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 1 Resolução referente à ação da OIT sobre povos indígenas e tribais  Organização Internacional do Trabalho Escritório no Brasil

Convenio 169 oit em Paises Independentes

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Convenção 169 oit

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  • 1Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    Organizao Internacional do Trabalho

    Escritrio no Brasil

  • 2Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentesCopyright Organizao Internacional do Trabalho 20071 edio 20042 edio 20053 edio 20074 edio 2009As publicaes da Organizao Internacional do Trabalho gozam da proteo dos direitos autorais sob o Protocolo 2 da Conveno Universal do Direito do Autor. Breves extratos dessas publicaes podem, entretanto, ser reproduzidos sem autorizao, desde que mencionada a fonte. Para obter os direitos de reproduo ou de traduo, as solicitaes devem ser dirigidas ao Departamento de Publicaes (Direitos do Autor e Licenas), International Labour Office, CH-1211 Geneva 22, Sua, ou por e-mail: [email protected]. Os pedidos sero bem-vindos.

    Conveno n 169 sobre povos indgenas e tribais em pases independentes e Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais. 4 ed. Braslia: OIT, 2009. 64 p. ISBN 978-92-2-820692-0 ISBN 978-92-2-820693-7 (web pdf) 1. Povos indgenas. 2. Conveno da OIT. 3. Resoluo da OIT.

    14.08

    As designaes empregadas nas publicaes da OIT, segundo a praxe adotada pelas Naes Unidas, e a apresentao de material nelas includas no significam, da parte da Organizao Internacional do Trabalho, qualquer juzo com referncia situao legal de qualquer pas ou territrio citado ou de suas autoridades, ou delimitao de suas fronteiras.

    A responsabilidade por opinies contidas em artigos assinados, estudos e outras contribuies recai exclusivamente sobre seus autores, e sua publicao pela OIT no significa endosso s opinies nelas expressadas.

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    As publicaes da OIT podem ser obtidas nas principais livrarias ou no Escritrio da OIT no Brasil: Setor de Embaixadas Norte, Lote 35, Braslia - DF, 70800-400, tel.: (61) 2106-4600, ou no International Labour Office, CH-1211. Geneva 22, Sua. Catlogos ou listas de novas publicaes esto disponveis gratuitamente nos endereos acima, ou por e-mail: [email protected]

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  • 3Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    SUMRIO

    Introduo...............................................................................

    Conveno n 169 da OIT sobre Povos Indgenas e Tribais.....................................................................................

    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indge-nas e tribais.............................................................................

    ............ 5

    .......... 15

    .......... 57

  • 4Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

  • 5Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    INTRODUO

    Desde sua criao em 1919, a Organi-zao Internacional do Trabalho (OIT) tem, entre suas principais preocupaes, a situao das chamadas populaes indgenas, que representavam parte da fora de trabalho nos domnios coloniais.

    Em 1921, a OIT iniciou uma srie de estudos sobre as condies laborais dessas populaes e, em 1926, instituiu uma Comis-so de Peritos em Trabalho Indgena a fim de dar continuidade aos trabalhos que j haviam sido iniciados e ainda fazer recomendaes no sentido de facilitar a adoo de normas internacionais sobre o tema.

    Desses estudos resultaram diversas Convenes, entre as quais merece citao especial a de n 29, sobre Trabalho Forado (1930).

    A II Guerra Mundial e o ambiente conturbado que a precedeu interromperam

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    esses esforos, que s foram retomados aps o conflito e deram origem Conveno n 107, de 1957. O documento tratava espe-cificamente sobre as populaes indgenas e tribais, especialmente sobre seus direitos terra, suas condies de trabalho, sade e educao.

    Embora tenha representado uma pri-meira tentativa de codificar num instrumento legal de mbito internacional os direitos fundamentais desses povos, graves proble-mas persistiam, inclusive nas ex-colnias tornadas independentes, principalmente no que se refere ao tratamento desigual que lhes era dispensado, se comparado com os demais segmentos da populao nacional.

    No bojo da revoluo social e cul-tural, que se operou em quase todo o mundo nas dcadas de 1960 e 1970, os povos ind-genas e tribais tambm despertaram para a realidade de suas origens tnicas e culturais e, conseqentemente, para seu direito de serem

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    diferentes sem deixarem de ser iguais.

    Conscientes de sua importncia e conduzidos por slidas organizaes de pro-moo de seus interesses e de proteo de seus direitos, esses povos passaram a assumir eles prprios o direito de reivindicar, antes de tudo, sua identidade tnica, cultural, eco-nmica e social, rejeitando inclusive serem chamados de populaes.

    A prpria Conveno n 107, at en-to considerada marco histrico no processo de emancipao social dos povos indgenas, passou a ser criticada em razo de suas ten-dncias integracionistas e paternalistas. Tal fato foi admitido pelo prprio Comit de Peritos que, em 1986, considerou-a obsoleta e, sua aplicao, inconveniente no mundo moderno.

    O Conselho de Administrao, sen-svel a essas crticas e atento s rpidas trans-formaes sociais do mundo atual, incluiu na pauta das Conferncias Internacionais do

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    Trabalho de 1988 e 1989 proposta de reviso da Conveno n 107, com vistas preserva-o e sobrevivncia dos sistemas de vida dos povos indgenas e tribais e sua ativa e efetiva participao no planejamento e execuo de projetos que lhes dissessem respeito.

    A Conveno n 169, sobre Povos Indgenas e Tribais, adotada na 76 Confe-rncia Internacional do Trabalho em 1989, criada com o intuito de revisar a Conveno n 107, consagrando-se como o primeiro e nico instrumento internacional vinculante que trata especificamente dos direitos dos povos indgenas e tribais.

    A Conveno aplica-se aos povos, em pases independentes, considerados indgenas pelo fato de seus habitantes descenderem de povos da mesma regio geogrfica que pertenciam ao pas na poca da conquista ou no perodo da colonizao, e de conservarem suas prprias instituies sociais, econmicas, culturais e polticas. Aplica-se tambm a po-

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    vos tribais cujas condies sociais, culturais e econmicas os distinguem de outros segmen-tos da populao nacional.

    A auto-identidade indgena ou tribal uma inovao do instrumento, ao institu-la como critrio subjetivo, mas fundamental para a definio dos povos sujeito da Conven-o, isto , nenhum Estado ou grupo social tem o direito de negar a identidade a um povo indgena ou tribal que como tal ele prprio se reconhea.

    Os conceitos bsicos, pelos quais se norteia a interpretao das disposies da Conveno, so a consulta e a participao dos povos interessados e o direito desses povos de decidir sobre suas prioridades de desenvol-vimento, na medida em que elas afetem suas vidas, crenas, instituies, valores espirituais e a prpria terra que ocupam ou utilizam.

    Outra inovao adotada na Conven-o a distino entre o termo populaes, que denota transitoriedade e contingenciali-

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    dade, e o termo povos, como segmentos nacionais com identidade e organizao pr-prias, cosmoviso especfica e especial relao com a terra que habitam. Na interpretao das disposies do instrumento, o emprego do termo povos, nessa acepo, limita-se exclusivamente ao mbito das competncias da OIT, sem nenhuma implicao que possa contradizer ou contrariar outras possveis acepes no Direito Internacional.

    A Conveno dispensa especial ateno em relao aos povos indgenas e tribais com a terra ou territrio que ocupam ou utilizam de alguma forma, principalmente aos aspectos coletivos dessa relao. nesse enfoque que a Conveno reconhece a esses povos o direito de posse e de propriedade e preceitua medidas a serem tomadas para a salvaguarda desses direitos, mesmo no caso de terras no exclusivamente ocupadas por eles, mas s quais tradicionalmente tenham tido acesso para suas atividades e subsistncia.

    Os povos nmades ou itinerantes so

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    tambm objeto de ateno da Conveno que, alm de lhes reconhecer o direito aos re-cursos naturais das terras que ocupam, atribui-lhes o direito de utiliz-los, administr-los e conserv-los.

    A nova Conveno assegura aos po-vos indgenas e tribais igualdade de tratamen-to e de oportunidades no pleno exerccio dos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem obstculo ou discriminao, e nas mesmas condies dispensadas aos demais povos.

    nesse entendimento que a Conven-o, no mbito da competncia da OIT, insta os governos a garantirem a esses povos os di-reitos e princpios fundamentais do trabalho, as mesmas condies de trabalho decente e de justia social de que desfrutam os demais trabalhadores, como o direito igualdade de tratamento e de oportunidades, liberdade sindical e ao reconhecimento efetivo do direito de negociao coletiva e de no esta-rem sujeitos, por dvida, a trabalho forado ou escravo, assim como a proteo de suas

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    crianas contra as formas de explorao.

    Outra peculiaridade da Conveno a de ser o nico instrumento da OIT que dispe sobre proteo contra assdio sexual.

    Os Estados-membros, ao ratificarem a Conveno, comprometem-se a adequar sua legislao e prticas nacionais a seus termos e disposies e a desenvolver aes com vistas sua aplicao integral. Assumem tambm o compromisso de informar periodicamente a OIT sobre o estado da Conveno e de acolher observaes e recomendaes dos rgos de superviso da Organizao.

    O Brasil, que alm de Estado-membro da OIT, um dos dez pases com assento per-manente em seu Conselho de Administrao, ao ratificar a Conveno, em julho de 2002, aderiu ao instrumento de Direito Interna-cional mais abrangente na matria, que trata de garantir aos povos indgenas e tribais os direitos mnimos de salvaguardar suas culturas e sua identidade no contexto das sociedades que integram, se assim o desejarem.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    A presente publicao comemora a entrada em vigor da Conveno n 169 no Brasil, em julho de 2003, um ano aps a sua ratificao. Sua divulgao, em verso portuguesa, contribuir para a melhor com-preenso, no mbito nacional, de um texto fundamental para os povos indgenas do Brasil e, no plano internacional, para a promoo dos direitos e princpios fundamentais dos povos indgenas e tribais de todo o mundo.

    Christian Ramos Especialista da OIT em Povos Indgenas

    Las Abramo Diretora da OIT no Brasil

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    CONfeRNCIa INTeRNaCIONal DO TRabalhO

    Conveno n 169 da OIT sobre Povos Indgenas e Tribais

    A Conferncia Geral da Organizao Inter-nacional do Trabalho,

    Convocada em Genebra pelo Conselho de Administrao da Secretaria Internacional do Trabalho e reunida na mesma cidade em 7 de junho de 1989, em sua Septua g sima Sexta Reunio, e

    Observando as normas internacionais conti-das na Conveno e na Recomendao sobre Populaes Indgenas e Tribais, 1957, e

    Recordando os termos da Declarao Uni-versal dos Direitos Humanos, do Pacto Internacional dos Direitos Econmicos, Sociais e Culturais, do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos e de muitos

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    instrumentos internacionais sobre preveno da discriminao, e

    Considerando a evoluo do Direito Inter-nacional desde 1957, bem como com as mudanas sobrevindas situao dos povos indgenas e tribais em todas as regies do mundo, torna-se aconselhvel adotar novas normas internacionais sobre a matria, a fim de corrigir a orientao assimilacionista das normas anteriores, e

    Reconhecendo as aspiraes desses povos de assumir o controle de suas prprias institui-es e formas de vida e de seu desenvolvimen-to econmico e de manter e fortalecer suas identidades, lnguas e religies no mbito dos Estados que habitam, e

    Observando que, em diversas partes do mun-do, esses povos no tm condies de gozar dos direitos humanos fundamentais na mesma proporo que o restante da populao dos Estados que habitam e que suas leis, valores, costumes e perspectivas tm-se freqente-mente deteriorado, e

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    Recordando a evidente contribuio dos povos indgenas e tribais para a diversidade cultural, a harmonia social e ecolgica da humanidade e para a cooperao e dilogo internacionais, e

    Observando que as disposies a seguir foram estabelecidas com a colaborao das Naes Unidas, da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e a Alimentao, da Or-ganizao das Naes Unidas para a Educa-o, a Cincia e a Cultura e da Organizao Mundial da Sade, bem como do Instituto Indigenista Interameri cano, nos nveis apro-priados e em suas respectivas reas, e que h o propsito de continuar essa colaborao a fim de promover e assegurar a aplicao dessas disposies, e

    Aps ter decidido adotar diversas proposies com vistas reviso parcial da Conveno sobre Populaes Indgenas e Tribais, 1957 (n 107), matria que constitui o quarto item da pauta da Reunio, e

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    Aps ter decidido que essas proposies assu-mam a forma de uma conveno internacio-nal que reveja a Conveno sobre Populaes Indgenas e Tribais, 1957;

    adota, neste vigsimo stimo dia de junho de mil novecentos e oitenta e nove, a seguinte Conveno, que ser chamada Conveno sobre Povos Indgenas e Tribais, 1989:

    PaRTe I POlTICa GeRal

    aRTIGO 1

    1. A presente Conveno aplica-se:

    a) a povos tribais em pases independen-tes, cujas condies sociais, culturais e econmicas os distingam de outros segmentos da coletividade nacional, e estejam regidos, total ou parcialmente, por seus prprios costumes ou tradies ou por legislao especial;

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    b) a povos em pases independentes, con-siderados indgenas pelo fato de descen-derem de populaes que habitavam o pas ou regio geogrfica pertencente ao pas na poca da conquista ou da colonizao ou do estabelecimento de suas fronteiras atuais e que, seja qual for sua situao jurdica, conservam, no todo ou em parte, suas prprias ins-tituies sociais, econmicas, culturais e polticas.

    2. A auto-identificao como indgenas ou tribais dever ser considerada como critrio fundamental para definir os grupos aos quais se aplicam as disposies da presente Con-veno.

    3. A utilizao do termo povos na presen-te Conveno no ser interpretada como tendo implicao no que se refere a direitos que lhe possam ser conferidos no Direito Internacional.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 2

    1. Os governos devero assumir a responsa-bilidade de desenvolver, com a participao dos povos interessados, ao coordenada e sistemtica com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito sua integridade.

    2. Essa ao dever incluir medidas que:

    a) assegurem aos membros desses povos o exerccio, em condies de igualdade, dos direitos e oportunidades que a le-gislao nacional outorga aos demais segmentos da populao;

    b) promovam a plena realizao dos di-reitos sociais, econmicos e culturais desses povos, respeitando sua identi-dade social e cultural, seus costumes e tradies e suas instituies;

    c) ajudem os membros desses povos a eliminar possveis diferenas socio-econ mi cas que possam existir entre

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    membros indgenas e demais membros da comunidade nacional, de maneira compatvel com suas aspiraes e for-mas de vida.

    aRTIGO 3

    1. Os povos indgenas e tribais devero des-frutar plenamente dos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem obstculos nem discriminao. As disposies desta Conven-o devero ser aplicadas sem discriminao a homens e mulheres desses povos.

    2. No dever ser empregada qualquer forma de fora ou de coero que viole os direitos humanos e as liberdades fundamentais desses povos, inclusive os direitos contidos na pre-sente Conveno.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 4

    1. Devero ser adotadas medidas especiais necessrias salvaguarda das pessoas, institui-es, bens, trabalho, culturas e meio ambiente desses povos.

    2. Essas medidas especiais no devero con-trariar a vontade livremente expressa por esses povos.

    3. O exerccio, sem discriminao, dos direi-tos gerais de cidadania no dever ser preju-dicado, de modo algum, em conseqncia da adoo dessas medidas especiais.

    aRTIGO 5

    Ao aplicar as disposies da presente Con-veno:

    a) devero ser reconhecidos e protegidos valores e prticas sociais, culturais, religiosos e espirituais desses povos e

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    dever ser dada a devida considerao natureza dos problemas que enfren-tam, tanto em termos coletivos como individuais;

    b) dever ser respeitada a integridade dos valores, prticas e instituies desses povos;

    c) devero ser adotadas, com a participa-o e cooperao dos povos afetados, medidas para atenuar as dificuldades experimentadas por esses povos ao enfrentarem novas condies de vida e de trabalho.

    aRTIGO 6

    1. Ao aplicar as disposies da presente Con-veno, os governos devero:

    a) consultar os povos interessados, me-diante procedimentos apropriados e,

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    em particular, por meio de suas insti-tuies representativas, sempre que se tenham em vista medidas le gislativas ou administrativas que possam afet-los diretamente;

    b) criar meios para que esses povos pos-sam participar livremente, pelo menos na mesma proporo que os demais segmentos da populao, em todos os nveis de tomada de decises em instituies eletivas ou organismos administrativos e de outra natureza responsveis por polticas e programas que lhes digam respeito;

    c) criar condies para o pleno desenvol-vimento de instituies e iniciativas desses povos e, quando for o caso, prover os recursos necessrios para esse fim.

    2. As consultas realizadas na aplicao desta Conveno devero ser feitas de boa-f e de

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    maneira apropriada s circunstncias, com o objetivo de alcanar um acordo ou consenti-mento acerca das medidas propostas.

    aRTIGO 7

    1. Os povos interessados devero ter o di-reito de decidir suas prioridades no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete suas vidas, crenas, instituies e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma, e de controlar, na medida do possvel, seu prprio desenvolvimento econmico, social e cultural. Alm disso, esses povos devero participar da formulao, execuo e avaliao de planos e programas de desen-volvimento nacional e regional que possam afet-los diretamente.

    2. A melhoria das condies de vida e de trabalho e do nvel de sade e educao dos povos interessados dever, com sua participa-

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    o e cooperao, ser prioritria nos planos de desenvolvimento econmico global das regies onde habitam. Os projetos especiais de desenvolvimento para essas regies devero tambm ser elaborados de forma a promover essa melhoria.

    3. Os governos devero assegurar, sempre que possvel, que sejam feitos estudos, em colaborao com os povos interessados, com o objetivo de avaliar a incidncia social, es-piritual e cultural e o impacto ambiental que as atividades planejadas de desenvolvimento possam ter sobre esses povos. Os resultados desses estudos devero ser considerados como critrios fundamentais para a execuo das mencionadas atividades.

    4. Os governos devero adotar medidas, em cooperao com os povos interessados, para proteger e preservar o meio ambiente dos territrios que habitam.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    aRTIGO 8

    1. Ao aplicar a legislao nacional aos povos interessados, dar-se-a devida considerao aos seus costumes ou seu direito consuetu-dinrio.

    2. Esses povos devero ter o direito de manter seus prprios costumes e instituies, desde que no sejam incompatveis com os direitos fundamentais definidos pelo sistema jurdico nacional, nem com os direitos humanos in-ternacionalmente reconhecidos. Sempre que necessrio, devero ser estabelecidos procedi-mentos para a soluo de conflitos que possam surgir na aplicao desse princpio.

    3. A aplicao dos pargrafos 1 e 2 deste artigo no dever impedir que os membros desses povos exeram os direitos reconhecidos para todos os cidados do pas e assumam as obrigaes correspondentes.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 9

    1. Desde que compatveis com o sistema jurdico nacional e com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos, devero ser respeitados os mtodos a que tradicional-mente recorrem esses povos para a represso dos delitos cometidos por seus membros.

    2. As autoridades e tribunais chamados a se pronunciar sobre questes penais devero levar em considerao os costumes desses povos sobre a matria.

    aRTIGO 10

    1. Quando sanes penais forem impostas pela legislao geral a membros desses povos, devero ser levadas em conta suas caracters-ticas econmicas, sociais e culturais.

    2. Dever-se- dar preferncia a tipos de puni-o outros que o encarceramento.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    aRTIGO 11

    A imposio de servios pessoais compulsrios de qualquer natureza, remunerados ou no, a membros dos povos interessados, dever ser proibida e punida por lei, exceto nos casos legais previstos para todos os cidados.

    aRTIGO 12

    Os povos interessados devero ter proteo contra a violao de seus direitos, e poder mover ao legal, pessoalmente ou por seus organismos representativos, para assegurar o respeito efetivo desses direitos. Medidas devero ser adotadas para garantir que os membros desses povos possam compreender e se fazerem compreender em processos legais, proporcionando-lhes, se necessrio, intrpre-tes ou outros meios eficazes.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    PaRTe II TeRRaS

    aRTIGO 13

    1. Ao aplicar as disposies desta parte da Conveno, os governos devero respeitar a especial importncia da relao entre as culturas e valores espirituais dos povos inte-ressados e, suas terras ou territrio, ou com ambos, segundo os casos, que ocupam ou uti-lizam de alguma maneira e, particularmente, os aspectos coletivos dessa relao.

    2. A utilizao do termo terras nos artigos 15 e 16 dever incluir o conceito de territ-rios, que abrange a totalidade do habitat das regies que esses povos ocupam ou utilizam de alguma maneira.

    aRTIGO 14

    1. Dever-se- reconhecer aos povos interes-sados os direitos de propriedade e posse das

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    terras que tradicionalmente ocupam. Alm disso, nos devidos casos, devero ser adotadas medidas para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que no sejam exclusivamente ocupadas por eles, mas s quais tradicionalmente tenham tido acesso para suas atividades tradicionais e de subsis-tncia. Nesse particular, dever ser dispensada especial ateno situao de povos nmades e de agricultores itinerantes.

    2. Os governos devero adotar as medidas que se fizerem necessrias para demarcar as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos interessados e garantir a efetiva proteo de seus direitos de propriedade e posse.

    3. Devero ser institudos procedimentos adequados, no mbito do sistema jurdico nacional, para solucionar as reivindicaes de terras formuladas pelos povos interessados.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 15

    1. O direito desses povos relacionados aos recursos naturais existentes em suas terras devero ser especialmente salvaguardados. Tais direitos abrangem o direito desses povos de participarem da utilizao, administrao e conservao desses recursos.

    2. Em caso de pertencer ao Estado a propriedade dos recursos minerais ou dos recursos do subsolo, ou de ter direitos sobre outros recursos existentes nas terras, os governos devero estabelecer ou manter procedimentos com vistas a consultar os povos interessados, a fim de determinar se os in-teresses desses povos seriam prejudicados, e em que medida, antes de empreender ou autorizar qualquer programa de prospeco ou explora-o dos recursos existentes em suas terras. Os povos interessados devero participar, sempre que possvel, dos benefcios que essas atividades produzirem, e devero receber uma indenizao equitativa por qualquer dano que possam sofrer como resultado dessas atividades.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    aRTIGO 16

    1. Ressalvado o disposto nos pargrafos se-guintes do presente artigo, os povos interes-sados no devero ser transla dados das terras que ocupam.

    2. Quando, excepcionalmente, a transla-dao e o reassentamento desses povos forem considerados necessrios, s podero ser feitos com o seu consentimento, dado livremente, e com pleno conhecimento de causa. Quando no for possvel obter seu consentimento, a transladao e o reassen tamento s devero ser realizados aps a concluso dos procedimentos adequados estabelecidos por lei nacional, in-clusive consultas pblicas, quando for o caso, nas quais os povos interessados tenham a pos-sibilidade de ser efetivamente representados.

    3. Sempre que possvel, esses povos deve-ro ter o direito de retornar a suas terras tradicionais assim que deixarem de existir as causas que motivaram sua transladao e

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    reassentamento.

    4. Quando esse retorno no for possvel, con-forme decidido por acordo ou, na falta deste acordo, mediante procedimentos adequados, esses povos devero receber, em todos os casos possveis, terras cuja qualidade e situao jur-dica sejam pelo menos iguais s das terras que ocupavam anteriormente, e lhes permitam atender s suas necessidades e garantir seu desenvolvimento futuro. Quando os povos in-teressados preferirem receber indenizao em dinheiro ou em bens, essa indenizao dever ser feita com as garantias apropriadas.

    5. As pessoas transladadas e reassentadas devero ser plenamente indenizadas por toda perda ou dano que tiverem sofrido em decorrncia do seu deslocamento.

    aRTIGO 17

    1. Devero ser respeitados os procedimentos estabelecidos pelos povos interessados para

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    a transmisso de direitos sobre a terra entre seus membros.

    2. Dever-se- consultar os povos interessados sempre que se considerar a sua capacidade de alienar suas terras ou de transmitir de outra forma seus direitos sobre essas terras para fora de suas comunidades.

    3. Dever-se- impedir que pessoas alheias a esses povos possam se aproveitar de seus costumes ou do desconhecimento das leis por parte de seus membros para se arrogarem a propriedade, a posse ou o uso das terras a eles pertencentes.

    aRTIGO 18

    A lei dever prever sanes apropriadas contra a intruso ou o uso no autorizado das terras dos povos interessados, e os governos devero adotar medidas para impedir essas infraes.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 19

    Programas agrrios nacionais devero garantir aos povos interessados condies equivalen-tes s des fruta das por outros segmentos da populao, com relao a:

    a) proviso de mais terras a esses povos quando as reas de que dispem fo-rem insuficientes para lhes garantir o essencial a uma existncia normal ou para atender a seu possvel crescimento numrico;

    b) proviso dos meios necessrios para promover o desenvolvimento das terras que esses povos j possuem.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    PaRTe III CONTRaTaO e CON-DIeS De emPReGO

    aRTIGO 20

    1. Os governos devero adotar, no mbito da legislao nacional e em cooperao com os povos interessados, medidas especiais para garantir aos trabalhadores pertencentes a esses povos proteo eficaz em matria de contratao e condies de emprego, na medida em que no estiverem efetivamente protegidos pela legislao aplicvel aos tra-balhadores em geral.

    2. Os governos devero fazer o possvel para prevenir toda discriminao entre os traba-lhadores pertencentes aos povos interessados e os demais trabalhadores, especialmente quanto a:

    a) acesso a emprego, inclusive a empregos qualificados e s medidas de promoo e ascenso;

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    b) remunerao igual por trabalho de igual valor;

    c) assistncia mdica e social, segurana e sade no trabalho, todos os benefcios da seguridade social e demais benefcios decorrentes do emprego, bem como habitao;

    d) direito de associao e liberdade de participao em toda atividade sindi-cal lcita, e direito de celebrar acordos coletivos com empregadores ou com organizaes patronais.

    3. As medidas adotadas devero garantir, em particular, que:

    a) trabalhadores pertencentes aos povos interessados, inclusive trabalhadores sazonais, eventuais e migrantes em-pregados na agricultura ou em outras atividades, bem como empregados por empreiteiros de mo-de-obra, gozem da proteo conferida pela legislao e a

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    prtica nacionais a outros trabalhadores dessas categorias nos mesmos setores, e sejam plenamente informados de seus direitos de acordo com a legislao tra-balhista e dos recursos de que dispem;

    b) trabalhadores pertencentes a esses povos no estejam submetidos a con-dies de trabalho perigosas para sua sade, especialmente em conseqncia de sua exposio a pesticidas ou a ou-tras substncias txicas;

    c) trabalhadores pertencentes a esses po-vos no estejam submetidos a sistemas de contratao coercitivos, inclusive trabalho escravo e outras formas de servido por dvida;

    d) trabalhadores pertencentes a esses povos gozem da igualdade de oportu-nidade e de tratamento para homens e mulheres no emprego e de proteo contra assdio sexual.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    4. Dever-se- da especial ateno criao de servios adequados de inspeo do trabalho em regies onde trabalhadores pertencentes aos povos interessados exera atividades assalariadas, a fim de garantir o cumprimen-to das disposies desta parte da presente Conveno.

    PaRTe IV fORmaO PROfISSIO-Nal, aRTeSaNaTO e INDSTRIaS RURaIS

    aRTIGO 21

    Os membros dos povos interessados devero poder usufruir de oportunidades de formao profissional pelo menos iguais quela dos demais cidados.

    aRTIGO 22

    1. Devero ser adotadas medidas para promo-ver a participao voluntria de membros dos

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    povos interessados em programas de formao profissional de aplicao geral.

    2. Quando os programas de formao pro-fissional de aplicao geral existentes no atenderem s necessidades especiais dos povos interessados, os governos devero, com a par-ticipao destes, assegurar que sejam postos disposio programas e meios especiais de formao.

    3. Quaisquer programas especiais de formao devero ser baseados na situao econmica, nas condies sociais e culturais e nas ne-cessidades concretas dos povos interessados. Quaisquer estudos a esse respeito devero ser realizados em cooperao com esses povos, que devero ser consultados sobre a organi-zao e o funcionamento de tais programas. Quando possvel, e se assim o decidirem, esses povos devero assumir progressiva-mente a responsabilidade pela organizao e funcionamento de tais programas especiais de formao.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 23

    1. Artesanato, indstrias rurais e comunit-rias e atividades tradicionais e relacionadas com a economia de subsistncia dos povos interessados, como a caa, a pesca, a caa com armadilhas e a colheita extrativa, devero ser reconhecidos como fatores importantes para a manuteno de sua cultura e de sua auto-suficincia e desenvolvimento econmico. Com a participao desses povos e sempre que possvel, os governos devero se certifi-car que essas atividades sejam incentivadas e fortalecidas.

    2. A pedido dos povos interessados, dever ser provida sempre que possvel, adequada assis tncia tcnica e financeira que leve em conta as tcnicas tradicionais e as caractersti-cas culturais desses povos, e a importncia do desenvolvimento sustentvel e eqi tativo.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    PaRTe V SeGURIDaDe SOCIal e SaDe

    aRTIGO 24

    Planos de seguridade social devero ser estendidos progressivamente aos povos in-teressados e a eles aplicados sem nenhuma discriminao.

    aRTIGO 25

    1. Os governos devero se certificar que sejam colocados disposio desses povos servios de sade adequados ou proporcionar os meios que lhes permitam organizar e prestar tais servios, sob sua prpria responsabilidade e controle, a fim de gozarem do mximo nvel possvel de sade fsica e mental.

    2. Os servios de sade devero ser organiza-dos, na medida do possvel, em nvel comuni-trio. Esses servios devero ser planejados e

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    administrados em cooperao com os povos interessados e levar em conta suas condies econmicas, geogrficas, sociais e culturais, bem como seus mtodos de preveno, prti-cas curativas e medicamentos tradicionais.

    3. O sistema de assistncia sanitria dever dar preferncia formao e ao emprego de pessoal de sade da comunidade local e centrar-se no atendimento primrio sade, mantendo ao mesmo tempo estreito vnculo com os demais nveis de assistncia sanitria.

    4. A prestao desses servios de sade dever ser coordenada com as demais medidas eco-nmicas e culturais adotadas no pas.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    PaRTe VI eDUCaO e meIOS De COmUNICaO

    aRTIGO 26

    Medidas devero ser adotadas para garantir aos membros dos povos interessados a opor-tunidade de adquirir educao em todos os nveis, pelo menos em condies de igualdade com o restante da comunidade nacional.

    aRTIGO 27

    1. Programas e servios de educao desti-nados aos povos interessados devero ser desenvolvidos e aplicados em cooperao com eles, a fim de atender a suas necessidades particulares, e devero abranger sua histria, seus conhecimentos e tcnicas, seus sistemas de valores e todos as suas demais aspiraes sociais, econmicas e culturais.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    2. A autoridade competente dever assegurar a formao de membros dos povos interes-sados e sua participao na formulao e execuo de programas de educao, com vistas a transferir progressivamente a esses povos a responsabilidade de realizao desses programas, quando for o caso.

    3. Alm disso, os governos devero reco-nhecer o direito desses povos de criar suas prprias instituies e sistemas de educao, desde que essas instituies satisfaam as nor-mas mnimas estabelecidas pela autoridade competente, em consulta com esses povos. Recursos apropriados para essa finalidade lhes devero ser providos.

    aRTIGO 28

    1. Sempre que vivel, dever-se- ensinar s crianas dos povos interessados a ler e es-crever na sua prpria lngua indgena ou na lngua mais comumente falada no grupo a que

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    pertencerem. Quando isso no for possvel, as autoridades competentes devero consultar esses povos visando adoo de medidas que permitam alcanar esse objetivo.

    2. Devero ser adotadas medidas adequadas para assegurar que esses povos tenham a opor-tunidade de alcanar fluncia na lngua nacio-nal ou em uma das lnguas oficiais do pas.

    3. Devero ser adotadas medidas para preservar e promover o desenvolvimento e a prtica das lnguas indgenas dos povos interessados.

    aRTIGO 29

    O ensino de conhecimentos gerais e apti-des, que permitam s crianas dos povos inte-ressados participar plenamente e em con-dies de igualdade na vida de suas prprias comunidades e da comunidade nacional, um dos objetivos da educao desses povos.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 30

    1. Os governos devero adotar medidas em conformidade com as tradies e culturas dos povos interessados, a fim de lhes dar conhe-cimento acerca de seus direitos e obrigaes, especialmente no que se refere a trabalho, s oportunidades econmicas, s questes de educao e sade, aos servios sociais e aos di-reitos decorrentes da presente Conveno.

    2. Se necessrio, isso dever ser feito por meio de tradues escritas e com a utilizao dos meios de comunicao em massa nas lnguas desses povos.

    aRTIGO 31

    Devero ser adotadas medidas de carter educativo em todos os segmentos da comu-nidade nacional, especialmente naqueles que estiverem em contato mais direto com os po-vos interessados, com o objetivo de eliminar

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    preconceitos que possam existir com relao a esses povos. Para esse fim, esforos devero ser envidados para assegurar que livros de histria e demais materiais didticos ofeream descri-o eqitativa, exata e instrutiva das sociedades e culturas dos povos interessados.

    PaRTe VII CONTaTOS e COOPe-RaO aTRaVS DaS fRONTeI-RaS

    aRTIGO 32

    Os governos devero adotar medidas apro-priadas, inclusive mediante acordos interna-cionais, para facilitar contatos e cooperao entre povos indgenas e tribais atravs de fronteiras, inclusive atividades nas reas econmica, social, cultural, espiritual e de meio ambiente.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    PaRTe VIII aDmINISTRaO

    aRTIGO 33

    1. A autoridade governamental responsvel pelas questes tratadas por esta Conveno dever assegurar-se de que haja instituies ou outros sistemas apropriados para administrar os programas que afetem os povos interes-sados e de que essas instituies ou sistemas disponham dos meios necessrios para o pleno desempenho de suas funes.

    2. Esses programas devero incluir:

    a) planejamento, coordenao, execuo e avaliao, em cooperao com os po-vos interessados, das medidas previstas na presente Conveno;

    b) proposio de medidas legislativas e de outra natureza s autoridades compe-tentes e monitoramento da aplicao das medidas adotadas, em cooperao com esses povos.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    PaRTe IX DISPOSIeS GeRaIS

    aRTIGO 34

    A natureza e o alcance das medidas a serem adotadas para a vigncia da presente Conven-o devero ser definidas com flexibilidade, levando em conta as condies peculiares de cada pas.

    aRTIGO 35

    A aplicao das disposies desta Conveno no dever menoscabar os direitos e vanta-gens garantidos aos povos interessados por fora de outras convenes e recomendaes, instrumentos internacionais, tratados, ou leis, laudos, costumes ou acordos nacionais.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    PaRTe X DISPOSIeS fINaIS

    aRTIGO 36

    Esta Conveno revisa a Conveno sobre Populaes Indgenas e Tribais, 1957.

    aRTIGO 37

    As ratificaes formais da presente Con-veno sero comunicadas, para registro, ao Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho.

    aRTIGO 38

    1. A presente Conveno somente vincular os membros da Organizao Internacional do Trabalho cujas ratificaes tenham sido registradas pelo Diretor-Geral.2. Esta Conveno entrar em vigor doze meses aps o registro, pelo Diretor-Geral, das ratificaes de dois Membros.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    3. A partir da, esta Conveno entrar em vigor, para qualquer Membro, doze meses aps o registro da sua ratificao.

    aRTIGO 39

    1. O Membro que tenha ratificado esta Con-veno poder denunci-la ao final de um perodo de dez anos, a contar da data de sua entrada em vigor, mediante comunicao ao Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho, para registro. A denncia no ter efeito at um ano da data do seu registro.

    2. Cada Membro que tenha ratificado esta Conveno e que, no prazo de um ano aps expirado o perodo de dez anos, a que se re-fere o pargrafo anterior, no tiver exercido o direito de denncia disposto neste artigo, ficar obrigado a um novo perodo de dez anos e, posteriormente, poder denunciar esta Conveno ao final de cada perodo de dez anos, nos termos deste artigo.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    aRTIGO 40

    1. O Diretor-Geral da Secretaria Internacio-nal do Trabalho notificar todos os Membros da Organizao Internacional do Trabalho sobre o registro de todas as ratificaes, de-claraes e denncias que lhe forem comuni-cadas por Membros da Organizao.

    2. Ao notificar os Membros da Organizao sobre o registro da segunda ratificao que lhe tiver sido comunicada, o Diretor-Geral cha-mar a ateno dos Membros da Organizao para a data de entrada em vigor da presente Conveno.

    aRTIGO 41

    O Diretor-Geral da Secretaria Internacional do Trabalho comunicar ao Secretrio-Geral das Naes Unidas, para fins de registro, nos termos do Artigo 102 da Carta das Naes Unidas, informaes completas referentes a todas ratificaes, declaraes e atos de

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    denncia que tiver registrado conforme o disposto nos artigos anteriores.

    aRTIGO 42

    Sempre que se julgar necessrio o Conselho de Administrao da Secretaria Internacional do Trabalho dever apresentar Conferncia Geral, um relatrio sobre a aplicao da pre-sente Conveno e examinar a convenincia de incluir na pauta da Conferncia a questo de sua reviso total ou parcial.

    aRTIGO 43

    1. Se a Conferncia adotar uma nova Con-veno que revise total ou parcialmente a presente Conveno e a menos que a nova Conveno disponha em contrrio:

    a) a ratificao, por um Membro, da nova Conveno revisora implicar de pleno

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    direito, no obstante o disposto no ar-tigo 39, supra, a denncia automtica da presente Conveno a partir do momento em que a nova Conveno revisora entrar em vigor;

    b) a partir da entrada em vigor da nova Conveno revisora, a presente Con-veno deixar de estar aberta ratifi-cao pelos Membros.

    2. A presente Conveno continuar em vigor em todo e qualquer cado, em sua forma e teor atuais, para os Membros que a tiverem ratificado e no ratificarem a Conveno revisora.

    aRTIGO 44

    As verses em ingls e francs do texto desta Conveno so igualmente autnticas.

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    ReSOlUO RefeReNTe aO Da OIT SObRe POVOS INDGeNaS e TRIbaIS 1

    A Conferncia Geral da Organizao Inter-nacional do Trabalho:

    Havendo adotado a Conveno sobre Povos Indgenas e Tribais, 1989; e

    Decidida a melhorar a situao e condio desses povos, tendo em vista mudanas ocor-ridas desde a adoo da Conveno sobre Populaes Indgenas e Tribais (n 107) em 1957; e

    Convencida da contribuio essencial que os povos indgenas e tribais de diferentes re-gies do mundo fornecem para as sociedades nacionais, reafirmando assim a identidade sociocul tural dessas sociedades;

    Motivada pelo firme desejo de apoiar a aplicao e a promoo das disposies da Conveno revisada:1 Adotada em 26 de junho de 1989.

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    ao no mbito nacional

    1. Convida os Estados-membros a considera-rem, na maior brevidade possvel, a ratificao da Con ven o revisada; cumprir as obrigaes nela esta belecidas e aplicar suas disposies da maneira mais efetiva.

    2. Convida os governos a cooperarem, nesse aspecto, com organizaes e instituies na-cionais e regionais dos povos interessados.

    3. Convida os governos e organizaes de empregadores e de trabalhadores a iniciarem um dilogo com organizaes e instituies dos povos interessados sobre os meios mais adequados para assegurar a aplicao da Con-veno e a criarem sistemas apropriados de consulta, que permitam aos povos indgenas e tribais expressarem seus pontos de vista sobre todos os aspectos da Conveno.

    4. Convida os governos e organizaes de em-pregadores e de trabalhadores a promoverem programas educativos, em colaborao com or-

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    ganizaes e instituies dos povos interessados, para tornar conhecida a Conveno em todos os segmentos da sociedade nacional, incluindo programas que compreendam, por exemplo:

    a) materiais sobre o contedo e os obje-tivos da Conveno;

    b) informaes, em intervalos regulares, sobre medidas adotadas para a aplica-o da Conveno;

    c) seminrios com o objetivo de promover uma melhor compreenso da Conven-o, sua ratificao e efetiva aplicao de suas disposies.

    ao no mbito internacional

    5. Insta as organizaes internacionais mencionadas no prembulo da Conveno e outras a colaborarem, de acordo com a disponibilidade de seus recursos orament-rios, no desenvolvimento de atividades para os objetivos da Conveno nos respectivos

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    mbitos de sua competncia, e a Secretaria Internacional do Trabalho a facilitar a coor-denao desses esforos.

    ao no mbito da OIT

    6. Insta o Conselho de Administrao da Secretaria Internacional do Trabalho a re-comendar ao Diretor-Geral que, de acordo com as disponibilidades dos recursos ora-mentrios, adote as seguintes providncias e proponha, nos futuros oramentos, dotao de mais recursos para os seguintes fins:

    a) promover a ratificao da Conveno e seguimento de sua aplicao;

    b) apoiar os governos nos desenvolvimen-to de meios efetivos para a aplicao da Conveno com a plena participao dos povos indgenas e tribais;

    c) disponibilizar s organizaes dos povos interessados informaes e for-mao sobre o alcance e contedo da

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    Resoluo referente ao da OIT sobre povos indgenas e tribais

    Conveno, bem como sobre outras Convenes da OIT que possam ser de seu direto interesse, e possibilitar o intercmbio de experincias conheci-mento entre eles;

    d) fortalecer o dilogo entre governos e organizaes de empregadores e de trabalhadores sobre os objetivos e o contedo da Conveno, com a ativa participao de organizaes e institui-es dos povos interessados;

    e) conduzir oportunamente um estudo geral, nos termos do artigo 19 da Constituio da OIT, sobre as medidas adotadas pelos Estados-membros para a aplicao da Conveno revisada;

    f) produzir, analisar e publicar informa-es quantitativas e qualitativas ne-cessrias, comparveis e recentes sobre as condies sociais e econmicas dos povos interessados;

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    Conveno n 169 sobre os povos indgenas e tribais em pases independentes

    g) desenvolver programas e projetos de cooperao tcnica que beneficie diretamente os povos interessados, enfrentando as situaes de pobreza e desemprego que os afetem. Essas atividades devem incluir planos de gerao de emprego e renda, desen-volvimento rural, inclusive formao profissional, promoo do artesanato e de indstrias rurais, programas de obras pblicas e tecnologias adequadas. Esses programas deveriam ser financiados por oramentos ordinrios, nos limites das atuais contingncias oramentrias e por recursos de fontes multibilaterais, entre outros.

    Resoluo adotada em 26 de junho de 1989 pela Conferncia Internacional do Trabalho,

    em sua 76 Reunio.