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Universidade de Brasília JOSÉ CARLOS RIBEIRO COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco- maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local São Luís 2007

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA … · 2.3.2 A sustentabilidade no Brasil ... oficialmente no dia 11 de agosto de 2006, Dia do Estudante. A programação foi dividida

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Universidade de Brasília

JOSÉ CARLOS RIBEIRO

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-

maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local

São Luís 2007

JOSÉ CARLOS RIBEIRO

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-

maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Dr. Paulo da Trindade Nerys Silva

São Luís 2007

RIBEIRO, José Carlos COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local, 2007. 75 p. TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino à Distância, 2007. 1. Cooperação internacional. 2. Desenvolvimento sustentável. 3. Esporte Escolar.

JOSÉ CARLOS RIBEIRO

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL SÃO LUÍS/GUIANA FRANCESA EM ESPORTE ESCOLAR: interfaces socioculturais franco-

maranhenses como sugestões para o Programa Segundo Tempo local

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

Presidente: Prof. Dr. Paulo da Trindade Nerys Silva

Universidade Federal do Maranhão

Membro: Prof. Dr. Paulo Henrique Azevedo

Universidade de Brasília

São Luís (MA), 10 de agosto de 2007.

Aos amigos da Guiana Francesa.

AGRADECIMENTOS

A Deus, a Meishu Sama, a meus antepassados e a minha mãe Raimunda

Primitiva Ribeiro, pela forma equilibrada com que me vem conduzindo na minha

longa jornada de evolução material e espiritual no Universo.

Ao Espírito de Luz, que nesta vida se chamou Gilbert Zaquéu de Araújo

transmutado ao mundo Espiritual, no dia 18 de maio de 1998. Obrigado por tudo, e

que seja agraciado com o verdadeiro mundo de Verdade-Bem e belo (Reino da Luz),

outorgado por Deus aos seus filhos mais ilustres.

A todo o povo da Guiana Francesa e, em especial, aos amigos Alex

Blaise Said, Chavigny Serge Jean-Tony, Jean Nita, Sebastian e Pierre Jean-Luc,

pelo privilégio do convívio, apoio, incentivo e parceria na construção dessa

cooperação internacional entre os povos amazônicos, antilhanos e caribenhos.

Ao Ministério do Esporte e ao CEAD/Unb pela oportunidade participar de

um Curso de Especialização à Distância.

À equipe técnica de trabalho do Programa Segundo Tempo e da

SESP/MA, formada por Manoel Trajano, Marlizete Mendonça, Lina Maria Barbosa,

Ilva Lícia Sadanha, Paulo César Maia e Silvanete Cunha, pela colaboração das

informações referentes ao relatório técnico, de grande contribuição para a

construção do presente estudo.

Ao professor Paulo da Trindade pela orientação, atenção dispensada e

interesse imprescindível na realização deste trabalho.

A todos os professores do Curso que souberam disseminar o

conhecimento.

Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para

realização deste trabalho.

“O homem deve criar oportunidades e não somente encontrá-las.”

Francis Bacon

RESUMO

Uma proposta de cooperação internacional entre São Luís e Guiana Francesa no

esporte escolar. Este relato de experiência teve como objetivo levantar

apontamentos com interfaces ambiental natural e sociocultural franco-maranhenses

que possam subsidiar a Cooperação Internacional São Luís – MA / Guiana Francesa

na formação esportiva escolar à luz da abordagem sócio-antropológica defendida no

contexto do Programa Segundo Tempo, e com foco no desenvolvimento sustentável

na Bacia Hidrográfica Amazônica latino-americana e caribenha, explorando a

temática esporte como fenômeno sociocultural. O método aplicado na pesquisa foi

de natureza qualitativa por se adequar melhor ao objeto estudado.

Palavras-chaves: Cooperação Internacional. Desenvolvimento sustentável. Esporte Escolar.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9 2 LEITURA DA REALIDADE....................................................................................13

2.1 Indicadores Econômicos do Maranhão .......................................................13 2.2 Alguns aspectos históricos, geográficos, econômicos, culturais, sociais

e políticos franco-maranhenses..................................................................15 2.2.1 A Invasão Francesa ....................................................................................16 2.2.2 Interfaces ambientais naturais e socioculturais entre o Maranhão e a Guiana Francesa .................................................................................................18

2.2.2.1 Ocupação Indígena..........................................................................19 2.2.2.2 Exploração e colonização ................................................................20 2.2.2.3 A Invasão Francesa na Guiana Francesa........................................21 2.2.2.4 Guiana Francesa .............................................................................21 2.2.2.5 Brasileiros na Guiana Francesa.......................................................22 2.2.2.6 Maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho...............23 2.2.2.7 Tião e o L’ Equipe ............................................................................24 2.2.2.8 Espaço Franco-Maranhense............................................................27 2.2.2.9 A Invasão Francesa II: Em Saint Louis Roi De France ....................29

2.3 Esporte e Desenvolvimento Sustentável I....................................................34 2.3.1 Tratado de Cooperação Amazônica............................................................37 2.3.2 A sustentabilidade no Brasil ........................................................................38 2.3.3 Sustentabilidade do esporte escolar: principais problemas e desafios .......38

2.4 Cooperação Amazônica: uma proposta entre São Luís e Guiana Francesa na área de formação esportiva escolar ..................................................................40

3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA .............................................................42 3.1 Programa Segundo Tempo No Maranhão: Relatório Final/SESP.................42

4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NO MARANHÃO.................................................................54

4.1 Aspectos negativos........................................................................................54 4.2 Aspectos positivos.........................................................................................57

5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES................................................................59 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................64

REFERÊNCIAS ...................................................................................................66 ANEXOS .............................................................................................................68

9

1 INTRODUÇÃO “Escola é... o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente; gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém. Nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.” (Paulo Freire)

Este trabalho vem justamente refletir sobre as interfaces socioculturais

franco-maranhenses interagindo com o ensino do gesto técnico do esporte escolar

no contexto ludovicense e da Guiana Francesa, buscando entender as interfaces

das bases conceituais sobre como a cooperação amazônica pode contribuir na

formação esportiva escolar.

O método de trabalho utilizado teve como fundamento a utilização de

pesquisa bibliográfica e a análise documental através dos seguintes procedimentos:

a) levantamento do referencial bibliográfico sobre temas que tratam das Interfaces

Franco-Maranhenses, visando enfatizar aspectos similares destas áreas de estudo;

b) levantamento bibliográfico da documentação oficial sobre políticas, planos e

10

programas com ênfase na área de formação de recursos humanos para o Ensino do

Esporte Escolar.

Para orientar teoricamente a análise, partiu-se do pressuposto de que a

metodologia está diretamente relacionada ao modo de como se olha para o contexto

sociocultural, como se percebe os seus problemas e como se busca as respostas.

Nesse sentido, as suposições, interesses e propósitos levaram a diferentes

caminhos e perspectivas para a realização de uma investigação. Portanto, recorreu-

se ao referencial ecológico, procurando reconhecer a atualidade das categorias

históricas em uma abordagem ambiental natural e sociocultural.

O presente trabalho constitui peça fundamental na gestão do esporte

escolar, representando um importante instrumento de gerenciamento no âmbito do

sistema esportivo escolar no Estado do Maranhão. Para o desenvolvimento do

trabalho de pesquisa, a metodologia aplicada contemplou o maior número possível

de informação, caracterizada por uma abordagem teórico-sistêmica dos dados

levantados e submetidos à análise comparativa.

A justificativa para este crescente interesse deve-se ao elevado eixo

norteador da prática da cultura esportiva educativa: a formação da personalidade de

um aluno-atleta-cidadão autônomo, participativo, crítico e criativo.

Quais as possibilidades oferecidas por esta Cooperação Amazônica

Brasil/ Guiana Francesa? O que pensam a respeito os especialistas? Que

contribuições trouxe o Programa Segundo Tempo em São Luís/MA para a

Cooperação Amazônica em São Luís? Qual o impacto na iniciação ao esporte

ludovicense/Guiana Francesa? Existe muita controvérsia em nível técnico sobre a

conveniência ou não das abordagens em âmbito escolar? Qual o potencial do

cenário que haverá de emergir desta Cooperação Amazônica Franco-maranhense,

no sentido de reverter as práticas usuais do ensino-aprendizagem do esporte

escolar? Estas questões norteadoras constituem a base do escopo reflexivo deste

estudo, sem, contudo, apresentar respostas definitivas e acabadas dos projetos

conceituais e de ensino do esporte escolar.

11

Questionamentos como estes abordam assuntos de grande relevância em

um mundo globalizado, especificamente na América Latina, principalmente entre

países com proximidade política, geográfica, histórica e étnica cultural como Brasil e

Guiana Francesa, que apresentam grande produção de conhecimentos significativos

nesta área, clamando por uma maior Cooperação/Intercâmbio na produção do

conhecimento.

O segundo capítulo irá dispor sobre os pontos em comum existentes entre

a Guiana Francesa e São Luís, para implantar uma cooperação amazônica referente

ao esporte entre esses dois governos. E em seguida será tratado sobre a

importância do desenvolvimento sustentável para o desenvolvimento esportivo

maranhense, que são respaldados e garantidos pela Constituição Federal e em

tratados internacionais, como o Tratado da Cooperação Amazônica.

No terceiro capítulo, será apresentado o Programa Segundo Tempo para

que na sua próxima edição se faça uma integração com a proposta da cooperação

amazônica a fim de melhor desenvolver o esporte no Maranhão, proporcionando

uma melhor qualidade de vida aos jovens maranhenses, não somente fisicamente,

mas também ao que se refere ao comportamento, tornando-os responsáveis em

relação à vida. Tudo isso pode ser adquirido através das regras e finalidades do

esporte que vem a ser trabalhado.

O Programa Segundo Tempo foi fruto de uma experiência teórico-prática

do professor José Carlos Ribeiro, no exercício de supervisor do Programa Segundo

Tempo nos pólos dos municípios de Santa Helena, Pinheiro e São Bento, no período

de 2006, convidado para assessorar no âmbito do Direito Esportivo o Secretário de

Estado do Esporte vigente da época, Dr. Alim Maluf Neto Filho, durante sua gestão à

frente do SESP, no período de 2003 a 2005.

Os dados aqui expostos foram

gentilment

seus 50 núcleos localizados em

e cedidos pela equipe técnica de

trabalho, de coordenação e de

administração, do qual José Carlos Ribeiro

também fazia parte, a fim de demonstrar a

sistemática organizacional e

desenvolvimento das atividades do

Programa Segundo Tempo no Maranhão, em

escolas públicas da rede oficial de ensino do Estado do Maranhão, que atendeu a

12

10.000 crianças, sob responsabilidade e coordenação da Secretaria de Estado do

Esporte, Convênio nº 110/2004/ME/SNEE/SESP.

O Programa Segundo Tempo estava previsto inicialmente para ser

executado

ivos

encontrad

, críticas e sugestões de como

ocorre o e

no período de dezembro de 2004 a outubro de 2005, mas foi lançado

oficialmente no dia 11 de agosto de 2006, Dia do Estudante. A programação foi

dividida em duas partes: a primeira, solene e cívica; e a segunda, esportivo-cultural,

com apresentações de grupos de dança, capoeira e torneios inter-escolares. A

solenidade do lançamento ocorreu no CAIC Embaixador Araújo Castro, no bairro da

Cidade Operária, na cidade São Luís, com a presença do Secretário de Estado do

Esporte, Dr. Antonio Ribeiro Neto, e do Secretário de Estado da Educação, professor

doutor Edson Nascimento, e outras autoridades. A solenidade envolveu alunos,

estagiários, professores, diretores de estabelecimentos de ensino, supervisores e

coordenadores do Programa. Simultaneamente a este evento de abertura em São

Luís, o Programa foi lançado nos demais núcleos da região metropolitana e nos

municípios do interior do Estado. Para efetivar essa realização, o evento também

contou com ampla divulgação nos meios de comunicação. (MARANHÃO, 2006)

Será exposto no quarto capítulo os aspectos negativos e posit

os na realização do Programa Segundo Tempo do Maranhão, para que na

próxima edição seja reparados os erros cometidos e aprimorar os resultados obtidos

associados ao tratado de cooperação amazônica.

No quinto capítulo, será feito análises

nsino-aprendizagem-treinamento, quais os métodos mais adequados para

desenvolver um esporte embasado na sustentabilidade defendida na Agenda 21,

para enfim tecer considerações gerais no último capítulo sobre o tema aqui proposto.

13

2 LEITURA DA REALIDADE 2.1 Indicadores Econômicos do Maranhão

O Maranhão apresenta alta taxa de crescimento populacional

principalmente nas áreas urbanas. O êxodo rural exacerbou-se a partir da década de

70, por uma corrida desordenada da zona rural rumo aos centros urbanos. Mesmo

assim, o maranhão ainda concentra maior contingente populacional na zona rural.

Apenas 31,41% residem nos centros urbanos. (MARANHÃO, 1998)

Atualmente a população absoluta chega acerca de 5.000.000 de

habitantes, com uma densidade demográfica de 15 habitantes/km². Estima-se que

1.972.008 habitantes residem na zona urbana enquanto 2.950.331 pessoas se

distribuem pelo meio rural do Estado. A taxa de crescimento entre 19888 e 1991

situava-se em torno de 1,91%, maior que a média nordestina, porém inferior se

comparada à década passada. (MARANHÃO, 1998)

Há uma desigualdade na distribuição da população do Estado, pois 36%

dela concentram-se em dez municípios. De acordo com a faixa etária, 69,9% da

população maranhense é maior de 10 anos de idade, dos quais 49,85 são homens e

50, 15 são mulheres, o que explica uma extraordinária oferta de mão-de-obra barata

e abundante. Os municípios que representam a maior taxa de crescimento

14

correspondente à população total são: Açailândia, Imperatriz, São Luís e Santa

Luzia. (MARANHÃO, 1998)

O fator de desequilíbrio na distribuição da renda ocupada, 50,3% recebe

menos de salário mínimo, 60,8% entre um e dois salários mínimos e apenas 4%

mais de 5 salários mínimos. Na zona rural ocorre maior desigualdade, pois 47% da

população ocupada não recebem remuneração alguma enquanto apenas 32%

recebe o equivalente a um salário mínimo. Na zona urbana, 44,36% da população

ocupada não tem nenhum rendimento, 26% recebe um salário mínimo e 32% mais

de um salário mínimo. (MARANHÃO, 1998)

Do ponto de vista da economia, o Estado do Maranhão demonstra um

crescimento da taxa do PIB superior ao do nordeste do Brasil, o que demonstra um

regime de expansão da economia Estadual. A partir de 1975 o setor agropecuário

sofreu uma queda brusca na contribuição do PIB estadual devido à falta de crédito

rural a partir dos órgãos financeiros oficiais e também pela influência de fatores

climáticos que refletiu em sucessivas quedas de produção agrícola. (MARANHÃO,

1998)

O desempenho das atividades industriais ganhou impulso a partir de

1984, quando o complexo Alumínio-Alumina Consórcio ALUMAR começou a

produzir, coincidindo com a dinamização das atividades exportadoras de ferro da

Companhia vale do Rio Doce. (MARANHÃO, 1998)

O setor terciário apresentou tendências de crescimento a partir de 1970

contribuindo naquele período com 40,3% do PIB maranhense, devido o declínio do

setor agropecuário e também a influência do comércio, a intermediação e os

serviços comunitários sociais e pessoais que ganharam impulso a partir da influência

da polarização do setor industrial e de atração dos outros prestadores de serviços e

da oferta de bens. (MARANHÃO, 1998)

Referentes aos dias atuais temos os seguintes indicadores econômicos

do Estado, o que não se mostra muito diferente segundos os dados da Secretaria de

Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Maranhão citados anteriormente,

conforme o quadro abaixo.

15

Fonte: Portal do Maranhão. Disponível em:

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 (até junho)

P.I.B. Total do Estado* (em bilhões de R$) 9,207 10,293 11,420 13,984 16.547

P.I.B. - Per Capita* (em R$) 1.616,00 1.782,00 1.949,00 2.354,00 2.748,06

Participação Setorial (%)

Agropecuária 16,76 17,1 18,00 20,3 20,1

Indústria 23,58 23,5 25,23 26,1 25,4

Serviços 59,66 59,4 56,77 53,6 54,4

Exportações** (US$ 1.000 FOB) 758.245 544.329 652.375 739.798 1231.085 1.501.034 1.712.701 1.036.392

Importações** ( US$ 1.000 FOB) 485.611 830.524 866.470 661.815 735.655 1.156.715 1.725.832 961.405

Saldo Comercial** ( US$ 1.000 FOB) 272.635 -286.195 -214.096 77.983 495.430 344.318 -13.131 74.987

Fontes: IBGE* e MDIC** Obs: O saldo negativo em 2001-2002 no Maranhão, decorre da mudança de metodologia. São computados como importações do Maranhão todos os derivados de petróleo que descarregaram pelo Porto da Madeira e são transportados para outros Estados.

http://www.ma.gov.br/cidadao/estado/informacoes_economicas/indicadores_economicos.php

2.2 Alguns aspectos históricos, geográficos, econômicos, culturais, sociais e

políticos franco-maranhenses É importante para o presente trabalho fazer alguns apontamentos sobre o

contexto histórico do Maranhão, pois o intercâmbio na formação esportiva escolar

não se dá somente pela necessidade de simplesmente obter novos conhecimentos

sobre o assunto. Para que isso aconteça, é necessário ter alguns aspectos históricos

em comum entre Maranhão e Guiana Francesa, pois a relação que irá se travar

entre os povos não é de superioridade, mas de cooperação, e isso não acontece

entre povos em que seu aspecto histórico-cultural sejam tão distantes e diferentes

entre si.

16

2.2.2 A Invasão Francesa

A formação histórica do Maranhão está inserida nos moldes do antigo

sistema Colonial Mercantilista. Assim, o Estado do Maranhão nasce como resultado

da expansão da colonização tradicional européia, da expansão das políticas

mercantilistas francesa e portuguesa, iniciada no século XV. Em 1612, com a

invasão francesa, inicia-se o povoamento desta região, denominada França

Equinocial.

A ocupação e o povoamento da Grande Ilha do Maranhão (ou Upaon-

Açú, na linguagem indígena) iniciam-se, em 1612, com a invasão francesa. A

ocupação, o povoamento e a colonização portuguesa iniciaram-se somente em

1615, cem anos depois do descobrimento do Brasil. Para que tal fato acontecesse,

os portugueses travaram guerra com os franceses que por aqui ora se instalaram,

vencendo-os e expulsando-os na Batalha de Guaxenduba, decisiva na retomada

dessas terras.

França Equinocial

No século XVII, os franceses passaram por uma profunda crise

econômica, provocada devido às lutas entre católicos e protestantes pelo poder,

advindas da implantação da Reforma na França e da necessidade de adentrar ao

universo mercantilista da época, em busca de consolidar o regime absolutista e de

uma burguesia em formação.

O empreendimento francês no Maranhão constituiu-se, na realidade, em

uma tentativa de colonização, em que vários fatores contribuíram para essa

necessidade francesa de montar a sua retaguarda colonial:

a) A crise da França, ocasionada pela perda de espaço político-

econômico na Europa Ocidental e pela decadência de rota tradicional que tinha

como ponto final a região de Flandres;

b) As disputas decorrentes da formação do Estado Nacional Francês e a

crise social francesa ocasionada pela difusão da reforma protestante no País;

c) A União Ibérica e a repercussão do Tratado de Tordesilhas na Europa,

aliadas junto com o conhecimento prévio do litoral brasileiro pelos franceses, que

desde o século XIV comercializavam o Pau Brasil;

17

d) O despovoamento da região e a existência da foz do rio Amazonas,

que tornavam a região um ponto estratégico para as potências estrangeiras que

queriam se estabelecer na América.

O Maranhão correspondia a todo o norte do atual Brasil, observando os

limites do Tratado de Tordesilhas. As regiões que correspondiam ao Maranhão

eram: Pará, Maranhão, Ceará, Tocantins, parte do Amazonas e norte do Rio Grande

do Norte.

Desde 1594, Jacques Riffault estabeleceu uma feitoria em Upaon-Açú

(Ilha de São Luís). Seu compatriota Charles dês Vaux, de certa forma, teve um grau

de responsabilidade muito grande para tal feito, pois conquistou a confiança dos

silvícolas e o domínio da língua nativa.

Em uma de suas idas e vindas à França, Dês Vaux trouxe consigo Daniel

de La Touche para uma viagem de reconhecimento do terreno ocupado no Brasil,

designado pelo rei Henrique IV. Posteriormente, entusiasmado com a terra, obteve

concessão, junto a Maria de Médicis, para estabelecer uma Colônia.

Em 1612, os franceses empreenderam uma das mais ousadas tentativas

de ocupação territorial no Brasil desde 1567: a formação de uma Colônia na região

norte do país, que passaria a ser conhecida com o nome de França Equinocial. Esta

empreitada contava com o apoio dos principais setores da sociedade, burguesia e

nobreza francesa, inclusive a Regente D. Maria de Médicis.

Assim, no dia 08 de setembro de 1612, respeitando todos os protocolos

que o regime da França estabelecia, fundaram a Colônia França Equinocial com a

colaboração espontânea dos índios (tendo a frente o cacique Japiaçu), dando início

à construção e ocupação do Forte São Luís, cujo nome foi escolhido em

homenagem ao rei-menino da França e ao Santo Padroeiro da cidade natal de

Daniel de La Touche.

A França Equinocial teve várias características, dentre as quais se

destacaram: a formação de um núcleo de colonização efetiva, a ocupação de um

ponto estratégico militar e a tentativa de montagem de uma Colônia de exploração

nos moldes do restante do continente americano.

18

Batalha de Guaxenduba

Apesar da implantação e da formação da Colônia francesa, ocorre a

expulsão dos franceses pelos portugueses, após a derrota na Batalha de

Guaxenduba, que marcaria o fim do que seria a última tentativa de colonização

francesa em terras brasileiras.

Em 19 de novembro de 1614, 300 franceses e 200 índios, ao comando do

Sr. La Ravardiére, entricheiraram-se no outeiro defronte do Forte Lusitano. Os

portugueses acometeram os franceses, apesar da inferioridade numérica de

combatentes. Os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais 100

combatentes abatidos na luta, ou afogados na fuga, ou devorados pelos tubarões.

Com tal desfecho em 1º de novembro de 1614, Sr. La Ravardiére e

duzentos (200) franceses tiveram que deixar a ilha, no prazo de cinco meses,

entregando o Forte de São Luís / Saint Louis Roi du Français aos portugueses.

Apesar de gozarem de uma íntima relação com os indígenas e de

conhecerem detalhadamente o litoral brasileiro, os franceses não resistiram aos

portugueses e acabaram por se retirar do Maranhão, deixando para trás uma

pequena Vila e um Forte, o que realmente fazia com que a Ilha de São Luís se

correlacionasse com os franceses.

2.2.3 Interfaces ambientais naturais e socioculturais entre o Maranhão e a Guiana Francesa

As interfaces francomaranhenses que aqui se estabelecem servem para

dar suporte para a cooperação amazônica na área do esporte escolar. Os

subtópicos abaixo discriminados demonstram a estreita relação existente entre o

Maranhão, especificamente São Luís, e a Guiana Francesa.

Os assuntos explorados revelam os benefícios que essa cooperação

pode beneficiar essas comunidades da Bacia Amazônica no intuito de desenvolver

de forma sustentável o processo de ensino aprendizagem e treinamento de atletas

escolares.

19

É interessante notar que tanto o Maranhão como a Guiana Francesa

foram originalmente ocupadas por índios de várias nações, como: o grupo Tupi,

Tupinambás, Tabajara, Caeté, Tapuia, Guaja, Guajajara, Canela, Barbalos e outros.

Já a Guiana Francesa foi originalmente ocupada pela nação indígena Aruaque e o

primeiro europeu a atingir seu território teria sido o espanhol Vicente Pingón.

Assim como o Maranhão, a região da Guiana Francesa foi explorada por

ingleses, holandeses, espanhóis, portugueses e franceses, até ser oficialmente

reivindicada por Daniel de La Touche para a França, o mesmo fundador de São Luís

do Maranhão. Entre 1809 e 1817, foi ocupada por tropas luso-brasileiras e manteve

um litígio territorial com o Brasil, só resolvido em 1900. Atualmente, é uma região da

França em igualdade com as demais, sendo o único território da União Européia na

América do Sul Continental. (BELATTI, 2007)

2.2.3.1 Ocupação Indígena

O Maranhão pertenciam originalmente ao grupo Tupi, além de outras,

como: Tupinambás, Tabajara, Caeté, Tapuia, Guaja, Guajajara, Barbalos, etc. Estes

grupos indígenas moravam em aldeias, tinham agricultura, teciam algodão,

acreditavam num deus criador do universo e identificavam astros e estrelas.

Enquanto que, nas terras correspondentes a atual Guiana Francesa, eram

os povos ameríndios que ocupavam. Estes povos são ancestrais dos atuais

Emerillon e Guaiampis, falantes de Tupi-Guarani.

No final do século VIII, os índios Caraíbas, as tribos Kaliños ou Galibi e os

Wayanas já ocupavam todo o entorno do litoral e do leste da atual Guyane. Estes

eram falantes das línguas caribenhas e viviam em tribos dos Palicur, Guaimpi e

Galibi. Atualmente, a maioria da população da Guiana Francesa ainda é de origem

indígena.

20

2.2.3.2 Exploração e colonização

A escravidão negra foi introduzida no Brasil no início do processo de

colonização como instrumento impulsionador da economia colonial. Processo

semelhante aconteceu na Guiana Francesa em 1656, com a importação dos

primeiros escravos africanos, como condição sine quanon para o desenvolvimento

do território, pois colonos judeus holandeses (chamados marranos) chegaram a

Caiema e construíam a primeira usina de açúcar.

Filhos de diversas nações (Costa do Marfim, Costa do Ouro e Costa dos

Escravos e das ilhas portuguesas de São Tomé e Príncipe) foram trazidos para o

Brasil, como instrumento primordial para manutenção de poderes e riquezas dos

grandes senhores, por meio do trabalho escravo africano. Encontrava-se gente de

diversas nações escravizada pelos senhores portugueses: angolanos, congos, fanti-

ahantis, najô, jejes, etc., trazidos à força para tornarem-se os principais artífices da

riqueza maranhense no século XIX e contribuir com brilhantismo na formação de

nossa identidade histórico-étnico-cultural, material, espiritual, isto é, da nossa

corporeidade.

Eram trazidos em torno de 300 a 500 fôlegos vivos, amontoados no fundo

dos porões infectados dos “Tumbeiros”. Durante a viagem os óbitos beiravam a 25%

dos embarcados; e a vida útil e produtiva dos negros nos engenhos e fazendas,

sujeitos a castigos e torturas no tronco, nas gargalheiras, nas correntes, nas surras

de chicotes de couro cru, dentre outras, não passavam de 10 anos.

Sem a Costa da África, o Brasil não teria negros; sem negros, não se

plantaria cana nem faria açúcar; e sem açúcar, talvez não existiria o Brasil. O

algodão, sendo branco, tornou preto o Maranhão.

Pode-se dizer que foi com a nova Companhia Geral do Comércio do Grão

Pará e Maranhão, em 1757, que se organizou a rota negra da Amazônia e que os

negros chegaram a considerável quantidade (25.365 trazidos para o Maranhão e

Pará. Calcula-se que 3 milhões e 300 mil negros entraram no Brasil no século XVII e

XIX).

21

2.2.3.3 A Invasão Francesa na Guiana Francesa

Em 1503, um primeiro grupo de colonos franceses se instalou na Ilha de

Caiena durante alguns anos. Entre 1604 a 1652, são feitas várias tentativas de

colonização pelos franceses.

A primeira expedição foi em 1604, dirigida pelo Capitão Daniel de La

Ravardiére. Em 1624, o rei Luís XIII da França ordena a instalação dos primeiros

colonos, originários da Normandia. O Cardeal Richelieu autoriza a colonização da

Guyane, em 1626.

2.2.3.4 Guiana Francesa

Ao levantarmos o assunto sobre as interfaces socioculturais franco-

maranhenses São Luís/Guiana Francesa, tivemos por intenção demonstrar

conexões históricas, étnicas e socioculturais, que consolidam as possibilidades de

uma cooperação internacional entre um país em desenvolvimento que é o Brasil e

um território latino-americano da França.

A Guiana Francesa não parece um país sul-americano e de fato não é um

país, mas um Departamento Ultramarino da França. O idioma oficial é o francês, a

moeda é o euro, e os habitantes têm nacionalidade francesa e passaporte europeu.

O nível de vida é muito superior ao de qualquer outra nação do continente e o custo

de vida também. Ao mesmo tempo, é evidente que este território não faz parte da

Europa, o clima é quente e úmido a maior parte do ano, a vegetação típica da

grande Bacia Amazônica, e a maior parte da população é constituída por negros e

mestiços, apesar de haver uma parcela considerável de brancos.

A Guiana Francesa ganhou importância, principalmente, com a base de

lançamentos de satélites da França. Como resultado, muitos profissionais de alto

nível fixaram-se no território e, assim, a capital Caiena transformou-se em uma

pequena França Tropical. Apesar do desenvolvimento recente, o interior desse

território permanece quase que completamente selvagem e inabitado. Ainda assim,

o primeiro mundo equatorial da Guiana Francesa atrai massas de emigrantes.

22

Comparada à metrópole, a ex-colônia latino-americana engatinha em

termos de desenvolvimento sustentável. O investimento em cultura, marca

tradicional da administração francesa, é deficiente no departamento. A falta de lazer

é apontada pelos imigrantes como um dos seus maiores problemas, razão das

visitas periódicas ao Brasil tanto pelos guianenses como pelos brasileiros e da

necessidade de uma cooperação internacional como os países latinos da mesma

bacia hidrográfica para fazer frente às demandas emergentes do cotidiano.

Christophe Giraudet, funcionário do tesouro público, admite que, na

verdade, a França não se preocupa muito com a necessidade de desenvolver

sustentavelmente a Guiana Francesa, pois os benefícios sociais bancados pelo

governo não conseguem atingir os patamares metropolitanos. Assim como em São

Luís existem favelas na cidade, prédios no centro histórico e há muito tempo

esperam por restauração, um sistema educacional e esportivo escolar a ser

aprimorado em busca de intercâmbio.

O que parece um Eldorado para a população carente do norte e nordeste

brasileiro jamais pode ser comparado ao padrão de vida francês, propriamente dito,

do outro lado do oceano, mas nada que uma política de ocupação internacional de

desenvolvimento sustentável não possa resolver.

2.2.3.5 Brasileiros na Guiana Francesa

Os brasileiros na Guiana Francesa somaram-se a uma população local de

etnias variadas, fruto do processo de ocupação colonial francês na América do Sul.

O Guianês e o descendente de escravos foram trazidos, principalmente das caraíbas

francesas, desde o século XVIII, para atender o projeto de exploração econômica

daquela região. Há ainda, chineses, malaios, haitianos, franceses e africanos

provenientes da ex-Guyane Holandesa, além de uma população ameríndia

espalhada pelo território ainda quase que totalmente inexplorado. Todos vivem sob a

proteção do Estado Francês.

O status político de departamento de ultra-mar deu à Guiana Francesa a

melhor condição sócio-econômica das Guyanes. Pode-se afirmar que a população

nativa possui o mesmo padrão de vida da metrópole, e usufrui dos benefícios sociais

de alta qualidade do governo social-democrata da França.

23

O seu custo de vida, no entanto, é sensivelmente mais caro do que na

França, já que não existe uma produção agrícola local que possa atender a

demanda de sua população. Todos os componentes alimentícios são importados da

Europa.

A partir dos anos noventa, o perfil do brasileiro que emigrou para a

Guiana Francesa modificou-se um pouco pela entrada de elementos da classe

média, com maior nível educacional, proveniente de outras regiões que não da

Amazônia Brasileira.

2.2.3.6 Maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho

Nas margens do rio Oiapoque, no Amapá, há um obelisco que demarca a

fronteira que contém trechos do Hino Nacional e a frase “O município de Oiapoque,

aqui começa o Brasil”. A cidade é a última escala rumo à Guiana Francesa, que fica

do outro lado do rio, onde começa a Europa com mais de 40 mil brasileiros.

(PAGANOTI; GURGEL, 2006)

A afirmação pode causar estranhamento, mas a geografia explica por que

o Brasil faz fronteira com a União Européia em meio a Floresta Amazônica. A mais

oriental das Guyanes é o único território na América do Sul que nunca obteve

independência de sua colonizadora e, portanto, não é uma nação. Como um

departamento da França, os guyanenses françaises têm os mesmos direitos e

obrigações que quaisquer outros da chamada “região metropolitana” (França), cuja

administração tem sede em Paris e representação no Parlamento Francês. Somado

a isto, há um fato que chega a surpreender: sua moeda é o euro, dado fundamental

para explicar o fenômeno imigratório que atualmente vivencia.

Segundo Taborda (apud AROUCK, 2000), Secretário do Consulado do

Brasil em Caiena (capital do departamento), a população da Guyane é de apenas

170 mil habitantes, o equivalente a cidade de São Caetano do Sul (SP), com uma

parcela considerável de brasileiros. Tratando e comparando em relação ao fluxo de

imigrantes, o Brasil perde somente para o Haiti.

Formando um verdadeiro caldeirão étnico, metade dos habitantes da

Guyane é de estrangeiros, como: comunidades francofônicas, como a do Haiti, até

grupos da China, Laos e do Camboja.

24

A presença estrangeira imprime traços interessantes na cultura local, e a

contribuição brasileira é evidente. Restaurantes tipicamente brasileiros são

facilmente vistos pelas ruas da capital, o português é falado quase como uma

segunda língua, a moda é ditada pelo gosto verde-amarelo e, como já se poderia

esperar, o desfile de escolas de samba é tradição no carnaval.

Pela proximidade geográfica, a Guiana Francesa atrai principalmente

gente do Amapá, Pará e Maranhão. Nestes estados, a população sofre com a falta

de infra-estrutura, educação, assistência social e atendimento à saúde. De acordo

com dados de 2000 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD), o Maranhão apresenta o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do

País. O Amapá e o Pará também têm IDH inferior à média brasileira, agravando

ainda mais a situação a alta taxa de desemprego, o trabalho escravo e infantil da

região.

Segundo análise do pesquisador Ronaldo Arouck (2000), da Universidade

Federal do Pará (UFPA), a rigidez da fiscalização sobre o fluxo de trabalhadores

imigrantes na Guiana Francesa varia de acordo com a necessidade de mão-de-obra

nesse departamento. Dessa forma, a fiscalização aumenta quando a oferta de

empregos diminui nos Estados brasileiros.

Para a antropóloga Ligia Simonian (AROUCK, 2000) da UFPA, a Guiana

Francesa pode funcionar também como trampolim para aventuras maiores, pois a

contigüidade com um país europeu também leva o indivíduo a sonhar com uma

imigração para a Europa propriamente dita.

2.2.3.7 Tião e o L’ Equipe

O atleta de maior destaque do handebol maranhense, Sebastião Rubens

Sobrinho Pereira, o Tião, a estrela do handebol, encantou o mundo e conquistou

vários títulos nacionais para o Maranhão. Tião deixou a expressão do handebol arte.

Seu Amadeu João Silva Pereira, pai de Tião, declarou, em conversas

informais, que sempre teve muito orgulho do filho com o handebol. Assim, de acordo

com informações fornecidas pelo pai, Sebastião Rubens Sobrinho Pereira, o Tião,

nasceu em São Luís, em 20 de janeiro de 1957. Sua carreira como atleta de grande

destaque teve início nos Jogos Escolares Maranhenses (JEM’s), onde foi revelado

25

na década de 1970. Em competições, Tião fez parte das equipes do CEMA, Liceu e

do Colégio Marista e Batista.

Sua estréia na Seleção Maranhense de Handebol Juvenil aconteceu em

dezembro de 1973, no Ginásio Caio Martins, em Niterói, Rio de Janeiro. Na ocasião,

a seleção conquistou o quarto lugar no campeonato brasileiro. No ano seguinte, Tião

voltou à competição com a equipe juvenil, em Osasco, em São Paulo, onde

chegaram ao pódio com o terceiro lugar. Também em 1974, Sebastião Pereira jogou

na seleção maranhense adulta pela primeira vez, conquistando mais uma vez o

terceiro lugar. (AROUCHE, 2005)

O reconhecimento nacional veio em 1976, quando Tião, foi considerado o

melhor jogador de handebol do país. No campeonato brasileiro disputado no Rio de

Janeiro, a seleção maranhense foi campeã na categoria adulto. Primeiro

maranhense a participar da seleção brasileira de handebol. Tião foi reconhecido

internacionalmente como um grande armador central, posição em que jogava com

mais freqüência, embora dominasse todos os postos específicos do jogo de

handebol, são os chamados, atualmente, de jogador universal. Jogava bem

basquete, voleibol, futsal e magnífico no futebol, além do atletismo, como afirmam

seus antigos companheiros do Bermudão (equipe maranhense) de esporte. Isso se

deve, pois os atletas participavam de vários campeonatos em modalidades

esportivas diferentes.

Na França, em Nice, durante uma edição da Copa Latina de Handebol,

ele foi carinhosamente intitulado como o Maravilha Negra do Handebol Mundial pelo

Jornal Francês L’Équipe e homenageado com um monumento. Durante sua

passagem na Europa, Tião foi sujeito e objeto de estudo de diversos pesquisadores

do esporte das melhores universidades européias, como as da Romênia, Espanha,

Alemanha, França, Hungria e das antigas universidades da Iuguslávia, Alemanha

Oriental e União Soviética, que dominavam o cenário internacional naquela época.

Os cientistas queriam compreender a corporeidade do negro maranhense em seus

atos de exibição de gala, da sua técnica corporal, nos principais palcos do esporte

europeu e mundial.

O homem é um todo, não apenas corpo-físico tião de ser, regulado pela

Biomecânica, fisiologia, Anatomia, Cinesiologia e outros. É um corpo emocional que

tem sentimentos, inserido em um contexto social brasileiro com o seu modelo de

produção na razão das suas exigências, poder, injustiça social, dominação, etc.

26

Segundo João Bastos (2003 apud BRASIL, 2004), a corporeidade é o

resultado complexo da articulação dos universos físicos (Phisis), da vida (bios) e

antropossocial. Todas essas dimensões estão intrinsecamente associadas na

totalidade do ser humano, construindo sua corporeidade, que envolve a estrutura

orgânica-biofísica-motora e organiza todas as dimensões humanas (dimensões do

físico), do instinto pulsão-afeto (emocional – sentimental) e da razão-pensamento-

cognição-consciência (mental – espiritual).

Para Santin (1987 apud BRASIL, 2004), o homem não age por partes,

mas sempre com unidade; o pensar as emoções, os gestos são humanos, não são

ora físicos, ora psíquicos, mas sempre totalidade. O homem é corporeidade, é

movimento, gesto, expressividade, é presença.

Nesse sentido, é necessário tratar Tião não apenas como manifestação

da dimensão biológica humana, restringindo-se ao analisar os determinantes e as

conseqüências de uma sua prática motriz sobre o organismo humano, nem tão

pouco analisá-lo desvinculado de seu contexto histórico, político e sociocultural,

como se fosse um ser desconectado dos significados sociais humanos.

O estilo tião de jogar handebol constitui uma expressão humana repleta

de valores e significados culturais, que, ao mesmo tempo em que expressa

comportamentos, constrói e reconstrói um universo de valores sociais, significados e

ressignificados em atitudes; enfim, agindo e representando socialmente seu meio

ambiente natural e sociocultural.

Compreendido como um elemento da cultura corporal maranhense, Tião

manifesta um movimento dialético entre os movimentos padronizados, as técnicas,

regras e sua contextualização num determinado momento particular e num grupo

específico, estabelecendo formas diferentes para se jogar o handebol.

A forma de jogar handebol como o de Tião expressa a maneira de como o

jogador compreende o mundo, que é determinado em função do tempo, espaço e

valores próprios de cada grupo.

27

2.2.3.8 Espaço Franco-Maranhense

A casa França-Maranhão foi inaugurada com proposta de integração das

culturas, com destaque para São Luís, já que foi a única capital brasileira fundada

por franceses.

É de se notar que São Luís dispõe de um centro para a valorização da

cultura francesa integrada aos aspectos do Maranhão, especificamente, às de São

Luís. A Casa França-Maranhão está instalada na rua do Giz, nº 139, Praia Grande.

A solenidade de inauguração contou com a presença do embaixador da França no

Brasil, Antoine Pouilleute.

A Casa funciona como um centro cultural, relembrando as antigas

tradições e também as manifestações contemporâneas francesas, com direito a

exposições de obras de artes, cineclube, aulas de francês e um banco de dados

sobre a França e o Maranhão. “É um setor de informação alturística, voltado para as

pessoas que queiram saber mais sobre o Centro Histórico e, sobretudo, um

chamamento para a identificação com língua francesa”, explica José Jorge Leite

Soares, Cônsul Honorário da França em São Luís e um dos idealizadores do projeto.

Além da cultura francesa, os interessados em viajar para o país poderão

tirar dúvidas e buscar informações no Consulado da França em São Luís, que

também terá sede na casa. “É uma oportunidade para divulgar o trabalho do

consulado além de disponibilizar dicas sobre viagens à França e orientar franceses

que moram aqui ou visitam a cidade”, frisa José Jorge Soares.

O casarão situado na Rua do Giz, no bairro Praia Grande, foi construído

em 1842. O prédio que recebeu a Casa França-Maranhão pertenceu à família do

político Colares Moreira abrigando, posteriormente, estabelecimentos comerciais até

ser desapropriado em 1980 pelo Governo do Estado do Maranhão, que fez a doação

do casarão para a Aliança Francesa, para construir e desenvolver o Centro de

Cultura Francófona no Estado.

28

Adaptações

As obras foram acompanhadas por equipes do Instituto de Patrimônio

Histórico e Artístico do Maranhão (Iphan) que fiscalizaram todas as intervenções

feitas no prédio, já que este está situado na área tombada como Patrimônio Cultural

da Humanidade – o que impede mudanças na estrutura. O Cônsul Honorário da

França em São Luís relatou que

Para abrigar o Centro, foi feita uma reforma para recuperar o prédio e adaptá-lo às condições de um centro cultural. Tivemos o cuidado de restaurar as características originais, como os vitrais nas cores azul, vermelho e branco, que acabara se tornando a marca da Casa, pois correspondem às mesmas cores do país.

O projeto foi idealizado há um ano pela Aliança Francesa de São Luís e

aprovado pela Lei Rouanet, sendo voltada para incentivos culturais. O orçamento de

recuperação e restauração foi cerca de R$ 650 mil, financiados pela Petrobrás e

Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a Embaixada da França no Brasil,

que contribuiu com 40 mil euros para a compra de móveis, equipamento e material

de expediente para a casa. “O prédio foi totalmente equipado graças ao apoio do

governo francês, que viu todo o esforço das empresas brasileiras e do governo

brasileiro e também percebeu a importância do projeto”, ressalta José Jorge.

Peças Raras

Durante o processo de recuperação, o prédio que abrigou A Casa

França–Maranhão, também serviu de espaço para pesquisas arqueológicas.

Durante o trabalho foram encontradas peças datadas no século XVIII, XIX e início do

século XX.

O material achado corresponde a artigos de uso pessoal dos artigos

moradores, como moedas nacionais, cachimbos de cerâmica, faianças portuguesas

e francesas, azulejos franceses, garrafas de gríès, tinteiros ingleses e utensílios de

higiene pessoal, como: uma escova de dente feita de osso que trazia uma

homenagem ao imperador.

As peças fazem parte do acervo do espaço e ficaram em exposição

permanente na Casa. “Esses objetos fazem parte do Patrimônio da União e ficam

29

sob guarda da Casa. Aqui realmente ficou um ponto de apoio ao turismo. Uma casa

de conhecimento sobre o passado e o presente”, enfatiza Jorge Soares.

Idioma Francês Estudado

Um dos objetivos importantes da Casa França-Maranhão é aproximar os

maranhenses do idioma francês. A Casa que abrigou a Aliança Francesa de São

Luís suporta uma capacidade média de 300 alunos. “Nós estamos direcionando a

maior parte de nossas atividades para cá, como bibliotecas e atividades extra-

classes”, explica a diretora da Aliança Francesa em São Luís, Sidonie Lancome.

A intenção ao disponibilizar a maior parte das atividades do curso de

idiomas na Casa França-Maranhão é proporcionar aos alunos o contato com o

cotidiano francês. “Além das aulas, vamos oferecer atividades culturais. A cada mês

teremos uma exposição diferente em francês. Vamos ter ateliês de culinária francesa

e, futuramente ateliês de degustação do vinho”, adianta a diretora. (BRANCO, 2007,

p. 1)

Uma das atividades permanentes, complementar às aulas do idioma

francês, é a montagem do Cine Clube, que funciona uma vez por semana. “Os filmes

serão abertos também aos visitantes da Casa. Serão sessões complementares às

aulas, sem esquecer de garantir a participação das pessoas de fora”, afirma Sidonie

Lancome.

2.2.3.9 A Invasão Francesa II: Em Saint Louis Roi De France

O primeiro euro-guyanense a chegar a São Luís foi o técnico em esporte,

Alex Blaise Said, em 2006, para supervisionar o recente Projeto Tião de Handebol e avaliar a possibilidade de fazer a primeira parceria entre a União Nacional de

Esporte Escolar Francesa da Regional da Guiana Francesa com o citado projeto.

Chavigny Serge Jean-Tony, representante da Liga Nacional da Guiana

Francesa, foi o segundo euroguyanense a visitar São Luís no final de 2006 e início

de 2007. Ele veio ministrar uma oficina sobre arbitragem para técnicos e atletas

universitários em terras ludovicenses, para mostrar como é feito o treinamento de

30

árbitros na França. “Será uma parceria, troca de informações, um intercâmbio de

fato no handebol”, afirma Jean-Tony.

Foto 1: Jean-Tony, representante da Liga Guiana Francesa de Handball

O representante da Liga Francesa lamenta a falta de apoio para o

esporte, mas acredita que, com a parceria franco-maranhense, haverá uma evolução

significativa no handebol, o que sensibilizará os governantes de um modo geral a

investir mais nesta área.

A importância deste intercâmbio internacional franco-maranhense para o

desenvolvimento desta modalidade esportiva em nosso país reside na grande

qualidade técnica do handebol francês sempre mais ranqueado mundialmente. Nas

últimas edições dos campeonatos mundiais, conquistaram o mundial masculino da

modalidade em 2001 e o último mundial feminino em 2005.

O francês Jean-Tony também é treinador e diretor técnico da equipe ASC

LE GELDAR de Kourou Handball, árbitro e membro da equipe técnica da Liga

Mundial de Handebol da Guiana Francesa. Esta equipe técnica é responsável pelo

treinamento e preparo de todas as seleções regionais do país francês.

O professor francês Jean Nita, a convite do Instituto Tião, comandou o I

Seminário Internacional de Psicomotricidade e Treinamento de Handebol Escolar,

evento promovido pelo acima citado Instituto, no período de 13 a 17 de janeiro de

2007, com as temáticas: “o desenvolvimento psicomotor”; “o trabalho de

psicomotricidade com atletas jovens”; “os fundamentos e o desenvolvimento

psicomotor e o progresso de ensino-aprendizagem e treinamento do esporte

escolar”.

31

Jean Nita assistiu aos treinos das equipes universitárias de handebol.

Segundo ele, o Brasil no handebol está começando a progredir depois das

participações nos campeonatos mundiais. Falou que o mundial e os jogos olímpicos

são referências para qualquer esporte. “Atletas e comissão técnica têm que trabalhar

muito”, resume o professor.

No Seminário, o professor Nita abordou a psicomotricidade de maneira

geral, especialmente voltada ao handebol, e os fundamentos do esporte. Frisou que

não veio para ensinar, mas para trabalhar, trazendo novas informações para aqueles

interessados no esporte. (MENEZES, 2007)

Jean Nita disse ainda que sua explanação tem caráter interdisciplinar e

utilizou o futebol de campo como exemplo. “Se você não sabe passar e receber

neste jogo, não consegue jogar este esporte. No handebol é parecido – se você não

fazer um bom passe, o jogo não flui. O jogo tem que ser dinâmico. E isso é

essencial”, afirma ele.

O profº. Dr. Nita afirmou que os pilares do seu processo de ensino-

aprendizagem e treinamento na formação esportiva escolar têm fundamentos

embasados pelos estudos do pedagogo brasileiro Paulo Freire. O professor

considera Paulo Freire como um dos maiores educadores do século passado e do

início deste novo milênio. “Aprender a jogar um esporte é como aprender a ler. Se

você não treinar, não aprende”, finalizou profº. Jean Nita.

A afinidade de Nita pelos estudos e trabalhos de Freire se deu, porque

este último teve como base de seus estudos e teorias as fontes filosóficas do

humanismo francês pré-existencialista (Gabriel Marcel, Jacques Maritain, Simone

Weil), de orientação católica; os sociólogos estão mais em evidência, principalmente,

por suas reflexões sobre a educação e a política brasileiras e estrangeiras (Florestan

Fernandes, L. T. Hopkins, R. Livingstone, Karl Manheiros, J. Mantovani, A.

Tocqueville, Oliveira Viana, A. N. Whitead, W. H. Patrick, John Dewey, Maurice

Duverger) (ROSAS, 2004).

32

Badminton Franco-Maranhase

Os professores Alex Blaise Said, José Carlos Ribeiro (canhoto), o micro

empresário Otto Lago e os publicitários Wanger Loares e Francisco Neto findaram a

Federação de Badminton do Maranhão-FEBAMA, em 25 de abril de 2007, no

auditório do Sistema Mirante. A entidade maranhense é a quarta Federação de

Badminton a ser criada na região Nordeste, que já existe nos estados do Piauí, Rio

Grande do Norte e Pernambuco.

Para a fundação da Federação Maranhense, os professores basearam-se

em documentos oficiais da Federação Francesa de Badminton, livros, regras oficiais,

estatutos, manuais de formação de atletas (técnica e táticas) e árbitros enviados,

pelo ex-presidente da liga de Badminton da Guiana Francesa, o Sr. Pierre Jean-luc,

trazidos pelo também francês Alex Blaise Saide.

Acertada toda a regularização jurídica, os fundadores partiram para

popularizar o esporte no estado. Para tanto, eles criaram centros de excelência de

desenvolvimento de Badminton em parceria com o Colégio Universitário/COLUN,

unidade de aplicação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e no Centro

Federal de Educação Tecnológica do Maranhão.

O CEFET/MA com os alunos do ensino fundamental, médio e superior,

sob a coordenação do professor Canhoto (diretor de relações internacionais e

desenvolvimento do esporte na FEBAMA), está realizando cursos de formação de

recursos humanos na modalidade esportiva, no caso o Badminton.

A equipe da FEBAMA supervisiona técnicos e árbitros em universidades,

centros universitários, faculdades, escolas públicas, privadas, condôminos, clubes,

empresas e etc. Esta função demonstra a importância deste órgão para o esporte

maranhense.

A Confederação Brasileira de Badminton sugeriu ainda a integração com

os professores da Federação de Badminton piauiense, que vem desenvolvendo a

modalidade com muito sucesso nas escolas públicas. Esse contrato teve início com

a ida do professor José Carlos Ribeiro Canhoto à competição iniciada com a III Taça

Teresina de Badminton, no período de 08 a 11 de julho de 2007, evento que faz

parte do calendário nacional da Confederação Brasileira de Badminton.

33

Outra ação para popularizar o Badminton no Maranhão será o intercâmbio

com atletas da seleção brasileira que participou dos jogos Pan-Americanos. Já

começamos a liderar também um intercâmbio internacional com a liga da Guiana

Francesa de Badminton. Eles já demonstraram que estão dispostos a nos ajudar.

Os planos dos dirigentes da FEBAMA para o futuro não param por aí.

Eles pretendem, no período do aniversário de São Luís, criar um torneio ou copa

internacional, a priori com equipes franco-brasileiras e a posteriore com os demais

países da Bacia Amazônica e caribenha, além de trabalhar o Badminton como

ferramenta de inclusão social em comunidades, principalmente com os adultos e

idosos.

O Estatuto da Federação de Badminton

A bandeira da FEBAMA tem o formato da bandeira francesa,

invertendo os lados das faixas azul e vermelha. Sobre a faixa central branca, há

duas raquetes de Badminton na cor preta, com os cabos cruzados entre si em forma

de “x”. Acima desta tem um brasão francês simbolizando uma peteca na cor violeta.

Na parte superior da faixa azul, uma estrela branca e na inferior, a sigla FEBAMA,

sendo as duas letras “a” serão simbolizadas por duas petecas invertidas.

A simbologia da bandeira: as cores vermelha, branca e preta

representam as raças que formam o povo maranhense, ou seja, índios, franceses,

portugueses, holandeses, africanos e Le Badminton en Guiana Francesa parceira na

Fundação da FEBAMA, respectivamente. O azul, o céu e o violeta representam a

mudança, transformação, globalização e a espiritualidade. A faixa vermelha, o sol

nascente de uma nova cultura esportiva; a estrela é o nosso Estado e o mascote da

FEBAMA, chamado Touchê – personagem da nova literatura maranhense, em

homenagem ao fundador de São Luís. As raquetes pretas simbolizam a união dos

negros maranhenses e guyanenses franceses em prol do esporte franco-

maranhense. E o brasão francês na cor violeta representa a peteca como símbolo da

grande amizade dos indígenas da Upaon-Açú aos franceses Frei Claude d’Abbeville

e Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundador da Saint Louis Roi de

France, em 08 de setembro de 1612.

34

O uniforme dos atletas da FEBAMA obedecerá aos regulamentos

vigentes, com cores da bandeira da entidade, podendo qualquer delas ser a principal

e as demais secundárias, tendo no lado esquerdo da camiseta e na altura do peito,

aplicado o referido símbolo.

O brasão, ilustrado na capa do presente trabalho, é a flor-de-lis em forma de brasão, simbolizando o nosso sentido de direção. Os chineses a

usavam como símbolo de direção a 2.000 a.C. Estátuas etruscas e ornamentos

romanos, do Egito e da Índia, portavam nesse sentido esse desenho. A flor-de-lis

representa também o Escotismo e sua simbologia é toda baseada em valores como:

fraternidade, dever para com o próximo e união.

2.3 Esporte e desenvolvimento sustentável I

A Constituição Federal de 1988 marcou o sistema esportivo nacional

brasileiro ao reconhecer como direito do cidadão o acesso a atividades desportivas

formais e não-formais, como dever do Estado a promoção dessas atividades e como

prioridade a destinação de recursos públicos para o esporte educacional. (COSTA,

2006)

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

preconizou a utilização de atividades físicas para promover a educação, a saúde, o

desenvolvimento e a paz, buscando atingir os Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio que visam, até 2015: a redução das taxas de pobreza e de fome, a garantia

de acesso de todas as crianças ao ensino primário e o combate à AIDS (INSTITUTO

DE DESPORTO DE PORTUGAL, 2005). (COSTA, 2006)

“Atualmente o Governo Federal promove o Programa Segundo Tempo

que em sua fase de implantação, em 2005, atendia a 516,7 mil crianças e

adolescentes em 2.681 núcleos no país" (GOMES; CONSTANTINO, 2005, p. 603

apud COSTA, 2006).

35

No maranhão, o governo promove o Programa Segundo Tempo alinhado

com a política de esportes da ONU. Seu objetivo é assegurar o acesso ao esporte

para as populações tradicionalmente excluídas, contribuindo para o fortalecimento de

programas em esferas governamentais tais como a saúde e a educação (COSTA,

2006). Junto a isso, cabe destacar o esporte relacionado à sustentabilidade, sendo

realizado de forma mais consciente e de acordo com o contexto em que o público-

alvo se encontra inserido.

O Conceito de desenvolvimento sustentável adotado pela Agenda 21 é

um processo de construção permanente com base no princípio de que a ação

humana no tempo presente não deve comprometer os recursos ambientais naturais

e socioculturais e a qualidade de vida das gerações futuras. Conforme a agenda 21

brasileira, o conceito pode receber a seguinte definição:

Desenvolvimento sustentável é a preocupação em atender às

necessidades do momento presente, sem comprometer as das gerações futuras.

(DA COSTA, 2002)

Portanto, deve-se subentender dessa definição que o governo deve

possuir um desenvolvimento social e econômico estável, equilibrado, com

mecanismo de distribuição justa das riquezas geradas, bem como ser capaz de levar

em consideração a fragilidades e interdependência e as escalas de tempo próprias e

específicas dos elementos naturais (SIQUEIRA, 2001).

Mas novas dimensões foram incorporadas ao conceito de

desenvolvimento sustentável, evidenciando uma ampliação dos temas contemplados

e a característica de manter-se como um conceito em formação, a saber:

Sustentabilidade Ecológica;

Sustentabilidade Ambiental;

Sustentabilidade Social;

Sustentabilidade Política;

Sustentabilidade Econômica

Sustentabilidade Demográfica;

Sustentabilidade Institucional;

Sustentabilidade Especial; e

Sustentabilidade Cultural.

36

Na II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (RIO 92), realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi adotado o

conceito de sustentabilidade para uma Agenda do Século XXI, que incorporou as

questões sociais e dos direitos humanos, além de questões ambientais,

contemplando assim tanto a dimensão de sustentabilidade ampliada quanto à

dimensão de sustentabilidade como processo.

Na primeira sessão dessa Agenda, são tratadas as dimensões sociais e

econômicas, tais como a cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento

sustentável nos países em desenvolvimento, o combate à pobreza, a mudança nos

padrões de consumo, a dinâmica demográfica, a saúde e a habilitação.

Na terceira sessão, foram tratados os temas relacionados aos principais

grupos sociais, tais como as memórias étnicas, as mulheres, as crianças e os

jovens, os povos indígenas, a definição de regras para atuação das organizações

não governamentais (ONGS), o poder local, os trabalhadores e os sindicatos, as

regras para empresas e indústrias, a comunidade científica e tecnológica, e as

regras de atração para os agricultores.

A quarta sessão trata dos meios para implementação da Agenda 21, tais

como: os mecanismos financeiros, suporte e proporção de acessos para

transferência de tecnologia; a ciência para o desenvolvimento sustentável; a

promoção da educação ambiental; mecanismos nacionais e internacionais de

cooperação para construção da capacidade em desenvolvimento sustentável; os

arranjos institucionais internacionais; os mecanismos e instrumentos legais

internacionais; e a constituição de bases de informação para apoiar as tomadas de

decisões.

37

2.3.1 Tratado de Cooperação Amazônica

O Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), celebrado em Brasília,

Brasil, em 3 de Julho de 1978, pelos oito países amazônicos (Bolívia, Brasil,

Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), é uma instrumento

jurídico de natureza técnica que tem por objetivo promover o desenvolvimento

sustentável e integrado da bacia amazônica, de maneira a permitir a elevação do

nível de vida dos povos daqueles países, a plena integração da região Amazônica

às suas respectivas economias nacionais, a troca de experiências quanto ao

desenvolvimento regional e o crescimento econômico com a preservação do meio –

ambiente. (TRATADO, 2007)

O tratado prevê a cooperação entre os membros para a promoção da

pesquisa científica e tecnológica; o intercâmbio de informações; a utilização racional

dos recursos naturais; a liberdade de navegação e do comércio; a preservação dos

bens culturais; os cuidados com a saúde; a criação e a operação de centros de

pesquisa, de infra-estrutura de transporte e comunicações; o incremento do Turismo

e o comércio fronteiriço. Todas essas medidas devem ser adotadas mediante ações

bilaterais ou de grupos de países, com o objetivo de promover o desenvolvimento

sustentável dos respectivos territórios. (TRATADO, 2007)

O TCA é um tratado que permite celebrar acordos sobre temas

específicos e tem a flexibilidade necessária para ajustar-se às mudanças e

necessidades da região. (TRATADO, 2007)

Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

Em 1995, os oito países-membros, reunidos em Lima, Peru, decidiram

criar a Organização do Tratado de cooperação Amazônica (OTCA), de modo a

fortalecer institucionalmente o TCA, dar-lhe personalidade internacional e

implementar os objetivos do Tratado, permitindo o estabelecimento da Secretaria

Permanente da OTCA em Brasília. (TRATADO, 2007)

A criação dessa organização dá respaldo para que haja um

desenvolvimento sustentável correlacionado às mais diversas áreas, no trabalho

aqui abordado, mais especificamente ao esporte, de forma a implementar novas

metodologias na formação esportiva de alunos-atletas no contexto escolar.

38

2.3.2 A sustentabilidade no Brasil

A construção da sustentabilidade no Brasil com a Agenda 21 Brasileira

teve como temas para debates, definições de estratégias e prioridades:

sustentabilidade ampliada e desigualdades sociais, que abordam temas como os

programas de investimentos que promovem a redução das desigualdades sociais

em harmonia com a minimização dos impactos ambientais.

2.3.3 Sustentabilidade do esporte escolar: principais problemas e desafios

Os principais problemas que atingem a sustentabilidade do esporte

escolar relacionam-se ao modelo adotado largamente no país, àquele que

proporcionou a atividade corporal com caráter competitivo surgida no âmbito da

cultura européia no século XVIII, com rápida expansão em todo mundo,

transformando-se atualmente num dos principais fenômenos da história da

humanidade, levado a assumir características de competição, rendimento físico-

técnico, treinamento e busca de recordes (BRANCHT, 1997 apud BRASIL, 2004).

A expansão do esporte coincide com o crescimento do capitalismo pelo

mundo, expressando características da nova sociedade industrial. Dessa forma, o

contexto histórico acabou estimulando e provocando rotinas de treinamentos para o

aperfeiçoamento do desempenho e técnicas em quadras e, consequentemente, a

competição exacerbada em bases empresariais, como: espetáculo mundial e

mercadoria, patrocinado e divulgado por grandes empresas comerciais de diversos

países.

Embora tenha proporcionado um aumento expressivo de produção de

equipamentos esportivos e o número de praticantes, tal modelo contribuiu para

fortalecimento do vencer a qualquer custo e de valores respaldados pelo princípio de

que os fins justificam os meios. O uso do doping e a especialização precoce são

expressões desse espírito capitalista de conseguir campeões e de promover a

mercadoria esportiva às ultimas conseqüências, provocando perdas significativas à

cultura esportiva e à cultura corporal (KUNZ, 1994 apud BRASIL, 2004).

39

O esporte escolar tem assumido, principalmente, os valores do esporte de

rendimento ou espetáculo. Com isso, o esporte na escola não tem garantido uma

postura crítica em relação aos aspectos considerados negativos do esporte de

rendimento.

Para que seja alcançada a sustentabilidade esportiva escolar no país,

deve ser implementadas medidas, como as defendidas por vários autores da área de

Educação física, (BRASIL, 2004) a saber:

Implantar o esporte na escola;

A construção do esporte discutido entre os participantes;

As condutas e os valores inerentes na atividade;

A posição favorável aos valores que levem a maior participação

dos alunos;

Respeitar e reconhecer às diferenças que existe entre eles;

Oportunizar a apropriação de todos os alunos ao esporte como um

patrimônio sociocultural imprescindível ao seu desenvolvimento

como ser humano;

No ensino do esporte, não apenas reproduzir as técnicas das

modalidades esportivas, mas medir um conhecimento amplo e

crítico sobre o esporte, inclusive os reproduzidos pela mídia;

Contribuir para formação de um espectador crítico, inteligente e

sensível;

Utilizar a mídia como instrumento pedagógico efetivo da cultura

esportiva;

Saber a história do esporte e do seu praticante;

Compreender os determinantes políticos do esporte;

Saber apreciar a beleza estética dos gestos esportivos;

Compreender que as especificidades culturais determinam as

diferentes formas de ser praticado um mesmo esporte;

Respeitar as características individuais de cada praticante;

Entender as entrelinhas da média esportiva;

Promover a educação ambiental pelo esporte;

Promover cooperação internacional em esporte escolar

40

Acelerar o desenvolvimento sustentável nos países em

desenvolvimento, com perfil técnico, histórico, étnico, sociocultural

e ecológico semelhantes.

2.4 Cooperação Amazônica: uma proposta entre São Luís e Guiana Francesa na

área de formação esportiva escolar

No ano de 2006, começamos um intercâmbio internacional São Luís-

Guiana Francesa na área do esporte escolar, que culminou com a vinda do técnico

francês Alex Blaise Said, formado pela Federação Francesa de Handebol para

supervisionar a metodologia do trabalho a ser aplicado.

O nosso grande desafio foi de estabelecer uma proposta metodológica de

ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar que melhor contribuísse com a

realidade local, sem ferir as bases conceituais do modelo francês.

Para isso tornou-se necessário refletir sobre as principais interfaces das

bases conceituais e do ensino do gesto técnico da modalidade esportiva em

questão, nos dois contextos sócio-culturais: o ludovicense e o guianense.

Chegamos ao seguinte entendimento de que a abordagem sociocultural

era a que melhor poderia contribuir com a presente demanda. A dimensão técnica

do esporte extrapola o instrumental e a questão do gesto eficiente; possibilita tratar o

esporte como fenômeno sociocultural e não apenas biológico, este ainda dominante

nos treinamentos esportivos; explora o tema da cultura corporal e suas implicações

no processo de ensino dos esportes, ampliando o entendimento de que o corpo não

se limita ao biológico, simplesmente ossos, músculos e nervos.

O cenário escolar não se resume apenas à transmissão de conteúdos

esportivos pedagogicamente organizados, a técnicas corporais analisadas apenas

pela eficiência biomecânica, fisiológica ou execução de movimentos técnicos, deve

também compreender a visão de esporte como prática humana e, portanto, cultural.

41

A presente reflexão tem, como base concreta, todo material didático do

conteúdo trabalhado no I Seminário Internacional de Psicomotrocidade e Treinamento em Esporte Escolar, ministrado pelo Dr. Jean Nita (com tradução

simultânea do técnico Alex Blaise Said), no período de 13 a 16 de janeiro de 2007,

em São Luís / MA, e as orientações propostas do Manual do Programa Segundo Tempo, que objetiva em suas ações complementares promover interfaces entre a

cultura e o esporte através de palestras, grupos de estudos e leitura, teatro, outras

temáticas de danças, artes plásticas, e outras práticas culturais.

O Prof. Dr. Jean Nita foi nomeado Diretor Técnico pela Federação

Francesa de Handebol, para responder pelo desenvolvimento do esporte junto à

Liga da Guiana Francesa de Handebol por dez anos, sendo o responsável direto

pelo processo ensino-aprendizagem-treinamento do handebol na regional da Guiana

Francesa.

42

3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA

3.1 Programa Segundo Tempo: Relatório Final/ SESP O Problema

Nas escolas da Rede Pública Estadual, localizadas em áreas de baixo

Índice de Desenvolvimento Humano, constatou-se o alto índice de evasão escolar

das crianças e adolescentes que geralmente está relacionado à inserção destes na

marginalidade, ao uso indevido de drogas, etc. As desigualdades sociais impostas

pela sociedade capitalista mostram-se diretamente relacionados a esses aspectos.

(MARANHÃO, 2006)

O Plano de Trabalho do Programa Segundo Tempo foi proposto para

ser desenvolvido em 50 escolas que possuía as características acima expostas.

Foram selecionadas pela Secretaria de Estado da Educação 27 (vinte e sete)

escolas em São Luís e 23 (vinte e três) nos municípios do Interior do Estado.

(MARANHÃO, 2006)

Com o desenvolvimento das atividades do programa e da prática de

atividades esportivas no contra-turno das aulas, buscou-se integrar o corpo discente

e reduzir os índices de evasão escolar dos alunos. (MARANHÃO, 2006)

43

Histórico do Programa Segundo Tempo

O aluno em tempo integral na Escola. Essa é a meta do Programa

Segundo Tempo lançado na Sexta-Feira de 11/ 03/ 2005 pelo Governo do Estado,

por meio das Secretarias de Educação (SEDUC) e de Esportes (SESP). O programa

é resultado do Convênio firmado com o Ministério do Esporte e foi lançado pelos

secretários Edson Nascimento (SEDUC) e Alim Maluf (SESP).

Os secretários observaram que o lançamento do programa foi um

esforço do governo do Estado para levar ensino de qualidade e o esporte de forma

integrada a vários municípios maranhenses. Nascimento acentuou que o mérito da

assinatura do projeto é do Governador do Estado, José Reinaldo Tavares, e do

secretário de Esportes, Alim Maluf, cujo empenho foi fundamental para que o projeto

fosse implantado no Maranhão, com papel preponderante na construção da

cidadania.

Gestão

A Secretaria de Estado do Esporte encaminhou ofício à Secretaria de

Estado do Planejamento – SEPLAN, no sentido de agilizar a inclusão no orçamento

da SESP do recurso oriundo do Ministério do Esporte e do recurso da contra-partida,

criando, através do Setor Financeiro, o Plano de Aplicação Específico e de acordo

com as rubricas de cada ação. (MARANHÃO, 2006)

Convênio

Entre os Departamentos Jurídicos da SESP e SEDUC com as Caixas

Escolares, disponibilizado pelas diretoras dos 50 (cinqüenta) Estabelecimentos de

Ensino que foram contemplados com o Programa, foi firmado um convênio de

repasse mensal de recursos financeiros necessários à Ação de Reforço Alimentar, no valor de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por escola. (MARANHÃO, 2006)

44

Parceria

Firmou-se parceria com a Secretaria de Estado da Educação, para melhor

selecionar as escolas com população de baixo IDH, em risco social e com estrutura

mínima para desenvolvimento das atividades. Para facilitar o planejamento e

execução dos trabalhos, a SEDUC também colocou à disposição da SESP uma

professora de Educação Física, para atuar como Coordenadora Pedagógica e

articuladora entre as escolas contempladas com o Programa Segundo Tempo e a

Coordenação Geral na SESP. (MARANHÃO, 2007)

Teve-se também parceria com o Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, que disponibilizou acadêmicos do 6º ao 8º

períodos do mesmo curso para atuar como estagiários/bolsistas do Programa,

proporcionando a estes a prática e aos alunos qualidade de vida. (MARANHÃO,

2006)

Coordenação e Supervisão

A Coordenação do Programa Segundo Tempo elaborou um plano de

supervisão, acompanhamento e avaliação sistemática das atividades. Para facilitar

os trabalhos, os núcleos foram divididos em 10 áreas em São Luís, onde cada

supervisor foi responsável por dois a três núcleos. Nos municípios do interior,

haviam 9 áreas selecionadas, onde cada supervisor era responsável por dois

núcleos (considera-se a proximidade entre os municípios das regiões).

(MARANHÃO, 2006)

Executado por professores licenciados em educação física selecionados

para esse fim, o trabalho consistiu no acompanhamento das atividades in loco. Além

do acompanhamento dos trabalhos nos núcleos, os supervisores de área

participaram de reuniões quinzenais na sede da SESP e a Coordenação fez visitas

às escolas entrevistando o corpo docente e discente. (MARANHÃO, 2006)

45

Supervisão e acompanhamento

Esse trabalho foi desenvolvido pelo grupo de supervisores duas vezes por

semana, com observações feitas pela direção dos estabelecimentos de ensino,

estagiários e alunos registrados através de formulário próprio, sendo encaminhados

à coordenação geral do Programa para análise e discussão em reuniões, avaliação

de interesse das atividades e reformulação do planejamento. (MARANHÃO, 2006)

Reforço Alimentar

Essa ação previa o repasse de recurso em 10 parcelas, no valor de

R$1.200,00 (hum mil e duzentos reais) por mês, aos estabelecimentos de ensino

contemplados com o Programa Segundo Tempo, através de convênio elaborado

pelo Setor Jurídico da SESP/SEDUC, com parecer da Procuradoria Geral do Estado

e celebrado com as Caixas Escolares, sob responsabilidade da direção das

respectivas escolas, para aquisição e fornecimento de lanche para as crianças

beneficiadas com o Programa. (MARANHÃO, 2006)

Capacitação continuada em Esporte Escolar

A Coordenação do Programa enviou a CEAD/UNB relação nominal, com

28 professores para o Curso de Especialização em Esporte Escolar e 35

estagiários/monitores para o Curso de Extensão em Esporte Escolar. (MARANHÃO,

2006)

Considerando que a maioria dos professores dos núcleos dos municípios

do interior do estado são leigos e não possui qualificação necessária para participar

da Capacitação Continuada em Esporte Escolar – CEAD/UNB, a Coordenação do

Programa elaborou o Projeto “Capacitação e Atualização Técnica em Esporte

Escolar,” tendo como objetivo a padronização da metodologia de ensino das

modalidades esportivas desenvolvidas no Programa.

46

Reuniões

Houve reuniões com os Setores Jurídicos da SESP e SEDUC e diretoras

dos estabelecimentos de ensino contemplados com o Programa, para tratar de

assuntos relacionados à elaboração dos Convênios com as Caixas Escolares,

fundamentado em parecer jurídico da Procuradoria Geral do Estado, para repasse e

sistemática da prestação de contas do recurso destinado ao Reforço Alimentar.

(MARANHÃO, 2006)

Reuniões com supervisores e estagiários/bolsistas

Em julho de 2005 as reuniões foram realizadas com todo grupo de

trabalho (coordenação, supervisores e estagiários/bolsistas) para apresentar e

discutir filosofia do Programa, definir dias e horários de funcionamento, planejamento

das atividades e metodologia de ensino, critérios de seleção e inscrição dos alunos,

e lançamento do Programa nas escolas. (MARANHÃO, 2007)

O segundo momento, também em julho de 2005, foi destinado ao

planejamento das atividades, reunindo supervisores e estagiários das escolas de

cada área, considerando a disponibilidade do espaço físico e horários.

(MARANHÃO, 2006)

Proposta Pedagógica Metodológica do PST-MA

A proposta filosófica-pedagógica sugerida no PST-MA foi alinhavada no

processo ao longo prazo, constituído pelos momentos de aprendizagem motora e de

desenvolvimento da capacidade de jogo, ao treinamento técnico e tático. Construção

de um conjunto de atividades e jogos para potencializar a compreensão tática, a

lógica interna do jogo, sem submeter os iniciantes a desgastantes processos

analíticos de repetições de técnicas. (GRECO, 2005)

A direção filosófica implica direção de um processo de ensino-

aprendizagem-treinamento dos pólos incidental para o formal intencional,

integrando-os, das formas de aprendizagens implícitas à intencional-formal.

Postulam-se regras de comportamentos táticos aprendidas de formas implícitas:

jogar para aprender e aprender jogando. O ensino implícito antes do explícito.

47

As situações vivenciais pelo praticante surge da interação

professor/aluno, da integração da análise e da compreensão tática na aplicação da

técnica, entendendo a tríade pessoa-tarefa-ambiente que são dependente da

história do indivíduo, da cultura e de ambientes sociais pregressos da pessoa.

Aprender a jogar jogando e jogar para aprender de forma incidental, prazerosa, rica

e variada, construindo os jogos e as regras dos mesmos em conjunto, conforme as

práticas.

Nas faixas etárias iniciais devem prevalecer as metodologias que

possibilitem o aprendizado incidental, pois o aprendiz tem pouco conhecimento

explícito (declarativo) das estruturas e da mecânica dos gestos técnicos e dos

gestos que faz.

Adequar no planejamento às competições pedagógicas e os festivais

esportivos. O primeiro como atividades tradicionais ajustadas como caráter

pedagógico, já o segundo como atividade mais lúdica, com maior participação: um

não deve excluir o outro.

Desenvolvimento das atividades – Modalidades Esportivas

De acordo com o planejamento, as aulas das modalidades esportivas –

Atletismo, Basquetebol, Handebol, Futsal, Futebol e Voleibol, – foram desenvolvidas

da seguinte forma: duas modalidades eleitas a cada duas semanas, em sistema de

rodízio, às 2ª feiras e 4ª feiras, sendo as 6ª feiras destinadas à organização de

festivais/torneios esportivos. Além do aspecto prático, foram ministradas aulas sobre

a origem e evolução histórica de cada modalidade no sentido de difundir a cultura

esportiva. (MARANHÃO, 2006)

Quanto à modalidade Capoeira, coordenada por um professor licenciado

em Educação Física e a participação de seis Mestres, as aulas foram realizadas em

sistema itinerante. A proposta de trabalho da modalidade enfatizou, além da prática

em si, a história e importância da Capoeira na cultura brasileira. Essa modalidade foi

uma atração à parte, pois reunia alunos que estavam inseridos no Programa e

grande parte dos alunos da Escola. (MARANHÃO, 2006)

48

Área Geográfica e características

Em São Luís, as escolas onde funcionaram os núcleos localizaram-se em

bairros carentes de baixo IDH, sem infra-estrutura de saneamento básico, em áreas

de conflito (invasões) e de risco social, como se pode verificar no quadro abaixo.

(MARANHÃO, 2006)

Quadro 1: Núcleos - capital

Nº NOME DA ESCOLA BAIRRO 01 U.I. Roseana Sarney Murad São Francisco 02 U.I. Y Bacanga Anjo da Guarda 03 U.I. Professora Maria Pinho Cohatrac I 04 U.I. Sagarana II Caratatiua 05 U.I. Antônio Ribeiro da Silva Sá Viana 06 U.I. Barjonas Lobão II – CAIC Jardim América 07 U.I. Embaixador Araújo Castro – CAIC Cidade Operária 08 CEEFM Menino Jesus de Praga Cidade Operária 09 U.I. Pio XII Outeiro da Cruz 10 CEEFM Maria Helena Duarte Bequimão 11 U.I. Santa Tereza Cidade Operária II 12 CEEFM Cidade de São Luís Cohab Anil III 13 CEEFM Manoel Beckman Bequimão 14 CEEFM José Justino Pereira Cidade Operária 15 U.I. Força Aérea Brasileira São Cristóvão 16 U.I. Haideé Chaves Angelim 17 U.I. Marly Sarney Maiobão 18 U.I. Professor Rubem Almeida Bequimão 19 U.I. Estado do Amazonas II Parque Timbiras 20 U.E. Dr. Antônio Jorge Dino Bairro de Fátima 21 U.I. Pedro Álvares Cabral Cidade Operária 22 U.I. Cônego Ribamar Carvalho Cohab 23 CEEFM Dr. Geraldo Melo Cohab Anil IV 24 U.I. Maria José Aragão Cidade Operária 25 U.I. João Paulo II Habitacional Turu 26 U.I. Felipe Condurú Tirirical 27 U.I. Bandeira Tribuzzi Maiobão

Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006.

Da mesma forma, os municípios do Interior do Estado contemplados com

o Programa também possuem baixo IDH, e as escolas onde funcionaram os

núcleos, em sua maioria, possuem estrutura precária. (MARANHÃO, 2006)

49

Quadro 2: núcleos – municípios do interior

Nº NOME DA ESCOLA MUNICÍPIO 01 CEEFM Joaquim Soeiro de Carvalho Barreirinhas 02 CEEFM Wady Fiquene Itapecurú-Mirim 03 CEEFM Estado do Espirito Santo Vitória do Mearim 04 CEEFM Nagib Haickel Pindaré-Mirim 05 U.I. Maria José Macêdo Costa Colinas 06 CEEFM Bandeira Tribuzzi Santa Inês 07 CEEFM Marechal Castelo Branco Timon 08 CEEFM Antônio Corrêa Esperantinópolis 09 CEEFM Maura Jorge de Melo Lago da Pedra 10 CEEFM José Malaquias Lago do Junco 11 CEEFM América Central Morros 12 CEEFM Raimundo João Saldanha Rosário 13 CEEFM Dom Francisco São Bento 14 CEEFM João Batista de Carvalho Santa Rita 15 U.I. Raimundo Manoel da Cunha –CAIC Viana 16 U.I. Governador Luís Rocha Presidente Dutra 17 CEEFM Cidade de Arari Arari 18 CEEFM Professor Rubem Almeida-CAIC Pinheiro 19 U.I. Dom Marcelino Bicego –CAIC Açailândia 20 U.I. Poeta Castro Alves – CAIC Santa Helena 21 CEEFM Monsenhor Clóvis Vidigal Caxias 22 U.E. Poeta Gonçalves Dias – CAIC Paço do Lumiar 23 U.E. Cidade de São José de Ribamar –CAIC São José de Ribamar

Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006. Seleção de Supervisores

Foram selecionados professores graduados em Educação Física para

atuar como Supervisores de Área do Programa, nos núcleos de São Luís e nos

municípios do Interior do Estado. No processo de seleção, além da análise de

currículo, foram considerados aspectos como experiências anteriores, interesse e

disponibilidade de tempo. (MARANHÃO, 2006)

Seleção de Estagiários/Bolsistas – Região Metropolitana

Através de Portaria do Secretário de Estado do Esporte, foi constituída

comissão composta por servidores da SESP/SEDUC, para promover o processo

seletivo simplificado dos Acadêmicos de Educação Física que iriam atuar nos

estabelecimentos de ensino contemplados com o Programa Segundo Tempo. No

50

processo, além da análise de currículo e histórico escolar, foram considerados

fatores como disponibilidade de turno e a proximidade dos domicílios dos bolsistas

em relação às escolas. (MARANHÃO, 2006)

Seleção de Estagiários/Bolsistas – Municípios do Interior

Considerando a inexistência de Cursos de Educação Física nos

municípios do Interior do Estado contemplados com o Programa, foram selecionados

professores leigos, com experiência de atuação na disciplina Educação Física,

através de indicação da direção das escolas contempladas e análise de currículos.

(MARANHÃO, 2006)

Seleção e inscrição dos alunos no Programa

Essa seleção ocorreu de forma imparcial, contemplando os alunos que

atendiam o perfil estabelecido. Para tal feito contou-se com a participação e

indicação da Direção das Escolas na seleção dos alunos. Preliminarmente, as

inscrições foram efetuadas em formulário elaborado pela Coordenação do Programa

e, posteriormente, via internet. (MARANHÃO, 2006)

Quadro 3: Quantitativo de alunos por faixa etária

MASCULINO FEMININO

07 a 09 anos 171 07 a 09 anos 118

10 a 12 anos 1.987 10 a 12 anos 1.932

13 a 15 anos 1.779 13 a 15 anos 1.709

16 a 18 anos 1.242 16 a 18 anos 1.043

Acima de 18 anos 10 Acima de 18 anos 09

TOTAL 5.189 TOTAL 4.811 Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006.

51

Sistemática de distribuição do material esportivo e uniformes

Essa distribuição ocorreu de forma organizada mediante recibo. O critério

utilizado foi a divisão em duas quotas: a primeira cota, no início do Programa, em

agosto/2005, constou da entrega dos uniformes e 50% do quantitativo do material

esportivo; a segunda cota, em fevereiro de 2006, constou da entrega do restante do

material esportivo em estoque. No primeiro momento, em agosto de 2005, a SESP

foi responsável pela entrega dos kits de material na Região Metropolitana, enquanto

a SEDUC contratou uma empresa transportadora para proceder a entrega dos kits

de material nos municípios do Interior do Estado. (MARANHÃO, 2006)

No segundo momento, em fevereiro de 2006, a distribuição do material foi

efetuada na SESP, através da Supervisão de Material, e entregue diretamente às

diretoras das escolas ou sob responsabilidade dos Supervisores de Área. No

transcorrer da execução do Programa, houve reposição de material (bolas) que

apresentaram defeito ou desgaste. (MARANHÃO, 2006)

Instalações Esportivas

Constatou-se nas visitas preliminares realizadas nos estabelecimentos de

ensino selecionadas para o Programa (núcleos) que as instalações esportivas

necessitavam de reparos em sua estrutura – muros, alambrados, coberturas, cercas,

equipamentos esportivos, etc. –, além de limpeza geral nas áreas periféricas, o que

originou a elaboração de um documento, através da Coordenação Geral do

Programa, solicitando da direção das escolas informações sobre as necessidades de

serviços de recuperação e melhorias das instalações esportivas, para

desenvolvimento das atividades do Programa Segundo Tempo. (MARANHÃO,

2006)

52

Relatório Financeiro

RECEITA FONTE VALOR DESPESA VALOR PAGO

Min.Esporte 0111 890.000,00 Mat.Suplementar 18.591,00

Estagiários 129.740,00

Ref. Alimentar (*) 140.400,00

Rend.Aplicação 0111 Estagiários/Capoeira 7.800,00

Gov. Estado 3101 108.000,00 Coord.Núcleos 44.400,00

INSS 20% 8.880,00 Fonte: MARANHÃO. Secretaria de Estudo do Esporte. Relatório final: Programa Segundo Tempo. São Luís, 2006. (*) O recurso referente ao Reforço Alimentar foi empenhado no valor de R$300.000,00, compreendendo o período de agosto a dezembro/2005. Entretanto, somente foi transferido para as Caixas Escolares conveniadas o valor de R$140.000,00, para as Escolas que prestaram contas, conforme determina o convênio firmado com a SESP. Considerações Complementares

O Programa Segundo Tempo, criado pelo Governo Federal, através do

Ministério do Esporte, vem ao encontro da proposta do Governo do Estado do

Maranhão de implementar, no âmbito escolar,

beneficiando comunidades carentes, novo

paradigma de atividades de esporte e de

lazer como meio de contribuir para a redução

do quadro de injustiças e de exclusão social.

(MARANHÃO, 2006)

Dados estatísticos comprovam que

o Maranhão apresenta baixo Índice de Desenvolvimento Humano nas regiões

menos assistidas e em comunidades de baixa renda, onde se registra grande índice

de evasão escolar aliado ao risco da marginalidade, do uso de drogas, etc., posto

que as desigualdades sociais influenciam diretamente nesses aspectos.

(MARANHÃO, 2006)

53

Conforme comprovado através dos trabalhos de supervisão e mesmo com

algumas deficiências, o Programa Segundo Tempo vem contribuindo, através de

propostas de atividades esportivas e culturais planejadas, para o desenvolvimento

humano, para a formação física e intelectual e da cidadania, além de proporcionar

uma melhor compreensão sobre cidadania, solidariedade, auto-estima,

comunicação, respeito ao próximo, tolerância, sentido do coletivo, disciplina e

liderança. (MARANHÃO, 2006)

O Governo do Estado do

Maranhão, por meio das Secretarias de

Estado do Esporte e da Educação, tem

demonstrado grande interesse na realização

e continuidade do Programa Segundo

Tempo que, por seu alcance social em

benefício e reconhecimento da comunidade,

vem merecendo ampla divulgação nos meios de comunicação, inclusive na página

do PNUD (www.pnud.org.br). (MARANHÃO, 2006)

54

4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NO MARANHÃO

4.1 Aspectos Negativos

Um dos aspectos negativos observados foi o lançamento de recursos

financeiros do convênio no orçamento da SESP feito com atraso, ocorrendo somente

em 08 de março de 2005, face aos imprevistos ocorridos (MARANHÃO, 2006):

a) Atraso no recebimento dos uniformes e materiais esportivos fornecidos

pelo “Programa Pintando a Liberdade”; b) Atraso no início do calendário escolar, em decorrência da greve dos

docentes da rede estadual;

c) Atraso no processo para aquisição do material complementar,

cumprindo Normas Específicas da Comissão de Licitação do Estado.

Estes imprevistos foram motivos para que as atividades fossem iniciadas

somente no mês de agosto de 2005, o que tornou imperioso a apresentação de

exposição de motivos, requerendo do Ministério do Esporte a prorrogação da

vigência do Convênio e sendo concedido, através de Termo Aditivo, até 06 de junho

de 2006. (MARANHÃO, 2006)

Além disso, comparando àquilo que foi projetado para ser realizado,

verificou-se que:

55

• Não foram recebidas 50 (cinqüenta) redes de voleibol, relacionadas

no ofício n° 577/2005 – CMAES/SE/ME, de 7 de abril de 2005.

• Do quantitativo de 10.000 (dez mil) camisas destinadas a atender a

demanda do Programa no Maranhão, 180 (cento e oitenta)

estavam manchadas e mofadas. Dessa forma, as escolas dos

municípios de Colinas (Unidade Integrada Maria José Macedo

Costa) e Rosário (Centro de Ensino Fundamental e Médio

Raimundo João Saldanha) receberam apenas 115 camisas.

• Em relação ao quantitativo de calções recebidos, cerca de 1.800

(mil e oitocentos) foi distribuído para as escolas que participaram

do lançamento do Programa em São Luís.

Infelizmente as necessidades para

melhoria das instalações esportivas

verificadas não foram providenciadas, o que

fez com que as atividades fossem

desenvolvidas em situações precárias do

ambiente esportivo.

Outra situação negativa foi a

sistemática de repasse dos recursos às Caixas Escolares, que foi deficiente e

impossibilitou a transferência da totalidade prevista pelo Convênio. A Cláusula

Quarta condicionou o repasse da próxima parcela mediante a prestação da parcela

anterior, exigindo-se, ainda, a apresentação das respectivas notas fiscais, o que

acarretava maior dificuldade para a direção

das escolas, considerando que estas atuam

com vários projetos, além do quadro de

pessoal administrativo ser insuficiente para

atender a demanda dos trabalhos. Isto gerou

atrasos nos repasses, obrigando a

Coordenação do Programa, por várias

vezes, a solicitar a intervenção de Secretaria de Estado da Educação através de

ofícios, no sentido de agilizar as prestações de contas. (MARANHÃO, 2006)

Desta forma, os recursos destinados à Ação de Reforço Alimentar não

foram repassados na totalidade e devolvidos ao Ministério do Esporte.

Consequentemente, os objetivos propostos foram atingidos apenas parcialmente,

56

posto que, por comodidade, a Direção dos estabelecimentos de ensino optou por

servir a merenda tradicional, fornecida através do FUNDEF e Governo do Estado.

(MARANHÃO, 2006)

Em razão de indisponibilidade de recursos, o curso de capacitação e

atualização técnica do Programa Segundo Tempo não foi realizado. Para minimizar

o problema, orientamos os Supervisores de Área para ministrar oficinas, articulando

conceitos, planejamento e metodologia das modalidades esportivas desenvolvidas

no Programa. (MARANHÃO, 2006)

Houve grande reclamação dos estagiários/bolsistas quanto a quantidade,

qualidade e durabilidade do material esportivo fornecido pelo Programa Pintando a

Liberdade (bolas) para o trabalho de iniciação esportiva. (MARANHÃO, 2006)

Em 11 escolas de São Luís, observou-se evasão de alguns alunos do

Programa, notadamente na faixa etária de 15/16 anos, masculino e feminino, em

decorrência de participação em outras atividades, tais como: trabalho, tomar conta

de irmãos menores, participar de cursos de seu interesse (ou da família), etc. Dessa

forma, foram abertas novas inscrições e optou-se pela faixa etária de 8 a 10 anos.

Quanto às escolas dos municípios do interior do estado, não foram registrados fatos

dessa natureza, em que a freqüência dos alunos é alta. (MARANHÃO, 2006)

Com isso verificou-se que no Programa Segundo Tempo houve ausência

da identidade histórico-cultural local, que é de extrema importância para que a

interação e a participação dos alunos-atletas sejam efetivas. Identificar-se com

aquilo que se faz, fazer-se parte do que se está realizando, é fundamental para o

bom desempenho de qualquer atleta, principalmente para aqueles que estão

iniciando em qualquer tipo de esporte.

57

4.2 Aspectos Positivos

Durante a execução do Programa, observou-se que, nos estabelecimento

de ensino contemplados com o Programa, a prática de atividades esportivas, de

atividades complementares e o reforço alimentar, realizados no contra turno das

aulas, possibilitaram a redução do índice de evasão escolar, melhoraram a auto-

estima e a interação do grupo social. O envolvimento da comunidade escolar, as

famílias e as parcerias e convênios firmados com as instituições foram fundamentais

no êxito do processo. Conforme pode ser constatado em depoimentos dos alunos e

familiares, a expectativa é a continuidade do Programa. (MARANHÃO, 2006)

Na seqüência do trabalho, houve acompanhamento sistemático das

atividades, registrado em relatórios dos supervisores de área, de onde extraímos

algumas situações que foram detectadas:

• Os horários de funcionamento em algumas escolas confrontavam com as

aulas de educação física, gerando problemas que foram solucionados com a

divisão do espaço físico, já que não há disponibilidade de adequação em

outros dias e horários. (MARANHÃO, 2006)

• Em todas as escolas contempladas com o Programa, foram disponibilizadas

cadernetas para controle de freqüência, local para armazenamento do

material esportivo (armários, salas). (MARANHÃO, 2006)

• Indisponibilidade, em algumas escolas, de merendeiras para elaboração do

lanche, o que acarreta uma sobrecarga às professoras ou pessoal de serviços

gerais. A presença de merendeiras é de grande necessidade uma vez que

poderá ser elaborado e cumprido um cardápio de reforço alimentar.

(MARANHÃO, 2006)

58

• Constatou-se que há resistência por parte de alguns alunos dos núcleos de

São Luís e dos núcleos dos municípios do interior do estado, no que diz

respeito ao uso das camisas do Programa em razão do slogan “Fome Zero”,

explorado de forma jocosa pela comunidade estudantil como “passa-fome”,

“necessitados”, etc. Mesmo após trabalho de conscientização feito pelos

estagiários, professores e direção das escolas, notou-se que os alunos

integrantes do Programa sentem-se constrangidos e só utilizam a camisa

durante as atividades. Ao sair, retiram e guardam. (MARANHÃO, 2006)

• Identificou-se maior interesse e participação por algumas modalidades

esportivas, notadamente futebol, futsal, voleibol e capoeira, enquanto nas

outras modalidades há menor participação. Esse problema foi solucionado

com conscientização e com a realização de torneios e festivais internos e

inter-escolas de bairros próximos, quando houver maior interesse e

motivação. (MARANHÃO, 2006)

59

5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES

Nosso estudo versa sobre as interfaces franco-maranhenses, abordando

sobre a importância da necessidade de Cooperação Internacional Esportivo Escolar

entre São Luís e Guiana Francesa com finalidade de acelerar o desenvolvimento

sustentável no esporte escolar da Bacia Amazônica latino-americana, antilhana e

caribenha.

Para a realização do intercâmbio esportivo escolar da regional Guiana

Francesa com os demais países da América Latina, o Governo Francês incentiva,

apóia e financia a cooperação aqui instaurada via a UNSS (União Nacional Esportiva

Escolar), com o intuito de desenvolver e tornar o esporte conhecido em todas as

esferas da sociedade.

A priori é de suma importância a realização da citada cooperação

internacional, já que não há óbice legal que possa constranger a realização do

mesmo. Sua procedência é viável e legal, pois já existem um termo de cooperação

internacional franco-brasileiro, além do tratado da cooperação amazônica e das

várias áreas esportivas e à ciência do esporte que sustentam a eficiência e

aplicabilidade desse intercâmbio. O assunto aqui abordado faz referência às várias disposições e

apontamentos do cotidiano franco-maranhense sociocultural e historicamente

construído ao longo do tempo, nas seguintes temáticas: Invasão francesa, França

Equinocial, Batalha de Guaxenduba, Interfaces maranhenses e euroguianense,

60

ocupação indígena, exploração e colonização, brasileiros na Guiana Francesa, Os

maranhenses na Guiana Francesa em busca de trabalho, Espaço Franco-

maranhense, Tião e L’Équipe, a Invasão Francesa II, o Badminton Franco-

Maranhense, desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade do esporte escolar.

Essas interfaces observadas entre São Luís e Guiana francesa visam estabelecer

diretrizes em conjunto para que todos os setores do sistema estadual de esporte

caminhem na busca do desenvolvimento sustentável na região norte e nordeste

brasileira, onde já se encontra incluída a população maranhense.

As interfaces de identidade socioculturais francomaranhenses

proporcionam para que o esporte, principalmente no âmbito escolar, seja trabalhado

em conjunto com a próxima edição do Programa Segundo Tempo local,

principalmente em São Luís, com o intuito de ampliar os horizontes da formação

étnicos-culturais dos alunos-atletas das escolas maranhenses.

O Tratado da Cooperação Amazônica e o Programa Segundo Tempo,

embasados sobre a teoria do desenvolvimento sustentável, dão suportes para que

haja uma cooperação esportiva internacional entre São Luís e Guiana Francesa.

Isso, entretanto, não exclui benefícios para os outros municípios do Estado do

Maranhão, muito pelo contrário, todos ganham com esse projeto de integração e

cooperação, já que as políticas públicas do estado não beneficiam somente um

município, mas todos os municípios localizados no mesmo, como o Programa

Segundo Tempo que beneficiou municípios que contavam em grande quantidade

com crianças e adolescentes em situação de risco social.

Dessa forma, pode-se dizer que inovamos quando propusemos o

gerenciamento integrado do esporte latino-americano, antilhano e caribenho,

utilizando a bacia hidrográfica como instrumento de gestão. Com efeito, foi nos

países da comunidade européia, onde todo uso e ocupação do solo têm a bacia

hidrográfica como uma unidade de planejamento e gestão, sendo este modelo de

gerenciamento desenvolvido e criado pela França. E agora essa inovação serve de

instrumento para o último relatório sobre aquecimento global em 2007.

Todas as políticas governamentais francesas utilizam a bacia hidrográfica

como referência, principalmente na política de esporte francesa, que já desenvolvem

sua Agenda 21 de Sustentabilidade do esporte e meio ambiente.

61

Esse formato de gestão no Brasil é ainda inédito, pois a questão é fruto

de discussão em recentes seminários nacionais, com atraso em relação aos outros

países, pois o assunto aqui abordado, o modelo de desenvolvimento sustentável, é

bastante implementado e discutido internacionalmente no que se refere ao esporte,

olimpismo natural e sociocultural. Logo, haverá avanço substancial na política

estadual e regional do esporte, adotando princípios de gestão integradas e

participativas nos eventos e competições realizados pelos países participantes da

cooperação internacional.

A proposta defendida neste estudo acompanha a tendência mundial de

internacionalização das relações em todos os aspectos da cultura humana. É a

cultura humana, as relações que o homem trava entre si, com o outro e com o

mundo, que globaliza o desenvolvimento de princípios e de diretrizes que

propiciarão ações eficientes da gestão do esporte escolar no Maranhão, pois,

majoritariamente, são ações altamente regulamentáveis, buscando instrumentalizar

o poder público.

As instituições esportivas privadas e a sociedade, para que possam

promover ações capazes de acelerar o intercâmbio Esportivo-Ambiental no nosso

estado em menor tempo possível, com base nos parâmetros do desenvolvimento

sustentável, contribuem dessa maneira com melhor qualidade de vida das

populações da Bacia Amazônica ao oferecer acesso à prática e à cultura do esporte

escolar.

A dimensão continental do nosso país torna inviável o intercâmbio

esportivo interno com o eixo centro-sul. O Maranhão está mais próximo da Europa

do que com a região sudeste, no caso o Estado de São Paulo, pois, como já

sabemos, a Guiana Francesa é um território francês na América Latina, ávida para

se desenvolver em conjunto conosco, principalmente na área de recursos humanos

esportivos na formação de atletas escolares, técnicos e metodologia de formação

esportiva escolar.

O projeto desenvolvido para a realização da cooperação entre a Guiana

Francesa e o Maranhão sob o aspecto do desenvolvimento sustentável baseia-se

nos novos paradigmas de grandes educadores, dentre eles destaca-se o brasileiro

Paulo Freire, muito respeitado e admirado pelos educadores franceses, que já

sistematizam uma metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento na formação

esportiva escolar de acordo com as teorias desse ilustre pedagogo.

62

A Cooperação Internacional esportiva franco-maranhense constitui peça

fundamental para o processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar,

representando um importante instrumento de gestão esportiva na formação do atleta

escolar e no aprimoramento da evolução da escola maranhense de esporte, em

consonância com um país com similitude socioculturais, como a Guiana Francesa na

América Latina, através de estudo reflexivo interdisciplinar da escola francesa e um

modelo tipicamente brasileiro.

O ato de aprender e desenvolver competências para o esporte escolar

depende da orientação filosófica pedagógica da prática educativa esportiva. O

enfoque biológico é dominante e exclusivo no âmbito escolar brasileiro, resumindo-

se a conteúdos educacionais, à execução de gestos técnicos fundados da eficiência

biomecânica ou fisiológica. Sob este enfoque, entende-se assim o corpo apenas

como um organismo biológico, de ossos, músculos e nervos, completamente

alienado do seu contexto histórico-cultural, sendo este principal responsável pelo

atual modelo fragmentado da sociedade escolar, humana e da visão de mundo.

Nos últimos anos, na tentativa de superar o atual modelo da visão do

homem e do mundo, tem aumentado significativamente o interesse nos estudos

sobre as conseqüências do processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte

escolar à luz da abordagem sócio-antropológica, destacando o esporte como prática

humana e, portanto, cultural.

A Cooperação Internacional São Luís/Guiana Francesa evidencia dois

modelos de formação esportiva: aprender a jogar jogando, jogar para aprender e o

das bases psicomotoras para aprendizagem dos esportes coletivos, defendido pelo

Prof. Dr. Jean Nita durante a realização do I Seminário Internacional e Treinamento

em handebol escolar.

É consenso entre as duas vertentes a adoção de novos paradigmas

quanto ao processo ensino-aprendizagem-treinamento do esporte escolar, pois

sabe-se que tal processo não está centrado especificamente na transmissão de

conteúdos do dualismo técnica/tática.

Assim, é necessário, através do ensino do esporte escolar, considerar a

dimensão cultural como constitutiva da dinâmica humana para superar a visão

tradicional do esporte como uma ação limitada do corpo físico, pois a totalidade

humana biológica, cultural, social e psíquica não está isolada da dimensão física.

63

A abordagem sociocultural do esporte tem buscado compreender a

imensa e rica tradição desta área do conhecimento, procurando entender suas

variadas manifestações como expressão de contextos específicos. Dessa forma, o

esporte tem avanços significativos ao considerar os aspectos simbólicos, refletindo e

estudando sobre a estética, a beleza, a subjetividade, a expressividade, a relação

com a arte, enfim, o significador.

Nesta perspectiva, esta pesquisa constitui-se em um estudo que se

propõe aprimorar o processo metodológico do ensino-aprendizagem-treinamento do

esporte escolar pautado no enfoque exclusivo e dominante biológico, instrumental e

do gesto eficiente.

64

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Cooperação Internacional São Luís/ Guiana Francesa para a

formação esportiva escolar resgata o tratado da Cooperação Amazônica (TCA),

assinado em Brasília, em 03 de Julho de 1978, pelos outros países amazônicos:

Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O Tratado

prevê a colaboração entre os países membros para promover, dentre outros

assuntos, a preservação do patrimônio cultural e o intercâmbio de informações.

O processo ensino-aprendizagem-treinamento na formação esportiva

escolar deve, prioritariamente, levar em consideração as interfaces socioculturais e a

diversidade humana. Qualquer tentativa de compreensão deve passar por uma

reflexão do tipo antropológica.

Gradativamente, no programa Segundo Tempo Local poderão ser

incorporados outros conteúdos e metodologias de ensino-aprendizagem-treinamento

escolar com interfaces franco-maranhenses. Torna-se impreterivelmente necessário

o intercâmbio de informações esportivas nesta área, sob a égide dos princípios de

desenvolvimento sustentável.

65

As interfaces franco-maranhenses no processo ensino-aprendizagem-

treinamento podem ser compreendidas como uma tentativa de sistematização de

uma proposta pedagógica direcionada a oportunizar uma preparação didático-

metodológica e sociocultural do programa Segundo Tempo Local, relacionada ao

modelo de aprendizagem histórico-social, em que as crianças e adolescentes

aprendem ter a leitura do esporte e descrevê-lo como ações motoras carregadas de

intenções socioculturais.

66

REFERÊNCIAS

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67

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68

ANEXOS

69

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DANTGOIAproceFísicaProg

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LUÍS

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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTE

GABINETE DO SECRETÁRIO SESP-Trav. Guaxenduba nº 100 - Outeiro da Cruz – Complexo Esportivo de São Luís Cep: 65 043 320

Telefones: (98) 243.6978 (fax) - 249. 3339 - 243. 4282 E-mail: [email protected]. SÃO LUÍS - M

ARIA N. º 016/SESP São Luís, 11 de fevereiro de 2005.

O SECRETÁRIO DE ESTADO DO ESPORTE, no uso de atribuições legais

R E S O L V E:

Costituir a Comissão composta pelos servidores MANOEL TRAJANO AS NETO, JOSÉ CARLOS RIBEIRO, ELIZABETH SANTANA ALVES DE BEIRA FEQUES, para,no período de 14 a 18 de Fevereiro, promover o sso seletivo simplificado de 50 acadêmicos ou professores de Educação , que irão atuar nos estabelecimentos de ensino contemplados com o

rama ‘Segundo Tempo” em São Luís. Para participar do processo seletivo serão pré-requisitos aos alunos

tenham cursado as disciplinas Educação Física Infantil, Atletismo, uetebol, Futsal, Handebol, Voleibol e Socorro de Urgência.

Para os estabelecimentos de ensino que funcionarão nos municípios terior do Estado a seleção ficará sob responsabilidade dos diretores das ctivas escolas.

Dê-se ciência, Cumpra-se.

GABINETE DO SECRETÁRIO DE ESTADO DO ESPORTE, EM SÃO

– MA, 11 DE FEVEREIRO DE 2005.

RACHID MALUF FILHO

tário de Estado do Esporte

70

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ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DE ESPORTE

GABINETE DO SECRETÁRIO SESP-Trav. Guaxenduba nº 100 - Outeiro da Cruz – Complexo Esportivo de São Luís Cep: 65 043 320

Telefones: (98) 243.6978 (fax) - 249. 3339 - 243. 4282 E-mail: [email protected]. SÃO LUÍS - MA

IO CIRC. N. º 003/05-GS São Luís, 24 de Fevereiro de 2005.

tríssima Senhora ANDA BARROS ROLAND

esentante da Caixa Escolar Poeta Castro Alves

TA HELENA/ MA

Prezada Senhora,

O Governo do Estado do Maranhão firmou convênio com o Ministério sporte no sentido de desenvolver em nosso Estado o Programa Segundo o, para funcionar no contra-turno do período das aulas normais, com objetivo emocratizar o acesso à pratica e a cultura do esporte como instrumento acional, visando o desenvolvimento de crianças e adolescentes, culados em escolas públicas”.

No Maranhão, o Programa será desenvolvido em parceria com a

taria de Estado da Educação e funcionará em 50 (cinqüenta) estabelecimentos sino da rede pública estadual, sendo 25 (vinte e cinco) em São Luís e 25 (vinte co) municípios do Interior do Estado, contemplando 10.000 crianças na faixa de 11 a 16 anos.

Nesse sentido, em adiantamento ao ofício enviado pela SEDUC dando a direção desse estabelecimento de ensino para uma reunião dia 11 de próximo, na SESP, solicitamos que nesta data V.Sa.apresente o currículo de rofissionais da área de Educação Física que possua o perfil para atuar com as e adolescentes na faixa etária de 11 a 16 anos, com as modalidades de

ação, atletismo, handebol, futebol, futsal, basquetebol e voleibol. Dos três ulos apresentados, a SESP selecionará dois, para integrar o quadro de sionais responsáveis pelo desenvolvimento das atividades do Programa ndo Tempo nos estabelecimentos de ensino dos municípios do interior do o.

Atenciosamente,

RACHID MALUF FILHO

tário de Estado do Esporte

71

CONVÊNIO Nº 50/2005 - SESP

PROCESSO Nº 077/2005 – SESP

CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA QUE ENTRE SI CELEBRAM A SECRETARIA DE ESTADO DO ESPORTE E A CAIXA ESCOLAR U.I. BANDEIRA TRIBUZZI - MAIOBÃO – SÃO LUÍS, COM INTERVENIÊNCIA DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, OBJETIVANDO A IMPLANTAÇÃO E A EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA ESPORTIVO SOCIAL “SEGUNDO TEMPO”.

Pelo presente instrumento particular firmado entre as partes, de um lado a SECRETARIA DE ESTADO DO ESPORTE - SESP, inscrita no CNPJ nº 05.506.465/0001-32, sediada na Travessa Guaxenduba, nº 100, Outeiro da Cruz, nesta cidade, doravante denominada CONCEDENTE, neste ato representada pelo seu Secretário, ALIM RACHID MALUF FILHO, brasileiro, maranhense, casado, Economista, residente e domiciliado na Avenida Mário Andreazza, Olho Dágua - São Luís-MA, portador da Carteira de Identidade nº 220700 - SSP/MA, e CNPF nº 035.566.703-72, a CAIXA ESCOLAR U.I. BANDEIRA TRIBUZZI –MAIOBÃO – SÃO LUÍS, inscrita no CNPJ sob o n° 01.322.235/0001-62, situada na Av. 13 Qdª 140 , s/n, Maiobão – São Luís /MA, doravante denominada COVENIENTE, neste ato representada pela sua Diretora, MARIA DA CONCEIÇÃO GÓES NOVAIS, brasileira, casada, Professora, portadora da C.I. nº 108.784.199 – 0 SSP/MA, CPF 106.628.043-68, residente em Rua 115,Qdª 77 Casa 24 Maiobão, São Luís/MA, e tendo como partícipe executora a SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, inscrita no CNPJ sob o nº 033.520.86/0001-00, com endereço, na Rua Virgilio Domingues nº 741, São Francisco, nesta capital, doravante denominada CONVENENTE, neste ato representado pelo seu Secretário, EDSON NASCIMENTO, brasileiro, casado, engenheiro elétrico, portador da C.I. nº 084.213.495 ISP/RJ, e CNPF nº 126.440.214-72, residente e domiciliado no Condomínio Village Alcântara, Bloco A, Apto. 403, Conjunto Jardim Coelho Neto, Cohajap, nesta cidade, doravante denominada INTERVENIENTE, RESOLVEM celebrar o presente Convênio, conforme processo nº 77/2005, de acordo com a legislação vigente, mediante as cláusulas e condições seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA - DO OBJETO

O presente convênio com repercussão no desporto educacional tem por objeto promover a implantação e posteriormente a execução das ações do programa esportivo social “Segundo Tempo” em parceria com a CONVENENTE, no atendimento crianças, adolescentes e jovens, distribuídos em 50 núcleos, sendo 25

72

localizados nas escolas públicas de bairros periféricos de São Luís e 25 escolas públicas de municípios do interior do estado do Maranhão, especificamente no tocante ao Reforço Alimentar, nos termos do plano de trabalho, parte integrante do presente instrumento independente de transcrição.

CLÁUSULA SEGUNDA - DAS OBRIGAÇÕES

I - À CONCEDENTE compete:

a) Promover o repasse dos recursos financeiros de acordo com o Plano de Trabalho e com o disposto na CLÁUSULA QUARTA.

b) Orientar, supervisionar e fiscalizar os trabalhos conveniados,

cabendo-lhe acompanhar as atividades a serem executadas, verificando a exata aplicação dos recursos deste CONVÊNIO e avaliar os resultados;

c) Prorrogar de ofício a vigência deste Convênio, quando houver

atraso na liberação dos recursos, limitada a prorrogação ao exato período do atraso verificado, desde que ainda haja plena condição de execução do objeto;

d) Analisar e aprovar a prestação de contas dos recursos aplicados

na consecução do objeto deste Convênio.

II - A CONVENENTE compete: a) Aplicar os recursos repassados pela CONCEDENTE

exclusivamente para o objeto do presente CONVÊNIO; b) Executar o cumprimento do objeto deste instrumento nos termos e

formas estabelecidas pelo plano de trabalho; c) Promover abertura de conta bancária exclusivamente para

capitação dos recursos do presente instrumento; d) Restituir o eventual saldo de recursos à CONCEDENTE, inclusive

os provimentos das receitas obtidas das aplicações financeiras, no prazo de 30 (trinta) dias da conclusão, extinção, denúncia ou rescisão do presente CONVÊNIO;

e) Arcar com o pagamento de toda e qualquer despesa excedente aos recursos financeiros a cargo da CONCEDENTE;

f) Manter atualizada a escrituração contábil específica dos ato e

fatos relativos a execução deste Convênio, para fins de fiscalização, de acompanhamento e avaliação dos resultados obtidos;

g) Assegurar e destacar, obrigatoriamente, a participação dos Governos Federal e Estadual, e, bem assim, do Ministério do Esporte – ME e da Secretaria de Estado do Esporte – SESP, em toda e qualquer ação, promocional ou não relacionada com a execução do objeto descrito neste Convênio;

73

h) Responsabilizar-se por todos os encargos de natureza trabalhista e previdenciária, decorrente de eventuais demandas judiciais relativas a recursos humanos utilizados na execução do objeto deste Convênio, bem como por todos os ônus tributários ou extraordinários que incidam sobre o presente instrumento, ressalvados aqueles de natureza compulsória, lançados automaticamente pela rede bancária arrecadadora;

III A INTERVENENTE compete: a) Assegurar e manter as estruturas físico-desportivas em condições

de uso para a prática pedagógica do esporte escolar, no âmbito da escola; b) Disponibilizar o corpo técnico - pedagógico para atuar no projeto,

no âmbito da escola;

c) Realizar seleção e o encaminhamento dos alunos - atletas escolares que se habilitarão a participar do projeto “Segundo Tempo”

d) Disponibilizar a infra-estrutura escolar em perfeitas condições de

uso para as execuções do programa social ‘Segundo Tempo” no tocante ao Reforço Alimentar (cozinha x refeitório) CLÁUSULA TERCEIRA – DO VALOR E DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA

O valor do presente Convênio é de R$ 12.000,00(doze mil reais), a

serem repassados a CONVENENTE em 10(dez) parcelas mensais de R$1.200,00 ( um mil e duzentos reais)

PARÁGRAFO PRIMEIRO – Os recursos financeiros referidos nesta cláusula correrão a conta da seguinte Dotação Orçamentária:

FONTE: CONVÊNIO /ME /SNEE /SESP Nº 110/2004

CLÁUSULA QUARTA - DA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS

O repasse dos recursos financeiros para execução das metas será feito mensalmente conforme plano de trabalho que estabelece a natureza de despesas, estando a segunda parcela condicionada a sua liberação à remessa de relatórios físicos financeiros das ações realizadas, e a solicitação da Concedente.

CLÁUSULA QUINTA – DA VIGÊNCIA

O prazo de vigência do presente Convênio será de 10(dez) meses, contados a partir da assinatura, podendo ser alterado através de Termo Aditivo, por solicitação da CONVENENTE, fundamentada em razões concretas que justifiquem,

74

formulada, no mínimo 30(dias) antes do término da vigência prevista para a execução do objeto deste Convênio, entretanto sem modificá-lo.

CLÁUSULA SEXTA – DA PUBLICAÇÃO

A CONCEDENTE providenciará a publicação deste Convênio em extrato no Diário Oficial no Prazo de até 20 (vinte) dias de acordo com o Parágrafo Primeiro do Art. 61 da Lei 8.666/93 e suas alterações.

CLÁUSULA SÉTIMA – DA PRESTAÇÃO DE CONTAS A prestação de contas será mensal, ou seja, como a liberação dos recursos ocorrerá em dez (10) parcelas, sendo que, a segunda parcela ficará condicionada à apresentação de prestação de contas parcial referente à primeira parcela liberada e assim sucessivamente após a aplicação da última parcela, será apresentada a prestação de contas total do recurso recebido em até 30(trinta) dias após o vencimento do presente convênio.

PARÁGRAFO ÚNICO - A prestação de contas dos recursos transferidos, deverá ser acompanhada das peças técnicas e contábeis estabelecidas na seguinte forma:

a) Plano de trabalho; b) Cópia de termo de convênio; c) Publicação no Diário Oficial; d) Relatório de execução físico financeiro; e) Relação de pagamentos;

CLÁUSULA OITAVA – DA DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA

As notas fiscais, recibos, faturas e demais documentos de despesas, deverão ser emitidos em favor da Convenente, devidamente identificados com o número deste convênio. PARÁGRAFO PRIMEIRO – Não poderá ser pago com recursos do convênio despesas com:

a) Data anterior ou posterior à vigência do Convênio; b) Finalidades diversas das estabelecidas no Convênio; c)Contratação de Pessoal

CLÁUSULA NONA – DA RESCISÃO E DA DENÚNCIA

O PRESENTE Convênio poderá ser rescindido de pleno direito no caso de infração a qualquer uma das cláusulas ou condições neste estipulado, ou

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denunciado por qualquer dos Convenentes com antecedência mínima e 30 (trinta) dias ou a qualquer tempo, em fase Superveniência de impedimento legal que o torne formal ou materialmente inexeqüível.

CLÁUSULA DÉCIMA – DO FORO Fica eleito o Foro da Comarca de São Luís Estado do Maranhão, para dirimir as questões decorrentes deste Convênio, renunciando as partes a qualquer outro por privilegiado que seja.

E por estarem assim justas e de acordo, firmam o presente instrumento, em 05 (cinco) vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo nomeadas e indicadas, para que produzam efeitos jurídicos e legais, em juízo ou fora dele. São Luís-MA, 11 de março de 2005. ALIM RACHID MALUF FILHO

SECRETARIO DE ESTADO DO ESPORTE – SESP

EDSON NASCIMENTO SECRETARIO DE ESTADO DA

EDUCAÇÃO – SEDUC

MARIA DA CONCEIÇÃO GÓES NOVAIS DIRETORA DA CAIXA ESCOLAR TESTEMUNHAS: