34
CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar que o progresso econômico não é,. sim- plesmente, um problema de mais capital, mais acres ou mais carvão, senão, também, um problema de maior eficiência na administração e nos esforços para obter melhor educação, melhor saúde, melhor motivação e melhor (}tganização política e social." - JACOB VXNER A economia brasileira, considerada globalmente, apresenta ao observador o quadro típico de um país em plena fase de desenvolvimento. O crescimento de um parque indus- trial moderno, a diversificação dos produtos exportados e importados, a racionalização e burocratização do aparelho político e administrativo são apenas alguns dos aspectos mais característicos que aproximam a sociedade brasileira dos padrões dos países desenvolvidos do Ocidente. Todavia, um exame mais minucioso revela-nos uma dispa- ridade interna muito acentuada quanto ao ritmo e à in- tensidade do processo de desenvolvimento brasileiro. É assim que vemos, ao lado de uma economia dinâmica e relativamente próspera, concentrada em redor dos grandes núcleos agrindustriais da região Sul-Sudeste do País, per- sistir nas demais regiões um tipo de produção primitiva, HEINRICH RATNER - Professor (contratado) de Sociologia, do Depto. de Ciências Sociais, da Escola de Administração de Emprêsas de São Paulo e Instrutor da Cadeira de Economia Política, da Faculdade de Filosofia, Ciên- cias e Letras, da l..Tniversidade de São l>aulo.

CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

  • Upload
    others

  • View
    8

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

CONTRASTES REGIONAISNO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO

BRASILEIROHEINRICH RATTNER

"É da incwnbência dos eronomistas reconhecer eproclamar que o progresso econômico não é,. sim-plesmente, um problema de mais capital, mais acresou mais carvão, senão, também, um problema demaior eficiência na administração e nos esforçospara obter melhor educação, melhor saúde, melhormotivação e melhor (}tganização política e social."- JACOB VXNER

A economia brasileira, considerada globalmente, apresentaao observador o quadro típico de um país em plena fasede desenvolvimento. O crescimento de um parque indus-trial moderno, a diversificação dos produtos exportados eimportados, a racionalização e burocratização do aparelhopolítico e administrativo são apenas alguns dos aspectosmais característicos que aproximam a sociedade brasileirados padrões dos países desenvolvidos do Ocidente.

Todavia, um exame mais minucioso revela-nos uma dispa-ridade interna muito acentuada quanto ao ritmo e à in-tensidade do processo de desenvolvimento brasileiro. Éassim que vemos, ao lado de uma economia dinâmica erelativamente próspera, concentrada em redor dos grandesnúcleos agrindustriais da região Sul-Sudeste do País, per-sistir nas demais regiões um tipo de produção primitiva,

HEINRICH RATNER - Professor (contratado) de Sociologia, do Depto.de Ciências Sociais, da Escola de Administração de Emprêsas de São Pauloe Instrutor da Cadeira de Economia Política, da Faculdade de Filosofia, Ciên-cias e Letras, da l..Tniversidade de São l>aulo.

Page 2: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

i3.1: CONTRASTES REGIONAIS R.A.E.)11.~--------------------------------------bastante apenas para assegurar aos seus habitantes, alheiosao progresso econômico, social e cultural, um nível de vidarudimentar.

Entretanto, mais importante do que a própria constataçãodêsse fato é a análise das .tendências do processo e suaspossíveis conseqüências sôbre o futuro social e político daNação. Eis porque elegemos, como principais objetivosdo presente trabalho. os seguintes pontos:

• Testar algumas das hipóteses de Colin Clark e SimonKuznets, a respeito da modificação da importância re-lativa dos setores primário, secundário e terciário, àmedida que se processa o desenvolvimento econômi-co. 1 Empregamos para tanto dados parciais (relativosa São Paulo e ao Nordeste) e globais (do Brasil emgeral) .

• Aferir, por meio de dados estatísticos, o já famoso pro-cesso de concentração industrial que vem ocorrendoem São Paulo.

• Analisar as tendências e os resultados do desenvolvi-mento econômico brasileiro, em seus aspectos regioneis,comparando os dados disponíveis, em escala nacional,com os do maior núcleo industrial do País, o Estado deSão Paulo, e com os da região mais atrasada e pobre,o Nordeste. Selecionamos, para tal fim, diferentes da-dos relativos: à evolução demográfica do País; às ten-dências do processo de concentração industrial; e aocrescimento do produto real e da renda per capita.

Identificar alguns procedimentos de caráter econômico--social que, se adotados com objetivos políticos, pode-riam favorecer o desenvolvimento mais harmônico daeconomia brasileira.

Não pretendemos advogar soluções parciais e isoladas parao problema do subdesenvolvimento regional. Quisemos

1) SIMON KUZNETS, Six Lectures on Economia Grcwth, John Hopkins Uni-versity e COLIN CLARK, The Conditions of Economic Pl'ogress, Ma-:-MiIlan and Co., Londres, 1959, -caps, V. VI e VII, págs. 193 a 349.

Page 3: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

RA.E./ll CONTRASTES REGIONAIS 135.

apenas ressaltar que qualquer programa ou plano de de-senvolvimento, de âmbito nacional, que não preconizemeios e caminhos para reduzir as disparidades regionais e,assim, aproximar os extremos, estará fatalmente destinadoao malôgro.

Segundo Kuznets, o desenvolvimento econômico dos paísessubdesenvolvidos é caracterizado por dois aspectos espe-cíficos:

• em todos os casos o desenvolvimento econômico acar-reta uma elevação constante e substancial do produtoper capita;

• em quase todos os casos, êle implica um crescimentoconstante e substancial da população. 2

Todavia, um aumento quantitativo dêsses índices não é,necessàriamente, sinônimo do desenvolvimento, a não serque seja acompanhado por mudanças estruturais e insti-tucionais, como a urbanização, a educação democrática euniversal e a ascendente mobilidade social que daí advém.O esteio do desenvolvimento é constituído por uma altataxa de acumulação de capital, conseguida, muitas vêzes,por uma poupança forçada, por reinvestimentos planeja-dos e dirigidos e por um aumento constante da produtivi-dade da fôrça de trabalho. O equipamento físico, ou seja,bens de capital, e o progresso técnico são condições neces-sárias, mas não suficientes para o aumento da produtivi-dade; é indispensável que a população ativa tenha a capa-cidade de utilizá-los efetiva e racionalmente. Destarte, aestratificação da população, sua distribuição em áreas ur-banas e rurais, e seu conseqüente nível educacional e cul-tural, são fatôres de suma importância para a análise detôdas as fases do desenvolvimento econômico.

Quanto mais atrasado econômicamente o país, tanto maiorserá a parte da agricultura em sua economia, quer no to-cante à participação no total da renda nacional, quer noque se refere aos efetivos da população ativa que se dedi-

2) SIMON KUZNETS, op. cit., pág, 14.

Page 4: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

iM CONTRASTES REGIONAIS R.A.E.jl1

cam a atividades primárias . Assim, por via de regra, amaior parte da população ativa de um país, no início doprocesso de desenvolvimento, está concentrada em ativi-dades do setor primário, com baixa produtividade. À me-dida que o crescimento econômico resulta, principalmente,do fato de a produção industrial ser introduzida e aplicada,o conhecimento técnico e científico moderno, no qual essaprodução está estribada, exige e provoca mudanças na es-trutura demográfica e social dêsse país.

90%

ao%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

_______ RURAL

._._._._. TOTAL___ URBANA

70%

60%

50%

40%

30%

20%

GRÀFICO 1, MUDANÇAS NA ESTRUTURA DEMOGRÁFICA BRASILEIRA

11940 - 19601

1 - A, COMPOSiÇÃO DA POPULAÇÃO

POP. RURAL __

POP.URBANA_

-'-.-.

BRASIL __S. PAULO _

NORDESTE_._._

1940 1950

1 - B: PARTICIPAÇÃO' PERCENTUALDA POPULAÇÁO DO PAíS

- DO ESTADO DE SÃO PAULO E DO NORDESTE

POP. URBANA --POP. RURAL -----,

40 % POP. TOTAL _._,-,

30 %

S.PAULO-NORDESTE--

_.--_._._. __ .---------------

1960 1940 1950 1960

1 - ç, TAXAS DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BR":SILClRA

BRASil S. PAULO NORDESTE

19401950

20%

10%

1950196070%

10%

60%

50%

40%

30%

20%

BRASIL S. PAULO NORDESTE

Page 5: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.E./!! CONTRASTES REGIONAIS 137

No Brasil, entretanto, a percentagem da população ativano setor agropecuário excede em muito sua participaçãopercentual no produto real total do País, refletindo, dessamaneira, a menor produtividade e a menor renda per ca-pita das populações rurais brasileiras, em escala nacional,e a relativa pobreza da população brasileira, em escalainternacional.Todavia, o exame das estatísticas gerais da economia na-cional não basta para perceber os problemas críticos dodesenvolvimento econômico. As discrepâncias regionais emnível de renda e taxa de crescimento são, às vêzes, tãograndes que qualquer índice médio nacional se torna abso-lutamente inexpressivo das verdadeiras tendências do pro-cesso. No caso brasileiro, segundo o Conselho Nacionalde Economia, "o desnível da distribuição de rendas, obser-vado nas diversas regiões do País, além de atrapalhar odesenvolvimento do Brasil, está comprometendo, até mes-mo, a unidade nacional" . 3

ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

o desenvolvimento econômico de uma região ou de umpaís subdesenvolvido é acompanhado, de um lado, pelaconcentração, cada vez maior, da população em áreas ur-banas e, de outro lado, pelo êxodo rural da mão-de-obraativa. No caso brasileiro o movimento da população nosdiferentes Estados federados tem seguido essa tendência,embora em ritmo e intensidade diferentes.

Os dados apresentados no Gráfico 1, cujos números estãoreproduzidos no Anexo 1, permitem analisar os aspectosquantitativos e qualitativos, ou seja, os estratos fundamen-tais da sociedade brasileira e a dinâmica de seu desenvol-vimento . O aumento constante da população urbana noconjunto da população do País, verificado nos dois últimosdecênios, significa elevada mobilidade espacial e, por nãoter provocado desemprêgo em massa nas áreas urbanas,

3) "10.a Exposição Geral da Situação Econômica do Br8:~iI", Rio de Ja-neiro, 1963, citado no O Estado de São Paulo de 11/9/1963.

Page 6: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

138 CONTRASTES REGIONAIS R.A.EJl1

ascensão social de amplas parcelas da população brasileira.Segmentos sempre crescentes da população rural, antesocupados em atividades primárias, com baixíssimas rendasper capita, passam, em conseqüência da industrialização,para atividades secundárias e terciárias com maior produ-tividade e, também, maior nível de renda.

Entre 1950 e 1960 a população total do Brasil aumentoude 36,6%. Na década anterior o aumento havia sido deapenas 26,0%. Nos mesmos períodos, porém, as respec-tivas taxas de crescimento para a população urbana foramde 70,0 e 45,7%, enquanto a população rural aumentouapenas 17,7 e 16,9%. A discrepância é maior quandocomparadas essas taxas com as do Estado de São Pauloe as do Nordeste. Em São Paulo, nos períodos de 1940a 1950 e de 1950 a 1960, verificamos os seguintes índicesde' crescimento populacional: 27,2 e 42,0% para a po-pulação total; 51,6 e 69,6% para a população urbana, esomente 7,9 e 11,1% para a população rural.

Em sete Estados da região nordestina (Alagoas, Pernam-buco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Mara-nhão) as taxas foram, respectivamente: 23,3 e 25,5 % ,para a população total; 44,9 e 61,1%, para a populaçãourbana; 19,5 e 12,8%, para a população rural.

Enquanto os índices de crescimento da população no pri-meiro decênio foram mais ou menos idênticos para as trêsunidades (respectivamente, 26,0, 27,2 e 25,3%), na dé-cada seguinte, de 1950 a 1960, caracterizada pelo surtoindustrial em escala ampla e em intensidade e ritmo ace-lerados, os mesmos índices mostraram um incremento bas-tante diferente: 36,2% - Brasil; 42,0% - São Paulo,e apenas 25,5% - Nordeste. Entretanto, o aumento apa-rente na taxa de crescimento da população urbana no Nor-deste, entre 1950 e 1960, não se manifestou favorável aodesenvolvimento econômico da região, o que é evidencia-do, entre outros fatôres, pela proporção muito baixa da po-pulação ativa comparada ao conjunto populacional nor-destino.

Page 7: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

010~11') 10OI OI...• ...

~ ~g....•. 010

"O "'" 11')OI OI

O! ...• ...~ ~

~

O10

G)OI.... "O .,'" OIG) O

lO OI::5 .,°ã 8-

~

O11')

G)OI.... "O

'"., O!G) O

lO 0::5 '"°ã 8-

~

O"'"OI G).... "O

'"'" O!G) OlO fi)

::5 '"°ã 8-

j

O!!11>p:;

..• O q O 11') 11') r-, r-- ... "'l- N O ~N Ô N r-: ..;: O' r--' N .n 10 r-: NN 11') 10 C'") ...• r-, 11') "'"... N "'" N O

I::

11

~,oN O "'l- "'l- 10 CO O r-- N ~ 11') "'l- a

O..;: Ô N 10 Ô CO' «Í N aí N .n r-- I.)11') C'") ... CO C'") N N ...'.8

='O!

O10 C'") '"!. O 10 C'") ..• O O OI ... O 'ãl...' r-: ... ô ..; aí r-: Ô «Í aí N' Ô

Q,11') ... C'") O C'") N C'") O 10 N O s... ... ...

"OO!a

"Jj

~OI 10 OI

~11')

.~ "'" t0- CO 10 w:t a10 O!O O "i ~ <t: ot N <t: q CO ...N ..;: to- C'") ... ..... ....'

"'"..; O ...• ..; .B... N

O10OI...

OI OI "i O O 11') 1I'l.. O ... ~ C'") O~g

r-: .n 10 O' N ..;:C'") Ô N OI CO' Ô ",OI

11') ... N O "'" N C'") O r-- .... O O'"... ... ... ] 11>"00011')

o~11>

11') 11') 10 10 "'" CO N

~O •.•

OI r-- 11') ... "'", CO ... "'", CO "'l- e-- 11')1::OI' N' v' r-: ... O' ••• C'") N O Ô C'") ~ (I.)...

~ãiO

...='"'" ...

0\... G)G) O!"O I::11') N "'l- O N O CO O, CO

~•.... O '" as..;: N C'") Ô v' .o' aí O Ô Ô O' 0,0

10 ... N O 11') ... N O •.... N O"O •.•... ... ... as =''O

O"'"O!O .."as as

C'") 11') ~ N O ..• 10 •.... ~111') IX!. <t: •.... 1I'l..

"-co ~ "'l- •.... ~ ='OI' ... C'")

..;: ... O Ô N N O O' C'") O'O!...o~"OIt")-0\ O!•••• I::

O~ "g

OSl Q,.s O O O

O... O 0': O 0': O d êl'o! 0': o ~ o ~0': § 0': 0': 0': 0':

'13'o! 'ã I:: 'o! 'o! I:: 'o! ,.8°13 'a =' °0 '3 a =' °0 'ãl fi! I::0': I.) t •... I.) ... I.) ... •...

" G)11 O 0': 11> 11 O 0': 11 ~ ~ el°ÔIl< ri). E-< E-< Il< rJl E-< E-< Il< rJl

O"3 G)

'"as ~ 11- Il< •...c::0;; 'e ~as O...

~ O~ Z

Page 8: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

140 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E.!ll

Em 1960 33% da população total do Brasil exerceramatividades produtivas nos três setores: primário, secundá-rio e terciário, contra 38,2 % no Estado de São Paulo eapenas 30,6% no Nordeste. Êsse dado é sobremodo sig-nificativo, porquanto é sabido que, quanto mais desenvol-vido um país, tanto mais alta é a proporção de sua popu-lação ativa no total populacional.

Nos Estados Unidos, por exemplo, essa cifra alcança 40%,e nos países da Europa Ocidental vai a 46%. O desen-volvimento econômico implica, inevitàvelmente, um pro-cesso de "ativação" pela transferência de pessoas do grupoinativo para o ativo, na medida em que surgem novasoportunidades de emprêgo. Porém, nem sempre o au-mento da população urbana é conseqüência de um processode industrialização e expansão econômica. No caso doNordeste, por exemplo, o fenômeno da concentração maisrápida da população urbana decorre das sêcas periódicas,da miséria e da fome; as massas rurais, mudando para ascidades, não se transformam em elementos produtivos: tor-nam-se clientela dos serviços assistenciais do Estado. Paramelhor ilustrar êsse fato é necessário analisar a distribui-ção intersetorial da população ativa, ou seja, os contin-gentes ocupados na agropecuária, na indústria e nos di-versos serviços, o que é feito no Quadro 1.Como já lembramos, é fato conhecido que, quanto maissubdesenvolvido um país, tanto maior é a parte da agri-cultura em sua economia, enquanto nos países de rendaper cepite mais elevada, essa participação é progressiva-mente menor. A importância das atividades primárias noconjunto da economia de um país constitui, portanto, ín-dice altamente significativo de progresso, sendo possívelmedi-lo por sua contribuição à renda nacional ou pelosefetivos demográficos nelas ocupados.A tendência pela diminuição da população ocupada ematividades primárias é evidente pelos dados alinhados noQuadro 1 e no Anexo 2. O ritmo dêsse processo, porém,é diferente, segundo as diferentes unidades da Federação.Assim, em 1940, ainda 70,0% da população ativa brasi-

Page 9: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.E.!11 CONTRASTES REGIONAIS 141

leira estava ocupada na agropecuária, contra 58,0% em1950 e, finalmente, 51,6% em 1960. ~ No mesmo perío-do, isto é, durante essas duas décadas, a população ruralativa do Nordeste representava, respectivamente, 70,8,72,1 e 68,0% do total dos ativos. No Estado de SãoPaulo os respectivos resultados foram 54,2, 42,0 e 33,6%para 1940/50/60.Enquanto no conjunto da população ativa brasileira hou-ve uma redução de 18,4% na população rural ativa, emSão Paulo essa redução alcançou 20,2% e, no Nordeste,apenas 2,8%, durante os últimos vinte anos, como se podenotar, mais pormenorizadamente, no Anexo 2.

QUADRO 2: PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO ATIVA NA.RENDA NACIONAL

População Ativa (%) Contrib. à Renda Nacional (%)

Região Ano Setores Setores

I primário 1'E'cund. terciário secund, primário terciário

1950 57,5 15,8 26.7 28,6 23,8 47,5Brasil

1960 51,6 17,3 31,1 28,5 26,1 45,4

1950 42,0 24,5 33,5 29,8 28,,3 41,9S. Paulo

1960 33,6 29,3 37,1 23,4 33,2 4(3,4

1950 72,1 9,6 18,3 42,1 13,4 44,5Nordeste

1960 68,0 9.,9 22,1 47,3 11,,1 41,6

Fontes dos dados brutos: população ativa em 1950: IBGE, Censo de 1950;Revista Brasileira de Economia, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro,ns. 1/1959 e 1/1962.

o Quadro 2 dá-nos uma comparação entre a participaçãopercentual da população ativa, nos diversos setores das ati-

4) Êste último dado é estimativo; quando êste trabalho foi escrito osdados do censo de 1960 não estavam ainda disponíveis.

Page 10: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

142 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E.!!1

vidades econômicas, e sua participação relativa na rendanacional.Uma das primeiras inferências tiradas dos dados acima éa baixa produtividade das atividades primárias, no con-junto da economia brasileira. Assim, por exemplo, 51,6%da população ativa, concentradas na agropecuária, contri-buíram, em 1960, com apenas 28,5 % na formação darenda nacional. Essa desproporção torna-se mais sensívelquando considerados os respectivos índices para a regiãonordestina: 68,0% da população ativa no setor primáriofornecem 47,3 % da renda total da região, como se podever, também, no Anexo 2, no qual se incluem dados dasdiversas regiões geoeconômicas do Brasil. Em outras pa-lavras: no Nordeste, ainda hoje, 68 homens trabalham naagropecuária a fim de produzir os alimentos para 100 tra-balhadores e suas famílias, enquanto no Estado de SãoPaulo, essa proporção é menor do que a metade da doNordeste, ou seja, 33,6% e, nos países econômicamentemais adiantados, como a Alemanha, EUA, Canadá e Grã--Bretanha, ela varia entre 5 e 10,0% .

A baixa produtividade do setor primário influi, necessària-mente, sôbre os níveis de renda, global e per capita, dototal da fôrça de trabalho da nação. Segundo Kuznets, umadas condições prévias da industrialização é um aumentosubstancial da produtividade do trabalho agrícola, paraque, com seus produtos, possam ser alimentados em níveisper capita mais elevados do que antes, os contigentes cadavez maiores da fôrça de trabalho global do país,"

A falta de modernização no equipamento, o desconheci-mento de métodos e técnicas de lavoura conformes às con-quistas da ciência e, finalmente, a deficiência, em educa-ção e saúde, dos homens rurais, mantêm em nível muitobaixo a produtividade da agricultura e, assim, criam umdesequilíbrio perigoso entre esta e alguns setores de pro-dução mais avançados (indústria de transformação, petro-

5) SIMON KUZNETS, op. cit., págs . 59 e 60.

Page 11: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.E./l1 CONTRASTES REGIONAIS 143

química etc.), o que provoca problemas e tensões inter-re-gionais, que se refletem sôbre a estabilidade das estruturassociais e políticas do País. Ademais, o desequilíbrio se ma-nifesta, principalmente, nas tendências inflacionárias dospreços de alimentos e outros produtos agrícolas, cuja ofer-ta não consegue acompanhar o ritmo crescente da deman-da exercida pelas populações concentradas em áreas urba-nas e ocupadas na indústria e nos serviços.

O jôgo das fôrças do mercado tende a aumentar, em vezde diminuir, as desigualdades existentes entre as diversasregiões do País caracterizadas acima. A menos que os po-dêres públicos interfiram no sentido de coordenar e pla-nejar o processo de expansão econômica, as atividades in-dutriais, comerciais, bancárias, securitárias, de transporte,de comunicações, enfim, quase tôdas as atividades demaior rendimento per capita, bem como as educacionais,

. artísticas, científicas e culturais, tôdas tendem a concen-trar-se em algumas localidades e regiões, deixando o restodo país mais ou menos estagnado. Concomitantemente, asregiões mais ricas e, por isso mesmo, mais influentes nosdestinos políticos da Nação conseguem impor leis e regu-lamentos que as favorecem econômica e financeiramente,muito embora em detrimento das regiões mais pobres.Exemplo típico dêsse fenômeno foi a canalização de divi-sas fortes entradas no país através de exportações de pro-dutos da região nordestina (algodão, açúcar, cacau etc.)para os centros industriais do Sul. A política de subsídiosque vigorou principalmente de 1947 a 1953, através defavores cambiais para importação de equipamentos indus-triais, beneficiou, necessàriamente, as regiões em vias deexpansão industrial, transferindo-lhes as rendas em cam-biais, enquanto baixava ainda mais a renda das regiões ti-picamente exportadoras de produtos agrários,"Outro fator que aumenta o desequilíbrio entre as regioesmais industrializadas e aquelas onde predominam ativida-

6) A influência dessa política pode ser auferida do quadro publicado noPlano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, pág. 83.

Page 12: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

144 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E./l1

des primárias é o processo constante de migração seletiva.Os elementos mais produtivos, isto é, de melhor idade ecom maior fôrça de trabalho, abandonam as regiões quenão lhes oferecem meios de vida, buscando empregos maisrendosos e seguros nos centros industriais e comerciais daregião Sul.As comunidades rurais ficam, portanto, duplamente espo-liadas e prejudicadas: a relação desfavorável existente en-tre a população ativa e os recursos técnicos e naturais àsua disposição torna-se ainda mais acentuada pela altataxa de natalidade, combinada com uma diminuição damortalidade, esta afetada mais ràpidamente pelas técnicasmodernas de higiene pública. Por outro lado, devido à fal-ta de recursos, as oportunidades e facilidades educacionaisnão aumentam na proporção necessária, criando o baixonível educacional da mão-de-obra obstáculos e problemaspara a implantação de um parque industrial moderno.

Convém, a título de ilustração, examinar os Quadros 3 e 4,onde são agrupados dados referentes à proporção de ma-trículas do ensino primário, no total da população e, tam-bém, a relação entre matrículas e aprovações, no Nordes-te, em São Paulo e no Brasil. No Nordeste os baixos índi-ces de matrículas e conclusões de curso, bem como o núme-

QUADRO 3: MATRÍCULAS NO ENSINO PRIMÁRIO FUNDAMENTAL

1955 1960

População Matrículas População Matrículas

Região (por (por( 1.000 (em 1.000 1.000 ( 1.000 (em 1.000 1.000habs.) unidades) habs.) habs.) unidades) habs.)

----_._--~------_._.__ .- ----_._ .... ------

Brasil 60.183 4.777,7 79 70.967 6.404,0 90

..S. Paulo 10.789 1.011,.3 94 12.975 1.353,8 104

Nordeste 13.&55 828'.1 60 15.678 1.047,8 67

Fonte dos dados brutos: IBGE, Anuário Estetietico do Brasil, 1958 e 1960.

Page 13: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

1'.A E.lll CONTRASTES REGIONAIS 145

;0 relativa e absolutamente baixo de matrículas por 1.000l:~citantes, são gravados pelas seguintes circunstâncias:

Devido à alta taxa de natalidade e à migração doshomens em idade de trabalhar, o número de criançasna população nordestina é proporcionalmente maiordo que no Estado de São Paulo.

A "expectativa média de vida" ou, em outras palavras,o número de "velhos" é proporcionalmente menor noNordeste do que no Estado de São Paulo, em conse-qüência da pobreza, da falta de educação e de padrõessanitários eficientes naquela região.

QUADRO 4: MATRíCULAS EFETIVAS E CONCLUSÕES DE CURSONO ENSINO PRIMÁRIO FUNDAMENTAL

(de 1955 e 1960)

MatrículasEfetivas

1 9 5 5% sôbre

total Conclusões % sôbretotal

% conel.matric.

8,2~ ~) Paulo

4.777,7

1.011,3

828,1

100,0

21,2

17,3

395,1

151,0

26,0

100,0

38,2

6,8

.14,9

R:'giões

3,1

MatrículasEfetivas

1 9 6 O

% sôbretotal Conclusões % sôbre

total0/0 concl,matric.

~.~0 Paulo

6.404,0

1.353,8

1.047,8.~.~,d:)ste

100,0 549,6

180,9

100.0

32,9

6,9

8,6

13,4

3,6

21,1

16,3 38,1

~'.n~c do. dados brutos: IBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1958 e 1962.

V2!C dizer que, apesar de uma estrutura etária mais jovem,-que exige índices de matrícula e de conclusão de cursomais elevados do que no resto do País, êsses índices no.Ncrdeste continuam muito abaixo da média nacional.

Page 14: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

146 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E,jll~~--------------------------------------CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

O desenvolvimento econômico contemporâneo é resultado,principalmente, da "introdução do sistema industrial, isto é,de um processo de produção baseado na aplicação e nouso crescente do conhecimento científico moderno. As mu-danças na subestrutura e a passagem de atividades predo-minantemente agropecuárias para a indústria e serviços,associadas com a elevação da renda per capita duranteêsse processo, motivam a identificação do desenvolvimen-to com a urbanização e a industrialização. Requisito do de-senvolvimento, essencial para assegurar seu sucesso, é adiminuição da desigualdade intersetorial, em produto erenda per capita, existente no início, sob pena de ver-seembaraçado ou impedido o desenvolvimento geral.

Vimos, na parte anterior, como a baixa produtividade daagricultura exerce influência desfavorável sôbre a espiralinflacionária dos preços de produtos agropecuários. Ade-mais, a baixa produtividade e a baixa renda per capita nãopermitem a formação de um mercado interno estável paraos produtos manufaturados nacionais. Torna-se, portanto,de imperiosa necessidade coordenar a política de investi-mentos com a de expansão econômica, não somente entreos diferentes setores de atividades, em escala nacional,mas, sobretudo, entre as diversas regiões, onde predomineuma ou outra atividade econômica. O desenvolvimento deum setor (neste caso, a indústria) não favorece, necessà-riamente, a expansão de outro (agricultura); ao contrário,o surto industrial de São Paulo drenou os recursos mate-riais e humanos (divisas fortes e mão-de-obra na melhoridade de trabalho) do Nordeste e de outras regiões doPaís. Não há, em absoluto, reciprocidade entre as regiões,como bem o comprova a inexistência de investimentos, atéhá pouco tempo, no Nordeste. A tendência atual de inves-tir em empreendimentos industriais é conseqüência diretada política do Govêrno que, através da SUDENE de favo-res fiscais aos investidores e de outros meios ao seu alcan-ce, procura diminuir o enorme atraso daquela região em re-lação ao Centro-Sul. O Gráfico 2 e o Anexo 3 permitem

Page 15: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

GRÁFICO 2,PARTICIPAÇÃO PERCENTUALDO ESTADO DE SÃO PAULO E DO NORDESTE NO PROCESSO DE

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA11940 A 1958)

••••....•.•...• OUTROS ESTADOS --- S. PAULO _.-.- NORDESTE

60%

50%

40%

30%

20%

10%

.............. ..........2 - A, ESTABELECiMENTOSINDUSTRIAIS COM MAIS DE 5 EMPREGADOS---

.~ ..--...._._._._._.-._._._._._ .•...••._._._._._._ ...•.••. ' •.•.... -._.-

1940 1950 55 56 57 1958

60%

50%

4D%

30%

20%

10%

2 - B, PESSOAL EMPREGADO

-'-'-'-'-'-'- -'-'-'-'-~

1940 1950 55 56 57 1958

60 % 2 - C SALÁRIOS PAGOS

50% .•.•.•.•.•..•.••.•..••..•.•.••.••

-'-'-'-'-'-'-'-'-'-'- -'-'-'-'-'-'-'-'_._.-. -'-'-'-'-

40%

30%

20%

10%

1940 1950 55 56 57 195&

60%

50%

40%

30%

20%

10%

2 - D, VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL

-'-'-'-'-'-'-'-'-'-'-'-'-' -'-'-'-'- ._._.-'-'-'-

1940 1950 55 56 57 1958

Page 16: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

'1~ CONTRASTES REGIONAIS R.A.E./ll--------------------------------~cvaliar as tendências do processo de industrialização bra-sileira, principalmente no que se refere à participação doEstado de São Paulo e do Nordeste.

Os dados compilados para construção do Gráfico 2 (nú-mero de estabelecimentos industriais com mais de 5 em-pregados, pessoal nêles empregado, salários pagos e valor(~3 produção industrial) referem-se a seis anos diferentes,entre 1940 e 1958. Quando êsse trabalho foi feito aindatr. ão haviam sido publicados os resultados do Censo de1960. Entretanto, é inegável a tendência para a concen-tração da indústria, sob qualquer dos aspectos estudados,durante o mesmo período, no Estado de São Paulo, emcomparação com uma diminuição correspondente, nos ín-dices compilados, na parte do Nordeste e do resto do'3rasil. Assim, o número de estabelecimentos industriaiscom mais de 5 empregados, no Estado de São Paulo, cres-ceu 10,3% de 1940 (28,8%) a 1958 (39,1 %) sôbre ototal brasileiro. No mesmo período a participação do Nor-deste sofreu diminuição de 2.7%.I Toque se refere ao pessoal empregado nesses estabeleci-mentos, as tendências discripantes são ainda mais nítidas:no período mencionado a participação de São Pauloaumentou, em têrmos relativos, 12,5%, enquanto o Nor-deste teve sua parcela reduzida em 5,3% .No caso de salários pagos podemos observar a mesma ten-dência: em 1940 a indústria paulista pagava 39,5% do~otaldos salários vigentes nos estabelecimentos industriaisdo País com mais de 5 empregados; em 1958 a proporçãoera de 53,5%, com o acréscimo, portanto, de 14,0%. Nomesmo espaço de tempo, a parte do Nordeste foi reduzidade 7,2 para 4,2% sôbre o total brasileiro.Finalmente, no que tange ao valor da produção industrial,cuja importância se reflete diretamente nas arrecadaçõesestaduais e federais e, indiretamente, nos níveis de ren-da e do bem-estar das populações, de 1940 até 1958, aparte correspondente ao Estado de São Paulo cresceu cons-tantemente, a partir de 43,5%, em 1940, para ultrapassar50,0% do valor da produção nacional, em 1955, e alcan-

Page 17: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.EJn CONTRASTES REGIONAIS 149

çar 55,0% em 1958. Simultâneamente, a porcentagem doNordeste decresceu de 8,2% para 5,2% do total nacional.

A mesma discrepância podemos verificar, ao examinar adistribuição de alguns fatôres básicos no processo da in-dustrialização nas regiões ora estudadas. Conforme o.Qua-dro 5, em 1960 cada habitante do Estado de São Pauloconsumiu, aproximadamente, 17 vêzes mais energia elétri-ca e 6 vêzes mais cimento do que um nordestino; e dispôs'de 5 vêzes mais rodovias asfaltadas e quase 7 vêzes maisveículos motorizados.

QUADRO 5: ÍNDICES DE ALGUNS FATôRES BÁSICOS NOPROCESSO DA INDUSTRIALIZAÇÃO (1960)

Brasil São Paulo

Consumo de cimento (em to-neladas) 4.447.318 1.527.139 327.4:iJ

per cepita 0,063 0,118 0,021

Consumo de energia elétrica(em . 1.000 kw Ih) 18.345.534 7.888.958 559.4CJ

per eapita 0,258 0,608 o,p.~;

Veículos a motor (passageirose carga) 1.G43.673 381.767 69.19

(per 1.000 habs.) 14,7 29,4 4,4

Veículos a motor ( só carga) 396.992 141.257 28.997

(por 1.000 habs.) 5,6 10,9 1,8

Extemão de rêde rodoviáriaem tráfego (em km ) * 499.550 102.944 79.72~

(por 1.000 km2) 58,7 415,3 82,S

* Dados referente-s ao ano de 1961.Fonte dos dados brutos : IBGE, Anuário Estatí,tiec cio Brasil, 1958 e 1962_

Vemos, portanto, confirmada a tese de que o impacto exer-cido pelo desenvolvimento industrial sôbre a vida econô-

Page 18: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

150 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E.jll-----------------------------------------------mica e social não atinge, necessáriamente, o País como umtodo, mas apenas uma região restrita - na realidade, êlese restringe à área do "Greetet São Paulo" - e não causaprogresso econômico nas outras regiões; ao contrário, acen-tua as discrepâncias e diferenças estruturais existentes, emvez de diminuí-las.Ao pauperismo relativo do Nordeste, acentuado pelo êxo-do dos elementos potencialmente mais produtivos, vem-sejuntar outro fenômeno prejudicial ao desenvolvimento, ouseja, a tendência migratória do capital privado. Em centrosde expansão econômica a procura crescente de bens e ser-viços cria um impulso constante para a inversão e, à me-dida que esta aumenta, crescem também a renda globale per capita da região, o que tende a aumentar a demanda,provocando, assim, um movimento ascensional da econo-mia como um todo. Ao contrário, em regiões onde os baixosníveis de renda per capita não permitem a poupança, osestoques de capital acumulados em épocas mais favoráveisvão diminuindo através da depreciação e da falta de rein-vestimentos. Por outro lado, a grande pressão populacionalobriga os podêres públicos a destinar maiores parcelas deseus parcos recursos aos setores de educação elementar, àsaúde e a outras obras assistenciais, em detrimento de in-vestimentos em obras públicas fundamentais ao desenvol-vimento, tais como estradas, centrais energéticas etc ..

O Quadro 6 dá-nos idéia da tendência, observada no Brasil,no tocante às inversões de capital nacional.

'QUADRO 6: INVERSÕES DE CAPITAL DE 1954 a 1958Brasil, São Paulo e Nordeste

(em Cr$ 1.000.000 e como percentagem do total)

1954 1955 1956 1957 1958

o~IBrasil 15.128.2 13.100.5 16.208.2 20.369.0 33.478.4

% 100,0 100,0 100,0 lCO,O 100,0

São P,,-ulo 5.354.8 6.319.9 8.700.9 11.28).4 21.004.3

% 35.4 48,2 53,7 55,4 62,2

Nordeste 431.5 591.2 1.083.0 1.046.4 1.287.7

% 2,8 4,5 6,7 5.1 3,8

Fonte dcs dados brutos: IEGE, Anuário Eetetistico do Brasil, 1957, 1958 e 1951.

Page 19: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

["A.L/l j CO,\jTRASl E:; REG!ONA[~· 151

Nas regiões pobres o diminuto poder de compra das popu-lações condiciona uma demanda inicial de novos capitaisem níveis baixos. Em outras palavras: não chega a criarum impulso expansionista. Nessas condições a atuação deoutros fatôres, que normalmente contribui para o cresci-mento econômico, impede a saída do impasse.' Assim, osistema bancário, se r.ào regulamentado para atuar diferen-temente, tende a transformar-se em instrumento sugadordos lucros das regiões pobres, canalizando-os para as maisricas e progressistas onde o rendimento do capital é mais

GRÁFICO 3, EVOlUÇÃO DA RENDA "PER CAPITA"_ DE 1947 A 1960 - BRASil, SÃO PAULO E NORDESTE

(EM Cr$ 1.0001

Ui 1.000 - EM TÊRMOS CORRENTES._._._.BRASll__ SÃO PAULO______ NORDESTE

------.-=_. - »>:-' - .-' -..:.-~--- - ---- -_ ...

~~-1947 1951 1952 1956 1957 1960

Cr$ 1.000 - 1949 - 100

-'_.-.-.-.-. _. _. _._.-.-._.-.-.-.-._. -'---------------------------

1947 1951 1952 1956 1957 1960

7) R. NURKSE e G. MYRDAL. tratando de problema da formação de capitalem países subdesenvolvidos, prccuram determinar os Iatôres necessáriospr.r a irnp ulsioriar o desenvolvimento. Entretanto, a análise de Nurk se,cper ando corn o conceito de "circul o vicios o da pcbreza", não conseguerevelar a tendência ao empreendimente progressivo, resse ltcda por Myrdalqu-ando enuncia seu princípio da "causaçãc circular". Vide: R. NURKSE .•

Alguns Aspectos de la Acurnulecion de Capital en los Países Subdesen-volvidos, Fondo de Cultura Econômica, Mexico, 1952, págs. 13 e 14.G. MYRDAL, Teoria Eccnornica y Regiones Subdeserrolledes, capo Il,Fondo de Cultura Eccnomica, México.

Page 20: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

152 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E./ll~--------------------------------------elevado e mais seguro. O comércio opera sôbre as mesmasbases, isto é, em favor das regiões .ricas e contra as pobres,e indústrias dos centros em expansão impedem a implanta-ção e o desenvolvimento de congêneres em outras regiões.

Assim sendo, as regiões pobres continuam com a maior par-te de suas populações ativas ocupada no setor primário,com equipamentos obsoletos, estrutura arcaica e renda percapita baixíssima; as rêdes de transporte, quando existem,também são antiquadas e ineficientes; os serviços públicos(energia, água, esgôto etc.) são inferiores, em quantidadee qualidade, aos das regiões mais adiantadas; a educaçãoe a saúde encontram-se em estado precário. Finalmente, aobaixo nível educacional e cultural e ao primitivismo damentalidade cívica daí resultante corresponde a violênciade processos rudimentares.

A mão-de-obra barata e dócil, única "vantagem" das re-giões pobres, não constitui em si um atrativo bastante fortepara o ipvestimento privado e para a instalação de emprê-sas industriais, A realidade mostra uma tendência inversa:a mão-de-obra procura os centros de expansão industrial.

A continuar aumentando as discrepâncias regionais em ní-vel de renda e, conseqüentemente, em nível educacional,cultural e político, o abismo assim criado ameaça engoliras próprias estruturas sociais e políticas da Nação.

PRODUTO INTERNO, RENDA REAL E RENDA PER CAPITA

De tôdas as formas de desigualdade regional as que apre-sentam o aspecto mais grave, em face das tendências eperspectivas do futuro, são a distribuição diferencial darenda territorial global entre as diversas regiões do País ea disparidade dos respectivos níveis de renda per capita.As discrepâncias na distribuição da riqueza são sintomáti-cas da situação em que o dinamismo econômico se restrin-ge a uma área privilegiada do território nacional - regiãoSul, em nosso caso, especialmente o Estado de São Paulo- em contraste com a estagnação, ou pior, com a tendê n-

t

Page 21: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.E./ll CONTRASTES REGIONAIS 153

cia ao empobrecimento, absoluto e relativo, de grande par-te da população brasileira .

. O Gráfico 3 e o Anexo 2 permitem uma comparação, nãosomente em têrmos nominais, mas também, relativos, daevolução da renda nacional, nas diferentes regiões do País,entre 1950 e 1960, bem como dos respectivos níveis derenda per capita, segundo os setores de atividade.

A primeira evidência que se nota ao se compararem os ní-veis de renda per capita é a persistência da desigualdade,com apenas insignificantes modificações, entre as diferen-tes regiões. Assim, a renda per capita no Estado de SãoPaulo continua apresentando um índice que corresponde aquase o dôbro do da renda nacional; o índice referente àrenda per capita da região Leste, devido a influência doEstado da Guanabara, é quase idêntico ao índice per capitaglobal, enquanto o resto do País (Nordeste, Norte e Cen-tro-Oeste) continua com índices de 3 a 3,5 vêzes inferio-res ao de São Paulo.

A comparação dêsses índices, todavia, não esclarece tôdasas tendências ao pauperismo progressivo das regiões rurais,devido à disparidade na etolução dos preços dos produtosagrícolas, em relação aos industriais. Sendo assim, a des-prcporção será maior se atentarmos que, no Estado de SãoPaulo, 33,ó% da população ativa tira suas rendas de ativi-dades primárias, com índice per capita de Cr$ 87.100,00em 1960. No mesmo ano, no Nordeste, 68,0% da popula-ção ativa, ocupados no setor agropecuário, tiravam a ínfi-ma renda per capita de Cr$ 29.500,00.

No que se refere ao setor de atividades industriais, 29,3%da população ativa do Estado de São Paulo, concentradosnesse setor, contribuíram com 33,2 % da renda territorialglobal do Estado com o índice per capita de Cr$ .141.200,00; no Nordeste 9,8% da população ativa, contri-buindo com 11,1% da renda territorial, apresentaram arenda per capita de Cr$ 47.300,00. Caracterizando, assim,uma situação extrema de subdesenvolvimento, a regiãonordestina apresenta, mesmo nas atividades industriais, ní-

Page 22: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

160 1120

100

~----------------------------------~................260

140

120

80

GRÁFICO 4, íNDICES DO PRODUTO REAL DE 1947 a 19601940 = 100

--- BRASIL .............. S. PAULO NORDESTE

SETOR PRIMÁRIO .....=.:".~.:.-:::....,--._,......•,..:..

SETOR SECUNDÁRIO

SETOR TERCIÁRIO............

~.::,:,;:.:.;::..

.~_._.-160 1140120100

~-------------------------------------------240

200

160

120

80

220

180140

10080

PRODUTO REAL TOTAL

RENDA REAL

1947 1952 1957 1960

Page 23: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

RAE'/lJ CONTRASTES REGIONAIS 155

veis de renda muito inferiores aos da agricultura dos esta-dos mais desenvolvidos da Federação.

íNDICES E TAXAS DE CRESCIMENTO DO PRODUTO REAL

Devido à alta taxa de crescimento da população (3,1 % a.a.entre 1950 e 1960 e, segundo uma estimativa, 3,3% a.a.entre 1960 e 1970), e devido, também, à já comentadaproporção de inativos, torna-se necessário um alto nível deinvestimentos, ou seja, o crescimento do produto real, a fim.de não só manter, mas, se possível, melhorar o nível devida da imensa maioria da população brasileira.

'Ü problema fundamental está em saber se, apesar do pro-gresso incontestável, a economia brasileira conseguirá man-ter, globalmente, o elevado ritmo de crescimento do qüin-qüênio 1947/1952, durante o qual a renda real cresceu42,3%. No qüinqüênio seguinte, 1952/1957, as respecti-vas taxas diminuíram a ponto de deixar u'a margem me-nor entre o crescimento vegetativo da população e o da'economia nacional. Mesmo proporcionando certo númerode empregos novos cada ano, acolhendo os jovens que in-gressam nas fileiras da população ativa, torna-se impres--eindivel, para sair do estágio de subdesenvolvimento, a ab-sorção progressiva das massas rurais subempregadas, o que<contribuirá para elevar a proporção da população ativa e,em conseqüência, a renda per capita.

No Gráfico 4 e no Anexo 4 procuramos mostrar a evolu-ção diferente, no que se refere ao crescimento quantitativodos setores de atividade econômica, tanto em seus aspectosglobais, quanto às mesmas discrepâncias regionais que aCR-bamos de analisar.

Entre 1947 e 1960, o produto real brasileiro do setor pri-mário cresceu apenas 72% contra o crescimento de227,1 % na indústria e de 87,6% no setor terciário. Nomesmo período, as respectivas taxas para o Estado de SãoPaulo foram de 67,4, 252,4 e 100,0%. O Nordeste apre-senta, na mesma ordem: 64,1, 164,0 e 80,0% .

Page 24: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

156 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E:/n

Os índices relativos ao crescimento do produto real total eda renda real durante o período acima, refletem, necessà-riamente, as mesmas tendências: o aumento no Estado deSão Paulo foi de 136,0 no produto real e de 150,~% narenda real contra apenas 102,8 e 121,4% no No~este. "Uma renda de níveis baixos, que provenha, na maior parte,de atividades agropecuárias rudimentares, onde a produti-vidade é baixa, só pode assegurar aos produtores a subsis-tência; não é capaz de estimular poupanças e investimen-tos. A falta de uma política vigorosa de investimentos,combinada com um crescimento populacional acelerado,para o qual as migrações internas aos centros urbanos e in-dustriais constituem solução muito precária e altamenteprejudicial, pelos motivos expostos acima, não pode deixarde aumentar o desemprêgo disfarçado e, concomitanternen-te, fazer baixar os níveis de renda per capita em todos ossetores da atividade humana.

TAXAS DE CRESCIMENTO COMBINADAS

Baseando-nos nos dados estatísticos compilados e discuti-dos acima, estamos agora em condições de verificar até queponto a hipótese de Kuznets - segundo a qual o desen-volvimento econômico moderno se caracteriza por umaumento constante e acentuado da população, combinadocom o crescimento acelerado da renda per capita -- seaplica à realidade brasileira e, especialmente, às duas uni-dades da Federação, selecionadas para a comparação, 'o Es-tado de São Paulo e o Nordeste.O Quadro 7 e os Anexos 5 e 6 fornecem-nos os índicesque nos permitem analisar as tendências dos dados bra-sileiros. Todos os valôres apresentados neste trabalho re-ferem-se apenas ao período de 1947 a 1960, período êssecurto demais para permitir extrapolações a longo prazo.Todavia, parece-nos, os dados são suficientemente precisos

8) A diferença entre o produto real e renda real deve-se às alteraçô csnas relações de troca, Vale dizer, a renda real é igual ao produto r",')

influenciado pelo comportamento dos preços de expor'taçâo com reJ-,:,]aos de importação,

Page 25: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

CONTRASTES REGIONAIS 157

para podermos levantar hipóteses e analisar as perspecti-"iCS da economia brasileira a curto e médio prazos.A População brasileira, entre 1947 e 1960, cresceu 46,5 (/0 ;louve, portanto, um aumento médio anual de 3,0%. Nomesmo tempo a renda real sofreu um incremento de128,5%, o que, em taxa média anual, representa 6,5%.As respectivas taxas para o produto real foram de 112,0 e6,OS'ê. No Estado de São Paulo a população aumentou, nomeW10 período, 52,7% (média anual de 3,5%), a rendareal subiu 150,4% (média anual de 7,3% ) e a renda percapite, apesar do aumento constante e vigoroso da popu-bçã~, cresceu 64,0%, à razão, portanto, Ide4,0% por ano.

QUADRO 7: TAXAS PERCENTUAIS DE CRESCIMENTO DAPOPULAÇÃO, DA RENDA E DO PRODUTO, DE 1947 A 1960

Rqião Discriminação 1947/52 1952/57 1957/60 * 1947/60

População 13,7Renda Real 42,3

.; :~",il Renda Realper capitaPrcduto Real

25,234,8

15,6 11,233,3 20,4

15,129,2

8,321,7

46,5128,5

56,2112,0

52,7150,4

PopulaçãoRenda Real

.. ",o Paulo Renda Realper capitaPrcduto Real

14,948,2

29,039,6

18,130,1

12,529,9

64,0136,0

> - cdeste

PopulacâoRenda RealRenda Realper capitaPrcduto Real

11,735,0

20,726,5

10,132,2

15,527,7

34,4121,4

64,1102,8

11,134,4

8,222,0

~~.:U~s dos dados brutos: 'o IBGE, Anuário EstatÍ$.ltico do Brasil, 196'2;'8 "O Brasil em Números", Apêndice do Anuário

Estatístico do Brasil, IBGE, 1960;• Revista Brasileira de Economia, FGV, n.? 1,

março/1959 e n.? 1, março/1962.( \ Os dados desta coluna referem-se a um período mais curto ou, maisI"~_::amente, aos 4 anos de 1957 a 1960.

20,829,8

12,523,4

Ncs S8~eEstados do Nordeste, apesar de uma taxa de nata-lidade das mais altas do mundo, sua população aumentou,no mesmo espaço de tempo, apenas 34,4%, com uma taxamédia anual de 2,3% .

Page 26: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

15f~J C_O_N_'_T_R_A_ST_E_S__ R_E_G_I_O_N_A_I_S-------- R:A~

o produto real, no mesmo período, cresceu 102,8%, coma taxa média de 5,6%, e a renda real com, respectivamen-te, 121,4 e 6,3%. Dessa forma, mesmo com uma taxa re-lativamente baixa de crescimento populacional, os baixosíndices do produto real e da renda real no Nordeste nãopermitiram elevar os níveis de renda per capita a pontode criar um impulso inicial para a poupança e o desenvol-vimento.Isso significa, em têrmos reais, que longe de alcançar oudiminuir as diferenças em nível de vida com os Estadosmais prósperos da União, o Nordeste, quando muito, man-teve-se no mesmo nível, à mesma distância, sem conseguirbeneficiar-se do notável desenvolvimento da última déca-da. De fato, comparando os respectivos índices da rendareal per cepite, em 1947 e em 1960 a de São Paulo é exa-tamente igual a 377,0% da do Nordeste, em ambos osanos de referência.

GONSIDERAÇÕES FINAIS

Pretendeu-se, neste trabalho, analisar alguns aspectos eproblemas do desenvolvimento econômico brasileiro, con-ferindo-se especial destaque às diferenças regionais. Pelacomparação de índices econômicos e suas respectivas taxasde crescimento, tentamos apreender as tendências dos di-versos processos, como a urbanização, a reestruturação dapopulação ativa, a distribuição da renda nacional, etc ..

Todos os índices analisados mostram profundo desequilí-brio entre o "Estado-Líder" da União e os sete Estados doNordeste. As taxas globais do Brasil são apenas médiasideais que ocultam a verdadeira situação. Sem dúvida, oNordeste serviu apenas como parâmetro de comparação e,na realidade, conforme revelam os anexos, a posição dasoutras regiões do País, com exceção da Guanabara e algunsnúcleos agrindustriais adjacentes às capitais estaduais, nãoé muito superior à do Nordeste. Dêsse modo, essas popula-ções, longe de acompanharem a tendência quase universal,no mundo contemporâneo, para o desenvolvimento e para

Page 27: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

R.A.E./ll CONTRASTES REGIONAIS 159

o conseqüente aumento de seu nível de vida, conseguem,na melhor das hipóteses, manter a distância que os separados "primos ricos", com todos os problemas políticos e so-ciais que essa situação gera para o processo de integraçãonacional.

Nos limites dêste trabalho não cabe uma análise minuden-te das medidas que se impõem aos podêres públicos,no sen-tido de aliviar as tensões sociais e políticas criadas e man-tidas acesas pelo desequilíbrio regional. Apontamos, a títu-lo de ilustração apenas, alguns fatôres capazes de modifi-car a panorama econômico-social do País, aproximando osextremos e estendendo os benefícios do desenvolvimentoa tôdas as camadas sociais e a tôdas as regiões.Além do contrôle da inflação, parece-nos de fundamentalimportância, para implantação de uma política de pou-pança e de investimentos planejados, os seguintes pro-blemas:

• o nível de investimentos ou de formação de capital,tanto no seu aspecto global quanto no regional; e

a repartição eqüitativa dos capitais investidos entre osdiferentes setores da economia nacional.

É incontestável que, nos últimos quinze anos, tanto o setorparticular quanto os podêres públicos deram ênfase e apoioespeciais a tôdas as iniciativas do setor industrial, em detri-mento direto da economia rural e indireto de tôda a popu-lação do País, que sofre as conseqüências de um processoinflacionário desenfreado.

Evidencia-se que a indústria atual depende, de maneiraacentuada, de sua base agropastoril. Manifesta é essa de-pendência no tocante às necessidades de matérias-primaspara a produção e de alimentos para a mão-de-obra. Ocampo, por outro lado, constitui mercado natural para osprodutos manufaturados, que não raro encontram dificul-dades de colocação nos mercados internacionais. "Uma ele-vaçâo do produto real per capita nessas condições (de sub-desenvolvimento) ficará limitada em seu alcance enquan-

Page 28: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

130 CONTRASTES REGIONAIS R.A.E./ll

to não se refletir numa elevação do produto per capita nosetor primário?"

o fomento e a assistência à agricultura tornam-se impera-tivos nas diretrizes de uma política econômica equilibrada.Como bem ressalton Bauer e Yaney, "pode-se afirmar,com certa segurança, que, pelo menos nos primeiros está-gios do desenvolvimento, a assistência adequada à agricul-tura é a melhor garantia no sentido da criação e do desen-volvimento de um setor industrial viável.i"?

Essa assistência não deve expressar-se, necessàriamente, namanutenção de preços artificiais, em subsídios etc., mas,sim, no ensino de técnicas de irrigação, no fornecimento der dubos, sementes selecionadas e, last but not leest, na edu-cação e na politização das massas rurais.

Aliás, reputamos essenciais para a aceleração do desenvol-vimento os investimentos no setor educacional e em pes-quisas científicas e tecnológicas que visem à valorização doser humano e estimulem sua participação ativa no processode emancipação econômica do País. Com analfabetos oucem alfabetizados de instrução primária não se constróiuma nação moderna. O equipamento material e as es-truturas sociais e políticas refletem, forçosamente, o atrasoco fator humano. O custo social do desenvolvimento podetornar-se demasiado caro para a Nação, se não forem toma-das, em devido tempo, as medidas cabíveis. Porém, como>em ressalta Lewis: "o importante não são as metas pro-jetadas, mas as medidas concretas que devam ser tomadaspera melhor aplicar os fatôres de produção: treinamentodo operariado, melhoria da produtividade, alimentação, es-tímulo aos investimentos, etc .. Esta é a parte mais árduae mais negligenciada do planejamento.v"

" ) SIMON KUZNETS, op. cit., pág. 59.

~~) P. BAUER e B. S. YANEY, The Economies oi Underdeveloped Countries,James Nisbet and Co. Ltd., CBInbridgeUniversity Preas,Londres, pég. 236.

j 1) A. W. LEWIS,The Theory oi Economio Growth, George Allen and UnwinLtd., Londres, 1954, pág. 390.

Page 29: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

o\OOI....•

Ó\Oo <,

1:: O11)

Q) OI

~....•

•..ulO:....Q) O

11)"d <,c

'" '<I"M OI

'" •...•E-<

t'?-

O\OOI Q)....• "d

"'..;ru .~'O..c..:: '":;:::..::e

t'?-

o11)OI Q)....• -e

'" ..;Q) .~'O..c

..:: '":;:::..::e

t'?-

o'<I"OI Q)....• "d., ..;

Q) .~'O..c..:: '":-;::"Qe

o.oS(.looS

'"3P-oll.

o'oS'QQ)

o'<I"OI....•

....•

o

~

\O OI r-, r-; 11) N 00 o 00OI OI, OI ~ ....• 00 \O M M

Ô •...• 00' N 00- '<1"' )Ô )Ô ôr-, M M

•...• ~ •...•

o o o o \O '<I" o M .t'o

Ô -ô .ç ô N' r-.:- ô -ô Mo ("t) \O o 11) '<I" o N r-;....• •...• •...•

o o oo~ .ri' .no '<I" 11)•...•

o lO, '<I"N ~ 'f""4"

,'<I" \O •..•

11) ....• -n.,.; ...• NN 10 ....•

'.

o 00 NÔ M -ôo ("t) 10....•

("t) o r<; OI OI o N~ 00 ....• ....• 00 ("t) '<I" N N \O•...• oô M c> .ç .ç N" M ci\ OI11) ....• ("t) .•...• •...•

:;::"''"oS•..~

o N 00 o ....• OI o 00, N oÔ ....•' 00- Ô .ç .,.; Ô N

r-.:- '1:1

o ("t) 10 o '<I" 11) :~ N •... o•...• •...• .~,~...

(1J~.iOIL

"'l00 •... ....• r-- r-, o .g

N ~ ("t) ....• •...• o OI N •... '"...• 00- r-.:- M -i ci\ N' r-.:- •..N '(1J.•. ....• N ::s

I::~" f;z;l'oIII.....,

., ., oS ~lO: ....• lO: lO:

•..<ü oS ãI oS oS ãI ãI ., ãI

..c

Õ .-f •..Õ

..c •.. .•.. ..c •.. .,::s •.. ::s ~

•.. ::s ofi ~ ~ fi ~ ~ ::J ~ "d.,

"d

o~

l1loo-l "d

~ u: Q)

o-l~ §.... ll.

rJl ~. ~< o~ ,< ~Il:l rJl

Page 30: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

11)

oIIIOI-'

10""10';<'Íui'ó......NNN

00....:

OllllllON'';<'ÍÓ<I"N <")0

-'

O-'lIllO<")01 •.••01lIlO"<")rticó"":oi~~~~....4 ...4rti

_________ r-~~

oO_O

.,<I1ó",so~·O ~D:::<I1-'

Z~..o

o~Z-<

<11:-0;:<11 -----

o.<11o~

D:::

-'<")01<")\01000.-1<1"0001<")cólÓN'có<")"N<")00"'''01N rti

III...j<")

lIllllOO';\fSa>ÓNN<I"O

-'

"",...c NO-'-.;.;ó<I"<'1NO ~

-,lOoolllN.....•...C'fi',;:"""'NN •....•

10t00....•

oo"lIlO';';ó6li) """'('f) O

-'

lIl<l"OIoo\O N..-4 ONN<")OO"":.tIÓ"":0...-4 O"t '1"""'1

<l"OIOONrti ""'1Ci

OrtiOI00có-'

•.••oolllOócilcilc:íII)-C'l<-

1I)000l'o.-4<l"NIO<I"<'101<'110cx)~r--.:r--:.,,000'"ON •.••CM~~I.Ô

00<'1010:ia>~g-'I

<1"_"':1Il "1 INO.....tv

10 00 III COÔ<'Í,...:'CN N <I"C

.q- '1""4 C\ '111

•....••.•....i' •...:""'111

\O \I') O .•-',

~11)

9c..~U

-°iil~

IOlIlooOl1:"--'1""400\<'1N<I"OIr-:.lÔ~~C\<I"ooN<'1 III

Page 31: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

(11:>.~---

•..o

"QjrJJ

o.(11

"[nP:::

"t <"i "t o.<'l<'l<'l0N<'lVO ...

a- a- Q(lIO-e-e •.....,..:-VOIO'"'l"""'tNN\O

10 <'l'"O<ti~"':-Ô<'lN<'lO ...

o<ti...

~~q~001/)00NIOOIO......

10Ô<'l

o«i•....10ui...

...aí<'l

oo\Or;-.. •....•Nr-:Ô~NI/)a- ••••.<'lN<'la-

NI/)<'lO"""':-ÔO••••. NO ...

a-O<'lNNN<'loo":0)0)11)oo ••••.Na-10 ••••.100NVOooM ...;.r

.•..•Nl'Or-:...r-: lr)"' OV'" <'lO...

10101000a-<'l 10 a-NO\O\ .•....•McílÓÓa- ••••.IOV••••.<'l000rti~NOÕ

101/) ••••.00ION<'lN<'lVoolO\ÓN~Ó100v'"a- •.•a-OMNNcí

o. V. 00.<"i100Na-<'la-I/)••••.I/)V 00 00...;

o<ti<'l

.,i'".g<11

'"O

Page 32: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

ãlo'"'"11)

p"

o•..11)e

,;:IZ

co\I)0\....•

'"\I)0\•...•

"'..... ....•Ô 0\ rtlv o \I)

0\ .ooó ÓN 00\I) N

N M 0\IIS,...; C'i'00 0\ \I)o M.,;.Ó\I) vV NN M 0\N v'" ?"4-

1"""1 -1"""'4 11)

V 0\.,;. OÓ

v '"M •...•

\O\I)

0\....•

\I)\I)0\....•

o\I)0\....•

o"<I"0'•...•

V r--.~ 1110'1".-4 M....r-, o <t<t '.or..: r..:....•

00\I)0\•...•

••••• "<1:0\" M0\ MV M.o r..:....•

•...• ti')

CÔ 0\ rtlr-, M \I)0\ 0\I.Õ ~0\ \I)

\I) "l \I)

1.r)· ..· o ...··.i..0\ v \I)\I) 0\r...: ~'" M

\O\I)0\...•

~"~ ~"r.... N --\I")

N 00..o «i\O M

\I)\I)0\...•

*o\I)0\...•

o

i

...•...•"\I)

000\N...•ÓN

Mo"o\I)

N00"...•00«i

00IÔ

N00"

o'<11

f ~0\...•<11

"O

•..o

~

~ooÔooÓoo,...;

v,•..U

co\I)

0\...•

\O .oti') •...•0\ <t:Ó 0\

~ ;t....•

'"\I)0\....•

0\ \O\I) o<t: •...•

~ ~v \O,...;

;;t !õ\I) \O...; uii); ~,...;

M v8 :g...( oóv '"\I) \O,...;

o~....•

v v00 o00 •...•N oi0\ \O<t: \I)....•

ov0\....•

\O 0\00 •...•o \I)oi .,;.00 N

\I) \I)

00 '"•...• 00•..• N00 '"'" N

00\I)0\....•

r-,\I)0\...•

<O\I)0\....•

M....•r-,,...;M....•

ooNN\I)....•

oN0\N\O....•

M\I)

00«io...•

o0\

\I)\I)0\....•

co\I)0\....•

0\Ô....•

vÔ....•

I I I I I

0\.ç....•

Page 33: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

..•.o ...>< u

~!

...•

o10OI...•

N •.•.•\CIlI)......4Q'1ll'i\ÔMNlI) •..••10 '<t000)...•0'<t •..•1/')N vi'.q:.-4"'1.I')'I"""'4\OM'<t('f)IO'<t....;

001/')OI...•

00 •..••'1""""10oiM'N'1Ii•••••('f)'I"""I\O('f)N1/')q...•

101/')OI...•

1/')1/')OI...•

1/')NOIIO0\"' -i I.Ô ~1/')0010•...••...•NV

('f)lI")OI...•

N1/')OI...•

IOOONIOo"'r-:ciôO1/') '<tO...• ...• ""

...•1/')OI...•o1/')OI...•

00'<tOI...•

o·CUh

ClIe'lOOIO'<tO'<t"":":~OI..O"'"•..••NN\O

NU") N 0"1r-: N"' OÔ r--."'O I/") OI1/')""'''''''1''''''''1 V

NVNOO";N'oilliOO'l"""lvv

•••••••• ('f)

10 •••• 0110N''':M'M'10100 ('f)....N

OOI..O •••••l./').,-í·tÔ~ •...•'"('f)N'<tO...••.•.••.•.•100..;..;..:..:NN('f)OO

oO·C oUh

Ot---MNM'r.-: •....j..N'N'<t('f)('f)

•.•.•'<t000MOO"'~N'"N'<tN('f)

('f)N •••.•lt')lÔoôoiN'N'<tN('f)

IONOOV\D'" vi' oô -.-i'N'<tN('f)

('f) ••••• IOOr-:ui....4~N'<t('f)('f)

r-, r-, 1."'--11')oilliôM'N'<t('f)('f)

N •..•'<t1O0\"' N"' ci......4N'<tN('f)

Nl"'--OOr---IÔNÔoi("1"'.) ••••• 11')01

NC\('f)'<tri.OÔ.q: <'i'N ('f) •••••

••••'<t('f) 00-i~' rt5' r-:•..••..•N

('f)'<t0\('f)";lIioiô...• ...•

"'d'" 0\1) t...•N'1Ôri.oi...•

('f)1/')'<t('f)C't'i ~'-i ....•"'...• ...• ...•

••o"O

!

Page 34: CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 …CONTRASTES REGIONAIS NO DESENVOLVIMEN10 ECONOMICO BRASILEIRO HEINRICH RATTNER "É da incwnbência dos eronomistas reconhecer e proclamar

8

o\OOI.-<

OI\I')

OI.-<

00\I')

OI.-<

\O\I')

OI.-<

\I')\I')

OI.-<

"""\I')

OI....•

M\I')

OI.-<

'"\I')OI.-<

.-<\I')

OI.-<

o\I')

OI....•

•...

~rJl

o""06'n

Q)

J:t:

M00\O\I')

o.;IÚ

'"

MÔ'".-<

oÔo.....

o,oo.-<

00

N00

o°C,'"e°Cp.,

\I')

NOI

'"

-° fi!

~

\I')

.-<'OI

'"

O).\O

'".-<oÔo.-<

~ \0 111~' l"'; 1.1')'" OI .,..o .,.. M,....4 ,....4

o """ .,..<'i' 0\ <'i'\O 00 '".,.. \I') q....•

\O.;\I').,..OIN.-<\I')

.-<.;'"'"\Ovi00.-<

....•

.;\I').-<

oÔo.-<

\I') \O \O O).00' IÔ ~ """....t .-4 N '1"""'1

'1"""'1 .-4 '1"""'1 '1"""'1

o°C,'"e°Cp.,

o

~p.,

o.",riJ

OI.;\I')\I')

00<'i'00"""

N o.; vi00 M\O \O

.s•...,'"1rJl

00

ôr-,.-<

OIÔ\I').-<

"l-o'".-<oÔ<::>.-<

\O.;00

'"'"...•M

'"

oÔo.-<

"l-OI00

o°C,'"e°Cp.,

o00NN

oÔ00.-<

or{j.-<

o,oo.-<

oÔo.-<

o0000

\O~00

oÔ00

o°C,'"§uQ)

rJl