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orpheu
Orpheu N 1
Lus de Montalvor, Mrio de S-Carneiro, Ronald de Carvalho, Fernando Pessoa
e Jos de Almada Negreiros
http://groups.google.com/group/digitalsource
Ttulo: Orpheu N 1
Revista Trimestral de Literatura
Autores: Lus de Montalvor
Mrio de S-Carneiro
Ronald de Carvalho
Fernando Antnio Nogueira Pessoa
Jos Sobral de Almada Negreiros
PORTUGAL E BRAZIL
Propriedade de: ORPHEU, L.da
Editor: ANTONIO FERRO
ANO I -1915
N. 1 Janeiro-Fevereiro-Maro
SUMRIO
LUIZ DE MONTALVR Introduo
MARIO DE S-CARNEIRO Para os Indcios de Oiro (poemas)
RONALD DE CARVALHO Poemas
FERNANDO PESSOA O Marinheiro (drama esttico)
ALFREDO PEDRO GUISADO Treze sonetos
JOS DE ALMADA-NEGREIROS Frizos (prosas)
CRTES-RODRIGUES Poemas
LVARO DE CAMPOS Opirio e Ode Triunfal
Capa desenhada por Jos Pacheco
Oficinas: Tipografia do Comrcio - 10, Rua da Oliveira, ao Carmo
LISBOA
CONDIES
Toda a correspondncia deve ser dirigida aos Directores.
Convidamos todos os Artistas cuja simpatia esteja com a ndole desta Revista a enviarem-nos
colaborao. No caso de no ser inserta devolveremos os originais.
So nossos depositrios em Portugal os srs. Monteiro & C.a,
Livraria Brazileira - 190 e 192, Rua urea, Lisboa.
Orpheu publicar um numero incerto de paginas, nunca inferior a 72, ao preo invarivel de
30 centavos o numero avulso, em Portugal, e 1$500 ris fracos no Brazil.
ASSINATURAS
(AO ANO - SRIE DE 4 NUMEROS)
Portugal, Espanha e Colnias portuguesas 1 escudo
Brazil 5$000 ris (moeda fraca)
Unio Postal 6 francos
Livraria Brazileira de MONTEIRO & C.a - Editores
190 e 192, RUA AUREA - LISBOA
venda no fim de abril:
CU EM FOGO
NOVELAS POR
MARIO DE S-CARNEIRO
A GRANDE SOMBRA - MISTRIO
O HOMEM DOS SONHOS - ASAS - EU-PRPRIO O OUTRO
A ESTRANHA MORTE DO PROF. ANTENA
O FIXADOR DE INSTANTES - RESURREIO
1 VOLUME DE 350 PGINAS
CAPA DESENHADA POR
JOS PACHECO
Preo 70 centavos
Obras dos colaboradores deste numero
LUIZ DE MONTALVR
A Caminho, uma plaquette de versos
Edio da Livraria Brazileira
Preo: 20 centavos
MRIO DE S-CARNEIRO
Amizade, pea em 3 actos (com colaborao de Toms Cabreira Jnior)
Edio da Livraria Bordalo
Preo: 30 centavos
Principio, novelas
Edio da Livraria Ferreira
Preo: 70 centavos
Disperso, 12 poesias
Edio do autor
Esgotada
A Confisso de Lcio, narrativa
Edio do autor
Preo: 60 centavos
RONALD DE CARVALHO
Luz Gloriosa, poemas
Paris 1913. Edio do autor
FERNANDO PESSOA
As sete salas do palcio abandonado, poemas
Em preparao
ALFREDO PEDRO GUISADO
Rimas da Noite e da Tristeza, versos
Edio da Livraria Clssica Editora
Preo: 40 centavos
Distncia, poemas
Edio da Livraria Ferreira
Preo: 30 centavos
JOS DE ALMADA-NEGREIROS
Frizos, prosas ilustradas pelo autor
A sair este ano
LVARO DE CAMPOS
Arco do Triunfo
Em preparao
Qualquer destas obras pode ser requisitada directamente ao administrador
de ORPHEU - Alfredo Pedro Guisado: 112, Rocio, Lisboa.
No nosso segundo nmero (a sair em junho) contamos publicar, entre outras obras, as
seguintes: Poemas de Fernando Pessoa, Mundo Interior, novela de Mrio de S-Carneiro e
Narcisso, poema de Luiz de Montalvr.
A fotogravura da capa foi executada nos ateliers da ILUSTRADORA
ORPHEU VOLUME I - 1915
INTRODUO
O que propriamente revista em sua essncia de vida e quotidiano, deixa-o de ser
ORPHEU, para melhor se engalanar do seu ttulo e propor-se.
E propondo-se, vincula o direito de em primeiro lugar se desassemelhar de outros
meios, maneiras de formas de realizar arte, tendo por notvel nosso volume de Beleza no
ser incaracterstico ou fragmentado, como literrias que so essas duas formas de fazer
revista ou jornal.
Puras e raras suas intenes como seu destino de Beleza o do: - Exlio!
Bem propriamente, ORPHEU, um exlio de temperamentos de arte que a
querem como a um segredo ou tormento...
Nossa pretenso formar, em grupo ou ideia, um numero escolhido de revelaes
em pensamento ou arte, que sobre este principio aristocrtico tenham em ORPHEU o
seu ideal esotrico e bem nosso de nos sentirmos e conhecermo-nos.
A fotografia de gerao, raa ou meio, com o seu mundo imediato de exibio a que
frequentemente se chama literatura e sumo do que para a se intitula revista, com a
variedade a inferiorizar pela igualdade de assumptos (artigo, seco ou momentos) qualquer
tentativa de arte - deixa de existir no texto preocupado de ORPHEU.
Isto explica nossa ansiedade e nossa essncia!
Esta linha de que se quer acercar em Beleza, ORPHEU, necessita de vida e
palpitao, e no justo que se esterilize individual e isoladamente cada um que a sonhar
nestas cousas de pensamento, lhes der orgulho, temperamento e esplendor - mas pelo
contrario se unam em seleco e a dem aos outros que, da mesma espcie, como raros e
interiores que so, esperam ansiosos e sonham nalguma cousa que lhes falta, - do que
resulta uma procura esttica de permutas: os que nos procuram e os que ns esperamos...
Bem representativos da sua estrutura, os que a formam em ORPHEU,
concorrero a dentro do mesmo nvel de competncias para o mesmo ritmo, em elevao,
unidade e discrio, de onde depender a harmonia esttica que ser o tipo da sua
especialidade.
E assim, esperanados seremos em ir a direito de alguns desejos de bom gosto e
refinados propsitos em arte que isoladamente vivem para a, certos que assinalamos como
os primeiros que somos em nosso meio, alguma cousa de louvvel e tentamos por esta
forma, j revelar um sinal de vida, esperando dos que formam o publico leitor de seleco,
os esforos do seu contentamento e carinho para com a realizao da obra literria de
ORPHEU.
LUIS DE MONTALVR.
PARA OS INDCIOS DE OIRO POEMAS DE MRIO DE S-CARNEIRO
TACITURNO
H ouro marchetado em mim, a pedras raras,
Ouro sinistro em sons de bronzes medievais -
Jia profunda a minha Alma a luzes caras,
Cibrio triangular de ritos infernais.
No meu mundo interior cerraram-se armaduras,
Capacetes de ferro esmagaram Princesas.
Toda uma estirpe real de heris doutras bravuras
Em mim se despojou dos seus brases e presas.
Herldicas-luar sobre mpetos de rubro,
Humilhaes a lis, desforos de brocado;
Baslicas de tdio, arneses de crispado,
Insgnias de Iluso, trofus de jaspe e Outubro...
A ponte levadia e baa de Eu-ter-sido
Enferrujou - embalde a tentaro descer...
Sobre fossos de Vago, ameias de inda-querer -
Manhs de armas ainda em arraiais de olvido...
Percorro-me em sales sem janelas nem portas,
Longas salas de trono a espessas densidades,
Onde os panos de Arrs so esgaradas saudades,
E os divs, em redor, nsias lassas, absortas...
H roxos fins de Imprio em meu renunciar -
Caprichos de cetim do meu desdm Astral...
Ha exquias de heris na minha dor feudal -
E os meus remorsos so terraos sobre o Mar...
Paris - Agosto de 1914
SALOM
Insnia roxa. A luz a virgular-se em medo,
Luz morta de luar, mais Alma do que a lua...
Ela dana, ela range. A carne, lcool de nua,
Alastra-se pra mim num espasmo de segredo...
Tudo capricho ao seu redor, em sombras ftuas...
O aroma endoideceu, upou-se em cor, quebrou...
Tenho frio... Alabastro!... A minhAlma parou...
E o seu corpo resvala a projectar esttuas...
Ela chama-me em Iris. Nimba-se a perder-me,
Golfa-me os seios nus, ecoa-me em quebranto...
Timbres, elmos, punhais... A doida quer morrer-me:
Mordoura-se a chorar - h sexos no seu pranto...
Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me
Na boca imperial que humanizou um Santo...
Lisboa 1913 - Novembro 3
CERTA VOZ NA NOITE, RUIVAMENTE...
Esquivo sortilgio o dessa voz, opiada
Em sons cor de amaranto, s noites de incerteza,
Que eu lembro no sei donde - a voz duma Princesa
Bailando meia nua entre clares de espada.
Leonina, ela arremessa a carne arroxeada;
E bbada de Si, arfante de Beleza,
Acera os seios nus, descobre o sexo... Reza
O espasmo que a estrebucha em Alma copulada...
Entanto nunca a vi, mesmo em viso. Somente
A sua voz a fulcra ao meu lembrar-me. Assim
No lhe desejo a carne - a carne inexistente...
s de voz-em-cio a bailadeira astral -
E nessa voz-Esttua, ah! nessa voz-total,
que eu sonho esvair-me em vcios de marfim...
Lisboa 1914 - Janeiro 31
NOSSA SENHORA DE PARIS
Listas de som avanam para mim a fustigar-me
Em luz.
Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?...
Os braos duma cruz
Anseiam-se-me, e eu fujo tambm ao luar...
Um cheiro a maresia
Vem-me refrescar,
Longnqua melodia
Toda saudosa a Mar...
Mirtos e tamarindos
Odoram a lonjura;
Resvalam sonhos lindos...
Mas o Oiro no perdura,
E a noite cresce agora a desabar catedrais...
Fico sepulto sob crios -
Escureo-me em delrios,
Mas ressurj