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X Congresso Brasileiro de Energia, RJ, outubro de 2004 Correlações entre as expansões da mineração e da agro – indústria no Planalto Central goiano e - o processo recente de eletrificação Autores: Arsênio Oswaldo Sevá Filho 1 , Josias Manoel Alves 2 , Rubens Milagre Araújo 3 Resumo . O artigo introduz o conceito de processo histórico e geográfico de eletrificação e passa a assinalar alguns marcos recentes deste processo no Estado de Goiás e em sua porção separada em 1988, o Estado do Tocantins. O escopo adotado abarca as várias etapas da eletricidade enquanto expressão da economia capitalista, entendendo-a como um serviço mercantil prestado por uma rede física de instalações com alto grau de capital investido, incluindo-se as usinas, as linhas de transmissão e de distribuição, e suas sub-estações e a função social e econômica dos usos finais de eletricidade. Mencionamos os dados básicos de 7 grandes hidrelétricas no Estado ( 2 no rio Tocantins e uma no rio Corumbá) e na linha divisória GO-MG (4 no rio Paranaíba), totalizando 7.820 MW instalados, inundando 400 mil hectares; mais 9 PCHs operando e 14 usinas térmicas, que adicionam mais 230 MW. Apresentamos uma sinopse histórica da extração e industrialização de produtos minerais em Goiás, começando na era colonial com os surtos do ouro e pedras preciosas. No século XX, a mineração diversifica para os minérios de níquel e de amianto, e para outras mercadorias fundamentais para a construção civil, de grandes obras, por causa do grande consumo de cimento, cal e materiais básicos - e aí se destacam a construção de duas novas capitais no Planalto Central goiano: Goiânia e Brasília, e a construção de obras de engenharia, inclusive as grandes hidrelétricas nos rios Paranaíba e Tocantins. Delineamos a importância dos produtos minerais para correção de solo (calcários) e para nutrição sintética de plantas (fosfatos), que se correlacionam com uma rápida modernização agrícola de uma parte das terras goianas, convertida para o “agrobusiness” e a agroindustrialização. Ao final, analisamos algumas tendências do consumo de eletricidade em Goiás, retomando a noção conceitual da eletrificação como um processo estruturante de uma sociedade, mesmo em âmbito regional. 1 Professor no Departamento de Energia, Faculdade de Engenharia Mecânica, Unicamp, em Campinas, SP. Engenheiro Mecânico, Mestre em Engenharia de Produção, Doutor em Geografia Humana e Organização do Espaço. 2 Professor no Centro Federal de Educação Tecnológica e no Centro de Ciências Agrárias, na Universidade Federal de Goiás, em Jataí, GO, Mestre em Filosofia, doutorando na área de Planejamento de Sistemas Energéticos/ FEM/ Unicamp. 3 Engenheiro eletricista, Mestre em Planejamento de Sistemas Energéticos/FEM/Unicamp, professor auxiliar na Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO.

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X Congresso Brasileiro de Energia, RJ, outubro de 2004

Correlações entre as expansões da mineração e da agro – indústria no Planalto Central goiano – e - o processo recente de eletrificação

Autores: Arsênio Oswaldo Sevá Filho1, Josias Manoel Alves2, Rubens Milagre Araújo3

Resumo. O artigo introduz o conceito de processo histórico e geográfico de eletrificação e

passa a assinalar alguns marcos recentes deste processo no Estado de Goiás e em sua porção

separada em 1988, o Estado do Tocantins. O escopo adotado abarca as várias etapas da eletricidade

enquanto expressão da economia capitalista, entendendo-a como um serviço mercantil prestado

por uma rede física de instalações com alto grau de capital investido, incluindo-se as usinas, as

linhas de transmissão e de distribuição, e suas sub-estações e a função social e econômica dos usos

finais de eletricidade. Mencionamos os dados básicos de 7 grandes hidrelétricas no Estado ( 2 no

rio Tocantins e uma no rio Corumbá) e na linha divisória GO-MG (4 no rio Paranaíba), totalizando

7.820 MW instalados, inundando 400 mil hectares; mais 9 PCHs operando e 14 usinas térmicas,

que adicionam mais 230 MW. Apresentamos uma sinopse histórica da extração e industrialização

de produtos minerais em Goiás, começando na era colonial com os surtos do ouro e pedras

preciosas. No século XX, a mineração diversifica para os minérios de níquel e de amianto, e para

outras mercadorias fundamentais para a construção civil, de grandes obras, por causa do grande

consumo de cimento, cal e materiais básicos - e aí se destacam a construção de duas novas capitais

no Planalto Central goiano: Goiânia e Brasília, e a construção de obras de engenharia, inclusive as

grandes hidrelétricas nos rios Paranaíba e Tocantins. Delineamos a importância dos produtos

minerais para correção de solo (calcários) e para nutrição sintética de plantas (fosfatos), que se

correlacionam com uma rápida modernização agrícola de uma parte das terras goianas, convertida

para o “agrobusiness” e a agroindustrialização. Ao final, analisamos algumas tendências do

consumo de eletricidade em Goiás, retomando a noção conceitual da eletrificação como um

processo estruturante de uma sociedade, mesmo em âmbito regional.

1 Professor no Departamento de Energia, Faculdade de Engenharia Mecânica, Unicamp, em Campinas, SP. Engenheiro Mecânico, Mestre em Engenharia de Produção, Doutor em Geografia Humana e Organização do Espaço. 2 Professor no Centro Federal de Educação Tecnológica e no Centro de Ciências Agrárias, na Universidade Federal de Goiás, em Jataí, GO, Mestre em Filosofia, doutorando na área de Planejamento de Sistemas Energéticos/ FEM/ Unicamp. 3 Engenheiro eletricista, Mestre em Planejamento de Sistemas Energéticos/FEM/Unicamp, professor auxiliar na Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO.

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X Congresso Brasileiro de Energia 2004 Correlações entre as expansões da mineração e da agroindústria no Planalto central goiano – e – o processo recente de eletrificação SEVÁ, ALVES, ARAÚJO

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Introdução: O conceito de processo histórico e geográfico de eletrificação e alguns marcos recentes desse processo no Estado de Goiás

Nosso estudo adota um eixo de análise que é histórico e geográfico, ao mesmo tempo; e o

escopo adotado abarca as várias etapas da eletricidade enquanto economia capitalista, entendendo-

a como um serviço mercantil prestado por uma rede física de instalações com alto grau de capital

investido: 1) as usinas elétricas, hídricas e térmicas, e suas etapas antecedentes usuais (estudos

sobre os rios e as rotas dos combustíveis, projetos, financiamentos, autorizações, licenças, obras de

construção e motorização); 2) as linhas de transmissão em alta voltagem e 3) as linhas de

distribuição urbana e rural, destacando-se 4) as sub-estações que atendem grandes mercados

urbanos e industriais, e indo até 5) os usos finais de eletricidade em todos os tipos de conversores

empregados em toda a atividade produtiva e reprodutiva da sociedade.

Esta seqüência está sempre presente, de um modo de outro em tantos escritos e discursos sobre

a energia elétrica, o desenvolvimento, o progresso; mas o método em si encontra aplicação mais

freqüente nos estudos da historia da energia elétrica e da história econômica em geral.4

Por isto, a pesquisa em curso necessita de ir além das conexões já conhecidas e estudadas entre

a macro-economia, em âmbito nacional, a dinâmica econômica regional e a expansão da oferta e

do uso de eletricidade. É isto que se espera elucidar por meio do exame mais detalhado do

processo de eletrificação enquanto um processo histórico, uma história social ou sócio-econômica,

que se desenrola num espaço geográfico crescentemente ampliado e reordenado, e durante um

intervalo de tempo mensurável em algumas gerações humanas.

Considerando-se a década de 1880 como o início do capitalismo elétrico, trata-se de uma

história com duração de no máximo cento e vinte e poucos anos. De fato, em alguns locais do país,

o processo de eletrificação tem esta mesma “idade”, em muitos outros, o processo é mais recente; e

ainda há hoje locais, aonde não chegam, para se estabelecer como um serviço permanente, os

geradores portáteis movidos a derivados de petróleo nem as placas fotovoltaicas e suas baterias.

Pondo agora em foco o processo geográfico e histórico de eletrificação no Estado de Goiás,

vale registrar que foram se estabelecendo, durante a primeira metade do século XX, os pontos

pioneiros do sistema atual, como algumas pequenas hidrelétricas e termelétricas atendendo aos

4 Ver, a propósito, o livro de DIAS, Renato F. (Coord) “Panorama do setor de energia elétrica no Brasil”, Centro de Memória da Eletricidade no Brasil, Eletrobrás, RJ, 1988; e o artigo de MARANHÃO, R. “Para um conceito de Eletrificação no Brasil como Processo Social” pp117-124 in DUARTE PEREIRA (editor) “Anais do 1o seminário Nacional Historia e Energia, Outubro de 1986, vol 2, DPH,Eletropaulo, São Paulo, 1988. No mesmo volume, consultar as pesquisas de GOMES, Francisco. M. , SEVÁ, Oswaldo, DIAS, Renato.F., MENEZES, Ulpiano. B., GAMA, Ruy, BRODER, Albert . Ver também SEVA, 1988, 1989, 2004.

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principais centros de carga, na antiga capital Goyaz, na nova capital Goiânia, nas cidades de

Anápolis, Jataí, Ceres, que viviam sob um ritmo importante de crescimento nos anos 1940, 50,

situadas em regiões agrícolas e pecuárias fortes, e outras cidades, localizadas próximas de

atividades mineradoras que, em meados do século XX, passaram a ser feitas em maior escala do

que os antigos garimpos da era colonial ou imperial.

Tanto em Goiás, como em MT e em Rondônia, a expansão se assemelha: estes “nós pioneiros”

(de uma rede que somente hoje se concretizou), foram se tornando mais densos e com mais

conexões inter-municípios. Progressivamente foram sendo eletrificados pontos cada vez mais

distantes, em geral começando de modo isolado, aproveitando algum pequeno rio, ou instalando

motores a óleo diesel, a gasolina, a GLP, ou, eventualmente, caldeiras tipo locomoveis queimando

lenha e cavacos.

Nesse sentido, combustíveis e eletricidade vão praticamente juntos, estruturando a produção, a

distribuição de mercadorias e as condições de vida. E, seguindo sempre a lógica da expansão dos

mercados das maiores empresas sobre as menores, esses locais passaram da condição de “pontos

isolado” para “cruzamento” ou então, para “fim de linha” das redes das distribuidoras estaduais,

nos exemplos mencionados a CELG, a CEMAT, a CERON.(v. esse processo de eletrificação em

MT e RO, nas teses de MARTA, 2002, e de MORET, 2000).

A construção da nova Capital federal, Brasília, e a delimitação de um recorte no território

político de um Estado altera o arranjo básico inicial definido pela posição de Goiânia e Anápolis,

prolongando-as por um eixo rodoviário que hoje comanda a vida em Goiás e no DF. Depois de 40

anos da fundação de Brasília (1960), formou-se ali um grande mercado consumidor de

eletricidade, somando-se as demandas das burocracias federais, diplomáticas, militares mais um

governo distrital, as demandas de quase meio milhão de moradores do Plano Piloto e bairros do

entorno do Lago Paranoá, boa parte deles com alto poder aquisitivo mais as demandas das várias

cidades satélites, formando uma megalópole de mais de 2 milhões de habitantes.

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Tabela 01 – Usinas Hidrelétricas de grande e médio porte em Operação no Estado de Goiás e divisa GO-MG

Nome da Usina

Rio

Potência (MW)

Data da Operação

Municípios Atingidos

Áreas Inundadas (km²)

Empreendedor

Serra da Mesa Tocantins

1.293 1998 Cavalcante 1.784,00 FURNAS e

VBC (1)

BA

CIA

DO

T

OC

AN

TIN

S

Cana Brava Tocantins

468 2002 Cavalcante/Minaçu 139,00 GERASUL (2)

Sub total da Bacia Fluvial

1.761 - Subtotal na Bacia 1.923,00 -

Itumbiara Paranaíba

2.124 1981 Itumbiara 760,00 FURNAS

São Simão Paranaíba

1.710 1978 São Simão 722,25 CEMIG

Emborcação Paranaíba

1.192 1982 Catalão/Araguari 455,32 CEMIG

Cachoeira Dourada Paranaíba

658 1958 Cachoeira Dourada 74,00 ENDESA (3)

Corumbá Corumbá

375 1986 Caldas

Novas/Corumbaíba 65,00 FURNAS

BA

CIA

DO

PA

RA

NA

ÍBA

Sub total na Bacia Fluvial

6.059

- Subtotal na Bacia 2.076,57 -

Potência Instalada

7.820

-

Área inundada GO e municípios de MG 3.999,57 -

Notas (1): VBC é a empresa criada pelos grupos econômicos Votorantim, Bradesco e Camargo Correa, e que inclui também a CPFL Energia. (2) O sócio majoritário é a Gerasul, empresa resultante da subdivisão da Eletrosul, e que opera as usinas de Jorge Lacerda, SC; e de Salto Santiago, no Rio Iguaçu; adquirida pela empresa belga Tractebel, controlada pelo banco europeu IndoSuez. Considerada como Produtor Independente de Energia. As demais seriam usinas destinadas ao serviço público de energia. (3) Esta usina foi construída pela CELG e em 1997 foi vendida para o grupo Endesa, formado por capital espanhol e chileno. Tabela elaborada por SEVA, ALVES e ARAUJO, com dados coletados nos sítios eletrônicos do Departamento Nacional de Política Energética do MME, da ANEEL, de FURNAS, da CEMIG, da CELG, da CEB, da CHESP, da ENDESA. Março de 2004. Tabela 02 – Usinas Hidrelétricas de pequeno porte em Operação no Estado de Goiás e Distrito Federal (Relação parcial)

Nome da Usina

Rio

Potência

(MW)

Data da

Operação

Municípios Atingidos

Áreas Inundadas

(km²)

Empreendedor

São Domingos São Domingos

14,34 IND São Domingos 2,24 CELG São Patrício Das Almas

1,57 IND Rianápolis 1,20 CHESP

Mambaí Corrente

0,35 1967 Sítio D'Abadia 0,03 CELG

Mosquito Mosquito

0,38 1967 Campos Belos 0,57 CELG

BA

CIA

DO

T

OC

AN

TIN

S

Areas & Castelani Maria Ferreira

0,54 IND Posse 0,87 José Roberto S. Áreas

Sub total da Bacia Fluvial 20,62

- Subtotal áreas

inundadas na Bacia 4,91 -

Rochedo Meia Ponte

4,00 1956 Piracanjuba 6,68 CELG

São Bento São Bento

0,62 IND Catalão 0,79 AGROTEC Ltda

Lago Azul Ribeirão Castelhano

2,56 IND Ipameri 2,31 Lasa Lago Azul S/A

Paranoá Paranoá

8,00 1956 Brasília 27,50 CEB

BA

CIA

DO

PA

RA

NA

ÍBA

Sub total na Bacia Fluvial

15,18

- Subtotal na Bacia 37,28 -

Potência Instalada

35,80

-

Área inundada GO e municípios de MG 42,18 -

Elaboração dos autores, com dados coletados nos sítios eletrônicos do Departamento Nacional de Política Energética do MME, da ANEEL, de FURNAS, da CEMIG, da CELG, da CEB, da CHESP, da ENDESA: Maio de 2004. Legenda: IND – Informação Não Disponível.

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Tabela 03 – Usinas Termoelétricas de médio e pequeno Porte em Operação no Estado de Goiás e no Distrito Federal

Nome da Usina Combustível Potência (MW) Situação ** Proprietário Município Xavante Aruanã Óleo Diesel 53,65 PIE Aruanã Termoelétricas Goiânia – GO Distrito Industrial de Anápolis Óleo Diesel 44,08 PIE EEEB Ltda. Anápolis – GO Jalles Machado Bagaço de cana 38,00 PIE Jalles Machado S/A Goianésia – GO Vale do Verdão Bagaço de cana 23,40 PIE Vale do Verdão S/A Turvelândia – GO CNT Óleo Combustível (caldeira) 16,00 APE Cia Niquel Tocantins Niquelândia – GO Santa Helena Açúcar e Álcool Bagaço de Cana 4,40 APE USHAA S/A Santa Helena de Goiás – GOGoianésia Bagaço de Cana 4,20 APE SAMB Ltda Goianésia – GO Goiasa Bagaço de Cana 4,00 PIE Goiatuba Álcool Goiatuba – GO Campos Belos de Goiás Óleo Diesel 2,00 SP CELG Campos Belos – GO Catetinho Óleo Diesel 1.08 SP CEB Distrito Federal Catetinho Gás (1) 1,00 SP CEB Distrito Federal Santa Terezinha Óleo Diesel 1,00 SP CELG S.Teresinha de Goiás -GO Caiçara Óleo Diesel 0,85 SP CEB Distrito Federal Faina Óleo Diesel 0,65 SP CEB Distrito Federal Total da potência instalada em UTEs 194,31 Megawatts

Elaboração SEVA, ALVES ARAUJO, com dados coletados nos sítios eletrônicos da ANEEL, CELG e Empreendedores privados: março de 2004. **Legenda: SP = Serviço Público, APE = Auto Produtor de Energia e PIE = Produtor Independente de Energia. Nota 1) O DF não está ainda ligado aos gasodutos do Sudeste; pode ser uma usina com turbinas tipo a gás, queimando óleo diesel, ou pode ser uma emergencial com motor ou caldeira a GLP.

Goiás é um território formado por cristas rochosas e serras com mais de mil metros de altitude

sobre um único planalto formado de chapadões, em degraus, entre os 900 e os 700 metros de

altitude, cercado por vales nas cotas baixas, perto dos 300 metros de altitude ou até menos, onde se

abrem as calhas largas banhadas por três grandes rios: Paranaíba, um dos formadores do Paraná,

segundo maior rio brasileiro, e os gêmeos Tocantins e Araguaia. Por isto, drenando regiões de boa

pluviosidade, esses rios detêm o que é chamado de grande potencial hidrelétrico, boa parte do qual

já teria sido aproveitado por meio de obras de grande porte, cada uma com capacidade elétrica

entre 370 e 2100 Megawatts, conforme a tabela 1, a seguir.

No caso do rio Paranaíba, o surto de construções explica-se pela proximidade do Sul goiano

com o centro de gravidade da geração elétrica no Sudeste que, nos anos 1950 e 60 se deslocava no

rumo do Triângulo Mineiro e da calha do Paraná, o fato de hoje aí se localizarem usinas de grande

porte, conectadas ao mercado Sudeste – Sul – Centro Oeste de eletricidade: Emborcação,

Itumbiara, São Simão, e uma delas, Cachoeira Dourada, construída pela empresa estadual Celg, e

que historicamente tem despachado sua eletricidade para o Centro Oeste; na década de 1990, foi

colocada à venda e a empresa operadora atual é o grupo espanhol-chileno Endesa.

O principal afluente do Paranaíba, o rio Corumbá também entrou no ciclo do surto de obras,

com a primeira usina de jusante operando e a mais alta em fase de obras. Outros afluentes

importantes como o rio São Marcos, o rio Meia Ponte, os rios Verdão e Verdinho, o Claro, o

Corrente, também estão inventariados e com projetos de usinas de pequeno e médio porte em

diversas fases.

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No trecho goiano do rio Tocantins, já foram construídas as duas maiores obras possíveis,

chamadas de Serra da Mesa (operou a partir de abril de 1998) e Canabrava, (operou a partir de

maio de 2002) e em seguida conectadas à espinha dorsal do Sistema Interligado. Uma síntese desta

nova conexão pode ser lida na dissertação de ARAUJO: “ uma boa parcela da energia aí gerada

fica no Estado de Goiás, outra se destina para Brasília e região, e outra parte para o Estado do

Tocantins, através da interligação Norte-Sul I (Subestação de Gurupi)”.5. Na mesma bacia do

Tocantins, há vários projetos de hidrelétricas médias e pequenas nos rios formadores como o

Paranã, o Tocantinzinho, o das Almas e o Uru.

No alto rio Araguaia foi feita uma PCH, acima da cidade de Santa Rita, e daí para baixo ainda

não há barramento sobre o rio, apesar de serem conhecidos vários projetos de médio e grande

porte, já licitados pela ANEEL. Nos formadores da margem direita em Goiás e esquerda em MT,

há várias PCHs pioneiras e alguns projetos das safras “novas” da ANEEL.6

Estando numa posição central na geometria do país, passam pelo território goianos grandes

eixos de ligação rodoviária do Sudeste com o Oeste e o Norte, e três grandes eixos de transmissão

de eletricidade:

1) as LTs que vão na direção de Rondonópolis e Cuiabá, no Mato Grosso – saindo das usinas

no Triangulo Mineiro e em Goiás;

2) as linhas Norte-Sul I e II que ligam desde o Distrito Federal até Imperatriz, onde se pode

intercambiar eletricidade com as redes elétricas do Norte (da usina de Tucurui, da Eletronorte) e do

Nordeste (usinas do São Francisco, da Chesf), e também

3) a nova LT ligando a usina de Serra da Mesa com o Oeste da Bahia e o Recôncavo.

5 “A usina Serra da Mesa garante o suprimento de eletricidade para as indústrias eletrointensivas de níquel e de amianto, nas cidades de Niquelândia e Minaçu, respectivamente. Sabe-se que houve um reforço na confiabilidade do sistema após a operação da usina Cana Brava, e que há assim alguma garantia de que tais eletrointensivos podem ser ampliados, ou que possam ser instaladas outras indústrias ou mineradoras na região, com uma margem de segurança no abastecimento de energia” (ARAUJO, 2003, p.118). 6 P. ex. na calha do rio Araguaia, os projetos Couto de Magalhães, 270MW, Barra do Peixe, 470MW, Torixoréu, 220MW, Barra do Caiapó, 220 MW; na mesa redonda sobre aspectos sociais do novo modelo elétrico, no Encontro da Anppas, maio2004, Indaiatuba, SP, um representante da diretoria de licenciamento do Ibama mencionou a disposição oficial de por enquanto não aprovar qualquer barramento de médio ou grande porte no rio Araguaia; em outras regiões, há projetos em fase de licenciamento ou de construção, mas que estão embargados ou pendentes, p.ex. projeto Caçu, (67 MW) no rio Claro, o de Itumirim, no rio Corrente (55 MW), Serra do Facão (210 MW) no rio São Marcos.

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Depois de 1988, a metade Norte de Goiás foi separada formando o novo estado do Tocantins,

que do ponto de vista da eletrificação, apresenta características similares, só que com uma

defasagem histórica de algumas décadas. Na época da criação do novo Estado, muitas localidades

ainda eram desatendidas e havia somente um punhado de pequenas centrais (ARAUJO, 2003).

Construída a partir de 1998, opera desde 2002 a usina hidrelétrica do Lajeado, com 860 MW

instalados, no rio Tocantins, próxima da capital Palmas e de Miracema do Norte. Boa parte do

território tocantinense já dispõe de malhas elétricas extensas, alimentadas por meio de algumas

PCHs e da aquisição de energia do sistema interligado, por parte da empresa distribuidora estadual

Celtins, sucessora da Celg na porção Norte do antigo estado de Goiás, e logo adquirida por um

consórcio de empresas, sendo majoritário o grupo Rede de empresas elétricas, com sede em SP.

Somando-se os subtotais obtidos nas tabelas 1, 2, e 3 , vemos que a potência instalada em

usinas no Estado de Goiás, atinge mais de 8.000 Megawatts, considerando-se também as usinas

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localizadas na fronteira GO-MG, pertencentes à Cemig e a Furnas (Emborcação, Itumbiara e São

Simão), - ou algo equivalente a 9,5 % da capacidade nominal total instalada no país, de 84.550

Megawatts em fins de 2003. (cf ANEEL).

Uma Sinopse histórica da extração e industrialização de produtos minerais em Goiás; as relações com a construção urbana e de grandes obras e com a modernização agrícola O próprio registro da História humana busca demarcar suas referências na dependência do

homem em relação aos recursos minerais e aos usos que foi fazendo dos materiais obtidos do solo,

das rochas e do subsolo. Assim, a História antiga se subdivide em Idades da Pedra Lascada e da

Pedra Polida, do Bronze, do Ferro, e mais tarde, em períodos que poderiam por analogia, ser

denominados como as Idades do Aço e demais ligas metálicas, vindo depois as eras dos Minerais

Energéticos (os carvões, o petróleo e o gás, os minerais radiativos). Como hoje se pode falar de

materiais do Futuro (superligas usando metais raros, polímeros inexistentes na natureza,

compósitos como as fibras de carbono e de vidro, a cerâmica de precisão), que apesar de serem

totalmente sintéticos, fabricados, ainda necessitam dos minerais como matéria inicial para sua

elaboração.7 Os materiais valiosos de origem mineral formaram, outrora, o verdadeiro alicerce

econômico da ocupação humana não indígena, de interesse europeu em Goiás, o surto das pedras

preciosas (as esmeraldas, os cristais e diamantes) e do ouro no século XVIII. A sociedade

mercantil, mesmo que seja por esse viés do garimpo escravizador de índios e negros, chegara até o

planalto central goiano e ultrapassara-o na direção dos vales do Tocantins e do Araguaia.8

Pode –se dizer que a mineração e comércio de diamantes, esmeraldas e, principalmente, de

ouro moldaram, no tempo dos bandeirantes e entradistas, a sociedade colonial, que evoluiu até a

época do Vice-Reinado, no final do século XVIII e início do século XIX. A capital da Província se

consolidou em plena região garimpeira de ouro, a cidade de Vila Boa de Goyaz, hoje Goiás Velho,

onde surge uma espécie de burguesia comercial regional, intermediária os mundos “de fora” e “de

dentro”, entre o comercio ultramarino, o tráfico de escravos, a Metrópole, a capital Salvador e

7 O hábito da sociedade moderna de valorizar apenas os bens finais, os produtos acabados, associando a eles a satisfação plena de suas necessidades, é que muitas vezes induz a não perceber mais a importância dos minerais no seu dia a dia. Quem tem consciência que as cores da tela de seu monitor de última geração só seriam possíveis por que o tubo de imagens passou a ser revestido por compostos obtidos a partir de um mineral de terra rara? Ou... que alguém investiu milhões de dólares para descobrir e instalar uma mina nas profundezas da terra e até sob a água do mar ou de um grande rio, para coletar toneladas de cassiterita que pela sua fundição e concentração resulta no estanho, sem o qual não se faz as conexões metálicas mais comuns (soldas) de qualquer equipamento ou rede elétrica? 8 CUNHA, L. L. “Entre cimos nublados uma solidão selvagem. Uma corografia contemporânea da Chapada dos Veadeiros” Thesaurus Editora, Brasília DF, 2001.

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depois o Rio de Janeiro, e os grandes proprietários locais de terras, especialmente de terras com

minérios e gado, e que precisavam de escravos.

No final do século XIX, quando as cidades marítimas e algumas mais próximas da costa já

experimentavam os surtos capitalistas da máquina a vapor, da eletricidade, das ferrovias, no

interior distante, a idéia que prevalecia na sociedade goiana era aquela herdada do passado,

caracterizando a mineração como algo de ações aventureiras, tesouros, riquezas fáceis, mesmo

quando obtidas através de uma garimpagem desenfreada. 9 Ficou clara a decadência da economia,

e firmou-se a reconversão goiana para a subsistência e o pequeno comércio, o gado, uns poucos

bens de troca. Até que, décadas depois, um novo surto de progresso se firmou: algumas manchas

de excelentes terras agrícolas e as potencialidades do chamado Mato Grosso de Goiás entraram na

rota do desenvolvimento capitalista com grande apoio do Estado, exemplificado na construção de

uma ligação ferroviária de SP e MG com a cidade de Anápolis e a nova capital estadual goiana,

construída na década de 1930, e também na implantação das colônias agrícolas, das quais a mais

famosa deu origem à cidade de Ceres.

Ao longo do século XX, porém, essas imagens e a própria realidade da exploração mineral

foram se modificando, sem que haja desaparecido por completo o garimpo. A estrutura produtiva

agroindustrial no Planalto Central Goiano estava se modernizando rapidamente, a construção civil

avançava com a abertura e pavimentação de rodovias (nos anos 1950, a Belo Horizonte-Brasília e

a Brasília-Goiânia-Rio Verde-Jataí-Rondonópolis-Cuiabá; e a Anápolis-Belém, depois a Brasília-

Salvador). As regiões agropecuárias mais expressivas urbanizavam-se de modo peculiar com

vilarejos e sedes municipais bem próximos entre si, numa rede urbana até hoje diferenciada do

restante do Centro Oeste. Por algumas décadas, a ferrovia cumpriu em algumas regiões a sua

função dinamizadora típica, sendo depois quase suplantada pelas estradas perenes, cascalhadas e

pelo asfalto. Neste panorama, como evoluiu a atividade mineradora?

Após alguns séculos, durante os quais esteve associada aos bandeirantes, escravizadores de

índios e aos bandos de garimpeiros e aventureiros, a mineração agora torna - se um campo de ação

de empresas de tipo industrial, com processos de trabalho que podem cobrir várias etapas da cadeia

produtiva, envolvendo a prospecção, a lavra de minérios, seu beneficiamento in loco, seu

transporte, sua concentração em compostos e insumos básicos.

9 CARVALHO, Wanderlino T. Política Mineral Goiana (1960-1986). Dissertação, IG/UNICAMP. Campinas-SP: 1988. p. 65.

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Por incluir uma busca incessante de determinados materiais ao longo do território, como um

rastreamento, a mineração é vista também como desbravadora de fronteiras pelo sertão adentro, e

modernamente, pela Amazônia adentro. De fato, na visão de hoje, a mineração capitalista “abriu

novos espaços” – na prática isto significou fazer estradas, levar máquinas pesadas, desmatar,

instalar motores e eletricidade, mais recentemente instalar campos de pouso, rádios e telefones,

tudo para o avanço da sociedade moderna.

Tudo é agora organizado visando aperfeiçoar e lucrar muito com a posterior fabricação de

mercadorias específicas de uso geral e diversificado: os metais (por exemplo, o níquel), os não

metálicos (por exemplo, argilas, calcários, o amianto), os compostos inorgânicos de maior

aplicação nas demais indústrias e na construção, como cal e cimento, e na agricultura, como os

corretivos de solo ácido e os nutrientes sintéticos da família N-P-K (nitrogênio-fósforo-potássio).

E assim, desde meados do século XX, vimos chegar em Goiás algumas empresas mineradoras,

proclamando-se como portadoras do progresso, do desenvolvimento. Nos anos 1970, com a

implantação das primeiras grandes minas de níquel no centro do então Estado de Goiás, e de

fosfatos na porção Sudeste, os relatórios oficiais falavam novamente na mineração como sendo a

maior contribuição, dentre todos os setores, para o desenvolvimento de Goiás.10

Goiás e o Planalto Central foram durante o século XX o terreno privilegiado, de eventos únicos

na civilização, rupturas deliberadas do arranjo urbano-rural existente, com a decisão e a

concretização de fundar duas novas capitais, uma do Estado e outra do País. Foram construídas

duas grandes cidades do planalto goiano, inteiramente, a partir da estaca zero: Goiânia desde os

anos 1930, e Brasília desde os anos 1950, e mais intensamente nos 1960 e 1970. Também isto

influi bastante nos rumos dos setores que estudamos, a eletricidade, a mineração, a agroindústria:

foram lá utilizados volumes excepcionais dos chamados materiais básicos de construção, os quais

dependem de extração mineral feita em grande escala em uma ou poucas jazidas (caso das

cimenteiras e das caieiras de maior porte), ou então, nos demais casos, dependem de uma produção

feita numa escala bem mais difusa, com locais de extração e fabricação em vários pontos do

território, (caso da cerâmica vermelha, tijolos, telhas, manilhas, e das areias, seixos e britas), cada

local funcionando em pequena ou média escala, porém com um grande volume somado

abastecendo a construção e o crescimento das cidades.

10 É que se extrai da leitura do Relatório Anual da Secretaria de Abastecimento do Estado de Goiás, de 1978, intitulado Desempenho político e econômico da industria de mineração.

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São ainda mais notáveis os requerimentos de suprimento de cimento, de cal, e de ferragens e

peças metálicas principalmente nas chamadas grandes obras, ou seja, os grandes edifícios, as

pontes, os viadutos, e também nas obras de barragens e usinas hidrelétricas. Não se pode ter

certeza ainda se as obras de mega-usinas no rio Paranaíba e no Tocantins, nos anos 1970 a 1990,

foram ou não abastecidas com cimento fabricado em Goiás e no DF; uma parte certamente o foi.

Para se ter uma idéia comparativa, a barragem da usina de Serra da Mesa tem uma casca de

concreto com 140 metros de altura, e juntamente com as de Foz do Areia, no rio Iguaçu e de

Xingó, no rio São Francisco, forma o grupo das mais altas do país.

A barragem de Itumbiara com mais de 6 km de comprimento apresenta o maior volume de

paredão (volume de enrocamento terra - rocha mais volume de concretagem) na bacia do Paraná,

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com quase 40 milhões de m3, e as de São Simão e de Emborcação têm mais de 20 Mm3. 11 Cada

uma destas obras consome cimento numa faixa de 0, 5 a 1,5 milhão de toneladas de cimento, o que

corresponde à produção anual de uma fábrica de médio porte (as maiores cimenteiras fabricam de

2 a 3 milhões de toneladas / ano, cf. SANTI, 2003).

Essa moderna indústria mineral opera com previsões de longo prazo, pois a maturação de seus

investimentos somente se daria após muitos anos, e com risco alto; estando localizadas as minas

em operação e as jazidas prováveis de serem lavradas num território interiorizado, distante das

maiores cidades e dos portos, deve existir previamente uma infra-estrutura adequada, que suporte o

suprimento de eletricidade, combustíveis, explosivos e insumos em grandes fluxos, e que suporte o

escoamento de grandes tonelagens produzidas.

Sob o peso de tais tipos de argumentos, as empresas tudo condicionam à vigência das

chamadas regras estáveis, como uma espécie de condição necessária para os capitais serem

“atraídos” e os empreendimentos serem bem sucedidos, produzindo os benefícios econômicos e

sociais anunciados. Conforme comenta CARVALHO:

“Nesta perspectiva, os capitais inter-regionais e transnacionais esperam que o Estado adote

um plano plurianual e que se mantenha como um eficiente instrumento para orientar as políticas

públicas e o planejamento governamental e empresarial, e que, adicionalmente, viria a contribuir

para divulgar a essencialidade dos bens minerais para o bem estar da sociedade moderna e para

a economi” 12.

Nesse contexto, os governos estaduais e federais não pouparam esforço político nem

econômico – por meio dos financiamentos de bancos estatais e no endosso de endividamentos

externos - para promover a modernização da indústria mineral e da agro-indústria. 13 Desde a

década de 1970, o território goiano se consolida como importante área de expansão geográfica da

agricultura capitalista, expansão de âmbito inter-regional, e do ponto de vista comercial e

financeiro, um crescimento com a participação dos capitais transnacionais. Assistiu-se à

11 Ref. SEVÁ, A. O., in SANTOS, L. A. O, e ANDRADE, L.M.M. (Orgs) “As Hidrelétricas do Xingu e os Povos Indígenas”, Comissão Pró-Indio de SP, pp 36-37. 12 CARVALHO. Op. Cit. p. 122. 13 Um bom anti-exemplo, aliás, é o dos subsídios impostos pelo Governo federal às custas das empresas estaduais de eletricidade, para favorecer grupos econômicos nacionais e estrangeiros grandes consumidores de eletricidade, por exemplo, as mineradoras. A CELG cobrava do governo federal, em Junho de 2003, cerca de 200 milhões de reais, que foram descontados na conta mensal de energia da empresa Codemin, em Niquelândia, GO; o que foi considerado uma forma de subsídio, desde 1993 até maio de 2004, quando o mecanismo foi suspenso por uma liminar atendendo à petição da CELG. Cf FOLHA On Line, 16 junho 2003, E. CUCOLO, in EFEI EnergyNews num 342.

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diversificação de culturas agrícolas lá praticadas, com um acelerado processo de aumento das áreas

cultivadas com soja, milho, sorgo, e com a incorporação de novas tecnologias, p.ex. melhoramento

genético, mecanização, irrigação.

TEIXEIRA avalia, no início da década de 1990, da seguinte forma:

“A estrutura de produção existente foi drasticamente afetada, ocorrendo uma redução da

participação relativa das tradicionais culturas, principalmente arroz e feijão, e aumento da

importância de culturas voltadas à exportação, geração de energia e utilização como matéria-

prima das agroindústrias” 14.

Um mecanismo que vigora nos contratos de crédito agrícola feitos com o Banco do Brasil e

outros bancos teve grande importância nesta conexão entre a modernização agrícola e o uso de

insumos minerais, químicos e energéticos.

É prescrita para o tomador de empréstimo para financiamento das safras e da comercialização

uma vinculação técnica, pré-dimensionada, da utilização de tais ou tais tipos de tratores e de

máquinas agrícolas, e de equipamentos e instalações de armazenamento, - o quê direciona o

consumo de combustíveis na frota agrícola e a eletrificação das sedes das fazendas, por meio da

compra de geradores portáteis, ou pela instalação de mini-turbinas em açudes ou em quedas d

água, ou então pelo investimento convencional, estendendo a rede de distribuição regional

(eletrificação rural).

Por exemplo, no Sudoeste goiano, vigora desde 1991 um acordo de financiamento entre a

CELG e o Fundo de cooperação japonês OECF, com a participação do Ministério da Agricultura e

do Programa Nacional de Irrigação; foram eletrificadas em dez anos quase 1000 propriedades, e

construídos mais de 2000 km de linhas de distribuição rural.15 Conforme levantamento feito em

nossa pesquisa na região, a maioria das fazendas conta com transformadores de 10 a 40 kVA, e

consome mensalmente de 1.500 a 4.000 kW. Hora.

Outra forte tendência nas duas últimas décadas é o intenso processo de agro-industrialização

atingindo outros ramos produtivos e buscando outros nichos de mercado, seja no fornecimento

para os grandes mercados do Sudeste, Sul e Nordeste brasileiros, seja para exportação.

14 TEIXEIRA, S. M. (Coord.). Análise sócio-econômica da agricultura em Goiás. Editora Kelps, Goiânia: 1999. 15 CELG. NTD – 07. Critérios de Projetos de Redes de Distribuição Rural. Goiânia, CELG, dezembro. 1997. p. 14.

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Outra tendência marcante no chamado agrobusiness também se confirma em Goiás: a crescente

incorporação de empresas nacionais pelas multinacionais. Dois exemplos: o grupo Monsanto

adquiriu recentemente duas grandes empresas brasileiras de sementes, a FT Sementes e a

Agroceres S. A, tornando-se um dos maiores grupos na área de herbicidas e de sementes, e

participa ativamente na expansão do plantio direto nas áreas do Cerrado16; o outro é o Grupo

anglo-holandês Unilever que comprou a Arisco em 2000, passando a deter grande parte do

mercado de enlatados e atomatados, com duas fábricas importantes: a Arisco em Goiânia e a Cica

em Rio Verde.

Neste movimento regional e ao mesmo tempo internacional, se compreende melhor como

foram sendo criadas as novas agroindústrias nos municípios de Rio Verde, Jataí, Mineiros do

Oeste, indo até Itumbiara e São Simão, na beira do Paranaíba, a maioria delas processando carnes e

cereais. É nesse sudoeste goiano e no Vale do Araguaia que se concentram os maiores frigoríficos

e abatedouros: Perdigão, Frigoestrela, Frigoalto, Frango Galle, FrigoBoi, além de outros ramos de

produção alimentar nas fábricas Coimbra, Comigo, Caramuru, ( óleo e farelo de soja e de milho)

Nestlé( laticínios).

Também se incluem nesse mesmo surto de industrialização goiana, algumas novas fábricas de

produtos químicos e farmacêuticos no eixo Goiânia - Anápolis; e não por acaso, uma das maiores

centrais termelétricas do Estado foi instalada no DAIA - Distrito Agroindustrial de

Anápolis(tabela3) . Segundo REZENDE, a explicação para a essa explosão do agrobusiness no

Planalto Central Goiano, no caso da soja, se explica menos pelos novos conhecimentos sobre o

manejo dos solos de cerrado e mais pela descoberta de novas variedades dessa leguminosa mais

aptas às condições da região.

Além dessas vantagens associadas a inovações da Biologia aplicada, o autor registra outros

aspectos ainda pouco enfatizados na análise da agricultura regional, como a maior viabilidade da

motomecanização agrícola, contribuíram para a grande expansão da soja em Goiás. Essa aptidão

agroindustrial refere-se mais às características da topografia do que às do solo, que sabidamente é

menos fértil que muitos solos do Sudeste e do Sul do país.

16 O termo Plantio Direto é originado do conceito de "zero tillage", considerando-se que os ingleses e americanos foram os primeiros a mecanizarem esse sistema, reconhecido como avanço tecnológico fundamental, por significar o plantio sob resíduos de cobertura vegetal, com o mínimo de interferência nesse solo ao se plantar sementes ou mudas.

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Os maiores gastos dos fazendeiros se dão com a correção do solo (aplicação de calcário,

alcalino, que permite diminuir a acidez natural do solo, ou simplesmente, a calagem) e com a

adubação artificial (ou seja, a aplicação de compostos de nitrogênio, fósforo e potássio que são

sintéticos, fabricados a partir de compostos encontrados nas rochas e a partir de derivados de

petróleo).

Gastos que seriam compensados não só pelo menor preço da terra, mas pelos ganhos de escala

devido ao emprego da mecanização em várias etapas do ciclo agrícola, da abertura e limpeza do

terreno até a mecanização da colheita e do pré-beneficiamento no campo.17

Pelo mesmo motivo, também é exigida, nos contratos de financiamento agrícola - e em muitos

casos, mesmo não sendo exigida, tornou-se uma prática generalizada - a adoção de tais e tais

parâmetros de correção do solo e de nutrição sintética das plantas. O quê por sua vez, exige tanto

de corretivo, por exemplo, tantos kg de calcário dolomítico, por hectare de terra a ter corrigida a

sua acidez . De modo similar, a adoção de tais ou tais tipos de inseticidas, herbicidas, fungicidas,

implica, por exemplo, a aplicação de x litros por unidade de área plantada a ser protegida das

pragas, ou por tonelada de produto colhido a ser “imunizado”, etc...

Com isto, a conhecida modernização agrícola, hoje tão visível em extensas paisagens goianas,

depende também do bom desempenho da industria de mineração, sejam aquelas minas e fábricas

localizadas em Goiás, ou as localizadas em estados próximos. O Estado de Goiás havia criado uma

17 Segundo REZENDE (p. 17)... a retirada do subsídio à mecanização agrícola alterou as vantagens comparativas regionais e contribui para a redistribuição da produção agrícola brasileira. O Centro-Oeste ganhou vantagens comparativas nas atividades onde economias de escala são maiores; ...e as regiões Sul e Sudeste. tornaram-se mais competitivas nas atividades de menor escala e/ou mais intensivas de mão-de-obra”.

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empresa especifica para o setor mineral, a Metago, em 1961, tornou-se uma empresa importante na

economia e na política estaduais.

A partir de 1998, no governo Marconi Perillo, a empresa foi privatizada, e algumas subsidiárias

foram repassadas para grupos privados, p.ex. a Goiás Cal, em Perolândia, a Moinhos Calcário, em

Montividiu. Merecem destaque ainda a continuidade da extração de ouro na região de Mozarlândia

e do rio Crixás (p.ex. a Mineração Serra Grande e a filial local da AngloGold), as fábricas de

cimento: Cimento Tocantins, no DF, a Cimento Goyaz, em Posselândia, outras em Cocalzinho e

próximo de Uruaçu, a Parmatex; e o pólo de produção de nutrientes sintéticos tipo NPK, baseado

na exploração de rocha fosfática no Sudeste, região de Catalão (fábricas Ultrafertil, Copebras).

Tendências do consumo de eletricidade em Goiás e o processo de eletrificação

Em nossa busca pelas correlações entre o processo de eletrificação e estas duas forças motrizes

da economia estadual, que são a mineração e a agroindústria, já vimos como, qualitativamente as

atividades se vinculam, se conectam. Mas não é ainda o suficiente, pois temos de passar

obrigatoriamente pelos números, captando a dimensão relativa dos mercados de eletricidade.

Baseando-se nos números do BEN - Balanço Energético Nacional de 2004, o consumo final de

eletricidade entre 1989 e 2003 aumentou em Goiás cerca de 81%, chegando a um montante anual

de 6,4 milhões de MWH. A parcela industrial da eletricidade total consumida chega a 28%, e

aumentou de 27% no período; os setores mais ponderáveis são os de alimentos e bebidas, que

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representou em 2003 quase 35% do total industrial, com 638 mil MWH e o de mineração, com

metade deste valor. Enquanto isto, o consumo rural de eletricidade foi multiplicado por 5 vezes,

chegando em 2003 com uma fatia de 11% do consumo total estadual.

Conforme os dados de despacho de carga obtidos no Centro de Operações da CELG, em

Goiânia (ARAÚJO, 2003, pp 118-120), a demanda máxima chegou perto de 1.400 Megawatts (em

Junho de 2003); um pequeno conjunto de dez consumidores industriais, quase todos empresas de

mineração e processadoras de minérios, atingiu uma demanda máxima de 170 Megawatts, pouco

mais de 12% do montante estadual.18 No consumo estadual de eletricidade, da ordem de 680 mil

Megawatts.Hora no mês de Junho de 2003, as 10 indústrias participaram com quase 100 mil

MWH, quase 15% do total.

Com tais correlações já identificadas, nossa pesquisa prosseguirá com o objetivo de confirmá-

las e de buscar outras, entre os três setores econômicos mais ponderáveis no aproveitamento dos

recursos naturais do estado de Goiás: a mineração, a agroindústria e a hidreletricidade. A dinâmica

recente desses setores é provavelmente bastante representativa da inserção da política e da

economia goianas na atual fase internacionalizante da economia brasileira. Continua sendo

aplicada a metodologia de pesquisa proposta de modo pioneiro no Brasil, por ocasião do 1o

Seminário História e Energia, 1986, pelo historiador R. MARANHÃO, 1988(p.120) estabelecendo

a correlação factual e conceitual entre os processos de industrialização e de eletrificação:

“Trata-se sim de procurar ver de maneira global o caráter sócio-histórico da eletrificação. Nesta estruturação do setor elétrico como fenômeno social, uma baliza decisiva é a questão da própria dependência externa, ...e outra é a idéia da energia elétrica como bem público, que o conceito de processo social da eletrificação deve levar em conta, isto é : deve-se precisar o caráter político da energia elétrica.

Desde um primeiro momento, ela é um serviço público, e portanto, objeto de um poder concedente, objeto de uma decisão do Estado em concedê-la. Decorre daí a imediata “politização” das ações das empresas produtoras de energia elétrica”. 19

18 As indústrias são: # as de extração e concentração de níquel, a Níquel Tocantins ou CNT (grupo Votorantim) e Codemin, no município de Niquelândia, ambas com subestações próprias, interligadas em 230 kiloVolts com as subestações da usina Serra da Mesa e com o segmento Barro Alto – Brasília - Samambaia, tudo operado pela empresa Furnas; # a mineração de amianto do grupo europeu SAMA (Eternit - Saint Gobain), em Minaçu, município vizinho às duas usinas Serra da Mesa e Canabrava; # o Centro de operações do oleoduto Paulínia-Goiás-Brasília,m da Petrobrás, no município de Senador Canedo; # as mineradoras de rocha fosfática e preparadoras de nutrientes NPK , Ultrafertil, Catalão, no extremo sudeste do estado, e a mineradora Mineradora Serra Grande; # a mineradora e fábrica de cimento Goiás, em Guapó, a Mineração Bertin, e a fábrica de produtos embutidos da Perdigão em Rio Verde. 19 Afastando-nos da idéia de que há um “setor” elétrico atuando num conjunto de n outros setores, adotamos um pressuposto que está no trabalho de MORET, 2003 sobre a eletrificação em Rondônia, e que resume bem: “Combustíveis e eletricidade estruturam todos os aspectos da atividade econômica, produtiva e reprodutiva, constituindo campos de ação política local, regional, federal... até os níveis internacionais” (p. 6).

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TEIXEIRA, S. M. (Coord.). Análise sócio-econômica da agricultura em Goiás. Ed. Kelps. Goiânia: 1999 Sítios Eletrônicos visitados entre março a maio de 2004: www.celg.cmo.br ; www.furnas.com.br ;

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