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CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS URBANAS NÃO PAVIMENTADAS ATRAVÉS DO EMPREGO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL LISEANE PADILHA THIVES DA LUZ FONTES Florianópolis, Março de 2001.

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CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS URBANAS NÃO PAVIMENTADAS ATRAVÉS DO EMPREGO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ENGENHARIA CIVIL

LISEANE PADILHA THIVES DA LUZ FONTES

Florianópolis, Março de 2001.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS URBANAS NÃO PAVIMENTADAS ATRAVÉS DO

EMPREGO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE

Liseane Padilha Thives da Luz Fontes

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Civil.

Florianópolis, Março de 2001.

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CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS

URBANAS NÃO PAVIMENTADAS ATRAVÉS DO EMPREGO

DO PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de MESTRE EM ENGENHARIA Especialidade Engenharia Civil (Área de Concentração: Infra-Estrutura e Gerência Viária), e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil.

Prof. Dr. Glicério Trichês (Orientador)

Prof. Dr. Jucelei Cordini (Coordenador do Curso)

Apresentada à Comissão Examinadora, integrada pelos professores:

Profª. Dra. Glaci Trevisan Santos (UFSC)

Prof. Dr. Antônio Fortunato Marcon (UFSC)

Prof. Dr. Jorge Augusto Pereira Ceratti (UFRGS)

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iii

AGRADECIMENTOS

A Deus.

À minha família, pelo apoio e compreensão.

Ao professor Glicério Trichês, pela orientação, paciência, amizade e incentivo.

Aos servidores da Universidade Federal de Santa Catarina, em especial do Curso de

Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPGEC), pelo auxílio.

À Prefeitura Municipal de São José, pela liberdade de informação e apoio técnico.

A todos os funcionários da Prefeitura de São José que auxiliaram esta pesquisa, em

especial ao Secretário de Obras Eng. Djalma V. Berger e ao colega Eng. Túlio Márcio

S. Maciel.

Ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER/SC), pelo apoio à pesquisa.

A todos os colegas e professores do PPGEC, que ajudaram na caminhada do

mestrado, em especial a Daniel Nolasco de Brito e a Joni Lima Pires.

À empresa Pedrita Planejamento e Construção Ltda, pelo apoio técnico, em especial

aos funcionários Eng. Paulo Roberto Foschi e Neri Manoel da Conceição.

Aos professores Regina Davison Dias, Glaci Trevisan Santos, Antônio Fortunato

Marcon e Marciano Macarini, pelo auxílio, com idéias e dados a esta pesquisa, em

minha vida acadêmica.

A todos os que auxiliaram com dados e informações a esta pesquisa.

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S U M Á R I O

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 01 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA................................................... 01 1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA........................................................................ 02 1.3 OBJETIVO GERAL...................................................................................... 08 1.3.1 Objetivos Específicos.................................................................................... 08 1.4 REGIÃO DE DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA................................ 08 1.5 MAPA DE LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO......................................................... 10 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................ 11 2.1 GEOLOGIA E GEOTECNIA DA ÁREA ESTUDADA......................................... 11 2.1.1 Tipo de Rochas da Região Estudada........................................................... 11 2.1.2 Solos, Horizontes e Classes de Solos......................................................... 12 2.2 CLASSIFICAÇÃO MCT...................................................................................... 17 2.2.1 Grupos de Classificação MCT...................................................................... 17 2.2.3 Classificação MCT Através do Método das Pastilhas................................ 19 2.3 CLASSIFICAÇÃO HRB...................................................................................... 21 2.4 CLASSIFICAÇÃO USC...................................................................................... 23 2.5 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO......................................................................... 24 2.5.1 Introdução ao Mapeamento Geotécnico...................................................... 24 2.5.2 Importância do Mapeamento Geotécnico.................................................... 25 2.5.3 Definição de Mapeamento Geotécnico........................................................ 26 2.5.4 Representação gráfica de um Mapa Geotécnico........................................ 26 2.6 METODOLOGIA DAVISON DIAS...................................................................... 26 2.6.1 Estimativa das Unidades Geotécnicas........................................................ 27 2.7 PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE......................................................... 29 2.7.1 Histórico......................................................................................................... 29 2.7.2 O Equipamento.............................................................................................. 30 2.7.3 A Operação do Ensaio em Campo............................................................... 31 2.7.4 A Operação do Ensaio em Laboratório........................................................ 32 2.7.5 Considerações Sobre a Utilização do Penetrômetro Dinâmico de Cone. 33 2.7.6 Interpretação dos Resultados de Campo................................................... 34

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v

2.7.7 Correlações Existentes entre DN e CBR...................................................... 38 2.8 DIMENSIONAMENTO DE RODOVIAS DE BAIXO À MÉDIO VOLUME DE TRÁFEGO................................................................................................................. 41 2.8.1 Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis - DNER/1979...... 41 2.8.2 Metodologia da Prefeitura Municipal de São Paulo.................................... 46 2.8.3 Fórmula de Peltier Para o Dimensionamento de Pavimentos com lajotas....................................................................................................................... 53 3. METODOLOGIA.............................................................................................. 54 3.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................................. 54 3.1.1 Mapa de Localização..................................................................................... 55 3.1.2 Mapa do Bairro............................................................................................... 56 3.2 CONCEPÇÃO DA METODOLOGIA.................................................................. 57 3.3 ENSAIOS DE CAMPO........................................................................................ 58 3.3.1 Ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP.................................... 58 3.3.2 Determinação do Índice de Penetração (DN) e Espessura do Revestimento Primário com o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP............ 59 3.3.3 Definição de CBR e h de Projeto.................................................................. 59 3.3.4 Caracterização das Condições de Compactação do Revestimento Primário.................................................................................................................... 60 3.4 ENSAIOS DE LABORATÓRIO.......................................................................... 60 3.4.1 Ensaios de Caracterização............................................................................ 60 3.4.2 Determinação da Correlação CBR x DN Para o Revestimento Primário.. 61 3.4.3 Determinação da Correlação CBR x DN Para o Solo de Fundação.......... 62 3.5 PROCEDIMENTO PARA CONSIDERAÇÃO DO REVESTIMENTO PRIMÁRIO EXISTENTE NO DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA.................. 63 3.5.1 Considerações Iniciais.................................................................................. 63 3.5.2 Dimensionamento da Estrutura.................................................................... 64 3.5.2.1 Dados de entrada........................................................................................ 64 3.5.2.2 Cálculo da espessura total do pavimento, Ht.......................................... 65 3.5.2.3 Aproveitamento da espessura do material consolidado no dimensionamento................................................................................................... 65 3.5.2.4 Redimensionamento de Ht’(quando h < Href).......................................... 68 3.5.2.5 Considerações sobre o alargamento da plataforma............................... 69

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vi

3.6 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO......................................................................... 70

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................. 71

4.1 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DA METODOLOGIA.................................... 71

4.1.1 Ensaios de Laboratório................................................................................. 71

4.1.1.1 Ensaios de Caracterização......................................................................... 71

4.1.1.2 Classificação MCT...................................................................................... 72

4.1.1.3 Compactação e CBR................................................................................... 75

4.1.1.4 Ensaios para determinação das correlações DN x CBR......................... 76

4.1.1.5 Correlações obtidas em laboratório......................................................... 80

4.1.1.6 Comparação com as Correlações Existentes.......................................... 82

4.1.1.7 Gráfico DCP................................................................................................. 82

4.1.2 Ensaios de Campo......................................................................................... 85

4.1.2.1 Penetrômetro Dinâmico de Cone.............................................................. 85

4.1.2.2 Teor de Umidade......................................................................................... 88

4.1.2.3 Grau de Compactação................................................................................ 88

4.1.2.4 Definição do CBR de projeto do revestimento primário......................... 90

4.1.3 Definição da Espessura de Projeto do Revestimento Primário............... 101

4.1.4 Definição do CBR do Solo de Fundação..................................................... 102

4.1.5 Dimensionamento das Estruturas................................................................ 103

4.1.5.1 Trecho da rua Lino Silva, (Grupo 1).......................................................... 104

4.1.5.2 Trecho da rua Paulo Koester, (Grupo 2)................................................. 108

4.1.6 Controle da Regularização da Camada de Revestimento Primário......... 114

4.1.6.1 Critério para aceitação dos trechos recompactados ou substituídos... 115

4.1.7 Sistemática da Metodologia.......................................................................... 117

4.2 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO......................................................................... 118

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4.2.1 Introdução....................................................................................................... 118

4.2.2 Dados Geológicos.......................................................................................... 118

4.2.3 Dados Pedológicos........................................................................................ 120

4.2.4 Sobreposição dos Mapas Pedológico e Geológico.................................... 120

4.2.5 Reconhecimento de Campo.......................................................................... 121

4.2.6 Análise de Laboratório.................................................................................. 121

4.2.7 Unidade Geotécnica....................................................................................... 122

4.2.8 Mapa Geotécnico........................................................................................... 123

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...................................................... 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 126

ANEXOS................................................................................................................ 131

ANEXO A - GRÁFICO MCT, DADOS PEDOLÓGICOS E GEOLÓGICOS............. 132

QUADRO A.1 - GRÁFICO MCT.............................................................................. 133

QUADRO A.2 - SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PEDOLÓGICO.......................... 134

QUADRO A.3 - SISTEMA DE CLASSIFICAÇÀO GEOLÓGICA SIMPLIFICADA.. 135

QUADRO A.4 - JAZIDA DE SOLOS DA REGIÃO.................................................. 136

QUADRO A.5 - MAPA GEOLÓGICO...................................................................... 137

QUADRO A.6 - MAPA PEDOLÓGICO.................................................................... 138

ANEXO B - RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO.................. 139

ANEXO B.1 - RESULTADOS DA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA........................ 140

ANEXO B.2 - LIMITES DE ATTERBERG................................................................ 141

ANEXO B.3 - CLASSIFICAÇÃO MCT..................................................................... 144

ANEXO B.4 -GRÁFICO DE PLASTICIDADE E CLASSIFICAÇÃO MCT............... 147

ANEXO C - RESULTADO DOS ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO E CBR.............. 148

ANEXO D - RESULTADOS DOS ENSAIOS DCP EM CAMPO.............................. 153

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ANEXO E - ANÁLISE ESTATÍSTICA...................................................................... 174 ANEXO E.1 - DETERMINAÇÃO DO CBR DE PROJETO DO SOLO DE FUNDAÇÃO.............................................................................................................. 175 ANEXO E.2 - DETERMINAÇÃO DO CBR DE PROJETO DO REVESTIMENTO PRIMÁRIO - CBRrev................................................................................................ 176

ANEXO E.3 - ESPESSURAS DO REVESTIMENTO PRIMÁRIO............................ 178

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LISTA DE QUADROS

1 - Sistema de Classificação HRB............................................................................ 22

2 - Sistema de Classificação do USC....................................................................... 24

3 - Faixas granulométricas de materiais para base granular (Método de

Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis - DNER/1979)..................................... 42

4 - Coeficientes de equivalência estrutural (Método de Dimensionamento de

Pavimentos Flexíveis DNER/1979).......................................................................... 43

5 - Espessuras mínimas do revestimento betuminoso (Método de

Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979)........................................ 44

6 - Coeficientes de equivalência estrutural da Metodologia da PMSP..................... 51

7 - Resultados dos ensaios de caracterização......................................................... 72

8 - Resultados da Classificação MCT....................................................................... 74

9 - Resultados dos ensaios de laboratório para todas as amostras......................... 75

10 - Resultados dos ensaios de Compactação para as amostras 1 e 2................... 77

11 - Resultados dos ensaios de CBR para as amostras 1 e 2................................. 77

12 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 1 em corpos de prova

sem imersão.............................................................................................................. 78

13 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 1 em corpos de prova

com imersão............................................................................................................. 79

14 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 2 em corpos de prova

sem imersão.............................................................................................................. 79

15 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 2 em corpos de prova

com imersão.............................................................................................................. 79

16 - Teores médios de umidade de campo, por rua................................................. 88

17 - Teores médios de umidade de campo, por Grupo............................................ 88

18 - Grau de Compactação de campo..................................................................... 89

19 - Valores de CBR de projeto do revestimento primário........................................ 98

20 - Espessuras de projeto do revestimento primário............................................... 102

21 - CBR de projeto do solo de fundação................................................................. 102

22 - Níveis de tráfego para os tipos de ruas............................................................. 103

23 - Convenções adotadas no dimensionamento..................................................... 111

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x

24 - Estruturas do pavimento para as ruas do bairro................................................ 112

25 - Dimensionamento a partir de Ht’, com h igual a 10,0 centímetros.................... 113

26 - Resultados da Classificação MCT para a jazida de solos da região................. 121

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xi

LISTA DE FIGURAS

1 - Rua urbana típica da região com o leito central consolidado pelo tráfego, o

que não ocorre nos bordos pela ausência do tráfego.............................................. 04

2 - Procedimento adotado para alargamento da via urbana, com emprego de uma

retroescavadeira....................................................................................................... 05

3 - Procedimento adotado para alargamento da via urbana, com emprego de uma

motoniveladora.......................................................................................................... 05

4 - Procedimento adotado para compactação da via alargada................................. 06

5 - Via urbana, após a regularização e compactação do subleito, pronta para

receber a camada de sub-base................................................................................ 06

6 - Via urbana, após a compactação da camada de sub-base................................. 07

7 - Defeito observado em uma via urbana após 6 meses de abertura ao

tráfego...................................................................................................................... 07

8 - Mapa de localização e situação do Município de São José................................ 10

9 - Penetrômetro Dinâmico de Cone......................................................................... 30

10 - Operação do ensaio DCP em campo................................................................ 32

11 - Curva DCP (profundidade x nº de golpes acumulados).................................... 35

12 - Diagrama Estrutural........................................................................................... 36

13 - Curva de Balanço Estrutural.............................................................................. 37

14 - Correlações existentes entre DN e CBR........................................................... 40

15 - Espessura total do pavimento em termos de material granular......................... 45

16 - Simbologia utilizada no Método de Dimensionamento de Pavimentos

Flexíveis - DNER/1979............................................................................................. 45

17 - Espessura total do pavimento, segundo a metodologia da PMSP.................... 49

18 - Esquema elucidativo da metodologia da PMSP................................................ 50

19 - Mapa de localização da região estudada, Sertão do Imaruim........................... 55

20 - Mapa do Bairro Sertão do Imaruim.................................................................... 56

21 - Posição transversal das medidas DCP na via................................................... 58

22 - Curva de correlação DN x CBR......................................................................... 62

23 - Ht’ - espessura total do pavimento necessária para proteger o revestimento 66

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xii

primário com CBRrev................................................................................................

24 - Condição de campo, onde o revestimento primário tem uma espessura h....... 67

25 - Estrutura dimensionada quando a espessura do revestimento primário

existente é inferior a Href.......................................................................................... 69

26 - Moldagem das pastilhas para Classificação MCT............................................. 73

27 – Processo de reabsorção de água, durante o ensaio das pastilhas.................. 73

28 - Ensaio de penetração com o DCP em laboratório............................................. 78

29 - Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para o Grupo 1.................. 80

30 - Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para o Grupo 2.................. 81

31- Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para os dois Grupos.......... 81

32 - Comparação da correlação obtida, com as correlações existentes entre DN e

CBR........................................................................................................................... 82

33 - Gráfico DCP para o Grupo 1 ............................................................................. 83

34 - Gráfico DCP para o Grupo 2.............................................................................. 84

35 - Procedimento do ensaio DCP em campo, em uma estaca (rua Lino Silva,

estaca 10, Grupo 2).................................................................................................. 86

36 - Obtenção do DN e espessura do revestimento primário e, DN do solo de

fundação................................................................................................................... 87

37 - Determinação da MEAS através do Método do Frasco de Areia...................... 89

38 - DN de campo x Teor de Umidade de campo..................................................... 91

39 – Intervalos Limites de umidade para os dois Grupos......................................... 92

40 - Verificação do critério do teor de umidade para DN’s aceitáveis de campo,

através das curvas de Compactação e CBR, para o Grupo 1.................................. 93

41 - Verificação do critério do teor de umidade para DN’s aceitáveis de campo,

através das curvas de Compactação e CBR, para o Grupo 2.................................. 94

42 - Limites de DN para diminuição de até 40% do valor do CBR para o Grupo 1.. 95

43 - Limites de DN para diminuição de até 40% do valor do CBR para o Grupo 2.. 96

44 - Limites de DN’s através da critério da curva DN x h de laboratório................. 96

45 - Intervalo de DN’s aceitáveis de campo.............................................................. 97

46 - Resultado do Ensaio DCP em campo, em uma estaca..................................... 99

47 - DN de referência para CBR de projeto igual a 16%.......................................... 100

48 - Legenda padrão para as estruturas dimensionadas.......................................... 104

49 - Espessura total de pavimento necessária para proteger o revestimento 105

Page 14: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

xiii

primário com CBRrev igual a 8%..............................................................................

50 - Estrutura a ser dimensionada, com CBRest igual a 7,4%................................. 107

51 - Estrutura de pavimento dimensionada para a rua Lino Silva (Grupo1)............. 107

52 - Espessura total de pavimento necessária para proteger o revestimento

primário com CBRrev igual a 16,0%......................................................................... 109

53 - Estrutura a ser dimensionada, com CBRest igual a 7,7%................................. 110

54 - Estrutura dimensionada para a rua Paulo Koester (Grupo 2)............................ 111

55 - Curvas DCP típicas em ensaios de campo....................................................... 114

56 - Controle da regularização da camada final do revestimento primário, na rua

José Matias Zimermann, nas futuras trilhas de

roda.................................................. 116

Page 15: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

xiv

RESUMO

Este trabalho de pesquisa visa a proposição de uma nova metodologia para a

investigação geotécnica de vias urbanas não pavimentadas contemplando o

aproveitamento do material do corpo estradal já consolidado. A metodologia aplica-se

em estudos com vistas à pavimentação dessas vias urbanas e tem como fundamento

principal a utilização do Penetrômetro Dinâmico de Cone – DCP para a definição da

espessura e da capacidade de suporte do revestimento primário “in situ”, tanto na

seção transversal como no sentido longitudinal da via. A partir dessas definições a

metodologia considera a presença da camada consolidada no dimensionamento da

estrutura do pavimento da via. Apresenta-se os conceitos básicos que serviram de

embasamento técnico e científico dessa metodologia e uma aplicação prática em ruas

urbanas que serão pavimentadas no município de São José, Santa Catarina. Nesse

estudo prático procura-se avaliar as potencialidades do DCP como um instrumento

tecnológico que oferece meios, de satisfatória precisão, no dimensionamento de

pavimentos flexíveis de vias de baixo e médio volume de tráfego, e capaz de minimizar

os custos de avaliação da capacidade de suporte. Conclui-se que a simplicidade e

facilidade de uso da metodologia proposta, aliadas ao baixo custo dos equipamentos

necessários, certamente garantirão sua utilização em larga escala, propiciando desta

forma, um grande salto de qualidade na pavimentação urbana de nosso país.

Page 16: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

xv

ABSTRACT This research work proposes a new methodology for geotechnical investigation of no

paved urban roads taking into account the consolidated road material already in place.

The methodology is applied to study plans which aim paving these urban roads, and

has its main foundation on the Dynamic Cone Penetrometer - DCP for defining the

thickness and the support capacity of the covering primary “in situ”, for the transverse

and longitudinal sections of the road. From these definitions, the methodology considers

the presence of the consolidated layer for defining the structure of the road pavement.

The basic concepts that were used as the technical and scientific foundation of the

methodology are presented as well as a practical application in urban roads that will be

paved in São José, Santa Catarina State. This practical study evaluated the

potencialities of the DCP as a technological instrument which offers means with

satisfactory precision for designing flexible pavements of roads of low to medium

volume traffic, and capable of minimizing the costs of evaluation of the support capacity.

It is concluded that the simplicity and facility of the use of the proposed methodology,

allied to the low cost of the necessary equipments, certainly will guarantee its use in

large scale and consequently providing a great increase in the quality of the urban

paving in our country.

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1

1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA

A pavimentação e manutenção das vias urbanas contribui significativamente para a

melhoria da qualidade de vida das pessoas e representa para as Prefeituras pesados

investimentos, alcançando algo em torno de 2% a 6% do orçamento do município.

Geralmente, a pavimentação de vias é associada a uma boa administração do

executivo.

Entretanto, tem-se freqüentemente observado que em pouquíssimo tempo após a

conclusão das obras, a estrutura apresenta defeitos estruturais tais como

afundamentos plásticos e trincamento do revestimento. Isto porque, e a prática tem

mostrado isto, na grande maioria dos municípios de pequeno e médio porte, quer por

desconhecimento ou falsa economia, via de regra as obras rodoviárias urbanas são

construídas sem qualquer estudo geotécnico do solo de fundação, projeto de

pavimentação e, na grande maioria, executadas sem qualquer controle tecnológico.

Geralmente, o projeto geométrico da via a ser pavimentada acompanha a topografia

natural, utilizando-se um greide envolvente, evitando-se ao máximo cortes profundos,

aterros muito altos e, principalmente, o desmonte de rochas. Isto, do ponto de vista

geotécnico, é benéfico pois se evita remover, ou mexer, a camada de revestimento

primário que, via de regra contém material de qualidade o qual, por anos e anos,

sofreu consolidação devido à atuação do tráfego. Entretanto, em que pese tal

constatação, nem sempre a presença desta camada consolidada é levada em conta

no dimensionamento da estrutura do pavimento a ser executado.

Por outro lado, face a sua pouca largura, normalmente uma via não pavimentada

precisa ser alargada para comportar um gabarito mínimo e o acréscimo do volume de

tráfego gerado. No geral, este alargamento ultrapassa as trilhas de roda externas, as

quais definem visualmente até onde a camada do revestimento primário está

efetivamente consolidada.

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2

Normalmente, o aterro para o alargamento da via é executado sobre solos impróprios e

sem controle tecnológico. E é justamente nesta região, onde irá trafegar o rodado

externo dos veículos pesados, que predominantemente surgem os problemas na

estrutura do pavimento.

Observa-se, então, um paradoxo na sistemática da pavimentação das vias urbanas

qual seja, na fase de projeto, o dimensionamento (quando se tem o projeto) da

estrutura não tira proveito da presença da camada consolidada e na fase de execução,

assume-se que a camada consolidada ocorre em toda largura da plataforma da via.

Diante disto, a metodologia proposta neste trabalho visa, pois, definir uma sistemática

que possibilite identificar a capacidade de suporte e a espessura da camada do

material de revestimento primário, tanto transversalmente como longitudinalmente e,

que poderá ser considerada no dimensionamento da estrutura do pavimento, bem

como a capacidade de suporte do solo de fundação da via não pavimentada.

A metodologia proposta abrange os seguintes tópicos principais:

- o mapeamento geotécnico com vistas à implantação e ampliação do sistema viário de

uma área do município de São José;

- o procedimento para a definição da capacidade de carga da via não pavimentada com

o uso do Penetrômetro Dinâmico de Cone; e

- o dimensionamento da estrutura do pavimento.

1.2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA Muitas das pesquisas que envolvem a avaliação da capacidade de suporte do subleito

são direcionadas às vias de grande fluxo de tráfego com vasta aplicação prática em

projetos, sendo os aspectos referentes à aplicação em vias de baixo volume de tráfego,

em grande parte dos casos, são poucos considerados em projetos. A justificativa para

Page 19: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

3

este tipo de procedimento é o alto custo dos ensaios necessários para a realização de

projetos nestas vias de baixo volume de tráfego.

Ponce et. aI. (1991), observam que os pavimentos de vias secundárias geralmente não

são considerados suficientemente importantes para justificar o número e os custos de

ensaios para obter a capacidade de suporte efetiva do subleito necessária para o

projeto e dimensionamento da estrutura. Segundo o autor, o ensaio do Penetrômetro

Dinâmico de Cone é capaz de medir a capacidade de suporte do solo de fundação "in-

situ" com um baixo custo e fácil operação.

Oliveira e Vertamatti (1997), consideram que a heterogeneidade de um pavimento pode

ser maior do que se imagina, levando a dispersões em retro-análises e previsões de

vida útil. Neste caso, o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP torna-se ferramenta

poderosa para melhor discretizar o meio, pois revela a estrutura real e não a média,

sendo versátil até para o controle da compactação. O seu uso para previsão de vida

útil, através do levantamento "in-situ" da estrutura real produzida para cada processo

típico das Prefeituras, revela-se promissor, aliado ao fato de ser operacionalmente

versátil.

A grande maioria das obras rodoviárias executadas vias de baixo volume de tráfego

são realizadas pelas Prefeituras Municipais, e estas normalmente, principalmente as de

médio e pequeno porte, não possuem meios para dimensionar adequadamente seus

pavimentos. Esta pesquisa é dedicada especialmente aos engenheiros e projetistas

das Prefeituras Municipais, buscando em princípio a melhoria da qualidade e redução

de custos da pavimentação urbana. Um país carente como o nosso necessita de

pesquisas que, além de evitar dispêndios financeiros sem contudo reduzir a qualidade,

possam ser dirigidas diretamente aos profissionais da área e fornecer meios de

operação simples para sua aplicação prática.

Concomitantemente, o desenvolvimento da Metodologia de Classificação de Unidades

e Perfis Geotécnicos em regiões urbanas, locais com maior número de vias de baixo

volume de tráfego, facilita a comparação de resultados obtidos a partir de ensaios de

laboratório e comportamento mecânico dos solos dentro de uma mesma unidade

Page 20: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

4

geotécnica, assegurando que para novos projetos, o número de ensaios a ser realizado

seja bastante reduzido, segundo Davison Dias (1995).

Pode-se observar conforme apresentado nas Figuras de 1 a 7, a condição de uma via

típica da região, o procedimento atualmente adotado de terraplenagem para a

pavimentação de uma via urbana e, o resultado final via de regra observado com a

adoção deste procedimento.

Figura 1 - Rua urbana típica da região com o leito central consolidado pelo tráfego, o

que não ocorre nos bordos pela ausência do tráfego.

Page 21: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

5

Figura 2 - Procedimento adotado para alargamento da via urbana,

com emprego de uma retroescavadeira.

Figura 3 - Procedimento adotado para alargamento da via urbana,

com emprego de uma motoniveladora.

Page 22: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

6

Figura 4 - Procedimento adotado para compactação da via alargada.

Figura 5 - Via urbana, após a regularização e compactação do subleito, pronta

para receber a camada de sub-base.

Page 23: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

7

Figura 6 - Via urbana, após a compactação da camada de sub-base.

Figura 7 - Defeito observado em uma via urbana após 6 meses de abertura

ao tráfego.

Page 24: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

8

1.3 OBJETIVO GERAL

o trabalho desenvolvido nesta dissertação objetiva pois, a aplicação da

tecnologia de dimensionamento de pavimentos flexíveis em vias urbanas de

baixo volume de tráfego contemplando o aproveitamento da camada

consolidada do revestimento primário existente. Para tanto, faz-se o uso do

Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP, para a caracterização da capacidade

de suporte da camada do revestimento primário existente e a sua espessura.

Espera-se que a metodologia desenvolvida nesta pesquisa contribua para a

mudança deste tipo de procedimento, ilustrado nas Figuras de 1 a 7.

1.3.1 Objetivos Específicos

Espera-se que a metodologia proposta possa ainda alcançar os seguintes

objetivos específicos:

- aplicar a metodologia DCP e desenvolver uma correlação para a capacidade

de suporte das vias na unidade geotécnica estudada objetivando o

dimensionamento do pavimento das vias da área com o aproveitamento,

quando possível, da espessura do revestimento primário "in situ"; e

- desenvolvimento de um procedimento para o controle tecnológico da

execução da camada final de terraplenagem das vias não pavimentadas

através do emprego do DCP.

1.4 REGIÃO DE DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA

A região em que se desenvolve a metodologia localiza-se no município de São

José, Santa Catarina, sendo denominada Sertão do Imaruim. A cidade de São

José, que faz parte do conglomerado urbano da Grande Florianópolis situa-se

na região centro-leste do Estado de Santa Catarina e é cortado, no sentido

norte-sul, pela rodovia BR-101, e no sentido leste-oeste, pela rodovia SC-407.

Page 25: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

9O clima da região é classificado como mesotérmico, com precipitação

distribuída por todo ano e bons índices de excedentes hídricos. O período mais

chuvoso é entre os meses de janeiro a março e a precipitação média anual

varia entre 1400 e 1600 milímetros.

Na área de estudo, há a predominância de rochas graníticas e gnáissicas e,

solos tipo Podzólicos e Cambissolos.

Os dados necessários para o estabelecimento da metodologia foram obtidos a

partir do acompanhamento da pavimentação de diversas ruas urbanas do

município e da realização de ensaios, tanto de campo como de laboratório.

A escolha do município de São José, como campo de pesquisa, deveu-se aos

seguintes aspectos:

- haver receptividade da Prefeitura em colaborar com o trabalho acadêmico a

ser realizado;

- estar ampliando a pavimentação de sua malha viária significativamente, o que

propiciaria o desenvolvimento da pesquisa a partir da verificação empírica com

a investigação geotécnica das vias;

- haver interesse da Prefeitura Municipal de São José em estruturar seu Setor

de Planejamento e Projetos Viários com o uso de tecnologia simples e de baixo

custo.

A Figura 8 apresenta o Mapa de localização e situação do Município de São

José em Santa Catarina.

Page 26: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

10

1.5 MAPA DE LOCALIZAÇÃO E SITUAÇÃO

Figura 8 - Mapa de localização e situação do Município de São José.

Page 27: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 GEOLOGIA E GEOTECNIA DA ÁREA ESTUDADA

2.1.1 Tipo de Rochas da Região Estudada

O conceito de rocha, segundo o American Geological Institute (1973), corresponde a

“qualquer material; consolidado ou inconsolidado (mas não solo); naturalmente

formado, composto de dois ou mais minerais, ocasionalmente de um mineral e que

apresente certo grau de constância química e mineralógica”.

A seguir descreve-se os principais tipos de rocha encontrados na região estudada.

- Gnaisses: Saraiva (1993) descreve que os gnaisses são rochas metamórficas,

foliadas, de granulação grosseira, que apresentam segregação mineral (bandeamento).

Os gnaisses típicos apresentam bandas félsicas (listras claras) compostas

predominantemente por quartzo e feldspato alternadas com bandas máficas (listras

escuras) essencialmente micáceas e anfibólicas.

- Granito: Saraiva (1993) descreve o granito como uma rocha ígnea plutônica, ácida,

composta por feldspatos alcalinos, quartzo, plagioclásio e micas. O granito apresenta

diversas cores como cinza claro, amarelo e rosa, sendo que a variação da cor provém

da cor do feldspato. Esta rocha apresenta minerais bem formados pelo resfriamento

lento e, uma granulometria que varia de média à grosseira.

- Diorito: Saraiva (1993) descreve o diorito como uma rocha ígnea plutônica;

intermediária; composta por plagioclásios, feldspatos alcalinos, quartzo e minerais

máficos. O diorito apresenta coloração cinza escuro.

Page 28: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

12

2.1.2 Solos, Horizontes e Classes de Solos

Solo, segundo o American Geological Institute (1973), corresponde a “todo material

terroso inconsolidado, que ocorre sobre as rochas”.

Segundo Souza (1980), solo é um material poroso e não homogêneo, cujo

comportamento é grandemente afetado pelo seu teor de umidade e pela sua

compacidade, podendo ocorrer sob as formas de turfas, argilas moles, materiais silto-

argilosos, pedregulhos, areias e suas diversas combinações.

O processo de identificação dos solos inicia-se no campo através do exame do perfil,

como observam Oliveira et. al. (1992), pelo qual os horizontes são identificados,

delimitados e nomeados. A denominação dos horizontes é feita por símbolos

representados por letras e números. Segundo as normas publicadas pelo SNLCS1

(1974) da EMBRAPA2; órgão vinculado ao Ministério da Agricultura; os horizontes e

camadas principais são simbolizados por letras maiúsculas; A, E, B, C e R. Na

descrição dos perfis, adiciona-se a essas letras, outras, minúsculas para notação das

diferentes modalidades dos horizontes que são denominados subscritos e números

arábicos que completam a designação dada pelas letras maiúsculas aos horizontes

principais e servem para indicar descontinuidades do material originário a que são

referidos os horizontes do perfil do solo.

A seguir descreve-se os horizontes principais.

- A - é o horizonte mineral superficial, de mais intensa ação da flora e fauna macro e

micro. Aqui, são inconstantes os fatores temperatura e umidade. Sua espessura é

variada e sua cor é mais escura que os horizontes subjacentes.

1 SNLCS – Serviço Nacional de Levantamentos e Conservação de Solos. 2 EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

Page 29: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

13

- E - é o horizonte mineral resultante da perda de minerais de argila, compostos de

ferro, de alumínio ou matéria orgânica. Situa-se abaixo do horizonte A, do qual se

diferencia pela cor mais clara.

- B - é o horizonte mineral, subsuperficial, situado sob os horizontes E ou A, e tem

origem nas intensas transformações do material de origem. Pode ter naturezas

diversas e, em solos mais evoluídos as transformações pedogenéticas são acentuadas.

Estas transformações podem se dar por alteração e deposição do material de origem,

neoformação de argilas silicatadas e produção de óxidos. As cores são brunadas,

amareladas ou avermelhadas. Sua estrutura pode ser em blocos, prismática, colunar

ou granular. Possui as propriedades pedogenéticas mais estáveis e é reconhecido

como o horizonte diagnóstico para distinção das classes de solos da classificação

utilizada no Brasil.

- C - é o horizonte ou camada de mineral pouca afetado pelos processos

pedogenéticos, ou seja, preserva as características do material de origem. Oliveira et.

al. (1982), entendem como horizonte C a capa de produtos detríticos de alteração

inicial das rochas de origem (saprolítico) e rochas semi-consolidadas que, quando

molhadas, podem ser cortadas com uma pá direita.

- R - é a camada mineral de material consolidado que em muitos solos, constitui o

substrato rochoso. Possui natureza variável como composição mineralógica, textura,

jazimento, mergulho, estratificação, entre outros e, é função da espécie de rochas que

formam o substrato local.

Os subscritos relacionados de maior interesse para o trabalho são descritos, segundo

Oliveira et. al. (1992).

- i - o símbolo indica incipiente desenvolvimento e é utilizado como sufixo do horizonte

B, para identificar o horizonte imaturo.

Page 30: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

14

- g - o símbolo indica gleização intensa, ou seja, usado em horizontes ou camadas que,

devido a prolongados períodos de encharcamento, apresentam cores acinzentadas,

azuladas, esverdeadas compondo ou não mosqueamento. Aplicado aos horizontes B e

C.

- m - o símbolo é empregado para designar cimentação pedogenética irreversível,

contínua ou quase contínua em seções cimentadas.

- t - o símbolo indica acumulação de materiais de argila e é exclusivo do horizonte B.

Atributos Principais são características que servem para distinguir as classes dos

solos e estabelecer grupamentos. Identificados nos horizontes, têm importância por se

referirem à natureza do solo e influência em seu comportamento. A seguir estão

relacionados alguns deles, de maior interesse ao desenvolvimento do trabalho, de

acordo com Oliveira et. al. (1992).

- Argila de atividade alta (Ta) e baixa (Tb) - refere-se à capacidade de troca de cátions

(CTC, i. e, valor T) da fração argila, determinada a pH3 igual a 7,0 e descontada a

contribuição da matéria orgânica. É pertinente ao horizonte diagnóstico B, ou ao C na

ausência daquele. A argila tem atividade alta (Ta) quando a CTC é igual ou superior a

24 meq/100g argila (vinte e quatro miliequivalentes por cem gramas de argila) e, Tb

quando é inferior a este valor.

- Distrofia e Eutrofia - referem-se à proporção de cátions básicos trocáveis em relação

à CTC, traduzindo as propriedades do solo quanto à saturação por bases. A saturação

por bases é considerada alta quando seu valor é igual ou superior a 50% e são os

solos eutróficos e, baixa quando inferior a este índice sendo então os solos distróficos.

3 pH – Potencial hidrogeniônico.

Page 31: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

15

- Contato lítico e litóide - o contato lítico é caracterizado pela passagem do solo a

material subjacente coerente e rígido, resistente a ponto de não ser possível a

escavação com uma pá. No contato litóide há menor solidez e a camada subjacente

pode ser escavada com uma pá direita.

- Minerais facilmente intemperizáveis - esta característica diz respeito à presença de

minerais primários pouco ou medianamente resistentes à decomposição, como

olivinas, feldspatos, hornblendas e piroxênios, mais instáveis em relação a outros

como, por exemplo, o quartzo.

- Propriedades vérticas - são decorrentes de manifestação de variações de volume do

material componente, em razão da sua constituição coloidal (efeito de minerais de

argila expansíveis), variações estas acionadas por molhagem e secagem dos

horizontes dos solos fazendo o material expandir-se e contrair-se. São consideradas

propriedades vérticas as seguintes: superfície de fricção, microrrelevo gilgai e

fendilhamento.

Dentre os horizontes diagnosticados na área em estudo tem-se:

- A moderado - são de constituição mineral e um desenvolvimento pouco expressivo.

Pode ter cor clara e/ou pouco carbono orgânico ou escuro e rico em matéria orgânica.

É o mais comum nos solos brasileiros.

- B textural - horizonte mineral caracterizado por significativo aumento da fração argila

em relação ao horizonte A. É indicativa a presença de películas de material coloidal na

superfície das unidades estruturais e também quando há textura argilosa a estrutura é

em blocos ou em prismas de blocos. É diagnóstico dos Podzólicos.

- B incipiente - horizonte mineral, cujo material sofreu intemperismo pouco intenso, mas

suficiente para causar decomposição parcial com o conseqüente desenvolvimento de

cor, produção de argila e desenvolvimento de estrutura. Sua diferenciação nos perfis é

variável, podendo exibir feições diversas. É o horizonte diagnóstico dos Cambissolos.

Page 32: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

16

Todos os solos brasileiros conhecidos estão agrupados em trinta e seis classes gerais.

Descrevem-se as classes de solos abordadas neste trabalho, segundo Oliveira et. al.

(1992).

- Podzólico Vermelho-Amarelo - são solos minerais não-hidromórficos, com horizonte A

seguido de B textural , argila de atividade alta ou baixa, cores vermelhas a amarelas.

A seqüência de horizonte é A- Bt- C. Geralmente apresentam um gradiente textural

acentuado e quando pouco espesso, o horizonte B apresenta a estrutura em blocos ou

prismática. Possuem as mais variadas profundidades e texturas. O horizonte C

diferencia-se do B pela textura menos argilosa, cor menos viva e menor

desenvolvimento de estrutura. É comum apresentar-se mais friável e com vestígios de

material rochoso em processo de alteração. Podem constituir solos intermediários com

os Latossolos e Cambissolos, então chamados de Podzólicos Vermelho-Amarelo,

Latossolos e Podzólicos Vermelho-Amarelo Câmbicos. Podem ser eutróficos ou

distróficos e álicos. Dos Cambissolos, diferencia-se pela presença de horizonte B textural. Habitualmente ocorrem em terrenos de relevos mais dissecados.

- Cambissolos - são solos minerais não-hidromórficos, com drenagem variando de

acentuada até imperfeita, horizonte A seguido de B incipiente (Bi), de textura franco

arenosa ou mais fina. São solos desde rasos a profundos e têm seqüência de horizonte

A-Bi-C. O Bi pode ter diversas cores, mas em geral são tonalidades brunadas e

amareladas. Os teores de silte são elevados. Apresentam estrutura em blocos ou

maciça. Quando derivados de rochas como gnaisses, granitos, migmatitos, xistos e

filitos, é usual a presença de relevantes teores de fragmentos de rochas e/ou de

minerais primários facilmente intemperizáveis. Quando derivados de rochas básicas e

ultrabásicas que se decompõe rapidamente, pode não restar minerais primários, mas

no Bi há características indicando pouca evolução como a presença de fragmentos de

rochas na massa do solo. Como os Cambissolos derivam de diversos materiais de

origem e em climas diferenciados, eles podem ser álicos, distróficos, eutróficos, rasos

ou profundos, argila de atividade alta ou baixa. São intermediários com as diversas

classes, desde os Litólicos até os Latossolos. Ocorrem em diversos tipos de relevo.

Page 33: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

17

2.2 CLASSIFICAÇÃO MCT

Nogami e Villibor (1995) afirmam que a identificação geotécnica apresenta sérias

dificuldades nas regiões tropicais, em virtude de os procedimentos mais utilizados não

levarem em devida conta as peculiaridades dos solos tropicais. A metodologia MCT

(utiliza corpos de prova MINIATURA, COMPACTADOS, mediante procedimento

especial, e destinados especialmente para solos TROPICAIS), desenvolvida por

Nogami e Villibor (1995), surgiu como uma necessidade diante das limitações dos

procedimentos tradicionais de caracterização e classificação de solos.

A classificação geotécnica MCT agrupa solos tropicais de acordo com o seu

comportamento no estado compactado em duas classes principais que são os solos de

comportamento laterítico, designados pela letra maiúscula “L” e os solos de

comportamento não laterítico, designados pela letra maiúscula “N”. Os solos de

comportamento laterítico são ainda divididos em três grupos: as areias lateríticas (LA),

os solos arenosos lateríticos (LA’) e os solos argilosos lateríticos (LG’). Os solos de

comportamento não laterítico são divididos em quatro grupos: as areias não lateríticas

(NA), os solos arenosos não lateríticos (NA’), os solos siltosos não lateríticos (NS’) e

solos argilosos não lateríticos (NG’).

2.2.1 Grupos de Classificação MCT

- GRUPO NA - os solos desse grupo são areias, siltes e misturas de areias e siltes, nos

quais os grãos são constituídos essencialmente de quartzo e/ou mica. Praticamente

não possuem argilosos coesivos e siltes caoliníticos. Os tipos genéticos representativos

são saprolíticos, associados a rochas sedimentares ou metamórficas. As areias e siltes

quartzosos são não expansivos e, as variedades micáceas podem ser altamente

expansivas. Quando compactados, possuem capacidade de suporte de pequena a

média e, geralmente são muito erodíveis.

Page 34: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

18

- GRUPO NA’ - granulometricamente, os solos desse grupo são misturas de areias

quartzosas com finos passando na peneira4 com abertura de 0,075 mm, de

comportamento não laterítico. Geneticamente, os tipos mais representativos são solos

saprolíticos originados de rochas ricas em quartzo tais como granitos, gnaisses,

arenitos e quartzitos impuros. Quando a areia for bem graduada e a porcentagem de

finos obedecerem às condições estipuladas tradicionalmente, estes solos podem ser

usados como bases de pavimentos. É recomendado avaliar a capacidade de suporte e

as características expansivas, pois muitas de suas variedades podem ser expansivas e

resilientes.

- GRUPO NS’ - compreende os solos saprolíticos silto-arenosos, resultantes do

intemperismo tropical nas rochas eruptivas e metamórficas, de constituição

predominantemente feldspática-micácea-quartzosa. Estes solos caracterizam-se

principalmente por terem, quando compactados na umidade ótima e massa específica

aparente máxima da energia normal, baixa capacidade quando imersos em água: baixo

módulo de resiliência; elevada erodibilidade e elevada expansibilidade. Em condições

naturais, apresentam baixa massa específica aparente seca.

- GRUPO NG’ - os solos deste grupo compreendem os saprolíticos argilosos que

derivem de rochas sedimentares argilosas, pobres em quartzo e ricas em anfibólios,

piroxênios e feldspatos cálcicos. Quando compactados nas condições de umidade

ótima e massa específica aparente máxima da energia normal, apresentam

características das argilas tradicionais muito plásticas e expansivas.

4 Peneira – corresponde à especificação de peneiras de malha quadrada para a análise granulométrica de solos, segundo a ABNT –Associação Brasileira de Normas Técnicas, EB – 22 R.

Page 35: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

19

- GRUPO LA - inclui-se neste grupo areias com poucos finos de comportamento

laterítico. A percentagem de finos lateríticos dos solos deste grupo é baixa, assim que

mesmo quando compactados, podem ser relativamente permeáveis e pouco coesivos e

pouco contráteis quando secos, apesar de possuírem elevada capacidade de suporte e

módulos de resiliência relativamente elevados.

- GRUPO LA’ - os solos deste grupo são tipicamente arenosos. Quando devidamente

compactados, adquire elevada capacidade de suporte, elevado módulo de resiliência,

baixa permeabilidade e pequena expansibilidade. Estas propriedades possibilitam o

seu uso em bases e sub-bases de pavimentos. Em condições naturais, possui baixa

massa específica aparente seca e baixa capacidade de suporte.

- GRUPO LG’ - os integrantes deste grupo são as argilas e as argilas arenosas.

Quando possuem porcentagem relativamente elevada de grãos de areia podem

apresentar propriedades similares às do solo do grupo LA’, possuindo, entretanto,

menores módulos de resiliência, maior plasticidade, menor massa específica aparente

seca e maior umidade ótima para a mesma energia de compactação.

2.2.3 Classificação MCT Através do Método Expedito das Pastilhas

A primeira tentativa feita para uma identificação expedita da classificação MCT foi

proposta por Nogami e Cozzolino (1985) e aplicada por Fortes (1990) que apresentou

um novo procedimento que permite classificar os solos identificados segundo grupos

da Classificação MCT, porém ainda limitado a solos de granulação fina. Posteriormente

Nogami e Villibor (1991) verificaram que a obtenção expedita da classe MCT pode ser

feita com maior simplicidade, obtendo-se empiricamente os valores dos parâmetros e

índice de classificação MCT pela consideração da contração, consistência e

inchamento de corpos de prova moldados em anéis de 20 mm de diâmetro.

Este ensaio subminiatura, segundo Nogami e Villibor (1995), possuem o seguinte

procedimento:

Page 36: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

20

1. moldagem: a fração que passa na peneira de 0,42 mm de abertura é umedecida e

intensamente espatulada até uma consistência determinada, fixada pela plasticidade

ou pelo uso de penetrômetro portátil e assim são moldadas as pastilhas;

2. contração: as pastilhas moldadas são postas a secar em estufa a 60º C (sessenta

graus Celsius). A contração é medida diretamente por diferença entre o diâmetro do

anel e o diâmetro da pastilha seca;

3. efeitos de reabsorção da água: os anéis contendo os corpos de prova são colocados

sobre papel permeável saturado, por sua vez colocado sobre uma placa porosa com

livre suprimento d’água. Ao absorver a água, observam-se fenômenos como

inchamento, trincamento e amolecimento. O amolecimento é medido considerando-se

a consistência da pastilha, avaliada pela penetração de uma agulha padronizada com

massa de 10 g (dez gramas) e diâmetro de 1,3 mm;

4. o grupo MCT é determinado de acordo com o Quadro A.1 (anexo A), através dos

valores de contração e consistência.

De acordo com Godoy e Nogami (1997), o ensaio expedito das pastilhas permite

observar dez características dos solos analisados: contração diametral, expansão,

penetração e demais propriedades: granulometria, umidade, consistência, tempo de

ascensão, trincas, resistência ao esmagamento e coesão em água.

Nogami e Villibor (1995) observam que, das dez características observadas, somente

duas são necessárias para classificação preliminar MCT de solos (Quadro A.1, anexo

A), a contração diametral por secagem das pastilhas de solo e a penetração de uma

agulha padronizada após reabsorção d’água. A contração está relacionada com o

coeficiente c’ e a penetração com o índice e’ da Metodologia MCT (Nogami e Villibor,

1991).

Godoy e Bernucci (2000) desenvolveram uma nova proposição adaptada para o

Método das Pastilhas, através da moldagem de duas pastilhas por amostra em anéis

de aço inoxidável de 35 mm de diâmetro interno por 10 mm de altura. Após a

Page 37: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

21

moldagem, secagem em estufa e saturação em pedra porosa por 2 horas e 30 minutos,

avalia-se a expansão, e determina-se a resistência à penetração e a quantidade de

água reabsorvida pela amostra da seguinte maneira:

- a expansão diametral é avaliada através de um paquímetro;

- a resistência à penetração é medida da profundidade penetrada de cones com 60º e

10, 30 e 60 gramas sucessivamente;

- a reabsorção de água é determinada pesando a pastilha.

Após o ensaio, analisa-se o resultado, diferenciando-se as classes de solos pelas

seguintes características do solo laterítico em oposição ao não-laterítico: expansão

diametral baixa até 10%, a resistência à penetração é elevada, com penetrações até no

máximo 6 mm com cone de 30 gramas e quantidade de água reabsorvida pela amostra

é pequena, pois a perda de umidade é parcialmente irreversível. No que se refere aos

solos com comportamento intermediário entre as classes laterítico e não-laterítico, a

tendência é de se criar uma terceira classe designada de Solos Transicionais, como

havia sugerido Vertamatti (1988).

2.3 CLASSIFICAÇÃO HRB

O sistema de classificação do HRB (Highway Research Board) reúne os solos em

grupos e subgrupos, em função da sua granulometria e plasticidade.

Os “solos granulares” compreendem os grupos A - 1, A -2 e A - 3 e, os “solos finos”, os

grupos A - 4, A -5, A - 6 e A - 7, três dos quais divididos em subgrupos. No Quadro 1,

são indicados os tipos de material, sua identificação e classificação como subleito.

Page 38: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

22

CLASSIFICAÇÃO

GERAL

SOLOS GRANULARES

(P200 < 35%)

SOLOS SILTO - ARGILOSOS

(P200 > 35%)

GRUPOS A - 1 A - 3 A - 2 A - 4 A - 5 A - 6 A - 7

A - 7 - 5Subgrupos

A -1 -

a

A -1 -

b

A -2 -

4

A -2 -

5

A -2 -

6

A -2 -

7 A - 7 - 6

P10 < 50 - - - - - - - - - -

P40 < 30 < 50 > 50 - - - - - - - -

P200 < 15 < 25 < 10 < 35 < 35 < 35 < 35 > 35 > 35 > 35 > 35

LL - - - < 40 > 40 < 40 > 40 < 40 > 40 < 40 > 40

LP < 6 < 6 NP < 10 < 10 > 10 > 10 < 10 < 10 > 10 > 10

Índice de Grupo

(IG) 0 0 0 0 0 < 4 < 4 < 8 < 12 < 16 < 20

Tipos de material

Fragmentos

de pedra,

pedregulho e

areia

Areia

Fina

Pedregulhos e areias siltosas

ou argilosas Solos siltosos Solos argilosos

Classificação

como subleito Excelente a Bom Regular a mau

Quadro 1 - Sistema de Classificação do HRB.

Notas do Quadro 1:

a) P10, P40 e P200 indicam, respectivamente, as porcentagens que passam nas peneiras

números 10 (2 mm), 40 (0,42 mm) e 200 (0,074 mm);

b) LL (Limite de Liquidez) e IP (Índice de Plasticidade), referem-se à fração passando

na peneira 40;

c) para o subgrupo A - 7 - 5 : IP ≤ LL - 30 e para o A - 7 - 6 : IP > LL - 30;

d) a identificação é feita da esquerda para a direita, razão porque o A - 3 é colocado

antes do A - 2, sem que isto signifique superioridade daquele sobre este;

Page 39: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

23

e) IG = (P200 - 35) x [0,2 + 0,005 (LL - 40)] + 0,01 (P200 - 15) x (IP - 10)

⇓ ⇓ ⇓ ⇓

> 0 > 0 > 0 > 0

< 40 < 20 < 40 < 20

2.4 SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS (USC)

O Sistema Unificado de Classificação (USC - Unefield Classifiction System), oriundo do

A.C. (Airfield Classifiction System), foi idealizado por A. Casagrande, onde os solos são

classificados em três grupos: grossos, finos e turfas.

Os solos são designados por:

a) pedregulhos ou solos pedregulhosos: GW, GC, GP e GM, e;

b) areias ou solos arenosos: SW, SC, SP e SM.

As letras representam as iniciais das palavras inglesas:

- G - de gravel (pedregulho);

- S - de sand (areia);

- C - de clay (argila);

- W - de well graded (bem graduado);

- P - de poorly graded (mal graduado), e;

- M - da palavra sueca mo, refere-se a silte.

Ainda, as letras “O”, “L” e, “H”, refere-se à compressibilidade e significam:

- O - de organic (orgânico);

- L - de low (baixa), e;

- H - de high (alta).

Page 40: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

24

Os solos do grupo das turfas representam-se pelo símbolo Pt de peat (turfa).

A Quadro 2, apresenta o resumo do Sistema Unificado de Classificação.

CLASSIFICAÇÃO GERAL TIPOS PRINCIPAIS SIMBOLOS

Pedregulhos ou solos

pedregulhosos GW, GP, GM e GC SOLOS GROSSOS

(Menos que 50% passando na

P200) Areias ou solos arenosos SW, Sp, SM e SC

Baixa compressibilidade (LL < 50)

ML, CL e OL SOLOS FINOS

(Mais que 50% passando na P200) Siltosos ou argilosos

Alta compressibilidade (LL > 50)

MH, CH e OH

SOLOS ALTAMENTE

ORGÂNICOS Turfas Pt

Quadro 2 - Sistema de Classificação do USC.

2.5 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO

2.5.1 Introdução ao Mapeamento Geotécnico

Mapa Geotécnico, segundo a UNESCO5 (1970), é um tipo de mapa geológico que

representa todos os componentes de um componente geológico de significância para o

planejamento do solo e para projetos, construções e manutenções quando aplicados à

engenharia civil e de minas.

Diversos países como França, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e Austrália

desenvolvem trabalhos de mapeamento geológico-geotécnicos voltados para a

engenharia civil.

5 UNESCO - United Nations for Education, Science and Culture Organization.

Page 41: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

25

No Brasil, vários trabalhos de mapeamento geológico-geotécnicos já foram realizados.

No sul do Brasil, os mapeamentos geotécnicos apresentam resultados geomecânicos

das unidades geotécnicas. Neste trabalho utiliza-se a metodologia de mapeamento

geotécnico visando aplicação em obras de engenharia proposta por Davison Dias

(1995) e aplicada por Abitante (1997).

2.5.2 Importância do Mapeamento Geotécnico

É extremamente importante e necessário o conhecimento das características dos

terrenos frente à ocupação acelerada visando otimizar economicamente e de forma

segura o uso racional do solo. O planejador deve ter conhecimento do potencial ou

problemas do solo e do subsolo nas obras de engenharia. A cartografia geotécnica

define métodos nos quais procura enquadrar unidades territoriais homogêneas

formulando orientações técnicas para a ocupação e uso destas unidades. Para esta

definição de unidades homogêneas, é necessário o conhecimento geotécnico do

subsolo brasileiro com seus múltiplos universos.

De acordo com Nogami e Villibor (1995), as diretrizes gerais para a elaboração de

mapas geotécnicos têm seguido as publicações da IAEG6 (1979), mas apresentam

sérias dificuldades nas regiões tropicais úmidas em que as diretrizes referidas ficam

sujeitas a várias restrições decorrentes das peculiaridades dos solos e do ambiente

tropical em que os mesmos são encontrados e utilizados. Devido à diversificação dos

solos brasileiros, somente mapas geológicos e pedológicos não são suficientes para

estimar o comportamento geotécnico dos tipos de solos, neste caso, mapas

geotécnicos facilitam o conhecimento a priori do material a ser utilizado.

2.5.3 Definição de Mapeamento Geotécnico

Santos (1990), define mapa geotécnico como um “documento complexo que integra um

certo número de dados do solo e subsolo de uma região, sintetizando-os e

interpretando-os, prevendo possíveis respostas à intervenção humana, pois o meio

físico, além de suas potencialidades, também tem suas limitações de uso”. 6 IAEG - Intenatinal Association of Engeneering Geology.

Page 42: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

26

Os mapas podem orientar os técnicos nas obras de engenharia, principalmente na

construção de estradas, barragens de pequeno porte e projetos de linhas subterrâneas

de transmissão de energia elétrica.

2.5.4 Representação Gráfica de um Mapa Geotécnico

O mapa geotécnico deve dar ao usuário uma visão de conjunto dos fenômenos que

atuam na área, de maneira clara e dinâmica, através do uso de simbologia adequada e

legenda unificada descritiva perfeitamente lúcida.

2.6 METODOLOGIA DAVISON DIAS

Os mapeamentos geotécnicos, em geral, não apresentam propriedades de

comportamento dos solos. Esta tradição foi importada dos atuais mapeamentos

realizados na Europa ou Estados Unidos, isto é, de países situados em zonas não

tropicais, cujo comportamento geotécnico já está bem posicionado, pois nestas regiões

apenas um estudo qualitativo ou a partir de sistemas de classificação baseados em

índice de plasticidade e análise granulométrica pode fornecer estimativas genéricas de

comportamento destes solos. Os sistemas de classificação tradicionais usados na

engenharia geotécnica, como o Sistema Unificado de Classificação (USC), são

específicos para um estudo pontual de ocorrência e profundidade, não considerando os

horizontes com suas gêneses específicas. Entretanto, considera-se importante a

delimitação mais específica dos horizontes de solos considerando a adição dos

conhecimentos de pedologia para os horizontes superficiais e de geologia, para os

horizontes menos evoluídos.

O Brasil apresenta mais que 80% (oitenta por cento) do seu território coberto por solos

tropicais e subtropicais com comportamento particular diferindo em muitos aspectos

dos tradicionais solos estudados nas referências bibliográficas de geotecnia. Vários

tipos de rochas são encontrados no Brasil, e através da ação dos processos geológicos

e pedogenéticos são formados os perfis de solos. Davison Dias (1995) afirma que a

Page 43: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

27

necessidade de definição de unidades geotécnicas nos solos brasileiros surge da

grande variedade de perfis encontrados no Brasil.

A metodologia Davison Dias (1995) é usada para a estimativa de unidades

geotécnicas. A estimativa das unidades geotécnicas é realizada com base nos

levantamentos geológicos e pedológicos existentes. Estudos de campo irão comprovar

esta estimativa com a verificação das unidades e retirada de amostras para um estudo

laboratorial de propriedades físicas e químicas, análise de ensaios de campo e outras

características que complementam o conhecimento geotécnico das unidades. Nesta

metodologia os horizontes superficiais A e B são classificados pela pedologia e os

horizontes C, rocha alterada (RA) e rocha sã (R), são caracterizados pela geologia.

2.6.1 Estimativa das Unidades Geotécnicas

Davison Dias (1995) define Unidade Geotécnica como uma “região formada por perfis

de solos cujo comportamento geotécnico frente ao uso e à ocupação do solo apresenta

um comportamento similar”. Segundo ela, a classificação simplificada de uma unidade

geotécnica é feita na seqüência indicada:

1. identificação das unidades pedológicas da região em estudo. Contudo, quando não

existe estudo pedológico para a região, deve ser feito um estudo pedológico voltado

para a geotecnia;

2. identificação das unidades geológicas da região em estudo;

3. realização da sobreposição dos mapas pedológicos e geológicos existentes,

estimando as unidades geotécnicas;

4. estimativa das unidades geotécnicas usando a seguinte simbologia:

“XYZxyz”

Page 44: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

28

As letras maiúsculas “XYZ” correspondem à classificação pedológica dos horizontes

superficiais (horizontes A e B) e as minúsculas “xyz” são identificadoras da geologia,

caracterizando os horizontes C, RA e R. Estas podem ser constituídas de três ou

menos letras. Para as letras maiúsculas, utiliza-se o sistema de classificação

pedológico corrente na prática brasileira para os horizontes superficiais A e B,

conforme publicado por Camargo et. al. (1987), ignorando entretanto, subdivisões

numéricas e as características álico (a), distrófico (d), eutrófico (e) e húmico (h),

considerando somente a classificação propriamente dita e dominante na região. As

possibilidades das letras maiúsculas da classificação pedológica são apresentadas no

Quadro A.2 (anexo A). Para os horizontes C, RA e R, que guardam a estrutura

geológica, utiliza-se a classificação geológica simplificada, conforme Quadro A.3

(anexo A), a qual foi baseada no trabalho da IAEG (1979). Nesta classificação, é

considerada a rocha dominante na região.

A forma de classificação de unidade geotécnica pode ser usada para classificar um

perfil de solo, porém, neste trabalho de dissertação a caracterização dos horizontes

não será abordada.

Page 45: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

29

2.7 PENETRÔMETRO DINÂMICO DE CONE

2.7.1 Histórico

O uso do Penetrômetro Dinâmico de Cone (Dynamic Cone Penetrometer - DCP) foi

iniciado em 1954 por Scala na Austrália. Ele desenvolveu um DCP portátil que se

chamou Scala penetrômetro, e desde então, devido sua simplicidade e mobilidade,

este equipamento vem sendo utilizado em vários países.

Em 1969, Van Vuuren, no Zimbaue, modificou o Scala penetrômetro e obteve uma

correlação notável entre o DCP e o CBR “in situ”.

Desde 1973, na Província de Transvaal, na África do Sul, o DCP tem sido

extensivamente aplicado para medições rápidas de resistência “in situ” de camadas de

pavimentos pelo Departamento de Estradas daquela província.

Nos princípios de 1984, Livneh e Isahai (1988) realizaram vários trabalhos de

investigação de substratos e avaliação da capacidade de suporte de pavimentos como

foi o caso de Aeroporto de Ben Gurion.

No Reino Unido, o Transport and Road Reserch Laboratory - TRRL, iniciou uma clara

tendência para preferir o uso deste instrumento sobre vários outros ensaios não-

destrutivos, para a avaliação de camadas de pavimentos. Posteriormente, passou a ser

extensivamente utilizado, desde 1975, por Kleyn na África do Sul, e por Harison (1987),

na Indonésia.

Kleyn (1982), na África do Sul, e Angelone et. al. (1991), na Argentina, vêm realizando

estudos para desenvolver um método de projeto de pavimentos para baixo volume de

tráfego, com base nas informações obtidas com o DCP.

No Brasil, este aparelho tem sido estudado pelo Departamento de Estradas de

Rodagem do Estado do Paraná - DER-PR (Heyn, 1986), pela Escola de Engenharia de

São Carlos, da Universidade de São Paulo - USP (Rohm e Nogueira, 1990), pelo

Page 46: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

30

Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA (Oliveira e Vertamatti, 1997) e pela

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (Cardoso e Trichês, 1998 e 2000).

2.7.2 O Equipamento

O Penetrômetro de Dinâmico de Cone - DCP utilizado neste trabalho é baseado no

modelo desenvolvido na Central African Standard, e modificado, em 1973, pela

Transvaal Road Department, África do Sul. O DCP é um instrumento que permite

realizar ensaios de penetração dinâmica em estruturas de pavimentos cujas camadas

são de materiais granulares finos ou solos. Ele consiste em uma barra de aço de 16

milímetros de diâmetro, a qual possui, fixado na ponta, um cone de aço com 20

milímetros de diâmetro de base e ângulo de 60o (sessenta graus). O cone, juntamente

com a barra, é introduzido no solo pelo impacto de um martelo de aço, com peso de 8

quilos, que desliza por uma barra de aço de 25 milímetros de diâmetro, com uma altura

de queda de 575 milímetros. A Figura 9 mostra o equipamento acima descrito.

Figura 9 - Penetrômetro Dinâmico de Cone.

Page 47: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

31

2.7.3 A Operação do Ensaio em Campo

Segundo Kleyn et al. (1982), o ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP se

realiza, em forma expedita, com auxílio de duas pessoas. Durante o ensaio, mede-se

em uma régua, o comprimento, em milímetros, que a lança penetra no solo para um

número determinado de golpes que se seleciona arbitrariamente, de acordo com a

resistência das camadas a serem atravessadas Os resultados são anotados em uma

planilha padrão onde se indica, para cada série de golpes aplicados, a profundidade

alcançada pelo cone de penetração, repetindo-se esta operação até a profundidade

máxima de penetração que é de 800 mm (oitocentos milímetros).

Kley et. al. (1982) consideram que 800 milímetros é a profundidade na qual o material

normalmente tem os efeitos do tráfego minimizado sobre o desempenho do pavimento.

Ponce et. al. (1991) ressaltam que, durante a realização do ensaio, é importante

observar certos aspectos como verificar a limpeza do instrumento e o bom estado do

cone; manter o instrumento sempre na vertical a fim de evitar que qualquer contato

entre o martelo e a barra possa gerar algum esforço adicional na penetração do cone

com o solo; além do operador do martelo estabelecer um ritmo regular, deve evitar, ao

elevar o martelo, bater no limite superior da altura de queda o que provocaria uma

movimentação ascendente do equipamento; também extrair o equipamento com

cuidado e revisar o cone a cada extração, 800 milímetros. Também deve-se

desconsiderar a primeira leitura, pois a área de contato da ponta do cone, antes do

primeiro golpe, é menor que àquelas dos golpes posteriores.

A Figura 10 ilustra a operação do equipamento Penetrômetro Dinâmico de Cone em

campo.

Page 48: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

32

Figura 10 - Operação do Ensaio DCP em campo.

2.7.4 A Operação do Ensaio em Laboratório

Trichês e Cardoso (2000) descreveram o procedimento para obtenção da curva de

calibração do solo durante o ensaio de compactação para correlacionar o valor do

Índice de Suporte Califórnia com o Índice de Penetração (do DCP). A nova metodologia

consiste em moldar para cada amostra, dois corpos de prova com mesmas

características de umidade e compactação, sendo que para cinco pontos ensaiados,

tem-se dez corpos de prova. No primeiro corpo de prova determina-se, para os cinco

pontos, o Índice de Suporte Califórnia - CBR sem imersão, após, inverte-se o corpo de

prova para obter o Índice de Penetração através do ensaio do Penetrômetro Dinâmico

de Cone - DCP. Repete-se o procedimento indicado para os outros cinco pontos mas

após imersão de quatro dias. A determinação do Índice de Suporte Califórnia - CBR

segue o Método do DNER7, (Método de Ensaio 49-74). A determinação do Índice de

Penetração através do ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP é feita

posicionando-se o penetrômetro no centro do corpo de prova, anotando-se a

penetração, em milímetros, a cada golpe; desprezado-se a primeira leitura.

7 DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.

Page 49: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

33

Faz-se o cruzamento entre os valores de CBR com imersão e os seus respectivos

valores de DN sem imersão e registra-se em um gráfico estes valores. A correlação DN

x CBR é obtida através da análise de regressão.

2.7.5 Considerações Sobre a Utilização do Penetrômetro Dinâmico de Cone

Angelone et. al. (1991), afirmam que o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP tem sido

utilizado há muito tempo por engenheiros da África do Sul, Israel e Austrália como um

método quase não destrutivo de ensaio capaz de medir a capacidade “in-situ” do solo

de fundação, fornecendo excelentes resultados e grande confiabilidade.

Ponce et. al. (1991) destacam algumas vantagens para utilização do Penetrômetro

Dinâmico de Cone - DCP tais como sua mobilidade; seu baixo custo de operação; sua

fácil operação, uma vez que não necessita de pessoal especializado; seus múltiplos

usos destacando-se principalmente as campanhas rápidas de reconhecimento do

terreno, o controle da construção de terraplenagem, o controle de capas estabilizadas,

a verificação da eficiência dos equipamentos de compactação utilizados na obra e a

avaliação de pavimentos existentes.

Angelone et. al. (1991) complementam que entre os usos possíveis do ensaio ainda se

destacam as detecções de anomalias em alguma ou algumas das camadas uma vez

construídas; o acompanhamento do comportamento estrutural da estrada e análise da

influência de solicitações tais como tráfego e clima e, a identificação de trechos

homogêneos com características estruturais similares. Uma grande vantagem com a

utilização do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP é a repetitividade dos resultados.

Trichês e Cardoso (1998) consideram também uma grande vantagem que este ensaio

não requer grandes escavações ou perfurações, sendo assim uma forma econômica de

investigar o pavimento, e que não interfere no tráfego de veículos.

Page 50: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

34

Kleyn et. al. (1982), afirmam que através do uso do equipamento Penetrômetro

Dinâmico de Cone - DCP, pode-se avaliar, comparar e entender o comportamento “in-

situ” do material.

Vários autores afirmam que o uso do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP está

restringido a materiais granulares, bases e sub-bases pouco cimentadas e solos, pois

em camadas impenetráveis corre-se o risco de danificar a ponta do equipamento e

obter resultados não confiáveis.

Diversas pesquisas no mundo utilizaram o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP e

obtiveram correlações entre este e outros parâmetros de resistência do solo,

principalmente entre o índice de penetração do solo (através do DCP) e o conhecido

Índice de Suporte Califórnia - CBR (ou ISC) de materiais granulares.

2.7.6 Interpretação dos Resultados de Campo

Kleyn et. al. (1982) definiram diferentes conceitos para interpretação dos resultados de

campo a partir do desenvolvimento do ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone -

DCP e são os descritos a seguir.

A Curva DCP consiste em uma representação do número de golpes acumulado para a

penetração do equipamento através da estrutura do solo na profundidade. A Figura 11

mostra um exemplo desta curva DCP, onde as ordenadas indicam as profundidades

até o limite de alcance da lança do equipamento (oitocentos milímetros), e as

abscissas, o número de golpes acumulado para alcançar estas profundidades.

O Índice de Penetração ou Número DCP (DN) é o número que define a penetração

do penetrômetro através de uma camada específica medida em mm/golpe (milímetros

por golpe) e é obtido traçando-se a curva DCP. Na Figura 11, exemplo de uma curva

DCP: a inclinação das retas representa o Índice de Penetração (DN em mm/golpe),

obtido através da razão entre a profundidade e o número de golpes necessário para

penetrar a respectiva profundidade.

Page 51: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

35

A diferença das cotas entre as mudanças de inclinação da curva DCP representa a

espessura da camada atravessada.

Figura 11 - Curva DCP (profundidade x número de golpes acumulados).

O Diagrama Estrutural é uma representação derivada da curva DCP onde se

representa o Índice de Penetração (DN em mm/golpe) em função da profundidade. Nas

ordenadas indica-se a profundidade e nas abscissas o valor DN. Quando este número

é constante, significa uma uniformidade das propriedades do material; mas mudança

da inclinação das retas indica a alteração da resistência do material, devido, por

exemplo, à variação no seu teor de umidade, ou na sua massa específica aparente, ou

ainda, mudança do tipo material da camada.

A Figura 12 mostra o diagrama estrutural do pavimento mostrado na Figura 11,

observa-se, então, a presença de 3 camadas bem definidas, com DN’s de 7,5, 38 e 15

mm/golpe, respectivamente. A primeira camada possui espessura h1 com cerca de

15,0 cm; a segunda possui espessura h2 com cerca de 53,0 cm; a espessura da

terceira camada não pode ser definida devido o limite de alcance da lança do

equipamento. Ressalta-se que, do ponto de vista de distribuição de pressão provocada

CURVA DCP

-1000

-800

-600

-400

-200

00 10 20 30 40 50

Número de golpes acumulados

Pro

fund

idad

e (m

m)

DN=38 mm / golpe

DN=15 mm / golpe

DN=7,5 mm / golpe

Page 52: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

36

pelo carregamento externo no solo de fundação, a profundidade alcançada pela lança é

suficiente.

Figura 12 - Diagrama Estrutural.

O Número Estrutural DCP (DSN) representa o número de golpes necessário para

penetrar até uma profundidade determinada. Por exemplo, DSN 800 corresponde ao

número de golpes necessário para atravessar uma profundidade de 800 mm

(oitocentos milímetros). No exemplo mostrado na Figura 11, o valor de DSN 800

corresponde a 42 golpes.

A Curva de Balanço Estrutural é obtida através do número de balanço (BN) a uma

determinada profundidade “z”. O número balanço (BN) a uma determinada

profundidade “z” é definido como o número de golpes requeridos para alcançar esta

profundidade “z” expressado como uma percentagem do número de golpes total

necessário para penetrar em 100%da profundidade avaliada. A Equação (1) demonstra

o número BN.

DIAGRAMA ESTRUTURAL

-800 -700 -600 -500 -400 -300 -200 -100

0 0 10 20 30 40

DN (mm/golpe)P r o f u n d ii id a d e (mm)

Page 53: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

37

BNz = (DSNz / DSN800) x 100 Eq. (1)

onde:

BNz = número balanço para “z” mm (z milímetros) de profundidade;

DSN = número de golpes requeridos para penetrar “z” mm; e

DSN800 = número de golpes requeridos para penetrar 800 mm.

O valor BNz representa a percentagem da capacidade estrutural total que suportam os

materiais existentes até uma profundidade “z” determinada. Por exemplo, se o BN100 é

igual a 40% (quarenta por cento), significa que os primeiros 100 mm (cem milímetros)

da estrutura suportam 40% da capacidade estrutural total.

Figura 13 - Curva de Balanço Estrutural

A Figura 13 mostra a representação da curva de balanço estrutural do exemplo

apresentado na Figura 11.

CURVA DE BALANÇO ESTRUTURAL

-1000

-800

-600

-400

-200

0 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

BN (%) P R O F U N D I D A D E

(mm)

Page 54: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

38

Podemos observar que para este exemplo, o valor de BN100 é 25% (vinte e cinco por

cento), ou seja, os primeiros 100 mm (cem milímetros) da estrutura suportam 25% da

capacidade estrutural total.

2.7.7 Correlações Existentes entre DN e CBR

Várias organizações do mundo têm algum tipo particular de DCP. E elas têm

estabelecido uma correlação própria entre medidas de DCP e algumas outras medidas

de resistência do solo. Na literatura técnica, existem muitas correlações entre o DCP e

o CBR do solo e algumas são mostradas a seguir.

Kleyn (1982), através de resultados de ensaios realizados em rodovias na África do

Sul, obteve a seguinte correlação:

logCBR = 2,60 – 1,26 x (logDN)

onde:

DN = índice de penetração obtido através da razão entre profundidade de penetração

(mm) e o número de golpes necessário para penetrar e,

CBR= índice de suporte Califórnia, em percentagem do material existente na

profundidade de penetração DCP.

Angelone et. al. (1991), através de ensaios realizados na Argentina obtiveram a

seguinte correlação:

CBR = 450 x (DN)-1,05

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Page 55: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

39

Harison (1987) da Indonésia, formulou correlações para solos argilosos, areia e

pedrisco graduados e obteve a seguinte correlação:

logCBR = 2,81 – 1,32 x (logDN)

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Ponce et. al. (1991) obtiveram, no Chile, a seguinte correlação para solos finos:

logCBR = 2,89 – 1,46 x log(DN)

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Heyn (1986) obteve no Brasil a seguinte correlação através de estudos realizados em

rodovias no Paraná:

CBR = 443,45 x (DN)-1,30

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Heyn (1986), também desenvolveu um gráfico para, através do índice de penetração

(DN), obter graficamente o valor do CBR.

Oliveira e Vertamatti (1997) no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), estudaram,

em rodovias de São Paulo, os solos transicionais e obtiveram a seguinte correlação:

Page 56: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

40

logCBR = 2,490 – 1,057 x (logDN)

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Trichês e Cardoso (1998), em estudos realizados em Santa Catarina durante a

duplicação rodovia da BR - 101 obtiveram duas correlações, uma para determinar o

CBR “in-situ” (nas condições de umidade de campo) e, outra, para determinar o CBR

utilizado no dimensionamento (imerso), que foram respectivamente:

CBR = 512,64 x (DN)-1,25

e

CBR = 151,58 x (DN)-1,03

onde: DN e CBR são as variáveis já definidas anteriormente.

Na Figura 14 mostrada a seguir, observa-se algumas correlações obtidas na literatura

técnica.

Figura 14 - Correlações mundiais entre DN e CBR.

DN x CBR

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

5 15 25 35 45 55 65

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

Kleyn et. al. - África do Sul

Angelone et. al. - Argentina

Harison - Indonésia

Heyn - Brasil

Trichês e Cardoso - "in situ" -Brasil

Trichês e Cardoso -"dimensionamento" - BrasilOliveira e Vertamatti - Brasil

Page 57: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

41

2.8 DIMENSIONAMENTO DE RODOVIAS DE BAIXO A MÉDIO VOLUME DE TRÁFEGO Apresenta-se neste item, três métodos de dimensionamento comumente adotados para

o dimensionamento de vias de baixo a médio volumes de tráfego.

2.8.1 Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis - DNER/1979

O método de dimensionamento de pavimentos flexíveis, DNER/1979, foi desenvolvido

pelo Engenheiro Murillo Lopes de Souza a partir da metodologia do Corpo de

Engenheiros do Exército Americano e resultados obtidos na pista experimental da

AASHTO8. Neste método, o dimensionamento é feito em função do Índice de Suporte

Califórnia - CBR do subleito e dos materiais granulares que compõe o pavimento e, do

N (número equivalente de operações do eixo padrão de 8,2 toneladas).

O método DNER/1979 tem o seguinte procedimento:

• Classificação dos Materiais Granulares Empregados no Pavimento:

a) Materiais para reforço do subleito:

-CBR maior que o subleito;

- expansão ≤ 2%.

b) Materiais para sub-base:

- CBR ≥ 20;

- I.G.= 0;

- expansão ≤ 1%.

8 AASHTO – American Association of State Highway.

Page 58: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

42

c) Materiais para base

- para N ≤106 podem ser empregados materiais com CBR �60.

- os materiais para base granular devem se enquadrar nas faixas granulométricas da

AAHSTO, mostradas no Quadro 3.

PERCENTAGEM EM PESO PASSANDO

PENEIRAS A B C D

2” 100 100 - -

1” - 75-90 100 100

3/8” 30 -65 40-75 50-85 60-100

N° 4 25-55 30-60 35-65 50-85

N° 10 15-40 20-45 25-50 40-70

N° 40 8-20 15-30 15-30 25-45

N° 200 2-8 5-15 5-15 5-20

Quadro 3 - Faixas Granulométricas de materiais para base granular

(Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979).

A fração que passa na peneira 200 deve ser inferior a 2/3 da fração que passa na

peneira 40. A fração graúda deverá apresentar um desgaste no ensaio de Abrasão Los

Angeles inferior a 50%, ou pode ser aceito um valor superior quando há experiência

com o material a ser utilizado.

• Estudos de Tráfego

Sobre as rodovias trafegam eixos de diversas configurações e cargas. Com base nos

estudos da pista experimental da AASHTO, convencionou-se um eixo de referência

para traduzir a influência deletéria dos eixos diversos sobre os pavimentos. Foi adotado

o eixo simples padrão - ESP com roda dupla e carga total de 8,2 toneladas e pressão

de pneu de 5,6 Kgf/cm.

Page 59: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

43

• Fator Climático Regional

Para levar em conta as variações de umidade dos materiais do pavimento durante as

diversas estações do ano, o “N” (número equivalente de operações do eixo-padrão)

deve ser multiplicado por um coeficiente (FR). Como no Brasil não se dispõe de

elementos experimentais para fixação deste valor e, como se adota a embebição dos

corpos de prova CBR, como segurança utiliza-se FR =1.

• Coeficientes de Equivalência Estrutural

O Quadro 4 fornece os coeficientes de equivalência estrutural para os materiais que

compõe o pavimento.

COMPONENTES DO PAVIMENTO COEFICIENT

E K

Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,00

Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação

densa 1,70

Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,40

Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,20

Camadas granulares 1,00

Solo-cimento, com resistência a compressão a 7dias superior a

45 Kg/cm2 1,70

Solo-cimento, com resistência a compressão a 7 dias entre 45 e

28 Kg/cm2 1,40

Solo-cimento, com resistência a compressão a 7 dias entre 28 e

21 Kg/cm2 1,20

Bases de solo-cal 1,20

Quadro 4 - Coeficientes de equivalência estrutural

(Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979).

Page 60: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

44

Os coeficientes estruturais são designados genericamente por:

Revestimento: KR

Base: KB

Sub-base: KS

Reforço: KREF

• Espessura Mínima do Revestimento Betuminoso

As espessuras recomendadas pela Norma visam, especialmente, as bases de

comportamento puramente granular. O Quadro 5 mostra estas espessuras em função

do número N para vias de baixo volume de tráfego.

N ESPESSURA MÍNIMA REVESTIMENTO

BETUMINOSO

N ≤ 106 Tratamentos superficiais betuminosos

106 < N ≤ 5 x106

Revestimento betuminoso com 5,0 cm de

espessura

Quadro 5 - Espessuras mínimas do revestimento betuminoso

(Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979).

• Dimensionamento do Pavimento

O gráfico da Figura 15 fornece a espessura total do pavimento, em função de N e do

CBR; em termos de material granular, ou seja, com coeficiente de equivalência

estrutural, K = 1,00.

Lembre-se que, no caso da ocorrência de materiais com CBR inferior a 2, deve-se

fazer a substituição na espessura, de pelo menos 1,0 metro, por material de CBR

superior a 2.

Page 61: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

45

Figura 15 - Espessura total do pavimento em termos de material granular.

A espessura mínima a adotar para compactação de camadas granulares é de 10 cm, a

espessura total mínima para estas camadas quando utilizada é de 15,0 cm e a

espessura máxima para compactação é de 20 cm.

A Figura 16 fornece a simbologia utilizada no dimensionamento do pavimento. Mesmo

que o CBR da sub-base seja superior a 20, a espessura de pavimento necessário para

protegê-la é 20 cm.

Figura 16 – Simbologia utilizada no Método de Dimensionamento DNER/1979.

0

20

40

60

80

100

120

140

160 1,0E +03 1,0E +04 1,0E+05 1,0E +06 1,0E +07 1,0E +08 1,0E +09

O PERAÇÕ ES DO EIXO DE 8,2 TON

ESPESSURA DE P A V I M E N T O

I.S . ou CBR=15

I.S . ou CBR=12

I.S . ou CBR=20

I.S . ou CBR=10

I.S . ou CBR=8I.S . ou CBR=7I.S . ou CBR=6

I.S . ou CBR=5

I.S . ou CBR=4

I.S . ou CBR=3

I.S . ou CBR=2

(cm)

Page 62: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

46

Após a determinação das espessuras Hm, Hn e H20 através do gráfico da Figura 16 e R

(espessura do revestimento betuminoso) fornecido no Quadro 5, as espessuras da

base (B), sub-base (H20) e reforço do subleito (hn), são obtidas pela resolução

sucessiva das inequações:

RKR + BKB ≥ H20 Ineq. (1)

RKR + BKB + h20 Ks ≥ Hn Ineq. (2)

RKR + BKB + H20Ks + hnKREF ≥ Hm Ineq. (3)

Quando o CBR da sub-base for maior ou igual a 40 e para N 106, admite-se substituir

na inequação (1), H20 por 0,8 x H20.

2.8.2 Metodologia da Prefeitura Municipal de São Paulo

Esta metodologia baseia-se no Método de Dimensionamento de pavimentos Flexíveis

desenvolvida pelo engenheiro Murillo Lopes de Souza, de 1966 e, utilizando-se o

ábaco proposto originalmente pelo Corpo de Engenheiros do Exército Americano. Esta

iniciativa da prefeitura de São Paulo procura adequar uma metodologia para solos

tropicais.

Como resultado, esta alternativa propõe-se a reduzir em até 20% o custo de

pavimentos em vias urbanas destinadas a tráfego leve e muito leve, através da redução

na substituição de solos nas áreas a serem pavimentadas. Entretanto, o método

preconiza uma cuidadosa caracterização geológica do subsolo, afim de não

comprometer a segurança e durabilidade do pavimento.

A metodologia da Prefeitura de São Paulo tem o seguinte procedimento:

Page 63: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

47

• Classificação dos tipos de tráfego

As vias urbanas a serem pavimentadas são classificadas de acordo com o tráfego

previsto nos seguintes tipos:

• Tráfego muito leve: são as ruas de características essencialmente residenciais, para

as quais não é absolutamente previsto o tráfego de ônibus, podendo existir

ocasionalmente passagens de caminhões em número não superior a três por dia, por

faixa de tráfego, caracterizado por um número N típico de 104 solicitações por eixos

simples padrão (8,2 toneladas) para o período de projeto de 10 anos.

• Tráfego leve: são as ruas de características essencialmente residenciais, para as

quais não é absolutamente previsto o tráfego de ônibus, podendo existir

ocasionalmente passagens de ônibus e caminhões em número não superior a

cinqüenta por dia, por faixa de tráfego, caracterizado por um número N típico de 105

solicitações por eixos simples padrão (8,2 toneladas) para o período de projeto de 10

anos

• Carga legal

Nesta metodologia, é considerado que a carga máxima legal é de 10 toneladas por eixo

simples de rodas duplas.

• Considerações sobre o subleito

A espessura do pavimento a ser construído será calculada de acordo com o presente

procedimento, em função do suporte (CBR ou mini - CBR) como representativo de suas

camadas.

Nos casos onde as sondagens indicarem a necessidade de substituição do subleito,

deverá ser considerado o valor de suporte dos solos de empréstimo.

Page 64: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

48

Na determinação do suporte do subleito, empregar-se-á o Ensaio Normal de

Compactação de Solos (PMSP9) e a moldagem dos corpos de prova deverá ser feita

com energia de compactação correspondente.

No entanto, a determinação do suporte do subleito (CBR ou mini - CBR) poderá ser

feita com amostras indeformadas, após um período mínimo de imersão de 48 horas no

caso de CBR ou 12 horas quando mini - CBR, nos casos das vias existentes serem

dotadas de guias e sarjetas, reforços de pavimentos antigos ou de aproveitamento do

leito existente.

No caso de ocorrência de solo com suporte inferior a 2%, deverá ser feita sua

substituição por um solo com suporte maior ou igual a 5% e expansão inferior a 2%, na

espessura indicada em projeto. Poderá ser indicada outra solução devidamente

justificada.

No caso de ocorrência no subleito de solo com expansão superior a 2%, deverá ser

determinada experimentalmente, a sobrecarga necessária para o solo apresentar

expansão inferior a 2%.

O peso próprio do pavimento projetado deverá transmitir para o subleito uma pressão

igual ou maior do que a determinada em ensaio.

• Estrutura do Pavimento

Espessura total do pavimento - após a definição do tipo de tráfego e determinação da

capacidade de suporte do subleito, a espessura total básica do pavimento, em termos

de material granular, HSL, será fixada de acordo com o ábaco da Figura 17.

9 PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo.

Page 65: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

49

U.S.A.C.E

Figura 17 - Espessura total do pavimento, segundo a metodologia da PMSP.

Curva 1 - Tráfego muito leve - N “típico” = 104 solicitações do

eixo simples Padrão de 8,2 t.

Curva 2 - Tráfego leve - N “típico” = 105 solicitações do eixo

simples Padrão de 8,2 t.

- Tipo e espessura da camada de rolamento: o revestimento betuminoso será

constituído de uma camada usinada de pré-misturado à quente (PMQ) ou concreto

asfáltico usinado à quente (CAUQ) com espessura mínima de 3,0 centímetros. Pode-se

aceitar revestimento de macadame betuminoso com capa selante ou de tratamento

superficial triplo, desde que as condições topográficas assim o permitam (rampa < 4%).

- Espessura das demais camadas: uma vez determinada a espessura total do

pavimento (HSL), e fixada a espessura do revestimento (R), faz-se o dimensionamento

das espessuras das demais camadas, ou seja, sub-base e reforço do subleito.

0

10

20

30

40

50

60

70

1 10 100CBR (%)

Esp

essu

ra d

o P

avim

ento

(cm

)2

1

Page 66: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

50

As espessuras de base (B), sub-base (hSB) e reforço do subleito (hREF) são obtidas pela

resolução sucessiva das seguintes inequações:

RKR + BKB ≥ HSB Ineq. (4)

RKR + BKB + hSBKSB ≥ HREF Ineq. (5)

RKR + BKB + HSBKSB + hREF KREF ≥ fHSL Ineq. (6)

Onde, KR, KB, KSB e KREF representam os coeficientes estruturais do revestimento, da

base, da sub-base e do reforço do subleito, respectivamente e, HSB, hREF e HSL as

espessuras fornecidas pela Figura 15 para materiais com CBRSB, CBRREF, CBRSL (ou

mini - CBRSB, mini - CBRREF, mini - CBRSL).

A estrutura do pavimento poderá conter sub-base ou não, a critério do projetista. A

espessura mínima a adotar para uma camada granular é de dez centímetros. A Figura

18 apresenta o esquema elucidativo da metodologia de dimensionamento da PMSP.

Figura 18 - Esquema elucidativo da metodologia da PMSP.

• Coeficiente de equivalência estrutural

Os coeficientes de equivalência estrutural adotados na metodologia de

dimensionamento da PMSP são mostrados no Quadro 6.

Page 67: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

51

COMPONENTES DO PAVIMENTO COEFICIENTE

K

Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,0

Base ou revestimento de concreto magro 2,0

Base ou revestimento de pré-misturado à quente, de graduação densa 1,8

Base ou revestimento de pré-misturado à frio, de graduação densa 1,4

Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,2

Paralelepípedos 1,0

Camada de isolamento ou bloqueio 1,0

Base de brita graduada, macadame hidráulico e estabilizadas com aditivos Variável

Reforço do subleito Variável

Base de Solo-cimento com resistência à compressão aos 7 dias superior a 45Kg/cm² 1,7

Base de Solo-cimento com resistência à compressão aos 7 dias entre 45 e 28 Kg/cm² 1,4

Base de Solo-cimento com resistência à compressão aos 7 dias entre 28 e 21 Kg/cm² 1,2

Areia 1,2

Quadro 6 - Coeficientes de equivalência estrutural da metodologia da PMSP.

Os coeficientes estruturais da sub-base granular e do reforço do subleito serão obtidos

pelas inequações:

onde:

CBRSB, CBRREF, CBRSL são os índices de suporte da sub-base, do reforço e do

subleito.

Mesmo que a capacidade de suporte do reforço ou da sub-base seja superior a 30%,

deverá ser considerado como se fosse igual a 30% para efeito de cálculo das

inequações para o cálculo dos coeficientes estruturais da sub-base, do reforço e do

subleito.

kSBSBREF

CBRCBR= <×3

3 1

kREFREF

SLCBR

CBR= <×33 1

Ineq. (7)

Ineq. (8)

Page 68: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

52

Quando pavimentos antigos de paralelepípedos forem beneficiados com revestimentos

betuminosos, o valor do coeficiente estrutural do pavimento existente poderá variar de

1,2 a 1,8; em função do comportamento, abaulamento e rejuntamento dos

paralelepípedos.

• Materiais das diversas camadas do pavimento

A espessura mínima da base deverá ser de dez centímetros. No caso de bases

estabilizadas granulometricamente, além da obediência às especificações contidas nas

normas correspondentes, os materiais ou misturas de materiais deverão satisfazer as

seguintes exigências de CBR mínimo e de expansão máxima medida na sobrecarga de

4,5 quilos:

- Bases: CBR > 60%, expansão < 0,5%.

No caso em que o projetista preconize o uso de bases estabilizadas ou de macadame

hidráulico, recomenda-se a execução, sobre a imprimação impermeabilizante da base,

de um tratamento superficial simples com o objetivo de melhorar a resistência da

interface entre a camada de rolamento e base, além de proporcionar uma maior

impermeabilização da base.

A base poderá ser do tipo mista convencional constituída para tráfego muito leve, de

macadame betuminoso (5 centímetros, no mínimo) e de macadame hidráulico (7

centímetros, no mínimo) e, para tráfego leve, de macadame betuminoso (5 centímetros,

no mínimo) e de macadame hidráulico (10 centímetros, no mínimo). Pode-se utilizar

outros tipos de bases mistas, desde que aprovadas por algum Corpo Técnico.

Materiais próprios para reforço são os de CBR superior ao do subleito e expansão

máxima de 2%, medida com sobrecarga de 4,5 quilos.

Page 69: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

53

• Pressuposto do dimensionamento

- Drenagem: o dimensionamento parte do pressuposto que haverá sempre uma

drenagem superficial adequada e que o lençol subterrâneo será rebaixado a pelo

menos 1,50 metros em relação ao greide de terraplenagem.

- Compactação das camadas do pavimento e melhoria do subleito: o dimensionamento

pressupõe também, que sejam inteiramente satisfeitos os requisitos de compactação a

seguir discriminados:

a) os revestimentos de concreto asfáltico e de pré-misturados à quente deverão ser

compactados a, no mínimo, 95% da densidade aparente de projeto.

b) as bases estabilizadas granulometricamente deverão ser compactadas a, no

mínimo, 100% da Energia do Proctor Intermediário, ressalvo os casos que venham a

danificar construções lindeiras, onde deverá ser utilizada base e de macadame

hidráulico.

c) as camadas de reforço do pavimento e melhoria do subleito deverão ser

compactadas na energia preconizada em projeto.

2.8.3 Fórmula de Peltier para Dimensionamento de Pavimentos com Lajotas

Para determinação da espessura total (e) da estrutura do pavimento com lajotas,

utiliza-se a fórmula de Peltier modificada e dada pela equação 2.

e = 100 + 150 x (1,2 x p)1/2 Eq. (2)

CBR + 5

onde:

e = espessura total do pavimento em centímetros;

p = carga, por roda, tomada como igual a 6 toneladas, e;

CBR = Índice de Suporte Califórnia do subleito em %.

Page 70: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

54

3. METODOLOGIA

3.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Em princípio, estabeleceu-se que a pesquisa seria desenvolvida em quatro regiões do

Município de São José. Todavia, tendo em vista que o estudo exigiria a realização de

um grande número de ensaios, aliado aos fatores econômico e temporal, que não

comportariam o âmbito deste trabalho; optou-se em escolher uma região.

A área estudada dentro do Município de São José é denominada Sertão do Imaruim.

As Figuras 19 e 20 mostram a localização da região no município e o mapa do bairro

com as ruas investigadas.

Page 71: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

55

3.1.1 Localização da Área Estudada

SÃO JOSÉ

Figura 19 - Esquema da localização da região estudada, Sertão do Imaruim.

SERTÃO DO IMARUIM

Page 72: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

56

3.1.2. Mapa do Bairro

Figura 20 - Esquema do bairro Sertão do Imaruim.

Page 73: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

57

3.2 CONCEPÇÃO DA METODOLOGIA

A proposição desta dissertação é o desenvolvimento de uma metodologia que permita

a investigação geotécnica de vias urbanas não pavimentadas através do emprego do

Penetrômetro Dinâmico de Cone. Ela abrange as seguintes etapas principais:

• Ensaios de Campo com o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP para

determinação do Índice de Penetração DN (mm/golpe) e da espessura (h) do

revestimento primário e, nos mesmos locais, ensaios de campo tradicionais como a

determinação da MEAS10 através do Método do Frasco de Areia para verificar o Grau

de Compactação das vias e determinação do Teor de Umidade para verificar a

umidade de campo.Nos mesmos locais onde se executou os ensaios de campo, faz-se

a coleta de amostras para a realização dos ensaios de laboratório.

• Ensaios de Laboratório realizados para expressar a correlação entre o Índice de

Penetração DN (mm/golpe) do DCP e o Índice de Suporte Califórnia - CBR utilizado

nos métodos de dimensionamento. Para cada amostra realiza-se o ensaio de

Compactação, Índice de Suporte Califórnia e de Penetração com o Penetrômetro

Dinâmico de Cone - DCP.

• Desenvolvimento da Metodologia de Dimensionamento: através do Índice de

Penetração - DN de referência, obtido no ensaio DCP de campo, utiliza-se a correlação

obtida em laboratório (DN x CBR) para obter-se a capacidade de suporte do

revestimento primário. Também, através do ensaio DCP em campo, obtém-se a

espessura de projeto do revestimento primário. Desenvolve-se a metodologia de

dimensionamento para vias urbanas de tráfego baixo a médio. Objetiva-se aproveitar a

espessura do revestimento primário existente em campo como parte da espessura total

do pavimento, obedecendo a certos critérios estabelecidos nesta metodologia.

10 MEAS – Massa Específica Aparente Seca Máxima.

Page 74: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

58

• O Procedimento para Controle Tecnológico da camada final de terraplenagem da

via com o equipamento DCP, é feito realizando-se o ensaio DCP nas futuras trilhas de

roda.

3.3 ENSAIOS DE CAMPO

3.3.1 Ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone – DCP

O Ensaio do Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP realiza-se, segundo a metodologia

de operação do ensaio em campo descrita por Kleyn (1982) e apresentada no sub-item

2.7.3. Longitudinalmente os ensaios são executados a cada 100 metros.

Transversalmente os ensaios são realizados em cinco pontos que são: eixo, trilha de

roda lado esquerdo, bordo esquerdo, trilha de roda lado direito e bordo direito. As

medidas transversais são registradas pelos números 1, 2, 3, 4 e 5, de acordo com sua

posição: o número 1 corresponde ao eixo, o número 2 corresponde à posição da trilha

de roda lado esquerdo (TR - LE), o número 3 corresponde ao bordo esquerdo (BE), o

número 4 identifica a posição da trilha de roda lado direito (TR - LD) e o número 5 ao

bordo direito (BD). O espaçamento entre estas medidas varia de acordo com a largura

da rua, e em média é de um metro.

A Figura 21 ilustra a posição das medidas transversais.

Figura 21 - Posição transversal das medidas DCP na via.

Page 75: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

59

Em cada estaca, aqui considerada a cada 100 metros, realiza-se cinco penetrações.

Para cada penetração, faz-se a representação gráfica da Curva DCP (número de

golpes acumulado x profundidade). (Vide Figura 11).

A partir da representação gráfica de cada Curva DCP, calcula-se o Índice de

Penetração DN em mm/golpe (milímetros por golpe), que é obtido por meio da razão

entre a profundidade e o número de golpes necessários para penetrar até esta

profundidade.

Também, partir de cada Curva DCP, determina-se a espessura do revestimento

primário existente em campo (h), calculada através da diferença das cotas entre as

mudanças de inclinação das retas. (Vide Figura 11). Faz-se também a representação

gráfica do Diagrama Estrutural. (Vide Figura 12).

3.3.2 Determinação do Índice de Penetração (DN) e Espessura do Revestimento Primário Com o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP

A partir dos ensaios de campo, determina-se o Índice de Penetração (DN) e a

espessura da camada de revestimento primário, tanto no sentido longitudinal como na

seção transversal da via. Visualiza-se também os locais onde será necessária a

remoção do material ou a melhoria das condições de compactação da via existente

3.3.3 Definição do CBR e h de Projeto

Através da análise estatística das espessuras do revestimento primário calculadas a

partir das Curvas DCP, obtém-se o valor da espessura do revestimento primário (h) de

projeto. A partir dos DN’s de campo calculados a partir das Curvas DCP e, utilizando-se

a correlação DN x CBR, calcula-se os CBR’s e, através da análise estatística, obtém-se

o CBR de projeto. Assim, a partir destes dados, dimensiona-se o pavimento.

Page 76: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

60

3.3.4 Caracterização das Condições de Compactação do Revestimento Primário

Avalia-se as condições de compactação em campo do revestimento primário, através

do conhecimento do Grau de Compactação e do teor de umidade. No desenvolvimento

da pesquisa, precisa-se comparar as condições de compactação de campo (provocada

pelo tráfego) com as condições de laboratório em que é obtida a curva DN x CBR.

Posteriormente, as condições de compactação dos materiais serão caracterizadas pelo

valor de DN, ou seja, para um mesmo solo, quanto mais elevado for este índice, pior

será a capacidade de suporte, não sendo necessário determinar o Grau de

Compactação.

O procedimento de campo é o seguinte:

• Determinação da Umidade Higroscópica por secagem em estufa. Realiza-se duas

determinações a cada 100 metros nos locais em que executa-se o ensaio de

Penetração com o Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP, imediatamente após a

execução deste ensaio.

• Determinação da Massa Específica Aparente “in situ” através do Método de

Ensaio do Frasco de Areia (DNER – ME 092/64. Faz-se duas determinações nos

mesmos pontos (transversais) onde foram executados o ensaio de Penetração com o

Penetrômetro Dinâmico de Cone - DCP).

3.4. ENSAIOS DE LABORATÓRIO

3.4.1 Ensaios de Caracterização

São executados os ensaios convencionais de Análise Granulométrica (DNER-ME 80-

64), de Limite de Plasticidade (DNER-ME 82-63), e de Limite de Liquidez (DNER-ME

44-71) e, identificada a classificação MCT através do Método Expedito das Pastilhas

(sub-item 2.2.3).

Page 77: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

61

3.4.2 Determinação da Correlação CBR x DN Para o Revestimento Primário

Os ensaios de laboratório possuem caráter obrigatório para expressar a correlação

Índice de Penetração DN e Índice de Suporte Califórnia CBR. É através desta

correlação que se definem a capacidade de suporte do revestimento primário “in-situ”

para a região estudada. As condições de umidade de campo são, quase sempre, de

solos não saturados, porém não necessariamente nas condições de umidade ótima. Há

portanto, necessidade de simular em laboratório, tanto a condição não saturada de

campo, como as condições em que é avaliado o índice de Suporte Califórnia - CBR, ou

seja, 4 dias de imersão. A metodologia empregada para a determinação da correlação

DN x CBR é aquela definida por Trichês e Cardoso (2000), conforme exposto no sub-

item 2.7.4.

Para cada amostra característica da unidade geotécnica, faz-se a determinação da

Correlação DN x CBR. Para tanto é necessária a realização em laboratório dos

seguintes ensaios:

• Ensaio de Compactação (DNER-ME 47-64): emprega-se a metodologia Trichês e

Cardoso (2000), sub-item 2.7.4. Molda-se, para cada um dos cinco pontos da curva de

compactação, dois corpos de prova com as mesmas características de umidade e

massa específica, obtendo-se um total de dez corpos de prova.

• Determinação do Índice de Suporte Califórnia - CBR (DNER-ME 49-74): realiza-se

o ensaio de CBR sem imersão nos corpos de prova ímpares. Os corpos de prova pares

vão para imersão por quatro dias para realizar o ensaio de CBR com imersão.

• Penetrômetro Dinâmico de Cone; realiza-se segundo a operação de ensaio descrita

por Trichês e Cardoso (2000), sub-item 2.7.4, onde, inverte-se os corpos de prova

ímpares após o ensaio de CBR sem imersão e posiciona-se o penetrômetro no círculo

vazado da sobrecarga do ensaio de CBR e realiza-se o ensaio DCP com leituras a

cada golpe. Após a realização do ensaio de CBR com imersão nos corpos de prova

pares, procede-se o ensaio DCP da mesma forma dos corpos de prova ímpares.

Page 78: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

62

A partir destes dados, a correlação DN x CBR é determinada da seguintes forma: faz-

se um cruzamento entre os valores de CBR com imersão e seus respectivos valores de

DN sem imersão, o qual resultará cinco pares de pontos DN x CBR para cada grupo

ensaiado. Assim, com os valores obtidos de todos os grupos, traça-se um gráfico DN

sem imersão x CBR com imersão e através de análise de regressão obtém-se a

correlação DN x CBR, como mostrado na Figura 22. Através desta correlação, obtém-

se o CBR imerso que é o parâmetro utilizado para o dimensionamento dos pavimentos

utilizado nos métodos em nosso país.

A Figura 22 ilustra um exemplo do tipo de correlação a ser obtida.

Figura 22 - Curva de correlação DN x CBR.

Obtém-se outra correlação cruzando todos os valores de DN (com e sem imersão) e de

CBR (com e sem imersão) e determina-se assim o valor do CBR “in situ”, ou seja, nas

condições de umidade encontradas em campo.

3.4.3 Determinação da Correlação CBR x DN Para o Solo de Fundação

Como pode ser visualizado na Figura 14 (sub-item 2.7.7), para valores de CBR

menores que 5 (cinco), as curvas DN x CBR, de diferentes autores e para diferentes

tipos de solo, são praticamente coincidentes. A variação de CBR obtida entre elas, para

um mesmo DN, estaria dentro da própria repetibilidade do ensaio CBR.

DN x CBR

CBR= 300,49DN-1,02

R2 = 1,00

0

5

10

15

20

25

30

35

0 20 40 60 80 100

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

Fonte: Trichês e Cardoso (1998)

Page 79: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

63

Desta forma, para a obtenção do CBR do subleito lançou-se mão da curva obtida por

Trichês e Cardoso (1998).

3.5 PROCEDIMENTO PARA CONSIDERAÇÃO DO REVESTIMENTO PRIMÁRIO EXISTENTE NO DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA

3.5.1 Considerações Iniciais

Para contemplar o aproveitamento do material do corpo estradal já consolidado, no

dimensionamento da estrutura, é necessário levar em consideração certos aspectos

construtivos os quais relaciona-se a seguir.

- o dimensionamento da estrutura só poderá ser feito após a conclusão do

levantamento topográfico e do projeto geométrico da via para definição dos locais

possíveis de corte ou aterro. No caso de locais de corte, é importante observar qual a

espessura do revestimento primário que será removida, uma vez que a espessura do

revestimento primário após o corte poderá não mais atender às necessidades do

projeto. No caso de locais de aterro, é imprescindível que o material de preenchimento

seja compactado até atingir o Índice de Penetração DN igual ou inferior ao existente de

referência (correspondente ao CBR de projeto);

- para que o revestimento primário seja considerado como reforço na estrutura do

pavimento, considerou-se que o valor mínimo para o Índice de Suporte Califórnia - CBR

admitido seja igual a 7% e máximo de 20%. Caso o CBR de projeto do revestimento

primário obtido seja superior a 20%, considera-se como 20%;

- para que o revestimento primário seja considerado como reforço na estrutura do

pavimento, este deverá apresentar uma espessura mínima, de 10 cm;

- se o revestimento primário apresentar uma espessura inferior a 10 cm, o pavimento

será dimensionado a partir da proteção do subleito, desprezando a espessura do

revestimento primário como parte da estrutura;

Page 80: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

64

- se o revestimento primário apresentar espessura igual ou superior a 10 cm, o

pavimento será dimensionado considerando a espessura do revestimento primário com

coeficiente de equivalência estrutural igual a um (K = 1), mas limitando esta

contribuição na estrutura a uma espessura equivalente máxima igual a 20 cm;

- fazer a verificação se a estrutura obtida protege o subleito e o revestimento primário,

adotando uma espessura mínima que proteja os dois.

3.5.2 Dimensionamento da Estrutura

O dimensionamento da estrutura do pavimento a ser implantado defini-se a partir do

conhecimento da capacidade de suporte do solo de fundação, da capacidade de

suporte do revestimento primário existente, da sua espessura e do tráfego estimado

para a via durante o período de projeto.

Utiliza-se o Método do DNER/1979, para o dimensionamento da estrutura, para o

tráfego estimado, em função do número equivalente de operações do eixo padrão de

8,2 t (N8,2) do Corpo de Engenheiros do Exército Americano.

Considera-se os seguintes tipos de tráfego:

- muito leve N 104;

- leve N 105 , e;

- baixo N 106.

Realiza-se o dimensionamento da estrutura a partir da seguinte seqüência de cálculo:

3.5.2.1 Dados de entrada

Das curvas DCP x Profundidade, determina-se o Índice de Penetração de projeto DN

(mm/golpe) e a espessura de projeto da camada de revestimento primário, conforme

Page 81: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

65

descrito no sub-item 3.3.3. Com o uso da correlação determinada para esta unidade

geotécnica (sub-itens 3.4.2) determina-se o valor do CBR do revestimento primário

(CBRrev).

Os dados de entrada são os relacionados a seguir:

- Índice de Suporte Califórnia de projeto do revestimento primário (CBRrev);

- espessura de projeto do revestimento primário (h);

- Índice de Suporte Califórnia de projeto do solo de fundação (CBRp), obtido

da curva DN x CBR proposta por Trichês e Cardoso (1998); e

- N de projeto (Corpo de Engenheiros do Exército Americano).

3.5.2.2 Cálculo da espessura total do pavimento, Ht

A espessura total Ht do pavimento, em termos de material granular, com coeficiente de

equivalência estrutural K = 1, é dada pela equação (3).

Ht = 77,67 x Np0,0482 x CBRp-0,598 Eq. (3)

onde:

Np = número de repetições do eixo simples padrão (ESP) de 8,2 toneladas,

durante o período de projeto; e,

CBRp = Índice de Suporte Califórnia de projeto, do solo de fundação.

3.5.2.3 Aproveitamento da espessura do material consolidado no dimensionamento

Em campo, a camada de revestimento primário (material consolidado pelo tráfego) tem

uma espessura h e apresenta um valor de CBRrev diferente do solo de fundação

(geralmente maior).

Page 82: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

66

Assim, com os dados de CBR do revestimento primário, Np de projeto, utiliza-se a

equação (3) para calcular a espessura total do pavimento, Ht' e, pode-se proteger o

revestimento primário quanto à ruptura por cisalhamento e deformação excessiva.

A Figura 23 mostra a espessura total do pavimento necessária para proteger o

revestimento primário com capacidade de suporte igual a CBRrev.

Figura 23 - Ht' - espessura total do pavimento necessária para proteger o

revestimento primário com CBRrev.

De acordo com a metodologia de dimensionamento, tem-se que a espessura da

camada de reforço, ou de sub-base, (Href), é dada por:

Href = Ht – Ht’ Eq. (4)

onde:

Href = espessura da camada de sub-base, ou de reforço do solo de fundação;

Ht = espessura total do pavimento necessária para proteger o solo de fundação

com CBRp; e,

Ht' = espessura total do pavimento necessária para proteger o revestimento

primário com CBRrev.

Page 83: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

67

Assim, Href seria a espessura da camada de sub-base, ou de reforço do solo de

fundação, que o revestimento primário deveria apresentar para que o dimensionamento

das camadas de sub-base, base e revestimento, pudesse ser feito a partir da

espessura Ht'.

Por outro lado, a Figura 24 representa a condição de campo, onde o revestimento

primário tem uma espessura h.

Figura 24 - Condição de campo, onde o revestimento primário tem uma

espessura h.

Comparando-se as Figuras 23 e 24 tem-se as seguintes considerações:

Se h Href, então h do revestimento primário atende a espessura de

reforço calculada pela equação (4) e Ht' seria então a

espessura necessária para proteger o revestimento

primário com CBR rev.

Se h < Href, então h do revestimento primário não atende a espessura

de reforço calculada pela equação (4) e Ht' tem que

ser redimensionada.

Page 84: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

68

3.5.2.4 Redimensionamento de Ht' (quando h < Href)

A hipótese para o redimensionamento de Ht' é que se um material de reforço com dado

CBR necessita de uma espessura Href para protegê-lo e no campo se tem uma

espessura menor, pode-se considerar esta espessura menor, porém com um CBR

também menor, denominado aqui de CBR estimado (CBRest). Assim, dá-se esta

espessura pela equação (5):

Ht’’ = Ht - h Eq. (5)

onde:

Ht’’ = espessura total do pavimento necessária para proteger uma camada de

revestimento primário com CBRest, assente sobre um solo de fundação;

Ht = espessura total do pavimento necessária para proteger o solo de fundação

com CBR =CBRp; e,

h = espessura de revestimento primário em campo com capacidade de suporte

igual a CBRrev.

Partindo-se com os dados na ordem inversa, isto é, espessura Ht'', Np, e utilizando-se

a equação (3), calcula-se o valor do CBRest do revestimento primário, o qual

substituiria o valor determinado em campo, mas com o aproveitamento da sua

espessura do revestimento primário. O valor do CBRest seria dado pela equação (6).

- 1/ 0,598

CBRest = Ht’’

77,67 x Np 0,0482 Eq. (6)

Page 85: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

69

onde:

CBR est = espessura da camada de sub-base, ou de reforço do solo de fundação;

Ht” = espessura total do pavimento necessária para proteger uma camada de

revestimento primário com CBRest, assente sobre um solo de fundação

com CBRp; e,

Np = número de repetições do eixo simples padrão (ESP) de 8,2 toneladas,

durante o período de projeto.

E a estrutura dimensionada a ser detalhada passa, então, a ser àquela mostrada na

Figura 25.

Figura 25 - Estrutura dimensionada quando a espessura do revestimento primário

existente é inferior a Href.

3.5.2.5 Considerações sobre o alargamento da plataforma

Para efeitos construtivos, o alargamento da plataforma deve permitir a entrada de um

equipamento de compactação. O material a ser empregado terá que apresentar a

capacidade de suporte enquadrada nos dois casos expostos a seguir.

Page 86: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

70

• Caso em que h ≥ Href

Nesta situação, o material a ser empregado deverá apresentar uma capacidade de

suporte, no mínimo, igual a do revestimento primário. A espessura desta camada

deverá ser, no mínimo, igual a do próprio revestimento primário.

• Caso em que h < Href

Nesta situação, o material a ser empregado deverá apresentar uma capacidade de

suporte no mínimo igual a do CBR estimado para a camada do revestimento primário

existente. A espessura da camada deverá ser no mínimo igual à do revestimento

primário existente.

3.6 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO

Utilizou-se a metodologia Davison Dias (1995) para a estimativa de unidades

geotécnicas (item 2.6). Realizou-se a estimativa da unidade geotécnica com base nos

levantamentos geológicos e pedológicos existentes. Verificou-se esta estimativa

através de estudos de campo e estudos de caracterização em laboratório.

Todavia, este item não faz parte da metodologia em si de dimensionamento, mas ele é

importante para verificar se, na área de estudo, existe mais de uma unidade

geotécnica.

A proposta da metodologia de unidades geotécnicas é definir universos de solos,

comparando solos de mesma gênese e, desta forma, permitir o uso de um banco de

dados. Por exemplo, se no município houver outra unidade geotécnica como a descrita

no bairro em que se desenvolveu a metodologia, pode-se utilizar as mesmas

correlações obtidas, sem a necessidade de repetir os ensaios de caracterização e para

obter a curva DN x CBR. Para o município isto levará a uma grande economia na

questão da redução de ensaios tecnológicos e rápida solução de problemas

geotécnicos uma vez que uma mesma unidade tenderá a apresentar o mesmo

comportamento geotécnico.

Page 87: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

71

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DA METODOLOGIA

Na região estudada, Sertão do Imaruim, foram investigadas seis ruas não

pavimentadas em uma extensão total de aproximadamente cinco quilômetros. As ruas

investigadas foram: José Matias Zimermann; Maria A. Back; Lino Pedro da Silva; José

Kirchner; Paulo Koester e Valtelino Demétrio.

Além do fato de estarem inseridas na mesma unidade geotécnica, estas ruas

apresentavam certos aspectos em comum quais sejam: a) o leito central consolidado

pelo tráfego, b) os bordos não consolidados pela ausência de tráfego e, c) a presença

de material de reforço colocado pela Prefeitura e já consolidado pelo tráfego.

4.1.1 Ensaios de Laboratório

4.1.1.1 Ensaios de Caracterização

Os resultados obtidos nos ensaios de caracterização: Análise granulométrica, Limite de

Liquidez, Índice de Plasticidade e, as classificações HRB e USC são apresentados no

Quadro 7. (Vide anexo B).

Page 88: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

72

Rua Esta

ca

%Pass.

#200 LL (%) IP (%)

Class.

HRB

Class.

USC

Maria A, Back 3 47,10 40 16 A -6 SC

Maria A, Back 6 39,10 25 2 A - 4 SC

Maria A, Back 9 44,60 35 16 A - 6 SM

José Kirchner 1 22,90 30 9 A - 2 SC

Lino Silva 1 28,54 25 6 A -2 - 4 SM

Lino Silva 4 39,90 35 6 A - 4 SM

Maria A, Back 12 25,00 40 19 A - 2 - 6 SC

José Kirchner 5 17,00 20 NP A - 3 SM

Valtelino Demétrio 3 14,30 25 NP A - 3 SM

Valtelino Demétrio 7 36,00 25 0 A - 3 SM

Lino Silva 7 15,60 25 NP A - 3 SM

Lino Silva 10 17,47 20 NP A - 3 SM

Paulo Koester 2 20,90 20 NP A - 3 SM

Paulo Koester 4 17,03 25 NP A - 3 SM

Quadro 7 - Resultados dos ensaios de caracterização.

4.1.1.2 Classificação MCT

O Método Expedito das Pastilhas utilizado foi o de Nogami e Villibor (1994). Foram

realizados os ensaios das pastilhas para todas as amostras.

A Figuras 26 e 27, ilustram a moldagem das pastilhas em anéis de 20 milímetros de

diâmetro e, o processo de reabsorção de água pelas pastilhas, respectivamente.

Page 89: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

73

Figura 26 - Moldagem das pastilhas para Classificação MCT.

Figura 27 – Processo de reabsorção de água, durante o ensaio das pastilhas.

O Quadro 8 apresenta a classificação preliminar MCT obtida nos ensaios, para todas

as amostras. (Vide anexo B).

Page 90: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

74

Rua Estaca Class. MCT

Maria A, Back 3 NS’-NG’

Maria A, Back 6 NS’-NA’

Maria A, Back 9 NS’-NA’

José Kirchner 1 NA’-NS’

Lino Silva 1 NG’-NS’

Lino Silva 4 LA’-LG’

Maria A, Back 12 NS’-NA’

José Kirchner 5 LA’

Valtelino Demétrio 3 LA’

Valtelino Demétrio 7 NS’-NA’

Lino Silva 7 NS’-NA’

Lino Silva 10 NA-NS’

Paulo Koester 2 NA-NS’

Paulo Koester 4 NA-NS’

Quadro 8 - Resultados da Classificação MCT.

Os Sistemas Tradicionais de Classificação, USC e HRB, utilizam a granulometria e a

plasticidade da fração de solo inferior a 0,42 mm como elementos classificadores do

mesmo (Limite de Liquidez, Limite de Plasticidade e Índice de Plasticidade e P200).

Esses sistemas foram desenvolvidos para solos de regiões de clima temperado e,

como já amplamente discutido na literatura técnica, em condições tropicais, estes

índices não mais se aplicam. (Nogami e Villibor, 1995 e, Godoy e Bernucci, 2000).

No Gráfico de Plasticidade de Casagrande, os solos lateríticos e não lateríticos

encontram-se na mesma posição em relação à linha “A”, o que não acontece no

Gráfico de Classificação MCT. (Vide Anexo B). Assim, próximo a esta linha, ocorrendo

uma pequena variação na obtenção dos resultados dos ensaios, as classificações USC

e HRB ficam prejudicadas.

Como exemplo, comprovou-se, em um trecho na rua Lino Silva - estaca 7, que através

da Classificação HRB, tem-se um subleito de qualidade excelente a bom (A - 3) e, no ensaio das pastilhas, entretanto, observou-se tratar-se de um solo siltoso de

comportamento não laterítico (NS’), que em obras rodoviárias é de difícil compactação

Page 91: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

75

e não são em geral recomendados como camada de estrutura de pavimento. (Godoy e

Bernucci, 2000).

4.1.1.3 Compactação e CBR

Após a coleta das amostras para cada rua, realizou-se o ensaio de Compactação

(DNER-ME 47-64) e do Índice de Suporte Califórnia - CBR (DNER-ME 49-74). Os

resultados obtidos são apresentados no Quadro 9.

RUA ESTACA CBR (%) hótm (%) MEAS (g/cm³)

Maria A, Back 1 18,3 10,4 1,960

Maria A, Back 3 14,3 17,5 1,730

Maria A, Back 6 7,0 16,8 1,720

Maria A, Back 9 8,1 18,5 1,665

Maria A, Back 12 14,9 12,5 1,858

José Matias Zimermann 3 11,0 14,0 1,826

José Matias Zimermann 9 17,3 11,8 1,944

José Matias Zimermann 11 10,7 18,0 1,694

José Kirchner 1 9,7 13,5 1,885

José Kirchner 5 20,9 9,2 2,015

Valtelino Demétrio 3 38,1 10,2 1,956

Valtelino Demétrio 7 33,9 14,4 1,840

Lino Silva 1 17,5 16,2 1,720

Lino Silva 4 10,5 17,0 1,776

Lino Silva 7 18,1 10,0 1,958

Lino Silva 10 18,1 10,0 1,958

Paulo Koester 2 19,1 10,0 2,013

Paulo Koester 4 45,6 9,7 2,000

Quadro 9 - Resultados dos ensaios de laboratório para todas as amostras.

Page 92: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

76

Com o objetivo de reduzir o número de curvas de calibração a serem definidas, fez-se

um agrupamento das amostras, baseado em critérios como teor de umidade ótimo, %

passante na peneira nº 200, limites de Atterberg e CBR, para reunir amostras

semelhantes.

Desta seleção, resultaram dois grupos principais de solo. Grupo 1, com CBR de 7 a

11% e umidade ótima ao redor de 17%; e, Grupo 2 com CBR de 16 a 20% e umidade

ótima ao redor e 10%.

Considerando ainda que se estava dentro de uma mesma unidade geotécnica, Cg/Cgn,

duas amostras foram utilizadas para obter as correlações DN x CBR para o

revestimento primário, na área em estudo.

Não foram consideradas amostras com CBR superior a 20% porque, na concepção da

metodologia, adotou-se que o revestimento primário poderia ser no máximo uma

camada de sub-base. Assim se o CBR for superior a 20%, considera-se como CBR

igual 20%.

A amostra característica do Grupo 1 foi Rua Lino Silva - estaca 4 e, do Grupo 2 foi Rua

Paulo Koester - estaca 2.

4.1.1.4 Ensaios para determinação das correlações DN x CBR

• Ensaio de Compactação

Empregou-se a metodologia descrita por Cardoso e Trichês (2000), para expressar a

correlação DN x CBR. Para isto, foram ensaiadas duas amostras características, como

definido anteriormente.

Apresenta-se no Quadro 10 os valores da umidade ótima e da massa específica

aparente seca máxima, obtidos nos ensaios com imersão e sem imersão para as

amostras 1 e 2. (Vide anexo C).

Page 93: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

77

AMOSTRA/GRUPO MEAS (g/cm³) h ótm (%)

1 s/imersão 1,710 16,0

1 c/imersão 1,705 16,5

2 s/imersão 2,005 10,0

2 c/imersão 2,000 10,2

Quadro 10 - Resultados dos ensaios de Compactação para as amostras 1 e 2.

• Determinação do Índice de Suporte Califórnia (DNER ME 49-74)

Na seqüência da metodologia Trichês e Cardoso (2000), para cada amostra; rompeu-

se cinco os corpos de prova de acordo com o Método de Ensaio 49-74 do DNER, ou

seja, após quatro dias de imersão e, os outros cinco corpos de prova foram rompidos

sem imersão, logo após a moldagem. (Vide anexo C).

Apresenta-se no Quadro 11 os valores do CBR, obtidos nos ensaios com imersão e

sem imersão para as amostras 1 e 2.

AMOSTRA CBR (%)

1 s/imersão 12,0

1 c/imersão 11,0

2 s/imersão 22,0

2 c/imersão 20,0

Quadro 9 - Resultados dos ensaios de CBR para as amostras 1 e 2.

• Ensaio de Penetração com o DCP

Após a execução do ensaio para determinação do Índice de Suporte Califórnia - CBR,

invertia-se os corpos de prova e realiza-se o ensaio de Penetração DCP.

A Figura 28 ilustra o ensaio de penetração com o Penetrômetro Dinâmico de Cone em

laboratório.

Page 94: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

78

Figura 28 – Ensaio de Penetração com o DCP em laboratório.

Os resultados destes ensaios; para os cinco pontos da curva de compactação, para as

amostras 1 e 2, estão apresentados nos Quadros 12, 13, 14 e 15.

AMOSTRA 1 (sem imersão)

Corpo de prova h (%) MEAS (g/cm³) CBR (%) DN (mm/golpe)

1 11,77 1,540 8,0 23,7

2 13,65 1,598 12,0 17,0

3 15,40 1,699 15,0 15,0

4 17,21 1,701 4,0 40,0

5 19,72 1,647 0,8 100,0

Quadro 12 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 1 em corpos de prova

sem imersão

Page 95: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

79

AMOSTRA 1 (com imersão)

Corpo de prova h (%) MEAS (g/cm³) CBR (%) DN (mm/golpe)

1 12,52 1,523 6,0 43,0

2 14,09 1,616 9,8 29,0

3 16,09 1,701 11,0 20,0

4 18,41 1,674 3,0 71,3

5 20,30 1,575 0,9 95,0

Quadro 13 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 1 em corpos de prova

com imersão.

AMOSTRA 2 (sem imersão)

Corpo de prova h (%) MEAS (g/cm³) CBR (%) DN (mm/golpe)

1 5,65 1,900 11,0 23,3

2 8,04 1,968 17,0 14,3

3 9,99 2,001 22,0 10,6

4 11,60 1,948 15,0 20,0

5 13.,53 1,914 3,0 52,5

Quadro 14 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 2 em corpos de prova

sem imersão.

AMOSTRA 2 (com imersão)

Corpo de prova h (%) MEAS (g/cm³) CBR (%) DN (mm/golpe)

1 5,68 1,895 3,8 80,0

2 7,85 1,941 10,0 36,0

3 10,27 2,000 20,0 12,0

4 12,40 1,966 6,0 66,0

5 14,03 1,913 1,2 90,0

Quadro 15 - Resultados dos ensaios de laboratório da amostra 2 em corpos de prova

com imersão.

Page 96: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

80

4.1.1.5 Correlações obtidas em laboratório

• DN sem imersão / CBR com imersão

Representa a condição em que se faz a determinação do Índice de Penetração - DN no

campo (não imerso), e a capacidade de suporte (CBR) empregada no

dimensionamento (submerso).

As Figuras 29 e 30, apresentam as curvas DN s/imersão x CBR c/imersão dos Grupos

1 e 2, respectivamente.

Figura 29 - Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para o Grupo 1.

DNs/imersão x CBRc/imersão (Grupo 1)

CBR= 456,63(DN)-1,36

R2 = 1,00

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

Page 97: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

81

Figura 30 - Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para o Grupo 2.

A Figura 31 apresenta a curva para todos os pontos dos dois Grupos.

Figura 31 - Correlação DN s/imersão x CBR c/imersão, obtida para os dois Grupos.

DN s/imersão x CBRc/imersão (Grupo 2)

CBR= 1075,34(DN)-1,74

R2 = 0,99

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

DN s/imersão x CBR c/imersão (Amostras 1 e 2)

CBR = 467,20(DN)-1,41

R2 = 0,95

0

3

6

9

12

15

18

21

24

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110DN (mm/golpe)

CBR

(%)

Page 98: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

82

4.1.1.6 Comparação com as Correlações Existentes

A Figura 32 mostra a correlação obtida para os dois grupos e, as correlações

existentes na literatura técnica.

Figura 32 - Comparação da correlação obtida, com as correlações existentes entre DN

e CBR.

4.1.1.7 Gráfico DCP

A partir das correlações obtidas, para cada um dos dois Grupos (dimensionamento), foi

traçado um gráfico relacionando o número de golpes acumulados e a profundidade,

onde, através destas duas variáveis, é possível obter diretamente o valor do Índice de

Suporte Califórnia - CBR.

Estes gráficos foram baseados no DCP chart (2000) do Professor Stepan Emery, da

África do Sul.

As Figuras 33 e 34 mostram os gráficos para o dimensionamento da estrutura nesta

região.

DN x CBR

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

5 15 25 35 45 55 65

DN (mm/golpe)

CBR

(%)

Kleyn et. al. - África do Sul

Angelone et. al. - Argentina

Harison - Indonésia

Heyn - Brasil

Trichês e Cardoso - "in situ" -Brasil

Trichês e Cardoso -"dimensionamento" - BrasilOliveira e Vertamatti - Brasil

Trichês e Fontes 2001 - Grupo 1

Trichês e Fontes 2001 - Grupo 2

Page 99: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

83

GRÁFICO DCP - GRUPO 1

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

00 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Número de golpes

Prof

undi

dade

(mm

)

Cone - 60ºPeso - 8 KgQueda - 575 mm

30

60

80

C Golpes B R Penetração% (mm) 3 201 402 7 108 21610 83 16615 62 12320 50 10025 42 8530 37 7440 27 5560 22 4480 18 36

5 10

CBR

40

Figura 33 – Gráfico DCP para o Grupo 1

Page 100: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

84

GRÁFICO DCP - GRUPO 2

-600

-550

-500

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

00 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Número de golpes

Prof

undi

dade

(mm

)

Cone - 60ºPeso - 8 KgQueda - 575 mm

20

25

30

60

80

C Golpes B R Penetração% (mm) 3 147 294 7 90 18110 74 14715 58 11720 49 9925 43 8730 39 7840 31 6260 26 5380 22 45

5 10

CBR

40

Figura 34 – Gráfico DCP para o Grupo 2

Page 101: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

85

4.1.2 Ensaios de Campo

4.1.2.1 Penetrômetro Dinâmico de Cone

Os resultados dos ensaios de campo foram avaliados com base nos conceitos

propostos por Kleyn (1982) descritos no sub-item 2.7.6. A interpretação destes

resultados permitiu efetuar a verificação do comportamento do subleito e do

revestimento primário “in-situ” e a espessura do revestimento primário existente no

campo.

A Figura 35 ilustra o procedimento do ensaio de Penetração DCP em campo. Em cada

via investigada, longitudinalmente, a cada 100 metros (uma estaca) e transversalmente

em cinco posições ( 1 - eixo; 2 - trilha de roda lado esquerdo; 3 - bordo esquerdo; 4 -

trilha de roda lado direito e 5 - bordo direito), foi realizado o ensaio de Penetração com

o Penetrômetro Dinâmico de Cone. A distância entre cada posição foi de

aproximadamente 1 metro, em média.

Pode-se observar na Figura 35 (bordo direito BD), uma vala de escoamento de água e

esgoto, o que ocorre com muita freqüência em vias urbanas não pavimentadas.

Analisou-se cada seção transversal, avaliando-se a espessura de revestimento

primário existente a ser aproveitada no dimensionamento da estrutura do pavimento e

o respectivo DN.

Para tanto, em cada ponto investigado, traçou-se uma curva DCP, obtendo-se assim o

Índice de Penetração DN e a profundidade de cada camada atravessada, como mostra

a Figura 36. (Vide anexo D).

Page 102: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

86

Figura 35 - Procedimento do ensaio DCP em campo, em uma estaca.

Page 103: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

87

Figura 36 - Obtenção do DN e espessura do revestimento primário e, DN do solo de fundação.

Na curva da Figura 36, a inclinação das retas representa o Índice de Penetração - DN

(em milímetros por golpe) para a respectiva profundidade. A primeira camada

atravessada é a camada do revestimento primário. A diferença entre as cotas da

primeira reta fornece a profundidade do revestimento primário e a diferença entre as

abscissas, o número de golpes necessários para atingir esta profundidade. Como a

mudança de inclinação das retas indica mudança do tipo de material, a camada

seguinte refere-se ao solo de fundação.

Observa-se, então, na Figura 36, a presença de duas camadas. A primeira camada

(revestimento primário) possui uma espessura h com cerca de 200 mm e DN de 9

mm/golpe. A espessura da segunda camada não pode ser definida devido ao limite da

lança do equipamento. Entretanto, pode-se avaliar o DN, utilizando-se número de

golpes necessários para alcançar a profundidade do último ponto investigado, 450

milímetros, que no caso é 32 mm/golpe.

D N x T eo r d e U m id ad e d e cam p o

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40D N (m m /golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

G rupo 1G rupo 2

Page 104: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

88

4.1.2.2 Teor de Umidade

Realizou-se, a verificação do teor de umidade de campo, em duas posições aleatórias

em cada estaca. O Quadro 16 fornece a média dos teores de umidade de campo nas

ruas investigadas.

GRUPO 1 GRUPO 2

RUA TEOR DE

UMIDADE

MÉDIO (%)

DESVIO

PADRÃO

TEOR DE

UMIDADE

MÉDIO (%)

DESVIO

PADRÃO

Maria Back 15,82 3,49 7,42 1,45

José Matias Zimermann 16,35 1,83 9,89 1,51

José Kirchner 15,92 3,28 11,26 4,06

Valtelino Demétrio - - 6,72 1,63

Lino Silva 16,58 3,24 10,09 0,63

Paulo Koester - - 7,89 1,61

Quadro 16 - Teores médios de umidade de campo, por rua.

O Quadro 17 fornece a média dos teores de umidade de campo por grupo.

GRUPO TEOR DE UMIDADE

MÉDIO (%)

DESVIO

PADRÃO

1 16,25 2,98

2 8,61 2,39

Quadro 17 - Teores médios de umidade de campo, por grupo.

4.1.2.3 Grau de Compactação

Realizou-se, a verificação do grau de compactação das ruas investigadas através da

determinação da massa específica aparente seca (MEAS) “in-situ” através do Método

do Frasco de areia, em duas posições aleatórias em cada estaca.

O objetivo foi de comparar a compactação propiciada pelo tráfego, com a compactação

referente à energia do Proctor Normal.

Page 105: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

89

A Figura 37 ilustra a determinação da MEAS através do Método do Frasco de Areia e

em primeiro plano, observa-se a execução do ensaio DCP.

Figura 37 - Determinação da MEAS, através do Método do Frasco de Areia.

Apresenta-se no Quadro 18, o Grau de Compactação do revestimento primário nas

ruas investigadas.

RUA GRAU DE

COMPACTAÇÃO (%)

DESVIO

PADRÃO

ENSAIOS

Maria Back 102,0 11,92 8

José Matias

Zimermann 101,9 2,01 9

José Kirchner 98,0 13,54 2

Valtelino Demétrio 105,3 11,45 2

Lino Silva 103,5 9,38 10

Paulo Koester 98,0 9,80 2

Quadro 18 - Grau de Compactação de campo.

Page 106: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

90

4.1.2.4 Definição do CBR de projeto do revestimento primário

O CBR de projeto é definido a partir das curvas DN x CBR. É necessário para tanto,

definir-se, inicialmente, qual o valor de DN de campo em cada ponto avaliado (3 a 5 por

estaca). Com o valor de DN, entra-se na curva de correlação e, determina-se o CBR no

ponto ensaiado.

Com os valores obtidos em cada ponto, fez-se um tratamento estatístico, definindo-se o

CBR de projeto. Ocorre que não é possível aceitar qualquer valor de DN de campo,

pois os mesmos sofrem influência do teor de umidade.

A primeira tentativa para definir o DN de campo, ou DN de projeto, e a espessura (h)

do revestimento primário em campo foi feita através da análise estatística de todos os

dados coletados e determinados. Entretanto, não foi possível empregar esta

metodologia porque muitos dos valores da umidade higroscópica determinada em

campo estavam abaixo de dois pontos percentuais em relação à umidade ótima

determinada em laboratório a partir do Ensaio de Compactação (Energia do Proctor

Normal).

Na segunda tentativa, procedeu-se à análise estatística dos dados, mas

desconsiderando-se a contribuição dos pontos centrais (eixo), onde a consolidação

proporcionada pelo tráfego é maior e poderia afetar o valor do DN de campo e

conseqüentemente, fornecer um valor de CBR majorado. Concluiu-se não ser este o

fator gerador do “erro”.

Kleyn (1982), quando realizou pesquisa em restauração de pavimentos aproveitando o

material “in situ”, enfatizou que o perfil de resistência “in situ” ao ser avaliado contra o

perfil de resistência de dimensionamento é sensível à relação entre o regime de

umidade de pesquisa e a umidade de serviço do pavimento. Para isto, sugeriu

percentagens a serem utilizadas no perfil de resistência em função das condições de

umidade dos materiais “in situ”.

Page 107: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

91

Considerando-se que, no caso de restauração de pavimentos, é provável que o teor de

umidade encontrado no campo seja próximo ou em torno do teor de umidade ótimo e,

considerando ainda que os materiais foram, na época da construção, compactados no

teor ótimo, o revestimento flexível contribuiria para a manutenção nas camadas

inferiores destes teores de umidade. Entendeu-se não ser esta a mesma situação

encontrada em vias a serem pavimentadas.

Estabeleceu-se por fim, definir o DN de campo a partir da representação de um gráfico

cartesiano, onde se indicou nas abscissas os valores de DN encontrados em campo e

nas ordenadas, seus respectivos teores de umidade. O ponto central, correspondente

ao eixo, não foi plotado, pois, como foi visto anteriormente, a densificação neste local é

mais elevada e, por conseguinte, apresenta um valor de DN muito baixo em relação

aos bordos. A Figura 38 mostra o gráfico DN de campo x Teor de Umidade de campo.

Figura 38 - DN de campo x Teor de Umidade de campo.

A partir deste gráfico, os limites aceitáveis de DN são definidos segundo os seguintes

critérios:

DN x Teor de Umidade de campo

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40DN (mm/golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

Grupo 1Grupo 2

Page 108: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

92

a) Estar dentro dos limites ±2% em relação à umidade ótima

No gráfico da Figura 38, traça-se o intervalo correspondente a ±2% em relação à

umidade ótima para cada Grupo. Os intervalos dos teores de umidade são

{14,5;18,5%} e {8,2;12,2%}, para os Grupos 1 e 2, respectivamente.

A Figura 39 mostra os limites de umidade para os dois Grupos. Ela ilustra já uma certa

seleção dos DN’s que devem ser aproveitados para o cálculo do CBR de projeto.

Figura 39 - Intervalos limites de umidade, para os dois Grupos.

Através das curvas de compactação e de CBR com imersão com os limites, mostrados

na Figura 40, pode-se observar que para o Grupo 1, com este critério, aceita-se uma

variação do Grau de Compactação entre 96 e 98% e, valores de CBR até de 3%; o que

seria impróprio.

DN x Teor de Umidade de campo

02468

101214161820222426

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39DN (mm/golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

Grupo 1Grupo 2

Int ervalo hót m = 16,5± 2%

Int ervalo hót m = 10,2± 2%

Page 109: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

93

Figura 40 - Verificação do critério de teor de umidade para DN’s aceitáveis de campo,

através das curvas de Compactação e CBR, para o Grupo 1.

Para o Grupo 2, com este critério, aceita-se uma variação do Grau de Compactação

entre 97,5 e 98,5% e, valores de CBR até de 7%, como pode ser visto na Figura 41.

Curva de Compactação (Grupo 1 - com imersão)

1,501,521,541,561,581,601,621,641,661,681,701,72

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Teor de Umidade (%)

ME

AS

(g/c

m³)

Curva de CBR (Grupo 1 - com imersão)

0123456789

101112

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Teor de Umidade

CB

R (%

)

Page 110: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

94

Figura 41 - Verificação do critério de teor de umidade para DN’s aceitáveis de campo,

através das curvas de Compactação e CBR, para o Grupo 2.

Desta forma, mesmo dentro do intervalo de ± 2% de umidade ótima, há necessidade de

limitar o DN de campo, limitando assim, valores mínimos de CBR aceitáveis de campo.

b) Limite de até 40% na diminuição do CBR

Este critério é avaliado através das curvas de correlação DN x CBR, obtidas em

laboratório para cada Grupo.

Curva de Compactação (Grupo 2 com imersão)

1,880

1,900

1,920

1,940

1,960

1,980

2,000

2,020

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Teor de Umidade (%)

ME

AS

(g/c

m³)

Curva de CBR (Grupo 2 com imersão)

02468

10121416182022

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Tero de Umidade (%)

CB

R (%

)

Page 111: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

95

A Figura 42 mostra que, para o Grupo 1 o critério de diminuição de até 40% no valor do

CBR, os DN’s aceitáveis de campo estariam dentro do intervalo de valores entre 15 e

24 mm/golpe.

Figura 42 - Limites de DN para diminuição de até 40% do valor do CBR, para o Grupo 1.

Por sua vez, a Figura 43 mostra que, para este critério, os DN’s aceitáveis de campo

estariam dentro do intervalo de valores entre 10 e 14 mm/golpe, para o Grupo 2.

DNs/imersão x CBRc/imersão (Grupo 1)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

Page 112: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

96

Figura 43 - Limites de DN para diminuição de até 40% do valor do CBR, para o Grupo 2.

c) Limites dos valores de DN a partir da curva DN x h de laboratório

A partir deste critério, define-se os limites de DN’s aceitáveis de campo a partir da

curva DN sem imersão x teor de umidade de laboratório, mostrada na Figura 44. Traça-

se no eixo dos teores de umidade, o intervalo de umidade ótima (±2), anteriormente

definido, até a curva e, tem-se os limites de DN’s aceitáveis de campo.

Figura 44 - Limites de DN’s através do critério da curva DN x h de laboratório.

DN s/imersão x CBRc/imersão (Grupo 2)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

DN (mm/golpe)

CB

R (%

)

DNs/imersão x Teor de Umidade (Grupo 1)

02468

10121416182022

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

DN (mm/golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

DNs/imersão x Teor de Umidade (Grupo 2)

02468

10121416

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

DN (mm/golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

Page 113: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

97

Neste critério, para o Grupo 1, admite-se o intervalo de DN’s entre 15 e 63 mm/golpe e,

para o Grupo 2, admite-se o intervalo entre10 e 25 mm/golpe.

Assim, a partir da combinação destes três critérios, é possível então, definir os valores

de DN’s que seriam aceitos em campo para definição do CBR de projeto. A Figura 45,

mostra o intervalo de DN’s aceitáveis de campo, definidos a partir dos três critérios.

Figura 45 - Intervalo de DN’s aceitáveis de campo.

Na Figura 45, para o Grupo 1 e dentro do intervalo de umidade ótima, valores de DN

acima de 24 mm/golpe, indicam uma má compactação do revestimento primário e

portanto, não são aceitos para a definição do CBR de projeto. Valores inferiores a 15

mm/golpe, significa que o material do revestimento primário está compactado com

energia superior à do Proctor Normal e portanto, poderiam ser aceitos para definição

de CBR de projeto.

Ainda na Figura 45, para o Grupo 2, valores de DN acima de 14 mm/golpe, indicam

uma má compactação do revestimento primário e portanto, não aceitos para a definição

do CBR de projeto. Valores inferiores a 10 mm/golpe, indicam que o material do

revestimento primário está compactado com energia superior à do Proctor Normal e

portanto, poderiam ser aceitos para definição de CBR de projeto.

DN x Teor de Umidade de campo

02468

101214161820222426

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39DN (mm/golpe)

Teor

de

Um

idad

e (%

)

Grupo 1Grupo 2

Int ervalo hót m = 16,5± 2%

Int ervalo hót m = 10,2± 2%

Page 114: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

98

Assim, a partir destes valores de DN’s aceitáveis e, para cada um destes valores,

utilizam-se as correlações DN x CBR obtidas para cada Grupo (sub-item 4.1.1.5) e

definem-se os respectivos valores de CBR. (Vide anexo E).

Com estes valores, determina-se o CBR de projeto do revestimento primário (CBRrev)

através da equação 7.

CBRrev = CBR - 1,29 x Sd - 0,68Sd Eq. (7)

onde:

CBRrev = CBR de projeto do revestimento primário;

CBR = CBR médio;

Sd = Desvio Padrão;

N = Nº de amostras.

Realizou-se o tratamento estatístico dos dados (vide anexo E) e obtiveram-se os

valores de CBR de projeto para o revestimento primário, mostrado no Quadro 19.

GRUPO CBR de projeto (%)

1 8,0

2 16,0

Quadro 19 - Valores de CBR de projeto do revestimento primário.

Definido CBR de projeto é possível delimitar em cada seção transversal da via, a região

que se encontra adequadamente compactada. Para tanto, define-se na curva DN x

CBR, qual o DN de referência para o CBR de projeto.

A Figura 46, mostra cinco determinações do DN de uma seção transversal na rua Lino

Silva, cujo material do revestimento primário é do Grupo 2, e o CBR de projeto é

16,0%.

N

Page 115: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

99

Figura 46 - Resultados do ensaio DCP em campo, em uma estaca, na rua Lino Silva.

Page 116: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

100

A Figura 47 mostra como se determina o DN de referência para esta rua.

Figura 47 - DN de referência para CBR de projeto igual a 16%.

Assim, pode ser visto na Figura 46 que, o bordo direito apresenta um DN de 17,5

mm/golpe e, portanto, muito acima do DN de referência de 11 mm/golpe, indicando má

compactação ou excesso de umidade nesta região, o que pode ser explicado pela

presença de água no bordo (vala de água pluvial e/ou esgoto). Desta forma, esta

região deverá ser escarificada e recompactada, de forma que se atinja um CBR de

16,0%.

Observa-se na Figura 46, que no eixo o valor de DN é baixo (4,5 mm/golpe), indicando

que a camada de revestimento primário está com um alto grau de densificação pela

atuação do tráfego neste local. Daí o porque se retirou da análise estatística efetuada

para o cálculo do CBR de projeto, os valores dos DN’s obtidos no eixo.

Nas trilhas de roda, locais de atuação constante do tráfego, encontram-se valores de

DN baixos, que indicam uma boa compactação. Observa-se então na Figura 46, que as

trilhas de roda normalmente definem até onde a camada de revestimento primário está

consolidada.

DN s/imersão x CBR c/imersão (Grupo 2)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57

DN (mm/golpe)

CBR

(%)

11

Page 117: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

101

4.1.3 Definição da Espessura de Projeto do Revestimento Primário

Inicialmente, em cada ponto ensaiado com o DCP, definiu-se a espessura do

revestimento primário como mostrado na Figura 36.

No procedimento desenvolvido, considerou-se que a espessura do revestimento

primário existente na via urbana, só poderá ser definida após a conclusão do projeto

geométrico. Isto porque, em pontos onde houver corte, a espessura será diminuída.

Após a determinação das espessuras de campo em cada ponto ensaiado, calculou-se

a espessura do revestimento primário de projeto para cada rua (Vide anexo E),

segundo a equação (8).

O valor da espessura de projeto (h) do revestimento primário, corresponde a:

h = h - 1,29 x Sd - 0,68Sd Eq. (8)

onde:

h = espessura de projeto do revestimento primário, da rua;

h = espessura média do revestimento primário da rua;

Sd = Desvio Padrão;

N = Nº de amostras.

Os valores das espessuras de projeto do revestimento primário são apresentadas no

Quadro 20.

N

Page 118: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

102

RUA ESPESSURA DE

PROJETO (CM)

DESVIO

PADRÃO

MÉDIA

Maria Back 14,0 5,89 19,05

José Matias Zimermann 17,5 6,62 23,63

José Kirchner 13,0 5,77 17,63

Valtelino Demétrio 20,0 5,59 25,26

Lino Silva 12,5 5,29 16,92

Paulo Koester 12,0 4,78 16,56

Quadro 20 - Espessuras de projeto do revestimento primário.

4.1.4 Definição do CBR do Solo de Fundação

Através da Curva DCP obtida no ensaio de penetração com o Penetrômetro Dinâmico

de Cone - DCP foi determinado o Índice de Penetração - DN para o revestimento

primário (primeira camada). Na mesma curva, determinou-se o Índice de Penetração -

DN da camada inferior, o solo de fundação, mas com o limite de espessura de 800

milímetros (comprimento da lança do equipamento DCP).

Com os valores de DN, obteve-se o CBR do solo de fundação, através da curva de

dimensionamento obtida por Trichês e Cardoso (1998).

O valor do CBR de projeto do solo de fundação (CBRp) é apresentado no Quadro 21.

CBR Desvio Padrão CBRp

6,38 1,67 5,0

Quadro 21 - CBR de projeto do solo de fundação.

Page 119: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

103

4.1.5 Dimensionamento das Estruturas

Através do conhecimento da capacidade de suporte do solo de fundação e, capacidade

de suporte e espessura do revestimento primário, já definidos anteriormente,

dimensionou-se as estruturas dos pavimentos das ruas.

Considerou-se dois níveis de tráfego: N 105 para vias secundárias e N 106 para

vias principais do bairro, mostradas no Quadro 22.

RUA N

Maria Back 106

Lino Silva 106

José Matias

Zimermann 106

Valtelino Demétrio 105

Paulo Koester 105

José Kirchner 105

Quadro 22 - Níveis de tráfego considerado para as ruas.

No dimensionamento, utilizou-se o Método de Dimensionamento de Pavimentos

Flexíveis DNER/1979.

A seguir apresenta-se as seqüências de cálculo de dimensionamento para uma rua de

cada Grupo. Para as outras ruas, apresentou-se apenas a estrutura dimensionada.

Dimensionou-se para o Grupo 1, o trecho da rua Lino Silva e, para o Grupo 2, o trecho

da rua Paulo Koester.

Page 120: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

104

Nesta metodologia, utilizou-se uma legenda padrão para as estruturas dimensionadas,

como mostra a Figura 48.

Figura 48 - Legenda padrão para as estruturas dimensionadas.

4.1.5.1 Trecho da rua Lino Silva (Grupo 1) a) Dados de entrada

CBRrev - Índice de Suporte Califórnia de projeto do revestimento primário = 8,0%

h - espessura de projeto do revestimento primário = 12,5 cm

CBRp - Índice de Suporte Califórnia de projeto do solo de fundação = 5,0%

N - Número de repetições do eixo simples padrão de projeto = 106

b) Cálculo da espessura total de pavimento, Ht

A espessura total Ht do pavimento, em termos de material granular, com coeficiente de

equivalência estrutural K = 1, é dada pela equação (3).

Ht = 77,67 x Np0,0482 x CBRp-0,598 Eq. (3)

Ht = 58,0 cm.

Page 121: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

105

c) Aproveitamento da espessura do material consolidado no dimensionamento

Em campo, o revestimento primário tem uma espessura h de 12,5 centímetros e

apresenta um valor de CBRrev de 8,0%. Com os dados do revestimento primário,

calculou-se Ht’ (espessura total do pavimento para proteger a camada de revestimento

primário com CBRrev), através da equação (3).

Ht’ = 44,0 cm.

A Figura 49, mostra a espessura total do pavimento necessária para proteger o

revestimento primário com capacidade de suporte igual a 8,0%.

Figura 49 - Espessura total de pavimento necessária para proteger o revestimento

primário com CBRrev igual a 8,0%.

De acordo com a metodologia de dimensionamento, tem-se que a espessura da

camada de reforço, Href, é dada pela equação (4), como mostrou a Figura 49.

Page 122: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

106

Href = Ht – Ht’ Eq. (4)

Href = 14,0 cm.

Assim, Href seria a camada de reforço do solo de fundação que o revestimento

primário deveria apresentar, para que o dimensionamento das camadas de sub-base,

base e revestimento, pudesse ser feito a partir da espessura Ht’.

Entretanto, o revestimento primário tem uma espessura h de apenas 12,5 cm e não

atende a espessura de reforço calculada pela equação (4). Portanto, Ht’ tem que ser

redimensionada.

d) Redimensionamento de Ht’ (quando h < Href)

De acordo com a hipótese de dimensionamento, Ht’’, é a espessura total de pavimento

necessária para proteger o revestimento primário com espessura de 12,5 cm, porém,

com um CBR estimado (CBRest) menor. A espessura Ht “ é dada pela equação (5).

Ht‘’ = Ht - h. Eq. (5)

Ht’’ = 45,5 cm.

Partindo-se com os dados na equação (3) na ordem inversa, temos o valor do CBRest.

- 1/ 0,598

CBRest = Ht’’

77,67 x Np 0,0482 Eq. (6)

CBRest = 7,4%.

Assim, a estrutura a ser dimensionada, é a mostrada na Figura 50.

Page 123: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

107

Figura 50 - Estrutura a ser dimensionada, com CBRest igual a 7,4%.

Através do Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979,

chegou-se à estrutura mostrada na Figura 51.

Figura 51 - Estrutura de pavimento dimensionada para o trecho da rua Lino Silva

(Grupo 1).

Page 124: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

108

4.1.5.2 Trecho da rua Paulo Koester (Grupo 2)

a) Dados de entrada

CBRrev - Índice de Suporte Califórnia de projeto do revestimento primário = 16,0%

h - espessura de projeto do revestimento primário = 12,0 cm

CBRp - Índice de Suporte Califórnia de projeto do solo de fundação = 5,0%

N - Número de repetições do eixo simples padrão de projeto = 105

b) Cálculo da espessura total de pavimento, Ht

Ht = 52,0 cm.

c) Aproveitamento da espessura do material consolidado no dimensionamento

Em campo, o revestimento primário tem uma espessura h de 12,0 centímetros e

apresenta um valor de CBRrev de 16,0%. Assim, Ht’, espessura total do pavimento

para proteger a camada de revestimento primário é:

Ht’ = 26,0 cm.

A Figura 52, mostra a espessura total do pavimento necessária para proteger o

revestimento primário com capacidade de suporte igual a 16,0%.

Page 125: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

109

Figura 52 - Espessura total de pavimento necessária para proteger o revestimento

primário com CBRrev igual a 16,0%.

De acordo com a metodologia de dimensionamento, tem-se que a espessura da

camada de reforço, Href, é dada pela equação (4), como mostrou a Figura 52.

Href = 26,0 cm.

Assim, Href seria a camada de reforço do solo de fundação que o revestimento

primário deveria apresentar, para que o dimensionamento das camadas de sub-base,

base e revestimento, pudesse ser feito a partir da espessura Ht’.

Entretanto, o revestimento primário tem uma espessura h de apenas 12,0 cm. Tem-se

então que h do revestimento primário não atende a espessura de reforço calculada

pela equação (3) e, Ht’ tem que ser redimensionada.

d) Redimensionamento de Ht’ (quando h < Href)

A espessura Ht’’ é dada pela equação (5).

Page 126: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

110

Ht’’ = 40,0 cm.

Partindo-se com os dados na equação (3) na ordem inversa, temos o valor do CBRest.

CBRest = 7,7%.

Assim, a estrutura a ser dimensionada, é a mostrada na Figura 53.

Figura 53 - Estrutura a ser dimensionada, com CBRest igual a 7,7%.

Através do Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis DNER/1979,

chegou-se à estrutura mostrada na Figura 54.

Page 127: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

111

Figura 54 - Estrutura de pavimento dimensionada para o trecho da rua Paulo Koester

(Grupo 2).

O Quadro 23 apresenta as convenções adotadas no dimensionamento das estruturas.

Quadro 23 - Convenções adotadas no Dimensionamento.

O Quadro 24 apresenta as estruturas do pavimento para as demais ruas do bairro.

Page 128: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

112

ESTRUTURA DO PAVIMENTO RUA GRUPO ESTACA a ESTACA N CBRrev

(%)

Espessura Revestimento primário (cm) CAPA (cm) BASE (cm) SUB-BASE

(cm) Maria Back 1 03 09 106 8,0 14,0 5,0 15,0 19,0

José Matias Z. 1 0PP 11

04 13 106 8,0 17,5 5,0 15,0 19,0

José Kirchner 1 0PP 03 105 8,0 13,0 4,0 15,0 16,0

Lino Silva 1 0PP 05 106 8,0 12,5 5,0 15,0 21,0

Maria Back 2 0PP 09

03 13 106 16,0 14,0 5,0 15,0 19,0

José Matias Z. 2 04 11 106 16,0 17,5 5,0 15,0 16,0

José Kirchner 2 03 05 105 16,0 13,0 4,0 15,0 16,0

Valtelino Dem. 2 0PP 07 105 16,0 20,0 4,0 15,0 15,0

Lino Silva 2 05 13 106 16,0 12,5 5,0 15,0 21,0

Paulo Koester 2 0PP 05 105 16,0 12,0 4,0 15,0 17,0

Quadro 24 - Estruturas do pavimento para as ruas do bairro.

Page 129: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

113

O Quadro 25 fornece os valores que, a partir destes CBR’s do solo de fundação e destes CBR’s do revestimento primário, a

espessura do revestimento primário precisa ser de apenas 10,0 centímetros para que o dimensionamento da estrutura possa

ser feito a partir de Ht’ (espessura total do pavimento para proteger o revestimento primário com CBR igual a CBRrev).

105 106

CBRp (%) CBRrev(%) Ht (cm) Ht’(cm) Href (cm) CBRp (%) CBRrev(%) Ht (cm) Ht’(cm) Href (cm)

7,0 10,0 42,0 34,0 8,0 7,0 10,0 47,0 38,0 9,0

7,0 11,0 42,0 32,0 10,0 8,0 11,0 44,0 36,0 8,0

8,0 12,0 39,0 31,0 8,0 8,0 12,0 44,0 34,0 9,0

8,0 13,0 39,0 29,0 10,0 9,0 13,0 41,0 33,0 8,0

9,0 14,0 36,0 28,0 8,0 9,0 14,0 41,0 31,0 9,0

9,0 15,0 36,0 27,0 10,0 10,0 15,0 38,0 30,0 8,0

10,0 16,0 34,0 26,0 8,0 10,0 16,0 38,0 29,0 9,0

10,0 17,0 34,0 25,0 9,0 11,0, 17,0 36,0 28,0 8,0

11,0, 18,0 32,0 24,0 8,0 11,0 18,0 36,0 27,0 9,0

11,0 19,0 32,0 23,0 9,0 11,0 19,0 36,0 26,0 10,0

11,0 20,0 32,0 23,0 10,0 12,0 20,0 34,0 25,0 9,0

Quadro 25 - Dimensionamento a partir de Ht’, com h igual a 10,0 centímetros.

Page 130: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

114

4.1.6 Controle da Regularização da Camada de Revestimento Primário

O controle da regularização da camada de revestimento primário com o uso de

equipamento DCP é feito nos locais de aterro ou recompactação na via. As avaliações

devem ser feitas nas futuras trilhas de roda, ou a 1 metro do meio-fio.

Em cada ensaio, recomenda-se que a lança alcance pelo menos 40 centímetros de

profundidade para melhor visualização da homogeneidade da compactação do

revestimento primário, nos locais de reconformação.

Pode-se obter neste controle, três principais curvas típicas DCP como ilustra a Figura

55.

Figura 55 - Curvas DCP típicas em ensaios de campo.

As curvas da Figura 55 permitem visualizar a compactação das camadas e são

interpretadas da seguinte forma:

• Curva 1 - indica que há homogeneidade da compactação com a profundidade, ou

seja, há um eficiente controle de compactação;

• Curva 2 - indica que a parte superior da camada está com um Grau de Compactação

superior ao da parte inferior. Isto se deve a fatores que podem ser: a camada a ser

compactada é muito espessa, o equipamento de compactação utilizado é inadequado

ou não está sendo eficiente;

Curva DCP - 1

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

00 5 10 15

número de golpes acumulados

prof

undi

dade

(mm

)

Curva DCP - 2

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

00 10 20 30 40número de golpes acumulados

Prof

undi

dade

(mm

)

C urva D C P - 3

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

00 10 20 30número de golpes acumulados

Page 131: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

115

• Curva 3 - indica que a parte superior da camada está com um Grau de Compactação

menor que a parte inferior, mostrando a necessidade de recompactação da camada.

4.1.6.1 Critérios para aceitação dos trechos recompactados ou substituídos

O critério para aceitação do trecho da via que foi recompactado ou substituído por

material de igual ou superior capacidade de suporte especificada em projeto, em

função do DN de referência (obtido na curva de calibração do solo e o CBR de projeto

do revestimento primário), pode ser estabelecido de acordo com a importância da via e

do risco de insucesso que se admite correr. Entretanto, o critério definido contempla os

aspectos relacionados com os valores individuais e outro com o conjunto de valores.

Recomendam-se os seguintes critérios:

• Valores Individuais: devem ser iguais ou menores que o DN de referência, podendo-

se aceitar pontos localizados com um coeficiente de variação de até 20%, ou seja, o

DN máximo admissível é igual ao DN de referência + 0,2 DN de referência.

• Conjunto de Valores: aplica-se o critério do 15 percentil, isto é, em um segmento (no

caso desta dissertação refere-se a cada rua), apenas 15% dos valores individuais

podem ser maiores que o DN de referência.

• DN Individual Maior que DN de referência: nesta situação, o material deve ser

escarificado e recompactado na região de influência do ponto localizado.

• DN Individual Maior que DN de referência, Porém Menor que DN máximo: nesta

situação, quando mais que 15% dos valores forem maiores que o DN de referência, o

material será recompactado nas estacas onde os valores de DN forem maiores que o

DN de referência.

Após estas correções, o trecho ou os pontos localizados, devem ser reensaiados e,

liberados após atender o critério estabelecido.

Page 132: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

116

A Figura 56 mostra a aplicação do controle na rua José Matias Zimermann. O

revestimento primário desta rua é do Grupo 1 entre as estaca 0PP a 4 e 11 a 13 e, do

Grupo 2 entre as estacas 4 a 11. Para o Grupo 1, o DN de referência é de 19,6

mm/golpe e para o Grupo 2, o DN de referência é de 11,0 mm/golpe.

Figura 56 - Controle da regularização da camada final do revestimento primário, na rua

José Matias Zimenrmann, nas futuras trilhas de roda.

Para o trecho do Grupo 1, na trilha de roda lado esquerdo (TR - LE), tem-se um valor

acima de DNmáx (DNref + 0,2 DNref), ou seja, de 23,5 mm/golpe e dois pontos entre

DNref e Dnmáx.

Nas trilhas de roda lado esquerdo, segundo os critérios definidos, tem-se que

recompactar nas estacas 3 e 12 e escarificar e recompactar na estaca 11

(aproximadamente 50 metros para cada lado).

Para a trilha de roda do lado direito (TR - LD), tem-se que recompactar nas estacas 4,

8, 10 e 12 e escarificar e recompactar na estaca 11.

Índice de Penetração (DN) - TR - LE

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Estaqueamento

DN

(mm

/gol

pe)

G - 2 -DN de referência = 11.0 mm/golpeG - 1 -DN de referência = 19,6 mm/golpe

Índice de Penetração (DN) - TR - LD

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Estaqueamento

DN

(mm

/gol

pe)

G - 2 -DN de referência = 11.0 mm/golpeG - 1 -DN de referência = 19,6 mm/golpe

Page 133: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

117

Page 134: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

118

4.2 MAPEAMENTO GEOTÉCNICO

4.2.1 Introdução

Realizou-se, nesta dissertação, o mapeamento geotécnico para a área estudada, com

o objetivo de demonstrar que, se no município existir outra unidade geotécnica como a

descrita, as correlações obtidas na região investigada poderiam ser utilizadas, sem a

necessidade de repetir-se os ensaios.

O mapeamento geotécnico da região do Sertão do Imaruim procedeu-se seguindo a

metodologia Davison Dias (1995).

4.2.2 Dados Geológicos

Os dados geológicos obtidos no DNPM11 foram sob a forma de mapa na escala

1:100.000 (Vide Quadro A.5, anexo A) acompanhado de um relatório, o qual serviu de

fonte para detalhar a geologia local.

Descreveu-se a Geologia Regional ocorrente no município de São José:

Após a ocorrência de inúmeros eventos geotectônicos superpostos, resultou a

conformação geológica existente hoje no Estado de Santa Catarina, sendo que os mais

antigos remontam o Arqueano e se insere na porção leste, onde está a área estudada,

e recebeu as denominações. Carvalho e Pinto (1938) denominaram de Complexo

Brasileiro; Almeida (1981), de Província Mantiqueira do Escudo Atlântico e Silva (1983),

de Escudo Catarinense.

De acordo com Basei (1985), a compartimentação tectônica da porção sul da Província

da Mantiqueira, no Escudo Catarinense, envolve duas unidades tectônicas maiores:

Cráton de La Plata e Cinturão Dom Feliciano, este último, de interesse desta pesquisa.

11 DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral.

Page 135: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

119

O Cinturão Dom Feliciano corresponde a uma unidade do período Protezóico Superior

caracterizada por metamorfismo, deformação, geração de rochas e retrabalhamento de

terrenos mais antigos. Este cinturão apresenta uma compartimentação tectônica em

três Domínios que são o Domínio Interno, o Intermediário e o Externo. São José está

inserida no Domínio Interno, onde predominam migmatitos e granitóides deformados,

cortados por suítes intrusivas graníticas, que são a Suíte Granitóide São Pedro de

Alcântara e Suíte Plutono-Vulcânica Pedras Grandes (também denominada de

Complexo Águas Mornas).

Silva (1987) adota a denominação Complexo Tabuleiro para as rochas granito-

gnáissicas e migmáticas do Escudo Catarinense e que fazem parte do Domínio Interno

do Cinturão Dom Feliciano (Basei, 1985) ou do Cráton de Itapema (Silva, 1987).

No município de São José, afloram uma complexidade de tipos geológicos, o que

resultou hoje na diversidade de solos encontrada. Esta vasta geologia, resultado da

superposição de vários eventos geotectônicos, se verifica em duas grandes unidades

geotectônicas invadidas por corpos graníticos e granitóides denominados Complexo

Migmático e Rochas Granitóides.

No Complexo Migmático, as relações de contato entre os granitóides e os migmatitos e

gnaisses do Complexo são gradacionais, por falha ou, caracteristicamente, de intrusão.

As litologias características são de diatexitos12, metatexistos13, gnaisses e granitóides

porfiríticos14 ou não. Ocorrem ainda expressivos corpos de dioritos

A unidade geológica foi identificada como se descreve: predomina migmatitos e

granitóides deformados cortados pela Suite Granitóide de São Pedro de Alcântara,

composta por monzogranitos dominantes. Afloram granitos, dioritos e gnaisses.

12 Diatexistos – migmatitos resultantes da fusão completa ou quase completa em que as partes fundidas e não fundidas, não são mais distinguíveis. 13 Metatexistos – migmatitos resultantes da fusão parcial incipinete, em que as partes fundidas e não fundidas, podem ser distinguidas petrograficamente. 14 Granitóides porfiríticos – corpos granitóides, de composição variando de granito, granodiorito, quartzo monzonito e quartzo diorito, que apresentam contatos gradativos ou por falha com o complexo migmático.

Page 136: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

120

4.2.3 Dados Pedológicos

Os dados pedológicos foram obtidos sob a forma de mapa na escala 1: 100.000, no

IBGE15, através do Programa Gerenciamento Costeiro. Na unidade pedológica

predomina a combinação das classes de solos, Cambissolo álico, com argila de

atividade baixa e horizonte A moderado, argiloso a médio, característicos de relevo

fortemente ondulado e montanhoso; associado a Podzólico-Vermelho-Amarelo álico,

com argila de atividade baixa e horizonte A moderado, argiloso a médio-argiloso. (Vide

Quadro A.6, anexo A).

4.2.4 Sobreposição dos Mapas Pedológico e Geológico

A sobreposição dos mapas geológico e pedológico (Quadros A.5 e A.6, anexo A),

trouxe como resultado a associação: Solos PVa 17 + Ca 29 + Ca 8 com substrato γms,

onde:

- PVa 17 - Podzólico-Vermelho-Amarelo álico Tb, A moderado, textura médio argilosa

pouco cascalhenta + Cambissolo álico Tb, A moderado e proeminente, textura argilosa

pouco cascalhenta, relevo forte ondulado;

- Ca 29 - Cambissolo álico Tb, A moderado e proeminente, textura argilosa pouco

cascalhenta + Podzólico-Vermelho-Amarelo álico Tb A moderado, textura médio

argilosa pouco cascalhenta, relevo montanhoso e forte ondulado;

- Ca 8 - Cambissolo álico Tb, A moderado e proeminente, textura argilosa e média,

relevo suave ondulado e plano; e

- γms - Granito São Pedro de Alcântara - Monzogranitos (dominantes), sienogranitos e

quartzo-monzonitos mesocráticos de coloração cinza-escuro, porfiríticos com

fenocristais de feldspato esbranquiçado em matriz grossa. Enclaves de tonalito e

granodiorito entre as bordas.

15 IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Page 137: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

121

4.2.5 Reconhecimento de Campo

Após a sobreposição dos mapas geológico e pedológico, foi realizado em campo o

reconhecimento dos tipos de solos e substrato rochoso estimado no item 4.2.4. Nos

perfis de campo foram identificadas rochas gnáissicas com pouca alteração, fraturas

verticais e bandeamento visual em plano paralelo. As mais comuns possuem bandas

félsicas compostas por quartzo e feldspato alternadas com bandas máficas compostas

por micáceas e anfibólicas. O horizonte C do gnaisse apresentou porções básicas

(dioríticas) gradando para uma porção granítica mais homogênea. O horizonte C da

rocha diorítica apresentou ausência de material granular tamanho areia, e presença do

tamanho argila com veios de material granítico. O relevo apresentou conformação

montanhosa e fortemente ondulada. (Vide Quadro A.4, anexo A)

4.2.6 Análise de Laboratório

O solo da jazida encontrada na região foi classificado através da Classificação MCT. O

Quadro 26 apresenta os resultados.

Local Tipo Classificação MCT

Horizonte C do diorito argiloso NG’

Horizonte C do gnaisse arenoso NA’

Horizonte C do granito arenoso NA’

Horizonte C com inclusão argiloso NG’

Quadro 26 - Resultados da Classificação MCT para a jazida de solos da região.

Conforme se pode constatar, nas amostras dos solos coletados na jazida (mesmo solo

do subleito), indicou-se se tratar de solos não-lateríticos. O resultado era previsível,

pois a visualização “in-situ” permitiu observar vestígios da rocha de origem, minerais

primários, fraturas e pouca evolução pedogenética dos horizontes, o que confirma a

classificação encontrada.

O resultado dos grupos como sendo NA’ e NG’, vêm ratificar a classificação, pelo tipo

de rocha encontrado na região. O subleito da região pode ter características de

Page 138: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

122

expansibilidade, embora, com valores de boa capacidade avaliados nos ensaios

tradicionais.

4.2.7 Unidade Geotécnica

Os dados baseados na sobreposição dos mapas geológico e pedológico, no

reconhecimento de campo e, na caracterização em laboratório trouxe como resultado a

estimativa da unidade geotécnica na localidade Sertão do Imaruim. Apresenta-se, no

sub-item 4.2.8, a estimativa da unidade geotécnica para a região investigada.

Assim, estabeleceu-se a estimativa da unidade geotécnica como sendo:

- Cg/Cgn - associação de solo Cambissolo Tb (argila de atividade baixa), textura

argilosa pouco cascalhenta e solo Podzólico-Vermelho-Amarelo Tb (argila de atividade

baixa); relevo forte ondulado; substrato de rochas granito e gnaisse.

Na etapa inicial deste trabalho, foram investigadas outras três regiões no Município de

São José. Apresenta-se a estimativa de unidade geotécnica para as três regiões.

Região Potecas:

- Gsq - solo Glei Tb (argila de atividade baixa), textura média argilosa, relevo plano,

substrato sedimentos quaternários.

Região Morro do Avaí

- Ccm - associação de Cambissolo Tb (argila de atividade baixa), textura argilosa a

média, relevo forte ondulado e ondulado, substrato complexo metamórfico.

Região Areias

- Cde - solo Cambissolo, substrato depósito de encosta, textura média argilosa, relevo

ondulado e suave ondulado.

Page 139: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

123

Page 140: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

124

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A proposta desta metodologia foi desenvolver um procedimento para investigação

geotécnica de vias urbanas não pavimentadas com vistas à sua pavimentação através

do emprego do Penetrômetro Dinâmico de Cone, contemplando o aproveitamento da

espessura existente da camada consolidada pelo tráfego.

Utilizando-se de ensaios tradicionais de campo e de laboratório e do ensaio DCP,

apresentou-se uma sistemática de como considerar a espessura da camada de

material consolidado de uma via não pavimentada no dimensionamento da estrutura do

pavimento para a sua pavimentação.

A pesquisa demonstrou que o equipamento DCP constituiu-se um instrumento

tecnológico capaz de avaliar a capacidade de suporte através do uso de correlações do

tipo DN x CBR. O uso do DCP está restringido a solos, materiais granulares finos e

pouco cimentado, para não se correr o risco de obter resultados não confiáveis.

Acredita-se que o procedimento desenvolvido é de aplicação simples e prática, de

baixo custo, contribuindo desta forma para que as Prefeituras Municipais possam

utilizá-lo adequadamente em seus projetos de pavimentação, aumentando a vida útil de

suas vias pavimentadas e, reduzindo o custo de sua implantação.

Para assegurar um comportamento satisfatório dos pavimentos, é essencial projetar-se

subleitos e sub-bases tão cuidadosamente quanto o próprio revestimento. Assim

acredita-se que a metodologia desenvolvida para o dimensionamento do pavimento,

assegura um nível mínimo de qualidade e ainda apresenta uma notável redução da

espessura total do pavimento em termos de material granular.

Apresentou-se também uma metodologia de como controlar a camada de regularização

do revestimento primário, através da tecnologia DCP, capaz de assegurar a qualidade

da execução da terraplenagem.

Page 141: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

125

O sistema de classificação de unidades geotécnicas apresentou-se de fácil

compreensão teórica e simples aplicação prática, fornecendo a idéia da geotecnia da

região e meios para avaliar os tipos e disponibilidade de solos. A importância desta

sistemática para o município, é que se houverem outros locais pertencentes a esta

unidade geotécnica, as mesmas correlações são válidas, havendo uma redução na

realização de ensaios.

Os temas centrais deste trabalho, dimensionar aproveitando, quando possível, a

camada consolidada neste dimensionamento e com uso do equipamento DCP,

representam assuntos relativamente novos entre nós. Neste aspecto, recomenda-se o

aprofundamento dos mesmos, dada a essencial importância de se reduzir os custos de

implantação dos pavimentos urbanos.

São algumas recomendações:

- aprofundar o conhecimento da tecnologia DCP com outras tecnologias, validando as

informações por ela fornecidas;

- realizar estudos com horizonte de tempo maior, visando avaliar os efeitos da

aplicação da metodologia aqui desenvolvida;

- realizar estudos aprofundados sobre a aplicação da metodologia DCP para avaliar a

sua relação com outros parâmetros, principalmente com o regime de umidade em que

se encontram os solos,

- realizar estudos comparativos a outros estudos, dentro deste tema.

Como recomendação final, sugere-se a continuidade para implantação desta

metodologia, que utilizou-se de termos e critérios simplificados para a aplicação

imediata dos resultados visando o alcance social e técnico.

Page 142: CONTRIBUIÇÃO À INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE VIAS …

126

REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS

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DNER - DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER - ME

44-71. Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, RJ, 1971.

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131

ANEXOS

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ANEXO A

GRÁFICO MCT, DADOS PEDOLÓGICOS E GEOLÓGICOS

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QUADRO A.1

O Quadro A.1, representa o gráfico para classificação MCT pelo Método Expedito das

pastilhas, proposto por Nogami e Villibor (1995).

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QUADRO A.2

O Quadro A.2, representa o sistema de classificação pedológico corrente na prática

brasileira para os horizontes superficiais A e B, conforme publicado por Camargo et. al.

(1987).

Sigla Classificação Sigla Classificação

A Aluviais LV Latossolo Vermelho-Amarelo

AQ Areia Quartzosa P Podzóis Indiscriminados

B Brunizém PB Podzólico Bruno-Acinzentado

BT Brunizém Vértico PE Podzólico Vermelho-Escuro

C Cambissolo PV Podzólico Vermelho-Amarelo

CB Cambissolo Bruno PL Planossolo

CH Cambissolo PLP Planossolo Plíntico

HG Glei PLV Planossolo Vértico

HO Solo Orgânico PT Plintossolo

LA Latossolo Amarelo R Litólico

LB Latossolo Bruno TR Terra Roxa Estruturada

LBC Latossolo Bruno Cambico TB Terra Bruna Estruturada

LBR Latossolo Bruno Roxo TBR Terra Bruna-Roxa

LE Latossolo Vermelho-Escuro TBV Terra Bruna Podzólica

LR Latossolo Roxo V Vertissolo

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QUADRO A.3

O Quadro A.3, representa o sistema de classificação geológica simplificada corrente na

prática brasileira para os horizontes superficiais C, RA e R, o qual é baseado no

trabalho do IAGE (1979).

Sigla Classificação Sigla Classificação

a arenito g granito

ag argilito gl granulito

an andesito gn gnaisse

ar ardósia gd granitóide

b basalto ma mármore

br brecha p pelito

c conglomerado q quartzito

ca calcáreo r riolito

cm complexo metamórfico16 si sienito

cr Carvão s siltito

d diorito sq sedimentos quaternários

da dacito st sedimentos terciários

f folhelho x xistos

16 Complexo Metamórfico – complexo formado por várias rochas metamórficas de difícil individualização.

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QUADROA.4

Jazida de solos da região.

Vista do horizonte C da rocha

gnáissica com porções básicas

(diorito), gradando para uma porção

granítica mais homogênea.

Vista do horizonte C da rocha gnáissica,

gradando para uma porção de rocha

granítica.

Vista do horizonte C da rocha diorítica, com veios de material de rocha granítica,

com presença de material tamanho argila.

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ANEXO B

RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

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ANEXO B.1

Resultados da análise granulométrica.

Rua Estaca %

Pedregulho % Areia Grossa

% Areia fina P200

Maria Back 3 1,90 24,30 26,70 47,10

Maria Back 6 5,20 22,30 33,40 39,10

Maria Back 9 4,87 23,23 27,50 44,40

José Kirchner 1 14,30 29,30 33,50 22,90

Lino Silva 1 10,46 23,36 37,64 28,54

Lino Silva 4 9,70 19,10 31,30 39,90

Maria Back 12 35,10 18,60 21,30 25,00

José Kirchner 5 32,30 29,90 20,80 17,00

Valtelino Demétrio 3 41,70 30,40 13,60 14,30

Valtelino Demétrio 7 4,40 20,70 38,90 36,00

Lino Silva 7 27,70 36,10 20,60 15,60

Lino Silva 10 12,67 33,61 36,25 17,47

Paulo Koester 2 34,12 26,89 21,96 17,03

Paulo Koester 4 25,20 32,60 21,30 20,90

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ANEXO C

RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO E CBR

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ANEXO D

RESULTADOS DOS ENSAIOS DCP EM CAMPO

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ANEXO E

ANÁLISE ESTATÍSTICA

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