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Nº 5 - MARÇO 2014 (Des)mistificando a Praxe

Corino Mag, nº5, Março 2014

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Aqui está a Corino MAG do primeiro semestre do Ano Lectivo 2013/2014, da Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

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(Des)mistificandoa Praxe

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Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto

Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228 - Edifício A, Piso 4; 4050-313 PORTO

Tel. 220 995 326 - Tlm. 963 339 528 - [email protected] - www.aeicbasup.pt - Facebook/Aeicbasup

DIREÇÃODireção da Associação de Estudantes do ICBAS

EDIÇÃOJoana Marinho SilvaPedro Reis Pereira

COLABORADORES Alexandra Xavier de SousaAna Paula CruzAndré CorreiaCarlos Diogo PauloDaniela BarrosoDiogo Neves, LBQFilipe MartinsFrederico Rajão MartinsHenrique MoreiraInês ReiJoana SantosJoana SoaresJoão Rui SeixasLisa TeixeiraMadalena Cabral FerreiraMariana Pires Pereira, LBQMarisa CatitaMarta AzevedoPedro Correia de MirandaPedro Henrique AlmeidaPedro Ribeirinho SoaresRaquel BorgesTiago Pais

Concepção gráfica Clássica

Tiragem200 exemplares

Índice

Editorial 3«É a Hora!» 3

Destaque 5Alternativas à praxe 5

ForadePortas 8Experiência Erasmus no Estrangeiro 8Experiência Erasmus 9Receita Estrangeira 11Os Estudantes e a Crise 11Livros de Estudo Mais Acessíveis 13Os grandes mitos da velocipedia 14Os sítios que deves visitar antes de morrer na crise 15

InternoICBAS 17Revisão Curricular do MIM 17Artigo de Opinião – Pedro Correia de Miranda … 18Investigação Científica no ICBAS 19Sociedade de Debates da Universidade do Porto 20

DepartamentosdaDAEICBAS 21II AEICBAS Biomedical Congress 21Economia para Totós 22CMA Rumo a Sul 22Semana do Mar 23Expectativas do antes e depois em CMA 23CÃOMINHADA 24“Ser Mais Buddy” 25A 3° edição do Biomédicas Sem Fronteiras 25VO.U. – Associação de Voluntariado Universitário 27FAMVet 27

NEBQUP 28

Gruposdacasa 29CICBAS – ENCORE 29TFB – Um ano fora de série 29TAB 30NIGHT BEATS 31DARKSIDE 31CLUBE DE COMÉDIA DA U.P. 32O Manual da Felicidade 33AQUELA PÁGINA ALEATÓRIA 34

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EditorialCorino5ªedição–marçode2014

«É a Hora!»

A década de 60 do século XX marcou uma mudança profunda na forma de estar do movimento estudantil português, tendo sido a audácia daqueles colegas, que se uniam por ideias de liberdade e igualdade e que lutaram contra a opressão do regime, então vigente, que nos devolveram este nosso futuro.

A 17 de Abril de 1969, aquando da visita do Presi-dente da República Américo Thomaz à Universida-de de Coimbra para a inauguração do Edifício das Matemáticas, durante a cerimónia o Presidente da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins, pediu a palavra – sendo-lhe negada, e motivando protestos por parte dos estudantes presentes, le-vando à repressão violenta e detenção imediata de inúmeros por parte das forças policiais. Os colegas, solidários com aqueles que tinham sido feitos reféns do regime, continuaram a contestação, promoveram uma greve geral às aulas – que levou ao encerra-mento da Universidade de Coimbra - declararam o luto académico e souberam não calar perante o silêncio embrutecido.

Na sequência da crise estudantil então instalada, seguiu-se a demissão do então Ministro da Educação, a mudança do Reitor da Universidade de Coimbra e culminou no envio dos “estudantes mal comportados” para a guerra colonial – que acabou por custar a vida de tantos, tão jovens, por tão pouco. Mas foram alguns

daqueles estudantes que acabariam por acender o rastilho do movimento crescente de busca pelos direitos – inalienáveis – do Homem, recuperados em Abril de 1974, na vitória do povo sobre o fascismo. Mas vitória também dos estudantes, dos seus represen-tantes e de todo o movimento associativo estudantil que lhe soube dar voz, defender os seus interesses e lutar pelo que lhe é de direito – alheando a sua família, o seu amanhã (incerto) e a sua própria vida.

E hoje, o que pauta parte do Movimento Associativo Estudantil? O que separa as atividades praxísticas destas estruturas, gerando receitas exorbitantes e da qual somos, hoje, reféns? E das juventudes par-tidárias, que constituem acessos diretos à (única) política que se faz ouvir?

«Ninguém sabe que coisa quer. / Ninguém conhece que alma tem, / nem o que é mal nem o que é bem» 1

Que génio é este que tomou parte de algumas estruturas de representação estudantil? Que alma é esta que vive para uma democracia teatral, cravada de interesses pessoais que escravizam o debate? Mas por quem somos, afinal?

«Tudo é incerto e derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro» 1

Urge refletir sobre o atual paradigma de represen-tação do movimento associativo. Urge olhar com a hombridade devida para os seus valores fundadores, revivendo o que nos trouxe, aquilo que o é e não aquilo que somos.

Pois aquilo que somos perseguirá pelo nosso tem-po, mas as Associações, o Movimento Estudantil e, sobretudo, os Estudantes perdurarão, livres do turvar da memória!

1 Excertos do poema Nevoeiro de Fernando Pessoa, in A Mensagem, 1934.

Pedro Ribeirinho Soares Presidente da Direção

da AEICBAS

Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto

Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228 - Edifício A, Piso 4; 4050-313 PORTO

Tel. 220 995 326 - Tlm. 963 339 528 - [email protected] - www.aeicbasup.pt - Facebook/Aeicbasup

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Concepção gráfica Clássica

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Pedro Reis Pereira Editor da Corino

Tive o prazer de ficar encarregue de entrevistar a Professora Corália Vicente para o artigo dedica-do à Praxe, nesta edição da Corino. Na curtíssima conversa que tivemos, falamos sobre ser original, perseguir ideais, ter princípios e agir de acordo com aquilo que pensamos em vez de nos movimentarmos em grupo – que o indivíduo deve, antes de tudo, ser verdadeiro e simples perante si mesmo. Estas bases podem extrapolar -se para outras dimensões a nível profissional e pessoal.

Concordo que isto pareçam temas batidos – con-cordo, mas acho que ainda assim às vezes nos deixa-mos levar pelo comodismo, pelo hábito e pelo dado adquirido. Nessa onda, esta edição da revista da Associação de Estudantes brada por movimentos desensimesmados, capacidade de olhar por outros prismas e dá a possibilidade de conhecer pessoas com pontos de vista diferentes dos nossos, alter-nativos – oportunidades que jazem em artigos como

aquele escrito pelo André Correia sobre a Utilização Urbana da Bicicleta ou como o artigo sobre as ati-vidades da praxe.

Interiorizar o ponto de vista do outro com abertura não é um exercício meramente teórico, distante do plano prático: a sua utilidade vê -se, por exemplo, quando queremos fazer uma reforma curricular de um curso, como as que decorrem neste momento em Medicina e Medicina Veterinária, no ICBAS. Discutir exige que saiamos de nós mesmos e nos observemos de fora, como espectadores, inseridos num todo – exi-ge que nos despojemos do que pensamos à primeira e pré -concebemos sozinhos, que escutemos (não que ouçamos – que escutemos!) conceções distintas. Nas reuniões para discutir a Reforma Curricular do Curso de Medicina a que assisti, sou da opinião que nem todos os professores conseguiram fazer este exercício – disse -se, a dada altura da reunião, que cada um estava ali “a defender o seu quintal”.

A mensagem essencial a passar nesta pequena nota editorial – julgo, em plena consonância com os temas essenciais abordados nesta edição da revista – é que, para o que vale a pena, nunca é demasiado tarde nem demasiado cedo para mudar. Os limites cronológicos são ilusórios, auto -impostos. Num registo mais heróico, dir -se -à que só é preciso ter coragem.

Termino com um agradecimento ao grupo de co-laboradores da revista, estudantes que continuam a praticar aquela máxima do Professor Abel Salazar que ainda está por gravar no Complexo ICBAS -FFUP...

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Alternativas à praxe

A praxe é um rito académico de integração ao novo aluno

(caloiro) que existe um pouco por todo o País. No entanto,

atualmente, só há receções alternativas em poucas faculda-

des e são menos ainda as em que não há praxe. Neste artigo,

abordar -se -á a realidade de três outras faculdades - ISCTE

(Lisboa), FBAUP, FLUP – e posteriormete a da nossa. Apenas

na FBAUP não há praxe, pelo que os poucos estudantes que

desejam passar por esta tradição se juntam habitualmente

aos da FAUP. Em todas há uma clara associação entre o

trabalho das Associações de Estudantes e o desenvolvi-

mento de receções alternativas aos novos alunos. A Corino

entrevistou estudantes daquelas instituições: João Mineiro,

do ISCTE; Marta Calejo, da FBAUP e Luís Monteiro, da FLUP.

Questionados sobre o por quê de fazer estas atividades de

receção, referiram a vontade de integrar todos os estudantes,

incluindo os que não se reveem na praxe, existindo assim uma

alternativa real. João Mineiro aponta três grandes motivos:

a representação de todos os estudantes pela AE, devendo

esta ter “uma iniciativa de integração de todos os estudantes

e não apenas de parte dos mesmos”; as divisões existentes

logo no início entre quem quer ir à praxe e quem não quer e

o facto de considerar que “a praxe se estrutura através de

regras, códigos e práticas autoritárias e militarizadas que

não podem ser a única forma de integração no espaço da

Universidade”. Marta Calejo refere ainda “a obediência acrítica

e o caráter gerontocrático (ou seja, o mais velho manda e os

mais novos obedecem)” e que os estudantes da FBAUP, no

geral, acreditam que “a humilhação não é uma forma salutar

de se integrar ninguém e que além disso, a lição da praxe é a

da sujeição dócil de uns indivíduos a outros.”. No entender dos

estudantes de Belas Artes, “as instituições de ensino, mais

do que auferirem graus académicos, devem ser encaradas

como espaços de partilha e de formação cívica. Daí haver

um acontecimento que mais do que ser uma alternativa à

praxe, é antes uma forma de se dar a conhecer ao novo aluno

a instituição e a cidade onde irá passar os próximos anos da

sua vida.” Já Luís Monteiro diz “que acha que faz todo o sentido

haver um espaço de relacionamento e conhecimento que não

esteja privado aos alunos que não frequentam a praxe”. Frisa

ainda que “o 1º ano é de todos, e não apenas dos que decidem

ser praxados”. Coloca então a questão de uma outra forma:

“Por que é a Praxe decide fazer uma receção alternativa à

da AEFLUP?” As atividades desenvolvidas nestas três facul-

dades variam um pouco, mas no geral, trata -se de potenciar

a interação entre as pessoas, apresentando -as à faculdade

e à cidade. No ISCTE, já é o segundo ano que a AE realiza o

“Welcome Day,” cuja participação o ano passado foi de 300

estudantes e este ano de 600! Em Belas Artes, há visitas ao

Museu Soares dos Reis, Rua Miguel Bombarda e outros locais

de interesse cultural da cidade. Na FLUP, a AE ajuda também

os novos alunos com as inscrições, através de uma equipa

de voluntários, há já 3 anos, o que até então só era feito pela

praxe. Nas três faculdades não há confrontos entre ambas

as formas de receção. João Mineiro diz que “haverá certa-

mente incómodo pelo facto de muita gente não ir à praxe,

porque já se sente integrada antes desta acontecer. A nossa

iniciativa faz com que as pessoas se conheçam entre si e à

faculdade e fazem -no sem ordens, estruturas hierárquicas

ou valores conservadores. Essa tem sido a nossa força.” Luís

Monteiro considera que “o maior confronto com a praxe é um

confronto de ideias. A praxe também é composta por muita

gente diferente, com visões muito diferentes sobre o que é

uma AE e o que é a própria praxe”.

No ICBAS, este ano houve uma receção alternativa

à da praxe, integrada na organização de um conjunto de

eventos do ICBAS e da UP, em colaboração com os órgãos

de gestão do Instituto, e da Reitoria. Segundo Pedro Soa-

res, Presidente da AEICBAS, “A criação de uma recepção

alternativa, paralela e não exclusiva, surgiu com o objetivo

de proporcionar o melhor acolhimento possível a todos os

novos estudantes, independente da sua ligação à Praxe,

funcionado assim como um conjunto de atividades acessí-

veis a todos os interessados.” Nesta semana foram realizada

várias atividades, como a Cerimónia de Receção ao Novo

Estudante, em que estes puderem conhecer os órgãos de

gestão do ICBAS e a AE. Houve ainda um peddy ‑paper

pelo ICBAS e pelo centro histórico do Porto, atuação dos

grupos da casa e visitas à Estação Litroal da Aguda, às

Caves do Vinho do Porto e Casa Museu Abel Salazar. Foram

apresentados os Serviços de Ação Social e o Centro de

Desporto da UP, a AEICBAS, a associação de Voluntariado

Universitário (VO.U), a FAP e a biblioteca ICBAS/FFUP. Os

novos estudantes puderem ainda visitar as instalações de

Vairão, o que é particularmente relevante para os alunos de

Medicina Veterinária e para os chegam ao ICBAS oriundos

de programas de Mobilidade/Erasmus. Por mim, houve uma

festa flower power, que “fechou esta semana de receção,

repleta de emoções fortes, onde os novos estudantes

puderam vibrar ao ritmo dos anos oitenta!”, diz Pedro So-

ares. O balanço feito desta semana foi muito positivo, quer

Destaque

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do ponto de vista organizacional, tendo havido uma boa

relação com o Conselho Pedagógico do ICBAS e com os

colegas da Comissão de Praxe, quer do feedback obtido

junto dos participantes, que a consideraram “fundamental

para a sua adaptação a este novo ciclo no seu percurso

académico e estudantil”, afirma Pedro Soares.

A Corino sugere o documentário “Praxis” para refletir

sobre este tema. Realizado por Bruno Cabral, em 2011, e

filmado em vários locais, como Lisboa e Alentejo, foi pre-

miado no DocLisboa, onde foi considerado a melhor Curta

Metragem Nacional. O filme foi exibido em várias faculda-

des (no Porto, na FLUP e na FBAUP)e escolas secundárias

por todo o País, e ainda na Assembleia da República, na

Comissão de Educação. Gerou debates e confrontos de

ideias interessantes e com contornos muito diferentes. No

estrangeiro, foi exibido em Festivais em Espanha, na Rússia,

Croácia, Alemanha, Áustria, EUA e França (neste último,

na televisão). As reações foram muito diversas, conforme

as tradições de cada país. Em entrevista à Corino, Bruno

Cabral diz que fez este filme porque “sentiu que a praxe se

tinha generalizado a todas as universidades e que durava

cada vez mais tempo, passando a estender -se o ano inteiro

em vários locais”, pelo que considerou importante retratar

o fenómeno, para se poder debater sobre o mesmo. O

fenómeno retratado tem muitas semelhanças por todo o

País, diz o realizador.

Dr. João RosinhasEx-aluno do ICBAS

Passadas as incertezas e inquietudes do acesso ao

ensino superior, eis que o estudante entra pela faculdade,

triunfante. À sua espera um grupo de indivíduos de preto

trajado perguntam -lhe: “Queres fazer parte da praxe?”. À

memória vem -lhe as histórias de irmãos ou primos mais

velhos, outrora estudantes, uma imagem de um cortejo

visto em criança ou simplesmente um aviso de uma tia -avó

preocupada, avisando -o para se afastar desses mafarricos

de capa que matam a sede de sabedoria a copos de vinho.

No meio deste turbilhão, salta da sua cabeça a mais difícil

e óbvia pergunta :”O que É a praxe?”.

Dissecar esta questão não é fácil e obriga -nos a um

pensamento metódico. Assim, comecemos a sua análise

quanto à origem. Nessa, não me vou alongar quanto à

sua origem histórica, datas ou personalidades nela en-

volvidas. Isso obrigaria a uma análise longa e exaustiva,

que se tornaria maçadora e descontextualizada neste

tipo de artigo. Portanto, falarei mais do objectivo da

sua origem. Em primeiro lugar atentemos ao seu nome

“Praxe” do latim “praxis”, sede da sua existência eminen-

temente prática. Tudo em Praxe é baseado na prática e

bom -senso, e até a sua “legislação” é jurisprudencial,

factor que torna toda a sua experiência riquíssima e

fruto de criatividade de uma massa académica que se

quer intelectualmente produtiva.

Em segundo lugar, debrucemo -nos sobre o contexto.

Esta tradição surge entre jovens adultos que migravam de

suas casas por Portugal fora e iniciavam a sua vida adulta

em Coimbra, longe de tudo o que conheciam. Hoje, mesmo

no nosso Porto, continuam a chegar centenas de naturais

de terras distantes que na Praxe recebem acolhimento dos

seus pares. Mesmo para os cá nascidos, estes entregam-

-se, aqui, num verdadeiro ritual de passagem para a vida

adulta, que, garanto, nenhuma outra organização, fundação

ou promotor de actividades consegue assegurar. Regido

sobre o lema “Dura Praxis Sed Praxis”, uma versão jocosa

do original “Dura Lex Sed Lex”, abraçado pelo tradiciona-

lismo e cultura da memória, a Praxe surge sobre a insígnia

de papeis velhos e queimados, letras góticas e coloquiais

chavões numa nova língua antiga chamada latim macar-

rónico, cuja sua similaridade com o latim esbarra o quase

cómico, apresentando uma solenidade muito própria, que dá

a este jogo do faz -de -conta uma importância “avatariana”.

A dureza das provações é do mais natural e básico do que

à natureza humana diz respeito, em tudo semelhante aos

rituais tribais de passagem à vida adulta ou às tropelias

e troças que os amigos fazem passar o noivo na sua des-

pedida de solteiro.

Os seus objectivos, são exaltados nos seus princípios

básicos (respeito, integração, solidariedade e união). O res-

peito será, com certeza o mais falacioso dos princípios. Este

protegido sobre uma regra de uma hierarquia não meritocrata

mas matemática – quanto mais velho, mais manda – faz -se

envolver, por vezes, de uma perversão que dos mais velhos

não será esperado Enfim, o reflexo do homem e a perversão

do poder. A solidariedade e união serão com certeza os seus

mais nobres, e o principal objectivo da existência da Praxe.

A Praxe é muito mais que a soma das partes. Esta será

uma das tradições com maior e mais multidisciplinar ex-

pressão artística. Desde a música (pelas tunas académicas,

grupos de fados [que viram, recentemente, o seu fado de

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Entrevista com a Professora Doutora Corália Vicente, Presidente do Conselho

Pedagógico do ICBAS

Quem assistiu este ano à sessão de acolhimento aos novos alunos sabe -o: a Professora Corália Vicente não é a favor da Praxe – e acedeu (mais uma vez!) em falar para a Corino sobre o que pensa sobre o tema. Encontramo -la depois do almoço, numa tarde de novembro, a prestar apoio a algumas alunas – e tivemos uma conversa informal de minutos, sentados no chão do piso 4 do edifício 1.

A Professora Corália é contra a Praxe “por de-finição e por princípio”, considera que há formas melhores de integrar os alunos recém -chegados na Universidade e não entende que, para serem incluí-dos, os novos estudantes tenham que se submeter à humilhação de estar de quatro e de ser insultados por “supostos doutores”. Para a Professora, somos a “nata da sociedade” e isso dá -nos responsabilidade, especialmente num cenário de crise como o que se vive atualmente: falamos das dificuldades que

Coimbra distinguido como património imaterial da humani-

dade], grupos corais e outros grupos musicais representados

pelos orfeões universitários), passando pelo teatro satírico

académico até à literatura, onde dezenas de livros desta

índole já foram publicados, incluindo até alguns escritos na

sua “língua -mãe” – o latim macarrónico – como é o caso

do “In Illo Tempore” de Trindade Coelho.

Não podemos, obviamente, separar o pensamento crítico

como uma das suas maiores actividades. A fibra intelectual

dos estudantes quer -se fervilhante e, no seio da Praxe, esta

tem espaço para se enraizar e encorpar -se, e, utilizando do

seu corporativismo, tornar -se produtiva. Esta expressão

apresenta o seu expoente máximo na sátira apresenta-

da no cortejo académico, espaço em que a academia se

apresenta à cidade.

Muito particularmente, na nossa casa, a casa de Biomé-

dicas, a Praxe é também um espaço de homenagem, em que

uma cultura de exortação a grandes nomes da história da

nossa casa, como o Prof. Nuno Grande ou o Prof. Corino

de Andrade são ecoados em sinal respeito e modelação.

Muito haverá para falar sobre a praxe, e aqui apenas

se abordou o que de mais sintético lhe diz respeito. Sobre

uma igualdade de um traje uniformizado que, parafrase-

ando Antão de Vasconcellos no seu livro “Memórias do

Mata -Carochas”, não obriga o casaco gasto do pobre a

inferiorizar ao lustroso do rico, muito mais de ideológico

e etéreo existe que é impossível explicar a quem nunca

da Praxe fez parte. Há uma promessa de memória eterna

e uma saudade que só é possível a quem se pede que

viva uma “pequena vida” de 3,4,5 ou 6 anos, na flor da

juventude e nada se lhe peça em troca, senão vontade

de a viver.

Passadas as vivências e crescimento do acesso ao

ensino superior, eis que o estudante sai da faculdade,

mudado. À sua espera um grupo de indivíduos de preto

trajado abraçam -no ao som de uma serenata. À memória

vem -lhe as histórias de conquistas, grandes amizades e ,

claro, noites de boémia. No meio deste turbilhão, salta da

sua cabeça a mais difícil e saudosa das conclusões :”Já

sei o que FOI a praxe “.

o país atravessa, de como, por exemplo, é difícil as pessoas comprarem medicamentos, do peso que têm os impostos sobre a vida do cidadão comum – impostos esses que servem para ajudar a pagar o Ensino Superior! –, de como é injusto alguém que acaba de gastar a pensão em medicamentos “sair da Farmácia Lemos e ver uma data de estudantes metidos dentro da fonte dos Leões”.

“Não gosto de carneirismo”, continua a Dra. Co-rália, “não gosto de gente a ter que baixar os olhos e ser insultada (...) e perturba -me que andem com as cores da minha escola a fazer isso na rua”, frisando também que não impõe a sua opinião - e mais, dizendo que prefere ter as atividades praxísticas a acontecer dentro das instalações do ICBAS, porque assim “os outros não vêem o que eles fazem, mas eu vejo”. O que passará pela cabeça de um aluno do primeiro ano que decide ir à Praxe? A Professora Corália entende que, no mundo atual, as pessoas têm exacerbada neces-sidade se sentir incluídas num grupo, que procuram só, muitas vezes, sensações de proteção. Serão estas inseguranças resultado das alterações nos padrões educacionais que aconteceram nos últimos anos? É que, socialmente, diz a nossa Professora, não que-remos que os estudantes sejam carneirinhos, que andem em grupo – queremos gente com valores e princípios, que saiba agir de acordo com aquilo em que acredita e não vá com multidões – fundamen-talmente, queremos pessoas originais.

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A Professora critica ainda a ideia de que as atividades praxísticas sirvam para introduzir aos alunos o fun-cionamento da UP: “supostamente seria para uma integração dos estudantes na Universidade – eu tenho os alunos do primeiro ano e perguntei -lhes noutro dia se sabiam o que era o Conselho Geral: não fazem ideia, nem sabem que vai haver eleições! – parecia que estava a falar de qualquer coisa extra -terrestre”.

Outras sugestões para a integração dos estudantes? A Professora tem diversas propostas! – mas confessa que ficou desapontada com os alunos do primeiro ano quando, na semana de receção, puderam escolher participar nas atividades realizadas pela AEICBAS - e a maior parte escolheu ir para a Praxe: “tive pena, tive muita pena que os estudantes do primeiro ano não tenham apoveitado a oportunidade de se demarcar - por-que foi -lhes dada essa oportunidade! – eu disse -lhes que teriam uma alternativa à praxe que lhes seria dada pelos colegas da Associação de Estudantes, que tinham um programa alternativo para eles”.

Raquel BorgesMadalena Cabral Ferreira

Pedro Reis Pereira

Experiência Erasmus no Estrangeiro

Termino este texto no dia do meu aniversário, em que fazem dois meses e meio que cheguei para iniciar a minha mobilidade de ERASMUS. Escolhi Maribor, uma cidade com cerca de 115 000 habitantes e a segunda maior da Eslovénia.

Desde o início que me agradou a ideia de partir para um sítio que até há pouco nem sabia que existia. Há algo de infinita-mente aliciante, se de um modo subtil, nos locais sobre os quais não temos ideias pré -estabelecidas. Não só são menos pro-pensos a desilusões como, por deixarem a mente vazia, permitem que ela se encha só com o que existe mesmo e que é belo só por si.

Aqui acorda -se cedo: nunca depois das 6h30, e às vezes antes. Todos os dias atravesso o Drava pela ponte que liga a margem sul à praça principal no centro da cidade, não longe do castelo onde as tropas de Hitler foram acolhidas quando anexaram esta zona (Austro -Húngara antes do colapso) à Alemanha Nazi. A ocidente, sobretudo no primeiro dia depois de cho-

ver quando o céu está mais limpo, distinguem -se os cumes baixos dos Alpes e as encostas serreadas das florestas de faias pintadas nos vermelhos e cobres que trouxe o outono precoce. A cidade é pequena, numa semana conheço -lhe os sítios e as pessoas, e

a relaxada vida noturna.Há duas coisas que se aprendem ra-

pidamente num país onde não se fala a língua local. Primeiro, a

sensibilidade dispara a tudo a que não é dito por palavras

(ao que é dito também se-não pela infrequência de uma sintaxe perceptível) e as nuances do discurso corporal tornam -se muito mais evidentes. Segundo,

paradoxalmente, as cir-cunstâncias exigem que se

force por ser visto: na azá-fama circadiana é muito fácil

gravitar para a visão periférica dos tutores, tanto mais quando estes

se veem forçados a pensar ativamente em Inglês. Mas, tentando puxar pela conversa, seguem--se discussões intermináveis sobre o país, a crise, o sistema de saúde... Não tão longe de Portugal afinal, mas se calhar estas preocupações nunca se ficam pelas fronteiras.

ForadePortas

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Tinha decidido antes de vir que iria ficar num dor-mitório. Recusar o meu ninho de sossego não foi uma decisão tomada ao de leve, mas acreditava que a longo prazo ia compensar. Não estava errado. O bazar verde de quatro andares tornou -se num mercado de relações entre espanhóis, franceses, alemães, finlandeses, eslovenos, polacos, bósnios, montenegrinos, turcos e quem sabe quantos mais que ainda irei conhecer. Partilho o quarto com um catalão. Inevitavelmente, tornamo -nos bons amigos.

Viajo sempre que posso, normalmente com um grupo fixo de amigos, abraçados pela dose certa de loucura que algumas pessoas têm a sorte de ter. Maribor fica a poucas horas de várias capitais (Ljubljana, Viena, Zagreb, Budapeste) e não é difícil arranjar transporte para sítios mais distantes. Saltar fora do Schengen a meio da noite como um bando de refugiados tem o

seu travo de romantismo (vá lá, nas primeiras duas vezes...). Já demoro uns minutos a correr mentalmente todos os sítios que visitei nestes meses e sinto -me bastante afortunado por causa disso. Sei que nem todos os que aqui estão o podem fazer.

Por vezes, mais do que pensava, a saudade aperta como uma asfixia subletal e no meio de tanta gente fica sempre um resquício de solidão. Mas são, felizmente, momentos raros, rapidamente abafados no riso, ou subterrados no abraço amigo da camaradagem. E fica sempre a uma viagem à boleia quem faz mais falta.

Na verdade, é difícil compactar tudo que sinto e todos a quem homenageio (porque é preciso) numa só página. Mas acho que o melhor que a experiência ERASMUS oferece é como materializa a desconstru-ção do quotidiano. Ao mesmo tempo que se deixa a residência física e se despem as vestes que vêm com ela, desabitamos também a nossa Casa pessoal. O desprendimento toma forma na distância quilométrica entre dois países. Somos mendigos da saudade, mas tal como a ausência de ideias pré -formadas, abre -se o espaço para que coisas novas aconteçam, boas e más, mas que dão mais intensidade à vida. E é bom que assim seja.

Pedro Almeida

Experiência Erasmus

Aline 24 anos Medicina Veterinária, São Paulo,

sudeste (A)

Luísa 22 anos Engenharia e Gestão Industrial,

Belo Horizonte sudeste (L)

Porquê Portugal, porquê Porto?

A: Em primeiro lugar, a universidade exige um nível de conhe-

cimento da língua do país para onde vamos então para aqui

era mais fácil. Para além disso tinha amigos que já tinham

vindo para cá e que falaram muito bem da parte prática do

curso de Veterinária.

L: E quando nos falaram do Porto disseram que era uma

cidade bastante acolhedora, com tudo perto, muito aca-

démica e com boas infraestruturas.

O que já conheciam de Portugal antes de virem?

A: Já conhecíamos Fernando Pessoa, é espetacular!

E Saramago, o filme do Ensaio sobre a Cegueira foi gravado

em São Paulo.

L: Principalmente a literatura portuguesa, falámos muito

dela no liceu. E da história também.

Diz -se que Portugal se caracteriza por “Fado, Futebol e Fátima”

A: Ainda não ouvimos fado, não está por todo o lado.

Gostava de ouvir ao vivo.

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L: Eu já fui ver um jogo do Porto, gosto muito de futebol.

Achei que as torcidas não eram tão animadas, têm menos

músicas. Gritam só: “Porto, Porto, Porto”. Mas no Brasil

somos muitos fanáticos por futebol, há uma música para

cada momento. A Fátima já nos disseram para ir. Queremos,

só ainda não calhou.

Como foi a vossa chegada e adaptação?

A: Relativamente à linguagem, a forma de falar é diferente,

as expressões são diferentes, mas não foi difícil adaptar.

Dizer “Onde é a casa de banho?” em vez de “banheiro” é

um exemplo.

L: Quando chegámos deram -nos logo uma lista de palavras

proibidas. A cultura é bastante similar. Quanto ao clima,

acho que varia, já senti muito calor

e muito frio!

A: No início foi mais di-

fícil, mas falar com a

família ajuda muito.

E estarmos juntas,

e pormos o apar-

tamento à nossa

maneira, agora já

tem mais “vida”.

L: Sim, quando pas-

sámos uma semana

fora já dizíamos que

queríamos voltar para

“casa”. Aqui já é o nosso es-

paço, temos as nossas coisas.

O que fazem no vosso tempo livre?

L: Não somos bem o típico Erasmus, não temos saído muito

à noite, vamos às aulas todas.

A: Mas temos conhecido e passeado bastante a pé, no

Porto. Há lugares muito legais na baixa e gostamos de

conhecer as pessoas de cá.

E, como o pessoal que vem de outro continente, aproveita-

mos para conhecer outros países europeus. Repara -se em

imensas coisas. Por exemplo, a população de cada país é

muito parecida entre si, mas muito diferente de país para

país! No Brasil é mais multicultural, em todo o lado.

O que existe cá, que não existiria no Brasil?

L: Este sistema de pagamento de metro seria impossível,

tem pouco controlo, mesmo com os inspetores, que não

estão em todos os metros. No Brasil todos iriam sem pagar.

Qual é a vossa opinião dos portugueses?

A: Disseram -nos que as pessoas eram mais fechadas, mas

até agora têm sido muito simpáticas e prestáveis. Especial-

mente a dar indicações na rua, preocupam -se imenso se

percebemos e em explicar tudo. Na minha turma também,

integraram -me logo.

L: E os funcionários públicos! Fui à companhia de eletrici-

dade e ajudaram -me com tudo mesmo, a funcionária até

estava a tratar de uma tarefa que não era a dela para eu

conseguir resolver a minha situação. Ajudam imenso!

Sentem ”a Crise” que tanto se fala por cá?

A: Acho que sente quem está vivendo, nós nem por isso.

L: Vemos muitas lojas fechadas e lojas de compre e venda

ouro, mas eu reparo mais pelos meus colegas. São muito

competitivos entre eles, e têm -se a sensação que querem ser

melhores que os outros porque estão a disputar o emprego.

Gostam da gastronomia?

A: Não é assim muito diferente. Os produtos de supermer-

cado são muito parecidos, então como gosto de cozinhar,

posso fazer os meus cozinhados habituais. Mas gostei da

Francesinha, se bem que é muita carne.

L: O que tenho mais dificuldade é só que não gosto de peixe

e aqui é muito bacalhau ou outros. Mas não varia muito e

até na cantina cá já comi “Feijoada Brasileira”. E estava boa!

Para além disso, adoro Pastéis de Belém!

O que foi o melhor desta experiência?

L: Crescemos imenso, somos mais independentes, antes era

capaz de ter sempre alguém para fazer tudo comigo.

A: Sim, aqui não vamos ligar aos pais para nos resolver

os problemas e acabamos por arranjar nós uma solução.

Pensam voltar?

A: Quando tiver o meu emprego e dinheiro, vou querer

viajar e voltar cá.

L: Sim, claro!

“quem converte, não se diverte”

Marisa Catita

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Receita Estrangeira

De Nápoles, os nossos amigos Erasmus italianos recomendam a verdadeira …:

PIZZA MARGHERITA!!!Ingredientes:Base: Conteúdo:

1 kg de farinha Polpa de tomate

1/2 l de água Azeite

1 cubo de levedura de cerveja Sal

50 ml de azeite Alho q.b.

Sal qb Manjericão q.b.

Preparação:Começa por colocar o cubo de levedura em água aquecida.

Numa tigela, vai adicionando progressivamente a farinha à água com a levedura, mexendo com um garfo. Depois junta o azeite e o sal.

De seguida tens de bater a massa com as mãos para que a farinha se misture. Podes ter de adicionar mais farinha ou água, para que fique no ponto e deves continuar a bater até que a massa fique macia.

Agora cobres a massa com um pano húmido e aguardas até que fique com o dobro do tamanho. Guarda -a num lugar quente ou cobre com uma manta.

A seguir, unta uma forma de alumínio e coloca lá a massa.No topo coloca a polpa de tomate, um pouco de sal, alho, azeite e manjericão. Só falta colocares no forno aquecido a 180ºC e esperar até a pizza ficar dourada.

buon apetito!Marisa Catita

Os Estudantes e a Crise

A crise em Portugal parece que veio para ficar, e agravou -se com a chegada da troika, em 2011. Os cortes e os despedimentos têm -se sucedido, e com estes a diminuição dos rendimentos das famílias. Neste cenário, há vários setores da sociedade afe-tados, como o Ensino Superior. Este artigo versará o modo como a crise económico -social que o País atravessa tem afetado os Estudantes, fazendo -se primeiro um diagnóstico da situação e posteriormente apresentando soluções diferentes para superar estes problemas.

Os cortes no Orçamento de Estado para o Ensino Superior têm -se sucedido, e os docentes e investi-gadores apontam -os como um entrave à qualidade do Ensino e da Investigação. Estes manifestaram--se no passado dia 23 de novembro, em Lisboa. O Ministério da Educação e Ciência pretende ainda

reorganizar a rede do Ensino Superior, o que tem levantado preocupações, sobretudo por parte dos Institutos Politécnicos do Interior. O Presidente do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas) demitiu -se, e as relações entre esta entidade e o Ministério encontram -se tensas. O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) solidarizou -se com o CRUP, pelos mesmos motivos. Quanto aos Estudantes, o cenário é grave e tem piorado: houve cortes na ação social e o acesso às bolsas e às residências universitárias é cada vez mais difícil (e estas últi-mas não têm lugar para todos). Como consequên-cia, muitos Estudantes têm abandonado o Ensino

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Superior e outros, findo o Secundário, já nem se candidatam às faculdades. Os números deste novo fenómeno são escassos e encontram -se dispersos entre várias entidades, pelo que é difícil fazer uma estimativa real.

Estabelecido este cenário, a pergunta que fica no ar é óbvia: o que fazer? Pode contrair -se um empréstimo estudantil, mas no geral as pessoas tentam evitá -lo, porque não querem começar a trabalhar já com dívidas (para além de que as atu-ais escassas perspetivas de emprego tornam esta hipótese ainda menos apelativa). Recentemente, houve algumas ações em relação a este tema, como as “Quintas -feiras negras no Ensino Superior” e uma manifestação em Lisboa no passado dia 19 de novembro. A primeira ocorreu nas 5ª -feiras de outubro e foi promovida pelas Associações Aca-démicas a nível nacional, nomeadamente a FAP (Federação Académica do Porto). Foram dadas a conhecer 20 propostas para resolver os problemas atuais do Estudantes, como impedir que seja nega-do o direito à bolsa por uma dívida contributiva ou tributária do agregado familiar e dar mais condi-ções aos trabalhadores -estudantes. Foi entretanto agendada uma reunião no dia 16 de outubro com os representates dos Estudantes e o Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes. Já a manifestação do dia 19 de novembro, indepen-dente das Associações Académicas e com o apoio

de algumas Associações de Estudantes ao longo do País, teve a participação de algumas centenas de Estudantes, que se concentraram na capital, em frente à Assembleia da República, contestando os cortes financeiros previstos no Orçamento de Estado para 2014. O PCP e o BE manifestaram -se solidários com a luta dos Estudantes.

Paralelamente a estas ações a nível nacional, tem havido outras a nível local, no âmbito de cada Universidade ou até mesmo de cada faculdade. Estas iniciativas focam -se mais na solidariedade, tentando angariar fundos para ajudar os Estudantes mais carenciados, incentivando a troca de materiais, etc. No caso do ICBAS, já houve a “Feira do Livro Sublinhado”, no início do 1º semestre, em que se venderam livros e sebentas usadas e haverá ainda mais iniciativas solidárias ao longo do ano, como o “I Café -Concerto Solidário”, o “Move -te – I Corrida Solidária”, a “Cãominhada e Workshop de Treino Canino” e uma recolha de alimentos, brinquedos e roupas. Por fim, é ainda de destacar a tendência atual dos Estudantes de levar o almoço e o lanche de casa e de tentar poupar o máximo possível em fotocópias, o que permite, sem dúvida, reduzir os gastos, tornando a frequência do Ensino Superior economicamente mais suportável.

Madalena Cabral Ferreira

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Livros de Estudo Mais Acessíveis

Achas que os preços de livros de estudo são de-masiado elevados para a tua carteira? És a pessoa que procura sempre estratagemas para conseguir estudar de forma mais acessível? Um Harrison a 20 euros ou um Bates a 18 era o teu sonho de criança? Se sim, dá uma vista de olhos nalgumas destas dicas, porque são para ti.

É possível aceder a livros de estudo uni-versitários mais baratos do que o preço de editora ou de revenda comercial de várias formas, por exemplo, pertencer a um grupo de livros usados online ou simplesmen-te encomendar livros de sites especializados ou mais gerais, como o OLX, eBay ou a Ama-zon. Esta última alternativa requer que se procurem:

Livros em segunda mão - o fac-to de serem usados é o que mais diminui o preço. É possível escolher livros em bom estado, muito bom esta-do, quase novos e estado aceitável. Os revendedores costumam ser exigentes com este parâmetro, o que significa que até os livros em estado aceitável costumam ter apenas algumas páginas sublinhadas.

Livros de edições mais antigas - Em certas disciplinas menos mutáveis, como Anatomia ou Semiologia, pode compensar grandemente não adquirir a edição mais actual e sim uma mais antiga. A edição mais actual é sempre a mais dispendiosa e as alterações que possui relativamente à anterior são maioritariamente de formato, adição de imagens e adição de pouco ou nenhum conteúdo. Em disciplinas mais dinâmicas, como a Farmacologia ou a Imunologia, não é tão recomendável uma edi-ção mais antiga. Ninguém quer estudar por um livro desactualizado!

Edições Internacionais - Vários livros possuem duas versões, uma para venda na Europa, Estados Unidos e Austrália, outra para venda nos restantes países, chamada de edição internacional. Esta última possui alterações mínimas no formato e capa. As imagens a cores na edição normal podem passar para preto e branco na internacional. A principal diferença, no entanto, é no preço, uma vez que estas edições são destinadas a países onde o poder de compra é muito menor. Assim, é possível encontrar livros a preços

diminuídos com poucas ou nenhuma alteração na qualidade de conteúdo e impressão.

Livros em Inglês - Pois é, este parâmetro é funda-mental. A tradução para português é, muitas vezes, o que fica mais caro no livro. Livros em inglês com-pensam pela diminuição do preço e não só: são uma óptima forma de treinar esta língua, cada vez mais importante no mundo científico. Conhecer os nomes de órgãos, patologias, fármacos ou tecidos em inglês

é sempre uma mais -valia. Além do mais, muitos destes nomes são derivados do latim,

e portanto muito parecidos com os utilizados em Portugal, o que

facilita a aprendizagem.Não ficar pela primeira pá-

gina do primeiro site - Algum livro interessante? Pode haver melhor num outro local da in-ternet. Dica: copiar o ISBN do li-

vro encontrado e pesquisar num motor de busca por esse ISBN,

juntamente com os parâmetros que procuras (“used”, “international edi-

tion”, entre outros). Todos os resultados vão ser relativos a esse livro, preferen-

cialmente com os parâmetros procurados. Atenção, aquilo que se pretende pode não estar na primeira página!

Ler as críticas de outros compradores - Se há dúvidas entre livros diferentes, uma boa ajuda pode ser a leitura das críticas de pessoas que já os utilizaram. Vários sites

disponibilizam esta opção.O livro que procuras provavelmente não vai

corresponder a todos estes parâmetros mas apenas a alguns. Quantas mais características que baixem o preço conseguires juntar melhor será. Posto isto, boa sorte na tua demanda!

Raquel Borges

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Os grandes mitos da velocipedia

MITO, do grego mythos. s. m. 1. Coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real. 2. Coisa só possível por hipótese. Coisa inacreditável, fabulo-sa. 3. Facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que se deve admitir.

MITO 1 – DA GRANDE METRÓPOLE“As distâncias são demasiado grandes para andar

de bicicleta”“A velocidade da bicicleta é demasiado baixa para

o dia ‑a ‑dia”Como premissa base, vamos lembrar -nos que,

comparando com outras cidades europeias onde se pedala muito, o Porto é mínimo.

Fazendo contas, dentro da cidade, a velocidade média da bicicleta e do automóvel são semelhantes, ganhando o automóvel vantagem se falarmos em distâncias maiores. Contabilizando o tempo porta a porta, e tendo em conta o trânsito, a procura de estacionamento e a deslocação a pé do estaciona-mento até ao destino, a bicicleta sai como a opção mais vantajosa dentro da cidade.

Os dados que chegam da CE indicam que 50% das deslocações em automóvel na Europa são inferiores a 5 kms. Ora, acrescento eu, e qualquer pessoa que experimente, deslocações num raio de 5 a 10 kms são perfeitamente realizáveis em termos de esforço físico. Em casos em que as distancias sejam realmente grandes, a bicicleta é um excelente complemento aos transportes públicos. Falando da área urbana do Porto, a bicicleta anda de metro a qualquer hora ( Aulas em Vairão? 40 minutos de leitura até ao Mindelo, café na estação e 10 minutos de bike até às vacarias. De regresso ainda evitas o trânsito da entrada na cidade.) e de comboio de Braga a Aveiro, também a qualquer hora. Autocarros, se tiveres uma do-brável, também são opção.

MITO 2 - DAS MONTANHAS“No Porto não se pode andar de bicicleta

porque tem muitas subidas”Na verdade, a cidade do Porto tem 3 ou 4 grandes

cotas – a marginal, a baixa da cidade e o Marquês – nas quais se desenvolve. Esta questão dos declives só se põe quando queremos passar de uma destas cotas a outra.

Quando circulamos a pé não fazemos os mesmo percursos do que quando circulamos de carro. Da mesma forma, quando nos deslocamos de bicicleta podemos e devemos escolher o melhor caminho a tomar. Aí temos em conta, entre outras coisas, os declives que vamos encontrar pela frente e as formas de lhes dar a volta. Eu não preciso de subir a rua 31 de Janeiro para ir da Praça a Santa Catarina. Posso subir os Aliados e virar na rua Formosa.

No final, ainda que no meu percurso eu não consiga evitar uma subida mais agreste, Ei! O pior que me pode acontecer é na minha deslocação de 7 kms de casa ao ICBAS eu ter de subir uma rua a pé.

Dizem que só se pode andar de bicicleta em cidades planas. E que todos queríamos que o Porto fosse plano e, só porque não é, não fazemos como na Holanda. ( Quem é que não experimenta uma Dutchie quando passa pelos Países Baixos?) [In]felizmente o Porto não é a montanhosa Trondheim, na Noruega - considerada uma das cidades mais cicláveis do mundo -, a declivosa São Francisco, nos EUA – que entra nas mesmas listas

-, ou Basileia ou Berna, cidades suíças – onde 23% e 15% das deslocações se fazem em bicicleta,

respectivamente, frente aos 20% de Amesterdão.

Ainda, e para finalizar o capítulo das montanhas, qualquer bicicleta hoje tem para cima de uma dúzia de mudanças exactamente para serem usadas nestas situações. Conforme não subo o Marão em 5ª, também

não se espera que eu suba a Restau-ração com uma mudança alta.

MITO 3 - DAS INTEMPÉRIES“É que no Porto há muita chuva e não dá”Aqui tenho o trabalho facilitado. Em Copenhaga,

na Dinamarca, em Amesterdão, nos Países Baixos, ou em Berlim, na Alemanha, chove quase todos os dias do ano. Estes países são varridos por ventos

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violentos frequentemente e ali neva todo o Inverno. Será que preciso de escrever mais?Se esse fosse o maior drama, deixávamos a bicicleta em casa no Inverno e ainda tínhamos 9 meses para

pedalar por aí. Mesmo assim, por cá temos poucos dias por ano em que chove verdadeiramente – mesmo no Inverno. Nesses dias, deixa -se a menina em casa. Noutros dias, o que temos são aguaceiros de 10 minutos. Planear a viagem, adaptar a bicicleta e escolher bem a roupa, e estão resolvidos os problemas desses dias. O pior? Esperar 10 minutos para sair.

Os Holandeses costumam dizer com razão: “Chove? E daí? Não sou feito de açúcar, não derreto.”Continuava pelas próximas páginas a apresentar -vos as desculpas mais fre... desculpem, os mitos mais

frequentemente desenhados, mas já deu para ver que nem tudo o que parece é. Exemplos como as grandes sudações ( Mudanças na bike, escolha do percurso, gestão do esforço, evitar mochilas às costas), a prepa-ração física ( Aqui digo ‑te, experimenta!), o não saber andar (As crianças aprendem. Acho que tu também és capaz.), computadores, fotocópias, livros, compras (Mochilas e alforges.) são muito facilmente desconstruídos. A escolha é tua se queres acreditar ou não.

MITO – ALEGORIA; ENIGMA; FÁBULA; LENDA; MISTÉRIO; QUIMERA; SÍMBOLO; UTOPIA.A iniciativa Sexta de Bicicleta partiu da MUBI – Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta que

desafia os portugueses a deslocarem -se de bicicleta, às sextas -feiras. Pedalar para o trabalho, para a uni-versidade, para as compras, para o jardim ou para o café com amigos ao fim do dia. A ideia é mostrar que é possível viveres a tua cidade. Sabe mais em www.sexta debicicleta.mubi.pt

André Correia

Os sítios que deves visitar antes de morrer na crise

Antes que o desencanto da crise nos retire o encanto de viajar, vou encantar -te com estes (en)cantos do mundo que deves visitar e desfrutar.

Se um dia pensaste que o paraíso é só para ricos e estrelas de Hollywood com título de Miss/Mister con-tentor amarelo, então é porque nunca te aventuraste num simples click ou numa simples conversa com um viajante que não goste de agências de viagem/marcações/hotéis “enfarta burros”. Sim, leste bem: quando vamos a uma agência eles perguntam: “Praia ou neve?”; se praia: Caraíbas se gostas de andar pelos ares, e se tens medo do avião (curioso que morrer na estrada é 16 vezes mais provável que num avião): Sul de Espanha e Algarve; se neve: Andorra, Suíça ou Escandinávia; em comum é um hotel num local definido (tipo “vedação de gado”) onde conhecer um país passa a ser conhecer um hotel!

Ora, sendo apologista da aventura e descoberta, vou -me debruçar nos locais de praia e compras que estão no meu “top”.

Praia: já ouviste falar de Boracay? Não me parece Ora trata -se de uma ilha nas Filipinas. É um paraíso de águas cristalinas (sem coisas a boiar nem bicharada), de areia branca e macia com imensos hotéis para

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todas as carteiras e habitantes muito acolhedores e genuínos. Se quiseres andar de táxi, andas é de motinha como as dos ciganos (digo já que é muito divertido!).

O mais barato é viajar pela Lufthansa (via Frankfurt) e apanhar a Cebu Pacific Air em Singapura.

E da ilha Phi phi? Ora bem é uma ilha do país do nosso querido professor Anake Kijjoa. Se dizem que os portugueses são muito hospitaleiros, o que dizer dos tailandeses? São simplesmente impecáveis! Ora, a praia é estrondosa tal como a de Boracay e o co-mércio tradicional é entrar num labirinto de tendas de objectos interessantes.

Só o facto de termos de nos deslocar num barco pequeno de madeira com motor estranho e barulhento durante 20 minutos (de krabi para a ilha phi phi) já dá indícios de uma aventura a começar precocemente. O mais barato é viajar para Bangkok e apanhar voo para Krabi (Tailândia).

Cidade para compras:Sem dúvida a melhor é Singapura. É um país/cidade

que simplesmente é constituído por lojas (das marcas mais caras e mais extravangantes possíveis, às mais simples e acessíveis) do tamanho de autênticos sho-ppings. Em cada rua à uma Louis Vuitton, uma Prada,

uma Gucci, uma Chanel, uma MontBlanc, uma Rolex onde as pessoas fazem fila para entrar e comprar! É o local de passagem obrigatória dos asiáticos ex-travagantes que querem gastar os seus troquinhos em algo exclusivo ao melhor preço possível (apesar de continuar a ser caro ).

Se és amante de automóveis de luxo, basta te sentares na explanada de um café numa avenida e ver arrancadas de Lamborghini, Ferrari, Rolls Royce, Nissan GTR, BMW M5, Mercedes -Benz SLS 63 AMG, enfim nem vale o esforço de expressar a excitação de ouvir aqueles incríveis motores (nem tempo de recuperação temos entre as várias excitações do sistema simpático provocadas pelos roncos!).

E para finalizar, se puderes ir tomar uns banhos na piscina no último andar do Hotel Marina Bay Sands vais ter a sensação única de estares a cair sobre a cidade! É incrível!

Bem, eu até me podia alongar mais, mas o meu amigo Pedro ainda me manda mas é vender rifas para pagar à tipografia o excedente. Até à próxima edição se Deus quiser ou para os não crentes, se o universo me deixar!

Tiago Pais

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Henrique MoreiraVice Presidente para

Relações Externas da

DAEICBAS

Revisão Curricular do MIM

O plano curricular do Mestrado Integrado em Medicina do ICBAS tem sido largamente discutido, tanto nos corredores, pelos estudantes, como nos laboratórios e gabinetes dos muitos professores que connosco partilham esta casa.

Passaram vários anos desde a sua última revi-são, que, de facto, só passou pela adequação ao processo de Bolonha, com que nos deparamos em 2007. Era então há muito desejada, por todos os intervenientes neste curso, uma reformulação dos conteúdos abordados, da sua organização e dos métodos de ensino e avaliação com os quais nos debatemos agora. A proposta de revisão curricular surge então no meio duma acesa discussão que tem passado um pouco por todas as escolas médicas do país - a Faculdade de Medicina da U. Porto, por exemplo, está agora a implementar o seu novo plano.

Em junho do passado ano de 2013, a Direção do MIM submete a proposta, encabeçada pelos Professores Doutores António Sousa Pereira, Álvaro Moreira da Silva, António Martins da Silva e Artur Águas, aos diferentes órgãos de gestão do ICBAS (Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho Executi-vo), aos responsáveis pelo Ensino Pré -Graduado do CHP, aos diversos Departamentos do ICBAS e aos Estudantes (AEICBAS).

É nesta altura que se constitui, no seio da AEIC-BAS, o Grupo de Trabalho para o Acompanhamento do Plano de Estudos de Medicina (GTAPEMed), cons-tituído pelo Núcleo de Gestão e GTEP da Direção da AE e pelos estudantes que têm lugar nos diferentes órgãos de representação. O GTAPEMed trabalhou

então em propor as mais diversas alterações ao documento inicial, baseando -se nos vários pro-blemas que há muito assombram o curso, assim como em contribuições e sugestões de vários es-tudantes, ao nível dos conteúdos programáticos e aos métodos de ensino e avaliação. A discussão relativa às famosas Químicas ou Farmacologias não, ficou, obviamente de fora, tendo este grupo, proposto maneiras de abordar o problema e tornar estas matérias, que, por si, são difíceis, em algo mais fácil de ensinar e aprender - juntando -as a outros conteúdos, que podem ajudar ao promover um enquadramento forte dos conhecimentos.

Após vários meses em discussão, esta proposta veio então a público, tendo a Direção do ICBAS e do MIM feito um extraordinário esforço para abrir o processo a todos os estudantes e docentes, promovendo reuniões públicas, onde se ouviram as opiniões e contribuições dos presentes. Che-gando, agora, ao fim deste processo de discussão, a proposta terá de ser aprovada em Conselho Científico do ICBAS, passando depois para aná-lise e aprovação pelas entidades reguladoras da ensino superior em Portugal, como, por exemplo, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). Esperamos ansiosamente todos os desenvolvimentos e trâmites deste processo com-plexo, que tem ainda muitas etapas por percorrer.

Da parte dos estudantes haverá sempre uma gran-de abertura para o diálogo - pelo que todos podem contar connosco para discutir e contribuir! Fiquem atentos!

InternoICBAS

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Artigo de Opinião – Pedro Correia de Miranda sobre a Revisão do Plano Curricular do Mestrado Integrado em Medicina

A arte de ser médico é ensinada, de diferentes modos, há mais de dois mil anos. Quatro séculos antes de Cristo, Hipócrates definiu como passo es-sencial desta formação, a transmissão do conceito “do no harm”. Ao longo da história, a ciência evoluiu, muitas vezes sem saber bem em que sentido. O seu ensino, consequentemente, andou também muitas vezes “à deriva”. O ensino da medicina não foi nunca exceção, e a progressão foi tudo menos um processo pouco conturbado. O ensino da medicina espalhou--se pelo Mundo, e tentou -se sempre que andasse a par e passo da evolução da própria ciência. Hoje, isto revela -se um desafio constante pois a velocidade do desenvolvimento da ciência e da tecnologia é difícil de se acompanhar.

A sociedade atual, cada vez mais competitiva, estabelece regras, normas, e parâmetros para tudo. Também o ensino está cada vez mais sujeito a esta tendência, e as escolas médicas rumam cada vez mais nesse sentido. Criaram -se órgãos de acredita-ção, federações de educação médica, conselhos de fiscalização, entre tantas outras instituições. Toda, com uma mesma missão: garantir o melhor ensino de Medicina possível.

Neste contexto, a tão falada “reforma de progra-mas curriculares” já não pode ser encarada como uma notícia. A “reforma do programa curricular do mestrado integrado em medicina do ICBAS”, essa sim, é uma enorme notícia. Sem que seja uma novidade. Há muito tempo que figuras ilustres se debruçam sobre este assunto: agenda -se enormes reuniões, constituem -se formalíssimas comissões (de estudo, de análise, de implementação, de acompanhamento ), e produzem -se extensos relatórios. Todos pretendem, recorrendo a malabarismos de criatividade, responder à questão “qual deve ser o novo programa curricular do MIM do ICBAS”?

Desafio -vos a uma outra questão: que médico quer o ICBAS formar?

Um programa curricular é como que uma estrada: segue um caminho, de formação, que só faz sentido se tiver um destino definido. Parece -me pouco sensato (tentar) definir as curvas da estrada, sem se avaliar onde vai ela chegar, e que montes e vales irá ter de atravessar.

Somos todos peritos a dar nomes aos montes e vales. Algumas placas de sinalização da estrada já nem precisam de lá estar, pois não há estudante de medicina no ICBAS que não saiba o nome dos (inescaláveis) montes Química Biológica, Histologia, Farmacologia entre tantos outros Mas em vez de discutirmos como pode a estrada dar a volta a estes montes, discutamos se é sequer pertinente que a estrada passe por estes montes!

Depois também há aquelas placas de sinalização de advertência: estamos habituados a ser adverti-dos acerca de curvas apertadas, rampas de grande inclinação, condições climatéricas adversas. Mas também qualquer caloiro no ICBAS se familiariza, rapidamente, com estas placas: má distribuição de créditos, excesso de carga horária, métodos de ava-liação desajustados. Uma vez mais: se queremos desenhar uma nova estrada, temos que nos esforçar para desenhar uma sem curvas apertadas, rampas inclinadas ou riscos de geada, senão rapidamente estaremos a por “placas de sinalização de obras”.

Qual queremos, então, que seja o destino desta estrada? Não sou perito em geografia nem engenharia, por isso seria muito pouco humilde, e até prepotente, ter a ousadia de dar uma resposta a esta questão. Mas creio poder sugerir algumas ajudas para definir este caminho.

A primeira creio que deva ser consultar os con-dutores. O engenheiro pode desenhar uma estrada incrível, mas se o destino for inútil, ninguém a utili-zará. Este estudo está a ser feito: em colaboração com a Professora Doutora Corália Vicente, lancei um inquérito, dirigido a atuais e antigos estudantes do ICBAS! Pretendemos precisamente avaliar, com real conhecimento de causa, três questões: para onde ruma esta estrada, para onde gostaríamos que rumasse, e quais as placas de sinalização que exis-tem. Os resultados estão aí à vista, e a sua avaliação exaustiva, parece -me essencial!

De seguida, parece -me essencial avaliar os recurso que temos à nossa disposição: em tempos de crise não

Pedro Correia de Miranda5° MIM

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podemos construir obras faraónicas, pelo que temos que orçamentar cuidadosamente esta empreitada: avaliar os recursos que já temos à partida é por isso essencial. Seria um desperdício não contratar empre-gados como a proximidade de um hospital distrital, a investigação que se faz, alguns docentes que temos, a dinâmica da componente prática do ensino. Estes recursos existem, mas estarão porventura subuti-lizados. Mas em tempos de ginástica orçamental, fazer uma realocação de recursos tendo em vista a obtenção do maior rendimento possível é essencial!

Desenhada a estrada, preparada a obra, há que avaliar como decorrerá a obra: Quando será cons-truída? Por quem? Com que prazo? Sob controle de que entidade? A primeira premisse para uma cons-trução de qualidade é não a fazer à pressa: senão facilmente teremos paredes rachadas e tetos que metem água. Se não queremos fazer a obra à pressa, avaliemos quais são as (potenciais) fontes de pressão para conclusão de obra. Na construção da estrada do programa curricular, há quem ache que está no fundo uma temível entidade que a impor que a obra esteja concluída. Acho essencial que a administração da empresa de construção civil não se deixe assustar pelas autoridades de inspeção e de acreditação. Por uma razão simples, as autoridades já lá estavam an-tes de a obra começar, estão lá agora, e vão estar lá

no fim. E as autoridades, como órgãos burocráticos que são, demoram tempo a avaliar e a concluir seja o que for. Ou seja, se a autoridade disser (que disse!) ao conselho de administração: daqui a um ano vamos ver quão bem a sua empresa está a trabalhar, irão avaliar os últimos (vários) anos da sua atividade, e não os últimos meses. Urge pois que a administração se dedique a avaliar isso mesmo, mais do que a querer, à pressa, mudar a sua forma de trabalhar! Porque se todas essas mudanças (prementes e até necessárias) forem feitas à pressa, vão ser inseguras, e presidente do conselho de administração terá, forçosamente, a voz a tremer quando as anunciar aos fiscais. Mas, se o Conselho de Administração disser, sem medo e com verdade, que considerou que talvez a estrada esteja a ficar velha, com demasiados buracos, e por isso a precisar de obras, parece -me que a autoridade não mais dirá do que “força nisso, terão o nosso apoio e todo o tempo que precisarem!”.

A reforma do programa curricular é de facto ne-cessária (será mesmo?), mas paremos para pensar: reformular é mudar de forma: é preciso pois saber qual a forma que temos atualmente, e qual a forma que queremos vir a ter! Não construamos uma nova estrada sem consultar os condutores e sem avaliar o orçamento da obra, amedrontados pela inspeção de (mais) uma autoridade!

Investigação Científica no ICBAS

Participar no desenvolvimento é estar pre‑sente e actuante nas diversas iniciativas que se desenvolvem no sentido de dar resposta ao direito à contemporaneidade que não se verifica num imenso número de seres humanos. – Professor Doutor Nuno Grande

O ICBAS é uma das Unidades Orgânicas que re-presenta por excelência a investigação científica desenvolvida dentro da Universidade do Porto. Em colaboração com várias instituições nacionais e inter-nacionais e financiamento externo (Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Comunidade Europeia, etc.) os laboratórios contam com a participação de mais de 20 docentes e 40 alunos dos diversos ciclos de estudos. É de salientar então a existência de dois departamentos com intensa prática investigativa: o Departamento de Anatomia e o Departamento de Imuno -Fisiologia e Farmacologia. Situado no Edifício 1, o Departamento de Anatomia

Diogo Neves

Mariana Pires Pereira

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é dirigido pelo Professor Doutor Artur Águas. Desde o papel do nervo vago e de algumas hormonas na ingestão alimentar até ao estudo do tecido adiposo em infecções pelo protozoário Neospora caninum, passando pela avaliação dos marcadores imunoci-toquímicos em tumores do cortéx da supra -renal ou pelo estudo do calicivírus e doença hemorrágica do coelho, este departamento ocupa -se de um vasto conjunto de experiências seguindo as metodologias mais adequadas para a obtenção de resultados cada vez mais promissores de ano para ano. Já o Departa-mento de Imuno -Fisiologia e Farmacologia é dirigido pelo Professor Doutor Paulo Sá e constituído por três laboratórios principais distribuídos pelos Edifícios 1 e 2 da Faculdade. O laboratório de Farmacologia está, neste momento, a desenvolver projectos de investigação na área da neurobiologia das purinas, focando -se também no estudo dos mecanismos moleculares envolvidos na modulação interactiva da transmissão neuromuscular. Esta linha de trabalho está integrada no seio da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica em colaboração com outros laboratórios de investigação farmacológica espalhados pelo país. Por sua vez, o Laboratório de Fisiologia encontra -se a estudar os fenómenos de biomineralização (mecanismos moleculares e celulares de calcificação) e de transporte iónico em

bivalves. Um segundo grupo tem como tema cientí-fico de interesse o estudo da fisiologia dos gâmetas e biotecnologias reprodutivas e um terceiro grupo orientado para a investigação da endocrinologia do crescimento e reprodução de crustáceos, em parceria com laboratórios de biologia marinha da região. Por fim, o laboratório de Imunologia centra--se no estudo da resposta imunológica a infecções nomeadamente de proteínas imuno -moduladoras de origem microbiana como factores de virulência e da sua aplicabilidade como antigénios vacinais ou na prevenção/terapia da autoimunidade. São usados modelos experimentais animais para caracterizar a resposta imunológica a infecções por bactérias (micobactérias, estreptococos, estafilococos), fungos (Candida albicans) e protozoários (Neospora caninum). Além de contribuírem para o conhecimento funda-mental, estes estudos visam também desenvolver novas estratégias imunoterapêuticas e de vacinação contra doenças infecciosas. Finalmente, é importante referir que para além das características de investi-gação descritas anteriormente, os laboratórios são também reconhecidos pelo auxílio prestado no ensino de algumas Unidades Curriculares das licenciaturas de Medicina, Medicina Veterinária, Ciências do Meio Aquático e Bioquímica, bem como outros cursos de ciclos de estudo superiores.

Sociedade de Debates da Universidade do PortoFundada por estudantes da U.P. em agosto de 2010, a Sociedade de Debates da Universidade

do Porto (SdDUP) é uma organização sem fins lucrativos, liderada por alunos de quase todas as Faculdades da U.P., que se dedica ao debate nas mais diversas áreas como forma de promoção de competências de comunicação, capacidade de improviso, análise crítica e tolerância intelectual. A SdDUP organiza dois debates regulares por semana (às terças e quintas -feiras), nas diferentes faculdades dos três pólos universitários (Campo Alegre, Centro Histórico e Asprela). Terrorismo, se-gurança pública, história de Portugal, política nacional e europeia, feminismo, arte, religião, ciência, medicina e entretenimento foram apenas alguns dos temas discutidos ao longo deste semestre. Em outubro a SdDUP levou oito equipas ao torneio nacional Open de Lisboa, com uma das equipas a ganhar o prémio de melhor equipa e melhor oradora e em novembro dois oradores participaram no torneio internacional Oxford IV. Em novembro foi também organizada uma simulação da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) sobre o tema “Alterações Climáticas” com a participação especial da eurodeputada Marisa Matias. Além disso, a SdDUP organizou também um debate especial na FCUP com os Núcleos de Estudantes de Biologia e Bioquímica da U.P. sobre o acesso à investigação científica e também dois debates VIP sobre “Racionamento de Medicamentos” e “Capitalismo” com a participação de professores especialistas, tendo o primeiro decorrido no ICBAS e o segundo na FEP. Para o próximo semestre está previsto a continuação dos debates regulares e VIP e a participação em mais competições nacionais e internacionais, nomeadamente o Torneio Nacional de Debates Universitários (TORNADU) em Braga e o International Debating Camp (IDC) no Porto.

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II AEICBAS Biomedical Congress

Após a primeira edição do AEICBAS Biomedical Congress, a Direção da Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar compromete -se a realizar uma segunda edição em abril de 2014 (dias 24, 25 e 26).

Para os estudantes mais distraídos ou, para os que pela primeira vez estão nesta faculdade, o AEICBAS Biomedical Congress teve a sua primeira edição em abril de 2013 e surgiu da ideia de regressar aos pri-mórdios da criação do nosso Instituto. A filosofia da interdisciplinaridade inerente às Biomédicas e asso-ciada ao Professor Doutor Nuno Grande, tornou -se assim um desafio para a criação deste congresso, desafio este aceite pela DAEICBAS 2012 -2013.

Com este projeto pretendemos por um lado, sa-lientar a proximidade inerente aos diversos cursos lecionados na nossa faculdade, demonstrando a cada um dos estudantes que determinadas áreas correspondem a interesses comuns abordados quer numa perspectiva diferente por cada curso ou, ape-sar de não fazerem parte de todos ou de nenhum dos planos de estudo, são um interesse global. Por outro lado, vivendo numa sociedade cada vez mais exigente e que dá primazia ao estudante e profissional

multifacetado pretendemos que, numa época em que os cursos lecionados se encontram cada vez mais divergentes se aproximem e que a contribuição de todos eles, crie este tipo de estudante/profissional.

Assim, com uma reformulação da imagem e ideias inovadoras queremos mais uma vez, com esta se-gunda edição, chegar a todos os estudantes que compõem os cinco cursos lecionados no ICBAS: Medicina, Medicina Veterinária, Ciências do Meio Aquático, Bioquímica e Bioengenharia.

Após uma reflexão crítica sobre a primeira edição, a Comissão Organizadora começou os preparativos desde o inicio deste ano letivo, e já com algumas novidades para ti!

Acreditamos que a Ciência é, sem dúvida, a área do conhecimento que promove a união e proximidade que pretendemos, sendo a nossa preocupação para enfoque durante as manhãs deste segundo congresso. Tendo por base este pressuposto, escolhemos para Presidente da Comissão Científica o Professor Doutor João Coimbra que, entre uma biografia extensa e no-tável, foi professor catedrático de fisiologia no ICBAS desde a sua criação, lecionando posteriormente outras unidades curriculares, neste momento aposentado.

Mas, porque temos consciência que cada curso possui as suas especificidades, pretendemos que estas também sejam exploradas, proporcionando aos participantes ciclos de conferências, sessões teórico -práticas e práticas durante as tardes. E para as quais terás novidades em breve!

Curioso? Mantem -te atento a todas as novidades através do nosso site e página de facebook!

http://aeicbasup.pt/iiabc/ptwww.facebook.com/AeicbasBiomedicalCongress

E caso tenhas alguma dúvida, contacta -nos: [email protected]

E não te esqueças das datas, marca já na tua agenda e vem fazer história connosco nesta segunda edição!

Marta Paula Sá de Azevedo,

Presidente da Comissão Organizadora

do II AEICBAS Biomedical Congress

DepartamentosdaDAEICBAS

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Economia para Totós

No passado dia 6 de novembro, a AEICBAS teve a primeira edição deste ano da nossa atividade “Cenas para Totós” e escolhemos a área de Economia para es-trear esta caminhada de sete sessões alusivas a ideias inovadoras ou a temas que pensamos não serem do leque geral de um típico estudante do ensino superior.

Para esta primeira sessão: “Economia para Totós” foi convidada a Joana Torres, estudante do 4º ano do Mestrado Integrado em Medicina do nosso Instituto, já licenciada em Gestão e Contabilidade e com uma pós -graduação em Gestão de Unidades de Saúde. A Joana amavelmente aceitou o desafio por concordar, tal como a AEICBAS, que o conhecimento da maioria dos estudantes sobre contabilidade e economia, se encontra muito aquém daquele que será o esperado para a entrada no mercado de trabalho.

Nesta sessão foram abordadas ao pormenor duas temáticas consideradas de elevada relevância nesta área de alargado conhecimento: IRS (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) e a Seguran-ça Social. Várias e de elevada pertinência foram as questões realizadas pela plateia de 40 estudantes.

Assim, concordamos que o balanço final desta atividade foi positivo, mais uma vez alertando para a falta de conhecimento associado a esta área ve-rificada nos estudantes do ICBAS. Esta falha é mais notória no Mestrado Integrado em Medicina onde está a ser equacionado para o nosso Plano Curricular a integração de uma disciplina associada a Economia/Gestão. Mas, enquanto não é integrada e seja do conhecimento geral este défice nos estudantes do ICBAS, a AEICBAS tentará realizar mais iniciativas associadas a este leque de conhecimento.

Regressando ao inicio deste artigo, a atividade “Ce-nas para Totós” terá no total sete sessões. Para os mais distraídos a próxima será “Ciência Politica para Totós”.

O que sabes tu sobre ideologias politicas e o que gostarias que te fosse esclarecido?

Não percas esta próxima sessão e vem ser um totó connosco!

Marta AzevedoCoordenadora

Executiva da DAEICBAS

Expectativas do antes e depois em CMA

Entrar para a faculdade é um marco na vida de um jovem e representa o início de uma etapa muito importante no percurso de vida de alguém, daí nos sentirmos muitas vezes pressionados sobre o curso que vamos optar e, acima de tudo, se vamos entrar efetivamente nesse curso.

No meu caso, desde cedo soube que queria algo relacionado com as ciências e investigação, mas nunca pensei que algum dia viesse a estudar no ICBAS em Ciências do Meio Aquático. Ao início estive um pouco reticente e com algum receio se iria gostar ou não do curso, se me iria integrar, se iria tirar ter sucesso academicamente, etc. E, apesar de me sentir um pouco deslocado e, de certo modo, reservado perante os outros e perante o ambiente novo que me rodeava, desde logo consegui “adaptar -me” ao novo ambiente e às pessoas e, passados 2 meses, posso claramente afirmar que estou a adorar o curso, que conheci pes-soas e docentes fantásticos e que, no geral, estou a adorar esta nova experiência que é a faculdade.

Faculdade não é só sinónimo de “muito estudo” e “praxe”, vai muito para além disso. É um misto de emoções, experiências e vivências com toda a co-munidade da faculdade, desde doutores a colegas, professores a funcionários, estudo a divertimento e por isso, recomendo vivamente a todos os jovens que estejam interessados em ingressar no ensino superior, que não hesitem. Ter a destreza para aceitar novos desafios é um grande atributo e privilégio, portanto aceitem este desafio como uma experiência e uma viagem que vos mudará a vida para sempre. A minha ainda agora começou.

Francisco Ferreira 1º CMA

CMA Rumo a Sul

Não podes desperdiçar esta aventura rumo ao conhecimento, adrenalina e socialização, que o De-partamento de Ciências do Meio Aquático da AEICBAS te proporciona.

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Expectativas do antes e depois em CMA

“All this time I was finding myself, and I didn’t know I was lost” é a frase que melhor define o meu percurso em CMA. Ao contrário da maioria dos alunos de Ciências do Meio Aquático, as minhas expectativas no início do primeiro ano não eram muito altas, uma vez que esta-va a frequentar um curso que não tinha sido a minha primeira opção e que, à partida, só faria o primeiro ano para não estar parada, tentando depois entrar naquele curso que dizia ser o meu sonho.Acontece que os meses foram passando e a “brincadeira” até correu melhor do que aquilo que eu esperava. Ao longo desse ano e do seguinte fui -me envolvendo em atividades relacionadas com CMA e à medida que tinha mais cadeiras, fui -me apercebendo do quanto eu gostava desta área, e que um dia me via a trabalhar na mesma.

Agora que cheguei ao 3º ano sinto -me como um aluno que chega pela primeira vez à faculdade: cheia de expectativas, com vontade de aprender e de tra-balhar, realizar projetos e prosseguir os estudos nesta área. Acima de tudo quero acreditar firmemente que tanto eu como os meus colegas teremos futuro quando acabarmos o curso e que iremos trabalhar numa área que gostamos.

Acho que posso falar por todos os meus colegas de curso, dizendo que uma das nossas expectativas/objetivos é desmistificar um bocadinho a ideia de que estamos a frequentar um curso inferior e que não tem futuro, pelo contrário queremos mostrar que temos muito para dar enquanto futuros biólogos marinhos.

Ao longo destes três anos descobri algo que não sabia de que gostava e passei a pensar num futuro totalmente diferente daquele que eu imaginava antes de entrar para a faculdade, no fundo, encontrei em CMA um porto de abrigo.

Francisca Ribeiro 3º CMA

Semana do Mar

A Semana do Mar foi recheada de histórias, inte-gração, curiosidade e de milhares de seres marinhos preenchidos de personalidade. Uma atividade que se realizou de 7 a 11 de outubro, dinamizada pelo Depar-tamento de Ciências do Meio Aquático da AEICBAS, e contou com a presença de cerca de 40 participantes.

Iniciou -se com “Oceano de História”, onde se viven-ciaram experiências com o desvendar mágico do nas-cimento do curso pelas entidades que o presenciaram, nomeadamente, o Diretor do curso Alexandre Lobo da Cunha, e os professores António Afonso, Gerhard Micha-el Weber, José Fernando Gonçalves e Paulo Vaz Vires.

A Semana continuou com o “Oceano de Experiên-cias”, uma viagem em retrospetiva do que foi o futuro de antigas alunas de Ciências do Meio Aquático, Ana Reis, Lúcia Barriga Negra e Sónia Rocha, atuais investigadoras, e do que poderá ser um dia o nosso.

“Dentro de um peixe” foi uma palestra conduzida pelo professor António Afonso, reveladora de muitos mistérios desapercebidos à desatenta visão humana.

O terminar, em excelência, deu -se com a visita ao Sea Life e aos seus bastidores, que maravilhou o olhar com múltiplas cores e formas da vida marinha, desde o frágil cavalo -marinho, a assustadores tubarões e simpáticas raias.

Com realização datada de 14 a 16 de abril de 2014, inclui as visitas ao Oceanário de Lisboa e IPIMAR, e a oportunidade de fazer kart à vela, um passeio, em pleno, de barco na companhia de golfinhos, entre outras experiências imperdíveis. As inscrições abrem dia 3 de fevereiro de 2014.

Departamento de CMA

Em suma, foi um encontro singular e enriquecedor, que se poderá repetir nos próximos anos.

Lisa Moutinho Teixeira 3º CMA

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O Departamento de Veterinária da Associação de Estudantes do ICBAS está a organizar uma cãominhada para o próximo dia 18 de maio de 2014. Não, não leste mal, é mesmo CÃOminhada! Trata -se de uma caminhada por um percurso programado e que está pensada para que o teu amigo especial seja o centro das atenções. Contamos com a presença de associações de animais, com um especialista em comportamento canino e ainda com muitos brindes.

À chegada, os participantes poderão recolher os brindes para o seu animal e depois podem seguir para um Workshop sobre Comportamento Animal, onde poderão aprender algumas dicas e sinais que anterior-mente lhes passavam despercebidos e ainda colocar as dúvidas que não tenham sido abordadas durante o Workshop. Após esta actividade os participantes são convidados a fazer um percurso de cerca de 5Km todos em conjunto, para depois voltar ao ponto inicial.

Com esta actividade pretendemos promover uma boa relação dos donos e seus cães, assim como uma razão para o convívio e partilha de experiências entre os donos e entre animais. Como se não bastasse, será também uma ajuda da educação o cão, uma vez que será promovido um passeio calmo em que o animal segue ao lado do dono e que teremos a presença de uma treinadora que poderá dar conselhos sobre alguns problemas comportamentais durante o passeio.

Inês Rei

Departamento de Medicina Veterinária da DAEICBAS

CÃOMINHADA

Sempre quiseste fazer um passeio completamente dedicado ao teu cão?Gostavas que o teu cão tivesse contacto com outros?Tens dúvidas sobre como educar o teu animal?

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“Ser Mais Buddy”

Este projecto “Ser Mais Buddy” surgiu pela neces-sidade de integrar os alunos ERASMUS que vêm para a nossa faculdade durante um semestre / um ano, visto que notávamos nos anos anteriores que existia um lapso em termos da vivência deles e inte-racção com os restantes estu-dantes. Assim sendo, de modo a potencializar ao máximo a ajuda que cada aluno, que se voluntariou para ter um Buddy -Erasmus, poderia dar, cruzamos as informa-ções sobre o curso, ano e cadeiras inscritas e atribu-ímos o aluno de ERASMUS com as características mais adequadas possíveis. Mas o apoio dado é muito diverso, desde onde é a reprografia ou como estu-dar para certa cadeira até ao sítio onde se sai à quinta -feira no Porto ou que destino do nosso país que não podem deixar de visitar! Neste momento temos cerca de 29 “parcerias”, número que

tenderá a aumentar, esperamos nós, no 2º semestre com a chegada de novos alunos.

A base é simples, é levar muito a sério o lema “mi casa es tu casa”, e se a nossa Casa, o nosso ICBAS,

vai ser a casa destes alunos pelo menos durante uns meses, então é mais

do que nossa responsabilidade enquanto dirigentes asso-

ciativos, mas principal-mente, como estudan-

tes, saber integrá -los, ajudá -los, fazê -los sentir que são bem--vindos e tornar esta estadia cá inesque-cível. Porque eles eventualmente terão

de voltar para os seus países de origem, mas

as memórias e coisas que viveram também ficam por

cá, e é nessas pequeninas coi-sas que, pensando que não, vamos

fazendo a diferença.

Ana Paula Cruz

A 3° edição do Biomédicas Sem Fronteiras ocorreu no fim -de -semana de 15 a 17 de novembro, em Rilhadas – Fafe

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VO.U. – Associação de

Voluntariado Universitário

Nesta edição falamos do VO.U Socorrer - um dos projetos da VO.U (Associação de Voluntariado Uni-versitário) - que pretende ter maior implementação neste novo ano letivo.

O que se pretende é, tal como o próprio nome o sugere, realizar cursos de primeiros--socorros direcionados a jovens a partir dos 12 anos. Isto porque, nas palavras dos coordenadores do projeto Luís Guimarães e Rita Filipe, “acreditamos que transmitem informação de extrema importância, que não se encontra, atualmente, suficientemente difundida na população”, salientam os dois, bastante familiarizados com o tema, não fossem ambos estudantes de medicina.

Genericamente, o curso incide na divulgação de informação sobre a organização do Sistema Integra-do de Emergência Médica, a transmissão correta de dados ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes, sobre os Princípios Gerais de Socorrismo e também sobre como atuar em situações específicas, mais ou menos comuns. Tem uma carga horária de 15 horas,

dividida em 8 sessões consoante a disponibilidade de ambas as partes

(voluntários e beneficiários), com espaço para muita participação e dinamismo face à sua forte com-ponente prática.

O objetivo principal é alertar os jovens para a importância de se

manterem informados sobre o im-pacto que gestos simples podem ter

nas situações de doença súbita e trauma, atribuindo -lhes competências práticas e con-

cretas neste campo.Atualmente o projeto conta com cerca de 30 vo-

luntários ativos, sendo que pretende crescer e atingir a proporção suficiente para cumprir com os seus objetivos em grande escala.

Para os que ficaram interessados no projeto, existe uma informação importante a reter: é necessário ter formação (certificada ou não) em Suporte Básico de Vida (SBV) para integrar o projeto. A partir desta base, é apenas necessário acrescentar uma boa dose de motivação e empenho!

Voluntariado da Universade do Porto

FAMVet

No fim de semana, de 23 de novembro de 2013, em Évora, reuniram -se os órgãos de gestão da recém nomeada FAMVet, Federação Académica de Medici-na Veterinária. Desta fazem parte as faculdades de Veterinária das universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Lusófona, Évora e claro o nosso caríssimo ICBAS! Das quatro assembleias gerais realizadas no mesmo dia faziam parte das ordens de trabalho os seguintes temas principais: apresentação do relatório de actividades e orçamento da comissão gestão (em

funcionamento até á tomada de posse da direcção neste mesmo dia) e dos membros do concelho fiscal e disciplinar (nomeados pelas DAE pertencentes á federação) assim como a aprovação do seu regu-lamento interno, apresentação e votação das listas candidatas aos órgão de gestão (Direcção e Mesa

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da Assembleia Ge-ral), aprovação dos regulamentos inter-nos das mesmas e tomada de posse. Foram ainda apre-sentados e votados o Plano de Activi-dades e Orçamento da nova Direcção e os regulamentos de quotas e da Assem-bleia Geral.

Do Plano de actividades para 2013/2014 fazem par-te uma breve explicação da existência dos diferentes departamentos dentro da direcção e do objectivo destes seguido da apresentação dos eventos pelos quais são responsáveis. FAMVet, como membro da IVSA (International Veterinary Students Association), proporciona já neste mesmo ano a participação dos alunos nos intercâmbios clínicos ou de investiga-ção da mesma!! Uma nova actividade denominada VetForm foi também recebida com entusiasmo, será um encontro com sessões de formação prática e teórica para todos os interessados no associativis-mo estudantil! Outra opção para os interessados em aproveitar o verão são os CEMVEFs, pequenos estágios em centros de prática veterinária profissio-nal que são uma oportunidade para contactar com a realidade do trabalho de dia -a -dia em veterinária e pôr em prática os nossos conhecimentos, a tanto

NEBQUP

O Núcleo de Estudantes de Bioquí-mica da Universidade do Por-

to, NEBQUP, surgiu há dois anos, oficialmente, como um dos grupos da Faculdade de

Ciências em colaboração com o IC-BAS, com o objectivo de informar e ensinar. Através de actividades direcionadas a diferentes vertentes do percurso académico de cada estudante da UP tem vindo a destacar -se principalmente em actividades com alguns nomes major da ciência e industria em Portugal.

Representa alunos e ex -alunos, representa um curso com décadas de história e representará de certeza futuras décadas de uma ciência em cons-tante evolução.

Neste semestre, até há data, já contou com três actividades diferentes. A primeira, um grupo de cinema, com o filme “Dead Man Walking”, com o objectivo de juntar os estudantes num clima mais informal e diário. Numa colaboração com o Núcleo de Estudantes de Biologia da UP e a Sociedade de Debates da UP, foi realizado um debate com o tema “Divulgação Científica” foram argumentadas as diferentes formas de publica-ção científica e o seu peso académico investigadores da Universidade do Porto, e o acesso gratuito e pre‑mium a que cada investigador está intitulado. Numa vertente mais cultural, foi desenvolvido um Bookclub, um clube onde podem ser ser debatidos os gostos literários de cada participante. Na primeira edição desta actividade, entrou -se na comédia científica de Douglas Adams com a obra “Á Boleia pela Gálaxia”.

Carlos Diogo Paulo

custo adquiridos! Não pudemos, claro, deixar de re-ferir o ENEMVet, uma actividade anual de diversão com outros alunos de veterinária a nível nacional! A FAMVet irá incidir ainda na revisão dos planos de estudo dos diferentes cursos de medicina veterinária do país, na divulgação do importante papel do mé-dico veterinário na saúde pública e na valorização do animal como entidade própria.

A próxima Assembleia Geral da FAMVet está agen-dada para os mesmos dias do VetForm e será em Lisboa. Para além de todas as actividades em que poderás participar, a FAMVet irá também procurar incluir alunos de Medicina Veterinária, mesmo exterio-res ás direcções das associações de estudantes, nas comissões organizadoras das diferentes actividades por isso fiquem atentos!

Alexandra Xavier

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CICBAS – ENCORE

No ano em que o Coral de Biomédicas (CICBAS--UP) comemora 35 anos de existência, um grande evento volta à cidade do Porto, após 10 anos de interregno – Encontro de Coros Académicos: ENCORE.

O auditório da Fundação Engenheiro António de Almeida foi pequeno para a multidão que fez questão de asistir a mais um evento de sucesso organizado pelo CICBAS.

Com a ajuda inestimável do Coro Misto da Uni-versidade de Coimbra e do Coro da Faculdade de Economia (eCOROmia) celebrou -se a música coral e o que melhor se faz nas academias portuguesas.

Desde ritmos latino -americanos como “A Banda” de Chico Buarque e “Verano Porteño” de Astor Pia-zolla até “All I ask of You” de Andrew Lloyd Webber, nenhum campo da música foi ingnorado numa noite memorável de voz académica.

Nestes 35 anos de história, o Coro sempre se apoiou em ti, estudante, e contigo foi mais longe. Vem co-nhecer um novo mundo - vem conhecer o Coral de Biomédicas.

Ensaios 2ªs e 5ªs às 18h, Complexo ICBAS -FFUPEsperámos por ti na nossa Digressão Internacional

(novidades em breve).

Frederico Rajão Martins

Coral do Instituto de Ciências Biomédicas

de Abel Salazar (CICBAS)

TFB

Um ano fora de sérieComo é sabido pela comunidade ICBASiana, a Tuna

Feminina de Biomédicas não recusa uma aventura. A verdade é que adoramos viver no limite, e por isso, decidimos organizar uma Digressão fora do nosso habitual. Achamos que o conceito adaptado de um mini intrarail em Tuna era realmente o que necessitá-vamos. Portanto, no final de julho, fizemos as malas, atolamos os carros até ao infinito, e partimos estrada fora, a conhecer novamente locais onde estivemos em crianças, com a escola, com os pais ou com amigos dos quais nem do apelido nos lembramos. Estivemos na Figueira da Foz, em Lisboa e em Sintra com o intuito

de ganharmos uns trocados e de nos preparamos para um ano sui generis: mais que juntar uns trocos, mais que treinarmos umas canções, precisávamos de desfrutar de uns dias intensivos de Tuna. Claro está que acabamos a viver peripécias variadas, incluindo bombeiros, padres, noivas, despedidas de solteiro, melancias, pasteis de Belém, empregados de bares, criancinhas de infantário curiosas e Dux Jubilatus no geral. Conciliamos o ócio clássico de uma tarde de praia, ao suor e cansaço de um dia abrasador a cantar ao sol em frente ao Mosteiro dos Jerónimos. Deliciamos com as nossas músicas autocarros inteiros de turistas curiosos por conhecerem a nossa cultura e admirados pela vida académica que um estudante universitário adota. E, acreditem ou não, encaixamos toda a Tuna (com contrabaixo incluido) numa charrette que normalmente se passeia pela Praça do Império.

Gruposdacasa

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O ano letivo propriamente dito começou de co-ração apertado e com muito stress à mistura. À medida que se aproximava a entrada dos caloiros na Faculdade, íamo -nos despedindo das nossas meninas que nos íam abandonando por escaldantes praias brasileiras, mágicas e deliciosas praças italianas, e gélidos castelos checos, envergando por essa enorme aventura que é ir de Erasmus... E íamo -nos habituando à falta que elas faziam e adaptando musicalmente aos instrumentos que ficavam por tocar. Com este espírito de desenvencilhanso, atuamos na Semana de Receção ao Caloiro com o nosso repertório quase na totalidade, e com duas bailarinas de amarelo, olhos inchados e coração na boca, que trocaram de lado durante a Semana de Receção.

Comemoramos também, no dia 30 de setembro, o nosso X Aniversário ao organizarmos uma semana musical intensa, que depois de workshops, jantares e churrascos, culminou no primeiro Encontro Soli-dário de Tunas organizado em conjunto com a Tuna Académica de Biomédicas.

De entre diversas atuações e festivais que tive-mos durante estes meses, destaca -se o 8º Tun’elas,

o festival da TESUNA, Tuna Feminina do ESTSP, que se realizou no Teatro Sá da Bandeira no dia 16 de novembro. Preparamos um espetáculo adequado ao tema, que era terror, e acabamos por conquistar não só o prémio de ScaryTuna (cedido à Tuna que melhor tivesse adequado o tema à sua apresen-tação), e o prémio de melhor Pandeireta, que nos deixou extasiadas, uma vez que as nossas pandei-retas exibiram o esquema do nosso Instrumental pela primeira vez.

Também durante estes meses, além de termos acolhido as nossas novas caloiras, começamos a preparar a nossa música de solista que vai completar o nosso repertório. Sem querer ser spoiler, é uma música que vai arrepiar até a pele mais insensível, e deixar a lágrima no canto do olho a todos os amantes de música portuguesa.

A TFB continua a ser para nós a melhor forma de sairmos da Faculdade com muito mais do que um diploma. Saímos com uma família, com uma expe-riência, e com intermináveis histórias para contar.

Tuna Feminina de Biomédicas

TAB

A Tuna Académica de Biomédicas fez no dia 30 de setembro 10 anos de existência. Um belo de um marco que mereceu a realização, em conjunto com a Tuna Feminina de Biomédicas que também feste-jou o mesmo marco, de uma semana de workshops, um churrasco de convívio e uma atuação de cariz solidário.

O que se fez nesta tuna ao longo dos 10 anos? Um CD, de seu nome “Memórias de um Tuno” editado; 6 festivais por nós organizados (o vosso conhecido TABernal); várias digressões europeias, tendo corrido Portugal, Espanha, França, Itália…; centenas de fes-tivais por todo o nosso país, outros tantos prémios arrecadados…

Dos mais importantes festivais que a nossa jovem tuna teve o prazer de participar ocorreram nestes últimos 2 anos, um passado muito recente, tendo pi-sado o palco do Coliseu do Porto por 3 ocasiões: em 2012, pela primeira vez, no XXV FITA Festival Ibérico de Tunas Académicas, onde arrecadamos o prémio de Tuna+Tuna, no XXVI FITU “Cidade do Porto” Festival Internacional de Tunas Universitárias e, já em 2013, no XXVII FITU “Cidade do Porto”, tendo conquistado

o 3ª Melhor Tuna. Também em 2013 demos uma es-capadela até aos Açores.

Mais do que isto, vocês já conhecem o esquema: ensaios, música e boémia, tradição académica e es-pírito tunante, amigos e companheirismo, serenatas, brindes e jantaradas. É isto que nos define!

Aos corajosos: segundas às 21 horas e quintas às 18 horas no edifício ICBAS -FFUP são os nossos ensaios, o convite para uns anos bem passados na faculdade está feito!

E que venham os próximos 10 anos!

Tuna Académica de Biomédicas (TAB)

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Nicolas Jaar é um produtor de música electrónica que vem ganhando nome desde 2008 com inúmeros remi‑xes, uma batelada de EP’s e até o álbum Space Is Only Noise em 2011, muito bem recebido pela crítica. Contudo, apesar da discografia extensa, Nicolas sempre andou na estética techno minimal, com um som peculiar.

Estudou Literatura Comparada na Universidade Brown e é durante esse período que conhece Dave Harrington. Como Darkside lançam um EP com três músicas em 2011 e, este ano, finalmente sai Psychic, “a coisa mais parecida com rock & roll que alguma vez fiz”, como disse Nico numa entrevista.

O som de Psychic é meticuloso e melado, com batidas variadas e criativas a cargo de Nico e um toque bluesy impresso pela guitarra de Dave. 45 minutos de uma atmosfera quase alienígena que não cansam nem um segundo.

Destaque: Paper Trails, Golden Arrow, HeartFilipe Martins

Muitas bandas citam o psicadelismo vindo do Texas nos anos 60 como uma influência para o seu som, mas raramente conseguem captar a essência que tornou 13th Floor Elevators ou The Golden Dawn especiais. Felizmente existem os Night Beats.

Oriundos do Texas, mas actualmente a viver em Seattle, Lee Blackwell e companhia não se deixaram in-fluenciar pela cidade do grunge. Com um estupendo trabalho de guitarra e da secção rítmica, fuzz e reverb q.b., transformam os acordes e as progressões convencionais numa mistura de sons que viajam entre a Soul e o Garage.

Editaram em meados de Setembro o segundo álbum, Sonic Bloom, pela Reverb Appreciation Society e continuam a soar os mesmo estupores filhos de um cowboy maníaco que eram em 2011, com um registo sem pressas, mais espaçado, a explorar os lados mais negros do psicadelismo.

Destaque: Puppet On A String, H ‑Bomb, Love Ain’t Strange (Everything Else Is)

NIGHT BEATS

DARKSIDE

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O texto que se segue é uma parte da reunião do CCUP, quando os seus elementos sou‑beram que a revista “Corino” queria a sua colaboração.

Joana: “Pessoal, temos esta tarefa para realizar. Escrever algo para apelar às pessoas para entrarem no CCUP, que irá ser publicado na revista Corino.”

João: “Corino? Mas isso é algum osso?”Pedro: “Não João, é aquele filme, o “Gran Corino”,

do Clint Eastwood!”Um minuto de silêncio por estas almas

E agora, um momento de ternura: a carta do Martim para o Pai Natal.

Querido Pai Natal,

Hoje escrevo -te para te contar mais uma coisa boa que fiz é bom que não te esqueças quando chegar o Natal. Ia a caminho da escola quando vi um cãozinho abandonado e ao frio. Como tive pena dele levei -o para casa. A minha mãe não queria animais em casa, porque temos tapetes novos, mas disse--me que o nosso vizinho ia gostar de ter um cão. O meu vizinho ficou muito contente com o cãozinho e para me agradecer trouxe -me um bocadinho do jantar que estava muito bom e a carne era muito tenrinha. Fiquei muito feliz por Sr. Yun -Lian ter ficado com o cãozinho.

Martim

CLUBE DE COMÉDIA DA U.P.

Junta -te ao CCUP, visita o nosso facebook!

Temos bolachinhas!(Não temos. Mas podes trazer.)

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O Manual da Felicidade

Imagina que podias ter à tua disposição uma fonte de inspiração… Imagina que podias ter alguém que te ajudaria a colocar em palavras aquilo que precisas de dizer, pensar, fazer, interpretar para conseguires atingir aquilo que queres ser. Imagina que a tua vida dava um filme e que és tu que decides o argumento. E, se decides o argumento, então podes decidir o teu futuro.

Este projecto destina-se a orientar as pessoas a serem os actores da sua própria vida, levando-as a construir o seu Manual da Felicidade.

Um escritor vai escrever para ti um texto como um alfaiate faria para ti um fato à medida. Esse texto será feito para a tua voz, para a tua sensibilidade, para o teu corpo e potenciará aquilo que queres atingir. Depois disso, serás dirigido por um director de actores que te ajudará a interpretar o texto com

“A bicicleta que brota do húmus no coração do pinhal” – Cruzeiro Seixas.

o máximo de congruência, verosimilhança e verda-de, e, à medida que representas aquela pessoa que queres ser, transformas-te nela. E esse director de actores dará lugar a um coach que te ajudará a pegar nesse texto e a usá-lo positivamente nos desafios da tua vida.

Em síntese, vais ter um texto escrito para ti, um amigo que te vai ajudar a interpretá-lo, um coach que te dará opções e as transformações são aquelas que tu quiseres.

O Manual da Felicidade é a arte de mudar a tua vida para aquilo que queres que ela seja.

João Negreiroshttp://joaonegreiros.blogspot.pt/

Daniela Barroso

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Esta é aquela página aleatória cujo tema é qualquer

um. Aleatória, pois os assuntos aqui presentes ganharam

o direito de o estar por puro acaso. Esta página é ou uma

sorte ou um acidente. A primeira será com certeza destino.

A segunda, azar.

A Grande Mancha de Lixo do Pacífico e a Platisfera

A Grande Mancha ou Vórtex de Lixo consiste numa área do

Pacífico Norte na qual a concentração de plástico e compostos

químicos derivados é excecionalmente elevada. Apesar da sua

densidade e tamanho, a mancha não é observada por satélite,

já que consiste principalmente em partículas suspensas micro

e macroscópicas. As estimativas de área vão de 700 000 quiló-

metros quadrados a mais de 15 000 000 quilómetros quadrados

(ou quase duas vezes a área dos Estados Unidos da América).

Esta área corresponde grosseiramente ao Giro do Pacífico

Norte, um sistema de quatro correntes marinhas rotativas.

A Grande Mancha foi prevista em 1988 pela National Ocea‑

nic and Atmospheric Administration e observada em 1997 por

Charles Moore, que, navegando pelo Giro do Pacífico Norte,

se apercebeu que a água se encontrava cheia de pedaços de

plástico, que, como confetti, se encontravam logo abaixo da

superfície. Após o alerta estimou-se que na área existiriam 5.1

quilogramas de plástico por quilómetro quadrado. Em muitas

zonas, a concentração de plástico foi quantificada e dada maior

que a concentração de zooplâncton. As correntes oceânicas

transportam os detritos da América do Norte para o Giro em

seis anos, e do Este Asiático para o Giro em menos de um ano.

O plástico não é biodegradável, mas mantém-se na biosfera

enquanto polímeros de cada vez menor tamanho. Em última

análise, torna-se pequeno o suficiente para ser ingerido por

organismos aquáticos. Aproximadamente um terço das crias de

albatroz morre por serem alimentadas com pedaços de plásti-

co. Os pedaços de plástico são ainda colonizados por biofilme,

dando origem a um novo ecossistema denominado platisfera.

Amelia Earhart

Raquel Borges

A Travessia Aérea do Atlântico

Muitos tentaram a travessia do oceano pelo ar, sem sucesso.

Apresenta-se em baixo a lista das principais viagens de aviação

bem-sucedidas na travessia do Atlântico. Já os primeiros a

atravessar o Atlântico de avião sem escalas foram os britânicos

Arthur Whitten Brown e John Alcock, num bombardeiro, entre

St. Jonhn’s, Newfoundland, Canadá e Clifden, na Irlanda. O

voo teve lugar a 14 de Junho de 1919.

A primeira travessia aérea do Atlântico Sul (com escala

nas Canárias, Cabo Verde e Fernando de Noronha no Brasil)

foi realizada pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura

Cabral no contexto do primeiro centenário da independência

do Brasil, 1922. A viagem fez-se de Lisboa ao Rio de Janeiro

e foi também a primeira travessia com o auxílio apenas de

navegação astronómica a partir do aeroplano.

Charles Lindbergh, americano, ficou conhecido pelo primeiro

voo solitário transatlântico sem escalas. Partiu de Nova Iorque

a 20 de Maio de 1927 em direcção a Paris, onde chegou no dia

seguinte. O avião, “The Spirit of St. Louis”, ficou tão famoso

como o tripulante. Apenas 23 dias antes, o brasileiro João

Ribeiro de Barros havia realizado a travessia do Atlântico

Sul no hidroavião Jahú, com dois co-pilotos, um mecânico

e um navegador. Partiram de Génova com destino a São

Paulo, fazendo escalas em Espanha, Gibraltar, Cabo Verde e

Fernando de Noronha.

A primeira mulher a atravessar o Atlântico, como tripu-

lante, apesar de aviadora de profissão, foi Amelia Earhart. A

viagem ocorreu em 17 de Junho de 1928, de Newfoundland,

no Canadá, ao País de Gales.

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Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto

Rua Jorge Viterbo Ferreira, 228 - Edifício A, Piso 4; 4050-313 PORTO

Tel. 220 995 326 - Tlm. 963 339 528 - [email protected] - www.aeicbasup.pt - Facebook/Aeicbasup

DIREÇÃODireção da Associação de Estudantes do ICBAS

EDIÇÃOJoana Marinho SilvaPedro Reis Pereira

COLABORADORES Alexandra Xavier de SousaAna Paula CruzAndré CorreiaCarlos Diogo PauloDaniela BarrosoDiogo Neves, LBQFilipe MartinsFrederico Rajão MartinsHenrique MoreiraInês ReiJoana SantosJoana SoaresJoão Rui SeixasLisa TeixeiraMadalena Cabral FerreiraMariana Pires Pereira, LBQMarisa CatitaMarta AzevedoPedro Correia de MirandaPedro Henrique AlmeidaPedro Ribeirinho SoaresRaquel BorgesTiago Pais

Concepção gráfica Clássica

Tiragem200 exemplares

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(Des)mistificandoa Praxe