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Página 70 1. O livre-arbítrio é a possibilidade de escolha e de autodeterminação ou a dimensão subjacente ao ato voluntário, autónomo e independente de qualquer constrangimento e coação externa ou interna, correspondendo a uma vontade livre e responsável de um agente racional. Página 73 1. A última afirmação do texto 14 procura definir de modo positivo a liberdade poder fazer algo quando se quer e, ao mesmo tempo, exprimir o seu caráter limitado quando não se pode fazer o que se quer. A afirmação pode suscitar vários problemas, como por exemplo: os problemas de saber se a liberdade humana tem ou não limites e condicionantes; no caso de os ter, que condicionantes e limites são esses; e se, por fim, existe ou não o livre-arbítrio. 2. O objetivo da ciência, na sua dimensão teórica, consiste em detetar as regularidades da natureza, a fim de conseguir prever os fenómenos. Tal significa que um dado acontecimento é causado por acontecimentos que o antecedem, constituindo a causa de outros acontecimentos que se lhe seguirão. Assim, tudo na natureza parece obedecer a relações de causas e efeitos, o que equivale a afirmar que tudo na natureza se encontra determinado. Se assim for, e se considerarmos que as ações humanas são também acontecimentos naturais, determinados por forças externas e internas, então estaremos a afirmar a ausência de liberdade e de responsabilidade do agente. 3. Designamos por condicionantes da ação humana todo o conjunto de constrangimentos e obstáculos que impõem limites à nossa ação. Mas as condicionantes, ao mesmo tempo que limitam a ação, abrem-lhe de igual modo um horizonte de possibilidades, assumindo-se também, de certo modo, como condições do próprio agir. 4. Podemos considerar três tipos de condicionantes: físico-biológicas por exemplo, o facto de possuirmos um corpo que queremos manter vivo faz com que não sejamos livres de viver sem nos alimentarmos; psicológicas se estivermos nervosos, teremos aí uma dificuldade que nos impede de realizar um teste de forma tranquila; histórico-culturais se vivermos numa época de crise, podemos não ter dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo a que estamos habituados. Página 78 1. O problema do livre-arbítrio consiste precisamente em saber se a liberdade humana, em termos de possibilidade de optar, é ou não compatível com outras forças que a parecem anular: será que, ao optarmos, o fazemos de maneira autónoma, ou a escolha resulta de uma sequência necessária de causas e efeitos?

Correção Dos Exercícios Do Manual Da Página 70 à 78

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Filosofia 10

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Page 1: Correção Dos Exercícios Do Manual Da Página 70 à 78

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1. O livre-arbítrio é a possibilidade de escolha e de autodeterminação ou a dimensão subjacente ao ato voluntário, autónomo e independente de qualquer constrangimento e coação externa ou interna, correspondendo a uma vontade livre e responsável de um agente racional.

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1. A última afirmação do texto 14 procura definir de modo positivo a liberdade – poder fazer algo quando se quer – e, ao mesmo tempo, exprimir o seu caráter limitado – quando não se pode fazer o que se quer. A afirmação pode suscitar vários problemas, como por exemplo: os problemas de saber se a liberdade humana tem ou não limites e condicionantes; no caso de os ter, que condicionantes e limites são esses; e se, por fim, existe ou não o livre-arbítrio.

2. O objetivo da ciência, na sua dimensão teórica, consiste em detetar as

regularidades da natureza, a fim de conseguir prever os fenómenos. Tal significa que um dado acontecimento é causado por acontecimentos que o antecedem, constituindo a causa de outros acontecimentos que se lhe seguirão. Assim, tudo na natureza parece obedecer a relações de causas e efeitos, o que equivale a afirmar que tudo na natureza se encontra determinado. Se assim for, e se considerarmos que as ações humanas são também acontecimentos naturais, determinados por forças externas e internas, então estaremos a afirmar a ausência de liberdade e de responsabilidade do agente.

3. Designamos por condicionantes da ação humana todo o conjunto de

constrangimentos e obstáculos que impõem limites à nossa ação. Mas as condicionantes, ao mesmo tempo que limitam a ação, abrem-lhe de igual modo um horizonte de possibilidades, assumindo-se também, de certo modo, como condições do próprio agir.

4. Podemos considerar três tipos de condicionantes:

– físico-biológicas – por exemplo, o facto de possuirmos um corpo que queremos manter vivo faz com que não sejamos livres de viver sem nos alimentarmos; – psicológicas – se estivermos nervosos, teremos aí uma dificuldade que nos impede de realizar um teste de forma tranquila; – histórico-culturais – se vivermos numa época de crise, podemos não ter dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo a que estamos habituados.

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1. O problema do livre-arbítrio consiste precisamente em saber se a liberdade humana, em termos de possibilidade de optar, é ou não compatível com outras forças que a parecem anular: será que, ao optarmos, o fazemos de maneira autónoma, ou a escolha resulta de uma sequência necessária de causas e efeitos?

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2.1. De acordo com o determinismo radical, o Universo é um vasto sistema que obedece

a leis causais invariáveis, leis baseadas em relações necessárias de causas e efeitos. Tudo na natureza consiste em partículas e relações entre elas, e «tudo se pode explicar em termos dessas partículas e das suas relações». Qualquer acontecimento, incluindo a ação humana, resulta de causas que o antecederam, de acordo com as leis da natureza, que possuem um carácter imutável. Considerar que tudo no mundo obedece a um conjunto de leis naturais e que nem a ação humana escapa ao determinismo tem como consequência a negação do livre-arbítrio, ou a afirmação de que este é ilusório, e a total desresponsabilização do agente. O determinismo radical nega a liberdade à ação humana e defende assim o incompatibilismo entre a liberdade e o determinismo natural. 2.2. O determinismo ambiental, defendido no âmbito da psicologia clássica, pela corrente behaviorista, é a perspetiva segundo a qual são os fatores sociais e culturais que definem o que somos e a maneira como agimos, não havendo qualquer relevância por parte da componente genética. O determinismo hereditário é a teoria que afirma o carácter decisivo da componente genética na estruturação da personalidade e do comportamento individual, ignorando os fatores sociais e culturais. 3. No texto 17, Espinosa critica aqueles que parecem conceber o ser humano na

natureza «como um império num império», isto é, como um ser dotado de liberdade para perturbar a ordem natural, um ser que é a causa absoluta dos seus atos. Em contrapartida, Espinosa defende que as leis e as regras da natureza «são sempre e por toda a parte as mesmas». Uma vez que todos e cada um dos fenómenos estão submetidos às leis naturais de carácter causal, então a própria ação humana também deve ser entendida à luz de causas necessárias. Espinosa apresenta um sistema monista, em que há uma substância única (Deus, que se identifica com a Natureza), sendo todas as coisas e todas as ações governadas por uma absoluta necessidade. Estamos perante um determinismo metafísico.