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Controle da Administração Pública p/ TCE-PE 2017 Teoria e ... · Interesse Público ± Oscips, ... os responsáveis pela aplicação dos recursos tributários arrecadados pelo

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  • Controle da Administrao Pblica p/ TCE-PE 2017

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 04

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    AULA 04

    Ol pessoal!

    Nosso objetivo nesta aula continuar o estudo dos principais tpicosda Lei Orgnica e do Regimento Interno do TCE-PE. Vamos abordar,especificamente, os assuntos julgamento de contas e fiscalizaes.

    Para tanto, seguiremos o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    Jurisdio do TCE-PE.......................................................................................................................................2

    Declarao de bens.................................................................................................................................................... 10

    Tomada e prestao de contas .................................................................................................................20

    Dever de prestar contas .......................................................................................................................................... 20

    Contas Ordinrias ...................................................................................................................................................... 21

    Tomada de contas especial .................................................................................................................................... 25

    Decises em processos de contas ............................................................................................................31

    Instrumentos de fiscalizao ....................................................................................................................49

    Modalidades de processos .........................................................................................................................53

    Processo de Gesto Fiscal....................................................................................................................................... 53

    Processo de Auditoria Especial ............................................................................................................................ 54

    Processo de Destaque .............................................................................................................................................. 56

    Processos de Admisso de Pessoal e de concesso de aposentadoria, reforma e penso........... 57

    Processo de Denncia .............................................................................................................................................. 60

    Processo de Consulta................................................................................................................................................ 61

    Processo de Auto de Infrao................................................................................................................................ 63

    Do Processo de Termo de Ajuste de Gesto.................................................................................................... 64

    RESUMO DA AULA.......................................................................................................................................79

    Questes comentadas na Aula ..................................................................................................................83

    Gabarito ............................................................................................................................................................95

    No esgotaremos todos os detalhes presentes na Lei Orgnica e noRegimento Interno, mas cobriremos os tpicos mais importantes e maiscobrados em prova.

    De qualquer forma, para melhor compreenso e para no sersurpreendido(a) na prova, recomendo que voc faa uma leitura atentae completa desses normativos, ok? Vamos l!

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    JURISDIO DO TCE-PE

    Neste tpico, veremos os sujeitos que devem prestar contas ao TCE-PE, ou seja, aqueles que esto sob sua jurisdio.

    Emprega-se o termo jurisdio para designar a abrangncia docontrole externo exercido pelo Tribunal de Contas, vale dizer, a jurisdiodo TCE-PE compreende todas as pessoas, rgos e entidades quepodem ser por ele fiscalizadas, por determinao constitucional e legal.

    O art. 6 da Lei Orgnica preceitua que o TCE-PE tem jurisdioem todo o territrio estadual.

    Cuidado com a interpretao desse dispositivo: a jurisdio do TCE-PE alberga todo o territrio do Estado de Pernambuco, mas alcanaapenas os responsveis por gerir recursos pblicos, estaduais emunicipais, isto , provenientes do oramento do Estado de Pernambucoou de algum dos Municpios do Estado, ou pelos quais os referidos entesrespondam.

    Assim, o TCE-PE no tem poderes para fiscalizar, por exemplo,empresas privadas que desempenham suas atividades sem qualquerauxlio financeiro do Governo do Estado ou de Municpio. E tambm nofiscaliza aqueles que so responsveis por recursos pblicos oriundosexclusivamente do oramento da Unio ou de outro ente da Federao,visto que o uso desses recursos no tem qualquer impacto nos cofres doEstado ou dos Municpios de Pernambuco.

    Outro detalhe importante que a jurisdio do TCE-PE se estendeaos responsveis por gerir recursos pblicos estaduais emunicipais que estiverem fora do territrio do Estado dePernambuco. Portanto, a rigor, no existe limite espacial para ajurisdio do TCE-PE. O fator preponderante que atrai a competncia doTribunal de Contas to somente a presena de recursos pblicos dooramento do Estado ou de Municpio de Pernambuco.

    J o art. 6 da Lei Orgnica assim dispe:

    Art. 6 O Tribunal de Contas do Estado tem jurisdio prpria e privativa, em todo o territrio estadual, sobre as pessoas e matrias sujeitas a sua competncia.

    Jurisdio prpria e privativa quer dizer que somente o TCE-PEpode dizer o direito sobre matrias de sua competncia e que tenhamrelao com as pessoas sob sua jurisdio. Assim, o dispositivo refora o

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    entendimento de que o Judicirio no pode reformar o mrito das decisesdo Tribunal de Contas.

    Analisando o dispositivo por outro prisma, tambm se pode afirmarque a jurisdio do TCE-PE isto , sua capacidade de dizer o direito restringe-se apenas s pessoas e matrias sujeitas suacompetncia.

    Por exemplo, se for constatado que determinado servidor desvioupara uso prprio uma televiso adquirida com recursos pblicos paraequipar uma escola, o TCE-PE poder imputar dbito ao responsvel,determinando o ressarcimento correspondente ao bem desviado, assimcomo aplicar alguma sano prevista na Lei Orgnica. Porm, jamais oTribunal poder conden-lo pelo crime de peculato, uma vez que ojulgamento de crimes no matria de sua competncia, e sim do PoderJudicirio.

    As pessoas sujeitas jurisdio do TCE-PE so especificadas nosincisos I a IX do art. 6 da LO/TCE-PE, a saber:

    Responsveis por administrar recursos pblicos estaduais e municipais

    I - qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores pblicos ou pelos quais o Estado ou Municpio responda, ou que, em nome destes, assuma obrigaes de natureza pecuniria, Organizaes No Governamentais e os entes qualificados na forma da Lei para a prestao de servios pblicos, as Agncias Reguladoras e Executivas;

    Esse dispositivo guarda estreita relao com o art. 29, 2 daConstituio do Estado, o qual define os responsveis por prestarcontas: qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, queadministre, de qualquer forma, recursos pblicos do Estado isto , queutilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens evalores pblicos ou pelos quais o Estado responda, ou quem, em nomedeste, assuma obrigaes de natureza pecuniria.

    Assim, no importa a natureza da entidade, se da administraodireta ou da indireta, ou mesmo se no pertencente AdministraoPblica: o que importa a origem dos recursos administrados, osquais devem ser pblicos e provenientes do oramento do Estado dePernambuco ou de algum Municpio do Estado. As pessoasresponsveis por movimentar esses recursos esto sob a jurisdio do

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    TCE-PE, no importa em que local estejam, e, por isso, sujeitas fiscalizao do Tribunal.

    Portanto, todos aqueles que administrem recursos pblicospertencentes ao Estado ou a Municpio de Pernambuco esto sob ajurisdio do TCE-PE, como por exemplo:

    Servidor que assine, em nome do Estado ou de Municpio, umcontrato de aquisio de mveis para sua repartio;

    Gestores que ordenam, autorizam ou ratificam despesas derecursos pblicos, inclusive por delegao de competncia, quepromovam a respectiva liquidao ou efetivem seu pagamento;

    Responsveis pela gesto das entidades da administrao indireta,como a APAC Agncia Pernambucana de guas e Clima, aCompesa Companhia Pernambucana de Saneamento, a Facepe Fundao de Amparo Cincia e Tecnologia de Pernambuco etc;

    Organizaes Sociais OS e Organizaes da Sociedade Civil deInteresse Pblico Oscips, quanto aos recursos pblicos recebidos;

    Empresas beneficirias de eventuais incentivos fiscais conferidospela legislao estadual e municipal;

    Pessoas fsicas beneficirias de bolsas de estudos e projetos depesquisa patrocinados por entidades do Poder Pblico do Estado;

    Responsveis pela administrao da dvida pblica.

    Note que a jurisdio do TCE-PE bem abrangente, referindo-se atodo e qualquer responsvel por administrar recursos pblicos estaduais emunicipais.

    Responsveis por provocar dano ao errio

    II - aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao errio;

    Tal inciso possui relao com a parte final do art. 71, inciso II daConstituio Federal, que estabelece competncia ao TCU, e por simetriaao TCE-PE, para julgar as contas daqueles que derem causa a perda,extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo ao errio.

    Assim, a jurisdio do TCE-PE alcana a todos, mesmo aqueles noenvolvidos diretamente com a gesto de recursos pblicos, mas que, por

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    qualquer razo, sejam responsveis pela perda, extravio ou outrairregularidade de que resulte dano ao errio. Por qualquer razo indica que a conduta que causou o prejuzo pode ser dolosa ou culposa, valedizer, independe da inteno do responsvel. Tanto em uma como noutrahiptese o Tribunal poder atuar.

    Por exemplo, o servidor da Prefeitura de Recife que venha a danificarou extraviar um automvel oficial do Municpio dever prestar contas aoTCE-PE, o qual poder determinar o ressarcimento do prejuzo causadoainda que o servidor no possua nenhuma responsabilidade direta emrelao gesto financeira e patrimonial da Prefeitura ou mesmo que notenha tido a inteno de provocar o dano: a responsabilidade decorreapenas do fato de ter dado causa ao prejuzo ao errio.

    Responsveis pela aplicao dos recursos tributrios arrecadados pelo Estado

    III - os responsveis pela aplicao dos recursos tributrios arrecadados pelo Estado e entregues aos Municpios;

    Este inciso trata dos recursos oriundos a repartio das receitastributrias, previstas no art. 158 da Constituio Federal. Constituem asparcelas do IPVA e ICMS que so arrecadadas pelo Estado e,posteriormente, transferidas aos Municpios.

    Os recursos provenientes dessas transferncias so consideradosreceitas originrias do ente recebedor, ou seja, so recursosmunicipais, embora sejam arrecadados pelo Estado.

    Os responsveis pela aplicao dos recursos tributrios repassadospelo Estado de Pernambuco aos seus Municpios esto sob a jurisdio doTCE-PE.

    Dirigentes de empresas sob responsabilidade do Estado

    IV - os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob interveno ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisria ou permanentemente, o patrimnio do Estado, do Municpio ou outra entidade pblica estadual;

    O dispositivo nos diz que esto sob a jurisdio do TCE-PE osdirigentes das empresas que, de qualquer modo, venham a integrar opatrimnio do Estado ou de Municpio de Pernambuco ou de outra

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    entidade pblica estadual ou municipal, provisria oupermanentemente.

    Como exemplo, o prprio inciso nos mostra as empresas que venhama ser objeto de encampao ou de interveno do Poder Pblico. Taisinstitutos, nos termos da Lei Federal 8.987/1995, so utilizados quandoempresa concessionria de servio pblico no estiver prestandoadequadamente o servio, descumprindo o contrato de concesso ou,ainda, quando, por razes de interesse pblico, o poder concedenteresolve retomar para si a execuo do servio. A encampao aretomada do servio pelo poder concedente, de carter definitivo,enquanto a interveno temporria. O dirigente encarregado daencampao ou da interveno, atuando em nome do Estado ouMunicpio de Pernambuco, est sujeito jurisdio do TCE-PE.

    Do mesmo dispositivo da Lei Orgnica pode-se retirar que a jurisdiodo TCE-PE tambm abrange os dirigentes de empresas pblicas esociedades de economia mista constitudas com recursos doEstado ou Municpio de Pernambuco, ainda que sejam de direitoprivado, exploradoras de atividade econmica e que seus servidoresestejam sujeitos ao regime celetista.

    Antigamente, havia polmica em relao submisso ou no jurisdio dos Tribunais de Contas de sociedades de economia mistaexploradoras de atividade econmica como o caso do Banco do Brasile da Petrobras no plano federal. Essa questo, porm, j foi resolvida,inclusive no mbito do STF, de modo que hoje pacfico que a jurisdiodos Tribunais de Contas alcana, sim, tais entidades.

    Sobre o tema, vale dar uma olhada na deciso proferida peloSupremo no MS 25.092/DF. Prevaleceu naquele julgado o entendimentode que a leso ao patrimnio da sociedade de economia mista atingiria,alm do capital privado, tambm o errio, em vista da participaomajoritria do Estado na composio do capital da entidade. Ressaltou-se,ademais, que as entidades da administrao indireta no se sujeitamsomente ao direito privado, j que seu regime hbrido, mas tambm, eem muitos aspectos, ao direito pblico, tendo em vista notadamente anecessidade de prevalncia da vontade do ente estatal que as criou,visando ao interesse pblico. Sendo assim, as entidades da administraoindireta, ainda que exploradoras de atividade econmica, submetem-se aocontrole externo do Tribunal de Contas, embora a Constituio tenha

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    garantido certa flexibilidade administrativa para a atuao dessasempresas no mercado.

    De igual forma, as subsidirias de empresas pblicas esociedades de economia mista tambm esto sob a jurisdio do TCE-PE, haja vista a parte final do dispositivo (...empresas que venham aintegrar o patrimnio de outra entidade pblica).

    Por exemplo, se a Empresa Pernambucana de Transporte ColetivoIntermunicipal - EPTI, uma empresa pblica do Estado de Pernambuco,adquirir o controle acionrio de uma empresa privada qualquer, talempresa passar a integrar o patrimnio do Estado, de forma indireta, naqualidade de subsidiria da EPTI; por isso, seus dirigentes tambmestaro sob a jurisdio do TCE-PE.

    Demais sujeitos fiscalizao por disposio de lei

    V - todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos sua fiscalizao por expressa disposio de lei.

    Para dirimir dvidas de interpretao ou para delimitar formas deatuao (como prazos para apresentao de documentos), a Lei poderespecificar, ainda, outros sujeitos que devam prestar contas ou sesubmeterem fiscalizao do TCE-PE.

    Lembrando, porm, que a regrinha bsica sempre vlida: estosujeitos jurisdio do TCE-PE somente aqueles responsveis porrecursos que sejam pblicos e provenientes do oramento do Estado oude Municpio de Pernambuco.

    Sucessores dos administradores e responsveis

    VI - os herdeiros, fiadores e sucessores dos administradores e responsveis a que se refere este artigo, at o limite do valor do patrimnio transferido, nos termos do art. 5, inciso XLV, da Constituio Federal;

    Caso o responsvel venha a falecer antes de recolher o dbito quelhe foi imposto pelo TCE-PE, seus sucessores, a qualquer ttulo, deveroassumir o prejuzo, at o limite do valor do patrimnio transferido.

    Lembrando que o Tribunal, nos processos de contas, pode condenaro responsvel a ressarcir o prejuzo causado ao errio; nesses casos, sediz que o Tribunal imputou dbito ao responsvel.

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    Se, por exemplo, o dbito imputado foi de R$ 100.000,00 e a heranadeixada foi de R$ 50.000,00, os herdeiros s precisaro pagar a dvida ato valor deixado como herana, nada mais.

    Observe que o inciso faz meno ao art. 5, XLV da CF, o qual estatuique nenhuma pena passar da pessoa do condenado, podendo aobrigao de reparar o dano ser estendida aos sucessores.

    Assim, os sucessores respondem apenas pelo valor do dbito, ato limite do patrimnio transferido, eis que o dbito no uma sano,possuindo natureza de responsabilizao civil para reparao do danocausado; jamais os sucessores respondero pela multaeventualmente aplicada pelo TCE-PE, independente do seu valor ou dovalor do patrimnio transferido, visto que a multa, esta sim, possuinatureza de sano, no podendo passar da pessoa do condenado.

    Entidades privadas que recebam contribuies do Estado

    VII - os responsveis por entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado que recebam contribuies parafiscais e prestem servio de interesse pblico ou social;

    Qualquer entidade privada que receba contribuio do Governo doEstado de Municpio pernambucano para a realizao de trabalhos deinteresse pblico ou social estar sujeita jurisdio do TCE-PE.

    Os responsveis por essas entidades devero prestar contas a fim dedemonstrar a correta destinao dos recursos pblicos recebidos. Comoexemplo, pode-se mencionar as Organizaes Sociais (OS), Organizaesda Sociedade Civil de Interesse Pblico (Oscips) e as Organizaes daSociedade Civil (OSC) abrangidas pela Lei 13.019/2014.

    Lembrando que a jurisdio do TCE-PE se restringe ao limite dosrecursos pblicos transferidos, de modo que o Tribunal no possuicompetncia para fiscalizar a aplicao dos recursos prprios dessasentidades (que so recursos privados, portanto, fora do alcance dajurisdio do Tribunal de Contas).

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    Representantes do Estado na assembleia geral de empresas estatais

    VIII - os representantes do Estado ou do Municpio na Assembleia Geral das empresas estatais e sociedades annimas de cujo capital as pessoas jurdicas participem, solidariamente com os membros do Conselho Fiscal e de Administrao, pela prtica de atos de gesto ruinosa ou liberalidade a custa das respectivas sociedades;

    Os representantes do Estado ou de Municpio na assembleia geral dasempresas das quais o ente participe, direta ou indiretamente, tm o deverde defender o interesse pblico, mediante a proteo do patrimnio dasreferidas sociedades. Assim, caso venham a praticar atos de gestolesivos dos quais resultem prejuzos a essas empresas, e somente nessescasos, podero ser responsabilizados solidariamente com os membros dosconselhos fiscal e de administrao indicados pelo Poder Pblico.

    Perceba que no todo prejuzo suportado por essas entidades quegera a responsabilidade dos representantes do Poder Pblico. Isso porqueresultados ruins so comuns para as empresas que exercem atividadeeconmica, uma vez que esto sujeitas s flutuaes e condies domercado. Por isso, a lei restringe a responsabilizao aos atos de gestoruinosa ou liberalidade custa das respectivas instituies.

    Contratado que receba recursos pblicos estaduais ou municipais

    IX qualquer contratado ou assemelhado que, receba ou seja beneficiado por recursos pblicos estaduais ou municipais, inclusive os oriundos de PPP e concesses pblicas.

    Este inciso apenas refora a abrangncia da jurisdio do TCE-PEsobre todos aqueles que recebam ou sejam beneficiados por recursospblicos estaduais ou municipais.

    Mais especificamente, o dispositivo faz referncia s empresasprivadas que formalizam contratos de Parceria Pblico Privada - PPP ede concesso para a prestao de servios pblicos. Seria o caso, porexemplo, das empresas privadas que prestam servio de transportemunicipal sob o regime de concesso ou de uma empresa que celebre PPPpara a construo e administrao de um estdio de futebol.

    A rigor, apenas as empresas que formalizam PPP que recebemrecursos pblicos para a prestao do servio, atraindo a jurisdio do

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    TCE-PE sobre elas. Por outro lado, as empresas que firmam contratos deconcesso comuns no recebem aportes do Poder Pblico, pois soremuneradas apenas pelas tarifas cobradas dos usurios. Assim, uma vezque as concessionrias comuns no administram recursos pblicos, oTCE-PE no poderia fiscaliz-las diretamente. A jurisdio do TCE-PE, nocaso, recai apenas sobre as agncias reguladoras que fiscalizam osservios delegados para a iniciativa privada mediante concesso. Noobstante, se eventualmente as concessionrias receberem ou forembeneficiadas por recursos pblicos estaduais ou municipais, o TCE-PEpoder fiscaliza-las diretamente.

    DECLARAO DE BENS

    No captulo que trata da jurisdio do TCE-PE, a Lei Orgnica impe,ainda, a obrigao para que alguns jurisdicionados entreguem aoTribunal uma declarao de bens.

    As seguintes autoridades e servidores pblicos devem entregardeclarao de bens ao TCE-PE (art. 8):

    Governador do Estado;

    Vice-Governador do Estado;

    Secretrios do Estado;

    Membros da Assembleia Legislativa;

    Conselheiros e Auditores do Tribunal de Contas do Estado;

    Membros da Magistratura Estadual;

    Membros do Ministrio Pblico do Estado e do Ministrio Pblico de Contas;

    Prefeito Municipal;

    Vice-Prefeito Municipal;

    Membros das Cmaras Municipais de Vereadores;

    Secretrios Municipais;

    Diretores de empresas pblicas, sociedades de economia mista, autarquiase fundaes; e

    Todos quantos exeram cargos eletivos e cargos, empregos ou funes deconfiana na administrao direta, indireta e fundacional de qualquer dosPoderes do Estado e dos Municpios, desde que ordenadores de despesa.

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    A declarao de bens deve ser entregue ao Tribunal at o trigsimodia contado da data da posse ou, se no houver posse, da entrada emexerccio de cargo, emprego ou funo.

    A declarao tambm deve ser entregue no trmino da gesto oumandato, at o trigsimo dia a contar da exonerao, renncia ouafastamento definitivo.

    O no-encaminhamento de cpia da declarao de bens ou a remessafora do prazo fixado, sujeita o agente pblico multa de R$ 5 mil,correspondente a 10% do valor mximo previsto no art. 73 daLei Orgnica.

    Detalhe que o TCE-PE deve manter em sigilo o contedo dasdeclaraes apresentadas.

    A entrega da declarao permite ao Tribunal acompanhar a evoluopatrimonial dos agentes, a fim de detectar eventuais indcios deenriquecimento ilcito custa do patrimnio pblico.

    *****

    Com isso, terminamos o estudo da jurisdio do TCE-PE, assuntoimportante que deve ser bem compreendido, pois recorrente nasprovas.

    Mas lembre-se: o macete para saber se uma pessoa ou entidade est ou no sob a jurisdio do TCE-PE, s verificar se elautiliza, arrecada, guarda, gerencia ou administra recursos pblicos doEstado ou de Municpio de Pernambuco ou pelos quais esses entesrespondam. Caso positivo, a pessoa ou entidade est sob a jurisdio doTCE-PE, no importa se for pessoa fsica ou jurdica, pblica ouprivada.

    Vamos ento resolver algumas questes!

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    1. (TCE/PA Cespe 2016) A jurisdio do TCE/PE se estende aos rgos subordinados e s entidades vinculadas aos poderes pblicos estaduais e municipais do estado.

    Comentrios: Uma vez que no existe no Estado de Pernambuco um TC dos Municpios, como existe nos estados da Bahia, Cear, Gois e Par, nem um TC Municipal em algum municpio do Estado, como existe nos municpios Rio de Janeiro e So Paulo, o TCE-PE acumula o controle externo do Estado e de todos os Municpios do Estado.

    Gabarito: Certo

    2. (TCU TEFC 2015 Cespe, adaptada) A jurisdio do TCE-PE engloba todo o territrio estadual e abrange qualquer pessoa responsvel por haveres pblicos, inclusive seus sucessores, de forma ilimitada.

    Comentrio: De fato, a jurisdio do TCE-PE engloba todo o territrio estadual, porm alcana os sucessores somente at o limite do patrimnio transferido, ou seja, no ilimitada.

    Art. 6 O Tribunal de Contas do Estado tem jurisdio prpria e privativa, em todo o Territrio Estadual, sobre as pessoas e matrias sujeitas a sua competncia.

    Art. 7 A jurisdio do Tribunal abrange:

    VI - os herdeiros, fiadores e sucessores dos administradores e responsveis a que se refere este artigo, at o limite do valor do patrimnio transferido, nos termos do art. 5, inciso XLV, da Constituio Federal;

    Gabarito: Errado

    3. (TCDF Analista 2014 Cespe, adaptada) Entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado criadas com a finalidade de prestar servio de interesse pblico esto abrangidas, em razo de sua finalidade, pela jurisdio do TCE-PE.

    Comentrio: A jurisdio do TCE-PE atrada pela presena de recursos oriundos do oramento estadual ou municipal, de modo que o TCE-PE no tem poderes para fiscalizar empresas privadas que desempenhem suas atividades sem qualquer auxlio financeiro do Tesouro do Estado ou de Municpio.

    Portanto, entidades privadas criadas para prestar servio de interesse pblico s estaro abrangidas pela jurisdio do TCE-PE caso recebam contribuies pecunirias do Estado ou Municpio de Pernambuco para a consecuo de sua finalidade, at o limite do numerrio transferido, e no

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    apenas em razo da sua finalidade.

    Se determinada entidade privada prestar servio pblico com recursos prprios, a exemplo de uma universidade particular, no estar sob a jurisdio do Tribunal de Contas.

    Gabarito: Errado

    4. (TCE/RS OCE 2013 Cespe, adaptada) Considere que o governo do estado de Pernambuco tenha institudo subsdio para os eletrodomsticos de alta tecnologia, reduzindo dois pontos percentuais na alquota do imposto sobre operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicao (ICMS). Nessa situao, constitui responsabilidade do TCE/PE examinar o ato de concesso do referido subsdio.

    Comentrio: A questo est correta. O ato de concesso do referido subsdio constitui hiptese de renncia de receitas, objeto da fiscalizao exercida pelos Tribunais de Contas, a teor do art. 70, caput da CF:

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

    Gabarito: Certo

    5. (TCU AUFC 2011 Cespe, adaptada) A jurisdio do TCE-PE estende-se aos sucessores de ex-dirigentes de entidades estatais que cometam irregularidades que resultem em prejuzo para os cofres pblicos, at o limite do prejuzo apurado e no ressarcido, independentemente do patrimnio transferido.

    Comentrio: Os ex-dirigentes de entidades estatais que cometam irregularidades que resultem em prejuzo aos cofres pblicos esto sim sob a jurisdio do TCE-PE, pois esta abrange os administradores pblicos da administrao indireta (LO, art. 7, I e IV), assim como aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao errio (LO, art. 7, II). A jurisdio do Tribunal tambm alcana os sucessores desses dirigentes, no que tange ao ressarcimento dos dbitos apurados pela Corte de Contas, s que apenas at o limite do patrimnio transferido e no do prejuzo apurado e no ressarcido, que pode ser maior que o patrimnio transferido, da o erro (LO, art. 7, VI).

    Gabarito: Errado

    6. (TCDF ACE 2012 Cespe, adaptada) A jurisdio do TCE-PE abrange tanto as pessoas fsicas como as jurdicas pblicas e privadas que tenham recebido

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    recursos pblicos sob a responsabilidade do Estado de Pernambuco, podendo atingir os sucessores dos responsveis por esses recursos.

    Comentrio: O quesito est correto. Est sob a jurisdio do TCE-PE qualquer pessoa, fsica ou jurdica, pblica ou privada, que seja responsvel pela aplicao de recursos repassados pelo Estado Pernambuco (LO, art. 7, I e VII). o caso, por exemplo, de uma associao privada que receba repasses de programas sociais para desenvolver determinada atividade de interesse pblico. Os sucessores dos responsveis por esses recursos tambm esto sob a jurisdio do TCE-PE, nos termos do art. 7, VI da Lei Orgnica.

    Gabarito: Certo

    7. (TCU TCE 2007 Cespe, adaptada) Considere que determinada organizao civil de interesse pblico, que atua na rea de defesa e conservao do meio ambiente, tenha sido contratada pela administrao pblica do Estado de Pernambuco, por meio de termo de parceria. Nessa situao, mesmo sendo pessoa jurdica de direito privado, essa organizao civil est sujeita jurisdio do TCE-PE.

    Comentrio: Como a organizao civil tratada no comando da questo recebe recursos do Estado de Pernambuco por meio de termo de parceria para o desempenho de atividade de interesse pblico (defesa e conservao do meio ambiente), est sim sob a jurisdio do TCE-PE (LO, art. 7, VII). Portanto, o quesito est correto. No obstante, deve ficar claro que a entidade de direito privado est sujeita fiscalizao do TCE-PE apenas quanto aplicao dos recursos pblicos recebidos, vale dizer, a jurisdio do Tribunal no alcana os recursos prprios da entidade.

    Gabarito: Certo

    8. (TCE/RO ACE 2013 Cespe) Apesar de abranger recursos repassados diretamente s prefeituras pelo Poder Executivo estadual, a jurisdio do TCE/RO no inclui organizaes no governamentais (ONGs) beneficiadas por convnios com o governo estadual.

    Comentrio: O quesito est errado, pois a jurisdio dos Tribunais de Contas tambm abrange as ONGs, assim como qualquer outra entidade privada, beneficiadas por recursos pblicos oriundos de convnios com o Poder Pblico.

    Em Pernambuco, tal princpio est positivado no art. 7 da Lei Orgnica do TCE-PE, pelo qual a jurisdio do TCE-PE abrange os responsveis por entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado que recebam contribuies parafiscais e prestem servio de interesse pblico ou social (inciso VII).

    Gabarito: Errado

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    9. (TCDF Auditor 2002 Cespe) O STF j pacificou o entendimento de que empresas pblicas e sociedades de economia mista, no obstante possuam personalidade de direito privado e seus bens no sejam pblicos, submetem-se a processo de tomada de contas especial.

    Comentrio: poca do certame tal entendimento ainda no estava pacificado, pois havia posicionamentos defendendo que no caberia a instaurao de tomada de contas especial contra dirigentes de empresas pblicas e sociedades de economia mista exploradas de atividade econmica. Da o gabarito oficial do Cespe apontar como errado o quesito. Porm, em 2005, no mbito do MS 25.092/DF, o STF fixou entendimento quanto competncia do TCU extensvel aos demais TCs para fiscalizar tais entidades da administrao indireta, inclusive mediante a instaurao e julgamento de tomada de contas especial. Portanto, para no causar confuso, vamos atualizar o gabarito oficial e considerar o quesito correto.

    Gabarito: Certo

    10. (TCDF Auditor 2002 Cespe, adaptada) A jurisdio do TCE-PE abrange os representantes do Estado na assembleia geral das empresas estatais e sociedades annimas de cujo capital as referidas pessoas jurdicas participem, solidariamente com os membros dos conselhos fiscal e de administrao, pela prtica de atos de gesto lesivos ao patrimnio pblico estadual.

    Comentrio: A questo est em consonncia com o art. 7, VIII da Lei Orgnica do TCE-PE, pelo qual a jurisdio do Tribunal abrange:

    VIII - os representantes do Estado ou do Municpio na Assemblia Geral das empresas estatais e sociedades annimas de cujo capital as pessoas jurdicas participem, solidariamente com os membros do Conselho Fiscal e de Administrao, pela prtica de atos de gesto ruinosa ou liberalidade a custa das respectivas sociedades;.

    Gabarito: Certo

    11. (TCDF Auditor 2002 Cespe, adaptada) Se, para a execuo de obra, o Estado de Pernambuco e a Unio celebrarem convnio para o aporte de recursos federais e do prprio Estado, conforme entendimento pacfico do STF, a fiscalizao da obra ficar limitada atuao do TCU.

    Comentrio: O item est errado, pois, nesse caso, a responsabilidade pela fiscalizao ser de ambos os tribunais de contas, TCU e TCE-PE. O TCU quanto aos recursos federais e o TCE-PE quanto aos recursos estaduais. Caso ocorra desvio da totalidade dos recursos, o TCU at poder apurar a irregularidade como um todo, mas apenas poder exigir ressarcimento equivalente ao montante dos recursos federais repassados, devendo o TCE-

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    PE adotar as providncias cabveis para exigir a reposio dos recursos estaduais.

    Gabarito: Errado

    12. (TCU TEFC 2012 Cespe, adaptada) As empresas pblicas estaduais no esto sujeitas fiscalizao do TCE-PE, pois so pessoas jurdicas de direito privado.

    Comentrio: A afirmativa est errada. As empresas pblicas estaduais integram a administrao indireta e possuem capital do Estado. Logo, esto sob a jurisdio do TCE-PE e, em consequncia, sujeitas fiscalizao da Corte de Contas, independentemente de serem pessoas jurdicas de direito privado, nos termos do art. 7, I da LO.

    Gabarito: Errado

    13. (TCE/ES Procurador Especial de Contas 2009 Cespe) No que concerne fiscalizao e ao controle interno e externo dos oramentos, assinale a opo correta.

    a) A atuao do TCU caracterizada pela atividade jurisdicional, cabendo a esse rgo at mesmo apreciar a constitucionalidade de atos do poder pblico.

    b) A deciso do TCU faz coisa julgada administrativa, no cabendo ao Poder Judicirio examin-la e julg-la.

    c) As sociedades de economia mista, integrantes da administrao indireta federal, no esto sujeitas fiscalizao do TCU, haja vista seus servidores estarem sujeitos ao regime celetista.

    d) Ainda que as cerimnias festivas estejam previstas em lei oramentria, o dispndio excessivo com elas pode ter sua legitimidade questionada pelo TCU.

    e) Cabe ao TCU fiscalizar a aplicao de subvenes, que so auxlios governamentais concedidos apenas s entidades pblicas.

    Comentrio: Ainda que as alternativas se refiram ao TCU, as anlises seguintes tambm valem para os demais Tribunais de Contas, inclusive o TCE-PE:

    Quanto alternativa a, existe polmica sobre o TCU exercer ou no atividade jurisdicional. Porm, o entendimento majoritrio que no exerce, uma vez que as decises do TCU podem ser examinadas pelo Judicirio. A parte final da alternativa, contudo, est correta, eis que o TCU, no exerccio de

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    suas atribuies, pode sim apreciar a constitucionalidade de atos do poder pblico (Smula 347 STF1).

    Em relao alternativa b, falso que no cabe ao Poder Judicirio examinar e julgar a deciso do TCU. Entretanto, lembre-se que o Judicirio apreciar to-somente a observncia do devido processo legal e a preservao das garantias individuais, podendo anular a deciso TCU em caso de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. O Judicirio no entra no mrito da deciso do TCU.

    Por disposio constitucional expressa (CF, art. 70, caput) as entidades da administrao indireta esto sujeitas ao controle externo. H uma deciso antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista exploradoras de atividade econmica da jurisdio do TCU. Contudo, tal entendimento j foi superado, e a Suprema Corte reformou sua deciso, reconhecendo a competncia do TCU para fiscalizar as sociedades de economia mista. Portanto, a alternativa c falsa.

    Quanto alternativa d, certo que o TCU, por fora do art. 70, caput da Constituio Federal, pode questionar a legitimidade, assim como a legalidade e a economicidade, dos gastos pblicos.

    Por fim, a alternativa e falsa. Embora seja correta a afirmao de que competncia do TCU fiscalizar a aplicao de subvenes (art. 70, caput, CF), a Lei 4.320/1964 dispe que elas podem ser concedidas a entidades pblicas ou privadas.

    Gabarito: alternativa d

    14. (TCU Procurador 2004 Cespe, adaptada) Os liquidantes de empresas sob interveno do poder pblico estadual so nomeados pela autoridade competente para decretar a interveno; nesses casos, a pessoa do liquidante no est sujeita jurisdio do TCE-PE, mas sim, da autoridade que o nomeou, pois ser dela a responsabilidade pelos atos daquele.

    Comentrio: O quesito est errado, pois o art. 7, IV da LO coloca sob a jurisdio do TCE-PE os prprios liquidantes das empresas sob interveno, uma vez que eles so diretamente responsveis pelos atos que praticarem em nome do Estado de Pernambuco.

    Gabarito: Errado

    15. (TCDF Procurador 2002 Cespe, adaptada) A competncia do TCE-PE restringe-se aos rgos e entidades que integram a estrutura do Governo do Estado de Pernambuco, no alcanando, por exemplo, uma pessoa de direito privado que,

    1 Smula n 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exerccio de suas atribuies, pode apreciar aconstitucionalidade das leis e dos atos do Poder Pblico.

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    por fora de convnio, receba recursos do Estado.

    Comentrio: Qualquer pessoa pblica ou privada que administre recursos do Estado de Pernambuco est sob a jurisdio do TCE-PE. No caso de entidades privadas ocorre o seguinte: a prestao de contas dos recursos estaduais recebidos dever ser feita, primariamente, ao rgo do Estado repassador, cujos responsveis tero as contas julgadas pelo TCE-PE. Se tudo estiver regular, o processo assim, ou seja, a empresa privada no presta contas diretamente ao TCE-PE, mas indiretamente, por intermdio do rgo estadual repassador. Mas, no caso de a empresa privada ser omissa ou falha no dever de prestar contas ou havendo perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao errio, ser instaurado processo de tomada de contas especial para apurao dos fatos, identificao dos responsveis e quantificao do prejuzo. O processo ser submetido ao julgamento do TCE-PE, que poder, ento, imputar dbito e multa diretamente empresa privada.

    Gabarito: Errado

    16. (TCE/AC ACE 2009 Cespe) A empresa supranacional encontra-se sob a jurisdio dos rgos de controle externo, desde que a Unio detenha, de forma direta ou indireta, a maioria do capital social dessa empresa, nos termos do seu tratado constitutivo.

    Comentrio: Empresas supranacionais so empresas das quais o Governo Brasileiro participa juntamente com o governo de outros pases. Exemplos de empresas supranacionais so a Itaipu Binacional, a Companhia Nacional de Promoo Agrcola e a Alcntara Cyclone Space, das quais o Brasil participa juntamente com os governos do Paraguai, do Japo e da Ucrnia, respectivamente. Frise-se que as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital a Unio participe, de forma direta ou indireta, esto sob a jurisdio do TCU, e no dos Tribunais de Contas Estaduais. O erro da questo que a jurisdio do TCU sobre as empresas supranacionais independe do percentual da participao da Unio.

    Gabarito: Errado

    17. (TCE/PA Cespe 2016) O TCU poder fiscalizar as contas nacionais de empresas cujo capital multinacional tenha a participao da Unio, ainda que a participao brasileira no capital seja minoritria.

    Comentrios: Conforme comentado na questo anterior, a jurisdio do TCU sobre as empresas supranacionais independe do percentual da participao da Unio. Assim, ainda que a participao brasileira no capital seja minoritria, o TCU poder fiscalizas as contas nacionais da empresa.

    Gabarito: Certo

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    18. (TCU AUFC 2009 Cespe) Se o governo brasileiro decidir que a PETROBRAS formar com a Bolvia uma empresa binacional de explorao de petrleo, caber ao TCU fiscalizar as contas nacionais dessa nova empresa.

    Comentrio: O quesito est correto, pois o art. 71, V da CF inclui na jurisdio do TCU os responsveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital a Unio participe, de forma direta ou indireta. No caso, a Unio participaria indiretamente da nova empresa binacional, por intermdio da participao acionria que detm na Petrobras. Por oportuno, cabe relembrar que o controle externo do TCU somente alcanaria as contas nacionais da empresa binacional.

    Gabarito: Certo

    19. (TCE/RS OCE 2013 Cespe, adaptada) A jurisdio do TCE-PE sobre empresas com sede no exterior e cujo capital seja parcialmente de propriedade de rgos pblicos estaduais somente aplicvel se a administrao pblica for detentora da maioria do capital.

    Comentrio: Embora a Lei Orgnica no seja explcita acerca da jurisdio do TCE-PE sobre empresas no exterior, no que diz respeito ao percentual de participao do Estado no seu capital, vamos raciocinar como a banca e fazer uma analogia com o disposto na Constituio Federal acerca da jurisdio do TCU sobre as empresas supranacionais, aplicando o princpio da simetria.

    Assim, da mesma forma que a jurisdio do TCU independe do percentual de participao da Unio na empresa supranacional, a jurisdio do TCE-PE sobre empresas com sede no exterior tambm independe do percentual de participao do rgo pblico estadual no seu capital. Portanto, o erro est na afirmao de que a administrao pblica necessita ser detentora da maioria do capital.

    Gabarito: Errado

    20. (TCE/PE Cespe 2004) Ao TCE/PE compete fiscalizar as contas dos administradores do estado e dos municpios.

    Comentrios: Uma vez que no existe no Estado de Pernambuco um TC dos Municpios, como existe nos estados da Bahia, Cear, Gois e Par, nem um TC Municipal em algum municpio do Estado, como existe nos municpios Rio de Janeiro e So Paulo, o TCE-PE acumula o controle externo do Estado e de todos os Municpios do Estado.

    Gabarito: Certo

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    21. (TCE/PE Cespe 2004) Sujeitam-se jurisdio do TCE/PE os responsveis por entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado que recebam contribuies parafiscais e prestem servios de interesse pblico ou social.

    Comentrios: A questo reproduz literalmente o art. 7, inciso VII da Lei Orgnica do TCE-PE.

    Gabarito: Certo

    A seguir, vamos estudar as caractersticas e peculiaridades dojulgamento de contas a cargo do TCE-PE.

    TOMADA E PRESTAO DE CONTAS

    Como sabemos, uma das principais competncias dos Tribunais deContas julgar as contas dos administradores e dos demais responsveispor dinheiros, bens e valores pblicos, nos termos da Constituio Federal(art. 71, II). Ao TCE-PE, em particular, compete julgar as contas dosresponsveis por recursos provenientes do oramento do Estado e dosMunicpios de Pernambuco, ou pelos quais os entes respondam.

    Por meio do julgamento de contas, o Tribunal avalia e decide sobre alegalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gesto dos seusjurisdicionados. Para tanto, os responsveis devem prestar contas pormeio de documentos e informaes de natureza contbil, financeira,oramentria, operacional ou patrimonial que evidenciem a boa e regularaplicao dos recursos pblicos.

    Vamos ver como isso ocorre na prtica?!

    DEVER DE PRESTAR CONTAS

    De acordo com a Regimento Interno (art. 164), tm o dever deprestar contas as pessoas indicadas nos incisos I, IV, V e VII do art. 7

    da Lei Estadual n. 12.600, de 14 de junho de 2004.

    Inicialmente, perceba que as pessoas que tm o dever de prestarcontas ao TCE-PE so os jurisdicionados indicados nos incisos I, IV, V eVII do art. 7 da LO/TCE-PE, quais sejam:

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    Qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, que utilize, arrecade, guarde,

    gerencie ou administre dinheiro, bens e valores pblicos ou pelos quais o Estado ou

    Municpio responda, ou que, em nome destes, assuma obrigaes de natureza

    pecuniria, Organizaes No Governamentais e os entes qualificados na forma da Lei

    para a prestao de servios pblicos, as Agncias Reguladoras e Executivas;

    Os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob interveno ou que, de

    qualquer modo, venham a integrar, provisria ou permanentemente, o patrimnio do

    Estado, do Municpio ou outra entidade pblica estadual;

    Todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos

    fiscalizao por expressa disposio da Lei;

    Os responsveis por entidades dotadas de personalidade jurdica de direito privado

    que recebam contribuies parafiscais e prestem servios de interesse pblico ou

    social.

    As contas desses administradores e responsveis devem sersubmetidas a julgamento do TCE-PE, sob a forma de prestao decontas ordinria ou especial, organizadas de acordo com as regrasestabelecidas em normas expedidas pelo Tribunal.

    Nos prximos tpicos, vamos estudar em detalhes as contasordinrias e as contas especiais.

    CONTAS ORDINRIAS

    O julgamento das contas ordinrias, tambm chamadas de contas degesto, constitui a materializao da competncia reservada aos Tribunaisde Contas pela primeira parte do inciso II do art. 71 da ConstituioFederal:

    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por

    dinheiros, bens e valores pblicos da administrao direta e indireta,

    includas as fundaes e sociedades institudas e mantidas pelo Poder

    Pblico (...)

    As contas de gesto ou contas ordinrias constituem processosde trabalho do controle externo destinados a avaliar e a julgar odesempenho e a conformidade da gesto dos responsveis em umdeterminado exerccio financeiro, com base em documentos,informaes e demonstrativos de natureza contbil, financeira,oramentria, operacional ou patrimonial, obtidos direta ou indiretamente.

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    Assim, por exemplo, pode existir um processo de contas de gestodos administradores da Secretaria da Educao referente ao exerccio de2016, outro referente ao exerccio de 2017 e assim por diante. O mesmoocorre em relao s demais unidades da Administrao Pblica estaduale aos demais exerccios.

    Devem prestar contas de gesto os administradores dos rgos daadministrao direta e das entidades da administrao indireta.

    A Lei Orgnica diferencia os conceitos de tomada de contas e deprestao de contas. Em suma, tomada de contas o procedimentoadministrativo de verificao das entradas e sadas de recursos ocorridano perodo, ou seja, trata-se de um ato de anlise que o prprio gestorpromove de sua gesto; j prestao de contas a elaborao dosdemonstrativos dessas entradas e sadas, ou seja, trata-se de um ato deescriturao.

    Vamos ver como esses conceitos esto expressos na Lei Orgnica(art. 19, 1 e 2):

    1 Tomada de Contas Ordinria o procedimento administrativo de

    verificao das entradas e sadas de dinheiros, bens e valores pblicos que deve

    ocorrer por exerccio ou perodo de gesto, baseando-se na confrontao da escrita

    com os correspondentes documentos, levando-se em conta, quando for o caso, a

    situao dos saldos no incio e trmino do exerccio ou perodo de gesto.

    2 Entende-se por Prestao de Contas anual ou por fim de gesto o

    demonstrativo da movimentao de entrada e sada de dinheiros, bens e valores

    pblicos elaborado pelo prprio gestor ou seu sucessor, atravs dos seus servios

    contbeis e com base na Tomada de Contas a que alude o pargrafo anterior.

    Os documentos que devem integrar as prestaes de contas soaqueles previstos em atos normativos especficos do Tribunal. Como taisdocumentos no esto previstos nem na LO nem no RI, voc no precisase preocupar com eles para fins de prova.

    Nas prestaes de contas devem ser includos todos os recursos,oramentrios e extra-oramentrios, geridos pela unidade ouentidade (LO, art. 20, 2).

    Na hiptese de mais de uma gesto, num mesmo exercciofinanceiro, as prestaes de contas devero evidenciar a execuooramentria, financeira e patrimonial dos perodos respectivos (LO,art. 23, 1). Seria o caso, por exemplo, de haver troca do titular de

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    Prazos de apresentao das contas dos Municpios

    As contas anuais das Mesas Diretoras das Cmaras Municipaisdevero ser prestadas diretamente ao Tribunal de Contas do Estado at odia 30 de maro do exerccio subsequente (RI, art. 173).

    J as contas anuais dos rgos pertencentes administraopblica direta municipal integraro as prestaes de contas anuais dosPrefeitos Municipais, devendo ser encaminhadas ao Tribunal de Contas,at 90 dias aps o encerramento do exerccio financeiro,ressalvadas as contas dos rgos da Capital, que sero prestadasdiretamente ao Tribunal. Ou seja, as contas dos rgos da administraodireta do Recife no iro integrar as contas do respectivo Prefeito, e simconstituiro processos especficos que devero ser apresentadosdiretamente ao TCE-PE.

    Por sua vez, as contas anuais das entidades pertencentes administrao pblica indireta municipal sero prestadas diretamenteao Tribunal, at noventa dias aps o encerramento do exercciofinanceiro.

    Prestao de Contas do Tribunal de Contas

    Como j sabemos, as contas ordinrias do TCE-PE so julgadas peloprprio TCE-PE. Os responsveis pelas contas ordinrias do TCE-PE so oPresidente do Tribunal e dos demais servidores encarregados de executaras atividades administrativas da Corte.

    Nesse sentido, a Lei Orgnica determina que o Presidente do Tribunalde Contas apresentar suas contas ao Pleno at 30 de maro doexerccio subsequente 2 , acompanhadas do relatrio prvio daComisso de Finanas da Assembleia Legislativa.

    Note que a Assembleia Legislativa, por intermdio da sua Comissode Finanas, deve se pronunciar acerca das contas do Tribunal,previamente ao julgamento. E aps o julgamento, o TCE-PE deveencaminhar uma cpia de sua prestao Assembleia Legislativa, at 15de fevereiro do exerccio subsequente.

    Alm disso, o TCE-PE deve encaminhar Assembleia Legislativa umrelatrio trimestral de suas atividades, no prazo de at noventa dias,aps o vencimento do perodo correspondente (RI, art. 170).

    2 As prestaes de contas do Fundo de Aperfeioamento Profissional e Reequipamento Tcnico doTribunal de Contas e da Escola de Contas Pblicas Professor Barreto Guimares devero serapresentadas na mesma data, pelos respectivos Gestor e Diretor.

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    Tais relatrios devem conter, alm de outros elementos, asatividades especficas no tocante ao julgamento de contas e apreciaode processos de fiscalizao a cargo do Tribunal.

    TOMADA DE CONTAS ESPECIAL

    Tomada de contas especial (TCE) um processo devidamenteformalizado, com rito prprio, para apurar responsabilidade porocorrncia de dano ao patrimnio da Administrao Pblica e obtenodo respectivo ressarcimento.

    Possui previso expressa na parte final do inciso II do art. 71 daConstituio Federal, que atribui aos Tribunais de Contas a competnciapara julgar:

    "II - (...) as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

    irregularidade de que resulte prejuzo ao errio pblico".

    Especificamente, a tomada de contas especial tem por objetivo:

    Apurar os fatos (o que aconteceu);

    Identificar os responsveis (quem participou e como);

    Quantificar do dano (quanto foi o prejuzo ao errio);

    Obter o ressarcimento.

    Para tanto, o processo de TCE deve conter elementos deprova/convico suficientes para se definir qual foi a conduta dos agentespblicos e demais responsveis envolvidos (agentes solidrios ou no),qual/quanto foi o dano e, principalmente, o nexo de causalidade entre aconduta dos agentes e o dano, para que se possa exigir o ressarcimento.

    Consideram-se responsveis as pessoas fsicas ou jurdicas s quaispossa ser imputada a obrigao de ressarcir o errio, vale dizer, qualquerpessoa que esteja sob a jurisdio do TCE-PE.

    Nas TCEs os responsveis podem ser qualquerpessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada,responsvel por causar dano ao errio.

    Assim, uma diferena entre as tomadas de contas especiais e osprocessos de contas ordinrias que, enquanto o rol de responsveis dosprocessos de contas ordinrias inclui apenas dirigentes vinculados administrao pblica estadual ou municipal, nas TCEs os responsveis

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    podem ser qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada,responsvel por causar dano ao errio. Nesse caso, a Constituio exigeapenas um evento especfico para ocorrer a necessidade daapresentao das contas, qual seja, a existncia de prejuzo aopatrimnio pblico, no importando quem o tenha causado. Agentespblicos e privados respondem da mesma forma.

    Ademais, as TCEs no so vinculadas a um exerccio financeiroespecfico. So constitudos tantos processos de TCE quantas forem assituaes determinantes verificadas.

    Situaes determinantes

    Um processo de tomada de contas especial deve ser instauradoquando forem verificadas as seguintes situaes (LO, art. 36):

    Omisso no dever de prestar contas.

    Ocorrncia de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valorespblicos.

    No comprovao da aplicao dos recursos repassados pelo Estadoou Municpio.

    Prtica de qualquer ato ilegal, ilegtimo ou antieconmico de queresulte dano ao Errio Estadual ou Municipal.

    O principal pressuposto para a instaurao de um processo de TCE a configurao de um fato que possa trazer prejuzo ao errio.

    O prejuzo, em regra, pode estar caracterizado de fato, a exemplo dequando ocorre o extravio ou desvio de recursos ou mesmo a perda, rouboou furto de bens.

    Todavia, o dano tambm pode ser consequncia de presuneslegais. Por exemplo: como j sabemos, os beneficirios de repasses derecursos oriundos do oramento do Estado tm a obrigao de prestarcontas ao rgo ou entidade repassador. Esse dever abrange, porexemplo, o bolsista que recebe auxlio financeiro do governo estadual paraa execuo de um projeto de pesquisa ou a entidades paraestatal querecebe repasses estaduais para executar aes de cunho social, oumesmo um Municpio que firme convnio com o Governo do Estado. Todosdevem prestar contas dos recursos pblicos recebidos, a fim dedemonstrar a sua boa e regular aplicao. Se no o fazem, presume-seque o recurso no foi aplicado como deveria. O prejuzo, que nesse caso presumido, corresponde ao montante de recursos sem aplicao correta

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    comprovada. Assim, cabe a instaurao de TCE quando houver omissono dever de prestar contas ou ausncia de comprovao da boa e regularaplicao dos recursos.

    Cumpre destacar que tanto em caso de dolo como de culpa a TCEdeve ser instaurada. Assim, para a instaurao de TCE, no importa se oagente quis praticar a conduta que causou prejuzo ao errio, ou se agiupor negligncia, impercia ou imprudncia. A TCE deve ser instaurada emquaisquer dessas hipteses.

    Por fim, deve ser ressaltado que se exige a instaurao de tomada decontas especial tanto pela prtica de ato danoso como pelaomisso que venha a gerar dano.

    Responsabilidade pela instaurao

    Diante das situaes determinantes (ato ou omisso que resultou emprejuzo ao errio), a tomada de contas especial deve ser instaurada pelaautoridade administrativa competente do prprio rgo ou entidadejurisdicionada (responsvel pela gesto dos recursos).

    A autoridade competente pode ser, por exemplo, o dirigente mximodo rgo ou entidade no qual ocorreu desfalque ou desvio de recursos ouonde se praticou ato ilegal, ilegtimo ou antieconmico de que resultoudano ao errio; pode ser, ainda, o responsvel pelo rgo repassador dosrecursos de convnio (concedente) cujo rgo recebedor (convenente) foiomisso no dever de prestar contas, ou no foi capaz de comprovar a boa eregular aplicao dos recursos.

    Mais especificamente, as seguintes autoridades so competentes parainstaurar tomada de contas especial (LO, art. 36, 2):

    Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, quando a omissodo dever de prestar contas for de responsabilidade do Governador doEstado ou de Interventor Municipal;

    Corregedor Geral da Assembleia Legislativa ou, na inexistncia deuma Corregedoria, Presidente da Comisso do Legislativo Estadualque, por imposio legal, encarregada de opinar sobre a regularidade ouno das Contas Prestadas, quando a omisso no dever de prestar contasfor da responsabilidade da Presidncia da Mesa Diretora da AssembleiaLegislativa do Estado;

    Corregedor Geral de Justia, quando a omisso for da responsabilidadedo Presidente do Tribunal de Justia do Estado;

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    Corregedor Geral do Tribunal de Contas, quando a omisso for daresponsabilidade do Presidente do Tribunal de Contas;

    Corregedor Geral do Ministrio Pblico, quando a omisso for daresponsabilidade do Procurador Geral de Justia;

    Presidente da Cmara Municipal, na ausncia de Prestao de Contaspor parte do Prefeito Municipal;

    o Interventor, quando da omisso do Prefeito Municipal;

    Corregedor Geral da Cmara Municipal ou, na inexistncia de umaCorregedoria, Presidente da Comisso do Legislativo Municipal que,por imposio legal, encarregada de opinar pela regularidade ou no dasContas Prestadas, quando a omisso no dever de prestar contas for daresponsabilidade da Presidncia da Mesa Diretora do Legislativo Municipal;

    Autoridade hierrquica imediatamente superior, quando a omissofor de Gestor de Fundo;

    Secretrios de Estado, quando a omisso no dever de prestar contas forde responsabilidade de ordenadores de despesa da Administrao Direta eIndireta do Estado que lhe so subordinados;

    Secretrios Municipais, quando a omisso no dever de prestas contasfor de responsabilidade de ordenadores de despesa da AdministraoDireta e Indireta do Municpio que lhe so subordinados;

    Autoridades responsveis por transferncias de recursos estaduaise municipais a entidades privadas que prestam servios de interessepblico ou social;

    Ordenador de despesa, quando a omisso no dever de prestar contasfor de detentor de Suprimento Individual;

    Autoridade administrativa com jurisdio sobre o agente dearrecadao, quando este no houver prestado contas no prazoregulamentar;

    Governador do Estado, quando a omisso no dever de prestar contas forde responsabilidade dos Secretrios de Estado;

    Pelo dirigente do rgo de contabilidade setorial de cada esfera degoverno, sendo essa Tomada de Contas certificada pelo rgo Central deContabilidade, e, na inexistncia de rgos setoriais de contabilidade, pelodirigente do rgo Central de Contabilidade, em virtude da existnciade indcios de desfalque, desvio de bens ou valores ou irregularidades emgesto financeira e patrimonial, ou ainda da prtica de qualquer ato ilegal,ilegtimo ou antieconmico de que resulte dano ao Errio;

    Titulares dos rgos e entidades da Administrao PblicaEstadual e Municipal responsveis por Contratos de Gesto e

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    Termos de Parceria, quando a omisso do dever de prestar contas for daresponsabilidade dos dirigentes das OS e OSCIPS;

    Autoridades responsveis pela transferncia de quaisquer recursosaos Municpios, mediante convnio, acordo, ajuste ou outrosinstrumentos congneres, quando o rgo ou entidade beneficiria noapresentar prestao de contas dos recursos recebidos ao concedente;

    Os prazos para instaurao e concluso dastomadas de contas especiais sero, a partir doconhecimento dos fatos, respectivamente, de 30 e90 dias para as autoridades destacadas em azul, ede 90 e 180 dias para as autoridades destacadasem verde, cujos processos conclusos devero ser,de imediato, remetidos ao Tribunal de Contas.

    Mas a instaurao de tomada de contas especial medidaexcepcional. Antes da instaurao da TCE, o rgo ou entidade devefazer o que estiver ao seu alcance para obter o ressarcimento do prejuzo.As providncias administrativas internas com vistas apurao dos fatos,identificao dos responsveis, quantificao do dano e obteno doressarcimento devem ser adotadas pela autoridade competente no prazode 180 dias contados, nos casos de omisso no dever de prestar contas eda no comprovao da aplicao de recursos repassados, da data fixadapara apresentao da prestao de contas, e nos demais casos, dadata do evento, quando conhecida, ou da data da cincia do fato pelaAdministrao (LO, art. 36, 1).

    Esgotadas as providncias administrativas internas sem obteno doressarcimento pretendido, a sim a autoridade competente tem aobrigao de providenciar a imediata instaurao de tomada decontas especial, encaminhando o feito ao TCE-PE para julgamento. Aodizer instaurao imediata, considere os prazos de 30 ou 90 dias acimaindicados, a depender da autoridade competente.

    A tomada de contas especial, quando concluda, ser encaminhadaao Tribunal de Contas, que formalizar processo especfico, o qualtramitar, quando for o caso, em separado das respectivas contas anuaisou por perodo de gesto.

    O Tribunal poder, a qualquer tempo, determinar que a autoridadecompetente instaure a tomada de contas especial, independentementedas medidas administrativas internas e judiciais adotadas, caso aautoridade no adote as providncias a seu cargo diante de um prejuzo

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    ao errio, ou quando o Tribunal entender que o fato motivador possuarelevncia para ensejar a apreciao por seus rgos colegiados.

    Ademais, se a tomada de contas especial no for instaurada ouconcluda nos prazos determinados, o Tribunal de Contas provocar oMinistrio Pblico para adoo das medidas legais pertinentes, semprejuzo da instaurao de uma Auditoria Especial, objetivando umaavaliao da gesto oramentria, financeira e patrimonial (LO, art. 37).

    Alm da hiptese de instaurao pela autoridade administrativacompetente, por iniciativa prpria ou por provocao do Tribunal deContas, a tomada de contas especial tambm pode ser oriunda de outrosprocessos de fiscalizao constitudos pelo TCE-PE. Se no mbitodesses processos de fiscalizao restar configurada a ocorrncia dedesfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano aoerrio, e constatada a omisso da autoridade competente parainstaurao da tomada de contas especial, o Tribunal de Contasdeterminar a instaurao de uma Auditoria Especial (LO, art. 38).

    Na Auditoria Especial, o Tribunal designar uma equipe de auditoresdo seu quadro para adotar as providncias que estariam a cargo daautoridade competente, no sentido de apurar os fatos, identificar osresponsveis pelo dano e quantificar o prejuzo, de modo a instruir oprocesso de tomada de contas especial.

    A instaurao da Auditoria Especial, nesse caso, no impede aformalizao do processo de Destaque, nos termos do art. 41 da LeiOrgnica, visando representao autoridade competente, nem aaplicao de multa e a imputao de outras sanes cabveis, por graveinfrao norma legal ao gestor omisso.

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    Decorridos 45 dias do encaminhamento da Certido de Dbito pararessarcimento de dano ao Errio sem que tenha havido qualquercomunicao quanto ao ressarcimento ou quanto ao ajuizamento da aode execuo, o Tribunal cientificar o Ministrio Pblico para que este,verificada a omisso do gestor, promova a execuo judicial do ttulo,independentemente do ajuizamento da ao penal cabvel contra osgestores que tenham se omitido na adoo de providncias para oressarcimento (LO, art. 66, 4).

    Detalhe que o pagamento do dbito e/ou da multa pode serparcelado, mediante requerimento do interessado. A autoridaderesponsvel por deferir o pedido de parcelamento o representante legal da pessoa jurdica titular do crdito relativo ao ressarcimentode dano ao Errio, no caso do dbito, e o Secretrio da Fazenda, nocaso da multa em processos referentes a entes estaduais ou o Gestordo Fundo de Aperfeioamento Profissional e ReequipamentoTcnico, no caso da multa em processos referentes a entes municipais(LO, art. 67, 1 e 2).

    Quando ocorrer o parcelamento, a falta de recolhimento dequalquer parcela caracterizar o vencimento antecipado do saldodevedor, emitindo-se a competente Certido de Dbito relativa sparcelas vincendas (LO, art. 67, 3).

    Contas iliquidveis

    As contas tambm podem ser julgadas iliquidveis, quando casofortuito ou fora maior, comprovadamente alheios vontade doresponsvel, tornar materialmente impossvel o julgamento do mrito(LO, art. 59, IV). Nesse caso, as contas sero trancadas e o processoser arquivado, por ser impossvel a adoo de deciso definitiva demrito (LO, art. 65).

    O caso clssico o da repartio pblica que teve suas instalaesdestrudas por uma catstrofe natural, como uma enchente, por exemplo,tornando impossvel reunir os documentos necessrios comprovao daregular gesto dos recursos pblicos. Nesse caso, resta ao Tribunal, tosomente, considerar as contas iliquidveis, ordenando o trancamento.

    Se, em cinco anos contados da publicao no Dirio Eletrnico doTCE-PE da deciso terminativa que ordenou o trancamento e oarquivamento do processo, surgirem novos elementos consideradossuficientes para que se promova o julgamento das contas, nova deciso

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    determinar o desarquivamento do processo para que se ultime arespectiva tomada ou prestao de contas. Mas se o prazo de cinco anostranscorrer sem que tenha havido nova deciso, as contas seroconsideradas encerradas, com baixa na responsabilidade doadministrador (LO, art. 65, 1 e 2).

    O Tribunal pode, ainda, determinar o arquivamento do processo attulo de racionalizao administrativa e economia processual, como objetivo de evitar que o custo da cobrana seja superior ao valor doressarcimento. Nesse caso, o dbito porventura existente no cancelado, continuando o devedor obrigado a ressarci-lo para que lhe sejadada quitao (LO, art. 68). Ou seja, o arquivamento do feito a ttulo deracionalizao administrativa e economia processual, por si s, nosignifica que o Tribunal est dando quitao ao responsvel. Para que issoocorra, o prejuzo deve ser ressarcido, ainda que seja de baixamaterialidade.

    Sobrestamento

    O art. 63-B da Lei Orgnica diz que o Relator poder determinar o sobrestamento da instruo ou do julgamento, nos termos do

    Regimento Interno.

    Adota-se a deciso preliminar de sobrestar o julgamento quandoalguma matria ou fato tenha o potencial de interferir no mrito doprocesso de contas. Nesse caso, o julgamento ou apreciao das contas suspenso, pelo prazo mximo de um ano, at o deslinde da matria oufato limitador (RI, art. 149)

    Por exemplo: se numa auditoria ainda em curso no Tribunalestiverem sendo constatadas diversas irregularidades praticadas noexerccio de referncia das contas, espera-se que o deslinde dafiscalizao possa macular a gesto dos responsveis naquele perodo.Sendo assim, a deciso do Relator, ao tomar conhecimento dos achadosda auditoria, dever ser determinar o sobrestamento do julgamento doprocesso de contas, at a concluso da fiscalizao. Cessado o motivo dosobrestamento, o processo de contas estar apto a ser julgado. No nossoexemplo, aps o Tribunal apreciar as concluses da fiscalizao, emitindoo devido Acrdo, o Relator poder levantar o sobrestamento do processode contas, cujo julgamento quanto regularidade da gesto dosresponsveis dever levar em considerao os resultados da auditoria.

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    O despacho ou a deliberao que determinar o sobrestamentoespecificar claramente a matria ou os responsveis que tero suascontas sobrestadas, e o motivo justificador de tal providncia (RI,art. 149, 1)

    O sobrestamento no prejudicar: (i) a adoo de providncias, comvistas ao saneamento do processo; (ii) a apreciao de matria diversa doobjeto de sobrestamento; e (iii) o julgamento das contas dos demaisresponsveis arrolados no processo.

    Por fim, importante ressaltar que o sobrestamento suspende osprazos processuais, inclusive para o recolhimento de multas.

    *****

    Pronto pessoal. Vamos resolver mais questes de prova?

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    22. (TCE/PR 2016 Cespe) Conforme determina a CF, no particular, as decises do TCU que impliquem reconhecimento de dbito ou imputao de multa tero eficcia de ttulo executivo. No entanto, com prejuzo do princpio da simetria, decises de igual teor originrias dos TCEs e dos TCMs no tm tal eficcia, j que as leis estaduais so silentes em qualificar a eficcia das decises prolatadas por esses tribunais.

    Comentrio: Pelo princpio da simetria, as disposies relativas ao TCU previstas nos art. 70 a 74 da Constituio Federal aplicam-se, no que couber, aos demais tribunais de contas, dentre elas, a eficcia de ttulo executivo das decises que imputem dbito ou multa. Em observncia a tal princpio, o art. 30, 3 da Constituio de Pernambuco prescreve que as decises do Tribunal de Contas de que resulte imputao de dbito ou multa tero eficcia de ttulo executivo. Portanto, percebe-se que a legislao estadual no silente em qualificar a eficcia das decises prolatadas pelo TCE-PE.

    Gabarito: Errado

    23. (TCE/SC 2016 Cespe, adaptada) Cabe ao TCE/PE o julgamento das contas dos administradores e demais responsveis por sociedades institudas e mantidas pelo poder pblico, assim consideradas aquelas em que o poder pblico detm a maioria das aes ou quotas de capital.

    Comentrio: O art. 2, IV da Lei Orgnica diz o seguinte:

    Art. 2 Ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco compete na forma estabelecida na presente Lei:

    IV - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiro, bens e valores pblicos das unidades dos Poderes do Estado, dos Municpios e das entidades da administrao indireta, includas as fundaes, fundos e sociedades institudas e mantidas pelo Poder Pblico, Estadual e Municipal, inclusive as Organizaes No Governamentais e os entes qualificados na forma da lei para a prestao de servios pblicos, as Agncias Reguladoras e Executivas e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte dano ao Errio.

    Como se nota, o conceito de sociedade mantida pelo Poder Pblico no restrito quelas em que o Poder Pblico detm a maioria das aes ou quotas de capital, incluindo tambm as Organizaes No Governamentais e os entes qualificados na forma da lei para a prestao de servios pblicos.

    Gabarito: Errado

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    24. (TCE/PA 2016 Cespe, adaptada) A prtica de grave infrao a norma legal ou regulamentar de natureza contbil que no caracterize dano especfico ao errio, mesmo que no seja apenas de natureza estritamente formal, enseja o julgamento das contas como regulares com ressalvas.

    Comentrio: A prtica de grave infrao a norma legal ou regulamentar de natureza contbil enseja o julgamento das contas como irregulares, ainda que no caracterize dano especfico ao errio, nos termos do art. 59, III, b da Lei Orgnica:

    Art. 59. As contas sero julgadas:

    III irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrncias:

    a) conduta da administrao tipificada como ato de improbidade administrativa, nos termos da Lei;

    b) grave infrao a norma legal ou regulamentar de natureza contbil, financeira, oramentria, operacional ou patrimonial;

    c) culposa aplicao antieconmica de recursos pblicos;

    d) desfalque, desvio de dinheiro, bens ou valores pblicos;

    e) descumprimento de determinao de que o responsvel tenha tido cincia, feita em processo anterior de Tomada e Prestao de Contas.

    Por outro lado, as contas so julgadas regulares com ressalvas quando evidenciarem impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal, ou ainda a prtica de ato de gesto ilegal, ilegtimo ou antieconmico que no seja de natureza grave e que no represente injustificado dano ao Errio.

    Gabarito: Errado

    25. (TCU AUFC 2015 Cespe, adaptada) Caso o TCE-PE profira deciso considerando regulares com ressalvas as contas de determinado gestor que tenha falecido pouco antes do proferimento de tal deciso, ser invivel a adoo das medidas necessrias correo das impropriedades identificadas.

    Comentrio: A correo de impropriedades visa a prevenir novas ocorrncias no futuro, de modo que o falecimento do gestor responsvel pelas falhas no impede a adoo de medidas corretivas. Tanto verdade que, segundo o art. 61, 1 e 2 da LO, ao julgar as contas regulares com ressalva, com ou sem imputao de multa, o Tribunal determinar ao gestor responsvel ou a quem lhe haja sucedido, a adoo de medidas necessrias correo das impropriedades ou faltas identificadas, de modo a prevenir a ocorrncia de outras semelhantes.

    Gabarito: Errado

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    26. (TCDF Auditor 2014 Cespe, adaptada) Considere que, em determinado processo de prestao de contas, o TCE-PE tenha determinado o trancamento das contas, cujo julgamento de mrito se tornou invivel em razo de sinistro que inutilizou a documentao da entidade auditada, e a baixa da responsabilidade do administrador aps 5 anos de publicao da referida deciso, sem fatos novos. Nesse caso, a deciso do TCE-PE foi adequada.

    Comentrio: A questo est correta. As contas, inclusive as tomadas de contas especiais, so consideradas iliquidveis quando caso fortuito ou de fora maior, comprovadamente alheio vontade do responsvel, tornar materialmente impossvel a adoo de deciso definitiva de mrito. Nesse caso, as contas sero trancadas e o processo ser arquivado. Se, em cinco anos, contados da publicao da deciso terminativa no Dirio Eletrnico do TCE-PE, no surgirem fatos novos, as contas sero consideradas encerradas, com baixa na responsabilidade do administrador.

    Gabarito: Certo

    27. (Cmara dos Deputados Consultor 2014 Cespe, adaptada) O TCE-PE julgar como regulares as contas cujo julgamento de mrito seja materialmente impossvel, dando quitao plena ao responsvel.

    Comentrios: A questo est errada. As contas cujo julgamento de mrito seja materialmente impossvel sero consideradas iliquidveis, e no julgadas regulares. Lembrando que as contas sero julgadas regulares quando expressarem, de forma clara e objetiva, a exatido dos demonstrativos contbeis, a legalidade, a legitimidade, a economicidade, a moralidade e a publicidade dos atos de gesto do responsvel.

    Ressalte-se que, ao considerar as contas iliquidveis, o Tribunal no d quitao plena ao responsvel. O que ocorre a baixa na responsabilidade do administrador, mas somente aps cinco anos contados da deciso terminativa, desde que, nesse perodo, no apaream novos elementos considerados suficientes para que se promova o julgamento das contas.

    Gabarito: Errado

    28. (TCU AUFC 2013 Cespe) No julgamento das contas regulares, exceto nos casos em que haja ressalvas, o tribunal dar quitao ao responsvel.

    Comentrio: O item est errado. Nos termos do art. 60 da Lei Orgnica, quando julgar as contas regulares, o Tribunal dar quitao plena ao responsvel:

    Art. 60. Quando julgar as contas regulares, o Tribunal dar quitao plena ao responsvel.

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    Segundo o art. 61 da LO, a quitao (sem ser plena) cabvel para contas regulares com ressalva, sem aplicao de multa, justamente a exceo apresentada de forma indevida na questo:

    Art. 61. Quando julgar as contas regulares com ressalvas, o Tribunal poder aplicar ao Responsvel as sanes previstas nesta Lei.

    1 No caso de contas regulares com ressalvas, sem aplicao de Multa, o Tribunal emitir certificado de quitao do responsvel para com o Errio titular do crdito e lhe determinar ou a quem lhe haja sucedido, a adoo de medidas necessrias correo das impropriedades ou faltas identificadas, de modo a prevenir a ocorrncia de outras semelhantes nos termos do previsto no art. 69 desta Lei.

    Gabarito: Errado

    29. (TCE/ES ACE 2012 Cespe, adaptada) Cabe ao administrador pblico estadual determinar imediatamente a instaurao de tomada de contas especial, caso tome conhecimento da no comprovao da aplicao de recursos repassados pelo Estado de Pernambuco mediante convnio ou instrumento congnere.

    Comentrio: Segundo o art. 36 da Lei Orgnica, diante das situaes determinantes, dentre elas a no comprovao da aplicao de recursos repassados pelo Estado, a autoridade competente, dever, no prazo de 180 dias, adotar providncias administrativas para a apurao dos fatos, identificao dos responsveis, quantificao do dano e obteno do ressarcimento. Apenas se esgotadas tais medidas administrativas sem a eliso do dano que a autoridade competente deve providenciar a imediata instaurao de tomada de contas especial, mediante a autuao de processo especfico, no prazo de 30 ou 90 dias, a depender da autoridade competente. Portanto, a assertiva est errada, pois no aborda a necessidade de se esgotar as providncias administrativas para ressarcir o prejuzo antes da instaurao da tomada de contas especial.

    Gabarito: Errado

    30. (TCE/ES Auditor 2012 Cespe) Tomada de contas especial s deve ser adotada pelo administrador pblico, independentemente das providncias administrativas internas, para ressarcimento do dano provocado ao errio e do seu montante, sob pena de responsabilidade solidria.

    Comentrio: A questo contm dois erros: (i) a tomada de contas especial s deve ser instaurada aps esgotadas as providncias administrativas internas para eliso do dano, e no independentemente dessas providncias; (ii) a tomada de contas especial instaurada com o objetivo de apurar os fatos, quantificar o dano, identificar os responsveis e

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    obter o ressarcimento do dano provocado ao errio; j a assertiva diz que a tomada de contas especial apenas visa ressarcir o dano.

    Gabarito: Errado

    31. (TCU AUFC 2011 Cespe, adaptada) Caso a documentao contbil de determinada entidade seja roubada e seja impossvel a sua recuperao ou a obteno de informaes apropriadas e suficientes sobre as operaes dessa entidade, suas contas devero ser consideradas iliquidveis, e o processo correspondente, arquivado. A baixa da responsabilidade do administrador, entretanto, somente poder ser dada aps cinco anos da deciso terminativa do TCE-PE.

    Comentrio: O item est correto. Diante de caso fortuito ou de fora maior, alheio vontade do responsvel, as contas sero consideradas iliquidveis, desde que seu julgamento se torne materialmente impossvel (LO, art. 59, IV). Assim, no pode haver possibilidade de reconstituio dos autos por qualquer outro meio.

    Quando as contas so consideradas iliquidveis, o Tribunal emite deciso terminativa ordenando o trancamento das contas e o consequente arquivamento do processo, sem julgamento de mrito e sem baixa de responsabilidade (LO, art. 65). Passado o prazo de cinco anos sem que tenha havido nova deciso, vale dizer, sem a ocorrncia de fato novo, as contas sero consideradas encerradas, a sim com baixa na responsabilidade do administrador (LO, art. 65, 2).

    Gabarito: Certo

    32. (TCU AUFC 2010 Cespe, adaptada) As contas de um administrador que apresentem falta de natureza formal da qual no resulte dano ao errio devem ser tratadas pelo TCE-PE como irregulares com ressalva.

    Comentrio: Ateno! As contas que apresentem apenas falta de natureza formal da qual no resulte dano ao errio devem ser julgadas regulares com ressalva, e no irregulares com ressalva (LO, art. 59, II). No existe a figura de contas julgadas irregulares com ressalva, da o erro.

    Gabarito: Errado

    33. (TCU AUFC 2010 Cespe, adaptada) O TCE-PE deve dar quitao plena ao administrador cujas contas sejam julgadas regulares.

    Comentrio: O item est correto. Sempre que julgar as contas regulares, o Tribunal dar quitao plena ao responsvel (LO, art. 60). No se esquea do detalhe de que, ao julgar as contas regulares com ressalva, o Tribunal dar apenas quitao ao responsvel, e no quitao plena!

    Gabarito: Certo

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    34. (TCU TEFC 2009 Cespe, adaptada) Os responsveis cujas contas sejam julgadas irregulares, ainda que estejam sob apreciao do TCE-PE, integraro uma relao que ser encaminhada justia eleitoral e estaro impedidos de candidatar-se ou tomar posse at a deciso do tribunal em instncia final.

    Comentrio: A fim de subsidiar a deciso quanto inelegibilidade de candidatos, o Tribunal enviar Justia Eleitoral, antes de ultimar o prazo para registro de candidaturas, a relao dos responsveis que tiveram suas contas relativas ao exerccio de cargos ou funes pblicas rejeitadas por irregularidade insanvel e por deciso irrecorrvel, na forma da legislao eleitoral (LO, art. 141).

    Todavia, a lista encaminhada pelo TCE-PE no determina, por si s, a inelegibilidade do candidato, consistindo to somente em subsdio para a Justia Eleitoral, a quem cabe a deciso. Portanto, os nomes que integrarem a lista encaminhada pelo TCE-PE no estaro automaticamente impedidos de se candidatar ou de tomar posse, pois dependem do veredicto da Justia Eleitoral, da o erro do quesito.

    A partir da edio da LC 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) so inelegveis os que tiverem suas contas relativas ao exerccio de cargos ou funes pblicas rejeitadas por irregularidade insanvel que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por deciso irrecorrvel do rgo competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judicirio, para as eleies que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da deciso, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituio Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem excluso de mandatrios que houverem agido nessa condio.

    Repare que no basta o julgamento pela irregularidade das contas para a Justia Eleitoral declarar a inelegibilidade. A irregularidade deve ser insanvel e, adicionalmente, decorrer de ato doloso (intencional) de improbidade administrativa. Assim, atos culposos que tenham motivado a irregularidade das contas, decorrentes de impercia, imprudncia ou negligncia, ainda que insanveis, no so suficientes para macular a elegibilidade do candidato. Apesar disso, o TCE-PE informa os nomes de todos os responsveis que tiveram as contas julgadas irregulares, independente se a irregularidade decorreu de ato doloso ou culposo.

    Gabarito: Errado

    35. (TCU ACE 2008 Cespe, adaptada) Nos casos em que se constatar que o custo de uma cobrana superior ao valor do ressarcimento devido por um agente pblico, em razo de irregularidade praticada, o TCE-PE poder cancelar o dbito, mas o respectivo processo no poder ser arquivado.

  • Controle da Administrao Pblica p/ TCE-PE 2017

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 04

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    Comentrio: O quesito est errado, pois o que ocorre exatamente o contrrio. A ttulo de racionalizao administrativa e economia processual, e com o objetivo de evitar que o custo da cobrana seja superior ao valor do ressarcimento, o Tribunal poder determinar, desde logo, o arquivamento de processo, sem cancelamento do dbito, a cujo pagamento continuar obrigado o devedor, para que se lhe possa ser dada quitao (LO, art. 68).

    Gabarito: Errado

    36. (TCU ACE 2008 Cespe) O pagamento integ