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16 | Revista Abende, nº 22 | outubro 2007 O Controle Dimensional é um método capaz de verificar de maneira eficiente as carac- terísticas dimensionais de peças, subconjuntos ou mesmo equipamen- tos completos, tendo como objetivo principal garantir a montagem, o bom funcionamento e a intercam- bialidade de peças e componentes de equipamentos. É uma aplicação específica da metrologia dimensional e dos con- ceitos fundamentais de confiabili- dade metrológica aos elementos que compõem as construções de plantas industriais de petróleo e gás, papel e celulose, petroquímicos, mineração e siderúrgicos. Como método de aplicação geral em qualquer processo de fabrica- ção, o Controle Dimensional pode ser classificado de várias maneiras. Uma forma bastante difundida é a sua classificação de acordo com a natureza de sua aplicação. Desta forma, uma divisão utili- zada pela Petrobras para finalidade de qualificação de pessoal é a encon- trada na Norma Petrobras N-2109, que estabelece uma divisão em qua- tro modalidades distintas, conforme descrito abaixo: • Controle Dimensional de Caldei- raria e Tubulação – aplicação do Con- trole Dimensional aos equipamentos de origem em processos de fabrica- ção de caldeiraria, como vasos de pressão, tanques de armazenamento, juntas tubulares e segmentos de tubulação. Como estes equipamentos Controle Dimensional de caldeiraria têm uma enorme pos- sibilidade de combinações de geome- trias, há uma dificuldade de padro- nização dos processos de Controle Dimensional. Devido às especifici- dades de projeto, cada equipamento é fabricado de maneira quase que única, exigindo um procedimento de Controle Dimensional específico. • Controle Dimensional de Mecâ- nica - aplicação do Controle Dimen- sional aos equipamentos de origem em processos de fabricação mecâni- cos, como engrenagens, roscas, flan- ges e bombas. O Controle Dimen- sional normalmente é aplicado ao processo de fabricação por se trata- rem de linha de produção pode ter seu controle realizado de maneira amostral na maioria das vezes. • Controle Dimensional de Topo- grafia Industrial - aplicação do Con- trole Dimensional aos marcos topo- gráficos utilizados em instalações industriais, assim como às bases de equipamentos fabricados em proces- sos de construção civil ou mesmo na montagem de torres diversas para verificação de verticalidade. Por tra- tar-se de projetos praticamente úni- cos o Controle Dimensional tem sua aplicação em 100% das obras em que estão sendo construídas bases de equipamentos e marcos de loca- lização. • Controle Dimensional de Mon- tagem de Máquinas – aplicação do Controle Dimensional à montagem de bombas, turbinas e compressores. Por se tratar de equipamentos dinâ- micos, ou seja, equipamentos que possuem movimento de algum de seus componentes, como altas rota- ções de eixos, por exemplo, a mon- tagem correta destes equipamen- tos exige uma série de requisitos quanto a sua vedação junto ao sis- tema e a geração de vibrações. Desta forma. os alinhamentos entre eixos e o balanceamento dos mesmos têm fundamental importância no sentido de reduzir estes efeitos indesejados. Em um processo industrial de fabricação e montagem de uma pla- taforma de petróleo, por exemplo, estas quatro modalidades de Con- trole Dimensional são utilizadas de maneira conjunta, visando garan- tir a montagem correta de todos os componentes do projeto, evitando retrabalhos e preservando o bom andamento da obra. Rafael Grangeiro é represen- tante regional da ABENDE no Rio Grande do Sul 16 | Revista Abende, nº 22 | outubro 2007 OPINIÃO

Controle Dimensional

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16 | Revista Abende, nº 22 | outubro 2007

O Controle Dimensional é um método capaz de verificar de maneira eficiente as carac-

terísticas dimensionais de peças, subconjuntos ou mesmo equipamen-tos completos, tendo como objetivo principal garantir a montagem, o bom funcionamento e a intercam-bialidade de peças e componentes de equipamentos.

É uma aplicação específica da metrologia dimensional e dos con-ceitos fundamentais de confiabili-dade metrológica aos elementos que compõem as construções de plantas industriais de petróleo e gás, papel e celulose, petroquímicos, mineração e siderúrgicos.

Como método de aplicação geral em qualquer processo de fabrica-ção, o Controle Dimensional pode ser classificado de várias maneiras. Uma forma bastante difundida é a sua classificação de acordo com a natureza de sua aplicação.

Desta forma, uma divisão utili-zada pela Petrobras para finalidade de qualificação de pessoal é a encon-trada na Norma Petrobras N-2109, que estabelece uma divisão em qua-tro modalidades distintas, conforme descrito abaixo:

• Controle Dimensional de Caldei-raria e Tubulação – aplicação do Con-trole Dimensional aos equipamentos de origem em processos de fabrica-ção de caldeiraria, como vasos de pressão, tanques de armazenamento, juntas tubulares e segmentos de tubulação. Como estes equipamentos

Controle Dimensional

de caldeiraria têm uma enorme pos-sibilidade de combinações de geome-trias, há uma dificuldade de padro-nização dos processos de Controle Dimensional. Devido às especifici-dades de projeto, cada equipamento é fabricado de maneira quase que única, exigindo um procedimento de Controle Dimensional específico.

• Controle Dimensional de Mecâ-nica - aplicação do Controle Dimen-sional aos equipamentos de origem em processos de fabricação mecâni-cos, como engrenagens, roscas, flan-ges e bombas. O Controle Dimen-sional normalmente é aplicado ao processo de fabricação por se trata-rem de linha de produção pode ter seu controle realizado de maneira amostral na maioria das vezes.

• Controle Dimensional de Topo-grafia Industrial - aplicação do Con-trole Dimensional aos marcos topo-gráficos utilizados em instalações industriais, assim como às bases de equipamentos fabricados em proces-sos de construção civil ou mesmo na montagem de torres diversas para verificação de verticalidade. Por tra-tar-se de projetos praticamente úni-cos o Controle Dimensional tem sua aplicação em 100% das obras em que estão sendo construídas bases de equipamentos e marcos de loca-lização.

• Controle Dimensional de Mon-tagem de Máquinas – aplicação do Controle Dimensional à montagem de bombas, turbinas e compressores. Por se tratar de equipamentos dinâ-

micos, ou seja, equipamentos que possuem movimento de algum de seus componentes, como altas rota-ções de eixos, por exemplo, a mon-tagem correta destes equipamen-tos exige uma série de requisitos quanto a sua vedação junto ao sis-tema e a geração de vibrações. Desta forma. os alinhamentos entre eixos e o balanceamento dos mesmos têm fundamental importância no sentido de reduzir estes efeitos indesejados.

Em um processo industrial de fabricação e montagem de uma pla-taforma de petróleo, por exemplo, estas quatro modalidades de Con-trole Dimensional são utilizadas de maneira conjunta, visando garan-tir a montagem correta de todos os componentes do projeto, evitando retrabalhos e preservando o bom andamento da obra.

Rafael Grangeiro é represen-tante regional da ABENDE no Rio Grande do Sul

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Assim, acompanhando a fabrica-ção dos vasos de pressão, um inspe-tor de Controle Dimensional está efe-tuando medições dos componentes destes equipamentos a fim de garan-tir que suas características dimen-sionais (distâncias entre bocais, ali-nhamento de flanges e ângulos de bocais) permitirão a correta e rápida conexão destes mesmos vasos às várias ramificações de tubulação que deles irão derivar.

Estas tubulações ou segmentos de tubulação, por sua vez, também foram inspecionadas em sua fabri-cação de maneira a garantir suas características dimensionais (ali-nhamento dos flanges, rotação dos flanges e diâmetros das furações). A correta e rápida montagem estará garantida de um lado com o vaso de pressão e, de outro, com uma bomba, por exemplo.

Como equipamento dinâmico, esta bomba se estará conectando à rede de tubulações e a montagem da mesma terá o acompanhamento de um inspetor de Controle Dimensio-nal de montagem de máquinas que verificará a correta montagem do equipamento analisando e medindo aspectos como vedação da conexão, fixação, alinhamentos entre eixos, balanceamento de eixos, nivela-mento e vibração, a fim de comparar com os valores admitidos em projeto, cujos limites não podem ser ultra-passados.

Para o correto posicionamento de alguma torre projetada para este conjunto, há a necessidade de um inspetor de Controle Dimensional de Topografia Industrial auxiliar o pro-cesso a fim de alocar o equipamento no local apropriado definido em pro-jeto, a fim de não haver a sobreposi-ção com outros equipamentos, e de avaliar outros fatores, como a sua verticalidade.

Como se pode ver, as modalidades de Controle Dimensional comple-

mentam-se em um processo de mon-tagem industrial a fim de permitir a correta e rápida montagem dos equi-pamentos da maneira como foram projetados.

É importante ressaltar que as modalidades de Controle Dimensio-nal são complementares, mas têm origens diferentes quanto à área de

conhecimento e, conseqüentemente, à formação técnica dos profissionais que as desenvolvem. Desta forma, os equipamentos utilizados para as diferentes modalidades diferem bas-tante: enquanto para a modalidade de Topografia Industrial são utili-zados como instrumentos básicos níveis ópticos, teodolitos e estações totais, para a modalidade de cal-deiraria e tubulação os instrumen-tos básicos utilizados são esquadros, níveis de bolha, escalas e trenas. Já para o inspetor de Controle Dimen-sional de Mecânica são necessários micrômetros externos, blocos padrão e desempeno, e ainda para o inspetor de Controle Dimensional de Monta-gem de Máquinas relógios compara-dores, relógios apalpadores e anali-sadores de vibração.

Os profissionais especializados nas modalidades Mecânica e Mon-tagem de Máquinas são os que nor-malmente têm origem como técnicos mecânicos ou engenheiros mecâni-cos.

Já o profissional de Topogra-fia Industrial tem sua origem como técnico de edificações, geógrafo ou engenheiro civil.

O profissional de Caldeiraria e Tubulação é o que tem normalmente origem mais eclética, podendo ter sua origem na eletromecânica, na mecânica ou mesmo na fabricação de caldeiraria e tubulações.

Ao exemplificar sucintamente um processo de montagem industrial, espero ter conseguido mostrar a importância prática da aplicação dos métodos de Controle Dimensional e os objetivos da técnica em suas dife-rentes modalidades nos processos de fabricação e montagem de equipa-mentos.

Rafael GrangeiroInspetor de Controle

Dimensional Mecânica – N2Representante Regional ABENDE/RS

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Para obter a certificação, na área de Controle Dimensional, o candidato é submetido a exames teóricos e prá-ticos, sendo esse último, dividido em três especificações:1-Modalidade Mecânica:• Inspetor Nível 1: dimensional com-pleto de rosca, dimensional de uma peça vazada e calibração de um mi-crômetro externo. • Inspetor Nível 2: além das provas acima, o candidato efetua os exames de tolerância geométrica, dimensio-nal completo de engrenagem, furo e eixo (tolerância e ajuste) e inspeção por amostragem.2 - Modalidade Caldeiraria:• Inspetor Nível 1: dimensional de Tubulação (spool), calibração de uma trena, dimensional de vaso e tanque e medição de espessura por Ultra-som. • Inspetor Nível 2: além das provas acima, o candidato efetua as provas de dimensional de um nó de plata-forma (junta tubular), confecção de um gabarito de forma (tampo de um vaso) e inspeção por amostragem. 3 - Modalidade Topografia Industrial: • Inspetor Nível 1: verificação de Nível ótico, verificação de teodo-lito/estação total, nivelamento e contranivelamento, locação de ba-ses e chumbadores. inspetor nível 2. Além das provas acima, o candidato efetua os exames de levantamento de poligonal fechada e traçagem de curva pelo processo do grau.

Outras informações: www.abende.org.br/certific_profissional_cd.php