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Conto

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meu primeiro conto

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Page 1: Conto

− Para Marcos. Para Marcos! Marcos, por favor pare. É sério. O que eu fiz de errado?A cada frase pronunciada havia um intervalo de risadas. Ricardo contorcia-se no chão

enquanto Marcos estava sentado encima fazendo cócegas. Ricardo tentava cessar sem sucesso o ataque de cócegas e nem fingir que elas não faziam efeito nele.

− O que você fez de errado? Você está tão concentrado em não errar os passos e Não pisar no meu pé que não está curtindo a música, nem mesmo a nossa dança. Portanto mereceu as cócegas.

− Mereci as cócegas? - disse rindo e tentando levantar-se do chão – Podemos tentar mais uma vez?

− Sim podemos.− Antes vou buscar algo lá na cozinha.− Minhas malas estão lá fora ainda. Vou lá buscar.− Não. Não se preocupe com isso agora. - disse Ricardo beijando os lábios de Marcos e

sumiu corredor adentro e voltou com uma garrafa de vinho que acabara de abrir e duas taças – Você sabe que dia é hoje?

− Ricardo, você sabe que não sou bom com datas.− Que dia é Marcos?− Não sei.Ricardo já havia colocado a garrafas e as taças no chão e estava próximo de Marcos

encostando-o na parede e quando não havia como escapar retirou a camisa dele. Erguendo os braços de Marcos para o alto e cruzando-os atrás da cabeça dele perguntou mais uma vez:

− Que dia é hoje Marcos?− Já disse que não sei. - afirmou novamente o desconhecimento a que lembrança aquela

data remetia como se soubesse o que estava prestes a acontecer. A verdade é que ele sabia (...dizer a lembrança),

Ricardo começou a beijar uma de suas axilas e Marcos vibrava de prazer e sentia um arrepio por todo o corpo quando Ricardo contorna com a língua os pelos da axila. Tentava impedir que isso continuasse.

Pouco antes de gozar e o esperma sujar sua calça jeans gritou:− Eu sei que dia hoje.Isso fez com Ricardo parasse e desse atenção ao que era dito.

− Ei garoto! Ao contrário de você eu não tenho o dia todo para ficar no supermercado.Ricardo não percebeu mas os seu carrinho impedia a circulação de pessoas na seção de

bebidas. Ele estava indeciso sobre qual vinho comprava.− Garoto você poderia dar licença por favor.Ainda distraído virou para a senhora e perguntou se ela sabia escolher vinhos. Ela o encarou

e começou a falar e às vezes apontava para algum na prateleira.− ( Falar sobre os vinhos)...

− Boa escolha no vinho. Depois de escutar Marcos, Ricardo pegou o vinho e abriu. Após servir nas taças sugeriu para que Ricardo fizesse o discurso antes do brinde . Marcos que não sabia beber devagar servia uma segunda taça.

− Um bom vinho para uma data especial como essa. O dia em que..Marcos o interrompeu completando sua frase e após dizer bebeu em um gole mais uma taça.

A mulher havia empurrado seu carrinho para tirá-lo do caminho e resmungava:− Idiota. Aí eu te pergunto por que pedir informação se não vai prestar atenção. Da

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próxima vez joga no Google.Ricardo escolheu o último vinho que escutou a mulher pronunciar e foi pegar os

ingredientes da receita que ia fazer. Ia naquele supermercado uma vez a cada semana e ainda não havia memorizado a ordem das seções.

− Amore, você sabe que não consigo cozinhar com alguém me observando.− E se eu ajudá-lo?− E seu livro? Não vai terminar de ler?− Leio depois.Envolveu Ricardo com os braços e o beijou depois foi olhar o macarrão que estava

cozinhando na panela. − Não era necessário um macarrão caseiro. Será que tem gosto diferente?− Bom não sei. Segui toda a receita e tentei cortá-los iguais. Você sabe que nunca sei

quando está al dente né? Por isso sempre sigo a dica de uma amiga que diz para jogar um contra o azulejo da pia se grudar está bom. Nunca falhou.

− Do mesmo modo que você bate com a colher na panela para as pipocas estourarem – disse Marcos rindo.

− É sério. Não ri.

Rindo sozinho Marcos percebeu que havia esquecido a lista de compras que havia feito. Enquanto tentava recordar os itens da lista usando os dedos das mãos não percebeu mas impediu que alguns carrinhos transitassem.

- Eu olhei as datas corretamente. Não entendo porque você prefere quando a lua some.− Não há argumentos. Eu simplesmente prefiro as estrelas.

− Moço o dinheiro.Como não Ricardo não escutava a menina do caixa cutucou seu braço.

− Moço o dinheiro. − Ah sim. Desculpa. - disse sorrindo sem graça.Saiu do supermercado e caminhava rumo a sua casa até que foi derrubado no chão e suas

coisas espalharam-se no chão. Por andar distraído não percebera que havia dois homens que o seguiam. Caído no chão suas costas doíam e tenta levantar-se em vão. Recebeu mais um chute nas costas e agora permaneceu deitado no chão.

-Quer dizer que a bichinha saltitante gosta de andar rebolando. Quero ver você mexendo sua bundinha aí jogado no asfalto.

Continuaram a chutá-lo quando um deles agarrou seu cabelo e fez Ricardo ficar de joelho. Reconhecendo o rosto de Ricardo exclamou:

− Ei esse é o viado que apareceu na TV falando sobre a parada gay.O outro começou a proferir socos na cara de Ricardo e gritava:− Quer dizer que além de bichicha saltitante ela gosta de ser notícia no jornal pois bem ela

será a principal amanhã com uma nova cara.Pararam de falar e intensificaram os golpes tentando matá-lo. Não escutaram mas havia uma

voz que ecoava cada vez mais alta.− Vocês aí. Ei!Quando finalmente escutaram os agressores fugiram sem serem reconhecidos. Era um jovem

que estava perdido querendo encontrar uma farmácia ou um supermercado aberto.− Ricardo? Você es tá me ouvindo? Você viu esse final? Odeio filmes que quando você

menos espera eles sobrem os créditos. Ricardo?Ricardo percebeu que Marcos o chamava.

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− Oi?− Você escutou o que disse ? Está tudo bem? Só um segundo e você responde. Vou pegar

meu óculos estamos a horas assistindo filmes e minha cabeça começa a doer.Enquanto pegava repetia sobre o final do último filme que assistiram. Voltou e sentou de

frente para Ricardo.− Pode dizer agora.− Relembrei o dia em que fui agredido e pensei na sua mãe. De como eu queria alguém

que eu gostasse estivesse perto para me apoiar. Você não podia pois estava fazendo as provas finais, não quis que meus pais ficassem horas no ônibus deslocando de outro estado e como moro sozinho. Fui salvo por um desconhecido que estava perdido a procura de preservativos pra comprar e teve os amigos da faculdade que me visitavam no hospital. Tem certeza que sua mãe não ficará chateada com sua vinda? Ela está sozinha lá?

− Já disse que não. Disse que chegaria a tempo do aniversário dela. Quer dizer nós chegaríamos? Você não se importa de ir para minha casa né?

− Nós? Mas sua mãe nunca aceitou nossa relação. − É verdade mas após essa notícia sobre o câncer ela está mais concedente. − Tudo bem.

− Moço o dinheiro.Um dos clientes foi chamar o segurança que perguntou se Ricardo estava drogado e depois

levou ele até um caixa dizendo para eu voltar uma outra hora. Havia colocado suas coisas no caixa e a moça já havia passado tudo.

− Moço o dinheiro.− Ah sim. Desculpa. - disse sorrindo sem graça.

Saiu do supermercado e caminhava rumo a sua casa quando o celular tocou no seu bolso. Com as mãos cheias de sacola foi tentar pegá-lo para atender. Deixou uma das sacola caírem no chão espalhando algumas coisas na rua e após recolher uma moto em alta velocidade o atropelou. A última coisa que viu foi que a chamada era de Marcos e caído no chão as uvas que comprara rolando no asfalto.

Ouve-se um barulho de leque e uma risada em seguida. − Oi você ligou para o Ricardo desculpe não atender mas deixe um recado que te retorno

depois. Bip!− Oi Ricardo aqui é seu amore, o Marcos. Desculpa por dar essa notícia através da sua

caixa de mensagens mas preciso falar agora. Pensei melhor e mesmo que minha mãe não se importe com minha viagem não poderei viajar sem contar que tenho alguns trabalhos da faculdade pra terminar. Espero que você me perdoe. Ah e eu não esqueci que amanhã é nosso dia especial. O dia que... Podemos comemorar mesmo distantes e quando nos encontrarmos podemos comemorar novamente. O que acha? Beijos do seu amore.