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Intervenção realizada na Vl. Gilda - Santos/SP Textos: Flávio Viegas Ângela Castelo Branco
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CORES NO DIQUE
MAURÍCIO ADINOLFICatalogo CORES NO DIQUE.indd 1 18.05.09 14:21:52
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“Estar mareado em terra firme. Receávamos aconte-
cesse. Talvez por isso tenhamos hesitado tanto em
pensar o outro. Agora, porém, somos chamados a
responder. Para o outro. Sobre o outro.Pelo outro.
Mas, está claro o bastante quem é o outro de quem
falo? Qual o seu rosto? Qual a sua linguagem? E
quem pode me questionar?
Da sombra que guardara toda pergunta,uma figura
de traços familiares vai tomando forma. Parece
ser meu semelhante: a abundância de vida íntima,
intensas estações do espírito, propensão à violenta
paz dos ventos, desvelo pela nulidade das coisas
do mundo. No entanto, não sou eu. Como poderia
ser eu, sem ser meu? E como posso dizer dele, sem
deixar-me dizer por ele? Vem de longe. Sim, mas...
longe de onde? Estrangeiro diante de estrangeiro.
Irredutivelmente separados e inseparavelmente
unidos”.
Mauro Maldonato. Raízes Errantes.
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Náutico
Visualidade distendida: gente habitando azul e vermelho
as cores são estatuto do encantamento: veredas imagéticas Nada se fixa / sobrevivência do impossível onde nada é prosaico nesse cadinho onírico tudo é ascenso epifânico, o sublime moldado pelo compósito terreno
Cores primevas descida plástica ao paraíso inquietante do experimento a ferveção desordeira do espaço pulsão dilatada / múltipla / o sol reaberto em clareiraNessa borda sem porto a fugacidade faz a realidade algo palpável cada matiz é um sorriso orgíacodistensão das esperas. Epopéia lírica
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janelas sem amuradas braços forjando identidades o indiviso marinho na felicidade do absurdo respingado Cores conviventesmadeirame rangente / onde o céu cobre-se de escamas
Quanto mais miro menos turvo
o habitat não refrata nada repele / todo-tudo alonga-se em eco moinhos auto-realizantescores fazem-se poemas / êxtase agitando-se sem termo ou medidaapoteose submersa: intangível quadrilátero/ até onde vista alcança nada que fascina é passível de enquadroobra aberta: tudo intuído,As cores projetam tudo-todo que um tom alumia: não é projeto é retenção mutante dos caminhos Desprovido de paternalismo co-move mutirão ´soma´ de ilhas, as cores lançam pontes agregando o arquipélago-ocre num continente-cores Só um senso o profano artisticamente sacralizado: Arte sem evasão / cores alinhavando um compromisso de rompimento / protesto sábio / vívido alumbramento. Sabotagem de arquétipos descontrução do tédio erotização do espaço inspiração seminal do ´locus-topus´ Arte é dique sem barreiras: pólen náutico. No princípio era o verbo fazendo Arte. nada assenta ou repousa as cores acompanham o ´estar-aí´ mutante: o dique pinta-se feito metalinguagem onde a existência faz-se morada.o mundo aqui é onde cor vai adentrando seu enredo.
Flávio Viegas Amoreira | escritor
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O “Cores no Dique” nasceu de uma pesquisa
sobre as novas possibilidades da pintura na
arte contemporânea, propondo um intercâm-
bio entre o Ponto de Cultura Arte no Dique
localizado na comunidade do Dique, no bairro
Vila Gilda, Santos-SP-Brasil, e o artista plásti-
co Maurício Adinolfi, que, por meio de residên-
cia artística, promoveu uma intervenção nas
casas do local.
O projeto - fruto do prêmio Interações Es-
téticas patrocinado pela Funarte - foi iniciado
contatando as lideranças comunitárias, for-
mando reuniões entre a população e poste-
riormente realizando encontros de formação,
discussão com o moradores e escolha das ca-
sas que seriam trabalhadas. Após esses en-
contros, iniciou-se o trabalho de impermeabi-
lização e pintura dos madeirites, mutirões
comunitários para a composição das pinturas
e substituição destes.
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sim. há uma festa por aquie ela me olha
entoando o canto do encontrotento seguir seu zumbido
- este corpo sendo- o possível desenhando-se- o encontro com a forma “outro”
e seiestou por aquidesde o dia que nasci
pois, de um gesto em seu volumenasce o mundo inteiro
Ângela Castelo Branco | Escritora
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Marezzo
Deságuas, e galeia agora o barcoe o cristal das águas se esmerilha.Saímos de uma gruta para o largocor laranja e um zéfiro o desalinha....
Fora está o sol: flamantena sua ronda pára.O céu cavo ilumina-se estuante;vidro que não estala.
Um pescador dentro de uma canoaarremessa uma linha na corrente.Vê que o mundo do fundo se afeiçoacomo se deformado de uma lente....
Enxames e revoadas nos envolvem,o ar é uma asa macia.Cessaram: turva a luz em demasia.As idéias mais a sós se consomem....
Tudo logo será mais rude no marque florescerá com tons mais sombrios.Entretanto está assim, sob o dilúviodo sol por terminar.
Uma ondulação subverteformas limites já agora abstratos:toda força decidida divergedo curso. A vida vai crescendo aos saltos.
Eugenio Montale. Ossos de sépia
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MaUrÍCIo aDINoLFI
Nasceu em 1978 entre Santos e São Paulo/SPVive e trabalha em São Paulo/SP
FORMAÇÃO2008 História da Arte com Rodrigo Naves.2007 Monotipia com Dudi Maia Rosa.2006 Escola de Nova York: Formação e Desdobramentos com Rodrigo Andrade. A idéia e as idéias da Arte Contemporânea com Teixeira Coelho.2005 História da Arte Moderna com Agnaldo Farias. 2003/5 Filosofia da Arte com Rubens Espírito Santo.1997/02 Filosofia pela FFC/UNESP, Marília/SP.1995/6 Desenho, FADE – Escola de Arte, Santos/SP.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS2008 Matilha – aamam (associação dos amigos do Museu de Arte Moderna), São Paulo/SP. Instalação Pictórica - Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP.2007 Fogo Fátuo – Ateliê 397, São Paulo/SP.2006 Pinturas – Fundação Cultural Alice Seiler, Blumenau/SC.2006 Galeria Favo, São Paulo/SP.2002 “Urubu-Rei” - Galeria da UNESP, Marília/SP.2001 “Anatomia do Instante” - Oficina Cultural do Estado, Bauru/SP.2000 “Revelações” - Biblioteca Municipal de Santos, Santos/SP.
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EXPOSIÇÕES COLETIVAS2008 15° Salão da Bahia, Salvador/BA. 12° Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo/SP. 36° Salão de Arte Contemporânea Luis Sacilotto, Santo André/SP. 14° Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Belém /PA.2007 “Cidade Corpo Radial” – Galeria da Consolação, São Paulo/SP Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP.2005 37º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Piracicaba/SP. (Menção Especial) A Pintura – Atelier do Centro, São Paulo/SP. Grupo de Terça e Jac Leirner - Fundação Cultural de Blumenau, Blumenau/SC.2004 I Salão Aberto Paralelo à BIENAL, São Paulo/SP.2003 Coletiva do Grupo de Terça, Ateliê Espaço Coringa, São Paulo/SP.2002 Mapa Cultural Paulista (finalista), São Paulo/SP.2001 V Salão de Artes Plásticas, Assis/SP (Premio Aquisição).2000 Galeria de Arte do CCBEU, Marília/SP.
BOLSAS e PROJETOS2008/9 Projeto Colagem Expandida COPAN - ProAc - Concurso de Apoio a Projetos de Artes Visuais; Secretaria da Cul tura do Estado/SP. Projeto “Cores no Dique” – Prêmio Interações Estéticas, Residências Artísticas em Pontos de Cultura. Funarte – Ministério da Cultura.2007 Bolsa-Residência, Projeto Atelier Amarelo. Secretaria da Cultura do Estado/SP. 2001 Bolsista PROEX. Projeto: “O ser e a expressão Artística”.2000 Criação e Pintura do altar da Igreja “Santa Rita de Cássia”, Marília/SP.1999 Criação de painéis-murais integrando o “Projeto Volpi”, Secre taria Municipal da Cultura. Marília/SP.
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CATÁLOGOS2008 15°Salão da Bahia. 12° Salão Paulista de Arte Contemporânea. Espaços FUNARTE Artes Visuais, São Paulo/SP. Exposição “Matilha”.2005 37° Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Fundação Cultural de Blumenau.2004 I Salão Aberto Paralelo a Bienal.2003 Mapa Cultural Paulista.2002 Urubu Rei, UNESP, Marília/SP.
PUBLICAÇÕES2001 Ilustrações, “Babel” Revista de poesia, tradução e crítica. nº 04 – Ano 2, Santos/SP - Florianópolis – Campinas/SP.1998/9 Ilustrações, Revista Poética “Mirante”. Santos/SP.
ATIVIDADES2008 Professor de filosofia no Colégio Conde Domingos. 2006/7 Professor Efetivo de Filosofia (Secretaria do Estado de São Paulo).2003/5 Professor de artes na FEBEM, São Paulo/SP.2000 Professor de desenho na Penitenciaria de Marília/SP.
Tel. (11) 3237 3878 | 7199 8368
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BibliografiaMALDONATO, Mauro. Raízes errantes. (tradução de Roberta Barni). São Paulo: Sesc/Editora 34, 2004.MONTALE, Eugenio. Ossos de sépia - 1920-1927. (tradução, prefácio e notas de Renato Xavier. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
ParceriaInstituto Arte no Dique
FotosMaurício Adinolfi, Nice Gonçalves e Nirley Sena
DiagramaçãoJoceley Vieira de Souza
AgradecimentosMinha família, comunidade da Vila Gilda, seu Manoel, Cleiton, dona Helena, Marruco, Nattália, Zé Virgílio, Maren-abe, Cohab Santista, Juliana-Funarte.
Dique da Vila Gilda | Jardim Rádio Clube | Zona Noroeste | Santos | São Paulo | Brasil 2008 - 2009
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“Esta atividade integra o Prêmio Interações Estéticas - Residências Artísticas em Pontos de Cultura”.
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