18

CORES DE OUTONO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O inesperado, o impossível, o destino… Quem ama escolhe seus caminhos, vence o medo, ultrapassa a razão, duela com a dúvida entre o certo e o fácil para seguir seu coração. Melissa encontrou em um olhar as revelações de toda uma vida e longe da lógica escolheu o caminho confuso, mas surpreendente do amor. Ela chegou à pequena cidade da montanha com a responsabilidade de cuidar de Alice, sua irmã caçula, esperando uma vida simples. Mas se viu envolvida por Vincent, um estranho arrogante, dono de irresistíveis olhos turquesa que vai levá-la através da sombra e da luz para revelar surpresas inimagináveis de um Mundo Mágico perigoso e fascinante. A cada encontro este homem misterioso amedronta e encanta; desperta sentimentos e a faz duvidar de sua coragem. Mas, antes que Melissa seja arrebatada por esse amor, ela precisa enfrentar elfos, magos e intrigas em um mundo inóspito que testará seu coração. Cores, de outono é o primeiro volume de uma saga mágica que vai instigar emoções e paix

Citation preview

Page 1: CORES DE OUTONO
Page 2: CORES DE OUTONO

CORES de outono

Cores_de_Outono16x23.indd 1 13/11/12 11:22

Page 3: CORES DE OUTONO

Cores_de_Outono16x23.indd 2 13/11/12 11:22

Page 4: CORES DE OUTONO

S ã o P a u l o 2012

COLEÇÃO NOVOS TaLENTOS Da LITERaTURa BRaSILEIRa

Keila Gon

CORES de outono

Cores_de_Outono16x23.indd 3 13/11/12 11:22

Page 5: CORES DE OUTONO

Copyright © 2012 by Keila Gon

Texto de acordo com as normas do Novo acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo n.º 54, de 1995)

Coordenação Editorial

Diagramação

Capa

preparação de texto

Revisão

Letícia Teófilo

Claudio Tito Braghini Junior

Carlos Eduardo Gomes

Alessandra Angelo

Daniela Nogueira / Boulevard

2012IMPRESSO NO BRaSILPRINTED IN BRaZIL

DIREITOS CEDIDOS PaRa ESTa EDIÇÃO ÀNOVO SÉCULO EDITORa LTDa.

CEa – Centro Empresarial araguaia IIalameda araguaia, 2190 – 11º andar

Bloco a – Conjunto 1111CEP 06455-000 – alphaville Industrial– SPTel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 2321-5099

[email protected]

Gon, KeilaCores de outono / Keila Gon. -- Barueri, SP : Novo Século Editora, 2012. -- (Coleção novos talentos da literatura brasileira)

1. Ficção brasileira I. Título. II. Série.

12-13109 CDD-869.93

1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

Cores_de_Outono16x23.indd 4 13/11/12 11:22

Page 6: CORES DE OUTONO

Para Sophia, que me ensina diariamente a verdadeira sabedoria.

Cores_de_Outono16x23.indd 5 13/11/12 11:22

Page 7: CORES DE OUTONO

Cores_de_Outono16x23.indd 6 13/11/12 11:22

Page 8: CORES DE OUTONO

Nem suspeitavas então que, entre todos aqueles vultos

indiferentes, havia um olhar que te seguia sempre e um coração que adivinhava

os teus pensamentos, que se expandia quando te via

sorrir e contraía-se quando uma sombra de melancolia anuviava o teu semblante.

Se pronunciavam o teu nome diante de mim,

corava e na minha perturbação julgava que

tinham lido esse nome nos meus olhos ou dentro de

minh’alma, onde eu bem sabia que ele estava escrito.E, entretanto, nem sequer ainda me tinhas visto; se

teus olhos haviam passado alguma vez por mim,

tinha sido em um desses momentos em que a luz se

volta para o íntimo, e se olha mas não se vê.

Consolava-me, porém, que algum dia o acaso nos

reuniria, e então não sei o que me dizia que era

impossível não me amares.

José de Alencar, Cinco Minutos, 1856.

Cores_de_Outono16x23.indd 7 13/11/12 11:22

Page 9: CORES DE OUTONO

Cores_de_Outono16x23.indd 8 13/11/12 11:22

Page 10: CORES DE OUTONO

Sumário

Prólogo .......................................................................... 11

Recomeço .................................................................... 13

Casa amarela ................................................................ 18

Conexões .....................................................................30

Olhar ............................................................................43

Vincent ....................................................................... 54

Mirante ........................................................................ 71

Insanidade ...................................................................83

Fenômenos ................................................................. 98

Complicado ............................................................... 107

Convite ........................................................................ 115

Preparativos ................................................................125

Visitas ........................................................................ 149

Cores_de_Outono16x23.indd 9 13/11/12 11:22

Page 11: CORES DE OUTONO

O jantar ...................................................................... 159

Cavalheiro carrancudo .............................................. 178

O passeio ................................................................... 189

Palacete ...................................................................... 212

Bistrô ..........................................................................235

Revelações .................................................................285

Novas verdades ..........................................................302

Responsabilidades ....................................................338

Terra das Sombras .....................................................363

Certezas .....................................................................379

Esclarecimentos ........................................................397

Epílogo ...................................................................... 407

Agradecimentos .......................................................419

Um pouco de SOMBRAS da primavera a sequência de CORES de outono .............................423

Cores_de_Outono16x23.indd 10 13/11/12 11:22

Page 12: CORES DE OUTONO

11

Prólogo

Entrei em meu quarto, atordoada. O dia, e boa parte da noite, foram repletos de acontecimentos inacreditáveis e antes que duvidasse da minha sani-dade, mais uma vez, precisava deixar uma prova de que tudo isso realmente aconteceu. Estiquei-me para pegar o livro de minha mãe e com as mãos trêmu-las puxei a fita verde. Procurei por uma página em branco e as palavras apressa-das pularam da caneta para o papel...

“Sentia-me adormecida, como uma árvore no outono, quando o destino mostrou novas cores, novas possibilidades. Ele colocou em

meu caminho um cavalheiro sombrio, um amor improvável. E entrei em seu mundo inimaginável, desafiador, imprevisível... mágico! Com todas as definições reais e irreais da palavra. E agora tenho novos medos, muito mais perigosos. Preciso proteger as pessoas que amo,

enfrentar sombras, magos, elfos... mas também aprender a confiar e não desistir. Pareço louca ao admitir que tudo isso seja real, mas o

calor que aquece meu peito só cresce, mostrando que estou mais louca ou mais apaixonada do que jamais imaginei um dia.”

Cores_de_Outono16x23.indd 11 13/11/12 11:22

Page 13: CORES DE OUTONO

12

Peguei a embalagem de papel vermelho – ela também era uma prova do que vivi hoje – e a coloquei entre as folhas do livro marcando minha primeira página escrita. Larguei o livro de capa dura na escrivaninha e caí de costas na cama.

Cansada demais para pensar e ansiosa demais para que o dia de amanhã chegasse logo.

Cores_de_Outono16x23.indd 12 13/11/12 11:22

Page 14: CORES DE OUTONO

13

Recomeço

Estava concentrada na estrada, tentando sentir o carro como uma conti-nuação de meus braços. Pisquei algumas vezes para focar meus olhos, mas eles logo se perderam na paisagem... nos bosques da minha infância. Eles guarda-vam minhas preciosas memórias. Minha visão foi interrompida por uma cor-tina de água, então agarrei o volante até o caminhão terminar a ultrapassagem.

Balancei a cabeça, indignada:− Acorda, Melissa! − ralhei comigo mesma em um murmúrio inconfor-

mado. Não era uma boa ideia me abstrair da realidade, não agora.Chequei minha irmã caçula pelo espelho retrovisor e Alice ainda dormia

toda torta no banco de trás, em meio a caixas e pacotes. Era um alívio vê-la relaxada com a irmã ao volante a ponto de dormir.

Alice confiava em mim e isso deveria me acalmar, deveria. Mas minha nova responsabilidade era analisar os riscos e precisava admitir, dirigir nunca foi uma das minhas melhores habilidades. Controlar um chassi quebrável em alta velocidade no meio de caminhões gigantescos era assustador. E, para pio-rar, com minha irmã de cinco anos dentro. Que eu deveria proteger! Isso era suficiente para me deixar tensa e com as mãos suando. Respirei fundo, precisava encontrar minha concentração.

Estávamos na estrada há pouco mais de duas horas e os nós em minha coluna se apertavam com a rigidez. Angelina − minha mãe − dizia que essa

Cores_de_Outono16x23.indd 13 13/11/12 11:22

Page 15: CORES DE OUTONO

14

aversão ao volante expressava meu medo de governar a vida. É claro que nunca concordei com ela, mas agora encontrei a verdade em suas palavras. Pensei muito nela nos últimos dias, em seus conselhos, desejando apenas mais algumas palavras... Mais alguns minutos... Eu tinha tantas dúvidas. O que fazer com Alice? Como lidar com as mudanças em nossas vidas? O que fazer da minha vida? Como não enlouquecer?

Três meses haviam passado desde o acidente, mas eu ainda lutava para sair da minha inércia. Houve dias em que me surpreendi por esperar que ela vol-tasse para casa no fim do dia, contando as novidades sobre a nova encomenda de livros da loja... ou discutindo o cardápio do jantar com Oliver, seu marido. E por mais difícil que fosse encarar a verdade, isso era passado, Angelina e Oliver não voltariam mais. Eu e Alice perdemos tudo. E no fundo sabia que minha irmã perdeu mais do que eu. Alice tinha um lar, um pai, uma mãe, uma família desde que nasceu e agora tinha que confiar a própria vida a uma meia-irmã atrapalhada e medrosa. Nosso futuro eram tópicos esboçados em uma folha de papel e literalmente fiz isso. Estava determinada a me concentrar em nossa nova vida, mas não sabia o que esperar desse futuro.

Minha antiga vida era fácil, simples. Com 20 anos estava na faculdade e dividia meu tempo livre entre a loja de livros usados da minha mãe e os cuidados com minha irmã caçula. Depois de muito tempo tinha tudo o que sempre desejei: uma família inteira e comum. Minha vida cotidiana era vaga-rosa, segura e... perfeita. Mas nessa nova realidade calamitosa o tempo passava rápido, entorpecido, e levou com ele mais um aniversário que passou desperce-bido. Agora tinha 21 anos, a maioridade. O que para muitos significa liberdade de atos e decisões, para mim significa sérias responsabilidades e compromisso.

Nos últimos meses busquei por uma coragem inexistente e tentei espan-tar o medo, mas ele era como o vento que procurava frestas para entrar... sorra-teiro, imperceptível. E quando eu menos esperava, estava tremendo.

Nesses momentos desejava ter herdado a coragem de minha mãe; Angelina assumiu suas responsabilidades muito cedo, tinha 19 anos quando se apaixonou por meu pai e isso resume tudo o que sei sobre esse romance que me trouxe ao mundo. Ela não se acomodou quando ele desapareceu, pelo con-trário, foi destemida e aceitou seu destino tortuoso buscando nossa felicidade em um futuro planejado. Ao contrário dela, nunca pensei sobre o que fazer

Cores_de_Outono16x23.indd 14 13/11/12 11:22

Page 16: CORES DE OUTONO

15

com meu futuro ou quais seriam minhas responsabilidades. Sempre imaginei que no momento certo o destino caminharia para mim, mas nunca imaginei algo assim.

Expirei o ar com força para que ele levasse o frio polar de meu peito, mas meu coração gelado reivindicou parte dessa dor, ela era minha consciência e não me deixaria falhar.

Foquei meus olhos na estrada sinuosa e uma gigantesca placa informou que nosso futuro estava a apenas alguns quilômetros. Era bom voltar. Campo Alto ainda era o lar do meu avô materno, meu antigo lar. Esbocei um sorriso e isso era novidade nos últimos meses. Campo Alto sempre foi meu lar. Gostava de São Paulo, mas parecia um alienígena expatriado para aquele lugar e agora precisava sentir a segurança da pacífica cidade de montanha. Ao lado do que restava de nossa família.

Minha única conversa com meu avô foi decisiva, ele protestou apenas quando comuniquei que iria largar a faculdade e sua preocupação paterna até me comoveu. O senhor George Wels, que carinhosamente chamo de Opa − avô em alemão − é um descendente de austríacos com um duvidoso senso de humor, mas muito correto. Tem uma visão simplificada da vida e esconde um coração sentimental. Ele ainda mora em nossa antiga casa e possui a mesma vida simples da minha infância, que resume suas duas paixões, seu kit de pesca e a revendedora de madeira − que nunca vai deixá-lo rico, mas está na família Wels há gerações. George ficou animado com nossa mudança e isso me deixa culpada. Ele ficou muito sozinho desde a morte de minha avó e a perda de minha mãe, sua única filha; foi um golpe e tanto para seu coração. Nos últimos meses ele passou por várias fases, de arrasado para transtornado, de abalado para “quase” conformado e sabia que ele se esforçaria para mascarar a própria dor por nossa felicidade.

Funguei distraída e avistei a cratera no asfalto quando era tarde demais. As rodas do sedã acertaram o alvo sem piedade, o carro sacolejou descontrolado e os pacotes orbitaram por um breve segundo ao meu lado. A buzina nervosa do carro que ultrapassava quase me levou a óbito e buscando algum reflexo alinhei o sedã com a pista. Nesses momentos de notável inaptidão era reconfortante saber que iria viver com alguém naturalmente otimista como George. Ele con-fiava em mim e discordando da maioria, inclusive de mim mesma, afirmava

Cores_de_Outono16x23.indd 15 13/11/12 11:22

Page 17: CORES DE OUTONO

16

convicto que minha incompetência ao volante era falta de prática mesmo. Meu atencioso Opa fez o esforço de comprar um carro quando entrei na faculdade e adorei o presente, mas mantinha o velho sedã mais por estima a meu avô do que pelo prazer de dirigir. Eu me afeiçoei a banheira ambulante pelo que ela representava e nesse momento meus maiores tesouros eram as lembranças da minha família.

Atravessei o portal da cidade esperançosa, minha tensa viagem estava no fim. Era hora do almoço e as ruas da cidade estavam vazias para uma segunda--feira... mas isso era de se esperar. Estávamos em abril, era outono e a cidade com seu clima de montanha só receberia turistas no começo de junho. Entrei no bairro lamacento da minha infância e não deveria estar surpresa por ele continuar lamacento, ruas asfaltadas continuavam sendo um luxo nessa cidade. Suspirei desanimada, minha convivência com a lama nunca foi amistosa e com algum esforço bloqueei lembranças constrangedoras de risadas maldosas de um vizinho encrenqueiro. Estava mal-acostumada com o cimento em abundância que cobria São Paulo... ele ajudava, e muito, minha desastrosa mobilidade.

Admirei a majestosa montanha verde que se erguia acima de minha antiga casa. Aqueles bosques eram meu quintal, onde realizava as fantasias que ouvia dos livros de minha mãe... era bom recordar isso. Deslizando pelo rio de lama busquei outras recordações que aqueciam meu coração. Os cookies de baunilha de minha avó em dias cinzas de chuva... o suave aroma do bolo de cenoura com cobertura de chocolate em dias amarelos de sol. E finalmente os sanduíches de presunto que recheavam a cesta de piquenique que eu e meu avô desfrutávamos nas tardes de pescaria à beira do rio. Um sorriso se ampliou em meu rosto, a melancolia e a tristeza, tão comuns nos últimos meses, começaram a dar espaço a um misto de ansiedade e satisfação por poder proporcionar as mesmas experiências a Alice.

Dei mais uma espiada no espelho retrovisor procurando por minha irmã no banco de trás e uma imagem me chocou. Pela primeira vez reparei na estra-nha assustadora que aparecia no reflexo. Eu não era vaidosa e sempre aceitei minha aparência com conformidade... mas isso era demais! Olheiras mascara-vam meus olhos amendoados, meu cabelo castanho avermelhado, antes liso, estava todo ouriçado e se emaranhava em grandes nós abaixo dos ombros. Meus lábios grossos estavam secos, rachados... eu parecia um zumbi. E com tristeza

Cores_de_Outono16x23.indd 16 13/11/12 11:22

Page 18: CORES DE OUTONO

17

percebi que agi como um nos últimos meses. Tentei alcançar meu lip balm de cereja na bolsa, mas desisti quando o carro escorregou na lama. Voltei as duas mãos ao volante e treinei um sorriso no espelho, ele pareceu sinistro e desisti. Não era minha intenção assustar meu avô, mas George teria que se acostumar com a chegada do zumbi-alienígena.

Soltei o ar, derrotada. Por quanto tempo ainda me sentiria assim? Uma estranha perdida em minha própria vida. Por quanto tempo o frio polar ocupa-ria meu peito? Quando as rachaduras do meu coração iriam parar de doer? Não tinha estas respostas... e me assustava por não tê-las.

Cores_de_Outono16x23.indd 17 13/11/12 11:22