro real.

Com relação ao limite da dedução, a lei prevê a dedução integral do valor das doações como despesa operacional, até o limite de 2% do lucro operacional bruto. Assim, não há uma dedução do imposto de renda a ser pago, mas uma dedução da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro.

Para fazer uso da dedução, as pessoas jurídicas devem, nos casos de doação em dinheiro, fazê-las por depósito bancário e arquivar o recibo do depósito bancário. Devem, também, solicitar o recibo da entidade donatária, com seus dados e da entidade. Para fins de fiscalização, a pessoa jurídica doadora deve manter em seu arquivo declaração fornecida pela entidade beneficiária, conforme modelo aprovado pela Receita Federal, através da Instrução Normativa 87/1996.

Pode-se afirmar que as doações efetuadas a entidades enquadradas como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) é perfeitamente legal e dedutível para o efeito da apuração do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro, até o limite de 2% sobre o lucro operacional.

Portanto, como visto, a partir de 1º de janeiro de 1996, a Lei 9.249, de 26 de dezembro de 1996, limitou a dedutibilidade de algumas despesas operacionais, dentre as quais as doações efetuadas pelas Pessoas Jurídicas.

Dessa maneira, a dedutibilidade das doações a instituições de ensino e pesquisa ficou restrita a 1,5% (um e meio por cento) do lucro operacional, tanto para fins de Imposto de Renda como para a Contribuição Social sobre o Lucro (CSL).

Ressalte-se que a Lei conceitua como lucro operacional o resultado das atividades principais ou acessórias, que constituam objeto da pessoa jurídica donatária, nos termos do artigo 277 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999.

Além disso, para que uma instituição de ensino e pesquisa possa usufruir o que dispõe o parágrafo 2º, do artigo 13, da Lei 9.249/95, há necessidade do preenchimento dos requisitos do artigo 213 da Constituição Federal. Ou seja, a instituição de ensino e pesquisa não pode ter finalidade lucrativa e deve aplicar seus recursos exclusivamente em educação.

Portanto, os valores doados pelas Pessoas Jurídicas a entidades de educação devem ser considerados despesas operacionais, o que significa que os mesmos reduzem a base de cálculo do imposto de renda e da CSL.

A Secretária da Receita Federal - SRF, posteriormente editou a Instrução Normativa nº 11, que ampliou o rol de exigências para que determinada doação fosse considerada dedutível. Desta maneira, para que a doação efetuada pela pessoa jurídica possa ser considerada dedutível é necessário que a instituição de ensino que recebeu a doação:

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i) aplique os excedentes em educação;

ii) comprove não possuir fins lucrativos; e,

iii) assegure a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica, ou confessional, ou ao poder público no caso do encerramento de suas atividades.

Além de limitar as doações efetuadas a instituições de ensino e pesquisa, a citada Lei nº 9.249/95 também restringiu a dedutibilidade das doações a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que prestem serviços gratuitos em benefícios de empregados da pessoas jurídica doadora, e respectivos dependentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, a 2,0% (dois por cento) do lucro operacional, tanto para fins de Imposto de Renda como para a Contribuição Social sobre o Lucro (CSL).

Para que a pessoa jurídica doadora possa se beneficiar da dedutibilidade da doação, devem ser observados os seguintes requisitos:

a. as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária diretamente em nome da entidade beneficiária;

b. a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, a disposição da fiscalização, declaração, segundo modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais, com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

c. a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão competente da União.

A pessoa jurídica, valendo-se da Lei nº 8.313/91, batizada de ―Lei Rouanet‖, pode fazer doações a projetos culturais aprovados pelo Ministério da Cultura e essas doações seriam consideradas dedutíveis para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL.

Essa lei Rouanet dispõe sobre o Programa Nacional de Apoio à Cultura – PRONAC e foi editada para incentivar os seguintes seguimentos artístico-culturais:

a. Teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres;

b. Produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica e congêneres;

c. Literatura, inclusive obras de referência;

d. Música;

e. Artes plásticas, artes gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outras congêneres;

f. Folclore e artesanato;

g. Patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueológico, bibliotecas, museus, arquivos e demais acervos;

h. Humanidades; e

i. Rádio e televisão, educativas e culturais, de caráter não-comercial, etc.

Ademais, parte desse valor também poderá ser deduzido do imposto de renda devido pela pessoa jurídica (30% no caso de patrocínio e 40% no caso de

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doação), dedução esta que estava limitada a 5% (cinco por cento) do imposto de renda devido (excluído o adicional, nos termos do artigo 543 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99). A partir de 1º de janeiro de 1998, esse limite passou a ser de 4% (quatro por cento).

Convém definir o que sejam "doações" ou "patrocínios", nos termos da Lei Rouanet:

DOAÇÃO - transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerário, bens ou serviços, para a realização de projetos culturais, vedado o uso de publicidade paga para divulgação deste ato.

PATROCÍNIO - transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos, de numerário, para a realização de projetos culturais, com a finalidade promocional e institucional de publicidade. Considera-se também patrocínio, a cobertura de gastos ou a utilização de bens móveis e imóveis do patrimônio do patrocinador sem a transferência de domínio, para a realização de projetos culturais sem fins lucrativos.

Com o advento da Lei 9.874/99 (conversão da Medida Provisória nº 1.589-1, de 24/09/97) a principal inovação foi o estabelecimento de regras especiais de incentivo para doações ou patrocínios na produção cultural que atenderem, exclusivamente, aos seguintes segmentos:

a. Artes cênicas;

b. Livros de valor artístico, literário ou humanístico;

c. Música erudita ou instrumental;

d. Circulação de exposição de artes plásticas; e,

e. Doações de acervos para bibliotecas públicas e museus.

O valor das doações e patrocínios em favor de projetos culturais dos segmentos acima referidos, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura, poderá ser integralmente deduzido do imposto de renda devido pelo contribuinte. Isto significa que as pessoas jurídicas, quando contribuírem nesses projetos, não estão sujeitas ao limite de 30% (trinta por cento) no caso do patrocínio, ou dos 40% (quarenta por cento) no caso das doações.

Deve-se ressaltar, porém, que o valor da dedução a ser efetuada continua sujeita ao limite de 4% (quatro por cento) do imposto de renda (sem adicional) devido, nos casos das pessoas jurídicas, e 6% (seis por cento), para pessoas físicas.

Comente-se, também, que para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, as doações e patrocínios em favor dos projetos culturais acima referidos não poderão ser considerados como despesas dedutíveis, para fins de determinação do lucro real, podendo, no entanto, serem deduzidas, para determinação da base de cálculo da CSL.

Conclui-se, então, serem esses os tipos de doações permitidos por nosso ordenamento jurídico que poderão ser feitas pelas pessoas jurídicas, a fim de que esses valores possam ser deduzidos do Imposto de Renda devido pelo contribuinte.

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Sobre o autor:

Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas é Advogado especialista nas áreas comercial e tributária. Foi consultor jurídico da ACMINAS – ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS. Sócio do CUNHA PEREIRA & ABREU CHAGAS – Advogados Associados. Curador Especial nomeado por Juízes Federais e Estaduais. Atua junto aos TRIBUNAIS SUPERIORES. Assessor do SIM – INSTITUTO DE GESTÃO FISCAL

QUADRO RESUMO DOS LIMITES DE APLICAÇÕES EM INCENTIVOS FISCAIS

Incentivos

Fiscais

Base de Cálculo do

Incentivo

Limite de

Dedução

Embasamento

Legal

Programa de

Alimentação ao

Trabalhador - PAT

15% das despesas de

custeio do PAT, líquidas

da parcela cobrada dos

empregados ou 15% de

R$ 1,99 x número de

refeições fornecidas no

período, o que for menor

Programa de

Desenvolvimento

Tecnológico

Industrial ou

Agropecuário –

PDTI/PDTA

15% dos dispêndios

incorridos no período

Doações aos

Fundos dos

Direitos da

Criança e do

Adolescente

Doações efetivamente

realizadas1% do IRPJ devido

Art. 591 do

RIR/99

Atividade

Audiovisual

Valores aplicados na

aquisição de

certificados de

investimentos em

projetos aprovados pelo

Ministério da Cultura

3% do IRPJ devido

Operações de

Caráter Cultural e

Artístico

Valor das doações e

patrocínios realizados4% do IRPJ devido

4% do IRPJ devido

Artigos 491 a

493, 504 a

507, 581 a

587 do RIR/99

  Artigos 475 

478, 484 a

488 do RIR/99

IRPJ E CSLL - E-LALUR - INSTITUIÇÃO E REGRAS GERAIS

Comentário - Federal - 2010/2212

INTRODUÇÃO

A Receita Federal do Brasil, por meio da Instrução Normativa nº 989 de 22 de dezembro de 2009, instituiu o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real (e-Lalur).

O e-Lalur é a versão digital do já existente Livro de Apuração do Lucro Real chamado usualmente de Lalur. Ambos têm a finalidade de apurar, extra-contabilmente, o Lucro que será oferecido à tributação do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido nos respectivos períodos de apuração.

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Os livros servem, ainda, para controlar dados fiscais das pessoas jurídicas a ele obrigadas que causarão impacto nos resultados futuros, como prevê o art. 262 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99).

I - OBRIGATORIEDADE DE ENTREGA

O e-Lalur, como já mencionado anteriormente, tem a finalidade de apurar o Lucro Real que será objeto de tributação do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e será de preenchimento e escrituração obrigatória às pessoas jurídicas sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda pelo Regime do Lucro Real.

Assim sendo, o e-Lalur passa a ser obrigatório a todos os contribuintes sujeitos ao Lucro Real, ficando extinta a modalidade até então vigente do Livro.

II - INFORMAÇÕES A SEREM PRESTADAS

O Livro Eletrônico deverá conter todas as operações que influenciem na composição da base de cálculo e do valor devido a título de Imposto de Renda e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, seja, direta ou indiretamente, imediata ou futuramente, especialmente quanto:

a) à associação das contas do plano de contas contábil com plano de contas referencial, definido em ato específico da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB);

b) ao detalhamento dos ajustes do lucro líquido na apuração do Lucro Real;

c) ao detalhamento dos ajustes da base de cálculo da CSLL;

d) aos registros de controle de todos os valores a excluir, adicionar ou compensar em exercícios subseqüentes, inclusive prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL;

e) aos registros, lançamentos e ajustes que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária relativos à determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar da escrituração comercial, ou sejam diferentes dos lançamentos dessa escrituração.

f) aos lançamentos constantes da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont);

O FCont foi instituído pela Receita Federal do Brasil e tem como alvo a escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, considerando os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária, conforme os arts. 7º a 9º da Instrução Normativa RFB nº 949, de 16 de junho de 2009, e a Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009.

III - PRAZO E FORMA DE ENTREGA

A Declaração Digital aqui referenciada deverá ser entregue até o último dia útil do mês de junho do ano subseqüente ao ano-calendário de referência, até às 23h59min59s (vinte e três horas, cinqüenta e nove minutos e cinqüenta e nove segundos), horário oficial de Brasília, por intermédio de aplicativo a ser disponibilizado pela RFB na Internet, no endereço eletrônico <www.receita.fazenda.gov.br.

Considerando a data de vigência da IN RFB nº 989 (24.12.2009), o e-Lalur abrangeria inclusive os fatos geradores ocorridos em 2009, ou seja, já deveria ser entregue em junho de 2010. Todavia, considerando as demais disposições do referido normativo, entendemos que essa obrigatoriedade deverá atingir somente os fatos geradores ocorridos a

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partir de 2010, devendo a primeira entrega ocorrer em junho de 2011. Aguarda-se que a Receita Federal se posicione oficialmente sobre a questão.

As informações deverão se prestadas pela Matriz da pessoa jurídica obrigada a sua entrega.

III.1 - PRAZO DE ENTREGA EM EVENTOS ESPECIAIS

Havendo eventos especiais como Cisão total ou parcial, Fusão, Incorporação ou Extinção, o e-Lalur deverá ser entregue até o último dia útil do mês subseqüente ao da ocorrência destes eventos.

Entretanto, se os eventos mencionados anteriormente ocorrerem entre 1º de janeiro de 2010 e 31 de abril de 2011, o Livro Digital poderá ser entregue no prazo previsto no tópico III, ou seja, até o último dia útil do mês de junho do ano subseqüente ao ano-calendário de referência.

IV - NECESSIDADE DE CERTIFICADO DIGITAL

O e-Lalur deverá ser assinado digitalmente pelo contribuinte com Certificado Digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada pela Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil), mediante utilização de certificado digital: a) do contribuinte;

b) do representante legal do contribuinte; ou

c) do procurador, no caso de procuração eletrônica (inciso VI do art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 580, de 12 de dezembro de 2005);

d) do contabilista responsável pela escrituração do e-Lalur.

V - PENALIDADES

A pessoa jurídica obrigada a entrega do e-Lalur, que não o entregar no prazo estabelecido no tópico III deste Comentário, se sujeitará à multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário ou fração.

VI - DISPENSA DE ESCRITURAÇÃO DO LALUR TRADICIONAL E DO FCONT

As pessoas jurídicas que apresentarem o e-Lalur ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010, da escrituração do tradicional LALUR estabelecido pela Instrução Normativa SRF nº 28, de 13 de junho de 1978, e do FCONT previsto na Instrução Normativa RFB nº 967, de 15 de outubro de 2009.

VII - FUNDAMENTAÇÃO

Instrução Normativa nº 989/2009

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QUADRO COMPARATIVO EM LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

LUCRO REAL LUCRO PRESUMIDO

Conceitos

* Lucro líquido do período, ajustado

pelas adicões, exclusões e

compensações previstas na

legislação do Imposto de Renda.

* Forma de tributação

simplificada do IRPJ e da CSLL.

* Receita Bruta total, superior a R$

48.000.000,00 no ano calendário

anterior ou proporcional ao

No de meses relativos

* Financeiras e equiparadas

* Lucros oriundos do exterior

* Usufruam de benefícios fiscais

* Tenha pago tributo pelo regime

estimativa

* Factoring

Momento da

opção

* No pagamento da primeira ou única

quota do imposto devido no primeiro

período de apuração seja no início

das atividades ou no início do ano

* No pagamento da primeira ou

única quota do imposto devido no

primeiro período de apuração

seja no início das atividades ou

no início do ano

Período de

Apuração* Trimestral * Trimestral

* Anual com base na estimativa ou

balancete de suspensão ou redução

Base de Cálculo * Lucro Contábil ajustado (Lucro Real)

* Presunção de lucro sobre

faturamento acrescido de 100%

das demais receitas

Alíquotas * IRPJ 15% * IRPJ 15%

* AIR 10% * AIR 10%

* CSLL 9% * CSLL 9%

Critério de

apuração do PIS e

COFINS

* Não Cumulatividade (PIS 1,65% +

COFINS 7,6%)

* Cumulatividade (PIS 0,65% e

COFINS 3,00%)

Obrigatoriedade e

opção

* Que não esteja sujeita ao

LUCRO REAL

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AULA Nº 6 – FCONT E RTT

Objetivo da Aula:

7 FCONT - CONTROLE FISCAL CONTÁBIL DE TRANSIÇÃO

O art. 7º da IN RFB 949/2009 institui o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT) para fins de registros auxiliares previstos no inciso II do § 2º do art. 8º do D L 1598/1977, destinado obrigatória e exclusivamente às pessoas jurídicas sujeitas cumulativamente ao lucro real e ao Regime Tributário de Transição - RTT, instituído pela Lei 11638/2007.

O Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont), fora aprovado pela IN RFB 967/2009.

CONCEITO O FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária.

A utilização do FCONT é necessária à realização dos ajustes efetuados no LALUR, não podendo ser substituído por qualquer outro controle ou memória de cálculo.

DADOS Os dados a serem apresentados por intermédio do Programa consistem em lançamentos referentes aos mesmos fatos tratados na IN RFB 949/2009, mas considerando critérios diferenciados, são eles:

I - lançamentos realizados na escrituração contábil para fins societários, que devem ser expurgados; e

II - lançamentos considerando os métodos e critérios contábeis aplicáveis para fins tributários, que devem ser inseridos.

Partindo-se da escrituração contábil para fins societários, expurgados e inseridos lançamentos conforme descrito, pode ser gerado o FCont de 2009.

No caso da pessoa jurídica que tenha adotado a Escrituração Contábil Digital (ECD), a escrituração contábil para fins societários, será a própria ECD. Já no caso da pessoa jurídica que não tenha adotado a ECD e esteja sujeita à apresentação do FCont, a apresentação da escrituração contábil para fins societários fica condicionada à intimação por parte da autoridade fiscal.

ATRIBUIÇÃO DE CUSTOS E AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES Para fins de escrituração do FCONT, poderá ser utilizado critério de atribuição de custos fixos e variáveis aos produtos acabados e em elaboração mediante rateio diverso daquele utilizado para fins societários, desde que esteja integrado e coordenado com o restante da escrituração, nos termos do art. 294 do Decreto no 3000/1999.

O atendimento à esta condição impede a aplicação dos métodos de avaliação dos estoques prevista no art. 296 do RIR/99 (arbitramento do custo de estoques).

O objetivo desta aula é definir o que é o FCONT E RTT e suas aplicações.

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DISPENSA No caso de não existir lançamento com base em métodos e critérios diferentes daqueles prescritos pela legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007, fica dispensada a elaboração do FCONT.

Em atendimento ao previsto no parágrafo único do Art. 5º da IN RFB 967/2009, a pessoa jurídica fica obrigada a informar o atendimento da condição de dispensa, na forma e no prazo a serem definidos em ato normativo pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

PRAZO E FORMA DE ENTREGA O prazo de entrega dos dados será o mesmo prazo fixado para apresentação da DIPJ, mediante a utilização de aplicativo disponibilizado no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil na Internet, no endereço www.receita.fazenda.gov.br.

Excepcionalmente para dados relativos ao ano-calendário de 2008, o prazo será encerrado às 23h59min, horário de Brasília, do dia 18 de dezembro de 2009, conforme estipulado na IN RFB 975/2009.

Para os casos de cisão, cisão parcial, fusão, incorporação ou extinção ocorridos em 2009 e em 2010, até o mês anterior ao prazo final da apresentação da DIPJ do exercício de 2010 (DIPJ 2010, ano-calendário 2009), a apresentação dos dados deverá ocorrer no mesmo prazo fixado para apresentação da DIPJ 2010.

Para a apresentação do FCONT será obrigatória a assinatura digital mediante utilização de certificado digital válido.

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8 REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO – RTT – LEI 11.638/2007

A partir de 2008, fica instituído o Regime Tributário de Transição - RTT, que trata dos ajustes tributários decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11638/2007, e pelos artigos 36 e 37 da MP 449/2008, convertidos nos artigos 37 e 38 da Lei 11941/2009.

O RTT vigerá até a entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis, buscando a neutralidade tributária.

As pessoas jurídicas sujeitas ao Regime Tributário de Transição (RTT) devem observar as disposições da IN RFB 949/2009.

OPÇÃO

Nos anos-calendário de 2008 e 2009, o RTT será optativo, observado o seguinte:

I - a opção aplicar-se-á ao biênio 2008-2009, vedada a aplicação do regime em um único ano-calendário;

II - a opção deverá ser manifestada, de forma irretratável, na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica 2009;

III - no caso de apuração pelo lucro real trimestral dos trimestres já transcorridos do ano-calendário de 2008, a eventual diferença entre o valor do imposto devido com base na opção pelo RTT e o valor antes apurado deverá ser compensada ou recolhida até o último dia útil de junho/2009, conforme o caso;

Nota: quando paga até o prazo previsto, a diferença apurada será recolhida sem acréscimos.

IV - na hipótese de início de atividades no ano-calendário de 2009, a opção deverá ser manifestada, de forma irretratável, na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica 2010.

OBRIGATORIEDADE O RTT será obrigatório a partir do ano-calendário de 2010, inclusive para a apuração do imposto sobre a renda com base no lucro presumido ou arbitrado, da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL, do PIS e da COFINS.

NEUTRALIDADE FISCAL As alterações introduzidas pela Lei 11638/2007, e pelos artigos 37 e 38 da Lei 11941/2009 que modifiquem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na apuração do lucro líquido do exercício definido no art. 191 da Lei 6404/1976, não terão efeitos para fins de apuração do lucro real da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.

Aplica-se a neutralidade fiscal às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM e pelos demais órgãos reguladores que visem alinhar a legislação específica com os padrões internacionais de contabilidade.

NORMAS TRIBUTÁRIAS DIFERENCIADAS Na ocorrência de disposições da lei tributária que conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes daqueles determinados pela Lei 6404/1976, pelas normas expedidas pela CVM e demais órgãos reguladores, a pessoa jurídica sujeita ao RTT deverá realizar o seguinte procedimento:

I - utilizar os métodos e critérios definidos pela Lei 6404/1976, para apurar o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda, deduzido das

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participações de debêntures, empregados, administradores, partes beneficiárias e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa, com a adoção:

a) dos métodos e critérios introduzidos pela Lei 11638/2007, e pelos artigos. 37 e 38 da Lei 11941/2009; e

b) das determinações constantes das normas expedidas pela CVM, no caso de companhias abertas e outras que optem pela sua observância;

II - realizar ajustes específicos ao lucro líquido do período, apurado nos termos do item I, no Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR, que revertam o efeito da utilização de métodos e critérios contábeis diferentes daqueles da legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007; e

III - realizar os demais ajustes, no LALUR, de adição, exclusão e compensação, prescritos ou autorizados pela legislação tributária, para apuração da base de cálculo do imposto.

Resumidamente, conforme previsto no art. 3º da IN RFB 949/2009, o contribuinte deverá apurar o resultado do período antes do Imposto de Renda com utilização das normas societárias, utilizar os critérios definidos pela legislação tributária e o RTT, para finalmente apurar a diferença entre os valores apontados nas duas etapas, a fim de realizar os ajustes necessários no LALUR, garantindo a neutralidade tributária.

DISPENSA DE AJUSTES CONTÁBEIS A pessoa jurídica sujeita ao RTT, desde que observe os procedimentos especificados, fica dispensada de realizar, em sua escrituração comercial, qualquer procedimento contábil determinado pela legislação tributária que altere os saldos das contas patrimoniais ou de resultado quando em desacordo com a Lei societária, as normas expedidas pela CVM e pelos demais órgãos reguladores.

SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO Para fins do RTT, às subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e às doações, feitas pelo Poder Público, a que se refere o art. 38 do D L 1598/1977, a pessoa jurídica deverá:

I - reconhecer o valor da doação ou subvenção em conta do resultado pelo regime de competência, inclusive com observância das determinações constantes das normas expedidas pela CVM, no caso de companhias abertas e outras que optem pela sua observância;

II - excluir, no Livro de Apuração do Lucro Real, o valor referente à parcela do lucro líquido do exercício decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, para fins de apuração do lucro real;

III - manter em reserva de lucros a que se refere o art. 195A da Lei 6404/1976 (reserva de incentivos fiscais), a parcela decorrente de doações ou subvenções governamentais, apurada até o limite do lucro líquido do exercício; e

IV - adicionar, no Livro de Apuração do Lucro Real, para fins de apuração do lucro real, o valor referido no item II, no momento em que ele tiver destinação diversa daquela referida no item III.

Se, no período base em que ocorrer a exclusão referida no item II, a pessoa jurídica apurar prejuízo contábil ou lucro líquido contábil inferior à parcela decorrente de doações e subvenções governamentais, e neste caso não puder ser constituída como parcela de lucros nos termos do item III acima, esta deverá ocorrer nos exercícios subseqüentes.

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TRIBUTAÇÃO As doações e subvenções serão tributadas caso seja dada destinação diversa da prevista, inclusive nas hipóteses de:

I - capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos;

II - restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos cinco anos anteriores à data da doação ou subvenção, com posterior capitalização do valor da doação ou subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; ou

III - integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios.

VIGÊNCIA O disposto nas normas estipuladas acima para subvenções para investimento terá aplicação vinculada à vigência dos incentivos de que trata o § 2º do art. 38 do D L 1598/1977, não se lhe aplicando o caráter de transitoriedade previsto no RTT.

PRÊMIO NA EMISSÃO DE DEBÊNTURES Em relação ao prêmio na emissão de debêntures a que se refere o art. 38 do D L 1598/1977, a pessoa jurídica deverá:

I - reconhecer o valor do prêmio na emissão de debêntures em conta do resultado pelo regime de competência e de acordo com as determinações constantes das normas expedidas CVM, no caso de companhias abertas e outras que optem pela sua observância;

II - excluir, no LALUR, o valor referente à parcela do lucro líquido do exercício decorrente do prêmio na emissão de debêntures, para fins de apuração do lucro real;

III - manter o valor referente à parcela do lucro líquido do exercício decorrente do prêmio na emissão de debêntures em reserva de lucros específica; e

IV - adicionar, no LALUR, para fins de apuração do lucro real, o valor referido no item II, no momento em que ele tiver destinação diversa daquela referida no item III.

A reserva de lucros específica a que se refere o item III, para fins do limite de que trata o art. 199 da Lei 6404/1976, terá o mesmo tratamento dado à reserva de lucros de incentivos fiscais (prevista no art. 195-A da Lei 6404/1976).

TRIBUTAÇÃO O prêmio na emissão de debêntures será tributado caso seja dada destinação diversa da prevista, inclusive nas hipóteses de:

I - capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de prêmios na emissão de debêntures;

II - restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos cinco anos anteriores à data da emissão das debêntures com o prêmio, com posterior capitalização do valor do prêmio, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de prêmios na emissão de debêntures; ou

III - integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios.

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LUCRO PRESUMIDO Para os anos-calendário de 2008 e de 2009, a opção pelo RTT será aplicável também à apuração do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ com base no lucro presumido.

A opção é aplicável a todos os trimestres nos anos-calendário de 2008 e de 2009.

Nos trimestres já transcorridos do ano-calendário de 2008, a eventual diferença entre o valor do imposto devido com base na opção pelo RTT e o valor antes apurado deverá ser recolhida até o último dia útil de junho de 2009 ou compensada, conforme o caso.

Quando paga até o último dia útil de junho de 2009, a diferença apurada será recolhida sem acréscimos.

O art. 10 da IN RFB 949/2009, prevê que para as pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, o lucro presumido deverá ser apurado de acordo com a legislação de regência do tributo, com utilização dos métodos e critérios contábeis, independentemente da forma de contabilização determinada pelas alterações da legislação societária decorrentes da Lei 11638/2007, da Lei 11941/2009, e da respectiva regulamentação.

Na apuração da base de cálculo referida, proceder-se-á aos seguintes ajustes:

I - exclusão de valores referentes à receita auferida cuja tributação poderá ser diferida para períodos subseqüentes, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária;

II - adição de valores não incluídos na receita auferida cuja tributação fora diferida de períodos anteriores, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária.

Para atendimento do disposto acima, o contribuinte também deverá manter memória de cálculo que permita:

I - identificar o valor da receita auferida em cada período; e

II - controlar os montantes das respectivas exclusões e adições à base de cálculo.

CSLL – PIS – COFINS As opções referentes ao IRPJ, implicam a adoção do RTT na apuração da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido -CSLL, da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS.

Para fins de aplicação do RTT, poderão ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS, quando registrados em conta de resultado:

I - o valor das subvenções e doações feitas pelo Poder Público; e

II - o valor do prêmio na emissão de debêntures.

O art. 12 da IN RFB 949/2009, prevê que as pessoas jurídicas sujeitas ao RTT deverão apurar a base de cálculo do PIS e da COFINS de acordo com a legislação de regência de cada contribuição, com utilização dos métodos e critérios contábeis, independentemente da forma de contabilização determinada pelas alterações da legislação societária decorrentes Lei 11638/2007, da Lei 11941/2009, e da respectiva regulamentação.

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Este princípio aplica-se também à apuração dos créditos decorrentes do regime de não-cumulatividade, que deverão ter por base os registros do Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont).

Para apuração da base de cálculo referida, deverão ser efetuados os seguintes ajustes:

I - exclusão de valores referentes à receita auferida cuja tributação poderá ser diferida para períodos subseqüentes, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária; II - adição de valores não incluídos na receita auferida cuja tributação fora diferida de períodos anteriores, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária.

CONTROLE FISCAL CONTÁBIL DE TRANSIÇÃO - FCONT O art. 7º da IN RFB 949/2009 institui o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT) para fins de registros auxiliares previstos no inciso II do § 2º do art. 8º do D L 1598/1977, destinado obrigatória e exclusivamente às pessoas jurídicas sujeitas cumulativamente ao lucro real e ao RTT.

O Programa Validador e Assinador da Entrada de Dados para o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont), fora aprovado pela IN RFB 967/2009.