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CONVERSOR BUCK-BOOST BASEADO NA CÉLULA DE
COMUTAÇÃO DE TRÊS ESTADOS
PAULO HENRIQUE FERETTI
Orientador:
Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli
Dissertação submetida à
Universidade Federal de São
João del-Rei como parte dos
requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Elétrica.
São João del-Rei
Agosto de 2017
ii
iii
É a engenharia que transforma o mundo.
Isaac Asimov
iv
À família, base de tudo.
v
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos:
Ao Professor Dr. Fernando Lessa Tofoli pela orientação e amizade. Por dedicar seu tempo
em função do meu aprendizado.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEL), pelo
conhecimento técnico transmitido e pela importante contribuição na minha formação
profissional e pessoal.
Aos professores que aceitaram fazer parte da banca e pelas contribuições dadas ao
trabalho.
À Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que forneceu uma estrutura adequada
para o desenvolvimento de meu trabalho.
vi
Resumo da Dissertação submetida à Universidade Federal de São João del-Rei como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.
CONVERSOR BUCK-BOOST UTILIZANDO CÉLULA DE
COMUTAÇÃO DE TRÊS ESTADOS
Paulo Henrique Feretti
Agosto de 2017
Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli.
Área de Concentração: Modelagem e Controle de Sistemas – Análise e Modelagem de
Sistemas.
Palavras-chave: Eletrônica de Potência, conversores CC-CC, conversor buck-boost, célula
de comutação de três estados.
Número de Páginas: 96.
RESUMO
Este trabalho apresenta um conversor buck-boost baseado na célula de comutação
de três estados, a qual tem sido amplamente empregada na concepção de novas topologias
de conversores estáticos. Essa estrutura é parte de uma família de conversores CC-CC não
isolados, possuindo diversas vantagens em comparação ao conversor buck-boost clássico,
como por exemplo: a corrente de entrada é contínua quando o conversor opera em modo de
sobreposição (D>0,5), há a redução dos esforços de corrente nos elementos
semicondutores e os elementos reativos possuem menores dimensões. Uma análise
qualitativa é realizada com o objetivo de se obter as etapas de funcionamento que
descrevem o comportamento do conversor proposto. A análise é apresentada considerando
os modos de condução contínua (MCC) e descontínua (MCD) em modo de não
sobreposição (D<0,5), quando o conversor apresenta o comportamento de um conversor
buck; e modo de sobreposição (D>0,5), quando o conversor apresenta o comportamento de
um conversor boost. Além disso, tem-se a análise quantitativa que representa as
expressões do projeto dos elementos do estágio de potência. Um protótipo é implementado
de forma a comprovar as análises realizadas, bem como verificar fisicamente o
comportamento e desempenho do conversor. Os resultados experimentais obtidos são
vii
apresentados e discutidos de forma a identificar as vantagens e desvantagens dessa
topologia.
viii
Abstract of the Dissertation submitted to São João del-Rei University as part of the
requirements for the degree of Master in Electrical Engineering.
BUCK-BOOST CONVERTER USING THE THREE-STATE
SWITCHING CELL
Paulo Henrique Feretti
August 2017
Advisor: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli.
Area of Concentration: Modeling and Control Systems – Analysis and Modeling Systems.
Keywords: Power Electronics, dc-dc converters, buck-boost converter, three-state switching
cell.
Number of Pages: 96.
ABSTRACT
This work presents a buck-boost converter, based on the three-state switching cell
(3SSC), which has been widely employed in the conception of novel power converter
topologies. This structure is part of a family of non–isolated dc-dc converters, which has
several advantages compared to the classical buck-boost converter e.g. the input current is
continuous when the duty cycle is higher than 0.5, reduced stresses through the
semiconductor elements, and reactive elements with reduced dimensions. A qualitative
analysis is carried out in order to obtain operating stages that describe the behavior of the
proposed converter. The analysis is performed considering the continuous (CCM) and
discontinuous conduction mode (DCM), considering the nonoverlapping mode (D<0.5), when
the converter behaves as a buck topology; and overlapping mode (D>0.5), when it behaves
as a boost converter. The theoretical assumptions are validated by means of a quantitative
analysis, where is possible to verify the characteristics of the converter, especially with
regard to stresses associated to the components. A prototype is implemented in order to
verify the analysis carried out, as well to verify the behavior and performance of the converter
physically. The obtained experimental results are presented and discussed in order to
identify advantages and disadvantages of the proposed converter.
ix
SUMÁRIO
SUMÁRIO ............................................................................................................................................................. IX
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................................... XII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................................................... XV
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ................................................................................................... XVI
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................... 1
1.1 Justificativas do Trabalho ........................................................................................................ 1
1.2 Objetivos do Trabalho ............................................................................................................. 2
1.3 Estrutura do Trabalho .............................................................................................................. 3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 4
2.1 Considerações Iniciais ............................................................................................................. 4
2.2 Técnicas e Estruturas Disponíveis na Literatura Atual ........................................................... 4
2.3 Célula de Comutação de Dois Estados ................................................................................... 6
2.4 Obtenção da Célula de Comutação de Três Estados Tipo B ................................................. 9
2.5 Conversor Buck-Boost 3SSC ................................................................................................ 11
2.6 Considerações Finais ............................................................................................................ 12
CAPÍTULO 3 - CONVERSOR BUCK-BOOST 3SSC OPERANDO EM MODO DE NÃO
SOBREPOSIÇÃO (D<0,5) ..................................................................................................... 14
3.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................... 14
3.2 Modo de Condução Contínua (MCC) .................................................................................... 14
3.2.1 Análise Qualitativa ........................................................................................................................ 14
3.2.2 Formas de Ondas Teóricas ......................................................................................................... 19
3.2.3 Análise Quantitativa ...................................................................................................................... 20
3.2.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica ........................................................................................ 20
3.2.3.2 Indutor de Filtro .................................................................................................................... 21
3.2.3.3 Capacitor de Filtro de Saída ............................................................................................... 21
3.2.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor ............................... 21
3.3 Modo de Condução Descontínua (MCD) .............................................................................. 24
3.3.1 Análise Qualitativa ........................................................................................................................ 24
3.3.2 Formas de Ondas Teóricas ......................................................................................................... 27
3.3.3 Análise Quantitativa ...................................................................................................................... 28
3.3.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica ........................................................................................ 28
3.3.3.2 Indutor de Filtro .................................................................................................................... 29
x
3.3.3.3 Capacitor de Filtro de Saída ............................................................................................... 29
3.3.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor ............................... 29
3.4 Modo de Condução Crítica (MCCr) ....................................................................................... 32
3.4.1 Determinação do Ganho Estático............................................................................................... 32
3.4.2 Determinação da Indutância Crítica ........................................................................................... 33
3.4.3 Característica de Saída................................................................................................................ 34
3.5 Considerações Finais ............................................................................................................ 34
CAPÍTULO 4 - CONVERSOR BUCK-BOOST 3SSC OPERANDO EM MODO DE
SOBREPOSIÇÃO (D>0,5) ..................................................................................................... 36
4.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................... 36
4.2 Modo de Condução Contínua (MCC) .................................................................................... 36
4.2.1 Análise Qualitativa ........................................................................................................................ 36
4.2.2 Formas de Ondas Teóricas ......................................................................................................... 39
4.2.3 Análise Quantitativa ...................................................................................................................... 40
4.2.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica ........................................................................................ 40
4.2.3.2 Indutor de Filtro .................................................................................................................... 42
4.2.3.3 Capacitor de Filtro de Saída ............................................................................................... 42
4.2.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor ............................... 42
4.3 Modo de Condução Descontínua (MCD) .............................................................................. 45
4.3.1 Análise Qualitativa ........................................................................................................................ 45
4.3.2 Formas de Ondas Teóricas ......................................................................................................... 46
4.3.3 Análise Quantitativa ...................................................................................................................... 47
4.3.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica ........................................................................................ 47
4.3.3.1 Indutor de Filtro .................................................................................................................... 48
4.3.3.2 Capacitor de Filtro de Saída ............................................................................................... 49
4.3.3.3 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor ............................... 49
4.4 Modo de Condução Crítica (MCCr) ....................................................................................... 52
4.4.1 Determinação do Ganho Estático............................................................................................... 52
4.4.2 Determinação da Indutância Crítica ........................................................................................... 53
4.4.3 Característica de Saída................................................................................................................ 53
4.4.4 Considerações Finais ................................................................................................................... 54
CAPÍTULO 5 - ROTEIRO DE PROJETO .......................................................................... 56
5.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................... 56
5.2 Operação em Modo de Não Sobreposição (D<0,5) .............................................................. 56
5.2.1 Ponto de Operação ....................................................................................................................... 56
5.2.2 Componentes do Estágio de Potência ...................................................................................... 57
xi
5.2.3 Projeto do Snubber ....................................................................................................................... 59
5.2.4 Rendimento Teórico ..................................................................................................................... 62
5.3 Operação em Modo de Sobreposição (D>0,5) ..................................................................... 65
5.3.1 Ponto de Operação ....................................................................................................................... 65
5.3.1 Componentes do Estágio de Potência ...................................................................................... 65
5.3.2 Projeto do Snubber ....................................................................................................................... 68
5.3.3 Rendimento Teórico ..................................................................................................................... 68
5.4 Protótipo Experimental .......................................................................................................... 69
5.5 Considerações Finais ............................................................................................................ 70
CAPÍTULO 6 - RESULTADOS DE SIMULAÇÃO E EXPERIMENTAIS ............................ 72
6.1 Considerações Iniciais ........................................................................................................... 72
6.2 Operação em Modo de Não Sobreposição ........................................................................... 72
6.2.1 Resultados de Simulação ............................................................................................................ 72
6.2.2 Comparação Entre Valores Calculados e Obtidos por Simulação ........................................ 75
6.2.3 Resultados Experimentais ........................................................................................................... 76
6.2.4 Comparação Entre Valores Obtidos por Simulação e Experimentais .................................. 79
6.2.5 Comparação Entre os Conversores Buck-Boost Proposto e Tradicional ............................. 80
6.2.6 Rendimento .................................................................................................................................... 81
6.3 Operação em Modo de Sobreposição ................................................................................... 82
6.3.1 Resultados de Simulação ............................................................................................................ 82
6.3.2 Comparação Entre Valores Calculados e Obtidos por Simulação ........................................ 86
6.3.3 Resultados Experimentais ........................................................................................................... 86
6.3.4 Comparação Entre Valores Obtidos por Simulação e Experimentais .................................. 89
6.3.5 Comparação Entre Os Conversores Buck-Boost Proposto e Tradicional ............................ 89
6.3.6 Rendimento .................................................................................................................................... 90
6.4 Considerações Finais ............................................................................................................ 91
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÃO GERAL .............................................................................. 92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................ 94
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Sistema básico de processamento de energia elétrica. Fonte: Adaptado de (Balestero, 2006). ............................................................................................................... 7
Figura 2.2: Estrutura de um conversor CC-CC clássico não isolado. ............................. 7
Figura 2.3: Geração de topologias de conversores CC-CC básicos não isolados. Fonte: Adaptado de (Balestero, 2006). ................................................................................ 8
Figura 2.4: Conversores CC-CC PWM não isolados com a célula de comutação de dois estados. Fonte: Adaptado de (Balestero, 2006). ....................................................... 8
Figura 2.5: Célula de comutação de dois estados dos conversores CC-CC PWM não isolados clássicos. Fonte: Adaptado de (Bascopé, 2001). ............................................... 9
Figura 2.6: Obtenção da célula B a partir do conversor push-pull. ............................... 10
Figura 2.7: Célula de comutação de três estados do tipo B. .......................................... 11
Figura 2.8: Conversor buck-boost gerado a partir da célula de comutação de três estados tipo B. ........................................................................................................................ 12
Figura 3.1: Primeira etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................................................ 15
Figura 3.2: Segunda etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................................................ 17
Figura 3.3: Terceira etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................................................ 18
Figura 3.4: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................. 19
Figura 3.5: Relação entre Gv e D para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. .............................................................................................. 20
Figura 3.6: Terceira etapa de operação do conversor operando em MCD e NOM. ... 26
Figura 3.7: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCD. ............................................................................. 27
Figura 3.8: Relação entre o ganho estático e a razão cíclica para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCD. ................................................ 29
Figura 3.9: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCCr. ........................................................................... 32
Figura 3.10: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-boost 3SSC e tradicional operando em modo de não sobreposição (D<0,5). .................................................................................................................................... 33
Figura 3.11: Característica de saída do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição (D<0,5). .................................................................................. 34
Figura 4.1: Primeira etapa de operação do conversor operando em modo de sobreposição e MCC. ............................................................................................................ 37
Figura 4.2: Segunda etapa de operação do conversor operando em modo de sobreposição e MCC. ............................................................................................................ 38
Figura 4.3: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 40
Figura 4.4: Relação entre Gv e D para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. ...................................................................................................... 41
Figura 4.5: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCD. .................................................................................... 47
xiii
Figura 4.6: Relação entre o ganho estático e a razão cíclica para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCD. ....................................................... 49
Figura 4.7: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCCr. ................................................................................... 52
Figura 4.8: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição (D>0,5) e tradicional. .......... 53
Figura 4.9: Característica de saída do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição (D>0,5). .......................................................................................... 54
Figura 4.10: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-boost 3SSC e tradicional operando nos modos de não sobreposição e sobreposição. ............................................................................................. 55
Figura 5.1: Snubber passivo dissipativo do tipo RCD. .................................................... 60
Figura 5.2: Curva de rendimento teórico do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................. 65
Figura 5.3: Curva de rendimento teórico do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 69
Figura 5.4: Protótipo do conversor buck-boost 3SSC implementado em laboratório. 69
Figura 6.1: Pulsos de comando dos interruptores para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ........................................................... 72
Figura 6.2: Pulso de comando no interruptor S1 e corrente no indutor para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ........ 73
Figura 6.3: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 73
Figura 6.4: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 74
Figura 6.5: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ........................................................... 74
Figura 6.6: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 75
Figura 6.7: Pulsos de comando dos interruptores (VG1 e VG2) do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. .................................... 76
Figura 6.8: Tensão de comando no interruptor S1 e corrente no indutor do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. .......................... 77
Figura 6.9: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 77
Figura 6.10: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 78
Figura 6.11: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ........................................................... 78
Figura 6.12: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................................................. 79
Figura 6.13: Curva de rendimento do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 82
Figura 6.14: Pulsos de comando nos interruptores para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ....................................................... 83
Figura 6.15: Pulso de comando do interruptor S1 e corrente no indutor do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. .................................. 83
Figura 6.16: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 84
xiv
Figura 6.17: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. ........................................................................................... 84
Figura 6.18: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................. 85
Figura 6.19: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 85
Figura 6.20: Pulsos de comando dos interruptores (VG1 e VG2) para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. .................................. 86
Figura 6.21: Pulso de comando do interruptor S1 e corrente no indutor para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ............... 87
Figura 6.22: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 87
Figura 6.23: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. ........................................................................................... 88
Figura 6.24: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................. 88
Figura 6.25: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................................... 88
Figura 6.26: Curva de rendimento do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ........................................................................................... 90
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ........ 14
Tabela 3.2: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCD. ........ 24
Tabela 4.1: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ............... 36
Tabela 4.2: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCD. ............... 45
Tabela 5.1: Parâmetros iniciais do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. .............................................................................................. 56
Tabela 5.2: Especificações dos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ........................................................... 59
Tabela 5.3: Esforços nos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ................................................................................... 59
Tabela 5.4: Valores calculados dos componentes do snubber RCD para o conversor operando em modo de não sobreposição (D<0,5). .......................................................... 62
Tabela 5.5: Parâmetros iniciais do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ...................................................................................................... 65
Tabela 5.6: Especificações dos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. .................................................................. 67
Tabela 5.7: Esforços nos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ........................................................................................... 68
Tabela 5.8: Especificações dos equipamentos utilizados em laboratório. ................... 70
Tabela 6.1: Valores calculados e obtidos por simulação para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. ............................................... 76
Tabela 6.2: Valores simulados e amostrados em laboratório para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. .................................... 79
Tabela 6.3: Valores dos componentes e esforços do conversor buck-boost tradicional e 3SSC operando com D<0,5. ......................................................................... 81
Tabela 6.4: Valores calculados e obtidos por simulação para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ....................................................... 86
Tabela 6.5: Valores simulados e amostrados em laboratório para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. ............................................ 89
Tabela 6.6: Valores dos componentes do conversor buck-boost tradicional e 3SSC operando com D>0,5. ............................................................................................................ 90
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Ae: Área efetiva de seção transversal da perna central do núcleo
Ap: Produto das áreas e
Aw: Área da janela do núcleo
B: Densidade de fluxo magnético
Bmax: Máxima excursão de densidade de fluxo magnético
CA: Corrente alternada
CC: Corrente contínua
CGH: Central geradora hidrelétrica
CI: Circuito Integrado
D: Razão cíclica
Dcrit: Razão cíclica crítica
EOL: Central geradora eólica
FACTS: Sistema de flexibilização da transmissão em corrente alternada (flexible alternating current transmission system)
fs: Frequência de comutação
Gv: Ganho estático
HVDC: Sistema de transmissão em alta tensão de corrente contínua (high-voltage, direct current)
Ico: Corrente no capacitor de saída
ID: Corrente média no diodo
I(ef): Corrente eficaz
IGBT: Transistor bipolar com gatilho isolado (insulated-gate bipolar transistor)
IL: Corrente média no indutor
IM: Corrente máxima no indutor
Im: Corrente mínima no indutor
I(med): Corrente média
Io: Corrente de saída
IS: Corrente média no interruptor
Ivo: Corrente entregue ao estágio de saída
IT1: Corrente no enrolamento primário do autotransformador
xvii
IT2: Corrente no enrolamento secundário do autotransformador
J: Densidade de corrente
ku: Fator de utilização da janela
kw: Fator de utilização
Lcrit: Indutância crítica
lg: Entreferro
MCC: Modo de condução contínua
MCD: Modo de condução descontínua
MCCr: Modo de condução crítica
MMC: Conversor modular multinível (modular multilevel converter)
MME: Ministério de Minas e Energia
MOSFET: Transistor de efeito de campo (metal-oxide-semiconductor field effect transistor)
nL: Número de condutores entrelaçados em paralelo
NL: Número de espiras
OIE: Oferta interna de energia
OIEE: Oferta interna de energia elétrica
PCH: Pequena central hidrelétrica
PD: Perdas em cada diodo
Pi: Potência de entrada
PIB: Produto Interno Bruto
PL: Perdas no indutor
PLcu: Perdas no cobre no enrolamento do indutor
PLmag: Perdas magnéticas no núcleo de ferrite
Po: Potência de saída
PS: Perdas em cada interruptor
PScomut: Perdas no interruptor devido à comutação
PScond: Perdas no interruptor quando em condução
PTr: Perdas no autotransformador
Psnubber: Perdas em cada resistor snubber
PWM: Modulação por largura de pulso (pulse width modulation)
RDS(on): Resistência dinâmica do interruptor quando em condução
t: Tempo
xviii
T: Período
Ts: Período de comutação
tx: Intervalo de tempo de descarga do indutor
UFV: Central geradora solar fotovoltaica
UHE: Usina hidrelétrica
UTE: Usina termelétrica
UTN: Usina termonuclear
UHVDC: Sistema de transmissão em ultra alta tensão de corrente contínua (ultrahigh-voltage direct current)
V(ef): Valor eficaz de tensão
VD: Tensão no diodo
Vf: Queda de tensão no diodo quando em condução
VG: Sinal de comando de um interruptor controlado
Vi: Tensão de entrada
V(max): Valor máximo de tensão
VL: Tensão no indutor
V(med): Valor médio de tensão
VS: Tensão sobre o interruptor
VT1: Tensão no enrolamento primário do autotransformador
VT2: Tensão no enrolamento secundário do autotransformador
ZVS: Técnica de comutação sob tensão nula (zero voltage switching)
ZCS: Técnica de comutação sob corrente nula (zero current switching)
ZVT: Técnica de transição sob tensão nula (zero voltage transition)
ZCT: Técnica de transição sob corrente nula (zero current transition)
Δ: Profundidade de penetração
ΔIL: Ondulação de corrente no indutor
ΔVo: Variação da tensão de saída
β: Ondulação de corrente parametrizada
γ: Corrente de carga parametrizada
η: Rendimento
µ0: Permeabilidade magnética no vácuo
ρ: Resistividade
3SSC: Célula de comutação de três estados (three-state switching cell)
1
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO GERAL
1.1 Justificativas do Trabalho
Aproximadamente 40% de toda a energia consumida no mundo são inicialmente
convertidas em energia elétrica (Communications, 2013) (Mohan, Power Electronics - A First
Course, 2012). Durante todo o século passado, a oferta de energia foi suficiente para
sustentar o crescimento econômico e as necessidades da população (Aneel, 2008). Porém,
verificou-se no início do século XXI a incompatibilidade entre a demanda e a capacidade de
fornecimento dos provedores, que se tornou evidente com uma série de apagões (blackouts)
ao redor do mundo, como os eventos ocorridos no Brasil nos anos de 2001, 2002 e 2009,
sucessivos desligamentos de energia elétrica em 2006 na Argentina, blackouts na
Venezuela em 2008, Colômbia em 2007, Indonésia em 2005, Estados Unidos, Canadá e
Itália em 2003 (Sodré, 2016). Dentre as causas apontadas, estão as falhas nos sistemas de
abastecimento, falta de planejamento e investimento no sistema elétrico. Verifica-se então
que é necessário, além do planejamento e investimento no sistema elétrico atual, o
investimento em tecnologias que possibilitem a viabilidade técnica e econômica para a
implantação de sistemas de energia elétrica, obtidas a partir de fontes limpas, renováveis e
sustentáveis, como eólica e solar, e programas de eficiência energética, bem como o
investimento em pesquisas em formas eficientes de transmissão e processamento de
energia elétrica.
Dentro deste contexto, surge a Eletrônica de Potência, fornecendo soluções que
viabilizam o aproveitamento da energia oriunda de fontes limpas e renováveis,
implementação de programas de eficiência energética, através da implantação de inversores
de potência e equipamentos inteligentes, controle do fluxo de potência e estabilidade nas
linhas de transmissão, através dos dispositivos FACTS (flexible alternating current
transmission system), diminuição das perdas de transmissão e minimização de custos
econômicos e ambientais em linhas de longa extensão e níveis elevados de potência
através de sistemas HVDC (high-voltage, direct current) e UHVDC (ultrahigh-voltage direct
current). Considerando então a crescente demanda por energia elétrica, sua importância
econômica e problemas associados, torna-se clara a necessidade de investimentos em
pesquisas que visam o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas a esta área da
engenharia.
Por definição, a Eletrônica de Potência é a área de conhecimento que trata das
aplicações dos conversores estáticos de potência na conversão e condicionamento de
energia elétrica. Para tal, utilizam-se quatro principais tipos de estruturas: retificadores, que
2
realizam a conversão de um sinal alternado em contínuo; inversores, que realizam a
conversão CC-CA; conversores CA-CA, compostos por variadores de tensão e
cicloconversores; e por fim os conversores CC-CC. O conversor proposto neste trabalho
enquadra-se neste último grupo e se baseia na aplicação da célula de comutação de três
estados para a viabilização da operação destes conversores em potências evadas.
A aplicação de conversores em potências elevadas requer o emprego de altas
frequências de comutação, de forma a diminuir o volume dos elementos reativos. Porém
isso implica o aumento significativo das perdas por comutação nos dispositivos
semicondutores, resultando na redução do rendimento e da vida útil destes componentes.
Outra consequência do emprego de altas frequências de comutação é a necessidade de
maiores dissipadores de calor, visto que a dissipação térmica dos dispositivos
semicondutores aumenta diretamente com a frequência. Verifica-se então que o aumento da
frequência de comutação não soluciona por completo a necessidade de redução de peso e
volume, sendo necessária a busca por novas topologias de conversores. Torna-se então de
fundamental importância a pesquisa na busca por metodologias que atendam a estas
necessidades e sejam passíveis de serem implementados na prática (Bose, 2009).
Diversas técnicas de geração de topologias de conversores são apresentadas na
literatura atual, destacando-se as associações em série e em paralelo de conversores
(Costa, 2013), os princípios de dualidade e inversão bilateral e a aplicação de células de
comutação PWM (Bascopé, 2001) (Bottion, 2005). Esta última abordagem apresenta como
principais diferenciais a simplicidade de implementação e controle, sendo a base do estudo
a ser tratado neste trabalho.
Neste trabalho, analisa-se um conversor buck-boost utilizando a célula de comutação
de três estados (3SSC), que é parte de uma família de conversores CC-CC PWM,
desenvolvida inicialmente em (Bascopé, 2001). O conversor buck 3SSC foi descrito em
(Balestero, 2006), sendo que o conversor boost 3SSC é analisado em (Bascopé, 2001).
Porém, na literatura não há divulgação de conversores CC-CC empregando a célula de três
estados com característica abaixadora e elevadora.
1.2 Objetivos do Trabalho
O principal objetivo deste trabalho é apresentar o desenvolvimento do conversor buck-
boost usando a célula de comutação de três estados (3SSC) do tipo B. Por meio das
análises qualitativa e quantitativa, busca-se verificar as características dessa topologia
comparada ao conversor buck-boost tradicional. De forma específica, este trabalho pretende
apresentar contribuições no sentido de:
3
realizar análises qualitativa e quantitativa do conversor buck-boost 3SSC em modos
de não sobreposição e de sobreposição dos interruptores controlados;
desenvolver o roteiro de projeto dos elementos do estágio de potência nas duas
condições supracitadas;
analisar o funcionamento do conversor utilizando recursos de simulação
computacional;
implementar um protótipo experimental no intuito de validar todas as considerações
teóricas.
1.3 Estrutura do Trabalho
Este trabalho está organizado na forma de sete capítulos, os quais são descritos na
sequência.
O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica, justificando a utilização da célula
de três estados na concepção de novas estruturas e apresentando os princípios básicos
considerados em sua concepção.
Nos Capítulos 3 e 4, os equacionamentos do conversor buck-boost utilizando a
célula de comutação de três estados (3SSC) para os modos de não sobreposição (D<0,5) e
sobreposição (D>0,5) são apresentados, compreendendo as análises qualitativa e
quantitativa, considerando os modos de condução contínua (MCC), descontínua (MCD) e
crítica (MCCr).
O Capítulo 5 ilustra um roteiro de projeto utilizado na implementação de um protótipo
experimental. As formas de onda obtidas experimentalmente e por simulação computacional
são mostradas e discutidas no Capítulo 6.
Finalmente, no Capítulo 7, é apresentada a conclusão geral com base nos dados
obtidos durante todo o desenvolvimento do trabalho. A ilação contempla as principais
características verificadas do conversor proposto, obtidas por meio do equacionamento,
simulação e experimentalmente, bem como suas vantagens e desvantagens com relação ao
conversor buck-boost tradicional.
4
Capítulo 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Considerações Iniciais
O objetivo deste capítulo é apresentar uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos
que envolvem a célula de comutação de três estados, justificando sua utilização na
concepção de novas estruturas de conversores estáticos de potência.
Inicialmente, são apresentadas as principais técnicas de auxílio à comutação e as
estruturas de conversores CC-CC disponíveis na literatura atual. Uma discussão acerca de
suas características é realizada de forma a identificar seus diferenciais e limitações. Então, o
conceito da célula de três estados é apresentado, bem como a obtenção da célula de
comutação do tipo B. Finalmente, a estrutura do conversor buck-boost utilizando a célula de
comutação tipo B de três estados é introduzida.
2.2 Técnicas e Estruturas Disponíveis na Literatura Atual
O aumento da densidade de potência, aliado a redução de tamanho, peso e volume,
bem como aplicações em alta potência, são algumas das principais motivações para a
concepção de novas topologias de conversores. Tipicamente, a redução das dimensões dos
conversores de potência pode ser obtida pelo aumento da frequência de comutação.
Entretanto, o aumento da frequência de operação implica proporcionalmente o aumento de
perdas por comutação, comprometendo a eficiência do conversor e a vida útil dos
componentes semicondutores devido ao aquecimento excessivo (Smedley, 1999). A
operação em altas frequências de comutação torna-se possível com a utilização de circuitos
auxiliares conhecidos como snubbers (M. Mohammadi, 2015), que podem ser classificados
como passivos (R. T. H. Li, 2010) ou ativos (N. S. Ting, 2017).
Snubbers ativos podem minimizar as perdas por comutação pela utilização de
interruptores ativos, que aumentam o custo e a complexidade dos circuitos de controle e
potência. Em contrapartida, snubbers passivos são capazes de reduzir de forma eficiente as
perdas por comutação e interferências eletromagnéticas (EMI) utilizando apenas
componentes passivos, como diodos, capacitores e indutores. Entretanto, o desenvolvimento
e sintonia de filtros LC (indutor-capacitor) não é uma tarefa trivial, levando à utilização de um
equacionamento complexo (R. T. H. Li, 2010) e rendimento satisfatório em faixas limitadas de
carga (Chung, 2010). Diversas técnicas são empregadas na implementação dos circuitos
5
auxiliares à comutação, sendo conhecidas na literatura como técnicas de comutação suave e
classificadas como (Bascopé, 2001):
ZVS: técnica de comutação sob tensão nula (zero voltage switching);
ZCS: técnica de comutação sob corrente nula (zero current switching);
ZVT: técnica de transição sob tensão nula (zero voltage transition);
ZCT: técnica de transição sob corrente nula (zero current transition).
Estas técnicas têm como objetivo tornar as comutações dos interruptores não
dissipativas ou pouco dissipativas, mas somente as perdas por comutação são minimizadas,
permanecendo as perdas por condução. Portanto, a inserção de circuitos auxiliares à
comutação não resolve o problema da redução das dimensões dos conversores de potência,
sendo também necessária a utilização de técnicas que propiciem a divisão dos esforços de
tensão e corrente nos componentes do conversor e possibilitem o emprego de níveis
elevados de potência.
Altos níveis de potência nos conversores eletrônicos de potência podem ser obtidos
utilizando-se distintas configurações, que podem consistir na associação de semicondutores
em série e/ou paralelo. Conversores modulares multiníveis (MMCs) têm recebido atenção
significativa atualmente, sendo que características como modularidade e baixo nível de
distorção harmônica os tornam uma boa alternativa para sistemas de conversão de média a
alta potência (J. Kucka, 2017).
Associações de interruptores ou conversores em série proporcionam a divisão dos
esforços de tensão entre os mesmos e geram novas topologias de conversores conhecidas
como conversores estáticos multiníveis de tensão. Estas estruturas têm como objetivo
resolver a limitação quanto à diferença de tensão entre os terminais dos componentes
semicondutores (Deschamps, 1999). Embora os conversores multiníveis de tensão resolvam
o problema dos esforços de tensão nos componentes semicondutores, em aplicações que
envolvam altas potências, não são solucionadas questões associadas aos altos picos de
corrente nestes componentes (Pyosoo Kim, 2011).
Associações de interruptores ou conversores em paralelo proporcionam a divisão dos
esforços de corrente entre os componentes dos conversores e geram topologias conhecidas
como conversores estáticos multiníveis de corrente. Nesse caso, há uma redução nas perdas
por condução (Braga, 1996). O entrelaçamento é uma técnica que utiliza a associação em
paralelo de conversores CC-CC (Sandeep K. Waghmare, 2015) que permite atingir altos
níveis de potência e modularidade. Ademais, a frequência de operação dos elementos
6
magnéticos aumenta proporcionalmente com o número de fases utilizadas, possibilitando a
redução dos esforços de corrente nos elementos semicondutores e minimizando as
dimensões do conversor. Entretanto, embora apresentem menores esforços de corrente em
seus componentes, não agregam vantagens quando empregados em aplicações que
requeiram altos ganhos de tensão (Pyosoo Kim, 2011). Problemas relacionados a correntes
parasitas tornam-se mais significativos devido às capacitâncias intrínsecas nos elementos
associados a cada fase e pequenas diferenças quanto à razão cíclica dos interruptores
controlados (Iskender, 2011), demandando complexos esquemas de controle para a correta
operação do conversor (K. I. Hwu, 2016).
Topologias que empregam a combinação das técnicas de paralelismo e
entrelaçamento de conversores são propostas na literatura de forma a mitigar os problemas
relacionados aos limites dos esforços de tensão e corrente, bem como reduzir as perdas por
condução nos componentes semicondutores dos conversores, como apresentado em
(Pyosoo Kim, 2011), mas ao custo de um grande número de componentes e aumento da
complexidade do sistema.
Desde que a célula de três estados (3SSC) foi proposta em (Bascopé, 2001), uma
grande variedade de topologias de conversores CA-CC, CC-CA e CC-CC tem sido
apresentada na literatura (S. V. Araujo, 2010) (Barbi G. V.-B., 2004) (R. P. Torrico-Bascopé,
2009) (Jefferson M. de Sousa, 2015). Apesar da similaridade com a técnica de
entrelaçamento, a divisão adequada de corrente é naturalmente obtida devido à presença do
autotransformador com relação unitária de espiras, sem a necessidade de estratégias de
controle sofisticadas. Além disso, os esforços de corrente nos elementos semicondutores e
as dimensões nos elementos de filtro são significativamente reduzidos.
2.3 Célula de Comutação de Dois Estados
O elemento fundamental no processo de condicionamento de energia elétrica é o
conversor. Este geralmente possui dois terminais de entrada e um de saída, sendo eles a
potência de entrada, terminal de controle e de potência de saída, respectivamente. A Figura
2.1 apresenta o exemplo genérico de um sistema de conversão de energia elétrica.
7
Pi Po
Controle
Conversor
Figura 2.1: Sistema básico de processamento de energia elétrica. Fonte: Adaptado de
(Balestero, 2006).
O conversor por sua vez é constituído por uma fonte de tensão de entrada (Vi), uma
célula de comutação e uma fonte de tensão de saída sobre a carga (Vo). A célula de
comutação pode ser obtida eliminando-se a fonte de tensão de entrada e os elementos da
fonte de saída. A Figura 2.2 apresenta a estrutura de um conversor CC-CC clássico não
isolado, composto por uma célula de comutação e ramos de entrada e saída.
RoCoVi
++
-
Vo-
1 2
3
Célula de Comutação
Figura 2.2: Estrutura de um conversor CC-CC clássico não isolado.
Adicionando fontes de tensão aos terminais da célula de comutação, podem ser
obtidas as três topologias básicas de conversores CC-CC PWM não isolados, que são:
conversor buck, em que a tensão de entrada é maior que a tensão de saída; conversor boost,
em que a tensão de entrada é menor que a tensão de saída; e conversor buck-boost, em que
a tensão de saída pode apresentar valores inferiores ou superiores à tensão de entrada em
função da razão cíclica. Esta técnica de geração de topologias apresentada em (A.
Pietkiewicz) é ilustrada na Figura 2.3, em que as setas indicam o sentido do fluxo de
potência.
8
Célula de Comutação
2
3
1
+-
+-
+-Buck-boost
Buck
Boost
Figura 2.3: Geração de topologias de conversores CC-CC básicos não isolados. Fonte:
Adaptado de (Balestero, 2006).
Além das três configurações básicas, também fazem parte da família de conversores
PWM CC-CC os conversores Ćuk, SEPIC e Zeta. A Figura 2.4 apresenta as seis topologias
clássicas de conversores estáticos de potência, em que se verifica que as topologias são
formadas pela alteração das posições dos componentes dos conversores.
Vi+-
SL
DRoCo
Vi+-
RoCoS
L D
Vi+-
S
RoCoL
D
Buck Boost Buck-boost
Vi+-
RoCoS
L1
Cuk
C L2
DVi
+-
RoCoS
L1
SEPIC
C
L2
D
Vi+-
RoCo
Zeta
C L2S
L1D
´
Figura 2.4: Conversores CC-CC PWM não isolados com a célula de comutação de dois
estados. Fonte: Adaptado de (Balestero, 2006).
Todas as topologias apresentadas na Figura 2.4 são compostas de uma estrutura de três
terminais contendo um interruptor ativo (MOSFET, IGBT, tiristor ou outros) e um passivo
(diodo). Não há a condução simultânea do diodo e do interruptor ativo, os quais operam de
forma complementar, sendo que esta característica define estas estruturas como célula de
comutação de dois estados (Balestero, 2006). Além do primeiro e segundo estados, há o
estado neutro, que ocorre quando nenhum dos interruptores (ativo ou passivo) está
conduzindo e, consequentemente, neste intervalo de tempo não há transferência de energia
da fonte para a carga. O conversor pode operar em dois modos de condução: contínua
9
(MCC) e descontínua (MCD). No primeiro modo, os interruptores da célula de comutação
alternam entre os dois estados de operação, enquanto que no segundo modo alternam entre
os estados primeiro, segundo e neutro. A estrutura da célula de comutação dos conversores
clássicos é apresentada na Figura 2.5.
a
D
S
b
c
a
D
S
b
c
1° Estado
S OND OFF
2° Estado
S OFFD ON
a
D
S
b
c
Neutro
S OFFD OFF
MCC
MCD
Figura 2.5: Célula de comutação de dois estados dos conversores CC-CC PWM não isolados
clássicos. Fonte: Adaptado de (Bascopé, 2001).
2.4 Obtenção da Célula de Comutação de Três Estados Tipo B
As células de comutação de três estados podem ser obtidas a partir do conversor
clássico isolado do tipo push-pull. As estruturas obtidas são classificadas como células A, B,
C, D e E. Neste trabalho, o foco é a célula B, sendo os demais tipos descritos em (Bascopé,
2001). A obtenção da célula de comutação do tipo B a partir do conversor push-pull, ou
transformador CC paralelo, é ilustrado na Figura 2.6 e contempla os seguintes passos:
Inicialmente, apresenta-se o conversor push-pull, alimentado em corrente;
refere-se o lado secundário do transformador ao lado primário;
o terminal negativo da fonte de saída, conectado ao tap central do transformador,
é conectado ao terminal positivo da fonte de entrada.
rearranja-se o circuito.
10
Np NsL
Vi+-
S2
D2
S1
D1
T2
T1
Np Ns
S2S1
D1
D2
Vo+- T1
L
Vi+-
T2
S2S1
D1
D2
Vo+-
T1L
Vi+-
T2
S2S1
D1
D2
Vo+-
a
b
cL
Vi+-
Vo+-
b
c
a
Figura 2.6: Obtenção da célula B a partir do conversor push-pull.
Na Figura 2.6, a célula B é o conjunto formado pelos componentes dentro dos pontos
limitados pelas letras a, b e c, que são: dois interruptores controlados (S1 e S2), dois diodos
(D1 e D2) e um autotransformador de alta frequência com relação unitária de espiras. No
ponto c, há sempre um ramo indutivo, enquanto que entre os ramos a e b sempre há um
ramo capacitivo. O conversor buck-boost é obtido substituindo-se a fonte de saída pela
associação em paralelo do resistor e capacitor de saída.
No primeiro estado de comutação, os dois interruptores ativos (S1 e S2) estão em
condução, enquanto os diodos (D1 e D2) estão bloqueados. No segundo estado, um ramo da
célula composto por interruptor controlado e diodo conduz enquanto o outro ramo permanece
bloqueado, respeitando-se o critério de simetria dos interruptores ativos e passivos, ou seja,
enquanto S1 e D2 conduzem, S2 e D1 estão bloqueados, e vice-versa, de forma a garantir o
balanceamento do sistema. No terceiro estado, os dois interruptores ativos (S1 e S2) estão
em bloqueados, enquanto os diodos (D1 e D2) estão em condução. No estado neutro todos
os interruptores e diodos estão bloqueados. O comportamento da célula de comutação tipo B
de três estados é representado na Figura 2.7, em que é possível verificar os estados dos
interruptores e diodos em função dos estados de comutação.
11
T2
T1L
b
c
a
D1 D2
S1 S2
T2
T1L
b
c
a
D1 D2
S1 S2
T2
T1L
b
c
a
D1 D2
S1 S2
1° Estado
S1
ONS2
OND1
OFFD2
OFF
2° Estado
S1
ONS2
OFFD1
OFFD2
ONOFF ON ON OFF
T2
T1L
b
c
a
D1 D2
S1 S2
3° Estado
S1
OFFS2
OFFD1
OND2
ON
T2
T1L
b
c
a
D1 D2
S1 S2
Neutro
S1
OFFS2
OFFD1
OFFD2
OFF
Figura 2.7: Célula de comutação de três estados do tipo B.
As amplitudes das correntes nos enrolamentos do autotransformador são iguais
devido à relação unitária de espiras, garantindo o balanceamento do sistema. Desta forma,
a energia processada pelo ramo formado por S1 e D2 é a mesma da processada por S2 e D1.
Portanto, na célula de comutação de três estados a corrente de saída é dividida entre estes
dois ramos, enquanto que na célula de dois estados toda a potência de saída deve ser
processada por apenas um ramo, formado por um diodo e um interruptor.
Consequentemente, os esforços de corrente e potência dissipada são menores nos
componentes semicondutores da célula de comutação de três estados do que na célula de
dois estados considerando um mesmo ponto de operação. Essa característica torna
interessante a aplicação desta estrutura em conversores que processem potências mais
elevadas, particularmente em aplicações que envolvam o emprego de altas correntes.
2.5 Conversor Buck-Boost 3SSC
O conversor buck-boost gerado a partir da célula tipo B é apresentado na Figura 2.8.
Conforme foi mencionado, essa topologia é obtida substituindo-se a fonte de saída pela
associação em paralelo do resistor e capacitor de saída na Figura 2.6.
12
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 2.8: Conversor buck-boost gerado a partir da célula de comutação de três estados tipo
B.
Esta estrutura pode operar em dois modos de operação: modo de não sobreposição,
quando D<0,5 e os interruptores ativos não permanecem simultaneamente em um mesmo
estágio de operação; e modo de sobreposição, quando D>0,5 e a corrente flui através dos
dois interruptores ativos simultaneamente em um dado estágio de operação. Assim como o
conversor buck-boost tradicional, apesar de ser capaz de operar em toda faixa relacionada
ao ciclo de trabalho 0≤D≤1, o conversor buck-boost 3SSC não apresenta o mesmo
comportamento para os modos de operação mencionados, levando a análises, qualitativa e
quantitativa distintas (Bascopé, 2001).
Com relação à corrente no indutor, o conversor buck-boost pode trabalhar em modo de
condução contínua (MCC), em que a corrente no indutor não se anula ao longo do período
de comutação; e modo de condução descontínua (MCD), sendo que a corrente do indutor
torna-se nula durante um determinado intervalo de tempo.
2.6 Considerações Finais
Foi realizada neste capítulo uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos que
envolvem a célula de comutação de três estados. A partir da apresentação de conceitos
relacionados às células de auxílio à comutação e estruturas de conversores disponíveis na
literatura atual, foi justificada a utilização da célula de três estados na concepção de novas
estruturas de conversores estáticos de potência. Assim, foi possível verificar que, através da
inserção de snubbers, é possível tornar as comutações dos interruptores não disspativas ou
pouco dissipatitvas, mas somente as perdas por comutação são minimizadas, permanecendo
as perdas por condução.
As associações em série e/ou paralelo de conversores ou componentes
semicondutores contribuem para o aumento da capacidade dos conversores, porém os
conversores multiníveis de tensão não resolvem os problemas relacionados aos altos picos
de correntes nos semicondutores e a técnica de entrelaçamento, embora permita um melhor
13
compartilhamento de corrente e consequentemente menor estresse nos semicondutores, os
problemas relacionados a correntes parasitas são agravados devido a elevação da
frequência de operação.
A introdução da célula de comutação de três estados nos conversores tradicionais
viabiliza o emprego em aplicações de potências elevadas, visto que há uma divisão
adequada da corrente entre os componentes semicondutores, naturalmente obtida devido à
presença do autotransformador.
14
Capítulo 3 - CONVERSOR BUCK-BOOST 3SSC OPERANDO
EM MODO DE NÃO SOBREPOSIÇÃO (D<0,5)
3.1 Considerações Iniciais
Este capítulo tem como objetivo a realização das análises qualitativa e quantitativa do
conversor buck-boost utilizando a célula de comutação tipo B de três estados. As análises
são realizadas considerando o modo de não sobreposição dos sinais dos interruptores
controlados (D<0,5) e os modos de condução contínua, descontínua e crítica.
3.2 Modo de Condução Contínua (MCC)
Neste modo, a corrente do indutor não se torna nula, não há a sobreposição dos sinais
aplicados nos interruptores controlados e o conversor apresenta características de um
conversor buck.
3.2.1 Análise Qualitativa
O período de comutação pode ser dividido em quatro etapas de operação. A Tabela 3.1
apresenta os estados dos interruptores durante estas etapas, sendo que ON significa que o
interruptor está em condução e OFF indica o bloqueio.
Tabela 3.1: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC.
Semicondutor 1ª Etapa [t0, t1] 2ª Etapa [t1, t2] 3ª Etapa [t2, t3] 4ª Etapa [t3, t4]
S1 ON OFF OFF OFF
S2 OFF OFF ON OFF
D1 OFF ON ON ON
D2 ON ON OFF ON
Primeira etapa [t0, t1]: No instante t0, o interruptor S1 entra em condução enquanto S2
encontra-se bloqueado. O diodo D2 entra em condução enquanto D1 está polarizado
reversamente. Parte da energia é transferida para a carga diretamente pelo
autotransformador (através do enrolamento T2) e pelo diodo D2, sem circular pelo interruptor.
15
Esta é uma grande vantagem desta topologia em relação aos conversores entrelaçados. A
Figura 3.1 apresenta em destaque o percurso da corrente e os componentes envolvidos
nesta etapa:
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 3.1: Primeira etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição
e MCC.
A relação unitária de espiras nos enrolamentos do autotransformador implica a
garantia de balanço adequado das correntes e tensões no primário e secundário, desde que
o autotransformador seja adequadamente construído. Assim, é possível realizar a análise do
circuito que representa o comportamento do conversor em [t0, t1], resultando em:
L Vo ii t i t i t
(3.1)
2 1L T i Tov t v t v t V v t (3.2)
1 2oi T TV v t v t v t (3.3)
1 2
1 2
T T
T Ti
v t v t
t i t
(3.4)
L
L
di tv t L
dt (3.5)
o
o
Co
dv ti t C
dt (3.6)
o
o
o
v ti t
R (3.7)
sendo:
iC0(t): corrente instantânea no capacitor de saída;
ii(t): corrente instantânea de entrada;
iL(t): corrente instantânea no indutor;
i0(t): corrente instantânea de saída;
iT1(t): corrente instantânea no enrolamento primário do autotransformador;
iT2(t): corrente instantânea no enrolamento secundário do autotransformador;
16
ivo(t): corrente instantânea total de saída;
Vi: tensão de entrada;
vL(t): tensão instantânea no indutor;
vo(t): tensão instantânea de saída;
vT1(t): tensão instantânea no enrolamento primário do autotransformador;
vT2(t): tensão instantânea no enrolamento secundário do autotransformador.
Considerando que as correntes nos enrolamentos do autotransformador são iguais,
tem-se:
i Vo o Coi t i t i t i t (3.8)
A partir da substituição de (3.6), (3.7) e (3.8) em (3.1), obtém-se:
2o
o
o
L
o
v t dv ti t C
R dt
(3.9)
Analogamente, considerando (3.5) e (3.4) em (3.3) e em (3.2), obtém-se:
2o
L
i
di tV v t L
dt (3.10)
A derivada da tensão de saída pode ser considerada como a variação da tensão de
saída no intervalo [t0, t1], assim como a derivada da corrente no indutor pode ser considerada
como a variação da corrente no indutor neste mesmo intervalo de tempo. Obtém-se então:
Δ oodv t V (3.11)
L L M mdi t I I I (3.12)
1 0st t
s
Ddt t DT
f
(3.13)
sendo:
fs: frequência de comutação;
Ts: período de comutação;
IM: corrente máxima no indutor;
Im: corrente mínima no indutor;
ΔVo: variação de tensão de saída;
ΔIL: variação de corrente no indutor;
Δt: intervalo de tempo.
Substituindo (3.11) e (3.13) em (3.9), obtém-se:
17
Δ
2 os
Lo o
o
V V fI C
R D
(3.14)
Substituindo (3.12) e (3.13) em (3.10), obtém-se:
2oL s
i
I fV V L
D
(3.15)
Segunda etapa [t1, t2]: Nesta etapa, o interruptor S1 é bloqueado, enquanto S2 permanece
bloqueado. O diodo D1 passa a conduzir enquanto D2 permanece conduzindo. A tensão no
indutor tem a polaridade invertida para manter o fluxo magnético e a energia armazenada no
indutor na primeira etapa passa a ser transferida para a carga, conforme mostra a Figura
3.2.
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 3.2: Segunda etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição
e MCC.
Pode-se verificar que na segunda etapa de operação apenas o indutor fornece
energia para a carga e a corrente de entrada torna-se nula. Analisando o circuito, obtém-se:
2 1L o T Tv t v t v t v t (3.16)
L Vo o Coi t i t i t i t (3.17)
0ii t (3.18)
A conexão entre os terminais de maior potencial do enrolamento secundário e menor
potencial do enrolamento primário faz com que o autotransformador seja visto como um
curto-circuito, o que leva a diferença de potencial nula nos seus enrolamentos. Então, tem-
se:
1 2 0T Tv v (3.19)
Substituindo (3.5) e (3.19) em (3.16), obtém-se:
L
o
di tv t L
dt (3.20)
Substituindo (3.6) e (3.7) em (3.17), obtém-se:
18
0
o
o
o
L
v t dv ti t C
R dt (3.21)
Conforme foi mencionado anteriormente, a derivada da tensão de saída é
considerada como a variação da tensão de saída no intervalo [t1, t2], assim como a derivada
da corrente no indutor é considerada como a variação da corrente no indutor neste mesmo
intervalo de tempo. Obtém-se então:
1 2
2 2
ss
s
T Ddt DT
f
(3.22)
A variação de corrente no indutor é igual na primeira e segunda etapas. Então,
substituindo (3.12) e (3.22) em (3.20), obtém-se:
0
2
1 2
s Lf L IV
D
(3.23)
A variação da tensão de saída é igual na primeira e segunda etapas. Então,
substituindo (3.11) e (3.22) em (3.21), obtém-se:
0 0 0
0
2
1 2
sL
V f C VI
R D
(3.24)
Terceira etapa [t2, t3]: O comportamento do conversor na terceira etapa é similar ao da
primeira etapa, mas neste intervalo o interruptor S1 e o diodo D2 estão bloqueados,
enquanto S2 e D1 conduzem.
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 3.3: Terceira etapa de operação do conversor operando em modo de não sobreposição
e MCC.
Quarta etapa [t3, t4]: O comportamento do conversor na quarta etapa é exatamente igual
àquele da segunda etapa.
19
3.2.2 Formas de Ondas Teóricas
As principais formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando
em modo de não sobreposição (D<0,5) e modo de condução contínua (MCC) são
apresentadas na Figura 3.4.
Io
TDT
T/2
T
t
t
t
t
t
t
t
t
T(1-2D)/2
t0
t 1 t2 t3
VD1
VS1
ICo
ID1
IS1
Vg2
Vg1
VL
-Vo
ILIM
Im
DT T(1-2D)/2
2
I M
2
Im
2
IM
2
I m
t-(Vo+Vi)
Vo+Vi
(Vi-Vo)/2
I L
t
I i2
IM
2
Im
I vo
t
Io
Figura 3.4: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de não sobreposição e MCC.
Nota-se que os sinais de tensão aplicados nos interruptores (Vg1 e Vg2) não se
sobrepõem para D<0,5. Também é possível verificar que a corrente no indutor não se anula
em nenhum instante de tempo, caracterizando o modo de condução contínua. A corrente de
entrada é pulsada e os diodos e interruptores são submetidos à tensão equivalente à soma
das tensões de entrada e saída do conversor.
20
3.2.3 Análise Quantitativa
Com base na análise das etapas de operação, é possível obter as equações que
permitem o cálculo dos componentes do estágio de potência do conversor.
3.2.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica
O ganho estático pode ser obtido considerando que as variações da corrente no
indutor na primeira e segunda etapa são iguais:
0 1 1 2[ , ] [ , ]L LI t t I t t (3.25)
As variações da corrente no indutor na primeira e segunda etapas são obtidas através
das equações (3.15) e (3.23), respectivamente. Inicialmente, isola-se o termo ΔIL nestas
equações, igualando-as e, então, obtém-se a relação entre a tensão de entrada e saída (Gv)
como:
0
1v
i
V DG
V D
(3.26)
Assim, a razão cíclica é dada por:
0
0 1
v
i v
V GD
V V G
(3.27)
A variação do ganho estático em função da razão cíclica é apresentada na Figura
3.5.
Figura 3.5: Relação entre Gv e D para o conversor buck-boost operando em modo de não
sobreposição e MCC.
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
D
Gv
21
3.2.3.2 Indutor de Filtro
O valor do indutor é obtido diretamente da equação (3.23):
1 2
2 L
o
s
V DL
f I
(3.28)
3.2.3.3 Capacitor de Filtro de Saída
O valor do capacitor de saída pode ser obtido considerando que as variações da
tensão de saída na primeira e segunda etapa são iguais:
0 1 1 2[ , ] [ , ]o oV t t V t t (3.29)
As variações da tensão de saída na primeira e segunda etapas são obtidas pelas
equações (3.14) e (3.24), respectivamente. Inicialmente, isola-se o termo ΔVo nestas
expressões, igualando-as e então isolando o termo referente ao capacitor de saída (Co).
Obtém-se então:
1 2
2 1o
s o
o
o
V D DC
f R V D
(3.30)
3.2.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor
A determinação dos esforços de tensão e corrente a que são submetidos os
componentes do conversor, principalmente os dispositivos semicondutores, é necessária
para que estes sejam especificados de forma a suportarem as condições de trabalho
impostas, possibilitando a escolha do modelo comercial disponível que apresente as
características requeridas pelo projeto, dentro do menor custo possível. Particularmente com
relação ao indutor de alta frequência, o conhecimento dos esforços de tensão e corrente
possibilitará a escolha do núcleo magnético e bitola dos condutores que o constitui.
Considerando a Figura 3.4, verifica-se que na primeira e terceira etapas a corrente
instantânea no indutor é a somatória de seu valor mínimo (Im) com o valor correspondente a
sua variação no tempo. Com base nesta premissa, obtém-se a corrente instantânea no
indutor na primeira e terceira etapas a partir da equação (3.10).
0 1 2 3[ , ]( ) [ , ]( ) 2
L
m
oi
L L m
di tt t
V Vi i It t t t
tt I
d L
(3.31)
Na segunda e quarta etapas, a corrente instantânea no indutor é igual ao seu valor
máximo (IM) subtraído do valor correspondente a sua variação no tempo. Com base nesta
premissa, obtém-se a corrente instantânea no indutor na segunda e quarta etapas, a partir da
equação (3.20).
22
1 2 3 4[ , ]( ) [ , ]( )L
L L M Mo
di tt t t t t t
Vi i I I t
dt L (3.32)
A corrente máxima no indutor é a soma da corrente média representada por (3.14) e a
metade da variação de corrente no indutor dada em (3.15), enquanto a corrente mínima é a
subtração da corrente média e a metade da variação de corrente no indutor, conforme (3.33)
e (3.34), respectivamente.
Δ
22 4
i sLM L
s
oo oo
o
V V DTV VII I C
R DT L
(3.33)
Δ
22 4
i sLm L
s
oo oo
o
V V DTV VII I C
R DT L
(3.34)
A corrente eficaz no indutor pode ser calculada considerando as equações (3.31) a (3.34)
e aplicando a definição de valor eficaz.
22 2
( )
0 0
2 2 2 2
( )
0 1 1 2[ ,1
/ 2
3 4 ² 8
]( ) [ , ](
48
)
41
12 1 ²
ss
s
TDT
DT
L ef L L
s
L L o L
L ef
I i dt i dtT
D I D
t t t t t
I I I
t
ID
(3.35)
A corrente média no indutor pode ser calculada considerando as equações (3.31) a (3.34)
e aplicando a definição de valor médio.
0 1 1
2
0 0
2
1[ , ]( ) [ , ]( )
/ 2 1
ss
s
TDT
DT
oL L L
s
II i dt i dt
Tt
Dt t t t t
(3.36)
A máxima tensão a que os interruptores são submetidos é igual à soma das tensões de
entrada e saída, conforme pode ser verificado na Figura 3.4.
( ) max i oSV V V (3.37)
Analisando a Figura 3.1, pode-se verificar que na primeira etapa a corrente no indutor é
igual à soma das correntes que fluem no primeiro interruptor e segundo diodo, sendo estas
últimas iguais devido ao mesmo número de espiras nos enrolamentos primário e secundário
do autotransformador. Então, considerando (3.31), obtém-se a corrente instantânea no
primeiro interruptor. Já na segunda etapa, conforme pode ser verificado na Figura 3.2, a
corrente em ambos interruptores é nula.
0 1[ , ] 2 4
( )om
S
iV VIt t ti t
L
(3.38)
23
1 2 2 3 3 4[ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( )S S St t t t t t i t t ti i (3.39)
A corrente eficaz em cada interruptor pode ser calculada como:
2
( )
0
3 2 2 2 2
( )
1
2 4
3 4 8 ² 48 41
24 1 ²
sDT
imS ef
s
L
o
L o L
S ef
V VII t dt
T L
D I D I DI D II
D
(3.40)
A corrente média em cada interruptor é definida como:
0
1
2 4 2 1
sDT
im oS
s
oV VI DII t dt
T L D
(3.41)
A máxima tensão reversa a que são submetidos os diodos é:
( ) max i oDV V V (3.42)
Analisando a Figura 3.1, pode-se verificar que na primeira etapa a corrente que flui pelo
primeiro diodo é nula, enquanto na segunda e quarta etapas, conforme a Figura 3.2, a
corrente que flui no indutor é igual à soma das correntes nos diodos. Conforme pode ser
verificado na Figura 3.4, na terceira etapa, o primeiro diodo e o segundo interruptor estão
conduzindo, suas correntes são iguais e a soma delas é igual à corrente instantânea no
indutor. Então, considerando (3.31) e (3.32), obtém-se a corrente instantânea no diodo:
0 1[ , ]( ) 0D ti t t (3.43)
1 2 3 4[ , ]( ) [ , ]
2 2( ) oM
D Dt t t t t tVI
I I tL
(3.44)
2 3[ , ]( )2 4
mD
oit t
V V tII
Lt
(3.45)
A corrente eficaz em cada diodo pode ser calculada como:
222 2
/2
( ) 2
2
2 2 2 2
( )
2 2 2 41
2 2
3 ² 2 121
12 1
s ss
s s
s
ss
T TDT
imM
DT T
D ef Ts
M
TDT
L L o
oo
o
L
D ef
V V tV t IIdt dt
L LI
T V tIdt
L
D I D I I II
D
(3.46)
A corrente média em cada diodo é definida como:
24
2 2
/2
2
2 2 2 41
2
2 2
s ss
s s
s
ss
T TDT
imM
DT T oD T
sM
T
o
DT
ooV V tV t II
dt dtL L I
I dtT V tI
dtL
(3.47)
3.3 Modo de Condução Descontínua (MCD)
Neste modo, a corrente no indutor torna-se nula durante um determinado intervalo de
tempo, não há a sobreposição dos sinais aplicados nos interruptores controlados e o
conversor apresenta características de uma estrutura buck.
3.3.1 Análise Qualitativa
O período de comutação pode ser dividido em seis etapas de operação. A Tabela 3.2
apresenta os estados dos interruptores durante estas etapas, sendo que ON significa que o
interruptor está em condução e OFF indica o bloqueio.
Tabela 3.2: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCD.
Semicondutor
1ª Etapa [t0, t1]
2ª Etapa [t1, t2]
3ª Etapa [t2, t3]
4ª Etapa [t3, t4]
5ª Etapa [t4, t5]
6ª Etapa [t5, t6]
S1 ON OFF OFF OFF OFF OFF
S2 OFF OFF OFF ON OFF OFF
D1 OFF ON OFF ON ON OFF
D2 ON ON OFF OFF ON OFF
Primeira etapa [t0, t1]: A primeira etapa de operação do conversor operando em MCD é
similar à primeira etapa do conversor operando em MCC. No instante t0, o interruptor S1
entra em condução, enquanto S2 encontra-se bloqueado. O diodo D2 entra em condução,
enquanto D1 está polarizado reversamente. A Figura 3.1 apresenta o circuito equivalente
para esta etapa de operação. As equações (3.1) a (3.15) representam o comportamento do
sistema neste intervalo. Porém, no início dessa etapa, a corrente no indutor é igual a zero
(Im=0), a qual cresce linearmente até atingir seu valor máximo (IM). Consequentemente, a
variação da corrente na primeira etapa de operação é igual a sua corrente máxima e a
equação (3.12) torna-se:
0 1 0 1 [ , ] [ , ]L M m L MtI I It t tI I (3.48)
25
Segunda Etapa [t1, t2]: A segunda etapa de operação do conversor operando em MCD é
similar à segunda etapa do conversor operando em MCC, porém o tempo em que ocorre é
inferior, durando a partir do término da primeira etapa até o momento em que a corrente no
indutor torna-se nula. Nesta etapa, o interruptor S1 é bloqueado, enquanto S2 permanece
bloqueado. O diodo D1 passa a conduzir enquanto D2 permanece conduzindo. A tensão no
indutor tem a polaridade invertida para manter o fluxo magnético e a energia armazenada no
indutor na primeira etapa passa a ser transferida para a carga até o descarregamento total
do indutor. A Figura 3.2 apresenta o circuito equivalente do conversor. As equações (3.16) a
(3.21) representam o comportamento do sistema nesta etapa de operação. No início deste
intervalo, a corrente no indutor é máxima (IM) e diminui até atingir zero (Im=0) no final do
período. Consequentemente, a variação da corrente na segunda etapa de operação é igual
a sua corrente máxima:
1 2 1 2 [ , ] [ , ]L M m L MtI I It t tI I (3.49)
A corrente máxima que circula através do indutor é obtida substituindo (3.49) em (3.15):
2
i o
M
s
V V DI
Lf
(3.50)
O tempo de duração do segundo intervalo (tx) é calculado substituindo (3.50) em (3.49) e
a expressão resultante em (3.20):
2
oi
x
o s
V V Dt
V f
(3.51)
Substituindo (3.12) e (3.51) em (3.20), obtém-se:
2 s L
o i
f L IV V
D
(3.52)
Substituindo (3.11) e (3.51) em (3.21), obtém-se:
2o s o o oL
o i o
V f V C VI
R V V D
(3.53)
Terceira etapa [t2, t3]: Na terceira etapa, a corrente no indutor torna-se nula, os interruptores
permanecem desligados e os diodos estão bloqueados. A energia fornecida para a carga é
proveniente apenas pelo capacitor de saída, conforme mostra a Figura 3.6.
26
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 3.6: Terceira etapa de operação do conversor operando em MCD e NOM.
Analisando o circuito, obtém-se:
0 Coi t i t (3.54)
Substituindo (3.7) e (3.6) em (3.54), obtém-se:
0
0
o
o
v t dv tC
R dt (3.55)
O intervalo de tempo da terceira etapa é a diferença entre a metade do período de
comutação e a soma entre o tempo de acionamento do interruptor e de descarregamento do
indutor:
2 3[ , ]2
sx s
Tt t t t DT (3.56)
Substituindo (3.51) em (3.56), obtém-se:
2 3
( )[ , ]
2
o o i
o s
V D V Vt t t
V f
(3.57)
Considerando (3.57) em (3.55), obtém-se:
2
( )
o o o o s
o o o i
V V C V f
R V D V V
(3.58)
Quarta [t3, t4], quinta [t4, t5] e sexta [t5, t6] etapas: A quarta, quinta e sexta etapas de
operação do conversor são similares à primeira, segunda e terceira etapas,
respectivamente.
27
3.3.2 Formas de Ondas Teóricas
As principais formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando
em modo de não sobreposição (D<0,5) e modo de condução descontínua (MCD), são
apresentadas na Figura 3.7. Nota-se que os sinais de tensão aplicados nos interruptores (Vg1
e Vg2) não se sobrepõem. Também é possível verificar que a corrente no indutor é nula
durante a terceira e sexta etapas de operação, caracterizando o modo de condução
descontínua. A corrente de entrada é pulsada e os diodos e interruptores são submetidos à
tensão equivalente a soma das tensões de entrada e saída do conversor.
Io
TDT
T/2
T
t
t
t
t
t
t
t
t
T(1-2D)/2
t0
t 1 t3 t4
VD1
VS1
ICo
ID1
IS1
Vg2
Vg1
VL
-Vo
IM
2
I M
2
I M
t-(Vo+Vi)
Vo+Vi
(Vi-Vo)/2
I L
t
I i 2
IM
tx
- tx
DT
T(1-2D)/2
tx
- tx
t2 t5
Ivo
t
2
IM
IM
Io
Figura 3.7: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de não sobreposição e MCD.
28
3.3.3 Análise Quantitativa
Com base na análise das etapas de operação, é possível obter as equações que
permitem o cálculo dos componentes do circuito de potência do conversor.
3.3.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica
O ganho estático é definido a partir da corrente média total de saída Ivo(med),
numericamente igual à corrente de carga Io. Considera-se a forma de onda de Ivo
apresentada na Figura 3.7 e aplica-se a definição do valor médio, considerando A1 a área
formada pelo triângulo de base (t1-t0) e altura Im/2, enquanto A2 é a área formada pelo
triângulo de base (t2-t1) e altura IM. Tem-se então:
/2
1 2
0
/ 22
2 21 2
/ 2
/ 2/ 2
2
s
s M x MT
vo o vo
s s s
M s xs M x M
M x s
s s
DT I t I
I I I dt A AT T T
I DT tDT I t I DI t
T Tf
(3.59)
Substituindo (3.50) e (3.51) em (3.59), encontra-se o valor médio da corrente total de
saída:
0
0
²
4
i i
o
s
V V V DI
LV f
(3.60)
Parametrizando a expressão (3.60), tem-se:
0
0
² 1 ²4 i vs o
i v
V V D G Df LI
V V G
(3.61)
Isolando o ganho estático em (3.60), chega-se a:
²
²v
DG
D
(3.62)
A relação entre o ganho estático e a razão cíclica para valores de γ variando de
0,001 a 0.2 é apresentada no gráfico da Figura 3.8. Verifica-se que, quando o conversor
opera em modo de condução descontínua, o ganho de tensão não depende apenas da
razão cíclica, mas também de outros fatores, como a indutância, a frequência de comutação
e a corrente de saída. Esta característica torna este modo menos atraente, visto que a não
linearidade entre o ganho de tensão e a razão cíclica requer um sistema de controle mais
sofisticado, caso o conversor opere em malha fechada.
29
Figura 3.8: Relação entre o ganho estático e a razão cíclica para o conversor buck-boost
operando em modo de não sobreposição e MCD.
3.3.3.2 Indutor de Filtro
O valor do indutor é obtido diretamente da equação (3.52):
2 L
i o
s
V V DL
f I
(3.63)
3.3.3.3 Capacitor de Filtro de Saída
O valor do capacitor de saída é obtido diretamente da equação (3.58):
( )
2
o o io
o o s
V D V VC
V R f
(3.64)
3.3.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor
Assim como no modo de condução contínua, a determinação dos esforços de tensão
e corrente a que são submetidos os componentes do conversor é necessária para que estes
sejam especificados corretamente.
Considerando a Figura 3.7, verifica-se que o comportamento da corrente instantânea que
flui através do indutor se repete a cada meio período de comutação. No primeiro e quarto
estágios, a corrente cresce linearmente de zero até seu valor máximo (IM) e seu
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.50
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
D
Gv
y=0,001
y=0,01
y=0,05
y=0,1
y=0,2
30
comportamento dinâmico é similar ao da primeira etapa em MCC. Portanto, com base no
exposto e considerando a equação (3.10), obtém-se:
0 1 3 4[ , ]( ) [ , ]( )2
L i o
L L
dit t t t t t
t V Vi i t
dt L
(3.65)
No segundo e quinto estágios, a corrente decresce linearmente, partindo de seu
valor máximo até atingir zero. Seu comportamento dinâmico é similar ao da segunda etapa
em MCC. Portanto, com base no exposto e considerando a equação (3.20), obtém-se:
1 2 4 5[ , ]( ) [ , ]( )L
L L M Mo
di tt t t t t t
Vi i I I t
dt L (3.66)
No terceiro e sexto estágios, a corrente no indutor é nula. De acordo com o exposto, tem-
se:
2 3 5 6[ , ]( ) [ , ]( ) 0L Li it t t t t t (3.67)
A corrente máxima no indutor é ao valor instantâneo no final da primeira etapa de
operação e a corrente mínima é igual a zero.
2 2
i i
M s
s
o oV V V V DI DT
L Lf
(3.68)
0mI (3.69)
A corrente eficaz no indutor pode ser calculada considerando os valores instantâneos da
corrente nos intervalos conforme as equações (3.65) a (3.67), os tempos de duração de cada
etapa, e aplicando a definição de valor eficaz:
0 1 1
2 2
( )
0 0
2
( )
[ , ]( ) [ , ]1
/ 2
3
( )
6
s xDT t
L ef L L
s
i o i o
L ef
o s o
I i dt i dtT
D V V D
t t t t t t
V VI
LV f V
(3.70)
A corrente média pode ser calculada considerando os valores instantâneos da corrente
nos intervalos, conforme as equações (3.65) a (3.67), os tempos de duração de cada etapa,
e aplicando a definição de valor eficaz.
0 1
2 2 2
0
1 2
0
[ , ]( ) [1
/ 2, ]( )
4
s xDT ti o
L L L
s o s
t t t tD
tV V
I i dt i dtT L
tV f
(3.71)
A máxima tensão a que os interruptores são submetidos é igual à soma das tensões de
entrada e saída, conforme pode ser verificado na Figura 3.7.
( ) max i oSV V V (3.72)
31
Conforme apresentado na Figura 3.7, a corrente no primeiro interruptor equivale à
metade da corrente que flui pelo indutor, devido ao mesmo número de espiras dos
enrolamentos do autotransformador. Nas demais etapas, a corrente no interruptor é nula.
0 1
0 1
[ , ]
2 4
( )[ , ]( )
oL i
S
t t tt t
V Vii
Lt t
(3.73)
1 2 2 3 3 4 4 5 5 6[ , ] [ , ] [ , ] [ , ] [ , ] 0S S S S St t t t t t t ti i ti ti i (3.74)
A corrente eficaz em cada interruptor pode ser calculada como:
2 23
( ) 2 2
0
31 1
4 12
sDT
i io
S ef
s s
oV V D V VI t dt
T L L f
(3.75)
A corrente média em cada interruptor é definida como:
2
0
1
4 8
s
o
DT
i
S
s
oi
s
V V D V VI t dt
T L Lf
(3.76)
A tensão de pico reversa a que são submetidos os diodos é:
( ) max i oDV V V (3.77)
Conforme apresentado na Figura 3.7, a corrente que flui pelo primeiro diodo corresponde
à metade do valor da corrente no indutor na segunda, quarta e quinta etapas. Na primeira,
terceira e sexta etapas, a corrente é nula. Portanto, tem-se:
0 1 2 3 5 6[ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( ) 0D D Dt t t t t t t ti i i t (3.78)
1 21 2 4 5
[ , ]( )[ , ]( ) [ ,
22 2]( ) L M
D Dot t t
t t t t t tVI I
I I tL
(3.79)
3 4
3 4
[ , ]
4
( )[ , ]( )
2
iL o
D
t t tt t
V VII
Lt t
(3.80)
A corrente eficaz em cada diodo pode ser calculada como:
22
( )
0 0
23
( ) 2 2
12
2 2 4
31
12
s
o
o
DT
i oMD ef
s
i i
D f
so
e
tx V V tV tII dt dt
T L L
D V V VI
L V f
(3.81)
A corrente média em cada diodo é definida como:
32
2
0 0
12
2 2 4 8
sDT
i o i iMD
s s
oo
o
tx V V t D V V VV tII dt dt
T L L LV f
(3.82)
3.4 Modo de Condução Crítica (MCCr)
O modo de condução crítica é o limiar entre os modos de condução contínua e
descontínua. Neste caso, o interruptor entra em condução no momento em que a corrente do
indutor torna-se nula. A primeira e segunda etapas de operação em MCCr equivalem à
primeira e à segunda etapas em MCD, respectivamente, porém o tempo de descarregamento
do indutor (tx) é equivalente ao tempo de duração da segunda etapa de operação:
1 2 1 2
2 2
s
x
s
tT D D
f
(3.83)
A Figura 3.9 apresenta as principais formas de ondas teóricas do conversor buck-boost
3SSC operando em MCCr. Verifica-se que a corrente no indutor torna-se nula a cada meio
período e, portanto, a corrente mínima (Im) é igual a zero e a variação da corrente no indutor
(ΔIL) é igual a sua corrente máxima (IM).
3.4.1 Determinação do Ganho Estático
O ganho estático pode ser obtido a partir da razão cíclica crítica, por sua vez determinada
igualando-se o ganho estático dos modos contínuo e descontínuo. Assim, obtém-se o valor
de razão cíclica limiar entre os dois modos igualando (3.26) a (3.62) e isolando a razão
cíclica:
1 1 8
4critD
(3.84)
TDT
T/2
T
t
t
t
t
T(1-2D)/2
t0
t 1 t2 t3
Vg2
Vg1
VL
-Vo
IM
DT T(1-2D)/2
(Vi-Vo)/2
I L
Figura 3.9: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de não sobreposição e MCCr.
33
O ganho estático no modo crítico é obtido substituindo-se a razão cíclica crítica em (3.84)
no ganho estático do conversor em MCC dado por (3.26):
1 1 8
1 3 1 8
crit
v crit
crit
DG
D
(3.85)
A relação entre o parâmetro γ e a razão cíclica crítica é apresentado no gráfico da Figura
3.10.
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30
0.1
0.2
0.25
0.3
0.4
0.5
Y
D
0.125
MCCrBuck-boost tradicional
MCCrBuck-boost 3SSC (D<0,5)
Figura 3.10: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-
boost 3SSC e tradicional operando em modo de não sobreposição (D<0,5).
A área em destaque representa a operação em MCD para o conversor buck-boost 3SSC
e área delimitada pela linha tracejada representa o operação em MCD para o conversor
tradicional, em que o ganho de tensão depende da corrente de saída Io (parametrizada por
γ). O valor máximo do ganho estático crítico do conversor buck-boost 3SSC ocorre em
γ=0,125 e D=0,25, mas ocorre em γ=0,25 e D=0,5 no conversor tradicional. Verifica-se então
que a área de operação no modo de condução contínua é maior para o conversor buck-boost
3SSC, sendo essa uma vantagem com relação à topologia tradicional em aplicações nas
quais o ganho de tensão não deve ser influenciado pela variação da corrente de saída.
3.4.2 Determinação da Indutância Crítica
A indutância crítica corresponde ao valor limiar de indutância entre os modos de
condução contínua e descontínua. A partir da Figura 3.10, nota-se que o valor limiar de γ é
0,125. O valor da indutância crítica então pode ser calculado substituindo este valor na
expressão (3.61):
34
32
icrit
s o
VL
f I (3.86)
3.4.3 Característica de Saída
A característica de saída do conversor proposto é obtida a partir dos ganhos estáticos
dos modos de condução contínua, descontínua e crítica, conforme apresenta a Figura 3.11.
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Y
Gv
0.125
D=0,45
D=0,4
D=0,35
D=0,3
D=0,25
D=0,2
D=0,15
D=0,1MCD
MCCMCCr
Figura 3.11: Característica de saída do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não
sobreposição (D<0,5).
A região delimitada pela curva que define o comportamento do conversor em MCCr, para
valores de γ inferiores a 0,125, corresponde ao modo de condução descontínua (MCD).
Verifica-se através das curvas que, quando o conversor opera em MCD, o ganho depende da
corrente de saída. O valor máximo do ganho estático crítico do conversor buck-boost 3SSC
ocorre em γ=0,125, enquanto que, no conversor buck-boost tradicional, ocorre em y=0,25
(Barbi & Martins, 2000). Consequentemente, a área de operação no modo de condução
contínua do conversor baseado na célula de três estados é maior que a do tradicional,
conforme foi anteriormente mencionado.
3.5 Considerações Finais
Neste capítulo, foram realizadas as análises qualitativa e quantitativa do conversor
buck-boost utilizando a célula de comutação de três estados tipo B. O modo de não
sobreposição dos sinais nos interruptores (D<0,5) foi considerado, assim como os modos de
condução contínua (MCC), descontínua (MCD) e crítica (MCCr).
35
As análises realizadas possibilitaram o conhecimento do comportamento das principais
variáveis do conversor proposto, representado pelas formas de ondas teóricas. Assim, é
possível definir as expressões que permitem o projeto do estágio de potência.
O ganho estático em MCC para o conversor buck-boost 3SSC é idêntico ao tradicional,.
Porém, a área de operação em MCC é maior para o conversor buck-boost 3SSC,
constituindo uma vantagem em aplicações nas quais o ganho de tensão não pode ser
influenciado pela variação da corrente de saída, porém menos atraente em aplicações que
requeiram a operação em modo de condução descontínua devido à faixa de operação mais
estreita neste modo.
36
Capítulo 4 - CONVERSOR BUCK-BOOST 3SSC OPERANDO
EM MODO DE SOBREPOSIÇÃO (D>0,5)
4.1 Considerações Iniciais
Este capítulo tem como objetivo a realização das análises qualitativa e quantitativa do
conversor buck-boost utilizando a célula de comutação de três estados tipo B. As análises
são realizadas considerando o modo de sobreposição dos sinais dos interruptores
controlados (D>0,5) e os modos de condução contínua, descontínua e crítica.
4.2 Modo de Condução Contínua (MCC)
Neste modo, a corrente do indutor não se anula, há a sobreposição dos sinais aplicados
nos interruptores controlados e o conversor apresenta características de uma estrutura boost.
4.2.1 Análise Qualitativa
O período de comutação pode ser dividido em quatro etapas de operação. A Tabela 4.1
apresenta os estados dos interruptores durante estas etapas, sendo que ON significa que o
interruptor está em condução e OFF indica o bloqueio.
Tabela 4.1: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC.
Semicondutor 1ª Etapa [t0, t1] 2ª Etapa [t1, t2] 3ª Etapa [t2, t3] 4ª Etapa [t3, t4]
S1 ON ON ON OFF
S2 ON OFF ON ON
D1 OFF OFF OFF ON
D2 OFF ON OFF OFF
Na Tabela 4.1, verifica-se que o tempo de acionamento do primeiro interruptor
equivale às três primeiras etapas de operação. Então, tem-se:
0 1 1 2 2 3[ , ] [ , ] [ , ] st t t t t t t t t DT (4.1)
3 4[ , ] s st t t T DT (4.2)
37
Considerando que os tempos de acionamento dos interruptores são iguais, obtém-
se:
1 2 3 4[ , ] [ , ] s st t t t t t T DT (4.3)
0 1 2 3[ , ] [ , ]
2
ss
Tt t t t t t DT (4.4)
Primeira etapa [t0, t1]: No instante t0, o interruptor S1 entra em condução enquanto S2
continua conduzindo. Os diodos D1 e D2 estão bloqueados. A Figura 4.1 apresenta em
destaque o circuito equivalente a esta etapa de operação:
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 4.1: Primeira etapa de operação do conversor operando em modo de sobreposição e
MCC.
A partir da análise do circuito apresentado na Figura 4.1, pode-se verificar que há
duas malhas distintas: a primeira é formada pela carga, sendo alimentada pelo capacitor de
saída, enquanto que a segunda é formada pelo indutor, sendo carregado pela fonte de
entrada. A conexão entre os terminais de maior potencial do enrolamento secundário com e
menor potencial do enrolamento primário faz com que o autotransformador seja visto como
um curto circuito, o que leva a uma diferença de potencial nula nos seus enrolamentos. Não
há circulação de corrente entre as malhas apresentadas na Figura 4.1 (Ivo[t0,t1]=0), ou seja, a
corrente no indutor é igual a corrente de entrada e a corrente na carga é igual ao inverso da
corrente no indutor considerando os sentidos adotados. Desta forma, obtém-se:
L iV V (4.5)
L ii t i t (4.6)
oCoi t i t (4.7)
Substituindo (3.5) em (4.5), obtém-se:
L
i
di tV L
dt (4.8)
Substituindo (3.6) e (3.7) em (4.7), obtém-se:
38
o
o
o
odv t v tC
dt R
(4.9)
A derivada da tensão de saída pode ser considerada como a variação da tensão de
saída no intervalo [t0, t1], assim como a derivada da corrente no indutor pode ser considerada
como a variação da corrente no indutor neste mesmo intervalo de tempo. O intervalo de
tempo da primeira etapa de operação é obtido pela equação (4.4):
2 1
2 2
ss
s
T Ddt DT
f
(4.10)
Substituindo (3.12) e (4.10) em (4.8), obtém-se:
2 1
2
i
L
s
V DI
f L
(4.11)
Substituindo (3.11) e (4.10) em (4.9) e considerando que o capacitor fornece energia
para a carga nesta etapa de operação, obtém-se:
2 1
2 s
o
o
o o
V D
RV
f C
(4.12)
Segunda etapa [t1, t2]: Essa etapa é similar à primeira etapa de operação do conversor em
modo de não sobreposição e MCC, mas a tensão no indutor é invertida para que se
mantenha o fluxo magnético. No instante t1, o interruptor S1 mantém-se em condução,
enquanto S2 torna-se bloqueado. O diodo D2 entra em condução, enquanto D1 está
polarizado reversamente. A Figura 4.2 apresenta o circuito equivalente a essa condição.
S2
D2
S1
D1
T2
T1L
Vi+-
Ro Co+
-
Figura 4.2: Segunda etapa de operação do conversor operando em modo de sobreposição e
MCC.
Analisando o circuito da Figura 4.2 e observando as referências adotadas, obtém-se:
L vo i Coo ii t i t i t i t i t i t (4.13)
2L Tov t v t v t (4.14)
1i L TV v t v t (4.15)
39
1 2oi T TV v t v t v t (4.16)
1 2i voT Ti t i t i t i t (4.17)
1 2T Tv t v t (4.18)
Substituindo (4.18) em (4.16) e em (4.15), obtém-se:
2
L o idi t v t V
dt L
(4.19)
Substituindo (3.6), (3.7) e (4.17) na equação (4.13), obtém-se:
2o
o
o
o
L
v t dv ti t C
R dt
(4.20)
Substituindo (3.5) e (3.4) em (4.16) e (4.14), obtém-se:
2L
io
di tv t V L
dt (4.21)
O intervalo de tempo da segunda etapa é obtido pela equação (4.3):
1 2
1[ , ] 1s
s
Ddt t t t T D
f
(4.22)
Substituindo (3.11) e (4.22) em (4.20), obtém-se:
Δ
21
sooL
o
o
V VI C
R D
f
(4.23)
Substituindo (3.12) e (4.22) em (4.21) e considerando que o indutor tem a tensão
invertida para manter o fluxo magnético, chega-se a:
21
oL
isf I
V V LD
(4.24)
Os valores mínimos e máximos da corrente no indutor podem ser calculados
considerando a variação da corrente no indutor neste intervalo de tempo com base na
corrente média em (4.23):
Δ
22 1 2
sL
o
mo o L
LoV C
D
f VI II I
R
(4.25)
Δ
22 1 2
sL o oM
o
LL
oV C
D
f VI II I
R
(4.26)
Terceira [t2, t3] e quarta etapas [t3, t4]: A terceira e quarta etapas são semelhantes à primeira
e segunda etapas, respectivamente.
4.2.2 Formas de Ondas Teóricas
As principais formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando
em modo de sobreposição (D>0,5) e MCC são apresentadas na Figura 4.3.
40
Io
TT(2D-1)/2
T/2
T
t
t
t
t
t
t
t
t
t
T(1-D)
t0
t 1 t2 t3
VD1
VS1
ICo
ID1
IS1
Vg
S1 Vg
S2
VL
Vi
ILIM
Im
T(2D-1)/2 T(1-D)
2
I M
2
Im
2
IM
2
I m
Vo+Vi
-(Vo+Vi)
(Vi-Vo)/2
IL
t
I i
I M
Im
Ivo
t
Io
2
Im2
IM
Figura 4.3: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de sobreposição e MCC.
Nota-se que os sinais de tensão aplicados nos interruptores (Vg1 e Vg2) se sobrepõem.
Também é possível verificar que a corrente no indutor não se anula em nenhum intervalo de
tempo, caracterizando o modo de condução contínua. A corrente de entrada é contínua e os
diodos e interruptores são submetidos à tensão equivalente a soma das tensões de entrada e
saída do conversor.
4.2.3 Análise Quantitativa
Com base na análise das etapas e no equacionamento realizado, é possível obter as
equações que permitem o cálculo dos componentes do estágio de potência do conversor.
4.2.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica
O ganho estático pode ser obtido considerando que as variações da corrente no
indutor na primeira e segunda etapa são iguais.
41
0 1 1 2[ , ] [ , ]L LI t t I t t (4.27)
As variações da corrente no indutor na primeira e segunda etapas são obtidas pelas
equações (4.11) e (4.24), respectivamente. Inicialmente, isola-se o termo referente à variação
da corrente do indutor, igualam-se as equações e então se isola a relação entre as tensões
de entrada e saída. Desta forma, obtém-se a equação do ganho estático:
0
1v
i
V DG
V D
(4.28)
De outra forma, a razão cíclica é dada por:
0
0 1
v
i v
V GD
V V G
(4.29)
Verifica-se na equação (4.28) que o ganho estático para o conversor buck-boost
3SSC é igual àquele do conversor buck-boost tradicional. A variação do ganho estático em
função da razão cíclica é apresentada na Figura 4.4.
Figura 4.4: Relação entre Gv e D para o conversor buck-boost operando em modo de
sobreposição e MCC.
0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.90
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
D
Gv
42
4.2.3.2 Indutor de Filtro
Conforme foi mencionado, as variações da corrente no indutor na primeira e segunda
etapas de operação são consideradas iguais, desta forma, a indutância de filtro é obtida
diretamente a partir da equação (4.11):
2 1
2
i
s L
V DL
f I
(4.30)
4.2.3.3 Capacitor de Filtro de Saída
A capacitância de filtro de saída pode ser obtida considerando que as variações da
tensão de saída na primeira e segunda etapa são iguais:
0 1 1 2[ , ] [ , ]o oV t t V t t (4.31)
Portanto, a capacitância é obtida diretamente da equação (4.12):
2 1
2 s
o
o
o o
V DC
f R V
(4.32)
4.2.3.4 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor
A determinação dos esforços de tensão e corrente a que são submetidos os
componentes do conversor permitem seu dimensionamento correto, sendo que as
expressões válidas para o conversor buck-boost 3SSC em modo de sobreposição são
apresentadas na sequência.
Considerando a Figura 4.3, verifica-se que na primeira e terceira etapas a corrente
instantânea no indutor é a somatória de seu valor mínimo (Im) com o valor correspondente a
sua variação no tempo. Com base nesta premissa, obtém-se a corrente instantânea no
indutor na primeira e terceira etapas a partir da equação (4.8):
0 1 2 3[ , ]( ) [ , ]( )L i
L L m m
di tt t t t t t
Vi i I I t
dt L (4.33)
Na segunda e quarta etapas, a corrente instantânea no indutor é igual ao seu valor
máximo (IM) subtraído do valor correspondente a sua variação no tempo, que pode ser obtida
a partir da equação (4.21). Obtém-se então:
1 2 3 4
0[ , ]( ) [ , ]( )
2
L i
L L M M
di t V Vi i I I t
dt t t
Lt t t
t
(4.34)
43
A variação da corrente no indutor é considerada igual na primeira e segunda etapas.
Desta forma, as correntes máxima e mínima no indutor podem ser obtidas substituindo (4.11)
nas equações (4.26) e (4.25), respectivamente:
3 1 1Δ2
1 4
o o o
o
i osM
s
V D V DV C V fI
R D f L
(4.35)
1Δ2
1 4
o o o
o
o ism
s
V V DV C V fI
R D f L
(4.36)
A corrente eficaz no indutor pode ser calculada substituindo (4.35) e (4.36) nas equações
(4.33) e (4.34) e aplicando a definição de valor eficaz.
2 22 2
( )
0
2
2 3 2 2 2 2 2
( ) 22
1
2
0 1 2[ , ]( )1
/ 2
4 12 13 6 48
48 1
[ , ]( )
s ss
ss
T TDT
L ef L L
TsDT
i o s i
L ef
s
t t t t tI i dt i dtT
DV D D D I L f VI
L f
t
D
(4.37)
A corrente média no indutor pode ser calculada substituindo (4.35) e (4.36) nas equações
(4.33) e (4.34) e aplicando a definição de valor médio.
0 1 1 2
2 2
0
2
[ , ]( ) [ , ]( )1
/ 2 1
s ss
ss
T TDT
oL L L
TsDT
II i dt i dt t t t t
Dt t
T
(4.38)
A máxima tensão a que os interruptores são submetidos é igual à soma das tensões de
entrada e saída, conforme pode ser verificado na Figura 4.3.
( ) max i oSV V V (4.39)
Analisando a Figura 4.1, podemos verificar que na primeira e terceira etapas a corrente
no indutor é igual à soma das correntes que fluem nos interruptores, as quais são iguais
devido à relação de espiras unitária dos enrolamentos primário e secundário do
autotransformador. Então, considerando a equação (4.35), obtém-se a corrente instantânea
no primeiro interruptor. Já na segunda etapa, conforme pode ser verificado na Figura 4.2, a
corrente no indutor é igual à soma das correntes que fluem no primeiro interruptor e no
segundo diodo, que são iguais devido à relação de espiras unitária do autotransformador. Já
na quarta e última etapa, a corrente no primeiro interruptor é nula. Desta forma, obtêm-se as
equações das correntes nos interruptores:
0 1 2 3[ , ] [ , ]
2 2
m iS S
I VI I
Lt tt t t (4.40)
44
1 2[ ,2 4
] i oM
S
V Vt t
II t
L
(4.41)
3 4[ , 0]S tI t (4.42)
A corrente eficaz em cada interruptor pode ser calculada como:
22
0( )
2 2/2
/2 /2
2 4 3 2 2 2 2
( ) 2 2 2
1 2 2
2 4 2 2
4 12 13 6 1 48
192 ( 1)
ss
s s
s s s
TDT
m i
S efT DTs
i o m iM
DT T T
i o s
S ef
s
I Vt dt
LI
TV V I VI
t dt t dtL L
DV D D D D DI L fI
L f D
(4.43)
A corrente média em cada interruptor é definida como:
2
0
/2
/2 /2
1 2 2
2(1 )
2 4 2 2
ss
s s
s s s
TDT
m i
oS
T DTs
i o m iM
DT T T
I Vt dt
DILI
T DV V I VIt dt t dt
L L
(4.44)
A máxima tensão reversa a que são submetidos os diodos é:
( ) max i oDV V V (4.45)
Analisando a Figura 4.3, pode-se verificar que na primeira, segunda e terceira etapas a
corrente no primeiro diodo é nula. Na segunda etapa, devido à relação de espiras unitária do
autotransformador, a corrente no primeiro diodo é igual à corrente no segundo interruptor,
sendo que a soma das mesmas é igual à corrente no indutor. Com base nestas premissas, é
possível determinar o comportamento da corrente no primeiro diodo em função das etapas
de operação:
0 1 1 2 2 3[ , ] [ , ] 0[ , ]D D DI t t t tI It t (4.46)
3 41( ) 2 4
i oMD t t t
V VII t
L
(4.47)
A corrente eficaz em cada diodo pode ser calculada como:
45
2
( )
2 3 2 2 2 2 2
( ) 4 4
1
2 4
4 12 13 6 48
192 (1 )
s
s
T
i oMD ef
s DT
i o s i
D ef
s
V VII t dt
T L
DV D D D I L f VI
L f D
(4.48)
A corrente média em cada diodo é definida como:
1
2 4 2
s
s
T
i o oMD
s DT
V V III t dt
T L
(4.49)
4.3 Modo de Condução Descontínua (MCD)
Neste modo, a corrente do indutor torna-se nula durante um determinado intervalo de
tempo, há a sobreposição dos sinais aplicados nos interruptores controlados e o conversor
apresenta características de um conversor boost.
4.3.1 Análise Qualitativa
O período de comutação pode ser dividido em seis etapas de operação. A Tabela 4.2
apresenta os estados dos interruptores durante estas etapas, de modo que ON significa que
o interruptor está em condução e OFF indica o bloqueio.
Tabela 4.2: Estados dos interruptores durante um período de comutação do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCD.
Semicondutor
1ª Etapa [t0, t1]
2ª Etapa [t1, t2]
3ª Etapa [t2, t3]
4ª Etapa [t3, t4]
5ª Etapa [t4, t5]
6ª Etapa [t5, t6]
S1 ON ON OFF ON OFF OFF
S2 ON OFF OFF ON ON OFF
D1 OFF OFF OFF OFF ON OFF
D2 OFF ON OFF OFF OFF OFF
Primeira etapa [t0, t1]: Essa etapa é similar à primeira etapa do conversor em MCC e modo
de sobreposição. No instante t0, o interruptor S1 passa a conduzir. enquanto S2 continua
conduzindo. Os diodos D1 e D2 estão bloqueados. A Figura 4.1 apresenta o circuito
equivalente do conversor e as equações (4.5) a (4.12) representam o comportamento do
circuito.
Segunda etapa [t1, t2]: Essa etapa é similar à segunda etapa do conversor em MCC e OM,
mas no final a corrente no indutor torna-se nula. No instante t1, o interruptor S1 entra em
46
condução e S2 é bloqueado. O diodo D2 entra em condução, enquanto D1 está polarizado
reversamente. A Figura 4.2 apresenta o circuito correspondente ao conversor neste
intervalo. As equações (4.13) a (4.26) representam o comportamento do conversor. Porém,
considerando que a corrente no indutor torna-se nula no final do período, a expressão (4.23)
torna-se (4.53), enquanto (4.24) torna-se (4.54).
0mI (4.50)
L L Mdi t I I (4.51)
1 2[ , ] xdt t t t t (4.52)
Δ
2 oL
x
oo
o
V VI C
R t
(4.53)
2 Mo i
x
IV V L
t (4.54)
em que tx representa o tempo de descarregamento do indutor.
Terceira etapa [t2, t3]: Essa etapa é similar à terceira etapa em MCD e modo de não
sobreposição. A corrente no indutor torna-se nula, os interruptores permanecem desligados
e os diodos estão bloqueados. A energia fornecida para a carga é proveniente apenas do
capacitor de saída. O circuito correspondente é apresentado na Figura 3.6 e o
comportamento do conversor é determinado pelas equações (3.54) e (3.55).
Quarta [t3, t4], quinta [t4, t5] e sexta etapas [t5, t6]: A quarta, quinta e sexta etapas são
similares à primeira, segunda e terceira etapas, respectivamente.
4.3.2 Formas de Ondas Teóricas
As principais formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando
em modo de sobreposição (D>0,5) e MCD são apresentadas na Figura 4.5. Nota-se que os
sinais de tensão aplicados nos interruptores (Vg1 e Vg2) se sobrepõem. Também é possível
verificar que a corrente no indutor é nula durante a terceira e sexta etapas de operação,
caracterizando o MCD. A corrente de entrada é pulsada e os diodos e interruptores são
submetidos à tensão equivalente a soma das tensões de entrada e saída do conversor.
47
T
t
t
t
t
t
t
t0
t 1 t3 t4
VD1
VS1
ICo
ID1
IS1
Vg2
Vg1
VL
IM
2
IM
2
I M
t-(Vo+Vi)
Vo+Vi
Vi
I L
t
I iI M
t2 t5
Ivo
t
2
I M
Io
TT(2D-1)/2
T/2
t
T(2D-1)/2 tx
T(1-D)-tx
tx
T(1-D)-tx
2
IM
t
Io
(Vi-Vo)/2
Figura 4.5: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de sobreposição e MCD.
4.3.3 Análise Quantitativa
Com base na análise das etapas e no equacionamento realizado, é possível obter as
equações que permitem o cálculo dos componentes do circuito do conversor.
4.3.3.1 Ganho Estático e Razão Cíclica
O ganho estático é definido a partir da corrente média total de saída Ivo(med),
numericamente igual à corrente de carga Io. Considera-se a forma de onda de Ivo
apresentada na Figura 4.5 e aplica-se a definição do valor médio, considerando que A é a
área formada pelo triângulo de base (t2-t1) e altura IM/2. Tem-se então:
48
0
( )/ 21 2 2
/ 2 2 2
x
x M x s Mvo o vo
s s
t
s
t I t f II I I dt A
T Tt
T (4.55)
A primeira etapa de operação do conversor em MCD e OM é semelhante à primeira
etapa do conversor operando em MCC e OM. Portanto, a corrente máxima no indutor (IM) é
calculada diretamente a partir de (4.11), considerando a variação da corrente no indutor
igual à corrente máxima. Assim, obtém-se:
2 1
2
i
M
s
D VI
Lf
(4.56)
O tempo de descarregamento do indutor (tx) é calculado substituindo (4.56) em (4.54):
2 1
i
x
i so
D Vt
V V f
(4.57)
Substituindo (4.56) e (4.57) em (4.55), encontra-se o valor médio da corrente total de
saída:
² 2 1 ²
4 o
i
o
s i
V DI
Lf V V
(4.58)
Parametrizando a expressão (4.58), obtém-se:
0
2 1 ² 2 1 ²4
1
is o
i i v
V D Df LI
V V V G
(4.59)
Isolando o ganho estático em (4.58), obtém-se:
2 1 ²
1v
DG
(4.60)
A relação entre o ganho estático e a razão cíclica para valores de γ variando de 0,05
a 1 é apresentada no gráfico da Figura 4.6. Verifica-se que, quando o conversor opera em
modo de condução descontínua, o ganho não depende apenas da razão cíclica, mas
também de outros fatores, como indutância, frequência de comutação e corrente de saída.
4.3.3.1 Indutor de Filtro
Conforme foi mencionado, a primeira etapa de operação em MCD é similar à primeira
etapa em MCC. Portanto, a indutância é obtida diretamente da equação (4.11):
2 L
i o
s
V V DL
f I
(4.61)
49
Figura 4.6: Relação entre o ganho estático e a razão cíclica para o conversor buck-boost
operando em modo de sobreposição e MCD.
4.3.3.2 Capacitor de Filtro de Saída
A capacitância de filtro de saída é obtida diretamente da equação (4.12):
(2 1 )
2
o io
o o s
V DC
V R f
(4.62)
4.3.3.3 Esforços de Tensão e Corrente nos Componentes do Conversor
Assim como no modo de condução contínua, a determinação dos esforços de tensão
e corrente a que são submetidos os componentes para a correta especificação e projeto do
conversor.
Considerando a Figura 4.5, verifica-se que o comportamento da corrente instantânea que
flui através do indutor se repete a cada meio período de comutação. Na primeiro e quarta
etapas, a corrente cresce linearmente de zero até seu valor máximo (IM) e seu
comportamento dinâmico é similar ao da primeira etapa em MCC. Portanto, com base no
exposto e considerando a equação (4.8), obtém-se:
0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.90
2
4
6
8
10
12
14
16
18
D
Gv
y=0,05
y=0,1
y=0,2
y=0,5
y=1
50
0 1 3 4[ , ]( ) [ , ]( )L i
L Lt t t t tdi t V
i i tdt L
t (4.63)
Na segunda e quinta etapas, a corrente decresce linearmente, partindo de seu valor
máximo até atingir zero. O comportamento dinâmico é similar ao da segunda etapa em
MCC. Assim, considerando a equação (4.19), obtém-se:
1 2 4 5[ , ]2
( ) [ , ]( )L o i
L L M Mt t t t t tdi t V V t
i i I Idt L
(4.64)
Na terceira e sexta etapas, a corrente no indutor é nula. Então, obtém-se:
2 3 5 6[ , ]( ) [ , ]( ) 0L Li it t t t t t (4.65)
A corrente máxima no indutor é igual à corrente instantânea no final da primeira etapa de
operação e a corrente mínima é igual a zero.
2
2 1 2 1
2
s iiM
s
T VVI
L
D
f
D
L
(4.66)
0mI (4.67)
A corrente eficaz no indutor pode ser calculada considerando os valores instantâneos da
corrente nos intervalos, conforme as equações (4.63) a (4.67), os tempos de duração de
cada etapa, e aplicando a definição de valor eficaz:
2 1 /2
0 1
2 2
( )
0 0
(
1 2
3
)
[ , ](1
/ 2) [
3 2 1
6
, ]( )s xT t
L ef L L
s
o iiL ef
s
D
o i
t t t t tI i dt i dtT
V V DVI
Lf V V
t
(4.68)
A corrente média pode ser calculada considerando os valores instantâneos da corrente
nos intervalos, conforme as equações (4.63) a (4.67), os tempos de duração de cada etapa,
e aplicando a definição de valor médio:
2 1 /2
0 1 1 2
2
0 0
[ , ]( ) [ , ]( )2 11
/ 2 4
s xT t
i o i
L L L
s o
D
s i
t t t t tV V V D
I i dt i dtT Lf V V
t
(4.69)
A máxima tensão a que os interruptores são submetidos é igual a soma das tensões de
entrada e saída, conforme pode ser verificado na Figura 4.5.
( ) max i oSV V V (4.70)
Segundo a Figura 4.5, com exceção da quinta etapa, a corrente no primeiro interruptor
equivale à metade da corrente que flui pelo indutor devido ao mesmo número de espiras dos
51
enrolamentos do autotransformador. Considerando então as equações (4.63), (4.64) e (4.65),
obtém-se:
0 1
0 1 3 4
[ , ]( )[ , ]( ) [ , )
2](
2
L iS S
t t tt t t t t t
i Vi i t
L (4.71)
1 21 2
[ , ]( )[ , ]( )
2 42
oLS
iMt t Vtt t t
V ti Ii
L
(4.72)
2 3 4 5 5 6[ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( ) 0S S St t t t t t t ti i i t (4.73)
A corrente eficaz em cada interruptor pode ser calculada como:
2 1 /2
0 1
2 2
( )
0 0
(
1 2
)
[ , ](1
2 ) [
2 1 2 1
4 3
, ]( )s xT t
S ef L
s
i o
S ef
s
D
S
o i
t t t t tI i dt iT
V D V DI
L
t d
f V
t
V
(4.74)
A corrente média em cada interruptor é definida como:
2 1 /
0
0
2
2
0
1 1
2
[ , ]( ) [ , ]( )2 11
28
s xT t
i o
S L
D
s s o
S
i
t t t t t t dtVV D
I i dt iT Lf V V
(4.75)
A máxima tensão reversa a que são submetidos os diodos é:
( ) max i oDV V V (4.76)
Conforme a Figura 4.5, a corrente que flui pelo primeiro diodo corresponde à metade do
valor da corrente no indutor na quinta etapa. Nas demais etapas, a corrente é nula. Portanto,
tem-se:
0 1 1 2 2 3 3 4 5 6[ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( ) [ , ]( ) 0D D DD Dt t t t t t t t t t t t t ti I i I ti (4.77)
1 24 5
[ , ]( )[ , ]( )
2 42
o iL MD
t t Vtt t t
V tI II
L
(4.78)
A corrente eficaz em cada diodo pode ser calculada como:
2
( ) 4 5
0
2 1 6 2 11
12[ , ]( )
i i
D ef D
s s o i
tx V D V DI I dt
Tt t t
Lf V V
(4.79)
A corrente média em cada diodo é definida conforme a expressão (4.80):
52
22
0
4 5[ , ]( )2 11
4
i
D D
s s o i
tx
tV D
I I dtT Lf V
tV
t
(4.80)
4.4 Modo de Condução Crítica (MCCr)
A Figura 4.7 apresenta as principais formas de ondas teóricas do conversor buck-boost
3SSC operando em MCCr.
TT(2D-1)/2
T/2
T
t
t
t
t
T(1-D)
t0
t 1 t2 t3
Vg
S1 Vg
S2
VL
Vi
IM
T(2D-1)/2 T(1-D)
(Vi-Vo)/2
IL
Figura 4.7: Formas de ondas teóricas para o conversor buck-boost 3SSC operando em modo
de sobreposição e MCCr.
Verifica-se que a corrente no indutor possui o mesmo comportamento quando o
conversor opera em modo de não sobreposição e que o tempo de descarregamento do
indutor é equivalente ao tempo de duração da segunda etapa de operação:
1
1x s
s
DT D
ft
(4.81)
4.4.1 Determinação do Ganho Estático
O ganho estático pode ser obtido a partir da razão cíclica crítica, igualando-se os ganhos
estáticos dos modos contínuo e descontínuo. Assim, é possível obter o valor de razão cíclica
limiar entre os dois modos. Igualando (4.28) a (4.60) e isolando a razão cíclica, obtém-se:
3 1 8
4critD
(4.82)
O ganho estático no modo crítico é obtido considerando substituindo-se a razão cíclica
crítica dada por (4.82) no ganho estático do conversor em MCC dado por (4.28):
1 2 1 8
1 2
crit
v crit
crit
DG
D
(4.83)
53
A relação entre o parâmetro γ e a razão cíclica crítica é apresentado no gráfico da Figura
4.8, em que se verifica o comportamento dos conversores buck-boost 3SSC e tradicional em
MCD, respectivamente.
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30.5
0.6
0.7
0.75
0.8
0.9
1
Y
D
0.125
MCCrBuck-boost tradicional
MCCrBuck-boost 3SSC (D>0,5)
Figura 4.8: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição (D>0,5) e tradicional.
Analogamente ao comportamento do conversor em modo de não sobreposição (D<0,5),
verifica-se que o valor máximo do ganho estático crítico do conversor buck-boost 3SSC
ocorre em γ=0,125 e D=0,25, ocorrendo em γ=0,25 e D=0,5 no conversor tradicional.
Verifica-se então que a área de operação no modo de condução contínua é maior para o
conversor buck-boost 3SSC operando em toda a faixa de razão cíclica (0<D<1).
4.4.2 Determinação da Indutância Crítica
A indutância crítica corresponde ao valor limiar de indutância entre os modos de
condução contínua e descontínua. A partir da Figura 4.8, nota-se que o valor limiar de γ é
0,125. O valor da indutância crítica então pode ser calculado substituindo esse valor na
expressão (4.59):
32
icrit
s o
VL
f I (4.84)
4.4.3 Característica de Saída
A característica de saída do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição (D>0,5) é apresentada na Figura 4.9.
54
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20
2
4
6
8
10
12
14
Y
Gv
D=0,9
D=0,85
D=0,8
D=0,75
D=0,7
D=0,65
MCD
MCCr MCC
0.125
Figura 4.9: Característica de saída do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição (D>0,5).
Assim como No conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição
(D<0,5), o valor máximo do ganho estático crítico em modo de sobreposição ocorre em
γ=0,125, ao passo que no conversor buck-boost tradicional ocorre em γ=0,25 (Barbi &
Martins, 2000). Desta forma, verifica-se novamente que a área de operação no modo de
condução contínua do conversor baseado na célula de três estados é maior.
4.4.4 Considerações Finais
A conclusão das análises qualitativa e quantitativa do conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de sobreposição (D>0,5) é similar à realizada para o modo de não
sobreposição (D<0,5). Verifica-se também neste modo que a área de operação no modo de
condução contínua é maior do que no conversor tradicional, conforme a Figura 4.8. Pode-se
afirmar então que o conversor buck-boost 3SSC é mais adequado do que a topologia
tradicional em aplicações nas quais o ganho de tensão não deve ser influenciado pela
variação da corrente de saída para qualquer valor de razão cíclica. A relação entre o
parâmetro γ e a razão cíclica para toda a faixa de variação da razão cíclica é mostrada na
Figura 4.10, em que a área hachurada representa a região de operação em MCD para o
conversor buck-boost 3SSC. Nota-se ainda que a área delimitada pela linha tracejada define
a operação em MCD para o conversor tradicional.
55
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.30
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
Y
D
0.125
MCCrBuck-boost tradicional
MCCrBuck-boost 3SSC (D>0,5)
MCCrBuck-boost 3SSC (D<0,5)
Figura 4.10: Relação entre a razão cíclica crítica e o parâmetro γ para os conversores buck-
boost 3SSC e tradicional operando nos modos de não sobreposição e sobreposição.
56
Capítulo 5 - ROTEIRO DE PROJETO
5.1 Considerações Iniciais
Este capítulo tem como objetivo definir um roteiro de projeto considerando a
operação do conversor buck-boost 3SSC nos modos de não sobreposição (D<0,5) e
sobreposição (D>0,5) dos sinais de controle nos interruptores. A partir de um ponto de
operação definido para o funcionamento do conversor, têm-se os cálculos dos valores dos
componentes e esforços de tensão e corrente a que são submetidos, bem como a
metodologia empregada na montagem do protótipo do conversor. Ensaios experimentais
são necessários para que seja possível comprovar as análises qualitativa e quantitativa
realizadas, bem como verificar fisicamente o comportamento e desempenho do conversor.
O protótipo implementado, bem como a metodologia empregada em laboratório para o
levantamento dos resultados experimentais, são apresentados em detalhes.
5.2 Operação em Modo de Não Sobreposição (D<0,5)
5.2.1 Ponto de Operação
O ponto de operação é definido de forma a se identificar a aplicabilidade do conversor
proposto em potências maiores do que a topologia buck-boost convencional e em função de
disponibilidade de componentes em laboratório. A Tabela 5.1 apresenta os parâmetros
iniciais, tomados como base para o desenvolvimento do circuito, simulação e
implementação do protótipo do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não
sobreposição e MCC.
Tabela 5.1: Parâmetros iniciais do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não
sobreposição e MCC.
Parâmetro Valor
Tensão de entrada Vi = 250 V
Tensão de saída Vo = 150 V
Potência de saída Po = 750 W
Frequência de comutação fs = 35 kHz
Ondulação da corrente no indutor de entrada ΔIL = 70% de Ii
Ondulação da tensão de saída ΔVo = 2% de Vo
57
5.2.2 Componentes do Estágio de Potência
Inicialmente, os componentes do conversor buck-boost 3SSCsão calculados
considerando as definições apresentadas no item 3.2.3 do Capítulo 3. Os esforços de tensão
e corrente nos componentes do conversor são calculados o item 3.2.3.4 do Capítulo 3.
Posteriormente, estes componentes são especificados; confeccionados ou adquiridos com os
valores comerciais mais próximos dos calculados.
O valor da indutância do indutor é obtido através da equação (3.28) e seu projeto físico é
realizado conforme apresentado em (Barbi I. , 2002).A relação de espiras do transformador é
unitária e seu projeto físico foi realizado da mesma forma que o indutor, porém sem
considerar o entreferro.
3
1 2 150 1 2 0,375255,1 μH
2 2 35 10 (0,7 3)s L
oV DL
f I
(5.1)
A indutância crítica é calculada a partir da equação (3.86):
3
25044,64 μH
32 32 35 10 5
icrit
s o
VL
f I
(5.2)
Considerando os valores da indutância, verifica-se que o conversor opera em modo de
condução contínua. Os valores das correntes eficaz, média, máxima e mínima no indutor são
calculados a partir das expressões (3.33) a (3.36):
2 2 2 2
( )
2 2 22
3 4 ² 8 48 41
12 1 ²
3 4 0,375 ² 0,7 3 8 0,375 0,7 3 48 5 4 0,7 31
12 0,375 1 ²
8 A
L L o L
L ef
D I D I I II
D
(5.3)
5
8 A1 1 0,375
oL
II
D
(5.4)
0,7 3
8 9,05 A2 2
LM L
II I
(5.5)
0,7 3
8 6,95 A2 2
Lm L
II I
(5.6)
Os componentes semicondutores são definidos em função da frequência de operação e
seus esforços de tensão e corrente, de forma que atendam às condições de operação. Os
esforços de tensão e corrente a que os interruptores são submetidos são obtidos a partir das
equações (3.37) a (3.41).
58
(max) 250 150 400 VoS iV V V (5.7)
3 2 2 2 2
( )
3 2 2 2 2 2
3 4 8 ² 48 41
24 1 ²
3 4(0,375) (0,7 3) 8(0,375) (0,7 3) 48 0,375(5) 4 0,375(0,7 3)1
24 0,375 1 ²
2,45 A
L L o L
S ef
D I D I DI D II
D
(5.8)
0,375 51,5 A
2 1 2 1 0,375
oS
DII
D
(5.9)
Os esforços nos diodos são definidos a partir das equações (3.42) a (3.47).
(max) 250 150 400 VoD iV V V (5.10)
2 2 2 2
( )
2 2 2 22
3 ² 2 121
12 1
3 0,375 0,7 3 2 0,375 0,7 3 12 5 0,7 31
12 1 0,375
3,17 A
L L o L
D ef
D I D I I II
D
(5.11)
5
2,5 A2 2
oD
II (5.12)
O valor do capacitor de saída é calculado a partir da equação (3.30). O valor de
resistência de saída é definido em função da potência requerida pelo projeto.
3
1 2 150 0,375 1 2 0,3753,57 μF
2 1 2 35 10 30 0,02 150 1 0,375
o
o
s o o
V D DC
f R V D
(5.13)
A Tabela 5.2 mostra as especificações dos componentes; valores calculados e adotados
para o projeto, bem como os modelos comerciais utilizados. Os valores do indutor e
capacitor foram definidos para que seja possível a confecção de apenas um circuito de
potência que atenda aos modos de operação de não sobreposição e sobreposição. Por sua
vez, os esforços de tensão e corrente nos componentes do conversor são apresentados na
Tabela 5.3.
59
Tabela 5.2: Especificações dos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em
modo de não sobreposição e MCC.
Componente Valor Calculado Valor Adotado Modelo Comercial
Indutor (L) 36 espiras, 20 condutores 24 AWG, núcleo E 55
Autotransformador 6 espiras 10 condutores fio 24 AWG, núcleo E 55
Diodo MUR860 (Motorola)
Interruptor MOSFET 16N50C3 (Technologies, 2007)
Capacitor de filtro (Co) Capacitor eletrolítico de 450 V
Resistor de carga (Ro) Reostato 50 Ω/1250 W
Tabela 5.3: Esforços nos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
não sobreposição e MCC.
Parâmetro Valor
Variação na Tensão de Saída ΔVo = 3 V
Variação da corrente no indutor ΔIL = 2,1 A
Corrente eficaz no indutor IL(ef) = 8 A
Corrente média no indutor IL = 8 A
Corrente máxima no indutor IM = 8,6 A
Tensão máxima nos interruptores VS(max) = 400 V
Corrente eficaz nos interruptores IS(ef) = 2,45 A
Corrente média nos interruptores IS = 1,5 A
Tensão de pico reversa nos diodos VD(pico) = -400 V
Corrente eficaz nos diodos ID(ef) = 3,17 A
Corrente média nos diodos ID = 2,5 A
5.2.3 Projeto do Snubber
O nível de potência e a frequência de comutação consideravelmente altos adotados
no conversor implicam impreterivelmente altos picos de tensão e corrente, que podem
60
ultrapassar os limites suportáveis pelos componentes semicondutores e aumentar
significativamente a potência dissipada em tais elementos. Torna-se então necessária a
inserção de circuitos capazes de controlar as derivadas de tensão e corrente, e grampear
sobretensões nos interruptores, conhecidos como snubbers (José Luiz Vieira, 2002).
Basicamente os snubbers podem ser classificados como:
Passivos dissipativos: podem ser compostos pela associação de capacitor,
resistor e diodo em paralelo com o interruptor (RCD) quando se tem por
objetivo o controle da tensão no interruptor; uma associação de resistor e
indutor (RL) em série com o interruptor, quando o objetivo é o controle da
corrente no mesmo; ou uma associação entre os circuitos RCD e RL quando
se faz necessário o controle de tensão e corrente no interruptor (Todd, 1983).
Nestes circuitos, a energia armazenada no snubber é dissipada no resistor;
Passivos semi-regenerativos: parte da energia armazenada é transferida para
a carga e parte é dissipada em um resistor (Ferreira, 2010).
Passivos não dissipativos (regenerativos): geralmente formados por circuitos
compostos pela associação de capacitores, diodos e indutores, nos quais a
principal característica é a transferência da energia armazenada no snubber
para a entrada ou saída;
Ativos: compostos pela associação de componentes ativos como transistores
e elementos passivos. Seu circuito é mais complexo e pode gerar esforços
adicionais nos interruptores, necessitando geralmente de snubbers passivos
para minimizar tais esforços (Todd, 1983).
Neste trabalho, tem-se como foco o desenvolvimento de um snubber dissipativo do
tipo RCD, com o objetivo de minimizar os picos de tensão e atenuar suas derivadas nos
interruptores do circuito de potência durante a comutação. Assim, o snubber RCD adotado é
apresentado na Figura 5.1.
Rs Cs
Ds
S
Figura 5.1: Snubber passivo dissipativo do tipo RCD.
61
Inicialmente, especifica-se o capacitor em função da derivada de tensão requerida e
da máxima corrente no indutor, conforme a equação (5.14):
s M
c
dtC I
dV (5.14)
O resistor deve ser capaz de dissipar toda a energia armazenada no capacitor em
cada período de comutação. Este período deve ser inferior ao tempo de condução do
interruptor:
min
3
on
s
s
tR
C (5.15)
A potência dissipada no resistor é calculada com base na energia armazenada no
capacitor:
²
2Snubber
s c sC V fP (5.16)
Para o desenvolvimento do circuito snubber, são adotadas as seguintes premissas:
A tensão no capacitor é igual diferença de potencial entre os terminais dreno e
fonte do interruptor, correspondente à soma das tensões de entrada e saída
do conversor;
A máxima derivada de tensão considerada é informada pelo datasheet do
fabricante do MOSFET, sendo de 50 V/ns, considerando a tensão entre dreno
e fonte igual a 400 V, corrente de dreno de até 16 A e temperatura de junção
de 125 °C (Technologies, 2007). Assim, é considerada uma derivada de
tensão máxima de 10 V/ns;
O tempo mínimo de condução considerado é de 8% do período total de
comutação.
Os valores do capacitor e resistor do snubber são calculados conforme as equações
(5.17) e (5.18), respectivamente:
1 ns C ns C
8,6 A 0,86 0,86 n 0,86 nF10 V s V V
s M
c
dtC I
dV
(5.17)
Foi considerado valor de capacitor de 10ηF.
3min
9
10,08
0,08 35 1076,1
3 3 3 10 10
on ss
s s
t TR
C C
(5.18)
62
Assim, adota-se o valor do resistor snubber de 100 Ω.
29 310 10 400 35 10²28 W
2 2snub er
cb
s sC V fP
(5.19)
A Tabela 5.4 apresenta os valores adotados para os componentes do snubber RCD:
Tabela 5.4: Valores calculados dos componentes do snubber RCD para o conversor operando
em modo de não sobreposição (D<0,5).
Discriminação Valor
Capacitor de snubber Cs = 10 nF
Resistor de snubber Rs = 100 Ω
Potência dissipada no resistor snubber Psnubber = 28 W
5.2.4 Rendimento Teórico
A partir do cálculo das perdas nos componentes do conversor, é possível determinar
o rendimento teórico. As perdas teóricas totais são obtidas pelo somatório das perdas
individuais nos componentes do conversor:
2 2 2T Tr L S SnubberDP P P P P P (5.20)
em que:
PTr: Perdas no autotransformador (W);
PL: Perdas no indutor (W);
PS: Perdas em cada interruptor (W);
PD: Perdas em cada diodo (W);
Psnubber: Perdas no resistor de snubber (W).
Nos interruptores as perdas ocorrem devido à condução (PScond) e à comutação (PScomut).
A primeira parcela é influenciada principalmente pela resistência dinâmica do interruptor
quando em condução, enquanto a segunda é determinada principalmente pela frequência
de operação e tempos de subida e descida da tensão em seus terminais.
2
( )S efDS oo d nSc n IP R (5.21)
2
sS r fmut S ScoP
ft t I V (5.22)
Em que:
63
RDS(on): Resistência dinâmica do interruptor quando em condução (Ω@100°C);
tr: Tempo de subida (s);
tf: Tempo de descida (s).
Os valores dos parâmetros supracitados podem ser obtidos através do datasheet do
fabricante. A perda total em cada interruptor é dada por:
2
( )2
sS ef r f S SDSS on
fP R I t t I V (5.23)
As perdas por condução em um diodo são definidas em função da queda de tensão
quando em condução (Vf) obtida através do datasheet do fabricante e sua corrente média:
D f DP V I (5.24)
As perdas totais no indutor são definidas pela soma das perdas magnéticas no núcleo de
ferrite e perdas no cobre do enrolamento. As perdas magnéticas no núcleo de ferrite são
calculadas conforme a equação (5.25):
2,4 2
Lmag H L E L eP B K f K f V (5.25)
em que:
ΔB: Variação de fluxo magnético (ΔB = 0,15 T);
KH: Coeficiente de perdas por histerese ( );
KE: Coeficiente de perdas por correntes parasitas ( );
fL: Frequência de operação do indutor ( );
Ve: Volume do núcleo (cm²).
As perdas no cobre no enrolamento do indutor são calculadas conforme a equação
(5.26):
2
.t L L ef
Lcu
L L
l N IP
n S
(5.26)
Em que:
ρ: resistividade do cobre a 70°C ( );
lt: comprimento médio de uma espira (cm);
NL: número de espiras;
nL: número de condutores em paralelo;
64
SL: área da seção transversal do condutor de cobre (cm²).
Portanto, as perdas totais no indutor são calculadas conforme a equação (5.27):
2
.2,4 2 t L L ef
L Lmag Lcu H L E L e
L L
l N IP P P B K f K f V
n S
(5.27)
Da mesma forma que no indutor, as perdas totais no autotransformador são definidas
pela soma das perdas magnéticas no núcleo de ferrite e nos seus dois enrolamentos. As
perdas magnéticas no núcleo de ferrite são calculadas conforme a equação (5.28).
2,4 2
Tmag H T E T eP B K f K f V (5.28)
As perdas no cobre nos dois enrolamentos do autotransformador são calculadas
conforme a equação (5.29):
2
.2 t T T ef
Tcu
T T
l N IP
n S
(5.29)
Portanto, as perdas totais no autotransformador são calculadas conforme (5.30):
2
.2,4 22 t T T ef
Tr Tmag Tcu H T E T e
T T
l N IP P P B K f K f V
n S
(5.30)
A potência dissipada no resistor de snubber é calculada conforme a equação (5.19).
O rendimento é obtido através da relação entre as potências de saída e entrada,
conforme a equação (5.31):
o o
i o T
P P
P P P
(5.31)
O gráfico da Figura 5.2 representa a curva de rendimento teórico do conversor,
considerando uma variação de carga de 100 W a 750 W com e sem o circuito snubber.
Verifica-se que a inserção do snubber afeta o rendimento do conversor, principalmente para
menores valores de carga.
65
Figura 5.2: Curva de rendimento teórico do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
não sobreposição e MCC.
5.3 Operação em Modo de Sobreposição (D>0,5)
5.3.1 Ponto de Operação
A Tabela 5.5 apresenta os parâmetros iniciais, tomados como base para o
desenvolvimento do circuito, simulação e implementação do protótipo do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC.
Tabela 5.5: Parâmetros iniciais do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição e MCC.
Parâmetro Valor
Tensão de entrada Vi = 100 V
Tensão de saída Vo = 200 V
Potência de saída Po = 800 W
Frequência de comutação fs = 35 kHz
Ondulação da corrente no indutor de entrada ΔIL = 23% de Ii
Ondulação da tensão de saída ΔVo = 2% de Vo
5.3.1 Componentes do Estágio de Potência
Os valores dos componentes do conversor são obtidos considerando as definições
apresentadas no item 4.2.3 do Capítulo 4. A indutância é calculada segundo a equação
(4.30).
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
100 200 300 400 500 600 700 750
η (
%)
Potência (W)
Sem Snubber
Com Snubber
66
3
2 1 100 2 0,667 1258 μH
2 2 35 10 (0,23 8)
i
s L
V DL
f I
(5.32)
É considerada uma indutância de 260 µH, de forma a permitir a confecção de apenas
um protótipo para os dois modos de operação.
A indutância crítica é calculada a partir da equação (4.84):
3
10022,32 μH
32 32 35 10 4
icrit
s o
VL
f I
(5.33)
Verifica-se que o conversor opera em modo de condução contínua, visto que a indutância
calculada é superior à indutância crítica. Os valores da corrente eficaz, média, máxima e
mínima no indutor são obtidos a partir das expressões (4.35) a (4.38):
2 3 2 2 2 2 2
( ) 22 2
2 3 2
2 22 6 3 2
2 2 26 3
4 12 13 6 48
48 1
0,667 100 4 0,667 12 0,667 13 0,667 6
48 4 258,8 10 35 10 10012 A
48 258,8 10 35 10 1 0,667
i o s i
L ef
s
DV D D D I L f VI
L f D
(5.34)
4
12 A1 1 0,667
oL
II
D
(5.35)
1,84
12 12,92 A2 2
LM L
II I
(5.36)
1,84
12 11,08 A2 2
Lm L
II I
(5.37)
Os esforços de tensão e corrente a que os interruptores são submetidos, são obtidos
a partir das equações (4.39) a (4.44), e os esforços nos diodos são definidos a partir das
equações (4.45) a (4.49).
(max) 100 200 300 VoS iV V V (5.38)
2 4 3 2 2 2 2
( ) 2 2 2
2 4 3 2
2 22 6 3
2 2 26 3
4 12 13 6 1 48
192 (1 )
0,66 100 4 0,66 12 0,667 13 0,66 6 0,66 1
48 0,66 4 258,8 10 35 104,9 A
192 258,8 10 35 10 1 0,667
i o s
S ef
s
DV D D D D DI L fI
L f D
(5.39)
67
0,667 4
4 A2(1 ) 2(1 0,667)
oS
DII
D
(5.40)
- 100 200 300 VoD(max) iV = V +V = (5.41)
2 3 2 2 2 2 2
( ) 4 4
2 22 3 2 2 6 3 2
4 46 3
4 12 13 6 48
192 (1 )
0,66 100 4 0,66 12 0,66 13 0,66 6 48 4 258,8 10 35 10 100
192 258,8 10 35 10 0,667 1
3,46 A
i o s i
D ef
s
DV D D D I L f VI
L f D
(5.42)
4
2 A2 2
oD
II (5.43)
O valor do capacitor de saída é calculado a partir da equação (4.32). A resistência de
carga é definida em função da potência requerida pelo projeto.
3
2 1 200 2 0,667 14,77 μF
2 2 35 10 50 4o
s
o
o o
V DC
f R V
(5.44)
A Tabela 5.6 apresenta as especificações dos componentes; valores calculados e
adotados para o projeto, bem como os modelos comerciais utilizados.
Tabela 5.6: Especificações dos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em
modo de sobreposição e MCC.
Componente Valor Calculado Valor Adotado Modelo Comercial
Indutor (L) 36 espiras, 20 condutores 24 AWG (20X), núcleo E 55
Autotransformador 6 espiras, 10 condutores 24 AWG, núcleo E 55
Diodo MUR860 (Motorola)
Interruptor MOSFET 16N50C3 (Technologies, 2007)
Capacitor de filtro (Co) Capacitor eletrolítico de 450 V
Resistor de saída (Ro) Reostato 50 Ω/1250 W
Os esforços de tensão e corrente nos componentes do conversor são apresentados na
Tabela 5.7.
68
Tabela 5.7: Esforços nos componentes do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição e MCC.
Discriminação Valor
Variação na Tensão de Saída ΔVo = 4 V
Variação da corrente no indutor ΔIL = 1,84 A
Corrente eficaz no indutor IL(ef) = 12 A
Corrente média no indutor IL = 12 A
Corrente máxima no indutor IM = 12,9 A
Tensão máxima nos interruptores VS(max) = 300 V
Corrente eficaz nos interruptores IS(ef) = 4,9 A
Corrente média nos interruptores IS = 4 A
Tensão de pico reversa nos diodos VD(pico) = -300 V
Corrente eficaz nos diodos ID(ef) = 3,6 A
Corrente média nos diodos ID = 2 A
5.3.2 Projeto do Snubber
O cálculo dos valores dos componentes do snubber para o conversor proposto
operando em modo de sobreposição é semelhante àquele realizado para o modo de não
sobreposição, com exceção a potência dissipada, visto que esta depende da diferença de
potencial entre os terminais dreno e fonte dos interruptores. Assim, tem-se:
29 310 10 300 35 10²15,75 W
2 2
s c ssnubber
C V fP
(5.45)
5.3.3 Rendimento Teórico
Os cálculos realizados para a obtenção do rendimento teórico do conversor operando
em modo de não sobreposição são análogos àqueles realizado para o modo de
sobreposição. O gráfico apresentado na Figura 5.3 representa a curva de rendimento teórico
resultante, considerando uma variação de carga de 100 W a 800 W. Novamente, verifica-se
que o snubber afeta o desempenho do conversor.
69
Figura 5.3: Curva de rendimento teórico do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição e MCC.
5.4 Protótipo Experimental
A Figura 5.4 apresenta o protótipo do conversor buck-boost 3SSC implementado em
laboratório.
Figura 5.4: Protótipo do conversor buck-boost 3SSC implementado em laboratório.
Para comprovar o funcionamento correto do conversor, são obtidas as principais
formas de ondas do conversor. A realização dos ensaios consiste nas seguintes etapas:
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
100 200 300 400 500 600 700 800
η (
%)
Potência (W)
Com Snubber
Sem Snubber
70
Inspeção visual: verificação da operação segura no laboratório, observando
as condições da bancada, equipamentos e cabeamento utilizados;
Montagem: interligação dos circuitos de acionamento e potência, conexão do
conversor a uma fonte de alimentação, interligação aos equipamentos e
instrumentos de medição como osciloscópio e multímetro;
Energização do sistema;
Aquisição de dados e formas de ondas experimentais;
Armazenamento dos dados obtidos para análise e comparação com o
sistema simulado.
As especificações dos equipamentos utilizados no laboratório são apresentadas na
Tabela 5.8.
Tabela 5.8: Especificações dos equipamentos utilizados em laboratório.
Equipamento Discriminação/ Modelo
Fonte de alimentação MCE modelo 1310 220Vca, 300Vcc, 10A
Osciloscópio Tektronix TPS 2024
Multímetro Fluke 115 True RMS
Ponta de prova ativa para medição de corrente
Tektronix TCP A300
Reostato de laboratório Eletele modelo N 12S 50 Ω/1250 W
5.5 Considerações Finais
Neste capítulo, foi definido o roteiro de projeto considerando a operação do conversor
proposto em MCC nos modos de não sobreposição e sobreposição. Foram apresentados os
cálculos dos componentes do conversor, bem como seus esforços de tensão e corrente.
Os valores de tensão de entrada e saída são determinantes na escolha do tipo de
semicondutor empregado, visto que tanto no conversor buck-boost proposto como na
topologia tradicional, os interruptores são submetidos à tensão equivalente à soma das
tensões de entrada e saída do conversor.
A potência de saída foi inicialmente escolhida de forma a demonstrar a aplicabilidade do
conversor proposto em níveis de potência superiores à estrutura convencional. Porém, em
virtude dos componentes comerciais e equipamentos disponíveis em laboratório, definiu-se
a potência de saída de 750 W e 800 W para os modos de não sobreposição e sobreposição,
respectivamente.
71
Outro ponto importante a ser destacado é a construção dos elementos magnéticos, isto
é, o indutor e o autotransformador de alta frequência, a qual deve ser realizada de forma
criteriosa. Pequenas inconformidades em relação ao projeto físico levam a resultados
diretamente percebidos em termos de um comportamento indesejável do conversor, em
termos de picos de corrente e tensão, distorção das formas de ondas e aquecimento
excessivo.
72
Capítulo 6 - RESULTADOS DE SIMULAÇÃO E
EXPERIMENTAIS
6.1 Considerações Iniciais
Este capítulo tem como objetivo apresentar resultados de simulação e experimentais
do conversor buck-boost 3SSC nos modos de não sobreposição e sobreposição dos sinais
de comando nos interruptores em MCC. Uma comparação entre os valores calculados e
obtidos por simulação é apresentada de forma a comprovar o equacionamento proposto e
validar as análises qualitativa e quantitativa realizadas. Finalmente, é realizada uma
comparação entre os conversores buck-boost 3SSC e o tradicional considerando o mesmo
ponto de operação.
6.2 Operação em Modo de Não Sobreposição
6.2.1 Resultados de Simulação
As principais formas de ondas obtidas para o circuito simulado são apresentadas na
Figura 6.1 a Figura 6.6.
Verifica-se na Figura 6.1 que os sinais de tensão de comando nos interruptores não se
sobrepõem para D<0,5, pois não há condução simultânea em uma mesma etapa de
operação.
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Vg1 Vg2
Figura 6.1: Pulsos de comando dos interruptores para o conversor buck-boost 3SSC operando
em modo de não sobreposição e MCC.
73
Na Figura 6.2, a frequência da ondulação da corrente no indutor é equivalente ao dobro
da frequência de comutação. A corrente no indutor não se anula em nenhum momento,
caracterizando o MCC. Por sua vez, a Figura 6.3 apresenta os valores médios e
instantâneos da tensão e corrente de entrada. Observa-se também que a corrente de
entrada é pulsada e possui frequência igual àquela da ondulação da corrente no indutor.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Vg1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
6.5
7
7.5
8
8.5
9
9.5
IL IL(med)
Figura 6.2: Pulso de comando no interruptor S1 e corrente no indutor para o conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC.
Figura 6.3: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de
não sobreposição e MCC.
74
Na Figura 6.4, observa-se uma variação de 3 V na tensão de saída conforme as
especificações de projeto. A Figura 6.5 mostra as formas de ondas da tensão entre os
terminais dreno e fonte no interruptor S1, bem como as correntes instantânea e média de
dreno. O interruptor é submetido à soma das tensões de entrada e saída e que a corrente
média que flui através de cada interruptor equivale à metade da corrente de entrada.
Figura 6.4: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de não
sobreposição e MCC.
0
100
200
300
400
Vs1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
1
2
3
4
5
Is1 Is1(med)
Figura 6.5: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em
modo de não sobreposição e MCC.
75
0
-100
-200
-300
-400
Vd1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
1
2
3
4
5
Id1 Id1(med)
Figura 6.6: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo de
não sobreposição e MCC.
As formas de ondas de tensão e corrente no diodo D1 são apresentadas na Figura 6.6.
Conforme esperado, a tensão de pico reversa no diodo é de -400 V e o valor médio da
corrente é 2,5 A.
Observando as formas de ondas apresentadas, verifica-se que os valores encontrados
em simulação equivalem aos calculados no Capítulo 5 e as formas de ondas possuem o
comportamento previsto na análise qualitativa realizada no Capítulo 3.
6.2.2 Comparação Entre Valores Calculados e Obtidos por Simulação
As análises qualitativa e quantitativa realizadas no Capítulo 3 permitiram, através do
equacionamento proposto, o cálculo dos esforços nos componentes do conversor. Com o
objetivo de validar as análises realizadas, a Tabela 6.1 apresenta os valores calculados e
obtidos por simulação para o conversor proposto. Contata-se que os valores obtidos por
simulação são aproximadamente iguais aos calculados.
76
Tabela 6.1: Valores calculados e obtidos por simulação para o conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de não sobreposição e MCC.
Parâmetro Valor
Calculado Valor
Simulado
Tensão de saída (Vo) 150 V 150,02 V
Variação na Tensão de Saída (ΔVo) 3 V 2,82 V
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 2,1 A 2,01 A
Corrente eficaz no indutor (IL(ef)) 8 A 7,99 A
Corrente média no indutor (IL) 8 A 8,01 A
Corrente máxima no indutor (IM) 9,05 A 9,03 A
Tensão máxima nos interruptores (VS(max)) 400 V 401,53 V
Corrente eficaz nos interruptores (IS(ef)) 2,45 A 2,53 A
Corrente média nos interruptores (IS)) 1,5 A 1,61 A
Tensão de pico reversa nos diodos (VD(max)) -400 V -401,53 V
Corrente eficaz nos diodos (ID(ef)) 3,16 A 3,08 A
Corrente média nos diodos (ID) 2,5 A 2,38 A
6.2.3 Resultados Experimentais
As formas de ondas do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não
sobreposição e MCC foram obtidas experimentalmente, sendo que a metodologia
empregada na aquisição é apresentada no item 5.3.2. A Figura 6.7 mostra os sinais de
comando dos interruptores, os quais não se sobrepõem e possuem um defasamento de
180°.
Figura 6.7: Pulsos de comando dos interruptores (VG1 e VG2) do conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de não sobreposição e MCC.
77
A corrente no indutor é representada na Figura 6.8, bem como o sinal de comando
do interruptor S1 Conforme previsto na análise qualitativa e verificado na simulação (Figura
6.2), a frequência de operação no indutor é o dobro da frequência de comutação. Verifica-se
também uma pequena perturbação na forma de onda do sinal de comando de S1 nos
momentos de entrada e saída de condução de S2, o que não afeta a operação do conversor
drasticamente.
Figura 6.8: Tensão de comando no interruptor S1 e corrente no indutor do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC.
Na Figura 6.9, têm-se a tensão e a corrente de entrada. Verifica-se também
que na segunda e quarta etapas de operação, a carga é desconectada da fonte de
alimentação, conforme previsto na análise qualitativa (Figura 3.2).
Figura 6.9: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de
não sobreposição e MCC.
78
Verifica-se na Figura 6.10 que a tensão e corrente de saída são constantes.
Devido à inserção do snubber, os valores médios obtidos são maiores que os
resultados calculados, isto é, 150 V e 5 A.
Figura 6.10: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de
não sobreposição e MCC.
A correta operação do snubber pode ser verificada na Figura 6.11, que mostra a
tensão e a corrente em S1, não são verificados elevados picos de tensão.
Figura 6.11: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em
modo de não sobreposição e MCC.
Por fim, as formas de onda da tensão e corrente no primeiro diodo são
representadas na Figura 6.12, sendo que a máxima tensão reversa é de
aproximadamente 400 V.
79
Figura 6.12: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo
de não sobreposição e MCC.
6.2.4 Comparação Entre Valores Obtidos por Simulação e
Experimentais
A Tabela 6.2 mostra os valores obtidos por simulação e experimentais para o conversor
buck-boost 3SSC operando em modo de não sobreposição e MCC. Objetiva-se com a
comparação destes valores a validação das análises realizadas e a verificação do
comportamento do conversor frente às condições físicas reais de operação.
O aumento na tensão de saída deve-se a inserção do circuito snubber, conforme
esperado. Em geral, os resultados obtidos experimentalmente validam o desenvolvimento
teórico realizado.
Tabela 6.2: Valores simulados e amostrados em laboratório para o conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de não sobreposição e MCC.
Discriminação Valor
Simulado Valor
Medido
Corrente no indutor (IL) 8 A 8,08 A
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 2,1 A 2,4 A
Tensão de saída (Vo) 150 V 157 V
Corrente de entrada (Ii) 3 A 2,99 A
Corrente de saída (Io) 5 A 5.38 A
80
6.2.5 Comparação Entre os Conversores Buck-Boost Proposto e
Tradicional
O principal objetivo desta seção é realizar uma comparação entre os conversores
proposto e convencional. Os parâmetros iniciais são os mesmos adotados na Tabela 5.1. Os
cálculos para obtenção dos valores dos componentes do conversor buck-boost tradicional,
bem como os esforços de tensão e corrente, são realizados conforme (Rashid, 2011) e
(Mohan, Power Electronics Converters Applications Design - 3rd Edition, 2003):
3
250 0,375
0,7 3 351,27 m
0H
1L s
i
I
DVL
f
(6.1)
3
150 0,375
3 317,85 μF
0 35 10o
s
o
o o
D
R
VC
V f
(6.2)
750
5150
oo
o
PI A
V (6.3)
5
81 1 0,375
oL i o
II I I A
D
(6.4)
( ) 0,375 8 4,9S ef LI DI A (6.5)
0,375 5
31 1 0,375
oS i
DII I A
D
(6.6)
( ) 1 1 0,375 8 6,32D ef LI DI A (6.7)
5D oI I A (6.8)
3 3
250 0,3752,1
1,27 10 35 10
iL
s
V DI A
Lf
(6.9)
2,1
8 9,052 2
LM L
II I A
(6.10)
2,1
8 6,952 2
Lm L
II I A
(6.11)
Os valores de razão cíclica, ganho estático, resistência de saída e máxima tensão nos
terminais dos interruptores são iguais aos calculados para o conversor proposto. A Tabela
6.3 apresenta os valores de indutor e capacitor calculados para o conversor tradicional e
3SSC.
81
Tabela 6.3: Valores dos componentes e esforços do conversor buck-boost tradicional e 3SSC
operando com D<0,5.
Discriminação Valor
Tradicional 3SSC
Indutor L = 1,27 mH L = 255,1 µH
Capacitor de saída Co = 17,85 µF Co = 3,57 µF
Corrente média no indutor (IL) 8 A 8 A
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 2,1 A 2,1 A
Corrente máxima no indutor (IM) 9,05 A 9,05 A
Tensão máxima nos interruptores (VS(max)) 400 V 400 V
Corrente eficaz nos interruptores (IS(ef)) 4,9 A 2,45 A
Corrente média nos interruptores (IS)) 3 A 1,5 A
Corrente eficaz nos diodos (ID(ef)) 6,32 A 3,16 A
Corrente média nos diodos (ID) 5 A 2,5 A
Comparando os dados apresentados na Tabela 6.3, verifica-se que os valores do
indutor e capacitor para o conversor clássico são cinco vezes maiores que aqueles
calculados para o conversor proposto para atender as mesmas especificações de projeto.
Observando as topologias dos conversores buck-boost 3SSC e tradicional, verifica-se
também que, para uma mesma potência de saída, a amplitude das correntes nos
componentes semicondutores do 3SSC será reduzida à metade devido à presença do
autotransformador, que garante a correta divisão da corrente entre os dois ramos. Conclui-
se então que a célula de comutação de três estados possibilita a redução do tamanho do
conversor.
6.2.6 Rendimento
A curva de rendimento do conversor é apresentada no gráfico da Figura 6.13, em que
se considera uma variação da potência de saída de 100 W a 750 W. Neste gráfico, há duas
curvas: o traço em cinza representa o rendimento para o conversor simulado em software
computacional, enquanto o traço em negrito representa o rendimento obtido a partir da
amostragem realizada em laboratório para o protótipo do conversor. Verifica-se que o
resultado simulado apresenta maior rendimento, visto que as perdas nos componentes não
foram consideradas na simulação.
82
Figura 6.13: Curva de rendimento do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de não
sobreposição e MCC.
6.3 Operação em Modo de Sobreposição
6.3.1 Resultados de Simulação
As principais formas de ondas obtidas para o circuito simulado são mostradas na Figura
6.14 a Figura 6.19.
Verifica-se que os sinais de comando nos interruptores se sobrepõem, caracterizando a
condução simultânea em uma mesma etapa de operação na Figura 6.14.
Assim como no modo de não sobreposição, na Figura 6.15 a frequência da ondulação
da corrente no indutor equivale ao dobro da frequência de comutação e em nenhum
momento essa forma de onda se torna, caracterizando o MCC.
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
100 200 300 400 500 600 700 750
η (
%)
Potência de Saída (W)
Medido
Simulado
83
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Vg1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Vg2
Figura 6.14: Pulsos de comando nos interruptores para o conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de sobreposição e MCC.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Vg1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
11
11.5
12
12.5
13
IL IL (med)
Figura 6.15: Pulso de comando do interruptor S1 e corrente no indutor do conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC.
Verifica-se na Figura 6.16 que, ao contrário do que ocorre com o conversor tradicional ou
o conversor proposto em modo de não sobreposição, a corrente de entrada é contínua. Esta
é uma vantagem interessante, visto que torna a topologia adequada para aplicações
diversas sem a necessidade de uso de filtros de entrada.
84
99.9
99.92
99.94
99.96
99.98
100
100.02
100.04
100.06
100.08
100.1
Vi
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
4
6
8
10
12
14
Ii Ii(med)
Figura 6.16: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de
sobreposição e MCC.
198
199
200
201
202
203
Vo
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
3.96
3.98
4
4.02
4.04
4.06
Io Io(med)
Figura 6.17: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de
sobreposição e MCC.
A Figura 6.17 que a tensão e corrente de saída do conversor são contínuas. A tensão
apresenta variação de aproximadamente 4 V ou 2% do valor médio conforme calculado.
As formas de ondas da tensão entre os terminais dreno e fonte do interruptor S1 e da
corrente de dreno são apresentadas na Figura 6.18. Assim como para o conversor operando
em modo de não sobreposição, o interruptor é submetido à soma das tensões de entrada e
saída do conversor e a corrente média em cada interruptor equivale à metade da corrente
85
média de entrada. Já os esforços de tensão e corrente no diodo D1 são apresentados na
Figura 6.19, em que se verifica que a tensão reversa no diodo é de -300 V.
0
100
200
300
Vs1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
2
4
6
8
Is1 Is1(med)
Figura 6.18: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em
modo de sobreposição e MCC.
0
-100
-200
-300
Vd1
0.05 0.05002 0.05004 0.05006 0.05008
Time (s)
0
-2
2
4
6
8
Id1 AVG(Id1)
Figura 6.19: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo
de sobreposição e MCC.
Por fim, pode-se inferir que as formas de onda supracitadas validam adequadamente a
operação do conversor proposto.
86
6.3.2 Comparação Entre Valores Calculados e Obtidos por Simulação
A Tabela 6.4 mostra os valores calculados e obtidos por simulação para o conversor
buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC. Observando os dados
apresentados, contata-se que os valores obtidos por simulação são aproximadamente iguais
àqueles calculados.
Tabela 6.4: Valores calculados e obtidos por simulação para o conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de sobreposição e MCC.
Par Valor
Calculado Valor
Simulado
Tensão de saída (Vo) 200 V 199,95 V
Variação na Tensão de Saída (ΔVo) 4 V 4,2 V
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 1,84 A 1,83 A
Corrente eficaz no indutor (IL(ef)) 12 A 12,07 A
Corrente média no indutor (IL(med)) 12 A 12,06 A
Corrente máxima no indutor (IM) 12,92 A 12,93 A
Tensão máxima nos interruptores (VS(max)) 300 V 301.96 V
Corrente eficaz nos interruptores (IS(ef)) 4,9 A 4,84 A
Corrente média nos interruptores (IS(med)) 4 A 3,88 A
Tensão de pico reversa nos diodos (VD(max)) -300 V -302 V
Corrente eficaz nos diodos (ID(ef)) 3,46 A 3,6 A
Corrente média nos diodos (ID(med)) 2 A 2,14 A
6.3.3 Resultados Experimentais
A Figura 6.20 representa os sinais de comando aplicados nos interruptores, que se
sobrepõem para D>0,5), havendo um defasamento de 180° entre essas formas de onda.
Figura 6.20: Pulsos de comando dos interruptores (VG1 e VG2) para o conversor buck-boost
3SSC operando em modo de sobreposição e MCC.
87
Na Figura 6.21, tem-se a forma de onda da corrente no indutor, sendo que operação
ocorre em MCC. Além disso, a Figura 6.22 mostra a tensão e a corrente de entrada, sendo
que essa última forma de onda não se anula ao longo do período de comutação.
Figura 6.21: Pulso de comando do interruptor S1 e corrente no indutor para o conversor buck-
boost 3SSC operando em modo de sobreposição e MCC.
Figura 6.22: Tensão e corrente de entrada para o conversor buck-boost operando em modo de
sobreposição e MCC.
A tensão e a corrente de saída para a condição de carga nominal são representadas
na Figura 6.23. Por fim, constata-se que na Figura 6.24 e na Figura 6.25 tanto o interruptor
controlado quanto o diodo estão submetidos a tensões equivalentes à somas das tensões
de entrada e saída, assim como no conversor buck-boost convencional.
88
Figura 6.23: Tensão e corrente de saída para o conversor buck-boost operando em modo de
sobreposição e MCC.
Figura 6.24: Tensão e corrente no interruptor S1 para o conversor buck-boost operando em
modo de sobreposição e MCC.
Figura 6.25: Tensão e corrente no diodo D1 para o conversor buck-boost operando em modo
de sobreposição e MCC.
89
6.3.4 Comparação Entre Valores Obtidos por Simulação e
Experimentais
A Tabela 6.5 mostra os valores obtidos por simulação e experimentais para o conversor
buck-boost 3SSC operando em modo de sobreposição dos sinais aplicados aos
interruptores em MCC. Assim como no caso do modo de não sobreposição, os resultados
obtidos experimentalmente validam o desenvolvimento teórico realizado.
Tabela 6.5: Valores simulados e amostrados em laboratório para o conversor buck-boost 3SSC
operando em modo de sobreposição e MCC.
Discriminação Valor
Simulado Valor
Amostrado
Corrente no indutor (IL) 12,05 A 12,47 A
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 1,83 A 2 A
Tensão de saída (Vo) 200 V 204 V
Corrente de entrada (Ii) 8,18 A 8,57 A
Corrente de saída (Io) 4 A 4.15 A
6.3.5 Comparação Entre Os Conversores Buck-Boost Proposto e
Tradicional
Da mesma forma que foi realizado para o modo de não sobreposição, são
dimensionados os componentes do buck-boost tradicional a fim de comparar tais valores
com aqueles encontrados para o conversor proposto. Os parâmetros iniciais são os mesmos
adotados na Tabela 5.5. Os valores de razão cíclica, ganho estático e resistência de carga
são iguais em ambos os casos. Assim, tem-se na Tabela 6.6 os valores do indutor e do
capacitor calculados para os conversores buck-boost 3SSC e tradicional.
Assim como na Tabela 6.3, verifica-se na Tabela 6.6 que os valores do indutor e
capacitor para o conversor clássico são cinco vezes maiores que aqueles calculados para a
topologia proposta para atender as mesmas especificações de projeto, bem como os
esforços de corrente nos semicondutores são maiores no conversor tradicional.
90
Tabela 6.6: Valores dos componentes do conversor buck-boost tradicional e 3SSC operando
com D>0,5.
Discriminação Valor
Tradicional 3SSC
Indutor L = 1,19 mH L = 258 µH
Capacitor de saída Co = 19,05 µF Co = 4,77 µF
Corrente média no indutor (IL) 12,01 A 8 A
Variação da corrente no indutor (ΔIL) 1,6 A 1,84 A
Corrente máxima no indutor (IM) 12,81 A 12,52 A
Tensão máxima nos interruptores (VS(max)) 300 V 300 V
Corrente eficaz nos interruptores (IS(ef)) 9,81 A 4,9 A
Corrente média nos interruptores (IS)) 8,01 A 4 A
Corrente eficaz nos diodos (ID(ef)) 6,93 A 3,46 A
Corrente média nos diodos (ID) 4 A 2 A
6.3.6 Rendimento
As curvas de rendimento do conversor são mostradas na Figura 6.26, considerando
uma variação de carga de 100 W a 800 W. Comparando-se os gráficos da Figura 6.13 e
Figura 6.26, verifica-se que o conversor possui melhor rendimento quando opera em modo
de sobreposição em virtude dos menores esforços de corrente.
Figura 6.26: Curva de rendimento do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de
sobreposição e MCC.
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
100 200 300 400 500 600 700 800
η (
%)
Potência de Saída (W)
Medido
Simulado
91
6.4 Considerações Finais
Neste capítulo, foram apresentados resultados de simulação e experimentais do
conversor buck-boost 3SSC nos modos de não sobreposição e sobreposição em MCC. A
comparação entre valores calculados e obtidos por simulação possibilitou a validação do
equacionamento realizado. As amplitudes dos sinais obtidos experimentalmente são
bastante próximas dos valores encontrados por simulação, sendo que as diferenças
encontradas não invalidam as análises qualitativa e quantitativa realizadas.
Verifica-se que, para um ponto de operação e especificações de projeto idênticos, o
indutor e o capacitor do conversor tradicional são maiores se comparados aos componentes
requeridos pela topologia baseada na célula de três estados. A redução desses elementos
deve-se essencialmente ao aumento da frequência de operação dos elementos de filtro,
conforme se constata na Figura 6.8 e na Figura 6.21.
Segundo a Figura 6.22, a corrente de entrada não se anula em nenhum momento no
modo de sobreposição. Certamente, essa é uma das características mais interessantes do
conversor proposto, visto que isso implica menores níveis de interferência eletromagnética,
dispensando a adoção de filtros passa-baixa de entrada.
A inserção do circuito snubber dissipativo afeta diretamente o rendimento do
conversor, mas os altos picos de tensão nos interruptores requerem inevitavelmente sua
utilização. Em geral, verifica-se que o comportamento do protótipo valida devidamente o
estudo previamente desenvolvido.
92
Capítulo 7 - CONCLUSÃO GERAL
A aplicação da célula de três estados ao conversor buck-boost mostra-se uma alternativa
interessante para aplicações que requerem níveis de potências superiores aos valores
atingidos pelos conversores convencionais. Apesar da similaridade com a técnica de
entrelaçamento, o balanço de corrente é naturalmente obtido pela presença do
autotransformador com relação de espiras unitária, sem a necessidade de estratégias de
controle sofisticadas. Além disso, os esforços de corrente nos elementos semicondutores e
as dimensões dos elementos de filtro são significativamente reduzidos.
Considera-se como principal resultado deste trabalho o estudo completo do conversor
buck-boost 3SSC, compreendendo a realização das análises qualitativa e quantitativa,
desenvolvimento de roteiros de projeto, simulação e implementação de um protótipo
experimental. A partir do estudo do conversor, é possível projetar a estrutura corretamente,
constatando-se que os valores obtidos por simulação são aproximadamente iguais àqueles
calculados. Considerando pontos de operação previamente definidos, foi possível analisar o
funcionamento correto da estrutura nos modos de sobreposição e não sobreposição dos
interruptores controlados em MCC por meio de um protótipo experimental implementado em
laboratório.
Verificou-se que o rendimento do conversor é fortemente influenciado pela inserção do
circuito snubber, principalmente em menores potências, mas sua utilização é necessária
para evitar elevados picos de tensão nos interruptores. Assim, a substituição do snubber
dissipativo por um circuito regenerativo pode aumentar o rendimento significativamente.
Com base no exposto ao longo do trabalho, as seguintes características podem ser
atribuídas ao conversor proposto:
ambos os conversores convencional e 3SSC possuem elevados esforços de
tensão nos elementos semicondutores (interruptores controlados e diodos), cuja
amplitude é igual à soma das tensões de entrada e saída, mas os esforços de
corrente são superiores no conversor tradicional;
a presença do autotransformador garante a correta divisão da corrente entre os
ramos, de modo que os esforços de corrente nos semicondutores são menores,
equivalendo à metade dos valores existentes no conversor tradicional;
A frequência de operação do indutor é o dobro da frequência de comutação, o
que significa que o esse elemento possui menores dimensões;
93
quando o conversor opera em modo de sobreposição e MCC, a corrente de
entrada é contínua, dispensando a necessidade de filtros de entrada para
redução de níveis de interferência eletromagnética.
Desta forma, conclui-se então que o conversor buck-boost baseado na célula de três
estados apresenta vantagens interessantes, como melhor distribuição da potência dissipada
nos semicondutores, associada aos menores esforços de corrente nestes elementos;
componentes reativos com dimensões reduzidas; corrente de entrada não pulsada quando
operando em modo de sobreposição e MCC.
Além disso, as principais desvantagens do conversor baseado na célula de três estados
frente à estrutura buck-boost tradicional são o maior número de componentes, sendo que a
estrutura não é competitiva para níveis de potência reduzidos; e consequentemente, maior
complexidade do circuito.
Para futuros trabalhos relacionados ao tema, sugere-se:
implementação do controle do conversor proposto em malha fechada;
aplicação de técnicas de comutação suave ao conversor;
estudo do conversor buck-boost 3SSC operando em modo de condução descontínua
(MCD);
aplicação dos demais tipos de células de comutação de três estados (A, C, D e E)
desenvolvidas por (Bascopé, 2001) ao conversor buck-boost.
94
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