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7/17/2019 Contos Zen Buddhistas http://slidepdf.com/reader/full/contos-zen-buddhistas 1/25 Contos Zen-Buddhistas Há uma estória indiana de um homem que era um ateu e agnóstico, um raríssimo tipo de postura na Índia. Ele era uma pessoa que desejava livrar-se de todas as formas de ritos religiosos, deixando apenas a essncia da direta experincia da !erdade. Ele atraiu discípulos que costumavam se reunir a seu redor toda semana, quando ele falava a todos so"re seus princípios. #pós algum tempo eles come$aram a se juntar antes do mestre aparecer, porque eles gostavam de estar em grupo e cantar juntos. Eventualmente foi construída uma casa para as reuni%es, com uma sala especial para o mestre agnóstico. #pós sua morte, tornou-se uma prática entre seus seguidores fa&er uma reverncia respeitosa para a agora sala va&ia, antes de se entrar no sal'o. Em uma mesa especial a imagem do mestre era mostrada em uma moldura de ouro, e as pessoas deixavam flores e incenso lá, em respeito ao mestre. Em poucos anos uma religi'o tinha crescido em torno daquele homem, que em vida n'o praticava nada disso, e que, ao contrário, sempre disse aos seus seguidores que ficar preso a estas práticas levava freq(entemente a pessoa a se iludir no caminho da !erdade. Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento. Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras. Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência. Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes. Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração. Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos. Não creiais em algo simplesmente porque est escrito em livros sagrados! não creiais no que imaginais, pensando que um "eus vos inspirou. Não creiais em algo meramente #aseado na autoridade de seus mestres e anciãos. $as após contemplação e reflexão, quando vós perce#eis que algo % conforme ao que % ra&ovel e leva ao que % #om e #en%fico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a #ase de sua vida.' Gautama Buddha - Kalama Sutra )uando curiosamente te perguntarem, "uscando sa"er o que * #quilo, +'o deves afirmar ou negar nada. ois o que quer que seja afirmado n'o * a verdade, E o que quer que seja negado n'o * verdadeiro. omo algu*m poderá di&er com certe&a o que #quilo possa ser Enquanto por si mesmo n'o tiver compreendido plenamente o que / E, após t-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma 0egi'o 1nde a carruagem da palavra n'o encontra uma trilha por onde possa seguir/ ortanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silncio, 2ilncio 3 e um dedo apontando o aminho. (erso )en

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Contos Zen-Buddhistas

Há uma estória indiana de um homem que era um ateu e agnóstico, um raríssimo tipode postura na Índia. Ele era uma pessoa que desejava livrar-se de todas as formas de

ritos religiosos, deixando apenas a essncia da direta experincia da !erdade. Ele atraiudiscípulos que costumavam se reunir a seu redor toda semana, quando ele falava a todosso"re seus princípios. #pós algum tempo eles come$aram a se juntar antes do mestreaparecer, porque eles gostavam de estar em grupo e cantar juntos.

Eventualmente foi construída uma casa para as reuni%es, com uma sala especial parao mestre agnóstico. #pós sua morte, tornou-se uma prática entre seus seguidores fa&er uma reverncia respeitosa para a agora sala va&ia, antes de se entrar no sal'o. Em umamesa especial a imagem do mestre era mostrada em uma moldura de ouro, e as pessoasdeixavam flores e incenso lá, em respeito ao mestre.

Em poucos anos uma religi'o tinha crescido em torno daquele homem, que em vidan'o praticava nada disso, e que, ao contrário, sempre disse aos seus seguidores que ficar preso a estas práticas levava freq(entemente a pessoa a se iludir no caminho da

!erdade.Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração parageração.Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.Não creiais em algo simplesmente porque est escrito em livros sagrados! não creiais noque imaginais, pensando que um "eus vos inspirou.Não creiais em algo meramente #aseado na autoridade de seus mestres e anciãos.

$as após contemplação e reflexão, quando vós perce#eis que algo % conforme ao que %ra&ovel e leva ao que % #om e #en%fico tanto para vós quanto para os outros, então oaceiteis e façais disto a #ase de sua vida.' 

Gautama Buddha - Kalama Sutra

)uando curiosamente te perguntarem, "uscando sa"er o que * #quilo,+'o deves afirmar ou negar nada.ois o que quer que seja afirmado n'o * a verdade,E o que quer que seja negado n'o * verdadeiro.omo algu*m poderá di&er com certe&a o que #quilo possa serEnquanto por si mesmo n'o tiver compreendido plenamente o que /E, após t-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma 0egi'o1nde a carruagem da palavra n'o encontra uma trilha por onde possa seguir/ortanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silncio,2ilncio 3 e um dedo apontando o aminho.

(erso )en

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 #ntes de entendermos o 4en, as montanhas s'o montanhas e os rios s'o rios5 #o nos esfor$armos para entender o 4en, as montanhas deixam de ser montanhas e osrios deixam de ser rios5)uando finalmente entendemos o 4en, as montanhas voltam a ser montanhas e os riosvoltam a ser rios.

equeno !oca"ulário

Dharma (sânsc.; páli Dhamma; chin. Fa; jap. Ho; tib. Chö/Chos) - o ensinamento deBuddha uma das !"#s $%ias (!"i"atna); com let"a min&scula dharma  'e"almente se"ee"e a um enmeno ou maniesta*+o da "ealidade.Samsara  (sânsc. e páli; chin. chin. ,un-hui; jap. innen; tib. ho" Ba/ho" 0a) -e1ist#ncia c2clica na 3ual todos os se"es est+o sujeitos a constantes "enascimentos eso"imentos.Satori  (jap. ensho; sânsc. e páli Bodhi; chin. 0u; tib. $an'chub/B4an' Chub) -ilumina*+o despe"ta". Zazen  (jap.; chin. !so-Ch5an) - 6enta"-se 7en; medita*+o do buddhismo 7en sempensamentos ou objetos. Zen  (jap.; sânsc. Dh4ana; chin. Ch5an) - medita*+o; uma das p"incipais escolas dobuddhismo 8aha4ana. Zendo (jap.) - sala onde se p"atica 7a9en.

(eti"ado de :lossá"io de !e"mos Buddhistas em .dha"manet.com.b")

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Uma Xícara de Chá

+an-6n, um mestre japons que viveu durante a era 7eiji 89:;:-9<9=>, certa ve&rece"eu a visita de um professor universitário que veio lhe inquirir so"re 4en. Este iniciou

um longo discurso intelectual so"re suas d?vidas. +an-6n, enquanto isso, come$ou aservir o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a ench-la,derramando chá pela "orda.

1 professor, vendo o excesso se derramando, n'o p@de mais se conter, e disseABEstá muito cheio. +'o ca"e mais cháCDBomo esta xícara,D +an-6n disse, Bvoc está cheio de suas próprias opini%es e

especula$%es. omo posso eu lhe demonstrar o 4en sem voc primeiro esva&iar suaxícara/D

Uma Parábola

m homem viajando em um campo encontrou um tigre, que come$ou a correr em seuencal$o. #proximando-se de um precipício, tomou as raí&es expostas de uma vinhaselvagem em suas m'os, e pendurou-se precipitadamente a"aixo, na "eira do a"ismo. 1tigre o farejava acima. Fremendo, o homem olhou para "aixo e viu, no fundo do precipício,outro tigre a esperá-lo. #penas a vinha o sustinha.

7as ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro "ranco, roendo aospoucos sua rai&. +este momento seus olhos perce"eram um "elo morango vicejandoperto. 2egurando a vinha com uma m'o, ele pegou o morango com a outra e o comeu.

B)ue delíciaCD ele disse.

Garotas

Fan&an e EGido viajavam juntos por uma estrada lamacenta. ma pesada chuva caía,dificultando a caminhada. hegando a uma curva, eles encontraram uma "ela garotavestida com um quimono de seda e cinta, incapa& de cru&ar a intercess'o.

B!enha, menina,D disse Fan&an de imediato. Erguendo-a em seu "ra$os, ele a carregouatravessando o lama$al.

EGido n'o falou nada at* aquela noite, quando eles atingiram o alojamento do templo.Ent'o ele n'o mais se conteve e disseA

B+ós, monges, n'o nos aproximamos de mulheres,D ele falou a Fan&an, Bespecialmenteas jovens e "elas. 6sto * perigoso. or que fe& aquilo/D

BEu deixei a garota lá,D replicou Fan&an. B!oc ainda a está carregando/D

Verdadeira Riquea

m homem muito rico pediu a 2engai para escrever algo pela continuidade daprosperidade de sua família, de modo que esta pudesse manter sua fortuna de gera$'o agera$'o. 2engai ent'o pegou uma longa folha de papel de arro& e nela escreveuA Baimorre, filho morre, neto morre.D

1 homem rico ficou indignado e ofendido. BEu lhe pedi para escrever algo pelafelicidade de minha famíliaC or que fi&este uma "rincadeira destas/CD

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B+'o pretendi fa&er "rincadeiras,D explicou 2engai tranq(ilamente. B2e antes de suamorte seu filho morrer, isso irá magoá-lo imensamente. 2e seu neto se for antes de seufilho, tanto voc quanto ele ficar'o arrasados. 7as se sua família, de gera$'o a gera$'o,morrer na ordem que escrevi, isso seria o mais natural curso da !ida. # isso eu chamo!erdadeira 0ique&a.D

!s Portais do Paraíso

m orgulhoso guerreiro chamado +o"ushige foi at* HaGu-6n, e perguntou-lheA B2eexiste um paraíso e um inferno, onde est'o/D

B)uem * voc/,D perguntou HaGu-6n.BEu sou um samuraiCD o guerreiro exclamou.B!oc, um guerreiroCD riu-se HaGu-6n. B)ue esp*cie de governante teria tal guarda/ 2ua

aparncia * a de um mendigoCD+o"ushige ficou t'o raivoso que come$ou a desem"ainhar sua espada, mas HaGu-6n

continouABEnt'o voc tem uma espadaC 2ua arma provavelmente está t'o cega que n'o cortaria

nem mesmo um gr'o de arro&CD1 samurai retirou a espada num gesto rápido e avan$ou pronto para matar, gritando deódio. +este momento HaGu-6n gritouA

B#ca"aram de se a"rir os ortais do 6nfernoCD #o ouvir estas palavras, e perce"endo a sa"edoria do mestre, o samurai em"ainhou

sua espada e fe&-lhe uma profunda reverncia.B#ca"aram de se a"rir os ortais do araíso,D disse suavemente HaGu-6n.

Certo e "rrado

)uando anGei reali&ava seus retiros semanais de medita$'o, discípulos de muitas

partes do Iap'o vinham participar. Jurante um destes sesshins um discípulo foi pegorou"ando. 1 caso foi reportado a anGei com a solicita$'o para que o culpado fosseexpulso.

anGei ignorou o caso.7ais tarde o discípulo foi surpreendido na mesma falta, e novamente anGei

desdenhou o acontecimento. 6sto a"orreceu os outros pupilos, que enviaram uma peti$'opedindo a dispensa do ladr'o, e declarando que se tal n'o fosse feito, eles todos iriamdeixar o retiro.

)uando anGei leu a peti$'o, ele reuniu todos diante de si.B!ocs s'o sá"ios,D ele disse aos discípulos. B!ocs sa"em o que * certo e o que *

errado. !ocs podem ir para qualquer outro lugar e estudar e praticar, mas este po"reirm'o n'o perce"e nem mesmo o que significa o certo e o errado. )uem irá ensiná-lo se

eu n'o o fi&er/ Eu vou mant-lo aqui mesmo se o resto de vocs partirem.Dma torrente de lágrimas foram derramadas pelo monge que rou"ara. Fodo seu desejode rou"ar tinha se esvaecido.

# $ua %&o Pode Ser Roubada

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0KoGan, um mestre 4en, vivia a mais simples e frugais das vidas em uma pequenaca"ana aos p*s de uma montanha. ma noite um ladr'o entrou na ca"ana apenas paradesco"rir que nada havia para ser rou"ado.

0KoGan retornou e o surpreendeu lá.B!oc fe& uma longa viagem para me visitar,D ele disse ao gatuno, Be voc n'o deveria

retornar de m'os va&ias. or favor tome minhas roupas como um presente.D

1 ladr'o ficou perplexo. 0indo de tro$a, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora.0KoGan sentou-se nu, olhando a lua.Bo"re coitado,D ele murmurou. BLostaria de poder dar-lhe esta "ela lua.D

"quanimidade

Jurante as guerras civis no Iap'o feudal, um ex*rcito invasor poderia facilmentedi&imar uma cidade e tomar controle. +uma vila, todos fugiram apavorados ao sa"eremque um general famoso por sua f?ria e crueldade estava se aproximando M todos menosum mestre 4en, que vivia afastado.

)uando chegou N vila, seus "atedores disseram que ningu*m mais estava lá, al*m do

monge. 1 general foi ent'o ao templo, curioso em sa"er quem era tal homem. )uandoele lá chegou, o monge n'o o rece"eu com a normal su"miss'o e terror com que ogeneral estava acostumado a ser tratado por todos5 isso levou o general N f?ria.

B2eu toloCD ele gritou enquanto desem"ainhava sua espada, Bn'o perce"e que vocestá diante de um homem que pode trucidá-lo num piscar de olhos/CD

1 mestre permaneceu completamente tranq(ilo.BE voc perce"e,D o mestre replicou calmamente, Bque voc está diante de um homem

que pode ser trucidado num piscar de olhos/D

Presente de 'nsultos

erta ve& existiu um grande guerreiro. #inda que muito velho, ele ainda era capa& dederrotar qualquer desafiante. 2ua reputa$'o estendeu-se longe e amplamente atrav*s dopaís e muitos estudantes reuniam-se para estudar so" sua orienta$'o.

m dia um infame jovem guerreiro chegou N vila. Ele estava determinado a ser oprimeiro homem a derrotar o grande mestre. Iunto N sua for$a, ele possuía umaha"ilidade fantástica em perce"er e explorar qualquer fraque&a em seu oponente,ofendendo-o at* que este perdesse a concentra$'o. Ele esperaria ent'o que seuoponente fi&esse o primeiro movimento, assim revelando sua fraque&a, e ent'o atacariacom for$a impiedosa e velocidade de um raio. +ingu*m jamais havia resistido em umduelo contra ele al*m do primeiro movimento.

ontra todas as advertncias de seus preocupados estudantes, o velho mestrealegremente aceitou o desafio do jovem guerreiro.

)uando os dois se posicionaram para a luta, o jovem guerreiro come$ou a lan$ar insultos ao velho mestre. Ele jogava terra e cuspia em sua face. or horas ele ofendeuver"almente o mestre, com todo tipo de insulto e maldi$'o conhecidos pela humanidade.7as o velho guerreiro meramente ficou parado ali, calmamente. #t* que, enfim, o jovemguerreiro ficou exausto. erce"endo que havia sido derrotado, ele fugiuvergonhosamente.

m tanto desapontados por n'o terem visto seu mestre lutar contra o insolente, osestudantes aproximaram-se e lhe perguntaramA Bomo o senhor p@de suportar tantosinsultos e indignidades/ omo conseguiu derrotá-lo sem ao menos se mover/D

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B2e algu*m vem para dar-lhe um presente e voc n'o o aceita,D o mestre replicou,Bpara quem retorna este presente/D

Ca(ando )ois Coelhos

m estudante de artes marciais aproximou-se de seu mestre com uma quest'oABLostaria de aumentar meu conhecimento das artes marciais. Em adi$'o ao que

aprendi com o senhor, eu gostaria de estudar com outro professor para aprender outroestilo. 1 que pensa de minha id*ia/D

B1 ca$ador que espreita dois coelhos ao mesmo tempo,D respondeu o mestre, Bcorre orisco de n'o pegar nenhum.D

! *ais 'm+ortante "nsinamento

m renomado mestre 4en di&ia que seu maior ensinamento era esteA uddha * a suamente. Je t'o impressionado com a profundidade implicada por este axioma, um monge

decidiu deixar o monast*rio e retirar-se em um local afastado para meditar nesta pe$a desa"edoria. Ele viveu vinte anos como um eremita, refletindo no grande ensinamento.m dia ele encontrou outro monge que viajava atrav*s da floresta próxima N sua

ermida. Oogo o monge eremita sou"e que o viajanta tam"*m havia estudado so" omesmo mestre 4en.

Bor favor, diga-me se voc conhece o grande ensinamento do mestre,D perguntouansioso ao outro.

1s olhos do monge "rilharam. B#hC 1 mestre foi muito claro so"re isto. Ele disse queseu maior ensinamento eraA uddha n'o * a sua mente.D

Gutei e o )edo

1 mestre Lutei, sempre que lhe fa&iam uma pergunta, respondia levantando um dedosem nada di&er. m novi$o adquiriu o vício de imitá-lo. erto dia, um visitante perguntouao novi$oA

B)ue serm'o o 7estre está pronunciando agora/D1 novi$o respondeu levantando o dedo. 1 visitante, quando se encontrou com o

mestre, contou-lhe que o novi$o o imitara. 7ais tarde, o mestre escondeu uma faca nasvestes e chamou o novi$o. )uando este se apresentou, Lutei perguntou-lheA

B1 que * uddha/D1 rapa&, ansioso para impressionar o mestre, respondeu levantando o dedo. 1 mestre

ent'o agarrou-lhe a m'o e cortou-lhe o dedo fora, com a faca. 1 discípulo, apavorado eem choque, já ia sair correndo, mas Lutei o chamou com um gritoA

B+ovi$oCD)uando o rapa& se voltou para o mestre, este perguntou a"ruptamenteAB1 que * uddha/D1 discípulo ia levantar o dedo, mas n'o tinha mais dedo. +este instante, ele alcan$ou

o 2atori.

",oísmo

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1 rimeiro 7inistro da Jinastia Fang era um herói nacional pelo seu sucesso tantocomo homem de estado quanto como líder militar. 7as a despeito de sua fama, poder erique&a, ele se considerava um humilde e devoto "uddhista. Preq(entemente ele visitavaseu mestre 4en favorito, para estudar com ele, e am"os pareciam se dar muito "em. 1fato de que ele era um primeiro ministro aparentemente n'o tinha efeito em sua rela$'o,que parecia ser a de um reverendo mestre e seu respeitoso estudante.

m dia, durante sua visita usual, o rimeiro 7inistro perguntou ao mestreA B7estre, oque * o egoísmo de acordo com o "uddhismo/D

1 rosto do mestre ficou vermelho e, num tom de vo& extremamente desdenhoso einsultoso, ele gritou em respostaA

B)ue tipo de pergunta est?pida * esta/CDFal resposta inesperada chocou tanto o rimeiro 7inistro que este tornou-se

imediatamente arrogante e raivosoABomo ousa me tratar assim/CD+este momento, o mestre 4en sorriu e disseAB6sto, sua excelncia, * o egoísmo.D

Conhecendo os Peies

erta ve& huang F&u e um amigo caminhavam N margem de um rio.B!eja os peixes nadando na corrente,D disse huang F&u. BEles est'o realmente

feli&es.DB!oc n'o * um peixe,D replicou arrogantemente seu amigo, Bent'o voc n'o pode

sa"er se eles est'o feli&es.DB!oc n'o * huang F&u,D disse huang F&u, Bent'o como voc pode sa"er que eu

n'o sei que os peixes est'o feli&es/D

Plena #ten(&o

 #pós de& anos de aprendi&agem, Fenno atingiu o título de mestre 4en. +um diachuvoso, ele foi visitar o famoso mestre +an-6n. )uando ele entrou no mosteiro, o mestrerece"eu-o com uma quest'oA

B!oc deixou seus tamancos e seu guarda-chuva no alpendre/DB2im,D Fenno replicou.BJiga-me ent'o,D o mestre continou, Bvoc colocou seu guarda-chuva N esquerda de

seu cal$ado, ou N direita/DFenno n'o sou"e como responder ao Goan, perce"endo afinal que ele ainda n'o tinha

alcan$ado a plena aten$'o. Ent'o ele tornou-se aprendi& de +an-6n e estudou so" suaorienta$'o por mais de& anos.

$i.ros

Hs(an-hien, quando jovem, era um devoto estudante do "uddhismo. Estudou muitoos conceitos e as doutrinas, tornou-se muito há"il em analisar os termos complexos, e seconsiderava um expert em filosofia "uddhista. #prendeu de cor o 2utra do Jiamante, eorgulhosamente escreveu um longo comentário so"re ele.

m dia, sa"endo que em Hunan havia um grande sá"io que di&ia coisas com que elen'o concordava, resolveu viajar at* para para provar, atrav*s de seu conhecimento, que o

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pretenso sá"io estava errado. Ele pegou seu comentário )inglong so"re o 2utra doJiamante e partiu.

+o caminho, encontrou uma velha que vendia "olinhos de arro&. ansado e com fome,falou N senhoraA

BLostaria de comprar alguns "olinhos, por favor.DB)ue livros está carregando/D perguntou a velha.

B o meu comentário so"re o verdadeiro sentido do 2utra do Jiamante,D disseorgulhoso, Bmas voc n'o sa"e nada so"re esses assuntos profundos.D

 #pós um pequeno momento de silncio, a velha lhe disseAB!ou lhe fa&er uma pergunta e, se puder me responder, eu lhe darei os "olinhos de

gra$a. 2en'o terá de ir em"ora, pois n'o vou nem lhe dar nem lhe vender os "olinhos.D #chando-se capa& de responder qualquer pergunta, quanto mais de uma pessoa sem

os seus anos de conhecimentos nos termos filosóficos, disseAB7uito "em, pergunte-me.DBEstá escrito no !ajracchediGa que a 7ente do passado * inatingível, a 7ente do futuro

* inatingível, e a 7ente do presente * inatingível5 diga-me, ent'o, com qual 7ente vocvai se alimentar/D

Estupefato, Hs(an-hien n'o sou"e o que di&er. # velha levantou-se e comentouA

B2into muito, mas acho que terá de se alimentar em outro lugar,D e partiu.)uando chegou ao seu destino, encontrou Oongtan, o mestre do templo. Finhachegado tarde, e ainda a"alado com o encontro anterior, sentou-se silenciosamente emfrente ao mestre, esperando que ele iniciasse o de"ate. 1 mestre, após muito tempo,disseA

B muito tarde, e voc está cansado. melhor ir para seu quarto dormir.DB7uito "em,D disse o intelectual. Ele levantou-se e come$ou a sair para a escurid'o do

corredor. 1 mestre veio de dentro do sal'o e comentouABEstá muito escuro5 tome, leve esta vela acesa,D e lhe passou uma das velas acesas do

altar. )uando Hs(an-hien pegou a vela tra&ida pelo mestre, Oongtan su"itamenteassoprou-a, apagando a lu& e deixando am"os silenciosos em meio N escurid'o. +estemomento, Hs(an-hien atingiu o 2atori.

+o dia seguinte, levou todos os seus livros e comentários para o pátio, e os queimou.

%ada Santo

erta ve& odhidharma foi levado N presen$a do 6mperador Qu, um devoto "enfeitor "uddhista, que ansiava por rece"er a aprova$'o de sua generosidade pelo sá"io. Eleperguntou ao mestreA

B+ós construímos temples, copiamos os sutras sagrados, ordenamos monges emonjas. )ual o m*rito, reverenciado senhor, da nossa conduta/D

B+enhum m*rito, em a"soluto,D disse o sá"io.1 6mperador, chocado e algo ofendido, pensou que tal resposta com certe&a estava

su"vertendo todo o dogma "uddhista, e tornou a perguntaABEnt'o qual * o 2anto Jharma, o rimeiro rincípio/DBm vasto !a&io, sem nada santo dentro dele,D afirmou odhidharma, para a surpresa

do 6mperador. Este ficou furioso, levantou-se e fe& sua ?ltima perguntaAB)uem *s ent'o, para ficares diante de mim como se fosse um sá"io/DBEu n'o sei, 7ajestade,D replicou o sá"io, que assim tendo dito virou-se e foi em"ora.

!nde "stá Sua *ente/

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Pinalmente, após muitos sofrimentos, 2hang RSang foi aceito por odhidharma comoseu discípulo. 1 jovem ent'o falou ao mestreA

BEu n'o tenho pa& de espírito. Lostaria de pedir, senhor, que pacificasse minhamente.D

Bonha sua mente aqui na minha frente, e eu a pacificareiCD replicou odhidharma.

B7asT impossível que eu fa$a issoCD afirmou 2hang RSang.BEnt'o já pacifiquei a sua mente,D concluiu o sá"io.

! Paraíso

Juas pessoas estavam perdidas no deserto. Elas estava morrendo de inani$'o e sede,quando, finalmente, avistaram um alto muro. Jo outro lado eles podiam ouvir o "arulho dequedas dUágua e pássaros cantando. #cima eles podiam ver os galhos de uma árvorefrutífera atravessando e pendendo so"re o muro. 2eus frutos pareciam deliciosos.

m dos homens escalou o muro e desapareceu no outro lado.1 outro, em ve& disso, saciou sua fome e sede com as frutas que so"ressaíam da

árvore ali mesmo, e retornou ao deserto, para ajudar outros perdidos a encontrar ocaminho para o oásis.

%&o *orri #inda

1 6mperador perguntou ao mestre LudoAB1 que acontece com um homem iluminado após a morte/DBomo eu poderia sa"er/D replicou Ludo.Borque o senhor * um mestreT +'o */D respondeu o 6mperador, um pouco surpreso.B2im, 7ajestade,D disse Ludo suavemente, Bmas ainda n'o sou um mestre morto.D

Samsara

1 monge perguntou ao mestreAB7estre, como posso sair do 2amsara/D1 mestre respondeuAB)uem te colocou nele/D

*ente em *o.imento

Jois homens estavam discutindo so"re uma flVmula que tremulava ao ventoA

B o vento que realmente está se movendoCD declarou o primeiro.B+'o, o"viamente * a flVmula que se moveCD concluiu o segundo.m mestre 4en, que por acaso passava por perto, ouviu a discuss'o e os interrompeu,

di&endoAB+em a flVmula nem o vento est'o se movendo. a mente que se move.D

! 0uebrador de Pedras

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Era uma ve& um simples que"rador de pedras que estava insatisfeito consigo mesmo ecom sua posi$'o na vida.

m dia ele passou em frente a uma rica casa de um comerciante. #trav*s do portala"erto, ele viu muitos o"jetos valiosos e luxuosos e importantes figuras que freq(entavama mans'o.

W)u'o poderoso * este mercadorCW pensou o que"rador de pedras. Ele ficou muito

invejoso disso e desejou que ele pudesse ser como o comerciante.ara sua grande surpresa ele repentinamente tornou-se o comerciante, usufruindo

mais luxos e poder do que ele jamais tinha imaginado, em"ora fosse invejado e detestadopor todos aqueles menos poderosos e ricos do que ele. m dia um alto oficial do governopassou N sua frente na rua, carregado em uma liteira de seda, acompanhado por su"missos atendentes e escoltado por soldados, que "atiam gongos para afastar a ple"e.Fodos, n'o importando qu'o ricos, tinham de se curvar N sua passagem.

W)u'o poderoso * este oficialCW ele pensou. WLostaria de poder ser um alto oficialCWEnt'o ele tornou-se o alto oficial, carregado em sua liteira de seda para qualquer lugar 

que fosse, temido e odiado pelas pessoas N sua volta. Era um dia de ver'o quente, e ooficial sentiu-se muito desconfortável na suada liteira de seda. Ele olhou para o 2ol. Estefulgia orgulhoso no c*u, indiferente pela sua reles presen$a a"aixo.

W)u'o poderoso * o 2olCW ele pensou. WLostaria de ser o 2olCWEnt'o ele tornou-se o 2ol. rilhando fero&mente, lan$ando seus raios para a terraso"re tudo e todos, crestando os campos, amaldi$oado pelos fa&endeiros etra"alhadores. 7as um dia uma gigantesca nuvem negra ficou entre ele e a terra, e seucalor n'o mais p@de alcan$ar o ch'o e tudo so"re ele.

W)u'o poderosa * a nuvem de tempestadeCW ele pensou WLostaria de ser uma nuvemCWEnt'o ele tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas, causando temor a

todos. 7as repentinamente ele perce"eu que estava sendo empurrado para longe comuma for$a descomunal, e sou"e que era o vento que fa&ia isso.

W)u'o poderoso * o !entoCW ele pensou. WLostaria de ser o ventoCWEnt'o ele tornou-se o vento de furac'o, soprando as telhas dos telhados das casas,

desenrai&ando árvores, temido e odiado por todas as criaturas na terra. 7as em

determinado momento ele encontrou algo que ele n'o foi capa& de mover nem ummilímetro, n'o importasse o quanto ele soprasse em sua volta, lan$ando-lhe rajadas dear. Ele viu que o o"jeto era uma grande e alta rocha.

W)u'o poderosa * a rochaCW ele pensou. WLostaria de ser uma rochaCWEnt'o ele tornou-se a rocha. 7ais poderoso do que qualquer outra coisa na terra,

eterno, inamovível. 7as enquanto ele estava lá, orgulhoso pela sua for$a, ele ouviu o somde um martelo "atendo em um cin&el so"re uma dura superfície, e sentiu a si mesmosendo despeda$ado.

W1 que poderia ser mais poderoso do que uma rocha/C/W pensou surpreso.Ele olhou para "aixo de si e viu a figura de um que"rador de pedras.

1al.e

Há um conto taoísta so"re um velho fa&endeiro que tra"alhou em seu campo por muitos anos. m dia seu cavalo fugiu. #o sa"erem da notícia, seus vi&inhos vieram visitá-lo.

B)ue má sorteCD eles disseram, solidariamente.BFalve&,D o fa&endeiro calmamente replicou. +a manh' seguinte o cavalo retornou,

tra&endo com ele trs outros cavalos selvagens.B)ue maravilhosoCD os vi&inhos exclamaram.

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BFalve&,D replicou o velho homem. +o dia seguinte, seu filho tentou domar um doscavalos, foi derru"ado e que"rou uma perna. 1s vi&inhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna.

B)ue pena,D disseram.BFalve&,D respondeu o fa&endeiro. +o próximo dia, oficiais militares vieram N vila para

convocar todos os jovens ao servi$o o"rigatório no ex*rcito, que iria entrar em guerra.

!endo que o filho do velho homem estava com a perna que"rada, eles o dispensaram. 1svi&inhos congratularam o fa&endeiro pela forma com que as coisas tinham se virado a seufavor.

1 velho olhou-os e, com um leve sorriso, disse suavementeABFalve&.D

Ci+reste

m monge perguntou ao mestreAB)ual o significado de Jharma-uddha/D1 mestre apontou e disseA

B1 cipreste no jardim.D1 monge ficou irritado, e disseAB+'o, n'oC +'o use pará"olas aludindo a coisas concretasC )uero uma explica$'o

intelectual do termoCDBEnt'o n'o vou usar nada concreto, e serei intelectualmente claro,D disse o mestre. 1

monge esperou um pouco e, vendo que o mestre n'o iria continuar, fe&-lhe a mesmaperguntaA

BEnt'o/ )ual o significado de Jharma-uddha/D1 mestre apontou e disseAB1 cipreste no jardim.D

P2

hao-hou certa ve& varria o ch'o, quando um monge lhe perguntouAB2endo vós o sá"io e santo mestre, di&ei-me como se acumula tanto pó em seu

quintal/DJisse o mestre, apontando para o pátioABEle vem lá de fora.D

3ardim Zen 4 # Belea %atural

m monge jovem era o responsável pelo jardim de um famoso templo 4en. Ele tinha

conseguido o tra"alho porque amava as flores, ar"ustos e árvores. róximo ao templohavia um outro templo menor onde vivia apenas um velho mestre 4en. m dia, quando omonge estava esperando a visita de importantes convidados, ele deu uma aten$'o extraao cuidado do jardim. Ele tirou as ervas daninhas, podou os ar"ustos, cardou o musgo, egastou muito tempo meticulosamente passando o ancinho e cuidadosamente tirando asfolhas secas do outono. Enquanto ele tra"alhava, o velho mestre o"servava cominteresse, de cima do muro que separava os templos.

)uando terminou, o monge afastou-se um pouco para admirar o seu tra"alho.B+'o está lindo/D ele perguntou, feli&, para o velho monge.

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B2im,D replicou o anci'o, Bmas está falando algo crucial. #jude-me a pular este muro eeu irei acertar as coisas para voc.

 #pós certa hesita$'o, o monge levantou o velho por so"re o muro e pousou-osuavemente em seu lado. !agarosamente, o mestre caminhou para a árvore maispróxima ao centro do jardim, segurou seu tronco e o sacudiu com for$a. Polhas desceramsuavemente N "risa e caíram por so"re todo o jardim.

BrontoCD disse o velho monge, Bagora voc pode me levar de volta.D

#ranha

m conto ti"etano fala de um estudante de medita$'o que, enquanto meditava em seuquarto, pensava ver uma assustadora aranha descendo N sua frente. # cada dia a criaturaamea$adora retornava cada ve& maior em tamanho. F'o terrificado estava o estudanteque finalmente foi ao seu professor para relatar o seu dilemaA

B+'o posso continuar meditando com tal amea$a so"re mim,D disse ele tremendo depavor. B!ou guardar uma faca em meu colo durante a medita$'o, de forma que quando aaranha aparecer eu possa matá-laCD

1 professor advertiu-o contra esta id*iaAB+'o fa$a isso. Pa$a como eu lhe digoA leve um peda$o de carv'o N sua medita$'o, equando a aranha aparecer, marque um XYU em sua "arriga. Jepois disso venha at* mim.D

1 estudante retornou N sua medita$'o. )uando a aranha novamente apareceu, elelutou contra o impulso de atacá-la, e em ve& disso fe& como o mestre sugeriu. Ent'ocorreu para a sala dele, gritandoA

BEu a marquei na "arrigaC Pi& o que me pediuC 1 que fa$o agora/D1 professor olhou-o e falouABOevante a t?nica e olhe para a sua própria "arriga.D

 #o fa&er isso, o estudante viu o XYU que havia feito.

! "u Verdadeiro

m homem muito pertur"ado foi at* um mestre 4en, apresentou-se e disseAWor favor, 7estre, eu me sinto desesperadoC +'o sei quem eu sou. 2empre li e ouvi

falar so"re o Eu 2uperior, nossa verdadeira Essncia Franscendental, e por muitos anostentei atingir esta realidade profunda, sem nunca ter sucessoC or favor mostre-me meuEu !erdadeiroCW

7as o professor apenas ficou olhando para longe, em silncio, sem dar nenhumaresposta. 1 homem come$ou a implorar e pedir, sem que o mestre lhe desse nenhumaaten$'o. Pinalmente, "anhado em lágrimas de frustra$'o, o homem virou-se e come$ou ase afastar. +este momento o mestre chamou-o pelo nome, em vo& alta.

W2im/W replicou o homem, enquanto se virava para fitar o sá"io.

WEis o seu verdadeiro Eu.W disse o mestre.

Sem Problema

m praticante 4en foi N anGei e fe&-lhe esta pergunta, aflitoAW7estre, Eu tenho um temperamento irascível. 2ou Ns ve&es muito agitado e agressivo

e aca"o criando discuss%es e ofendendo outras pessoas. omo posso curar isso/W

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WFu possuis algo muito estranho,W replicou anGei. WJeixe-me ver como * essecomportamento.W

WemT Eu n'o posso mostrá-lo exatamente agora, mestre,W disse o outro, um poucoconfuso.

WE quando tu a mostrarás para mim/W perguntou anGei.W+'o sei... * que isso sempre surge de forma inesperada,W replicou o estudante.

WEnt'o,W concluiu anGei, Wessa coisa n'o fa& parte de tua nature&a verdadeira. 2eassim fosse, tu poderias mostrá-la sempre que desejasse. )uando tu nasceste n'o atinhas, e teus pais n'o a passaram para ti. ortanto, sai"as que o pro"lema n'o existe.W

'm+erman5ncia

m famoso mestre espiritual aproximou-se do ortal principal do palácio do 0ei.+enhum dos guardas tentou pará-lo, constrangidos, enquanto ele entrou e dirigiu-seaonde o 0ei em pessoa estava solenemente sentado, em seu trono.

W1 que vós desejais/W perguntou o 7onarca, imediatamente reconhecendo o visitante.WEu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria,W replicou o professor.

W7as aqui n'o * uma hospedaria, "om homem, Wdisse o 0ei, divertido, WEste * o meupalácio.WWosso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós/W perguntou o

mestre.W7eu pai. Ele está morto.WWE a quem pertenceu antes dele/WW7eu av@,W disse o 0ei já "astante intrigado, W7as ele tam"*m está morto.WW2endo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espa$o de tempo e ent'o

partem M vós me di&eis que tal lugar n'o * uma hospedaria/W

0uando cansado666

m estudante perguntou a hao-hou, W7estre, o que o 2atori/W1 mestre replicouA W)uando estiver com fome, coma. )uando estiver cansado, durma.W

)uelo de Chá

m mestre da cerim@nia do chá no antigo Iap'o certa ve& acidentalmente ofendeu umsoldado, ao desdenhá-lo em distra$'o quando ele pediu por sua aten$'o. Ele pediu por desculpas com rapide&, mas o impetuoso soldado exigiu que a quest'o fosse resolvidaem um duelo de espadas.

1 mestre de chá, que n'o tinha a"solutamente nenhuma experincia com espadas,

pediu o conselho de um velho amigo mestre 4en que possuía tal ha"ilidade. Enquanto eraservido de um chá pelo amigo, o espadachim 4en n'o p@de evitar notar como o mestre dechá executava sua arte com perfeita concentra$'o e tranq(ilidade.

W#manh',W disse o mestre 4en, Wquando voc duelar com o soldado, segure sua armaso"re sua ca"e$a como se estivesse pronto para desferir um golpe, e encare-o com amesma concentra$'o e tranq(ilidade com que voc executa a cerim@nia do cháW.

+o dia seguinte, na exata hora e local escolhidos para o duelo, o mestre de chá seguiuseu conselho. 1 soldado, já pronto para atacar, olhou por muito tempo em silncio para aface totalmente atenta, por*m suavemente calma, do mestre de chá. #t* que o soldado

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lentamente a"aixou sua espada, desculpou-se por sua arrogVncia, e partiu sem ter dadoum ?nico golpe.

1rabalhando )uro

m estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente.WEu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a 6lumina$'oC )uanto

tempo vai demorar para eu o"ter este prmio e dominar este conhecimento/W # resposta do professor foi casualAWns de& anos.W6mpacientemente, o estudante completouAW7as eu quero entender todos os segredos mais rápido do que istoC !ou tra"alhar duroC

!ou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso de& ou mais horaspor diaCC +este caso, em quanto tempo chegarei ao o"jetivo/W

1 professor pensou um pouco e disse suavementeAWns vinte anos.W

# Bola e o Zen

erta ve&, enquanto o velho mestre 2eppo Lisen jogava "ola, Lessha aproximou-se eperguntouA

Wor que * que a "ola rola/W2eppo respondeuAW# "ola * livre. a verdadeira li"erdade.WWor qu/WWorque * redonda. 0ola em toda parte, seja qual for a dire$'o, livremente.

6nconsciente, natural, automaticamente.W

1i,elas

erta ve& um estudante perguntou ao mestre hao-houAB7estre, por favor, o que * o 2atori/DIoshu respondeu-lheABFerminaste a refei$'o/DB claro, mestre, terminei.DBEnt'o, vai lavar tuas tigelasCD

Sem *oti.o

erto dia, trs amigos passeavam e viram um homem no cume de um pequeno monte,sentado. uriosos so"re o que estaria o homem fa&endo, foram at* ele, usando a trilha naencosta. hegando lá, o primeiro disseA

W1lá, está esperando um amigo/WW+'oTW respondeu o outro. 1 segundo homem replicouAWEnt'o está respirando o ar puroCWW+'oTW disse o estranho. 1 terceiro amigo disseAWIá seiC !oc estava passando e resolveu sentar-se para admirar este "elo cenário.W

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W+a verdade, n'o,W repetiu o homem. 1s trs amigos ent'o exclamaram ao mesmotempo, estupefatosA

W7as, ent'o, o que fa& aqui/W1 homem disse com um suave sorrisoAW#penas estou aqui.W

! Ver&o Zen

 #o terminar o !er'o, Zang-shan fe& uma visita a Ruei-shan, que lhe perguntouAW+'o vos vi por aqui todo o !er'o, o que fi&estes/WZang-shan replicouAWEstive cultivando um peda$o de terra e terminei de plantar umas sementes.WWEnt'o,W comentou Ruei-shan, Wn'o desperdi$astes o vosso !er'o.Wor sua ve&, Zang-shan disseAWE vós, como passastes o !er'o/WWma refei$'o por dia e um "om sono N noite,W argumentou o outro.WEnt'o,W foi a ve& de Zang-shan comentar, Wn'o desperdi$astes o vosso !er'o.W

Vem7

7estre FoGusan 8[\=-:;]> estava sentado em &a&en N "eira do rio. #vi&inhando-se damargem, um discípulo gritou-lheA

Bom dia, mestreC omo estais/DFoGusan interrompeu o &a&en e, com o leque, fe& sinal ao discípulo, como se estivesse

pedindo para que ele se aproximasse. B!emT !emTCDEnt'o levantou-se, deu meia-volta e p@s-se a ladear o rio, seguindo o curso da água.1 discípulo, nesse instante, experimentou o 2atori.

Chao-Chou e o Grande Caminho

erta ve&, um homem encontrou hao-hou, que estava atarefado em limpar o pátiodo mosteiro. Peli& com a oportunidade de falar com um grande 7estre, o homem,imaginando conseguir de hao-hou respostas para a quest'o metafísica que lhe estavaatormentando, lhe perguntouA

W1h, 7estreC Jiga-meA onde está o aminho/Whao-hou, sem parar de varrer, respondeu solícitoAW1 caminho passa ali fora, depois da cerca.WW7as,W replicou o homem meio confuso, Weu n'o me refiro a esse caminho.Warando seu tra"alho, o 7estre olhou-o e disseA

WEnt'o de que caminho se trata/W1 outro disse, em tom místicoAWPalo, mestre, do Lrande aminhoCWW#hhh, esseCW sorriu hao-hou. W1 grande caminho segue por ali at* a apital,W e

continuou a varrer o ch'o.

"stou #qui

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m velho monge estava secando vegetais so" o inclemente sol do meio-dia. mhomem aproximou-se solícito e disseA

W)uantos anos tens/WW2essenta e oito,W disse o anci'o.Wor que tra"alhas tanto aqui no templo/WWorque aqui no templo há tanto tra"alho a fa&er,W replicou o monge.

W7as por que tra"alha so" este sol t'o quente/WWorque o sol quente está lá, e meu tra"alho * aqui.W

Per8ei(&o

erto dia um 7estre falava para seus alunos so"re a nature&a da erfei$'o. m dosdiscípulos, c*tico quanto a possi"ilidade de poder realmente algo chegar N perfei$'oconcretamente e incapa& de compreender o sentido do que o 7estre falava, o"servoupróximo ao grupo um cesto de ma$'s e disse ironicamenteA

W7estre, fiquei fascinado com sua explica$'o so"re a erfei$'o. oderia o senhor, parailustrar o que aca"ou de di&er, me dar uma ma$' perfeita/W

1 7estre calmamente olhou dentro da cesta, retirou uma ma$' e entregou ao aluno.

egando-a, este viu que a fruta estava com uma parte podre num dos lados. 1lhou para oprofessor e disse arroganteAWEssa * a perfei$'o de que fala/ Esta ma$' tem uma parte podreCWW2im,W replicou o 7estre. W7as para teu nível de compreens'o e discernimento, esta

ma$' podre * o máximo de ma$' perfeita que poderás o"ter.W

%&o tenho nada

m jovem monge aproximou-se de hao-hou muito orgulhoso e eufórico, e disseAW7e desfi& de tudo o que tinhaC 7inhas m'os est'o va&ias e vim N vós com o cora$'o

serenoCW

WEnt'o resta apenas desfa&eres-te disso, e chegarás ao 4en,W afirmou o mestre.W7as,W replicou o monge, Wn'o tenho mais nada. Jo que mais posso me desfa&er/WWFudo "em,W comentou o sá"io, Wse tu queres manter o +ada que ainda carregas, fique

com eleTW

Baso e o %ari

erto dia aso passeava em companhia de seu jovem discípulo HKaGuj@. # uma alturado passeio, viram uma revoada de patos selvagens. aso perguntou ent'o a HKaGuj@A

W)ue * aquilo, HKaGuj@/WW2'o patos selvagens, 7estreW respondeu o jovem.

WE para onde v'o/WW!'o-se em"ora, voandoTW replicou HKaGuj@, fitando o c*u, pensativo.Ent'o aso agarrou o nari& de seu discípulo com toda a for$a, dando um forte pux'o.

HKaGuj@ gritou de dor.aso ent'o "errouA W+'o foram em"ora coisa nenhumaCW

 #o ouvir isso, HKaGuj@ o"teve o 2atori.

Chu.a

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+um dia chuvoso, quando estava sentado com um discípulo no sal'o do templo eouvindo as gotas d^água "atendo suavemente no telhado e no pátio, o mestre Iing-)ingperguntou ao outro mongeA

W)ue som * aquele lá fora/WW a chuva,W respondeu o monge. 1 mestre disseA

W#o "uscar fora de si mesmos alguma coisa, todos os seres se confundem com ossignificados.W

WEnt'o,W replicou o discípulo, Wcomo deveria eu me sentir em rela$'o ao que perce"o,7estre/W

1 sá"io apenas disseAWEu sou o "arulho da chuva.W

#l9m do Vaio

erta ve& um monge perguntou a Oi-chanAW2e todas as coisas se redu&em em ?ltima análise ao !a&io, este a qu se redu&irá/W

0espondeu o mestreAW7inha língua * curta demais para vos explicar.WWE por que vossa língua * t'o curta/W perguntou o monge, intrigado.W+o interior e no exterior ela * da mesma va&ia nature&a.W Jisse o mestre.

# Pedrinha no Bambu

Hsiang-Ken fui discípulo de ai-chang. Era uma pessoa muito inteligente, e sempreconfiou na presun$'o de que se estudasse e a"sorvesse todo o conhecimento dos termose textos "uddhistas, seria um entendedor do 4en. #pós a morte de seu mestre, eledirigiu-se a Ruei-shan - que era o mais antigo discípulo de ai-chang - para que este lhe

orientasse. 7as Ruei-shan comentouAW2ou"e que estiveste so" a orienta$'o de meu antigo mestre e falaram-me de tuanotável inteligncia. Fentar compreender o "uddhismo atrav*s deste meio leva geralmentea uma compreens'o analítica, que em si nada tem de ?til, mas que pode indiretamentelevar o praticante a uma intui$'o do sentido 4en. or isso, eu lhe perguntoA como tu erasantes de teus pais terem lhe conce"ido/W

Hsiang-Ken ficou pasmo, sem sa"er o que di&er. ediu licen$a e foi para seu quarto, eprocurou em todos os textos e conceitos uma resposta para a estranha quest'o. +'o foicapa&, e voltou ao outro monge. ediu-lhe para ensinar so"re o sentido do que quis di&er,e Ruei-shan perguntouA

W2into muito, mas nada tenho a lhe dar. Fu sa"es mais do que eu, e se nósde"atssemos com certe&a eu ficaria em dificuldades. Fudo o que eu lhe pudesse di&er 

pertence Ns minhas desco"ertas pessoais e jamais poderia ser teu.WHsiang-Ken ficou desapontado e achou que o monge mais velho lhe estavaescondendo algo deli"eradamente. 0esolveu partir do templo, e "uscar o conhecimentoatrav*s dos livros e conceitos, pois achava que na verdade o seu conhecimento n'o erasuficiente, e por isso o outro n'o quis lhe responder. Poi morar em um eremit*rio e passoua estudar com afinco. #pós vários anos, achando-se suficientemente conhecedor dosconceitos "uddhistas, voltou a Ruei-shan. Este, quando ouviu suas doutas explica$%es esua solicita$'o por orienta$'o, apenas sorriu e nada disse. !irou-se e foi em"ora.

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Hsiang-Ken ficou irritadíssimo. +aquele momento tomou uma decis'o, destruiu todosos seus textos e resolveu desistir dos estudos, ainda que já fosse um grande intelectual.Ele pensouA W)ual a utilidade de estudar o "uddhismo, se este * t'o sutil e se * t'o difícilrece"er instru$%es de outrem/ 2erei agora um simples monge praticante, e desisto deentender qualquer coisaCW

 #"andonou o templo e suas cercanias, construiu uma ca"ana próxima N sepultura de

hu, o 7estre +acional de +an-Kang, e passou a viver uma vida simples longe dosestudos e quest%es.

erto dia, estava varrendo o ch'o de sua casa quando a vassoura tocou numapedrinha, que rolou e "ateu em um "am"u. Em meio ao silncio, o som ecoousuavemente. #o ouvir este som, Hsiang-Ken experimentou o 2atori, e finalmentecompreendeu o que tinha lhe dito Ruei-shan. Ele ent'o ajoelhou-se e silenciosamente fe&uma reverncia de agradecimento ao sá"io monge.

Bambu lon,o: bambu curto

erta ve&, durante uma palestra, um monge perguntou a um mestre 4enA

W)ual o significado fundamental do udismo/W1 mestre disseAW#o final da palestra fique aqui so&inho comigo que eu lhe explicarei.W6maginando que algo muito importante lhe seria revelado, o monge esperou impaciente

o fim da prele$'o. )uando todos saíram, ele perguntou ansiosoAWEnt'o, responder-me-ás agora/WW2iga-me,W disse o mestre e levantou-se. ondu&iu o monge ao "elo jardim aos fundos

do templo, apontou para o "osque de "am"us e disseAWEste "am"u * longo, aquele * curto.W

! #+er8ei(oamento Pessoal

m praticante certa ve& perguntou a um mestre 4en, que ele considerava muito sá"ioAW)uais s'o os tipos de pessoas que necessitam de aperfei$oamento pessoal/WWessoas como eu.W omentou o mestre. 1 praticante ficou algo espantadoAWm mestre como o senhor precisa de aperfei$oamento/WW1 aperfei$oamento,W respondeu o sá"io, Wnada mais * do que vestir-se, ou alimentar-

se...WW7as,W replicou o praticante, Wfa&emos isso sempreC 6maginava que o aperfei$oamento

significasse algo mais profundo para um mestre.WW1 que achas que fa$o todos os dias/W retrucou o mestre. W# cada dia, "uscando o

aperfei$oamento, fa$o com cuidado e honestidade os atos comuns do cotidiano. +ada *mais profundo do que isso.W

0uem 9 .oc5/

1 7estre 7a-Gu certa ve& chamou seu discípuloAWOiang-suiCW1 outro monge respondeuAW2im/W

 #o ouvir essa resposta, o mestre novamente chamouA

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WOiang-suiCW1 monge disseAWrontoCWela terceira ve& o mestre falouAWOiang-suiCW1 discípulo, intrigado, replicouA

WEstou aqui, mestre.W #pós uma pausa sem nada di&er, o sá"io exclamou para seu alunoAW)u'o tolo tu *sCW

 #o ouvir isso Oiang-sui teve o 2atori, e afirmouAW7estre, já n'o mais me engano. 2e n'o tivesse "uscado a vós como mestre, eu teria

sido levado miseravelmente, durante toda minha vida, a permanecer preso aos sutras eaos sastrasCW

7ais tarde, alguns companheiros de Oiang-sui perguntaram-lheAW1 que sa"es so"re a filosofia de uddha/WOiang-sui respondeuAWFudo o que sa"eis eu tam"*m sei. 7as o que sei nenhum de vós sa"eis.W

# *orte de Um Gato

+o mosteiro de +an-h^uan 8[\:-:_\ d..>, os monges da ala oriental discutiam comos da ala ocidental, no meio do dojo de medita$'o, so"re a posse de um gatinho. Emmeio N confus'o chega o mestre, que silenciosamente pega o gato pelo cangote e oergue acima de todos. 1 silncio caiu so"re os monges, e o mestre disseA

W#lgum de vós podeis di&er algo para salvar este po"re animal/W+ingu*m sou"e o que di&er. 1 mestre simplesmente torceu o pesco$o do gato,

matando-o. Jividiu-o em dois, e lan$ou uma parte na dire$'o de cada grupo de mongesdesolados.

7ais tarde, quando hao-chou retornou de uma viagem, ouviu de alguns monges o

relato do acontecido. #li perto, +an-h^uan o"servava a conversa. m dos mongesperguntou a hao-chouAW1 que terias feito para salvar o gato/Whao-chou nada disse, descal$ou as sandálias, colocou-as na ca"e$a, e saiu andando.

+este momento +an-h^uan apareceu e disse, num tom entristecidoAWEstiv*sseis aqui na ocasi'o e teríeis sido capa& de salvar aquele gatinho.W

! 0ue *ais/

m monge perguntou ao mestreAWPa& muito tempo que venho a vós diariamente, a fim de ser instruído no santo

caminho de uddha, mas at* hoje jamais vós me destes nenhuma palavra a esterespeito. Eu vos imploro, mestre, sejais mais caridoso.W1 velho mestre olhou-o com surpresaAW1 que quereis di&er com isso, meu rapa&/ Fodas as manh's vós me saudais e eu vos

respondo. )uando me tra&eis uma xícara de chá, eu a aceito, agrade$o-vos e me deliciocom vossa solicitude. 1 que mais desejais que eu lhe ensine/W

#le,ria

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1 monge 2hou-Juan era muito diligente, mas n'o tinha senso de humor. raticava o4en de forma rígida e moralista, e era incapa& de se guiar pela alegria. m dia seu mestreZang-Gi perguntouA

W)uem foi seu mestre anterior/WW1 monge haling ZuW, respondeu o outro.

W1uvi di&er que ele o"teve o 2atori quando escorregou de uma ponte e caiu na água, eat* mesmo chegou a escrever um poema so"re isso, n'o foi assim/W

W2im,W replicou 2hou-duan, We eu ainda me lem"ro do poemaD E recitou os versosA

Tenho uma p%rola #rilhante*ue por muito tempo esteve o#scurecida pelo pó!

 +gora o pó se foi  o #rilho voltou-luminando os rios e as colinas.

1uvindo isso, o mestre Zang-Gi caiu na gargalhada, rindo sem parar. 1 monge 2hou-duan ficou pasmo. +'o entendeu o porqu de tanta alegria. +aquela noite foi incapa& de

dormir, pensando no que poderia ter sido engra$ado naquilo tudo. +o dia seguinte foi Npresen$a do mestre e lhe perguntouAW7estre, por que riste tanto ao ouvir o poema que recitei ontem/ +'o entendo o que

pode ser t'o engra$adoCWW1ntem um palha$o esteve aqui, apresentando-se numa pantomima. !ós lem"rais

disso/WW2im, lem"ro-me.WWois há um aspecto nele que * completamente superior ao vosso espírito.W6ntrigado, o monge replicouA WE o que um palha$o possui de mais profundo do que eu/WWEle gosta que as pessoa riam, e vós tendes medo quando elas riem.W1uvindo isso, o monge o"teve o 2atori.

%&o Conhe(o 1ítulos

m dia, o grande general RitagaGi foi visitar seu velho amigo, o superior do temploFofuGu. #o chegar, disse a um novi$o de forma algo desdenhosa como comumente sedirigia Ns pessoas que considerava seus su"ordinados no ex*rcitoA

WJiga ao 7estre que o grande general RitagaGi está aqui.W1 novi$o foi ao seu mestre e disseAW7estre, o Lrande Leneral RitagaGi está aqui.W1 mestre respondeuAW+'o conhe$o Lrandes Lenerais.W1 novi$o voltou N presen$a do militar com o recado enquanto o velho sá"io o"servava

do pórticoAWJesculpe, o mestre n'o pode v-lo. Ele n'o conhece nenhum Lrande Leneral.W1 Leneral inicialmente ficou surpreso, depois indignado, e finalmente compreendeu.

Humildemente disse ao novi$oAWJesculpe minha arrogVncia. or favor, diga-lhe que RitagaGi deseja v-lo.W1 monge assim o fe&. Oogo, o mestre aproximou-se com um sorriso e cumprimentouAW#h, RitagaGiC Há quanto tempoC or favor, entre.W

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# Vaca Zen

2hih-Rung, um dia, tra"alhava na co&inha quando 7a-Fsu aproximou-se e perguntou oque fa&ia.

WEstou cuidando da !aca, Wdisse o outro, enquanto lavava os pratos.Womo cuidais da vaca/W desejou sa"er o mestre.

W2e ela se afasta da 2enda, eu puxo-a de volta pelo focinho. +'o posso me distrair nem um minutoCW

omentou 7a-tsuAW2a"eis realmente cuidar dela.W

! 'ntelectual e as Res+ostas Zen

erta ve& Fao-RSang, um intelectual "udista e estudioso do !ij`aptimara 8idealismoa"soluto>, aproximou-se de um mestre 4en e perguntouA

Wom que atitude mental deve um indivíduo disciplinar-se para alcan$ar a !erdade/W0espondeu o mestre 4enA W+'o há nenhuma mente a ser disciplinada, nem qualquer 

verdade na qual nós devemos nos disciplinar.W0eplicou o intelectualAW2e n'o há nenhuma mente para ser controlada e nenhuma !erdade para ser 

ensinada, por que vos reunis todos os dias aos monges/ 2e n'o tenho língua, como serápossível aconselhar a outrem a virem at* mim/W

WEu n'o possuo nem uma polegada de espa$o para dar, portanto onde possoconseguir uma reuni'o de monges/ Eu n'o possuo língua, como posso aconselhar aoutrem virem a mim/W respondeu o mestre.

1 6ntelectual ent'o exclamouAWomo podeis proferir uma tal mentira na minha cara/CWW2e n'o tenho língua para aconselhar os outros,W retorquiu o mestre, Wcomo * possível

pregar uma mentira/W

Jesesperado em confus'o, "errou Fao-RSangAW+'o posso seguir vosso raciocínioCCCWW+em eu tampouco.W concluiu o mestre.

0uer Chá/

hao-hou perguntou a um monge rec*m-chegado a seu mosteiroAWIá estivestes antes aqui/WW2im, senhor,W respondeu o monge, Wjá estive no ver'o passado.WW#hC Ent'o entre e tome uma xícara de chá,W disse o mestre, feli&.1utro dia, apareceu um novo rec*m-chegado. hao-hou lhe perguntouA

WIá estivestes antes aqui/WWEu jamais estive aqui, mestre.WW#hCW exclamou o sá"io, feli&, WEnt'o entre e tome uma xícara de chá.W6nju, o monge que administrava o templo, testemunhou am"os os eventos. Jisse ent'o

para hao-chou, intrigadoAWor que sempre fa&eis o mesmo oferecimento, qualquer que seja a resposta do

monge/W1 mestre su"itamente gritou-lheAW6njuCW

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1 outro assustou-se e disse, apreensivoAW2imC 1 que houve/CWhao-chou completouAWEntre e tome uma xícara de chá.W

Carro(a

m 6mperador, sa"endo que um grande sá"io 4en estava Ns portas de seu palácio, foiat* ele para fa&er uma importante perguntaA

W7estre, onde está o Eu/W1 mestre ent'o pediu-lheAWor favor traga-me aquela carro$a que está lá.W

 # carro$a foi tra&ida. 1 sá"io perguntouAW1 que * isso/WWma carro$a, * claro,W respondeu o 6mperador.1 mestre pediu que retirasse os cavalos que puxavam a carro$a. Ent'o disseAW1s cavalos s'o a carro$a/W

W+'o.W1 mestre pediu que as rodas fossem retiradas.W#s rodas s'o a carro$a/WW+'o, mestre.W1 mestre pediu que retirassem os assentos.W1s assentos s'o a carro$a/WW+'o, eles n'o s'o a carro$a.WPinalmente apontou para o eixo e falouAW1 eixo * a carro$a/WW+'o, mestre, n'o s'o.WEnt'o o sá"io concluiuAWJa mesma forma que a carro$a, o Eu n'o pode ser definido por suas partes. 1 Eu

n'o está aqui, n'o está lá. 1 Eu n'o se encontra em parte alguma. Ele n'o existe. E n'oexistindo, ele existe.WJito isso, ele come$ou a se afastar do surpreso monarca. )uando estava já afastado,

voltou-se e perguntou-lheAW1nde Eu estou/W

Pai-Chan, e a Ra+osa

Fodas as ve&es que ai-hang 8HKaGujo> fa&ia prele$%es so"re o 4en um velhohomem as assistia, desperce"ido pelos monges. #o final de cada palestra, ele partia juntocom os monges. 7as um dia ele permaneceu após a partida de todos, e ai-hang

perguntou-lheAW)uem sois vós/W1 velho respondeuAW+'o sou um ser humano, mas eu era um homem quando o uddha RashKapa pregou

neste mundo. Eu era um mestre 4en e vivia nestas montanhas. +aquela *poca um dosmeus estudantes me perguntou se um homem iluminado * sujeito N lei da ausalidade.Eu lhe respondiA ^1 homem iluminado n'o * sujeito N lei da causalidade.^ Jevido a estaresposta evidenciar um apego N um conceito a"soluto eu tornei-me uma raposa por quinhentos renascimentos, e eu ainda estou renascendo como raposa. odeis vós me

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resgatar desta condi$'o com suas palavras e assim li"erar-me de um corpo de raposa/or favor, respondeisA Está o homem iluminado sujeito N lei da causalidade/W

ai-hang disseAW1 homem iluminado * uno com a lei da ausalidadeW

 #o ouvir as palavras de ai-hang o velho atingiu o 2atori.WEstou emancipado,W ele disse, prestando homenagem ao mestre com uma profunda

inclina$'o. W+'o sou mais uma raposa, mas eu devo deixar meu corpo em meu local deresidncia atrás desta montanha. or favor, pe$o-vos que reali&eis meu funeral nacondi$'o de um monge.W E ent'o desapareceu.

+o dia seguinte ai-hang deu uma ordem por interm*dio do monge-principal paraque se preparasse um funeral para um monge.

W7as ningu*m está mori"undo no hospital,W questionaram os monges. W1 que o mestrepretende/W

 #pós o jantar ai-hang liderou os monges para fora do templo e em torno damontanha. Em uma caverna ele e seu grupo de monges retiraram o cadáver de umaraposa e ent'o reali&aram o rito funeral de crema$'o.

+aquela noite ai-hang falou para seus monges e contou-lhes a estória so"re a lei dacausalidade.

Huang-o 81"aGu>, após ouvir a estória, perguntou ousadamente a ai-hangAWEu entendo que há muito tempo atrás, devido a uma certa pessoa ter dado umaresposta 4en errada ela tornou-se uma raposa por quinhentos renascimentos. 7as euperguntariaA se algum mestre atual for questionado muitas ve&es so"re várias perguntas,e se ele sempre desse respostas certas, o que lhe aconteceria/W

ai-hang disseAW#proxime-se e eu lhe direi.WHuang-o aproximou-se e deu rapidamente um tapa na face do mestre, porque

perce"eu facilmente que essa seria a resposta que ai-hang pretendia lhe dar.ai-hang "ateu palmas e riu muito diante do discernimento do outro, e disse

simplesmenteAWEu sempre imaginei que um persa tivesse "ar"a vermelha, e agora eu conhe$o um

persa que possui mesmo uma "ar"a vermelha.W

! Koan do Galho

erta ve&, RKogen disse o seguinteAW4en * como um homem pendurado num alto galho de árvore pelos dentes, so"re um

precipício. 2uas m'os n'o podem alcan$ar o galho, seus p*s n'o podem se apoiar emoutro ramo. m homem so" a árvore lhe perguntaA ^or que odhidharma veio para ahina da Índia/^.

W2e o homem na árvore n'o responder, ele falha5 e se ele o fi&er, ele cairá e perderá avida. #ssim eu lhes perguntoA 1 que deve este homem fa&er/W

Chao-Chou e o Punho $e.antado

hao-chou foi at* um lugar onde um monge havia se retirado para meditar eperguntou-lheA

W1 qu * o que */W1 monge, em resposta, levantou seu punho.

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hao-hou replicouA W+avios n'o podem permanecer ancorados onde a água * muitorasa,W e partiu.

oucos dias mais tarde o mestre foi mais uma ve& N ermida do monge e fe&-lhe amesma quest'o. 1 monge respondeu do mesmo modo, e ent'o disse hao-houA

Worretamente oferecido, corretamente rece"ido, corretamente morto, corretamentepoupado.W

Ent'o fe& uma reverncia ao monge.

1r5s Gol+es em 1oan

Fon&an foi N presen$a de Zun-7en 8mmon / 3 <;;>. Este perguntou-lhe de ondeFo&an estava chegando. Fo&an disseA

WJa aldeia 2ato.WZun-7en quis sa"erA WEm qual templo vós passastes o ver'o/WW+o templo de Hoji, ao sul do lagoW, disse Fo&an de forma casual.W)uando partistes de lá/W perguntou Zun-7en.WEm =] de #gostoW, respondeu Fo&an. Zun-7en ent'o lhe afirmouA

WEu deveria vos dar trs golpes de "ast'o, mas hoje eu vos [email protected]+o dia seguinte Fo&an foi at* Zun-7en, fe& uma reverncia e perguntou, confusoAW1ntem vós me perdoastes os trs golpes. Entretanto eu n'o compreendo nem mesmo

qual foi a falta que cometi para poder merecer sofrer os golpes que vós me perdoastesCWZun-7en ent'o repreendeu Fo&an desta formaAW!ós sois in?til. 2uas respostas ontem foram sem espírito. !ós simplesmente vagueais

de um mosteiro para o outroCW #o ouvir as palavras de Zun-7en, Fo&an o"teve o 2atori.

! Ganso na Garra8a

Oi-G^u, alto oficial do governo da dinastia F^ang, perguntou a +an-huanAWHá muito tempo um homem mantinha um ganso dentro de uma garrafa. Este cresceutanto que n'o podia mais sair da garrafa. 1 homem desejava retirá-lo, mas n'o desejavaque"rar a garrafa nem ferir o ganso. omo poderíeis fa&er com que saísse da garrafanestas condi$%es/W

1 sá"io repentinamente gritouAWOi-G^uCWOi-G^u respondeu, assustadoAW1 que foi/CW1 mestre disse, afastando-seAW1 ganso já está fora.W

! Caminho está no Cotidiano

hao-hou perguntou a +ansenA W)ual * o aminho/W+ansen disseA W1 dia-a-dia * o aminhoW.Wode ele ser estudado/W perguntou hao-hou.+ansen disseA W2e tentares estudá-lo, irás estar muito longe dele.Whao-hou replicouA W2e n'o posso estudá-lo, como posso entender o aminho/W

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+ansen completouA W1 aminho n'o pertence ao mundo da percep$'o, nem Elepertence ao mundo da n'o-percep$'o. # cogni$'o * delus'o e a n'o-cogni$'o * semsentido. 2e desejais alcan$ar o !erdadeiro aminho al*m das d?vidas, "usqueis ser t'olivre como o c*u. E n'o afirmais que isso * "om ou ruim.W

 #o ouvir tais palavras, hao-hou atingiu o 2atori.

1ransitoriedade

erta ve&, uma pequena onda do oceano perce"eu que ela n'o era igual Ns outrasondas e disseA

Womo sofroC 2ou pequena, e vejo tantas ondas maiores e poderosas do que euC 2ouna verdade despre&ível e feia, sem for$a e in?til...W

7as outra onda do oceano lhe disseAWFu sofres porque n'o perce"es a transitoriedade das formas, e n'o enxergas tua

nature&a original. #nseias egoísticamente por aquilo que n'o *s, e mergulhas em auto-piedadeCW

W7as,W replicou a pequena onda,Wse n'o sou realmente uma pequena onda, o que

sou/WW2er onda * temporário e relativo. +'o *s onda, *s águaCWWgua/ E o que * água/WWsar palavras para descrev-la n'o vai levar-te N compreens'o. ontemples a

transitoriedade N tua volta, tenhas coragem de reconhecer esta transitoriedade em timesma. Fua essncia * água, e quando finalmente vivenciares isso, deixarás de sofrer com tua egóica insatisfa$'o.W

%aturea

Jois monges estavam lavando suas tigelas no rio quando perce"eram um escorpi'o

que estava se afogando. m dos monges imediatamente pegou-o e o colocou namargem. +o processo ele foi picado. Ele voltou para terminar de lavar sua tigela enovamente o escorpi'o caiu no rio. 1 monge mais uma ve& salvou o escorpi'o, e maisuma ve& foi picado. 1 outro monge ent'o perguntouA

B#migo, por que voc continua a salvar o escorpi'o, quando voc sa"e que suanature&a * agir com agressividade, picando-o/D

Borque,D replicou o monge, Bagir com compaix'o * a minha nature&a.D