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Um papo fragmentado com o músico brasileiro Barulhista.
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O meio oprime ou somos sapos com medo de saltar?
Então, Barulhista, olhando os arredores (quintais) de onde
residimos por questões circunstanciais, embora isso não
signifique muita coisa em termos de formação cultural,
posto que nem sempre é o meio que nos teleguia, fica
essa tal dúvida na cabeça.
Será que esse meio está preparado para nos absorver ou,
em outras palavras, nos dissolver?
Por que não nos saborear ou ter a curiosidade de
investigar o conteúdo, aquilo que emana de si como
artista de si mesmo?
Ao longo do tempo temos travado diálogos pontuais e
tais diálogos sempre se transmutaram em produtividade,
mesmo em situações adversas para ambas as partes.
Tabulações criativas sempre ativam dínamos que nem
sempre sabemos onde em nós reside.
Sem esse negócio de falsa modéstia. Os caminhos
midiáticos nos tem formado cada um com seu talento ou
sua verborragia semântica. Nossos arcabouços culturais
vão sendo insuflados com o nosso natural desassossego
existencial – e aqui um hiato para juntar rimas previsíveis:
natural, existencial, essencial, descomunal, social...
Falando em existencial, por que aquilo que de alguma
forma criamos ganha mais respaldo distante de onde
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estamos geograficamente? Será que vale aquela síndrome
da cegueira da aldeia? Pode algo de bom sair de onde
ninguém nunca esperou coisa alguma? Não sei se
respostas resolvem questionamentos. É possível que
questionamentos se satisfaçam com outros
questionamentos de igual envergadura ou, ainda, maior.
Por outro lado ou olhando por outro prisma ou
observando de helicóptero, essa “conversa mole” de
opressão não estaria meramente ligada a fatores
monetários? A boa ou má sorte circunstancial de nascer
numa família X num país Y e, a partir daí, o provável
talento individual ser colocado à prova dos nossos
próprios recalques, da nossa compreensível fragilidade
humana, da falta de bagagem nossa e também alheia, de
pais e/ou mães (depende da estrutura familiar)
despreparados para lidar com o novo que cada filho
significa?
Quando saímos do lugar comum, da nossa condição de
sapos, descobrimos que em outros lugares as coisas
parecem funcionar para além da eterna dicotomia
dialética bolchevique e menchevique, proletária ou
pequena ou imensamente burguesa, para além da
macumba terceiro-mundista ou qualquer tipo de visão
condicionalmente colonialista. Não quero aqui, ainda,
entrar no mérito ou demérito religioso americano do sul
(esse é outro ringue no qual o indefeso indivíduo
talentoso terá que subir para ser massacrado ou
ovacionado dependendo da circunstância ou da sua
própria astúcia).
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A falta de tato (deixe-me encontrar outra palavra), a falta
de tirocínio cultural tem inibido os talentos do local em
que moramos, Barulhista? Pergunto-lhe isso também por
saber que a forma logística de lidar com o artista em
outras delimitações geográficas costuma ser
absolutamente diferente. Por exemplo, eu tenho
informações de que o estado do Pará vive uma
efervescência cultural praticamente desconhecida do
resto do país. A forma de lidar com as manifestações
culturais in loco confere dignidade aos agentes dessa
cultura? A ação do estado (quando existe essa ação),por
meio de suas leis de incentivo, promove ou verticaliza,
dissemina ou engessa a cultura num modelo partidário de
resultados? Fica a impressão de que o proponente se
transforma numa espécie de refém da captação (após a
fila burocrática da aprovação). Se não captar, já era. Seu
projeto deixa de existir porque falta dinheiro.
Como você pode notar, Barulhista, a metralhadora não é
israelense, mas é especialista em festim. Alguns temas
abrem links para verdadeiros ensaios, embora isso não
solucione a questão primaz. O seu trabalho artístico
(música também é arte) está aqui, mas um olhar atencioso
sobre ele parece estar em outro lugar, além do aspecto
self made man que é uma espécie de lugar comum abaixo
e um pouco acima da Linha do Equador. O artista é a
plataforma de si mesmo e, por vezes, a sua principal
plateia.
Para não estender ainda mais o drama do sapo e a
opressão promovida e patrocinada pelo “Protocolo dos
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Sábios de Sião” e pelos privilegiados do “Clube
Bilderberg” também pela sanha sádica dos Illuminatis,
encerro esse tópico tropical com um poema do poeta e
amigo Diovani Mendonça: “Nem sapinho num brejão/
Nem sapão num brejinho/ De fato desde o parto/ Prefiro
é ser girino/ Que Sequer sabe o destino”.
Lecy Pereira
https://www.facebook.com/lecypereira
https://www.facebook.com/barulhista