conteúdo mitologia Yorubá

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    Sumrio

    Prefcio - pg. 2

    Introduo - pg. 5

    Definies - pg. 8

    O Mito - pg. 9

    Primeiro captulo A Criao - pg. 14

    Segundo captulo A Concepo - pg. 41

    Terceiro captulo A Sntese - pg. 51

    Quarto captulo O Homem - pg. 60

    Prlogo Rev. Caio Fbio pg. 90

    Mensagem Poema Zen - pg. 97

    Dados Bibliogrficos - pg. 98

    Glossrio - pg. 101

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    Prefcio

    Joana Elbein dos Santos, no livro Os Ng e a Morte, em sua tesede Doutorado em Etnologia na Universidade de Sorbonne emParis, traduzida pela Universidade Federal da Bahia, forneceu-meos dados necessrios sobre os dois princpios responsveis pelaGnese do Universo, - Obtl e Oddw, que disputam o ttulode rs da Criao, revelando-me que houve um embate pelasupremacia entre estes dois princpios; sendo assim, um fatorconstante em todos os mitos e textos litrgicos Ng. Segundoela, em alguns mitos, Oddw, tambm chamado Oda, arepresentao deificada das Iy-mi, a representao coletiva dasmes ancestrais e princpio feminino onde tudo se origina. Assim,Od corresponde a Obtl ou rsl, que o princpio criativomasculino.Desejo, atravs deste trabalho, mostrar o significado dos rs-funfun na Gnese do Universo, no seu Cosmo-Gnese, comotambm, o seu significado psicolgico e humano, atravs do tngb-nd i, revelado pelo Od-If trpn-wnrn; assimcomo, demonstrar que os mitos cosmognicos no descrevem oincio absoluto do mundo, mas, o surgimento da conscinciacomo segunda criao. Observem que ningum percebe que semuma mente reflexiva no h mundo, e que, por conseguinte, a

    conscincia um segundo criador do mundo. Carl G. Jung. O fato de ter feito analogias com textos bblicos cristos, taostas,budistas, teosficos, esotricos, exotricos e psicolgicos paradecodificar a mensagem mtica deste tn teve por finalidadeesclarecer aos leitores, com os seus acervos culturais, psicolgicose religiosos, que todos os vasos so de ouro puro, comodizemos mestres budistas. Ou seja, a Verdade Una, chegou para todosde forma diferenciada, apenas na sua forma, - conforme a sua

    cultura.

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    Observei que a cosmo viso religiosa do Candombl fortementeinfluenciada pela concepo de mundo na tradio Yorub, e queessa tradio possui uma grande complexidade devido falta deuniformidade, permitindo assim um grande nmero de conceitose interpretaes por no ter nenhuma instncia que sirva dereferncia e medida para o todo. Em compensao, h uma visounitria bsica da existncia que compartilhada pelos filhos desanto. A concepo Yorubde mundo existe em dois nveisdenominados doubl,iy e Orn, que no so locaisseparados existencialmente, mas, formas e possibilidadesdiferenciadas entre si, que no se ope uma a outra, existindo deforma paralela apenas. Logo, o iy no um nvel de existnciafora do Orn, mas, um tero que o fecunda e manifesta toda asua criatividade ilimitada, gerando um equilbrio. Um no subsistesem o outro, e desta harmonia depende todo universo e suasformas de vida. A manuteno deste equilbrio harmnico nanatureza e no ser o objetivo do Candombl atravs de suasatividades religiosas. A Gnese Ng Yorub retrata atravs domito Igb-Od a luta travada entre os princpios responsveispela Criao, Obtl e Oddw para o restabelecimento dessaharmonia partir do conflito gerado por suas polaridadescomplementares. Obtl o elemento criativo idealizador,Oddw, o elemento gestor de toda a existncia material, fsicae humana. A mensagem deste belssimo Itn tem a finalidade denos mostrar que s atravs da individuao e integralidade dosopostos possvel gerarmos algo criativo com sucesso eharmonia.Algumas pessoas no decorrer deste trabalho, no discerniramcom facilidade o termo individuao criado por Carl Gustav Jung,por isso, tentarei esclarec-lo para uma melhor compreenso.H uma enorme diferena entre individuao e individualismo,pois, a individuao respeita as normas coletivas de umasociedade e, o individualismo as combate. A individuao umprocesso no qual o ego visa tornar-se diferenciado dacoletividade com tendncias inconscientes, apesar de nela viver eainda assim, ampliar as suas relaes sociais. J o individualismo,cede tendncias egocntricas e narcisistas, identificando-se com

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    papis coletivos inconscientes. A individuao integra o serlevando-o realizao espiritual e ao Self ou Eu superior, ao invsda satisfao egtica. Este processo porm, s alcanadoatravs de uma grande resistncia e defesa do ego, que geraassim, um grande conflito. Muitas vezes, sonhamos com figurasque tendem a demonstrar a necessidade de uma integralidadecom a polarizao oposta nossa conscincia. Precisamos a partirda saber de forma consciente o recado que o nosso inconscientenos d, integralizando-nos, acabando assim com o conflito quebloqueia o crescimento espiritual exigido. Como exemplo, darei osonho Bblico de Jac, em Gnesis 28:10 onde o mesmo, depoisde uma cansativa viagem pelo deserto, deita-se e recosta suacabea sobre uma pedra para dormir. Depara-se em sonho com aimagem de uma grande escada que se apia na terra e chega aoscus. Os anjos do Senhor sobem e descem os seus degraus! Eisque Iahweh estava de p diante dele e lhe disse: Eu sou o Deusde Abrao. A terra sobre a qual dormiste, eu a dou t e a tuadescendncia. Eu estou contigo e te guardarei em todo o lugaronde fores, e te reconduzirei a esta terra, porque no teabandonarei enquanto no tiver realizado o que prometi. Estesonho arquetpico nos revela a ajuda que o Self nos d atravs deimagens onricas que intermediam essa jornada de crescimento eintegralidade, vencendo em primeira instncia as contendas doinconsciente pessoal para depois ir para o coletivo, sua novaetapa, aquela que Deus escolhera para ele. Observe, que Jac aoacordar deduz assustado:Na verdade o Senhor est neste lugar,e eu no o sabia! Teve medo e disse: Este lugar terrvel!Olocal deste encontro Bblico sombrio e terrvel, como relata Jac,porm, s a a casa de Deus, - o inconsciente, uma casa de Deus,onde o sonho a porta dos cus! Portanto, sede vs perfeitoscomo perfeito o vosso Pai Celeste. Esta a proposta de Jesusem Matheus 5:48, uma meta que deve ser aspirada por todos osseres para a sua evoluo espiritual, trocando o conceito de beme mal por algo que lhe convm ou no para a sua evoluo. Essaperfeio fruto de um consenso espiritual entre os sereshumanos partir da Graa que o Consolador intermedia-nos

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    Introduo

    H sempre a oportunidade de fazermos uma oferenda para aqualidade momento que estamos vivenciando.O mito Ng Yorub, Igb-Od, uma Gnese que retrata essesbio conselho, necessrio ao nosso desenvolvimento pessoal euma anteviso do caminho a ser percorrido. Juana Elbein dosSantos.A religio Nag Yorub rica em contos mticos, fazendo-senecessrio lembrar que o mito uma entidade viva que existedentro de ns, como um arqutipo ancestral coletivo do nossoinconsciente. Se o imaginarmos como um espiral, girando debaixo para cima, como principio dinmico de evoluo no nossointerior, seremos ns capazes de captar a sua verdadeira formae sentir como ele est vivo dentro de ns. Juana Elbein dosSantos.Quando apresentamos um mito como este, existe para apessoa que o vivencia, um efeito curativo; devido suaparticipao enquadrado nela um arqutipo decomportamento e, desse modo pode chegar pessoalmente integralidade. Se esses arqutipos, fatos pr-existentes e pr-formadores da nossa psique forem considerados como simplesinstintos, como demnios ou deuses, em nada altera o fato desua presena atuante em ns. Mas far certamente uma grandediferena, se ns os desvalorizarmos com simples instintos, os

    reprimindo como demnios, ou os supervalorizarmos comodeuses. Carl G. Jung.Espero que esse conto mtico produza insights compreensveisao meio, - o povo do santo do Candombl, como tambm atodos que buscam uma integrao com o grupo como caminhode individuao e crescimento espiritual.Os mitos, assim como toda cultura Yorub religiosa, no foramcriados por um indivduo, so experincias e produtos da

    imaginao de um povo em todas as suas geraes. medidaque so contados, recontados e vividos, vo agregando novas

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    experincias e aperfeioando-se de forma lapidar. Dessa forma,expressam as imagens do inconsciente coletivo de toda umacultura e descrevem nveis de realidade que exprimem omundo, sua manifestao exterior, racional e consciente, assimcomo, os mundos interiores, inconscientes, poucocompreensveis por ns. Quero crer que sentimentos fortes iroaflorar quando alcanarmos o insight psicolgico que os mitosnos trazem. Por serem imagens arcaicas e distanciadas da nossarealidade, primeira vista, no nos so compreensveis, porm,iro aflorando conscincia e sero discernidosprazerosamente, ajudando assim a nos integrarmos.Existem segundo recentes pesquisas, diferentes enfoques everses sobre a Criao do Mundo no conceito Yorub. As maisconhecidas so as de Juana Elbein dos Santos, esposa de MestreDidi; o belssimo trabalho do Fatumbi, - Pierre Verger, comalguns renomados nomes, como seguidores; o de Ney Lopes,profundo conhecedor e pesquisador da cultura negra e africana;o esclarecedor trabalho de Adilson de sl, apresentando-o deforma acessvel para os menos esclarecidos; o do dedicado eprofundo conhecedor, - o pesquisador Jos Beniste, a quemhoje o Candombl deve a sua divulgao e profunda pesquisa,e, o mais atual, o de Gisele Omndarew Crossard, AW.Me Gisele, relatou-me que em suas viagens constantes aocontinente africano, em suas pesquisas de campo com babalasafricanos, que Obtl criou o mundo com a ajuda deYeyemowo, sua esposa, e, que o primeiro ser criado por elechamava-se Lamurudu, fundador da cidade de If. Que, no sedando bem por l, foi badalar pelo mundo. Nas suas andanas,teve um filho a quem deu o nome de Oddw. Antes demorrer, Lamurudu aconselhou seu filho Oddw a ir at f, oque ele fez prontamente. Oddw, em If teve um filhochamado Okambi e esse teve sete filhos, que a partir delescriaram outros reinos no pas Yorub. Disse-me ela, que naNigria, as escolas ensinam para as crianas nos livros, queOddw o fundador de If e considerado um ancestraldivinizado.

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    Continuando o seu relato, conta-me ela, que encontrou emCotonu, cidade africana, uma mocinha feita para Oddw.Disse-me tambm que ao se aprofundar nos fundamentosYorubs, mais perplexa ficou evitando por isso construir umatese como esta, sobre a dualidade masculino-feminina deObtl, na Gnese da Criao, e o Caminho de Volta...Agradeo a ela o incentivo dado ao ler em primeira mo, via e-mail, este trabalho aqui apresentado, como tambm, a suaelegncia e humildade em consider-lo. Por que ento escolhia pesquisa de campo de Joana Elbein dos Santos comoreferncia? Para mim, em se tratando de uma Gnese, suponhoque nada antes existia de forma manifesta e material, logo, nodevo confundir o dedo que aponta para a luz, com a prprialuz.

    O Autor

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    Definies

    Os mitos foram primeira expresso da eterna busca decompreenso do homem acerca do mundo e de si mesmo.Diferentes da cincia, que busca o como, os mitos explicamporque as coisas so assim., por isso, a forma mais concretada verdade.

    Alan Watts (escritor e conferencista).

    O mito encarna a abordagem mais prxima da verdadeabsoluta que pode ser expressa em palavras.Ananda Coomacaswamy (1877-1947) Filsofo indiano.

    O mito o estgio intermedirio natural e indispensvel entre acognio inconsciente e a consciente. Compreendi subitamenteo que significa viver com um mito e o que significa viver semele. Portanto, o homem que pensa que pode viver sem o mito,ou fora dele, uma exceo. como uma pessoa desenraizada,sem um verdadeiro vnculo com o passado, com a vida ancestraldentro dela, ou com a vida contempornea.

    Carl Gustav Jung (Psicanalista).

    Criar um mito, isto , aventurar-se por traz da realidade dossentidos com o intuito de encontrar uma realidade superior, osinal mais manifesto da grandeza da alma humana e a prova desua capacidade de infinito crescimento e desenvolvimento.Louis Auguste Sabatier (1839 1901) Telogo protestantefrancs.

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    O Mito

    Esta histria-mtica (tn), sobre a criao do mundoencontra-se revelada no livro Os Ng e a Morte, de JuanaElbein dos Santos e, faz parte do conjunto de textos oracularesde If, segundo ela. Representando um dos duzentos ecinqenta e seis signos, denominados Od. Segundo Juana,este tan pertence ao od-If trpn-wnrn, sendo apenasuma verso resumida devido ao tamanho do seu texto e ariqueza de dados.

    Tento aqui apenas ilustrar ao leitor a origem, assimcomo mostrar a beleza dos seus fundamentos que me serviramde base para uma viagem arquetpica com os seus personagensmticos.tn gb-nd iy: Quando Olrun decidiu criar a terra,chamou Obtl e entregou-lhe osaco da existncia, p-iw,e deu-lhe a instruo necessria para a realizao da magnatarefa. Obtl reuniu todos os rs e preparou-se sem perdade tempo. De sada, encontrou-se com Oda que lhe disse ques o acompanharia aps realizar suas obrigaes rituais. J nona-run, - caminho, Obtl passou diante por s, este,grande controlador e transportador de sacrifcios, que dominaos caminhos, perguntou-lhe se ele j tinha feito as oferendaspropiciatrias. Sem se deter, Obtl respondeu-lhe que notinha feito nada e seguiu o seu caminho sem dar maisimportncia questo. E foi assim que s sentenciou que

    nada do que ele se propunha empreender seria realizado. Com efeito, enquanto Obtl seguia seu caminho, comeou ater sede passou perto de um rio, mas no parou. Passou poruma aldeia onde lhe ofereceram leite, mas ele no aceitou.Continuou andando. Sua sede aumentava e era insuportvel. Derepente, viu diante de s uma palmeira Ig-pe e, sem se poderconter, plantou no tronco da arvore o seu cajado ritual, o p-sr, e bebeu a seiva (vinho de palmeira). Bebeu

    insaciavelmente at que suas foras o abandonaram, at perderos sentidos e ficou estendido no meio do caminho. Nesse meio

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    tempo, Oda, que foi consultar If, fazia suas oferendas a s.Seguindo os conselhos dos babalwo, ela trouxera cincogalinhas, das que tem cinco dedos em cada pata, cinco pombos,um camaleo, dois mil elos de cadeia e todos os outroselementos que acompanham o sacrifcio. s apanhou estesltimos e uma pena da cabea de cada ave e devolveu a Oda acadeia, as aves e o camaleo vivos. Oda consultou outra vezos babalwo que lhe indicaram ser necessrio, agora, efetuarum ebo, isto , um sacrifcio, aos ps de Olrun, de duzentosgbin, - os caracis que contm sangue branco, a gua queapazigua,- omi-r.Quando Oda levou o cesto com os gbin, lrun aborreceu-sevendo que Oda ainda no tinha partido com os outros. Odano perdeu a sua calma e explicou que estava obedecendo ordem de If.Foi assim que lrun decidiu aceitar a oferenda, e ao abrir oseu pre-od - espcie de grande almofada onde geralmenteEle est sentado, para colocar a gua dos gbin, viu, comsurpresa, que no havia colocado no p-w - bolsa daexistncia - entregue a Obtl, um pequeno saco contendo aterra. Ele entregou a terra nas mos de Oda, para que ela porsua vez a remetesse a Obtl.Oda partiu para alcanar Obtl. Ela o encontrou inanimadoao p da palmeira, contornado por todos os rs que nosabiam que fazer. Depois de tentar em vo acord-lo, elaapanhou o p-w que estava no cho e voltou para entreg-lo a Olrun. Este decidiu, ento, encarregar Oda da criao daTerra. Na volta de Oda, Obtl ainda dormia; ela reuniu todosOrs e, explicou-lhes o que fora delegado por Olrun e eles,dirigiram-se todos juntos para o run ks por onde deviampassar para assim alcanar o lugar determinado por lrun paraa criao da terra. s, gn, ssi e ja conheciam ocaminho que leva s guas onde iam caar e pescar. gnofereceu-se para mostrar o caminho e converteu-se no Asiwaje no Olln aquele que est na vanguarda e aquele quedesbrava os caminhos. Chegando diante do p-run-on-iy, o pilar que une o run ao mundo, eles colocaram a cadeia

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    ao longo da qual Oda deslizou at o lugar indicado por cimadas guas. Ela lanou a terra e enviou Eyel, a pomba, paraesparram-la. Eyel trabalhou muito tempo. Para apressar atarefa, Oda enviou as cinco galinhas de cinco dedos em cadapata. Estas removeram e espalharam a terra imediatamente emtodas as direes, direita, esquerda e ao centro, a perder devista. Elas continuaram durante algum tempo. Oda quis saberse a terra estava firme. Enviou o camaleo que, com muitaprecauo, colocou primeiro a pata, tateando, apoiando-sesobre esta pata, colocou a outra e assim sucessivamente atque sentiu a terra firme sob suas as patas.

    Ole? Kole?Ela esta firme? Ela no est firme?

    Quando o camaleo pisou por todos os lados, Oda tentou porsua vez. Oda foi a primeira entidade a pisar na terra,marcando-a com sua primeira pegada. Essa marca chamadaes ntaiy Oddw.Atrs de Oda, vieram todos os outros rs colocando-se sobsua autoridade. Comearam a instalar-se. Todos os diasrnml patro do orculo consultava If para Oda. Nessemeio tempo Obtl acordou e vendo-se s sem o p-w,retornou a lrun, lamentando-se de ter sido despojado dop.lrun tentou apazigu-lo e em compensao transmitiu-lhe osaber profundo e o poder que lhe permitia criar todos os tiposde seres que iriam povoar a terra.A narrao diz textualmente:Is jlo y nni seda, ti fi mo seda won nyn ti orsirsiohun gbogbo t m de iy un ti igi gbogbo, tkn,koriko, eranko, eie, eja, ati won nyn. Os trabalhos transcendentais de criao permitir-lhe-iam criartodos os seres humanos e as mltiplas variedades de espciesque povoariam os espaos do mundo: todas as rvores, plantas,ervas, animais, aves, pssaros, peixes, e todos os tipos dehumanos.

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    Foi assim que Obtl aprendeu e foi delegado para executaresses importantes trabalhos. Ento, ele se preparou para chegara terra. Reuniu os rs que esperavam por ele, Olfn, Eteko,Olorogbo, Olwofin, gyn e o resto dos rs-funfun.No dia em que estavam para chegar, rnml, que estavaconsultando If para Oda, anunciou-lhe o acontecimento.Obtl, ele mesmo, e seu squito vinham dos espaos dorn. rnml, fez com que Oda soubesse que se elaquizesse que a terra fosse firmemente estabelecida e que aexistncia se desenvolvesse e crescesse como ela haviaprojetado, ela devia receber Obtl com reverncia e todosdeveriam consider-lo como seu pai.No dia de sua chegada, rsnl, foi recebido e saudado comgrande respeito:

    1. Oba-l o k b!2. Oba nl m w d oo!3. O k rn!4. Er w dj.5. Er w dj6. Olw iy wny .

    1. Oba-l, seja bem-vindo!2. Oba nl (o grande rei) acaba de chegar!3. Saudaes por ocasio da viagem que acaba de fazer!4. Os escravos vieram servir seu mestre.5. Os escravos vieram servir seu mestre.6. Oh! Senhor dos habitantes do mundo!

    Oda e Obtl ficaram sentados face a face, at o momentoem que Obtl decidiu que iria instalar-se com sua gente eocupariam um lugar chamado dta. Construram uma cidade erodearam-na de vigias. Segue-se um longo texto, segundo oqual os dois grupos se interrogavam a fim de saber quemrealmente devia reinar. Se Obtl poderoso, Oddwchegou primeiro e criou a terra sobre as guas, onde todosmoram. Mas tambm foi Obtl quem criou as espcies e

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    todos os seres. Os grupos no chegavam a um acordo e asdivergncias e atritos se fizeram cada vez mais srios atterminar em escaramuas.As opinies no eram constantes e os partidrios de um ou deoutro tanto aumentavam ou diminuam de acordo com o queparecia ser mais poderoso, at que explodiu uma verdadeiraguerra, colocando em perigo toda a criao. rnml interveioe um novo Od, wor-gbr, trouxe a soluo. Esse signoapareceu no dia em que rnml consultou If a fim de quesolucionasse a luta entre rsnl e Oda. rnml usou detoda sua sabedoria para fazer Oda e Obtl virem a Oropo,onde conseguiu sent-los face a face, assinalando a importnciada tarefa de cada um deles; reconfortou Obtl, dizendo queele era o mais velho, que Oda havia criado a terra em seu lugare que ele tinha vindo para ajudar e para consolidar a criao eno era justo que ele botasse tudo a perder. Depois, convenceuOda a ser amvel com Obtl: no tinha sido ela quem haviacriado a terra? Por acaso Obtl no tinha vindo do rn paraque convivessem juntos? Por acaso, todas as criaturas, rvores,animais e seres humanos no sabiam que a terra lhe pertencia?In Oda ro,In Orixal naa a si ro.Oda apazigou-se, Obtl tambm se apazigou.Foi assim que ele fez Oda sentar-se sua esquerda e Obtl sua direita e colocando-se no centro, realizou os sacrifciosprescritos para selar o acordo. a partir desse acontecimento,que celebram anualmente os sacrifcios e o festival com repasto(ododn sise), que rene os dois grupos que cultuam Oddwe Obtl, revivendo e ritualizando a relao harmoniosa entreo poder feminino e o poder masculino, entre o iy e o rn, oque permitir a sobrevivncia do universo e a continuao daexistncia nos dois nveis.O feminino e o masculino complementando-se para poderconter os elementos-signo que permitem a procriao e acontinuidade da existncia.

    Juana Elbein dos Santos

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    Primeiro Captulo

    A Criao

    Nosso tn towdw, - conto dos tempos imemoriais,comea como todos os outros: Era uma vez um reino... E,como sempre, existe um reino que o incio de tudo.Em termos prticos, esse reino significa a nossa vida interior,pois nesse tn se expressa um conhecimento imediato danossa alma, por assim dizer, um conhecimento que ela trouxeconsigo, pois o mais velho do mundo, simblico, umaparbola para o caminho do ser humano no reino interior, queno desse mundo...Como sempre, nesse reino h um rei, aqui chamado Oldmar,conhecido como jlrn e lrun, Senhor ou Rei do rn,oAlblxe - Senhorque tem o poder de sugerir e realizar;aFora Vital e o Universo; ou seja, um Ob arinn-rde, -Senhor que concentra em si mesmo tudo o que interior eexterior, tudo o que oculto e o que manifesto. Assim,lrun criou Obtl, Oddw, If e Ltp; criando assim, oprincipio masculino criativo e o principio feminino receptivo,o conhecimento e sabedoria e, o princpio dinmico -catalisador.Vivia Ele na companhia de muitos filhos, estes, por um lado,expressavam as suas manifestaes, os seus atributos eobedeciam a uma hierarquia de funes. Dividiam-se, a

    princpio, em dois grupos principais: rs e bora.O filho que ocupa a mais alta funo hierrquica nestepanteo Adjgunal ou rnml, como mais conhecido;outro funfun, que originrio da fuso de duas energiasfemininas, Tor e Geg, - o Sacerdote do Reino, o Gbiy-gbrun, aquele que vive tanto no Cu como na Terra, aqueleque representa a sabedoria expressa do pai Oldmar, oprincpio do conhecimento expresso; o Elrpn - testemunha

    do destino, ou Altnxe iy, - aquele que coloca o mundoem ordem. Seu nome significa:o Cu conhece a salvao.

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    quem estabelece os desgnios atravs do orculo, chamadoIf, depositrio do princpio de conhecimento e sabedoria delrun, sistema que nos deixou como legado atravs dostempos.O princpio no qual se baseia o sistema If, com o seu opl, ouo rindilogum, chamado jogo de bzios, que se encontraaparentemente em profunda contradio com a concepo domundo ocidental, cientfica e tecnolgica; apesar de ser arcaicotem um sistema binrio, onde seus 16 Omo-Od consultam-secom os 16 Od principais, totalizando assim, 256 combinaes;igual ao conceito do computador de hoje. Em outras palavras,arrisco dizer, proibido, uma vez que incompreensvel e, fogeao nosso juzo racional. O sistema If no se baseia no princpioda causalidade, e sim, num princpio que Carl Gustav Jungdenominou de princpio de sincronicidade;pois existemmanifestaes paralelas e comuns entre si que no serelacionam absolutamente de modo causal. Tal conexo baseia-se essencialmente na simultaneidade de eventos. Ou seja, tudoo que acontece no iy simultaneamente ocorre no rn, pois l a matriz espiritual do que se manifesta aqui. Longe de seruma abstrao, o tempo apresenta-se como continuidadeconcreta, contendo qualidades e condies bsicas que semanifestam em locais diferentes com simultaneidade, numparalelismo que no se explica de forma causal. Sendo assimapresentado no conceito Yorub dedobl, - o assim na terracomo no cu, ocidental e cristo.Se considerarmos a existncia dos diagnsticos do orculo Ifcorretos, estes sem dvida, no se baseiam nas influncias dosOd, mas, nas hipotticas qualidades-momento do tempo, queos representa. Ou seja, o que nasce ou criado num dadomomento, adquire as qualidades deste momento.Jung. Esta a frmula bsica do orculo If, atravs de rnml, ou, orndilogum, onde o patrono s.s leva como mensageiro para rnml o problema, e, sunrevela-o, atravs do quadro de Od a soluo, ao manifest-lona cada dos bzios. Sabe-se que o conhecimento do Od oque reproduz a qualidade do momento e, que obtido atravs

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    da manipulao puramente causal do opel ou dos bzios. Osbzios caem conforme se apresenta qualidade-momentodobl. A qualidade oculta do momento expressa e reveladaatravs do signo smbolo do Od If, tornando-se ento legvelatravs do seu tn, - estria arquetpica, que nos mostra ocaminho e a soluo, atravs da sua mensagem metafrica e, doritual propiciatrio, - ebo.O nascimento de uma situao corresponde configurao dosbzios cados, o signo-smbolo-od e, a qualidade-momento aotn, - conto mtico que o apresenta como um caminhoindicado pelo Od If. Esse legado oracular que hoje em dia usado pelas tradicionais casas, denominado SistemaBmgbs.Todavia, essa sabedoria fica imobilizada sem oprincpiodinmico - s, o filho mais irreverente e poderoso do panteoafricano, pois nada pode existir sem a sua participao ecolaborao, o que bvio. Alm disso, para ns ocidentais, toracionalistas, necessrio ter f para aceitar os desgnios de umorculo, ou de um sonho com uma mensagem arquetpica.Para elucidar melhor o conceito de sincronicidade acimadescrito, darei como exemplo a estria que Shree BraghavanRascheneesh Osho, nos relata em um dos seus livros.Havia um rabino chamado Eisik filho do rabino Yekel, dacidade de Cracvia.Assim comea o relato:O rabino Eisik era um homem muito pobre e, h trs dias,estava tendo um sonho que relatava para ele haver na cidadede Praga, um tesouro enterrado embaixo de uma ponte queliga a cidade ao castelo do rei. Eisik resolveu ento viajardurante trs dias e trs noites at a referida capital. Lchegando, descobriu que a ponte que dava acesso ao casteloera bem guardada pelos guardas do rei. Dia e noite, estava elerondando a ponte para ver a possibilidade de descer at as suasbases e cavar. Seis dias se passaram, no stimo, foirepentinamente abordado pelo capito da guarda local, que jo observava h dias. O capito, dirigindo-se a ele gentilmente,perguntou-lhe se esperava algum ou se procurava algumacoisa ali, naquele lugar.

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    Eisik contou-lhe o sonho que tivera h seis dias. O capito riu-sedele, dizendo: amigo, voc ainda acredita em sonhos, a pontode gastar os seus sapatos e ter que viajar uma distncia tolonga, s para ver se o seu sonho verdadeiro? Imagine, poiseu tive a mesma experincia que voc, h seis dias. Sonhei quehavia um tesouro enterrado em baixo de um fogo na casa deum rabino chamado Eisik, filho de Yekel da cidade de Cracvia.Agora, observe bem, disse sorrindo, se eu acreditasse emsonhos, teria que ir at Cracvia, onde a metade dos judeuschama-se Eisik e a outra metade Yekel.O rabino Eisik ao ouvir o capito da guarda, agradeceu fazendouma reverncia, saindo de volta sua casa na cidade deCracvia.Trs dias depois, cansado da viagem, cavou em baixo do seufogo e achou ento o seu tesouro enterrado. Construiu entouma bela casa de oraes com o nome: O Shul do rabinoEisik. Ambos tiveram o mesmo sonho arquetpico, porm um sacreditou e partiu para a sua realizao. O pressgio foi omesmo, a diferena quem fez foi f. O mesmo se d quandoum quadro de Od se configura numa cada e um ebo estabelecido; precisamos agir sem demora, doravante.Bem, voltando ao nosso tn: Diz o mito Yorub, que lrunno estava satisfeito com tanta perfeio sua volta, tudo eraeterno no seu mundo inconsciente e, com isso, a ociosidade erareinante. Algo precisava ser feito urgentemente para reverteresse quadro. Foi quando teve uma grande idia, que seria semdvida alguma, o fim daquela situao. Cogitou ento, criar ummundo diferente do seu, mas, que fosse tambm uma extensodeste. Seria habitado por seres mortais, passveis de erros ecom nveis de discernimento diferentes. Iria criar um mundoconsciente, manifesto e cclico, - algo bem dinmico!Convoca lrun, para esclarecer detalhes e estabelecercritrios, os rs e bora no seu projeto, pois, cada um delespossua uma caracterstica sua, assim como, um atributo e umprincpio seu.

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    Segundo o conto mtico, lrun escolheu ento Obtl, seufilho mais velho, que significa: o rei dapureza tica, quereunia seu princpio ativo-masculino e criativo, assim como, oprincpio passivo-feminino Oddw, sua contraparte eirmo. Possua, ele, Obtl, uma natureza andrgina porexcelncia, pois continha essa fuso do estado primordial. Reservou-lhe ento lrun, por suas qualidades intrnsecas, agrande misso de criar um mundo manifesto e consciente,assim como, comandar todos os outros rs nesta importanteempreitada.Observem que doravante nem sempre tudo caminhar s milmaravilhas, compreensvel; especialmente, se nsconsiderarmos a ancestralidade dos responsveis por essamisso e, que os problemas que fundamentaram essa Criao jestavam nos planos de lrun: a idia de livre arbtrio eestgios de evoluo espiritual. Os rs possuem uma hierarquia maior que os bora, porserem princpios comuns a toda existncia, o princpio criativo-masculino e, o princpio receptivo-feminino que, em maior oumenor grau, esto presentes em toda manifestao. Sodenominados rs funfum,por serem ligados ao branco e,nossos pais celestiais, pois personificam o estado original:masculino e feminino, no mbito celeste, ou seja, no mundo dasidias e sentimentos; so, pois, a expresso de dois princpiosprimordiais, que se tornam unos quando justapostos.Devo esclarecer que aqui, a justaposio, tem a ver comintegralidade e totalidade, no com perfeio conceitual. J osbora so os atributos presentes em toda manifestao,envolvendo assim, a qualidade da energia, a personalidade e otipo fsico. So os nossos pais terrenos.Ficando entendido,serem ambos considerados os nossos genitores mticoseterrenos.Obtl, o mais velho, reunia em si todos os princpiosnecessrios misso de criar um mundo dinmico chamadoAiy e habit-lo. Tinha ele a capacidade de tornar visvel ocontedo do mundo interior, dando-lhe forma, plasmando-o.Alm de possuir os princpios masculino-criativo e feminino-

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    receptivo, possua tambm o Iw, princpio de existnciagenrica, o se, princpio de realizao, e o b, princpio queinduz um sentido, um objetivo e uma direo. Ele, Obtl, aqualidade da configurao energtica que antecede o contextodinmico de cada situao. O contexto dinmico provm des, e sua configurao e manifestao, de Oddw. Um,idealiza, o outro germina e, o outro cria.Faltava a ele, entretanto, para concretizar a sua importantemisso, considerar o princpio mais importante para que aCriao pudesse se tornar possvel: s Latop, - o elementocatalisador, que mobiliza, desenvolve, transforma, comunica,faz crescer e coloca todos os outros princpios manifestos emao; sendo gerador de s Sigidi, s Barb e s Yangi -protomatria do Universo, responsvel por todos os outros sprovenientes do Big-Bang.Por estar correlacionados, viremde uma mesma origem, e, a partir da exploso, separados;continuam co-relacionados entre si nas nove moradas,- comoprincpio dinmico do Universo.lrun, seu pai, rene-os, e passa para ele Obtl, o p-w,saco da existncia, que continha o materialmtico e simblico,necessrio para a criao do iy, a Terra e, dos ra-aiy; ouseja: de seus habitantes.Nas suas precisas instrues, observou ao seu filho Obtl,serem necessrios certos preceitos para a realizao da grandemisso; sendo o primeiro deles, a proibio de beber da seivada palmeira do dendezeiro Igu-pe, chamado vinho depalma, que o elemento-atributo e genitor da prpriaconstituio de Obtl, que representa o sangue brancovegetal.Veremos mais tarde, o porqu dessa proibio e suasconseqncias, quando no observada com a devidaconsiderao. A segunda instruo Obtl buscar osfundamentos necessrios Criao com rnml, o sacerdote,que detm o princpio do conhecimento, pois ele representa aVontade do Pai, reveladaatravs do sistema f.Logo aps as recomendaes do seu Pai, Obtl foi procurade rnml Bb If para saber os desgnios da sua misso,

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    mas, ao passar por Oddw, seuirmo, no lhe deu a menorateno, ignorando-o. Ele sentindo a sua indiferena, avisou aObtal que s o acompanharia aps ele realizar suasobrigaes rituais a s, conforme o que o orculo Ifestabelecesse.Aqui, Obtl ao tomar conscincia de sua importncia e da suaimportante misso, torna-se soberbo e vaidoso. Sua avaliaoagora apenas intelectual, desconsiderando a sua contrapartefeminina, sentimental e emocional em Oddw.Precisamos saber que, em Obtl, sua contraparte, - sua alma,precisa de um momento de considerao, reconhecimento,recolhimento e avaliao interna, isto , contatando-seinternamente, verificando os seus verdadeiros desejos, esentimentos. Ou seja, Obtl precisava naquele momentoconsiderar e resgatar a sua polaridade feminina, to importantepara que a sua misso desse certo. Assim, perderia a angstiade estar separado de si mesmo, tornando-se assim, silencioso,meditativo, consciente do seu rico interior e aberto vida.Obtl inteiramente Criativo, enquanto o rumo do destinonatural se encaminha para sua meia-noite, as suas foras ativase criativas insistem em permanecer despertas, entretanto. A lutacom Oddw representa o destino de mutaes inevitveis, e,o consciente do ego de Obtl tende a permanecer vivo edefinidoapesar das circunstncias...

    Depois de muito tempo destinado aos preparativos daconsulta ao orculo If, rnml abre amesa de jogo com osigno Od-If responsvel pela qualidade-momento daquelamisso, - j Ogb, o Od da vida, que simboliza o princpiomasculino, rege o sol, o dia e a abbada celeste. Foi aquele querecebeu a incumbncia de administrar uma parte do Universo, oOriente. responsvel pelo movimento de rotao da Terra. Elecontrola os rios, as chuvas e os mares, a cabea humana e asdos animais, o pssaro Ieklek consagrado a sl, o elefante,o co, a rvore Irko e as montanhas. A Terra e o Marpertencem a este signo; assim como todas as coisas brancaspertencem a ele. Rege o sistema respiratrio e tem tambm,

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    sob suas ordens, a coluna vertebral, todos os vasos sangineos,apezar do sangue pertencer a Os Mej.Para que tudo desse certo, segundo o orculo If, Obtldeveria fazer um sacrifcio-oferenda a s Elgbra, o princpiodinmico que faltava e que era necessrio misso da Gnese.Tudo parecia favorvel, caso o consulente Obtl tivesseconsiderado a recomendao do sacerdote, fazendo a oferendarecomendada a s Elgbra, Senhor do Poderdo Corpo, filhode rnml e Yebru e, companheiro inseparvel de gn.Ao ouvir a recomendao do seu sacerdote, Obtl ficouindignado! Ter que fazer oferendas sagradas para s era paraele uma humilhao. No via a menor necessidade de fazer ossacrifcios propiciatrios recomendados para que a sua missotivesse xito. Era como se tivesse que renunciar aos seuspoderes e direitos, e agora, tivesse de reconhecer os dele.Ora, s o princpio da existncia diferenciada, emconseqncia de sua funo de elemento dinmico ecatalisador, que o leva a propulsionar, desenvolver, mobilizar,crescer, transformar e comunicar; tudo o que era necessrio Criao de um mundo manifesto e cclico, segundo aVontadede lrun. De acordo com o mito, rnml ou Adjgunal, seuconselheiro, o advertiu dizendo que o orculo no seequivocava e, que cabia agora a ele, Obtl, cumprir overedicto, ou manter a postura precipitada que tinha tomado,arcando naturalmente com as conseqncias...Ora, sabemos que o ritual nosso instrumento para fazer umasntese das polaridades da realidade humana. a arte queconsegue unir nossas duas metades. O espiritual precisa serunido nossa natureza terrena mtica e ancestral. O espritomasculino que est to abstrado na teoria precisa ser ancoradona feminina alma terrena, para poder se manifestar e tornarsagrado o que sagrado.Quem poderia imaginar que Obtl fosse ficar inflado echeio de si, a ponto de noconsiderar a sua alma mtica,contraparte Odduw, e, ao no querer fazer as oferendaspropiciatrias e sagradas a s?

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    Sabemos agora, de antemo, que Obtl criou dois problemasantes de partir: primeiro o de no ter levado em considerao asua alma feminina, sua contraparte, a participar da sua missonuma posio de destaque, considerando-a sagrada e especial,para fazer germinar o seu poder criativo masculino. Comoconseqncia, foi seduzido pela carncia dela, pois ficou mal-humorado, sentindo-se desprestigiado ao ter que considerars. Em segundo lugar, isolou o ego em relao ao inconscienteao no consider-lo, pois, em cada ser, masculino ou feminino,este princpio dinmico est presente, e sua funo de atuarcomo um psicopompo, - aquele que guia o ego ao mundointerior, e que serve de mensageiro e mediador entre oinconsciente e o ego.Esse isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento dasua alma irm Oddw, da vida do esprito. Deveria saber,que qualquer elemento seu interior, deve ser reconhecido,honrado e vivenciado em um nvel apropriado. Sentia-sesupervalorizado com a escolha feita por seu Pai entre osdemais,o que j uma possesso psicolgica perigosa. Quando agimos com um nico lado da nossa polaridade,enveredamos pelo caminho errado. Para gerarmos um atocriativo psicologicamente saudvel e produtivo temos quesolicitar a aprovao dos opostos. A cabea precisa doconsentimento do corao, o ego do Self, o espiritual do fsico,a anima do animus. Atos desequilibrados trazem sempredesastre em seu rastro, como conseqncia.Temos sempre que enfrentar problemas como este, focalizandoa nossa energia psicolgica atravs de um ritual, um trabalhointerior ritualizado. Como no conhecemos o problema, aindaconscientemente, precisamos personific-lo no smbolomaterialmente, trazendo mente as imagens e conversandocom elas com seriedade.Personificar o problema , atravs do ritual da consulta aoorculo, procurar no Od com o seu signo, o tan, e, o seucaminho - es, que vai represent-lo no smbolo; procurandosaber quem so, e o que querem, deixando fluir os sentimentosao conversar com essas personalidades interiores. Depois, faa

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    o ritual de oferenda: Oferea um sacrifcio causa do problema, pretenso, depresso, ou a qualquer ideal. Isso, ritualmente, o que Obtl deveria ter feito:Despachar s.Isto , daratendimento prioritrio e consciente ao ideal imaginado edesejado, atravs de um ritual fsico e propiciatrio,representado fisicamente no smbolo.Em Josu 6, um texto bblico do Antigo Testamento, estaexperincia est explicita, quando Jhav orienta ao fiel Josu afazer um ritual sistemtico, durante sete dias, para que asmuralhas de Jeric viessem a ruir e, ela ser tomada de assalto.S, que dentro dessa muralha havia uma prostituta de nomeRaabe que no poderia ser morta, pois ajudara aos mensageirosde Josu. Como podemos ver, Deus nos recomenda dar voltasem torno do problema, consultar nossas personalidadesinteriores pedindo sua ajuda, sem preconceitos morais, ataparecer uma soluo, ao invs de ficarmos dando voltas emtorno de Deus porque temos um problema...Obtl o hermafrodita dos tempos imemoriais. Podemosassim definir esse ser a partir da criao dos seres. Como umsmbolo da energia psquico-primitiva e indiferenciada, to logoessa energia assume uma identidade egtica e comea a criar oseu prprio mundo.O ego vem do seu background psquico anterior mais amplo,sua alma, manifesta em Oddw, princpio feminino, mas,logo se volta contrao seu irmoe, arrogantemente, declara asua independncia em relao ao mistrio inconsciente do qualele surgiu. agora um ego alienado, definido pelo seuprprio sentido de identidade. Essa entidade psquica afasta-seda sabedoria de Oddw, que representa a sua alma femininacontida no inconsciente, e, se declara criador e regente pordireito, de forma unilateral. Ele o seu plo oposto, umprincpio receptivo, a disposio de se deixar conduzir, deesperar o momento certo, a forma adequada para poder reagirao impulso do seu irmo Obtl.Com ele, as coisas possuemuma forma e um espao para acontecerem.Ele a voz interior de Obtl que d a forma digna deconfiana: quando, onde, e como ele deve agir. Ele no separa

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    nem avalia, que nem seu irmo Obtl, porm sabe que scom a unio dos dois, resulta no todo,que a Vontade do Pairevelada.Sabemos, entretanto, que Obtl no teve a menorconsiderao com esse importantssimo detalhe...Um psiclogo junguiano chamado Edward Edinger descreveassim esse fenmeno: Todo tipo de motivao, de poder, sintoma de inflao. Sempre que algum age movido pelopoder, a onipotncia est implcita; mas a onipotncia umatributo apenas de Deus. A rigidez intelectualque tentaequacionar sua prpria verdade ou opinio com a verdadeuniversal, tambm inflao. a presuno de oniscincia...Todo desejo que d sua prpria satisfao, um valor centralque transcende os limites da realidade do ego e, emconseqncia, assume os atributos dos poderes transpessoais.Obtl no desejava partilhar com ningum esse direito e essaescolha, reduzindo-se ao no se integrar sua contraparteOddw, atravs de s. Com isso, perde a sua unidadeoriginal encontrando em si s unilateralidade, em vez declareza. Sem saber, mata a sua ltima oportunidade derealizao; pois ao lutar contra s, que aqui representa o seuinstinto de preservao e mobilizao acaba transportando umaquantidade maior dessa energia para si prprio, como ego.Deveria saber que esse ego tem que estar a servio do seu Pai,seu Eu Superior - Oldmar, e que no devia reprimir s,pois, assim ele se tornar agressivo e descontrolado, passandoagora a ser sua sombra,- por ser o lado negado enegligenciado.Ao desconsiderar sua alma Oddw, Obtl usou apenas ointelecto, pois, pensou sobre a importncia que passara a ter,fez uma apreciao intelectual a respeito, no considerando afalta de um sentido de julgamento, no sendo ento conferidopor ele Obtl, um valor real. Com isso, no houve umenvolvimento total em si.Sabe-se, que o ato de pensar bem diferente do de sentir, que dar valor a um sentimento. No soube manter umrelacionamento satisfatrio com sua alma, Oddw, com os

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    seus sentimentos; tanto que, segundo o conto mtico, Oddwqueixa-se com o seu pai Oldmar por no ter dado a ele umaparticipao honrosa na presente misso. Acredito que tenhasido proposital.Caso Obtl tivesse feito a oferenda a s, teria usado essepoder masculino para abrir caminho no mundo adulto,tornando-se vitorioso, fazendo-o forte o suficiente para no servencido pela ira e pela arrogncia. Agora, tudo o que Obtldeixou acontecer interiormente, acontecer exteriormente, emcontrapartida a essa sua atitude de carncia e arrogncia.O que o mito nos mostra que, tanto a genialidade quanto acriatividade, so manifestaes da sua alma, Oddw, que lhed a capacidade de dar a luz. A sua masculinidade permitir-lhe- propiciar apenas a forma ao que faz nascer de si, nomundo exterior e manifesto.Obstinado, Obtl resolveu assim mesmo, preparar a comitivade rs-funfum para essa jornada; como se fosse um jovemque descobre e impe a sua masculinidade a qualquer preo.Ornml j sabia o que iria acontecer, pois conhecia o poderdo seu filho s Elgbra, assim como, sabia que no podiaintervir naquilo que Oldmr, seu pai, chamava de livrearbtrio e estgios de evoluo. Segundo o nosso tn, Obtl salvou o jogo, isto : retribuiucom um pagamento o que recebera como aviso e pressgiopara a realizao da sua misso, sem dar considerao algumas recomendaes recebidas, saindo imediatamente parapreparar e reunir a sua comitiva, pois tinha ele muitas tarefaspara cuidar...O caminho, na-rn, era longo, rido e desconhecido dele,como no podia deixar de ser, o sol era inclemente... O Od jOgb tem o sol como regente principal, logo, sabe-se o que sepodia esperar...Os rs no esto acostumados ao sol e ao calor, e tinham noseu comando, o teimoso Obtl, que os liderava com todo oaf. Todos, j no aguentavam com tanto sol, calor e sede e, jpensavam em desistir em virtude de tanto sofrimento edesconforto.

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    s, enquanto isso, j tramava uma retaliao, pois o momentose apresentava o mais propcio possvel para pr em prtica oplano que bolara com Oddw.Pegou o seu cajado chamado ogo, que tinha o poder de bi-locao, e colocou-o a girar acima da sua cabea, com afinalidade de colocar-se frente da comitiva de Obtl. Isso foilogo realizado, para que no passo seguinte, fsse criar umafrondosa palmeira chamada Ig-pe, uma qualidade dedendezeiro bem frondoso e bonito.A estratgia de s era chamar a ateno de Obtl de quehavia um osis, e, como consequncia natural, a gua estariapresente para matar a sede dos rs-fumfum.Dito e feito, logo Obtl o avistou e, tratou de correr com ogrupo naquela direo. S que ao chegar ao local, percebeuque estava enganado, pois no havia o menor indcio de guanaquele lugar, tudo no passara de uma projeo sua, umamiragem, j que estava obstinado e desesperado de sede.Irado e frustrado, no pensou duas vezes, cravou o seu cajado,opsn, com toda a sua fora no tronco da palmeira, quandoa percebeu que logo correu um lquido incolor pelo furo quefizera. Pegou a sua cabaa, e comeou a aparar o precioso eoportuno lquido, tratando de beber at aplacar a sua sede.Acabara de cometer o segundo desatino, que tanto seu Pairecomendara evitar.Sabe-se que esse lquido tem grande poder alcolico e efeitoimediato. uma bebida chamada em, um vinho de palmamuito forte, que fora proibido por seu Pai de ser ingerido comorecomendao, antes de iniciar a jornada, pois representa umatributo da sua prpria constituio, ou seja, estava proibido debeber de si, ficar ensimesmado, ou cheio de si. Obtl estava agora embriagadocompletamente e,impossibilitado de prosseguir viagem, inviabilizando assim, asua misso.Tentou, mas foi logo vencido por aquela embriagus,deitando-se em total abandono e sono profundo. Todos, nocomeo, tentaram em vo acord-lo, mas a carraspana foidaquelas...

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    Logo, os seus seguidores comearam a regressar, deixando-o se cado. Ao seu lado, o precioso saco da existncia jazia cadoe abandonado.Oddw vendo quela cena ridcula que ele e s provocaram,aproveitou para pegar o saco da existncia e retornar aorn. Estavam agora vingados da desconsiderao infligida porObtl.Note-se, que h muito que se aprender com o Ig-pe,rvoredo conhecimento, smbolo da Gnese Nag Yorub:Na busca de realizao e, vivenciando uma experincia nova,Obtl prova algo da sua natureza ingnua no seu ntimo,sendo seu processo de conscientizao e, caminho de encontroconsigo mesmo, depois da sua queda.Ao ser, no entantoimpossibilitado por ele, cai embriagado; como conseqncia, -conscientizou-se.Quebrou a unidade primordial da sua inconscincia original.Como Ado, no Jardim do den, aprendeu a se ver comounidade distinta dos demais, e do mundo sua volta.Agora, aprender a dividir o mundo em categorias e aclassific-lo. Dessa forma, chegou a um sentido de si prpriocomo indivduo desgarrado do rebanho.Mas, ao ter provado do em, saciado a sua sede e provado oseu sabor, jamais esquecer essa experincia, que mais tardeser a sua redeno; mas, que a princpio causou-lhe umimpedimento e uma humilhao. O primeiro lampejo aoacordar, ser uma tomada de conscincia sob forma de quedae de perda. Mas, se assim no fosse, como conseguiria terconscincia?A viagem desse nosso heri o padro arquetpico de umproceder, que foi tecido e engendrado com essas imagensprimordiais e, que foi herdado por ns.Interessante notar que Obtl no comea como um serdotado de toda a sabedoria, porm, ele amadurecer e tomarna sua volta uma postura simples e modesta, entretanto sbia. o processo de crescimento e conscientizao.A princpio um tolo ingnuo, que tenta o novo semconsideraes, pois tem como objetivo a alegria de viver, de

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    juntar experincias... Com isso corre o risco de agregar malentendidos por sua insensatez...Obtl ter agora que vivenciar um processo, - a evoluo dainconscincia pura e ingnua, total conscincia de si mesmo, -o cairem si. Potencialmente tudo isso foi necessrio, segundo aVontadedo PaiOldmar, para o desenvolvimento dos trs estgiospsicolgicos do homem que Obtl iria criar: agora, tinha depassar da perfeio inconsciente que antes se encontrava, deovelha arrebanhada, inocente e pura, para a imperfeioconsciente que agora se encontra.Mais tarde, Obtl ir atingir a perfeio consciente, indo aoencontro do seu Pai para servi-lo, resgatando assim a suaunidade. Eu e o Pai somos Um!... Caminhou da plenitude dapureza do mundo interior e exterior, ainda unidos, para umestgio em que se d a separao desses dois mundos,denotando a a dualidade da vida; para depois, encontrar-se eatingir a iluminao, que nada mais , que uma snteseharmoniosa do exterior com o interior. o que os meus ilustresamigos cristos chamam de caminho da conscincia Crsticae, o que os meus amados mestres taostas chamam de caminhodo Tao. Infelizmente a sociedade ocidental no entendeu a mensagemde Jesus, pois alcanamos um ponto no qual tentamosprosseguir sem o menor reconhecimento da vida interior, anossa alma. H um exemplo Bblico em que Pedro, juntamentecom os outros discpulos, aps a ceia, reuniu-se com Jesus, poiso mestre pretendia orient-los sobre a forma como deveriamdar a boa nova. Dizia ele, que ao falarem aos outros, em seunome, deveriam ser o menor de todos, ou seja,- humildes!Pedro, de pronto concordou com ele; porm, o mestre queconhecia a Pedro, apanhou uma vasilha, colocou gua e foilavar os seus ps. Pedro ao ver aquela atitude de Jesus, afastoucom rapidez o p para que o seu rabi no se humilhasse diantedele. Jesus chamou sua ateno a respeito do que acabara deorient-lo, pois, apesar de concordar intelectualmente com o

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    seu mestre, no tinha na sua alma a mesma concordncia.Tornara-se apenas conceitual a sua apreciao...Agimos como Obtl no incio da sua jornada, como se nohouvesse o reino da alma, a suaanima, na morada do Pai, oinconsciente. Como se pudssemos viver vidas completas,fixando-nos totalmente no mundo exterior, conceitual, material,intelectual e doutrinrio apenas. Deveramos discernir melhorquando Ele nos diz: meu reino no desse mundo.Acabaremos por descobrir que o mundo interior umarealidade e que teremos de enfrent-lo, apesar de tardiamente,no final dos tempos, ou quem sabe, quando Ele voltar...Se que pr alguns, j voltou!...No sabemos ainda o suficiente. O isolamento do inconsciente sinnimo do isolamento da alma e morada do esprito.A perda da nossa verdadeira vida religiosa resultado dessaseparao. Com isso, o mundo, que a est o testemunhovisvel das neuroses e dos conflitos interiores que no pode serharmonizado apenas com o intelecto.Aqui estamos testemunhando atravs da mitologia Yorub, oprimeiro desenvolvimento desse estgio, o primeiro passo doser ao sair do den espiritual e entrar no mundo da dualidade. Obtl, aqui comea a ser agora algum por si prprio ao terque assumir essa conscientizao, ter agora que superar a suaqueda, sofrimento e alienao. Observe que aqui, antes dafundao do mundo, houve um sacrifcio, e que Obtl foi aoferenda de sacrifciopara que o processo da Criao pudessevir a se estabelecer.O processo aqui no se completou, est longe de sercompletado; seu relacionamento com o grupo, agora estdestrudo e ele ainda no se tornou um indivduo para quepossa relacionar-se bem com a vida. Sente-se s, culpado ealienado a princpio, e essa alienao que exprime bem essasituao. Ele no considerou as advertncias do orculo If,atravs de rnml, sacerdote de Oldmar. Obtl usousua contra parte, Odduw, suaAnima, na forma de maushumores, queixosa, vaidosa e orgulhosa. Enfrentou tambms, de forma sombria, agressiva e arrogante, que para ser

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    dominado, precisa primeiro ser reconhecido e considerado e, a sim, controlado. Foi derrotado por s, psicologicamente noseu interior.Agora, ao acordar com o seu ego prostrado, descobrir que foivencido por s e Oddw para a sua surpresa... No devia t-los reprimido e desconsiderado. J que o leite foi derramado,agora no adianta queixar-se; ter agora que tornar o seu egoforte o bastante para no ser vencido pela ira, arrogncia e mauhumor.Os mestres taostas chineses recomendam-nos que, ao invs detentar matar essa virtude energtica, deveramos acrescent-laao ego de forma criativa, para a realizao dos nossos objetivos.Interessante que a religio Yorub tambm adota, de formasimblica, esse mesmo princpio, ao despachars, emprimeiro lugar, dando adim aos nossos ideais.Com o saco da existncia s costas,Oddw sabe que parteda sua trama com s tinha se concretizado; afinal, algoprecisava ser feito para equilibrar o inflado ego de Obtl. Tinha como desculpa, a negligncia e a desconsiderao sdeterminaes dadas por rnml, atravs do sistema If. A leiprecisava se cumprir e ele Oddw, dela fazia parte.Oldmar, ento parte para a segunda fase da sua idia:chama Oddw, para que d prosseguimento misso quedera a Obtl, e, manda reunir o seu grupo, que era compostode bora, o mais rpido possvel.Oddw pede permisso para consultar If antes de partir como grupo, pois ele precisava saber qual a gide do Od-If,responsvel pela sua misso.rnml, - Elr pn testemunha dos destinos, fez os ors deabertura e joga o opel sobre a esteira, Oyku Mj! Od-fligado Morte, noite, e ao ponto cardeal oeste, o poente. acontraparte complementar do primeiro signo Od-If, j-Ogb. o ocidente, a morte, o fim de um ciclo, o esgotamento detodas as possibilidades.J que as trevas existiam antes que fosse criada a luz, considerado mais velho que j-Ogb, perdendo, porm o lugarpara este, passando ento a ser sua complementao. Oyku

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    Mj introduziu a morte, dependendo dele o chamamento dasalmas. quem comanda e participa dos rituais fnebres. quem comanda a abbada celeste durante a noite e ocrepsculo. Tem uma influncia direta sobre a agricultura e aterra em oposio a j-Ogb, que comanda o cu.rnml joga ainda duas vezes mais e alegremente revela aOddw que o caminho que o Od o conduz, o mesmo deIk, o rs da Morte, ou seja, ele iria criar um mundo material,perecvel e cclico. Aonde, tudo o que vier a existir ter corposmateriais, com maior ou menor densidade, porm feitos damesma essncia. A k caber o rito de passagem, de devolver aterra os corpos antes animados pelo Esprito do Pai, o Ipr.Recomendou ainda, que ele vestisse roupas negras, emconsiderao a k e ao iy, o mundo manifesto que ele iriacriar. Deu conhecimento a Oddw para que sua missochegasse a um bom termo, deveria ele dar uma oferenda a sElgbra.Depois de prescrito o b, Oddw saudou o sacerdoternml, e salvou a previsodo orculo com 16 bzios,como pagamento.Quero aqui esclarecer, que Oddw ao ouvir as consideraesdo orculo If, no acredita literalmente nos textos, porm,sente o verdadeiro sentido por traz de tudo o que dito. Emoutro livro famoso a histria se repete: Assim como Maria, mede Jesus, que ao avisar ao filho que o vinho acabara, ouve o seuamado filho dizer: Mulher, que tenho eu contigo? Aindanochegou minha hora. Sua me, porm diz aos serventes: Fazeitudo o que ele vos disser.Ela a fonte da inspirao profunda,que brota mais viva, quando decresce a conscincia cheia decritrios, por isso, no considera e nem d ouvidos ao seuconceito racionalista naquele momento. Quem sabe como elano ntimo, -faz a hora... O que se seguiu, ns j sabemos... O primeiro milagre realizou-se. Ele, no interferiu, cumprindo assim o seu destino, escolhidopor seu Pai, realizado de incio com a ajuda de sua me. Assim,concluo que no possvel libertar-se do destino atravs dasenergias do destino.

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    Sob as bnos de lrun, Oddw chama s para partilharde tudo, juntamente com gun, conhecedor dos caminhos, ogrande Asiwaj e Ollon aquele que est na vanguarda eaquele que desbrava o caminho. Sabia ela, que sem eles nadase consegue levar a cabo...Segundo o mito, os rs e os bora ficaram escandalizadosquando viram Oddw vestido de preto, com vestesmasculinas, chegar ao ptio para conduzi-los nessa grandemisso.Quanta simbologia interessante a ser observada! A Criaocomea no smbolo do renascimento, pois houve sacrifcios demorteantes...Os primeiros passos no caminho de crescimento, pormevocam fortes resistncias do ego tirnico.O desenvolvimento espiritual nunca ocorre sem uma lutagerada pela arrogncia e desejo de poder do ego. Assim,quando s, enviado por Odduw, esconde-se primeiro emObtal, finalmente se separa dele e torna-se exterior, emforma de uma palmeira, que o representa. agora sua projeoegtica. Odduw, como uma puno interior, permanececomo instrutora e inspirao em Obtl...Uma analogia psicolgica aparece na importncia do valor daalma, no apenas, enquanto reconhecida dentro da psiqumasculina de Obtl, mas tambm, quando projetada eaparecendo sobreposta em algo material, como a rvore gu-pe. Ela no fsica, um ser etreo e, ainda assim, suaspegadas podero ser vistas, tanto na queda de Obtl,quanto na concepo do mundo manifesto, o iy. Ela temsubstncia, o poder que d ao mundo sagrado matria dosmbolo. Ela tira o sagrado do nvel da teoria, do abstrato e dafigura de retrica. Ela o torna acessvel no aqui-e-agora para sertocado, sentido e vivenciado.O mundo de Obtl s se far instantneo e palpvel atravsda experincia simblica e sagrada, que antes ele rejeitara.Algo feito sagrado, no apenas porque o em si mesmo, mas,tambm pela nossa atitude com relao a ele. Ao reconhec-loe trat-lo como tal, incorporamos seu poder genitor e criativo.

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    Esse tn maravilhoso nos mostra que a evoluo do cosmo feita de parceria entre Obtl e Oddw, entre Deus e ahumanidade, entre o esprito e a alma; o sagrado sempre estpresente, o mais prximo possvel, mas ele s tem o poder dedar significado e valor a nossa vida, quando nos inclinamoshumildemente com reverncia e respeito.O mistrio revelado a nossa conscincia, o nosso ato dereconhecimento; pois, ele tem o poder de fazer com que ascoisas sejam o que so e, de tornar sagrado o que sagrado.A maioria das pessoas no mundo ocidental moderno aprendeudesde criana que nada sagrado, nada merece serreverenciado, que tudo pode ser reduzido posse fsica, sexual,intelectualizada e conceitual. Resta-me perguntar essaspessoas: Como possvel construir a imortalidade da almaatravs das referncias de um corpo mortal?Os pensamentos de Obtl foram considerados pecadospelo pai lrun, porque ele foi posto frente a frente com o que espiritual, sagrado, transpessoal, e, tentou trat-lo como sefosse algo conceitual, racional, fsico e pessoal. Tentou reduzirOddw e s a um acessrio para o mundo do seu egoinflado. Agora ele ir gastar tempo e energia aprendendo avivenciar suaspersonalidades interiores, que se manifestampor rituais simblicos, como realidades interiores dele mesmo.Vejamos agora, Obtl com o seu lado masculino e criativo,perde a oportunidade de comear o processo da Criao,cedendo o lugar ao princpio feminino e irmo, Oddw.O signo Od-If, j-Ogb, smbolo da vida, d lugar a Oyk-Mj, smbolo da morte, para que a Criao possa ter incio. atransformao do ego, que ao penetrar no reino doinconsciente, encontra-se com a alma e se integra a ela,desistindo do seu minsculo domnio, para viver na vastido deum imprio muito maior. Ea morte do ego. Observe, que desde os tempos primordiais, a morte foiconcebida como um visto de sada da dimenso limitada dotempo e espao, para um universo ilimitado e imensurvel doesprito na eternidade. Esta liberao do fsico para oinconsciente um smbolo mais sutil: a liberao do ego dos

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    limites do seu mundo pequeno e dos seus pontos de vistamesquinhos, para um universo interior livre e ilimitado.Sem as vises restritas do ego, que a associa com o fim, amorte um smbolo de transformaes.A Morte aqui simboliza um limiar. Ela representa mudanaprofunda, graas ao fato da conscincia no mais ser dominadapor um ego carente e sedento de poder.O eu agora se torna humilde e entrega a direo a umainstncia superior, o Si mesmo Oldmar.A nica e verdadeira soluo quem d Oldmar, com umamudana de conscincia e valores, -com a morte do ego, ouseja, com o sacrifcio de Obtl, do seu velho ponto de vista, e,suas velhas atitudes enraizadas. Para nos libertar das energiaskrmicas da priso do destino, no podemos ter umaconscincia apoiada nas energias das polaridades, pois, todasessas referncias so apoiadas sobre o corpo mortal eimpermanente.Naturalmente o verdadeiro potencial criativo est naprofundidade, no reino interior; naquele que Obtl no olhouantes e nem considerou. O que se encontra na superfcie j foiassimilado pelo ego, agora, somente os conhecimentosintuitivos do reino inconsciente, evitado at o momento,rompero as estruturas existentes e possibilitaro novasperspectivas, novas esperanas e novos horizontes. Dentro dafilosofia mstica chinesa Taosta:O Tudo Um, e o Zero ame do Um. O grande desafio transformar o Um em Zero;para isso, necessrio que se mergulhe no imenso mar doAbsoluto, quando o Um deixar de ser ele prprio e passar aser o Zero que abraa o Um. O Zero o Absoluto; o Vazio a me da Onipotncia. Antes detudo, o Zero j estava presente; depois de tudo, o Zerocontinuar presente. O Um a Onipotncia, o pai de todas as coisas. Na existnciahumana, muitos buscam o encontro com esse pai do poder.Durante a existncia de todas as coisas, o Zero e o Umcoexistem no se chocando, mas se completando. Queanalogia interessante! Observe que semelhana entre Obtl e

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    Oddw, onde o elemento masculino e criativo precisamergulhar no elemento feminino e receptivo para poder gerar atransformao sntese exigida, - o elemento procriado, - o iye os ara-iy.Por fim, Oddw, rs funfum do branco, e, princpiofeminino, tem que se vestir de homem e de preto para poderchefiar os bora, que passam agora frente dos rs noprocesso da Criao.O princpio feminino e receptivo Oddw traz o sublimesucesso, propiciado atravs da perseverana devocional. Se eleempreender algo e tentar dirigir, se desviar; porm, se eleseguir o criativo Obtl, encontrar orientao.O branco agora est oculto no interior, representando oesprito imortal e genitor espiritual, o preto, representando anatureza manifesta no exterior, mortal e cclica. A roupamasculina representa exteriormente Oddw, o ser masculinomanifesto, o agente imprescindvel Criao.A viagem do autoconhecimento no foi interrompida, apenastomou uma direo diferente, o aprendizado agora ser feitoatravs das experincias vivenciadas no mundo manifesto.Interessante essa mudana, pois, agora o caminho para aIluminao no mais pelas nuvens, pelas idiasou ideais.Agora, ter que estar expresso na realidade simblica daencarnao, atravs da conscincia. E, essaencarnao nosfala do paradoxo de duas naturezas: divina e terrena.Outro smbolo de renascimento aparece, quando Obtl fura arvore g-pe com o seu cajado, o psn, uma vara lisa, comapenas uns sininhos na sua extremidade, que representa osmundos ainda unidos, e que se transforma agora em outrosmbolo mais complexo, o p-sr - cajado que arepresentao simblica de diferenciao entre o rn e o iye, que estabelece os diferentes nveis de evoluo entre estesdois mundos de existncia. A sua extremidade agora representada por um pombo branco, - Obtl, elementoCriador, smbolo da manifestao do Esprito, que possui agoramais trs pratos metlicos abaixo, espaados entre si, querepresentam outros mundos habitados, com graus de

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    densidade material e de evoluo diferentes,acasa do Pai temmuitas moradas....Representa tambm, morte e renascimentoreal, ritualstico e simblico. A Terra, onde o cajado se apia, oquinto prato, tendo ainda, mais quatro abaixo dela,- rnnsal mrrin, com nveis nferos de espiritualidade, ondehabitam as y-m e os Aparok. Totalizam-se assim novern, rn msn, ou seja, nove moradas. Para ns ocidentais, o grande smbolo dessas duas naturezasem integrao, Jesus, o Cristo, pois nela dito que Deus veiohabitar o mundo fsico e o redimiu, tornando-se humano.Simbolicamente, representam que este mundo fsico, este corpofsico e esta vida mundana que levamos na terra, tambm sosagrados. Significa que os demais seres humanos tm o seuprprio valor intrnseco: eles no esto aqui meramente paraque possamos perceber refletida neles a nossa fantasia de ummundo mais perfeito, transportando assim as nossas projeesde alma.Os mundos fsicos, mundanos e comuns tm sua prpriabeleza, sua validade prpria e suas leis para serem observadas. o da a Cezar o que de Cezar, e a Deus o que de Deus. Acho uma inflao descomunal do ego humano, julgar acriao material de Deus, como sendo algo cado que possaser melhoradoa partir de ns mesmos.Agora, que a alma de Obtl est oportunamentereconsiderada, significa a personificao do seu mundo interior,portanto, tenho certeza que ela nos levar a uma jornada poresse mundo, pois ela que expressa o reino mtico e terreno.Observem que os animais sacrificados a Obtl so sempre dosexo feminino, e que a galinha dangola a representaosntese de Obtl e Oddw, pois possui o branco e o pretoem suas penas e, participou efetivamente da criao do iy.Os elementos signos-smbolo de oferenda estabelecida peloorculo a s foram: cincogalinhas dangola, comcinco dedosem cada pata, cinco pombos, um camaleo e uma corrente de2.000 elos para s, alm de 200 caracis igbim, que contmsangue branco, a gua que apazigua- om-r, que seriamsacrificados aos ps de Oldmar.

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    Segundo o relato mtico, Oddw fez as oferendas a s, queento lhe devolveu uma galinha, uma pomba e o camaleo,retirando apenas um elo da corrente para us-la como adorno.Recomendou ento s, que Oddw soltasse os bichos nametade do caminho e, a levar consigo a corrente, pois todosseriam muito teis na misso.Oddw toma um banho de amac, ervas frescas, e vai aoencontro do seu pai lrun, levando os 200 caracis igbin paraserem sacrificados por determinao do Sistema If, - orculode rnml.Feita a recomendao, seu pai lrun lhe devolve um igbin,abrindo o pre-od, almofada na qual se sentava e coloca orestante dentro. Neste exato momento, descobre que haviauma pequena cabaa que continha o elemento terra, que estavafaltando no saco da existncia,- o p-w; entregando-oento a Oddw, para que ele pudesse agora concretizar oprojeto de seu Pai.Interessante notar que, no relato acima, s, ao receber umaoferenda, restitui de tudo o que comeu para restabelecer aharmonia fecundante, fator de expanso, crescimento etransmisso do agbra -, fora que se propaga de formainesgotvel, tendo como signo-smbolo o d-ran, uma cabaade pescoo bem longo. Este poder foi delegado a s Elgbrapor seu pai Oldmar.Essa uma etapa importante, porque ajuda a integrar aexperincia de lrun no inconsciente, na vida consciente edesperta de Obtl, atravs da sua alma irm Oddw. Foichegada a hora de fazer alguma coisa fsica, um ritual quetraga para a realidade do cotidiano de forma poderosa, osignificado da Vontade do Pai, que vive no inconsciente. O ritual uma representao fsica do princpio dinmico - s,da mudana de atitude interior, que o inconsciente estsolicitando. Este o nvel de mudana que est sendorequisitado por Oldmar. s aconselha tambm Oddw ano falar a ningum sobre o desejo de seu pai lrun, e, sobreo ritual prescrito, ou seja, no uma boa idia revelarmos o

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    nosso inconsciente e o ritual, pois o falar tende a pr todaexperincia por gua abaixo, em um nvel abstrato. Voc acaba estragando tudo, pelo desejo de se apresentar sobmelhor ngulo, em vez de uma experincia vivida e ntima,termina-se em um bate-papo amorfo e coletivo. Toda versocom intenso foge verdade...O ritual tira o entendimento do nvel puramente abstrato doinconsciente e lhe confere uma realidade imediata e concreta, uma forma de colocar o inconsciente e seus contedos, no aquie agora da vida fsica, - no smbolo. So atos simblicos queestabelecem uma conexo entre o consciente e o inconscientee, ele nos fornecer um meio de tirar os princpios doinconsciente e os imprimir luz, na mente consciente. Oprincpio dinmico s o veculo e mensageiro entre essesdois nveis.Deveramos sobrepujar os preconceitos culturais para melhornos aproximarmos do inconsciente - Oldmar e respeitarmosos rituais, nos desligando de certos preconceitos arraigados eracionalistas.Acreditam algumas pessoas que os rituais nada mais so queremanescentes de um passado supersticioso, ou de crenasreligiosas profanas ou fora de moda. Com isso, ficamosempobrecidos ao abandonarmos aquilo que nossos ancestraistinham como parte natural de sua vida espiritual cotidiana.O psiclogo junguiano Robert A. Johnson assim diz: Nossansia instintiva para o ritual expressivo permanece nos dias dehoje, mesmo tendo perdido o senso do seu papel psicolgico eespiritual em nossa vida. Oddw, ento reuniu o grupo de bora liderados por s,gn e ss, que j conheciam o caminho para o rnks, lugar onde lrum determinara para a criao do iy,mundo manifesto. Juntamente com todos os outros bora:syn, Omolu, sumr, Nana, rk, sun, Ymj, Ynsn,Sng, Oba, Iyewa, Lgun de, Ibji e egun Elbaj, dirigiu-separa o lugar onde havia um pilar de ligao, chamado p-rm-on-iy.

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    Oddw parou e viu que era exatamente ali o local indicado,onde, por Obra e Graa do seu Pai, tudo comearia...Enquanto tudo isso ia tomando forma, s e rnmlconversavam sobre os grandes fundamentos que estavam portrs de todo aquele trabalho, que ora se realizava atravs deOddw.rnml fazia chegar ao conhecimento de s, a qualidadedos dois signos-smbolo ods, que se apresentaram mesa doorculo, quando Oddw foi se consultar. Dizia ele para s,que logo aps Oyku Mj ter apresentado os seus desgnios, jogara mais duas vezes, sendo que, o primeiro Od a seapresentar fora d Mj, que corresponde posio Norte dospontos cardeais, representa o aprisionamento do esprito matria para que a vida possa se tornar manifesta e surgir nomundo o que estava sendo criado.Com isso, os rs teriam tambm que abdicar de viverem parasempre no rn. Agora, nesta primeira fase, viveriam de formaespiritual como ainda se encontram, mas que, aps a conclusodela, iriam tambm possuir um corpo material, denominadoAr, desta mesma matria que Oddw estava usando naconfeco do mundo e, sujeitando-se s suas necessidadesinerentes.Explicava rnml a s, que uma vez presos a corposmateriais, no havia meios de regressarem ao rn, a no serque o seu tempo estivesse terminado no iy. Explicoutambm, que os rs, por representarem uma fora universal,seriam os genitores divinos, e, os bora, matria de origem dosseres humanos, quando Iy-nl, a Terra acabasse de ser criada.Sobre o segundo Od que se apresentou mesa do jogo, -wr Mj: representa o ponto cardeal Sul, fala dos caminhosdo esprito, e quem determina sua liberao do jugo damatria, podendo o esprito agora voltar ao rn, desligando-se assim dos corpos que iro compor esses seres, chamadoshumanos.Esses corpos, segundo o tn, so quatro: fsico, emocional,mental e espiritual, que o pnr -, partcula divina e imortalque pertence ao pai lrun. E, que os outros corpos: Ar (corpo

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    fsico), Ojj (emocional), e por fim m (mental), criados em co-participao com a terra, atravs da lama, eerpe - matriaprima que ku, o rs da Morte retirou para a confeco do serhumano, entregando-a a Oldmar, para que rsl,Olgama e Bab Ajl, o modelem segundo:Nossa Imagem,conforme a Nossa Semelhana...Depois ento, sopraria o Seuhlito divino, o em, sopro de Oldmar, - o ar da vida.Explicou ainda, o sbio sacerdote a s: que todos tero umcorpo que se chamar ar e, o que daria vida a esse corpo seriao em; que a individualidade seria dada por or, a cabea, que aqualidade-momento do nascimento determinaria o od.Quando o ser humano morresse, eles retornariam sua origem,- axex. O corpo voltaria para y-nl, donde foi tirado juntamente com o emocional, o ar, voltaria para a atmosfera, -smm e, que Or retornaria ao Ok pr, lugar de origem doseu as individual, seu genitor divino, rs. Ornml, contatambm a s, que esses primeiros seres, j ancios, - gb, aomorrerem, seus espritos passariam a ser Ok-run, ancestrais,ou Irnmal-ancestre. Os seus descendentes-filhos, Irnmal-Omo ancestre, seriam chamados egun, explicando assim, oconceito de tnwa, de muitas reencarnaes, que retrata naverdade, a continuidade da vida atravs dos seus descendentes,ancestres familiares. Alguns desses Irnmal Omo-ancestres,gns, depois de muitas vidas por diferentes corpos, serevoltariam e criariam uma confraria denominada Egb rnAbiku, pois no estariam dispostos a passar provaesespirituais aqui na terra, provocando assim a sua prpria morteprematuramente. s estava interessadssimo com o relato feitopelo seu sacerdote, quando todos interromperam a conversadeles.Acho importante, mais a frente, explicar melhor o conceitoyorub, atnw, pois existe uma grande confuso a respeito.Muito diferente de transmigrao budista e reencarnaoesprita Kardecista, ainda assim, considerada semelhante, - oque um grande engano.

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    Segundo Captulo

    A Concepo

    Todos os bora dirigidos por Oddw dirigiram-se para orn ks, lugar onde estariam diante do p-run-on-iy,pilar de ligao entre o rn e o espao, onde o iy ia sercriado.Os bora ficaram aterrorizados com o que viam... eram trevase escurido absolutas!Em sinal de profundo respeito e reverncia, ao lado misterioso edesconhecido do pai Oldmar, prostraram-se ao solohumildemente. Oddw levantou-se e comeou a dar incio aoprojeto do seu Pai. rnml, ento explica para s as funesdesses espaos criados: Aktl, dimenso e orientao;Orsunr, noo de tempo; Olmtutu, a essncia da gua esua umidade e Agbnid, a energia do fogo, essncia de Oy.Gisle Omindarew Crossard.Segundo o tn, ele chamou snyn e Aroni, o ano perneta,para que achassem para ele uma cabaa bem grande, cortassemao meio e a colocassem sua disposio.Observem que a cabaa teria agora que ser cortada, smboloda separao e da dualidade do mundo que estava sendocriado.Logo, que o smbolo do Igb-Od, - uma cabaa, com os seusdois gomos, foram cortados ao meio por syn e Aroni,

    separando o lado superior do inferior. De agora em diante, aounirmos as suas duas metades, uma linha divisria aparece,dividindo o espao no acima, superior e espiritual;noabaixo,inferior e terreno. Essa linha, ao se posicionar namanifestao, surge como resultado, a dualidade polar.Separado est tambm o principio masculino do princpiofeminino. Simbolicamente esse momento tambm representa oconceito de necessidade, pois o sol no Od j-Ogb estava no

    nascente oriental e, viajou para o poente, no horizonteocidental, um quadro de mudana da luz para o plo escuro,

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    at agora negligenciado pelo princpio masculino Obtl, comrelao sua contraparte Oddw; como tambm, o momentoda mudana que o sol tem inevitavelmente de realizar.Tambm, necessrias so as experincias nesta qualidade-momento de caminho.Simbolicamente, o que separa, corresponde ao princpiomasculino e o que une ao feminino. Igualmente, o trecho docaminho masculino de Obtl, nos separa da origem, ao passoque agora o trecho do caminho feminino em Oddw, porcritrio de escolha feita, pelo pai Oldmar, para nosreconduzir origem.O pensamento masculino separador, diferenciador, analticoe sempre estabelece novos limites, com isso, determinadiferenas cada vez mais sutis, ao passo que o pensamentofeminino, anlogo, integral, reconhece e acentua as coisas emcomum e, extingue os limites anteriormente estabelecidos.Obtl considera Oddw ambguo, porm, ele sabe que arealidade complexa demais para se submeter clareza deuma nica frmula inequvoca.Se o caminho de Obtl nos levou para fora da unidade deorigem, para a multiplicidade, em que o ego desperto, emdesenvolvimento e, em constante esforo pela clareza, setornou unilateral; assim, o incio do trecho deste caminho nossa frente, muitas vezes ambguo, nos levar em Oddwaos conhecimentos paradoxais, para finalmente nos levar unidade total e conciliatria. Essa mudana de direoestabelecida por Oldmar, que se torna manifesta enecessria, no agrada nem um pouco ao ego de Obtl. Coma maior m vontade, ele tem que desistir de tentar esclarecer edeterminar tudo de forma to inequvoca. Agora em Oddw,sua contraparte, ele estar sempre sendo esclarecido atravs doorculo If por rnml, quais as determinaes do seu Pai,quanto tarefa da Criao. Agora, ter que se deixar serconduzido.Aqui, Obtl desenvolver a compreenso das suasnecessidades e, com isso, compreender que o caminho oobriga ao desenvolvimento e ao crescimento. Agora, ele ser

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    confrontado com experincias palpveis e ambguas que deverassimilar para poder amadurecer com sabedoria. A qualidadearquetpica deste caminho a previso do orculo, suadisposio ntima em aceit-lo, a vivncia e as experinciasque permitem a cura e o renascimento. Agora, o ego precisaestar forte e amadurecer nos primeiros trechos deste caminho.Ele tem de estar solidamente enraizado na realidade exterior eser capaz de dialogar com as foras do inconsciente, a fim depoder ficar firme no encontro que ir se realizar.Para se manter no longo caminho de realizaes materiais, aconscincia precisa encontrar a posio correta diante doinconsciente. Obtl ter de aprender a se deixar conduzirconfiantemente por sua contraparte Oddw e, sobretudo,no prosseguir em quaisquer objetivos egostas ou gananciososdo eu. Se o ego de Obtl, recusar esse exerccio dehumildade e, em vez disso, tentar roubar a fora mgica doinconsciente, - sua contraparte Oddw, por meio de truques,a fim de se apoderar desse poder; ele perde o que verdadeiroe torna-se vtima da sua fantasia de poder, fracassando em sua jornada de volta, aps a sua queda. A Bblia nos conta que o rei Nabucodonosor, ao receber umaviso em sonho, se enalteceu vaidosamente no telhado do seupalcio: No esta a grandiosa Babilnia que edifiquei para acapital do meu reino, com a fora do meu poder, para minhahonra e glria?Daniel 4:27.Essas palavras ainda estavam ecoando quando se transformounum animal e deram-lhe grama para comer, como aos boisDaniel 5:21.Quando Oddw assume agora a direo, mostra-nos o queObtl ter de abandonar aos poucos: todos os smbolos depoder masculinos que foram penosamente colocados provanos trechos anteriores do caminho. O ego, agora, fortalecido iramadurecendo, mas sedento de poder, tem que reconhecerseus limites e se tornar outra vez humilde e modesto. Antes,precisava fazer experincias, mas agora o desafio ficarsinceramente aberto s experincias. Agora, nada acontece

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    quando e por que o eu quer, mas quando e por que o seu Paiquer e, o caminho exige.A segunda metade do caminho que se inicia aqui, s podelevar Obtl viso superior, porm, somente quando tiverdominado as exigncias negligenciadas da primeira metade docaminho, - suas sombras.Novamente o desconhecido estdiante dele.Muita apreenso, medo, h de vir nesta fase do caminho. Asoma das suas possibilidades no vividas e, na maioria dasvezes, no amadas ser agora o seu lado sombra. oencontro pela primeira vez com o seu lado feminino Oddw,at ento oculto em sua alma, esprito encarnado.Quanto mais fraco for o seu ego, tanto mais ter ele medo defracassar na misso e, tanto mais ser tentado em mostrar-seduro para compensar sua fragilidade. Em vez de desenvolveruma firmeza interior, ele demonstrar uma dureza exterior, portrs da qual esconde instabilidade e sensibilidade de uma flor.Ter que reverter situao, sendo firme interiormente eflexvel exteriormente, domesticando assim o seu ladoinstintivo.H pouco, ele acreditava que tudo estava em ordem e sob seucontrole... E, agora isso!Jung nos leva a refletir quando diz: No podemos viver tardeda vida com o mesmo programa com que vivemos a manh,pois o que pouco pela manh, noite ser muito. O Criativo conhece os grandes comeos e o Receptivo,completa as coisas concludo-as.O princpio criativo Obtl produz as sementes invisveis detodo o vir a ser. Estas sementes so a princpio, puramenteespirituais; por isso, sobre elas no possvel se exercerqualquer ao ou procedimento; nesse mbito, oconhecimento que age de forma criadora.Enquanto o Criativo Obtl atua no mundo do invisvel, tendocomo campo o esprito e o tempo, o Receptivo Odduw, suacontraparte e irmo opera sobre a matria distribuda noespao e completa as coisas concludas e concretizadas. Aqui,

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    acompanha-se o processo de gerao e procriao at as suasltimas profundezas metafsicas.O Criativo Obtl em sua essncia, movimento lento e semesforo; atravs desse seu movimento, ele consegue unir o queest dividido, pois o Criativo Obtl age atravs do fcil,enquanto a sua contraparte, o Receptivo Odduw, age atravsdo simples.Como a direo do movimento, - o ba, determinado aindano seu estado germinal do vir a ser, tudo o mais se desenvolvecom facilidade, de forma espontnea, segundo as leis de suaprpria natureza.O Criativo Obtl, cuja tendncia almeja dirigir-se frente, otempo; porm Odduw no se movimenta externamente, poisseu movimento interno, o espao. Seu gesto deve serconcebido como uma autodiviso e o estado de repouso devemser entendidos como um fechar-se em si mesmo; por isso nose trata de um movimento orientado para um objeto, para fora.Esta a oposio fundamental que existe no mundo: entre oprincpio Criativo Obtl, - a Criao, e o princpio ReceptivoOdduw, - a Concepo.Perfeito, em verdade, a condio sublime do ReceptivoOddw, pois todos lhe devem seu nascimento; pois elerecebe e acolhe o elemento celestial com devoo, pois, assim perfeito aquilo que atinge o ideal. Isso significa que Oddwdepende do Criativo Obtl. Enquanto o Criativo o princpiogerador masculino, ao qual, todos devem os seus comeos, oprincpio Receptivo e feminino, o que parteja e acolhe em si asemente do Criativo Obtl e d aos seres forma corprea,tornando-os omo-Oddw - filhos de Oddw. Em suariqueza, ele portador de todas as coisas, sua essncia est emharmonia com o ilimitado. Em sua amplitude, abrange todas ascoisas e em sua grandeza, a tudo ilumina e manifesta. Atravsdele, todos alcanam o sucesso. Enquanto o Criativo Obtlprotege do alto as coisas e os seres, cobrindo-as com o seuAl, ar divino, furuf, que separa os dois nveis deexistncia; o Receptivo Oddw quem os carrega, comofundamento que sempre subsiste. A sua essncia o ilimitado

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    acordo com o Criativo Obtl. Esta a causa do seu sucesso.Enquanto o movimento lento do Criativo dirige-se para adiante,em linha reta, e seu estado de repouso a imobilidade; orepouso do Receptivo Oddw o fechar-se, e, seumovimento, - o abrir-se. No estado fechado, abrange todas ascoisas, como um grande seio materno. No estado aberto demovimento, ele d entrada luz do Criativo, com a qual tudoilumina. Esta a fonte do seu sucesso na Criao, poismanifesta a realizao dos seres. No smbolo, o Criativo Obtl representado por uma pomba branca que permeia o rn; j,o Receptivo Oddw, na manifestao do iy, representadopela galinha dangola,pintada de preto e branco. Um, o podere o ideal etreo; o outro a forma e a condio manifesta.Goethe o chamaria de Deus e Natureza, o nosso tn, d-nosuma idia mais generalizada para designar este par de opostos:run e iy, Obtl e Oddw. Tudo em permanentemutao e movimento. Assim, um elemento da anttese podeser, por exemplo, o espiritual e o outro, o material. E, dentro doespiritual, um pode ser a faceta intelectual e criativa, enquantodo outro lado, o afetivo e sensvel. Abrem-se assim, infinitasperspectivas entre esses dois princpios genitores.Odduw est ciente que agora tudo oOceano do Vir a Ser,dentro daquele abismo de trevas criado por seu Pai.Agora, o princpio feminino que assume a direo nocaminho, que introduz o princpio masculino nas profundezasdo inconsciente, nos mistrios da vida. Nesse caminho de volta, preciso agora praticar a arte do deixar acontecer. Agora, preciso realmente participar, pois, seja o que for quehouver nesse caminho, no mais possvel resolver atravs dareflexo, ou de provrbios elegantes, mas, somente fazendoincondicionalmente essas experincias. o caminho dos desejose da misericrdia, no qual no progredimos quando queremos,mas, somente quando ele quer e exige a disposioincondicional de deixar-se conduzir.Se, no incio da sua jornada, abandona o colo do seu paiOldmar e, torna-se adulto e independente, agora, o desafio tornar-se submisso, entregar novamente os smbolos

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    masculinos de poder conquistados, e confiar na direo a umaFora Superior. O desafio no mais a vida, mas a morte. o caminho do mstico que o levar a superao do eu e o trarde volta a totalidade.Oddw contar agora apenas com a ajuda do orculo If, des e,dos nossos pais terrenos, osbora. Oddw consultournml, patrono do orculo If, para saber a qualidade-momento da misso e, por onde deveria comear a realizaodos trabalhos. rnml o orientou a comear pela luz, depoisusar a terra e as galinhas dangola de cinco dedos em cadapata, em homenagem a Ofun, totalizando dez dedos, pois, asguas primordiais j existiam antes da Criao. Por ltimo,Agemo o camaleo, animal sagrado, mensageiro de Oldmar,que por sua capacidade de mutao e adaptao iria confirmarse tudo se encontrava de acordo com a orientao do Pai.Oddw e a sua comitiva, que simbolizam os elementos deinterao, colocaram a corrente de 2000 elos para que eledeslizasse at o lugar acima das guas.Chegando l, Oddw pegou ento o p-w, saco daexistncia, o abriu, tirandode dentro uma cabacinha branca,colocando-a dentro da parte inferior da grande cabaa que foracortada, assim, como todos os outros elementos que estavamdentro do p-w; soprou ento o p branco que nelacontinha em direo s trevas, gerando a luz, transformando-seem uma pomba branca, a mesma que s tinha devolvido.Eyel, a pomba branca, voou em direo s trevas, espalhandofun, o p branco com as suas asas, afastando as trevas e, emseu lugar, criando a luz e o ar.Segundo o tn, o ar gerou uma ventania to forte que foinecessria interveno de Oy, a pedido de Oddw. Comoainda faltava muita coisa, Oddw retira do saco daexistncia outra cabacinha que continha terra, entregou-a aEyel para que a pomba a espalhasse sobre a grande guaocenica. Como observou que haveria a necessidade deespalhar essa terra em vrias direes, convocou as galinhasdangolapara ciscarem a terra em todas as direes; o que foi

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    prontamente concludo. Faltava, agora, esperar a terra secar e,para que isso fosse checado, s com a ajuda do camaleoAgemo, - concluiu Oddw.Na primeira descida dele a Terra, Oddw perguntou-lhe:Ol? (Ela est firme?), Kole. (Ela no est firme), observou ocamaleo. S na segunda descida que o camaleo sagradoconsiderou a Terra firme para ser habitada. Com o seu preciosoe importante parecer, Oddw foi tentar, por sua vez, pis-latambm com a sua pegada, marcando-a pela primeira vez. Estamarca possui o nome de se ntai Oddw.Assim, ao ver que a terra agora poderia ser pisada, autorizouque todos os bora comeassem a descer e a instalar-se. Haviamuita coisa ainda para ser feita e, por isso, Oddwconsultava-se com o sacerdote rnml, para dar continuidadeao seu trabalho, com a essencial ajuda do grupo. Assim comoOy comandou o vento a pedido de Oddw, todos os outrosbora tiveram uma atuao importantssima na Criao: Nana,assumiu o comando da lama, elemento primordial, seu filhoSaponan, rei da terra, tem o controle das epidemias, Onl, ficouresponsvel pelo interior da terra, espiritual e materialmente.ss, na sua forma de responsvel pela caa que alimenta Ode; Loguned representa o filho de sum com ss, opeixe dos rios; gn, pelos instrumentos para caar e lavrar aterra, est ligado a terra pelo ferro, o ferreiro, Ymnj, pelasguas primordiais, a purificao, a energia renovadora dasguas; sun a gua fecundante, o lado materno, a placenta, abeleza e sensualidade das guas doces. Iyew uma caadora,pois est ligada a vrios ris, e Ob, pelas guas das fontes,crregos, lagos, cachoeiras