12
2014-2015 Mecânica I Corpo rígido 2-1 Pode definir-se um corpo rígido como sendo o sistema discreto ou contínuo de partículas em que, sob a acção de sistemas de forças arbitrárias, se mantêm constantes as posições relativas entre duas quaisquer partículas. A posição, no espaço, de um dado corpo rígido ou partícula requer a definição das 3 coordenadas cartesianas. Os corpos rígidos requerem, além disso, informação sobre a “orientação” ou “inclinação” (isto é, os ângulos) face aos eixos cartesianos. São assim necessários 3+3 parâmetros, ditos graus de liberdade, para definir a posição/orientação de um corpo rígido no espaço. No plano basta conhecer as duas coordenadas cartesianas e uma “inclinação/ângulo”, 3 graus de liberdade.

Corpo rígido - fenix.tecnico.ulisboa.pt · 2 014-2 015 Mecâ nica I Corpos rígidos –restrições ao movimento 2-2 Em muitas situações os movimentos dos corpos rígidos não

  • Upload
    lemien

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Corpo rígido

2 - 1

Pode definir-se um corpo rígido como sendo o sistema discreto ou contínuo de partículas em que, sob a acção de sistemas de forças arbitrárias, se mantêm constantes as posições relativas entre duas quaisquer partículas.

A posição, no espaço, de um dado corpo rígido ou partícula requer a definição das 3 coordenadas cartesianas.

Os corpos rígidos requerem, além disso, informação sobre a “orientação” ou “inclinação” (isto é, os ângulos) face aos eixos cartesianos.

São assim necessários 3+3 parâmetros, ditos graus de liberdade, para definir a posição/orientação de um corpo rígido no espaço.

No plano basta conhecer as duas coordenadas cartesianas e uma “inclinação/ângulo”, 3 graus de liberdade.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Corpos rígidos – restrições ao movimento

2 - 2

Em muitas situações os movimentos dos corpos rígidos não são todos possíveis – há, normalmente, partes do corpo rígido que estão “presas”.

No contexto da Mecânica I as restrições ao movimento dos corpos rígidos são :- criadas pelos e nos “apoios”;-o resultado da interação com outros corpos rígidos.

Por exemplo, e particularizando para o caso plano, veja-se a situação de um corpo rígido, uma barra, pendurada desde o ponto A:

No ponto A existe o que se designa por “apoio fixo”. É um tipo de apoio que restringe os deslocamentos de translação nesse ponto. Apenas permite a rotação do corpo rígido em torno desse ponto.

Se a barra não estivesse “apoiada” então teria 3 graus de liberdade, 3 possibilidades de se deslocar. Assim, tem apenas uma, a rotação.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Corpos rígidos – apoios, caso plano

2 - 3

Apoio fixo:(a translações)

Apoio móvel (ou simples)

rotação permitida

translação permitida

translação impedida

Encastramento

translações impedidas

rotação impedida

Translações relativas impedidas

rotação permitida na rótula

2 barras ligadas por rótula

rotação permitida

translações impedidas

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Corpos rígidos – apoios

2 - 4

http://ceephotos.karcor.com/2011/09/23/roller-support/

http://nisee.berkeley.edu/elibrary/getpkg?id=GoddenB34-43

http://ceephotos.karcor.com/tag/foundation-footing/

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Movimento de um corpo rígido

2 - 5

Focando a atenção no caso bidimensional, a extensão do movimento de partículas aos corpos rígidos no plano não introduz dificuldades.

Se o movimento for circular em relação a um dado ponto O então será circular para todo e qualquer ponto do corpo: a velocidade angular é a mesma para todos os pontos, a velocidade (linear) vai depender da distância ao centro de rotação.

Se o movimento for de translação então todos os pontos do corpo sofrerão a mesma translação.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Movimento de um corpo rígido no plano

2 - 6

• O movimento plano genérico é um movimento que combina uma translação e uma rotação.

• O movimento das partículas A e B para A2 e B2

pode ser decomposto em duas parcelas: - translação para A2 e- rotação de com centro em A2 para B2

1B1B

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Movimento de um corpo rígido no plano

2 - 7

• Qualquer movimento plano pode ser decomposto na translação de um dado ponto de referência A e, em simultâneo, uma rotação em torno de A.

ABAB vvv

ww rvrkv ABABAB

ABAB rkvv

w

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Movimento de um corpo rígido no plano

2 - 8

• Assumindo que a velocidade vA da extremidade A é conhecida, pretende-se determinar a velocidade vB da extremidade B e a velocidade angular w em função de vA, l, e .

• As direcções de vB e vB/A são conhecidas, pode construir-se o diagrama de velocidades em B e obter-se .

tan

tan

AB

A

B

vv

v

v

w

w

cos

cos

l

v

l

v

v

v

A

A

AB

A

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Movimento de um corpo rígido no plano

2 - 9

• Se se escolher o ponto B como a referência e resolvendo para a velocidade vA

da extremidade A obtém-se um triângulo de velocidades equivalente.

• vA/B tem o mesmo módulo mas sentido oposto a vB/A.

• A velocidade angular w é única para um mesmo corpo rígido em qualquerinstante. É a mesma quer se considere rotação em torno de B ou de A, nãodepende do ponto de referência.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Centro instantâneo de rotação

2 - 10

• O movimento de qualquer ponto de um corpo rígido plano pode ser decomposto na soma de uma translação de um qualquer ponto A do corpo e de uma rotação em torno desse ponto, rotação essa que é independente da escolha de A.

• É possível constatar que se obtém as mesmas velocidades de translação e de rotação do ponto A a partir de outro ponto C num determinado ponto na perpendicular à velocidade em A.

• Esse ponto é o centro instantâneo de rotação C. Isto é, qualquer movimento de um corpo rígido no plano pode ser representado como uma rotação, instantânea, em relação a C sempre com a mesma velocidade angular.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Centro instantâneo de rotação

2 - 11

• Para determinar a posição do centro instantâneo de rotação basta conhecer a velocidade em dois pontos A e B do corpo.

• O centro (CIR) está na intersecção das perpendiculares às velocidades em quaisquer dois pontos.

• Se existir um ponto fixo esse é o CIR.

• Se as velocidades são iguais (se só há translação) o CIR está no infinito e a sua velocidade angular é nula.

20

14-2

015

M

ecân

ica I

Determinação do centro instantâneo de rotação

2 - 12

Conhecidas as trajectórias do movimento (ou apenas a direcção das trajectórias)em dois pontos, o centro instantâneo de rotação:• está na intersecção das linhas que passam por esses pontos e que são

ortogonais às suas trajectórias.

se os dois pontos têm trajectórias nulas, isso significa que o corpo está em

repouso instantâneo (todos os pontos têm velocidade nula);

se um dos pontos tem trajectória nula, isso significa que esse ponto é

precisamente o centro instantâneo de rotação;

se as duas linhas referidas são paralelas, encontrando-se o centro instantâneo

de rotação no infinito, significa que o corpo está em translação instantânea

(todos os pontos têm a mesma trajectória);

se as duas linhas são coincidentes a determinação da posição do centro

instantâneo de rotação requer o conhecimento dos valores e sentidos das

trajectórias.