Contestação à Petição Inicial

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    1 Servios Jurdicos do Ministrio da Defesa Nacional

    Contestao Petio Inicial

    MINISTRIO DA DEFESA NACIONAL

    Tribunal Administrativo de Crculo de Lisboa

    Proc. N. 23/89.1

    Contestao do Ministrio da Defesa Nacional no processo movido por Estamos-nas-

    lonas, S.A.

    Em representao do Ministrio da Defesa Nacional: Paulo Braga Lino, Secretrio de

    Estado-Adjunto da Defesa Nacional

    Meritssimo Juiz de Direito

    1.

    Vem a Autora solicitar a anulao do acto administrativo de resoluo do contrato

    celebrado entre a Autora e a R, a condenao da R ao pagamento de uma

    indemnizao no valor de 1.000.000,00 a ttulo de indemnizao por actos ilcitos do

    Ministro da Defesa, a condenao da R ao restabelecimento da situao existente no

    perodo anterior emisso do acto de resoluo e a condenao da R nas custas do

    processo.

    2.

    O Ministrio da Defesa no se conforma que assista razo Autora, pelo que se realiza

    a presente contestao.

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    3.

    A petio contestada dever ser recusada pela Secretaria do Tribunal Administrativo de

    Crculo de Lisboa, dado que enferma de um vcio de forma, uma vez que o artigo 80./1

    alnea f) do Cdigo de Processo nos Tribunais Administrativos (doravante, CPTA)exige a assinatura dos mandatrios judiciais, o que no se verifica.

    4.

    A petio contestada dever igualmente ser recusada pela Secretaria do Tribunal

    Administrativo de Crculo de Lisboa, dado que, o comprovativo de pagamento da taxa

    de justia (apresentado pela Autora na pgina 31 da petio inicial) manifestamente

    falso. Seno veja-se: na meno feita pelo recibo no que concerne ao valor da aco,

    incidente ou recurso referem-se os valores de 25.000,01 (vinte e cinco mil euros e

    um cntimo) a 40.000,00 (quarenta mil euros). Na medida em que a aco proposta

    pela autora tem como valor 101.000.000,00 (cento e um milhes de euros) (veja -se a

    pgina 29 da petio inicial), o recibo no claramente verdadeiro. Para alm disso,

    note-se que, desde a entrada em vigor da Lei n.7/2012 de 13 de Fevereiro, o pagamento

    da taxa de justia comprovado mediante o Documento nico de Cobrana, algo que

    no foi feito pela Autora. Nestes termos, e conforme dito, dever a petio ser recusada,

    segundo o artigo 80./1 d), CPTA, visto que, como demonstrado, no foi paga a taxa de

    justia correspondente ao processo.

    5.

    A Autora prope uma aco administrativa especial de impugnao de acto

    administrativo (pginas 2 e 29 da petio) cumulada com duas aces administrativas

    comuns: uma de responsabilidade civil por acto ilcito (pginas 24, 28 e 29 da petio) e

    a segunda de reconstituio da situao actual hipottica (pginas 28 e 29 da petio).

    Note-se que, quanto aco administrativa comum de responsabilidade civil, a base

    legal indicada pela Autora inexistente. Mais ainda, sendo a pretenso da Autora a

    manuteno do contrato impugnado e, sendo o contedo do acto negativo, a forma de

    processo utilizada no a correcta, dado que o artigo 51./4, CPTA, refere, claramente,

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    que a forma dever ser a cumulao de uma aco administrativa especial de

    impugnao e aco administrativa especial de condenao prtica de acto legalmente

    devido.

    6.

    No esto identificados os contra-interessados [78./2 alnea f), CPTA]. Deveriam ter

    sido chamados a pronunciar-se representantes das empresas preteridas no concurso

    pblico MD/10/09, aberto pelo Ministrio da Defesa.

    Dos factos,

    7.

    A 14 de Abril de 2009, o Ministrio da Defesa abriu o concurso pblico MD/10/09,

    tendo em vista a aquisio de viaturas militares.

    8.

    A 26 de Maro de 2010, o Ministrio da Defesa decidiu adjudicar o contrato de

    aquisio de viaturas militares empresa Estamos nas Lonas, S.A..

    9.

    Aps a elaborao da minuta contratual, Autora e R encontraram-se na sede do

    Ministrio da Defesa Nacional, a 26 de Abril de 2010 e celebraram o contrato de

    aquisio de 260 viaturas Poduro, mediante retribuio de 1.000.000,00 (um milho

    de euros) por viatura, ou seja, uma remunerao total de 260.000.000,00 (duzentos e

    sessenta milhes de euros). O contrato foi assinado em Lisboa (Documento 1, em

    anexo contestao).

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    10.

    O contrato apresentado pela Autora no Anexo 1 da petio inicial impugnado por

    falsidade material (artigos 376./1 e 347., Cdigo Civil). Veja-se: em primeiro lugar,

    cabe referir que, na clusula primeira, se menciona que o contrato foi celebrado entre oEstado Portugus e a empresa Estamos-nas-lonas, S.A.. Ora, sendo a relao jurdico-

    administrativa sub judice estabelecida entre o rgo do Estado e o particular, no pode o

    contrato aludir como primeiro contratante o Estado portugus, mas sim o Ministrio da

    Defesa. Isto na medida em que os Ministrios tm competncia para negociar, eles

    prprios, contratos que digam respeito sua esfera de competncia.

    11.

    Em segundo lugar, a clusula quarta (O presente contrato executar-se- no perodo de

    tempo compreendido entre os dias 25 de Abril de 2010 e 1 de Maro de 2013) contm

    um perodo de execuo cuja extenso no corresponde ao acordado pelas partes, uma

    vez que o contrato foi celebrado a 26 de Abril de 2010, iniciando a vigncia a partir do

    dia seguinte, ou seja, 27 de Abril de 2010.

    12.

    Em terceiro lugar, a clusula stima, no seu ponto n. 2, e a clusula nona indicam que o

    pagamento dever ser feito em barras de ouro, o que no corresponde, de todo,

    realidade acordada. O Ministrio da Defesa apenas se vinculou ao valor referido das

    barras de ouro, de modo a realizar um pagamento de 1.000.000,00 (um milho de

    euros) por cada viatura (artigo 554., Cdigo Civil). Consequentemente, a A. no pode

    afirmar que o Ministrio s pode proceder ao pagamento em barras de ouro. A

    invocao pela Autora de tal modo de pagamento ofensiva, dado que o Ministrio est

    ciente da iliquidez de uma tal obrigao, dada a instabilidade dos mercados financeiros,

    que leva a uma constante valorizao e desvalorizao do valor das barras de ouro.

    Assim, o Ministrio optou pelo pagamento por transferncia bancria (Documento 2,

    em anexo contestao) a realizar no dia da entrega de cada uma das tranches de

    veculos.

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    13.

    Em quarto lugar, a clusula oitava, no seu nmero quarto, padece de inmeras

    incongruncias: as datas referidas nas primeira, segunda, terceira, stima, oitava, nona,

    dcima primeira e dcima segunda entregas (1 de Maio de 2010, 1 de Agosto de 2010, 1

    de Janeiro de 2011, 1 de Novembro de 2011, 1 de Janeiro de 2012, 1 de Abril de 2012,

    1 de Dezembro de 2012 e 1 de Janeiro de 2013, respectivamente) foram adulteradas por

    A., visto que, como se pode comprovar, todas estas datas remetem para dias em que o

    Ministrio no funciona, por no serem dias teis (por serem sbados, domingos e

    feriados). O Ministro no acordaria em tais datas por saber que, ao faz-lo, estaria a

    colocar em causa a execuo contratual.

    14.

    Por ltimo, e para reiterar a falsidade do contrato em questo, refira-se que a data do

    mesmo no corresponde data da celebrao do contrato, que foi a 26 de Abril de 2010

    e no a 26 de Abril de 2012.

    15.

    Ficou acordado que a Requerente faria a entrega das viaturas em treze actos, sendo

    entregues vinte unidades em cada um dos dias acordados no contrato (Documento 1).

    16.

    Ficou tambm acordado que o Ministrio pagaria o valor correspondente a cada veculo

    mediante transferncia bancria de 1.000.000,00.

    17.

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    A 30 de Abril de 2010, conforme convencionado, no foram entregues na sede do

    Ministrio da Defesa as primeiras vinte viaturas (Documento 3, anexo contestao).

    18.

    Conforme explanado no ponto 13., a data em que a Autora atesta a entrega dos veculos

    corresponde a um sbado, no estando o Ministrio aberto recepo, at porque a data

    combinada havia sido a 30 de Abril de 2010. Consequentemente, o documento 2 anexo

    petio inicial materialmente falso. Mais ainda, vem o Ministrio da Defesa

    impugnar a veracidade da assinatura de Jos Macete, nos termos do artigo 374./1,

    Cdigo Civil, estendendo-se esta impugnao a todos os recibos por ele alegadamenteassinados e pela Autora apresentados em anexo petio inicial (anexos 2, 4 e 5). A

    Empresa Estamos-nas-Lonas incumpriu, assim, a primeira prestao.

    19.

    O representante do Ministrio, deparando-se com o incumprimento acima referido,

    questionou, por correio electrnico, o Presidente do Conselho de Administrao daEstamos-nas-Lonas, S.A., Dr. Flix Aldrabo, sobre o porqu da no entrega dos

    vinte veculos devidos naquela data (Documento 4, em anexo contestao).

    20.

    Dr. Flix Aldrabo respondeu dilatoriamente, afirmando que na seguinte entrega,

    procederiam correco do incumprimento, entregando quarenta viaturas em vez das

    vinte previstas (vinte da primeira entrega mais vinte da segunda) (Documento 5, em

    anexo contestao).

    21.

    Impugna-se o ponto 13. da petio inicial, bem como o documento 3 em anexo, uma

    vez que, como referido nos nossos pontos 17. a 19., houve incumprimento material da

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    prestao por parte da A. e, como tal, nunca se verificou a recepo do email como foi

    configurado no documento 3 pela A., concluindo-se pela adulterao do mesmo.

    22.

    A 2 de Agosto de 2010, conforme convencionado, no foi entregue na sede do

    Ministrio da Defesa a segunda tranche de viaturas, que inclua as vinte primeiras, que

    no haviam sido entregues (Documento 3). A Autora incorre em duplo incumprimento.

    23.

    Impugna-se o recibo do anexo 4 da petio inicial, dado que, como visto, a A. no

    procedeu entrega.

    24.

    De novo, o representante do Ministrio da Defesa questionou, via electrnica, o

    incumprimento, no obtendo, da parte da Empresa Estamos -nas-Lonas, S.A. qualquer

    resposta (Documento 6, em anexo contestao).

    25.

    A 3 de Janeiro de 2011, conforme convencionado, no foi entregue na sede do

    Ministrio da Defesa a terceira tranche de viaturas, que inclua as quarenta viaturas ematraso. A Autora incorre, novamente, em incumprimento.

    26.

    Impugna-se o recibo do anexo 5 da petio inicial, dado que, como visto, a A. no

    procedeu entrega.

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    27.

    Mais uma vez, o Representante do Ministrio da Defesa Nacional inquiriu a Empresa

    Estamos-nas-Lonas sobre o motivo do incumprimento prolongado, por via electrnica

    (Documento 7, em anexo contestao), do qual no recebeu qualquer resposta.Consequentemente, a alegao n.16 da A. no corresponde realidade.

    28.

    A 2 de Maio de 2011, a Autora dirigiu-se sede do Ministrio da Defesa a fim de

    proceder entrega do quarto conjunto de vinte viaturas.

    29.

    Aquando da chegada ao local, a A. invoca que no foi recebida por nenhum

    representante do Ministrio, afirmando que o Sr. Joo Monteiro de Barradas (elemento

    do corpo de segurana do edifcio do Ministrio) invocou que no estaria ningum no

    Ministrio. Ora, a realidade dos factos no essa. O Sr. Joo Monteiro de Barradas

    havia sido despedido s 09h00 desse mesmo dia (2 de Maio de 2011) encontrando-se

    revoltado com a empresa de segurana e com o Ministrio, uma vez que tinha sido o

    Secretrio de Estado Adjunto da Defesa Nacional a propor a sua demisso, por t-lo

    visto, na hora do expediente, a namorar com Hermingarda Soares da Costa, funcionria

    do Ministrio. O representante da Empresa Estamos-nas-Lonas, S.A. chegou s 09h20

    ao local, enquanto o Sr. Joo Barradas arrumava os seus pertences a fim de abandonar o

    local. No tendo o segurana deixado os membros representantes da A. entrar no

    edifcio do Ministrio, no tiveram estes oportunidade de constatar que o representante

    do Ministrio da Defesa l se encontrava a aguardar a sua chegada.

    30.

    Em resposta invocao pela A. no ponto 24. da petio inicial, o Ministrio afirma

    que recebeu, efectivamente, o email do anexo 6 da petio inicial, mas que, verificandoque, at ento, o contacto electrnico com a Empresa no estava a resultar, optou por

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    estabelecer o contacto por via telefnica com a mesma. Todavia, foram realizadas 13

    tentativas de contacto (pela funcionria Maria Dolores Correia), todas elas sem sucesso.

    Para mais se refira que a Empresa apenas procedeu ao envio de um email e no houve

    um contacto sucessivo como a mesma afirma no ponto em anlise (por vrias vezes),

    denotando-se, ento, a tentativa de defraudar os factos.

    31.

    No dia 26 de Maio de 2011, o Ministrio da Defesa comunicou, por via de carta

    registada, por correio urgente (Documento 8, anexo contestao), a alterao do dia

    do cumprimento da quinta prestao de dia 1 de Junho de 2011 para 3 de Junho de2011, uma vez que estava a decorrer uma desbaratizao no edifcio desde 30 de Maio

    at 1 de Junho de 2011, circunstncia externa ao Ministrio e imprevisvel.

    32.

    O Ministrio recebeu o aviso de recepo da carta registada (Documento 9, anexo

    contestao) no dia seguinte, 27 de Maio de 2011.

    33.

    No dia 1 de Junho de 2011, alega a A. que no havia nenhum representante para a

    receber. Esta alegao no fundamentada, dado o referido nos pontos 31. e 32. e

    tendo o Ministrio tomado conhecimento da recepo por parte da Empresa.

    34.

    No dia aprazado para a sexta entrega, tudo correu como convencionado, tendo a entrega

    sido feita sem dificuldades. Juntamente com esta, foram entregues os veculos

    correspondentes primeira, segunda e terceira entregas.

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    35.

    A stima, oitava e nona prestaes no foram entregues nos dias para tal

    convencionados. Os recibos referidos no ponto 27. da petio inicial no so

    materialmente verdadeiros, visto que, os dias que referem para estas prestaes estoincorrectos.

    36.

    No dia aprazado para a dcima entrega, tudo correu como convencionado, tendo a

    entrega sido feita sem dificuldades. Juntamente com esta, foram entregues os veculos

    correspondentes stima, oitava e nona entregas.

    37.

    As declaraes proferidas pelo Ministro da Defesa nos rgos de comunicao social

    esto erradamente apresentadas pela A. Isto porque: nmero um o documento 12

    apresentado em anexo petio inicial foi corrigido no dia seguinte pela Redaco do

    Jornal Dirio de Notcias (Documento 10, anexo contestao); nmero dois as

    declaraes referidas so falsas, uma vez que o Ministro da Defesa nunca se referiu

    directamente Empresa Estamos-nas-Lonas, S.A. (Documentos 11 e 12, anexos

    contestao).

    38.

    Quanto s alegaes feitas no ponto 31. da petio inicial, o Ministrio nada tem que

    ver com a atribuio da conotao negativa, visto que, como provado no ponto 37., o

    Ministro da Defesa nunca proferiu palavras denegridoras da imagem da Estamos -nas-

    Lonas, S.A..

    39.

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    No dia aprazado para a dcima primeira prestao a Estamos-nas-Lonas, S.A. no

    entregou os veculos devidos, nem to-pouco prestou qualquer tipo de informao ao

    Ministrio da Defesa.

    40.

    A 15 de Novembro de 2012, a A. notificada da resoluo do contrato celebrado,

    efectuada atravs do Despacho 369/2012 do Ministro da Defesa (Documento 13, anexo

    contestao).

    41.

    Como fundamento, o Ministro da Defesa invoca os constantes cumprimentos fora do

    prazo estabelecido do contrato, bem como a falta de entrega do quarto, quinto e dcimo

    primeiro conjuntos de viaturas que impem a resoluo do contrato.

    42.

    Mais se invoca: o Ministrio da Defesa Nacional teve, desde incio, uma preocupao

    constante com a salvaguarda da solvncia da empresa. Neste sentido, a 13 de Maio de

    2010, o Ministrio procedeu a uma transferncia para a Empresa Estamos -nas-lonas,

    S.A. de capital para subsidiar parte da produo e montagem dos veculos

    encomendados, no valor de 10.000.000,00 (dez milhes de euros) (Documento 14,

    anexo contestao).

    43.

    O Ministrio da Defesa teve acesso a informaes privilegiadas que apontam no

    sentido de esse capital prestado ter sido utilizado pela Empresa Estamos-nas-lonas,

    S.A. para exportar veculos para Angola. Esta situao traduz uma violao gravssima

    do princpio da boa f, uma vez que, para alm de terem utilizado capital destinado

    produo e montagem dos veculos em sede da relao contratual com o Ministrio,

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    abusaram da confiana dada, porquanto privilegiaram o cumprimento de outros

    contratos, em detrimento do acordo em causa (Documentos 15, 16 e 17, anexos

    contestao). Desta forma, se fundamenta a invocao no Despacho 369/2012 do

    Ministro da Defesa da violao da boa f, demonstrando-se que o Ministrio no ter

    culpa ante a extino do vnculo contratual e posterior quebra financeira da empresa.

    44.

    Para agravar toda esta situao, note-se que, decorre do incumprimento da Estamos-

    nas-lonas, S.A. um posterior incumprimento dos compromissos do Ministrio para

    com as tropas portuguesas estacionadas no Afeganisto, no Kosovo e no Lbano umavez que, o seu projecto de amnistia e proteco nesses territrios depende do

    recebimento atempado dos veculos, sob pena de frustrao do mesmo. At porque nas

    referidas tropas tm sido registadas inmeras baixas materiais de viaturas,

    necessitando urgentemente de veculos de substituio (vide, a ttulo de exemplo o

    Documento 18, anexo contestao).

    45.

    Tornar-se- insustentvel para o Ministrio manter um contrato em execuo que foi

    sistematicamente incumprido e cuja Empresa contratante nada fez para restabelecer a

    confiana no vnculo.

    Do Direito,

    Do Acto Constante no Despacho 369/2012 do Ministro da Defesa

    46.

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    Pelo Despacho 369/2012 o Ministro da Defesa resolve o contrato com a Empresa

    Estamos-nas-Lonas, S.A. em execuo desde o dia 27 de Abril de 2010.

    47.

    O artigo 325., nmero 2 do Cdigo dos Contratos Pblicos (doravante: CCP) permite a

    resoluo quando o co-contratante no cumprir de forma exacta e pontual as obrigaes

    contratuais ou parte delas por facto que lhe seja imputvel, aps ter existido interpelao

    ao cumprimento. Mantendo-se a situao de incumprimento aps o prazo estipulado na

    interpelao o contratante pblico pode resolver o contrato com fundamento em

    incumprimento definitivo, nos termos do artigo 333., CCP. Mais ainda, o artigo448./1, CCP, legitima esta mesma possibilidade de resoluo mediante a violao grave

    ou reiterada das obrigaes que lhe incumprem, desde logo, pelo atraso das prestaes

    por mais de trs meses.

    48.

    No caso em apreo permitido ao Ministrio da Defesa a resoluo contratual uma vezque, como exposto na seco dos factos ficou provado o cumprimento extemporneo

    e, inclusivamente, o incumprimento total de duas prestaes, justificando-se ento a dita

    resoluo, nos termos dos artigos referidos no ponto anterior.

    49.

    A presente aco no cumpre todos os requisitos de admissibilidade previstos no CPTA,

    nomeadamente, como visto nos pontos 3., 4., 5. e 6. da presente contestao e,

    portanto, o douto Tribunal estar em condies de rejeitar a petio inicial e, mesmo

    que o no fizesse, de julgar improcedente a aco proposta pela A.

    Da verificao das causas que habilitam a resoluo sancionatria

    50.

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    A resoluo sancionatria prevista no artigo 333., CCP, corresponde, grosso modo, a

    uma resoluo por incumprimento. Exige-se que a Autora viole os deveres a que se

    encontra adstrita pela relao contratual.

    51.

    Ora, o que se verifica. A factualidade atrs exposta demonstra que a Autora, por vrias

    vezes, incumpriu os seus deveres contratuais. Como se referiu supra, a A. no

    compareceu por inmeras vezes no local do cumprimento e, alm disso, verificaram-se

    incontveis casos de cumprimento no atempado.

    52.

    O incumprimento imputvel A., uma vez que, como ficou provado (pelos pontos n.

    29. a 33.), foi esta quem procedeu com um comportamento irresponsvel na

    prossecuo das diligncias necessrias execuo contratual.

    53.

    Assim sendo, como decorre dos factos, h que sublinhar que a Autora no demonstrou

    qualquer preocupao com o destino a dar s viaturas correspondentes quarta e quinta

    entregas, inclusive, no respondendo s tentativas de entrada em contacto por parte do

    Ministrio. E sabendo o Ministrio, como provado no ponto n.43 da presente

    contestao, que essa irresponsabilidade decorreu da entrega dos veculos destinados

    execuo do contrato com o Ministrio a outras empresas, no haver lugar a uma

    justificao plausvel por parte da Autora.

    54.

    Conclui-se, portanto, pelo incumprimento definitivo, conjugado com o cumprimento

    defeituoso do contrato, devendo ser a aco proposta pela Autora julgada por

    improcedente.

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    O Ministrio da Defesa no invoca razes de interesse pblico a fim de fundamentar a

    resoluo do presente contrato. A nica referncia que feita tem que ver com a

    insustentabilidade em manter um contrato que constantemente se v violado (vide,

    ponto n.56).

    Da alterao das circunstncias

    59.

    Quanto alegao da eventual resoluo por alterao das circunstncias, o Ministrio

    da Defesa Nacional no pretende, de forma alguma, fundamentar a extino do vnculo

    contratual com base neste instituto. Trata-se sim, como foi supra referido, de uma

    resoluo por incumprimento do contrato.

    Do pedido indemnizatrio

    60.

    Entende a Autora que se verifica um caso de responsabilidade civil extracontratual porparte da Administrao, resultado de certas condutas por parte do Ministrio da Defesa.

    Ora, no o que sucede.

    61.

    O que est em causa no duvidar da possibilidade da Administrao responder perante

    entidades particulares, quando incorra em responsabilidade civil extracontratual nos

    termos explanados exaustivamente pela Autora, segundo a Lei n. 67/2007 de 31 de

    Dezembro (que consagra o Regime de Responsabilidade Civil do Estado e demais

    Entidades Pblicas).

    62.

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    17 Servios Jurdicos do Ministrio da Defesa Nacional

    O que importa aferir que no assiste razo Autora, porquanto no houve, da parte do

    Ministrio, qualquer incumprimento ou conduta desrespeitosa. Antes, foi a entidade

    particular quem no zelou pela correcta execuo material do contrato e que, por vrias

    vezes, frustrou a confiana e as legtimas expectativas em si investidas. Colocou-se,

    assim, por vrias vezes, em causa o princpio da boa f, algo com que o Ministrio no

    se pode conformar.

    63.

    Nestes termos, vem o Ministrio da Defesa Nacional requerer uma indemnizao por

    danos patrimoniais por incumprimento contratual da Estamos-nas-Lonas, S.A., em100.000.000,00 (cem milhes de euros), acrescido de 5.000.000,00 (cinco milhes de

    euros) por consequente incumprimento, que deste deriva, para com o Exrcito

    portugus.

    64.

    So pressupostos da responsabilidade contratual, semelhana da responsabilidade civilextracontratual o facto, ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade (artigo 798. e ss.,

    Cdigo Civil).

    65.

    Quanto ao facto, refira-se que, tal como ficou provado, houve incumprimento da

    estipulao contratual por parte da Estamos-nas-Lonas, S.A..

    66.

    No que ilicitude concerne, avance-se que, contrariamente ao que acontece na

    responsabilidade extracontratual, a contratual no diz respeito violao de dever

    genrico de responsabilidade, mas antes violao da obrigao atravs da no

    execuo do dever pela prestao que estava obrigada a contraparte. Prova-se que houve

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    18 Servios Jurdicos do Ministrio da Defesa Nacional

    inexecuo da prestao, uma vez que, nos termos impostos pela boa f (762./2,

    Cdigo Civil), ter-se- que cumprir a prestao pontualmente (406./1 e 762./1, Cdigo

    Civil), ajustando-se, em todos os aspectos, ao que lhe era devido, no tendo tal

    acontecido.

    67.

    No que diz respeito culpa, cabe referir que a no execuo contratual tem que ser

    imputvel ao devedor. O artigo 799./1, Cdigo Civil, consagra uma presuno de

    culpa, tendo o devedor que provar que o comportamento no haja sido censurvel. Ora,

    no caso em apreo, como visto, no h justificao para o comportamento tido pelaEstamos-nas-lonas, S.A., dado ter inclusive ficado demonstrado que a falta de

    cumprimento se deveu dissipao dos materiais devidos ao Ministrio para outras

    empresas. A Autora praticou uma conduta duplamente dolosa, tanto quanto ao

    incumprimento em face do Ministrio como quanto ao consequente incumprimento do

    Ministrio para com o Exrcito Portugus, visto que a Autora, sabendo dos prejuzos

    que iria provocar, ainda assim optou por faz-lo, de modo consciente e intencional.

    Mais ainda, o Ministrio beneficia, em seu favor, de uma presuno de faute (segundo

    melhor doutrina, nomeadamente, Antnio Menezes Cordeiro), dado que o artigo

    799./1, Cdigo Civil, consagra uma presuno simultnea de ilicitude, culpa e nexo de

    causalidade entre facto e dano. Nestes termos, caber Autora ilidir todos estes

    pressupostos da responsabilidade, algo que no foi feito na petio inicial e,

    consequentemente demonstram-se como provadas as respectivas ilicitude, culpa e nexo

    de causalidade contra a Autora.

    68.

    Como ficou supra exposto, o Ministrio sofreu inmeros danos patrimoniais

    decorrentes do incumprimento por parte da Autora: desde logo, a perda de 100 (cem)

    veculos esperados e a posterior falta de entrega das viaturas aos militares portugueses,

    que delas necessitavam, urgentemente, para cumprir as suas funes.

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    19 Servios Jurdicos do Ministrio da Defesa Nacional

    69.

    Por fim, refira-se que existe claramente um nexo de causalidade entre o incumprimento

    material das prestaes e os danos referidos no ponto 68.. Ainda assim, como

    esclarecido no ponto 67., o Ministrio tem a seu favor a referida presuno de faute.Deveria a A. ter ilidido a mesma. No o tendo feito, joga contra ela a dita presuno.

    70.

    Assim sendo, ter o Ministrio direito indemnizao requerida.

    71.

    Quanto invocao de violao do direito honra e ao bom nome da Estamos-nas-

    Lonas, S.A. no existe qualquer fundamento que a justifique. Como ficou provado no

    ponto 37., o Ministro da Defesa nunca se referiu ao nome da Autora, nem to-pouco

    denegriu a sua imagem publicamente.

    72.

    No que diz respeito s alegaes vrias por parte da Autora de que o Ministrio no

    teria fundamento para a resoluo, d-se uma ltima nota, a fim de esclarecer todas as

    dvidas que possam ainda subsistir: o direito resoluo assiste a qualquer contraente

    no caso de no cumprimento da contraparte, mediante a violao grave ou reiterada da

    prestao, isto porque no se pode exigir que, uma vez quebrada a relao de confianaestabelecida, a parte permanea vinculada ao contrato. Assim, justifica-se, sem sombra

    de dvidas, a resoluo do presente contrato pelo Ministrio da Defesa Nacional.

    73.

    A Autora pede a reconstituio da situao actual hipottica (vide ponto n.131 da

    petio inicial). Esta pretenso tem como pressuposto que o Ministrio da Defesa

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    Nacional agiu de forma ilegal (artigo 173./1, CPTA) e que, portanto, haveria um acto

    nulo ou anulvel. Ora, no isso que acontece, pois, como j foi demonstrado, a

    entidade demandada no praticou qualquer conduta ilegal em toda a execuo do

    contrato. Deve, portanto, ser julgada por improcedente tal pretenso da Autora.

    Dos Pedidos

    74.

    Face a todo o exposto, requer-se que o Douto Tribunal se digne a:

    i) Julgar por improcedente a aco proposta pela Empresa Estamos-nas-lonas, S.A.;

    ii) Condenar a Autora ao pagamento de uma indemnizao no valor de 105.000.000,00

    (cento e cinco milhes de euros), a ttulo de indemnizao por danos patrimoniais

    causados pela Empresa Estamos-nas-Lonas, S.A.;

    iii) Condenar a Autora nas custas do processo.

    Junta:

    - Procurao do Secretrio de Estado-Adjunto da Defesa Nacional, Paulo Braga Lino,

    para representao em juzo do Ministrio da Defesa Nacional (pgina 24);

    - Despacho de nomeao das Licenciadas em Direito para representao jurdica do

    Ministrio da Defesa Nacional (pgina 25);

    - Documento nico de Cobrana (o remanescente da taxa de justia cobrado a finalpelo juiz1) (pgina 26);

    - Recibo comprovativo do pagamento da taxa de justia (pgina 27);

    - 18 Documentos (pginas 28 a 59).

    1 Artigo 6./7 do Regulamento das Custas Processuais: 7 Nas causas de valor superior a 275 000, oremanescente da taxa de justia considerado na conta a final, salvo se a especificidade da situao ojustificar e o juiz de forma fundamentada, atendendo designadamente complexidade da causa e conduta processual das partes, dispensar o pagamento.

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    Da prova testemunhal

    1Paulo Braga Lino, Secretrio de Estado-Adjunto da Defesa Nacional, casado, com o

    carto de cidado n. 13567899, residente na Avenida da Liberdade, n. 61, 1250-140

    So Jos, Lisboa

    2 Jos Rocha Macete, funcionrio do Ministrio da Defesa Nacional, casado, com o

    carto de cidado n. 13255667, residente na Avenida do Uruguai, n. 7B, 1500-610

    Benfica, Lisboa

    3 Joo Monteiro de Barradas, funcionrio da empresa de segurana SECURITAS,

    S.A., solteiro, com o carto de cidado n. 13753254, residente na Avenida da

    Repblica, n. 13, 1050-185 Nossa Senhora de Ftima, Lisboa

    4 Maria Dolores Correia, secretria do Secretrio de Estado-Adjunto da Defesa

    Nacional, solteira, com o carto de cidado n. 13544367, residente na Avenida dos

    Estados Unidos da Amrica, n. 1A, 1700-163 Alvalade, Lisboa

    5 Alda Pereira Lopes, empregada dos Servios de Limpeza A Diferena, Lda.,

    casada, com o bilhete de identidade n. 13957631, residente na Rua Antnio dos Reis,n. 58, 2.Dto., 2710-298 So Pedro de Penaferrim, Lisboa

    6 Luena Ondaka Usongo, inspectora dos Servios Alfandegrios de Angola, solteira,

    com o bilhete de identidade n. 44565789, residente na rua da rotunda do Gamek, casa

    5, Luanda, Angola

    7 Joana Maria Silva, Comandante das Foras Armadas Portuguesas, solteira, com o

    carto do cidado n. 13953477, residente na Estrada do Vale Bom n.1, 2665-407 Sto.Estevo das Gals, Mafra

    Da prova documental (em anexo presente contestao)

    Documento 1 Contrato de aquisio de bens mveis celebrado entre o Ministrio da

    Defesa Nacional e a Empresa Estamos-nas-Lonas, S.A. (pgina 28)

    Documento 2Extracto bancrio de pagamento da prestao pecuniria (pgina 32)

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    Documento 3Livro de ponto das entradas e sadas do Ministrio da Defesa Nacional

    (pgina 33)

    Documento 4Email do Representante do Ministrio da Defesa Nacional (pgina 45)

    Documento 5Email do Representante da Empresa Estamos-nas-Lonas, S.A. (pgina

    46)

    Documento 6Email do Representante do Ministrio da Defesa Nacional (pgina 47)

    Documento 7Email do Representante do Ministrio da Defesa Nacional (pgina 48)

    Documento 8Carta registada, por correio urgente, enviada pelo Ministrio da Defesa

    Nacional (pgina 49)

    Documento 9Aviso de recepo da carta registada (pgina 50)

    Documento 10Errata do Jornal Dirio de Notcias (pgina 51)

    Documento 11Notcia do Jornal Dirio Econmico (pgina 52)

    Documento 12Notcia do Jornal Pblico (pgina 53)

    Documento 13Despacho n. 369/2012 do Ministro da Defesa (pgina 54)

    Documento 14Extracto bancrio do Ministrio da Defesa (pgina 55)

    Documento 15Guia de transporte (pgina 56)

    Documento 16Guia de transporte (pgina 57)

    Documento 17Guia de transporte (pgina 58)

    Documento 18 Notcia do Dirio de Notcias electrnico de 27 de Maio de 2011

    (pgina 59)

    Lisboa, 29 de Novembro de 2012

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    Despacho de nomeao das Licenciadas em Direito para representao jurdica do

    Ministrio da Defesa Nacional

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    Documento 1

    Contrato de Aquisio de Bens Mveis

    Viaturas Poduro

    1. - Partes e Objecto

    O Estado Portugus, doravante primeira outorgante, celebra com a Estamos-nas-

    lonas, S.A., doravante segunda outorgante, contrato de aquisio de bens mveis cujo

    objecto se traduz na entrega de 260 viaturas modelo Poduro, por parte da segunda

    outorgante, mediante pagamento do preo, por parte da primeira outorgante.

    2. - Dever de Boa F

    1 - As partes comprometem-se, durante o perodo de execuo do contrato, a agir de boa

    f, com respeito recproco das suas posies e interesses; o mesmo dever se aplicar, na

    extenso necessria, fase ps-contratual.

    2 - O dever referido no nmero anterior implica, nomeadamente, que durante a

    execuo do contrato as partes se contactem regularmente em ordem a resolver toda e

    qualquer anomalia que se verifique.

    3. - Viaturas modelo Poduro

    Por viaturas modelo Poduro, doravante, viaturas, entende-se, no presente contrato,

    blindados militares conforme descrio e especificaes tcnicas estabelecidas nas

    pginas 45 e 46 do Catlogo oficial da Estamos-nas-lonas, S.A., tambm disponvel a

    partir dewww.naslonasnosestamos.com/catalog/product/paoduroXPTO .

    4. - Perodo de Execuo Contratual

    O presente contrato executar-se- no perodo de tempo compreendido entre os dias 27

    de Abril de 2010 e 1 de Maro de 2013.

    http://www.naslonasnosestamos.com/catalog/product/paoduroXPTOhttp://www.naslonasnosestamos.com/catalog/product/paoduroXPTOhttp://www.naslonasnosestamos.com/catalog/product/paoduroXPTOhttp://www.naslonasnosestamos.com/catalog/product/paoduroXPTO
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    5. - Valor global do contrato

    O presente contrato tem o valor global de 260.000.000,00 (duzentos e sessenta milhes

    de euros).

    6. - Obrigaes do fornecedor

    1 - A segunda outorgante obriga-se entrega faseada de 260 viaturas, em plena

    conformidade com o fixado na clusula anterior;

    2 - As viaturas devero apresentar-se, data da entrega, em plenas condies de

    funcionamento, sob pena de a primeira outorgante poder recusar a sua entrega e exigir a

    sua substituio por unidade que se encontre nessas condies;

    3 - A segunda outorgante obriga-se prestao de toda e qualquer informao relativa

    ao funcionamento das viaturas que para o efeito lhe seja solicitada pela primeira

    outorgante;

    4 - A segunda outorgante obriga-se, durante o perodo de execuo contratual,

    realizao de sete aces de formao relativas ao funcionamento das viaturas; essas

    aces de formao tero como destinatrios pessoal do exrcito portugus e sero

    realizadas em dia, hora e local a fixar pela primeira outorgante;

    5 - A segunda outorgante obriga-se ainda a proceder, a ttulo gratuito, a todas obras de

    manuteno que se revelem necessrias ao bom funcionamento da viatura, durante o

    perodo de execuo contratual; findo este, a segunda outorgante poder cobrar, em

    relao s mesmas obras, preo que corresponda aos exigidos no seu prerio habitual.

    6 - O disposto no nmero anterior abrange o fornecimento de peas sobresselentes bem

    como de material conexo indispensvel ao funcionamento das viaturas;

    7 - Todas as despesas relativas ao transporte e entrega das viaturas esto a cargo dasegunda outorgante.

    8 - Os nmeros anteriores no esgotam as obrigaes a cargo da segunda outorgante, de

    entre as quais ainda se incluem as que resultem das clusulas seguintes.

    7. - Obrigaes do adquirente

    1 - A primeira outorgante pagar, a ttulo de preo, o valor de 1.000.000,00 (ummilho de euros) por cada viatura;

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    2 - O valor referido dever ser entregue segunda contraente sob a forma de

    transferncia bancria no valor de 1.000.000,00 (um milho de euros), por cada

    viatura, no momento da respectiva entrega.

    3 - A primeira outorgante no dificultar a entrega das viaturas por parte da segunda

    outorgante; em especial, dever para o efeito designar um representante para as receber,

    nos termos das clusulas seguintes.

    4 - Os nmeros anteriores no esgotam as obrigaes a cargo da segunda outorgante, de

    entre as quais ainda se incluem as que resultem das clusulas seguintes.

    8. - Entrega das Viaturas

    1 - A entrega das viaturas far-se- no Ministrio da Defesa de Portugal, sito na seguintemorada: Avenida Ilha da Madeira n. 1, 1400-204 - Lisboa;

    2 - No acto da entrega, devero estar presentes um representante de cada uma das

    outorgantes, devidamente identificado e munido de procurao bastante;

    3 - O fornecimento dividir-se- em 13 (treze) actos, cada um consistindo na entrega de

    20 viaturas;

    4 - As datas fixadas para cada acto de entrega so as seguintes:

    1. entrega: 30 de Abril de 2010;2. entrega: 2 de Agosto de 2010;

    3. entrega: 3 de Janeiro de 2011;

    4. entrega: 2 de Maio de 2011;

    5. entrega: 1 de Junho de 2011;

    6. entrega: 1 de Agosto de 2011;

    7. entrega: 2 de Novembro de 2011;

    8. entrega: 2 de Janeiro de 2012;

    9. entrega: 2 de Abril de 2012;

    10. entrega: 1 de Agosto de 2012;

    11. entrega: 3 de Outubro de 2012;

    12. entrega: 2 de Janeiro de 2013;

    13. entrega: 1 de Maro de 2013;

    5 - Em cada acto de entrega o representante da primeira outorgante dever passar recibo

    onde atestar o recebimento.

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    9. - Pagamento do Preo

    A primeira outorgante pagar o preo acordado no dia de cada entrega atravs de

    transferncia bancria, para o NIB n 0035 4587 4142 9832 1473 25, entre as 9h e as

    15h, antes do fecho dos Bancos.

    10. - Disposies Finais

    Em tudo o que no tiver sido previsto, aplica-se ao contrato o regime constante dos

    artigos 437. a 449. do Cdigo dos Contratos Pblicos.

    Lisboa, 26 de Abril de 2010

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    Documento 3

    Entradas e Sadas do Ministrio da Defesa Nacional

    Visitas

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    Documento 4

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    Documento 5

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    Documento 6

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    Documento 7

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    Documento 8

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    Documento 9

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    Documento 10

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    Documento 11

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    Documento 12

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    Documento 13

    Notificao

    Despacho 369/2012

    O Ministrio da Defesa vem por esta via comunicar Estamos -nas-Lonas S.A., quedecidiu pr termo ao contrato de fornecimento de 260 viaturas Poduro celebrado entreas duas entidades a 26 de Abril de 2010.

    Para esta deciso unilateral concorreram, por um lado, os sucessivos incumprimentos daparte do co-contraente: atrasos nas entregas e defeitos nas viaturas j entregues so asnotas mais visveis de um cenrio global de desrespeito grave em relao a todo ovnculo contratual.

    Por outro, h que recordar as difceis condies econmico-financeiras do pas, que nopermitem a manuteno de contratos de to elevado valor como o presente. Oexcepcional interesse pblico assim o impe.

    Lisboa, 15 de Novembro de 2012

    O Ministro da Defesa,

    (Jos Pedro Aguiar-Branco)

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    Documento 16

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    Documento 18