53
NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE C O N T E Ú D O E X T R A

CONTEÚDO EXTRA · 2017-07-13 · Equipe Descola. ÍNDICE 11 Quem é a professora que ministra esse curso e porque é a pessoa ideal para ministrar esse conteúdo O que é economia

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

N O VA S F O R M A S D E N O S O R G A N I Z A R E M S O C I E D A D E

C O N T E Uacute D O E X T R A

Todo o conteuacutedo desse Ebook foi desenvolvido pela

Descola em parceria com os professores do curso

1

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

OLAacute ALUNO

APRENDA MAIS APRENDA DIFERENTE APRENDA AGORA

Vocecirc jaacute viu ou provavelmente estaacute vendo o curso ldquoEconomia Colaborativa Novas formas de nos or-

ganizar em sociedaderdquo

Esperamos que vocecirc tenha gostado do conteuacutedo e aprendido mais sobre a importacircncia da colabora-

ccedilatildeo e como juntos podemos fazer algo melhor

Agora eacute hora de se aprofundar nos conceitos abordados nas viacutedeo-aulas e continuar aprendendo

Por isso montamos com todo o carinho esse report com informaccedilotildees complementares Vocecirc poderaacute

ver em detalhes sobre metodologias e ter mais explicaccedilotildees sobre temas que abordamos no viacutedeo

Tambeacutem elaboramos um compilado com curiosidades filmes e livros e links para vocecirc nunca parar de

aprender

Aproveite

Abraccedilos

Equipe Descola

IacuteNDICE

1 1 Quem eacute a professora que ministra esse curso e porque eacute a pessoa ideal para ministrar esse conteuacutedo

2 O que eacute economia e como ela transita no ambiente e na sociedade

3 O que eacute Desenvolvimento Sustentaacutevel seus conceitos e suas variaccedilotildees

4Definiccedilatildeo de Rede centralizada descen-tralizada e distribuiacuteda

2

5 O que eacute entatildeo Economia colaborativa

6O que eacute consumo colaborativo

7 Um pouco sobre a teoria dos jogos e Dilema do prisioneiro

8Livros recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

Todo o conteuacutedo desse Ebook foi desenvolvido pela

Descola em parceria com os professores do curso

1

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

OLAacute ALUNO

APRENDA MAIS APRENDA DIFERENTE APRENDA AGORA

Vocecirc jaacute viu ou provavelmente estaacute vendo o curso ldquoEconomia Colaborativa Novas formas de nos or-

ganizar em sociedaderdquo

Esperamos que vocecirc tenha gostado do conteuacutedo e aprendido mais sobre a importacircncia da colabora-

ccedilatildeo e como juntos podemos fazer algo melhor

Agora eacute hora de se aprofundar nos conceitos abordados nas viacutedeo-aulas e continuar aprendendo

Por isso montamos com todo o carinho esse report com informaccedilotildees complementares Vocecirc poderaacute

ver em detalhes sobre metodologias e ter mais explicaccedilotildees sobre temas que abordamos no viacutedeo

Tambeacutem elaboramos um compilado com curiosidades filmes e livros e links para vocecirc nunca parar de

aprender

Aproveite

Abraccedilos

Equipe Descola

IacuteNDICE

1 1 Quem eacute a professora que ministra esse curso e porque eacute a pessoa ideal para ministrar esse conteuacutedo

2 O que eacute economia e como ela transita no ambiente e na sociedade

3 O que eacute Desenvolvimento Sustentaacutevel seus conceitos e suas variaccedilotildees

4Definiccedilatildeo de Rede centralizada descen-tralizada e distribuiacuteda

2

5 O que eacute entatildeo Economia colaborativa

6O que eacute consumo colaborativo

7 Um pouco sobre a teoria dos jogos e Dilema do prisioneiro

8Livros recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

1

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

OLAacute ALUNO

APRENDA MAIS APRENDA DIFERENTE APRENDA AGORA

Vocecirc jaacute viu ou provavelmente estaacute vendo o curso ldquoEconomia Colaborativa Novas formas de nos or-

ganizar em sociedaderdquo

Esperamos que vocecirc tenha gostado do conteuacutedo e aprendido mais sobre a importacircncia da colabora-

ccedilatildeo e como juntos podemos fazer algo melhor

Agora eacute hora de se aprofundar nos conceitos abordados nas viacutedeo-aulas e continuar aprendendo

Por isso montamos com todo o carinho esse report com informaccedilotildees complementares Vocecirc poderaacute

ver em detalhes sobre metodologias e ter mais explicaccedilotildees sobre temas que abordamos no viacutedeo

Tambeacutem elaboramos um compilado com curiosidades filmes e livros e links para vocecirc nunca parar de

aprender

Aproveite

Abraccedilos

Equipe Descola

IacuteNDICE

1 1 Quem eacute a professora que ministra esse curso e porque eacute a pessoa ideal para ministrar esse conteuacutedo

2 O que eacute economia e como ela transita no ambiente e na sociedade

3 O que eacute Desenvolvimento Sustentaacutevel seus conceitos e suas variaccedilotildees

4Definiccedilatildeo de Rede centralizada descen-tralizada e distribuiacuteda

2

5 O que eacute entatildeo Economia colaborativa

6O que eacute consumo colaborativo

7 Um pouco sobre a teoria dos jogos e Dilema do prisioneiro

8Livros recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

IacuteNDICE

1 1 Quem eacute a professora que ministra esse curso e porque eacute a pessoa ideal para ministrar esse conteuacutedo

2 O que eacute economia e como ela transita no ambiente e na sociedade

3 O que eacute Desenvolvimento Sustentaacutevel seus conceitos e suas variaccedilotildees

4Definiccedilatildeo de Rede centralizada descen-tralizada e distribuiacuteda

2

5 O que eacute entatildeo Economia colaborativa

6O que eacute consumo colaborativo

7 Um pouco sobre a teoria dos jogos e Dilema do prisioneiro

8Livros recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

5 O que eacute entatildeo Economia colaborativa

6O que eacute consumo colaborativo

7 Um pouco sobre a teoria dos jogos e Dilema do prisioneiro

8Livros recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

9 10

11 Entrevista com Camila Haddad esclarecendo questionamentos sobre o tema lideranccedila

Links recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

Filmes recomendados para continuar o aprendizado de uma outra perspectiva

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

QUEM MINISTRA O CURSO

Descubra um pouco mais sobre quem eacute a

professora que ministraram o curso sobre

Economia Colaborativa e que compartilha o

conteuacutedo tatildeo bacana com vocecircs Nada me-

lhor que a proacutepria professora compartilhar

um pouco sobre ela para que vocecirc possa en-

tender melhor

ldquoDemorei um bocado para enten-der que aprendia mesmo era com as pessoas No Cinese consegui juntar dois grandes interesses edu-caccedilatildeo e colaboraccedilatildeordquo

Camila Haddad

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

6

ECONOMIA COLABORATIVA

Camila Haddad

Sou formada em administraccedilatildeo de empresas pela FGV dropout de Publicidade e Propaganda na USP

e mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentaacutevel pela University College London

Precisei de um tempo para notar que os diplomas natildeo diziam muito sobre mim Trabalhei por quatro

anos com pesquisa aplicada nos temas consumo sustentaacutevel no Centro de Estudos em Sustentabili-

dade (FGV) e economia verde na Green Economy Coalition (IIED) e esses temas foram minha porta

de entrada para a colaboraccedilatildeo Dediquei minha pesquisa de mestrado ao movimento colaborativo

especialmente agrave confianccedila como seu elemento central

Desde entatildeo tenho investigado e experimentado a colaboraccedilatildeo com cada vez mais certeza de que

ela eacute parte de uma transformaccedilatildeo fundamental na sociedade Em 2012 eu e a Anna juntamos duas

grandes paixotildees - colaboraccedilatildeo e educaccedilatildeo - e fundamos o Cinese uma plataforma de aprendizagem

colaborativa A ideia eacute que as pessoas percebam que educaccedilatildeo estaacute no encontro e coloquem seus

conehcimentos e habilidades para circular ocupando espaccedilos diversos da cidade a partir da aprendi-

zagem

httpwwwcineseme

linkedincompubcamila-haddad42985b3a

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 2

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

8

ECONOMIA COLABORATIVA

A palavra ldquoeconomiardquo deriva da junccedilatildeo dos termos gregos ldquooikosrdquo (casa) e ldquonomosrdquo (costume lei) Eacute

basicamente as regras de cuidado com a casa

Pelo ponto de vista da ciecircncia a economia eacute o estudo de como uma sociedade administra seus recur-

sos escassos(1) Ou seja eacute uma visatildeo de como usamos recursos finitos (em suma natureza e trabalho)

para produzir distribuir comercializar e consumir bens e serviccedilos limitados

(1) Importante soacute eacute bem econocircmico (ou seja tem valor de troca) aquilo que eacute escasso A economia natildeo se preocupa com aquilo que eacute abun-dante como por exemplo o ar Natildeo investigamos o uso do ar nem criamos processos econocircmicos em torno dele jaacute que ndash ao menos por enquanto ndash temos ar para todo mundo

O QUE Eacute ECONOMIA

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

9

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

A ciecircncia econocircmica eacute portanto uma observaccedilatildeo do comportamento humano partindo do pressu-

posto de que somos indiviacuteduos auto-interessados racionais e motivamos por incentivos

Nesse sentido ela se propotildee justamente a investigar e propor soluccedilotildees para tensatildeo entre recursos

finitos e necessidades humanas infinitas e insaciaacuteveis Essa investigaccedilatildeo e as tomadas de decisatildeo

decorrentes baseiam-se em quatro questotildees fundamentais sobre a produccedilatildeo ldquoO que produzirrdquo

ldquoQuando produzirrdquo ldquoQue quantidade produzirrdquo ldquoPara quem produzirrdquo

MAS POR QUEcirc FAZEMOS TUDO ISSO

O fiacutesico Georgescu-Roegen diz que se analisarmos a economia como um processo fiacutesico com entra-

das e saiacutedas notamos com clareza que ela eacute muito eficiente em transformar energia e recursos natu-

rais valiosos em bens que em uacuteltima instacircncia viram lixo

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

10

ECONOMIA COLABORATIVA

Mas obviamente natildeo eacute razoaacutevel concluir que o objetivo da economia eacute produzir lixo jaacute que os bens

produzidos antes de serem descartados satildeo utilizados e valorizados pelas pessoas Portanto ainda de

acordo com Georgescu (1975 P353)

Os economistas chamam isso de utilidade o que poderia ser igualado ao niacutevel de satisfaccedilatildeo das ne-

cessidades e desejos de um indiviacuteduo De acordo com o ponto de vista utilitaacuterio sociedades devem

buscar ldquoa maior felicidade para o maior nuacutemero de pessoasrdquo

Tendo isso em mente pode-se supor que a economia eacute um meio para atingir um fim que podemos

chamar de utilidade felicidade ou o gozo da vida Administramos a casa para vivermos bem nela E

eacute aiacute que reside uma importante diferenciaccedilatildeo entre os conceitos de crescimento e desenvolvimento

econocircmico Embora vaacuterios estudiosos tenham definido o desenvolvimento de forma diferente - um

debate que vai ser mais detalhado no proacuteximo capiacutetulo - o que todos os conceitos tecircm em comum eacute

que abrangem uma melhoria qualitativa (e natildeo quantitativa) na vida das pessoas

ldquoo resultado real do proces-

so econocircmico () natildeo eacute o flu-

xo material de resiacuteduos mas

o fluxo imaterial de gozo da

vidardquo

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

11

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Microeconomia e macroeconomia satildeo os dois grande ramos da economia A microeconomia estuda

as vaacuterias formas de comportamento nas escolhas individuais dos agentes econocircmicos enquanto a

macroeconomia analisa os processos microeconocircmicos observando uma economia como um todo

ECONOMIA DE MERCADO

Economia de mercado eacute um sistema

econocircmico em que as organizaccedilotildees

(bancos empresas etc) podem atuar

com pouca interferecircncia do estado Eacute

o sistema proacuteprio do capitalismo

ECONOMIA DE SUBSISTEcircNCIA

Eacute um sistema econocircmico baseado na

produccedilatildeo de bens exclusivamente

necessaacuterios para o consumo baacutesico

imediato Onde na produccedilatildeo natildeo

existe excedentes nem relaccedilatildeo de

caraacuteter econocircmico com outros merca-

dos produtores

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

12

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 3

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

13

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeOA realidade que Georgescu aponta jaacute no iniacutecio do seacuteculo XX sobre estarmos constantemente trans-

formando recursos naturais em lixo faz emergir o debate sobre sustentabilidade Se os recursos satildeo

escassos e a capacidade de regeneraccedilatildeo do planeta eacute finita como podemos conceber a economia a

partir de uma necessidade de crescimento constante Eacute possiacutevel falarmos em geraccedilatildeo de bem-estar

humano sem esquecermos do equiliacutebrio com o meio ambiente

Pensando nesses desafios a Comissatildeo Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU

realizou diversos estudos na deacutecada de 80 que culminaram com a publicaccedilatildeo do documento ldquoNosso

Futuro Comumrdquo em 1987 Nele desenvolvimento sustentaacutevel foi definido como ldquoo desenvolvimento

que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das geraccedilotildees futuras de su-

prir suas proacuteprias necessidadesrdquo

Se vocecirc achou essa definiccedilatildeo um bocado geneacuterica vocecirc natildeo eacute o uacutenico Se jaacute eacute um desafio entender o

que eacute sustentabilidade primeiro temos que chegar a um entendimento comum sobre desenvolvimen-

to Se igualarmos desenvolvimento ao crescimento das riquezas materiais talvez a proacutepria expressatildeo

desenvolvimento sustentaacutevel seja um paradoxo Por outro lado se o qualificarmos a partir de um en-

tendimento mais amplo de equiliacutebrio e interdependecircncia do homem com a natureza talvez a gente

nem precise mais falar em sustentabilidade

O QUE Eacute DESENVOLVIMENTO SUSTENTAacuteVEL

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

14

ECONOMIA COLABORATIVA

CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO E SUAS VARIACcedilOtildeES

Haacute 4 abordagens principais no entendimento de desenvolvimento

baseada em renda

baseada em necessidades

baseada em direitos

baseada na abordagem participativa

A baseada em renda eacute a que mais conhecemos Ela basicamente iguala desenvolvimento a aumento

de renda agregada em um determinado territoacuterio O pressuposto eacute de que com renda eacute possiacutevel

acessar bens e serviccedilos e portanto satisfazer necessidades Essa abordagem eacute problemaacutetica porque

ela iguala por exemplo um morador de rua em Satildeo Paulo com um ribeirinho no Vale do Jari que tem

um roccedilado de subsistecircncia Apesar de estarem na mesma faixa de renda natildeo se pode dizer que esses

sujeitos desfrutam do mesmo bem-estar ou tem experiecircncias similares de vida Aleacutem disso se olhar-

mos uacutenica exclusivamente para a renda talvez a gente celebre quando esse mesmo ribeirinho migrar

para Satildeo Paulo para se tornar trabalhador da construccedilatildeo civil pois partiraacute de uma renda proacutexima de

zero para uma renda de digamos um salaacuterio miacutenimo Mas neste caso podemos dizer que sua vida

melhorou

Entendendo a limitaccedilatildeo as abordagens baseadas em necessidades e em direitos olham natildeo para a

renda mas para o que ela nos permite fazer Eacute considerado desenvolvido portanto aquele que tem

atendidas ao menos as suas necessidades (eou direitos) essenciais como alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo sa-

neamento educaccedilatildeo e lazer Apesar de mais interessantes essas abordagens tambeacutem satildeo um pouco

limitadas na medida em que natildeo consideram as particularidades culturais eou os aspectos subjeti-

vos de cada um Consideram iguais por exemplo uma pessoa passando fome por falta de acesso a

alimentos e outra que escolheu uma situaccedilatildeo de restriccedilatildeojejum por motivos poliacuteticos ou religiosos

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

15

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Jaacute a abordagem participativa parte do entendimento de que desenvolvimento eacute totalmente subjetivo

e portanto deve ser definido pelo sujeito que estaacute sendo observado Um dos autores mais impor-

tantes dentro desta abordagem eacute o economista indiano Amartya Sen Ele define desenvolvimento

como a liberdade de um sujeito de se tornar aquilo que ele almeja se tornar Essa liberdade tem dois

elementos centrais a agecircncia que eacute minha capacidade de sonhar combinada a minha habilidade de

perseguir meus sonhos e a oportunidade que satildeo os fatores externos que me possibilitam ou me

impedem de fazecirc-lo

Para saber mais sobre esse conceito leia Desenvolvimento como Liberdade do Amartya Sen

O Nobel de Economia Amartya Sen nunca se contentou com os limites convencio-nais da ciecircncia econocircmica A chamada lsquoeconomia do desenvolvimentorsquo surgida nos anos 1950 como um ramo de estudo em separado preocupava-se com os meios para promover o crescimento da renda per capita Acreditava-se numa relaccedilatildeo di-retamente proporcional entre renda consumo e satisfaccedilatildeo Sen tem contribuiacutedo bastante para refutar as falsas hipoacuteteses que sustentam essa crenccedila aparentemente inoacutecua Sen construiu sua visatildeo alternativa apoiado na convicccedilatildeo de que a promoccedilatildeo do bem-estar (o que se quer afinal com o desenvolvimento) deve orientar-se por uma resposta adequada agrave pergunta eacutetica por excelecircncia onde estaacute o valor proacuteprio da vida humana Na vida de qualquer pessoa certas coisas satildeo valiosas por si mesmas como por exemplo estar livre de doenccedilas evitaacuteveis escapar da morte prematura estar bem alimentado ser capaz de agir como membro de uma comunidade agir livremente e natildeo ser dominado pelas circunstacircncias ter oportunidade para desen-volver suas potencialidades Haacute muitos males sociais que privam as pessoas de viverem minimamente bem a pobreza extrema a fome coletiva a subnutriccedilatildeo a destituiccedilatildeo e marginalizaccedilatildeo so-ciais a privaccedilatildeo de direitos baacutesicos a carecircncia de oportunidades a opressatildeo e a inseguranccedila econocircmica poliacutetica e social Eles compartilham diagnostica Sen uma mesma natureza satildeo variedades de privaccedilatildeo de liberdade lsquoDesenvolvimento como Liberdadersquo eacute uma siacutentese - escrita com bastante clareza e para leitores natildeo- espe-cialistas - das vantagens teoacutericas e praacuteticas de uma ideacuteia radical o desenvolvimento eacute essencialmente um processo de expansatildeo das liberdades reais que as pessoas desfrutamTrata-se de um livro fundamental para entender sob acircngulos natildeo-convencionais a situaccedilatildeo econocircmica e social de paiacuteses pobres ou em desenvolvimento como o Brasil bastante presente nas anaacutelises de Sen que ilustra suas ideacuteias com um grande nuacutemero de surpreendentes e esclarecedores dados comparativos entre os diversos paiacuteses

httpwwwsaraivacombrdesenvolvimento-como-liberdade-443169html

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 4

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

17

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O QUE Eacute REDERedes sociais satildeo estruturas compostas por pessoas ou organizaccedilotildees conectadas por um ou vaacuterios

tipos de relaccedilotildees que compartilham valores e objetivos comuns As redes podem se organizar de trecircs

formas distintas centralizadas descentralizadas e distribuiacutedas conforme a figura a seguir

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

18

ECONOMIA COLABORATIVA

Redes sociais centralizadas

Toda a informaccedilatildeo passa por um dos noacutes (o centro) para entatildeo poder ser distribuiacuteda para os demais

Esse eacute o modelo claacutessico de broadcasting no qual o poder de controle e distribuiccedilatildeo da informaccedilatildeo

eacute concentrado na fonte emissora

Redes descentralizadas ou multicentralizadas

Funcionam como vaacuterias redes centralizadas conectadas entre si na qual vaacuterios noacutes centralizam e

distribuem a informaccedilatildeo Dessa forma trata-se de uma rede com vaacuterios centros A maior parte das

organizaccedilotildees hieraacuterquicas que conhecemos (igreja governo empresas etc) funcionam nesse modelo

ndash departamentos que satildeo centros localizados na rede conectando-se a outros departamentos e com

a informaccedilatildeo controlada e disseminada por esses centrinhos

Redes distribuiacutedas

Natildeo existem centros e qualquer noacute da rede pode receber e disseminar a informaccedilatildeo para qualquer

outro noacute Nesse tipo de organizaccedilatildeo o poder e o controle satildeo distribuiacutedos natildeo haacute donos nem hierar-

quia instituiacuteda A abundacircncia de caminhos para a informaccedilatildeo amplia exponencialmente o campo de

possibilidades

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

19

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Os trecircs tipos de redes sociais co-existem e as mesmas pessoas que formam uma rede social podem

se organizar dessas trecircs formas dependendo de como se conectam Observe que os noacutes nas trecircs

configuraccedilotildees de rede estatildeo exatamente no mesmo lugar e satildeo as mesmas pessoas Deste modo o

que determina se uma rede social ou organizaccedilatildeo eacute centralizada descentralizada ou distribuiacuteda natildeo

satildeo os noacutes e suas posiccedilotildees e sim a dinacircmica das conexotildees entre os noacutes e a estrutura que proporciona

essa dinacircmicas Em outras palavras eacute o que acontece entre os noacutes da rede

Eacute possiacutevel perceber que as tecnologias digitais em especial a Internet foram as grandes catalisadoras

para a existecircncia global de organizaccedilotildees distribuiacutedas e vem modificando completamente o cenaacuterio

social por nos mostrar que eacute possiacutevel nos conectarmos diretamente para fazer qualquer coisa

Um fator importante ao olharmos para tipos de organizaccedilatildeo eacute como eles influenciam no comporta-

mento das pessoas conectadas Em organizaccedilotildees hieraacuterquicas mais centralizadas que distribuiacutedas o

uacutenico caminho eacute o topo e nem todo mundo pode chegar laacute Dado esse pressuposto eacute difiacutecil esperar

outro tipo de comportamento que natildeo o da competiccedilatildeo e o auto-interesse Cooperar com o outro

seria como escolher o bem alheio em detrimento do meu

Em estruturas horizontais por natildeo haver a escassez de caminhos colaborar com o outro eacute a uacutenica

forma de materializar uma dentre as infinitas possibilidades do campo Nesses tipos de organizaccedilatildeo o

melhor para o todo eacute tambeacutem o melhor para mim Vamos olhar para o exemplo da Wikipedia quando

eu uso meu tempo livre para editar um artigo voluntariamente estou adicionando o meu conheci-

mento a um corpo de conhecimento gratuito e disponiacutevel a todos em tempo real inclusive para mim

mesma Eu sou ao mesmo tempo produtora e consumidora contribuidora e beneficiaacuteria

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

20

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 5

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

21

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

DEFINICcedilAtildeO

A economia colaborativa eacute uma economia construiacuteda sobre redes distribuiacutedas de pessoas e comuni-

dades conectadas em oposiccedilatildeo a instituiccedilotildees centralizadas

A economia colaborativa traz um novo olhar para os processos de organizaccedilatildeo social que estatildeo dire-

tamente ligados agraves organizaccedilotildees distribuiacutedas Eacute de forma simples e direta o processo de pessoas se

juntando para resolver problemas ou criar coisas novas

DIFERENCcedilA DA ECONOMIA TRADICIONAL X COLABORATIVA

O QUE Eacute ECONOMIA COLABORATIVA

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

22

ECONOMIA COLABORATIVA

Como falamos no primeiro capiacutetulo soacute haacute valor econocircmico no que eacute escasso por isso ningueacutem paga

por exemplo pelo ar Por isso e talvez de modo meio invertido o mercado tradicional passou a se

basear na criaccedilatildeo de escassez eu encontro algo que vocecircs natildeo tem empacoto e te vendo Isso estaacute

presente ateacute no nosso leacutexico o exclusivo eacute mais valorizado mais caro exatamente porque exclui

Natildeo tem para todo mundo O papel do agente econocircmico nesse cenaacuterio eacute de porteiro soacute entra soacute

acessa soacute tem soacute usufrui aquele que paga

Em oposiccedilatildeo os mercados colaborativos se valem abundacircncia Se haacute vaacuterios carros parados nas ga-

ragens porque natildeo compartilhar o seu uso Se muitas pessoas tem um pouquinho de dinheiro guar-

dado porque recorrer a um banco para financiar projetos Se todo mundo tem algum conhecimento

interessante porque manter a ldquoeducaccedilatildeordquo restrita agraves escolas e instituiccedilotildees de ensino No mercado

colaborativo os agentes econocircmicos tem um papel distinto o de conectores Eles criam ferramentas

serviccedilos para conectar as pessoas e garantir o fluxo de recursos abundantes daqueles que tem para

aqueles que precisam

Isso passa necessariamente pela conexatildeo de pessoas em estruturas horizontais e natildeo hieraacuterquicas

que estimulam confianccedila e colaboraccedilatildeo

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 6

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

24

ECONOMIA COLABORATIVA

O QUE Eacute CONSUMO COLABORATIVODEFINICcedilAtildeO

Praacuteticas de consumo baseadas no compartilhamento troca venda ou aluguel de produtos e serviccedilos

de forma a privilegiar o acesso em detrimento da posse O foco do consumo colaborativo eacute menos

no ldquoo querdquo vocecirc consome mas no ldquocomordquo vocecirc consome A partir deste ponto de vista as pessoas

deixam de estar restritas a escolhas estritamente econocircmicas (natildeo comprar ou comprar A ao inveacutes de

B) mas passam a ser incluiacutedas em um espectro mais amplo de accedilatildeo que perpassa decisotildees conside-

radas poliacuteticas

Ao escolher por exemplo mobilizar a vizinhanccedila para construir uma horta comunitaacuteria como forma de

me alimentar de forma mais saudaacutevel eu estou me apropriando do espaccedilo puacuteblico e interferindo na

organizaccedilatildeo urbana do meu bairro

As accedilotildees de consumo colaborativo quase sempre saem da esfera privada pois para colaborar eacute pre-

ciso me envolver com outras pessoas e encontrar uma soluccedilatildeo que sirva a um coletivo que transborda

o nuacutecleo privado indiviacuteduo-famiacutelia

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

25

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

NEGOacuteCIOS COLABORATIVOS

Claro eacute verdade que os termos ldquocolaborativordquo e ldquocompartilhadordquo tem sido usados para di-versos propoacutesitos Muitas das coisas que se encaixam na categoria ldquoeconomia colaborativardquo satildeo serviccedilos que antigamente costumaacutevamos chamar por ldquoaluguelrdquo Sem falar das compras coletivas que passaram a se vender tambeacutem como ldquovendas colaborativasrdquo

Ok Mas como entro nessa onda colaborativa Como isso influencia ndash e agiliza ndash minha vida

A economia colaborativa se desdobra em 3 principais categorias que possuem modelos de distribuiccedilatildeo e remuneraccedilatildeo diferentes

1 Sistemas de compartilhamento de produtoserviccedilo

Simples pense no AirBnb bens que satildeo privados podem ser compartilhados ou alugados via plataformas ldquopeer-to-peerrdquo Outro serviccedilo menos conhecido mas promissor eacute o Muber que permite que qualquer pessoa seja um ldquotransportador de mercadoriasrdquo (courrier) sendo que a transaccedilatildeo eacute direta entre quem tem a mercadoria e quem faraacute a viagem

2 Redistribuiccedilatildeo de produtos

Esse eacute um modelo de consumo colaborativo baseado em produtos que satildeo usados ou semi--novos cujos donos querem repassar via vendas ou trocas para algueacutemSim vocecirc com certeza jaacute usou algum serviccedilo ndash mais ou menos ndash nesses moldes Falamos aqui do eBay ao MercadoLivre

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

26

ECONOMIA COLABORATIVA

Acontece que com a evoluccedilatildeo da web e suas plataformas esse modelo se expandiu para nichos especiacuteficos No Brasil temos o site Enjoei onde pessoas podem vender roupas que natildeo utilizam mais Essa eacute considerada por muitos uma alternativa agrave reciclagem de produtos

3 Estilos de vida colaborativos

Essa eacute a sub-categoria mais ampla Consiste no modelo de troca de bens mais intangiacuteveis como tempo e habilidades Para funcionar eacute necessaacuterio conectar pessoas com interesses similares que queiram trocar aprendizados Vamos supor que vocecirc toque guitarra e queira aprender espanhol

Provavelmente na tua cidade haacute algueacutem que saiba espanhol e queira aprender guitarra En-tatildeo para quecirc pagar por aulas se vocecircs podem trocar essas habilidades Via plataformas como o Bliive essa troca fica muito mais faacutecil de acontecer Haacute muita gente que troca via Skype e similares tambeacutem

ISSO Eacute SOacute O COMECcedilO

Como vocecirc pode notar diversos produtos e serviccedilos novos e antigos se encaixam nas ca-tegorias da economia colaborativa O tema eacute amplo assim como eacute cada vez maior a predis-posiccedilatildeo da populaccedilatildeo em ser parte ativa desse movimento uma pesquisa da Nielsen em 60 paiacuteses mostrou que 2 em cada 3 pessoas querem compartilhar ou alugar seus produtos

Claro onde haacute muita gente haacute muito dinheiro O mercado que engloba as categorias acima tem um valor de mercado estimado em U$ 26 bilhotildees Mais importante que isso muitos dos produtos e serviccedilos da economia colaborativa empoderam cidadatildeo comuns seja permitindo que suas habilidades sejam valorizadas ou garantindo renda extra

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

27

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

C A P Iacute T U L O 7

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

28

ECONOMIA COLABORATIVA

TEORIA DOS JOGOS E DILEMA DO PRISIONEIROO QUE Eacute TEORIA DOS JOGOS

Teoria dos jogos eacute um ramo da matemaacutetica aplicada que estuda a tomada de decisatildeo Ela olha para situaccedilotildees diversas onde indiviacuteduos (ldquojogadoresrdquo) tem de fazer escolhas para melho-rar seu proacuteprio resultado

A Teoria dos Jogos foi inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o com-portamento econocircmico e atraveacutes dela foi possiacutevel notar que em determinadas situaccedilotildees ao contraacuterio da teoria de mercado diz quando cada pessoa age de forma egoiacutesta o resultado coletivo pode ser desastroso

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

29

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

O DILEMA DO PRISIONEIRO

O Dilema do prisioneiro eacute uma dessas situaccedilotildees ou jogos onde a tentativa de maximizar o resultado individual resulta numa situaccedilatildeo natildeo-oacutetima para o coletivo A situaccedilatildeo descrita pelo dilema do prisioneiro eacute a seguinte

Dois suspeitos A e B satildeo presos pela poliacutecia A poliacutecia tem provas insuficientes para os con-denar mas separando os prisioneiros oferece a ambos o mesmo acordo se um dos prisio-neiros confessando testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silecircncio o que confessou sai livre enquanto o cuacutemplice silencioso cumpre 10 anos de sentenccedila Se ambos ficarem em silecircncio a poliacutecia soacute pode condenaacute-los a 6 meses de cadeia cada um Se ambos traiacuterem o comparsa cada um leva 5 anos de cadeia Cada prisioneiro faz a sua decisatildeo sem saber que decisatildeo o outro vai tomar e nenhum tem certeza da decisatildeo do outro A questatildeo que o dilema propotildee eacute o que vai acontecer Como cada prisioneiro vai reagir

Olhando pelos oacuteculos do indiviacuteduo a estrateacutegia dominante sempre seraacute delatar e se ambos decidirem assim o resultado seraacute de suas condenaccedilotildees de 5 anos enquanto a alternativa me-lhor para ambos seria a da negaccedilatildeo que resultaria numa condenaccedilatildeo de 6 meses

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

30

ECONOMIA COLABORATIVA

C A P Iacute T U L O 8

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

31

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Beber de novas referecircncias eacute sempre uma fonte para se obter conhecimento Para nossa sorte

estudiosos e pessoas que satildeo referecircncias no assunto estudaram e disseminaram conteuacutedo em forma

de livros

DICAS DA PROFESSORA

LIVROS RECOMENDADOS

Sacred Economics traccedila a histoacuteria do dinheiro de economias da daacutediva antigos ao capitalismo moderno revelando a for-ma como o sistema monetaacuterio contribuiu para a alienaccedilatildeo competiccedilatildeo e escassez comunidade destruiacuteda e exigiu um crescimento sem fim Hoje essas tendecircncias tenham atin-gido o seu extremo mas na sequecircncia do seu colapso po-demos encontrar uma grande oportunidade para a transiccedilatildeo para uma forma mais conectados ecoloacutegica e sustentaacutevel de ser

SACRED ECONOMICS

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpsacred-eco-nomics-30514700

Pedimos para a professora do curso separar algumas leituras que podem ajudaacute-lo a continuar o aprendizado e ir aleacutem se aprofundar no tema quando achar necessaacuterio confira a lista abaixo

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

32

ECONOMIA COLABORATIVA

Ao colocar milhotildees de pessoas conectadas produzindo compartilhando e consumindo informaccedilotildees as novas tecno-logias e as redes sociais na internet criaram um revolucio-naacuterio recurso o lsquoexcedente cognitivorsquo Eacute dessa forma que o guru da internet Clay Shirky denomina a soma do tempo energia e talento livres que usados colaborativamente per-mite que indiviacuteduos antes isolados se unam para grandes realizaccedilotildees Algumas como a Wikipeacutedia jaacute estatildeo disponiacute-veis e toda sociedade delas se beneficia mas muitas outras ainda viratildeo Com a experiecircncia de quem trabalha na miacutedia colaborativa desde o iniacutecio da web Shirky explica como par-ticipar ativamente da criaccedilatildeo de novas ferramentas digitais A cultura da participaccedilatildeo mostra os meios que temos hoje para fazer a diferenccedila e melhorar o mundo

A CULTURA DA PARTICIPACcedilAtildeOCriatividade e Generosidade No Mundo Conectado

Onde comprar httpwwwsaraivacombra-cultura-da-participacao-criatividade-e-ge-nerosidade-no-mundo-conectado-3424245html

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

33

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Em Sociedade com custo marginal zero Jeremy Rifkin argumenta que a era do capitalismo estaacute saindo lentamente do palco mundial O surgimento da Internet das Coisas tem levado agrave ascensatildeo de um novo sistema econocircmico ndash os bens comuns colaborativos ndash que estaacute transformando nosso modo de vida

Neste livro Rifkin explica como a Internet das Comunicaccedilotildees da Energia e dos Transportes estaacute convergindo para criar uma rede neural global conectando tudo a todos na Internet das Coisas Essa estrutura inteligente e indissoluacutevel do seacuteculo XXI tem acelerado a produtividade e reduzido o custo marginal de produzir e distribuir unidades adicionais de bens e serviccedilos ndash descontados os custos fixos ndash a praticamente zero tornando-os essencialmente gratuitos

Como resultado o lucro corporativo comeccedila a secar os direitos de propriedade perdem forccedila e a noccedilatildeo convencional de escassez econocircmica daacute lugar agrave possibilidade de abundacircncia agrave medida que setores inteiros da economia ingressam na web com custo marginal zero O desafio eacute garantir a seguranccedila dos dados e a proteccedilatildeo do sigilo pessoal em um mundo aberto transparente e conectado globalmente

A SOCIEDADE DO CUSTO MARGINAL ZERO A internet das coisas os comuns globais e o eclipse do capitalismo

Onde comprar httpwwwsaraivacombrsociedade-com-custo-marginal-ze-ro-8994146html

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

34

ECONOMIA COLABORATIVA

Examinando a necessidade humana por categoria - aacutegua alimentos energia sauacutede educaccedilatildeo liberdade - Diamandis e Kotler visam apresentar dezenas de inovadores que fazem grandes progressos em cada aacuterea - Larry Page Steven Hawking Dean Kamen Daniel Kahneman Elon Musk Bill alegria Stewart Brand Jeff Skoll Ray Kurzweil Ratan Tata Craig Venter entre muitos outros Esta visatildeo contraacuteria apoiada por pesquisa apresenta o futuro proacuteximo

ABUNDANCE

Onde comprar httpwwwlivrariaculturacombrpabundance-22669727

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

35

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Inspirado na filosofia do compartilhamento de sites como Wikipedia Twitter e Flickr e mercados de trocas jaacute bem conhecidos como eBay e Craigslist o consumo colaborativo promove o surgimento de redes de empreacutestimos de compartilhamento de automoacuteveis e ateacute de aluguel de uma cama em um apartamento Botsman e Rogers mostram como estamos economizando dinheiro tempo espaccedilo levando as pessoas a construir relaccedilotildees mais proacuteximas e a passar de consumidores passivos a colaboradores ativos E ganhando dinheiro com isso

O QUE Eacute MEU Eacute SEU Como o consumo colaborativo vai mudar o nosso mundo

Onde comprar httpwwwsaraivacombro-que-e-meu-e-seu-como-o-consumo-cola-borativo-vai-mudar-o-nosso-mundo-3527286html

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 9

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

37

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Separamos alguns filmes que agregam muito ao conteuacutedo do curso todos ligados em uma forma

ampla com os temas abordados no curso

FILMES RECOMENDADOS

1 TEDXSP DO AUGUSTO DE FRANCO SOBRE REDES SOCIAIS

LINK httpswwwyoutubecomwatcht=300ampv=7ofxZHuWz9Q

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

38

ECONOMIA COLABORATIVA

2 TED RACHEL BOTSMAN SOBRE A NOVA ECONOMIA

LINK httpswwwtedcomtalksrachel_botsman_the_currency_of_the_new_economy_is_trust

Houve uma explosatildeo de consumo colaborativo - carros apartamentos habilidades Rachel Botsman

explora a moeda que faz com que sistemas como o trabalho Airbnb e TaskRabbit confianccedila influecircn-

cia e que ela chama de ldquocapital de reputaccedilatildeoldquo

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

39

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

3 THE MACHINE IS US VIDEO-PESQUISA SOBRE AS MUDANCcedilAS TRAZIDAS PELA INTERNET

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=NLlGopyXT_g

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

40

ECONOMIA COLABORATIVA

4 SYSTEM OF SYSTEMS VIDEO DA IBM SOBRE A INTERNET 30

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=h2br2_twHfw

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

41

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

5 THE GIFT ECONOMY AND THE COMMONS

Conversa-entrevista entre o autor e ativista Charles Eisenstein e o economista internacional James

Quilligan

LINK httpswwwyoutubecomwatchv=_JKOcb3UygA

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 1 0

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

43

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Elencamos opccedilotildees de sites para vocecirc sempre ficar a par das novidades e natildeo parar de aprender

LINKS RECOMENDADOS1 - Ediccedilatildeo da Revista P22 sobre Economia Colaborativahttpwwwpagina22combrrevistap2296

2 - Blog do autor Charles Eisentein httpsnewandancientstorynetcategoryblog

3 - Revista Shareble sobre compartilhamento e negoacutecios co-laborativoshttpwwwshareablenet

4 - Repositoacuterio internacional de negoacutecios colaborativoshttpwwwcollaborativeconsumptioncomdirectory

5 - Grupo no facebook com discussotildees sobre o temahttpswwwfacebookcomgroups868629623155533ref=tsampfref=ts

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

C A P Iacute T U L O 1 1

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

45

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Depois de assistir ao curso e ler quase todo esse ebook ainda ficamos com algumas duacutevidas na ca-

beccedila e isso eacute oacutetimo pois a ideia do curso eacute te dar uma pitada do conteuacutedo e te incentivar a buscar

esse conhecimento cada dia mais

Pensando nisso fizemos 5 perguntinhas para a Camila nos responder seu ponto de vista o que ela

acredita em certos pontos e compartilhamos aqui com vocecircs

O quanto vocecirc acredita que a Economia Colaborativa vai influenciar no nosso futuro Como vocecirc enxerga a relaccedilatildeo das empresas e pessoas baseados nessa nova economia

CAMILA HADDAD Jaacute vivemos em um mundo altamente conectado e em rede E isso cada vez mais vai nos fazer rever a forma como nos organizamos social e economicamente Basta pensarmos na produccedilatildeo de conteuacutedo Ateacute pouco tempo atraacutes se eu quisesse tornar puacuteblica alguma opiniatildeo minha eu teria que acessar a miacutedia de massa aparecer no jornal publicar um livro Hoje todos noacutes produzimos conteuacutedo o tempo todo Em texto aacuteudio e viacutedeo A produccedilatildeo jornaliacutestica literaacuteria e artiacutestica eacute muito mais distribuiacuteda acessiacutevel e democraacutetica E com tecnologias como as cortadoras a laser e impressoras 3D isso tende a se expandir inclu-sive para produtosserviccedilos natildeo digitais Culturalmente o distribuiacutedo passa a invadir tambeacutem o cotidiano o espaccedilo urbano e a poliacutetica Toda vez que experimentamos nos conectarmos

ENTREVISTA COM CAMILAHADDAD

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

46

ECONOMIA COLABORATIVA

diretamente uns aos outros e a partir disso conseguimos realizar coisas resolver problemas mudar realidades locais eacute muito difiacutecil voltar atraacutes Percebemos que natildeo precisamos mais das instituiccedilotildees e dos intermediaacuterios que natildeo nos agregam valor que podemos criar alternativas ocupar espaccedilos construir novas estruturas e modos de operar no mundo

Essas novas empresas que surgem e ajudam a mudar o cenaacuterio mundial podem realmente transformar a economia

CAMILA HADDAD Cada vez mais temos notiacutecias de que o modelo econocircmico atual natildeo res-ponde agraves nossas necessidades A economia colaborativa apresenta um caminho interessante porque ela natildeo me parece ser uma tendecircncia nem ter caraacuteter reformista

O processo que temos assistido nas estruturas distribuiacutedas e colaborativas tem um aspecto muito transgressor e revolucionaacuterio porque desafia duas premissas baacutesicas da economia a da escassez (natildeo tem para todo mundo) e a de que as pessoas satildeo inerentemente egoiacutestas e competitivas Como falar de abundacircncia em um cenaacuterio no qual os recursos estatildeo se exau-rindo Somos tatildeo consistentemente treinados na escassez- que eacute a base de todas as ciecircncias de ldquomanagementrdquo - que falar em abundacircncia parece ingenuidade utopia ou hippismo Mas basta uma mudanccedila de oacutetica

A mateacuteria eacute escassa mas a capacidade de transformaccedilatildeo dela eacute infinita A gente eacute a uacutenica espeacutecie que pensa de forma linear mas a resposta estaacute na capacidade contiacutenua de trans-formaccedilatildeo E esta soacute acontece quando a gente inova E a gente soacute inova quando as pessoas colaboram

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

47

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Com a ascensatildeo de uma economia baseada em abundacircncia e escassez o modelo baseado em escassez e egoiacutesmo tende a acabar Ou eles convivem juntos

CAMILA HADDAD Hoje vivemos em uma fase um pouco esquizofrecircncia onde as duas coisas convivem agraves vezes ateacute dentro da mesma organizaccedilatildeo Muitos negoacutecios colaborativos ainda manteacutem da porta para dentro estruturas hieraacuterquicas e competitivas Ou pior consideram que negoacutecios similares e com o mesmo propoacutesito satildeo seus competidores Mas acho que eacute ca-racteriacutestica inerente de todo o processo de transiccedilatildeo De toda forma escassez e abundacircncia competiccedilatildeo e colaboraccedilatildeo natildeo satildeo mutuamente excludentes Basta termos uma percepccedilatildeo mais equilibrada Estruturas centralizadas e escassas garantem a eficiecircncia e a sobrevivecircncia enquanto as colaborativas e abundantes garantem a eficaacutecia e a evoluccedilatildeo

Como surgiu a ideia do Cinese e qual o papel que ele tem na economia colaborativa

CAMILA HADDAD A histoacuteria do Cinese se mistura com a minha histoacuteria e da minha irmatilde que hoje eacute minha soacutecia a Anna Durante o meu mestrado conheci o fenocircmeno da colaboraccedilatildeo como um ingrediente importante para pensar novos modelos econocircmicos Enquanto isso a Anna que estava saindo de um grande escritoacuterio de advocacia repensava a carreira e quali-dade de vida Ela notou que o processo tradicional de educaccedilatildeo era excludente hieraacuterquico e homogeneizador que propagava um uacutenico modelo de sucesso O Cinese surgiu como uma alternativa que combinava educaccedilatildeo com colaboraccedilatildeo para estimular processos mais aber-tos em termos de autonomia e liberdade para formar pessoas criacuteticas Tentamos criar uma ferramenta que facilitasse ao maacuteximo o compartilhamento de conhecimentos habilidades e experiecircncias

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

48

ECONOMIA COLABORATIVA

O processo de propor um encontro eacute simples raacutepido e aberto para qualquer um E isso eacute na nossa visatildeo empoderador Ningueacutem precisa de uma legitimaccedilatildeo institucional para ensinar o que sabe Todo mundo pode Basta querer

Quero comeccedilar a viver e praticar mais esse tipo de economia da abun-dacircncia no meu dia-a-dia Por onde eu comeccedilo

CAMILA HADDAD Existem diferentes portas de entrada para a colaboraccedilatildeo

Um jeito interessante eacute listar tudo que vocecirc possui e natildeo precisausa Junte essas coi-sas participe de um bazar de trocas ou faccedila doaccedilotildees atraveacutes de plataformas como o Freecy-cle ou o Free your stuff Tambeacutem vale vender por plataformas como Enjoei

Depois liste aquilo que tem e natildeo usa com frequecircncia e que poderia ser compartilha-do Disponibilize essas coisas para uso de seus vizinhos e amigos Tem muitas plataformas que te ajudam nesse processo como o Tem Accedilucar mas em uacuteltima instacircncia vocecirc pode fazer uma lista de e-mails grupo no whatsapp ou ateacute mesmo um aacutelbum no facebook (com fotos das coisas que estatildeo disponiacuteveis para empreacutestimo)

Convide seus vizinhos para um cafeacute converse sobre seus sonhos para o preacutedioa rua e convide-os para pensarem em formas de realizar essa transformaccedilatildeo Coisas como ter um parklet fazer uma horta ou fechar a rua para lazer aos domingos satildeo muito simples mas soacute podem ser realizadas em comunidade

Divida suas habilidades e conhecimentos com os outros e se proponha a aprender com eles tambeacutem Vocecirc pode usar plataformas como o Cinese ou o Noacutesvc ou ateacute mesmo bancos de tempo como o Bliive

Se tiver espaccedilo sobrando em casa receba turistas cobrando ou natildeo por isso O Airbnb e o Couchsurfing pode te ajudar nessa tarefa Ao viajar tambeacutem considere ficar na casa de outras pessoas ou entatildeo encontraacute-las para te mostrarem a versatildeo delas da cidade

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM

49

NOVAS FORMAS DE NOS ORGANIZAR EM SOCIEDADE

Se for usuaacuterio de transporte individual ofereccedila caronas ou compartilhe seu veiacuteculo com outras pessoas (Fleety e Pegcar satildeo alternativas interessantes) Tambeacutem eacute possiacutevel alugar carros compartilhados por hora de uso Em Satildeo Paulo existem empresas como o Zazcar

Se puder separe um valor por mecircs para financiar projetos e iniciativas em que vocecirc acredita O nosso dinheiro tambeacutem pode trabalhar a serviccedilo de um mundo mais colaborativo Vocecirc pode fazer isso atraveacutes de plataformas de financiamento coletivo como Catarse Benfei-toria e o Unlock

Ocupe os espaccedilos puacuteblicos Faccedila festas plante hortas leve as crianccedilas para brincar Ocupar a cidade eacute receita para ter espaccedilos mais seguros mais bem cuidados e que se tor-nem de fato bens comuns

Tambeacutem eacute possiacutevel participar da poliacutetica local pressionando parlamentares ou suge-rindo projetos de lei Iniciativas como o Nossas Cidades e o Eu Voto foram desenhados para ajudar os cidadatildeos nessas tarefas

Se vocecirc presta algum serviccedilo ou eacute empreendedor pense em formas de tornar o seu produtoserviccedilo mais inclusivo e acessiacutevel Sempre eacute possiacutevel conceber modelos de negoacutecio que natildeo se baseiem na criaccedilatildeo de escassez artificial

  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM
  • 1 STYLECOM