14
Sexta, 8 de janeiro de 2010 nova série Valongo CÂMARA ENCERRA TROÇO DA ESTRADA DO ALTO DE FERNANDES A autarquia presidida por Fernando Melo decidiu fechar parte da estrada que ligava a sede do concelho ao Alto de Fernandes (Campo). A razão de encerramento deve-se não apenas ao péssi- mo estado da via naquele pedaço de troço mas também e sobretudo porque estava implantada em terreno privado, disponibilizado há bastante tempo mas a título provisório, como recurso durante as obras de melhoramento da via que liga a Estação (Valongo) até Balselhas. Valongo Crianças foram à Câmara Cantar as Janeiras PÁGINA 8 Natal Valongo PÁGINA 2 Actualidade PÁGINA 3 PROVIDÊNCIA CAUTELAR DEIXA VILA D’ESTE SEM NOVA LINHA DE AUTOCARROS Gaia PROVIDÊNCIA CAUTELAR DEIXA VILA D’ESTE SEM NOVA LINHA DE AUTOCARROS Sociedade | Lousada Acusado de matar a mulher diz que foi acidente PÁGINAS 6 e 7 Queria apenas estragar o carro... Douro | Vila Real Santuário da Gastronomia e do Fado PÁGINA 13 Adega Machado O RIO FERREIRA (2) Sobrado - O rio e a história (a) PÁGINA 9

Correio do Douro #14

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal Quinzenal Regionalista

Citation preview

Page 1: Correio do Douro #14

Sexta, 8 de janeiro de 2010

nova

série

Valongo CÂMARA ENCERRA TROÇO DA ESTRADA DO

ALTO DE FERNANDES

A autarquia presidida por Fernando Melo decidiu fechar parte da estrada que ligava a sede do

concelho ao Alto de Fernandes (Campo). A razão de encerramento deve-se não apenas ao péssi-

mo estado da via naquele pedaço de troço mas também e sobretudo porque estava implantada

em terreno privado, disponibilizado há bastante tempo mas a título provisório, como recurso

durante as obras de melhoramento da via que liga a Estação (Valongo) até Balselhas.

Valongo

Crianças foram à Câmara Cantar as Janeiras

PÁGINA 8

Natal

Valongo

PÁGINA 2

Act

uali

dade

PÁGINA 3

PROVIDÊNCIA CAUTELAR DEIXA VILA D’ESTE SEM NOVA LINHA DE AUTOCARROS

Gaia

PROVIDÊNCIA CAUTELAR DEIXA VILA D’ESTE SEM NOVA LINHA DE AUTOCARROS

Sociedade | Lousada

Acusado de matar a mulher diz que foi acidente

PÁGINAS 6 e 7

Queria apenas estragar o carro...

Douro | Vila Real

Santuário da Gastronomia e do Fado

PÁGINA 13

Adega Machado O RIO FERREIRA (2)

Sobrado - O rio e a história (a)

PÁGINA 9

Page 2: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Valongo

2

ficha técnica

CORREIO DO DOURO – QUINZENÁRIOwww.correiododouro.pt

Propriedade Condor Publicações, Lda.Contr. 508923190Sede e Redacção Rua Dr. João Alves Vale, 78 – Est. D – 4440-644 VALONGOTel. 224210151 – Fax 224210310

Director|Oscar Queirós - Chefe de Redacção|João RodriguesRedacção e Colaboradores|Victorino de Queirós - J. Rocha - J. Silva - E. Queirós -Nuno Victorino - Carlos Silva, Marquês do Vale.���������Editor Miguel Pereira - João Rodrigues Filho

CORREIO ELECTRÓNICO: ������������ �� ���� � � �� �� �� �������� �� ���� � � �� �� ��������� �� ���� � � �� �� ��������� ���� � � �� �� ��������������� ���� � � �� ���Nº. Registo ERC 125216����������������� ���������

Por Manuel Pinto

É difícil apontar todas as potencialida-des de um rio, pois estas potencialidades dependem de inúmeros factores: caudal, comprimento, profundidade do leito, qua-lidade da água, capacidade da população de rentabilizar as potencialidades, necessidades das populações, praias naturais, enfim, uma panóplia tal que nos leva a que, com respei-to ao Rio Ferreira, se aborde apenas as mais importantes e que, como iremos ver, não são poucas.

Mas o rio, para além dos seus recursos naturais, também é uma fonte de outras re-ferências a preservar e que estão a ser descu-radas consecutivamente: o rio proporciona paisagens deslumbrantes que cativam turistas, aventureiros, desportistas, pintores e fotógra-fos, veraneantes e tantos outros que procuram um pouco de paz e sossego.

Foi, também, palco de grandes aconteci-mentos históricos e por ele pugnou-se e der-ramou-se imenso sangue à custa de muitas vidas.

REVEJAMOS, ENTÃO, UM POUCO A HISTÓRIA.

A Festa de S. João de Sobrado representa uma lenda que se fundamenta em aconte-cimentos ocorridos há cerca de 1200 anos (quanto à lenda e às datas nos pronunciare-mos noutro capítulo), sobre uma luta por uma imagem de S. João Baptista entre os mouros que habitavam a zona da Serra de Cucamacu-ca (hoje serras de Santa Justa e Pias) e cristãos que habitavam na zona onde hoje fica Sobrado e que faziam a sua vida pelas margens do Rio Ferreira.

Foi, ainda, o fim pelo qual ocorreu uma célebre batalha na guerra entre Liberais e Ab-solutistas - a Batalha de Ponte Ferreira, entre as tropas de D. Pedro IV e de D. Miguel.

De facto, já se completaram 177 anos (em Julho de 2009) sobre o dia em que se travou a célebre Batalha de Ponte Ferreira entre os exér-citos de D. Pedro IV e o seu irmão D. Miguel.

A contenda aconteceu a 23 de Julho de 1832 e teve como palco o lugar de Ponte de

Ferreira, em Campo - Valongo.No local conserva-se ainda hoje, como

então, a ponte de granito pela qual os dois exércitos se debateram para a travessia do rio.

Segundo o relato dessa batalha feito pelo historiador Luz Soriano, na sua obra “His-tória do Cerco do Porto”, participaram nela aproximadamente 23.000 homens, sendo de D. Miguel 15.000 homens e de D. Pedro IV apenas 8.000.

Além dos regimentos portugueses da ar-tilharia, infantaria e cavalaria, também nela participaram dois batalhões estrangeiros, um inglês e outro francês, ambos por D. Pe-dro IV.

Durante mais de 12 horas, liberais e miguelistas bateram-se em Ponte Ferreira como valentes soldados que eram.

Desde o dia 17 daquele mês de Julho que os dois exércitos se encontravam em pe-quenas lutas, quer pelos montes, quer pelas ruas de Valongo, até que, na manhã do dia 23 tiveram em Ponte Ferreira a sua grande batalha.

Uma vez chegado a Valongo à frente das

suas tropas, D. Pedro IV teve conhecimento de que o exército de seu irmão se encontra-va instalado numa linha de batalha sobre montes situados por diante da povoação da Granja, na freguesia de Gandra, do outro lado do rio Ferreira, isto é, já no concelho de Paredes, até Chão de Terronhas, ficando-lhe pela frente o rio.

A sua direita, que chegava à margem es-querda do rio, em Balselhas, era constituída pela 3ª Brigada com 2 esquadrões de cavala-ria e uma peça de artilharia, sendo toda esta força protegida por uma íngreme montanha. A sua esquerda apoiava-se na serra do Raio.

Quer isto dizer que o rio era de uma ex-trema importância para o desenrolar e o de-senlace desta batalha.

Também, os moinhos foram e são de uma importância histórica, cujas origens ao longo do Rio Ferreira remontam à época do Neolítico, como iremos ver a seguir.

(continua)

O RIO FERREIRA (2)

SOBRADO - O RIO E A HISTÓRIA (A)

Page 3: Correio do Douro #14

CD 3 8 de Janeiro 2010

Actualidade

A RTP considera “inatacável” a decisão do Governo de não reconhe-cer a fundação Navegar, que gere o Centro Multimeios de Espinho, cria-da em 2000, num processo que en-volveu a empresa de televisão.

O não reconhecimento da fun-dação foi tornado público esta quarta-feira por Pinto Moreira, que, presidindo à Câmara Municipal de Espinho e, por inerência, à Fundação Navegar, explicou o significado da decisão: “[O Governo] diz que a fun-dação é, no fundo, ilegal. Na práti-ca, é como se não existisse, [porque] todo o processo está inquinado desde o início”

No despacho assinado pelo mi-nistro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, a 20 de Outubro de 2009, dois anos depois de o município ter contestado o primeiro comunicado do Governo no sentido do não reconhecimento, a decisão do Conselho de Ministros é atribuída ao facto de a RTP não ter “competência” para instituir entidades desse género.

No mesmo documento pode ler-se que “não existia nos estatutos da Radiotelevisão Portu-guesa S.A. nenhuma norma habilitante que lhe permitisse instituir uma fundação”.

O despacho recorda também que em 2000 a RTP “era uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos”, situando-se assim entre as “entidades que se encontram balizadas na sua actuação por aquilo que legalmente lhes é permitido fazer”.

Fonte oficial da RTP afirma que a actual ad-ministração da empresa “tomou conhecimento da situação apenas terça-feira, não tendo qual-quer representante nos corpos sociais da fun-dação [Navegar]”.

A mesma fonte adiantou que a RTP “cola-borará com a Câmara Municipal de Espinho na tentativa de resolver eventuais problemas causados por esta decisão, que considera ina-tacável.”

Pinto Moreira refere que, caso os juristas da autarquia não encontrem uma solução para o problema, o funcionamento do Centro Mul-timeios está “em risco”, assim como os postos de trabalho dos 14 funcionários da fundação Navegar.

Considerando que, nesta fase, “é negligente

iniciar qualquer relação social, comercial, contratual financei-ra ou outra” em nome da fun-dação, o autarca realça: “Este é um processo que se arrasta há largos anos, mas do qual este executivo camarário só tomou conhecimento a 30 de Dezem-bro de 2009”.

Para Pinto Moreira, a forma como o processo foi conduzido nos mandatos anteriores, sob a liderança de José Mota, denun-cia “desleixo e uma profunda negligência”, assim como “falta de transparência”.

A Navegar – Fundação para o Desenvolvimento Cultural, Artístico e Científico de Espi-

nho – foi criada estatutariamente a 10 de Julho de 2000, tendo então como sócios fundadores o município, a RTP e a Solverde - Sociedade de Investimentos Turísticos da Costa Verde S.A.

Propunha-se contribuir para a divulgação, a promoção e o desenvolvimento da cultura, das artes e do conhecimento científico, e apoiar ac-ções educativas, de formação e de lazer.

A 26 de Março de 2002, a fundação solici-tou o seu reconhecimento ao Governo, que só a 13 de Setembro de 2007 lhe comunicou não a considerar na posse dos requisitos necessários para o efeito.

À contestação apresentada, o Governo deu resposta a 20 de Outubro de 2009, reiterando a sua posição inicial.

Uma providência cautelar, intentada por um operador rodoviário privado, obrigou a Sociedade de Transportes Colectivos do Por-to (STCP) a suspender o início da carreira que iria servir os 16.710 habitantes de Vila d’Este, Gaia.

A carreira Vila d’Este-Boavista tinha sido pedida à STCP pela Associação de Proprietá-rios de Vila d’Este, cujo presidente, António Moreira, disse acolher a decisão do tribunal com “revolta, desagrado e desconforto”.

Recordando os problemas sociais subsis-tentes na urbanização, António Moreira afir-mou que “com a suspensão da carreira fica mais uma vez provado que a exclusão conti-nua” em Vila d’Este.

Fonte da STCP explicou que a providência cautelar foi requerida pela empresa rodoviária Oliveira Fernandes & Ribeiro.

Adiantou que, no processo formal de ou-torga provisória desta concessão à STCP, “não tiveram provimento quaisquer eventuais di-reitos de oposição ou preferência”.

Ainda assim, a operador pública de trans-portes urbanos do Grande Porto “espera po-der, a muito curto prazo, dar início à opera-ção, agora adiada pelas referidas razões”.

Aprovado em 2009, o pedido de concessão já tinha sido apresentado à entidade regulado-ra em Novembro de 2006, com o objectivo de garantir melhores acessibilidades do numero-so aglomerado populacional de Vila d’Este, à zona ocidental do Porto, pela Ponte da Arrá-bida.

A STCP sublinha o “interesse de serviço público desta nova ligação” que considera ter sido reconhecido “com a outorga provisória da concessão e a autorização de início de ope-ração” agora suspensa por determinação judi-cial.

O bairro de Vila d’Este situa-se na fregue-sia de Vilar de Andorinho, Vila Nova de Gaia e é considerado um dos maiores “dormitórios” do Grande Porto.

A Junta de Freguesia de Matosinhos, em colaboração com a PSP e a associação de comerciantes local, lançou na quinta-feira o “Programa Integrado de Policiamento de Proximidade” (PIPP), que visa apostar na prevenção de ocorrências.

Este programa, afirmou a agente da PSP de Matosinhos, Telma Fernandes, “tem uma função pró-activa”, actuando em di-ferentes frentes, designadamente junto dos idosos, dos comerciantes locais e das crian-ças, não esquecendo, contudo, a vertente da prevenção rodoviária.

Para este PIPP, a PSP local destacou qua-tro equipas, com o objectivo de realizar um policiamento de proximidade semelhante ao “Escola Segura”.

No caso da população mais velha da freguesia, referiu Telma Fernandes, a ideia

é “sinalizar os idosos em risco ou que es-tejam com necessidades e encaminhá-los para as diversas instituições”.

“Muitos vivem sozinhos e não têm algu-mas condições básicas”, sustentou a agente, acrescentando que a PSP pretende ainda “dar conselhos” a este grupo de risco, no sentido de prevenir burlas.

O presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, afirmou que o maior investimento neste programa é feito pela PSP, que põe agentes no terreno.

Para esta missão de proximidade, a polí-cia visitará centros de dia, centros de acolhi-mento e lares, onde pretende disponibilizar informação relativa ao crime.

No que concerne à actuação junto dos comerciantes, a PSP dispõe de um núme-ro específico de telemóvel, para onde estes

devem ligar no caso de suspeitarem que alguma pessoa está a rondar o seu estabe-lecimento.

“Os comerciantes são um alvo fácil e podem dar à PSP informação importante para que depois seja possível trabalhar ao nível da investigação criminal”, acrescen-tou a agente.

O policiamento de proximidade chega também às crianças da freguesia, através da Escola Segura, assim como a prevenção rodoviária.

Segundo Telma Fernandes, é através das crianças que se chega muitas vezes aos adul-tos.

A junta de freguesia colocou seis lonas em diversos pontos considerados estratégi-cos da freguesia, onde se dá a conhecer o PIPP.

Gaia

Providência cautelar deixa Vila d’Este sem nova linha de autocarros

Espinho – fundação e empregos em risco

RTP DE ACORDO COM GOVERNO QUE NÃO RECONHECE FUNDAÇÃO QUE GERE MULTIMEIOS

Matosinhos

PSP faz policiamento de proximidade junto de idosos, crianças e comerciantes

Page 4: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Actualidade

4

Aconteceu na noite de Natal. Um homem de 56 anos morreu de ataque cardíaco ao tentar impedir o assalto a um armazém vizinho da sua casa. Os larápios, surpreendidos puseram-se em fuga mas antes roubaram a cartei-ra do infeliz que o coração atraiçoou.

O local é ermo o que dá garantias de facili-dade a eventuais ladrões. Foi o que aconteceu em Alvre, localidade da freguesia de Aguiar de Sousa, no concelho de Paredes.

Ali, no sopé de um massivo montanhoso que vem de Valongo até às margens do rio Sousa mora a família Rocha, composta por António, de 56 anos, a mulher e Rosa, de 50. Na noite de Natal o casal recebeu a visita do filho, de 23 anos, acompanhado pela mulher e o filho, um bebé de 2 meses. Para a consoada vieram também uns cunhados. Adivinhavam todos uma ceia de Natal feliz, como manda a tradição.

A determinada altura do jantar, António puxa o neto para o colo e começa a brincar

com ele, enquanto os restantes convivas se en-tretinham com conversas e sobremesas. Eram 22 horas quando todos foram surpreendidos por uma potente sirene. Era o alarme de uma armazém vizinho que disparara. António, que fizera amizade com o dono do referido arma-zém, pousa o neto no chão e sentencia: “São ladrões. Estão a assaltar o armazém”. E faz tenções de ir impedir. A mulher grita-lhe que não vá. Era natal e não devia sair de casa, mui-to menos para se confrontar com bandidos. António, motorista de pesados, recentemente operado ao coração por causa de uma doença grave que o atirara para a reforma, não dá ou-vidos à mulher. E corre ver o que se passava, acompanhado pelo filho e pelo cunhado, estes

Aguiar de Sousa

HOMEM MORRE AO TENTAR IMPEDIR ASSALTO

dois já armados de caçadeiras que António ti-nha em casa.

Saem os três a correr e António fica na entrada enquanto que os dois familiares tor-neiam os muros da Tritacobre – uma empresa de reciclagem de metais – e entram, à procura dos ladrões.

Houve ruídos, alguns gritos, e depois um silêncio cortado pouco depois por um chiar violento de pneus. Eram os larápios – dois, pelo que ficou gravado nas câmaras de vigilân-cia – que se punham em fuga.

Pouco depois Rosa saía também de casa, alarmada com o que pudesse acontecer, so-bretudo ao marido que não respondia aos seus chamamentos. Embora não tivesse ouvido ti-ros, sentia-se profundamente desassossegada. E foi com o coração nas mãos que entrou no perímetro do armazém, sempre gritando pelo seu António. Acabaria por encontrá-lo, à en-trada, desanimado, com “um fio de sangue a escorrer pelo nariz”. Confirmavam-se os seus piores receios. Rosa recomeçou a gritar, desta vez pelo filho e pelo cunhado, para que acudis-sem ao seu companheiro de sempre. Estes rapi-damente chegaram ao local onde Rosa chora-va, ajoelhada sobre o marido. Em segundos já o cunhado largava a caçadeira para empunhar o telemóvel e chamar o INEM e os bombeiros. Estes não foram muito rápidos a responder ao apelo – a zona dos acontecimentos é remota e de complicada identificação para quem não é da região – pelo que quando chegaram os so-corros já António Rocha era cadáver.

Expirara nos braços da mulher.

SANGUE FEZ PENSAR EM HOMICÍDIO

O sangue que brotava pelo nariz de Antó-nio e que se espalhara à volta do rosto colado ao chão fez os seus familiares deduzir que fize-ra frente aos larápios e que estes agrediram na cabeça. E que dessa agressão resultara a morte. “Ainda por cima”, contou à nossa reportagem um amigo do falecido, “eles repararam que os ladrões lhe roubaram a carteira” (informação

que não nos foi confirmada pelas autoridades). Fosse o que fosse, era preciso chamar as

autoridades e como se pensava em homicídio, além da GNR de Paredes, também para lá foi chamada uma brigada de homicídios da Po-licia Judiciária do Porto. E foram inspectores desta força de investigação que, numa primei-ra análise, afastaram o cenário de homicídio, privilegiando a tese de enfarte, opinião que vi-ria a ser corroborada pela autópsia, acontecida apenas na última segunda-feira, no Instituto de Medicina Legal do Porto.

O coração de António Rocha não resistiu àqueles momentos agitadíssimos que inter-romperam a sua ceia de natal e o resto da vida.

PJ APREENDE VÍDEOS E ARMAS

No local, além de proceder a recolha de indícios que possam ����������� �����������������bem como às circunstâncias que precederam a sua fuga, a PJ le-vou consigo as imagens gravadas pelas câmaras de videovigilân-cia – onde se vêm dois homens de rosto tapado – e apreendeu �������������������������-���������������������� ����e cunhado de António Rocha para impedirem o assalto. ����������������������������-das pelo que, ao abrigo da Lei, foi aberto um inquérito que ����������������������������tribunal. ��������������������������������������������������� ��-dos.

Definitivamente.

DEVIA APENAS AVISAR

António Rocha era voluntarioso e, diz quem o conhece, não devia nada à coragem. E provou-o ao tentar impedir o assalto, acto que, infelizmente, lhe custou a vida. No entanto, ao que nos foi dito, o amigo, o dono do armazém em causa, pedira-lhe por diversas vezes para “nunca ir ao armazém se o alarme soasse. Devia apenas telefonar a avisar”. A policia é que trataria do assunto.

Tinha razão.

Casa de António Rocha, com armazém ao fundo

Amigo do falecido ‘era um homem valente, não merecia este fim’

Page 5: Correio do Douro #14

CD 5 8 de Janeiro 2010

Actualidade

A Polícia Judiciária realizou uma série de buscas na zona de Ovar, para desmantelar uma rede de extorsão a prostitutas e clientes que frequentam uma mata do concelho, disse fonte policial.

Segundo a mesma fonte, a opera-ção “Reis da Mata”, que decorreu na quarta-feira no Porto e em Aveiro, envolveu vários efectivos da directoria do Norte da PJ mas as autoridades só vão prestar esclarecimentos mais vas-tos após conclusão do primeiro inqué-rito.

Ao que conseguimos apurar os suspeitos dedicavam-se desde há al-guns anos a extorquir dinheiro a pros-titutas e clientes que frequentam a mata de Cortegaça, em Ovar.

“Os suspeitos exigiam uma espé-cie de imposto, uma taxa (diariamen-te), para as prostitutas e respectivos clientes frequentarem a Mata de Cor-tegaça”, confidenciou fonte judicial ao nosso jornal.

A operação, denominada “Reis da Mata” visou também combater crimes

O autarca gaiense Luís Filipe Menezes escolheu o segun-do dia do ano para inaugurar a Avenida Manuel Violas, VL6, obra que custou cinco mi-lhões de euros e é a primeira de um conjunto de inaugura-ções a decorrer em Janeiro.

O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, disse que a inauguração da Avenida Manuel Violas, VL6 - via de circulação au-tomóvel que liga o Parque Empre-sarial de S. Félix da Marinha à auto-estrada - surge no segundo dia do ano e numa altura em que só se ou-vem “más notícias e pessimismo”.

“Não sei em que quantos mais municípios do país houve inaugu-rações no segundo dia do ano, mas arriscaria dizer que não há mais nenhuma”, afirmou o autarca.

O investimento para a constru-ção da VL6 foi de cinco milhões de euros e segundo Menezes esta inauguração surge num ano de “enormíssimas dificuldades”, onde independentemente disso “acon-tecerão muitas cerimónias de inaugurações”.

“[Em Janeiro] são várias: um grande complexo de habitação social no centro histórico de Gaia - que vai ter o nome de uma pes-soa ilustre, com grande significa-do e simbolismo, que é o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente -, o novo complexo desportivo do Vi-lanovense e a creche comunitária e centro de dia na Afurada”, elen-cou o presidente da autarquia.

Menezes avançou ainda que es-tão a decorrer negociações “para instalar duas grandes empresas no Parque Empresarial de S. Félix da Marinha”, que “empregam cen-tenas de trabalhadores”.

“Posso dizer que uma delas é uma grande empresa ligada às energias alternativas que tem o mercado assegurado na próxima década”, disse sem querer avançar o nome da mesma, e acrescentou que “em poucos meses, pode flo-rescer um conjunto alargado de empresas e de postos de trabalho aqui”.

Na cerimónia de inauguração da nova via esteve presente o em-presário que lhe deu o nome, Ma-nuel Violas, pessoa que, segundo Menezes, pertence a uma família com “história ligada ao empre-endedorismo de risco” e é “um empresário de referência, com um nome honrado e prestigiado”.

A Legião da Boa Vontade equaciona reforçar o apoio aos sem-abrigo do Porto nas próximas noites, tendo em conta que os termómetros deverão baixar na região até um grau negativo.

O Norte terá nos próximos dias madrugadas de intenso frio, com mínimas de um grau negativo e uma máxima de sete graus, se-gundo a previsão do Instituto de Meteorologia.

Os chamados “voluntários do colete amarelo”, mobilizados pela Legião da Boa Vontade, realizam há 16 anos a “ronda da caridade”, com distribuição de mantimentos e roupas.

No Porto, o apoio é prestado nas noites de sexta-feira e sába-do, mas, face à anunciada vaga de frio, a responsável da instituição Eduarda Pereira admitiu a reali-zação de rondas extraordinárias, como na última na quinta-feira e o reforço das habituais.

“Em princípio iremos refor-çar o fornecimento dos coberto-res, uma vez que a alimentação já é fornecida quente”, explicou a fonte.

Já o apoio prestado diariamen-te no centro social da instituição, entre as 09:00 e as 12:00, vai man-ter-se nos moldes habituais.

Também a Câmara do Porto

Frio

PORTO QUER REFORÇAR APOIO AOS SEM-ABRIGO

referiu que tem um acordo com a empresa do Metro para que “uma ou duas estações” possam aco-lher os sem-abrigo quando o frio intensificar.

Por outro lado, os serviços directamente dependentes da au-tarquia como os bombeiros pro-fissionais, estarão atentos e re-forçarão o apoio à população que tem nas ruas a sua residência de forma a satisfazer as suas necessi-dades.

“O procedimento está de tal modo oleado, que não sequer te-nho que assinar despacho”, expli-cou o vereador Sampaio Pimentel.

Em anteriores situações de frio

intenso, a autarquia chegou a dis-ponibilizar uma casa na zona da Sé, com 11 camas, para abrigar os que tivessem essa necessidade, mas a experiência não resultou.

“Numa noite não consegui-mos levar ninguém e noutra ape-nas quatro”, contou o vereador.

LOTAÇÃO ESGOTADA

Por sua vez, o presidente dos Albergues Nocturnos do Porto, Costa Mendes, disse que a insti-tuição não vai recolher mais pes-soas sem-abrigo nos dias mais gélidos “simplesmente porque a lotação está esgotada”.

Os Albergues Nocturnos do Porto, criados em 1881, acolhem 82 pessoas no Lar Margarida Sou-sa Dias, da Rua Mártires da Liber-dade, e 22 no Lar de Campanhã.

Costa Mendes disse também que o programa de acolhimento dos sem-abrigo será o habitual da época de Inverno, com equipa-mentos de aquecimento a funcio-nar em pleno, roupa de cama mais quente e o fornecimento de refei-ções “um bocadinho mais fortes”.

Durante o dia, a partir das 10 horas, “os utentes que querem aprender visando a inclusão” poderão ficar nos ateliers de rein-serção dos Albergues.

Gaia com nova rodovia

Menezes inicia fase de inaugurações

PJ DO PORTO INVESTIGA REDE DE EXTORSÃO A PROSTITUTAS

de tráfico de pessoas, imigração ilegal de prostitutas e ainda tráfico de armas,

acrescentou a mesma fonte, que apon-ta o “clima de medo e intimidação so-

bre prostitutas e os seus clientes” que “dura há já alguns anos”.

ASSALTO NA MAIA

A Judiciária está também a

investigar o assalto a uma

agência bancária na Maia,

ocorrido na passada quarta-

feira, praticado por apenas

um homem.Não foram tornados públi-

cos nem o modus operandi

nem o montante levado pelo

gatuno.

Page 6: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Valongo

8

Dezenas de alunos da escola básica EB1/JI, do Calvário, na sede do concelho, fo-ram espalhar a sua alegria e espontaneidade à Câmara Municipal, onde cantaram as tradicionais “Janeiras” ao Executivo. Recebidos por Fernando Melo e pelos vereadores Maria Trindade e Arnaldo Soares, a criançada, enquadrada pelos profes-sores, foi vestida a rigor que é como quem diz, de coroa enfiada nas pequenas cabe-cinhas, não fosse esse dia – 6 de Janeiro – a festa dos Reis.

O cantar as Janeiras é uma tra-dição que vem de épocas remotas, de antes da cristandade e consis-tia em visitas, de porta em porta, para desejar bom ano aos vizinhos. Em grupos, cantavam a quem lhes abria a porta, e em troca da simpa-tia, recebiam prendas. O nome de “Janeiras” tem a ver com o facto, óbvio, de serem cantadas no inicio de Janeiro, o primeiro mês do ano que era também o mês de Jano, o deus das portas e entradas. Dizia-se que era o responsável pelas portas dos céus e os romanos tinham por ele grande predilecção, invocando-o

constantemente para que afastasse os maus espíritos das suas casas. 

Mas as tradições também registam de-senvolvimentos. Agora são grupos de ami-gos que se juntam e, a maior parte das vezes com pandeiretas, violas, bombos e outros

instrumentos, vão de porta em porta, de-sejar bom ano. Terminada a cançoneta, aguardam que os visitados reajam com uma dádiva. Se antigamente, nas aldeias, recebiam castanhas, chouriços, nozes e fruta, agora o que os cantadores esperam é

dinheiro que depois será distribuído entre todos.

Não foi o caso, claro, das criancinhas da EB1/J1 do Calvário. O que queriam, e conseguiram, era ter mais um dia de festa, de Natal.

Está patente, até ao próximo dia 19, no átrio da Câmara Mu-nicipal de Valongo uma exposi-ção denominada “Planeta Terra”. A mostra, com a chancela da UNESCO e da União Interna-cional das Ciências Geológicas, é composta por duas dezenas de painéis que ilustram os elementos como os oceanos, os recursos natu-rais, os solos, as alterações climáti-cas, e outros. Valongo é a primeira etapa da itinerância pelo distrito do Porto.

A exposição “Planeta Terra” é dinamizada pela Corporação In-ternacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e a União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS) que em No-vembro passado lançou a Década da Terra 2010-2020, dando conti-nuidade ao trabalho realizado no âmbito do Ano Internacional do

Planeta Terra.2010 é também o Ano Interna-

cional da Biodiversidade e será tam-bém ser o ano de decisões funda-mentais, designadamente no que respeita às alterações climáticas.

Nesta altura em que o planeta que é a nossa casa vive um esta-do de alerta ecológico, a exposi-ção “Planeta Terra” constitui um bom ponto de partida para uma reflexão sobre papel de todos na imprescindível mudança de com-portamentos.

DESCOBRIR AS SERRASPara além da exposição que

pode ser visitada até dia 19 de Janei-ro, durante o normal funcionamento dos Paços do Concelho, vai decorrer no dia 18 de Janeiro, às 17h45, no Salão Nobre, a sessão educativa in-titulada “Descobrir as Serras de Va-longo”, uma apresentação informal que abordará sucintamente as ver-tentes da geologia, biologia, cultura, conservação e usufruto sustentável. Para os munícipes que pretendem mais informações ou inscrever-se para assistir a esta sessão pode entrar em contacto com o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA).

Teve lugar na manhã do últi-mo domingo a tradicional corrida de S. Silvestre de Ermesinde, uma prova que liga Valongo, de onde partiu, à cidade de Ermesinde, com passagem por Alfena.

Ajudados pela chuva que lhe deu tréguas, a prova deste ano contou com a participação de 300 atletas e foi vencida por Nuno Costa, do Maratona Clube de Por-tugal.

O tiro da partida foi dado na Avenida 5 de Outubro, diante dos Paços do Concelho, por João Pau-lo Baltazar, vice-presidente da Câ-mara de Valongo que, entre outro, detém o pelouro do Desporto. A partir daí os 300 corajosos fica-

ram cada um por sua conta, até à meta, instalada no Parque Urbano Fernando Melo, em Ermesinde, local onde desde cedo se começou a juntar gente para assistir ao final da prova rainha do atletismo va-longuense.

O primeiro a cortar a meta foi Nuno Costa, do Maratona Clube de Portugal, com o tempo de 34 minutos e 34 segundos, seguido por os atletas Daniel Pinheiro (Maia AC) e Manuel Sousa (Boa-vista) com mais 29 e 39 segundos, respectivamente.

Em femininos, também o Maratona reinou já que foi a sua conceituada atleta Mónica Rosa a grande vencedora, com o tempo

de 38 minutos e 39 segundos. Sa-lomé Rocha, do Vizela, e Doroteia Peixoto, da Sportzone Running Team, ficaram em segundo e ter-ceiro lugar, respectivamente.

No final da prova todos se dirigiram ao Fórum Cultural de Ermesinde onde decorreu a ceri-mónia de entrega dos prémios que contou com a presença do vice-presidente da Câmara de Valongo, do presidente da Junta de Fregue-sia de Ermesinde, Luís Ramalho, de um dirigente da Associação de Atletismo do Porto e de um ele-mento do Centro de Atletismo de Ermesinde, entidade que, junta-mente com a Câmara de Valongo, integrou a organização da prova.

Natal

CRIANÇAS FORAM À CÂMARA CANTAR AS JANEIRAS

O “Planeta Terra” em Valongo

André Carvalho/CMV

Nuno Costa venceu S. Silvestre de ErmesindeAndré Carvalho/CMVAndré Carvalho/CMV

André Carvalho/CMV

Page 7: Correio do Douro #14

CD 9 8 de Janeiro 2010

Valongo

A autarquia presidida por Fernando Melo decidiu fechar parte da estrada que ligava a sede do concelho ao Alto de Fernandes (Campo). A razão de encerramento deve-se não apenas ao péssimo estado da via naquele pedaço de troço mas também e sobretudo porque estava implantada em terreno privado, disponi-bilizado há bastante tempo mas a título provisório, como recurso durante as obras de melhoramento da via que liga a Estação (Valongo) até Balse-lhas, com nó para o centro de Campo, junto ao supermerca-do Santa Justa.

A notícia surgiu quando o nosso jornal tentou obter da Câmara Mu-nicipal informações sobre as razões porque se mantinha em péssimas condições – agravadas ainda pelo recente mau tempo – de parte da via que muitas centenas de automobilis-tas utilizam para fugir ao trânsito da EN 15 que atravessa Valongo e Cam-po. Em contacto telefónico, o vice-presidente João Paulo Baltazar foi

concludente: “esse pedaço de estra-da é para fechar”, endossando mais explicações para o vereador Arnaldo Soares. Coube pois a este eleito ex-plicar a situação:

“Esse troço, entre a última casa e os semáforos próximos do supermercado, vai ser encerrado definitivamente porque não é mu-nicipal, está num terreno privado. Foi uma cedência do proprietário que se mostrou sensível à falta de alternativa aquando das obras na via que liga a parte baixa da cida-de de Valongo, do lado da estação, a Balselhas. O facto de aquela es-trada nunca ter estado em condi-ções normais deve-se exactamente

CÂMARA ENCERRA TROÇO DA ESTRADA DO ALTO DE FERNANDES

NOVAS VIAS À VISTAExplicadas as razões da ausência de melhoramentos e agora encerramento daquele troço de, aproximadamente 300 metros, Arnaldo Soares falou do futuro – é o mais importante – e das novas vias intermunicipais que, elas sim, se revestem de extrema importância para ������������������������������������������������������� ����������������������Área Metropolitana do Porto mas também nas regiões dos vales do Sousa e Ave, de que também somos vizinhos.Já estão em fase adiantada – com partes já em fase de expropriação e candidaturas ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) – projectos de novas vias, designadamente de Alfena a Valongo e do Alto da Serra, passando pelos Laguei-rões, biblioteca, etc. até ao nó de Campo.Na próxima edição abordaremos, em entrevista com Arnaldo Soares, detalhada-mente as obras na rede viária que a autarquia quer levar rapidamente a cabo. “Porque o futuro somos nós quem o constrói”, enfatiza o vereador.

a isso: não foram construídas as infra-estruturas normais para uma via de circulação automóvel. Aqui-lo era apenas para permitir que se desviasse o trânsito da estação para Balselhas, sem agravar a circula-ção na EN 15. No entanto, já depois de concluídas as obras em causa, aquele troço continuou a ser uti-lizado por muitos automobilistas e a situação foi-se mantendo”. No entanto nunca foi intenção da Câ-mara acrescentar aquela ligação à rede viária municipal. “Nem po-dia pois, como disse, estava im-plantada em terreno privado. De qualquer modo”, acrescentou o vereador Arnaldo Soares, desvalo-

rizando eventuais desarranjos para os utilizadores da via agora en-cerrada, “os automobilistas têm a estrada de baixo, a que passa por trás da Estação e que permite ace-der ao percurso que antes faziam, seja para se dirigirem ao centro da cidade de Valongo, seja para a Biblioteca, residências ou áre-as comerciais instaladas naquela parte da cidade”. Arnaldo Soares acrescentou que, “haverá novas alternativas, mas não têm relação alguma com esse encerramento. Tratou-se apenas de devolver o seu a seu dono. Os automobilistas tiveram sempre a alternativa que todos conhecem.

Page 8: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Regional

10

As portagens na A28, que serão introduzidas brevemente pelo Governo, deverão prever isen-ções para trânsito local e “utiliza-dores frequentes”, afirmou ante-ontem o presidente da Câmara de Vila do Conde, depois de um encontro com o ministro das Obras Públicas.

Mário Almeida falou aos jornalistas no final de uma reunião entre cinco pre-sidentes de câmara do Litoral Norte e o ministro das Obras Públicas, um encon-tro onde os autarcas procuraram travar a intenção do Governo de introduzir por-tagens na A28, entre Viana do Castelo e o Porto.

O presidente da Câmara de Vila do Conde definiu a reunião como “produti-va”, tendo ficado “claro” no encontro que existirão “isenções” nas portagens para

“trânsito local” e será também contem-plada a situação do “utilizador frequen-te, pessoas que vão para o seu emprego, as suas casas”.

Mário Almeida referiu que existirão novas reuniões com o Ministério das Obras Públicas, encontros ainda não agendados mas que decorrerão em bre-ve, “onde serão analisadas outras ques-tões”, e onde os autarcas abrangidos pela A28 voltarão a defender a sua posição.

“Entendemos que as portagens são lesivas do interesse das populações e do próprio dinamismo empresarial que

todos procuramos pro-tagonizar no sentido de melhorar as condições de vida das populações”, fri-sou o autarca de Vila do Conde.

Apesar das excepções contempladas para a A28, Mário Almeida promete a oposição dos autarcas da região que não se mos-tram dispostos a aceitar

a instalação de portagens, motivo pelo qual existirão novas reuniões com os responsáveis das Obras Públicas.

Embora reconhecendo “uma abertu-ra do Governo face às muitas questões” colocadas pelos presidentes de câmara sobre a A28, Mário Almeida explicou que o Executivo foi “muito claro” na sua posição, mesmo “tomando nota de tudo” quanto foi levado pelos autarcas.

O ministro das Obras Públicas, An-tónio Mendonça, não falou aos jornalis-tas no final da reunião com os autarcas.

O Tribunal de Amarante condenou esta semana o antigo presidente dos bombeiros, Ilídio Pinto, à pena de dois anos de prisão, suspensa por igual período, pela prática de um crime de peculato.

Segundo a acusação, o arguido ter-se-á apropriado, em 2003, de 11 mil euros da Associação Humanitária dos Bombeiros de Amarante, quando presidia à instituição.

Um segundo arguido, alegado empreiteiro, foi condenado a 18 meses por ter recebido da AHBVA dois cheques, no valor de global de 11 mil euros e ter entregue posteriormente esse valor, em numerário, ao então presidente dos bombeiros.

Ainda segundo a acusação, a saída do dinheiro dos cofres da AHBVA, em cheques assinados pelo presidente e por outro director, não teve qualquer suporte documental.

Entretanto, o tribunal vai iniciar em breve o julgamento de outro caso envolvendo o mesmo ex-dirigente dos bombeiros, desta vez acusado de um crime de abuso de confiança na movi-mentação de 19 mil euros da instituição.

Segundo a acusação, Ilídio Pinto terá, também em 2003, as-sinado um cheque de 19 mil euros, da Associação Humanitária, a uma empresa de construção civil para liquidação de obras re-alizadas no quartel, mas não documentadas na contabilidade da instituição.

Num acontecimento despor-tivo organizado pela Câmara Municipal da Trofa, através do Pelouro de Desporto e Ju-ventude, decorre no próximo dia 27 de Janeiro, às 09h30, na Quinta de São Romão do Coronado (ASCOR), a 9ª edição do Corta-Mato Escolar Municipal.  

Sendo o atletismo considerado uma das mais importantes modali-dades do Desporto Escolar na Re-gião Norte, esta iniciativa contará com cerca de 500 alunos das escolas regulares, bem como a presença es-pecial dos alunos da APPACDM da Trofa. As provas são divididas por escalões, consoante o ano de nas-cimento dos alunos participantes, existindo os Infantis A, os Infantis B, Iniciados, Juvenis e os Juniores. O reforço alimentar ficará a cargo do Intermarché da Trofa, que tam-bém se associou a esta iniciativa, sendo um dos patrocinadores do Corta Mato.

Segundo a organização, o Corta-Mato Escolar Municipal tem como finalidade incrementar a interacção entre os alunos das várias escolas do concelho, bem como propiciar a integração dos alunos da APPA-

Trofa

CORTA-MATO ESCOLAR MUNICIPAL REÚNE ESTUDANTES COM COLEGAS DA APPACDM

CDM e sensibilizar a população para os problemas das pessoas com restrições físicas e psicológicas.

CURSO DE FOTOGRAFIA PARA JOVENS

A Câmara Municipal da Trofa volta a organizar, em 2010, um Curso Básico de Fotografia. O curso vai decorrer de Fevereiro a Maio, sob orientação do profissional Hugo Lima.

O Curso é destinado a todos os jovens interessados com idades a partir dos 14 anos e tem como

objectivo transmitir um conheci-mento básico da técnica e da lin-guagem fotográfica., assim como a manipulação e tratamento digital de imagem.

Com uma carga horária de 70 horas, o curso decorrerá à Segunda-feira das 19h30 às 22h30 e durante seis tardes de Sábado ou Domingo. As inscrições são pagas e limitadas a 13 participantes, sendo necessário levar uma câmara fotográfica ana-lógica ou digital, e um computador portátil. O equipamento fixo, quí-micos, papel e filmes serão faculta-dos pela organização do curso.

O formador Hugo Lima nas-ceu na Trofa, em 1983 e desenvolve trabalho na área do fotojornalismo e do espectáculo, contando com mais de 300 espectáculos fotogra-fados, algumas exposições e acções promocionais com vários músicos, em particular, a colaboração actual com os Blasted Mechanism. Assu-me o cargo de fotógrafo e web-designer no espaço Contagiarte no Porto e, em 2007, ganhou o prémio de Jovem Artista do Município da Trofa.

A Câmara Municipal da Trofa pretende com este Curso a promo-

ção da qualificação e diversifica-ção da formação dos habitantes do Concelho.

CONCURSO “RECICLAR É GANHAR” RECICLOU 4610 QUILOS DE PAPEL E CAR-TÃO NAS ESCOLAS

O Pelouro do Ambiente da edi-lidade trofense promoveu um Con-curso de Reciclagem nas escolas do Concelho, ao longo do último ano lectivo. O concurso intitulado “Reciclar é Ganhar” contou com a participação de 14 escolas de todo o concelho. O desafio lançado às escolas foi tentar angariar a maior quantidade possível de papel/car-tão, por aluno, e separar correcta-mente todos os resíduos.

O Concurso foi dividido em dois Trimestres, sendo que o es-tabelecimento de ensino vencedor do 1º Trimestre foi a Creche e Jar-dim-de-infância da Misericórdia da Trofa, e do 2º Trimestre foi a EB 1 de Giesta 2, que também foi a vencedora final do concurso.

Com esta iniciativa foram re-colhidos 4610 quilos de papel e cartão para reciclagem.

A Câmara Municipal da Trofa procurou com esta acção sensibili-zar os alunos para a preservação da Natureza e promover a consciência ambiental.

AMARANTE

ANTIGO PRESIDENTE DOS BOMBEIROS CONDENADO A DOIS ANOS DE PRISÃO

Vila do Conde – portagens da A28

HAVERÁ ISENÇÕES PARA “UTILIZADORES FREQUENTES”

Page 9: Correio do Douro #14

CD 11 8 de Janeiro 2010

Actualidade

Afinal não terá havido rapto no caso das duas crianças colocadas pelo Tribunal de Vila Real num Centro de Aten-dimento Temporário (CAT) de Valpaços e subtraídas dias depois por um pretenso tio. Ao que apurámos, parece que quem levou as crianças foi o próprio pai, um emigrante romeno, que incorrerá apenas no crime de desobediência.

A história, triste, começou dias antes do Natal e teve como primeiro palco (conhecido) a escadaria ex-terna do Tribunal de Vila Real, onde duas procuradoras lá colocadas se de-pararam com um quadro confrange-dor: uma mulher estabelecera ali o seu “posto” de mendicidade, utilizando as crianças um rapaz de dois anos e uma menina de escasso cinco meses, que se veio a apurar serem seus filhos – para sensibilizar os passantes. Diz quem viu que “o quadro metia dó”. Fazia um frio de rachar, agravado por chuva também gélida e a mulher, “uma ma-trona” segundo um comerciante das imediações, estendia a mão à carida-de, gesto copiado pelo miúdo de dois anos. Quanto à menina, a bebé, estava deitada num dos degraus da escadaria, sem mais protecção que a sua escassa

Os deputados da Assembleia Muni-cipal (AM) de Vila Real querem que as obras no Túnel do Marão sejam retoma-das o “mais rapidamente possível”, por-que estão em risco milhares de empregos.

A AM sustenta ainda que a nova auto-estrada vai reduzir a sinistralidade e be-neficiar 120 mil pessoas.

As obras de construção do Túnel do Marão, inserido na auto-estrada que vai ligar Amarante a Vila Real estão paradas desde 10 de Novembro devido a uma providência cautelar interposta pela em-presa Águas do Marão, propriedade de António Pereira, que alegou que a obra vai prejudicar as nascentes de água.

Em Dezembro, o juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel deci-diu manter a suspensão dos trabalhos no interior do túnel pelo que o processo vai agora a julgamento.

Por proposta da bancada do PS, a AM de Vila Real aprovou por larga maioria – apenas uma abstenção em 56 deputados – uma moção afirmando o “seu firme de-sejo de ver esta questão resolvida com

Túnel do Marão

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE VILA REAL QUER QUE AS OBRAS RECOMECEM RAPIDAMENTE

toda a rapidez que o sistema judicial permi-ta”.

“Salvaguardando os interesses que sejam

considerados legítimos da referida empresa de exploração de águas, que sejam essencial-mente salvaguardados os interesses de toda

uma região e suas gentes”, refere ainda o texto da moção.

A motivação dos eleitos vilarealenses pode-se descrever com a frase do deputado socialista Rodrigo Sá que afirmou que o “Tú-nel do Marão é uma obra importantíssima e não pode continuar a ser adiada”.

“Estamos a falar de um investimento de mais de 350 milhões de euros na nos-sa região, que beneficiará directamente 120 mil pessoas, com milhares de em-pregos que neste momento podem estar em risco”, sublinhou o socialista.

A construção da Auto-Estrada do Marão dá emprego a mais de 1.100 pes-soas e mobiliza 88 empresas.

Sabendo como os “prazos da justiça funcionam”, Rodrigo Sá disse que receia que a suspensão “se arraste por dema-siado tempo e que acabe por criar uma situação muito difícil para a região”.

A nova auto-estrada é reivindicada há anos pela população transmontana para servir de alternativa ao Itinerário Princi-pal 4 (IP4), onde, na última década, mor-reram 24 pessoas, em média, por ano.

Vila Real

ROMENO LEVA FILHOS QUE O TRIBUNAL LHE TIROUroupa que tapava “mais ou menos” o seu corpito franzino. Perante tão cho-cante cena as magistradas do MP não hesitaram e, enquanto uma entabula-va conversa com a mulher, romena, a colega chamava a PSP e a Seguran-ça Social. Escusado será dizer que as crianças foram, ali mesmo, retiradas à mãe que bem tentou fugir à situação, entoando uma chorosa ladainha que não surtiu efeitos.

Sem conseguir dizer onde se en-contrava o marido, a emigrante foi identificada e forneceu como local de residência, sem grandes pormenores, uma habitação na cidade de Espinho, a mais de 150 quilómetros da capital transmontana. Na altura as autorida-des ficaram também a saber que, tanto ela como o marido, eram beneficiários do rendimento Mínimo.

VISITA DO “TIO”

Iniciado o processo de retirada das crianças, por nítidos maus-tratos e negligência, urgia encontrar um local para as acolher, tarefa que se revelou de monta, tão escassas são na região as instituições para tal vocacionadas. E as que existem estão “a rebentar pelas costuras”, como nos declarou fonte da Segurança Social.

Assim, e após inúmeras diligên-cias, só ao final da noite foi possível encontrar um local apropriado para receber as pobres crianças. A insti-tuição que mostrou disponibilidade

– embora também repleta – foi o CAT de Vilarandelo, uma freguesia do con-celho de Valpaços, a mais de 50 quiló-metros de Vila Real.

Trata-se de uma instituição da Casa do Povo de Vilarandelo, inaugu-rada em 2001 e bastante conceituada em toda a região transmontana, con-tando com um quadro de auxiliares e técnicos considerado bastante compe-tente.

Mas no melhor pano cai a nódoa.No passado dia 21 de Dezembro,

e pouco depois das crianças ali te-rem sido confiadas, os responsáveis do CAT, na altura, receberam a visita

de um homem, com sotaque estran-geiro, que se disse “tio dos meninos romenos” e que gostaria de os ver. Ao contrário do que é habitual em circunstâncias análogas, não terão sido observadas nenhumas das re-gras recomendas: autorização do tri-bunal para a visita e, caso esta exista, a visita deve decorrer na presença de um técnico da instituição ou da Segu-rança Social. Lamentavelmente parece que nenhumas das directrizes foram respeitadas. E assim, aproveitando o facto de ficar só com os miúdos, o “tio” desapareceu, levando-os com ele. Quando foi dado o alarme já era de-

masiado tarde.Inicialmente incrédulas, as auto-

ridades responsáveis pela entrega das crianças à instituição de Valpaços ra-pidamente decidiram pôr a PJ no rasto dos desaparecidos sabendo que eram escassos os indícios tanto identidade do “raptor”, como o destino que este daria às crianças. No entanto sobra-vam Espinho – lugar da pretensa resi-dência dos pais – bem como o facto de tudo indicar estarem estes por detrás da manobra.

Assim, acabaria por se revelar ta-refa rápida a identificação do “tio”. Segundo fonte policial, tratou-se do próprio pai das crianças, que real-mente habita em Espinho mas que se encontra desaparecido, com o resto da família, desde que subtraiu as crianças ao CAT transmontano.

O romeno terá agido com a mu-lher e, amedrontados, poderão estar a ser “abrigados” por compatriotas algures, no norte do país. No entanto é convicção das autoridades que es-tes emigrantes voltarão a aparecer até porque, isto na opinião de uma fonte policial, “responderão apenas por de-sobediência – um pai não rapta um filho - pode é não acatar uma ordem judicial, como parece que foi o caso”. A nossa fonte acrescentou que o facto de os progenitores das crianças bene-ficiarem do Rendimento Mínimo, fará com que “rapidamente ponham a ca-beça de fora, para puderem receber essa mensalidade”.

Page 10: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Publicidade

12

Page 11: Correio do Douro #14

CD 13 8 de Janeiro 2010

Douro

A “Adega Machado”, em Fer-reiros/Vila Real tem demonstrado, ao longo dos anos, um carinho es-pecial pela divulgação do Fado. Na sua bela sala de jantar são frequentes as guitarras e violas a tanger, acom-panhando vozes que encantam os clientes que se deslocam a este esta-belecimento de restauração para se deliciarem com as várias especialida-des saídas do talento do chef Roger.

Para os que pensam que a gastro-nomia é uma arte, então não podem perder os assados (cabrito e vitela), os pratos de caça (javali, coelho bra-vo, lebre, galinhola e perdiz) e os grelhados numa brasa onde a lenha também conta, neste caso, oriunda da aldeia de Macieira (serra do Al-vão).

Também o peixe, vindo directa-mente de Vila do Conde e acabado de ser pescado à cana, é fresquíssimo e delicia os habituais clientes.

Nos mariscos a Adega Machado é também a casa em Trás-os-Montes que melhor os confecciona salien-tando-se o camarão-tigre cujo mo-lho, sublime, é um segredo do chef que o guarda a “sete chaves”, no baú

das suas recordações, e que tantas saudades deixou nos tempos aúreos em que o chef Roger passeou o seu talento por Lisboa.

É ainda famosa a garrafeira da casa.

SILÊNCIO! VAI CANTAR-SE O FADO

Aos Sábados a canção nacional tem lugar de destaque na Adega que ali reune com um leque de artistas onde se salientam: José Lisboa, Ma-nuel Granja, Manuel Gonçalves, Ana Cristina, Anita Faria, Mª da Piedade, Manuel Dinis e outros.

Assim, para além de “santuário gastronómico”, esta casa tem sido, ao longo dos tempos, um verdadei-ro relicário do Fado. Numa região, Trás-os-Montes, em que locais são excepção, é de salientar o empenho e carinho com que nesta casa, supe-riormente orientada pelo chef Roger, se cultiva e divulga o gosto pela can-ção nacional.

João Rodrigues

Vila Real - Adega Machado

SANTUÁRIO DA GASTRONOMIA E DO FADO

Por João Rodrigues

A população ribeirinha da cidade do Peso da Régua passou a noite do passado dia 30 de Dezembro em sobres-salto, muitos comerciantes apressaram-se em retirar os seus bens para lugar seguro. Tudo isto em virtude do alerta de cheia lançado pelo Centro de Previsão e Prevenção de Cheias do Rio Douro (CPP-CRD).

Afinal tudo não passou de um falso alarme já que o rio ficou a uns bons 6 metros abaixo do nível da Av. João Franco. Na sequência des-te falso alarme muitos comerciantes queixavam-se do transtorno causa-do e pelas perdas sofridas dado que nesse dia era a habitual Feira na ci-dade.

Lamentam que este centro de

Cheias na Régua

O FALSO ALARME

previsão – que tem um nome pom-poso – não tivesse o cuidado de me-dir bem a informação que estava a dar pois, nos dias que correm, já é possível calcular o aumento ou a di-minuição do caudal do Rio com um grau de aproximação quase exacto.

Para o acontecido só se encon-tra uma explicação: falta de rigor, de profissionalismo e de competência. Este tipo de falso alarme, para além dos prejuízos e dos transtornos que implica, tem sérias consequências ao nível da credibilidade de uma estru-tura criada especificamente e só para prevenir as populações do perigo que podem correr nestas situações extraordinárias.

E a continuarem estes falsos alarmes ainda caímos na história do pastor que berrava constantemen-te “aí vem lobo” e quando este veio na realidade, ninguém acreditou. É exactamente o que pode vir a acon-tecer na Régua. Quando o alerta ti-ver fundamento, o descrédito entre-tanto criado poderá levar as pessoas a não tomarem as medidas neces-sárias, abrindo-se assim as portas a

uma tragédia precisamente aquilo a que o Centro de Previsão e Preven-ção tem a missão de evitar

Nuno Gonçalves, o autarca re-guense, demonstrou publicamente a sua indignação não encontrando ra-zões válidas que pudessem explicar um erro de cálculo no caudal esti-mado do Rio de 100% já que os da-dos que lhe teriam sido transmitidos eram de que o caudal chegaria aos 6.000 m3/s quando na realidade em pouco ultrapassaram os 3.000m3/s.

A título de comparação lembra-mos que, em valor absoluto, a maior cheia observada em Portugal foi no rio Douro, estimada em 18000 m3/s, em Dezembro de 1739. Este rio apresenta uma das maiores cheias em toda a Europa. A cheia estimada para o período de retorno de 1000 anos é de 26000 m3/s. Cheias da or-dem dos 10000 m3/s podem ocorrer com uma frequência média de 10 anos.

Ao CPPCRD exige-se que tome todas as medidas necessárias para que este erro tão clamoroso jamais se torne a repetir.

A Câmara Municipal de Mesão Frio promoveu, durante o perío-do de férias escolares do Natal, um programa de férias lúdicas para as crianças que frequentam o 1º ciclo do Ensino Básico do concelho.

Participaram na iniciativa cerca de meia centena de crianças, que ti-veram oportunidade de realizar no-

vas experiências.O programa procurou ser diver-

sificado, conciliando o lazer com al-gum estudo. Além do divertimento, as crianças que participaram neste programa tiveram oportunidade de, com acompanhamento, executar os trabalhos de casa. No entanto, os momentos mais altos desta iniciati-

va da Câmara Municipal, claro está, foram a visita à Serra da Estrela e ao ringue de patinagem no gelo, em Vi-seu.

As férias lúdicas das crianças de Mesão Frio terminaram com uma pequena festa, no dia 30 de Dezem-bro, em jeito de reveillon para a pe-quenada.

CÂMARA LEVA MIUDOS À NEVEMesão Frio

Page 12: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Regional

14

A CM de Castelo de Paiva aderiu ao projecto da Comissão Europeia – “Fruta para as Escolas”. A candidatura, apresentada ao Instituto de Finan-ciamento da Agricultura e Pescas, foi recentemente aprovada e aplica-se agora às escolas do 1º ciclo do con-celho, possibilitando a distribuição, durante o presente ano lectivo, de alguma variedade de fruta a todos os alunos.

O Regime de Fruta Escolar, instituído no âmbito da União Europeia, consiste na distri-buição de uma peça de fruta, pelo menos duas vezes por semana, aos alunos do 1.º ciclo do ensino básico das escolas públicas. Segundo foi dado a conhecer, o grande objectivo deste projecto é promover hábitos de consumo de alimentos benéficos para a saúde das popula-ções mais jovens e para a redução dos custos de saúde associados a regimes alimentares me-nos saudáveis, não substituindo programas já existentes, como o do leite escolar, nem a dis-tribuição de fruta nas refeições escolares.

As necessidades e produtos a disponibili-

Castelo de Paiva

FRUTA NAS ESCOLAS

zar serão avaliados anualmente. No ano lectivo que decorre, serão distribuídas maçãs, peras, clementinas, tangerinas, bananas, cenouras e tomates.  

Além da distribuição de frutas e legumes, o programa exige aos Estados-membros, a ela-boração de estratégias que incluam iniciativas educativas e de sensibilização, bem como a

partilha de bons hábitos alimentares, designa-damente, a organização de visitas a quintas, a mercados e a centrais horto-frutícolas, assim como fornecimento de sacos de sementes des-tinados à realização de sementeiras.

A entrega de materiais didácticos alusivos à temática, como livros, cadernos de activida-des, jogos, DVD e CD-ROM, e a realização de actividades que contribuam para o enrique-cimento da página electrónica do Regime de Fruta Escolar são outras das medidas propos-tas.

São ainda contempladas nestas medidas de acompanhamento a distribuição aos pro-fessores de livros e de material didáctico so-bre hábitos de alimentação saudável e, ainda, iniciativas que visem potenciar o Regime de Fruta Escolar junto dos agregados familiares das crianças.

Na perspectiva do presidente da edilidade paivense, Gonçalo Rocha, que detém o Pelou-ro da Educação, “o objectivo deste programa reside na  promoção de hábitos de consumo alimentar benéficos para a saúde das nossas crianças em idade escolar, associados a regi-mes alimentares menos saudáveis, não pre-tendendo, no entanto, substituir programas já existentes, mas sim complementa-los.

A Secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz e Marcelo Rebelo de Sousa estarão presentes na inauguração de um centro social que servirá a população de sete freguesias do conce-lho.

Celorico de Basto inaugura amanhã, sábado, pelas 15h00, o Centro Comunitário Bento XVI, uma obra que, segundo a edilidade, completa a rede de equipamentos sociais no con-celho.  

A infra-estrutura, represen-tou um investimento de cer-ca de 2 milhões de euros, está implementada junto ao núcleo urbano da Mota e destina-se à prestação de vários serviços, entre eles: lar de idosos para 36 utentes, creche para 33 crianças e serviço de apoio domiciliário com capacidade para 30 utentes.

A sessão de inauguração irá contar com a presença do presi-dente da Câmara, Joaquim Mota e Silva, que contribuiu com uma verba fundamental para a reali-zação da obra.

O autarca refere que o novo equipamento será uma mais-valia para dar respostas sociais às necessidades da população.

“Este novo equipamento tem todas as condições para respon-der às necessidades de quem precisa.

Continuamos a criar em-prego e a ajudar as pessoas através da economia social que, neste caso, se complementa”, afirmou o edil.  

A construção do novo equi-pamento resulta de uma candi-datura ao Programa Alargado da Rede de Equipamentos So-ciais (PARES), que comparticipou a obra com 500 mil euros, tem o apoio da Câmara Municipal, que contribui com 800 mil euros e a participação activa das freguesias que são abrangidas pelo serviço a ser prestado, designadamente, Basto Santa Tecla, Borba da Mon-tanha, Carvalho, Agilde, Fervença, Infesta e Moreira do Castelo. Foi também efectuada uma candida-tura para completar o investimen-to e o terreno é da Casa do Povo de

Fervença.  O projecto consiste na execu-

ção de espaços envolventes agra-dáveis ao ar livre que facilitem o bem-estar dos utentes.

  Este equipamento tem um conjunto de gabinetes técnicos que permitem um atendimento social cada vez mais próximo da popula-ção com o intuito de apoiar e enca-minhar para apoio social.

A creche tem capacidade para 33 crianças e é constituída por seis áreas funcionais; berçário, salas de actividades, copa de leite, cozinha e sala de refeições, instalações sani-tárias, gabinetes e outros espaços.

O lar de idosos completa-se em nove áreas funcionais, entre elas, área de acesso, área de di-recção e serviço administrativo, instalações para pessoal, espaço de convívio e de actividades, área de refeições, área de servi-ços, quartos, serviços de saúde e arrecadações gerais.

Os “polícias do meu bairro” de Viana do Castelo ofereceram na quarta-feira o bolo de aniversário a uma cidadã macaense de 92 anos que há três anos resgataram da miséria.

“Esta senhora é uma das boas ‘estórias’ do programa ‘O Polícia do Meu Bairro’. Há três anos, encontrei-a a viver num ce-nário degradante, sozinha e desampara-da, no meio de ratos e pulgas. Peguei no caso, tratei de encontrar soluções e hoje sinto-me feliz por ter conseguido dar dig-nidade aos seus dias”, disse o agente Fer-nando Couto.

Hoje, Fernando Couto e mais três “polí-cias de bairro” surpreenderam Alzira Amo-rim com um bolo de aniversário e canta-ram-lhe os parabéns.

“Ficou toda contente, com um sorriso de orelha a orelha”, contou Fernando Cou-to.

Alzira Amorim nasceu a 6 de Janeiro de 1918, em Macau, e aos 16 anos casou com um homem de Viana do Castelo radicado naquela antiga colónia portuguesa onde chegou a subchefe da polícia.

Em 1976, o casal foi morar para Viana do Castelo, tendo entretanto o marido fa-lecido.

“Eram gente de posses, mas a verdade é que a senhora foi ficando na miséria, até entrar numa situação muito complicada, do ponto de vista higiénico e social”, referiu Fernando Couto.

Quando assumiu o bairro onde mora

Alzira Amorim, este polícia tratou de pro-mover a desinfestação total e imediata da casa e de arranjar amas de companhia, para lhe assegurar condições de vida condigna.

“Felizmente, hoje está muito bem”, con-gratulou-se.

O programa “O Polícia do Meu Bairro” arrancou a 1 de Junho de 2006, em Viana do Castelo, pela mão do anterior comandante da PSP local, intendente Martins Cruz.

“A inovação deste programa em re-lação ao policiamento habitual é que em cada bairro passou a existir um agente que tem um nome e um rosto e que é o primeiro responsável pela segurança do espaço que lhe foi confiado”, explicou Martins Cruz.

“As polícias, por norma, tendem a pre-ocupar-se com os ‘maus’ e reactivamente. Este programa pretende ocupar-se dos ‘bons’, leia-se cumpridores da lei, e pro-activamente. Privilegia, por isso, uma estratégia de adesão, em detrimento de uma estratégia de repressão”, acrescen-tou.

O agente do bairro ensina aos mora-dores os cuidados de segurança que de-vem ter face “a novas práticas de crimes” e exerce uma acção pedagógica e preven-tiva sobretudo em relação aos jovens, para evitar que entrem no mundo da crimina-lidade.

Mantém ainda “um conhecimento aprofundado do crime e das tendências da criminalidade do bairro” e organiza dossiês temáticos do bairro, nomeada-mente sobre estabelecimentos, crimes contra o património, violência doméstica, trânsito, associações e escolas.

Celorico de Basto

INAUGURAÇÃO DO CENTRO SOCIAL DA MOTA

Viana

OFERECEM BOLO A MULHER DE 92 ANOS RESGATADA DA MISÉRIA

“Polícias do meu bairro”

Page 13: Correio do Douro #14

CD 15 8 de Janeiro 2010

Publicidade

Page 14: Correio do Douro #14

8 de Janeiro 2010CD

Última

16

Foto UTAD

Primeiro Ministro recebe cantadores da Póvoa de Varzim

O primeiro-ministro, José Sócrates, pediu esta semana a confiança de todos os portugue-ses no país, no futuro e em cada um porque “nunca como agora foi tão necessário essa pa-lavra e essa ideia”.

Sócrates fez estas declarações no dia de Reis, em que se cumpriu a tradição em São Bento, com as cantigas das Janeiras, que este ano ficaram a cargo do Grupo de Cantares das Janeiras do Centro de Desporto e Cultura Ju-veNorte da Póvoa de Varzim.

Falar é bom…

A jornalista Manuela Moura Guedes foi admitida como assistente no processo “Face Oculta” após ter formalizado um pedido há mais de um mês, tendo como objectivo “auxi-liar o Ministério Público na procura da ver-dade”.

“Acho que como assistente posso neste caso auxiliar o Ministério Público na procura da verdade”, disse Moura Guedes, revelando ter recebido na quinta-feira a informação de que o seu pedido foi aceite, pelo que “já é as-sistente no processo Face Oculta”.

A suspensão na TVI do Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes, em vésperas das elei-ções legislativas de Setembro de 2009, tornou-se manchete na imprensa, fez cair a Direcção de Informação daquela televisão e transfor-mou-se num facto político, com a oposição a insinuar a intervenção do Governo, o que o primeiro-ministro, José Sócrates, desmentiu.

Questionada sobre se a sua intervenção no processo Face Oculta, onde há escutas te-lefónicas (entretanto declaradas nulas) entre o

Os bancos ligados às concessões rodoviárias, a que o Tribunal de Contas recusou o visto prévio por considerar haver irregularidades, ameaçaram cortar o crédito aos consórcios concessionários.“����� ����������������������-����������������������������������������� ������������������������������� ���������-������������������������� �������������������!������ ����"��-����!"#$%������������ ����&A data limite para que os bancos �'����� ���������������������em causa é, segundo uma fonte do sector, 26 de Janeiro, o que obrigará a que os envolvidos na negociação (Governo, Estradas de Portugal e concessionárias) se sin-tam pressionados a um acordo que satisfaça o Tribunal de Contas.A Estradas de Portugal, entida-de adjudicante das concessões, recorreu da recusa de visto prévio do TC. Contactado, o tribunal preferiu não fazer comentários quanto às datas de conclusão da análise do recurso.��"#�*��� �������+����/��������������������� ������1���as condições do concurso foram alteradas nas negociações com a as concessionárias. Os juízes destacaram ainda que, no caso das concessões das auto-estradas Transmontana e Douro Interior, os pagamentos iniciais à Estradas de Portugal, previstos na fase de propostas, caíram na celebração de contratos.A anulação dos pagamentos à cabeça às Estradas de Portugal, no caso das concessões Auto-Estrada Transmontana e Douro Interior representa um valor total de 430 milhões de euros, segundo o TC. +����������������������������segundo o tribunal, a diferença �������������������������� ����ultrapassaram os 500 milhões de euros.

Por causa de alegadas

“trambiquices”…

NOVAS AUTO-ESTRADAS EM SÉRIO RISCO

Ricardo Oliveira/GPM

SÓCRATES APELA À CONFIANÇA NO FUTURO

“Quero deixar-vos a palavra que está no meu espírito e que me ocorre sempre que gru-pos como o vosso se disponibilizam para vir cantar a um governante as Janeiras, que é a palavra confiança e confiança no futuro, con-fiança em nós próprios, confiança no nosso país”, disse José Sócrates perante os cerca de trinta elementos do grupo de Póvoa de Varzim.

No entender do primeiro-ministro, “pro-vavelmente nunca como agora foi tão neces-sária essa palavra e essa ideia porque é jus-

tamente nos momentos mais exigentes e nos momentos mais difíceis que os povos necessi-tam de confiança em si próprios”.

José Sócrates frisou que a palavra confian-ça é a “palavra-chave” e que esta é a palavra que neste momento preocupa todas as nações do mundo.

“Todos os países do mundo estão neste momento reforçando os laços de confiança em si próprios porque todos os países enfren-tam as mesmas dificuldades que nós enfren-tamos. Confiança, portanto!”, apelou o chefe do Executivo socialista.

Para além da palavra confiança, o primei-ro-ministro deu igual ênfase à palavra alegria, justificando que deve haver alegria quando se assinala e comemora “o momento em que o reforço dos laços que faz de todos uma comu-nidade, uma nação, um país e uma pátria”.

José Sócrates agradeceu a vinda do gru-po coral apontando que cantar as Janeiras “é cantar a alegria” e o “amor ao próximo”.

“A cantiga das Janeiras destina-se no fundamental a assinalar estes valores tão importantes para a comunidade nacional, o valor do amor ao próximo, o valor da gene-rosidade, mas também o valor da confiança com que olhamos o futuro”, rematou.

Depois das palavras do primeiro-minis-tro, o grupo coral contemplou José Sócrates com várias recordações da Póvoa de Varzim, gesto a que Sócrates respondeu com a entrega de uma lembrança.

No final, todos os membros do Grupo de Cantares das Janeiras do Centro de Desporto e Cultura JuveNorte da Póvoa de Varzim fo-ram convidados a lanchar no Palácio de São Bento.

Corrupção

MOURA GUEDES CONSTITUI-SE ASSISTENTE NO “FACE OCULTA”

primeiro-ministro e o arguido Armando Vara, não pode ser interpretada como uma questão pessoal com José Sócrates, Manuela Moura Guedes assegurou não ter qualquer “questão pessoal com o primeiro-ministro”.

“Para já, não conheço o senhor primeiro-ministro. Portanto, é impossível ter qualquer questão pessoal” com ele, vincou.

Confrontada com o facto de o próprio pri-meiro-ministro ter feito declarações públicas pouco abonatórias relativamente ao Jornal Na-cional da TVI, Manuela Moura Guedes referiu que esse “caso está em tribunal”, alegando que foi posta em causa a “credibilidade” e a “serie-dade” dos jornalistas que formavam a equipa do jornal.

A jornalista sublinhou que o Jornal Nacio-nal da TVI não teve qualquer notícia desmen-tida e que o serviço noticioso sempre se referiu ao primeiro-ministro como figura pública e no exercício das suas funções e não à sua pessoa, pelo que achou “estranho” que tenha sido pos-ta em causa a credibilidade do Jornal Nacional.

Quanto à decisão do presidente do Supre-mo Tribunal de Justiça (STJ) de declarar nulas as escutas de conversas telefónicas entre José Sócrates e Armando Vara, disse dada a ausên-cia de inquérito, “não perceber qual é o valor jurídico do despacho” em causa.

No processo Face Oculta, que investiga alegados casos de corrupção e outros crimes económicos relacionados com empresas do sector empresarial do Estado e empresas privadas, foram constituídos 18 arguidos, incluindo Armando Vara, vice-presidente do BCP que suspendeu funções, José Pe-nedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, cujas funções foram suspensas pelo tribunal, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Co-mercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel Godinho, que está em prisão pre-ventiva.

O primeiro-ministro foi interceptado em 11 escutas dirigidas a Armando Vara neste processo.