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CORREDORES
VERDES
Eixo Verde e Azul
da Ribeira de
Barcarena,
Oeiras
Andreia Marisa Pereira SantosMestrado de Arquitectura PaisagistaDepartamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território
2018
Orientador académicoPaulo Farinha Marques, Arquiteto Paisagista e Professor Associado da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Orientador profissionalAlexandre Pires Eurico Lisboa, Arquiteto Paisagista e Chefe de Divisão da
Gestão da Estrutura Verde da Câmara Municipal de Oeiras
Local de EstágioCâmara Municipal de Oeiras
Todas as correções determinadas
pelo júri, e só essas, foram efetuadas.
O Presidente do Júri,
Porto, ______/______/_________
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
I
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família e à minha madrinha, que sempre estiveram presentes
no meu percurso escolar, apoiando-me nos maus momentos e felicitando-me nos bons
momentos. Um especial obrigado à minha mãe e ao meu pai, pela educação que me
proporcionaram enquanto pessoa e enquanto estudante, graças a ela entrego, hoje,
este presente trabalho, que me levará à obtenção do grau de mestre em Arquitectura
Paisagista.
Um obrigado aos meus amigos e colegas que estiveram presentes e me apoiram
em todo o meu percurso académico, Margaux Rosa, João Paulo Pires, António
Giangiacomo, Marcelo Barbeitos, Matilde Carmelo e Mónica Gandra. Um especial e
grande agradecimento à Yulianna Zosysma pela seu optimismo e pela sua crença no
meu potencial enquanto estagiária e arquitecta paisagista. Ficarei sempre grata pelas
facilidades que me proporcionou em realizar o estágio curricular em Arquitectura
Paisagista na Câmara Municipal de Oeiras.
Agradeço aos professores do curso de Mestrado em Arquitectura Paisagista da
FCUP que participaram na minha formação, graças ao seu método de ensino,
desenvolvi um maior e melhor espírito critico face à paisagem que nos rodeia e face a
todas as ideias ortodoxas existentes relacionadas com esta. Um especial obrigada ao
Arquitecto Paisagista e Professor associado, Paulo Farinha Marques, pelo seu
entusiasmo contagiante pela área de Arquitectura Paisagista e pela orientação
académica do presente trabalho.
A todos os técnicos e trabalhadores da Divisão da Gestão da Estrutura Verde da
Câmara Municipal de Oeiras (local de estágio), pela forma como me receberam, pelo
acompanhamento e pelos ensinamentos práticos que me proporcionaram enquanto
técnica e estagiária de Arquitectura Paisagista, nomeadamente à Sofia Almeida,
Augusto Couto, Válter Barão, Graciete Mártires, Maria Elisabete Santos, Luís Gracia,
Paulo Correia, Augusto Ramalho, Palmira João, Ana Paula Pedro, Marta Girão, Lara
Bulcão e ao Domingos Leitão. Um especial agradecimento ao Arquitecto Paisagista e
Chefe de Divisão da Gestão da Estrutura Verde, Alexandre Lisboa (orientador
profissional), pela sua contagiante visão sobre o mundo, sobre as coisas, acerca da
área de Arquitectura Paisagista, e quanto ao nosso papel na paisagem e na sociedade
enquanto técnicos. Proporcionou um estágio curricular rico em aprendizagem pelos
seus pensamentos, ideais e questões, que levam a um exercitar do pensamento e a um
espírto crítico que me proporcionou um grande crescimento enquanto pessoa e
enquanto arquitecta paisagista.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
II
RESUMO
A Câmara Municipal de Oeiras tem previligiado um desenvolvimento inovador e
sustentável, tendo aprovado em 2001 a sua primeira Agenda 21 Local, um plano que
prioriza um desenvolvimento sustentável do território. Actualmente, está em vigor a
segunda Agenda 21 Local, o plano de acção Oeiras 21+, que integra como um dos
objectivos a criação de Corredores Verdes ao longo das cinco principais linhas de água
do concelho, objectivo esse incorporado no PDM em vigor desde 2015. É neste âmbito
que surge a oportunidade de criação de um Corredor Verde ao longo da Ribeira de
Barcarena, intitulado de Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB).
O EVA-RB vem promover a conservação e a restauração de habitats associados
à ribeira de Barcarena, assegurar uma função ecológica de migração de espécies (fauna
e flora), contribuir para uma melhor qualidade ambiental de Oeiras, e ainda, para uma
melhor qualidade de vida dos cidadãos, proporcionando uma rede de mobilidade suave
que liga a população a vários sítios de interesse paisagistico, social, cultural e, lúdico.
O EVA-RB pretende não ser apenas uma unidade isolada, mas sim parte integrante de
uma Rede de Corredores Verdes já planeada em PDM de Oeiras. Será um grande
parque linear que para além das suas valências de mobilidade, procura integrar variadas
oportunidades e funções para a população, surgindo ao longo desta unidade diversos
parques urbanos com diferentes serviços oferecidos às populações. Neste trabalho
serão definidas orientações estratégicas para o EVA-RB.
Neste contexto, surge a oportunidade de desenvolvimento do Parque de
Laveiras, espaço adjacente à ribeira de Barcarena, e integrante da grande mancha
verde do EVA-RB. O Parque de Laveiras vem promover a continuidade do EVA-RB,
possibilitar uma maior conexão entre os vários núcleos urbanos nas proximidades, e
ainda um melhor funcionamento ecológico da paisagem. Este pretende integrar várias
valências, fornecendo diversos serviços directos à população, nomeadamente, recreio
activo e passivo, espaço de produção alimentar (hortas), enaltecimento de elementos
culturais, e ainda, um espaço de convívio, conectando diferentes populações, estratos
socias, e gerações, criando um espaço que promove o convívio e a igualdade de
oportunidades.
PALAVRAS-CHAVE: Corredor Verde, Hortas Urbanas, Eixo Verde e Azul, Ribeira de
Barcarena, Ribeira do Murganhal, Oeiras, Oeiras 21+, EVA-RB, Percurso de Mobilidade
Suave, Parque de Laveiras, Jardim da Quinta
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
III
ABSTRACT
Oeiras City Council has followed an innovative and sustainable development for
the city. In 2001, the first Local Agenda 21 was approved, a plan that prioritizes a
sustainable development of the territory. Currently, the second Local Agenda 21 is in
force, the Oeiras 21+, which includes, as one of the objectives, a creation of Greenways
along the five main rivers or streams of Oeiras, an objective that has incorporated into
PDM since 2015. This way appears the opportunity to create a Greenway along the
Barcarena Stream, called the Green and Blue Axis of Barcarena Stream (EVA-RB).
The EVA-RB promotes the conservation and restoration of habitats associated
with the Barcarena stream, ensure an ecological function of species migration (fauna
and flora), contribute to a better environmental quality of Oeiras and to a better quality of
life for the population, providing a smooth mobility network that connects people to
several places of interest: scenic, social, cultural and recreational. The EVA-RB intends
not only to be an isolated unit, but an integral part of a Network of Greenways already
planned in Oeiras PDM. It will be a large linear park that, in addition to its mobility values,
is looking forward to integrate varied opportunities and functions for the population,
appearing, throughout this unit, several urban parks with different services offered to the
populations. In this work will be defined strategic guidelines for the EVA-RB.
In this context, appears the opportunity to develop the Laveiras Park, an area
adjacent to the Barcarena stream, and an integral space of the EVA-RB. Laveiras Park
promotes the continuity of the EVA-RB, allows a better connection between the various
urban agglomerations nearby, as well as a better ecological functioning of the landscape.
The park proposed pretends to integrate various benefits, providing a number of direct
services to the population, like: active and passive recreation, food production space
(Urban allotment gardens), praising of the cultural elements, and a socializing space
connecting different populations, social strata, and generations, creating a space that
promotes coexistence and equal opportunities.
KEYWORDS: Greenway, Urban allotment gardens, Green and Blue Axis, Barcarena
Stream, Murganhal Stream, Oeiras, Oeiras 21+, EVA-RB, Soft Mobility Path, Laveiras
Park, Quinta Garden
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
IV
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ….................................................................................................. I
RESUMO ….................................................................................................................... II
ABSTRACT …............................................................................................................... III
ÍNDICE …...................................................................................................................... IV
ÍNDICE DE QUADROS E FIGURAS ........................................................................… VII
LISTA DE ABREVIATURAS .......................................................................................… X
1. INTRODUÇÃO …................................................................................................ 1
1.1. Âmbito do Trabalho …........................................................................... 1
1.1.1. Câmara Municipal de Oeiras ….................................................... 1
1.2. Contextualização do tema: Corredores Verdes - Eixo Verde e Azul da
Ribeira de Barcarena (EVA-RB) …........................................................ 2
1.2.1. Objetivos ….................................................................................. 3
1.3. Metodologia …....................................................................................... 3
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO …..................................................................... 4
2.1. Revisão Bibliográfica …........................................................................ 4
2.1.1. Corredor Verde …........................................................................ 6
2.1.2. Infraestrutura Verde …................................................................. 9
2.1.3. Agricultura e Horta Urbana .....................................................… 10
2.2. Casos de Estudo ..............................................................................… 12
2.2.1. Ecopista do Rio Minho, Portugal …............................................ 12
2.2.2. Projecto Horta à Porta, Porto, Portugal ….................................. 13
3. CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE OEIRAS ....................................… 14
3.1. Caracterização Biofísica .................................................................… 15
3.2. Caracterização Sociocultural e Socioeconómica .........................… 16
4. CARACTERIZAÇÃO DA RIBEIRA DE BARCARENA E SUA
ENVOLVENTE ….............................................................................................. 17
4.1. Caracterização Biofísica .................................................................… 18
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
V
4.1.1. Geologia e Solos …................................................................... 18
4.1.2. Hidrologia ..............................................................................… 18
4.1.3. Flora e Fauna …........................................................................ 21
4.2. Caracterização Sociocultural e Socioeconómica …......................... 22
4.2.1. Elementos de Interesse Cultural …............................................ 22
4.2.2. Jardins, Espaços Verdes e Elementos de Interesse Social
relevantes ..............................................................................… 26
4.2.3. Núcleos Urbanos …................................................................... 29
4.2.4. Ocupação do Solo ................................................................… 29
4.2.5. Mobilidade .............................................................................… 30
5. SÍNTESE …............................................................................................................ 31
5.1. Oportunidades e Constragimentos …............................................... 32
6. OIENTAÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O EIXO VERDE E AZUL DA RIBEIRA DE
BARCARENA (EVA-RB) ...................................................................................… 34
7. PARQUE DE LAVEIRAS ….................................................................................... 36
7.1. Enquadramento Geral do Espaço ….................................................. 36
7.2. Programa .........................................................................................… 38
7.3. Plano Conceptual ............................................................................… 39
7.4. O Parque de Laveiras (Estudo Prévio) …........................................... 40
7.4.1. Centralidades …........................................................................ 41
7.4.2. Caminho Principal …................................................................. 43
7.4.3. Hortas ....................................................................................… 43
7.4.4. Unidade Quinta do Jardim/Jardim da Quinta .........................… 44
7.4.5. Requalificação de espaços urbanos existentes .....................… 45
7.4.6. Mobilidade .............................................................................… 46
7.4.7. Vegetação .............................................................................… 47
8. CONCLUSÃO ....................................................................................................… 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................… XI
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE QUADROS E FIGURAS ...........................… XIX
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
VI
ANEXOS I..............................................................................................................… XXIII
A. Outros trabalhos realizados na Câmara Municipal de Oeiras
B. Estrutura Ecológica Municipal de Oeiras (EEM)
C. Evolução do Espaço Verde
D. Caracterização Biofísica do Concelho de Oeiras, destacando a área da
Bacia Hidrográfica da Ribeira de Barcarena
E. Caracterização Sociocultural e Socioeconómica do Concelho de Oeiras,
destacando a área da Bacia Hidrográfica da Ribeira de Barcarena
F. Plano Director Municipal de Oeiras (PDM)
G. Vegetação Proposta
ANEXOS II…............................................................................................................ XXIV
1. Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB) …................ XXV
∙ Folha 1.01 - Orientações Estratégicas para o Eixo Verde e Azul
da Ribeira de Barcarena
2. Parque de Laveiras (Integrante do EVA-RB) …............................... XXVI
∙ Folha 2.01 - Plano conceptual do Parque de Laveiras
∙ Folha 2.02 - Plano geral do Parque de Laveiras
∙ Folha 2.03 - Plano de modelação do Parque de Laveiras
∙ Folha 2.04 - Diagrama de Mobilidade do Parque de Laveiras
∙ Folha 2.05 – Plano da Estrutura Vegetal do Parque de Laveiras
∙ Folha 2.06 - Cortes ilustrativos do Parque de Laveiras
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
VII
ÍNDICE DE QUADROS E FIGURAS
Fig. 1 - A ribeira de Barcarena na EEM de Oeiras (ver anexo B)................................... 3
Fig. 2 - Diagrama da metodologia usada ....................................................................... 4
Fig. 3 - Esquema conceptual da teoria de Infraestrutura Verde...................................... 5
Fig. 4 - Plano original do Emerald Necklace, projetado por Frederick Law Olmsted...... 6
Fig. 5 - Esquema conceptual de Infraestrutura Verde Urbana....................................... 10
Fig. 6 - Fotografia de troço da Ecopista do Rio Minho................................................... 13
Fig. 7 - Fotografia de troço da Ecopista do Rio Minho................................................... 13
Fig. 8 - Horta da Lada, reaproveitamento de um logradouro na Vitória, Porto.............. 14
Fig. 9 - Localização do município de Oeiras em Portugal.............................................. 14
Fig. 10 - Fotografia aérea do município de Oeiras,
freguesias integrantes e concelhos vizinhos................................................................. 15
Fig. 11 - Mapa indicativo da morfologia e das principais linhas de água,
referente ao município de Oeiras.................................................................................. 16
Fig. 12 - Palácio Marquês de Pombal, classificado como Monumento Nacional........... 17
Fig. 13 - Tagus Park, maior parque de Ciência e Tecnologias de Portugal................... 17
Fig. 14 - Enquadramento geográfico da ribeira de Barcarena
e sua bacia Hidrográfica................................................................................................ 18
Fig. 15 - Hidrografia da ribeira de Barcarena,
abrangendo o concelho de Sintra e de Oeiras............................................................... 19
Fig. 16 - Zonas ameaçadas pelas cheias (Tipologias REN, PDM),
que corresponde às áreas inundadas nas cheias de 1983............................................ 20
Fig. 17 - Áreas Estratégicas de Protecção e Recarga do Aquíferos
(Tipologias REN, PDM)................................................................................................. 21
Fig. 18 - Presença de Arundo donax nas margens da ribeira de Barcarena
(a norte do Bairro Cagarete).......................................................................................... 22
Fig. 19 - Boga-portuguesa (Iberochondrostoma lusitanicum), um endemismo
português...................................................................................................................... 22
Fig. 20 - Localização dos elementos de interesse cultural relevantes........................... 23
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
VIII
Fig. 21 - Castro de Leceia.............................................................................................. 23
Fig. 22 - Capela de São Sebastião de Barcarena.......................................................... 24
Fig. 23 - Convento da Cartuxa....................................................................................... 24
Fig. 24 - Forte de São Bruno, Caxias............................................................................. 24
Fig. 25 - Fábrica da Pólvora........................................................................................... 25
Fig. 26 - Quinta Real de Caxias..................................................................................... 25
Fig. 27 - Quinta do Jardim.............................................................................................. 25
Fig. 28 - Localização de jardins e espaços verdes relevantes....................................... 26
Fig. 29 - Jardim de Caxias (integra um Skatepark e um campo polidesportivo) ........... 27
Fig. 30 - Jardim do Murganhal (integra um parque infantil e um campo de ténis) ........ 27
Fig. 31 - Parque Urbano da Quinta da Politeira............................................................. 27
Fig. 32 - Jardim dos Quatro Elementos.......................................................................... 27
Fig. 33 - Localização dos elementos de interesse social relevantes............................. 28
Fig. 34 - Localização dos principas núcleos urbanos..................................................... 29
Fig. 35 - Ribeira de Barcarena em Caxias (actualidade) .............................................. 30
Fig. 36 - Ribeira de Barcarena em Barcarena (actualidade) ......................................... 30
Fig. 37 - Localização das principais infraestruturas de mobilidade................................ 31
Fig. 38 - Troços resultantes da síntese de caracterização............................................. 32
Fig. 39 - Orientações Estratégicas para o EVA-RB (ver Folha 1.01)............................. 36
Fig. 40 - Terrenos de domínio público e privado da área a intervir................................ 37
Fig. 41 - Projectos de intervenção adjacente e núcleos urbanos de proximidade......... 38
Fig. 42 - Plano Conceptual do Parque de Laveiras (ver Folha 2.01)............................. 40
Fig. 43 - Plano Geral do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02) ...................................... 41
Fig. 44 - Centralidades de Recepção do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e 2.06).. 42
Fig. 45 - Caminho Principal do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e 2.06)................. 43
Fig. 46 - Espaço hortícola do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e 2.06).................... 44
Fig. 47 - Unidade Quinta do Jardim/Jardim da Quinta do Parque de Laveiras
(ver Folha 2.02 e 2.06).................................................................................................. 45
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
IX
Fig. 48 - Requalificação da praça Parque Conde de Rio Maior e dos
espaços adjacentes à Av. João de Freitas Branco do Parque de Laveiras
(ver Folha 2.02 e 2.06).................................................................................................. 46
Fig. 49 - Diagrama de Mobilidade do Parque de Laveiras (ver Folha 2.04) .................. 47
Fig. 50 - Plano da Estrutura Vegetal do Parque de Laveiras (ver Folha 2.05) .............. 48
Quadro I - Principais funções de uma rede de corredores verdes (adaptado de Ferreira
e Machado, 2010)........................................................................................................... 8
Quadro II - Oportunidades e Valências do Troço A da Ribeira de
Barcarena..................................................................................................................... 32
Quadro III - Oportunidades e Valências do Troço B da Ribeira de
Barcarena..................................................................................................................... 33
Quadro IV - Oportunidades e Valências do Troço C da Ribeira de
Barcarena..................................................................................................................... 33
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
X
LISTA DE ABREVIATURAS
AML – Área Metropolitana de Lisboa
AU – Agricltura Urbana
CMO – Câmara Municipal de Oeiras
CVRB – Corredor Verde da Ribeira de Barcarena
DAQV – Departamento de Ambiente e Qualidade de Vida
DGEV – Divisão de Gestão da Estrutura Verde
E – Estágio
EEM – Estrutura Ecológica Municipal
EVA-RB – Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena
FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
HU – Horta Urbana
IIP – Imóvel de Interesse Público
MIP – Monumento de Interesse Público
PDM – Plano Diretor Municipal
REN – Reserva Ecológica Nacional
SIG – Sistema de Informação Geográfica
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
1
1. INTRODUÇÃO
A Unidade Curricular Estágio (E), integrada no plano de estudos do Mestrado em
Arquitetura Paisagista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP),
consiste na unidade curricular a concluir para a obtenção do grau de mestre em
Arquitetura Paisagista. Dito isto, o presente documento é uma das premissas e um
documento fundamental para a conclusão da unidade curricular E.
1.1. ÂMBITO DO TRABALHO
O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito do estágio curricular realizado
na Câmara Municipal de Oeiras (CMO), desde dezembro de 2017 a junho de 2018, sob
orientação académica do arquiteto paisagista e professor associado da FCUP, Paulo
Farinha Marques.
Este documento pretende apresentar o principal trabalho realizado ao longo dos
7 meses de estágio. Assim, os objetivos deste trabalho são a elaboração de Orientações
Estratégicas para planeamento do Corredor Verde da Ribeira de Barcarena (CVRB),
intitulado, pela CMO, de Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), e a
apresentação de uma proposta, ao nível de Estudo Prévio, para um dos troços do EVA-
RB – o Parque de Laveiras.
É apresentado uma descrição dos outros trabalhos e tarefas em que estive
envolvida durante o período de estágio no Anexo A.
1.1.1. Câmara Municipal de Oeiras
A entidade de acolhimento para a realização do EC foi a Divisão de Gestão da
Estrutura Verde (DGEV) da CMO, uma das 5 divisões/unidades do Departamento de
Ambiente e Qualidade de Vida (DAQV).
A DGEV é uma divisão composta por uma equipa interdisciplinar chefiada pelo
Arq. Paisagista Alexandre Lisboa, orientador no local de estágio. A principal missão da
DGEV é “Contribuir para a qualidade ambiental, através da promoção e manutenção
dos espaços verdes”1.
1Câmara Municipal de Oeiras. Divisão dos Espaços Verdes. Disponível em http://www.cm-oeiras.pt/pt/municipio/camara-
municipal/organograma/Paginas/divisao-de-espacos-verdes.aspx, data de consulta a 16-01-2018.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
2
1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA: CORREDORES
VERDES – EIXO VERDE E AZUL DA RIBEIRA DE
BARCARENA (EVA-RB)
A CMO, em 2001, aprovou a Agenda 21 Local, na sequência da Conferência do
Rio (1992) e das Conferências de Aalborg (1994 e 2004). Esta agenda, intitulada de
Oeiras 21, “é um plano de ação para concretizar os princípios da sustentabilidade à
escala local, em conjunto com diversos parceiros e envolvendo todos os atores da
comunidade”2. Em suma, é um plano que visa o desenvolvimento sustentável do
território, procurando satisfazer as necessidades atuais, sem pôr em causa a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades
(Relatório Brundtland, 1987).
Em 2008 foi aprovada a segunda e a atual Agenda 21 Local de Oeiras, a Oeiras
21+, que integra dez projetos estratégicos e catalisadores, que visam o desenvolvimento
sustentável do concelho. Saliento dois dos dez projetos:
∙ Os “Vales Verdes das Ribeiras – Criar Parques abrangendo os Vales das
Ribeiras, concretizando o Mega-Parque Verde”2, equivalente ao conceito
Infraestrutura Verde;
∙ A criação de “Alternativas de Mobilidade e Qualidade de Vida – Transformar
Oeiras num território onde é bom, seguro, fácil e convidativo andar a pé, de
bicicleta e de transporte coletivo, e promover a mobilização social para um estilo
de vida saudável”2.
A revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), em 2015, incorpora os objetivos e
estratégias do plano Oeiras 21+. A Estrutura Ecológica Municipal (EEM) (ver Anexo B)
integra áreas verdes relevantes, sistemas de vistas e áreas de conectividade. As áreas
de conectividade consistem numa Rede de Corredores Verdes fortemente articulada e
contínua, que interliga os restantes elementos não lineares da EEM. Observamos que
parte desses corredores verdes são ao longo de ribeiras, e a eles está subjacente a
intenção de criação de percursos de mobilidade suave.
2Câmara Municipal de Oeiras (2017). Oeiras 21+. Disponível em http://www.cm-oeiras.pt/pt/municipio/camara-
municipal/organograma/Paginas/divisao-de-espacos-verdes.aspx, data de consulta a 16-01-2018.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
3
Fig. 1 - A ribeira de Barcarena na EEM de Oeiras (ver anexo B).
A partir deste planeamento surge a oportunidade e a importância da criação de
um corredor verde que integre a ribeira de Barcarena (ver figura 1), o Eixo Verde e Azul
da Ribeira de Barcarena (EVA-RB).
1.2.1. Objetivos
Os objetivos do trabalho são:
∙ Elaboração de Orientações Estratégicas para o Eixo Verde e Azul da Ribeira
de Barcarena (EVA-RB) para a posterior formalização de um corredor verde
para a ribeira de Barcarena em toda a extensão do concelho;
∙ Concepção de uma proposta, ao nível de estudo prévio, para um dos troços
do EVA-RB – o Parque de Laveiras.
Um corredor verde deverá proporcionar diversas funções, tanto ecológicas como
sociais, e consequentemente uma dinamização da economia local. As duas propostas
são elaboradas tendo em conta a criação e a promoção das diversas funções.
1.3. METODOLOGIA
O trabalho realizou-se em 3 fases (ver figura 2). A primeira fase trata o Âmbito
do Trabalho, que contextualiza o tema e os espaços a planear/projetar, fornecendo
tópicos essenciais a analisar. A segunda fase consiste numa análise e diagnóstico de
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
4
modo a obter bases necessárias para prosseguir com uma proposta fundamentada e
adequada às características físicas e culturais do local e ao próprio espírito do lugar,
tendo sempre como linhas orientadoras o que a CMO pretende para o espaço. A terceira
consiste na fase de proposta, que se divide numa proposta de orientações estratégicas
para o EVA-RB, e numa proposta ao nível de estudo prévio para um dos troços – o
Parque de Laveiras.
Fig. 2 - Diagrama da metodologia usada.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Até ao século XIX, os espaços verdes eram maioritariamente privados, apenas
ocasionalmente abertos ao público. Com a Revolução Industrial surgiu a necessidade
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
5
de espaço verde público, com o objetivo de contrariar a progressiva perda de espaço
público, de melhorar a qualidade de vida dos habitantes e de melhorar as condições de
salubridade da cidade. É no séc. XIX que presenciamos importantes exemplos de
espaços verdes urbanos, como o Central Park em Nova Iorque, ou o Emerald Necklace,
em Boston, ambos projetados por Olmsted.
Nos anos 90, do século XX, surge o modelo Green Infrastructure (Infraestrutura
Verde), que defende a teoria do continuum naturale, contrariando a ideia de espaços
verdes urbanos como unidades isoladas Esta teoria poderá ser materializada através
de uma rede espaços verdes conectados através de Greenways (Corredores Verdes).
Uma Infraestrutura Verde, que integre elementos de qualidade fortemente articulados e
conectados, não só proporciona benefícios ecológicos, como também proporciona
diversos benefícios económicos, sociais e culturais (Vasconcellos, 2015), os Serviços
Ecossistémicos.
Fig. 3 - Esquema conceptual da teoria de Infraestrutura Verde.
Atualmente presencia-se o crescimento exponencial das cidades, tanto a nível
demográfico como territorial. Este crescimento torna prioritário assegurar a qualidade
de vida neste meio e a sustentabilidade dos seus recursos. A existência de espaços
verdes urbanos é uma necessidade constante, tendo como objetivo a melhoria da
qualidade de vida em meio citadino. Numa escala mais abrangente, é imprescindível a
existência de uma Infraestrutura Verde que vise a salvaguarda dos recursos naturais e
a melhoria ecológica do planeta, tendo sempre como principal princípio a
sustentabilidade.
Para melhor compreensão da evolução do espaço verde ao longo dos tempos,
adaptando-se ao dinamismo das sociedades, das necessidades e dos pensamentos, foi
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
6
esclarecido ao longo do anexo C alguns conceitos. No presente capítulo pretendemos
dar destaque e aprofundar conceitos relevantes para o desenvolvimento do trabalho,
como: Corredor Verde, Infraestrutura Verde e Horta Urbana.
2.1.1. Corredor Verde
Os Corredores Verdes são espaços verdes lineares considerados “naturais”,
onde a presença de infraestruturas construídas é nula, quase imperceptível ou
extremamente compatível, em que o recreio e a conservação são premissas primárias.
Os Corredores Verdes conectam importantes áreas verdes não lineares, como jardins,
parques ou reservas naturais, e estabelecem ligações ao património cultural e a áreas
habitacionais, formando uma rede “para fins múltiplos, incluindo objetivos ecológicos,
recreativos, culturais, estéticos e produtivos, compatíveis com o conceito de
sustentabilidade” (Machado et al., 2004). Geralmente localizam-se, ou são projetados,
em frentes ribeirinhas, linhas de festos, espaços lineares com relevante beleza cénica,
ou reaproveitam a morfologia já existente de linhas de caminho-de-ferro.
No séc. XIX, nos anos 60, foi criado o Emerald Necklace, projetado por Olmsted.
Consiste num sistema linear que permitiu a união de vários parques em Boston, sendo
considerado o primeiro exemplo de Corredor Verde. O projeto integrou ações de limpeza
ao rio Mundy, contribuindo significativamente para a qualidade ambiental da cidade.
Atualmente desempenha importantes funções ecológicas, sendo um habitat para várias
espécies, aumentando a biodiversidade no meio urbano. É igualmente importante na
medida em que possui funções recreativas, aproximando a população a um meio
naturalizado dentro da cidade.
Fig. 4 - Plano original do Emerald Necklace, projetado por Frederick Law Olmsted.
Na década de 60 do séc. XX, Phil Lewis realizou o Wisconsin State Recreation
Plan (Plano Recreativo do Estado de Wisconsin), que se revelou num importante
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7
contributo para a criação do conceito Corredores Verdes. O plano consiste no
mapeamento de Corredores Ambientais, que foram planeados ao longo de rios e de
zonas húmidas, e no mapeamento de locais e/ou paisagens relevantes, formando uma
rede articulada de espaços verdes e corredores verdes, sendo uma proposta
equivalente à Estrutura Ecológica. Um aspeto importante é que Lewis integrou no plano,
juntamente com os elementos naturais, os recursos culturais, sendo que metade das
unidades mapeadas eram culturais.
O conceito de Greenway foi introduzido apenas em 1968, por William Whyte
(Corgo, 2014), ganhando especial destaque com a publicação do livro President's
Commission on Americans Outdoors, em 1987. O livro afirma que as Redes de
Corredores Verdes são uma visão para o futuro, e define-as como “uma rede viva (...)
(e) contínua de corredores com uso recreativo, capaz de levar a população a todo o
país, (...) integrando cidades, (...) parques, (...) florestas, numa grande rede de open
spaces” (President’s Commission, 1987).
Em 1990, Charles Little, um escritor ambiental, publica o livro Greenways for
American, onde descreve Corredores Verdes como “um open space linear que preserva
e restaura a natureza presente nas cidades, nas zonas periféricas ou nas áreas rurais.
Ligando parques a outros open spaces e providenciando corredores para migração da
vida selvagem” (Little, 1990).
Julius Fabos, em 1995, define-os como "corredores de várias larguras, unidos e
integrados numa rede, da mesma maneira que as nossas redes de estradas e ferrovias
foram ligadas” (Fabos e Ahern, 1996). A nossa infraestrutura viária é composta por
estradas principais com uma escala nacional, que se ramificam em estradas de escala
regional, municipal e local. É deste modo que se pretende que uma rede de Corredores
Verdes se articule, ou seja num sistema de várias escalas, onde os principais são os
maiores e os que albergam e suportam maior quantidade de funções, terminando nos
de escala local, que são os que entram no meio urbano, desempenhando uma relação
mais direta com população.
Uma Rede de Corredores Verdes deverá desempenhar as seguintes funções
(adaptado de Ferreira e Machado, 2010):
FUNÇÕES BENEFÍCIOS E/OU SERVIÇOS
ECOLÓGICAS
e
AMBIENTAIS
Manutenção e promoção da biodiversidade;
Possibilitar ligações e partilhas dinâmicas entre habitats;
Filtro natural da poluição e ruído;
Proteção e regularização de processos climáticos locais e/ou
territoriais;
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8
A regularização de amplitudes térmicas e da luminosidade
atmosférica, nomeadamente reduzir a temperatura devido ao efeito
sombra e devido à evapotranspiração (redução do efeito “ilha de
calor”);
A circulação da água pluvial e fluvial de forma naturalizada e
promover a sua infiltração;
SOCIO-
CULTURAIS
Fornecimento de espaços para recreio e lazer;
Criação de vias de circulação alternativas aos meios motorizados;
Contribuição para a preservação e valorização do património
histórico e cultural;
Manutenção e valorização da qualidade estética da paisagem;
Contribuição para o aprovisionamento alimentar em produtos
frescos.
Quadro I - Principais funções de uma rede de corredores verdes (adaptado de Ferreira e Machado, 2010).
Para além dos benefícios ecológicos, ambientais, culturais e de promoção da
melhoria da qualidade de vida, uma Rede de Corredores Verdes proporciona o aumento
da apreciação estética do território, nomeadamente do meio urbano, consequentemente
levando a benefícios económicos, indiretamente alcançados pelo aumento do turismo,
aumento do valor do imobiliário, entre outros.
O conceito de Corredor Verde não é mencionado na legislação portuguesa.
Apenas a Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 7 de Abril alterada pela Lei n.º
13/2002 de 19 de Fevereiro), faz referência ao continuum naturale como sendo um
“sistema contínuo de ocorrências naturais”. Embora este conceito tenha subjacente o
sentido de continuidade, ele não integra o valor social e cultural que os corredores
verdes incorporam (Ramalhete et al., 2007).
Em suma, um Corredor Verde, para além de promover a conservação e
restauração de habitats relevantes, pretende desempenhar a função ecológica de
migração das espécies entre os diferentes habitats, proporcionando também um habitat
específico, promovendo assim, a biodiversidade. Desempenha também uma função
ambiental, pois melhora significativamente a qualidade ambiental de uma cidade, por
exemplo a qualidade do ar. Tem uma função recreativa, na medida em que conecta o
ser humano a este meio “natural”, podendo também conectar a um contexto cultural
e/ou patrimonial, proporcionando a vivência do espaço, assim como o usufruto dos seus
benefícios e sensações, priorizando o dever de nunca pôr em causa os processos
ecológicos relacionados com os outros seres vivos. Um Corredor Verde não é apenas
uma unidade isolada, mas sim parte integrante de uma Rede de Corredores Verdes ou
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
9
de uma Estrutura Ecológica de um determinado território, ou pertencente ao conceito
mais moderno, denominado de Infraestrutura Verde. Quanto mais complexas as suas
conexões e articulações, mais rica será a infraestrutura e mais benefícios proporcionará,
resultando num número mais alargado de serviços ecossistémicos oferecidos.
2.1.2. Infraestrutura Verde
Segundo Bennedict e McMahon (2006), uma infraestrutura verde consiste numa
rede de espaços verdes fortemente conectados entre si que integra elementos
ambientais, sociais e económicos, ou seja, uma rede para o suporte da vida, dos
ecossistemas autóctones e da paisagem.
Esta integra elementos fundamentais para um bom funcionamento do território,
visando sempre a sua sustentabilidade e biodiversidade, contribuindo para a
preservação dos ecossistemas naturais, da vida selvagem, para a qualidade do ar e da
água e para a qualidade de vida dos cidadãos. A Infraestrutura Verde em Portugal, no
âmbito dos Instrumentos de Ordenamento e Gestão do Território, é sinónima de
Estrutura Ecológica da Paisagem ou do Território (ver anexo C) (Ferreira e Machado,
2010).
A Infraestrutura Verde deve, para além das suas funções ecológicas e sociais,
contribuir com orientações para a implementação sustentável da estrutura edificada e
outras transformações antrópicas feitas ao território, de modo a promover e a preservar
um suporte para a regeneração ecológica, incluindo a regeneração da biodiversidade
em espaço urbano. A edificação não deverá pôr em causa os espaços de importância
cultural ou associados à história do local, nem zonas do território em que os
ecossistemas são singulares, raros, ou importantes espaços para a contribuição da
melhoria da qualidade ecológica do local.
A uma escala municipal podemos considerar que uma infraestrutura verde é
composta por dois distintos elementos: os Nós e as Ligações (Marques et al. 2013). Os
Nós são elementos não lineares, compostos maioritariamente por espaços verdes, cuja
área contém um elevado valor ecológico avaliado pela sua biodiversidade e pela
importância social. As Ligações são corredores, maioritariamente Corredores Verdes,
cuja forma é linear e une os espaços verdes não lineares (Nós). As ligações permitem
a facilidade de circulação da fauna e propagação da flora entre os principais espaços,
bem como a circulação intra-infraestrutura verde pela população.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
10
Fig. 5 - Esquema conceptual de Infraestrutura Verde Urbana.
Concluindo, a Infraestrutura Verde de um território é uma infraestrutura
fundamental à manutenção e ao crescimento de uma comunidade de forma sustentável,
capaz de proporcionar diversos benefícios, tanto ecológicos, ambientais, socioculturais
como económicos, os denominados Serviços Ecossistémicos. Poderá ser planeada a
várias escalas, sendo que a Comissão Europeia está a elaborar uma estratégia para a
criação de uma infraestrutura verde à escala da Europa (Comissão Europeia, 2010b), e
a esta futura estratégia poderemos ancorar as infraestruturas verdes (ou estruturas
ecológicas) planeadas à escala nacional, regional e municipal, criando um Infraestrutura
Verde fortemente complexa, articulada e conectada.
2.1.3. Agricultura e Horta Urbana
Uma Infraestrutura Verde poderá ser formalizada a partir de variados elementos
naturais ou semi-naturais, formando uma complexa e contínua rede de espaços verdes.
Quanto mais diversificados forem os espaços que a compõem mais rica será a IV, e
mais benefícios proporcionará a uma paisagem e, consequentemente, a uma
sociedade. Dito isto, a Agricultura Urbana (AU) integrada numa IV, aumentará os
benefícios que ela proporciona.
A AU é definida, por Mougeot (2000), como a actividade agrícola que se
desenvolve dentro dos perímetros urbanos, ou nas proximidades, na qual se produz e
distribui variados produtos alimentares e não alimentares, utilizando recursos da própria
cidade ou do território na proximidade.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
11
O conceito da AU surge, em maior destaque, no início do século XXI, com o
reconhecimento da necessidade de adopção de estratégias cada vez mais sustentáveis
na gestão e ordenamento do território em meio citadino. Mougeot afirma que “Cidades
nunca poderão ser completamente auto-sustentáveis mas, pelo que temos presenciado,
elas podem se tornar mais verdes, mais limpas, mais saudáveis, e mais sustentáveis”
(Mougeot, 2006). Assim com a AU não pretendemos um território completamente auto-
sustentável ao nível alimentar, mas sim, contribuir para uma melhoria significativa do
território em vários níveis, desde ambientais, económicos a sociais.
Os diversos benefícios que a AU poderá proporcionar são: melhoria da qualidade
do ar; formação de microclimas de maior conforto; conservação e protecção dos solos
urbanos; reciclagem de resíduos orgânicos e produção de nutrientes (compostagem);
escoamento e drenagem das águas pluviais através do solo, diminuindo o perigo de
cheias; redução da poluição atmosférica; disponibilidade de produtos frescos e
biológicos; redução da distância percorrida pelos os alimentos até ao consumidor;
Incremento da economia local, através da criação de emprego e possibilidade de venda
dos produtos; e, aumento do valor estético da paisagem.
A AU vem trazer, para além de todos os benefícios anteriormente mencionado,
um bom funcionamento ecológico do território, bem como contribuir para o seu
desenvolvimento sustentável e, ainda, uma das soluções para o problema do
crescimento urbano.
Mougeot afirma que, no início do séc. XXI, a agricultura urbana ganhou bastante
popularidade, e continua em crescente adesão por parte das populações. Face a este
panorama, é necessário incentivar o reforço das estratégias locais para atingir o
desenvolvimento sustentável, no qual se inclui integralmente a agricultura urbana,
dando um uso aos espaços expectantes do território urbano, e não se marginalize este
uso de solo urbano, face a outros usos, talvez com benefícios económicos mais
imediatos e/ou perceptíveis.
A agricultura urbana integra variadas tipologias, sendo que a mais comum em
contexto urbano é a de horticultura, definida por Bon (2001) como uma actividade de
produção de vegetais, plantas aromáticas e medicinais, flores e árvores de fruto,
geralmente em sistema intensivo de produção, localizados em terrenos de menores
dimensões, quase com inexistência do uso de mecanização.
Os “espaços livres” nos pólos urbanos muitas vezes são escassos, razão pela
qual muitas vezes a agricultura urbana toma proporções menores, as intituladas de
Hortas Urbanas (HU). Estas focam-se no pequeno agricultor, com o pequeno talhão,
conseguindo assim disponibilizar espaços para produção agrícola a um maior número
de cidadãos.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
12
As HU surgiram nos países do norte da Europa, durante a segunda metade do
séc. XIX, incentivadas pelo crescimento industrial e urbanístico dos pólos urbanos,
posteriormente tornou-se um elemento crucial na altura das Grandes Guerras, em que
havia escassez de alimento. Actualmente as HU estão presentes em todo o mundo, ora
pelo o motivo de combate à fome e pobreza, ora pela oportunidade de recreio e lazer.
As HU tendem a ser usufruídas por diferentes razões e utentes. Poderão ser
exploradas por pessoas com carências económicas (agricultura de subsistência), ou por
pessoas que procuram a agricultura como actividade de lazer, recreio e convívio social.
As funções/benefícios associados às hortas urbanas são semelhantes aos
referidos para AU, porém a horta, sendo um elemento de maior proximidade com o
cidadão, demonstra maiores benefícios sociais, como: Auto-abastecimento alimentar;
função educacional, promovendo uma maior sensibilização para as questões
ambientais e ecológicas, e para o processamento e consumo de alimentos; preservação
da memória colectiva de práticas agrícolas; promoção da coesão social; convívio social;
combate ao sedentarismo; promoção da actividade física; oportunidades de espaços de
lazer e recreio; e, promoção de um maior contacto com a natureza.
As HU dividem-se em três tipologias: as Hortas Sociais ou Comunitárias,
habitualmente para consumo próprio da família e/ou venda, pressupõem quotas, de
concessionamento do espaço, baixas ou nulas. As Hortas de Recreio são
maioritariamente compostas por hortelões mais jovens, que são motivados por questões
ambientais, recreio e lazer. Por último, as Hortas Pedagógicas são espaços que
promovem o ensino e a sensibilização para questões ambientais e, um maior contacto
com a natureza. Por norma esta tipologia de hortas é detida por escolas, associações,
ou outro tipo de instituições.
Em suma, Hortas Urbana incorporadas em Corredores Verdes e/ou em
Infraestruturas Verdes aumentam os benefícios sociais, económicos e ambientais
porporcionados a uma paisagem e a uma sociedade.
2.2. CASOS DE ESTUDO
2.2.1. Ecopista do Rio Minho, Portugal
Em Portugal, a Ecopista do Rio Minho, com 22 km de extensão, é um bom
exemplo de corredor verde, galardoada em 2009 com o 4º Prémio da Associação
Europeia de Corredores Verdes, na categoria "Sustainable Development and Tourism"
(Desenvolvimento e Turismo Sustentável), e conquistou o 3º lugar na 8.ª edição dos
European Greenways Awards, em 2017.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
13
Fig. 6 e 7 - Fotografias de troços da Ecopista do Rio Minho.
A desactivação de um troço de uma antiga linha férrea levou à criação deste
corredor verde, inaugurado em 2004. Este integra um percurso de mobilidade suave
que conecta cidades, vilas, zonas de interesse cultural e zonas de beleza natural
excecional, muitos pertencentes à Rede Natura 2000. É um percurso pelo mundo rural
da região do Minho, que visa a valorização e a proteção do meio ambiente.
Dados estatísticos de 2014, mostram que cerca de 60 % dos utentes da Ecopista são
turista/visitantes (Costa, 2014), o que comprova que uma Ecopista não só melhora a
qualidade de vida dos habitantes, como também aumenta significativamente o turismo
no território em questão. Dito isto, um Corredor Verde vocacionado para o recreio e lazer
é um excelente promotor de turismo e desenvolvimento económico sustentável de uma
região.
2.2.2. Projecto Horta à Porta, Porto, Portugal
Horta à Porta é um projecto de hortas biológicas, que surgiu em 2003, promovido
pela LIPOR. O projecto pretende criar espaços verdes que promovam a biodiversidade
e as boas práticas agrícolas, criando vários talhões de hortas destinadas à agricultura
biológica e a uma compostagem tradicional. Cada hortelão recebe formação de
agricultura biológica, e poderá usufruir da água e de um local para armazenamento de
ferramentas.
Estes espaços pretendem trazer benefícios para além do alimento, promovem o
contacto com a natureza, a qualidade de vida, a subsistência e ainda uma componente
pedagógica ambiental.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
14
Fig. 8 - Horta da Lada, reaproveitamento de um logradouro na Vitória, Porto.
Actualmente, o Horta-à-Porta contabiliza 56 hortas, espalhadas por 8 municípios
diferentes e contando com mais de 1900 pessoas em lista de espera, o que demonstra
a procura por este tipo de espaço verde.
3. CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE
OEIRAS
Oeiras é uma vila e um município pertencente ao distrito de Lisboa, estando
inserido na Área Metropolitana de Lisboa (NUTS II e III).
Fig. 9 - Localização do município de Oeiras em Portugal.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
15
Os limites administrativos de Oeiras fazem fronteira com o concelho de Cascais,
a poente, com Sintra, a norte, e a nascente com Amadora e Lisboa. A sul do concelho
de Oeiras presenciamos uma das frentes ribeirinhas do estuário do Tejo, de
aproximadamente 9 km de extensão.
Fig. 10 – Fotografia aérea do município de Oeiras, freguesias integrantes e concelhos vizinhos.
Até há poucas décadas o concelho era bastante rural, facto que tem vindo a
alterar-se devido à proximidade a Lisboa, e a uma dinâmica de crescimento de
identidade própria, onde coabitam novas centralidades residenciais, parques de
tecnologias e investigação, e algumas atividades agrícolas.
3.1. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA
O município de Oeiras é caracterizado por um clima temperado mediterrânico,
onde predominam os ventos vindos de norte, a Nortada. A exposição solar do concelho
é maioritariamente Sul, o que pressupõe um ambiente soalheiro e significativamente
mais quente (ver Anexo D).
Relativamente à geologia, cerca de metade do município é composto pelo
“Complexo Vulcânico de Lisboa”, que consiste numa mancha basáltica que cobre
formações calcárias originais. O basalto é uma rocha importante para a fertilidade, pois
quando esta sofre meteorização origina solos extremamente ricos em nutrientes, os
“Barros de Lisboa”, que ocupam cerca de 34% do município. A geologia afeta às linhas
de água são essencialmente aluviões, que por norma também originam solos
extremamente férteis para a agricultura, os Aluviossolos, que ocupam cerca de 4% do
território (ver Anexo D).
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
16
A morfologia do terreno é marcada por cinco principais cursos de água, todos
eles tributários do rio Tejo: a Ribeira de Laje, a Ribeira de Porto Salvo, a Ribeira de
Barcarena, a Ribeira de Algés e o Rio Jamor (ver Anexo D).
Uma grande valência da geomorfologia de Oeiras são os planaltos, com
características enquanto mirantes, onde se pode percecionar o estuário do Tejo e a
Serra da Arrábida a sul, a Serra de Sintra a norte e a Ponte 25 de Abril e o Cristo Rei a
sudeste.
Fig. 11 - Mapa indicativo da morfologia e das principais linhas de água, referente ao município de Oeiras.
3.2. CARACTERIZAÇÃO SOCIOCULTURAL E
SOCIOECONÓMICA
As características biofísicas de Oeiras, nomeadamente a proximidade ao
estuário do rio Tejo, o clima ameno, a abundância de água e os bons solos agrícolas,
foram fatores determinantes para os primeiros povoamentos, havendo vestígios de
povoações no território desde a Pré-História (ver Anexo E).
O concelho de Oeiras é dotado de diversos elementos arquitectónicos religiosos,
maioritariamente do séc. XVI, com a fixação das ordens religiosas no local. Até ao séc.
XVIII, foram construídas várias fortificações ao longo da orla marítima de Oeiras, sendo
um dos pontos estratégicos de defesa e controlo da entrada de navios na Barra do Tejo.
A 7 de Junho de 1759, o rei D. José I atribuiu a jurisdição das terras de Oeiras a
Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro-ministro de Portugal, também conhecido
como Marquês de Pombal, tornando-se no primeiro de Conde de Oeiras. Um mês
depois, o território de Oeiras foi constituído a Concelho de Oeiras com a respetiva
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
17
atribuição foral. É neste século que surge a Quinta Marquês de Pombal, um dos
principais elementos culturais do concelho.
Fig. 12 - Palácio Marquês de Pombal, classificado como Monumento Nacional.
A proximidade a Lisboa e a construção de bons acessos a Oeiras levou a um
crescimento exponencial do concelho, por vezes desorganizado. Com esta dinâmica de
periurbanização, o Concelho de Oeiras passou a ser caracterizado como um
“dormitório”, que serve a capital, sendo este o conceito caracterizador de Oeiras durante
décadas. Actualmente, Oeiras é um pólo económico autónomo, detentor de uma
dinâmica e identidade própria, sendo um território centrado na actividade terciária,
nomeadamente nas áreas de ciência, investigação e tecnologias (ver Anexo E).
Fig. 13 - Tagus Park, maior parque de Ciência e Tecnologias de Portugal.
Esta dinâmica de crescimento traz consigo, também, questões problemáticas,
como o aumento do uso do automóvel no concelho de Oeiras.
4. CARACTERIZAÇÃO DA RIBEIRA DE
BARCARENA E SUA ENVOLVENTE
A Ribeira de Barcarena nasce na Serra da Carregueira, em Sintra, e desagua no
estuário do rio Tejo, em Oeiras. É uma das 5 linhas de água principais do concelho.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
18
No concelho de Oeiras, a bacia hidrográfica da ribeira contém uma maior
densidade de infraestruturas construídas a jusante, na freguesia de Caxias. É nesta
localidade que se verifica um carácter mais artificializado da linha de água, enquanto a
norte, na freguesia de Barcarena, observamos uma ribeira que integra uma paisagem
de carácter essencialmente rural.
Fig. 14 - Enquadramento geográfico da ribeira de Barcarena e sua bacia hidrográfica.
4.1. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA
4.1.1. Geologia e Solos
A bacia hidrográfica da ribeira de Barcarena desenvolve-se maioritariamente
sobre aluviões e sobre o “Complexo Vulcânico de Lisboa”, dois tipos geológicos que
originam, por norma, solos de grande valor ecológico. No mapa de solos (ver Anexo D)
observamos que a ribeira de Barcarena é a linha de água, pertencente ao território
municipal, que mais solo de elevada fertilidade possui nas zonas adjacentes,
nomeadamente os Aluviossolos e os Barros Castanho-Avermelhados.
4.1.2. Hidrologia
O vale da ribeira de Barcarena é encaixado e sinuoso a norte do concelho
(freguesia de Barcarena), formalizando-se num vale aberto com cotas próximas do zero
a sul do concelho (localidade de Caxias) (ver Anexo D). O declive médio do curso de
água principal é de 1,4% (Municípia, 2013).
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
19
A extensão territorial da sua bacia hidrográfica é de 34,7 km2, em que cerca de
30% (10,5 km2) é pertencente ao município de Oeiras (Municípia, 2013), sendo a bacia
hidrográfica que ocupa maior área no município (Municípia, 2011a).
Fig. 15 - Hidrografia da ribeira de Barcarena, abrangendo o concelho de Sintra e de Oeiras.
Esta ribeira é a que possui um maior comprimento da linha de água principal
(19,3 km), e o seu comprimento dentro do concelho é o segundo maior (7,1 km)
(Municípia, 2011a), o que poderá significar uma maior potencialidade para o número de
conexões, tanto sociais e culturais, como ecológicas, através de um Corredor Verde
associado.
Sendo que apenas 37% do comprimento da ribeira é parte integrante do
município (Municípia, 2011a), seria de ponderar uma hipótese de planeamento
intermunicipal com o município de Sintra, de maneira a realizar um Corredor Verde
contínuo, coeso e valioso em termos dos seus ganhos ecológicos e socioculturais, e
tornando-o parte integrante de uma grande estrutura ecológica regional.
Um dos problemas desta ribeira é o risco de cheias, consequente de grandes
amplitudes de caudais em curtos espaços de tempo, devido a uma grande densidade
de impermeabilização na bacia hidrográfica a montante, nomeadamente no Cacém
(Sintra), e devido a um estrangulamento das margens em vários pontos. Cacém,
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
20
Barcarena e Caxias são os núcleos urbanos adjacentes mais vulneráveis a este risco,
sendo a secção transversal da ribeira, nestes locais, insuficiente para o escoamento dos
caudais de ponta de cheia. Poderá afirmar-se que as principais causas dos problemas
em situações de cheia, causados pela ribeira de Barcarena no concelho de Oeiras, são
(MUNICÍPIA, 2011b):
∙ Secções de vazão insuficientes;
∙ Impermeabilização de zonas inundáveis;
∙ Falta de manutenção na ribeira, nomeadamente limpeza e desobstrução
do leito principal.
Fig. 16 - Zonas ameaçadas pelas cheias (Tipologias REN, PDM), que corresponde às áreas inundadas nas cheias de
1983.
A delimitação da Reserva Ecológica Nacional inclui uma classe que representa
as áreas de importância para protecção e recarga dos aquíferos, esta classe teve como
uma das variáveis para a sua delimitação a permeabilidade dos solos. Como podemos
observar na figura 17, a ribeira de Barcarena é a que tem maior área referida adjacente.
Esta área já está salvaguardada pela sua integração no plano de ordenamento do PDM
de Oeiras, como área de Solo Rural-Espaço Natural ou como Solo Urbano-Espaço
Verde (ver Anexo F). A integração destas áreas no EVA-RB é de extrema importância
para reforçar a salvaguarda destes espaços como superfícies permeáveis, de modo a
existir uma recarga dos aquíferos, contribuindo assim, para um desenvolvimento
sustentável, e para uma diminuição do escoamento superficial e das grandes amplitudes
de caudal da ribeira, prevenindo os riscos de cheias para os aglomerados urbanos
adjacentes à ribeira.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
21
Fig. 17 - Áreas Estratégicas de Protecção e Recarga do Aquíferos (Tipologias REN, PDM).
Segundo o Estudo de Requalificação Paisagística e Ambiental das Ribeiras da
Costa do Estoril (SANEST et al., 2001), a qualidade da água no troço da ribeira
adjacente ao núcleo urbano de Caxias é má, sendo que mais a norte a qualidade
melhora, embora continua a ser de qualidade sofrível. É sabido que a CMO tem
desenvolvido várias acções no âmbito de eliminar as fontes de poluição das suas
ribeiras, pelo que desde 2001, até à data de hoje, a qualidade da água deverá ter
melhorado significativamente, não só pela eliminação das fontes de poluição, mas
também, pela boa capacidade de regeneração dos habitats ripícolas de Oeiras, por
estes apresentarem vários troços ainda naturalizados.
Durante praticamente todo o seu percurso dentro do concelho a ribeira de
Barcarena está sempre próximo de estradas, razão pela qual se encontra
significativamente intervencionada, estando muitas vezes confinada entre muros de
betão ou de pedra. A partir de Laveiras, a sul da Escola de São Bruno, a ribeira encontra-
se totalmente regularizada , com margens transformadas pela construção de paredes
de betão ou em pedra com argamassa.
4.1.3. Flora e Fauna
A composição florística da ribeira de Barcarena no concelho em 2001, era de
“ausência de orla ripícola ou presença de orla descontínua com espécies exóticas
abundantes” no troço adjacente ao núcleo urbano de Caxias, e de “orla arbustiva ou
arbórea descontínua” na restante ribeira pertencente ao concelho (SANEST et al.,
2001). A CMO procedeu a uma limpeza das margens da ribeira, eliminando a espécie
invasora com maior predominância, o Arundo donax (cana), atualmente presencia-se
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
22
as margens da ribeira com pouca presença desta exótica, no entanto as margens não
são completamente detentoras de uma adequada vegetação ripícola.
Fig. 18 - Presença de Arundo donax nas margens da ribeira de Barcarena (a norte do Bairro Cagarete).
Com a melhoria da qualidade da água, observa-se um aparecimento de uma
maior diversidade de fauna, sendo já possível o avistamento do Pato-real, Galinha-de-
água, Lapas-de-água-doce, Rã-verde. A criação do EVA-RB assenta na requalificação
do seu habitat ripícola, tendo como um dos objectivos o ressurgimento da Enguia e
Boga-portuguesa (endemismo português), espécies outrora abundantes na ribeira, que
possibilitavam a prática de pesca desportiva na mesma.
Fig. 19 - Boga-portuguesa (Iberochondrostoma lusitanicum), um endemismo português.
4.2. CARACTERIZAÇÃO SOCIOCULTURAL E
SOCIOECONÓMICA
4.2.1. Elementos de Interesse Cultural
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
23
Fig. 20 - Localização dos elementos de interesse cultural relevantes.
Os primeiro povoamentos nas proximidades da ribeira de Barcarena foram na
Pré-História, vestígios desses povoamentos são: a Gruta do Carrascal e o Castro de
Leceia (“Imóvel de Interesse Público” - IIP).
Fig. 21 - Castro de Leceia.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
24
No século XVI, surgem importantes elementos arquitetónicos religiosos,
nomeadamente a Capela de São Sebastião de Barcarena (“Monumento de Interesse
Público” - MIP) e o Convento da Cartuxa, outrora pertencente à ordem dos Cartuxos,
que desenvolvia actividades ligadas às culturas agrícolas e hortícolas, aproveitando a
fertilidade dos solos da várzea da ribeira.
Fig. 22 - Capela de São Sebastião de Barcarena.
Fig. 23 - Convento da Cartuxa.
Entre o séc. XVI e XVIII, deu-se a construção de várias fortificações ao longo da
orla marítima de Oeiras. Junto à foz da ribeira de Barcarena localiza-se o Forte de S.
Bruno de Caxias (IIP).
Fig. 24 - Forte de São Bruno, Caxias.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
25
Ainda no séc. XVI, dá-se o início da atividade industrial e comercial. A Fábrica
da Pólvora de Barcarena, de manipulação de pólvora e fabrico de armas, é um exemplo
de atividade industrial dessa época. Bem como a exploração da “Pedreira Italiana” em
Caxias, de extracção de pedra calcária (onde se localiza o Bairro da Pedreira Italiana).
Fig. 25 - Fábrica da Pólvora.
No séc. XVII e XVIII, surgem os palácios e as grandes quintas, destinadas ao
recreio e à exploração agrícola. Junto à ribeira de Barcarena, destaca-se a Quinta Real
de Caxias, a Quinta do Jardim em Caxias e a Quinta de Nossa Senhora da Conceição
em Barcarena, que integra a Capela de Nossa Senhora da Conceição (IIP).
Fig. 26 - Quinta Real de Caxias.
Fig. 27 - Quinta do Jardim.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
26
A construção de bons acessos a Oeiras, levou ao exponencial crescimento do
território, surgindo núcleos urbanos de génese ilegal (AUGI’s) nos anos 70,
nomeadamente o Bairro da Pedreira Italiana.
4.2.2. Jardins, Espaços Verdes e elementos de Interesse Social
relevantes
Fig. 28 - Localização de jardins e espaços verdes relevantes.
Foram identificados os seguintes Jardins e Espaços Verdes relevantes a integrar
no EVA-RB, pela sua proximidade à ribeira, relevância social e/ou importância
ecológica: Jardim de Caxias (integra um Skatepark e um campo polidesportivo); Olival
(maciço arbóreo pertencente à EEM); Jardim do Murganhal (integra um parque infantil
e um campo de ténis); Jardim de Cesário Verde; Parque Urbano da Quinta da Politeira
e o Jardim dos Quatro Elementos.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
27
Fig. 29 - Jardim de Caxias (integra um Skatepark e um campo polidesportivo).
Fig. 30 - Jardim do Murganhal (integra um parque infantil e um campo de ténis).
Fig. 31 - Parque Urbano da Quinta da Politeira.
Fig. 32 - Jardim dos Quatro Elementos.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
28
Foram identificados os seguintes elementos de Interesse Social a integrar no
EVA-RB, pela sua proximidade à ribeira, relevância social, lúdica, desportiva e/ou
cénica:
∙ Grupo Desportivo dos Unidos Caxienses;
∙ Escola Básica de São Bruno;
∙ Clube de Campo Quinta da Moura (clube de ténis);
∙ Castelo e Moinho Velho (potencial enquanto mirante e elemento
integrante da EEM como “sistema de vistas”);
∙ Oeiras International School;
∙ CERCIOEIRAS;
∙ Piscina Municipal de Oeiras;
∙ Quinta de São Miguel (FamÍlia Brée)
∙ Associação Cultural de Tercena;
∙ Grupo Recreativo de Tercena;
∙ Escola Básica Santo António de Tercena.
Fig. 33 - Localização dos elementos de interesse social relevantes.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
29
4.2.3. Núcleos Urbanos
Na freguesia de Barcarena os núcleos urbanos encontram-se dispersos,
nomeadamente: Quinta da Moura, Leceia, Cagarete, Barcarena e Urbanização
Cabanas Golf.
Pelo contrário, na freguesia de Caxias o território encontra-se muito urbanizado,
as encostas encontram-se praticamente ocupadas com construções diversas. Na
freguesia de Caxias encontram-se os seguintes núcleos urbanos: Bairro da Pedreira
Italiana, Murganhal, Bairro Sá Carneiro e Caxias.
Fig. 34 - Localização dos principais núcleos urbanos.
4.2.4. Ocupação do Solo
Como podemos observar no Anexo E, o uso do solo dominante na bacia
hidrográfica da ribeira de Barcarena em Caxias é predominantemente “Tecido Urbano”,
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
30
não havendo quase terreno livre, sendo praticamente impossÍvel a requalificação da
ribeira no âmbito da sua renaturalização das margens.
Fig. 35 - Ribeira de Barcarena em Caxias (actualidade).
Em oposição, na freguesia de Barcarena, a ocupação do solo é maioritariamente
“Florestas abertas e vegetação arbustiva e herbácea”, proporcionando um menor leque
de condicionantes no desenho do EVA-RB neste troço.
Fig. 36 - Ribeira de Barcarena em Barcarena (actualidade).
4.2.5. Mobilidade
A ribeira de Barcarena é atravessada pela A5, das infraestruturas viárias mais
impactantes na paisagem do vale em questão, apesar de ter um impacto visual negativo,
esta infraestrutura não constituem uma barreira física no solo, pois esta formaliza-se em
viaduto. Tanto a A5, como a A9-CREL constituiem numa barreira física que separa
Queijas do resto do território. A CMO de Oeiras desenvolveu uma proposta de corredor
verde, Corredor Verde da Estrada Militar, que pretende ligar Queijas ao resto do território
por intermédio do percurso de mobilidade suave, vencendo a barreira da A9-CREL.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
31
Relativamente às acessibilidades, a organização da rede viária proporciona bons
acessos ao EVA-RB. Quanto aos acessos por transportes públicos, nas duas
extremidades do EVA-RB encontra-se uma estação de comboio. A sul, a estação de
comboio de Caxias (Linha Lisboa-Cascais), e a norte, a estação de comboio de
Massamá-Barcarena (Linha Lisboa-Sintra), possibilitando uma boa acessibilidade por
transportes ferroviários. Já a acessibilidade por autocarros só é possível com inteira
facilidade apenas na zona de Caxias, sendo um ponto a colmatar a norte do EVA-RB.
Fig. 37 - Localização das principais infraestruturas de mobilidade.
5. SÍNTESE
A ribeira de Barcarena adquire diferentes oportunidades e constrangimentos ao
longo do território, consequência das diferentes características biofísicas, sociais,
culturais, paisagísticas e ecológicas que o território adquire. Dito isto é feita uma divisão
da ribeira e sua envolvente em 3 troços (ver figura 38): da foz à Rua Calvet Magalhães
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
32
(A); da Rua Calvet Magalhães até cruzamento com A5 (B); da A5 até o final do concelho
(C).
Fig. 38 - Troços resultantes da síntese de caracterização.
5.1. OPORTUNIDADES E CONSTRANGIMENTOS
TR
OÇ
O A
OPORTUNIDADES CONSTRANGIMENTOS
∙ Solos férteis;
∙ Potencial para a formalização de um corredor verde
na margem esquerda (integrando a Quinta Real de
Caxias);
∙ Ligação ciclopedonal à estação de comboio de
Caxias, à praia de Caxias e ao Jardim de Caxias
(espaço desportivo e recreativo);
∙ Possibilidade de renaturalização da margem
esquerda;
∙ Potencialidade de conexão aos núcleos urbanos da
margem direita através de centralidades,
nomeadamente a praça Parque Conde de Rio
Maior e o Largo Ana de Castro Osório;
∙ Excelente acesso através de transportes públicos.
∙ Encostas e áreas
contígua à ribeira com
densos núcleos urbanos
(intensa ocupação
humana);
∙ Margens estabilizadas,
de modo contínuo,
através de muros e
paredes de betão ou
pedra com argamassa;
∙ Naturalidade da ribeira
praticamente nula, com
vegetação ausente.
Quadro II - Oportunidades e Valências do Troço A da Ribeira de Barcarena.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
33
TR
OÇ
O B
OPORTUNIDADES CONSTRANGIMENTOS
∙ Solos férteis;
∙ Potencial para a formalização de um corredor verde
na margem esquerda (integrando espaço expectante
privado pertencente aos Unidos Caxienses (em
processo de venda à CMO), e na margem direita,
junto ao Bairro da Pedreira Italiana);
∙ Ligação ciclopedonal ao Jardim do Murganhal
(espaço desportivo, de recreio, incluindo recreio
infantil) através de um dos afluentes da ribeira de
Barcarena, a ribeira do Murganhal;
∙ Potencial de ligação com o núcleo urbano de Queijas,
através de percurso ciclopedonal projectado, o
Corredor Verde da Estrada Militar;
∙ Presença de elementos sociais relevantes,
nomeadamente Escola de São Bruno e Grupo
Desportivo dos Unidos Caxienses;
∙ Bom acesso através de transportes públicos;
∙ Potencial de valorização e aproveitamento de Açudes,
já existentes, para fins recreativos.
∙ Margens
predominantemente
estabilizadas por
paredes ou muros de
pedra ou betão;
∙ Naturalidade da ribeira
muito fraca,
apresentando-se com
uma orla ripícola pouca
adequada ou coesa,
não havendo
praticamente o estrato
arbóreo ou este é
esparso;
∙ Ocupação ilegal dos
terrenos para fins
hortícolas.
Quadro III - Oportunidades e Valências do Troço B da Ribeira de Barcarena.
TR
OÇ
O C
OPORTUNIDADES CONSTRANGIMENTOS
∙ Solos férteis;
∙ Extensa área de solo público e permeável (de
Barcarena até ao Bairro da Pedreira Italiana),
com potencialidade de valorização paisagística e
ecológica;
∙ Propriedades públicas e privadas com grande
valor paisagístico e patrimonial;
∙ Possibilidades em alguns troços de libertar o leito
de cheia (edifícios abandonados);
∙ Enquadramento e valorização do dique
construído junto ao Bairro de Cagarate para
prevenção das cheias;
∙ Ligação ciclopedonal à estação de comboio de
Massamá-Barcarena através de um dos afluentes
da ribeira de Barcarena, a ribeira de Massamá;
∙ Vários troços da ribeira
delimitados por muros ou
até pelas próprias paredes
de edificações
(artificialização das
margens), apenas margens
naturalizadas nos troços
sem aglomerações urbanas
nas proximidades;
∙ Pouca coesão urbana entre
os núcleos urbanos
recentes e os antigos;
∙ Crescente crescimento
urbano;
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
34
∙ Possibilidade de ligação ao Concelho de Sintra
através de um plano intermunicipal.
∙ Orla ripícola em
regeneração, após limpeza
de canaviais;
∙ Impacto visual da A5.
Quadro IV - Oportunidades e Valências do Troço C da Ribeira de Barcarena.
6. ORIENTAÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O
EIXO VERDE E AZUL DA RIBEIRA DE
BARCARENA (EVA-RB)
A formalização de um Corredor Verde ao longo da ribeira de Barcarena (EVA-
RB) irá favorecer e restaurar o funcionamento ecológico de toda a ribeira, recuperando,
o quanto possível, o habitat ribeirinho autóctone, trazendo de volta a biodiversidade da
ribeira e das áreas contíguas, tendo como um dos objetivos, possibilitar as vivências e
as práticas que a população outrora tinha com a ribeira de Barcarena, nomeadamente
o avistamento de diversas espécies, ou ainda o volver da prática de pesca desportiva
anteriormente praticada.
Relativamente à hidrologia, pretende-se, sempre seja possível e não demonstre
qualquer perigo para a população, a renaturalização das margens ribeirinhas. Em todas
as margens naturalizadas e renatualizadas deverão ser feitos trabalhos de revestimento
com vegetação ribeirinha autóctone, paralelamente com trabalhos de engenharia
natural para facilitar e/ou acelerar a estabilização destas.
A grande mancha verde a formalizar o EVA-RB (ver “Espaço verde a projectar
e/ou Salvaguardar” indicado na figura 39) foi delimitada através dos espaços sobrantes
e expectantes contíguos à ribeira, e através de áreas verdes de grande valor ecológico,
já delimitadas por PDM, nomeadamente áreas de importância para a recarga de
aquíferos. O EVA-RB deverá integrar diversas funções, tanto funções que proporcionem
benefícios directos à população (percursos, jardins, hortas, parques com diversas
funções), como funções ecológicas ou ambientais (recarga de aquíferos, bacias de
retenção). As bacias de retenção são de extrema importância para a redução do caudal
fluvial, e assim, o risco de cheia. Reforçando a intenção de diminuição de risco de cheia
deverão ser feitas, com regularidade, operações de limpeza e desobstrução das linhas
de água, bem como o desassoreamento, principalmente junto aos açudes e diques.
Uma das facilidades para a formalização do EVA-RB é o facto do PDM de 2015
(ver Anexo F) já salvaguardar as áreas de maior relevância a integrar no corredor, assim
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
35
sendo, sempre que algum espaço seja de domínio privado, este já estará condicionado
à edificação.
Pretende-se que o EVA-RB integre um percurso de mobilidade suave e seja um
corredor multifuncional. Este para além de se tornar uma ligação ecológica para fauna
e flora, será um dos meios de transporte para a população. As Orientações Estratégicas
(ver figura 39) propõem diversas ligações ao percurso principal e contínuo do EVA-RB:
∙ Ligações a elementos de grande valor paisagístico, patrimonial ou de
funcionamento essencial para a sociedade (equipamentos e serviços),
descritos no mapa correspondente como “Elementos de Interesse
Sociocultural”;
∙ Ligações a “Jardins e Espaços Verdes existentes relevantes”, que consistem
nos espaços verdes com valências e serviços proporcionados à sociedade
considerados relevantes;
∙ Ligações aos diversos núcleos urbanos pertencentes à bacia hidrográfica da
ribeira (ligações reforçadas por conexões às centralidades/open spaces dos
núcleos);
Estas conexões não só possibilitam a adesão ao EVA-RB como um meio de
mobilidade e de acesso à fruição da natureza, com também enriquecem o corredor,
fortificando-o com diversos benefícios que a população poderá experienciar,
directamente ou indirectamente. O acesso às linhas de comboio e ao Passeio Marítimo
de Algés reforça o conceito de mobilidade sustentável do Eixo Verde e Azul da Ribeira
de Barcarena. A intenção futura, prevista na EEM (ver Anexo B), será a interligação dos
diversos corredores verdes fluviais por meio de corredores transversais, formando uma
grande, contínua e coesa rede de mobilidade suave e sustentável.
São apresentadas Orientações Estratégicas em anexo, Folha 1.01, para um
posteriormente planeamento e projecto, que deverá ser feito ao encargo de uma equipa
multidisciplinar, que impreterivelmente precisará de técnicos de engenharia natural e
hidráulica.
Em suma, a criação do EVA-RB pressupõe diversos benefícios ecológicos,
ambientais e sociais, e consequentemente, uma dinamização da economia local.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
36
Fig. 39 - Orientações Estratégicas para o EVA-RB (ver Folha 1.01).
7. PARQUE DE LAVEIRAS
7.1. ENQUADRAMENTO GERAL DO ESPAÇO
A área a projectar representa o espaço verde a sul do Troço B do EVA-RB (ver
figura 38), pertencente à localidade de Laveiras, freguesia de Caxias. Este integra
essencialmente terrenos de domínio público, sendo que o terreno privado a intervir
(pertencente ao Grupo Desportivo dos Unidos Caxienses) está em processo de
aquisição por parte da CMO.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
37
Fig. 40 - Terrenos de domínio público e privado da área a intervir.
Os núcleos urbanos adjacentes são o Bairro da Pedreira Italiana (antiga AUGI
legalizada), o Bairro Sá Carneiro (bairro social), e o aglomerado do Murganhal (núcleo
com mais antiguidade). O espaço actualmente tem sido usado de forma ilegal para fins
hortícolas, pela população circundante.
Circundantes ao local, encontra-se uma escola básica, a Escola de São Bruno,
um grupo desportivo, os Unidos Caxienses, uma unidade de cuidados continuados
integrados, a Naturidade de Laveiras, e um elemento arquitectónico de importância
cultural e patrimonial, a Quinta do Jardim. É de salientar, que em Laveiras existiu uma
Necrópole romana, tendo sido recolhidas duas lápides com inscrições funerárias
(perdendo-se o local exato da recolha). Actualmente encontram-se no Museu Nacional
de Arqueologia.
Actualmente, está em fase de projecto o Parque Urbano da Pedreira Italiana (a
norte da área de intervenção) e, em fase de execução, o Parque Hortícola dos Lameiros
da Cartuxa (a sul), ambos de autoria da CMO (ver figura 41). O espaço a intervir
pretende não só dar continuidade a estes dois parques, mas essencialmente ser parte
integrante de um espaço verde contínuo de maior dimensão, o Eixo Verde e Azul da
Ribeira de Barcarena.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
38
Fig. 41 - Projectos de intervenção adjacente e núcleos urbanos de proximidade.
7.2. PROGRAMA
A continuidade de um percurso de mobilidade suave ao longo da ribeira de
Barcarena, a conexão com os dois parques em fase de projecto, e a formalização das
hortas já existentes foram os principais requisitos exigidos pela DGEV (CMO) para a
intervenção neste local.
Para além desses requisitos, a proposta para o espaço pretende seguir as
premissas anteriormente definidas nas Orientações Estratégicas, como:
∙ Valorização e requalificação do ecossistema ripícola;
∙ Criação de um percurso ciclopedonal principal e contínuo, e sempre que
necessário propor a construção de pontes de modo a garantir a sua
continuidade;
∙ Criar e promover ligações aos núcleos urbanos de proximidade,
nomeadamente às suas centralidades;
∙ Criar e promover ligações aos elementos de interesse sociocultural;
∙ Criar e promover ligações aos espaços verdes de importância ecológica
(fortalecendo o Corredor Verde e a Infraestrutura Verde que este integra
(EEM));
∙ Requalificar açudes para uso recreativo;
∙ Desenho capaz de unir os núcleos urbanos presentes nas duas margens,
tornando o urbanismo do território mais coeso.
Após o Enquadramento Geral do Local, são acrescidos ao programa os
seguintes pontos:
∙ Criação de um espaço para formação agrícola;
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
39
∙ Integrar um espaço que simbolize a antiga Necrópole existente em
Laveiras.
7.3. PLANO CONCEPTUAL
A proposta para o espaço a intervir, intitulada de Parque de Laveiras, divide-se
em sete tipologias de espaços diferentes (ver figura 42 e Folha 2.01):
∙ Ecossistema Ripícola;
∙ Espaço de Enquadramento e Estabilização de Taludes;
∙ Espaço de Enquadramento e Circulação;
∙ Centralidades de Recepção;
∙ Espaço Agrícola;
∙ Espaço de Lazer e Recreio Livre;
∙ Pontos de Fruição com a Ribeira.
Os diferentes espaços são conectados e integrantes do percurso ciclopedonal
principal e contínuo que percorrerá todo o EVA-RB.
Os objectivos pretendidos para as zonas de Ecossistema Ripícola é a
requalificação e a naturalização do habitat ribeirinho, através de estabilização das
margens não artificializadas, com auxílio de técnicas de engenharia natural, e da
plantação de uma flora ripícola autóctone, com propriedades de regenerar o habitat
associado, incluindo a flora aquática com funções depuração da água.
Os Espaços de Enquadramento e Estabilização de Taludes são em zonas de
declive acentuado. A proposta para estas zonas é a de reformulação da vegetação
existente, para um conjunto de espécies com aptidões para estabilização de terras.
O espaço verde, já existente na margem esquerda da ribeira do Murganhal, a
norte do bairro Sá Carneiro, apresenta-se ligeiramente degradado. Os objectivos para
este espaço são a sua requalificação e a redefinição do caminho existente, sendo a sua
tipologia conceptual a de Espaço de Enquadramento e Circulação.
São planeadas duas praças pavimentadas de recepção, lazer e recreio, para que
os utentes do parque possam permanecer num local acolhedor, onde o recreio passivo
e activo são compatíveis. Estes espaços, com a tipologia de Centralidades de
Recepção, são as principais entradas e pontos de encontro do parque, aqui a função de
circulação está integrada no espaço de estadia, contrariamente à hierarquização das
funções ao longo do caminho principal.
Uma das premissas para esta proposta era a formalização das hortas. Deste
modo são propostos dois grandes núcleos de hortas urbanas, sempre adjacentes a uma
centralidade, o Espaços Agrícolas.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
40
Adjacente à Quinta do Jardim está presente um significativo espaço expectante.
Este espaço, intitulado na proposta de Jardim da Quinta, em conjunto com a Quinta do
Jardim, forma uma unidade de intervenção, pelas suas valências e cotas altimétricas
próximas, de tipologia Espaço Lazer e Recreio Livre. Como o próprio nome indica, para
este espaço pretende-se que não haja uma função específica associada, sendo
desenhada com uma lógica de espaços abertos e espaços fechados, construindo vários
diferentes espaços de estadia, lazer e recreio nesta unidade.
Por último, com o objectivo de proporcionar uma maior proximidade dos utentes
do parque com a ribeira, são propostos pontos de acesso directo à ribeira,
estrategicamente posicionados nos sítios de menor turbulência de água, os Pontos de
Fruição com a Ribeira.
Fig. 42 - Plano Conceptual do Parque de Laveiras (ver Folha 2.01).
7.4. O PARQUE DE LAVEIRAS (ESTUDO PRÉVIO)
Após definida a organização do espaço a intervir e as tipologias de cada sub-
espaço do Parque de Laveiras, procedeu-se a formalização de uma proposta adequada
e de valorização para, e do, local. A proposta pretende ser um parque multifuncional,
que albergue várias funções de forma equilibrada. As diversas funções pretendem
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
41
atingir um leque alargado de utentes, conectando diferentes gerações, diferentes
estratos sociais, e eventualmente, populações de diferentes localidades e regiões.
Fig. 43 - Plano Geral do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02).
O desenho geral do parque pretende simbolizar o deambular de um rio (caminho
principal), meandrando por entre núcleos citadinos (Centralidades de Recepção - praças
pavimentadas) e núcleos rurais (Espaço hortícola - hortas).
7.4.1. Centralidades
As centralidades, ou praças pavimentadas, foram propostas como pontos de
recepção ao parque, e zonas de estadia, onde poderão coexistir diferentes tipos de
recreio e lazer. Ambas são circundadas por vegetação, com tipologia de bosque semi-
cerrado, abrigando os espaços dos ventos de norte (Nortada), e tornando-os mais
confortáveis climaticamente. Adjacente a esta orla arbórea, é proposto um murete-
banco contínuo, que possibilita zonas de descanso num ambiente acolhedor e
observador para o centro da praça.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
42
Fig. 44 - Centralidades de Recepção do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e Folha 2.06).
A centralidade contígua ao edifício do Grupo Desportivo dos Unidos Caxienses
(ver figura 44 e Folha 2.02 e 2.06), intitulada de Centralidade do Natural, é uma praça
pavimentada rasgada por elementos naturais. O poço (existente) é circundado por uma
área de prado que se difunde no pavimento pelo desfasamento dos blocos do
pavimento. Este prado regado, pretende não ser apenas uma área de enquadramento
para o poço, mas também, uma área de estadia, um local onde os utilizadores do parque
poderão caminhar, sentar e/ou deitar. É plantado um Jacarandá (Jacaranda mimosifolia)
com a função de pontuar majestosamente esta praça.
A praça é pontuada por pequenas praças de água com efeito de pulverização de
água, mantendo uma atmosfera fresca e dinâmica, com possibilidades de recreio.
Pontuando a praça surgem também pequenas caixas de areia e pequenos espaços de
terra, com funções de recreio activo, e funções pedagógicas, respectivamente.
A centralidade adjacente à Ribeira do Murganhal (ver figura 44 e Folha 2.02 e
2.06), intitulada de Centralidade da Necrópole, é uma praça desenhada de modo a
simbolizar a presença romana no local. A praça é destinada para formação dos
hortelões, e integra canteiros sobrelevados destinados para pessoas de mobilidade
reduzida, sendo o talhão de terra central nivelado com a praça e destinado para acções
de formação. É no desenho e no material destes canteiros que formaliza a simbologia
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
43
de uma necrópole. É pensada na possibilidade de encomenda de uma réplica da lápide
com inscrições funerárias de Flavius Quadratus, porta-estandarte da II Legião,
colocando-a no canteiro central da primeira fila.
Esta clareira pavimentada estende-se para uma clareira verde, numa zona de
confluência de ribeiras, onde é promovido, através de patamares, a proximidade à
ribeira. Nesta zona é proposto um contínuo prado regado com funções de estadia e
recreio.
7.4.2. Caminho Principal
O caminho principal, é um caminho meandrizado, que oscila entre os três a seis
metros de largura, possibilitando sempre o uso ciclopedonal, e ocasionalmente viaturas
de apoio à manutenção do parque. Quando o caminho se encontra com largura superior
a três metros, é proposto um murete-banco ao longo de um dos limite do caminho,
possibilitando, ao longo de uma zona de circulação, zonas de estadia e descanso.
Fig. 45 - Caminho Principal do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e Folha 2.06).
7.4.3. Hortas
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
44
Os seis núcleos de hortas são vedados e de uso exclusivo dos hortelões. A
vedação propõe-se que seja visualmente compatível com o resto da proposta,
preferencialmente uma vedação baixa e não visualmente intrusiva, tipo paliçada.
Cada um deste núcleos dispõe de caminhos de acesso às hortas de 1,5 metros,
e cada talhão individual terá 25 m2, podendo haver possibilidade de se agregar talhões,
formando talhões de maior dimensão. Os caminhos e os espaços de estadia,
pertencentes a cada um destes núcleos, pretendem ser de um material solto, de
pequena granulometria e totalmente permeável. Os espaços de estadia, dispõem de
uma árvore de ensombramento e de um banco, e ainda espaço suficiente para se
proceder a métodos de compostagem. Estes espaços contêm, no mínimo uma casa de
apoio, que possibilitará o arrumo do material.
Fig. 46 - Espaço hortícola do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e Folha 2.06).
7.4.4. Unidade Quinta do Jardim/Jardim da Quinta
Propõe-se a requalificação do espaço de acesso público pertencente à Quinta
do Jardim, com uma árvore de pontuação, com raízes esteticamente interessantes, a
árvore-da-borracha-australiana (Ficus macrophylla), e uma sebe de buxo (buxus
sempervirens), tornando o ambiente mais íntimo e acolhedor, enquadrando, assim, as
namoradeiras existentes no muro.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
45
Com a sobrelevação da estrada à cota do passeio, e a eliminação de um sentido
de circulação viário, possibilitará a união da Quinta do Jardim ao espaço verde
adjacente, o Jardim da Quinta, e a facilidade de acesso pedonal à Quinta do Jardim.
O Jardim da Quinta é proposto num espaço expectante, e de morfologia pouco
funcional. Para este espaço foram propostos trabalhos de modelação de terra (ver Folha
2.03), que possibilitaram zonas com funções de mirante, e zonas onde o declive é pouco
acentuado, possibilitando a estadia, recreio e lazer neste local. Este local é pensado
numa lógica de espaços abertos e fechados, criando diferentes espaços no mesmo
jardim. À cota da localidade do Murganhal é desenhada uma praça de recepção que se
desenvolve em patamares (anfiteatro) e escadarias, encontrando-se com a cota do
Jardim, dando acesso a este.
O percurso ciclopedonal conecta o Jardim da Quinta e a Quinta do Jardim ao
caminho principal do EVA-RB.
Fig. 47 - Unidade Quinta do Jardim/Jardim da Quinta do Parque de Laveiras (ver Folha 2.02 e Folha 2.06).
7.4.5. Requalificação de espaços urbanos existentes
Com o objectivo de aumentar a coesão urbana dos núcleos adjacentes e
conexão destes ao EVA-RB, foram intervencionadas algumas das centralidades
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
46
urbanas (open spaces), nomeadamente: Parque Conde de Rio Maior e duas praça de
recepção e “ilha pedonal” adjacente à Av. João de Freitas Branco.
A requalificação do Parque Conde de Rio Maior passou por melhoramento de
acessos a esta, uma vez que se encontra a uma cota superior, e centralização da
entrada principal, com o objectivo de enaltecer a praça.
A criação ou requalificação das duas praça de recepção ao parque, adjacente à
Av. João de Freitas Branco, teve como objectivo a criação de zonas de estadia e de
recepção/atração ao parque, bem como o melhoramento do espaço público integrado
no Bairro Sá Carneiro.
Fig. 48 - Requalificação da praça Parque Conde de Rio Maior e dos espaços adjacentes à Av. João de Freitas Branco
(ver Folha 2.02).
7.4.6. Mobilidade
O percurso ciclopedonal é constítuido pelo percurso principal que integra o EVA-
RB, e por percursos que derivam deste, conectando os pontos mais cruciais do projecto
e/ou da envolvente, nomeadamente, à Escola de São Bruno, ao Jardim do Murganhal,
à Quinta do Jardim e ao Corredor Verde da Estrada Militar.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
47
Fig. 49 - Diagrama de Mobilidade do Parque de Laveiras (ver Folha 2.04).
Quando o percurso ciclopedonal intersecta escadas, é proposta a inserção de
carris para transporte de bicicletas, havendo sempre uma alternativa de percurso onde
não existam barreiras arquitectónicas. Propõe-se a ligação através de uma rampa ao
Corredor Verde da Estrada Militar, reduzindo a distância que se teria de percorrer. Os
restantes percursos são pedonais e secundários, conectando e possibilitando o acessos
aos restantes elementos.
Relativamente à mobilidade viária, foram sobrelevados alguns troços de
estradas viárias, de modo a priorizar a mobilidade suave e sustentável, sendo uma das
estratégias para a diminuição de velocidade do tráfego viário no local. Uma das estradas
foi reduzida a um sentido viário, o troço norte da Estrada de Laveiras, deste modo
pretende-se a reaproximação de uma unidade patrimonial isolada, a Quinta do Jardim,
e o assegurar da segurança do peão neste local, uma vez que a estrada/passeio possuí
apenas 5 metros de largura (ver figura 49 e Folha 2.04).
7.4.7. Vegetação
A lógica de plantação segue dezasseis diferentes funções/espacializações (ver
figura 50, Folha 2.05 e lista de espécies indicadas no Anexo G).
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
48
Fig. 50 - Plano da Estrutura Vegetal do Parque de Laveiras (ver Folha 2.05).
Ao longo da ribeira de Barcarena, e da ribeira do Murganhal, é proposto a
plantação de vegetação ripícola autóctone, com o objectivo principal de restabelecer a
galeria ripícola outrora existente (ver VR na figura 50 e Anexo G). É também, uma das
prioridades, a fixação de vegetação aquática com funções de fitodepuração ao longo
das margens e junto aos açudes (ver VA na figura 50 e Anexo G).
O caminho principal terá um alinhamento de árvores de diversas espécies
propostas segundo o seu interesse cromático, resultando numa composição de
diferentes cores (ver CP na figura 50 e Anexo G). A proposta das espécies a integrar o
Jardim da Quinta, seguiu a mesma premissa de interesse cromático, integrando, em
acréscimo, espécies usadas para as orlas ripícolas, conseguindo assim uma ideia de
unidade de todo o parque de Laveiras (ver JQ na figura 50 e Anexo G). Ainda no interior
do jardim, são usadas árvores de pontuação para os triângulos resultantes do
cruzamento de caminhos (ver PJ na figura 50 e Anexo G), as espécies escolhidas são
repetições das espécies usadas nos arruamento do interior do bairro Sá Carneiro. A
Quinta do Jardim segue a lógica de plantação descrita no ponto 7.4.4..
Junto aos espaços hortícolas, entre estes e os caminhos de acesso público,
haverá um revestimento com espécies arbustivas aromáticas, formando um padrão tipo
mosaico-cultura, com espécies arbóreas de fruto pontuais (ver AF na figura 50 e Anexo
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
49
G). As aromáticas foram escolhidas pela sua função de utilização humana direta ou pela
sua função enquanto controlador de pragas e promoção da biodiversidade. As árvores
de fruto foram propostas segundo o seu pequeno porte, de modo a não ensombrar o
local das hortas. Nas zonas de estadia das hortas, as árvores selecionadas seguem a
mesma lógica de árvores de fruto (vegetação comestível), mas diferem por serem de
maior porte, produzindo assim, o efeito de sombra (ver PH na figura 50 e Anexo G).
Circundantes às centralidades é proposto um maciço arbóreo de coníferas,
criando um ambiente íntimo e acolhedor (ver BQ na figura 50 e Anexo G).
Nas áreas de maior declive a vegetação utilizada será uma composição de
espécies direcionadas para a estabilização de taludes (ver ET na figura 50 e Anexo G).
São usadas árvores de pontuação para sinalização de entrada do Parque de
Laveiras (ver PE na figura 50 e Anexo G), sinalização de paragens de autocarro (ver
PA na figura 50 e Anexo G), e ainda para o cruzamento do caminho principal no interior
do parque com o caminho de conexão com a Escola de São Bruno. No interior do parque
é proposta uma pontuação arbórea para a Centralidade do Poço com a lógica descrita
no ponto 7.4.1. (ver PI na figura 50 e Anexo G).
Nos Open Spaces, de recepção ao parque, o elenco florístico passa pela
repetição de vegetação usada na orla ripícola, onde predominam as árvores de folha
caduca, possibilitando a sombra na estação mais quente, e o sol nas estação mais fria
(ver OS na figura 50 e Anexo G).
O prado regado é proposto em sítios estratégicos de recreio, estadia e lazer (ver
PR na figura 50 e Anexo G).
É ainda feito, um enquadramento dos espaços sobrantes, derivados das
intervenções de infraestruturas viárias, com repetição de vegetação arbustiva utilizada
no interior do parque (ver FV na figura 50 e Anexo G).
8. CONCLUSÃO
Com a revisão bibliográfica realizada e a caracterização efectuada, foram
possíveis as correctas e adequadas propostas. Diagnosticando as oportunidades e
potenciais a favorecer ou a formalizar, e os constrangimentos a atenuar ou a anular,
foram propostas Orientações Estratégicas para a criação do Eixo Verde e Azul da
Ribeira de Barcarena.
Estas orientações fornecem um alargado leque de intenções a formalizar, de
modo a promover um corredor verde coeso, organizado e de grande importância
ecológica e social. O EVA-RB alcança um elevado número de conexões, favorecendo a
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
50
sua estrutura enquanto um meio de mobilidade suave, e enquanto meio contínuo de
propagação de fauna e flora. O EVA-RB íntegra a resolução ou atenuação de
problemáticas como o risco de cheias e/ou artificialização de margens e/ou ausência de
galeria ripícola.
Posteriormente, é proposta a criação do Parque de Laveiras (Estudo Prévio),
para um dos trechos do EVA-RB. Esta proposta, em conjunto com as propostas já em
fases de execução e projecto, respectivamente, Parque Hortícola dos Lameiros da
Cartuxa e Parque Urbano da Pedreira Italiana, trará continuidade ao EVA-RB desde a
foz da ribeira de Barcarena até ao cruzamento com a A5. Deste modo, ficará completado
o EVA-RB no território da localidade de Caxias, ficando em falta apenas o troço
pertencente à freguesia de Barcarena.
O Parque de Laveiras, para além de toda a possibilidade de mobilidade e de
melhoramento ecológico significativo na paisagem, traz também a possibilidade de
usufruição de mais um espaço verde por parte da população. Este parque para além de
todas as funções que integra, que enriquecem o EVA-RB, possibilita também a coesão
entre os núcleos urbanos heterogéneos e incoerentes entre si, tornando o território
esteticamente mais interessante e funcional em termos urbanísticos.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
XI
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oeiras.pt/pt/descobrir/Paginas/palacio_marques_de_pombal.aspx, data de consulta 06-
07-2018.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
XX
Fig. 13 - https://www.youtube.com/watch?v=mvKEzpu7ZEU, data de consulta 07-07-
2018.
Fig. 14 - Elaboração própria através de SIG (Sistema de Informação Geográfica), com
dados fornecidos a 15/12/2017 pela DEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO
(Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 15 - Elaboração própria através de SIG (Sistema de Informação Geográfica), com
dados fornecidos a 15/12/2017 pela DEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO
(Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 16 - Elaboração própria, com adaptação da área delimitada pela REN, como áreas
inundadas nas cheias de 1983.
Fig. 17 - Elaboração própria, com adaptação da área delimitada pela REN, Áreas
Estratégicas de Protecção e Recarga do Aquíferos
Fig. 18 - Fotografia pessoal.
Fig. 19 - https://www.parquesdesintra.pt/pontos-de-atracao/boga-portuguesa/, data de
consulta 02-08-2018.
Fig. 20 - Elaboração própria, com adaptação de dados fornecidos a 15/12/2017 pela
DGEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 21 - http://www.megalithic.co.uk/article.php?sid=38984, data de consulta 02-08-
2018.
Fig. 22 - https://www.guiadacidade.pt/pt/destino/poigf/838, data de consulta 02-08-2018.
Fig. 23 - http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/vida-consagrada-400-anos-
da-cartuxa-de-laveiras/, data de consulta 08-08-2018.
Fig. 24 - http://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/patrimonio/patrimonio-militar/Paginas/
fortesaobruno.aspx, data de consulta 08-08-2018.
Fig. 25 - https://www.guiadacidade.pt/pt/poi-fabrica-da-polvora-de-barcarena-15856,
data de consulta 08-08-2018.
Fig. 26 - http://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/turismo/Paginas/jardins_da_cascata_da_
quinta_real_de_caxias.aspx, data de consulta 10-08-2018.
Fig. 27 - Fotografia pessoal.
Fig. 28 - Elaboração própria, com adaptação de dados fornecidos a 15/12/2017 pela
DGEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
XXI
Fig. 29 - https://www.allaboutportugal.pt/en/oeiras/gardens/parque-de-merendas-do-
jardim-de-caxias, data de consulta 27-09-2018.
Fig. 30 - https://www.google.com/maps/place/Parque+da+Quinta+do+Jardim, data de
consulta 27-09-2018.
Fig. 31 - http://www.proap.pt/pt-pt/theme/espaco-publico/, data de consulta 27-09-2018.
Fig. 32 - https://www.guiadacidade.pt/pt/poi-fabrica-da-polvora-de-barcarena-15856,
data de consulta 27-09-2018.
Fig. 33 - Elaboração própria, com adaptação de dados fornecidos a 15/12/2017 pela
DGEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 34 - Elaboração própria, com adaptação de dados fornecidos a 15/12/2017 pela
DGEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 35 - Fotografia pessoal.
Fig. 36 - Fotografia pessoal.
Fig. 37 - Elaboração própria, com adaptação de dados fornecidos a 15/12/2017 pela
DGEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 38 - Elaboração própria, com ortofotomapas fornecidos a 15/12/2017 pela DGEV
(Divisão dos Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 39 - Elaboração própria.
Fig. 40 - Elaboração própria através de SIG (Sistema de Informação Geográfica), com
dados fornecidos a 15/12/2017 pela DEV (Divisão dos Espaços Verdes) da CMO
(Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 41 - Elaboração própria, com dados fornecidos a 15/12/2017 pela DEV (Divisão dos
Espaços Verdes) da CMO (Camara Municipal de Oeiras).
Fig. 42 - Elaboração própria.
Fig. 43 - Elaboração própria.
Fig. 44 - Elaboração própria.
Fig. 45 - Elaboração própria.
Fig. 46 - Elaboração própria.
Fig. 47 - Elaboração própria.
Fig. 48 - Elaboração própria.
FCUP Eixo Verde e Azul da Ribeira de Barcarena (EVA-RB), Oeiras
XXII
Fig. 49 - Elaboração própria.
Fig. 50 - Elaboração própria.
Quadro I - Adaptação de FERREIRA, José & MACHADO, João (2010). Infra-estruturas
verdes para um futuro urbano sustentável. O contributo da estrutura ecológica e dos
corredores verdes. Disponível em
http://www.revistas.usp.br/revistalabverde/article/view/61279/64214, data da consulta a
25-01-2018.
Quadro II - Fonte própria.
Quadro III - Fonte própria.
Quadro IV - Fonte própria.