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Ano 46 • Nº 457 • Maio - Junho 2014 CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 DROGAS o desafio das casas espíritas Ele quer mesmo é comunicar Seu gosto por difundir informação, cultura e notícias fez do aposentado Ismael Gobbo um polo centralizador e difusor de eventos no meio espírita. Apaixonado por fotografia, ele revela sua simplicidade e também os bastido- res do blog “Notícias do Movimento Espírita”. Leia nas páginas 4 e 5. N ão há como negar a imensa contribuição que a doutrina espírita tem a oferecer na prevenção e no combate ao uso de drogas, que têm exercido um intenso fascínio em nossa sociedade tão fragilizada. Na busca de forças para superar os desafios da vida, muitos se ilu- dem nos sonhos do imediato, onde o materialismo mostra suas garras. Mas e as casas espíritas? Estão preparadas para receber milhões de pessoas que buscam por socorro todos os dias? Longe de concluir de forma simplista um problema de tão grandes proporções, o tema ganha espaço nesta edição como alerta e convite à mobilização e à capacitação das casas espíritas para cumprirem efetiva- mente a tarefa que lhes cabe. O momento é de união e ação. Leia mais nas páginas 8 e 9. Os bastidores do amor de Yvonne e Canalejas Um livro pouco conhecido, editado em 2004, narra a antiga e comovente relação da médium Yvonne Pereira com Roberto de Canalejas , um espírito intensamente ligado a ela e que a acompanhou por inúmeras existências, sendo personagem nos principais romances por ela psicografado. Leia na página 7. Alcoolismo na TV O ator iago Mendonça, que interpreta um médico que sofre com o alcoolismo na novela Em família, fala ao Correio Fraterno sobre o tema e seu papel. “Eu também torço pelo Felipe.” Página 9 ASSINE JÁ! Receba 6 edições em sua casa, com frete grátis! R$ 42, 00 Ismael Gobbo

Correio Fraterno 457

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 6 • N º 4 5 7 • M a i o - J u n h o 2 0 1 4

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

DROGASo desafi o das casas espíritas

Ele quer mesmo é comunicar

Seu gosto por difundir informação, cultura e notícias fez do aposentado Ismael Gobbo um polo centralizador e difusor de eventos no meio espírita. Apaixonado por fotografi a, ele revela sua simplicidade e também os bastido-

res do blog “Notícias do Movimento Espírita”. Leia nas páginas 4 e 5.

Não há como negar a imensa contribuição que a doutrina espírita tem a oferecer na prevenção e no combate ao uso de drogas, que têm exercido um intenso fascínio em nossa sociedade tão

fragilizada. Na busca de forças para superar os desafi os da vida, muitos se ilu-

dem nos sonhos do imediato, onde o materialismo mostra suas garras. Mas e as casas espíritas? Estão preparadas para receber milhões de

pessoas que buscam por socorro todos os dias? Longe de concluir de forma simplista um problema de tão grandes

proporções, o tema ganha espaço nesta edição como alerta e convite à mobilização e à capacitação das casas espíritas para cumprirem efetiva-mente a tarefa que lhes cabe. O momento é de união e ação. Leia mais nas páginas 8 e 9.

Os bastidores do amor de Yvonne e Canalejas

Um livro pouco conhecido, editado em 2004, narra a antiga e comovente relação da médium Yvonne Pereira com Roberto de Canalejas , um espírito

intensamente ligado a ela e que a acompanhou por inúmeras existências, sendo personagem nos principais romances por ela psicografado. Leia na página 7.

Alcoolismo na TV

O ator Th iago Mendonça, que interpreta um médico que sofre com o alcoolismo na novela Em família, fala ao Correio Fraterno

sobre o tema e seu papel. “Eu também torço pelo

Felipe.”Página 9

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Alcoolismo na TV

Ismael Gobbo

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2 CORREIO FRATERNO MAIo - JunHo 2014

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eDItoRIAl

A vida segue seu curso e em meio a tantas notícias de violência, cri-minalidade e agitações sociais, o

coração muitas vezes fi ca apertado, mistu-rando receio e impotência diante dos fatos. Foi pensando nisso que iniciamos a pauta desta edição, sentindo na pele, como divul-gadores espíritas, o peso da responsabilida-de de comunicar e enaltecer o Bem, sem fi carmos acuados com o mal que se espalha nas matérias de TV, jornais e revistas.

O que fazer para levar as lições de amor e da fé raciocinada às criaturas humanas, dian-te do bombardeio de tanta miséria humana?

Foi olhando para essa atual realidade que lembramos da triste situação das dro-gas, e num belo exercício fi losófi co propo-mos uma importante refl exão.

Começamos pela entrevista com o no-velista Manoel Carlos e o ator Th iago Mendonça, que interpreta o médico Felipe, o alcoolista da novela Em família, e acabamos por entrar em contato com grupos espíritas que realizam um trabalho incansável de socorro a doentes e dependentes, cuja atuação acaba por se perder na divulga-ção bombástica de tudo o que é ruim e que tem roubado espaço na mídia num processo de retumbar as desgraças.

As casas espíritas estão preparadas para dar suporte àqueles que buscam socorro para si e para familiares, depois de tenta-rem muitas vezes o caminho da fuga atra-vés das drogas? Este é o segundo grande desafi o levantado no texto.

CORREIO DO CORREIO Espiritismo laicoAo ler o artigo “150 anos de O evangelho” (edição 456) notamos o cuidado todo espe-cial que essa obra recebeu de Kardec e dos espíritos superiores. Por isso não compreen-do por que existem espíritas que alegam que esse livro não é doutrinário e defendem um espiritismo ‘laico’. Será que conhecem mais espiritismo que Kardec e o Espírito Verdade?

Antonio Sérgio C. Piccolo, por e-mail

A lógica de DeusNão devemos querer explicar tudo sobre os desígnios do Criador, pois está escrito: A lógi-ca de Deus é loucura para o homem. Ela tem que ser discernida espiritualmente (Coríntios 2:14). Nossa impressão é que estamos joga-dos sobre a Terra, sem nenhuma atenção, ao Deus-dará. Mas faria sentido achar que o cria-dor do Universo nos deixasse abandonados?

Adalberto Luiz Ferreira, por e-mail

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

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Uma ética para a imprensa escrita

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais ti-veram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• não responderemos aos ataques diri-gidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremos os princípios que professamos.

• confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. serão um meio de esclarecimento.

• se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

Virar a

O consolo da doutrina Ando perdida desde que saí do Brasil. É bom encontrar o consolo da minha religião aqui do outro lado do Atlântico. Obrigada por trazerem-me um pouco de alento. Pa-rabéns, das terras dos lusíadas.

Margaret Laranjeira, por e-mail

O consolo é um dos melhores recursos que encontra-mos ao estudar a doutrina, Margaret, porque ela nos oferta a fé baseada na razão, que nos proporciona o melhor entendimento de nós mesmos de das circuns-tâncias da vida. Nosso carinho especial a você! Equipe Correio Fraterno

Essa leitura crítica sobre o nosso papel na divulgação e na transformação para o bem nos fez criar um espaço aqui no Correio

Fraterno, ‘Mídia do bem’, onde reprodu-ziremos notícias que nos ajudem a refl etir mais e a superar os nossos desafi os na esca-lada de nossa evolução.

Fica o convite para que você nos ajude a virar este jogo!

Boa leitura!

chave

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MAIO - JUNHO 2014 CORREIO FRATERNO 3

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Foi realizado no dia 24 de maio, no Te-atro Santo Agostinho, em São Paulo, o primeiro seminário “Nos passos do

mestre - Brasil”, uma iniciativa que ofereceu uma verdadeira ponte na geografia e no tem-po, trazendo a realidade vivida pelos prota-gonistas da história do cristianismo primitivo até os dias de hoje. Depois de organizar por cerca de seis anos, viagens para levar espíri-tas brasileiros para conhecerem de perto os significativos marcos da história do cristianis-mo, a ideia do seminário se concretizou.

A realização aconteceu por iniciativa da empresa RW Turismo em parceria com a TV Mundo Maior, do grupo da Fundação Espírita André Luiz e reuniu cerca de 600 pessoas, contando com a participação de expositores, como Marlene Nobre, Adão

Acontece

Nonato e Severino Celestino – que apre-sentaram para o público a essência dos ensinamentos de Jesus com a visão mais abrangente da doutrina espírita. Contou também com a presença da equipe de pro-fissionais do teatro e cinema, que garantiu mais beleza e envolvimento ao seminário.

“A necessidade de fazer este seminá-rio, que tem por objetivo falarmos sobre o Evangelho de Jesus, veio pelo fato de per-cebermos que todos voltamos diferentes depois de uma viagem evangélica a Israel e Turquia. Mas não podíamos esquecer das pessoas que, por motivos diversos, não po-dem viajar. Então, trouxemos a história e aquelas terras para cá, para o Brasil. Este seminário deverá ser anual, pelo Brasil afo-ra” – explica Wanda Guerreiro, uma das

responsáveis pela RW Turismo.Através de palestras interativas, muitas

delas salpicadas com a emoção de quem conta o que viu ‘nos passos do mestre’, o evento proporcionou um verdadeiro con-vite ao público para se transportar até a Galileia, ao monte Sinai, ao rio Jordão, a Cafarnaum, às portas de Damasco e deixar--se sensibilizar pelo verdadeiro chamado do mestre Jesus. Razão e emoção andaram juntas, regadas com as apresentações musi-cais, que incluíram interpretações com Pau-la Zamp e Gabriel Rocha em cenário com projeções das imagens gravadas pela equipe da RW Turismo em suas viagens e da Mun-do Maior Filmes no Egito e na Turquia.

Estudioso há mais de 50 anos da Bíblia e do Evangelho, Severino Celestino, mestre

de ciência da religião com domínio tam-bém do hebraico, sensibilizou o público em sua apresentação, ao descrever a emo-ção e o fenômeno de regressão espontânea que lhe ocorreram às portas de Carfanaum. “Eu me perguntava, onde estava a estrada que passava aqui?”

Quando recebeu o convite para partici-par do seminário, a oradora e médica Mar-lene Nobre se mobilizou para atender ao convite, dizendo-se profundamente tocada pela oportunidade de falar sobre Jesus, le-vada também pelas lembranças dos tempos de criança, quando na “Paixão de Cristo” seguia com os irmãos para o cinema assistir ao filme O rei dos reis – filme épico ameri-cano.

Grande parte das imagens que serviram de pano de fundo no seminário ajudarão a compor o filme documentário que está sendo preparado pela Mundo Maior Fil-mes, sob o comando do cineasta e diretor André Marouço, com lançamento previsto para o ano que vem.

“Nos passos do mestre será exibido em salas de cinemas e em canais abertos e fe-chados e terá como objetivo desmistificar muitas mensagens contidas nos textos sa-grados e que até hoje são mal compreendi-das,” explica André Marouço.

Em 2011, a Mundo Maior Filmes le-vou aos cinemas O filme dos espíritos, que foi assistido por mais de 2 milhões de pes-soas. Agora prepara para entrar em cartaz o longa-metragem Causa e efeito, um drama com base em um dos fundamentos espíri-tas que conta a história de um policial que resolve fazer justiça, depois de ter esposa e filho atropelados. Agora é aguardar e con-ferir a partir de 3 de julho nos cinemas.

Nos passos do mestre

Por IzAbel VItusso

Fotos: RosAnA souzA

Encenação da peça Há dois mil anos

André Marouço e convidados: Adão Nonato, Marlene Nobre e Severino Celestino

Seiscentas pessoas lotaram o evento

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4 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2014

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Ele gosta mesmo é de comunicar

entReVIstA

Por IzAbel VItusso

Como e quando começou a ideia de se divulgar o espiritismo pela mídia digital? Ismael Gobbo: Já faz mais de 15 anos. Na época eu reproduzia notícias divulgadas pelo site da USE de São Paulo e enviava para algumas dezenas de endereços. Em 2001, demos início ao site da USE Regio-nal de Araçatuba, onde também postáva-mos notícias do movimento espírita. De “Notícias Espíritas”, passou a se chamar “Notícias do Movimento Espírita”.

Qual o alcance desta iniciativa?O nosso trabalho foi paulatinamente ga-nhando os estados do Brasil e alcançan-do os países onde há movimento espírita ativo. Todos eles, por nós diretamente ou através de amigos que repassam o email, acabam conhecendo o nosso trabalho de divulgação. O número de acessos ao site onde as notícias ficam hospedadas ou no nosso blog também tem aumentado bas-tante. Isso faz com que frequentemente tenhamos que ampliar a capacidade de postagem e de remessa através de email marketing.

Qual a importância de seu traba-

lho, já que você está sempre bem informado, recebendo e envian-do notícias de eventos no meio espírita?O principal valor, se é que posso assim me expressar, é saber o que as casas espíritas estão fazendo e repassar essas informações para que outras se espelhem em algumas atividades que possam ser desenvolvidas em seu reduto. Gosto também de eviden-ciar o trabalho dos escritores, dos orado-res, das atividades diversas que compõem o nosso movimento, especialmente as que tratam da evangelização infantil e das mo-cidades, onde comecei. Fico contente em saber como se processa o movimento em outros países e busco me aproximar das pessoas que aos poucos vão me ajudando no trabalho, que é totalmente em equipe. Sou apenas um divulgador das inúmeras contribuições que recebo. Processo da for-ma como me é possível! Conto com idea-listas que as espalham através de suas listas de contatos. São companheiros entusias-mados, muitos dos quais já fazendo traba-lhos semelhantes ao nosso na divulgação.

Quanto tempo do seu dia você investe nesse trabalho de email

Aposentado pela Receita Federal, o divulgador espírita Ismael Gobbo tem motivos de sobra para continuar sendo um entusiasta do trabalho. Mui-to antes de se aposentar, ele já fazia planos de se dedicar ainda mais à

divulgação da doutrina. nascido em Araçatuba, interior de são Paulo, e iniciado desde tenra idade no espiritismo, seu gosto por difundir informação, cultura e notícias, sobretudo as que valorizam o bem, levam-no hoje a realizar um trabalho diferenciado, como importante polo centralizador e difusor de informações no meio espírita. Morando recentemente em são Paulo, ele revela sua simplicidade nesta entrevista e também os bastidores e um dos blogs mais conhecidos no meio espírita hoje.

disparado diariamente? Tem uma equipe?O nosso trabalho é totalmente de colabo-radores voluntários. Nossos amigos captam as informações dos eventos e nos remetem. Editamos o material, sempre de maneira singela, mas dando um toque que o possa fazer mais atraente. Aliamos as informa-ções espíritas com outras de natureza cultu-ral, embora saibamos de nossas limitações nesse particular.

Qual o critério que você utiliza para a seleção e a divulgação do material enviado? Como espírita também sei de meus limi-tes. Mas o que não posso esquecer é que tive uma base muito boa desde a evan-gelização infantil espírita. Embora sendo apenas um esforçado, convivi com pesso-as muito bem postadas doutrinariamen-te. Talvez tenha algum senso crítico em função dessa importante convivência. E é isso que reputo como fundamental no trabalho de divulgação. Divulgar talvez não seja muito difícil, o complicado é saber o que e como passar isso adiante. Uma responsabilidade muito grande, que às vezes eu não sei se estou dando

conta ou tendo o critério que devia ter.

Muitas imagens que você veicula são registros que você mesmo fez mundo afora. Fotografia também é uma iniciativa que veio para so-mar no seu trabalho? Eu não sou fotógrafo profissional. Uso as imagens por necessidade do trabalho e por isso tenho que fazê-las. Sempre bus-co dentro dos meus arquivos aquela que ilustra melhor o tema. Sou frequentador de museus, de cemitérios, de ruas e pra-ças, de eventos onde possa colher imagens para o nosso modesto trabalho. São recur-sos que utilizo para que o email não fi-que restrito a textos e cartazes de eventos. Isso vem da infância. Fui colecionador de fotos da antiguidade clássica, envolvendo Egito, Roma e Grécia, obtidas nos princi-pais museus especializados do mundo, o que me propiciou fazer várias exposições em diversas cidades, dentre as quais São Paulo e Rio de Janeiro. É coisa antiga que começou como hobbie. Talvez alguma preparação para o futuro, que começou na infância, quando eu ficava com um grosso volume da Bíblia fazendo aquelas leituras que me fascinavam.

Ismael Gobbo: “Sou frequentador de

museus, de cemitérios, de ruas e praças, de eventos onde possa

colher imagens”

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MAIo - JunHo 2014 CORREIO FRATERNO 5

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Sou apenas um divulgador das inúmeras contribuições que

recebo. Conto com idealistas que as espalham através de suas listas de

contatos”

Dentre tantos materiais já publica-dos, lembra-se de algum que lhe te-nha tocado mais profundamente?Eu não me detenho muito no que faço, porque logo que termino uma coisa já co-meço outra. Apenas fi co intimamente con-tente e parto para a próxima. É muito peri-goso o tal de exercício da massagem do ego. Aliás, nem sei se o que faço tem alguma importância. Pessoalmente eu nunca acho isso, porque vejo ao meu derredor compa-nheiros fazendo coisas muito mais impor-tantes. Sou extremamente contido nisso.

Acesso à internet e redes sociais trouxeram uma nova realidade para a divulgação espírita. Como você analisa esse fenômeno na co-municação espírita? Sou favorável ao uso, desde que bem uti-lizados esses canais. Infelizmente, por falta de tempo, e para tanto aqui peço descul-pas, eu não dou conta de acessar todos es-ses veículos de altíssima importância que o movimento espírita vem sabendo aprovei-tar muito bem. Só acho que há necessida-de de muita cautela na forma de veicular informações, inclusive porque podemos ser responsabilizados por eventuais deslizes.

Você tem ideia de quantas pessoas são alcançadas com seus emails “No-tícias do Movimento Espírita”? Como você conseguiu formar essa rede?A minha listagem pessoal, inclusive de-purada recentemente, conta com cerca de cinco mil destinatários, que recebem diariamente o nosso email. Acontece que contamos com dezenas de repassadores no mundo todo, alguns com listagens maiores do que a minha. De forma que não dá para saber ao certo o total de pessoas alcança-das. Mesmo porque, todo dia a minha lista cresce e eu garimpo companheiros para se-rem repassadores. Com certeza o alcance é de muitos milhares.

O que signifi ca para você a realiza-ção deste trabalho? Signifi ca cumprir uma obrigação. Nada mais faço que prestar um pequenino ser-viço, diante de tanta coisa que tenho rece-bido na minha vida, sobretudo através da nossa doutrina espírita. Quando me apo-sentei, fi z um compromisso comigo de de-dicar pelo menos dois dias da semana a essa

tarefa. Hoje eu, graças a Deus, faço-a todos os dias da semana. Sou uma pessoa ocu-pada com obrigações familiares, ainda com dois adolescentes na escola, com incum-bência de preparar comida, limpar a casa e outras tarefas do cotidiano, como apoio à minha esposa que trabalha o dia todo fora. Administro no decorrer do dia, assim, as duas funções. Acompanho as notícias e as informações pela internet e depois edito o email, que será enviado à noite para minha lista pessoal, sobretudo para os repassado-res. Enquanto isso, a colaboradora Gislaine Pascoal Yokomizo, de Jacareí, SP , atualiza o site com as notícias.

Em sua opinião, a quantidade dos eventos e palestras públicas pode interferir no interesse das pessoas de se aprofundarem no estudo do espiritismo?

Sem dúvida que sim. Veja numa palestra que vai tratar de determinado assunto es-pecífi co como reencarnação, perda das pessoas amadas, drogas, casamento, a uti-lidade para pessoas que querem ouvir uma mensagem positiva a respeito. E graças a Deus, no movimento espírita, temos sabi-do aproveitar os profi ssionais espíritas para tratarem de temas que envolvem todas as problemáticas do nosso dia a dia. Recen-temente foi criado o Conselho Nacional das Entidades Espíritas Especializadas pela FEB - Federação Espírita Brasileira, que envolve diversas áreas, todas elas já em plena atividade, através de profi ssionais de altíssimo nível, que realizam palestras, se-minários e elaboram projetos que servem

tanto para o movimento espírita como para outras iniciativas de interesse público. Qual o aspecto mais desafi ador do seu trabalho de divulgação? Há projetos para ampliação ou mu-danças?Eu e Gislaine já pensamos e até tentamos algumas coisas diferentes. Acontece que em internet ainda não dá para se utilizar a expressão: “querer é poder”. Quem mexe com informações em larga escala sabe disso. A internet é instável e há limites para cer-tas operações, sobretudo de envio. Eu não posso incrementar o email como gostaria, porque ele passa a ser encarado como spam e não chega ao destinatário. Há limite de imagens para o email, que, se ultrapassado, também causa problema. Essa relação com internet é desgastante, e exige muito mais que o trabalho propriamente dito.

Que mensagem você nesse exato momento transmitiria às pessoas de sua lista?Agradeceria aos queridos leitores pela oportunidade de nos permitirem aden-trar seus computadores com os nossos emails. Diria que estamos abertos a sugestões que possam melhorar o nosso trabalho. Aceito também a prova de ca-rinho através desta entrevista e aproveito para transferir aos queridos colaborado-res as vibrações de amor que o Correio nos presta. Sigamos em frente fazendo o melhor que nos for possível.

Blog do Ismael: www.ismaelgobbo.blogspot.com

LIVROS & CIA.

Vivaluz EditoraTel.: (11) 4412-1209www.vivaluz.com.br

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Editora Correio FraternoTel.: (11) 4109-2939www.correiofraterno.com.br

Salomé – o encanto das mulheres que surgem do céude Luciuspsicografi a de Sandra Carneiro576 páginas16x23 cm

As duas faces da idade Herminio C. Miranda320 páginas16x23cm

Saúde Mental – relatos do dia a dia de um psiquiatra espíritade Jaider Rodrigues de Paulo640 páginas14x21 cm

Um tom acimade Lygia Barbiére Amaral368 páginas14x21 cm

Editora Correio Fraterno

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As duas faces da idade Herminio C. Miranda320 páginas16x23cm

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6 CORREIO FRATERNO MAIo - JunHo 2014

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coIsAs De lAuRInHA Por tAtIAnA benItes

Quantas vidas nós já tivemos?Em sua casa, laurinha surpreende

seus pais conversando sobre vidas passadas. eles haviam lido um livro sobre o tema e estavam comentan-do, quando laurinha, na fase de fazer perguntas sobre tudo, prestava aten-ção:– nossa! Mas ele foi um rei e depois voltou como mendigo na outra vida – dizia sua mãe.– sofreu bastante, mas conseguiu aprender muito – comentou o pai.laurinha, aproximando-se um pouco mais, interviu:– Pai, quantas vidas nós já tivemos?– não sei, fi lha.– como não? Você não leu no livro?– eu li a história de uma pessoa.– Ah! entendi... – fez uma pausa e perguntou. – e quantas vidas ela teve?– no livro, eles contam sobre três vi-das da personagem.

– Hummm! ela foi quem?– Primeiro foi um rei, depois foi um mendigo e na última foi um vendedor.– nossa, mas por que ele foi rei e de-pois mendigo?– Porque, como rei, foi muito bravo, muito ruim para as pessoas e aca-bou retornando numa condição para aprender a valorizar os outros, a tratar bem as pessoas mais humildes e a dar valor às coisas simples.– todos os mendigos foram reis?– não, por quê? – respondeu o pai.– Porque tem muitos mendigos na rua.– Mas cada caso é um caso – disse o pai.– e em que número de vida nós esta-mos agora?– não sabemos o número de reencar-nações que uma pessoa já teve, pois isso depende do estado evolutivo em

que se encontra cada espírito. tudo dependerá de nós. Aprendemos que o melhor é nos preocuparmos com o presente.– Mas quem escreveu o livro pra con-tar essa história não sabia quantas vi-das tinha? – Quem escreveu o livro foi um mé-dium, que recebeu uma mensagem de um espírito, e esse espírito só con-tou essa parte para ele. – e se eu perguntar para esse espírito, ele me responde? Ah, pai. Me fala o nome desse escritor.– Mas por que você quer saber isto?– ué, assim eu sei se estou próxima de ser rainha ou mendiga.– e o que isso vai mudar?– Vou ver se ele me ajuda a fazer uns contatos ‘lá em cima’ pra ver se eu consigo aliviar a minha prova. eu vi na televisão que contato é tuuuudo, pai.

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíri-tos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Beni-tes, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).

Page 7: Correio Fraterno 457

MAIO - JUNHO 2014 CORREIO FRATERNO 7

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bAÚ De MeMÓRIAs

Yvonne Pereira nasceu com diversas formas de mediunidade: desdobra-mento, vidência, cura, dentre ou-

tras. Viveu para servir ao plano espiritual e sua biografia é uma verdadeira lição de su-peração e reconquista da honra espiritual. Em encarnações diversas, descritas em seus romances, nos quais é protagonista, viveu intensamente paixões e quedas morais, fe-rindo espíritos amigos e enveredando pelo suicídio por duas encarnações seguidas. Não por acaso, trouxe à tona o melhor tra-tado sobre suicídio, através da narrativa das experiências dolorosas de Camilo Castelo Branco em Memórias de um suicida. Neste livro, vamos encontrar uma personagem melancólica denominada Roberto de Ca-nalejas. Ele, no plano espiritual, e Yvonne, encarnada no Brasil, em lar humilde. Eis o trecho em que ele mostra a Camilo a sua ‘esposa espiritual’, ainda criança:

[...] Enviou mensagem telepática a seus maiorais, e em seguida aproximou-se do esplêndido receptor de imagens, sintoni-zou-o cuidadosamente para a crosta ter-restre e esperou, murmurando como que para si mesmo: “Deve estar entardecendo no hemisfério sul ocidental... Não haverá indiscrição em procurar vê-la neste mo-mento...”.

Com efeito! A pouco e pouco a con-figuração de uma criança destacava-se da penumbra de um aposento de família pau-pérrima. Tudo indicava tratar-se de um lar brasileiro dos mais modestos, conquanto não miserável. Uma menina aparentando cinco anos de idade, cujas feições concen-tradas e tristes indicavam a violência das tempestades que lhe tumultuavam o espíri-to, entretinha-se com seus modestos brin-quedos de criança pobre, parecendo men-talmente preocupada com reminiscências que se embaralhavam aos fatos presentes, pois falava às bonecas como se conversasse com personagens cujas imagens se dese-

O encontro (frustrado) de Yvonne Pereira com Roberto de Canalejas

Por cRIstInA HelenA RocHA

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

nhavam quais contornos a crayon em suas vibrações mentais.

Roberto contemplou-a tristemente (...) “Aí está! Reencarnada na Terra de San-

ta Cruz... onde palmilhará seu doloroso calvário de expiações... Vive agora fora dos ambientes que tanto amava!... de-samparada pela ausência daqueles que tão devotadamente a estremeciam, mas cujos corações espezinhou com a mais cruel in-gratidão! Leila desapareceu para sempre na voragem do pretérito!... Para o mundo ter-restre será linda e graciosa criança, inocente e cândida como os anjos do céu! Perante a consciência dela própria, porém, e o jul-gamento da lei sacrossanta que infringiu, é

grande infratora que cumprirá merecida pena, é a adúltera, a perjura, a infiel, blasfema e suicida, pois Leila foi também suicida, que renegou pais, es-poso, filhos, a família, a honra, o dever, pelas funestas atrações das paixões inferiores”. (...) É

assim sempre – exclamou tristemente –, não tem coragem para enfrentar-me... No entanto, pensa em mim e deseja voltar ao meu convívio...”.

A história de Roberto esteve sempre entrelaçada à de Yvonne. Em Recordações da mediunidade percebemos os fortes la-ços que os uniu séculos a fio. Roberto foi Luiz de Narbone (Nas voragens do pecado), Henri Numiers (O cavaleiro de Numiers) e Arthur de Guzman (O drama de Bretanha). A sua existência, no século 19, quando foi médico pesquisador do vírus causador da tuberculose, não está registrada em forma de romance. Há, porém, um pequeno volume, quase desconhecido do público,

denominado Um caso de reencarnação - eu e Rober-to de Canalejas (editora Associo Lorenz, 2004). Nessas poucas páginas Yvonne nos surpreende com o relato da reencar-nação de Roberto, na Po-lônia, quando ela já em idade madura o localiza através de um grupo que trocava postais usando o esperanto (idioma que os espíritos utilizaram para ditar alguns de seus livros). Nesta narrativa comovente, a relação en-tre a médium e Roberto é detalhada, desvelada. Yvonne nos revela a pre-sença de Roberto desde a

sua infância, passando pela adolescência, quando a seguia como espírito, a despedi-da ao retornar à Terra, até o vínculo com um ‘desconhecido’ Z. P. (ela não revela o nome) que é o próprio Roberto, vivendo na Polônia distante. A transmutação do amor humano, carnal em amor espiritual, profundo, abrangente é para ela uma luta diária consigo mesma. O sofrimento ao sabê-lo encarnado, ao visitá-lo espiritual-mente, sem poder vê-lo foi sua ‘prova de fogo’, que lhe exigiu renúncia extrema. Tanto conteúdo há nesse pequeno volume, ensinamentos e exemplos que nos mos-tram que o maior desafio para o ser huma-no é vencer a si mesmo, superar o passado e construir um futuro de luz. Imaginamos os ex-suicidas como pessoas com deficiências, alquebrados fisicamente, como ‘castigo’. Mas nem sempre é assim. Para o espírito os sofrimentos e limitações físicas nem sem-pre são as situações mais difíceis.

Veja no site do Correio o trecho do livro.

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Yvonne Pereira jovem A médium na presença de Chico Xavier

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8 CORREIO FRATERNO

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esPecIAl

DROGASPrazer sob medida

Muito já se falou sobre os malefí-cios da droga. Para quem ainda acredita não ter dificuldades

com ela, o assunto é enfadonho e não passa de um problema difícil que acontece bem longe. Mas não é bem assim. Ele está cada vez mais perto de cada um de nós, alteran-do o curso da história da criatura humana, que tem encontrado nas drogas tudo o que necessita para satisfazer-lhe a estreita visão materialista da vida: prazer e poder.

Aqui cabem três perguntas: Como aca-bar com isso? Por que essa situação nos pa-rece tão irreversível, a ponto de nos sentir-mos derrotados e impotentes diante dessa triste realidade? Estamos preparados para enfrentá-la?

O domínio que as drogas exercem sobre a sociedade, principalmente sobre os jovens, pode ser traduzido em números dramáticos (veja no site), cujo universo se amplia a cada nova pesquisa. Por isso, a sociedade preci-sa estar mobilizada e capacitada para lidar com a quantidade cada vez maior de depen-dentes e usuários. A dependência química é uma doença, e não um vício ou malan-dragem como muitos ainda erroneamente analisam, e a melhor forma de combatê-la é a prevenção, que exige conhecimento.

Não há quem não necessite de preven-ção contra as drogas. Encarnados que esta-mos em um planeta de provas e expiações, todos trazemos tropeços e estamos sujeitos a situações desafiadoras nos campos da moral, pelas necessidades do espírito, que se apresentam ao mesmo tempo com as ne-cessidades materiais, do ‘homem no mun-do’, como ensina a filosofia espírita. Assim, nem sempre a vida será tão fácil, sendo a luta e o trabalho instrumentos de aprendi-zado que nos levarão pouco a pouco à feli-cidade verdadeira.

As casas espíritas, como refúgios de con-solo e aprendizado, recebem diariamente

Por elIAnA HADDAD

centenas de pessoas que buscam solução para suas aflições: a cura de doenças, o emprego, o equilíbrio financeiro, o bom relacionamen-to, etc. A cultura espírita não combina com o imediatismo, mas valoriza o processo dos esforços, das transformações interiores. E aí está a sua melhor contribuição para a huma-nidade em tempos de aparências, supérfluos, rapidez de soluções e do alívio salvador das tensões normais da nossa jornada, onde por desespero a droga entra como mecanismo de fuga e ilusão para aquisição de um bem-estar fugidio e temporário.

Nada fácil a tarefa das casas espíritas, que precisam estar preparadas para rece-ber tanta gente desiludida e aflita, que ante os desafios da vida abriu as portas para o mundo das drogas, num processo de inver-são de valores do sentido do que seja real-mente felicidade. A visão materialista em-bota a humanidade com a venda do sonho dos prazeres fáceis, impedindo a reflexão do ser e o impulso à ação interior em prol de si mesmo e do próximo, em resposta aos anseios de uma coletividade doente, da qual também faz parte e é responsável. Daí a necessidade da divulgação do Evangelho de Jesus, da compreensão dos princípios es-píritas, da lógica da pré-existência e imor-talidade da alma, da comunicação entre os espíritos e da reencarnação, como cartilhas de exemplo e conduta para ser feliz.

Aí estão os efeitos do materialismo, sintetizados na proliferação das drogas, lí-citas e ilícitas, com sua interminável cauda de enganos: a criminalidade, a violência, as conquistas fáceis, as overdoses, os aci-dentes de trânsito, o sexo irresponsável, as doenças contagiosas, a prostituição. Como cidadãos, espíritos e espíritas, é preciso re-fletir sobre o que estamos fazendo e qual tem sido a nossa contribuição para tantos males. Aprisionados pelo medo e pela in-diferença, somos submetidos diariamente

aos efeitos infeli-zes do álcool e das demais drogas, gerando-nos difi-culdades de toda sorte, do aumen-to de faltas ao trabalho a quedas de produtivida-de; do abandono ao rompimento de famílias; de desequilíbrios a vibrações densas, de sonhos impossíveis aos suicídios.

Não dá para cruzar os braços com as informações que temos, cientes das nossas responsabilidades. É preciso substituir o re-clamar pelo atuar. Já existe, por exemplo, um programa do governo, chamado ‘Fé na prevenção’, e destinado a capacitar reli-giosos e entidades afins. Inúmeras delas já colhem muitos resultados de seus esforços , como o Programa Valorização da Vida, que mobiliza profissionais voluntários e insti-tuições de São Bernardo do Campo, como Instituição Assistencial Meimei, Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, Asso-ciação Médico-Espírita do ABC e outros. (Veja no site)

Como o objetivo do espiritismo não é ditar normas de comportamento humano, cumpre-lhe em sua amplitude, como ciên-cia, filosofia e religião, enaltecer os disposi-tivos das leis divinas que asseguram a todos o direito de escolha e a responsabilidade pe-los seus atos. Têm com isso as casas espíritas muito a oferecer a essa sociedade tão caren-te de atenção e conhecimento, mostrando que é possível sim construir a qualquer tempo novas oportunidades de acerto. Isso se chama mudança, um convite ao abraço, mas também à conscientização sobre falhas e reconhecimento de pedras que estão atra-

palhando os nossos caminhos. A sociedade está doente e para que seja

fortalecida é necessário que seja alimentada com o pão do corpo, mas também com os alimentos espirituais da fé e razão de modo a compreender a realidade da vida em sua amplitude, com suas alegrias e tristezas, conquistas e frustrações, o que faz parte da trajetória normal do espírito. Esse conhe-cimento será sempre a melhor prevenção para o primeiro gole, a primeira tragada, a primeira tentativa de fuga ou prazer. Afi-nal isso pode se transformar numa grande tragédia, se o ‘aflito’ também carregar a doença da dependência química, uma me-mória espiritual que predispõe o organis-mo a querer mais e sempre mais para ter os mesmos resultados iniciais, levando o usu-ário ao descontrole, perdendo a si mesmo e desperdiçando a grande oportunidade de vencer a predisposição adquirida em tem-pos passados através de uma encarnação vitoriosa e repleta de bons resultados.

O espiritismo traz também em sua abordagem a questão da obsessão, como explicou José Herculano Pires no livro Vampirismo. “Sendo os espíritos nada mais que os homens desencarnados, é fácil com-preender-se que as relações possíveis entre homens e espíritos, no campo afetivo e

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MAIo - JunHo 2014 CORREIO FRATERNO 9

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mental, permitem as ligações de espíritos viciados com homens de tendências vicio-sas”. Ele assinala, inclusive, que “os resul-tados obtidos nos centros espíritas, e em muitos hospitais espíritas, deram de sobejo a plena confi rmação dessa descoberta ao mesmo tempo assustadora e consoladora”.

“É muito importante compreendermos que a vida continua, e sendo assim todos os nossos defeitos e qualidades nos acom-panham após o nosso desencarne. Assim, a nossa ligação com as drogas lícitas ou ilí-citas em nada muda do outro lado. Conti-nuamos sofrendo das mesmas consequên-cias, e só mudamos na hora que tomarmos consciência do problema e dando um bas-ta, dizendo: ‘não quero mais isso para a minha vida’”, analisa Nelson Mendes, especialista no assunto e um dos parti-cipantes do projeto de São Bernardo do Campo.

O problema tão afl iti-vo da droga, portanto, na visão espírita não é apenas um caso de polícia e prisão. Mesmo porque todas as do-enças, inclusive a dependên-cia química, têm suas raízes no espírito, em função de provas

a vencer ou tarefas a desempenhar. Como o homem encarnado é um ser triplo: espírito, perispírito e corpo, o tratamento também deve ser multidisciplinar.

O ideal seria que à parte técnica, cien-tífi ca, se aliasse a assistência espiritual. E vice-versa. As casas espíritas devem se pre-

parar adequadamente para tudo isso, bus-cando informações e cursos (quase sempre-gratuitos) de capacitação técnica para que os atendimentos a usuários e dependentes de drogas possam ser mais efi cazes, a fi m de que o espiritismo desempenhe na socie-dade o papel que lhe cabe, a caridade que

os espíritos tão bem defi niram como bene-volência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas. Afi nal, como destacou Allan Kardec, a ca-ridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes.

A arte imita a vidaDrogas é tema recorrente abordado por Manoel car-

los em suas novelas globais. Desta vez, o autor de Em família (Rede Globo) rertoma o problema do alcoo-lismo através do personagem Felipe (thiago Mendonça). “coloco sempre esse tema porque acho o alcoolismo o pior de todos os vícios, já que o álcool é considerado uma droga lícita. Isso signifi ca que qualquer pessoa pode usar e se envenenar”, respondeu em entrevista para o Correio Fraterno. Para ele, a insistência na abordagem é um alerta permanente. A família de Helena (Julia lemmertz) é bastante proble-mática. seu irmão, o médico Felipe, provoca situações complicadas quando aparece totalmente bêbado. Vale conferir a entrevista do ator ao Correio Fraterno:

Como você, Thiago, pode auxiliar através da arte tantas famílias com problema de álcool em casa e que assistem à novela?Thiago Mendonça: o ator exerce uma função social. A minha é de sensibilizar quem assiste, ouve. Acho que na tv há e tem que haver espaço pra tudo. Diferentes lingua-gens e temas. um tema como o álcool e seu consumo é um assunto próximo da vida das pessoas. o álcool é

uma droga. nociva e lícita. Pais, mães, fi lhos… ouço relatos de pessoas que viveram isso e

que sempre se mostram sensibilizadas e so-lidárias ao Felipe e sua recuperação.

Como está sendo para você se entre-gar a um papel de um alcoólico?É um papel que exige racional, física e emo-cionalmente. Mas as relações que vivo em cena são criadas com pessoas, artistas bem

sensíveis e belas. Acabam virando ver-dades pra gente. no outro dia fi z

uma cena de surto do Felipe, onde ele quebrava o con-sultório, que me esgotou.

Você se baseia em al-gum caso próximo para se inspirar para o personagem?A vida me inspira para esse e para qualquer outro per-

sonagem. Retratar a sociedade é a função de qualquer arte. Do que é belo, e também do que não é.

O alcoolismo é uma doença. Como você analisa um médico, como seu personagem, não conseguir solu-cionar sua própria doença?não creio que a cura de qualquer doença esteja em se medicar. e existem especialidades. essa não seria a do Felipe.

Acha que o conceito vício/doença é hoje bem assi-milado pelas pessoas de um modo geral? sim. Porque todo mundo tem um caso próximo. Já ouviu ou viveu isso tudo. sabe de alguém que bebeu exagera-damente ou de alguém que bebe sempre. e sofre dessa doença.

A experiência do personagem nos alcoólicos anôni-mos não foi muito positiva? Por quê?sempre é positiva. não se sentir sozinho talvez seja bem importante para alguém que vive uma situação de fra-queza. Mas cada pessoa tem o seu tempo e é um passo de cada vez.

E sobre fé e espiritualidade? Acha que auxiliaria no despertar pela valorização da vida? o Felipe vem de uma família bem católica. A mãe dele fala muito em Deus, em milagres. A Rosa (tânia toko) sempre reza, faz promessas. o Felipe que ainda não se despertou pra isso. Por ser médico talvez ele seja mais cético.

Como você gostaria que fosse solucionado o proble-ma na novela?eu também torço muito pelo Felipe. Mas sinto que ele só vai aprender depois de ter um trauma maior. e também acredito que o amor é um combustível muito importante para tudo na vida, principalmente para se ter força em uma recuperação. sinto que ele tem uma torcida muito grande. Para sua recuperação e sorte no amor.

Você leva alguma experiência, como Thiago, inter-pretando esse papel? Mudou alguma coisa para você?sim. Muito. Fico mais atento aos riscos que a liberdade empresta.

O que você, Thiago, falaria ao Felipe para ele poder sair dessa?Força, cara. como diria o Renato (Russo): FoRÇA seMPRe.

a plena confi rmação dessa descoberta ao mesmo tempo assustadora e consoladora”.

“É muito importante compreendermos que a vida continua, e sendo assim todos os nossos defeitos e qualidades nos acom-panham após o nosso desencarne. Assim, a nossa ligação com as drogas lícitas ou ilí-citas em nada muda do outro lado. Conti-nuamos sofrendo das mesmas consequên-cias, e só mudamos na hora que tomarmos consciência do problema e dando um bas-ta, dizendo: ‘não quero mais isso para a minha vida’”, analisa

cia química, têm suas raízes no espírito, em função de provas

é um assunto próximo da vida das pessoas. o álcool é uma droga. nociva e lícita. Pais, mães, fi lhos…

ouço relatos de pessoas que viveram isso e que sempre se mostram sensibilizadas e so-lidárias ao Felipe e sua recuperação.

Como está sendo para você se entre-gar a um papel de um alcoólico?É um papel que exige racional, física e emo-cionalmente. Mas as relações que vivo em cena são criadas com pessoas, artistas bem

sensíveis e belas. Acabam virando ver-dades pra gente. no outro dia fi z

“Todo mundo tem um caso próximo. Já ouviu ou viveu isso!”

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ARtIGo

Por sIDneY ARIDe

Cada grupo um centro espírita

Vamos supor que por algum motivo alheio à nossa vontade tivéssemos que mudar para uma cidade ou

um bairro onde não existisse um centro espírita.

Possivelmente, poderíamos começar fazendo reuniões na casa de algum amigo que gentilmente nos cedesse algum espaço disponível, ou mesmo em um lar.

Se com o passar do tempo aparecessem recursos para fundação de um pequeno centro, certamente aquele núcleo de pesso-as se uniria para ajudar a construí-lo. De-pois, provavelmente tratariam com esmero de sua manutenção, da limpeza aos peque-nos consertos, do aparelhamento às refor-mas futuras que qualquer edificação carece. E seguiriam em frente, desenvolvendo os estudos, as obras assistenciais, as reuniões mediúnicas, a evangelização, etc.

Esses trabalhadores das primeiras horas do centro certamente teriam um carinho e sentimento de realização muito grande pelo que fazem!

O livro Orientação ao centro espírita (FEB) ensina como deve ser um núcleo espírita: oficina de trabalho, recanto de paz construtiva, e oferecer aprimoramento íntimo e união fraternal pela prática e refa-zimento espiritual, o que podemos, então, considerar as diretrizes da FEB sobre como deve ser um centro espírita.

Passado os anos, novos integrantes se interessariam em participar do dia a dia da instituição.

Mas uma estrutura complexa começa a criar um cenário estratificador e menos humano: se os neófitos frequentarem as pa-lestras públicas e a fluidoterapia, acabarão sendo denominados de público ou de fre-quentadores. Se se matriculam nos nobres cursos da casa, são considerados alunos. Se recebe ajuda, são os assistidos. Se, por fim, se integram também no trabalho volun-tário, podem iniciar um processo gradual de sentir-se pertencente ao núcleo, em-bora mesmo assim muitos ainda não tenham se identi-ficado plenamente com a casa.

Foi desenvol-vendo este raciocí-nio que lançamos uma pergunta em nosso centro: Por que não resgatamos esse sentimento, semelhante ao dos fun-dadores, nos inúmeros companheiros que atendemos em nossa instituição? Essa ideia acabou se tornando a base de nossa campa-nha: “Cada grupo um centro espírita”.

Allan Kardec esclarece em O livro dos médiuns que devemos assistir com prazer à multiplicação dos grupos, que é melhor termos vários pequenos centros espíritas do que alguns poucos com grandes assem-bleias, e explica uma das grandes vantagens de se ser pequeno: o fortalecimento dos la-ços familiares entre seus integrantes.

Em nossa instituição tínhamos um sa-

lão com centenas de frequentadores regu-lares das palestras públicas, com níveis de comprometimento variados, às vezes nulo.

Então questionamos: Será que não de-veríamos convidá-los a inaugurar pequenos ‘centros espíritas’?

Claro que as pessoas não precisariam sair da instituição. Mas organizarem-se em pequenos grupos nas salas disponíveis, como se fossem pequenas casas.

Inúmeras pessoas deixando de ser ex-pectadoras nas pa-lestras públicas e in-gressando nas salas do centro, integran-do-se mais e final-mente se conhecen-do foi o primeiro grande benefício que constatamos.

Acreditem ou não, no auditório, mes-mo os companheiros que frequentavam o mesmo dia e horário de atividades, por meses a fio e até anos, não se conheciam. E na atividade proposta, o fato de se sen-tarem num formato em círculo nas salas interferiu não só na posição física, mas no posicionamento de cada um, iniciando-se, a partir daí, um processo de companheiris-mo entre os membros do grupo.

Enfim, convencionamos que ocorreria a fundação do grupo espírita quando hou-vesse interesse de no mínimo cinco e no máximo vinte pessoas, com o objetivo de se desenvolverem espiritualmente, seguin-

do a formação de maneira semelhante ao nascimento de uma pequena casa espírita.

No passo seguinte, os integrantes es-tabeleceriam um nome para o grupo que homenageasse espíritos reconhecidamente virtuosos ou que enaltecessem alguma vir-tude ou sentimento e definiriam os primei-ros projetos, funções ou responsabilidades, incluindo plano de ação.

Neste período inicial, confrades mais experientes de nossa casa acompanhariam e orientariam os primeiros passos. Alguns an-tigos companheiros acabaram ficando per-manentes no grupo, mas em igualdade de direitos e deveres com os demais integrantes.

Criamos também ações para conectar uns aos outros: projetos de caridade em parceria entre os grupos, circulação de jor-nal interno e jornal mural com notícias das práticas, eventos de confraternização e de ações com diferentes pessoas dos grupos para dialogarem e decidirem sobre os ru-mos da instituição.

Os benefícios para a instituição e os seus integrantes, tanto na área de educa-ção como em diferentes áreas de atuação, foram muito promissores! Tanto que achei valer a pena partilhar com mais pessoas esta experiência, que tem motivado e trazido excelentes resultados à nossa casa.

Engenheiro do Instituto Nacional de Metrologia, Qualida-de e Tecnologia – Inmetro. Mestre em Sistemas de Gestão pela Universidade Federal Fluminense, com linha de pes-quisa em gestão estratégica de pessoas. Ex-dirigente de Cen-tro Espírita Fé, Esperança e Caridade, Nova Iguaçu, RJ.

Zanutto, Rodrigues & Cia LtdaMateriais para construção

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R. José Benedetti, 170 • B. Santa Terezinha • São Bernardo do Campo • SP • CEP 09770-140

11 4121 3774

Allan Kardec esclarece em O livro dos médiuns

que devemos assistir com prazer à multiplicação

dos grupos”

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MÍDIA Do beM

este espaço também é seu.envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Crianças aplaudem atitude de jogadorO jogador de futebol italiano Mario Balotelli não re-

agiu aos insultos racistas que recebeu em Florença, onde sua seleção faz a preparação para a Copa do Mundo. (Uma notícia não tão do bem). Mas o jogador manteve a calma ao ser xingado, atitude que foi aplaudida por um grupo de crianças que acompanhava o treinamento da seleção. Após o fim dos trabalhos, o único nome gritado por elas era o de Balotelli. (Baseado no site Uol - 21/05/2014)

Papa Francisco convida árabes e israelenses para orarem pela paz

Em um gesto sem precedentes, o papa Francisco con-vidou os dois líderes, o presidente da Autoridade Pales-tina, Mahmud Abbas, e o presidente israelense, Shimon Peres, para orarem pela paz no Oriente Médio sob a cú-pula de São Pedro, convite plenamente aceito por ambos. Esta é uma tentativa pouco comum e ousada do papa para reativar as negociações entre israelenses e palestinos, para-lisadas desde o fracasso em abril de uma mediação ame-ricana. “Construir a paz é difícil, mas viver sem ela é um tormento”, lembra o pontífice num momento estratégico e oportuno. (Baseado no Correio Braziliense - 26/05/2014)

Saqueadores de-volvem eletrodo-mésticos na dele-gacia de Abreu e

LimaA delegacia de Abreu

e Lima, região metropo-litana do Recife, passou a manhã desta segunda-feira (19) recebendo as mercadorias que foram saqueadas na cidade durante a greve da Polícia Militar em Pernambuco. Muitas pessoas deixaram os pro-dutos e utensílios espalhados pelas calçadas do município porque não quiseram levar diretamente para a delegacia, com nome, endereço e telefone de quem devolveu. Grá-vida do sexto filho, dona Sueli Dias levou o filho de 11 anos de idade para devolver um produto furtado. “Disse que era errado, que não era dele”, conta. A situação é se-melhante a do pai de uma adolescente, que veio denun-ciar o furto da filha. “Eu fiquei muito chateado, como qualquer pai que vê um filho trazer uma coisa fora de casa sem permissão”, afirmou. (Site G1.com)

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Palestra da Dra. Sissy Veloso Fontes na UnifespA Dra. Sissy Veloso Fontes realiza dia 11 de junho, às 18:30h, palestra com o tema “Os sete pecados

capitais e as sete virtudes sob a ótica dos cuidados integrativos, no Seminário Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualida-de, que acontece na UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Local: Anfi teatro Clóvis Salgado, Rua Botucatu, 862, V. Clementino, São Paulo, SP. E-mail: [email protected].

Gestão Administrativa da Casa Espírita

Curso de capacitação administrativa para gestão da casa espírita. Do Plano de Traba-

lho para o Movimento Espírita Brasileiro, do Conselho Federativo Nacional - FEB. Público-alvo: dirigentes de instituições espíritas. Local: USE do Estado de São Paulo. Rua Dr. Gabriel Piza, 433, Santana, São Paulo. Início: Dia 14 de junho de 2014, das 8:30 às 13 h, aos segundos e quartos sábados do mês. Duração: 6 meses. Inscrições: E-mail: [email protected]. Informações: (11) 2950-6554 (USE-SP).

11º Fórum Nacional de Arte EspíritaDia 19 e 21 de junho acontece o 11º Fórum Nacional de Arte Espírita, com objetivo de gerar refl exões sobre as atividades artísticas

que vêm se desenvolvendo no meio espírita. Local: Colé-gio Pestalozzi II, na cidade de Franca. Informações: www.abrarte.com.br.

Inscrição para Festival de Música Es-pírita

Vai até o dia 22 de junho as inscrições para participar do 13º Festival de Música Espírita

de Uberaba (FEMEU). A fi nal do evento será dia 9 de agosto, às 19 horas, no Cine Teatro Vera Cruz. Rua São Benedito, 290. Realização: União das Mocidades Espíritas de Uberaba. www.jornalespiritadeuberaba.com.br/femeu. Fone: (34) 9969-7191.

1º Encontro de Medicina, Direito e Espi-ritualidade

A Federação Espírita do Rio Grande do Sul promove, nos dias 26 e 27 de julho, o 1º En-

contro de Medicina, Direito e Espiritualidade, sob o tema: “Em busca da saúde integral e da pacifi cação social”. Lo-cal: Teatro Bourbon Country. Av. Túlio de Rose, 80, Porto Alegre, RS. www.fergs.org.br, Fone: (51) 3406-6464.

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

ENIGMA

Que médium fi cou conhecida pela qualidade de seu trabalho e por quem o escritor Victor Hugo ditou inúmeros

romances no século passado?

Resposta do Enigma:

Solução doCaça-palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

Zilda Gama

cultuRA & lAzeR

Palestra da Dra. Sissy Veloso Fontes na Unifesp

capitais e as sete virtudes sob a ótica dos cuidados integrativos,

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Gestão Administrativa da Casa Espírita

lho para o Movimento Espírita Brasileiro, do Conselho

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11º Fórum Nacional de Arte EspíritaDia 19 e 21 de junho acontece o 11º Fórum

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Inscrição para Festival de Música Es-pírita

de Uberaba (FEMEU). A fi nal do evento será dia 9 de

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1º Encontro de Medicina, Direito e Espi-ritualidade

contro de Medicina, Direito e Espiritualidade, sob o tema:

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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

no dia 3 de junho completa-ram-se 89 anos que o conhe-cido pesquisador Camille Flammarion desencarnou, na França. ele fora amigo pessoal de Allan Kardec, a quem chamou de “o bom senso encarnado”. certa vez, o pesquisador foi informado por uma entidade espiri-tual que haviam se conhe-cido, quando o cientista fora o poeta espanhol Don Alonso de ercilla y zuniga (1522-1554). Flammarion leu a biografi a do poeta e verifi -cou que ele havia sido con-denado à morte por deca-pitação. lembrou-se, então, de que repetidas vezes tinha pesadelos, durante os quais queriam decapitá-lo. entre-tanto, nunca sonhou ter sido realmente decapitado. o motivo é que embora conde-nado, a sentença da conde-nação do poeta foi revogada.

(Reencarnação baseada em fatos, de Karl Muller).

o P c s e R t n V c D H o P l M o Q u A c X z t o Ç Ã o A o n I e c e A A o I e D M l P D n t Q n e s A t b e c e e e I o u t A A P l Ç c e e I n M n c I A s t R e A M K l A s t o D É l l e I P A l l D M M A A n b V R e I o F l o W n t D P M A e I t W Q u e M M P e t A e I o A b M n c A s W e l c D z e D o u n t o t I s t A M I G o I e n t t e R P o R P R t P o P K e c A u I I e P V z A P A z n s F e R o I o u A l e M M o A n l I A I l A o n s Q u I s l o t o R A s e t Q I o R V b l u A D P o c K uP R A c c M A l l e P o l I e s M A F o l n b e Q u I s s P M F c M c z K P I e R A A s A c o I D P e A o A s DD H l n o e e A l I R b o o e o F c V I n n e s o D A R l o e R I o u A t D t D e bo I l o I Q u I s I o e P c s o l l n V F R e s s I K A K A I A c o P l M z W t o P A Q M o R t e o R e u I A M M M A l e R I o l l A o P K e o c P M V b t e K D e c A

Venda de passe

mãe,por que a gentenão vende passe

no centro?

mas,mãe...

vender passe?ora, laurinha,

o passe é transmissãode fluidos, de energias

para ajudar as pessoas...Como vender

passe?

eu vi na tvque um jogador de

futebol vendeu o passepor R$ 10 milhões!

isso ia ajudar muita genteno centro... será que alguém

compra nosso passe?

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MAIO - JUNHO 2014 CORREIO FRATERNO 13

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AnÁlIse

Grande parte das religiões tradicio-nais está alicerçada em dogmas que não devem ser analisada ou discuti-

da, mas obedecida, uma vez que representa a verdade de Deus, o que não se aplica à doutrina espírita. Ela se posiciona, antes de mais nada, como uma filosofia, tendo como objetivo a reflexão e a análise sobre a vida e suas implicações. Semelhante às ciências que procuram estudar as leis que regem a matéria, o espiritismo busca estu-dar as leis naturais do mundo espiritual que afetam o homem, suas relações e seu bem--estar. O conhecimento espírita desenvolve uma ética própria que provoca ou induz a uma reflexão sobre a moral (conjunto de regras sobre o que é certo ou errado, bom ou mau).

Não faz nenhum sentido que os segui-dores do espiritismo não conheçam bem os seus princípios e conceitos, que não te-nham lido e estudado pelo menos as obras de Allan Kardec, entre as milhares exis-tentes. Não se trata de exigir dos espíritas conhecimentos de tudo em detalhe, mas o conhecimento dos pontos principais. Na-turalmente leva-se tempo para se conhecer e entender os fundamentos da doutrina.

Os cinco livros de Kardec, mais Obras póstumas, totalizam cerca de 2.500 páginas. Fazendo-se uma estimativa, seriam neces-sárias duzentas horas para se ler a coleção, levando-se em conta o gasto de quatro minutos por página. Penso que com um prazo mínimo de um ano seria possível es-tudar os seis livros, investindo-se uma hora por dia útil, ficando o estudo mais confor-tável se forem utilizados também os fins de semana e feriados, podendo-se incluir outros livros ou um curso de espiritismo, que geralmente dura de dois a quatro anos.

Pensando nisso, pesquisei há dez anos os conhecimentos doutrinários dos frequenta-

Conhecer o que crê, saber por que crê

Por IVAn FRAnzolIM

dores de um centro espírita. Utilizei a téc-nica Focus Group para pesquisa qualitativa, reunindo por vez de quatro a seis pessoas para conversar sobre espiritismo, todas com mais de quatro anos como espíritas.

Dessa experiência destacaram-se alguns aspectos que demonstraram o desconheci-mento de pontos importantes da doutrina, como:• Tratar Jesus como Deus• Perceber Jesus como espírito que teve

uma evolução sem erros• Entender a Bíblia como a verdade• Considerar que Deus decide sobre as mí-

nimas coisas da vida de cada pessoa• Considerar os obsessores como espíritos

inferiores ou maus• Desconhecer que a oração deve ser es-

pontânea e não decorada• Entender que o obsidiado não tem res-

ponsabilidade sobre sua situação• Confundir a lei de causas e efeitos com a

lei do Talião• Entender Deus com sentimentos do ser

humano, que perdoa, tem misericórdia, compaixão

• Considerar que ser espírita e praticar a ca-ridade é condição para a pessoa ser ‘salva’

• Julgar que “a felicidade não é deste mun-do” e só estará acessível aos espíritos supe-riores

• Acreditar que cada espírito possui uma ‘alma gêmea’

• Supor que o médium de psicofonia ‘in-corpora’ o espírito comunicador, isto é, o espírito entra no corpo do médium

• Crer que espíritos bons só falam a verda-de e não se equivocam ou podem inter-pretar mal.

Essa situação de desconhecimento ou de conhecimento equivocado deve ter mui-tas causas. A primeira é a automotivação, a responsabilidade de cada pessoa cultivar e despertar. Ter curiosidade intelectual, que-

rer saber os porquês da vida. A segunda é a qualidade da comunicação do espiritismo. Os comunicadores espíritas, as federativas e os centros têm responsabilidade nessa bai-xa compreensão da doutrina espírita. Que espiritismo estamos divulgando? Relaciono alguns tipos de comunicação incorreta que tenho observado:Espiritismo pessoal - aquele que destaca mais as opiniões do expositor, dirigente ou do mentor da casa Espiritismo alarmista - que enaltece o po-der das trevas e a inferioridade moral dos espíritasEspiritismo místico - privilegiando a de-voção, a contemplação, o sobrenatural Espiritismo superficial e dogmático - que evidencia ideias e raciocínios pela au-toridade dos autores e não pelas explicações doutrinárias corretasEspiritismo deslumbrado - que insiste em dar explicações simplistas para todos os casos e situaçõesEspiritismo excessivamente religioso - que usa linguagem piegas, não prioriza o estudo sério e se preocupa mais com o as-sistencialismo e o enaltecimento de Jesus.

Todos os espíritas podem e devem co-laborar para melhorar essa situação. A in-terpretação equivocada da doutrina é um risco para sua evolução. É preciso pesquisar o nível de compreensão de alunos e fre-quentadores, conversar com os dirigentes do centro, mudar e melhorar os cursos, instituir o estudo contínuo, trabalhos em grupo, produção de conteúdo e melhorar a forma como comunicamos o conhecimen-to espírita.

Escritor e comunicador espírita, fundador da ADE--SP Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo.

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14 CORREIO FRATERNO MAIo - JunHo 2014

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Por HeRculAno PIRes

QueM PeRGuntA QueR sAbeR

Por que o espiritismo não se preocupa em aumentar o número de fi éis como acontece nas outras religiões?

Quando dizemos que não queremos fazer adeptos, estamos deixan-do bem claro que o espiritismo,

mesmo no seu aspecto religioso – que ele também possui –, não se constituiu em re-ligião organizada, religião estruturada, com sistema clerical, um sistema litúrgico, seus ritos e sua dogmática. As religiões assim constituídas é que precisam de adeptos, não apenas para aumentar o número de fi liados, mas também porque se baseiam no dogma da salvação. Todas essas religiões organizadas entendem que elas, e somente

elas, estão com a verdade e que somente elas podem salvar o homem.

Então, a procura de adeptos por elas não corresponde apenas a um interesse so-cial e econômico das igrejas, mas também a um interesse nobre e humano, o de salvar o próximo.

No espiritismo isso não existe. Nós acreditamos que todas as criaturas estão a caminho da evolução. São indivíduos es-pirituais(...) desenvolvendo as suas poten-cialidades internas para atingirem sempre planos superiores da espiritualidade. Cada

um se salva por si mesmo. E Deus zela por todos, porque Deus é o poder supremo, inteligência suprema do Universo, criadora de todas as coisas e não criou ninguém para se perder. (...) Dessa maneira, ele nos pro-porciona todas as facilidades para isso, inde-pendentemente das organizações humanas.

A busca da fi losofi a é justamente no sen-tido de encontrar a verdade. (...) Mas ela não se impõe. Ela se comunica e os homens é que decidem se querem ou não aceitá-la. Mesmo porque cada fi losofi a que atinge um plano de verdade tem sobre si uma grande respon-

sabilidade, a responsabilidade de haver en-contrado uma solução para problemas que outras fi losofi as não encontraram. Assim, o espiritismo não podia se esconder debaixo do alqueire, segundo a expressão de Jesus no Evangelho. Ele é a luz que deve ser colocado em cima da mesa para que ilumine toda a casa, para que transmita a sua luminosidade a todas as criaturas que dela necessitam.

Resposta dada por Herculano Pires no programa de rá-dio “No Limiar do Amanhã”, produzido pelo Grupo Espírita Emmanuel na década de 1970, onde Hercu-lano era o apresentador.

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MAIO - JUNHO 2014 CORREIO FRATERNO 15

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DIReto Ao Ponto

Jesus, sabendo que se aproximava o momento de sua partida, aproveita a festa em comemoração à Páscoa e ali

faz o sermão do Cenáculo. Nesta bela passagem, fala sobre a paz.Diz o mestre, conforme encontramos

em João 14:27: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” Procurou Jesus preparar os co-rações amados para os momentos difíceis que chegariam. Somente uma alma porta-dora de tão imenso amor pensaria antes na dor e sofrimento dos que estavam ao seu redor do que em seu próprio martírio.

Nesta frase, Jesus revela seu conheci-mento sobre as fraquezas e dificuldades de seus aprendizes. Solicita a manutenção da paz que nasce da fé e confiança nos desíg-nios do Pai, mesmo quando estes não co-adunam com nossos desejos e aspirações.

A paz verdadeira é vivenciada por aque-les que já desenvolveram a confiança ple-na em Deus e que, em se esforçando para vivenciar a lei de amor, têm a consciência tranquila por terem feito o possível para cumpri-la.

Falava Jesus da paz interior, aquela que nasce em nosso íntimo e que permite es-tarmos em equilíbrio, apesar das dificul-dades exteriores. Bem diferente da paz do

Utopia da paz?

Por uMbeRto FAbbRI

mundo, que muitas vezes se confunde com o ócio, com a fuga ao trabalho ou com a satisfação de sermos atendidos em nossos interesses, mesmo que escusos, e que tra-zem consequências funestas.

Paradoxalmente, para conquistá-la, faz-se necessário a luta, não contra o se-

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melhante, mas contra nossas tendências egoístas e viciosas que se repetem incons-cientemente, automatizadas em várias exis-tências anteriores.

Enfrentar as lutas e desafios com fé, de cabeça erguida e com confiança no amanhã infelizmente ainda é para pou-

cos. Na maior parte das vezes nos enfra-quecemos com o medo do enfrentamen-to, com o rancor destruidor ou com a desilusão inesperada. Esquecemos que os corações que caminham conosco são tão imperfeitos quanto os nossos e também sujeitos ao erro.

Nestes tempos tão conturbados, onde boa parte da sociedade enfrenta a violên-cia, a falta dos recursos justos e básicos, as guerras, os desequilíbrios emocionais, as dificuldades financeiras, pretender a paz poderia ser considerado um anseio utó-pico. Entretanto, quando analisamos os ensinamentos do Cristo, compreendemos que as adversidades constituem um cená-rio ideal, quando não necessário, para o desenvolvimento de capacidades e virtudes latentes em nossa estrutura espiritual.

Estar em paz requer grande esforço no controle de nossos pensamentos, vigilância de sentimentos e, acima de tudo, o exer-cício do amor verdadeiro e desinteressado, que perdoa, aceita e compreende as limita-ções do semelhante e de si próprio.

Pacificar-se significa vibrar na frequên-cia do amor universal, praticando a carida-de que ampara, consola e instrui.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA.

Nestes tempos tão conturbados, onde boa parte da sociedade enfrenta a violência, pretender a paz poderia ser uma ilusão.

Para conquistá-la, faz-se necessário a luta, não contra o semelhante, mas contra nossas tendências egoístas”

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Da ReDAÇÃo

leItuRA

Alcoolismo Um tema que compromete silenciosamente a sociedade

Poucos autores conseguem a façanha de conciliar um trabalho literário ca-tivante com a abordagem de assun-

tos comportamentais inadiáveis e que fre-quentemente encontram resistências na sociedade, como a violência, a depressão, o consumo de drogas e suicídio.

A escritora e novelista Lygia Barbiére Amaral transita com maestria nesse am-biente e descreve como poucos a trama o envolvimento de um grupo de amigos que se envolvem com o alcoolismo. Em A ferro e fl ores, o leitor toma conhecimento das origens do problema e dos recursos que pacientes e familiares podem utilizar para vencer o desafi o da doença que está entre os dez principais problemas de saú-de pública do mundo e é a quarta doença mais incapacitante, de acordo com a Or-ganização Mundial da Saúde.

Convidado a prefaciar a obra, o neuro-logista e psiquiatra carioca Márcio Amaral alerta para a importância do engajamento do movimento espírita no trabalho de res-gate de pessoas com esse problema, lem-bra que o álcool é a substância tóxica mais utilizada e porta de entrada para outras drogas e que o combate a esse mal esbarra sempre na insistente negação da doença por parte de seu portador.

“É importante que o enfoque, atra-vés da literatura, possa atingir as pessoas e fazê-las refl etir sobre as consequências do uso que vem sendo feito de tal substância, pois a desestruturação não se dá apenas no lar dos envolvidos com alcoolismo, mas também atinge a sociedade como um todo, com o aumento das agressões físi-cas, dos acidentes automobilísticos e do alto custo que todos pagam pela vulnera-

bilidade a que estão sujeitos. A psicanálise apresenta uma abordagem para tentar ex-plicar o que leva o ser humano a tal qua-dro de degradação. Com o surgimento da codifi cação de Kardec vem então uma luz, um entendimento diferenciado, que explica as origens do comportamento de-linquente. Ao ler o livro, consigo vislum-brar e ter respostas mais claras a dúvidas que a ciência cartesiana não me permite responder.”

O problema do alcoolismo na obra se revela em sua amplitude e complexidade. As relações entre dependentes, familiares e amigos são mapeadas nos dois planos da vida e impulsionam a busca por soluções. Elas descortinam uma nova visão para o signifi cado do que é a vida e ensinam que para o socorro é preciso sempre determi-nação e muito amor!

P

Amaral transita com maestria nesse am-

ferro e fl ores