Contrato de Transporte de Pessoas e o Novo Código Civil

7/17/2019 Contrato de Transporte de Pessoas e o Novo Cdigo Civil

1/21

Contrato de Transporte de Pessoase o Novo Cdigo Civil

Ruy Rosado de A guiar

No Captulo XIV do Ttulo VI (Das vrias espcies de

contrato), esto reunidos os dispositivos sobre o contrato de

transporte, uma ve !ue o novo C"di#o Civil se disp$s a tratar de

matria !ue na nossa le#isla%o civil anti#a estava prevista em

dispositivos esparsos&

' nosso C"di#o Comercial (*+) oi, se#undo -ontes de.iranda, o primeiro do mundo a re#ular o transporte de pessoas,

embora se ativesse mais ao transporte de coisas e ao transporte

martimo, por!ue a/nal era o C"di#o do seu tempo&

Depois disso, tivemos al#umas normas sobre o transporte

errovirio, al#o re#ulando o transporte terrestre, mas uma

le#isla%o condensada, !ue contivesse os princpios norteadores docontrato, no 0avia& Disso realmente decorria al#uma di/culdade,

se1a para as empresas transportadoras, se1a para os aplicadores do

Direito&

2#ora o C"di#o veio suprir essa de/ci3ncia e re#ular o

contrato de transporte, num Captulo com tr3s se%4es5 6e%o ,

parte #eral7 6e%o II, transporte de pessoas7 6e%o III, transporte decoisas& 8 penso eu !ue e bem, pois tratou de dar as coordenadas

#erais desse contrato, traendo9o para a rela%o dos contratos

tpicos e permitindo, tambm, mostrar a especi/cidade de cada

uma dessas rela%4es contratuais, !ue depois ainda sero ob1eto de

le#isla%4es esparsas ou de re#ulamentos& 8, no aer essa

re#ula%o no, C"di#o, o le#islador oi prudente, limitando9se aestabelecer al#umas re#ras #erais&

' art& :;+ (


2/21

CONTRATODETRANSPORTEDEPESSOASE O NOVOCDIGOCIVIL_____________________________________________________________________________

mediante retribui%o, a transportar, de um lu#ar para outro,

pessoas ou coisas=) contm na verdade uma de/ni%o, o !ue

raramente o le#islador a& > a mesma !ue a nossa doutrina, de um

modo #eral, aceitava, isto , trata9se de um contrato eito mediante

retribui%o, para transportar pessoa ou coisa de um lu#ar a outro&

Id3ntica conceitua%o vamos encontrar em -ontes de

.iranda, em .artins, em ?ul#arelli e tem, como su1eitos, o

transportador e o passa#eiro& 8sse passa#eiro ser tanto a!uele

!ue ad!uire a passa#em e transportado, como a!uele !ue tem a

sua passa#em ad!uirida por outro7 isto , pode acontecer ainterven%o de um terceiro nesse contrato !ue no se1a o pr"prio

passa#eiro, mas necessariamente 0 de 0aver al#um para ser

transportado&

' outro elemento a translada%o, ou traslada%o& @uer

dier, preciso !ue 0a1a transer3ncia de um lu#ar para outro,

ainda !ue no se eAi1a o percurso entre dois pontos #eo#r/cos,como adverte -ontes de .iranda, por!ue posso transportar de um

andar para outro, da rua para dentro da casa, da base para a

cumeeira, e assim por diante& ' !ue deve 0aver sempre a

translada%o&

' contrato pode ser de diversas espcies5 de pessoas, de

animais ou de coisas, e a o !ue vai distin#uir um contrato do outrono provavelmente a causa, mas simplesmente o ob1eto do

contrato, !ue tanto pode se tratar de pessoas, de coisas ou de

animais& -ode ser um contrato terrestre, areo, Buvial ou martimo&

-ode ser coletivo ou individual& errovirio ou rodovirio& rbano,

metropolitano, intermunicipal, interestadual ou internacional&

Interessa a!ui o transporte terrestre, e, especi/camente, otransporte coletivo&

' contrato coletivo de transporte se estabelece !uando2


3/21


vo, no mesmo veculo, duas ou mais pessoas, cada uma delas

celebrando um contrato com a transportadora& Isto , so diversos

contratos !ue se aem entre a transportadora e os !ue so

transportados no mesmo veculo& 6e porventura tivermos vrias

pessoas transportadas no mesmo veculo, mas o contrato um s",

no teremos o contrato coletivo& -ode ser !ue eventualmente

apenas uma pessoa se1a transportada, mas contrato coletivo se

permitido o acesso de outras&

8m um tAi, o contrato de transporte ser um contrato

individual, se realiado por uma pessoa e s" ela pa#a, emboradiversos se1am conduidos& .as, ser um contrato coletivo (para os

!ue admitem esse tipo de contrato coletivo com tAi) se cada um

pa#a a sua parte para o taAista, no obstante via1em todos no

mesmo tAi e diri1am9se ao mesmo lu#ar&

Vou reerir rapidamente as caractersticas do contrato de

transporte&> comutativo, isto , desde lo#o n"s sabemos, no

momento da celebra%o, !ual a atribui%o !ue se d a um e a outro

dos participantes do contrato5 de parte do transportador, a

obri#a%o de prestar o servi%o da traslada%o e o direito de receber

o pre%o7 do lado do transportado, o direito de ser transportado e o

dever de pa#ar o pre%o&> um contrato bilateral, por!ue as presta%4es e as

contrapresta%4es so dadas em co9respectividade, isto , umas em

un%o das outras, 0avendo reciprocidade entre a presta%o e a

contrapresta%o& 6endo um contrato bilateral permite, portanto, a

resolu%o pelo descumprimento do contrato e tambm eAi#e a

e!uival3ncia entre as presta%4es&@uanto E e!uival3ncia, preciso observar !ue no

contrato coletivo de transporte, essa e!uival3ncia uma3


4/21


e!uival3ncia especial& De um modo #eral, no contrato bilateral a

e!uival3ncia se d entre a presta%o e a contrapresta%o, vale

dier, entre a!uilo !ue entra no patrim$nio da pessoa e o !ue sai&

2!ui, no contrato de transporte coletivo, 0 de se partir

da idia de !ue o transportado recebe um benecio maior do !ue a

presta%o !ue ele d, pois o pre%o da passa#em inerior ao

benecio !ue ele, individualmente, recebe com o transporte&

?asta ima#inar o transporte de mil !uil$metros, em !ue o

transportado pa#a pela passa#em de $nibus um valor

relativamente pe!ueno, e o benecio !ue recebe bem superior aovalor da passa#em&

.as !ue essa e!uival3ncia !ue se eAi#e no contrato de

transporte no se d em rela%o a cada uma das pessoas

transportadas, mas em rela%o ao con1unto dos !ue so

transportados, e tambm obedece a um clculo atuarial da!uilo !ue

a lin0a pode eventualmente auerir no eAerccio da sua atividade&-ortanto, o pre%o da passa#em pa#o individualmente no contrato

de transporte atende a diversos atores& Da estou a dier !ue a

e!uival3ncia presente nesse contrato bilateral uma e!uival3ncia

dierente da !ue se eAi#e para os demais contratos bilaterais, como

especialmente ocorre no de compra e venda&

> um contrato consensual, !ue se estabelece mediante osimples acordo de vontades& @uando 0 ornecimento de bil0etes,

se d no momento da a!uisi%o desse bil0ete7 !uando no 0 a

prvia a!uisi%o do bil0ete, ocorre !uando a pessoa se a um

transportado, isto , !uando ela se torna passa#eiro&

Nesse caso, e isso acontece muito no transporte urbano,

a pessoa, ao in#ressar no $nibus, nesse momento est celebrando ocontrato&

No 0 rao para dier9se !ue este contrato se1a real,4


5/21


embora parte da doutrina a/rme !ue sempre 0 a necessidade de a

a%o do traslado incidir sobre pessoa ou coisa para !ue aconte%a o

contrato, e isso a ento com !ue se pense tratar9se de um

contrato real& Na verdade, no 0 essa situa%o, por!ue basta

eAista o acordo de vontades, ou o comportamento ade!uado da

pessoa, para !ue se /rme o contrato entre a transportadora e o

transportado&

@uando 0 a reserva de passa#ens, essa reserva em si

no ainda o contrato de transporte& > simplesmente uma

promessa de !ue se vai concluir no uturo o contrato de transporte&8 tambm muitas vees pode acontecer de al#um

tornar9se passa#eiro, ou ser conduido por uma empresa de $nibus,

mas no eAistir a o contrato de transporte, por alta da vontade& >

o !ue ocorre, por eAemplo, !uando o motorista do $nibus recol0e

um erido encontrado na via pFblica e o condu ao 0ospital& G o

transporte, mas no 0 o contrato de transporte&> um contrato duradouro, por!ue necessariamente se

cumpre com,o decurso de al#um tempo&

> um contrato oneroso, pelo !ue est dito no art& :;+,isto , eito mediante o pa#amento de uma retribui%o& G muito amaioria dos 1uristas no ?rasil, 'rlando Homes entre eles, sustenta!ue realmente a onerosidade da essencialidade do contrato detransporte& 6empre dever 0aver a retribui%o, por!ue no se podepensar num contrato de transporte eito por uma empresa para /nsmeramente bene/centes&

.as a verdade !ue o C"di#o, depois de de/nir o

contrato de transporte como sendo a!uele eito mediante

retribui%o, mais adiante, no art& :;, eAclui do Jmbito de sua

re#ula%o apenas o transporte eito por amiade, o c0amado

contrato benvolo& Da por !ue possvel estabelecer uma

dieren%a&

G o transporte mediante retribui%o, !ue corresponde a

5


6/21


um contrato oneroso, e 0 o transporte #ratuito, !ue se d !uando

o transportado no tem nen0uma obri#a%o de satisaer

pa#amento de pre%o ou de passa#em& No #3nero


7/21


as normas previstas para o contrato oneroso aplicam9se tambm

para o contrato #ratuito, e penso !ue assim tambm no ?rasil

!uando se trata do contrato !ue, embora #ratuito, eito no

interesse do transportador&

> por isso !ue a doutrina, e tambm a 1urisprud3ncia,&1

antes= anunciavam dieren%as, isto , o contrato de transporte , de

re#ra, um contrato oneroso, mas poder no s39lo& 6endo #ratuito,

poder ser no interesse do transportador ou simplesmente

benvolo&

No transporte benvolo, 0, de !ual!uer modo, umarela%o entre o transportador e o transportado, apenas no 0

contrato, e a ele no se aplicam as re#ras da responsabilidade

contratual& Incidem as disposi%4es da responsabilidade

eAtracontratual, com uma importante limita%o5 somente se

recon0ece a responsabilidade do transportador !uando a#ir com

culpa #rave ou dolo& 2 6Fmula L* do 6TK estatui5


8/21


mas !ue no apresentado para a!uele !ue vai usar do servi%o&

2 prova da eAist3ncia do contrato eita mediante a

apresenta%o do bil0ete, ou da passa#em, !uando assim ocorre

na!uele tipo de transporte& No 0 bil0ete, nem passa#em, !uando

se trata de um transporte urbano, em !ue 0 simplesmente o

in#resso no $nibus e o pa#amento de uma passa#em, se1a

diretamente, ao cobrador, se1a mediante dep"sito de t!uete,

moeda ou /c0a no momento da passa#em pela roleta& 6endo um

ato, pode ser demonstrado por outro modo&

@uando 0 ornecimento de passa#em, e se esseornecimento or nominativo, no 0 possibilidade de cesso para

outrem sem a concordJncia do transportador, !ue se entende

implcita se ele no eAi#ir a prova da identidade7 ou, eAi#indo, se

aceitar o novo passa#eiro& Normalmente, no entanto, o bil0ete no

nominativo, mas sim ao portador&

6endo consensual, o contrato de transporte pressup4e oacordo de vontades& 2contece !ue, no transporte de pessoas,

especialmente no contrato de transporte urbano, em !ue no se a

nen0um tipo de eAi#3ncia com rela%o E idade para o in#resso dos

passa#eiros, o contrato pode ser celebrado com pessoas incapaes&

ma crian%a, !ual!uer !ue se1a a sua idade, no momento !ue

in#ressa no $nibus ou no trem, ainda !ue soin0a edesacompan0ada de outros, est celebrando, nesse momento, um

contrato de transporte&

-or isso, di9se !ue 0 dispensa do elemento vontade na

celebra%o do contrato& ?asta !ue o interessado prati!ue a conduta

socialmente ade!uada, para !ue se ten0a o contrato como

celebrado& 6o rela%4es contratuais de ato !ue se estabelecem,ainda !uando a pessoa se1a incapa&

' 8statuto da Crian%a e do 2dolescente tem re#ras a8


9/21


respeito do transporte de pessoas menores de idade, e ali est dito

!uando se pode admitir a via#em de um menor desacompan0ado, e

as ormalidades eAi#idas&

No momento em !ue al#um ad!uire o bil0ete da

passa#em, est tambm con!uistando o direito de usar um certo

lu#ar& 8nto, di -ontes de .iranda, a 0 a posse imediata do

transportado& 8ssa mesma posse imediata eAiste !uando, sem a

emisso do bil0ete, a pessoa ocupa um certo lu#ar no $nibus, ou no

bonde, ou no trem& 8Aistente a posse, a pessoa tem direito E

prote%o possess"ria, desde !ue se1a possvel a invoca%o dessaprote%o&

' contrato de transporte tem /#uras a/ns, uma ve !ue

ele possui muitos elementos tambm presentes nos outros

contratos& 2ssim, poderemos nele identi/car um elemento do

contrato de dep"sito, uma obri#a%o de #uarda, um dever de

presta%o de servi%o, um aspecto da empreitada, um pouco deloca%o, etc&

Na verdade, porm, no uma loca%o de servi%os

por!ue o transporte cumprido normalmente por outras pessoas

!ue no o contratante, en!uanto na loca%o de servi%os o normal

!ue a presta%o se1a eita pelo pr"prio contratante&

No um dep"sito por!ue as /nalidades so diversas7en!uanto no dep"sito o !ue n"s !ueremos apenas a #uarda da

coisa, no transporte, o !ue se pretende realmente a traslada%o,

embora, isso si#ni/!ue tambm, de al#um modo, #uardar durante o

tra1eto&

No um contrato de empreitada por!ue, no transporte

de pessoas ou de coisas, a pessoa transportada ou o proprietrio dacoisa no t3m in#er3ncia direta no modo pelo !ual 0 de ser eito o

transporte, !ue de ordinrio determinado pela empresa9


10/21


transportadora&

8 nem 0 loca%o de coisa, por!ue na loca%o 0 a

transer3ncia da posse ao locatrio, en!uanto a!ui !uem usa o bem

(o veculo considerado no seu todo) a mesma pessoa !ue o

ornece, isto , o pr"prio transportador&

Vou me deter um pouco no eAame da rela%o !ue se

estabelece !uando o transporte se d por meio de tAi, ou

autom"vel de alu#uel& 2s caractersticas do contrato de transporte

coletivo se a1ustam bem E situa%o do transporte coletivo urbano

eetuado por compan0ias de transporte& ' dicil de/nir essasitua%o !uando se trata de tAi& .uitos diem !ue no 0 contrato

de transporte, apenas uma presta%o de servi%o, por!ue a

determina%o direta de como deve ser eito o tra1eto, a velocidade,

as paradas, etc&, tudo isso ditado pelo pr"prio conduido, pelo

transportado, o !ue no acontece no contrato de transporte

propriamente dito&No entanto, acredito eu, de acordo com a maioria,

tambm 0 contrato de transporte com tAi, ainda !ue se1a tAi

individual, por!ue undamentalmente o !ue 0 ali um contrato

eito para o traslado da pessoa de um ponto para outro& G o

contrato individual de transporte de pessoa por tAi&

8 com isso eAaminei o art& :;+, isto , a de/ni%o docontrato de transporte, o seu conceito, seus elementos e a

distin%o entre ele e as outras /#uras a/ns&

Nos arts& :; e :; est dito !ue o transporte eAercido

em virtude de autoria%o de permisso ou de concesso re#e9se

pelas normas re#ulamentares e pelo !ue or estabelecido na!ueles

atos, sem pre1uo do disposto neste C"di#o&a9se a ressalva da aplica%o de todas as disposi%4es

constantes dos atos administrativos de concesso, autoria%o e10


11/21


permisso, determinando !ue a!uelas normas se1am obedecidas

com rela%o ao contrato de transporte, respeitado o disposto no

C"di#o Civil& G, portanto, uma preval3ncia do C"di#o Civil em

rela%o E!uelas outras disposi%4es de naturea administrativa&

8 no art& :;5 o !ue acontece, por eAemplo, no contrato de

transporte de pessoas, !uando o C& Civil di !ue o transportadorpode recusar a presta%o do servi%o ao passa#eiro !ue se

apresentar sem condi%4es de 0i#iene (art& :;O), ou !uando

estabelece !ue o transportador pode reter at *P da importJncia a

ser restituda, a ttulo de multa compensat"ria& 8ssa uma re#ra do

C"di#o Civil, !ue poder eventualmente contrariar al#uma

disposi%o do C"di#o de Deesa do Consumidor& Nesse caso, porm,como 0 a!ui re#ra espec/ca criada no C"di#o Civil para re#ular a

rela%o de consumo !ue se estabelece no transporte de pessoas, 11


12/21


a !ue prevalece em rela%o E do direito do consumidor&

No ser assim !uando o C& Civil re#ular institutos ou

rela%4es 1urdicas !ue podem ou no constituir rela%o de consumo,

como acontece com o contrato de compra e venda& Nessa 0ip"tese,

sempre !ue a compra e venda caracteriarem uma rela%o de

consumo, aplica9se com preval3ncia as disposi%4es do C"di#o de

Deesa do Consumidor, !ue a lei especial, ainda !ue anterior no

tempo&

2lm disso, ainda 0 situa%4es !ue permitiro o uso das

duas le#isla%4es, uma em complemento da outra& 2ssim, poreAemplo, o direito ao reembolso da passa#em em avor do

passa#eiro desistente somente eAistir se provado !ue outra

pessoa oi transportada em seu lu#ar& Tal a disposi%o do art& :L+, Q

R& -orm, a re#ra sobre a prova ser a do C"di#o de Deesa do

Consumidor, !ue autoria inclusive a inverso do $nus, para

avorecer o 0ipossu/ciente, isto , o passa#eiro (art& R, VI, doCDC)&

2credito !ue no 0aver maior di/culdade para conciliar

os teAtos le#islativos eAistentes e o novo C"di#o& Com rela%o ao

CDC, 0 de se ver !ue os princpios #erais do C"di#o Civil e as suas

clusulas #erais permitem uma ade!uada e concordante

interpreta%o entre os dois c"di#os, a #arantir a boa aplica%o doDireito&

ma !uesto !ue ser posta a dos tratados

internacionais, !ue devero se ade!uar 9 penso eu, de acordo com

a orienta%o predominante no pas 9 ao !ue est disposto no C"di#o

Civil, lei ordinria mais recente&

No art& :;; est dito !ue, nos contratos de transportecumulativo, cada transportador se obri#a a cumprir o contrato

relativamente ao respectivo percurso, respondendo pelos danos12


13/21


nele causados a pessoas e coisas&

' contrato de transporte pode ser um contrato

combinado& ' contrato de transporte combinado eAiste !uando um

transportador assume a obri#a%o de aer o transporte do seu

trec0o, e, diante do cliente, assume a obri#a%o de contratar um

terceiro para a continuidade da via#em em outros trec0os&

2!ui, o !ue a lei re#ula o contrato cumulativo& No

contrato cumulativo, eAistem vrios transportadores, todos eles

vinculados diretamente ao transportado7 o contrato Fnico, e o

percurso ser cumprido em diversas etapas, cada transportadorassumindo a sua etapa& 2 responsabilidade do transportador pelo

cumprimento do seu tra1eto e pelos danos nele ocorridos& No

responde pelos danos ocorridos ora do tra1eto, mas todos eles

respondem pelo cumprimento do contrato como um todo& No 0

entre eles solidariedade, todos respondem pelo todo, mas no cada

um pelo todo& 6omente 0averia solidariedade se ela osse pactuada&' art& :;L trata da responsabilidade pelos danos

causados Es pessoas transportadas, e a re#ra principal a de !ue a

transportadora responde pelos danos soridos pelo transportado

desde !ue se inicia o transporte, a se entender como incio do

transporte terrestre o momento em !ue a pessoa se a passa#eiro,

no a!uele em !ue compra a passa#em, nem !uando est na #are,ou na esta%o, ou na parada do $nibus, mas sim !uando in#ressa

no $nibus, e termina !uando desce do veculo&

2 Fnica eAcluso permitida no C"di#o a da or%a maior&

2 lei no mais a reer3ncia a caso ortuito, nem E culpa da vtima,

mas E or%a maior, isto , E!uele ato inevitvel, !ue se recon0ece

!uando o transportador demonstrar !ue tudo e para evitar oacidente e o conse!Sente dano& 6e or assim, o ato era inevitvel,

e por esse !ue 0aver a eAcluso da responsabilidade& ora da,13


14/21


responde&

G uma re#ra !ue permite a redu%o dessa indenia%o

por culpa da vtima (art& :;, par#rao Fnico), !uando esta a#e

contra o re#ulamento& Demonstrado !ue a vtima concorreu para o

resultado, nas 0ip"teses enunciadas no par#rao Fnico, a

indenia%o ser e!Sitativamente reduida&

2 previso do C"di#o apenas para reduir a

indenia%o& 8 de se per#untar5 se, porventura, a culpa or

eAclusiva da vtima, possvel eAcluir, tambm, a responsabilidadeM

8ssa situa%o no est prevista& 2credito !ue, se o ato acontecepor culpa eAclusiva da vtima, alta a rela%o causal entre o dano e

a a%o da transportadora, pelo !ue o resultado somente pode ser

atribudo a !uem l0e deu causa, isto , E pr"pria vtima& -ortanto, a

culpa da vtima pode determinar a redu%o da indenia%o, e a

culpa eAclusiva dela, a eAcluso da responsabilidade do

transportador por alta de causa&2 responsabilidade por acidente no se eAclui por culpa

de terceiro (art& :;*), situa%o !ue ordinariamente ocorre !uando o

descuido causador do dano do outro motorista, caso em !ue a

transportadora responde pela repara%o do dano sorido pelo seu

passa#eiro& 2 responsabilidade pelo dano causado a um terceiro

!ue no se1a passa#eiro, como no atropelamento de pedestre, eAtracontratual e se re#ula pelas re#ras do ilcito absoluto (art&

)&

2 culpa a!ui mencionada a culpa em sentido estrito,

no ao dolo, situa%o !ue no oi especi/camente re#ulada no

C"di#o&

@uando 0 uma situa%o de dolo, como acontece noassalto ou outros atos de viol3ncia, temos de nos remeter para a

situa%o #eral da or%a maior, do ato inevitvel, e saber se essa14


15/21


a%o do terceiro se inclui ou no na situa%o da or%a maior&

@uero dier, na 0ip"tese do assalto, a re#ra de !ue o

transportador responde, mesmo por culpa de terceiro, essa re#ra

no serve para resolver o caso em !ue o terceiro a#iu com dolo,

devendo ser a !uesto solucionada E lu da possibilidade da

eAcluso pela or%a maiorU, e no propriamente pela culpa do

terceiro&

8sse tema ainda ob1eto de controvrsia na doutrina e

nos tribunais7 de min0a parte, acredito !ue a responsabilidade da

transportadora eAiste se no demonstrar !ue o ato era inevitvel,pois somente a incide a eAcludente da or%a maior&

6e o transportador responde sempre pelo dano ocorrido

com o seu passa#eiro, entende9se !ue com o passa#eiro dentro

do $nibus& -er#unta9se5 e se o passa#eiro est ora do $nibus, ou se

dele desceuM 6e isso acontece em rao do comportamento

determinado pela empresa ou pelo motorista, e se o dano conse!S3ncia imediata de tal ato, poder tambm a ser atribuda

a responsabilidade ao transportador7 no !uando a descida um

ato normal do transporte, como nas paradas re#ulares no tra1eto,

etc& Nesse caso, o acidente ocorrido com o passa#eiro no bar da

esta%o, em princpio, no de culpa da transportadora& ' 6TK 1

eAaminou um processo em !ue o passa#eiro desceu do $nibus apedido do motorista e oi atropelado por outro veculo,

recon0ecendo9se a responsabilidade da sua transportadora&

' art& O: do C"di#o Civil, ao dispor sobre

responsabilidade civil eAtracontratual, manteve o princpio da

responsabilidade sub1etiva, mas estabeleceu no par#rao a

responsabilidade de !uem eAerce atividade peri#osa, sempre !ue odano dela decorre& 8nto, !uando a atividade, normalmente

desenvolvida pelo autor do dano, implicar, por sua naturea, riscos15


16/21


para os direitos de outrem, ele responder, independentemente de

culpa&

> de se per#untar se tal enunciado tem al#uma rela%o

com o contrato de transporte re#ulado no arti#o :;+ e se#uintes&

-enso eu !ue no& 2 responsabilidade contratual do art& :;+ e

se#uintes so espec/cas para o contrato de transportes, e l 1

est dito !ue o transportador responde, s" no responde em caso

de or%a maior&

' transporte de passa#eiro compreende no s" o

transporte do passa#eiro, mas tambm o de sua ba#a#em& 8Aistemdisposi%4es administrativas e re#ulamentos estabelecendo o !ue se

entende por ba#a#em& G um s" contrato de transportes entre o

transportado e a transportadora, !ue compreende a traslada%o do

passa#eiro e da sua ba#a#em& Isso se a ba#a#em conduida pelo

pr"prio passa#eiro, ou !ue o acompan0e& 6o a!ueles bens ou

ob1etos !ue o passa#eiro leva consi#o, e atendem a certa!uantidade de peso, volume e tipo de acondicionamento&

.as pode acontecer, tambm, de a ba#a#em ser

entre#ue ao transportador, mediante um t!uete, ou comprovante

de entre#a& Nesse caso, temos dois contratos& ' contrato para o

transporte do passa#eiro e da ba#a#em !ue transporta consi#o e

um contrato para o transporte de ba#a#em, transporte de coisas,em rela%o E!uela ba#a#em !ue oi entre#ue para ser

acondicionada em outros lu#ares do mesmo veculo transportador&

Dois contratos, portanto&

Nesse ponto, o C"di#o veio introduir re#ra importante,

diendo !ue o transportador pode eAi#ir a de/ni%o do valor do

bem transportado para, com isso, limitar a sua responsabilidade&Normalmente, em especial no transporte areo, as empresas se

recusavam a indeniar a ba#a#em pelo valor indicado pelo16


17/21


passa#eiro, por!ue este deiAou de declarar o valor da ba#a#em

!uando a despac0ou&

Isto , pelo nosso sistema e prtica anti#a, transeria9se

ao transportado a obri#a%o de aer a prova do valor da ba#a#em&

' C"di#o veio alterar essa sistemtica para dier !ue, em princpio,

aceita9se o valor atribudo E ba#a#em pelo passa#eiro& 6e a

empresa !uiser se res#uardar !uanto a esse valor, deve ela tomar a

iniciativa de obter a declara%o do valor da ba#a#em por parte do

transportado& Isto , transeriu para a empresa a obri#a%o de

de/nir previamente o valor da ba#a#em para, assim, limitar a suaindenia%o& Do contrrio, no 0aver essa limita%o&

2 obri#a%o do transportador de resultado& 8st ele

su1eito a 0orrios, itinerrios, no pode recusar passa#eiros, etc&

Tem de transportar o passa#eiro e sua ba#a#em de um lu#ar para

outro, no tempo e no modo convencionados, responsabilia9se pelos

atrasos, e deve lev9lo at o destino&8 tanto de resultado essa sua obri#a%o, !ue no caso de

0aver uma interrup%o nesse transporte, ainda por ato al0eio E sua

vontade, e ainda por ato imprevisvel, ele obri#ado a completar o

transcurso com outro veculo, !ue 0 de ser colocado E disposi%o

do transportado& ica, assim, bem caracteriada a obri#a%o de

resultado&8 alm de uma obri#a%o de resultado, 0 tambm uma

obri#a%o de #arantia& Isto , o transportador responde pela

incolumidade do transportado& 8 tambm tem o dever de restituir o

valor da passa#em nos casos a se#uir mencionados&

Ve1amos !uais so as obri#a%4es do transportado& 8m

primeiro lu#ar, deve atender Es determina%4es do transportador&Tem de se su1eitar Es normas e re#ulamentos do transporte, pa#ar o

pre%o, apresentar9se no momento da partida, no conduir armas,17


18/21


nem assumir conduta !ue pre1udi!ue os demais passa#eiros, ou

!ue aete a boa eAecu%o do servi%o& > possvel, pois, !ue o

transportado prati!ue atos !ue impli!uem descumprimento da

norma re#ulamentar ou da pr"pria lei civil, e com isso causar um

dano, pelo !ual responde& Nesse caso, se ele tambm sorer dano,

ter a sua indenia%o reduida, na medida da concorr3ncia de sua

culpa& K vimos acima !ue, se a culpa or eAclusiva do passa#eiro, a

transportadora no responde, por alta de rela%o causal&

' passa#eiro tem o direito de rescindir o contrato em

al#umas situa%4es5 se ad!uiriu o bil0ete anteriormente, poderdesistir de realiar a via#em, desde !ue avise o transportador em

tempo para !ue este possa vender a passa#em a um terceiro, ou

se1a, rene#ociar o mesmo bil0ete& 2 lei no di !ual esse tempo&

' re#ulamento !ue disp4e sobre o transporte intermunicipal

terrestre coletivo reere !ue de tr3s 0oras antes da partida, e uma

ve eito esse comunicado, ele tem o direito de obter a restitui%o&Iniciado o tra1eto, o passa#eiro poder desistir do

transporte, ou simplesmente no comparecer desde o incio, sem

avisar& @uando ele no avisa e no comparece, ou !uando inicia o

transporte e desiste, poder obter a restitui%o do valor pa#o,

desde !ue demonstre !ue 0ouve o repasse desse lu#ar para um

terceiro, isto , se permitiu E compan0ia recuperar a perdadecorrente da desist3ncia& Gavendo a restitui%o do valor, at *P

(cinco por cento) deste 0 de ser retido a ttulo de multa

compensat"ria pela transportadora&

Tambm o transportador tem o direito de reter a

ba#a#em para o caso de no ter sido pa#o o pre%o da passa#em

at o /nal do cumprimento do contrato de transporte& -ara #arantir9se disso, pode reter a ba#a#em&

8 pode ale#ar a or%a maior5 ou para eAcluir a sua18


19/21


responsabilidade por dano, ou para eAcluir a sua responsabilidade

pelo descumprimento do 0orrio e do itinerrio& @uer dier, toda

ve !ue 0ouver descumprimento do 0orrio ou do itinerrio, o

transportador poder ale#ar !ue 0ouve or%a maior e, com isso,

eAonerar9se da responsabilidade da decorrente&

Dessa orma, / uma rpida anlise dos dispositivos a

respeito do contrato de transporte de pessoas& 2 ttulo de

concluso, assim posso resumir al#umas idias5

' transporte tem como elementos o transportador, a

pessoa ou coisa transportada, e o traslado ao destino&G diversas espcies de contratos de transporte5 de

pessoas ou de coisas7 martimo, Buvial, areo ou terrestre7 urbano,

municipal, intermunicipal, interestadual e internacional7 coletivo ou

individual7 rodovirio ou errovirio, combinado ou cumulativo, etc&

2!ui se tratou do contrato de transporte de pessoas, !ue

se caracteria por ser um contrato comutativo, consensual,bilateral, oneroso ou #ratuito (no benvolo), de adeso, de

resultado (transportar at o destino) e tambm de #arantia

(transportar inc"lume)&

' contrato de transporte oneroso e o #ratuito so

espcies re#idas pelas normas do C"di#o Civil&

' transporte benvolo no contrato de transporte, e aresponsabilidade do transportador de naturea eAtracontratual,

nos termos da 6Fmula L*6TK&

G o contrato coletivo de transporte !uando um mesmo

veculo transporta (ou pode transportar) mais de um passa#eiro,

cada !ual celebrando um contrato com o transportador7

' contrato de transporte se estabelece !uando a pessoaassume a conduta socialmente ade!uada7

' contrato de transporte distin#ue9se dos contratos de19


20/21


loca%o, dep"sito, #uarda e de empreitada, embora ten0a deles

al#uns elementos7

2 ba#a#em pode ser ob1eto de contrato pr"prio, se

entre#ue E #uarda do transportador7

2s normas do C"di#o Civil !ue disp4em especi/camente

sobre uma rela%o !ue de consumo, como o contrato de

transporte coletivo de pessoas, preponderam sobre as do C"di#o de

Deesa do Consumidor& 2s re#ras do C"di#o Civil !ue re#ulam

rela%4es !ue podem ou no con/#urar uma rela%o de consumo,

como acontece com o contrato de compra e venda, cedem lu#ar aoC"di#o de Deesa do Consumidor, !uando se tratar de rela%o de

consumo& .esmo !uando incidir o C"di#o Civil na rela%o de

consumo, aplicam9se complementarmente as disposi%4es do CDC&

2s normas do CCivil prevalecem sobre tratados ou

conven%4es, clusulas de atos administrativos de autoria%o,permisso ou concesso&

2 responsabilidade do transportador ob1etiva, com a

eAcluso da responsabilidade em caso de or%a maior por ato

inevitvel, ou por culpa da pr"pria vtima, !uando causa eAclusiva

do resultado&

2 culpa de terceiro no eAclui a responsabilidade, !uandose tratar de culpa em sentido estrito7 em caso de dolo, poder

eAcluir se o transportador demonstrar !ue era caso de or%a maior,

isto , se provar !ue tudo e para evitar o ato previsvel&

' transportador tem direitos e obri#a%4es, assim como

enumerados no C"di#o Civil, no C"di#o de Deesa do Consumidor e

nas le#isla%4es esparsas, no ato administrativo de permisso ouautoria%o7 tambm tem os deveres !ue decorrem dos usos e

derivados da boa9 ob1etiva& ' mesmo 0 de se dier em rela%o20


21/21


ao transportado, isto , ele tem os direitos !ue esto a!ui previstos,

e deve atender aos princpios da boa9&

No se admite a recusa de passa#eiros, salvo por motivo

de 0i#iene ou saFde&

> sempre permitido ao passa#eiro no via1ar ou

interromper a via#em, com direito de restitui%o nos casos

previstos&

2 obri#a%o de resultado, de modo !ue a interrup%o

sempre acarreta ao transportador o dever de completar o percurso7

' transportador pode reter at *P (cinco por cento) dovalor do transporte para os casos de restitui%o, e reter a ba#a#em

para a #arantia do pa#amento do pre%o&

-or /m, devo dier !ue o C"di#o oi eli ao estabelecer

as re#ras #erais do contrato de transporte de pessoas, ornecendo

as coordenadas para a sua celebra%o&

Na verdade, eAerceu a sua un%o de diploma central dosistema de Direito -rivado, reunindo, em tr3s se%4es, as disposi%4es

sobre o transporte de pessoas e sobre o transporte de coisas,

eliminando a distin%o !ue antes eAistia entre o nosso Direito

Comercial e o Direito Civil&

2utor5 2#uiar KFnior, Wu Wosado de&Ttulo5 Contrato de Transporte de -essoas e o Novo C"di#o Civil&

8m5 WenovarWK96-, ++;, pp& :9;;&

Documents

Contrato de Transporte de Pessoas e o Novo Código Civil