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COOPERAçãO PORTUGUESA UMA LEITURA DOS úLTIMOS QUINZE ANOS DE COOPERAçãO PARA O DESENVOLVIMENTO 1996-2010

Cooperação portuguesa

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  • Cooperao portuguesa Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto1996-2010

  • Cooperao portuguesa Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto1996-2010

  • Cooperao portuguesa Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto1996-2010

  • Ficha tcnicaTtulo: Cooperao Portuguesa: Uma leitura dos ltimos quinze anos de cooperao para o desenvolvimento

    Edio: IPADCoordenao editorial: IPADDesign grfico: Undo, L.da Reviso: Paula MateusImpresso: Oficinas Grficas da Imprensa Nacional-Casa da Moeda

    Tiragem: 2000Depsito legal: 331 105/11ISBN 978-972-8975-33-3

  • Ndice7

    Ndice

    Acrnimos e Siglas 14Prefcio 19Introduo 21

    CAPTULO I A POLTICA PORTUGUESA DE COOPERAO PARA O DESENVOLVIMENTO 231.Princpios orientadores, objectivos e prioridades dos vrios Governos Constitucionais 25

    1.1.XIII Governo Constitucional (1995 -1999) 251.2.XIV Governo Constitucional (1999 -2002) 351.3.XV Governo Constitucional (2002 -2004) 401.4.XVI Governo Constitucional (2004 -2005) 441.5.XVII Governo Constitucional (2005 -2009) 451.6.XVIII Governo Constitucional (2009-2011) 54

    CAPTULO II QUADRO INSTITUCIONAL DA COOPERAO PORTUGUESA 572.1.Dispositivo da Cooperao Portuguesa 57

    2.1.1.Dispositivo central 59A.Instituto da Cooperao Portuguesa: de 1994 a 1999 59B.Fundo para a Cooperao Econmica: de 1991 a 1999 63C.Agncia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento: de 1999 a 2003 66D.Instituto Portugus de Apoio ao Desenvolvimento: desde 2003 68E.Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento 72

    2.2.Instrumentos de Coordenao Tcnica 732.2.1.Comisso Interministerial para a Cooperao 732.2.2.Frum de Cooperao para o Desenvolvimento 78

    2.3.Os Actores da Cooperao Portuguesa 812.3.1.Administrao Central do Estado 812.3.2.Assembleia da Repblica 1002.3.3.Instituies de Ensino Superior 1022.3.4.Municpios 1052.3.5.Organizaes da Sociedade Civil 1112.3.6.Sector Privado 114

    CAPTULO III QUADRO DE ACO DA COOPERAO PORTUGUESA 1173.1.Contexto internacional 1173.2.Cooperao Multilateral Portuguesa 1293.3.Cooperao Bilateral Portuguesa 133

    3.3.1.Modalidades de Ajuda 1333.3.2.Prioridades Geogrficas 1503.3.3.Prioridades Sectoriais 152

    3.4.Eficcia da Ajuda Portuguesa 1563.5. Coerncia das Polticas para o Desenvolvimento 1703.6. Coordenao com outros doadores 174

  • 8cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    3.7.Avaliao da Cooperao Portuguesa 1753.8.Sistema de informao e comunicao 1833.9.Educao para o Desenvolvimento 1883.10.Programa INOV Mundus Jovens Quadros 191

    CAPTULO IV A AJUDA PBLICA AO DESENVOLVIMENTO 1934.1.Esforo financeiro global (1996 -2010) 1934.2.Comparao com os outros doadores CAD 1954.3.Estrutura da Ajuda Pblica ao Desenvolvimento 1974.4.Ajuda bilateral 198

    4.4.1.Distribuio geogrfica 1984.4.2.Estrutura sectorial 2004.4.3.Desligamento da Ajuda 2024.4.4.Bolsas de Estudo 2044.4.5.Agentes da Cooperao 2124.4.6.Co -financiamento das ONGD 2154.4.7.Educao para o Desenvolvimento 2184.4.8.Ajuda Humanitria 2204.4.9.Cooperao Intermunicipal 224

    4.5.Ajuda multilateral 2264.5.1.Unio Europeia 2284.5.2.Instituies Financeiras Internacionais 2304.5.3.Naes Unidas 2314.5.4.OCDE 2324.5.5.CPLP 2334.5.6.Outras Instituies Internacionais 2344.5.7.A cooperao portuguesa no quadro da Conferncia Ibero-Americana 235

    CAPTULO V OS PRINCIPAIS PASES PARCEIROS 2375.1.Angola 239

    5.1.1.Contexto nacional 2395.1.2.Ajuda internacional a Angola 2425.1.3.Evoluo da Cooperao Portuguesa 2465.1.4.Principais reas de interveno 250

    5.2.Cabo Verde 2675.2.1.Contexto nacional 2675.2.2.Ajuda internacional a Cabo Verde 2715.2.3.Evoluo da Ajuda Portuguesa 2765.2.4.Principais reas de interveno 280

    5.3.Guin -Bissau 3055.3.1.Contexto nacional 3055.3.2.Ajuda internacional Guin -Bissau 3095.3.3.Evoluo da Ajuda Portuguesa 3155.3.4.Principais reas de interveno 319

    5.4.Moambique 3425.4.1.Contexto nacional 3425.4.2.Ajuda internacional a Moambique 3465.4.3.Evoluo da Ajuda Portuguesa 3505.4.4.Principais reas de interveno 356

  • Ndice9

    5.5.So Tom e Prncipe 3785.5.1.Contexto nacional 3785.5.2.Ajuda internacional a So Tom e Prncipe 3835.5.3.Evoluo da Ajuda Portuguesa 3865.5.4.Principais reas de interveno 392

    5.6.Timor -Leste 4065.6.1.Contexto nacional 4065.6.2.Ajuda internacional a Timor -Leste 4135.6.3.Evoluo da Ajuda Portuguesa 4175.6.4.Principais reas de interveno 425

    5.7.Projectos Comuns 4435.7.1.Programa Regional PALOP 4435.7.2.Fundo da Lngua Portuguesa 4445.7.3.Parcerias com outras instituies 445

    ANEXOS 447Anexo 1 Dirigentes das instituies da Cooperao Portuguesa 448Anexo 2 Legislao sobre a Cooperao Portuguesa 451Anexo 3 Organogramas 452

    Anexo 3A Organograma do ICP (1994) 452Anexo 3B Nova Orgnica do ICP (1997) 453Anexo 3C Organograma do IPAD (2003) 454Anexo 3D Organograma do IPAD (2007) 454

    Anexo 4 Geminaes com Pases em Desenvolvimento e Pases da Europa de Leste 455Anexo 5 Ajuda Pblica ao Desenvolvimento dados estatsticos 463Anexo 6 Indicadores de Progresso quanto Implementao da Declarao de Paris 484Anexo 7 APD portuguesa e sua contribuio para os ODM 486Anexo 8 Exames do CAD Cooperao Portuguesa principais constataes e recomendaes 489

    Anexo 8 A Exame de 1997 489Anexo 8 B Exame de 2001 497Anexo 8 C Exame de 2006 501Anexo 8 D Exame de 2010 512

  • 10cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    Ndice de QUadros

    Quadro 2.1 Montantes de Apoio do FCE 65Quadro 2.2 Montantes de Apoio da APAD (2000 -2003) 67Quadro 3.1 Objectivos de Desenvolvimento do Milnio e respectivas Metas 120Quadro 3.2 Progressos registados na implementao da Declarao de Paris 126Quadro 3.4 Apoio ao Oramento 141Quadro 3.5 Linhas de crdito, por pas e data 143Quadro 3.6 Financiamento do PO05 para o perodo de 2004 a 2009 164Quadro 3.7 Financiamento Inicial do Programa-Piloto, em 2009, por Eixo, Aco e Ministrio 166Quadro 3.8 Execuo do Programa-Piloto, em 2009, por Eixo, Aco e Ministrio 167Quadro 3.9 Dotao afecta ACD no ano de 2010 168Quadro 3.10 Nvel de execuo da ACD registado no 1.o semestre de 2010 169Quadro 3.11 Dotao inicial do PO21 para o ano 2011 169Quadro 3.12 Avaliaes realizadas 180Quadro 3.13 Medida Inov Mundus Estgios atribudos (1. e 2. edies) 192Quadro 4.1 Esforo financeiro global da Cooperao Portuguesa (1996 -2010) 194Quadro 4.2 Compromissos da APD e simulaes para 2006 e 2010 197Quadro 4.3 Grau de Ligao da APD Portuguesa em 2005 e 2006 204Quadro 4.4 Nmero de bolsas de ensino superior em utilizao, por pas e ano lectivo 205Quadro 4.5 Nmero de bolsas de ensino militar, policial e judicirio 211Quadro 4.6 Nmero de agentes da cooperao, desde 2003, em programas de Educao 213Quadro 5.1 Posio de Portugal na APD para os PALOP e Timor -Leste 237Quadro 5.2 Angola Progressos nos ODM 241Quadro 5.3 Cabo Verde Progressos nos ODM 271Quadro 5.4 Guin -Bissau Progressos nos ODM 309Quadro 5.5 Moambique Progressos nos ODM 345Quadro 5.6 Moambique Nmero de alunos que beneficiaram da formao 368Quadro 5.7 So Tom e Prncipe Progressos nos ODM 382Quadro 5.8 Timor -Leste Progressos nos ODM 412

  • Ndice de FigUras11

    Ndice de FigUras

    Figura 2.1 Estrutura da CIC 76Figura 2.2 Nmero de reunies da CIC, por ano 78Figura 2.3 Os Dez Principais Financiadores da APD Portuguesa (1996-2010) 81Figura 2.4 Nmero de geminaes celebradas com os principais parceiros 107Figura 2.5 Evoluo do financiamento da Cooperao Intermunicipal pelo MNE 108Figura 3.1 Pirmide da Eficcia da Ajuda 123Figura 3.2 A que distncia estamos de atingir as metas? (33 pases) 126Figura 3.3 Linhas de Orientao dos PIC (desde 2007) 136Figura 3.4 APD Portuguesa por Categorias de Ajuda (mdia 1996 -2010) 138Figura 3.5 Distribuio sectorial da cooperao tcnica (1996 -2010) 139Figura 3.6 Aces relacionadas com a Dvida 145Figura 3.7 Peso da Dvida na APD Bilateral 145Figura 3.8 Fundo da Lngua 149Figura 3.9 Distribuio Geogrfica da APD Bilateral (mdia 1996 -2010) 151Figura 3.10 Distribuio Sectorial da APD Bilateral Portuguesa (mdia 1996 -2010) 153Figura 3.11 Avaliao Quantitativa da Implementao das Medidas do Plano de Aco 159Figura 3.12 Evoluo da Estrutura de Medidas do PO05 no perodo de 2004 a 2007 163Figura 3.13 Evoluo do Nvel de Execuo do PO05, por Ministrio (2004 -2009) 165Figura 4.1 Evoluo do Volume e Esforo APD/RNB 195Figura 4.2 APD lquida em 2010 196Figura 4.3 APD lquida, em percentagem do RNB em 2010 196Figura 4.4 Distribuio bilateral e multilateral da APD Portuguesa 198Figura 4.5 Distribuio geogrfica da APD bilateral (1996 -2010) 199Figura 4.6 Estrutura sectorial da APD bilateral (1996 -2010) 201Figura 4.7 Estrutura sectorial do apoio a Infra -Estruturas e Servios Sociais (1996 -2010) 202Figura 4.8 Evoluo do nmero total de bolsas para frequncia do Ensino Superior em Portugal 207Figura 4.9 Evoluo do contingente de bolsas para licenciatura nos ltimos 5 anos 208Figura 4.10 Evoluo do contingente de bolsas para mestrado nos ltimos 5 anos 208Figura 4.11 Evoluo do contingente de bolsas para doutoramento nos ltimos 5 anos 209Figura 4.12 Bolsas Internas Contingente Oferecido (disponibilizadas por ano

    lectivo e por pas) 209Figura 4.13 Bolseiros timorenses ao abrigo do regime de 1996, por ano e grau de ensino 210Figura 4.14 Agentes da cooperao, desde 2003, excluindo a Educao 214Figura 4.15 Evoluo do Co -Financiamento de Projectos de ONGD (PD + ED) 216Figura 4.16 Distribuio Geogrfica dos Projectos de ONGD Financiados

    pelo IPAD (2002 -2010) 216Figura 4.17 Distribuio Sectorial (2002 -2010) 217Figura 4.18 Linha de Financiamento Extraordinria para a Guin -Bissau

    (n.o de projectos por sector total de financiamento 1 M) 217Figura 4.19 Distribuio Sectorial dos Projectos de Educao para o Desenvolvimento

    Co -Financiados pelo IPAD (2005 -2010) 218Figura 4.20 Evoluo da Ajuda Humanitria entre 1996 e 2010 222

  • 12cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    Figura 4.21 Localizao geogrfica das aces de Ajuda Humanitria da Cooperao Portuguesa 225Figura 4.22 Contribuio dos Municpios Portugueses para a APD 226Figura 4.23 Principais Municpios na APD Bilateral (1999 -2010) 226Figura 4.24 Evoluo da APD Multilateral (1996 -2010) 227Figura 4.25 Distribuio da APD Multilateral (1996 -2010) 228Figura 4.26 Evoluo da APD para a Comisso Europeia (1996 -2010) 229Figura 5.1 Angola Evoluo da APD total 242Figura 5.2 Angola APD per capita 243Figura 5.3 Angola APD em percentagem do RNB 243Figura 5.4 Angola Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 244Figura 5.5 Angola Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 244Figura 5.6 Angola Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 245Figura 5.7 Angola Evoluo da APD lquida portuguesa 246Figura 5.8 Angola Evoluo da APD bruta portuguesa 246Figura 5.9 Angola Estrutura sectorial da APD bilateral lquida portuguesa (1999 -2010) 251Figura 5.10 Angola Estrutura sectorial da APD bilateral bruta portuguesa (1999 -2010) 251Figura 5.11 Angola Distribuio sectorial da Ajuda lquida portuguesa (1999 -2010) 252Figura 5.12 Angola Distribuio sectorial da Ajuda bruta portuguesa (1999 -2010) 252Figura 5.13 Angola Estrutura da Ajuda s infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 252Figura 5.14 Cabo Verde Evoluo da APD total 272Figura 5.15 Cabo Verde APD em percentagem do RNB 272Figura 5.16 Cabo Verde APD per capita 273Figura 5.17 Cabo Verde Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 274Figura 5.18 Cabo Verde Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 274Figura 5.19 Cabo Verde Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 275Figura 5.20 Cabo Verde Evoluo da APD portuguesa 276Figura 5.21 Cabo Verde Estrutura da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 280Figura 5.22 Cabo Verde Distribuio sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 281Figura 5.23 Cabo Verde Estrutura da Ajuda a infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 281Figura 5.24 Guin -Bissau Evoluo da APD global 310Figura 5.25 Guin -Bissau APD em percentagem do RNB 310Figura 5.26 Guin -Bissau APD per capita 310Figura 5.27 Guin -Bissau Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 311Figura 5.28 Guin -Bissau Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 313Figura 5.29 Guin -Bissau Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 314Figura 5.30 Guin -Bissau Evoluo da APD portuguesa (1995 -2010) 315Figura 5.31 Guin -Bissau Estrutura sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 319Figura 5.32 Guin -Bissau Distribuio sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 319Figura 5.33 Guin -Bissau Estrutura da Ajuda s infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 320Figura 5.34 Moambique Evoluo da APD global 346Figura 5.35 Moambique APD em percentagem do RNB 347Figura 5.36 Moambique APD per capita 347Figura 5.37 Moambique Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 348Figura 5.38 Moambique Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 349Figura 5.39 Moambique Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 349Figura 5.40 Moambique Evoluo da APD portuguesa (1995 -2010) 351

  • Ndice de FigUras13

    Figura 5.41 Moambique Estrutura sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 356Figura 5.42 Moambique Distribuio sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 357Figura 5.43 Moambique Estrutura da Ajuda a infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 357Figura 5.44 So Tom e Prncipe Evoluo da APD total 383Figura 5.45 So Tom e Prncipe APD em percentagem do RNB 383Figura 5.46 So Tom e Prncipe APD per capita 384Figura 5.47 So Tom e Prncipe Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 384Figura 5.48 So Tom e Prncipe Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 385Figura 5.49 So Tom e Prncipe Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 385Figura 5.50 So Tom e Prncipe Evoluo da APD portuguesa (1995 -2010) 387Figura 5.51 So Tom e Prncipe Estrutura sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 392Figura 5.52 So Tom e Prncipe Distribuio sectorial da Ajuda portuguesa (1999 -2010) 392Figura 5.53 So Tom e Prncipe Estrutura da Ajuda a infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 393Figura 5.54 Timor -Leste Evoluo da APD total 413Figura 5.55 Timor -Leste APD em percentagem do RNB 413Figura 5.56 Timor -Leste APD per capita 414Figura 5.57 Timor -Leste Principais doadores (mdia dos ltimos 5 anos) 414Figura 5.58 Timor -Leste Distribuio sectorial da APD (ltimos 5 anos) 415Figura 5.59 Timor -Leste Desembolsos de APD, por tipo de financiamento 416Figura 5.60 Timor -Leste Evoluo da APD portuguesa (1995 -2010) 417Figura 5.61 Timor -Leste Estrutura sectorial da Ajuda portuguesa, (1999 -2010) 425Figura 5.62 Timor -Leste Distribuio sectorial da Ajuda portuguesa, (1999 -2010) 426Figura 5.63 Timor -Leste Estrutura da Ajuda a infra -estruturas

    e servios sociais (1999 -2010) 426

  • 14cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    acrNimos e siglas

    ACIPOL Academia de Cincias Policiais (Moambique)ACNUR Alto Comissariado das Naes Unidas para os RefugiadosACP frica, Carabas e PacficoAECID Agncia de Cooperao EspanholaAEM Assuntos Europeus e MultilateraisAH Ajuda HumanitriaAHM Arquivo Histrico de MoambiqueAICEP Agncia para o Investimento e Comrcio Externo de PortugalAMI Assistncia Mdica InternacionalANMP Associao Nacional de Municpios PortuguesesANPC Autoridade Nacional de Proteco CivilAO Apoio ao OramentoAPAD Agncia Portuguesa de Apoio ao DesenvolvimentoAPD Ajuda Pblica ao DesenvolvimentoARS Administrao Regional de SadeASEAN Associao de Naes do Sudeste AsiticoAusAID Agncia de Cooperao AustracaBAfD Banco Africano de DesenvolvimentoBAsD Banco Asitico de DesenvolvimentoBCP Banco Comercial PortugusBEI Banco Europeu de InvestimentoBERD Banco Europeu de Reconstruo e DesenvolvimentoBES Banco Esprito SantoBID Banco Interamericano de DesenvolvimentoBM Banco MundialBPI Banco Portugus de InvestimentosCAD Comit de Ajuda ao DesenvolvimentoCAE Comisso de Acompanhamento Estratgico (Angola)CAGRE Conselho de Assuntos Gerais e Relaes ExternasCAP Cursos de Aperfeioamento do PortugusCATTL Comissrio para o Apoio Transio em Timor -LesteCDI Centro de Documentao e InformaoCE Comisso EuropeiaCEA Centro de Estudos AfricanosCED Centro de Ensino a DistnciaCEDEAO Comunidade Econmica dos Estados da frica OcidentalCEE Comunidade Econmica EuropeiaCENJOR Centro Protocolar de Formao Profissional para JornalistasCGD Caixa Geral de DepsitosCIC Comisso Interministerial para a CooperaoCIC Portugal Associao para a Cooperao, Intercmbio e CulturaCICV Comit Internacional da Cruz Vermelha

  • acrNimos e siglas15

    CPD Coerncia das Polticas para o DesenvolvimentoCPLP Comunidade dos Pases de Lngua PortuguesaCSPQ Cursos Secundrios Profissionalmente Qualificantes (STP)CT Cooperao TcnicaCV Cabo VerdeDECRP Documento de Estratgia de Crescimento e Reduo da Pobreza (Cabo Verde)DENARP Documento de Estratgia Nacional de Reduo da Pobreza (Guin -Bissau)DERP Documento Estratgico de Reduo da PobrezaDGPDN Direco -Geral de Poltica de Defesa NacionalDGPJ Direco -Geral da Poltica de JustiaDL Decreto -LeiDNA Direco Nacional de guas (Moambique)DNAPEC Direco Nacional de Poltica Econmica e de Cooperao (Cabo Verde)EBAC Escola Bsica Agrria do Chokw (Moambique)ECP Estratgia de Combate Pobreza (Angola)ED Educao para o DesenvolvimentoEDD European Development DaysEDFI European Development Finance InstitutionsELO Associao Portuguesa para o Desenvolvimento Econmico e a CooperaoEM Estados -MembrosENAV Escola Nacional de Artes VisuaisENRP Estratgia Nacional de Reduo da PobrezaEPD Escola Portuguesa de Dli (Timor -Leste)ESE Escola Superior de EducaoEUA Estados Unidos da AmricaFAK Fundao Aga KhanFAO Organizao das NU para a Agricultura e a AlimentaoFASE Fundo de Apoio ao Sector da Educao (Moambique)FCE Fundo para a Cooperao EconmicaFCG Fundao Calouste GulbenkianFDB Faculdade de Direito de Bissau (Guin -Bissau)FED Fundo Europeu de DesenvolvimentoFEUEM Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane (Moambique)FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento AgrcolaFMI Fundo Monetrio InternacionalFMUAN Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (Angola)FNUAP Fundo das Naes Unidas para a PopulaoFPP Fundo de Pequenos ProjectosG19 Grupo de 19 Doadores do Apoio ao Oramento (Moambique)GAP Grupos de Acompanhamento Pedaggico (Guin -Bissau)GBS Global Budget Support (Apoio ao Oramento Geral)GDLN Rede Global de Aprendizagem para o DesenvolvimentoGENE Global Education Network EuropeGEP Gabinete de Estratgia e PlaneamentoGERTIL Grupo de Estudos para a Reconstruo de Timor -LesteGNR Guarda Nacional RepublicanaGOP Grandes Opes do PlanoGPD Grupo de Parceiros do Desenvolvimento (Cabo Verde)GPEARI Gabinete de Planeamento, Estratgia, Avaliao e Relaes Internacionais

  • 16cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    GSENEC Gabinete do Secretrio de Estado dos Negcios Estrangeiros e da CooperaoHIPC Heavily Indebted Poor CountriesHIV Vrus da Imunodeficincia AdquiridaHUC Hospitais da Universidade de CoimbraIAPMEI Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e ao InvestimentoIC IP Instituto CamesICE Instituto para a Cooperao EconmicaICEP Investimento e Comrcio Externo de PortugalICP Instituto da Cooperao PortuguesaIDE Investimento Directo EstrangeiroIDF Instituto Diocesano de Formao Joo Paulo II (S. Tom e Prncipe)IEFP Instituto do Emprego e Formao ProfissionalIFADAP Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e das PescasIHMT Instituto de Higiene e Medicina TropicalIIA Instituto de Investigao Agronmica (Angola)IICT Instituto de Investigao Cientfica TropicalIMVF Instituto Marqus de Valle FlrINAG Instituto da guaINDE Intercooperao e DesenvolvimentoINEM Instituto Nacional de Emergncia MdicaIP Instituto PblicoIPAD Instituto Portugus de Apoio ao DesenvolvimentoIPJ Instituto Portugus da JuventudeISA Instituto Superior de Agronomia ISCTE Instituto Superior das Cincias do Trabalho e da EmpresaIST Instituto Superior TcnicoISTC Instituto Superior de Transportes e ComunicaesJNICT Junta Nacional de Investigao Cientfica TropicalMADRP Ministrio da Agricultura, Desenvolvimento Rural e PescasMAI Ministrio da Administrao InternaMAPESS Ministrio da Administrao Pblica e Segurana Social (Angola)MdE Memorando de EntendimentoMDM Mdicos do MundoMDN Ministrio da Defesa NacionalMERCOSUL Mercado Comum do SulMFAP Ministrio das Finanas e da Administrao PblicaMINARS Ministrio da Assistncia e Reinsero Social (Angola)MIREX Ministrio das Relaes Exteriores (Angola)MNE Ministrio dos Negcios EstrangeirosMOPTC Ministrio das Obras Pblicas, Transportes e ComunicaesMTSS Ministrio do Trabalho e da Solidariedade SocialMUSD Milhes de dlares norte -americanosNEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento de fricaNOSI Ncleo Operacional da Sociedade de Informao (Cabo Verde)NU Naes UnidasOCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento EconmicoODD Os Dias do DesenvolvimentoODM Objectivos de Desenvolvimento do MilnioOfLP Oficinas de Lngua Portuguesa (Guin -Bissau)

  • acrNimos e siglas17

    OMS Organizao Mundial de SadeONG Organizao No-GovernamentalONGD Organizaes No-Governamentais para o DesenvolvimentoPAC Plano Anual de CooperaoPADES Projecto de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Secundrio (Cabo Verde)PAES Projecto de Apoio ao Ensino SecundrioPALOP Pases Africanos de Lngua Oficial PortuguesaPAM Programa Alimentar MundialPAOSED Programa de Apoio aos rgos de Soberania e ao Estado de Direito (Guin -Bissau)PAP Parceiros de Apoio Programtico (Moambique)PAP Planos de Aces Prioritrias (SPT)PARPA Plano de Aco para a Reduo da Pobreza Absoluta (Moambique)PASEG Programa de Apoio ao Sistema de Ensino na Guin -Bissau PASSE Processo Automatizado e Seguro de Sadas e Entradas (Cabo Verde)PCLP Programa de Consolidao da Lngua Portuguesa PDN Plano de Desenvolvimento Nacional (Timor -Leste)PE Programa de EstabilidadePECI Programa Especfico de Cooperao IntermunicipalPED Pases em DesenvolvimentoPEE Programa Estratgico da Educao (Moambique)PES Plano Econmico e Social (Moambique)PESD Poltica Europeia de Segurana e DefesaPESI Plano Estratgico de Segurana Interna (Cabo Verde)PIC Programa Indicativo de CooperaoPICATFin Programa Integrado de Cooperao e Assistncia Tcnica em Finanas PblicasPIR Programa Indicativo Regional (da Comisso Europeia)PIR PALOP Programa Indicativo Regional PALOPPIS Programas de Investimentos SectoriaisPLOP Pases de Lngua Oficial PortuguesaPMA Pases Menos AvanadosPN Polcia Nacional (Cabo Verde)PND Plano Nacional de Desenvolvimento (Cabo Verde)PNUD Programa das Naes Unidas para a PopulaoPO05 Programa Oramental 05POP Polcia de Ordem Pblica (Guin -Bissau)PPP Parcerias Pblico -PrivadasPRACE Programa de Reestruturao da Administrao Central do EstadoPRLP Programa de Reintroduo da Lngua PortuguesaPVD Pases em Vias de DesenvolvimentoRCM Resoluo do Conselho de MinistrosRNB Rendimento Nacional BrutoRTC Rdio Televiso de Cabo VerdeRTP Rdio e Televiso de PortugalSADC Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral / Southern African Development

    CommunitySENEC Secretrio de Estado dos Negcios Estrangeiros e da CooperaoSIDA Sndrome da Imunodeficincia AdquiridaSOFID Sociedade para o Financiamento do DesenvolvimentoSP/CIC Secretariado Permanente da Comisso Interministerial para a Cooperao

  • 18cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    SPI Sociedade de Promoo de Investimentos (STP)STP So Tom e PrncipeTFET Turst Fund for East Timor /Fundo Fiducirio para Timor -LesteTIC Tecnologias de Informao e ComunicaoTL Timor -LesteUA Universidade AbertaUAN Universidade Agostinho Neto (Angola)UCCLA Unio das Cidades Capitais de Lngua PortuguesaUE Unio EuropeiaUEM Universidade Eduardo Mondlane (Moambique)UEMOA Unio Econmica e Monetria da frica OcidentalUMOA Unio Monetria da frica OcidentalUniCV Universidade de Cabo VerdeUNMIT Misso Integrada das NU em Timor -Leste / United Nations Integrated Mission in Timor -LesteUNODC United Nations Office on Drugs and CrimeUNTAET United Nations Transitional Administration in East TimorUNTL Universidade Nacional de Timor LorosaeUSD Dlares norte -americanos

  • preFcio19

    preFcio

    Quem no ter alguma vez pensado ao observar o mar, quando a uma onda se segue outra onda, e outra, e outra, sobrepondo a imaginao s leis da fsica, que afinal se tra-tou sempre da mesma onda com impulsos diferentes? Tambm Uma Leitura dos ltimos Quinze Anos de Cooperao para o Desenvolvimento vem na sequncia do livro Portugal, Dez Anos de Poltica de Cooperao, embora com um impulso necessariamente dife-rente. Como numa corrida de estafetas, em que os testemunhos vo sendo passados de mo em mo, estas duas publicaes so, de facto, os testemunhos de dez mais quinze anos de cooperao num perodo entre 1985 e 2010. Como o prprio ttulo refere, trata--se de uma leitura e no de a leitura.

    No obstante todo o interesse que dediquei sempre construo deste projecto, entendi que este trabalho, escrito a vrias mos, fosse crescendo e tomando forma de acordo com as tendncias determinadas pelos seus prprios coordenadores, s intervin-do para uma leitura opinativa em termos de reviso final. A verdade que, no s me re-vejo inteiramente nele como, e no posso deixar de o confessar, em termos profissionais me sinto um privilegiado por nos ltimos anos ter estado ligado ao organismo que agora o edita.

    Sabamos que a forma como ao longo do tempo a informao foi sendo guardada ou no, a contnua reforma das instituies que se dedicam cooperao em Portugal nos mais diversos domnios, no ajudariam a que os dados existentes fossem comparveis ou complementares, facto que se reflectiria em alguma falta de continuidade e articula-o entre a informao disponvel. No entanto, com o esforo de todos, foi -se conseguin-do estabelecer a ligao entre os vrios elementos e, principalmente, deixar uma base para tratamento futuro. Assim, quando daqui a mais dez ou quinze anos se voltar a fazer uma nova leitura sobre este tema, o trabalho estar mais facilitado para quem o tiver que fazer. Reconheo nesta tarefa o esforo, difcil, de escrever para diante sobre o que est para trs. No sobre o que ficou para trs.

    Principalmente em relao ao Captulo V Os Principais Pases Parceiros, a esco-lha e o desenvolvimento dos projectos referenciados, embora consensuais, poderiam ter sido outros, caso tivessem sido feitos por uma equipa diferente desta. O desenvolvimen-to dado a cada um dos projectos teve sobretudo a ver com a disponibilidade de informa-o que existe sobre eles e no com a sua maior ou menor importncia, embora tenha sido bvia a tentativa de escolher os mais emblemticos. Tambm, o trabalho desenvol-vido pelos diferentes Ministrios no ter o detalhe que eles acharo, justamente, que merecem. No podemos deixar de assumir que a viso do organismo coordenador sem

  • 20cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    qualquer juzo de valor sobre a interveno de cada um, mas sim com o simples objectivo de melhorar o conhecimento do que se fez, sobretudo de bom, porque resta ainda tudo aquilo que ficou por fazer e tudo aquilo que no soubemos fazer melhor e que esperamos, sinceramente, venha a ser realizado o mais rapidamente possvel.

    Para os menos familiarizados com as questes do desenvolvimento, ou para quem procura sempre saber para onde vai o dinheiro de Portugal na Ajuda Pblica ao Desenvol-vimento, esta a oportunidade para o ficarem a saber e de se inteirarem do esforo que uma panplia de actores fez, e continua a fazer, para que o dinheiro dos contribuintes seja investido da melhor forma para ajudarmos a alcanar um mundo mais justo e equita-tivo. atravs desta recordao escrita que procuramos reconfirmar publicamente a nossa legitimidade como instituio, sendo que a necessidade de a registar, de a trans-mitir e de a comentar se tornou numa obrigao imprescindvel.

    Embora o livro seja do IPAD e muitos de ns tenhamos contribudo de alguma forma para que ele se tornasse numa realidade, o que me faz recordar aqui uma passagem da Teoria Estruturalista que considera que o todo maior do que a soma das partes, no seria justo deixar de mencionar as duas pessoas que acabaram por ser determinantes para a ideia, concepo e elaborao desta obra de que muito nos orgulhamos. Foram o Jos Henrique Faria Pais, que desde logo se prontificou a trabalhar nela com a experin-cia de uma vida dedicada Cooperao, nomeadamente no perodo a que o livro diz res-peito, mesmo j na condio de voluntrio, e a Manuela Afonso, cuja organizao, capa-cidade de trabalho e paixo pela Cooperao se revelariam fundamentais. A todos, e principalmente a estes dois, um muito obrigado de toda a famlia do desenvolvimento.

    Manuel Correia

  • iNtrodUo21

    iNtrodUo

    Mais do que uma tarefa de inventariao dos principais factos e actividades que deram corpo aos ltimos quinze anos da Cooperao Portuguesa, desenhada sem objec-tivos crticos, ou a pretexto de um qualquer arbtrio ou identidade poltica, este trabalho resulta de uma exigncia elementar de a instituio justificar, publicamente e por escri-to, de forma ininterrupta, a aco desenvolvida ao longo de dcada e meia, abrangendo o final de um sculo e o incio do seguinte. Tarefa que significou, simultaneamente, para todos os que nela intervieram, a expresso do sentimento e do prazer de poder descre-ver, valorizar e reflectir sobre um perodo que poder provavelmente vir a figurar como um dos mais interessantes e importantes da histria da cooperao para o desenvolvi-mento na sociedade portuguesa. Sociedade que nunca questionou esta vertente da pol-tica externa portuguesa, antes a considera no s como uma atitude de solidariedade, mas tambm como um investimento num futuro comum dos pases, sobretudo no que diz respeito ao nosso, aos PALOP e a Timor -Leste.

    Procurando conciliar as experincias do passado com a vontade de inovar, entendeu--se que seria interessante que esta abordagem fosse estruturada no segundo o modelo de um comum relatrio, mas de acordo com o perfil do documento orientador Uma Viso Estratgica para a Cooperao Portuguesa. Com esta apresentao pretende -se dar uma leitura e contribuir para o conhecimento sobre o que de mais significativo se fez em matria de cooperao para o desenvolvimento entre 1996 e 2010. Pretende -se, igual-mente, criar uma oportunidade para o leitor acompanhar e interpretar, de uma forma fun-cional, a habilidade como a Cooperao Portuguesa e a Internacional ( qual estamos hoje intimamente ligados e que contribui para nos dar dimenso escala mundial) se fo-ram submetendo prova dos tempos num mundo de desenvolvimento emergente, em que as prioridades se modificam num curto perodo de tempo, alterando a hierarquia dos objectivos, determinando novas relaes entre Estados e entre instituies e dentro das prprias sociedades nacionais.

    Esta biografia percorre trs reas estruturantes da Cooperao Portuguesa, co-meando pelo que tem sido a poltica de cooperao (Captulo I), analisando depois o seu enquadramento institucional e as alteraes e os progressos que foi conhecendo durante este perodo (Captulos II e III) e, por fim, a aco operacional propriamente dita, destacando os aspectos que, no entendimento da instituio, foram mais relevan-tes (Captulos IV e V). As duas primeiras mais determinadas a Norte; a ltima sobretu-do de aplicao a Sul.

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto23

    CaptuLo I

    a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto

    Em 1995 terminou o ciclo de governao consubstanciado nos X, XI e XII Governos Constitucionais que, em termos de poltica externa e de cooperao, no obstante a prossecuo do interesse nacional, desenvolveu-se em conformidade com a problem-tica especfica ento vivida e de acordo com a viso dos responsveis polticos da altu-ra. Desde ento, iniciou -se um novo perodo marcado pelos resultados de balanos po-lticos, econmicos, sociais e ambientais que a comunidade internacional foi realizando com o aproximar do final do sculo. Importantes foram igualmente fenmenos que, no sendo novos, vinham evoluindo ao longo dos anos, como o da globalizao e outros oca-sionalmente emergentes como foi a crise financeira de 1997 no Sudeste Asitico, que se transformou num crash global e, mais recentemente, a crise de 2008. O impacto destes acontecimentos, estimulado pela revoluo das tecnologias da informao, teve reflexos importantes ao nvel das organizaes, nomeadamente no papel das pr-prias Naes Unidas, no direito internacional e na justia social, no desenvolvimento sustentado e em tantos outros valores consagrados constitucionalmente em quase todos os pases, exigindo, naturalmente, novos paradigmas, novos actores, novas for-mas e novas propostas de soluo para enfrentar e resolver os problemas dos novos desafios.

    Simultaneamente, os pases em desenvolvimento, sobretudo os de frica e Timor--Leste, onde Portugal se encontra mais activo em termos de Cooperao, foram reven-do e alterando as suas posies relativamente ao Ocidente, passando, de uma forma mais realista, a admitir os seus pontos fracos para melhor tirar vantagens das suas ri-quezas, num tipo de relacionamento completamente diferente, de igual para igual,

  • 24cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    tornando -se cada vez mais respeitados e influentes como parceiros. Hoje est a emer-gir, estrategicamente, uma frica nova, com uma nova linha de convenincias. Para um nmero significativo de pases africanos, o desenvolvimento passou a ser um processo endgeno que beneficia de apoios externos, numa ptica diferente, em boa parte im-pulsionada pela Unio Africana e pela NEPAD. So pases que, no contexto actual, de acordo com a gegrafa Sylvie Brunel1, apresentam alguns trunfos importantes, como as suas caractersticas geogrficas, uma juventude e uma vitalidade demogrfica que fal-tam j ao Ocidente, um subpovoamento e uma consequente abundncia de espao que o Ocidente h muito deixou de ter, uma forte capacidade de adaptao e de mudana, fruto de um esprito muito mais pragmtico do que o nosso, riquezas ainda largamente inex-ploradas. Resultar, cada vez mais, desta situao um dinamismo criativo que tanto po-der ser aproveitado e apoiado pelo Ocidente em proveito prprio e dos pases, como poder perder -se sem vantagem para ningum. Surge uma relao que se vai reorgani-zando atravs de encontros novos, que h relativamente pouco tempo seriam impens-veis e que podero, naturalmente, alterar o mapa geopoltico at agora vigente. , assim, neste clima de interdependncias que os problemas do desenvolvimento, ou da falta dele, assumem a tendncia para se tornarem tambm os nossos problemas, ou os proble-mas globais.

    O presente trabalho, mesmo situado no campo eminentemente tcnico, no se de-tm na constatao. Posicionando -se como observador de um passado recente, procura encontrar nele sinais de tendncias novas que ajudem a compreender de forma diferente o presente e tambm o futuro que se perspectiva. fundamental conhecerem -se as ideias que estiveram ou esto na base das polticas e ao servio dos projectos de coope-rao para o desenvolvimento.

    Toda a problemtica da Cooperao foi enquadrada por princpios orientadores, ob-jectivos e prioridades constantes nos documentos programticos dos seis executivos (do XIII ao XVIII) que ao longo destes quinze anos, socialistas e sociais -democratas, as-sumiram na responsabilidade da governao, em ciclos distintos de durao varivel. Por vezes, a descontinuidade entre governos no permitiu assegurar nas melhores condies a conformidade das polticas de Ajuda ao desenvolvimento dos pases parceiros.

    1Sylvie Brunel, LAfrique, Bral, 2004.

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto25

    1. PRINCPIOS ORIENTADORES, OBJECTIVOS E PRIORIDADES DOS VRIOS GOVERNOS CONSTITUCIONAIS

    1.1.XIII GOVERNO CONSTITUCIONAL (1995 -1999)

    O XIII Governo Constitucional, que tomou posse em 28 de Outubro de 1995, pro-curou dar nova dinmica poltica de cooperao para o desenvolvimento estabelecen-do, no seu Programa do Governo, as seguintes linhas de orientao:

    > Promoo da melhoria das condies de vida das populaes dos pases em de-senvolvimento e da consolidao da democracia e do Estado de direito;

    > Actuao ao nvel da Unio Europeia, como agente de sensibilizao para os pro-blemas do continente africano, assumindo uma postura poltico -diplomtica de promoo e aprofundamento do dilogo euro -africano;

    > Prioridade na interveno a favor dos Estados africanos de lngua portuguesa;> Desenvolvimento de um bom relacionamento entre Portugal e esses Estados, com

    base na coordenao poltica e diplomtica e aproveitando os laos de lngua, de cultura e de confiana existentes.

    Dentro deste quadro de orientao foram definidos como domnios prioritrios da poltica de Cooperao Portuguesa:

    > A promoo e defesa da lngua portuguesa;> A sade, a educao e o apoio formao cientfica;> A cooperao institucional: assistncia tcnica e formao, visando o reforo do

    Estado de direito e da sociedade civil, do bom governo, da eficcia e da transpa-rncia da aco administrativa e a cooperao tcnico -militar, centrada na forma-o das foras armadas democrticas;

    > A promoo da cooperao empresarial e o apoio ao desenvolvimento do sector privado.

    A ideia da criao de uma comunidade de pases de lngua portuguesa2, que tinha sido recuperada em Novembro de 1989, em S. Lus do Maranho, por ocasio do primeiro

    2J abordada por diversas personalidades, entre elas o ento Ministro dos Negcios Estrangeiros, Jaime Gama, no decurso de uma visita oficial que efectuou, em 1983, a Cabo Verde.

  • 26cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    encontro dos Chefes de Es-tado e de Governo dos Pa-ses de Lngua Portuguesa3, era considerada como uma pea de grande importncia no desejado reforo das relaesdesolidarieda-de entre os pases que tm a lngua portuguesa como idioma oficial, no plano quer poltico -diplomtico, quer da cooperao em geral. Coube ao XIII Governo Cons-

    titucional acelerar a sua constituio, tendo o dia 17 de Julho de 1996 ficado a assinalar a criao da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP) por ocasio da reali-zao em Lisboa da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos Pases de Lngua Portuguesa.

    Os novos desafios da poltica de Cooperao Portuguesa exigiam que se procedes-se a uma reviso profunda de procedimentos, nomeadamente em matria de gesto da cooperao, o que levou a considerar como prioridade a criao de um mecanismo de sustentao da poltica de cooperao para o desenvolvimento, de forma a permitir a sua modernizao e a sua adaptao consequentes.

    A criao do Instituto da Cooperao Portuguesa (ICP), na sequncia da fuso entre o Instituto para a Cooperao Econmica (ICE) e a Direco -Geral de Cooperao (DGC), em 1994, deu um claro sinal poltico, mas foi insuficiente por si s para efectuar uma transformao de fundo na Cooperao Portuguesa, por duas razes fundamentais: por um lado, permaneceram sem alterao os principais obstculos estruturais que impe-diam uma melhor coordenao, nomeadamente a elevada autonomia de que gozavam os ministrios sectoriais e outras instituies envolvidas na cooperao, e, por outro, o bai-xo nvel de preparao tcnica especfica dos agentes e funcionrios que, tanto nos mi-nistrios como no prprio ICP, executavam as actividades de cooperao.

    Acresce a circunstncia de no ter havido uma liderana poltica clara no sentido de se desenvolver uma poltica de cooperao, adequando os instrumentos e as prticas a

    3Adriano Moreira considera que a CPLP uma vertente que envolve articulao da segurana do Atlntico Norte com a segurana do Atlntico Sul, reconhece a importncia dos Arquiplagos portugueses, e tambm de Cabo Verde, que presta ao globalismo o servio da solidariedade horizontal dos povos de lngua portuguesa. E valoriza tambm a solidariedade das comunidades espalhadas pelo mundo, as quais, ainda que no falando a lngua, no esqueceram as razes e os laos com um Portugal que por ali passou, in Adriano Moreira, A Circunstncia do Estado Exguo, Dirio de Bordo, Lisboa, 2009.

    Chefes de Estado e de Governo dos Pases de Lngua Portuguesa

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto27

    essa poltica. Deste modo, foi efectuada a reviso da Lei Orgnica do ICP, operada pelo DL n.o 293/97, de 24 de Outubro, onde ficaram reforadas as reas da gesto, da progra-mao, da avaliao e da coordenao. Passou ento a ser nomeado um vice -presidente apenas para a rea da gesto e a existir uma direco de servios de gesto, at aqui inexistente. Foi assim montada uma linha de gesto destinada a assegurar a coerncia dos dados financeiros de base que garantiria o controlo oramental das despesas pro-postas antes de serem submetidas a deciso da Direco, que salvaguardaria igualmente a sua adequao s finalidades programticas pretendidas e que permitiria, ainda, a co-ordenao financeira inter -servios.

    Outra medida importante trazida por este diploma foi a do fortalecimento das direces de servios horizontais, responsveis uma pela programao e avaliao e a outra pela coordenao, dando coerncia e operacionalidade sua interface com a gesto.

    A remodelao governamental, de 27 de Novembro de 1997, alterou a equipa da Secretaria de Estado do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, facto que teve necessa-riamente consequncias, no na orientao da poltica de cooperao, mas em termos de perspectiva. Como escreveu Joo Gomes Cravinho, no documento A Reforma da Cooperao, de Agosto de 2002:

    O problema da falta de liderana poltica comea a alterar -se a partir de 1998 quando aparece um impulso poltico novo, reforado pelos resultados muito esclarecedores do exame do CAD Cooperao Portuguesa (1997) e por um reconhecimento cada vez mais generalizado (e comeando a transbordar para a opinio pblica, tradicionalmente pouco conhecedora ou interessada em assuntos relacionados com a cooperao) de que o modelo vigente era pouco adequado. O primeiro passo a dar para a coordenao era, obviamente, o co-nhecimento completo do panorama da Cooperao Portuguesa. Por extraordi-nrio que possa parecer, em 1998 havia ainda muitas actividades de coopera-o de organismos do Estado que o ICP desconhecia. Registou -se, portanto, a partir dessa altura, um esforo grande e sistemtico para a criao e consolida-o de uma base de dados razoavelmente completa sobre a cooperao oficial portuguesa.

    Com o objectivo de incentivar, no mbito da interveno dos poderes pblicos, a Po-ltica de Cooperao para o Desenvolvimento a ser incrementada e/ou intermediada pela aco dos agentes econmicos privados, foi criado, pelo DL n.o 16/98, de 29 de Janeiro, o Conselho Consultivo para a Cooperao Econmica e Empresarial. Este Conselho destinava -se a enquadrar a actividade de vertente empresarial da Cooperao garantida pelo Fundo para a Cooperao Econmica (FCE), criado em 1992.

  • 28cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    Com vista a adequar melhor o posicionamento do Ministrio dos Negcios Estran-geiros (MNE) no quadro da definio da poltica de cooperao para o desenvolvimento, at ento baseada num modelo bastante centralizado, procurou -se, atravs da co--responsabilizao da totalidade dos departamentos de Estado, dar -lhe uma dimenso transversal. A criao do Conselho de Ministros para os Assuntos da Cooperao, opera-da pelo DL n.o 267/98, de 28 de Agosto, foi a resposta institucional para o problema. A poltica de cooperao para o desenvolvimento foi assumida como uma poltica do Go-verno, definida e coordenada pelo Ministrio dos Negcios Estrangeiros e, nessa medi-da, parte integrante da poltica externa portuguesa.

    No Comunicado do Conselho de Ministros, de 2 de Julho de 1998, pode ler -se:

    Este diploma vem criar o Conselho de Ministros para os Assuntos da Co-operao, instncia de coordenao da poltica de cooperao e ajuda pblica ao desenvolvimento, e decorre da necessidade de se formular uma adequada estratgia global nesta matria e de racionalizar o respectivo oramento, pon-do termo a filosofias de cooperao avulsas, sem escalonamento de priorida-des e definio de objectivos. O Conselho de Ministros para os Assuntos da Cooperao constitudo por todos os Ministros, rene regularmente, e compete -lhe, designadamente, definir as grandes linhas de orientao da pol-tica de cooperao e apreciar os programas integrados, os programas -quadro nacionais, bem como os programas sectoriais de cooperao.

    O Conselho de Ministros para os Assuntos da Cooperao, para alm do acompanha-mento sistemtico da cooperao no plano poltico, aprovava, anualmente, em simult-neo com a proposta de Oramento do Estado, a proposta do Programa Integrado de Cooperao e do Oramento que o suportava, incluindo todos os projectos que os dife-rentes Ministrios se propunham desenvolver. O Programa Integrado de Cooperao, que funcionou entre 1998 e 2001, e o respectivo Oramento anual, elaborados pelo ICP, passaram a ser o objecto central da coordenao interministerial. O Programa Integrado de Cooperao era submetido apreciao da Assembleia da Repblica para debate no momento da discusso e aprovao do Oramento do Estado. Desta forma, pretendia -se imprimir maior coerncia e transparncia s actividades da cooperao e utilizao dos meios financeiros que lhe estavam afectos.

    Complementarmente, passaram a ser elaborados pelo ICP Programas Indicativos de Cooperao (PIC), assinados com cada um dos pases africanos de lngua oficial portuguesa (PALOP) para o perodo de um trinio, e os respectivos Planos Anuais de Cooperao (PAC) que os concretizavam. Todavia, o problema de natureza organizacional mais importante con-tinuava a ser a identificao integral das dotaes destinadas cooperao para o desenvol-vimento que, em 1999, ainda se encontravam dispersas por todo o Oramento do Estado.

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto29

    Face necessidade de dar maior coerncia poltica de Cooperao Portuguesa, tornando -a tambm conforme com o conjunto dos consensos internacionais neste dom-nio, entendeu o Secretrio de Estado dos Negcios Estrangeiros e da Cooperao (SENEC) promover a elaborao de um estudo que englobasse um balano sobre o que de mais rele-vante j havia sido feito nesta rea, dando uma panormica sobre a misso e o trabalho desenvolvido pelas principais agncias e organismos internacionais, directa ou indirecta-mente envolvidos nesta matria, e, ainda, sobre o sistema de cooperao da Unio Euro-peia (UE) e as tendncias da Ajuda Pblica ao Desenvolvimento (APD) nos principais doa-dores, concluindo com uma proposta para a organizao do sistema da cooperao.

    Pela Resoluo do Conselho de Ministros n.o 43/99, de 18 de Maio, este documento, intitulado A Cooperao Portuguesa no Limiar do Sculo XXI4, veio estabelecer um con-junto de objectivos, identificando os instrumentos para os atingir, passando a constituir a referncia de orientao poltica da Cooperao Portuguesa para o desenvolvimento, nos planos poltico, econmico e cultural, durante os XIII e XIV Governos Constitucionais. , ainda hoje, dada a sua abrangncia e tambm a sua actualidade em muitos aspectos, um documento importante para o estudo e a compreenso do quadro da cooperao du-rante esta fase.

    A Cooperao Portuguesa no Limiar do Sculo XXI abrangeu todos os vectores e domnios da cooperao, distribudos pelos seguintes captulos:

    >Balano da Cooperao Portuguesa;>Novas tendncias das polticas de cooperao;>Princpios e objectivos da Cooperao Portuguesa;>Opes da poltica de cooperao;>Organizao do sistema de cooperao; >O Sector no-governamental.

    Considera o documento que:

    O importante desafio que se coloca a Portugal o de saber articular, nos planos poltico, econmico e cultural, a dinmica da sua integrao europeia com a dinmica de constituio de uma comunidade, estruturada nas relaes com os pases e as comunidades de lngua portuguesa no mundo, e de reaproxi-mao a outros povos e regies. neste quadro que a poltica de cooperao para o desenvolvimento, vector essencial da poltica externa, adquire um parti-cular significado estratgico, constituindo um elemento de diferenciao e de

    4http://dre.pt/pdf1s/1999/05/115B00/26362655.pdf.

  • 30cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    afirmao de uma identidade prpria na diversidade europeia, capaz de valori-zar o patrimnio histrico e cultural do Pas. Torna -se, assim, necessrio dotar a poltica de cooperao de mais rigor e coerncia estratgica, de um comando poltico mais eficaz, de uma organizao mais racional e de um sistema de fi-nanciamento adequado. este o sentido das medidas de reforma e de ajusta-mento que o Governo tem vindo a adoptar e que consubstancia a orientao estratgica da Cooperao Portuguesa no limiar do sculo XXI.

    Necessitamos, portanto, de uma cooperao mais atenta renovao das polticas de desenvolvimento que tm acompanhado a adaptao do sistema internacional nova realidade ditada pelo fim da guerra fria, uma cooperao pensada, planeada e executada sem preconceito e com mais credibilidade, em que haja coerncia entre os objectivos enunciados e os programas desenvolvi-dos, em que haja transparncia nas relaes com os pases destinatrios e ri-gor na utilizao dos fundos pblicos mobilizados para a ajuda ao desenvolvi-mento.

    No obstante a reserva que por vezes envolve a actividade poltica externa relativa-mente cooperao para o desenvolvimento, e sem abdicar do controlo poltico da co-operao, passa a haver uma preocupao muito clara de envolvimento transversal de todas as entidades e sectores com ela directamente relacionados. Nessa perspectiva,

    [] entende -se que a poltica de Cooperao Portuguesa deve ser desenvolvida de acordo com uma estratgia mais rigorosa, definida e assumida pelo Governo, com a directa participao da Assembleia da Repblica e o necessrio envolvi-mento dos sectores mais directamente empenhados na poltica de co operao, designadamente os municpios, as organizaes no-governamentais para o desenvolvimento, as associaes representativas do sector empresarial, as uni-versidades, as fundaes, representantes das igrejas, enfim, todos os que cons-tituem a vasta comunidade de instituies mobilizadas, hoje, na sociedade portu-guesa, para a poltica de cooperao e ajuda ao desenvolvimento.

    De acordo com este propsito e indo ao encontro do protocolo celebrado entre o ICP e a Associao Nacional de Municpios Portugueses (ANMP), em 24 de Novembro de 1998, os Programas Integrados de Cooperao deviam integrar anualmente, de uma for-ma autonomizada, um programa especfico de cooperao intermunicipal que englobas-se os projectos a desenvolver pelos municpios portugueses no quadro do programa bila-teral de cooperao, com co -financiamento assegurado pelo Ministrio dos Negcios Estrangeiros (MNE). Nesse sentido, a Resoluo do Conselho de Ministros n.o 423/99, de 17 de Maio, veio permitir a constituio, no mbito do MNE, de um Grupo de Misso com

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto31

    o objectivo de preparar e coordenar o lanamento, a implementao e a gesto desse programa especfico afecto ao Programa Integrado de Cooperao.

    Quanto estratgia de controlo e coordenao, A Cooperao Portuguesa no Limiar do Sculo XXI reconhece ser esta questo

    [] um dos seus principais problemas, atendendo natureza horizontal da ad-ministrao da ajuda e ao conjunto muito disperso de iniciativas. Sendo desen-volvida na prtica por todos os ministrios, a responsabilidade poltica pela sua definio e conduo, enquanto vector da poltica externa portuguesa, cabe ao Ministrio dos Negcios Estrangeiros, sem que este possua os meios de con-trolo adequados, tanto ao nvel da afectao de recursos, como ao nvel do es-tabelecimento criterioso das prioridades. A credibilizao da poltica de coo-perao passa, assim, pela criao das condies que permitam que a sua definio e orientao sejam, efectivamente, estabelecidas no quadro do Mi-nistrio dos Negcios Estrangeiros, envolvendo, por outro lado, na sua gesto todos os ministrios que, numa maior ou menor dimenso, intervm no domnio da cooperao. Neste sentido foram criados, por decreto -lei, o Conselho de Mi-nistros para os Assuntos da Cooperao e o Secretariado da Comisso Intermi-nisterial para a Cooperao.

    E se no contexto interno houve um apelo muito forte participao do maior nmero de actores, polticos e sociais, na poltica nacional de apoio ao desenvolvimento, idntica posio foi formulada no mbito externo.

    [] neste contexto, de parceria global e de mais estreita articulao com a comunidade internacional e o sistema multilateral na prossecuo de objectivos comuns, que a nossa poltica de cooperao para o desenvolvimento se deve pro-jectar, independentemente dos objectivos estratgicos prprios que a animam. Apesar da limitao dos recursos, a Cooperao Portuguesa deve, por outro lado, ultrapassar o ciclo de relao quase exclusiva com os pases africanos de lngua portuguesa, tomando cada vez mais em considerao a dinmica de integrao, que todos estes pases hoje conhecem no respectivo contexto regional, e tendo, igualmente, em ateno outros pases e outras regies, a que estamos, indelevel-mente, ligados por laos profundos, em frica, na sia e na Amrica Latina.

    No obstante a prioridade concedida aos PALOP e a Timor -Leste, o Governo consi-derou ter chegado o momento de ultrapassar a herana e relaes coloniais, comeando a diversificar a sua cooperao bilateral. Procurou, ento, desenvolver actividades de co-operao com pases pertencentes a organizaes regionais africanas em que os PALOP

  • 32cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    se inseriam, como o Benim, o Congo, a Mauritnia, a Nambia, o Senegal, a frica do Sul e o Zimbabwe. A diversificao estendeu -se tambm Amrica Latina (Colmbia, Repbli-ca Dominicana, Guatemala, Honduras e Venezuela) e sia (China e ndia).

    No quadro europeu considerou -se que:

    Portugal, como membro da Unio Europeia, deve acompanhar activamente o debate e as reformas em curso, tendo em vista dotar a poltica de cooperao da UE de uma maior eficcia, porque a UE hoje o principal doador internacional e os seus Estados -membros desempenham um papel dominante na ajuda bilateral ao desenvolvimento. Uma melhor coordenao entre as polticas da UE e dos seus Estados -membros absolutamente decisiva para se conseguir um novo resulta-do das intervenes que vo sendo feitas junto dos pases beneficirios e, assim, contribuir para a erradicao da pobreza e para o desenvolvimento sustentado, de acordo com os principais compromissos internacionalmente assumidos.

    Independentemente do reforo dos recursos a transferir para os pases menos desenvolvidos, somos favorveis a um incremento da coerncia entre as diferentes polticas europeias que, directa ou indirectamente, contribuem para os objectivos do desenvolvimento, e a uma coordenao efectiva entre as pol-ticas da UE, das Naes Unidas e das instituies de Bretton Woods. Somos, igualmente, favorveis a uma renovao dos procedimentos e da estrutura or-ganizativa da Comisso Europeia e a uma mais eficaz coordenao entre os servios da UE responsveis pelos programas de assistncia. Apoiamos a pro-moo das experincias de integrao regional dos pases em desenvolvimen-to, designadamente no mbito da negociao da Conveno de Lom, cujo man-dato negocial ajudaremos a realizar. Acompanhamos os esforos dos nossos parceiros e da UE na promoo da democracia, dos direitos humanos, dos prin-cpios da boa governao, dos direitos das mulheres e na afirmao da socieda-de civil. Contribuiremos para o debate inadivel na procura de um novo enqua-dramento para a regulao e preveno de conflitos e para o estabelecimento de condies de estabilidade poltica e social, indispensveis ao desenvolvi-mento. Incentivaremos a assuno pela Europa de uma responsabilidade polti-ca mais consequente no processo de desenvolvimento do continente africano.

    Porm, todo este processo de mudana necessitava igualmente, para ser eficaz, de uma base organizativa slida e eficiente que funcionasse numa nova linha de convenin-cias, o que passaria

    [] pela clarificao das funes e competncias das diferentes institui-es, designadamente o Instituto da Cooperao Portuguesa, o Fundo para a

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto33

    Cooperao Econmica e o Instituto Cames, no mbito do Ministrio dos Ne-gcios Estrangeiros, e dos diferentes departamentos que, na orgnica dos di-versos ministrios, tm competncias no domnio da cooperao.

    O Instituto da Cooperao Portuguesa deve passar a desempenhar o papel de rgo central de apoio definio, elaborao e execuo da poltica de co-operao, no mbito do Ministrio dos Negcios Estrangeiros, por um lado, o de centro de estudos, planeamento e programao, por outro, e, ainda, o de centro de coordenao e avaliao do sistema. Este reajustamento funcional pressu-pe algumas adaptaes na orgnica do Instituto. O Fundo para a Cooperao Econmica substitudo por uma nova instituio, a Agncia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento (APAD), instituio central para o financiamento da cooperao, dotada de autonomia administrativa e financeira, alargando o m-bito de interveno do actual Fundo, que continuar contudo a ser centrado no incentivo ao investimento de empresas portuguesas nos pases destinatrios da cooperao, mas, segundo uma lgica diferente da lgica da internacionali-zao da economia portuguesa, com instrumentos especficos de promoo e apoio noutra sede.

    O Instituto Cames, que tinha sido criado em 19925, passou, em 1994, para a tutela do MNE, tendo por misso fundamental e vocao essencial promover, juntamente com outras instituies competentes do Estado, a cultura e a lngua portuguesa no quadro da poltica cultural externa.

    De acordo com o prembulo do decreto que criou a APAD (DL n.o 327/99, de 18 de Agosto), o apoio ao sector privado passou a ser colocado no contexto da poltica de coo-perao, servindo portanto de contributo

    para a estratgia de internacionalizao da economia portuguesa, que tem, noutra sede, instrumentos adequados sua sustentao. [] Esta nova insti-tuio dever, por outro lado, como se compreende pela sua designao, desen-volver uma vocao de assistncia ao desenvolvimento a todos os nveis, cen-tralizando o ncleo essencial dos recursos financeiros que permitam, efectivamente, sustentar a execuo da poltica de cooperao.

    A criao da APAD implicava pois um ajustamento no funcionamento do ICP, que passava a ser o local onde se faria o planeamento e a programao, a coordenao inter-ministerial e a avaliao da cooperao. Procurou -se igualmente abranger nesta reforma

    5Atravs do DL n.o 135/92, de 15 de Julho, sucedendo ao ICALP, sob tutela do Ministrio da Educao e da Cincia.

  • 34cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    o quadro tcnico especializado junto das nossas misses diplomticas, dando -lhe um enquadramento mais dependente do rgo coordenador da cooperao. Assim:

    [] Com a criao das delegaes da Cooperao Portuguesa, junto das nossas misses diplomticas com mais responsabilidades na execuo da pol-tica de cooperao, pretende -se, para alm do reforo dos meios, uma renova-o nos mtodos de trabalho e um novo dinamismo na coordenao operacional das aces nos diferentes sectores.

    Efectivamente, atravs do DL n.o 296/99, de 4 de Agosto, foi considerada a possibi-lidade de virem a ser criadas delegaes para a cooperao junto das misses diplomti-cas portuguesas nos pases em desenvolvimento, situao j constante na Lei Orgnica do ICP (artigo 24.o do DL n.o 60/94, de 24 de Fevereiro).

    A crescente normalizao da situao interna em Angola e os avanos registados na estabilizao poltica nos restantes PALOP tornaram evidente a necessidade de dar um maior incremento s relaes empresariais e sua articulao com a cooperao estatal, atribuindo a este sector um papel relevante na promoo do desenvolvimento dos pases.

    A denominada cooperao empresarial tem vindo a assumir progressiva-mente um papel cada vez mais destacado na promoo do desenvolvimento dos pases e sectores em que actua, havendo, por isso, todo o interesse no estabelecimento de uma mais estreita articulao com a cooperao estatal. Considerando a necessidade de estruturar o apoio ao universo empresarial, ser celebrado um protocolo entre a Agncia Portuguesa de Apoio ao Desen-volvimento e, de entre as diversas associaes representativas, a ELO en-quanto associao para o desenvolvimento econmico e cooperao, que de-ver estabelecer critrios e formas especficas de actuao que permitam uma maior sinergia entre fluxos pblicos e privados tendo em vista uma abor-dagem integrada do desenvolvimento em que a ajuda pblica ao desenvolvi-mento e o investimento privado se complementem. A Agncia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento estabelece, por outro lado, novas modalidades de apoio ao investimento privado, nomeadamente sob a forma de garantias, linhas de crdito e tomadas de participao e de capital em sociedades de desenvolvimento.

    O XIII Governo Constitucional concluiu o seu mandato em 25 de Outubro de 1999.

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto35

    1.2.XIV GOVERNO CONSTITUCIONAL (1999 -2002)

    Em matria de poltica de cooperao para o desenvolvimento, o XIV Governo Constitucional props -se continuar, de uma forma atenta renovao das polticas de desenvolvimento e de adaptao ao sistema internacional, a reforma que vinha empre-endendo na anterior legislatura. O seu Programa do Governo pretendeu reforar a es-tratgia exposta no documento A Cooperao Portuguesa no Limiar do Sculo XXI, afirmando que:

    [] Dando continuidade ao trabalho de reforma que tem sido desenvolvido nos ltimos anos, o Governo procurar dotar a poltica de cooperao dos meios e dos recursos que se vm afirmando como necessrios para satisfazer as expectativas criadas e os compromissos assumidos. Neste sentido se de-vem entender algumas medidas entretanto tomadas que devero ser consoli-dadas nos prximos anos, visando, designadamente, pr termo a prticas de cooperao avulsa, sem um horizonte estratgico e sem prioridades e objecti-vos bem definidos, e preparao de um quadro institucional mais eficaz e ri-goroso.

    Foram apontadas como principais orientaes da poltica de cooperao para o de-senvolvimento:

    > A diversificao das nossas relaes de cooperao. A necessidade de diversifi-car as relaes de cooperao baseava -se no facto de os PALOP terem sido,

    [] ao longo de duas dcadas, quase exclusivamente os pases de concentrao da ajuda portuguesa ao desenvolvimento, compreendendo -se que assim tenha sido. Tratou -se de reconstituir relaes bruscamente interrompidas com o pro-cesso de descolonizao, respondendo s enormes carncias e dificuldades que as jovens administraes dos novos Estados de Lngua Oficial Portuguesa evidenciavam.

    Desta forma, a Cooperao Portuguesa deveria

    [] continuar a concentrar os seus esforos na ajuda ao desenvolvimento da-queles pases face s dificuldades que os mesmos conhecem, por um lado, e, por outro, tendo em conta o objectivo estratgico de consolidar e reforar a Comunidade dos Pases de Lngua Oficial Portuguesa (CPLP) e a sua afirmao no sistema internacional. Assim, atravs de um sistema de interveno ajustado

  • 36cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    s diferentes situaes e natureza dos objectivos e interesses em presena, a Cooperao Portuguesa deve diversificar as suas relaes e os instrumentos e tipos de aco nas diferentes regies que esto hoje no centro das preocupa-es da assistncia e das polticas de ajuda ao desenvolvimento da comunida-de internacional, designadamente, na frica Subsaariana, no Magrebe, em algu-mas regies do Continente Asitico e da Amrica Latina, a que estamos mais ligados por laos histricos e culturais. Para alm, naturalmente, de Timor--Leste e de Macau, que devero merecer particular ateno da Cooperao Portuguesa nos prximos anos.

    > Apoio a Timor Leste. O Acordo entre Portugal, a Indonsia e as Naes Unidas, assinado em 5 de Maio de 1999, em Nova Iorque, garantiu o direito autodeter-minao do povo de Timor -Leste. Em 30 de Agosto de 1999, 78,5% do povo timo-rense votou a favor da independncia do territrio em referendo organizado pela Organizao das Naes Unidas, ao que se lhe seguiu o perodo de devastao que ainda hoje permanece na memria de todos, tornando a necessidade e a ur-gncia de apoio reconstruo de Timor -Leste numa tarefa ainda mais priorit-ria. Assim, no apoio a prestar a Timor -Leste, que passou a integrar o grupo dos principais destinatrios da ajuda bilateral portuguesa, o Governo considerou que daria

    [] prioridade preparao e execuo de um programa de apoio ao desenvol-vimento de Timor -Leste durante a fase de transio,

    > atravs do Comissrio para o Apoio Transio em Timor -Leste (CATTL), criado pelo Governo anterior atravs do DL n.o 189 -A/99, de 4 de Junho, na dependn-cia do Ministrio dos Negcios Estrangeiros e sob a tutela do respectivo Minis-tro, o qual se articulava com o Instituto da Cooperao Portuguesa. O Governo procurava, assim, assegurar, com o apoio do CATTL, todos os contributos da so-ciedade civil e das empresas, designadamente no mbito da promoo da socie-dade de desenvolvimento j anunciada. Para alm disso, o Governo procurava ainda comprometer a comunidade internacional, atravs das Naes Unidas, do Banco Mundial e da Unio Europeia, na assistncia ao processo de transio de Timor -Leste.

    > Reavaliao da nossa participao nos sistemas multilaterais. A orientao do-minante, durante um largo perodo da cooperao, era no sentido de Portugal pri-vilegiar as iniciativas de mbito bilateral, tendo os PALOP como parceiros princi-pais. Considerava -se ser a forma mais adequada, em termos de visibilidade, a um

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto37

    pequeno pas como Portugal, permitindo uma maior concentrao de meios e uma maior independncia no desenvolvimento dos programas. Esta opo foi referida no Programa de Governo reconhecendo que a

    [...] fraca participao portuguesa nos instrumentos multilaterais de ajuda ao desenvolvimento uma das crticas que vem sendo apontada ao Pas. Por outro lado, a escolha das iniciativas e instituies multilaterais que beneficiam de fi-nanciamentos pblicos portugueses nem sempre ter sido pautada por crit-rios de eficcia e racionalidade face aos objectivos da poltica de Cooperao Portuguesa. Em particular, tem sido fraca a capacidade de coordenar a ajuda bilateral com a ajuda multilateral. O Governo dever reforar a componente multilateral da ajuda pblica portuguesa, tanto no quadro das instituies co-munitrias, como no mbito das agncias das Naes Unidas, que permita a Portugal assumir, a curto prazo, um papel mais activo no sistema multilateral, particularmente no sistema das Naes Unidas e na Unio Europeia, neste caso aproveitando a prxima presidncia portuguesa.

    > Reorganizao do sistema de cooperao. Embora houvesse j uma noo muito clara das desvantagens de uma excessiva diversificao e disperso de sectores envolvidos nas actividades de cooperao para o desenvolvimento, a execuo da poltica de cooperao foi caracterizada como seguindo

    [] um modelo descentralizado no qual participam quase todos os departa-mentos pblicos, autnomos ou no, rgos de soberania, empresas do Esta-do, entidades privadas, com e sem patrocnio poltico ou financeiro pblicos.

    Assim, continua o documento:

    Nestas condies assume particular importncia o reforo dos mecanis-mos de coordenao, controlo e avaliao. nesta linha que se inserem altera-es orgnicas e funcionais que devero ser preparadas, dando continuidade s medidas j adoptadas na anterior legislatura.

    > Instituto da Cooperao Portuguesa. Previa -se, ento, que o ICP, acompanhando as reformas em curso no sector da cooperao, passasse a ser o rgo central de coordenao da poltica de cooperao:

    Dentro desta concepo, competir -lhe - o planeamento, o controlo da execuo e a avaliao dos resultados da cooperao desenvolvida pelas

  • 38cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    entidades pblicas e a centralizao de informao sobre a cooperao promo-vida por entidades privadas com ou sem patrocnio pblico.

    Uma nova Lei Orgnica ficou concluda no ms de Dezembro de 1999, conferin do--lhe uma maior eficincia, operacionalidade e agilidade no exerccio das suas atribui-es.

    > Agncia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento. Criada pelo Governo anterior, passou a ser a principal instituio financiadora da Cooperao Portuguesa, inte-grando o maior volume possvel dos recursos financeiros mobilizados anualmente para a ajuda ao desenvolvimento na tutela dos Ministrios dos Negcios Estran-geiros e das Finanas. A APAD financiaria, simultaneamente, os projectos do sec-tor privado, bem como os projectos infra -estruturantes de ajuda ao desenvolvi-mento apoiados pelo Governo portugus, permitindo assim uma melhor integrao dos recursos pblicos e privados afectos poltica de desenvolvimento. Preten-dia o Governo que a APAD se afirmasse e qualificasse como uma agncia de de-senvolvimento, nacional e internacionalmente reconhecida. Deveria prosseguir uma poltica activa de angariao de fundos, extra oramento, com base na certi-ficao de qualidade e notao de risco. Daria um contributo significativo para a coerncia da poltica portuguesa de cooperao para o desenvolvimento, no s na sua execuo mas, tambm, na sua discusso e formulao. A APAD procuraria apoiar os agentes econmicos portugueses no esforo financeiro que estes tm de suportar por fora dos investimentos por si realizados no exterior, continuando a promover o investimento estrangeiro nos pases destinatrios, sobretudo pa-ses africanos lusfonos, directamente associado prossecuo de objectivos de progresso econmico e social desses pases. Tal como tinha acontecido em relao ao Fundo para a Cooperao Econ-mica, tambm a APAD no definiu claramente as diferenas entre internaciona-lizao empresarial e cooperao para o desenvolvimento. Contudo, a sua cria-o trouxe algumas inovaes importantes para a Cooperao Portuguesa. Em primeiro lugar, constituiu -se, pela primeira vez, como um centro de financia-mento razoavelmente dotado de meios, permitindo que se desenvolvessem al-gumas actividades de vulto, com um planeamento financeiro plurianual. Outro aspecto positivo foi uma maneira inovadora de trabalhar, ligada experincia bancria de alguns dos seus elementos, e que consistia no estabelecimento de relaes de contratualizao rigorosa com as entidades com quem trabalhava, acompanhado pelo desenvolvimento de um sistema interno de normas (SIN), atravs do qual se sistematizavam as regras e as prticas da casa. Um terceiro

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto39

    aspecto inovador foi o da participao da APAD em sociedades de desenvolvi-mento6.

    No ano seguinte, atravs da Lei n.o 30 -B/2000, de 29 de Dezembro de 2000, sobre as Grandes Opes do Plano para 20017, o Governo dar prioridade s seguintes aces:

    > Reestruturao do ICP, dotando -o de uma nova estrutura orgnica, mais coerente, flexvel e consentnea com as atribuies que o caracterizam como rgo central de planeamento, coordenao, acompanhamento e avaliao da poltica de coope-rao para o desenvolvimento;

    > Consolidao da reestruturao e instalao da APAD, de forma a reforar as suas funes de principal instituio financiadora da cooperao;

    > Criao e instalao de Delegaes Tcnicas de Cooperao, para acompanha-mento, no local, da execuo da poltica de cooperao em estreita ligao com as autoridades do Pas e com as agncias internacionais;

    > Adopo, no mbito da preparao do Programa Integrado de Cooperao para 2001, de uma nova metodologia de oramento por programa;

    > Elaborao e execuo do Programa Indicativo da Cooperao Portuguesa para o Apoio Transio em Timor -Leste, para 2001, atravs do CATTL, com o apoio da APAD e o envolvimento da comunidade internacional;

    > Implementao de um novo dispositivo para a ajuda de emergncia; > Reforo e enquadramento da participao dos agentes do sector no -governa-

    mental; > Incremento de programas de cooperao intermunicipal; > Estreitamento do dilogo com as Organizaes No-Governamentais para o De-

    senvolvimento (ONGD), designadamente atravs de uma relao mais estruturada com a sua Plataforma;

    > Estabelecimento de interlocutores adequados ao nvel das empresas e funda-es;

    > Reviso integrada da legislao sobre promotores e agentes da cooperao, de-signadamente no que respeita ao estatuto de cooperante, ao voluntariado para a cooperao, aos incentivos e benefcios fiscais dos promotores e agentes, ao me-cenato para a cooperao e reviso do estatuto das ONGD.

    6A participao na SPI Sociedade de Promoo de Investimentos, S.A., em S. Tom e Prncipe; a participao na HARII Sociedade de Desenvolvimento de Timor Lorosae, SGPS, S.A.; a representao na rede de EDFI European Development Finance Institutions.

    7No Captulo IV As Grandes Opes do Plano para 2001 e Principais Linhas de Aco Governativa; 1. Opo Afirmar a Identidade Nacional no Contexto Europeu e Mundial Cooperao, Balano das medidas definidas nas GOP 2000, nas medidas a implementar em 2001.

  • 40cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    Em 2001, pela primeira vez, as despesas da cooperao dos diferentes ministrios apareceram inseridas em mapa prprio no Oramento do Estado (Mapa XII), introduzindo uma nova lgica de programao das actividades de cooperao.

    Atravs do DL n.o 192/2001, de 26 de Junho, foi aprovada uma nova Lei Orgnica do ICP, dotando -o, em articulao com a APAD, de uma estrutura orgnica mais coerente, flexvel e consentnea com as finalidades e atribuies que o caracterizavam como r-go central de coordenao da poltica de cooperao para o desenvolvimento. Por seu turno, a APAD tinha por objecto, nos termos do artigo 3.o do DL n.o 327/99, de 18 de Agosto, que aprovou os respectivos Estatutos,

    a realizao de projectos, designadamente sob a forma de investimento direc-to de agentes econmicos portugueses, que contribuam para o desenvolvi-mento dos pases receptores de ajuda pblica e para o fortalecimento das relaes de cooperao, em especial com os pases africanos de lngua oficial portuguesa.

    No caso do Instituto Cames dar -se -ia prioridade prossecuo do programa de instalao de Centros de Lngua Portuguesa (estando prevista a criao de 11 novas uni-dades), remodelao das instalaes do Centro Cultural em S. Tom, bem como imple-mentao do Centro Cultural em Dli, e concluso do processo de criao do Centro Virtual Cames (uma base de dados virtual fundamentalmente destinada formao e ao ensino da lngua portuguesa).

    O processo de aperfeioamento do modelo institudo, nomeadamente no que res-peitava s medidas de fortalecimento interno e externo da cooperao econmica e fi-nanceira, foi interrompido com o fim antecipado da legislatura vigente.

    1.3.XV GOVERNO CONSTITUCIONAL (2002 -2004)

    Com a entrada em funes do XV Governo Constitucional, a 6 de Abril de 2002, de novo a alternncia partidria veio provocar alteraes nas opes de poltica externa e, naturalmente, no que respeita poltica de desenvolvimento, conforme ficou inscrito no Programa do Governo.

    O Ministrio dos Negcios Estrangeiros alargou a sua designao para Ministrio dos Negcios Estrangeiros e das Comunidades. Continuando a considerar a coopera-o para o desenvolvimento como uma vertente prioritria da poltica externa portu-guesa, elegeu como um dos oito eixos da actuao poltico -diplomtica de Portugal o reforo da relao privilegiada com o espao lusfono, nomeadamente atravs da projeco de valores e interesses nos PALOP, no Brasil e em Timor -Leste. A valorizao

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto41

    e o aprofundamento dos estreitos laos que nos unem ao mundo lusfono passariam necessariamente, para alm do relacionamento bilateral com os seus membros, pela dinamizao da CPLP, atravs da adopo de uma poltica de empenhamento criati-vo. Sobre esta Comunidade propunha: o aperfeioamento do seu Secretariado Exe-cutivo e a reforma da organizao, a fim de a revitalizar e tornar mais eficiente a sua actuao; o desenvolvimento de programas destinados a estimular a circulao e o intercmbio entre Portugal, frica, Brasil e Timor -Leste (tornado o 8.o membro da CPLP, em 1 de Agosto de 2002), objectivo que seria facilitado com a aprovao do Estatuto do Cidado Lusfono; e, o aumento da coordenao dos oito nos fora internacionais.

    Destacando Angola, Timor -Leste e Brasil, no mbito do relacionamento bilateral, o Programa do Governo refere, em relao a Angola, que,

    [] tendo em conta os recentes desenvolvimentos, ser prestada particular ateno a Angola, consolidando as perspectivas de paz que se abrem com a as-sinatura do Memorando de Cessao de Hostilidades, intervindo, enquanto membros da Troika de observadores, na reconciliao nacional e no desen-volvimento econmico e social de Angola. Relativamente a Timor -Leste, em vsperas de se tornar uma nao independente, [] o compromisso do Estado portugus no termina aqui, sendo fundamental prosseguir na assistncia ao esforo de construo nacional.

    Quanto ao Brasil, manifesta interesse no estreitamento do relacionamento no s na rea econmica como nos planos poltico e cultural.

    De uma maneira geral, considerava igualmente prioritrio o apoio e o desenvolvi-mento de projectos nas reas da educao e da lngua, da sade e da formao profissio-nal, que possibilitassem a criao de condies de base para o desenvolvimento. Estimular -se -iam as sinergias entre cooperao pblica e privada, nomeadamente esco-las, ONG e mundo empresarial.

    O reequilbrio oramental e saneamento das contas pblicas atravs da conteno da despesa pblica, que foram reassumidos como uma tarefa prioritria do Governo, reflectiram -se com mediatismo e intensidade na reestruturao da Administrao Pblica Central. Assim, o preceituado no n.o 1 do artigo 2.o da Lei n.o 16 -A/2002, de 31 de Maio, estabeleceu a extino, reestruturao ou fuso dos servios e organismos da Administrao central que prosseguissem objectivos complementares, paralelos ou so-brepostos a outros servios existentes. Correspondia exactamente situao verifica-da no ICP e na APAD, organismos cujos objectos acabavam por se fixar na mesma rea de actuao. Na sua gnese, o ICP estava mais vocacionado para a formulao de pol-ticas e APAD competia, principalmente, o respectivo financiamento. No entanto, na

  • 42cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    prtica, verificava -se que os respectivos estatutos orgnicos davam origem a uma ver-dadeira duplicao no exerccio de atribuies, alm de a sua articulao gerar con-tradies e criar obstculos que nem sempre eram fceis de ultrapassar.

    Paralelamente a esta preocupao, a questo de Timor -Leste assumiu grande rele-vo na vida poltica e social nacional. Com a formalizao da independncia de Timor--Leste, em 20 de Maio de 2002, deixou de ter objecto til o diploma que havia criado o CATTL, passando as relaes com o novo Estado a efectuar -se nos moldes j existentes com os restantes pases de lngua oficial portuguesa. Nessa medida foi publicado o DL n.o 155/2002, de 15 de Junho, extinguindo o cargo e as funes do CATTL, passando os projectos e programas de cooperao que vinham sendo executados, tanto no mbito bilateral como multilateral, para a responsabilidade do ICP e da APAD.

    No prembulo do DL n.o 5/2003 encontram -se expressos, de uma forma mais apro-fundada, alguns dos princpios orientadores da filosofia de cooperao do XV Governo Constitucional. Considera que a poltica de cooperao

    [] em alguma medida subsidiria de uma noo de assistncia, pautada por figurinos descentralizados, razo pela qual a sua formulao, execuo e financiamento esto dispersos por vrios organismos. Neste cenrio, so inevitveis os prejuzos ao nvel da sua coerncia e eficcia e posta em cau-sa a unidade da representao externa do Estado. A experincia demonstra, exausto, que o modelo existente est desajustado, fonte de ineficin-cias e, como tal, est esgotado em si mesmo. [] Por outro lado, no existem presentemente mecanismos que assegurem a efectiva concertao de ac-es ou o aproveitamento de sinergias por parte do conjunto to vasto e di-versificado das instituies e agentes que prosseguem em Portugal a ajuda pblica ao desenvolvimento. [] Visa -se, agora, reverter essa situao para uma prtica mais coerente assente numa estrutura organizativa dotada dos competentes mecanismos de coordenao, informao, controlo e avalia-o, no mbito das novas orientaes estratgicas da ajuda pblica ao de-senvolvimento.

    E so tambm objectivos de eficcia que levam a afastar do organismo centraliza-dor da ajuda pblica ao desenvolvimento (APD) as iniciativas empresariais levadas a cabo por entidades privadas nos pases receptores. Sendo assim, o novo figurino pau-tado pela coordenao da APD num nico organismo, o Instituto Portugus de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), que assegura tambm a superviso e a direco da poltica de cooperao e de Ajuda. Alis, este diploma esclarece a fronteira entre APD e apoio ao investimento empresarial nos pases beneficirios, que pertencem a domnios de inter-veno diferentes e, como tal, devem ser objecto de tratamento distinto, desde logo, ao

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto43

    nvel das tutelas. Contudo, embora pertencentes a diferentes reas de interveno, aju-da pblica ao desenvolvimento e investimentos realizados por agentes econmicos pri-vados, no so compartimentos estanques, devendo mesmo relacionar -se entre si, ten-do em vista o objectivo ltimo, comum a ambos: o desenvolvimento dos pases beneficirios e a melhoria das condies de vida das populaes. Por isso, a capacidade de articulao entre si, nomeadamente no que toca informao acerca da sua execu-o, atribuda ao novo organismo. A concertao com outras entidades, pblicas e pri-vadas, garante, na transversalidade das reas de incidncia da cooperao, a conve-niente abrangncia e ponderao de prioridades e a valorizao de recursos. Tal concertao, que est prevista no elenco de atribuies do IPAD, significar um acrs-cimo de vantagens operacionais daquelas entidades. Estavam, ento, criadas condies para que a Ajuda, atravs dos seus instrumentos -base os Programas Indicativos de Cooperao (PIC) e os Planos Anuais de Cooperao (PAC) , passasse a ser desenvol-vida de forma mais consentnea com as prementes e concretas necessidades dos pa-ses parceiros.

    O diploma refere ainda que, na sequncia da extino do ICP e da APAD,

    os direitos e obrigaes que tiverem sido adquiridos no mbito do apoio ao in-vestimento de agentes econmicos privados

    transitaro para o Estado atravs do Ministrio da Economia, bem como os saldos das dotaes oramentais inscritas no oramento da APAD que digam respeito aos direitos e obrigaes transitados nos termos da mencionada fuso do ICP com a APAD.

    Complementando esta estratgia de cooperao em matria empresarial, e na se-quncia do pargrafo anterior, o DL n.o 35 -A/2003, de 27 de Fevereiro, alterando os es-tatutos do ICEP Portugal, passou a atribuir -lhe, no artigo 5.o g), as funes de

    apoiar, coordenar e estimular o desenvolvimento de aces de cooperao ex-terna no domnio do sector empresarial, especialmente com os pases de lngua oficial portuguesa,

    conjunto de competncias que at ento pertenciam APAD.A alterao governamental ocorrida em 8 de Abril de 2003, com o consequente rea-

    justamento da estrutura do XV Governo Constitucional no veio provocar modificaes na execuo do Programa do Governo no domnio da Poltica Externa.

    O XV Governo Constitucional terminou o seu mandato a 17 de Julho de 2004, na se-quncia do pedido de demisso apresentado pelo Primeiro -Ministro.

  • 44cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    1.4.XVI GOVERNO CONSTITUCIONAL (2004 -2005)

    O XVI Governo Constitucional foi constitudo com base na maioria parlamentar re-sultante das eleies de 2002 e iniciou o seu mandato em 17 de Julho de 2004. As linhas gerais do Programa do Governo no que diz respeito Poltica Externa no se afastaram das consignadas no anterior Programa do Governo, manifestando a inteno de no s reforar a relao privilegiada com o espao lusfono, nomeadamente atravs da pro-jeco de valores e interesses nos PALOP, no Brasil e em Timor como de a alargar, con-siderando que

    a poltica europeia de ajuda ao desenvolvimento dever contemplar adequada-mente os pases de lngua oficial portuguesa.

    Voltou a ser sublinhado que:

    A valorizao e o aprofundamento dos estreitos laos que nos unem ao mundo lusfono passaro necessariamente, para alm do contnuo estreita-mento das relaes bilaterais com os seus membros, pela dinamizao da Co-munidade dos Pases de Lngua Portuguesa, atravs da prossecuo de uma poltica de empenhamento criativo.

    A este respeito importa referir que foram acrescentados dois pontos novos:

    > O aproveitamento pleno do recm -constitudo Frum Empresarial da CPLP que dever servir tambm para aumentar o relacionamento econmico e comercial en-tre os pases membros;

    > A dinamizao da actividade do Instituto Internacional de Lngua Portuguesa e a utilizao do portugus como lngua de trabalho em vrias organizaes interna-cionais [].

    No plano do relacionamento bilateral, passados dois anos, seria efectuado um rea-justamento situao poltica. Assim,

    [] procurar -se -o reforar os laos de cooperao e amizade entre os Esta-dos e povos, privilegiando uma actuao a trs nveis: concertao poltico--diplomtica, cooperao e promoo da lngua portuguesa. Ser ainda dada particular ateno consolidao da paz em Angola, estabilizao poltica em So Tom e na Guin -Bissau, e ao crescimento econmico e social em Cabo Verde e Moambique. Manter -se - igualmente o compromisso do Estado por-

  • a poltica portUgUesa de cooperao para o deseNvolvimeNto45

    tugus para com Timor -Leste, nomeadamente no respeitante assistncia para o esforo de construo nacional. Estreitar -se -, tambm, o nosso rela-cionamento bilateral com o Brasil tanto nos planos poltico e cultural como eco-nmico. Ser tambm uma prioridade o apoio e o desenvolvimento de projectos nas reas da educao e da lngua, da sade e da formao profissional, que possibilitem a criao de condies de base para o desenvolvimento. Estimular--se -o as sinergias entre cooperao pblica e privada, nomeadamente esco-las, ONG e o mundo empresarial.8

    Entretanto, o Presidente da Repblica, em Dezembro de 2004, dissolveu a Assem-bleia da Repblica e marcou eleies legislativas antecipadas para o dia 20 de Fevereiro de 2005, determinando dessa forma a demisso do Governo, o qual passou a executar apenas actos de gesto corrente da Administrao Pblica, at 12 de Maro de 2005.

    1.5.XVII GOVERNO CONSTITUCIONAL (2005 -2009)

    O XVII Governo Constitucional iniciou o seu mandato a 12 de Maro de 2005, na se-quncia de eleies legislativas. Na sua tomada de posse, o Ministro de Estado e dos Negcios Estrangeiros afirmou que:

    Por fora da nossa situao geogrfica, da nossa histria poltica e dos superiores interesses estratgicos nacionais, h muito que se encontram niti-damente traados os trs pilares bsicos da aco diplomtica do Estado Por-tugus: a integrao europeia de Portugal, a aliana atlntica e a valorizao da lusofonia. [... Quanto a este ltimo] entende o Governo que indispensvel, e urgente, valorizar e reforar o papel da CPLP na sua tripla vertente de expres-so influente de um conjunto de cerca de 200 milhes de pessoas que prosse-guem objectivos pacficos comuns, de instrumento privilegiado de preservao e projeco universal da lngua portuguesa, e de frum adequado de intercm-bio e coordenao articulada nos planos diplomtico, cultural e econmico. Alm disso, o Governo prope -se rever, sistematizar e dinamizar, em toda a me-dida das suas potencialidades presentes e futuras, a cooperao bilateral en-tre o nosso pas e cada um dos PALOP, assim como com Timor -Leste.

    Em breve comearemos a rever, modernizar e diversificar a nossa poltica de cooperao, que, de uma forma pr -activa, obedecer aos princpios da

    8Programa do XVI Governo Constitucional.

  • 46cooperao portUgUesa: Uma leitUra dos ltimos QUiNZe aNos de cooperao para o deseNvolvimeNto

    coordenao interministerial efectiva, do planeamento plurianual dos investi-mentos pblicos, e do fomento de parcerias pblico -privadas, tanto bilaterais como multilaterais, capaze