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Conversando Com Os Espiritos - James Van Praagh[1]

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Livro Espirita

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  • DADOS DE COPYRIGHT

    Sobre a obra:

    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivode oferecer contedo para uso parcial em pesquisas e estudos acadmicos, bem como o simplesteste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

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    Sobre ns:

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    "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no mais lutando por dinheiro epoder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a um novo nvel."

  • Copyright 1997 por James Van PraaghCopyright da traduo 2005 por GMT Editores Ltda.

    Publicado em acordo com a Dutton Signet, uma diviso da Penguin Books, EUA, Inc.Todos os direitos reservados.

    traduoLuiz Antonio Aguiar

    preparo de originaisRegina da Veiga Pereira

    revisoSrgio Bellinello Soares e Tereza da Rocha

    capaMiriam Lerner

    gerao de ePubSimplssimo Livros - Simplicissimus Book Farm

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

    V297cVan Praagh, James

    Conversando comos espritos [recursoeletrnico] / JamesVan Praagh [traduode Luiz AntonioAguiar]; Rio deJaneiro: Sextante,2011.

    recurso digital

  • 11-1924

    recurso digitalTraduo de: Talking

    to heavenInclui bibliografiaFormato: ePubRequisitos do

    sistema:Multiplataforma

    ISBN 978-85-7542-656-2 (recursoeletrnico)

    1. Van Praagh, James.2. Mdiuns - EstadosUnidos - Biografia. 3.Espiritismo. 4. Livroseletrnicos. I. Ttulo.

    CDD: 920.913391CDU: 929:133.9

  • Todos os direitos reservados, no Brasil, por GMT Editores Ltda.Rua Voluntrios da Ptria, 45 Gr. 1.404 Botafogo

    22270-000 - Rio de Janeiro - RJTel.: (021) 2538-4100 - Fax.: (021) 2286-9244

    E-mail: [email protected]

  • ndice

    Parte 1A Revelao

    Captulo 1 - O MdiumCaptulo 2 - O DomCaptulo 3 - Guias Espirituais

    Parte 2As Sesses

    Captulo 4 - Transies TrgicasCaptulo 5 - Acidentes FataisCaptulo 6 - AIDSCaptulo 7 - SuicdioCaptulo 8 - O Reencontro dos que se Amam

    Parte 3O Prximo Passo

    Captulo 9 - Para Alm do SofrimentoCaptulo 10 - Fazendo ContatoCaptulo 11 - Meditaes

    Fontes

  • Agradecimentos

    Quando algum assume a tarefa de narrar cronologicamente experincias pessoais, traduzindo a vida empalavras, o faz com a esperana de que esse relato, de alguma forma, estimule o conhecimento e a reflexo,e ajude a iluminar o caminho de outras pessoas. Eu no poderia ter escrito este livro sozinho. O texto foigerado por uma combinao de pensamentos, idias, experincias e vidas daqueles que, afetuosamente, metocaram.

    Em primeiro lugar, devo render minha homenagem Fora da Criao, identificada sob vriasdesignaes, tais como Deus, Al, Yahweh, Ser Divino e a Grande Luz. Acredito que todas essasdesignaes sejam o Poder, a Origem, a Origem de Tudo.

    Gostaria de agradecer s almas bem-amadas deste plano terreno, que vieram a mim com suas histriastanto de amor quanto de grande tristeza, buscando orientao, conforto, cura e paz. Espero tercorrespondido a suas expectativas e ter sido capaz de trazer serenidade a suas mentes e a seus coraes.

    Agradeo a todos os queridos seres do mundo espiritual que, como sonhos, retornam atravs de mim,para transmitir suas experincias terrenas a seus familiares e amigos. Essas recordaes, agora parte datapearia do tempo, oferecem, alm de consolo, a evidncia de que no existe morte; apenas vida. Por meiodo poder do amor, e apenas do amor, esses espritos abenoados aproximam-se de ns, trazendocoragem, fora, poder, orientao e ajudando cada um a cumprir seu destino na Terra.

    Quero agradecer a meus guias espirituais e mestres, que vm me acompanhando desde que esse dombrotou em mim. Eles nunca deixaram de incorporar sua fora, poder e sabedoria ao meu trabalho,oferecendo-me um exemplo de crescimento, luz e elevao, vlido para toda a humanidade.

    Quero expressar tambm minha gratido para com os que, neste plano terreno, tm me assistido aolongo do caminho, com amor, estmulo e apoio: Brian E. Hurst, Carol Shoemaker, Mary Ann Saxon,Marilyn Jensen, Peter Redgrove, Linda Tomchin e Cammy Farone.

    A minha famlia, amigos e pessoas queridas desta existncia, quero dizer que dia a dia cresce em mim agratido que sinto em relao a todos vocs. O tempo que compartilhamos nesta terra no apenasenriqueceu minha alma, mas tambm ensinou-me lies valiosas no que diz respeito capacidade docorao humano de expressar seus sentimentos. O amor a celebrao da vida. Agradeo a vocs,portanto, por serem a celebrao do que fomos, do que somos e do que seremos.

    Agradeo a todos, enfim, por dividirem comigo sua luz, e por podermos trilhar essa eterna jornada deamor e vida de mos dadas.

    Para Connie, o primeiro anjo queencontrei na Terra, e que me ensinou

    como alcanar o Sol.

  • Parte 1

    A Revelao

  • Captulo 1

    O Mdium

    Freqentemente me perguntam se nasci com o dom da mediunidade ou se me transformei em mdium porcausa de alguma enfermidade muito grave, ou de um acidente que tenha provocado algum tipo de leso emminha cabea, ou, ainda, de uma experincia de quase-morte. Por mais impressionantes que possamparecer essas possibilidades, no credito a nenhuma delas os momentos impressionantes que me iniciaramno trabalho de minha vida.

    No sou diferente das outras pessoas. Todos nascemos com algum nvel de capacidade psquica. Apergunta : sabemos reconhec-la? Sabemos desenvolv-la? Como muitas outras pessoas, eu desconheciao que significava possuir capacidade psquica. Provavelmente, a primeira vez que tive contato com o termopsquico foi assistindo a um show na tev. J no foi fcil pronunciar a palavra, quanto mais compreenderseu significado. Era uma palavra que se aproximava bastante da explicao que eu procurava para certosfenmenos. Por exemplo: por que adivinhava coisas a respeito de pessoas que entravam no ambiente ondeeu estava? E essa palavra foi a causa tambm de uma professora, na minha escola primria um colgiocatlico , ter me retido depois da aula.

    O intervalo para o almoo havia terminado e todos os garotos j retornavam para a sala de aula. Euhavia acabado de guardar minha lancheira, com a figura de um ursinho gravada em sua tampa, quandominha professora, Mrs. Weinlick, entrou na classe. Nossos olhos encontraram-se e um sentimento desbita tristeza tomou conta de mim. Ento, aproximei-me dela e disse:

    Tudo vai ficar bem! John quebrou a perna.Ela olhou para mim, espantada, e disse: Do que que voc est falando?Eu expliquei: John foi atropelado, mas est bem. Apenas quebrou a perna.Bem, achei que seus olhos iam saltar do rosto. Ela apontou para meu lugar e me mandou ficar ali, sem

    me levantar, pelo resto do dia. Mais ou menos uma hora depois, o diretor da escola chegou porta echamou Mrs. Weinlick. Sussurrou-lhe alguma coisa e, de repente, ela entrou em pnico, empalideceu, esaiu correndo da sala, gritando.

    No dia seguinte, Mrs. Weinlick parecia ter voltado ao normal. Mas ficou me encarando o tempo todo.Ela me pediu que ficasse depois da aula, para podermos conversar. Deus a abenoe. Foi aquela conversaque me revelou minha capacidade psquica. Ao que parece, no dia anterior, seu filho, John, havia sido defato atropelado, mas, milagrosamente, apenas quebrou a perna. Mrs. Weinlick perguntou-me:

    Como voc j sabia o que ia acontecer?No consegui responder. Eu apenas... sabia. Foi um pressentimento, eu acho, uma sensao. Ela fixou

    seus olhos em mim e eu comecei a chorar. Teria eu provocado o acidente que ferira seu filho?Bem, nem preciso dizer que ela me tranqilizou, dizendo que no me preocupasse. Muitas crianas e at mesmo alguns adultos ficam sabendo das coisas antes de acontecerem. Voc

    um mensageiro de Deus ela disse, e tambm que Deus havia me concedido um dom... Para, um dia,voc poder ajudar outras pessoas. Voc muito, muito especial.

    Mrs. Weinlick falou para nunca me deixar perturbar pelas coisas que conseguisse enxergar dentro da

  • minha mente. Mas alertou-me para ter cuidado e escolher bem com quem compartilhar esse meu dom.Essa foi a primeira explicao que recebi sobre capacidade psquica. Hoje, quando olho para trs,

    sinto-me grato a Mrs. Weinlick. De diversas maneiras, aquilo representou muito para mim. Se minhaprofessora, ali, fosse uma freira, minha vida poderia ter seguido um rumo totalmente diferente.

    Hoje, compreendo perfeitamente minha capacidade de ver e de sentir coisas que no esto no mundofsico. Geralmente, referem-se a isso como um sexto sentido. Capacidade psquica tambm conhecidacomo intuio, algo que bate l dentro, palpite, ou uma certa percepo das coisas. Todos fazemos usodessa capacidade diariamente, sem mesmo nos apercebermos disso. Por exemplo, quantas vezes acontecede voc pensar em algum e, poucos minutos depois, tocar o telefone e justamente aquela pessoa, nooutro lado da linha? Ou quando lhe vem cabea que melhor trocar de pista, no trnsito, e logo vocdescobre que havia um acidente bem na pista da qual saiu? Talvez, no caminho para o trabalho, voc tenhaa sensao de que seu patro vai estar em um mau dia e, quando chega, isso se confirma. Quantas vezes jocorreu de estar pensando em uma msica e, um instante depois, ela comear a tocar no rdio? Esses soexemplos de capacidade psquica. De onde vem esse sexto sentido? Em grego, a palavra psquico quer dizerda alma. Quando utilizamos nossa capacidade psquica, estamos nos sintonizando com a energia de nossaalma, ou com a fora vital que habita todo ser vivo.

    Quando crianas, temos mais capacidade psquica do que quando adultos. Ou, pelo menos, se nomais capacidade, pelo menos maior abertura para nossos poderes psquicos. E isso no apenas por aindanos encontrarmos prximos do outro lado da vida, mas tambm porque nossa habilidade com as palavrase com os pensamentos encontra-se pouco desenvolvida; assim, precisamos confiar em nossos sentimentos,ou nas sensaes, para nos relacionarmos com o mundo fsico.

    Todos j vimos um beb comear a chorar quando pego no colo por uma pessoa, e pararimediatamente quando outra o pega. Com toda certeza, o beb est captando uma vibrao maisharmoniosa, ou mais segura, com a segunda pessoa. por isso que os bebs sempre querem suas mes.Existe um elo psquico muito forte entre a me e o seu beb. Quantas vezes uma me corre para o quartode seu beb, sabendo que ele precisar dela assim que acordar. Esse elo se intensifica, torna-se cada vezmais forte, e logo a me se aperceber de cada necessidade de seu beb sem que ele precise emitir nenhumsom.

    A capacidade psquica tambm atua no mundo vegetal e no animal. As plantas so extremamentesensitivas e geralmente vicejam lindamente quando sentem em torno um ambiente gentil e amistoso, noqual so cuidadas e amadas.

    Isso me lembra uma histria muito interessante. Eu trabalhava em um emprego de horrio integral.Certo dia, dei carona a uma colega de trabalho. Quando entrei em seu apartamento, sentei-me, e entoescutei um rudo, algo que ia crescendo cada vez mais. Na verdade, era uma vibrao minha volta, comose fosse o grito de algum ferido, pedindo ajuda. Olhei ao redor e finalmente me dei conta do que era.Todas as plantas no apartamento estavam secas, morrendo. Estavam implorando por um pouco de gua.Contei isso a minha colega e ela me disse que, de fato, no aguava as plantas havia duas semanas.

    A idia de plantas gritando pode parecer estranha para muitas pessoas. Para essas, sugiro que leiamlivros sobre o assunto, como A vida secreta das plantas, de Peter Tomkins. Precisamos nos conscientizarde que a mgica da VIDA acontece de todas as maneiras, formas e tamanhos... at mesmo com as plantas.Podemos aprender mais sobre essas formas de vida, se dedicarmos algum tempo a escutar, a abrir nossacapacidade psquica s energias que nos rodeiam.

    Tambm os animais so conhecidos por contarem com seu sexto sentido. Observe o comportamento de

  • seu cachorrinho ou do seu gato. Quantas vezes j viram um cachorro esconder-se, ou latir sem cessar,quando encontra determinada pessoa? E no verdade que, passeando em um ambiente cheio de pessoas,ele s vezes demora-se mais junto a algum? Quando ocorrem catstrofes naturais terremotos, tornados,furaces , um animal torna-se irrequieto, desorientado e freqentemente esconde-se dentro de umarmrio ou debaixo de algum mvel. Os animais no recebem informaes da tev, como ns.Simplesmente sabem das coisas. Muitas vezes, so capazes de prever um desastre. So extremamentesensveis ansiedade nos seres humanos. Se voc quer saber que tempo vai fazer, observe um rebanho degado. Antes da tempestade, geralmente encontramos as vacas deitadas na grama. Desde a Criao, osanimais sempre contaram com seu sentido psquico, ou com seu instinto, para se protegerem, parapreservarem a vida.

    QUERO VER DEUS COM MEUS PRPRIOS OLHOS

    Muito antes de eu comear a pensar em minha habilidade psquica, costumava questionar-me arespeito da existncia de Deus. Fui criado como catlico e, nos nove primeiros anos de minha formao,cursei uma escola catlica. No entanto, acabei considerando a viso catlica de Deus muito limitada emesmo fantasiosa. Tnhamos de acreditar s cegas em uma divindade, e isso acabava me confundindocompletamente. Era perseguido por perguntas, tais como: Como saber se Deus existe de verdade? Algumj viu Deus, algum dia? Como que Deus cria as coisas do nada? Quem escreveu as histrias da Bblia?Ser que elas contam a verdade?.

    Quanto mais eu tentava acreditar em Deus, conforme Ele fora moldado pelos rituais e leis da Igreja,menos eu sentia Deus dentro de mim quero dizer, como se fosse uma experincia minha, pessoal. Serque tudo se resumia a viver o dia-a-dia desses cerimoniais? Sempre senti como se tivesse perdido uma peado quebra-cabeas. Ser que as freiras escondiam alguma coisa de mim? Ser que deixei de entender algona missa, que todos os demais presentes compreenderam sem problemas? Ser que eu era o nico aduvidar de suas crenas? Em minha jovem conscincia, a questo era muito, muito simples: Se Deusexiste, quero uma prova!

    Minhas preces foram atendidas quando eu tinha oito anos de idade. Ainda estava deitado na cama, emuma manh bem cedo, quando senti uma espcie de sopro de vento frio roar minha face. Puxei oscobertores, enrolei-me neles e olhei na direo da janela do meu quarto. Estava fechada, e bem fechada.Comecei a tentar entender como algum vento poderia ter entrado ali. Olhei para cima, para o teto... e viuma enorme mo, espalmada para baixo, descendo sobre mim. A mo brilhava uma luz pulsante, muitobranca. Fiquei hipnotizado, mas, talvez porque fosse apenas uma criana, no senti medo algum. Mesmoassim no conseguia entender o que estava acontecendo. Estava totalmente disposto a aceitar a imagem quevia como algo real. Fui subitamente tomado por uma irresistvel sensao de paz, de amor e de alegria.No escutei nenhuma voz retumbante (como a voz de Deus era descrita na Bblia), resolvendo minhasdvidas e revelando meu destino. E, mesmo assim, sabia o tempo todo que aquela viso era Deus. Desdeaquele momento, fiquei convencido de que deveria fazer de tudo para experimentar de novo aquelamaravilhosa sensao de felicidade. Comecei a entender que havia muito mais na vida do que me ensinarame do que eu podia enxergar com meus olhos.

    A mo iluminada de Deus foi minha primeira experincia com a clarividncia e, apesar da fortssimaimpresso que tive e de todo o impacto que representou, jamais contei nada a ningum. Senti como seaquilo fosse meu segredo, e que, se ousasse contar o que sucedera, ningum acreditaria em mim. Tempos

  • depois, aprenderia mais sobre a clarividncia, algo que imprime na mente imagens de diversos gneros,contornos, cenas, vultos espirituais, faces e mesmo locais remotos, invisveis para o olhar fsico. Porexemplo, antes de adormecer, noite, diversas formas, faces e cenrios so enxergados e passam por nossoolhar mental. A clarividncia algo semelhante a enxergar essas imagens, em nossa mente. Vou explicarmelhor o que a clarividncia no captulo 2.

    UMA SESSO NO COMEO DA NOITE DE UM SBADO

    A apario da mo divina foi tudo o que eu precisava para me convencer da existncia de Deus. Forauma demonstrao e tanto porque, afinal de contas, somente Deus poderia manifestar-se em pleno ar. Noentanto, toda uma srie nova de perguntas como que pipocou na minha mente. Tornei-me fascinado peloconceito de morte e pelo que aconteceria depois de morrermos. Peguei-me perguntando-me: E se...? eminha imaginao comeava a funcionar. Ser que existe um lugar para onde vamos depois da morte?Existe realmente um cu e um inferno, e o tal lugar entre um e outro? A vida tem um fim? Tudo o quesabia era o que haviam me ensinado na escola catlica noes demasiadamente comprometidas com adoutrina. Eu queria entender, saber mais, investigar mais a fundo. Mal sabia que uma pequena aventurasobrenatural estava reservada para mim, e para muito breve.

    Scott e eu ramos grandes amigos. Jogvamos bola, brincvamos juntos, experimentando muitosjogos. Inclusive os joguinhos paranormais mais comuns, que parecem fazer parte da histria de todos osgarotos. De brincadeira, fazamos perguntas Bola Oito Mgica [1], mas nossos sorrisos logo seapagavam, quando surgiam respostas como Algo Obscuro Est Tentando Aparecer ... ou... Tente OutraVez Mais Tarde ... Como que a coisa poderia saber? Contatvamos espritos numa Tbua Ouija [2],embora cada um de ns, secretamente, acreditasse que o outro estivesse puxando a prancheta. Assim,pareceu muito natural que, em certa manh de sbado, decidssemos fazer uma sesso s sete horas daquelanoite. Sete horas era o mais prximo da hora das bruxas meia-noite que uma criana de doze anosousaria chegar.

    Relembro vividamente aquele dia. Parece que devo reviv-lo sempre e sempre. Vises como as que euassistia nos filmes com Vincent Price riscavam minha mente. De alguma maneira, eu sabia que aquela noiteseria muito especial algo grandioso estava para acontecer. s seis e quarenta e cinco, j estava ansiosodemais para conseguir esperar. Duas horas mais cedo, havia providenciado uma vela branca. Julguei queprecisaria dela para conduzir uma sesso da maneira adequada. Corri para casa do Scott em temporecorde. Entreguei-lhe a vela, que ele acendeu e, com toda solenidade, colocou no centro de um cinzeiroem uma mesa posicionada entre ns dois. Fechamos as janelas, apagamos as luzes, sentamos encarandoum ao outro e esperamos. Ambos nos sentamos um tanto nervosos, apesar de estarmos certos de quetudo no passava de uma brincadeira. A atmosfera no podia ser mais apropriada algo fantasmagrica. Avela produzia estranhas sombras nas paredes em volta, e as chamas refletiam-se em nossas faces, com umaespcie de brilho algo assustador. Naturalmente, o melhor da brincadeira era ver quem ficaria apavoradoprimeiro e fugiria em disparada.

    Por trinta minutos, permanecemos sentados em silncio. Finalmente, eu j no agentava mais esperar. E agora? perguntei, impaciente.Scott deu de ombros: Quem sabe a gente deveria pedir para falar com algum?Era o primeiro aniversrio da morte de Janis Joplin, e assim Scott sugeriu que a chamssemos.

  • Entoamos nosso chamado por aproximadamente dez minutos. Aguardamos... Nada aconteceu.Chamamos Janis de novo. A chama da vela permanecia firme. No ouvimos nenhuma batida misteriosa naporta. Nossos olhos no paravam de percorrer o quarto, buscando qualquer movimento, qualquer sinalde que Janis havia chegado. Mas, acima de tudo, ramos dois garotos de doze anos comeando a ficarentediados.

    Decidi tentar um ltimo apelo: Janis, se voc est neste quarto, nos mande um sinal... faa algo com a vela. E disse isso com

    minha voz mais profunda, mais melodramtica.A vela estremeceu levemente. Subitamente, a chama inclinou-se para a esquerda e ficou assim por um

    segundo. Ento, moveu-se para a direita e ali permaneceu. Scott e eu ficamos paralisados. A chama da velacomeou claramente a mover-se de um lado para o outro. Perdemos a respirao. Qualquer coisa podiaestar movendo a chama daquela vela mas no era eu nem meu amigo, isso com certeza. Estvamosaterrorizados demais para tentar qualquer gracinha. De repente, a vela apagou-se e o quarto mergulhouem escurido absoluta. Abandonando qualquer pretenso de coragem, samos correndo dali, berrando,em direo ao quarto dos pais de Scott.

    Ser que fizemos contato com Janis Joplin? Quem h de saber? Acredito de verdade que abrimos aporta para alguma coisa ou para algum, proveniente do mundo psquico. No entanto, achotremendamente irnico o fato de que o que comeou como uma brincadeira de dois garotos tenha, dealguma maneira, significado minha iniciao naquilo que haveria de tornar-se minha carreira.

    OUTROS FENMENOS PSQUICOS

    Recordando outros fatos em minha infncia, constato que tive muitas experincias peculiares,provocadas por foras que no pertenciam a este mundo. Acho que aquela minha sesso com Scott foi amais significativa, embora algo macabra. Mas foi somente um acontecimento entre muitos que, como sfui entender mais tarde, de forma clara anunciavam toda uma vida de envolvimento com espiritualismo,suspense e mistrio. A profisso de f da minha vida foi sempre: O DESCONHECIDO APENASALGUMA COISA AINDA NO REVELADA. Sempre foi parte da minha natureza investigar oinexplicvel e descobrir meios de desvend-lo. Portanto, minha curiosidade me levaria e com certafreqncia a situaes que at mesmo os anjos teriam algum receio de desafiar. Como criana, semprepersegui toda uma variedade de jogos e de brincadeiras, de assuntos para estudo ou para entretenimento,guiado por uma necessidade de explorar minha fascinao pelo mundo oculto. Duas de minhas obsesseseram casas assombradas e cemitrios.

    A simples idia de uma casa que supostamente abrigasse formas de vida invisvel, vagando pelos seusaposentos, intrigava-me poderosamente. O detetive que existia em minha natureza tomava conta de mim, eeu no teria descanso at resolver o mistrio com que me deparava.

    A Casa Bell foi um desses mistrios. J a viso da casa era ameaadora. Sua pintura estava toda lascada um cinza algo antigo recobrindo as paredes. E as venezianas, com grandes rombos, mal se sustentandopresas s estruturas das janelas. A Casa Bell esteve viva em um tempo j esquecido, quando cavalos ecarruagens dominavam as ruas e o gado pastava nos campos. A casa era uma viso agourenta, elevando-seatrs de enormes rvores, bem distante da rua.

    Aos meus olhos infantis, parecia que as salincias de seu telhado, muito agudas, penetravamdiretamente no reino dos cus. A casa esteve abandonada por mais de cinqenta anos, mas permaneceu

  • como uma espcie de marco em meu caminho, na ida e na volta da escola. Lembro que todos nscorramos o mais que podamos, quando passvamos em frente, por causa de todas as histrias quesabamos a respeito da casa. Havia, por exemplo, uma sobre uma senhora de cabelos brancos, cujoslamentos inconsolveis podiam ser escutados percorrendo os ambientes abandonados do prdio.

    A histria contava que essa senhora tinha um filho que se dedicava ao comrcio martimo. Depois demuitos meses sem fazer nada em casa, ela insistiu com o filho para que ele partisse em mais uma viagem denegcios. A contragosto, o filho embarcou e nunca mais foi visto. Ao que parece, uma sbita mudana notempo pegou o navio em cheio, uma espcie de vendaval violentssimo, que o destruiu. A me, entretanto,nunca aceitou essa explicao pensava que o filho havia fugido dela, abandonando-a. Depois disso, foivista muitas vezes vagando pelos aposentos da manso, procurando pelo filho e gritando de desespero,durante a noite.

    Vez por outra, deixava uma vela acesa, na esperana de que seu filho a enxergasse e que a chama oguiasse de volta para casa. Bem, mas o pior ainda no era isso... Todos os garotos sabiam que, se nosvoltssemos na direo da casa distraidamente e, por azar, cruzssemos com os olhos da tal senhora, elaviria ao nosso quarto, noite, enquanto dormssemos, e nos levaria embora para a Casa Bell, ondeestaramos condenados a ficar prisioneiros para sempre.

    Meus amigos e eu jamais esquecamos dessa parte da histria. Mesmo que no fosse verdade,acrescentava certa excitao ao nosso caminho para a escola, que de outra forma seria bastante montono.Quando fiquei um pouco mais velho, talvez com a idade em torno de dez ou onze anos, pus de lado toda alenda em torno da velha senhora e de seu filho, mas a casa continuava, mesmo assim, a me fascinar.Costumava parar em frente a ela e olhar para a janela do segundo andar, com a esperana de ver um brilhoqualquer que pudesse ser atribudo a uma vela acesa, ou de ouvir quase imperceptveis e vagos murmrioschorosos vindos de l. Definitivamente, havia algo naquela casa. Eu sabia disso. Parecia estar mechamando, e eu precisava responder a esse chamado.

    Um dia, foi o que fiz. Aquele que seria o cmplice de minha iniciao mstica, meu amigo Scott, e maisuma dupla de bravas almas da vizinhana decidiram seguir-me na aventura. De alguma forma,precisvamos descobrir como entrar na casa. Chegamos concluso de que a melhor maneira era pelaparte de trs, praticamente soterrada pelas rvores. No havia cerca para nos entravar o caminho. Assim,entrar ficou ainda mais fcil do que parecia. Depois de conseguirmos vencer a barreira das rvores, nossosolhos fixaram-se numa casa de madeira, decrpita e semidestruda. A fortaleza, que fora objeto de tantashistrias assustadoras, e mesmo horrendas, pareceu-nos apenas uma montanha de madeira apodrecida ede armaes de cimento j corrodas.

    Como se a sorte nos protegesse, havia uma janela vedada por tbuas, na parte de trs. Um dos garotosficou de guarda e os demais conseguiram arrancar uma tbua da janela. Um facho de luz do sol penetrounuma escurido de j um sculo. Com todo cuidado, rastejamos para dentro da casa. O piso, primeiravista, havia sido praticamente destroado pelo tempo. No que me pus de p naquele ambiente senti umcalafrio. No entanto, em vez de sentir-me amedrontado ou mesmo ameaado, como poderia esperar, fuiinvadido por sensaes de prazer e alegria. Olhei em volta. Encontrava-me no que parecia ser uma amplasala de recepes, mais comprida do que larga. As paredes ainda recendiam chuva do dia anterior, e tirasde papel de parede de um rosa absolutamente desbotado pendiam despregadas. Havia enormes buracos emcertos trechos das paredes, feitas de placas de madeira. Caminhando pela sala, tive a estranha sensao deque, naquele lugar, aconteciam jantares com dana. Podia quase ver as pessoas rodopiando minha volta.Em um dos cantos da sala larga, imaginei uma pequena orquestra tocando para os convidados at as

  • primeiras horas da manh. Continuei a andar, dirigindo-me diretamente a uma sala contgua, no extremomais distante. Muito provavelmente, era uma sala de jantar grande o bastante para acomodar um bomnmero de pessoas. Podia ver a mesa do banquete, servida com as mais finas iguarias. Sobre a mesa, ocandeeiro, iluminando a refeio noturna. Subitamente, fui arrancado de meus devaneios pelo berro demeu amigo Kevin.

    Minha nossa! olha s essa coisa! ele gritou.Quando cheguei at onde ele estava, vi o que havia lhe provocado tanta excitao. Espalhados pelo

    cho, estavam vrios livros e fotografias, de todos os formatos e tamanhos. Muitos dos livros eram sobrecomrcio, negcios e assuntos do mar. Diversos outros eram volumes de contabilidade, contendonmeros e contas feitas a lpis. Quando vimos aqueles livros sobre navios e navegao, ficamos plidos todos, ao mesmo tempo. E, em um movimento conjunto, nos voltamos para a porta, procurando o meiomais rpido de escaparmos dali. Abruptamente, e de maneira absurdamente vvida, lembramos da nossainfncia, das histrias sobre o filho navegante e sua me. Teria sido verdade, afinal de contas? Ficamosapavorados, s de pensar no que poderia acontecer conosco. E se o lugar fosse de fato assombrado e sefantasmas habitassem os corredores? No sei se foi apenas pose de garoto, mas nem eu nem qualquer um dens estava disposto a demonstrar o medo que sentia. Decidimos ficar bastante prximos uns dos outros eassim investigarmos tudo ao redor.

    Peguei do cho duas fotografias e as examinei. Uma era a foto de um beb, e a outra, a de dois garotosbem-vestidos. Tudo levava a crer que fossem irmos. Enquanto segurava a fotografia, tive a sensao deque algum estava de p s minhas costas. Voc deve saber como ... a gente praticamente sente que algumest se aproximando por trs. Foi isso mesmo o que eu senti. Amedrontado, imediatamente larguei a foto. a senhora de cabelos brancos vindo me pegar! Devagar, voltei a cabea para poder olhar e noenxerguei absolutamente nada. Deve ter sido minha imaginao.

    Foi ento que a coisa mais estranha aconteceu. De repente, me veio cabea o pensamento de andar ato canto daquele cmodo e apanhar a fotografia junto parede. Assim, caminhei at l, inclinei-me e pegueia foto do cho. Encarando-me fixamente, l estava uma senhora elegantssima, trajando um longo vestidoescuro e segurando um belo buqu de flores. Ela tinha no rosto uma expresso inacreditavelmente doce eum par de olhos penetrantes, que pareciam fitar-me. Seu cabelo estava amarrado com um lao. Aproximeiainda mais a fotografia dos olhos, e foi ento que tive a sensao de que aquela era a me dos dois garotos,os das outras fotos. No sei explicar exatamente como sabia disso, mas sabia. Voltei-me para o cho e vi afotografia de um homem de bigode, os braos cruzados e o olhar fixo sua frente. Peguei essa fototambm e, ao segur-la, me dei conta de que ele era o marido daquela senhora. Tive tambm a sensao desaber que aquela era uma famlia que costumava promover oportunidades para se divertir, freqentemente.Deveria ter sido uma famlia muito rica, e mesmo influente, na regio. Vendo outras fotos deles, intu quetinham alguma ligao com poltica. No fui capaz de explicar meus sentimentos e sensaes aos meusamigos, e todos pensaram que eu estivesse maluco ou que possua uma imaginao e tanto. Mas eu sabiaque uma fora de alguma natureza havia me empurrado para aquele canto do quarto. O que teria sido?Como eu poderia saber que aquela famlia em particular gostava tanto de festas, ou que tinha participaona poltica? Ser que isso estava sendo contado para mim pelos fantasmas que ainda vagavam peloscorredores? Ser que a historinha sobre a senhora de cabelos brancos e seu filho navegante era verdadeira?

    Trs anos mais tarde, encontrei todas as respostas. Nunca esquecerei. Estava em casa, e o correio haviaacabado de chegar. Havia um livreto publicado pela Sociedade Histrica de Bayside, intitulado Bayside,ontem e hoje. O livro contava como a regio fora primeiramente habitada por ndios, depois pelos

  • holandeses e finalmente pelos comerciantes britnicos. No entanto, a leitura s despertou meu interessequando chegou parte em que contava a histria da Casa Bell.

    Abraham Bell, um rico comerciante martimo, teria adquirido trs acres de terra, onde ergueu apropriedade para sua famlia, em 1849. Sua famlia era algo numerosa e inclua dois filhos, de idade muitoprxima. Foi um dos primeiros assentamentos em Bayside. Continuei a ler... Os Bell eram parte da elite,da alta sociedade, e promoviam freqentes recepes para autoridades vindas de Nova York e parapolticos de Washington. Fascinado, fui em frente e, quando virei a pgina seguinte, meus olhos searregalaram. Encarando-me l das fotos estavam o Senhor e a Senhora Bell exatamente os mesmos quehavia visto nas fotos que tive em minhas mos, anos antes! Eram a confirmao das sensaes que meacometeram durante aquela visita.

    Outra de minhas experincias msticas, tambm ocorrida nessa idade em torno dos dez, onze anos ,foi durante o intervalo para o almoo, na escola. Ficvamos entediados, querendo fazer alguma coisadiferente, em vez de jogar bola como sempre, ou de pular corda com as meninas. Alguns dos garotos maisaudaciosos costumavam dar um pulo na cidade para ver o que conseguiam roubar em um supermercadosem serem pegos. Quando retornavam escola, tarde, expunham seu butim muito orgulhosos geralmente, nada mais do que canetas, rguas e marcadores de livros. (Grande atividade extracurricularpara estudantes de uma escola catlica!)

    Mas como eu no era nem ousado, nem muito menos ladro, fazia o que julgava de fato um programaexcepcional. Ia com um grupo de amigos para o Cemitrio Lawrence. Era um cemitrio de famlia,instalado no comeo dos anos 1800. Desde ento, tornara se um monumento histrico. Em um dessesalmoos no cemitrio, tive uma experincia curiosa e muito interessante. Dois de meus colegas e euterminvamos nosso almoo debaixo de uma rvore. Estvamos contentes, aproveitando o sol, o calor deum belo dia de primavera, na tranqilidade daquele cemitrio e at mesmo considerando a idia de matar aaula, no resto do dia. Ns nos encontrvamos, justamente, discutindo a questo, quando escutamos doisgarotos rindo, mais ou menos prximos. Olhamos na direo de onde vinham os risos, mas no vimosnada. Achamos que, provavelmente, seriam dois garotos em um jardim dos fundos de alguma casa nasredondezas e que suas vozes deveriam ter ecoado at onde estvamos. Entretanto, mal nos sentimosaliviados por essa explicao, a risada ressoou novamente. Dessa vez, comeamos a estranhar. Creio quesentimos at mesmo um pouco de medo. Decidimos investigar para ver de onde vinha. Caminhamos,seguindo o som e, mais uma vez, ouvimos risadas de crianas. Ainda no conseguamos ver nada e, decerta maneira, relutvamos em prosseguir caminhando.

    Quando chegamos mais perto, meu amigo Peter gritou: Olha ali!Vimos duas crianas pequenas um garoto e uma garota muito parecidas uma com a outra. Deviam

    ter cerca de cinco ou seis anos. Avanamos um pouco mais, e elas correram, sumiram. No conseguimosencontr-las. Essa foi a parte estranha... J havamos visitado o cemitrio diversas vezes. Era difcil esbarrarcom quem quer que fosse por ali, quanto mais com duas crianas to pequenas.

    Conclumos que o melhor era voltar para a escola. Quando nos viramos, j indo embora, meu amigoTim berrou:

    Olha l!Ele estava olhando fixamente para alguma coisa. Era um tmulo, com o nome de duas crianas um

    irmo e uma irm, que haviam morrido com quatro e cinco anos de idade! Foi uma apario?Honestamente, no sei, mas meus amigos nunca mais quiseram falar no assunto.

  • Essas experincias poderiam ter me mostrado qual seria meu futuro, se fosse capaz de compreend-las,naquela poca. Mas, como todo garoto da minha idade, o que eu realmente queria da vida era possuir umlbum completo com as figurinhas dos astros da liga de beisebol e saber lanar uma bola melhor do queningum.

    CRESCENDO NUMA ESCOLA CATLICA

    Entre uma e outra divertida excurso a casas assombradas e cemitrios, eu freqentava a escola catlicado Sagrado Corao. Como muitas outras crianas da minha idade, nunca entendi direito o conceito deDeus. Pensava que Deus fosse um sujeito bondoso com uma enorme barba e que amava a todos ns. Mas,se fizssemos alguma coisa errada, ele passaria a nos odiar e nos poria a queimar no inferno, de castigo.Um bocado assustador para uma criana, no acham? Lembro de vezes em que me sentava dentro da igrejae olhava para cima, para o mural que ficava por sobre o altar. Era bonito, uma imagem singela de Cristosorrindo, olhando para baixo para o planeta Terra. Lembro que ficava pensando: Como que algumassim pode jogar a gente no inferno?

    Outra coisa que nos ensinavam era que, se rezssemos direito, Deus escutaria nossas preces e nosresponderia. Bem, no me lembro de ter tido nenhuma das minhas oraes respondidas. No podiaentender com exatido a concepo da coisa... Como toda criana, fazia muitas perguntas a respeito deDeus e obtinha pouqussimas respostas. E as que recebia no conseguiam de fato responder perguntaque eu havia feito pelo contrrio, provocavam mais e mais dvidas. Por exemplo, as freiras da escolavestiam hbitos pretos, ressaltados por toucas brancas. Na primeira vez em que vi uma freira com aquelavestimenta, fiquei com medo de ir escola. Aquelas senhoras no se pareciam nada com o que euimaginava como esposas de Deus, ainda mais vestidas inteiramente de preto. Quando eu perguntava: Porque vocs se vestem de preto?, no recebia nenhuma resposta.

    Desde muito cedo, tinha dvidas a respeito do Paraso. Apesar de imaginar o cu, com seus portaisaperolados, anjos com asas e tudo o mais, sabia que era mais do que isso. Sabia que, quando amos para ocu, veramos de novo os amigos e parentes mortos antes de ns. As freiras tambm diziam quereencontraramos todos os nossos entes queridos no Paraso, mas falavam deles como almas. Nuncacompreendi o que seria uma alma. Sabia que as pessoas habitavam o Paraso, mas, se era assim, ondeviviam suas almas? Ser que as almas eram parte delas? Esse tipo de pergunta igualmente incomodava asfreiras. Infelizmente, sua resposta-padro era: Cale a boca e pare de fazer tantas perguntas! Ao que elasacrescentavam: Algum dia, voc descobrir para onde vo as almas, e ento ir desejar jamais ter feito essapergunta. Imagino que estavam me dizendo que eu s descobriria a resposta quando morresse.

    Lembro um incidente, ocorrido quando eu estava no segundo ano, que me fez questionar ainda mais oque era Deus. No tinha um lpis da cor certa para fazer minha lio e a Irm Matilda me deu um tapa toforte, que fui lanado ao cho e por um momento perdi a conscincia. Quando me sentei de volta nacarteira, ela j estava do outro lado da sala. Ficou claro que no havia se importado muito em saber se euestava bem. Naquele tempo, eu tinha apenas sete anos. Lembro ter pensado: Por que ela me bateu? Eu nomachuquei ningum. No fiz nada de errado. Como que pode algum que fala sobre o amor aoprximo, algum que esposa de Deus, me tratar desse jeito? Assim, desde muito novo, minha f eminha confiana na Igreja Catlica passaram a equilibrar-se precariamente entre o que era pregado e o queera demonstrado. Minhas dvidas cresciam.

    Permaneci na escola catlica por causa da minha me, uma catlica irlandesa de personalidade muito

  • forte. Ela ia missa todo dia e insistia que era o nico meio de se alcanar o Paraso. Quando euperguntava sobre outras religies, referia-se a elas como aquele bando de pagos. (De acordo com aIgreja Catlica, a religio catlica a nica verdadeira.) Eu no queria ser um pago, nem queimar noinferno, e assim fiquei no Sagrado Corao, mas sentia-me bastante ctico a respeito daquelas enormessenhoras, que mais pareciam pingins.

    Hoje em dia, posso entender por que as freiras tratavam as crianas daquele jeito to violento e por quealguns (no todos) padres tornam-se alcolatras, por que molestam sexualmente crianas e por que tmseus casos amorosos. Creio que muito difcil, e at mesmo inumano, viver em estado de graa o tempotodo. E... por favor! Somos apenas seres humanos! Naturalmente, existem aqueles que so capazes de viveruma existncia to austera, sem maiores problemas. Para a maioria, entretanto, impossvel. No deadmirar que haja um ndice to alto de desistncia nos seminrios e noviciados. A Igreja Catlica mantmum sistema de crenas extremamente arcaico. Em vrios aspectos, sustenta uma mentalidade do sculo XV.E a vida est sempre mudando e evoluindo. O que foi verdade para nossos ancestrais pode no ser maisadequado para ns. Como seres viventes neste planeta, estamos em contnuo crescimento, em expanso.Ao invs de rotular um ao outro segundo nossas crenas, precisamos ver cada pessoa como um indivduo,um ser nico e ao mesmo tempo como um semelhante. No estou dizendo que a religio ruim.Justamente o contrrio. Se a maioria das pessoas praticasse efetivamente os princpios da religio quesegue, o mundo seria, com toda certeza, um lugar muito melhor para se viver. Ningum morreria a tirosno bairro onde mora, nem teramos guerras. Ningum passaria fome, nem se veria privado de um teto.Infelizmente, acredito que os lderes religiosos esto mais interessados em garantir seu poder aqui naTerra do que em preparar seus rebanhos para a salvao.

    A VIDA DO SEMINRIO NO ERA PARA MIM

    Depois de oito anos na Escola do Sagrado Corao, eu me matriculei no Eymard PreparatorySeminary, no Hyde Park, em Nova York. Minha me queria fazer de mim um padre no era idiaminha. Mas sempre quis sair de minha cidade natal e essa foi a oportunidade. A vida no seminrio eramuito difcil para mim. Pela primeira vez, eu me encontrava longe de casa sentia muitas saudades. Maisdo que isso, sentia-me abandonado. Tinha quatorze anos e fiquei muito deprimido. Por sorte, percebi quevrios colegas meus estavam passando pelo mesmo processo de ajuste emocional. Se h uma coisa que aIgreja Catlica ensina muito bem que sofrimento compartilhado um excelente fator de unio daspessoas. Mais cedo ou mais tarde, nos acostumamos com isso.

    No seminrio, me vi de volta a um ambiente onde predominavam a ordem e a disciplina. Muitosensitivo, como que captava as frustraes dos padres e dos outros seminaristas. Sentia que a maioria delespreferiria uma vida secular, mas, por diversas razes, entregaram suas existncias a Deus. Quando era umseminarista, tambm queria oferecer minha vida a Deus, mas no queria me tornar um padre por todas aslimitaes que percebia. E me sentia bastante inseguro quanto verdade absoluta das idias expressas namissa. Alm disso, tal como na escola primria, no estava convencido de que tudo o que se referia minha religiosidade tinha algo a ver com Deus. Parecia haver regulamentos e regras demais e poucademonstrao prtica da palavra de Deus, no mundo. O nico ato concreto era a coleta de dinheiro, nasoferendas.

    No meu primeiro ano no seminrio, refletia muito a respeito de minhas dvidas sobre Deus. Sempreguardei esses pensamentos para mim mesmo, porque tinha receio de que me considerassem maluco.

  • Muitas vezes, assistindo missa, meditava sobre o que ou quem era Deus? E, quando fazia isso, aquelaimagem da enorme mo luminosa me vinha mente. Eu pensava: Foi essa mo que me conduziu para aescola catlica? Foi ela que me trouxe ao seminrio? Quanto mais me perguntava coisas, mais inseguro mesentia a respeito da minha religio. Por que minhas perguntas no recebiam respostas? Mas no demoroumuito para que eu descobrisse...

    Aconteceu na semana da Pscoa, na Sexta-Feira Santa. Todos os enfeites do altar haviam sidoremovidos. O que ficou imagens, crucifixos foi inteiramente coberto de panos. O ostensrio foicolocado ao lado do altar. (O ostensrio uma cruz muito alta, feita de ouro e toda ornamentada, quecontm as hstias consagradas, que representam o corpo de Cristo.) Todos os seminaristas tinham seusturnos de meditao, diante do ostensrio. No havia preces predeterminadas ficvamos vontade paraorar de acordo com nossos sentimentos. Cada estudante, de joelhos ou sentado, permanecia ali por trintaminutos de cada vez, durante todo o final de semana.

    Quando me sentei ali, na Sexta-Feira Santa, foi provavelmente a primeira vez, desde aquela experinciacom a mo luminosa, que senti a presena de Deus. Encontrava-me na pequena capela, olhando fixamentepara aquela maravilhosa pea de arte adornada com flores. Por mais ou menos vinte minutos, permaneciali, apenas olhando e por todo esse tempo estive consciente da presena de Deus, ao meu redor. Claroque no se tratava de uma figura literalmente ao meu lado, mas uma sensao de imensa tranqilidade e pazdentro de mim. Foi exatamente a mesma sensao que tive aos oito anos. Novamente, senti que aquela era aprova pela qual tanto procurava, a prova de que Deus era um ser vivo. Sabia que no era nada palpvel, eramuito maior, era algo no meu ntimo. Falou direto ao meu corao no atravs de palavras, mas dosentimento de todo o inacreditvel amor que Deus tinha por mim e do qual eu fazia parte. Compreendique a sensao da presena de Deus no estava apenas no seminrio ou na Igreja, mas em toda parte e emtudo. Deus ilimitado. Finalmente, eu tinha uma resposta e sabia que esta era a razo de estar ali noseminrio. Precisava ganhar esse sentido da presena de Deus. Daquele dia em diante, nunca mais duvideida existncia de Deus. Bastava olhar dentro do meu corao para v-Lo.

    Depois dessa experincia, no me senti mais obrigado a concluir o seminrio. Sabia que no haviamais nada para aprender ali. Se os professores tinham como objetivo me preparar para captar a presenade Deus, j haviam obtido xito. Dei-me conta de que Deus era parte de mim e de cada coisa que realizo.Deus amor incondicional, compreenso, compromisso, justia e honestidade. Cada um de ns tem Deusdentro de si.

    A vida no seminrio me ensinou muitas coisas e, revendo a experincia, sinto-me grato por t-la tido.Descobri a mim mesmo, a minha prpria identidade, o que at ento me fazia muita falta. Fui obrigado aconfrontar-me com outras pessoas e a reconhecer o que tinham de bom e de mau. Ironicamente, oseminrio tambm me ajudou a decidir que o catolicismo no servia para mim. Encontrei algo mais rico eprofundo em que acreditar Deus. E no era o Deus que se sentava em um trono nos cus ou o filho deDeus crucificado. Era o Deus de amor que habitava dentro de mim.

    Depois dessas descobertas, me dei conta tambm de que no era mais capaz de adorar o Deusprescrito pela Igreja, um Deus ultrapassado e volvel. No podia mais acreditar numa mitologia centradana culpa e no castigo.

    At hoje acho inacreditvel que a Igreja ensine tais coisas. Mas, por favor, no me entenda mal.Qualquer um tem o direito de acreditar no que quiser. Estou apenas falando a respeito da minha prpriaformao religiosa.

  • COMUNICAO COM O OUTRO LADO

    Deixei o seminrio depois de um ano e fui para uma escola pblica em Nova York, onde estudei maistrs anos. Afastei-me de casa novamente, quando fui para a Universidade de So Francisco, para fazer umcurso de radiodifuso. Sonhava em ser roteirista de cinema e de tev. Levado pela sorte, coordenando umaconferncia com a equipe de criao do seriado Hill Street Blues, tornei-me amigo de um dos produtoresdo programa. Quando lhe disse que estava perto de me formar, ele me ofereceu o que considerei minhaprimeira oportunidade real. Nunca esquecerei aquelas palavras mgicas:

    Ligue para mim, quando chegar a Los Angeles. Provavelmente, poderemos empregar voc comoassistente de produo.

    Um assistente de produo. De repente, minha vida parecia encaminhada.Depois de formado, no perdi tempo. Voltei para Nova York, comprei um carro, empacotei minhas

    coisas e fui para o Oeste. Entrei em Los Angeles em 7 de julho de 1982. Finalmente, estava na divisoprincipal do campeonato. Conquistara Hollywood. Jurei que no deixaria a cidade at realizar meu sonhode tornar-me um roteirista. Telefonei para o meu amigo, o produtor, para anunciar que estava preparadopara comear no novo emprego... S que no havia emprego nenhum.

    Sobrevivi custa de empregos temporrios, at arrumar uma colocao de tempo integral no poro daAgncia William Morris. Era responsvel pela charmosssima tarefa de arrancar os grampos dos arquivosque estavam sendo preparados para microfilmagem. Passava a maior parte do dia sonhando em me tornarum famoso roteirista de cinema e em gozar de uma vida fantstica. Embora no tivesse o trabalho dosmeus sonhos, tinha a estranha sensao de que era importante para mim permanecer ali. Logo descobririapor qu.

    Um dia, minha supervisora, Carol Shoemaker, e eu estvamos discutindo metafsica. Ela tinha umaconsulta marcada com um mdium chamado Brian Hurst.

    Quer vir comigo? ela convidou.No tinha a menor idia do que era um mdium, mas aquela era pelo menos a chance de sair da sala de

    correspondncia e descobrir algo novo.Chegamos a Manhattan Beach um pouco antes das sete a hora da consulta. Talvez sete fosse a hora

    das bruxas para mim. Estava um pouco nervoso com tudo aquilo. Minha cabea, volta e meia, escapulia devolta para a sesso com Scott e Janis. Comecei a me perguntar se tentar conversar com os mortos era umaidia to boa assim.

    O ingls sorridente com grandes olhos verdes que nos recebeu na porta no me tranqilizou nem umpouco. Quando se apresentou, achei que ele parecia simptico demais para a profisso que exercia.Enquanto ele nos conduzia pela casa, minha mente acelerava-se, conjurando as imagens dos demnios queaquele feiticeiro poderia invocar. Carol e eu nos instalamos em um sof confortvel de um laranjabrilhante. Estvamos prontos para a decolagem? Eu, sinceramente, no tinha nenhuma certeza.

    Brian levou meia hora descrevendo como seria a experincia que estvamos prestes a ter. Explicou queera clariauditivo literalmente, ele era capaz de escutar as vozes dos espritos.

    Os espritos esto numa vibrao muito mais rpida. Falam muito rpido. s vezes, parece o cdigoMorse. Pego pedaos de informao do que dizem, como se fossem piados e bips.

    Ao terminar a explicao, ele disse que o pai de Carol estava de p, no canto da sala. Parece que ele feriu um dos dedos.Carol respondeu que seu pai havia cortado um dos dedos pouco antes de morrer. Eu estava

  • espantado. Como ele poderia saber disso? Fiquei sentado na beira do sof, aguardando por mais.Brian continuou a falar do pai de Carol. Nenhuma vela se moveu por ali, nada de batidas na mesa

    tambm.Vinte minutos mais tarde, Brian voltou-se para mim. Disse que havia um outro James, em esprito,

    que me dera seu amor e que acompanhava minha vida com muito interesse. No tinha a menor noo de aquem ele estaria se referindo. Tempos depois, descobri que de fato eu tivera um tio chamado James, quemorrera alguns anos antes.

    Perto do fim da sesso, Brian falou: James, voc sabe que tem poderes medinicos muito desenvolvidos? Os espritos esto me dizendo

    que um dia voc dar consultas como esta s pessoas. Os seres espirituais tm planos para voc.No sabia como responder a essa predio. Meus objetivos na vida eram completamente diferentes. E

    no estava absolutamente pronto para uma virada de 180 graus. Um pouco nervoso, retruquei: Tenho bastantes problemas querendo entender os vivos. Por que iria comear a falar com os

    mortos?Brian simplesmente sorriu e, com toda calma, assegurou: Um dia, exatamente isso o que voc vai fazer.

    A EXPLORAO DE MEUS PRPRIOS PODERES PSQUICOS

    A predio de Brian ficou me atormentando por muitos meses depois dessa sesso. Na ocasio, elehavia explicado que nem todo mundo era capaz de elevar sua prpria vibrao a um nvel que habilitasse acomunicao direta com os espritos.

    Felizmente, James, voc possui essa capacidade.Fiquei fascinado com o contato de Brian com o mundo espiritual e muito curioso a respeito do que ele

    afirmara quanto possibilidade de eu fazer a mesma coisa. A velha curiosidade da minha infncia retornaracom toda fora. Por que eu? O que foi que eu fiz para me qualificar para esse tipo de coisa? Em meucorao, j sabia que aquele seria meu futuro, e que todas as minhas experincias at ento tinham mepreparado para essa mudana de rumo. Mas minha cabea no conseguia aceitar essa estranha perspectiva.No era essa a vida que eu havia planejado. E a minha carreira como roteirista? No fora essa a razo daminha vinda a Los Angeles? Haveria outro plano para mim? Decidi avaliar meus poderes psquicos.

    Comprei todos os livros que pude encontrar sobre poderes psquicos ou desenvolvimento damediunidade. Muitos desses livros descreviam diferentes tcnicas para fazer evoluir a habilidade psquicaque todos possumos.

    Algumas dessas tcnicas esto exemplificadas a seguir: eu precisava segurar um objeto bem prximoaos meus olhos e verificar que sensaes poderiam surgir a respeito daquilo que tinha em mos. Essassensaes poderiam ter a forma de imagens, sons, nomes ou emoes. Outra tcnica consistia em segurar oretrato de uma pessoa ou de um grupo de pessoas e escrever em um pedao de papel todos ospensamentos que me ocorressem sobre as pessoas na foto, tais como suas idades, seus gostos, o que asdesagradava, se estavam felizes, tensas, ou preocupadas a respeito de alguma coisa e assim por diante. Umdos exerccios exigia a participao de um grupo de pessoas. Uma pessoa tinha que se sentar em umacadeira, de frente para as demais. Outra precisava postar-se de p um passo atrs da pessoa sentada, fora deseu campo de viso, portanto. A pessoa sentada deveria descrever tu-do o que sentisse a respeito da pessoade p. Seria a energia de um homem ou de uma mulher? Quais seriam as caractersticas mais destacadas

  • dessa pessoa? Como eram suas roupas? A pessoa usava culos?Todos esses exerccios so concebidos para ajudar a pessoa interessada a utilizar suas sensaes, e no

    seu lado racional, para captar o mundo ao seu redor. Logo, eu estava incorporando muitos deles ao meucotidiano. Por exemplo, no meu caminho para o escritrio, tentava adivinhar qual o elevador que chegariaprimeiro ao trreo. Ou tentava intuitivamente visualizar as cores das roupas que meus colegas de trabalhoestariam vestindo. Quanto mais exercitava minha intuio, mais meus palpites mostravam-se corretos.

    Em diversas ocasies, considerei esses exerccios muito teis e mesmo divertidos. Lembro que, aoorganizar uma reunio no salo de conferncias em que trabalhava, tentei adivinhar quantas pessoascompareceriam. Minha primeira impresso fixou-se no nmero vinte e quatro. Assim, sem consultar aningum, dispus vinte e quatro cadeiras e vinte e quatro copos de gua. Nessa altura, muitos de meuscolegas de trabalho sabiam de meus jogos psquicos e, assim, no ficaram surpresos ao encontrar a salaarrumada daquele jeito. Depois de tudo pronto, o grupo comeou a entrar pela porta. Cada um sentava-seem seu lugar, at chegarem a vinte e dois participantes. No me conformei: Como pude errar por dois?Minha colega Jodie piscou para mim, como se dissesse: Melhor sorte na prxima! Nem preciso dizerque fiquei profundamente desapontado. Cinco minutos j decorridos da reunio, e o supervisor anunciaque tnhamos um novo empregado na firma. A porta abriu-se e vimos entrar o Sr. Ryan e sua secretria,Carmen. Eles sentaram-se nas cadeiras restantes. Foi minha vez de voltar-me para Jodie e piscar para ela:Eu sabia!

    Quando adquiri mais confiana na minha intuio, comecei a captar coisas sobre as pessoas a ler aspessoas. Era minha maneira de sintonizar com o interior dos outros, em um nvel emocional. Creio quevoc pode chamar isso de algo que vem das entranhas. Funcionava do mesmo jeito que utilizava com osretratos. Eu tentava captar o que estava se passando no ntimo das pessoas. Tratava-se de uma boa pessoa?Estaria escondendo alguma coisa? Era feliz ou triste? Quais seriam seus desejos na vida? O que amotivava? Registrava minhas sensaes e ento comparava com a pessoa fsica, de maneira a verificar se oque havia captado intuitivamente se encaixava com a realidade. No incio, levei algum tempo at descobrirque perguntas fazer a mim mesmo. Mas, depois, parecia que, em poucos segundos, eu era capaz de ler apessoa.

    Novamente, descobri que, quanto mais seguisse minha primeira intuio, mais era capaz de acertar.Precisava aprender a no ter medo de me perguntar: Ser que a minha primeira sensao foi distorcidapor meus preconceitos ou por meu julgamento? Foi de fato a minha primeira sensao, ou j umpensamento elaborado? Logo tornou-se claro para mim que aprender a confiar nos meus palpites eseguir meu instinto seria sempre vlido, independente das minhas razes para faz-lo ou do sentido queminha vida tomava.

    Depois de um ano, seguindo meu programa de desenvolvimento da intuio, minha sensitividade haviacrescido enormemente. Meus colegas de trabalho comeavam a me convidar para perguntar coisas sobre ofuturo. A maioria das dvidas dizia respeito a relacionamentos e essas vibraes eram as mais fceis deler. Pelo menos, eu era sempre capaz de dizer se havia algo errado. Comecei a captar imagens mentais dosrostos das pessoas sobre quem conversvamos. Poderia dizer a cor de seus cabelos e de seus olhos,descrever a linha da boca e do queixo, e algumas vezes mesmo alguma marca de nascena. Quase sempre,conversando ao telefone com a pessoa sobre quem algum colega queria fazer perguntas, era capaz dedescrever suas caractersticas fsicas. Podia tambm dizer que tipo de sentimento havia entre os dois.

    Por exemplo, certa vez, li para uma moa chamada Paula, falando com ela ao telefone. Quando elaperguntou alguma coisa sobre seu namorado, Michael, imediatamente sintonizei com ela, em sua vibrao

  • emocional, e a senti muito solitria. ( muito mais fcil fazer isso ao telefone, porque a aparncia fsica nointerfere na sensao.) Disse-lhe o que sentia e que ela desejava desesperadamente ter uma relao normal eequilibrada com Michael, mas que ele no estava disponvel emocionalmente para um relacionamento dessetipo. Ela respondeu apenas:

    Eu sei...Mais tarde, disse-lhe que ele no apenas estava distante dela, emocionalmente, mas, fisicamente, nem

    sempre estava por perto. (Quando duas pessoas compartilham um relacionamento, a energia de cadaparceiro permanece com o outro. Se um casal passa pouco tempo junto, essa energia em volta de cada umse dispersa significativamente.)

    Em outra ocasio, uma jovem chamada Cindy perguntou-me o que eu achava do seu noivo. Senti aenergia de Cindy pelo telefone e perguntei o nome de seu noivo. Procurei sintonizar-me com seu nome ecom a energia que ele deixara com ela e captei algo completamente desequilibrado. Disse-lhe que nojulgava que seu noivo fosse uma boa escolha para ela e sugeri que adiasse o casamento por algum tempo.Ela reagiu fortemente:

    Voc est completamente enganado!E assim nos despedimos... Dois anos mais tarde, uma amiga relembrou aquela conversa, por telefone,

    com Cindy, contando-me que a moa de fato havia se casado, trs meses depois. O casamento durou cincomeses, e o casal havia se divorciado recentemente.

    No quero dar a voc a impresso de que nunca erro. Claro que erro. S quis explicar que, para mim,o modo mais fcil de ler as pessoas atravs das emoes. As emoes so energia em estado bruto e, querse d conta ou no, a maioria das pessoas traz o corao flor da pele.

    Com o correr do tempo, fui me acostumando progressivamente a usar minha intuio, que com issotornava-se cada vez mais forte, aumentando minha confiana nela. Logo, meus amigos e os amigos dosmeus amigos comearam a me chamar e a fazer perguntas sobre suas vidas. Nunca me ocorreu lhes cobrarpor isso, porque ainda estava aprendendo. Alm do mais, minha maior recompensa era ver confirmadasminhas impresses intuitivas. Foi durante esse perodo de aprendizado que a predio de Brian sobre acomunicao com os espritos revelou-se correta. Estava falando ao telefone com uma jovem sobre umproblema pelo qual ela estava passando. Subitamente, tive o irresistvel desejo de lhe perguntar se elaconhecia algum chamada Helen.

    Sim... Minha av se chamava Helen. Ela morreu faz um ano. Ela est me enviando um pensamento sobre... Idaho continuei. Era onde ela morava! exclamou a jovem. Sua av est me dizendo que costumava fazer croch e fez algumas almofadas para o sof. Diz que

    insistia em manter seu banquinho para os ps no lugar certo, o tempo todo. Ela diz tambm que adoraficar olhando para o estampado de rosas que forra o banco. Helen quer que voc saiba que fez um igualquele, no cu.

    No outro lado da linha fez-se um longo silncio. A garota estava chocada, mas pde constatar quetudo o que eu disse era verdade. Eu desliguei o telefone e, imediatamente, engoli duas aspirinas. Noconseguia acreditar no que estava acontecendo. A predio de Brian havia se confirmado eu, de fato,conversava com os espritos. Mesmo depois de tudo o que estudara e o que j havia vivido, no estava deforma alguma preparado para aquele momento. Todo um mundo novo de inacreditveis sensaes edescobertas havia se aberto para mim. As possibilidades eram excitantes; e as responsabilidades, enormes.

    Descobri que quando eu elevava minha vibrao para atingir o outro lado, a conexo me infundia uma

  • incrvel sensao de liberdade, de amor e de alegria. Era o que eu havia sentido, ao captar a presena deDeus, quando criana. Manter a vibrao naquele nvel me exauria, mas a recompensa fazia valer a pena. Adificuldade comeava quando a sesso j havia terminado e eu precisava me situar novamente no mundotridimensional, no mundo fsico. Precisei desenvolver todo um novo sentido de equilbrio, para noenlouquecer.

    Os pedidos se avolumavam. Nunca fiz nada para obter clientes eles vieram a mim por fora do boca-a-boca. Em breve, os pedidos eram tantos, que cheguei concluso de que precisava fazer uma escolha.Deveria permanecer no meu novo emprego, no departamento de contratos da Paramount, ou deveriaexercitar o dom que recebera, com dedicao integral? Na verdade, nunca houve escolha. Foram tantas asexperincias por que passei, me levando quele ponto, que somente me faltavam coragem e autoconfianapara dar o passo seguinte. E foi o que eu fiz.

    Nos ltimos dez anos, tive o privilgio de conversar com milhares de pessoas, atravs de consultasindividuais, encontros de grupo, simpsios internacionais e, mais recentemente, no rdio e na televiso. Asexperincias algumas das quais voc vai conhecer por meio deste livro tm sido extremamentegratificantes, intensamente envolventes, do ponto de vista emocional, e extraordinariamente positivas.Aprendi a me libertar dos condicionamentos do meu ego e permitir minha vida dirigir-se para ondequiser me levar. Tem sido, com toda certeza, uma aventura das mais excitantes. E mal posso esperar paraver o que vem depois.

    NO QUE EU CREIO

    Desde aquela experincia da mo brilhante, quando eu tinha oito anos, e dos anos na escola catlica,tenho vivido numa busca espiritual. Freqentemente me perguntam se acredito na existncia de Deus, nocu e no inferno. Baseado no meu trabalho de comunicao espiritual, e nas centenas de livros que li,cheguei a algumas concluses.

    Para comear, eu acredito em Deus. De fato, acredito que todos ns somos Deus. O que issosignifica? Eu acredito que fomos feitos semelhana de Deus. No estou falando de caractersticashumanas, mas de qualidades espirituais. Podemos parecer diferentes, exteriormente, mas nosso ntimo absolutamente o mesmo. Quando nos tornamos conscientes da presena espiritual, comeamos a ver a LuzDivina dentro de cada pessoa e, com esse saber, comeamos a nos dar conta de que somos todos umanica coisa, a mesma coisa. Todos fomos feitos da Chama de Deus. Mesmo a mais baixa das criaturas,rastejando pelo cho, feita dessa mesma matria-prima. Mesmo os que parecem cruis, perversos, sofeitos da Chama Divina. As pessoas cruis so talvez as mais distantes do que Deus. Deus perfeio emtudo. Deus criatividade em todas as coisas. Cada um de ns perfeito, se procurarmos apenas nossaparte divina. No entanto, a maioria de ns se apega ao ego ou nossa parte humana, e assim raramente seaproxima da verdade de quem somos.

    Onde Deus habita? Dentro de ns. No mago de nosso ser. Deus a nossa essncia. a prpria vida.No acredito que Deus seja uma figura postada l no alto, no espao, olhando para ns, aqui embaixo. E,enquanto muitos j representaram a grande Luz de Deus na forma humana, a mesma Chama Divina queest neles est em cada um de ns. Deus a minha luz, a sua luz, a mesma luz de todos os seres. Adiferena pode estar no grau algumas luzes so mais brilhantes do que outras e algumas so muitofracas.

    Em segundo lugar, acredito, sim, no Paraso. Pessoalmente, acredito que o Paraso o alm, o outro

  • lado do nosso mundo fsico, e que se parece muito com este nosso mundo daqui, com seus sons, suasimagens sempre, no entanto, mais vvidas, mais coloridas. O Paraso o lugar onde se pode passearnum jardim, andar de bicicleta ou remar a bordo de um barco. De fato, podemos fazer qualquer coisa noParaso, contanto que tenhamos merecido faz-lo. No entanto, muitos esto obstrudos pela idia doParaso cristo. Sempre me pergunto: Para onde vo os muulmanos ou os judeus, quando morrem?Certamente, no so obrigados a entrar no Paraso cristo. Obviamente, cada religio tem seu prprioParaso e seu prprio inferno.

    Acredito que haja diferentes planos no Paraso. E que vamos para o plano que criamos com nossospensamentos, palavras e atos aqui na Terra. Aqueles que desenvolveram um mesmo nvel espiritual irohabitar no mesmo plano do Paraso. Seres mais desenvolvidos espiritualmente iro se situar num planomais elevado. Os menos evoludos, em um plano mais baixo. No podemos alcanar um plano mais alto,at merecermos isso. No entanto, os seres no plano mais alto podem vir para esferas mais baixas e, emmuitos casos, o que fazem, com o objetivo de ajudar e assistir os menos capacitados. Ento, para ondevo os maus, os perversos? Vo para o Paraso ou para o inferno que criaram a partir de seuspensamentos, palavras e atos aqui na Terra. Tambm eles convivem com outros seres que esto no mesmonvel de desenvolvimento espiritual.

    Neste livro, espero ajud-lo a esclarecer suas prprias crenas para que voc, assim como eu, tenhauma resposta s dvidas sobre Deus e sobre o mundo espiritual.

  • CAPTULO 2

    O Dom

    O que energia? Energia tudo. Para defini-la em termos bastante simples, a energia composta demolculas girando ou vibrando em vrias velocidades. Em nosso mundo fsico, as molculas giram emuma velocidade muito baixa. No mundo fsico, tambm, tudo vibra em uma velocidade constante. porisso que as coisas na Terra parecem slidas. Quanto menor a velocidade, mais densa ou mais slida acoisa por exemplo, a cadeira na qual voc est se sentando, este livro que voc l, a casa em que vive e, claro, o seu corpo fsico. Para alm do mundo tridimensional, as molculas vibram muito maisrapidamente. Portanto, em um ambiente to sutil, ou em uma dimenso etrea, como o mundo espiritual,as coisas so mais livres e menos densas.

    Dentro de nosso corpo fsico h um outro corpo usualmente chamado corpo astral, etreo, ou corpoespiritual. Esse corpo uma rplica exata de nosso corpo fsico e, como tal, possui olhos, cabelos, mos,pernas e tudo o mais. A grande diferena entre nosso corpo fsico e o corpo etreo que as molculasdeste vibram em uma velocidade muito maior do que as da sua contraparte fsica. Normalmente, nopodemos ver o corpo astral. No entanto, algumas pessoas, valendo-se de poderes psquicos, so capazesde enxerg-lo. Durante a transio que chamamos de morte, o corpo etreo liberado do corpo fsico. Ocorpo etreo no sujeito a molstias, nem ao envelhecimento, como acontece com o corpo fsico, e podemover-se de um ponto para o outro atravs do pensamento.

    UM MDIUM PODE TER MUITAS HABILIDADES

    Aqueles que so capazes de sintonizar a vibrao mais veloz, prpria dos corpos espirituais depois damorte, seja de maneira fsica ou mental, so chamados sensitivos ou mdiuns. Como o termo sugere, ummdium um indivduo que est no meio das partes, um mediador ou intermedirio, uma pessoa quetransita entre o mundo fsico e o espiritual. Um mdium capaz de usar sua energia para ultrapassar otnue vu que separa a vida fsica da vida espiritual.

    Vou expor uma forma de conceber a mediunidade. Os seres humanos so dotados de uma mentesuperconsciente, de uma subconsciente e da mente consciente. Na mediunidade, todos os pensamentos,sensaes e vises so transmitidos atravs da mente superconsciente do mdium, ou da mente espiritual.Constantemente, captamos impresses espirituais dessa exata maneira, mas o mdium capaz deinterpret-las. A mensagem ento se transfere para a mente consciente e revelada.

    O termo psquico usado freqentemente como uma palavra genrica para denominar todo aquele quese dedica ao trabalho paranormal. Todo mundo psquico, em algum nvel, mas nem todos so mdiuns.Um mdium no algum que l a sorte. Em outras palavras, os mdiuns so psquicos, mas nem todos ospsquicos so mdiuns. Tanto o poder psquico quanto a mediunidade usam os mesmos mecanismos damente, mas a mediunidade difere de ser psquico, ou do poder psquico. Assim como a mediunidade, opoder psquico dotado de telepatia. Telepatia apenas uma outra palavra para comunicao de uma mentepara outra. Por exemplo, voc est com um amigo e, de repente, diz exatamente o que ele est pensando.Seu amigo, ento, exclama: Puxa, voc tem poderes psquicos! Uma pessoa dotada de tais poderes capazde ler um objeto inanimado ou uma outra pessoa, sintonizando a energia que emana desse objeto ou

  • pessoa. na aura desse objeto ou dessa pessoa que o indivduo dotado de poder psquico capta o que aseguir interpreta em revelaes sobre o passado e o futuro daquele ou daquilo que l. Uma pessoa compoderes psquicos pode tambm receber a energia de um objeto ou de uma pessoa atravs de sensaes ouolhando para ela. Ocorre que, como no h a dimenso do tempo no mundo da energia, poucos dotadosso capazes de situar precisamente no tempo a informao que recebem.

    Por outro lado, um mdium uma pessoa capaz de sentir e/ou de escutar pensamentos, vozes,impresses mentais do mundo espiritual. Tambm os espritos usam a telepatia. Um mdium capaz detornar-se completamente receptivo freqncia mais alta ou s energias em que os seres espirituais vibram.Assim, a mente de um esprito se funde mente superconsciente do mdium ou imprime-se nela. Dessamaneira, a mensagem vai para a mente consciente, e o mdium torna-se capaz de dizer o que o esprito estpensando ou sentindo. A mediunidade exige mais envolvimento do que o poder psquico, porque omdium est lidando com uma energia desencarnada. O poder psquico no traz informaes de umesprito que est num nvel de freqncia mais alta. Um desencarnado utiliza muito da energia vital domdium para enviar sua mensagem. O mdium trabalha diretamente com o esprito, e ambos precisamestar dispostos a tomar parte no processo de comunicao de outra forma, no haver comunicaoalguma.

    O conceito de mediunidade fica mais evidente nos sonhos. Muitas vezes, sonhamos com parentes oucom amigos que j morreram. Alguns desses sonhos parecem to reais que somos capazes de afirmar queestivemos com eles. E nos despertam emoes muito poderosas. Isso ocorre porque, enquanto sonhamos,estamos de fato com nossos entes queridos em um plano espiritual. Quando dormimos, nosso corpoastral ou etreo viaja para regies no-terrenas onde reencontramos aqueles que amamos e com quempodemos nos comunicar.

    A mediunidade em si pode ser dividida em muitas categorias. A primeira, e a mais comum, amediunidade mental. Como a palavra mental denota, essa forma de mediunidade se utiliza da mente damente intuitiva, csmica, no da mente racional e lgica. Esse tipo de mediunidade manifesta-se de diversasmaneiras: clarividncia, clariaudio, clarisensibilidade e pensamentos inspiradores.

    C l ar i vidnci aA palavra significa viso clara. Um clarividente aplica seu sentido inato, sua viso interior, para ver

    objetos, cores, smbolos, pessoas, espritos, cenas. Essas imagens no aparecem para o olho normal e,geralmente, surgem como um flash dentro da mente do mdium, como se ele as estivesse vendofisicamente. Na maioria dos casos, devem ser reconhecveis para a pessoa que consulta o vidente, a quempassarei a me referir como o consulente.

    C l ar i aud i oO termo significa audio clara. Um clariaudiente possui o que se pode chamar de ouvido psquico ou

    ouvido sensitivo. capaz de escutar sons, nomes, vozes e msicas que vibram numa freqncia mais alta.Assim como os cachorros, cuja audio capta freqncias mais altas do que os humanos, os mdiuns dessegnero so capazes de ouvir sons em uma freqncia mais alta de vibrao. A clariaudio transmite aoconsulente as palavras que o mdium capta na freqncia mais alta de vibrao. Embora ele escute as vozesdos espritos ou seus murmrios com a mesma inflexo que usariam em suas vidas terrenas, transmite aoconsulente as palavras em sua prpria voz.

  • C l ar i s ens ib i l i dadeEssa forma de mediunidade expressa-se atravs de sensaes claras. Um mdium dotado de

    clarisensibilidade capaz de sentir a presena dos espritos no ambiente. Um verdadeiro mdium com taldom normalmente sente a personalidade espiritual penetrando em seu ser como um todo. Ele capaz detransmitir mensagens ao consulente atravs de sentimentos e emoes fortes e empticos vindos doesprito. No apenas a mente do mdium utilizada no processo, mas tambm seu corpo emocional.

    Pens amento s ins p i r ado r esTambm chamado de fala inspiradora, escrita inspiradora, arte inspiradora. Nesse caso, o mdium

    recebe pensamentos, impresses, conhecimentos sem nenhuma premeditao. Difere daclarisensibilidade porque o envolvimento emocional no to evidente quanto no contato com apersonalidade espiritual. Os pensamentos inspiradores so extremamente objetivos. No carregam nem aintensidade emocional nem a personalidade espiritual acoplada mensagem, como acontece naclarisensibilidade. Embora os pensamentos inspira-dores provenham dos espritos, a personalidade doesprito no se imprime no receptor.

    Em muitos casos, um grupo de almas pode imprimir um receptor terreno com pensamentosinspiradores. O grupo de almas funde seus pensamentos e os imprime na pessoa, que assim compe umamelodia ou pinta um quadro. Aqui tambm o processo no corre no plano emocional, mas puramenteatravs da inspirao. Grandes artistas como Michelangelo, Monet, Renoir e compositores como Bach,Mozart e Schubert eram mdiuns. Famosos cientistas e pesquisadores do passado tambm eram mdiuns eutilizavam pensamentos inspiradores. Bem nossa volta, hoje em dia, temos maravilhosos artistas,msicos, escritores, atores e oradores que usam a arte mental medinica dos pensamentos inspiradores.

    O segundo tipo de mediunidade a fsica, e difere bastante da mediunidade mental. Na mediunidadefsica, o corpo fsico desempenha um papel; na mediunidade mental, apenas a mente do mdium entra emao. Recepo [1] uma forma bem conhecida de mediunidade fsica.

    H uma substncia que emana de nossos corpos, chamada ectoplasma. A palavra vem do grego: ektos,que vem de fora, externo, e plasma, algo moldado. O ectoplasma foi descoberto pelo Dr. Charles Richet,um professor francs de fisiologia, depois de observar uma substncia nebulosa que emanava do corpo dediversos mdiuns. O ectoplasma invisvel, e ainda assim varia de estado e de densidade. Pode aparecercomo gs, lquido ou mais comumente como algo semelhante a uma gaze, como a utilizada nasataduras. No tem cor nem cheiro e pesa algo em torno de 8,6 gramas por litro. Pode ser encontrado namaioria das pessoas, mas especialmente desenvolvido nos mdiuns. Pode ser melhor visto no escuro, jque a substncia extremamente sensvel luz. O ectoplasma pode emergir dos ouvidos do mdium, daboca, do nariz, ou da rea do plexo solar. Esse material viscoso pode ser utilizado de vrias formas, comoveremos a seguir.

    A cai xa de vo zNesse tipo particular de mediunidade, o ectoplasma utilizado para formar uma caixa de voz artificial,

    atravs da qual emana a voz do esprito. A voz semelhante ou mesmo exatamente igual do indivduoquando este vivia no plano terreno. J presenciei quatro sesses nas quais esse fenmeno foi apresentado.Tive a sorte de consultar-me com o famoso Leslie Flynt, um mdium ingls de dons fsicos. Leslie recebiamuitas celebridades em suas sesses. Uma das mais assduas era Mae West ela prpria tinha o hbito depromover sesses. Na minha terceira consulta, minha me apareceu e sua voz soava exatamente a mesma de

  • quando estava viva. Ela me chamou pelo meu apelido, que ningum mais sabia, somente ns dois. Aexperincia foi, para dizer o mnimo, inspiradora e inesquecvel. Infelizmente, esse tipo de mediunidade rara. Conheo apenas um outro mdium ainda vivo capaz de criar tal fenmeno.

    Mater i a l i z aoEssa a forma mais rara de mediunidade fsica e a mais impressionante. Os espritos podem moldar

    qualquer coisa, desde membros do corpo, rostos, cabeas, torsos, at o corpo completo, rplicas exatas desuas aparncias terrenas. A densidade dessas materializaes depende bastante do estgio dedesenvolvimento do mdium. Houve mdiuns materializadores muito famosos no comeo do sculo.Entre eles, Jack Webber, Ethel Post-Parrish e Helen Duncan.

    Tr ans po r teO transporte o fenmeno no qual diferentes objetos, tais como jias, flores, moedas e outros,

    materializam-se durante a sesso. Acredita-se que esses objetos desmaterializam-se em algum lugar ematerializam-se em outro. Mas tambm se julga possvel que o objeto materializado seja moldado pelomundo espiritual.

    C ur a e s p i r i tualUma outra forma de mediunidade a cura espiritual. O corpo de um mdium imbudo de energia

    curativa proveniente do mundo espiritual. Depois de muita prtica, um mdium pode at mesmo curardiversas enfermidades consideradas fatais. Trata-se de algo diferente da cura magntica, na qual as prpriasforas vitais do mdium so utilizadas na cura.

    Fo to g r afi a e s p i r i tualEsse tipo de mediunidade mais comum. Figuras com aparncia fantasmagrica ou rplicas exatas de

    indivduos desencarnados aparecem em fotografias. Podem ser vistos tambm, nessas fotos, luzes ouclares esbranquiados e flashes.

    Sou um mdium mental, que me utilizo dos dons da clarividncia e da clarisensibilidade. Usualmente,digo ao consulente que sou apenas um telefone do mundo espiritual. Da mesma maneira como captamospensamentos diariamente, estou sempre atento e sensvel s freqncias de pensamento que os espritoscriam e enviam para a minha conscincia. Para sintonizar os pensamentos e sentimentos dos espritos,preciso elevar minhas vibraes e, em contrapartida, o esprito precisa baixar as suas. Algumas vezes, issopode ser muito difcil. Geralmente, no escuto frases inteiras, como acontece numa conversao normalcom seres humanos. Quando um esprito diz:

    Ol, como voc est hoje?Posso escutar: ..., como... je?Quando atendo algum, importante que a energia do quarto esteja em estado de muita harmonia para

    ambos para mim e para o consulente. Prefiro fazer minhas consultas em casa, onde as condies estosempre sob controle, onde h silncio, paz e um ambiente aprazvel. Quando o consulente senta-se minha frente, posso imediatamente dizer se est nervoso, zangado, apreensivo, assustado, meditativo,aberto ou fechado ao que ir acontecer. Em outras palavras, posso sentir a energia que o rodeia. Senecessrio, conduzo-o a um relaxamento, por meio de uma breve meditao. Depois disso, quando a

  • pessoa se tranqiliza, explico como eu trabalho e o que ela pode esperar. Os clientes so sempreautorizados a gravar em fita-cassete as sesses.

    COMUNICAO COM OS ESPRITOS

    Quando capto sutis energias intensificando-se em torno de mim, relaxo e abro minha mente quelesque desejam comunicar-se. Repito para o consulente tudo aquilo que recebo, sem pensar nem tentarinterpretar as palavras. Mesmo que o pensamento no faa sentido para mim, pode muito bem sercompreendido pelo consulente. Embora tente no analisar o que escuto, acabo fazendo isso algumas vezes.No entanto, preciso lembrar constantemente que aquilo que pode parecer irrelevante para mim pode serimportante para o consulente.

    Mais ainda, na clarisensibilidade posso sentir a situao de morte, associada ao indivduo queempreende o contato. Quando o esprito retorna atmosfera terrena, capta a lembrana associada sualtima experincia neste plano. Para quase todos ns, a morte a nossa experincia mais vvida. Porexemplo, quando determinada pessoa morre de um ataque cardaco, posso sentir sua presena espiritualpor meio de uma dor opressiva atravessando meu peito. Se algum morre de cncer ou de AIDS, possosentir a degenerao em meu corpo. Se uma morte ocorre de maneira sbita, tal como um assassinato,pode acontecer uma espcie de solavanco no meu corpo. Se a morte foi por suicdio, minhas sensaes vovariar de acordo com a maneira como o ato foi consumado. Em outras palavras, se algum se mata complulas, posso sentir um peso no estmago e certa tontura. Se a pessoa se mata a tiro, a sensao uma doraguda na regio na qual a bala entrou. Minhas primeiras impresses se manifestam em um nvelemocional. Portanto, se o esprito est contrariado e chorando, posso tambm sentir-me depri-mido ecomear a chorar. Se um esprito est rindo, contando piadas, tambm comeo a rir.

    A personalidade do esprito quase sempre acompanha os pensamentos emocionais transmitidos. Porexemplo, se o esprito na vida terrena tinha uma personalidade autoritria, minha voz pode assumir umtom de comando. Se uma personalidade do tipo lngua afiada, posso dizer coisas desagradveis. Se oindivduo era pouco emotivo e fechado para seus sentimentos, nada expansivo, portanto, o mdium termuita dificuldade em descrever suas emoes.

    Normalmente, os espritos transmitem mensagens que o consulente compreende com facilidade. Nocomeo da transmisso, o esprito dar seu nome, ou contar onde viveu, ou narrar um fatoinsignificante, mas que fornea ao consulente a prova de que seu ente bem-amado est presente. Muitasvezes, os espritos fornecem informaes triviais, que apenas o consulente conhece. Por exemplo, a av deum consulente pode dizer que apreciava um forro florido que cobria seu sof. Ou poder falar sobreaquelas caixas de livros que o consulente, recentemente, desempacotara, arrumando os volumes na segundaprateleira de sua estante.

    Muitas pessoas me perguntam por que os espritos se do ao trabalho de vir a ns para proferir taisbanalidades, se h tanta coisa mais profunda sobre os segredos da existncia, a respeito das quais poderiamfalar. A resposta muito simples: so as revelaes mais simples que provam ao consulente que o espritoexiste e que est de fato se comunicando com ele.

    Se o esprito tinha um hobby ou alguma atividade particular, enquanto esteve na Terra, muitoprovvel que revele esses interesses durante a consulta. Por exemplo, tive uma cliente cujo falecido maridolhe disse para certificar-se de encher sempre o potinho no qual se alimentavam os pssaros, pendurado narvore no jardim de trs da casa.

  • Meu Deus! ela exclamou. ele. Toda manh, ele ia at a rvore e tornava a encher o tal potinho.No posso acreditar. Ele tem razo. Esqueci-me de botar mais sementes nele, esta semana. Tudo temestado to confuso.

    Para qualquer outra pessoa, essa mensagem pode parecer bastante trivial, mas para a consulente erauma comprovao de que ela estava realmente conversando com seu marido. Nomes j so importantes,mas detalhes pequenos ajudam a demonstrar que a comunicao com o esprito autntica. Fornecem aprova de que o esprito realmente quem diz ser.

    Precisamos nos dar conta de que, quando algum passa para o outro lado da vida, isso no significaque tenha desvendado os segredos do Universo. Na morte, apenas o corpo fsico descartado, assimcomo nos descartamos de um casaco velho. De fato, a personalidade permanece a mesma, completa, osgostos, preconceitos, talentos e atitudes. Com o tempo, um esprito pode progredir para um nvelespiritual mais elevado e talvez iluminar-se. Mas tambm isso varia bastante de um caso para o outro.Precisamos entender que o conhecimento de um esprito sobre as coisas em geral est apenas um poucoacima da nossa compreenso.

    OS ESPRITOS NO PODEM INTERFERIRNA PROGRESSO CRMICA

    Muitos clientes vm me ver buscando informaes provenientes dos espritos sobre riqueza, amor oucarreira profissional. Normalmente, aviso-os logo de que podem ficar desapontados. Os seres espirituaispodem fornecer ou no a informao. Tudo depende de o esprito saber a resposta e de estar autorizado arevel-la. Quando uma alma vem Terra para aprender determinadas lies ou para progredirespiritualmente, nada mais intil do que um esprito lhe dando solues para situaes que podem ser deum teste. Devemos estar cientes de que existem leis espirituais e um esprito no pode interferir ou tentarinfluenciar a progresso espiritual ou crmica de ningum. Assim, certos tipos de informao podemestar vedadas ou ocultas para o consulente. O esprito nos ama o suficiente para proteger nossocrescimento.

    Vou explicar mais um pouco do que estou falando quando me refiro a lies espirituais:Uma mulher chamada Marcie veio me ver e sua primeira pergunta foi se deveria ou no ter um beb.

    Seu av veio a ns e disse-lhe: Primeiro, mude de residncia e v morar num lugar alto, acima da gua. S depois tenha seu beb,

    nunca antes.A consulente contestou: Mas j tenho mais de quarenta anos. O que que vou fazer? Vai acontecer quando Deus quiser... no quando voc quiser respondeu o av.Marcie recebeu informaes adicionais a respeito de sua mudana de residncia e de sua famlia. Foi-

    lhe dito insistentemente que tudo aconteceria no devido tempo. Um ano e meio mais tarde, Marcie me fezoutra visita. Contou-me que havia recentemente se mudado para uma casa com vista para o oceano Pacficoe j estava no terceiro ms de gravidez.

    Um outro caso envolveu uma jovem chamada Nancy, que havia se divorciado recentemente. A me deNancy veio a ns e lhe disse que ela se casaria novamente e, dessa vez, com algum com quem se dessemelhor.

    Nancy perguntou:

  • Mas onde vou encontrar esse homem? Como ele ?Sua me retrucou: No tenho o direito de lhe dizer isso, mas pode acreditar. a verdade.A me no podia dar a sua filha as respostas a essas questes vitais porque a jovem precisava passar

    pelo processo de tomar decises difceis por sua prpria conta. Talvez, tomar essas decises a ajudasse emseu crescimento pessoal, no seu fortalecimento.

    Uma comunicao bem-sucedida ocorre quando existe um forte desejo de encontrar-se, de ambos oslados. Podemos todos nos comunicar com nossos entes queridos j falecidos. Tudo o que precisamos abrir a mente e adotar uma postura de mtua compreenso, amor, energia. Quando conseguimos,assombrosas descobertas colocam-se ao nosso alcance.

    Nos captulos 10 e 11, vou explicar como podemos nos preparar para nos tornarmos receptivos mediunidade, e ensinarei vrios exerccios e mtodos para nos sintonizarmos nos mundos mais elevados.

  • CAPTULO 3

    Guias Espirituais

    A espcie humana sempre acreditou na existncia de seres elevados, ou anjos. Embora trate-se de umaconcepo mitolgica, a idia de algum nos guardando l de cima amplamente aceita. De acordo comos textos religiosos, um anjo uma entidade evoluda, que habita o Paraso e nos protege contra o perigoimprevisto ou contra desastres. A maioria de ns absorveu a crena nos anjos ainda na infncia, quandonos diziam que todos temos um anjo da guarda.

    A idia de um anjo da guarda apenas um dos poucos trusmos que a religio organizada nodestruiu. De fato, possumos anjos da guarda ou guias que interferem por ns, que nos assistem emnossas misses terrenas. Mas eles no so como nos ensinaram. Nossos anjos da guarda, ou nossosguias, no possuem asas, no ficam sentados em nuvens nem tocam harpas. Essas imagens so originriasda mitologia e foram embelezadas por artistas plsticos. Na verdade, as asas so as belssimas faixas decores que circundam os anjos. Voc pode dizer que se trata da aura ou do campo de energia do anjo, algoque circunda de fato todo ser vivo, desde as plantas, os animais e as rvores, at cada um de ns e nossoprecioso planeta Terra.

    OS ESPRITOS-GUIAS SOEXCLUSIVOS PARA CADA PESSOA

    H muitas espcies de guias e, para mim, anjos da guarda e guias so a mesma coisa. Antes denascermos, traamos um projeto para nossa jornada na vida. Quando nos desviamos de nosso caminho,um guia nos ajuda a retom-lo. Dependendo de nossa evoluo espiritual algo bastante individual e dotrabalho que temos pela frente na Terra, reservaremos para ns diversos guias, entre trs categoriasdistintas.

    O primeiro grupo de guias so os guias pessoais. So pessoas que conhecemos em encarnaesanteriores ou com quem, atravs de muitas existncias, desenvolvemos certa afinidade. Esses guias nosassistem, l do seu plano espiritual, imprimindo em nossa mente meios de nos envolver em diferentessituaes. Essas impresses so sinais de nossos guias espirituais. Na maioria das vezes, essas sutisindicaes passam despercebidas. Mas se dedicarmos algum tempo para nos determos, escutar e avaliarnosso dia-a-dia, podemos comear a enxergar e/ou ouvir essas mensagens espirituais.

    Para a maioria das pessoas, difcil sentir a assistncia de um esprito porque querem e/ou esperampor orientaes precisas, como se o anjo Gabriel aparecesse tocando sua corneta. Lamento, mas no assim que acontece. As mensagens e as orientaes so sutis, um contato delicado.

    A seguir, vou dar um exemplo de como funciona uma comunicao espiritual. quinta-feira e voctem uma reunio com um scio em potencial, com vistas a alguma proposta comercial. No caminho, vocperde o endereo ou no consegue encontrar o lugar. E isto parece muito estranho, porque voc conheceaquele bairro. Depois de meia hora dando voltas, voc localiza o edifcio, mas no acha uma vaga paraestacionar. Finalmente, a muitos quarteires de distncia, consegue parar o carro. Quando chega aoprdio, a portaria est fechada, e voc precisa procurar outra entrada. Um segurana abre uma porta, voctoma o elevador e, quando desce no andar determinado, o escritrio est fechado. H um bilhete na porta,

  • dizendo que voc deve dirigir-se a outra sala, em outro andar. Finalmente, voc encontra o escritrio e tema tal reunio com seu scio em potencial. Voc escuta a proposta e, ao longo da conversao, seu estmagocomea a doer. Voc e