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FACULDADE DOM ALBERTO
PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
DÉFICIT COGNITIVO/ DEFICIÊNCIA MENTAL COM ENFOQUE PEDAGÓGICO
CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS RECREATIVOS PARA O
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM
DEFICIÊNCIA MENTAL
Patrícia Mezzomo Escobar
Santa Cruz do Sul, junho de 2010.
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Patrícia Mezzomo Escobar
CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS RECREATIVOS PARA O
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM
DEFICIÊNCIA MENTAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao programa de Pós-Graduação da Faculdade Dom Alberto – Especialização em Educação Especial Déficit Cognitivo/Deficiência Mental com Enfoque Pedagógico, sob a orientação da Professora Ms. Luciane Torezan Viegas, como pré-requisito para obtenção do título de Especialista em Educação Especial – Deficiência Mental.
Santa Cruz do Sul, junho de 2010.
3
Agradecimentos
A Deus...fonte de fé e inspiração para enfrentar os desafios da nossa caminhada;
A toda a equipe pedagógica da Faculdade Dom Alberto, principalmente às
professoras Luciane Torezan Viegas e Luana Porto pelo apoio e dedicação a mim
prestados na construção desta monografia;
Aos meus pais por sempre terem acreditado em mim; pelos valores e ensinamentos
que me transmitiram;
Ao Marcos meu fiel escudeiro...minha outra metade...
4
Em tempos de dificuldades, você pode sentir que os seus problemas nunca encontrarão fim. Mas isso absolutamente não é verdade. Toda montanha tem um topo. Todo problema tem uma duração limitada. A questão é: quem vai desistir primeiro, você ou o problema?
Robert Shüller
5
RESUMO
O objetivo deste estudo é apresentar um trabalho em fase final de investigação através de pesquisa bibliográfica, sobre a importância dos jogos recreativos para o desenvolvimento psicomotor de crianças com deficiência mental. É um estudo com características históricas numa abordagem pedagógica dos jogos. Históricamente o jogo esteve presente na formação cultural dos povos e é interpretado em suas diversas manifestações. O movimento está no jogo podendo ser reconhecido como objeto de estudo e aplicação na Educação Física. Esses movimentos podem ser privilegiados através dos jogos cooperativos que é a hipótese deste trabalho. Ao discutir o jogo como uma invenção do homem, é apresentada a proposta dos jogos cooperativos com intencionalidade de criação para modificar a realidade e o presente no ambiente escolar. Considerando a criança de quatro a quatorze anos um ser em crescimento e desenvolvimento, o ensino básico é o momento ideal em tempo e espaço, para o favorecimento das aquisições importantes que o homem carrega por toda vida. O educador conhecendo a importância que o jogo tem no desenvolvimento da criança, criará alternativas metodológicas que possibilitarão o alcance dos objetivos disciplinares nas ações educativas. Por ser o jogo uma maneira lúdica de aprendizagem, a criança será mais receptiva e o conhecimento se dará de uma forma mais eficaz.
PALAVRAS-CHAVE: jogo; movimento; educação; cooperação; desenvolvimento.
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ABSTRACT
The objective of this study is to present a work in final phase of investigation through bibliographical research, on the importance of the recreational games for the development psychomotor of children with mental deficiency. It is a study with historical characteristics in a pedagogic approach of the games. Históricamente the game was present in the cultural formation of the people and it is interpreted in their several manifestations. The movement is in the game could be recognized as study object and application in the Physical education. Those movements can be privileged through the cooperative games that it is the hypothesis of this work. When discussing the game as an invention of the man, the proposal of the cooperative games is presented with creation intencionalidade to modify the reality and the present in the school atmosphere. Considering the child from four to fourteen years a being in growth and development, the basic teaching is the ideal moment in time and space, for the favorecimento of the important acquisitions that the man carries for a lifetime. The educator knowing the importance that the game has in the child's development, it will create methodological alternatives that you/they will make possible the reach of the objectives discipline in the educational actions. For being the game a way learning lúdica, the child will be more receptive and the knowledge will feel in a more effective way.
WORD-KEY: game; movement; education; cooperation; development;Keywords:
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 8
1 HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA MENTAL...............................................................11
1.1 História da Deficiência Mental no mundo............................................................ 11
1.2 Tratamento dado às pessoas com Deficiência Mental ao longo dos tempos..... 14
2 JOGOS RECREATIVOS.........................................................................................17
2.1 Características dos Jogos Recreativos................................................................17
2.2 Os Jogos Recreativos e o desenvolvimento psicomotor de crianças com DM....20
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................30
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 32
8
INTRODUÇÃO
A Educação Especial/Inclusiva é atualmente um dos maiores desafios do
sistema educacional sendo por esta razão motivo de estudo de vários pesquisadores
e um dos temas decorrentes é a inclusão de alunos com deficiência mental em
classes especiais. Nesse sentido, este estudo discute a importância dos Jogos
Recreativos no desenvolvimento de uma criança com deficiência mental em turma
de escola regular no município de Cerro Branco.
Atualmente, vê-se que a educação especial, especificamente a Educação
Física adaptada, tem mostrado vários progressos em sua evolução histórica quanto
à questão político-social, proporcionando novos encaminhamentos à pessoa
deficiente, com intuito de promover o indivíduo, respeitando suas igualdades e
diferenças no contexto social. O direito de ser diferente nos dias atuais é
considerado um direito humano, sujeito naturalmente a uma análise crítica dos
critérios sociais que determinam preservar e reproduzir uma sociedade, um sistema
educacional.
Estudos sobre a deficiência estão cada vez mais presentes na sociedade, as
abordagens são cada vez mais amplas. Neste estudo, preocupamo-nos em abordar
a Deficiência Mental (DM). Quando se fala sobre DM, um dos aspectos encontrados,
a hipotonia muscular e a frouxidão ligamentar, favorecem problemas articulares, mas
isto não impede que as pessoas realizem determinados tipos de movimentos; ao
contrário, a realização de atividades motoras poderá fortalecer o tônus muscular.
Outro aspecto importante é a instabilidade atlanto-axial, que é uma hipermobilidade
das duas vértebras superiores na base do crânio. Dificuldades na coordenação geral
e motricidade fina também são problemas enfrentados por crianças com DM.
Considerando que o desenvolvimento psicomotor é de fundamental
importância para alunos com deficiência mental e que poucas vezes tem sido objeto
de pesquisadores e que o tema tem grande importância acadêmica e social, esta
pesquisa procura responder a seguinte pergunta:
Qual a influência dos jogos recreativos no desenvolvimento psicomotor de
uma criança com deficiência mental?
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Analisar os benefícios dos jogos recreativos no desenvolvimento psicomotor
de crianças com deficiência mental na rede regular de ensino.
• Refletir sobre as atividades pedagógicas e práticas nas quais os jogos
recreativos possam estimular o desenvolvimento psicomotor de crianças com
deficiência mental;
• Explicar como os jogos recreativos estimulam o desenvolvimento das
crianças, construindo assim um diagnóstico de seus avanços e limitações ao
longo do processo;
• Contribuir para a produção de conhecimento científico sobre os benefícios
dos jogos recreativos no desenvolvimento psicomotor de crianças com
deficiência mental ampliando perspectivas teórico-práticas acerca das ações
educativas desenvolvidas em Educação Especial.
Na fortuna crítica da Educação Especial várias têm sido as reflexões sobre a
inclusão de alunos especiais na rede regular de ensino. No entanto, são escassos
os trabalhos científicos sobre a inclusão de crianças com deficiência mental em
classes de alunos historicamente considerados “normais”. Nesse sentido, esta
pesquisa ao analisar os benefícios dos jogos recreativos no desenvolvimento de
alunos com deficiência mental em classes regulares, pode contribuir para o
preenchimento de uma lacuna nos estudos acadêmicos sobre esse tema,
ampliando, ainda, reflexões sobre a Educação Especial.
Por visar a discutir as possíveis contribuições dos jogos recreativos no
desenvolvimento psicomotor de alunos com deficiência mental em turma regular
esta investigação constitui-se como instrumento de apoio não só ao profissional da
Educação Especial responsável pelo processo ensino-aprendizagem do estudante
observado, mas também para outros professores que encontram situações
semelhantes em seus ambientes de trabalho. O diálogo a ser efetivado por esses
profissionais mostra-se, no atual contexto da educação, crucial para o
desenvolvimento de ações pedagógicas produtivas e motivadoras para o sucesso
escolar de sujeitos especiais.
Outro fator que justifica a realização deste estudo é o fato de que, na escola
onde a aluna estuda, são raros os momentos de análise das condições e de que
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forma ela participa das atividades recreativas, sendo uma aluna especial, o que tem
tornado um empecilho para o desenvolvimento de ações adequadas às
necessidades da criança com deficiência mental. Diante desse contexto, esta
pesquisa configura-se a única reflexão existente no espaço escolar sobre os
benefícios dos jogos recreativos para o desenvolvimento de crianças com deficiência
mental.
Para a execução deste estudo, métodos de pesquisa foram adotados para
tentar responder à problematização, coletar e analisar os dados. Assim, é
necessário descrever os procedimentos adequados na realização deste trabalho,
sinalizando o tipo de pesquisa, a abordagem do problema e os procedimentos e
instrumentos para a execução do estudo.
O sujeito da pesquisa foi uma aluna com Deficiência Mental de uma escola
pública do município de Cerro Branco e seus respectivos professores e colegas.
Para a realização deste estudo alguns procedimentos, para a coleta de
informações foram necessários. A pesquisa bibliográfica contribuiu no sentido de
que leituras e registro de teorias e posicionamentos críticos foram ações para a
construção da fundamentação teórica do trabalho. Nesse caso, foram consultados
livros, artigos de revista, materiais digitais, etc. Também foi realizado um estudo de
caso, no qual uma aluna deficiência mental foi observada em uma escola pública de
Cerro Branco, durante uma semana. A pesquisa de levantamento ou survey também
foi utilizada, de maneira que foram realizadas entrevistas com as professoras da
turma onde estes alunos estão inseridos, a fim de averiguar quais ações estas
promovem para favorecer a socialização destes alunos com a classe regular.
O presente estudo apresenta dois capítulos. No primeiro capítulo foi abordado
o histórico da deficiência mental no mundo, bem como suas formas de tratamento ao
longo dos anos a convivência das crianças com DM com as crianças ditas “normais”,
enfatizando no que esta convivência pode auxiliar na vida social futura destes
indivíduos. No segundo capítulo trouxe a importância do educador ao proporcionar
jogos recreativos que venham a contribuir no desenvolvimento psicomotor da aluna
com DM na escola, uma tarefa nada fácil.
11
HISTÓRICO DA DEFICÊNCIA MENTAL
1.1 Histórico da deficiência mental no mundo
Atualmente é primordial conhecermos as definições e os conceitos acerca do
que é deficiência mental, observando o seu período histórico, para que possamos
entender qual o lugar das crianças com DM na sociedade. Dessa forma faz se
necessário um aprofundamento teórico das concepções que a deficiência mental
teve ao longo do tempo, bem como sua evolução até os dias de hoje.
Todos os seres humanos possuem diferenças, mas essas diferenças não
podem servir para discriminá-las. Mesmo assim, fica evidente que, historicamente,
esses seres humanos se enquadram dentro de certo “padrão”, que a própria
sociedade criou, onde essas pessoas eram/são discriminadas, segregadas e até
eliminadas.
Outro ponto importante, é que vêm ocorrendo à expansão de expressões como
inclusão escolar, atendimento educacional especializado, sociedade inclusiva e uma
ampla diversidade cultural. Sabemos também que a lei deixa claro que devem ser
asseguradas a liberdade de expressão, a igualdade de oportunidades e a devida
valorização da diversidade. Desse modo estas políticas têm como objetivo, amenizar
a diversidade permitindo uma sociedade mais humana, sem tantas diferenças.
Mesmo com esse universo de diversidades culturais, das políticas que tentam
tornar a sociedade mais igualitária existem ainda muitas discussões que ainda levam
a exclusão social, que julgo plausível uma discussão mais profunda, pois existem
muitas pessoas vivendo em condições de completa discriminação e exclusão social.
Lino de Paula (apud CARNEIRO, 2008, p. 20) afirma:
A deficiência mental é encarada pelo corpo social, por meio de uma visão qualitativa e não quantitativa, não apenas como se faltasse um coeficiente ideal de inteligência, como os outros deficientes faltam os sentidos da visão ou da audição, ou até mesmo um membro ou a impossibilidade de usá-lo, mas como se lhe faltasse à própria essência da humanidade – a racionalidade. Justifica-se, assim, a discriminação, a segregação, a exclusão do conjunto da sociedade racional e a eterna recorrência à tutela e à caridade pública.
É diante dessas discussões que, a deficiência mental se reflete nesta história,
pois durante muitos anos todas as pessoas com DM acabavam sendo segregadas e
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excluídas da sociedade, desta maneira fica claro que o preconceito que essas
pessoas enfrentam é decorrente desse processo histórico. Para compreender
melhor este processo farei um breve histórico da DM no mundo.
Foi na Grécia Antiga que foi apontado os registros mais antigos sobre esse
tema tão atual, naquele tempo o homem atlético era o padrão que se destacava
naquela cultura, como podia ser percebido nas pinturas e esculturas da época.
Assim as pessoas com DM eram consideradas sub-humanas, sendo abandonados e
até mesmo mortas.
Esta situação de abandono e discriminação perseguiu o DM por muitos anos e
só passaram a ser considerados pessoas com alma humana com o surgimento do
Cristianismo na Europa. A partir daí o abandono se tornou inadmissível, e
começaram a ter direito à abrigo e proteção, mas ainda não eram considerados
como cidadãos. (Vieira, 2003)
Uma nova visão da DM começou a surgir a partir de 1526 através do médico e
alquimista Paracelso, que começa a pensar, pela primeira vez como sendo um
problema médico, pois até então esse tipo de deficiência era considerada como um
castigo divino, ou seja, dado as pessoas pecadoras.
De acordo com Carneiro (2008), a compreensão do que até então seria a DM,
acaba sendo modificada ao longo dos anos e em 1801 após uma experiência de
educação especial para pessoas com deficiência através de Jean Itard, que recebe
a missão de educar um menino selvagem chamado Victor de Aveyron, sendo que
este fora capturado em uma floresta. Através desta experiência foram sendo
modificados conceitos e a aceitação da sociedade frente aos DMs, bem como as
possibilidades de educação desses indivíduos.
A partir desse histórico, verificamos que os conceitos pertinentes à DM foram
sendo criados e modificados ao longo dos tempos, e que atualmente temos uma
definição mais palpável: a American Association on Mental Retardiaton (AAMR)
entende por DM:
O estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior a média, associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competências domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. (AAMR, 2006)
13
Na Convenção da Guatemala, surge um conceito semelhante, sendo este
incluído à Constituição Brasileira pelo Decreto nº3956/2001, no seu artigo 1º que
define a deficiência como uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza
permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais
atividades essenciais a vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico
e social (Mantoan et al, 2007).
Podemos perceber que os pensamentos, conceitos, definições inerentes a
DM foram sofrendo modificações, ficando mais atualizados e trazidos mais próximos
da nossa realidade.
Neste contexto, considero de extrema relevância citar a Declaração de
Salamanca, que se constituiu em uma Conferencia Mundial em Educação Especial,
organizada pelo governo da Espanha, realizada em Salamanca em 1994, com o
objetivo de informar sobre as políticas e guias governamentais, os princípios, a
política e as práticas em Educação Especial.
É diante desta declaração que passamos a ter um olhar diferenciado sobre as
deficiências em geral, surgindo a partir daí, várias leis que asseguram a inclusão das
crianças com DM, ou qualquer outra deficiência nas classes regulares de ensino,
pois até então essas crianças eram segregadas a educação em escolas especiais,
dedicadas apenas às crianças com deficiência.
Acredito que uma importante citação da Declaração de Salamanca é de
fundamental importância para compreendermos como se deve assegurar o ensino
das pessoas com DM, onde assegura que “qualquer pessoa portadora de deficiência
tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto
estes possam ser realizados” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994). Mais
adiante afirma que as diferenças humanas são normais e que, em consonância a
aprendizagem deve ser adaptada às necessidades da criança, ao invés de se
adaptar as crianças às assunções pré-concebidas a respeito do ritmo e da natureza
do processo de aprendizagem.
Com esse estudo mais aprofundado sobre a DM no mundo, foi possível
perceber os avanços que os estudos e que os tratamentos dados aos DMs vêm
melhorando cada vez mais e à medida que a sociedade passar a incluí-los,
plenamente, como cidadãos com os mesmos direitos e deveres dos cidadãos ditos
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“normais”, não veremos mais essa problemática da exclusão social e enfim teremos
um mundo mais digno e justo para todos.
Diante do contexto, o Ministério da Educação do Brasil (MEC) adotou um
enfoque multidimensional para a caracterização da DM, inspirado no modelo
proposto pela Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR), incluindo a
função intelectual e as habilidades adaptativas, a função psicológico-emocional, as
funções física e etiológica e o contexto ambiental (MEC, 1995a). Este modelo
enfatiza a funcionalidade do sujeito e o aspecto orgânico da deficiência, o que não
deixa de estar coerente com as concepções que prevalecem na nossa sociedade, as
quais refletem os valores estabelecidos pelo sistema vigente.
Assim, observamos que ainda há questões que precisam ser aprofundadas
com relação ao conceito de DM. Apesar dos esforços de alguns autores, o discurso
da maior parte dos órgãos públicos e dos programas de formação de pessoal mostra
que a DM continua sendo considerada como estando dentro do indivíduo,
descontextualizada e sem nexo social, quando, na verdade, este conceito deveria
englobar o contexto sócio-econômico e político de nossa época, bem como as
influências culturais, que estão presentes na construção deste sujeito concreto.
Contudo, é necessário compreendermos, a criança e o seu desenvolvimento,
percebendo o tipo de relação ela estabelece com o seu ambiente.
1.2 Tratamentos dado às pessoas com Deficiência Mental ao longo dos tempos
É pela sua complexidade e a diversidade de conceitos que a DM constituiu-se
como um enigma para o ensino da escola comum. Pois de que forma seria possível
ensinar, que métodos e instrumentos poderiam ser utilizados, e quais os objetivos a
serem alcançados.
Percebi ao decorrer desse estudo que o tratamento oferecido às pessoas com
DM, ao longo dos anos, possa ser um dos principais responsáveis pelo forte
preconceito e discriminação que os mesmos enfrentam na sociedade. Foi somente
no século XIII que surgiu na Bélgica a primeira instituição que serviu de abrigo aos
DMs, pois eram rejeitados, segregados e até perdiam a vida, por serem
considerados não-humanos (VIEIRA, 2003).
15
Apesar disso, este acontecido não facilitou muito a vida dos DMs, no
momento em que passavam a ser considerados humanos, surgiram na sociedade
diferentes formas de tratamento, os preconceitos. Por um lado, estavam os que
compreendiam a DM como uma escolha divina aos abençoados responsáveis por
pagar pelos males da humanidade, portanto estes eram dignos de caridade. Por
outro lado, que tinham como finalidade, atender somente pessoas com algum tipo
havia aqueles que compreendiam a DM como um castigo divino a ser pago por
esses indivíduos e estes deveriam ser isolados do convívio da sociedade, para que
os ditos “normais” não tivessem que conviver com condutas diferentes.
Nesses casos específicos, os DMs, tinham direito à alimentação e ao abrigo,
porém tanto no caso da caridade quanto no castigo, o deficiente era isolado da
sociedade. Como já vimos anteriormente, o processo de aceitação dos DMs na
sociedade foi bastante complicada e foi somente depois da experiência de Itard um
dos precursores dos pensamentos sobre Deficiência Mental no mundo, que se
propõe a educar um menino selvagem, criado por lobos. Itard se anima a criar
formas para educar este menino e, através destas, desenvolve um modelo de
educação para atender aos deficientes. Com isso houve um grande progresso com
relação ao pensamento, tratamento e conceito da DM.
Após muitos anos dos experimentos de Itard, é que foram criadas as
chamadas escolas especiais de deficiência e acredito que, mesmo não sendo
considerados como castigo ou dignos de caridade, estes eram novamente, ao meu
entender, excluídos de algum jeito da sociedade.
Não podemos deixar de esclarecer que a Deficiência Mental é difícil de ser
diagnosticada, por isso, pesquisadores tem feito uma série de revisões de seu
conceito. Na medida em que o coeficiente de inteligência (QI), por exemplo, foi
utilizado durante muitos anos como parâmetro de definição dos casos. Mesmo que
hoje não seja mais considerado como capaz de “medir” a capacidade mental dos
indivíduos, o CID (Código Internacional de Doenças, desenvolvido pela Organização
Mundial da Saúde), ao especificar o Retardo Mental (F70-79), propõe uma definição
baseada no coeficiente de inteligência (QI), classificando-o entre leve, moderado e
profundo, conforme o comprometimento.
No momento atual, sabemos que a DM não se esclarece por supostas
categorias e tipos de inteligência, de acordo com Mantoan et al (2007, p.15): “é
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necessário reunir posicionamentos de diferentes áreas do conhecimento, para
conseguirmos entender mais amplamente o fenômeno mental.”
“O medo da diferença e do desconhecido é responsável, em grande parte,
pela discriminação sofrida pelas pessoas com deficiência, mas principalmente, por
aquelas com Deficiência Mental”. (MANTOAN, 2007, p.15). A autora acredita que as
dificuldades em diagnosticar e conceituar a DM trouxe conseqüências indestrutíveis
na maneira com que lidamos com essa deficiência e com aquelas que a possuem.
São grandes os avanços em relação ao atendimento aos DM que vem
ocorrendo ao longo dos anos, tanto que hoje não são mais concebidas as escolas
especiais, que aos poucos estão sendo extintas, pois a partir de 1996, a Lei de
Diretrizes e Bases para a Educação Nacional classificou a Educação Especial como
uma modalidade de ensino, com isso ela perdeu a função de substituição dos níveis
de ensino, porém esta mesma lei possibilita interpretações enganosas que ainda
mantém, em alguns casos, a Educação Especial como um subsistema paralelo de
ensino escolar.
O grande desafio hoje, é que todos os alunos com deficiência estejam
freqüentando a escola comum e que a Educação Especial ocorra com uma nova
visão, a de Atendimento Educacional Especializado, que é sustentado legalmente, e
um dos motivos para o sucesso da inclusão escolar dos alunos com deficiência.
Mantoan et al (2007, p. 22), uma das defensoras do Atendimento Educacional
Especializado aponta que:
Esse tipo de atendimento existe para que os alunos possam aprender o que é diferente dos conteúdos curriculares do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência.
Foi possível detectar, nos capítulos anteriores, que com o passar do tempo,
caminhamos para uma visão menos preconceituosa das deficiências. Percebemos
também que houve uma grande melhora no atendimento e tratamento dado às
pessoas com DM e que estes vêm evoluindo a cada dia, permitindo assim, que
estas pessoas, possam tornar-se, cidadãos.
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2. JOGOS RECREATIVOS
2.1 Características dos Jogos Recreativos
O termo brincar vem sendo motivo de vários estudos nas mais variadas áreas
como, por exemplo, psicologia, educação, sociologia, terapia educacional,
enfatizando o brincar e o brinquedo como atividade multidisciplinar, como afirma
Bomtempo (1997).
Diante dessa afirmação, não é fácil, definir e conceituar essa atividade, pois
esse termo pode ter diferentes entendimentos, pois estão envolvidas uma variedade
de fenômenos e estes bem complexos, podemos estar falando de determinados
tipos de jogos, e quais as contribuições que os mesmos trazem ao desenvolvimento
infantil das crianças em geral e principalmente das crianças com deficiência. Sendo
assim descreverei sobre a origem da recreação e alguns conceitos mais importantes
acerca desse tema.
É importante saber que o termo recreação foi usado pela primeira vez na pré-
história. De acordo com Guerra (1987) nasceu das comemorações e das
festividades que os homens faziam durante a temporada de caça e na descoberta
de uma nova caverna. Sua sistematização ocorreu inicialmente em 1774, na
Alemanha. A partir daí alcançou outras dimensões, como a criação de instituições.
Nos Estados Unidos foram criados parques e pátios de recreação.
A recreação foi tomando proporções maiores, principalmente em sua
qualidade de agregar, dentro de uma única atividade, o físico e o intelectual. No
Brasil, o estado pioneiro foi o Rio Grande do Sul, que montou uma praça de
recreação e implantou o projeto Recom (Recreação – Educação- Comunicação),
que era chamada então de recreação move. A definição de recreação provém do
verbo latino Recreare, que significa recrear, reproduzir, renovar conforme Guerra
(1987, p.11). E contempla todas as atividades espontâneas, prazerosas, criativas,
criadoras, que o ser humano busca para ocupar seu tempo livre. (GUERRA, 1987)
Outro fator que merece destaque é que a recreação é importantíssima na vida
de uma pessoa, pois dessa forma ela pode imaginar e divertir-se, criando vínculos
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sociais e afetivos com outros indivíduos, ainda mais num mundo que o
individualismo e a competitividade vêm se destacando nas relações sociais. Dessa
forma a recreação torna-se um contraponto a essa competitividade no momento em
que seus objetivos são de descontrair, divertir e socializar, estimulando o raciocínio
e o desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. (MIRANDA, 1989)
Após conhecermos a origem e as características da recreação podemos
perceber que essa atividade é de fundamental importância no desenvolvimento dos
indivíduos, pois estimula tanto a parte física como a mental, vamos conhecer agora
os principais conceitos referentes ao jogo/brincar propriamente dito para só assim
compreendermos os seus benefícios para as crianças.
Huizinga (1996) enfatiza que qualquer atividade sustentada pelo lúdico
pressupõe dois fatores importantes como o prazer e o interesse. Esse interesse
pode ser causa de uma necessidade psicológica ou fisiológica. Já o prazer pode ser
visto como o resultado de uma atividade recreativa, sendo um estímulo para a busca
de atividades onde possa se desenvolver e se satisfazer.
Assim, podemos definir a recreação de uma maneira prática como sendo uma
atividade física ou mental, na qual o indivíduo e levado pelo interesse e pelo prazer a
satisfazer suas necessidades psicomotoras, cognitivas e sócio-afetivas. Enfatizamos
aqui o jogo recreativo, em detrimento, ao dos jogos competitivos que poderão
oferecer desprazer em caso de derrota.
As atividades lúdicas propõem a mobilidade, o uso ilimitado de gestos
motores, materiais variados, o faz de conta e a simbolização, as cantigas infantis, as
linguagens próprias do brincar e as interações com o outro. Trazem ao mesmo
tempo, instrumentos e signos mediadores da relação homem-mundo.
Segundo Vygotsky apud Guerra (1987), o brincar é um dos combustíveis mais
importantes da infância, pois permite que a criança desenvolva todo o potencial que
tem, nos primeiros anos de vida. O desenvolvimento só acontecerá na medida em
que a criança receberá os estímulos necessários para ativar o seu processo de
crescimento. Dessa forma, o maior estímulo para que aconteça esse crescimento é
o movimento, pois age no sistema nervoso, muscular e circulatório.
19
Através do movimento, é possível expressar o comportamento que vai desde
a liberdade a aquisição de regras, do simbolismo à imitação, do modelo à
criatividade, promovendo nas crianças mudanças de comportamento, no seu
desenvolvimento e na aprendizagem. O professor tem que proporcionar atividades
no seu cotidiano, pois o jogo tem três funções importantes: a psicológica, a
pedagógica e a socializadora. Para ele, é através do jogo simbólico que se alcança a
prova concreta do desenvolvimento da criança.
Foram as pesquisas de Piaget (1978), do ponto de vista pedagógico que
contribuíram para que os educadores percebessem a importância educativa do jogo
para o desenvolvimento e suas relações com a aprendizagem. Quando a criança
brinca e joga, ela reproduz suas vivências e pode assim se expressar, assimilar e
compreender a realidade. Além disso, construir seu conhecimento, desenvolver seu
raciocínio de forma divertida e descontraída.
O jogo é considerado um componente educacional muito importante e que
estimula um fenômeno cultural e biológico; uma atividade livre, alegre, que tem
sentido, significação. Quando joga, a criança aprende como se vive em sociedade,
aprendendo regras e como respeitá-las, bem como a adaptação ao grupo; tem
grande valor espiritual, oferece diversas possibilidades educacionais e
desenvolvimento corporal. (HUIZINGA, 1996)
Friedmann (1992) afirma que o jogo e a brincadeira são tratados aqui num
mesmo sentido, com o mesmo significado, pois tanto o brincar como o jogar, refere-
se às atividades que permitam ao educando criar, imaginar, construir e aprender, da
forma que melhor se adaptem tudo ao seu tempo, de maneira que esse aprendizado
se torne prazeroso para ele.
[...]brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é coisa séria, também, porque na brincadeira não há trapaça, há sinceridade, engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração e muitas outras habilidades. (FRIEDMANN, 1992, p. 35)
Enquanto brinca, a criança lida com a sua sexualidade, com seus impulsos,
aos poucos organiza as relações emocionais e assim vai adquirindo meios para
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desenvolver as suas relações sociais, aprendendo a se conhecer, a conhecer e
aceitar a existência dos outros no grupo.
Segundo Antunes, o jogo em seu sentido etimológico, “expressa um
divertimento, brincadeira, passatempo, sujeito a regras que devem ser observadas
quando se joga”. Assim, podemos perceber que vários autores concordam quanto à
forma divertida, prazerosa e espontânea que se dá a aprendizagem com a utilização
dos jogos. Sendo que alguns defendem mais o jogo como forma de exercício físico,
outros como uma maneira eficaz de educar corpo e mente, dando prioridade para os
sentimentos do educando. (ANTUNES, 2001 p.11)
Para Brougère (1998), o jogo tem como característica chamar a atenção,
conquistar a criança, fazer com que ela se expresse naturalmente, testar suas
possibilidades e suas atitudes diante de diferentes situações, permitindo que os
alunos recarreguem suas forças e estejam sempre dispostos a realizar as tarefas da
aula.
2.2 Jogos Recreativos e o desenvolvimento psicomotor de crianças com DM
Ao conhecermos as características da recreação e do jogo/brincar
propriamente dito, tornam-se necessárias um aprofundamento sobre a s idéias
acerca da importância dos jogos recreativos, do brincar, pois desta forma
compreenderemos sua importância no desenvolvimento psicomotor de crianças
ditas “normais” e as crianças com DM, sendo essas as envolvidas nesse trabalho.
Para que aconteça um melhor desenvolvimento psicomotor é muito
importante uma educação psicomotora desde a primeira infância, pois leva a criança
a ter consciência do seu próprio corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a
dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e
movimentos, pois permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas.(LE BOULCH, 1988)
Sabemos que diversas crianças têm o direito de brincar negado nos primeiros
anos de sua infância por deficiência física ou mental, ou por estarem hospitalizadas
21
e há outras ainda, que trabalham para ajudar os mais velhos no sustento da família,
e outros motivos que levam o “furto” da infância e o direito do brincar. Mesmo assim,
a ausência do brinquedo não as impede de brincar porque elas usam a sua
imaginação. Contudo, sabemos que a utilização do brinquedo enriquece o ato de
brincar
Brincar é um direito da criança e este direito é reconhecido em declarações,
convenções e leis, como mostram a Convenção sobre os Direitos da Criança de
1989, adotada pela Assembléia das Nações Unidas, a Constituição Brasileira de
1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990. Todos são conquistas
importantes, que colocam a ação de brincar como prioridade, sendo direito da
criança e dever do Estado, da família e da sociedade. Essa é uma questão legal e
aceita por todos. Porém muitas crianças não brincam, enquanto outras brincam
pouco. E as razões desse não brincar se manifesta de diversas formas.
Quando nós observamos uma criança e vemos que em geral ela é alegre, tem
o olhar esperto e riso fácil, é curiosa e investiga tudo o que vê, podemos apostar: é
uma criança que brinca pra valer. É brincando que a criança começa a se relacionar
com as pessoas, é brincando que ela descobre o mundo, é brincando que ela se
desenvolve que ela aprende. É brincando que a criança desenvolve com mais
saúde. Brincar elimina o estresse, aumenta a criatividade e a sensibilidade, estimula
a sociabilidade.
A atividade lúdica ocorre mais lentamente na criança deficiente do que na
criança sem deficiência, dentro das mesmas etapas do desenvolvimento. Por isso é
imprescindível auxiliá-las a fim de que participem das brincadeiras, pois só assim é
que ela desenvolverá sua expressão natural e espontânea. Quanto às brincadeiras
estas também se caracterizam pelo atraso e possuem menor variedade. Diante
disso percebemos que ela necessita de maior tempo para explorar e descobrir as
possibilidades do brinquedo (Aufauvre, 1993).
Aufauvre afirma que a criança deficiente mental tem muitas dificuldades em
perceber as características dos objetos, dos fenômenos e das ações. Por isso ele
sugere que jogos de livre criação e construção podem auxiliar a criança deficiente
mental a estabelecer relação entre os objetivos e os processos de construção.
22
De acordo com Cunha (1997), as crianças necessitam de estímulo, porém as
crianças com deficiência dependem dessa estimulação para que consiga se
desenvolver. No caso da deficiência mental, o mais importante é conhecer o nível de
deficiência para proporcionar os devidos estímulos e que estes sejam de seu
interesse, dentro de suas capacidades e assim escolher e promover jogos e
brincadeiras que realmente possam auxiliá-la no desenvolvimento de suas
habilidades.
Percebemos que existe uma concordância geral de que a criança deficiente
mental necessita vivenciar atividades e experiências concretas para só assim,
desenvolver aspectos cognitivos mais abstratos. Dessa maneira, pode se afirmar,
que os brinquedos que imitam a vida real, assim como as brincadeiras de imitação
são importantes instrumentos para o desenvolvimento simbólico da criança
deficiente mental. Sabemos que não existem brinquedos especiais, por isso a
escolha deve ser criteriosa para não escolher um brinquedo com o qual não tenha
condições de brincar.
Possibilitar que a criança possa brincar é criar espaço para a reconstrução do
conhecimento. O brincar permite, ainda, aprender a lidar com as emoções. Com o
brincar, a criança equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural,
construindo sua individualidade, sua marca pessoal, sua personalidade.
Através das leituras de algumas teorias que falavam sobre a participação dos
jogos na educação infantil e através de aulas na faculdade em que os professores
falavam sobre a importância do jogo, foi possível compreender que o jogo favorece
as várias formas de representação da criança e maximiza a construção do
conhecimento através do lúdico. Desta forma o jogo contribui no desenvolvimento da
imaginação, da persistência e das tomadas de decisões, bem como permite criar
regras e limites de forma democrática para a resolução de problemas. Além disso,
os jogos possibilitam a percepção da criança em relação ao aspecto motor, afetivo,
social e até moral.
Já nos jogos simbólicos ou faz-de-conta, a criança constrói símbolos,
transforma, inventa o real naquilo que deseja. Nestes jogos, pude observar que as
crianças gostam de se transformar em adultos imitando situações já presenciadas,
23
reproduzindo o comportamento dos pais, professores e outros relacionados à sua
vivência diária.
Outro ponto importante dentro deste contexto é que através da valorização
dos jogos, brinquedos e brincadeiras como “instrumentos” de desenvolvimento
infantil, que permite a auto-afirmação da criança, como um ser histórico e social que
enfatizo a idéia de que é fundamental saber escolher os brinquedos e as
brincadeiras adequadas a cada grupo de crianças observando suas peculiaridades.
Brincar é a essência da infância e é tão importante para a criança quanto o trabalho
para o adulto.
A educação psicomotora frente às crianças deve prever a formação de base
indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, oportunizando
para que através de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. A
partir da recreação a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de
ajustamento do comportamento psicomotor. A recreação dirigida proporciona a
aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na
manutenção da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo.
Conforme Barreto “O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na
prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura,
da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da criança deve
enfatizar a relação através do movimento de seu próprio corpo, observando idade,
cultura corporal e interesses. Para trabalharmos com a educação psicomotora
precisamos que sejam utilizadas as funções perceptivas, afetivas e sócio-motoras,
pois dessa maneira a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas,
primordiais ao seu desenvolvimento intelectual, e assim será capaz de tomar
consciência de si mesma e do mundo que a cerca (BARRETO apud MONTEIRO,
2007).
O jogo permite que o indivíduo tenha liberdade para encontrar-se com sua
corporeidade com espontaneidade e liberdade. Santin afirma que “O jogo é uma
maneira de compreender o processo de organização de estruturas existentes no
mundo” e pode ser uma excelente forma de possibilitar o enriquecimento das
habilidades e atitudes relativas à motricidade. (SANTIN, 1990)
24
Percebemos que vários são os autores que defendem a utilização do jogo,
Rosamilha (1979) afirma que jogo é um “um modo de estar com o mundo, um modo
de lidar com os absurdos da condição humana”. Através de sua essência criativa
permite que possamos enfrentar situações de choques e conflitos. Torna-se uma
maneira construtiva e eficaz de vivenciar novas situações e experiências. Através do
jogo é possível criar atalho entre a fantasia e o real, entre o mundo em que
gostaríamos de estar e o mundo em que temos que viver.
Quando brinca, o ser humano consegue dominar suas angústias, controla sua
impulsividade, estabelece contatos sociais, estimula a sua criatividade, adquire
novos conhecimentos e desenvolve novas habilidades (WINNICOTT, 1975).
A atividade lúdica exerce um papel fundamental papel na formação cognitiva,
afetiva e social do educando, pois é através dela que possibilitamos a socialização e
a integração do aluno na sociedade. Sendo assim são comprovados os benefícios
da atividade lúdica no dia a dia das crianças tanto na sala de aula quanto nas
brincadeiras e jogos (SANTIN, 1990).
Enfim devemos assegurar a utilização dos jogos recreativos, o direito de
brincar da criança, pois esse direito é reconhecido em declarações, convenções e
leis, como por exemplo, a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, adotada
pela Assembléia das Nações Unidas, a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto
da Criança e do Adolescente de 1990. São conquistas imprescindíveis, que colocam
a ação de brincar como prioridade, sendo direito da criança e dever do Estado, da
família e da sociedade. Essa é uma questão legal e aceita por todos. Porém muitas
crianças não brincam, enquanto outras brincam pouco. E as razões desse não
brincar se manifesta de diversas formas.
25
2.2 Estudo de Caso
O presente estudo de caso foi realizado com a aluna Clara (nome fictício) que
tem dez anos e freqüenta o terceiro ano do Ensino Fundamental de nove anos. Ela é
proveniente de uma família de condições econômicas e culturais desfavoráveis.
Mora com o pai e a mãe, tendo ainda cinco irmãos. Seus pais possuem baixa
escolaridade.
Clara apresenta diagnóstico de retardo mental leve. A American Association
on Mental Retardation (AAMR) divulgou uma definição para retardo mental em 1992
(apud CARNEIRO, 2008, p. 20):
Retardo mental é uma incapacidade caracterizada por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, está expresso nas habilidades conceituais, sociais e práticas. Essa incapacidade tem início antes dos 18 anos de idade.
Sabemos que há muitos fatores pré-natais que determinam o surgimento de
inúmeras doenças e deficiências. Em entrevista com a mãe constatou-se que a
gravidez ocorreu de forma tranqüila, com acompanhamento pré-natal, porém um
detalhe bastante importante me chamou muito a atenção, a mãe destacou que
durante a sua gravidez nunca deixou de trabalhar na lavoura de fumo junto aos
agrotóxicos que o pai colocava na lavoura.
Diante o exposto acredito que fenômenos como esse possam ser responsável
por algum tipo de comprometimento na formação cerebral do feto, uma vez que o
município de Cerro Branco possui uma extensa área rural e uma de suas principais
culturas é o fumo, produto que precisa de muitos agrotóxicos para seu cultivo.
Percebemos que existe um grande número de crianças que moram no interior que
tem demonstrado, apresentados várias dificuldades de aprendizagem, de
concentração, atenção, comportamentos não compatíveis com a idade e quadros de
comprometimento na área mental.
Os pais de Clara moram juntos e o pai não admite que tenha tido uma filha
“doente” afirmando que isso é coisa do capeta. Porém ao conversar com a mãe,
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notei que esta possui dificuldades em seu papel de mãe, mostra-se bastante
confusa em dar-lhe ordens e limites, também percebi que é uma pessoa bastante
agitada e nervosa.
O pai é uma pessoa bastante explosiva e também não consegue impor limites
a Clara, somente às consegue através de situações que lhe oferecem medo, como
por exemplo, se não fizer o que o pai mandar o bicho-papão vai levá-la de casa e
até mesmo com “surras”.
Com relação a esse comportamento do pai, verifiquei nos desenhos que Clara
produz, que ela apresenta alguma espécie de trauma recorrente das ameaças do
pai, pois em todos os desenhos que faz de si próprio, rabisca de preto, rasga, e
tenta jogar no lixo. Quando perguntada sobre a família ela diz “diabo”, “sai daqui” e
outras palavras bastante assustadoras.
Em relação à aprendizagem Clara reprovou no primeiro ano em que
freqüentou a escola, pois não conseguia acompanhar a turma nas aprendizagens,
era bastante inquieta, dificuldade em conseguir ficar na sala de aula, de fazer as
atividades propostas e na socialização com os colegas. Com o passar do tempo, a
professora de Clara, resolveu encaminhá-la para a Sala de Apoio Pedagógico
Especializado do município, em turno inverso, para que a equipe de profissionais da
mesma pudesse avaliar a sua situação.
Cabe ressaltar que Clara foi encaminhada para psicólogo, neurologista,
psicopedagogo, etc. Foi diagnosticado que Clara apresenta retardo mental leve.
Clara continua fazendo acompanhamento em turno inverso na Sala de
Atendimento Especializado pode-se perceber o grande avanço da mesma em
relação à aprendizagem e a socialização com os colegas, pois hoje Clara já
consegue realizar algumas atividades de coordenação motora, recortar, pintar,
alguns rabiscos, reconhece alguns números e suas respectivas quantidades e
consegue participar das atividades e se socializar com a turma.
Observando Clara em sua sala de aula atualmente, percebe-se que a mesma
conseguiu se adaptar muito bem a turma, já não se mostra mais tão agressiva,
realiza atividades individuais e em grupo, claro que na maioria das vezes necessita
de ajuda, mas percebe-se que tanto a professora quanto os colegas sentem prazer
em ajudá-la.
27
É fundamental ressaltar o papel precioso que o professor assume durante o
trabalho em sala de aula, pois somente ele pode torná-lo inclusivo ou não. Na
entrevista com a professora, percebe-se que a mesma faz o possível para que Clara
sinta se feliz, integrada e continue apresentando crescimento nas diversas áreas do
conhecimento, e que o apoio recebido na Sala de Atendimento Especializado, em
turno inverso, auxilia nas conquistas do dia a dia sendo este fundamental no seu
desenvolvimento cognitivo, físico e social.
Diante desses avanços, Mantoan et al (2007, p. 22), uma das grandes
defensoras do Atendimento Educacional Especializado afirma:
O Atendimento Educacional Especializado decorre de uma nova concepção da Educação Especial, sustentada legalmente, e é uma das condições para o sucesso da inclusão escolar dos alunos com deficiência. Esse atendimento existe para que os alunos possam aprender o que é diferente dos conteúdos curriculares do ensino com e que é necessário para que possam ultrapassar barreiras impostas pela deficiência.
Foi a partir do olhar diferenciado da professora que decidiu procurar um
atendimento diferenciado, e dos jogos recreativos, em virtude a aluna em questão
apresentar dificuldades na aprendizagem, coordenação, concentração, atenção,
equilíbrio e socialização que Clara já obteve grandes progressos tanto na escola
quanto na sua asa.
Através das observações percebeu-se também que Clara consegue se
comunicar muito bem com os colegas e professora, o que não era comum
anteriormente, de acordo com a professora, “Clara passava o tempo todo agitada,
agressiva, no recreio ficava agredindo os colegas com tapas, beliscões, não
brincava, não conversava com ninguém”, enfim, o relacionamento era bastante
tumultuado e até fugia da escola se alguém se distraísse.
Analisando as aulas Educação Física e até mesmo as atividades recreativas
na sala de aula foi possível concluir que Clara está apresentando melhoras
significativas no desenvolvimento psicomotor melhorando assim os movimentos
básicos como equilíbrio, atenção, ritmo, concentração. Além disso, quando houve
uma música, já está se requebrando.
Pode-se verificar também, que para os pais e psicólogos ou qualquer outro
que atua junto à criança nesta faixa etária, é reconhecida a importância de aprender
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brincando e do brincar simplesmente e o que isso representa para a criança. A
proposta deste trabalho foi também, de socializar minhas experiências com outros
profissionais. Sendo o lúdico a base sólida para a criatividade, para a participação
cultural e, sobretudo para o exercício do prazer em viver, é fundamental que o
educador garanta o tempo e espaço para que o mesmo seja desenvolvido. Deve-se
considerar o educando como sendo sujeito único, dono de uma cultura própria, que
possui um repertório particular, construído e alimentado pelas experiências
anteriores.
Percebemos que o brincar para a criança com deficiência mental, não é um
comportamento fácil, devido às dificuldades pessoais que a caracteriza como o
isolamento, a insegurança e um sentimento de inferioridade. Dessa maneira, o
brincar é fundamental para que a criança possa se expressar, tornando-se um meio
para a construção de sua identidade, através das experiências e da exploração de
atividades diversas, buscando sua integração à sociedade.
Sou convicta de que o fato dela estar estudando em uma escola regular tenha
possibilitado todos esses avanços que se observa hoje, Clara interagindo com os
colegas, brincando, participando das atividades em sala de aula, contudo pode-se
perceber que o olhar do professor sobre o aluno é fundamental, o professor precisa
ter convicção da importância da inserção dos alunos com DM nas classes regulares.
As entrevistas realizadas com alguns professores da rede municipal de ensino
de Cerro Branco revelaram que não foi muito fácil o processo de inclusão de DM nas
classes regulares, pois muitos profissionais admitiram não estar preparados para
atender esse tipo de clientela. Porém com o passar do tempo, muitos mudaram seus
conceitos proporcionando assim, de maneira gradativa a exclusão dos preconceitos
frente às deficiências. Outros buscaram aprofundamento na área para contribuir num
melhor atendimento a esses alunos.
Verifiquei que é muito importante o professor ter certeza/convicção do papel
que assumem frente à inclusão, podendo desta maneira entender os diferentes
níveis e ritmos de aprendizagem e quais as atividades podem ser desenvolvidas
com essas crianças que apresentam DM, onde ele será desafiado e certamente
crescerá em todos os sentidos.
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A partir da análise desse trabalho, acredito que os alunos como DM devem
freqüentar as classes regulares de ensino, desde que as mesmas possuam
profissionais comprometidos, que possam contribuir a aprendizagem desses alunos.
São estas experiências que nos fazem batalhar na luta a favor da inclusão
dos DMs nas classes regulares de ensino.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste estudo foi possível sustentar mais ainda a idéia de
que os jogos recreativos contribuem para o melhor desenvolvimento psicomotor dos
alunos com DM, incluídos nas classes regulares de ensino, sendo dessa forma
fundamental e indispensável na formação destes indivíduos.
Os jogos devem ser aplicados na escola com fins pedagógicos, auxiliando no
processo educacional de crianças entre quatro e quatorze anos, pois, permitem um
desenvolvimento integral dos alunos. Nesta faixa etária, os jogos recreativos
favorecem o desenvolvimento cognitivo (atenção, memória, raciocínio e criatividade);
afetivo-social (relações humanas) e o desenvolvimento motor (aspectos biológicos e
a aprendizagem de atividades básicas e específicas).
Diante das observações e entrevistas realizadas pelos professores da escola
investigada foi possível detectar a importância da realização de atividades
recreativas entre os alunos ditos “normais” e os com DM, pois de acordo com eles,
estas contribuem, especialmente, na formação de valores, na aquisição de
habilidades inerentes ao ser humano como coordenação motora ampla, equilíbrio,
percepção de tempo e espaço, atenção, autonomia e valores.
O educador tem nos jogos um forte aliado para desenvolver e fixar conceitos.
Seus objetivos tornaram-se bem claros e dominados pelo professor, para então, a
sua aplicação no dia a dia ser eficaz. Para a análise e escolha de um jogo é
importante que o educador elabore um planejamento, no qual determine as
características do jogo e do grupo.
Esses registros devem conter: nome do jogo; origem histórica do jogo;
materiais necessários para o desenvolvimento da atividade; número de
participantes; local disponível e necessário para o bom andamento da atividade;
descrição da regra tradicional; interpretação da regra pelo grupo; variações do jogo;
objetivos e observações específicas ao roteiro proposto. Além de realizado o
diagnóstico do jogo, a ação do professor é fundamental para alcançar e ampliar os
objetivos propostos.
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Acredito que a escola uma porta de entrada para sanar as barreiras da vida
social, capaz de transformar as sociedades existentes, principalmente na diminuição
dos preconceitos em relação aos DM, tão injustamente pré-julgados na atualidade.
Finalizo esse trabalho com enorme satisfação, pois consegui perceber que
através do brincar, da utilização dos jogos recreativos que a criança com DM,
matriculadas na rede regular de ensino consegue ter um melhor desenvolvimento
psicomotor ao longo do tempo. Isso só é possível porque nós educadores somos os
únicos seres capazes de fazer a diferença na vida de nossos alunos, mais ainda
sendo eles portadores de alguma deficiência, com um olhar crítico e diferenciado
proporcionando a eles uma vida mais digna e principalmente feliz.
32
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