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CONTROLE PERCEBIDO E DESEMPENHO ACADÊMICO DE CRIANÇAS DE NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO BAIXO Lísia Ramos Mayer Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre em Psicologia sob orientação da Profa. Dra. Sílvia Helena Koller Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Psicologia Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento Fevereiro, 1998.

Controlo Percebido e Desempenho Academico

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controlo percebido e desempenho academico

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  • CONTROLE PERCEBIDO E DESEMPENHO ACADMICO

    DE CRIANAS DE NVEL

    SCIO-ECONMICO BAIXO

    Lsia Ramos Mayer

    Dissertao apresentada como exigncia parcial

    para obteno do grau de Mestre em Psicologia

    sob orientao da

    Profa. Dra. Slvia Helena Koller

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Instituto de Psicologia

    Curso de Ps-Graduao em Psicologia do Desenvolvimento

    Fevereiro, 1998.

  • 22

    AGRADECIMENTOS

    professora Dra. Silvia Koller pela orientao, incentivo e dedicao que

    proporcionaram a realizao deste trabalho.

    Aos professores Raul Arago Martins, ngela Biaggio e Marcella Rafaelli pela

    leitura e pelas sugestes apresentadas.

    minha famlia, em especial ao meu esposo Bruno por sua compreenso, apoio

    e presena constante e, a minha querida Brisa.

    Mayte Raya Amazarray, Paula Sandrine Machado e Maria Cristina Bressane

    pela contribuio na coleta de dados, pela amizade, apoio e grandiosa troca de idias e

    frutferos trabalhos originados a partir deste estudo.

    colega Claudia Giacomoni pelo apoio inestimvel nas anlises estatsticas e

    oportunidade de troca de idias.

    Aos colegas do CEP-Rua pela companhia, apoio e troca de experincias.

    s colegas Paola Biasoli Alves e Alessandra Lima Marques pelos incontveis

    momentos de troca de idias e de lazer que passamos juntas, alm dos trabalhos que

    realizamos e continuaremos a realizar.

    funcionria da Secretaria do Curso de Ps-Graduao em Psicologia,

    Margarete Bianchessi, pelo auxlio e colaborao.

    os diretores das escolas que to gentilmente nos acolheram e possibilitaram a

    coleta de dados e a realizao deste trabalho.

    A todas as crianas que participaram desta pesquisa propiciando meu

    aprimoramento profissional e a produo cientfica.

    Ao CNPq pelo auxlio financeiro para a realizao desta pesquisa.

  • 33

    SUMRIO

    Pgina

    Sumrio de Tabelas............................................................................................4

    Resumo.............................................................................................................5

    Abstract.............................................................................................................6

    Captulo

    I. INTRODUO............................................................................................7

    1.1 Controle Percebido................................................................................8

    1.2 Desempenho Acadmico.......................................................................15

    1.3 Fatores de risco ou mecanismos protetivos............................................17

    II. MTODO...................................................................................................20

    2.1 Participante...........................................................................................20

    2.2 Instrumentos.........................................................................................20

    2.3 Procedimento........................................................................................22

    III. RESULTADOS.........................................................................................23

    IV. DISCUSSO............................................................................................32

    Referncias......................................................................................................39

    Anexos............................................................................................................42

    Anexo I - Entrevista inicial com a criana....................................................42

    Anexo II - CAMI (Control, Agency, Means-Ends Interview).......................43

    Anexo III - Escala de Avaliao dos Alunos pelos Professores....................46

  • 44

    SUMRIO DAS TABELAS

    Pgina

    Tabela 1. Correlaes de Pearson entre desempenho acadmico

    (TDE) e controle percebido.............................................................................24

    Tabela 2. Mdias dos escores totais de controle percebido para

    aprovados e reprovados..................................................................................26

    Tabela 3. Mdias dos escores de controle percebido para apro-

    vados e reprovados, levando em conta os eventos positivos.............................26

    Tabela 4. Mdias dos escores de controle percebido para apro-

    vados e reprovados, levando em conta os eventos negativos.............................27

    Tabela 5. Mdias dos escores de controle percebido por gnero,

    levando em conta os eventos negativos............................................................28

    Tabela 6. Freqncias e percentuais das crianas aprovadas e

    reprovadas por gnero.....................................................................................29

    Tabela 7. Mdias dos escores totais de controle percebido para

    crianas de sete e oito anos..............................................................................29

    Tabela 8. Mdias dos escores de controle percebido para crian-

    as de sete e oito anos, levando em conta os eventos positivos.........................30

    Tabela 9. Mdias dos escores de controle percebido para crian-

    as de sete e oito anos, levando em conta os eventos negativos........................30

    Tabela 10. Correlao de Pearson entre (TDE) e a escala de

    avaliao dos alunos pelos professores.............................................................31

    Tabela 11. Correlao de Pearson entre TDE) e o Raven.................................31

  • 55

    RESUMO

    Este estudo identifica a relao entre controle percebido e desempenho

    acadmico de crianas em situao de risco social e pessoal na cidade de Porto

    Alegre. Foram examinadas 61 crianas, sendo 30 meninos e 31 meninas com idades

    de 7 a 8 anos, que freqentavam a primeira srie de duas escolas estaduais da periferia

    de Porto Alegre. Os dados foram obtidos atravs da aplicao de uma escala de

    controle percebido, o CAMI (Control, Agency, Interview), que verifica os

    componentes de crenas como locus de controle, atribuio de causalidade, auto-

    eficcia e desamparo aprendido, bem como foram utilizados o Teste de Desempenho

    Escolar e o desempenho atribudos a cada criana com base nas provas finais do ano

    letivo, resultando em aprovado e reprovado. Quarenta e trs crianas tiveram como

    resultado a aprovao e dezoito foram reprovadas. Os resultados deste estudo foram

    obtidos atravs de regresso mltipla e logstica, mdias e anlise de varincia

    (ANOVA). Os resultados encontrados neste estudo confirmam que existe relao

    entre controle percebido e desempenho acadmico, como tambm que as crenas de

    controle, crenas de capacidade e crenas de estratgia variam de acordo com a idade

    e o gnero.

  • 66

    ABSTRACT

    This study iinvestigates the relationships between perceived control and school

    performance in children at risk situation in Porto Alegre City. The sample is

    composed of sixty one children (30 boys and 31 girls), 7-8 years-old. Data were

    obtained using two instruments. (A) CAMI Scale (Control, Agency and Means-Ends

    Interview), based on action-theory view, measuring childrens beliefs of self-related

    agency, control-expectancy and causality-related means-ends. School performance

    was measured usin (B)TDE and passing and failing in the end of school year. Fourty

    three children passed and eighteen failed. The results were analysed throghout

    statistical treatament. The results show and confirm the relationships between

    perceived control and school performance, and that beliefs changed in relation to

    gender and age.

  • 77

    CAPTULO I

    INTRODUO

    Este estudo verifica a relao entre a percepo de controle (ou controle

    percebido) e desempenho acadmico de crianas de nvel scio-econmico baixo. Os

    dados deste projeto foram obtidos atravs de uma breve entrevista com a criana e da

    aplicao de uma escala de controle percebido, CAMI (Control, Agency, Means-ends

    Interview), elaborado por Skinner, Baltes e Chapman (1988) tendo como base a teoria

    da ao de controle psicolgico (Skinner, 1995; Little, 1995; Karasawa, Little,

    Miyashita, Mashima, & Azuma, 1996; Little, Oettingen, Stetsenko, & Baltes, 1995;

    Oettingen, Little, Lindenberger, & Baltes, 1994). Foi tambm utilizado um teste para

    avaliar o desempenho escolar das crianas (TDE), elaborado por Stein (1994) e uma

    escala para professores, elaborada com base em Bandeira (1991) e Harter (1982) para

    avaliar a percepo das professoras sobre o desempenho acadmico das crianas. O

    Raven verificou o nvel de inteligncia das crianas.

    Controle percebido uma capacidade individual que as pessoas desenvolvem

    com a inteno de aprender a lidar com os acontecimentos da vida e entender como e

    por qu estes eventos acontecem, desenvolvendo uma maneira particular de trat-los.

    Tm sido definidas aes que envolvem uma compreenso das relaes entre agentes,

    meios (causas) e fins (objetivos relacionados s conseqncias). Esta habilidade

    aprendida ou no, torna-se uma crena de controle, onde o indivduo pensa que esta

    crena o livrar de desconfortos ou eventos desagradveis, como os j vivenciados,

    porque ser capaz de control-los, prevendo suas conseqncias e planejando

    estratgias capazes de obter bons resultados.

    Os primeiros estudos sobre controle tiveram origem nos trabalhos publicados

    por Bialer (1961) e Rotter (1966). Desde ento, uma longa bibliografia foi gerada

    sobre o controle que as pessoas exercem ou no sobre os acontecimentos da vida. Tal

    controle ocorre devido a necessidade inata que os seres humanos tm em dirigir e ter

    controle e competncia sobre sua vida, sendo que estas experincias de controle

    tornam-se parte integrante do processo individual agindo e guiando as aes futuras

    da pessoa (Skinner, 1995).

    Little (1995) aponta que os efeitos das crenas da ao de controle psicolgico

    podem ser vistos em todas as fases de uma seqncia de ao: da inteno para a

  • 88

    iniciao, a ao, interpretao e ao subseqente, ocorrendo em todas as etapas do

    desenvolvimento humano, da infncia at a velhice. Com as crianas isto ocorre desde

    quando elas comeam a descobrir quem so e do qu so capazes, evoluindo em seu

    sistema de competncia. Estas aes so usadas, repetidamente, na negociao de

    vrias tarefas e desafios. A pessoa desenvolve um perfil adaptativo, incluindo altas

    aspiraes, persistncia frente aos obstculos, viso mais ampla de suas possibilidades

    e melhores opes. Alm disso, a pessoa aprende com os seus fracassos e desenvolve

    um sentimento de fortalecimento pessoal e bem-estar, considerando-se um indivduo

    com alta capacidade pessoal que e com expectativa de controle dos acontecimentos

    em sua vida. Por outro lado, uma pessoa que no tem este perfil adaptativo, tem

    recursos pessoais limitados (Karasawa et al., 1996; Little, 1995; Skinner, 1995).

    Portanto, para melhor entendimento dos conceitos abordados neste estudo ser feito a

    seguir, um apanhado sobre a literatura de controle percebido e desempenho

    acadmico, sob o enfoque da teoria da ao de controle psicolgico, alm de uma

    breve discusso sobre fatores de risco e proteo.

    1.1 Controle percebido

    Para Skinner (1995), o controle percebido moldado pelo desenvolvimento e

    uma fora ativa na linha do desenvolvimento. Indivduos que acreditam ter uma ao

    de controle (motivao) sobre um resultado de sucesso tm mais probabilidade de

    confirmar suas altas expectativas iniciais de controle. Ou ainda, indivduos sustentam

    o engajamento nas tarefas desafiadoras levando para o desenvolvimento uma

    competncia atual. Por outro lado, indivduos que no acreditam que possam influir

    nas conseqncias de seus atos, acabam por perder oportunidades de exercer controle.

    Atravs desta passividade e evitando tarefas difceis, eles abstm-se do

    desenvolvimento de novas competncias (Karasawa et al., 1995; Skinner, 1995;

    Stipeck & Weisz, 1981).

    O conceito de controle percebido muito diversificado, mas verifica-se que est

    sempre vinculado a um prognstico de comportamentos, emoo, motivao,

    desempenho, sucesso e fracasso da vida de um indivduo. A literatura de controle

    percebido foi construda com base em quatro teorias, que so: as teorias sobre locus

    de controle, desamparo aprendido, auto-eficcia e atribuio de causalidade.

  • 99

    A teoria de locus de controle foi, originalmente, desenvolvida por Rotter (1966).

    A definio dada ao locus de controle por Rotter (1966, p.1) foi:

    Quando um reforo percebido pelo sujeito como seguindo

    alguma ao prpria mas no sendo totalmente contingente nesta

    ao, ento em nossa cultura, ele tipicamente percebido como

    resultado da sorte, do acaso, destino como imprevisvel, devido a

    grande complexidade das foras que a cercam. Quando o evento

    interpretado desta forma pelo indivduo, ns temos denominado

    esta crena como controle externo. Se a pessoa percebe que o

    evento contingente em seu prprio comportamento ou

    relativamente uma caracterstica permanente, ns denominamos

    esta crena como controle interno.

    Entende-se por contingncia, de agora em diante, como referindo-se a conexo

    entre ao e resultados. Quando um evento rapidamente, consistentemente e,

    discriminadamente segue uma ao, o evento chamado contingente sobre a ao.

    Quando o evento apenas provvel de ocorrer sem a ao, mesmo quando uma ao

    presente, ento o evento independente dela, e chamado no-contingente em relao

    a ela, a ao (Skinner, 1995; p.47).

    Dela Coleta (1987) sugeriu que locus de controle um construto que busca

    explicar uma caracterstica relativa percepo das pessoas sobre a fonte de controle

    nos acontecimentos em que esto envolvidos. Um indivduo pode perceber-se como

    controlador destes acontecimentos ou como sendo os mesmos controlados por fatos

    externos a ele, que poderiam ser pessoas, entidades ou mesmo o destino, o acaso e a

    sorte.

    A Figura 1 mostra o esquema sobre locus de controle dentro do sistema de

    crenas, conforme elaborado por Rotter (1966).

  • 10

    10

    Figura 1. Locus de controleCRENAS CONSEQNCIAS

    REGULADORAS AES OU RESULTADOS

    LOCUS DECONTRO-LEINTERNO/EXTERNO

    ESFORO,INTENSIDADE,PERSISTNCIAE INICIAO DERESPOSTA

    SUCESSO/FRACASSO

    Fonte: Skinner (1995; p.24)

    A teoria de desamparo aprendido foi desenvolvida por Seligman (1975),

    embasada no pressuposto de que quando as pessoas ou animais experenciam eventos

    negativos ou aversivos, que ocorrem independente de suas prprias aes, eles

    aprendem a identificar comportamentos especficos que so ineficientes. Aprendem

    tambm que existem respostas ineficazes e sentem-se desamparadas. Os trs maiores

    efeitos estudados sobre desamparo aprendido so: (1) dficits de comportamento, falta

    de resposta ou passividade; (2) dficits cognitivos que so o enfraquecimento na

    capacidade de detectar contingncias atuais; (3) dficits emocionais ou depresso.

    A Figura 2 mostra o esquema da teoria do desamparo aprendido, dentro do

    sistema de crenas, proposta por Seligman (1975).

    Figura 2. Desamparo aprendidoCRENAS CONSEQNCIAS/ PERCEPES INTERPRETAES

    DAS CONSEQNCIAS

    REGULADORAS AES RESULTADOS

  • 11

    11

    EXPECTATIVANO- CONTIN-GENTE DFICIT

    MOTIVACIONAL

    CONTINGNCIA

    FRACASSO/MAL RESULTADO

    NO CONTINGNCIAPERCEBIDA

    ATRIBUIO

    INTERNO/EXTERNO

    ESTVEL/INSTVEL

    GLOBAL/ESPECFICO

    AUTO-ESTIMA

    CRONICIDADE

    IMPREGNAO

    D F ICAFE

    TIV

    O

    DFI

    CIT

    COGNITIVO

    Fonte: Skinner (1995; p.24)

    Bandura (1977) afirmou que as teorias de controle percebido concentram-se em

    crenas sobre a eficcia da resposta na produo de conseqncias. No entanto, para

    ele esta expectativa no deveria ter efeito sobre o comportamento a menos que

    algum tambm tenha convico que pode realizar com sucesso um comportamento

    certo para produzir o resultado desejado. A esta crena, Bandura chamou de auto-

    eficcia e que est relacionada ao comportamento, emoo e motivao.

    A Figura 3 mostra o esquema do conceito de auto-eficcia como entendido

    dentro do sistema de crenas elaborado por Bandura (1977).

    Figura 3. Auto-eficciaCRENAS CONSEQNCIAS/ PERCEPES INTERPRETAES

    DAS CONSEQNCIAS

    REGULADORAS AES RESULTADOS

  • 12

    12

    AUTO-EFICCIAE EXPECTATI-VAS DE RESPOS-TAS E RESUL-TADOS

    DESEMPENHO REALIZADO AUTO-EFICCIA

    ESFORO,ANSIEDADE,INTENSIDADEE INICIAO DE RESPOSTAS

    AVALIAOCOGNITIVA

    Fonte: Skinner (1995; p.25)

    Weiner (1985) indicou que quando algo acontece s pessoas, elas costumam

    questionar por qu isto acontece, a esta conexo entre internalidade e expectativa de

    mudanas, chamou atribuio de causalidade. As causas para os quais so atribudos

    os eventos podem ser vistos em dimenses de internalidade, estabilidade,

    controlabilidade e intencionalidade. Estas dimenses podem predizer importantes

    conseqncias como emoes, comportamento e motivao.

    A Figura 4 mostra o esquema do conceito de atribuio de causalidade dentro

    do sistema de crenas elaborado por Weiner (1985).

  • 13

    13

    Figura 4. Atribuio de causalidadeCRENAS CONSEQNCIAS/ PERCEPES INTERPRETAES

    DAS CONSEQNCIASREGULADORAS AES RESULTADOS

    ESFORO,PERSISTNCIA,E INICIAO DE

    RESPOSTA

    FRACASSO/SUCESSOINESPERADO

    ATRIBUIO

    INTERNO/EXTERNO

    ESTVEL/INSTVEL

    CONTROLVEL/INCONTROLVEL

    ESTIMATIVADESUCESSO

    EXPECTATIVA DE MUDANA

    Fonte: Skinner (1995; p. 25)

    Estas crenas sobre controle formam o que se chama sistema de competncia,

    mapeados pelos constructos acima citados. Todas as teorias mencionadas tentam

    explicar como as experincias de controle contribuem para a construo das crenas e

    como estas crenas promovem ou acabam com interaes efetivas, isto , como as

    experincias de controle contribuem para a construo de crenas, e como estas

    crenas promovem ou destrem interaes eficazes.

    Skinner (1995) afirma que a organizao de um sistema de crenas tem como

    prioridades: (a) a questo do padro de agentes na produo de conseqncias; (b) a

    relao entre meios e conseqncias; e, (c) a relao entre agentes e meios. Esta

    conceitualizao de controle percebido foi concebida dentro de trs ambientes de

    crenas de controle separados, que so: (1) crenas de controle ou tambm chamadas

    crenas de expectativas de controle, definida como expectativa geral que algum pode

    obter resultados e conseqncias desejadas; (2) crenas de estratgia ou tambm

    chamadas crenas meios-fins: definidas como expectativas sobre a extenso para o

    qual certas causas (meios) geralmente produzem as conseqncias desejadas (fins); e

  • 14

    14

    (3) crenas de capacidade (agncia): definidas como uma percepo pessoal sobre a

    extenso no qual algum possui ou tm acesso queles meios potenciais e relevantes

    (Karasawa et al., 1996; Little, 1995; Skinner, 1995).

    A Figura 5 mostra o esquema de construo das crenas de controle atravs da

    perspectiva da teoria da ao.

    Figura 5. Esquema do Sistema de Competncia

    CRENAS DECONTROLE AO

    CONSEQUN-CIAS

    CRENAS SOBRE ASCAUSAS

    CRENASSOBRESI MESMO

    CRENAS DECONTROLE

    Fonte: Skinner, (1995; p.20).

    Outro aspecto da conceitualizao sobre controle percebido a perspectiva

    terica da ao de controle psicolgico. Aes so definidas como objetivos

    direcionados, intencionais, comportamentos carregados de emoo que levam a algum

    lugar num contexto social. A distino da ao entre agentes, meios e fins so

    centrais. Incontveis aes envolvem no somente a compreenso do padro de

    agentes na produo de conseqncias, mas tambm da conexo entre agentes e

    meios.

    Desta forma, a teoria da ao de controle psicolgico baseada no modelo

    tripartido de crenas de controle, de estratgia e de capacidade. Cada crena reflete

    uma ligao entre os trs constituintes da ao humana, o agente (ator), os vrios

    meios e os fins (objetivos relacionados com as conseqncias). A ao do agente

    reflete sua conscincia dos objetivos e os meios para ating-lo, tendo uma

    responsabilidade pessoal em persegu-lo escolhendo, e selecionando a melhor forma

    de usar os meios corretos (Chapman & Skinner, 1989; Karasawa et al., 1996). As

    crenas de ao de controle psicolgico refletem os trs tipos de crenas sobre a

  • 15

    15

    relao entre estes constituintes, ou seja, a expectativa de controle reflete a ligao

    entre um ator e o objetivo, crenas de capacidade refletem a ligao entre o ator e os

    vrios meios pelos quais o objetivo (fim) pode ser obtido, e as crenas de estratgias

    refletem a ligao entre os vrios e relevantes meios para atingir os objetivos ou

    conseqncias desejadas.

    A Figura 6 mostra as ligaes existentes entre o agente, os meios utilizados e os

    fins para o alcance dos objetivos.

    Figura 6. Distino entre os trs tipos de crenas

    CRENAS DE CAPA-CIDADE, ESFORO,

    HABILIDADE, PODERDOS OUTROS E SORTE

    CRENAS DEESTRATGIA

    CRENAS DECONTROLE

    AGENTE(ATOR)

    FINS(OBJETIVOS

    RELACIONADOSS CONSEQUNCIAS)

    MEIOS(CAUSAS)

    Fonte: Skinner (1995, p.31).

    Skinner (1995) usa o termo crena para enfatizar a natureza de percepo de

    controle. A funo do sistema de crenas de regular e de interpretar as aes. Os

    primeiros aspectos de crenas a serem regulados so as crenas de controle, de

    estratgia e de capacidade. Por outro lado, os primeiros aspectos a serem interpretados

    so as crenas de estratgias e de capacidade de desempenho. So ambos usados na

    compreenso do significado do sucesso e do fracasso e so influenciados pelos

    padres de aes de resultados das performances.

    A diferena entre crenas que regulam as aes (tais como crenas na

    expectativa do desempenho, expectativa de agregar a eficcia ou as crenas de

    controle) e as crenas que interpretam o desempenho (tais como crenas de atribuio,

    de causalidade e de estratgias) podem ser teis nestes estudos. As crenas

    reguladoras deveriam ser importantes na predio de: (a) iniciao de respostas; (b)

    implementao de ao; (c) intensidade do esforo e persistncia; (d) ansiedade no

  • 16

    16

    desempenho. No entanto, as crenas interpretativas deveriam ser importantes na

    predio de: (a) diferenciao das emoes; (b) na explicao de como o desempenho

    afetivo prioritrio frente expectativa de controle; (c) na conexo prioritria para

    futuras performances. A ligao entre crenas reguladoras e interpretativas exploram

    o por qu boas performances nem sempre promovem boas crenas e comportamentos.

    1.2 Desempenho acadmico

    Muitos pesquisadores tm demonstrado em seus estudos que uma importante

    contribuio para o desempenho acadmico so as expectativas individuais da criana

    e o controle que tm sobre seus sucessos ou fracassos na escola. De acordo com a

    literatura sobre desempenho e realizao acadmica, h muitos estudos que fazem

    uma relao entre estes e controle percebido (Findley & Cooper, 1983; Karasawa e

    colaboradores, 1996; Kunnen, 1993).

    Para Bialer (1961), todas as crianas so capazes de perceber frustraes ou a

    no-realizao de seus objetivos ou desejos, bem como uma experincia de sucesso,

    mas para isso necessrio que a criana tenha capacidade de assumir

    responsabilidade sobre suas aes, isto , que ela faz parte das conseqncias dos

    eventos. Apenas as crianas que podem conceituar a relao entre seu prprio

    desempenho ou habilidade e as conseqncias de seus comportamentos diretos e

    objetivos, so quem podem estar conscientes do sucesso ou fracasso.

    Seligman (1975) por meio de evidncias empricas que acumulou em seus

    estudos, indicou que crianas acreditam que ir bem na escola um contingente de

    suas prprias aes. Estas crianas tm um desempenho melhor do que aquelas que

    no tm este controle. Da mesma forma, as crianas que acreditam que boas notas so

    geradas por causas internas e controlveis (Weiner, Nierenberg, & Goldstein, 1976), e

    que acreditam que podem produzir as respostas que levam as conseqncias desejadas

    (Bandura, 1977), ou que acreditam que possuem muita habilidade (Harter, 1981;

    Stipek, 1980), apresentam melhor desempenho acadmico do que as demais crianas.

    Estas crianas tm um escore mais alto em testes de inteligncia e realizao,

  • 17

    17

    recebendo notas melhores na escola do que as crianas que no tm estas crenas

    (Findley & Cooper, 1983; Karasawa et al., 1996; Little, 1995; Stipek & Weisz, 1981).

    Quando crianas acreditam que podem exercer controle sobre seus sucessos na

    escola, desempenham melhor as tarefas cognitivas. As crianas que tm sucesso na

    escola, vem seu desempenho como uma conseqncia controlada. Estas relaes

    sugerem que crianas que no vo bem na escola percebem a si mesmos como no

    tendo controle sobre seu desempenho acadmico e seus fracassos, e que estas crenas

    vo se generalizando sobre outras performances que servem para confirm-las

    (Seligman, 1975; Skinner, 1990).

    Findley e Cooper (1983) referem que se o sucesso positivamente valorizado,

    pessoas que se sentem mais capazes para controlar conseqncias deveriam

    empenhar-se mais. As pessoas com locus de controle interno ou externo deveriam, e

    assim o fazem, reagir diferente para o sucesso e o fracasso. Pessoas com locus de

    controle interno costumam se orgulhar com boas conseqncias, enquanto que as

    pessoas com locus de controle externo experenciam emoes menos intensas.

    Segundo Weiner (1985), para comportamentos subseqentes, especialmente nos

    casos de fracasso, a estabilidade percebida da causa tambm importante, sendo

    entendido aqui como estabilidade, a intensidade do comportamento, e se o mesmo

    considerado interno ou externo. Portanto, as experincias individuais influenciam o

    significado da causa, e isso ocorre tanto nas crianas como nos adultos.

    Kunnen (1993) afirmou que controle percebido sobre desempenho acadmico

    freqentemente demonstrado pelo significado de atribuio de desempenho e ambos,

    nvel de desempenho e experincia influenciam a controlabilidade percebida da causa.

    Tambm as atribuies externas podem ser percebidas como controlveis. Observa,

    ainda, que as crianas, freqentemente, percebem as causas de seus fracassos como

    falta de competncia, tarefas difceis e explicao insuficiente do professor.

    Na escola, controle percebido pode ser considerado um fator importante na

    determinao do desempenho e do comportamento durante as tarefas. Desta forma,

    controle percebido sobre desempenho acadmico entendido como perceber a si

    mesmo como capaz de alcanar o objetivo desejado por meio das prprias aes.

    Controle percebido ser positivo somente se o objetivo selecionado percebido como

    alcanvel.

  • 18

    18

    No ambiente escolar, esforo freqentemente concebido por prestar ateno e

    trabalhar persistentemente por longos perodos. Este comportamento , em geral,

    percebido como, deliberadamente, escolhido ou rejeitado pela criana (Kunnen,

    1993).

    Em relao ao processo de desenvolvimento, percebe-se que as crianas

    comeam a notar que so capazes de influenciar as conseqncias dos eventos com

    suas prprias aes. Bialer (1961) acredita que muito provvel que as crianas

    vejam suas experincias orientadas com objetivo como sendo controladas

    internamente, ou seja, so conseqncias de seu prprio comportamento. Nesta

    condio de conceituar o que externo e o que interno, h uma evoluo na

    habilidade de categorizar eventos como sucesso ou fracasso.

    Relacionando estas teorias com os estgios iniciais do desenvolvimento, no

    existe concepo da relao entre conseqncia dos eventos com um comportamento

    individual. Ento, crianas pequenas, como um grupo, tendem a ver suas experincias,

    ambos positivas e negativas, como sendo externamente controladas e devidas ao

    destino, outras pessoas e/ou outras foras externas (Kunnen, 1993).

    Crianas costumam categorizar como experincias desagradveis, aquelas nas

    quais seu comportamento e objetivo so bloqueados ou frustrados. No entanto, se a

    tarefa procurada para uma concluso satisfatria, ou a gratificao alcanada, a

    experincia categorizada como agradvel (Kunnen, 1993). O objetivo alcanado

    reconhecido pela criana como sendo devido apenas a sua prpria habilidade, e no

    mais apenas por experincias agradveis, mas como sucesso. Da mesma forma

    acontece com as experincias desagradveis que passam a ser entendidas como

    fracassos.

    Skinner (1995) e Little (1995) apontam para a relao entre controle percebido e

    desempenho acadmico que pode ser mediado pelo gnero e a idade das crianas. Nos

    estudos de controle percebido, sob enfoque da teoria da ao psicolgica de controle,

    em diversos contextos culturais, como no Japo, Alemanha e Estados Unidos, entre

    outros, Little (1995) encontrou que as meninas demonstram maior capacidade de

    acessar os meios para esforo do que os meninos. Estes demonstraram maior

    capacidade para acessar o meio para habilidade, mas com uma percepo de que esta

    habilidade menos importante nos resultados da escola do que para as meninas. Alm

    disso, ambos, meninos e meninas, demonstraram que crenas de estratgias (meio-

  • 19

    19

    fim) relacionado com o construto sorte indicam a tendncia para nveis de meios

    (causas) diferentes que favorecem as meninas.

    1.3 Fatores de risco e mecanismos protetivos

    Para Skinner (1995; p. xv), as pesquisas sobre controle percebido so um

    lbum de imagens recortadas que se estende aos domnios do funcionamento humano,

    bem como do curso da vida. As experincias de controle tm enriquecido a vida de

    todos, mas os fatos sobre os quais no temos controle tambm aparecem na vida das

    pessoas como fracassos, divrcios, doenas, envelhecimento ou at mesmo perda de

    amores. Para Seifer e colaboradores (1992), os riscos tm demonstrado ter srios

    impactos cognitivos e scio-emocionais como conseqncia, em crianas em situao

    de risco. Podem ser considerados riscos a baixa condio econmica, tamanho da

    famlia, muitos eventos de vida, ausncia paterna, ansiedade materna, rigidez parental,

    doena mental dos pais, e outros fatores (Seifer, Sameroff, Baldwin, & Baldwin,

    1992).

    Outro aspecto importante levantado por Seifer e colaboradores (1992) a falta

    de especificidade e simultaneidade dos fatores de risco. Os efeitos mltiplos

    caracterizam que os riscos podem ser cumulativos e que quanto maior a presena de

    fatores de risco, maior a certeza de conseqncias negativas.

    No entanto, nem todos os indivduos em situao de risco tm uma

    conseqncia negativa no decorrer de sua vida. Existem fatores que protegem os

    indivduos nestas condies contra as conseqncias negativas. Rutter (1987)

    enfatizou a natureza interativa do risco, proteo, vulnerabilidade e resilincia.

    Vulnerabilidade e proteo so entendidos como uma dimenso nica de como um

    indivduo responde ao risco, com nfase sobre o processo de adaptao funcional.

    Rutter (1987) aponta para o fato de que o cognitivo individual e o estilo de

    comportamentos de crenas, tais como, temperamento, locus de controle, competncia

    percebida podero proteger os indivduos do risco.

    A investigao sobre fatores protetivos envolvem dois componentes principais.

    O primeiro, uma identificao mais individual do risco, ou seja, riscos podem ser

    subdivididos em fatores de risco externos, como pobreza por exemplo, e

    vulnerabilidade interna, como desordens genticas. O segundo componente a

  • 20

    20

    identificao de mediadores potenciais como os aspectos individuais, alm da simples

    ausncia dos fatores de risco. Qualidades so assumidas como protetivas se sua

    presena associada com expectativas de conseqncias melhores em uma populao

    de risco.

    Skinner (1995, p.87) indica o controle percebido como sendo um fator de

    proteo para as situaes de stress, controle percebido fornece proteo contra as

    experincias de angstia em tempos de objetivo e elevado caos, ou seja, a percepo

    de controle tem um efeito de avaliao inicial de um evento estressante. Alto controle

    previne fracassos, erros, no-contingncia e novidades sendo experenciadas como

    tratamento para o sistema de competncia. Baixo controle indica uma vulnerabilidade

    individual para as experincias estressantes.

    Como foi visto, pobreza ou nvel scio-econmico baixo so entendidos como

    fatores de risco. No foi encontrada literatura sobre controle percebido e desempenho

    acadmico em crianas nestas condies, possibilitando e estimulando que este estudo

    seja realizado.

    HIPTESES

    1- Existe relao entre percepo de controle e desempenho acadmico de crianas

    com nvel scio-econmico baixo.

    1.1- Crianas de nvel scio-econmico baixo que possuem crenas de controle tm

    melhor desempenho acadmico.

    1.2- Crianas de nvel scio-econmico baixo que possuem crenas de capacidade

    tm melhor desempenho acadmico.

    1.3- Crianas de nvel scio-econmico baixo que possuem crenas de estratgia tm

    melhor desempenho acadmico.

    2- Existe diferena de gnero nas variveis crenas de controle, crenas de

    capacidade e crenas de estratgia.

    3- Existe diferena de idade nas variveis crenas de controle, crenas de capacidade

    e crenas de estratgia.

    4- Existe relao entre o desempenho acadmico das crianas avaliado segundo o

    Teste de Desempenho Escolar e a Escala de Avaliao dos Alunos pelos

    Professores.

  • 21

    21

  • 22

    22

    CAPTULO 2

    MTODO

    Participante

    Foram testadas 61 crianas, de ambos os sexos, sendo 30 meninos e 31 meninas,

    com idade entre sete a oito anos, de nvel scio-econmico baixo, que freqentam a

    primeira srie do primeiro grau de Escolas Pblicas da periferia. As crianas foram

    escolhidas levando em considerao o local da residncia (periferia prxima as

    Escolas escolhidas) e a renda familiar abaixo de trs salrios mnimos.

    Instrumentos

    Foi realizada uma entrevista inicial com as crianas com o intuito de favorecer o

    vnculo de confiana, bem como abordar questes sobre os dados demogrficos (ver

    Anexo I).

    Foi utilizado o Teste de Desempenho Escolar (TDE), de Stein (1994). O TDE

    um instrumento psicomtrico que busca oferecer de forma objetiva uma avaliao das

    capacidades fundamentais para o desempenho escolar, de primeira a sexta srie do

    primeiro grau, sendo este fundamentado dentro da realidade escolar brasileira. O TDE

    composto por trs subtestes: escrita (escrita do nome prprio e de palavras isoladas

    apresentadas, sob forma de ditado), aritmtica (soluo oral de problemas e clculos

    de operaes aritmticas por escrito) e de leitura (reconhecimento de palavras isoladas

    do contexto). O escore bruto de cada subteste e o escore bruto total de todo o TDE so

    convertidos atravs de uma tabela na classificao: superior, mdio, inferior para cada

    srie escolar, podendo assim ser utilizado na comparao do desempenho de um

    indivduo para outro.

    Utilizou-se ainda, o resultado das provas finais do ano letivo, realizadas pela

    professora, tendo como resultado as categorias aprovado e reprovado.

    Para afastar problemas de ordem intelectual das crianas foram utilizadas as

    Matrizes Progressivas do Raven, que um teste de inteligncia, adaptado para o uso

    em crianas. pontuado com o valor de um ponto para cada acerto, sendo ento

    verificado a soma de pontos e os percentis equivalentes a esta soma de pontos, que

    resulta no Nvel de Inteligncia.

  • 23

    23

    A avaliao de controle percebido das crianas foi realizada atravs do CAMI

    (Control, Agency, Means-ends Interview - Anexo II), que uma escala que verifica os

    componentes do sistema de crenas, como locus de controle, atribuio de

    causalidade, auto-eficcia e desamparo aprendido. O CAMI foi elaborado por

    Skinner, Chapman, e Baltes (1988), composta de oitenta itens para crianas entre sete-

    12 anos. Os procedimentos iniciais de traduo deste teste, foram a traduo para o

    Portugus, traduzido de volta para o Ingls e as duas tradues foram comparadas. Na

    verso em Portugus, foi encontrado um alpha de Crombach igual a 0.85 (Giacomoni,

    Mayer, Koller, &, Hutz, 1997). Cada item consiste na escolha de quatro respostas

    (nunca, raramente, quase sempre ou sempre) pontuadas de 1 a 4 respectivamente. Esta

    pontuao refere-se aos trs componentes do sistema de crenas que so: crenas de

    controle, crenas de estratgia (meios-fins) e crenas de capacidade, sendo que as

    duas ltimas so compostas pelas subescalas de esforo, atribuio, poder dos outros,

    sorte e causas desconhecidas, levando em conta eventos positivos e negativos.

    Eventos positivos so aqueles itens descritos na forma afirmativa e percebidos como

    positivos pela criana e, os eventos negativos, so aqueles itens descritos na forma

    negativa ou interrogativa, percebidos pela criana como aversivos. O CAMI foi

    avaliado por seus escores totais e por seus escores parciais (itens positivos e negativos

    de cada subescala). Na subescala que refere-se s crenas de controle, altos escores

    (trs e quatro pontos) indicam a existncia de mais controle percebido; na subescala

    que refere-se s crenas meios-fins, altos escores (trs e quatro pontos) indicam altas

    expectativas de eficcia dos respectivos meios, e menos conhecimento sobre as causas

    dos eventos; e na subescala sobre crenas de capacidade, escores altos (trs e quatro

    pontos) indicam alto acesso percepo das respectivas causas. Como sugerem os

    autores do instrumento, as crianas foram testadas individualmente, e o procedimento

    usado foi o modelo adaptado por Harter (1982), onde as respostas so dadas em dois

    momentos: o primeiro momento tem como resposta sim ou no, e o segundo

    momento se a resposta for sim o entrevistador d seguimento as questes na forma

    sempre ou quase sempre, se for no, a forma nunca ou raramente.

    Foi criada uma escala para as professoras (Anexo III), a partir das escalas de

    competncia social para professores de Harter (1982) e do sistema de Avaliao dos

    Alunos pelos Professores de Bandeira (1991), que teve o objetivo de verificar a

    percepo da professora em relao ao desempenho acadmico da criana em questo.

  • 24

    24

    Esta escala composta por trinta e trs itens, do tipo Lickert, que vo de concordo

    plenamente a discordo plenamente.

    Procedimento

    As crianas foram testadas individualmente, aps a autorizao verbal ou escrita

    dos pais ou responsveis em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada uma

    entrevista inicial e posteriormente, a aplicao das primeiras quarenta questes do

    teste CAMI e o Raven, e a segunda etapa, foi a aplicao das ltimas questes do

    CAMI e o TDE, sendo o procedimento de dividir o CAMI em dois momentos j

    utilizado por Skinner (1990).

  • 25

    25

    CAPTULO 3

    RESULTADOS

    Este captulo apresenta os resultados das anlises realizadas a partir dos dados

    obtidos atravs da aplicao dos instrumentos citados anteriormente no mtodo. As

    anlises relacionam-se s variveis desempenho acadmico, controle percebido, idade

    e gnero.

    A primeira hiptese relativa a existncia de relao entre percepo de

    controle (controle percebido) e desempenho acadmico de crianas de nvel scio-

    econmico baixo. Para verificar esta hiptese, foram realizadas anlises de regresso

    mltipla e logstica, como tambm anlises de varincia.

    Controle percebido foi avaliado pelo CAMI, levando em conta os escores de

    suas dez subescalas: crenas de controle, crenas de capacidade para atribuio,

    crenas de capacidade para esforo, crenas de capacidade para poder dos outros,

    crenas de capacidade para sorte, crenas meios-fins para atribuio, crenas meios-

    fins para esforo, crenas meios-fins para poder dos outros, crenas meios-fins para

    sorte e crenas meios-fins para causas desconhecidas. Estas subescalas so divididas

    em itens que caracterizam eventos considerados positivos e negativos na vida

    acadmica da criana. Eventos positivos so aqueles itens descritos na forma

    afirmativa e percebidos como positivos pela criana. Eventos negativos so aqueles

    itens descritos na forma negativa ou interrogativa, percebidos pela criana como

    aversivos. Cada subescala composta por oito itens, sendo quatro positivos e quatro

    negativos. Utilizou o procedimento de avaliar os escores totais e os escores parciais

    (eventos positivos ou negativos) separadamente1.

    Desempenho acadmico foi avaliado de duas formas. Na primeira, pelo Teste de

    Desempenho Escolar (TDE), de Stein (1994) composto por trs etapas: leitura, escrita

    e aritmtica. Na segunda, foi utilizado o dado obtido atravs de uma prova aplicada

    nas crianas pela professora, no trmino do ano letivo, objetivando avaliar o

    conhecimento das crianas sobre as matrias oferecidas no transcorrer deste ano,

    tendo

    como resultado a aprovao ou reprovao da criana.

  • 26

    26

    A anlise de regresso foi realizada visando explicar a varincia do desempenho

    acadmico pelas subescalas do controle percebido e o Raven. Para estas anlises o

    desempenho acadmico foi analisado segundo o Teste de Desempenho Escolar

    (TDE). Verificou-se que o Raven, crenas de controle, crenas de capacidade para

    esforo, capacidade para sorte, crenas meios-fins para poder dos outros e causas

    desconhecidas explicam 36,2% da varincia do resultado obtido da parte escrita do

    TDE. As variveis crenas de capacidade para atribuio e crenas meios-fins para

    poder dos outros explicam 22,6% da varincia do resultado obtido da parte de

    aritmtica. As variveis crenas meios-fins para poder dos outros e crenas de

    capacidade para poder dos outros explicam 21,8% da varincia do resultado obtido da

    parte de leitura do TDE.

    Foi realizada uma correlao de Pearson entre os escores do Desempenho

    Acadmico (TDE) e as subescalas do Controle Percebido conforme apresentado na

    Tabela 1, visando verificar se existe correlao entre estas variveis.

    Tabela 1. Correlaes de Pearson entre Desempenho Acadmico e Controle Percebido

    _____________________________________________________________________

    Controle Capacidade Estratgia

    Desempenho esf. atrib. pod. sorte esf. atrib. pod. sorte desc.

    Escrita ,12 ,32* ,26* -,18 ,19 -,12 -,16 -,38* -,17 -,14

    Aritmtica ,28* ,10 ,34* -,01 ,19 -,18 -,13 -,39* -,12 -,20

    Leitura ,12 ,23 ,24* -,15 ,16 -,18 -,16 -,42* -,15 -,17

    *p

  • 27

    27

    Houve correlao positiva significativa do Teste de Desempenho Escolar para

    leitura, com as crenas de capacidade para atribuio e uma correlao negativa

    significativa com as crenas de estratgia (meios-fins) para poder dos outros.

    Os resultados obtidos at aqui demonstram que a varincia do desempenho

    acadmico, medida pelo TDE e suas variveis, escrita, aritmtica e leitura, pode ser

    explicada por algumas subescalas do controle percebido, confirmando a primeira

    hiptese de que existe relao entre controle percebido e desempenho acadmico de

    crianas de nvel scio-econmico baixo.

    Foram utilizadas as freqncias e percentuais das variveis de desempenho

    acadmico, aprovado e reprovado, com o objetivo de examinar quais as crenas de

    controle percebido que esto presentes nas crianas que obtiveram estes desempenhos

    na escola. Para tanto, foi preciso utilizar uma anlise de regresso logstica para

    controle percebido e desempenho acadmico, em relao s crianas com escores de

    aprovado ou reprovado.

    A regresso logstica mostrou que o instrumento CAMI, que avalia controle

    percebido, prediz o ndice de reprovao. As crenas que predizem reprovao so:

    crenas de capacidade para atribuio (R2=0,25), capacidade para poder dos outros

    (R2=4,19), crenas meios-fins para esforo (R2=14,13), meios-fins para poder dos

    outros (R2=8,07) e meios-fins para sorte (R2=0,15). Demonstrando a probabilidade de

    acerto em 90,7% no ndice de aprovao das crianas, sendo a probabilidade de erro

    reduzida apenas para 4, em relao ao controle percebido. Assim, das 43 crianas

    aprovadas, 4 delas tinham probabilidade de serem reprovadas a partir dos escores

    obtidos no instrumento (CAMI).

    Para as anlises seguintes utilizada a varivel de desempenho acadmico,

    aprovado e reprovado, para a realizao das prximas anlises, alm dos escores

    totais e parciais das subescalas do controle percebido, objetivando verificar estes

    aspectos complementares relativos primeira hiptese: crianas de nvel scio-

    econmico baixo que possuem crenas de controle, crenas de capacidade e crenas

    de estratgia tm melhor desempenho acadmico. Para verificar estes aspectos foram

    calculadas as mdias dos escores totais e parciais das subescalas do controle

    percebido dos aprovados e reprovados.

    A Tabela 2 apresenta as mdias dos escores totais das subescalas do controle

    percebido dos aprovados e reprovados. Uma ANOVA mostrou diferena significativa

  • 28

    28

    nas crenas de estratgia (meios-fins) para esforo (F1,59=9,83;p

  • 29

    29

    Houve diferena significativa entre os aprovados e reprovados nas subescalas de

    crenas de capacidade para esforo (F1,59=3,74;p

  • 30

    30

    hiptese foram realizadas anlises de varincia, levando em conta os escores totais e

    parciais das subescalas do controle percebido e gnero.

    No foi encontrada diferena significativa entre os gneros para controle

    percebido, tanto nos escores totais quanto quando levado em conta os eventos

    positivos.

    A Tabela 5 apresenta as mdias nas subescalas de controle percebido de

    meninos e meninas, quando levado em conta os eventos negativos. Uma ANOVA

    mostrou diferena significativa na crena meio-fim para poder dos outros

    (F1,59=4,14;p

  • 31

    31

    Tabela 6. Freqncias e percentuais das crianas aprovadas e reprovadas por gnero

    Freqncia Percentual Total

    Categorias Fem - Masc Fem - Masc

    Aprovado 25 18 58,1 41,9 43

    Reprovado 6 12 33,3 66,7 18

    A terceira hiptese de que existe diferena de idade nas variveis crenas de

    controle, crenas de capacidade e crenas de estratgia (meios-fins). Para verificar

    esta hiptese foram realizadas anlises de varincia, levando em conta as mdias

    obtidas entre os escores totais e parciais das subescalas do controle percebido e as

    idades das crianas (sete e oito anos).

    A Tabela 7 apresenta as mdias dos escores totais de controle percebido para

    crianas de sete e oito anos. Uma ANOVA mostrou diferena significativa nas

    crenas de capacidade para sorte (F1,59=6,35;p

  • 32

    32

    Tabela 8. Mdias dos escores de controle percebido por crianas de sete e oito anos,

    levando em conta os eventos positivos

    ___________________________________________________________________

    Controle Capacidade Estratgia

    Idade esf. atrib. pod. sorte esf. atrib. pod. sorte desc.

    7 3,17 3,63 3,19 3,34 3,51 3,41 3,42 3,05 3,33 2,36

    8 3,11 3,56 2,96 3,20 3,14* 3,45 3,40 3,17 3,33 2,48

    M 3,13 3,58 3,04 3,25 3,27 3,43 3,41 3,13 3,33 2,44

    *p

  • 33

    33

    Tabela 10. Correlao de Pearson entre TDE e a Escala de Avaliao dos Alunos

    pelos Professores

    Escala dos Prof./

    Desempenho

    Avaliao

    Professores

    Escrita 0,19

    Aritmtica 0,15

    Leitura 0,25*

    *p

  • 34

    34

    um modelo tripartido de crenas (crenas de controle, crenas de capacidade e crenas

    de estratgia, tambm chamadas crenas meios-fins), formando o que se denomina

    sistema de crenas ou competncia (Skinner, 1995).

    O desempenho acadmico tm sido a varivel utilizada por alguns autores que

    trabalham sob esta perspectiva terica (Findley & Cooper, 1983; Kunnen, 1993;

    Little, 1995; Skinner; 1995), por ser a primeira forma em que a criana apresenta

    condies de manifestar claramente seus objetivos (ser aprovado) dentro do contexto

    escolar e perceber suas conseqncias (ser aprovado ou reprovado), bem como

    perceber os meios (estratgias) de que precisa lanar mo para atingir esse objetivo.

    neste perodo tambm, que se consegue observar nas crianas de forma mais ntida,

    atravs de suas crenas e atitudes, como se manifestam os construtos que embasam

    controle percebido (locus de controle, atribuio de causalidade, auto-eficcia e

    desamparo aprendido).

    A populao, crianas de nvel scio-econmico baixo, foi escolhida devido ao

    fato de que pobreza e baixo ndice de escolaridade so teoricamente reconhecidos

    como fatores de risco (Rutter, 1987; Seifer e colaboradores, 1992). Entretanto,

    controle percebido entendido como fator protetivo, visto que possibilita apontar o

    funcionamento da ao do indivduo com base em suas crenas de controle,

    proporcionando a capacidade de escolher melhores meios para atingir seus objetivos,

    como tambm evitar as experincias aversivas e frustrantes, j vivenciadas

    anteriormente (Skinner, 1995). Desta forma, pode-se proporcionar s crianas de nvel

    scio-econmico baixo, o melhoramento de sua escolaridade, junto da valorizao de

    crenas que sejam percebidas como positivas para as crianas no s para seu

    desempenho acadmico, mas tambm para o seu cotidiano.

    Os resultados encontrados neste estudo confirmam as hipteses de que existe

    relao entre controle percebido e desempenho acadmico, como tambm as crenas

    de controle, crenas de capacidade e de estratgia, variam de acordo com a idade e o

    gnero.

    Conforme apresentado no captulo anterior, as correlaes positivas encontradas

    para as crenas de controle com aritmtica, podem indicar que bom desempenho nesta

    varivel refora as crenas de locus de controle interno, atribuio de causalidade e

    auto-eficcia. As crianas manifestam suas crenas na tendncia em acreditar que so

  • 35

    35

    capazes de obter bons resultados em aritmtica, atingir este objetivo e aprender com

    resultados obtidos.

    As correlaes positivas encontradas nas crenas de capacidade para esforo em

    relao escrita podem demonstrar que as crianas acreditam que bons desempenhos

    em escrita dependem do esforo de si mesmas (crenas de auto-eficcia e locus de

    controle interno).

    A presena de correlaes positivas nas crenas de capacidade para atribuio

    na escrita, leitura e na aritmtica, demonstram que as crianas acreditam que bom

    desempenho deve-se capacidade de atribuir as causas dos eventos a si mesmas

    (crenas de atribuio de causalidade).

    A correlao negativa ocorreu com as crenas de estratgia (meios-fins) para

    poder dos outros em todas as etapas do TDE, podendo indicar que quanto melhor o

    desempenho no TDE, menor a crena de que este desempenho ocorre devido a

    outras pessoas (crenas de locus de controle interno).

    Ao verificar a existncia de relao entre desempenho acadmico e controle

    percebido, o passo seguinte foi examinar as freqncias das crianas que foram

    aprovados e das reprovadas para que se pudesse observar a probabilidade destas

    ocorrncias. Assim, a anlise de regresso logstica mostrou que o CAMI prediz o

    ndice de aprovados em noventa porcento, sendo a probabilidade de erro reduzida

    para quatro, isto , das quarenta e trs crianas aprovadas a regresso logstica

    demonstrou o erro de que quatro delas seriam reprovadas. Sendo as crenas que

    predizem a reprovao das crianas so: baixos escores de crenas de capacidade para

    atribuio e de crenas de estratgia (meios-fins) para sorte e, altos escores para

    crenas de capacidade para poder dos outros, crenas de estratgia (meios-fins) para

    esforo e poder dos outros. Isto significa que crianas que apresentam baixos escores

    em crenas de capacidade para atribuio, tendem a atribuir causas a outros e no a si

    mesmos (crenas de locus de controle externo), bem como baixos escores em crenas

    de estratgia para sorte indica que a criana no acredita que eficaz nem pela sorte

    (crenas em desamparo aprendido). Altos escores em crenas de estratgia para

    esforo indicam que a criana acredita que esforo um meio eficaz, porm nas

    crenas de estratgia para poder dos outros e capacidade para poder dos outros, altos

    escores referem-se capacidade de atribuir ao outro a eficcia dos meios utilizados

    (crenas de locus de controle externo).

  • 36

    36

    A caracterstica das crianas que tendem a ser reprovadas que apresentam

    crenas de locus de controle externo, isto , no acreditam em si mesmos e

    principalmente, acreditam que a causa e a responsabilidade pelos seus resultados so

    de outras pessoas (professora, pais, etc), alm de demonstrarem poucos recursos

    eficazes (meios) para atingirem o objetivo proposto (ser aprovado). Kunnen (1993)

    observou que as crianas percebem as causas de seus fracassos como falta de

    competncia, tarefas difceis e explicao insuficiente do professor, o que revela o

    locus de controle externo, visto que a responsabilidade do fracasso de outro.

    Posteriormente, verificou-se a existncia da relao entre desempenho

    acadmico (sob o modelo aprovado e reprovado) e as subescalas do controle

    percebido. Foi encontrado nos escores totais, diferena significativa nas crenas de

    estratgia (meios-fins) para esforo e poder dos outros em relao aos reprovados, o

    que significa que as crianas reprovadas tendem a acreditar que os meios mais

    eficazes para atingirem seus objetivos o esforo. Este esforo pode ser atribudo a

    outras pessoas (pais, professora, colegas, etc) demonstrando desta forma as crenas de

    locus de controle externo.

    Em relao aos escores dos eventos positivos, encontrou-se presena de altos

    escores nas crenas de estratgia para poder dos outros em relao aos reprovados, o

    que refora a idia de que crianas que foram reprovadas acreditavam que os meios

    mais eficazes para atingirem seus objetivos so atribudos ao poder dos outros (pais,

    professores, colegas, etc.).

    Em relao aos escores dos eventos negativos, encontrou-se diferena

    significativa em relao aos aprovados nas crenas de controle, crenas de capacidade

    para esforo e atribuio, demonstrando que as crianas tendem a enfrentar as

    situaes mais difceis ou aversivas, de forma mais eficaz, tendo controle percebido,

    crenas de locus de controle interno, auto-eficcia e atribuio de causalidade para

    esforo como seu prprio. J os reprovados continuaram a apresentar crenas de

    estratgia para poder dos outros e sorte, demonstrando a dificuldade em lidar com

    situaes difceis. As crenas obtidas pelas crianas que foram reprovadas repetiram-

    se, o que confirma o resultado indicado pela regresso logstica de que altos escores

    nas crenas de estratgia para poder dos outros e esforo predizem reprovao, como

    tambm baixos escores em crenas de capacidade para atribuio e crenas de

    estratgias para sorte.

  • 37

    37

    Considerando a existncia de relao entre controle percebido e desempenho

    acadmico, pode-se dizer que crianas que possuem crenas de controle tm melhor

    desempenho, bem como crianas que possuem crenas de capacidade. No entanto,

    crianas que apresentam escores muito altos em crenas de estratgia no apresentam

    bom desempenho acadmico. A subescala de crenas de estratgia indica se a criana

    acredita que o meio (estratgia) eleito por ela para atingir seu objetivo eficaz. Como

    pode-se observar, as crianas reprovadas apresentaram crenas de estratgia para

    poder dos outros e sorte, indicando que o meio utilizado a crena na sorte e em

    outras pessoas, ou seja, estas quem so capazes e no a prpria criana.

    Segundo Seligman (1975), crianas que acreditam que ir bem na escola

    contingente s prprias aes, tm um melhor desempenho do que aquelas que no

    tm controle, generalizando este desempenho sobre outras situaes de vida que

    servem para confirm-las.

    A segunda hiptese de que existe diferena de gnero nas variveis crenas de

    controle, crenas de capacidade e crenas de estratgia, foi confirmada apenas para

    crenas de estratgias.

    A diferena significativa nas crenas de estratgia (meios-fins) para poder dos

    outros foi relativa aos meninos, nos eventos negativos. Os baixos escores revelaram

    que os meninos tendem a ter mais probabilidade do que as meninas de adquirirem esta

    crena, ou seja, em situaes caracterizadas como negativas, os meninos tendem a

    acreditar que outras pessoas demonstram ter mais eficcia na resoluo de problemas

    do que eles.

    Conforme foi verificado nas freqncias realizadas com as crianas que foram

    aprovadas e reprovadas e com as meninas e os meninos encontrou-se que as meninas

    apresentam melhor desempenho acadmico que os meninos, isto , menor ndice de

    reprovao. Os meninos apresentaram o dobro de reprovao do que as meninas. Este

    dado ajuda a confirmar a hiptese de que existe diferena de gnero em algumas das

    variveis do controle percebido e no desempenho acadmico de meninos e meninas.

    Alm de demonstrar que os meninos se utilizam de meios diferentes das meninas para

    obterem os resultados desejados e, que meninos tendem a apresentar crenas de locus

    de controle externo do que as meninas, bem como auto-eficcia mais baixa.

    Os achados de outros autores (Little, 1995; Skinner, 1988) so controversos em

    relao s diferenas de gnero e idade. Em alguns estudos encontra-se diferenas em

  • 38

    38

    relao s crenas de controle, capacidade e de estratgia, em outros como o de

    Skinner (1988), no encontra-se diferena de gnero ou idade. Segundo Little (1997),

    os contextos scio-culturais influem no desenvolvimento do controle percebido e no

    modo como se manifesta, modificando a forma em que o sistema de crenas se

    apresenta (Little et al., 1995; Oettingen et al., 1994; Karasawa et al., 1995; Stetsenko

    et al., 1995).

    A terceira hiptese, de que existe diferena quanto a idade nas crenas de

    capacidade e crenas de estratgia, foi confirmada. Encontrou-se diferena

    significativa nas crenas de capacidade para sorte nos escores totais e nos eventos

    positivos do CAMI, para crianas de oito anos, o que significa que crianas mais

    novas (sete anos) tendem a acreditar que o meio pelo qual conseguem solucionar

    problemas a sorte.

    A diferena significativa nas crenas de estratgia (meios-fins) para causas

    desconhecidas, em relao as crianas de oito anos, revela uma tendncia das crianas

    a atriburem a causas desconhecidas e a sorte (destino, acaso) as conseqncias dos

    eventos negativos.

    Skinner, Chapman e Baltes (1988a) encontraram que os eventos positivos para

    controle percebido tinha escores mais altos em todas as idades, bem como as crenas

    de capacidade e estratgias (meios-fins) manifestavam-se de forma diferente, crianas

    menores (sete a nove anos) atribuindo causas mais para si mesmo e crianas mais

    velhas (dez a doze anos) progredindo para causas desconhecidas. Confirmando a

    hiptese de que as crenas de controle percebido vo mudando ao longo do

    desenvolvimento, ou seja, conforme as idades.

    A quarta hiptese que refere-se a existncia de relao entre desempenho

    acadmico das crianas avaliadas segundo o Teste de Desempenho Escolar e a Escala

    de Avaliao dos Alunos pelos Professores, foi rejeitada para as variveis escrita e

    aritmtica, e confirmada para leitura. A correlao significativa existente em relao

    a varivel leitura, ou seja, a percepo dos professores sobre a avaliao dos alunos,

    mais fidedigna em relao leitura do que a outros aspectos. Este resultado revela

    uma correlao muito baixa para afirmar a relao entre os dois instrumentos.

    Entretanto, pode-se pensar que as professoras no tm uma viso integrada do aluno,

    conseguindo apenas ter uma viso correta na rea da leitura. Este fato pode ocorrer

  • 39

    39

    devido ao aspecto mais socialmente valorizado, que a leitura, para a aprovao para

    a segunda srie.

    Foi verificada, ainda, a correlao positiva entre as variveis do TDE e o Raven,

    indicando que quanto maior a pontuao do Raven, melhor o desempenho da

    criana no TDE.

    No presente estudo encontrou-se a relao existente entre controle percebido e

    desempenho acadmico, bem como as diferenas entre gnero, idade e as crenas de

    controle, crenas de capacidade e crenas de estratgia. Foi constatado ainda, a

    dificuldade que as professoras tm em perceber a situao de forma global do

    aprendizado dos alunos, demonstrado na Escala para Avaliao dos Alunos pelos

    Professores.

    Estes resultados permitem a implementao de alguns programas para o

    desenvolvimento de controle percebido em crianas. Como tambm de programas de

    auxlio para as professoras, visto que as mesmas apresentam baixa percepo sobre o

    desempenho global das crianas na escola.

    Para tanto, sugere-se a implementao de um programa de auto-eficcia para os

    professores, paralelo a um programa de desenvolvimento de controle percebido das

    crianas, visto os resultados achados neste estudo onde a figura dos professores tem

    importncia significativa na vida escolar das crianas, principalmente das com baixo

    desempenho acadmico. O programa para os professores teria como objetivo, a

    melhoria da sua eficcia pessoal e profissional, proporcionando bem-estar, empatia e

    aumento de satisfao no trabalho. Pode-se pensar que medida que melhora a

    satisfao do professor, melhora a qualidade de seu trabalho e melhora tambm a

    relao com seus alunos, beneficiando a aprendizagem das crianas.

    A implementao de programas para o desenvolvimento do controle percebido,

    surge a partir dos resultados encontrados sobre desempenho acadmico, onde

    detectou-se com certo grau de fidedignidade, quais as crenas que caracterizam os

    alunos com tendncia a reprovao, tendo como objetivo melhorar o desempenho das

    crianas na escola e fora dela. Este programa incluiria o planejamento de tarefas que

    desenvolveriam nas crianas aspectos como atribuio de causalidade (capacidade de

    questionar sobre o funcionamento das coisas, saber o por qu elas acontecem), locus

    de controle interno (assumir a responsabilidade pelos seus prprios atos), auto-

  • 40

    40

    eficcia (acreditar que so capazes de realizar ou conquistar aquilo que desejam), bem

    como auto-estima e auto-conceito.

    Finalmente, pode-se afirmar que os resultados encontrados neste estudo

    contribuem para o conhecimento do desenvolvimento humano, sob a tica de outras

    perspectivas tericas como a teoria da ao de controle psicolgico. Obteve-se acesso

    forma como crianas de nvel scio-econmico baixo manifestam suas crenas sobre

    os acontecimentos da vida, e o quanto conseguem aprender ou no com eles.

  • 41

    41

    REFERNCIAS

    Bandeira, D. (1991). Contribuio dos testes DFG, Bender e Raven na predio do

    rendimento escolar da primeira srie. Dissertao de Mestrado do Curso de

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    Japanese childrens action-control beliefs about school performance.

    (Manuscrito no publicado).

  • 42

    42

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    43

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    Psychological Review, 92, 548-573.

  • 44

    44

    ANEXO I

    ENTREVISTA COM A CRIANA

    1. Nome:

    2. Idade:

    3. Data de nascimento:

    4. Nome da me:

    5. Idade:

    6. Ela trabalha? O que ela faz?

    7. Nome do pai:

    8. Idade:

    9. Ele trabalha? O que ele faz?

    10. Voc tem irmos? Quantos e com que idade?

    11. Com quem tu moras?

    12. Onde tu moras?

    13. Faz tempo que tu estudas nesta escola?

    14. O que tu acha da escola?

    15. E da professora?

    16. Como tu vens para escola?

    Agora ns vamos conversar sobre coisas que acontecem no teu dia-a-dia:

    1. Acontecem coisas importantes contigo?

    2. O que tem acontecido de bom ultimamente?3. Aconteceu alguma coisa ruim contigo nestes ltimos dias?4. Tu lembra de mais alguma coisa?5. Algum gritou contigo ultimamente?6. Algum brigou contigo ultimamente?7. Tu j viu isso acontecer com algum? Onde e Quem?8. Algum j te machucou? Como foi? Quando?9. Voc tem ou j teve medo? Do que (quem)? Quando?

  • 45

    45

    ESCALA PARA AVALIAO DE CRENAS DE CONTROLE, AGNCIA E

    RELAO FINS-MEIOS (DOMNIO ACADMICO)

    NOME:__________________________________________________IDADE:______SRIE:_______________________ESCOLA:_____________________________________________

    Ns gostaramos de lhe fazer algumas questes sobre coisas que acontecem com voce com crianas de sua idade. No existem questes certas ou erradas. Queremosapenas saber o que voc pensa. Para ajudar a lembrar o que voc disser, vamos anotarsuas respostas aqui. Eu gostaria de gravar suas respostas tambm, est OK para voc?

    1 2 3 4NUNCA RARAMENTE QUASE SEMPRE SEMPRE

    1. Eu sou capaz de prestar ateno nas aulas. 1 2 3 42. Sou capaz de aprender rpido as coisas da escola, sem precisar me esforarmuito.

    1 2 3 4

    3. Meus professores no gostam de mim. 1 2 3 44. No consigo me concentrar quando tenho que fazer coisas difceis. 1 2 3 45. Meus professores me ajudam quando eu peo. 1 2 3 46. Tenho muita dificuldade em prestar ateno nas explicaes do professor. 1 2 3 47. No consigo impedir que as coisas dem errado comigo. 1 2 3 48. Eu no tenho sorte quando tenho que responder perguntas difceis. 1 2 3 49. No sou muito esperto para as coisas da escola. 1 2 3 410. Sou meio atrasado na escola. 1 2 3 411. Quando eu tiro notas boas porque tenho sorte. 1 2 3 412. Eu posso dizer que eu sou uma pessoa que tem sorte com seu tema decasa.

    1 2 3 4

    13. Se eu decido que no vou tirar notas baixas, eu no tiro. 1 2 3 414. Vou muito bem na escola, mesmo sem me esforar muito. 1 2 3 415. Meus professores esto descontentes comigo. 1 2 3 416. Eu sinto que no consigo dar respostas certas (como numa prova dematemtica), mesmo quando me esforo o mais que eu posso.

    1 2 3 4

    17. Se eu resolvo aprender alguma coisa muito difcil, eu consigo. 1 2 3 418. Eu sou azarado na escola. 1 2 3 419. Quando quero, eu consigo me esforar na escola. 1 2 3 420. Meus professores gostam de mim. 1 2 3 421. Quando os alunos vo mal na escola, porque no so inteligentes? 1 2 3 422. Quando o professor chama um aluno e ele no sabe a resposta, porque azarado?

    1 2 3 4

    23. Alguns alunos aprendem com mais facilidade do que os outros por quetm mais sorte?

    1 2 3 4

    24. Quando uma criana sabe muito porque ela se esforou para aprender. 1 2 3 425. Quando o aluno tira notas ruins, porque o professor no gosta dele? 1 2 3 426. Ir bem na escola depende de inteligncia? 1 2 3 4

  • 46

    46

    27. Os alunos acertam quando um professor chama para responder umapergunta porque so estudiosos?

    1 2 3 4

    28. Os alunos no conseguem entender o que o professor explica porque noprestam ateno.

    1 2 3 4

    29. Uma professora faz uma pergunta difcil e a criana responde certo. difcil entender porque a criana deu a resposta certa?

    1 2 3 4

    30. Para ir bem na escola, as crianas devem se esforar muito. 1 2 3 431. Quando os alunos tiram notas baixas , porque no so bons nas coisasda escola?

    1 2 3 4

    32. Uma criana tira boas notas na escola. Isto acontece porque ele se d bemcom a professora?

    1 2 3 4

    33. Quando um aluno vai bem na escola, porque o professor o ajuda? 1 2 3 434. Uma criana erra muitas questes (como no ditado). difcil saber porqueisto acontece?

    1 2 3 4

    35. Quando os alunos tiram notas baixas por azar? 1 2 3 436. Quando uma criana vai melhor numa prova do que costuma ir, difcildizer por qu?

    1 2 3 4

    37. Os alunos erram nas provas porque no trabalham com ateno. 1 2 3 438. Ir bem na escola uma questo de sorte? 1 2 3 439. Quando o aluno vai mal na escola, porque o professor no gosta dele? 1 2 3 440. Quando uma criana se atrapalha na escola, difcil saber porque istoacontece?

    1 2 3 4

    41.Se eu resolvo ir bem na escola, eu consigo. 1 2 3 442. Quando tenho que estudar coisas difceis d o maior azar. 1 2 3 443. Nem adianta eu me esforar porque no tenho capacidade para ir bem nasprovas.

    1 2 3 4

    44. Tenho dificuldade para prestar ateno nas aulas. 1 2 3 445.Quando se trata de trabalho da escola, eu sou uma criana de sorte. 1 2 3 446. Mesmo que eu saiba que eu vou tirar nota baixa, no consigo fazer nadapara evitar.

    1 2 3 4

    47. Se eu decido que no vou errar (por exemplo num ditado), eu no erro. 1 2 3 448. Quando preciso, eu sou capaz de estudar bastante. 1 2 3 449. Eu tenho dificuldade de conseguir que a professora me ajude, mesmoquando eu preciso.

    1 2 3 4

    50.Quando eu vou bem nas matrias difceis, porque tenho sorte. 1 2 3 451.Meus professores dizem que se eu quiser, posso me sair muito bem naescola.

    1 2 3 4

    52. difcil para mim conseguir muita ajuda de minha professora, mesmoquando eu preciso.

    1 2 3 4

    53. Meus professores esto satisfeitos comigo. 1 2 3 454. Quando quero, eu sou capaz de prestar ateno ao que o professor diz. 1 2 3 455. Tirar notas boas ou ruins no depende de mim. 1 2 3 456. No tenho capacidade para ir bem na escola. 1 2 3 457. Eu sou bom aluno. 1 2 3 458. Eu geralmente vou bem nas provas (de Matemtica, por exemplo), semprecisar fazer muita fora.

    1 2 3 4

    59.Tenho o maior azar com as coisas da escola. 1 2 3 460. Tenho dificuldade para me esforar bastante na escola. 1 2 3 461. difcil entender porque alguns alunos tiram notas altas? 1 2 3 4

  • 47

    47

    62. Quando as crianas aprendem depressa porque tm capacidade? 1 2 3 463. Quando o aluno vai bem na escola, porque se d bem com o professor? 1 2 3 464. Quando os alunos no conseguem aprender as coisas direito, porque notm capacidade?

    1 2 3 4

    65. Quando os alunos tm problema na escola por causa do professor? 1 2 3 466. Quando os alunos vo bem numa matria, por causa do professor? 1 2 3 467. Quando o aluno vai mal nos trabalhos da escola, porque azarado? 1 2 3 468. Quando o professor chama um aluno e ele sabe a resposta, porque temsorte?

    1 2 3 4

    69. Imagine que uma criana vai muito bem em uma prova. difcil saberporque isto acontece?

    1 2 3 4

    70. Tirar boas notas depende de sorte? 1 2 3 471. Uma professora faz uma pergunta para uma criana e ela d a respostaerrada. Isto acontece porque a criana no se esforou o suficiente?

    1 2 3 4

    72. Quando algum tem muita dificuldade para aprender alguma coisa, porque azarado?

    1 2 3 4

    73.Os alunos no conseguem aprender porque no trabalham com ateno. 1 2 3 474. Quando uma criana vai bem na escola, porque ela trabalha com muitocuidado?

    1 2 3 4

    75. Quando o professor chama um aluno e ele no sabe a resposta, porqueno inteligente?

    1 2 3 4

    76. Quando uma criana responde errado as perguntas da professora, difcilsaber porque isto acontece?

    1 2 3 4

    77. Os alunos conseguem aprender coisas difceis porque so inteligentes? 1 2 3 478. Quando uma criana tira notas mais baixas em uma matria do que decostume, difcil saber porque isto acontece?

    1 2 3 4

    79. Quando os alunos vo mal numa matria, porque o professor no osajuda?

    1 2 3 4

    80. Compreender o que o professor explica depende de prestar ateno naaula?

    1 2 3 4

  • 48

    48

    ANEXO III

    AVALIAO DO ALUNO

    Adaptado de Bandeira, D. (1991) e de Harter, S. (1982).

    Esta ficha faz parte de uma pesquisa com crianas de escolas que est sendorealizada por pesquisadores do Instituto de Psicologia da UFRGS.

    Voc, como professora dessa criana nesse momento, certamente temcondies de dar a sua opinio a respeito de alguns aspectos do seu desenvolvimento.Portanto, gostaramos que lesse atentamente as afirmaes abaixo e indicasse oquanto voc concorda ou discorda, circulando o nmero que lhe parece maisadequado. Todas as respostas so confidenciais.

    Nome da criana:_____________________________________________Turma:______________ Data:____________

    1. A nvel global o seu desempenho baixoConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente2. Apresenta agitao em sala de aulaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente3. Envolve-se em muitas desavenas com os colegasConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente4. Seu nvel de concentrao baixoConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente5. L com flunciaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente6. Tem dificuldade em entender o material que lConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente7. Sua caligrafia boaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente8. Comete poucos erros de ortografiaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente9. Escreve de forma gramaticalmente corretaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente10. Seu rendimento em matemtica baixoConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente11. uma criana tmida, retradaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente12. Tem dificuldade de raciocinarConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente13. Conversa muito em sala de aula, atrapalhando a turmaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente14. Apresenta dificuldade em reter novos conhecimentosConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente15. Tem tendncia a dispersar-se das tarefasConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente16. Presta ateno na aulaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente17. Tem muita habilidade manualConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente18. Relaciona-se com os colegas em geral

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    Concordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente19. muito criativa e originalConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente20. s vezes d respostas que demonstram muita inteligncia Concordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente21. Deveria ser encaminhada para avaliao psicolgicaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente22. Demonstra interesse em contedos novos apresentadosConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente23. Geralmente sabe responder perguntas feitas em aulaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente24. Deveria receber algum tipo de atendimento pedaggicoConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente25. Realiza as tarefas solicitadas pela professoraConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente26. D para se dizer que uma criana lentaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente27. Apresenta dificuldade de se expressar verbalmenteConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente28. No conjunto, apresenta muito mais dificuldade de aprender que a maioria dos alunosConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente29. Tem muitos amigosConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente30. Tem uma boa aparncia fsicaConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente31. Usualmente, ajuda outras crianasConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente32. Brinca de forma cooperativa com o grupo de outras crianasConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente33. Apresenta uma postura desafiadoraConcordo Plenamente |_1_|_2_|_3_|_4_|_5_| Discordo Totalmente

    Esta criana tem algum tipo de atendimento especial na escola ou fora dela(tratamento psicolgico, pedaggico, fonoaudiolgico, etc.)?( ) Sim ( ) No Se sim, de que tipo? _________________________