7
BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 258 Unitermos: Desnutrição. Avaliação Nutricional. �sta�o Nutri�sta�o Nutricional. Keywords: Malnutrition. Nutrition Assessment. Nutritional Status. Endereço para correspondência: Franciele Maciel Campos Rua Paranaíba Q�. 09 Lt. 04 – Divino �spírito Santo – Mineiros, GO, Brasil – C�P 75830�000. �mail: [email protected] Submissão 5 �e junho Aceito para publicação 10 �e outubro RESUMO Introdução: A �esnutrição hospitalar tem alta prevalência e apresenta correlação com o aumento �a morbimortali�a�e. Recomen�a�se o uso �e triagem nutricional precoce para garantir uma terapia nutricional a�equa�a e re�ução �as complicações. O objetivo �este trabalho foi avaliar a concor�ância e acurácia entre méto�os subjetivos �e avaliação �o esta�o nutricional com �esfechos clínicos em pacientes cirúrgicos �e um hospital público �o Distrito Fe�eral, Brasil. Método: Foi realiza�o um estu�o �e acurácia e correlação �e �esfechos em um hospital público �o Distrito Fe�eral. Aplicaram�se, em até 72 horas �a a�missão, a Avaliação Subjetiva Global (ASG) e ferramenta �e �iagnóstico nutricional �a AND�ASP�N (Aca�emy of Nutrition an� Dietetics – American Society of Parenteral an� �nteral Nutrition), assim como parâmetros antropométricos. Os �esfechos avalia�os foram: presença �e complicações infecciosas e não�infecciosas, tempo �e internação ou óbito. Foram calcula�os mé�ias, �esvio pa�rão, teste �o Qui�qua�ra�o, sensibili�a�e, especifici�a�e, valor pre�itivo positivo e negativo e Kappa. Resultados: Foram avalia�os 153 pacientes, cujo tempo mé�io �e internação foi 6,36 ±6,66 �ias. Houve associação positiva entre tempo �e internação e complicações infecciosas e não�infecciosas (p<0,00001), assim como em relação aos pacientes classifica�os como �esnutri�os por qualquer uma �as ferramentas. �m relação à acurácia �o méto�o, foi encontra�a especifici�a�e �e 100%, sensibili�a�e �e 87% e acurácia �e 88%, consi�era�o satisfatório. Conclusão: A presença �e �esnutrição i�entifica�a tanto pela ASG quanto pela AND�ASP�N foi associa�a a maior ocorrência �e complicações infecciosas e não�infecciosas. Por ser um méto�o recente e inova�or, mais estu�os são necessários para consoli�ação �o uso �essa ferramenta em pacientes hospitaliza�os. ABSTRACT Introduction: Hospital malnutrition has a high prevalence an� is correlate� with increase� morbi�ity an� mortality. �arly nutritional screening is recommen�e� to ensure a�equate nutritional therapy an� re�uction of complications. The objective of this stu�y was to evaluate the agreement an� accuracy between subjective metho�s of assessment of nutritional status with clinical outcomes in surgical patients of a public hospital in the Fe�eral District, Brazil. Methods: A stu�y accuracy an� correlation of outcomes in a public hospital in the Fe�eral District was con�ucte�. It is applie� within 72 hours of a�mission to Subjective Global Assessment (SGA), an� the new nutritional �iagnostic tool AND�ASP�N (Aca�emy of Nutrition an� Dietetics � American Society of Parenteral �nteral Nutrition in) as well as anthropometric parameters. The outcomes evaluatewere: presence of infectious an� noninfectious complications, time of hospitalization or �eath. Outcomes were evaluate� until 28 �ays after hospital a�mission by the presence of infectious an� non�infectious complications, length of stay or �eath. Results: A total of 153 patients, whose average length of stay was 6.36 ± 6.66 �ays. There was a positive association between length of stay an� complications (p<0.00001), as compare� to patients classifie� as malnourishe� by either tool. With respect to vali�ation, a specificity of 100% was foun�, sensitivity of 87% an� accuracy of 88% which gives a satisfactory result for the in�icators. Conclusions: Malnutrition i�entifie� both by ASG as the AND�ASP�N was associate� with a higher inci�ence of infections an� non�infectious complications. Because it is a new an� innovative metho�, further stu�ies are nee�e� to consoli�ate the use of this tool in hospitalize� patients. 1. Residente do Programa de Residência em Nutrição Clínica, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil. 2. Preceptora do Programa de Residência em Nutrição Clínica, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil. Correlação e acurácia de métodos subjetivos de avaliação do estado nutricional com desfechos clínicos em pacientes cirúrgicos Correlation and accuracy of subjective methods of nutritional assessment with clinical outcomes in surgical patients A Artigo Original Franciele Maciel Campos¹ Norma Guimarães Marshall 2

Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

258

Campos FM et al.

Unitermos: Desnutrição. Avaliação Nutricional. �sta�o Nutri��sta�o Nutri�cional.

Keywords: Malnutrition. Nutrition Assessment. Nutritional Status.

Endereço para correspondência: Franciele Maciel CamposRua Paranaíba Q�. 09 Lt. 04 – Divino �spírito Santo – Mineiros, GO, Brasil – C�P 75830�000. ��mail: [email protected]

Submissão 5 �e junho

Aceito para publicação 10 �e outubro

RESUMO Introdução: A �esnutrição hospitalar tem alta prevalência e apresenta correlação com o aumento �a morbimortali�a�e. Recomen�a�se o uso �e triagem nutricional precoce para garantir uma terapia nutricional a�equa�a e re�ução �as complicações. O objetivo �este trabalho foi avaliar a concor�ância e acurácia entre méto�os subjetivos �e avaliação �o esta�o nutricional com �esfechos clínicos em pacientes cirúrgicos �e um hospital público �o Distrito Fe�eral, Brasil. Método: Foi realiza�o um estu�o �e acurácia e correlação �e �esfechos em um hospital público �o Distrito Fe�eral. Aplicaram�se, em até 72 horas �a a�missão, a Avaliação Subjetiva Global (ASG) e ferramenta �e �iagnóstico nutricional �a AND�ASP�N (Aca�emy of Nutrition an� Dietetics – American Society of Parenteral an� �nteral Nutrition), assim como parâmetros antropométricos. Os �esfechos avalia�os foram: presença �e complicações infecciosas e não�infecciosas, tempo �e internação ou óbito. Foram calcula�os mé�ias, �esvio pa�rão, teste �o Qui�qua�ra�o, sensibili��a�e, especifici�a�e, valor pre�itivo positivo e negativo e Kappa. Resultados: Foram avalia�os 153 pacientes, cujo tempo mé�io �e internação foi 6,36 ±6,66 �ias. Houve associação positiva entre tempo �e internação e complicações infecciosas e não�infecciosas (p<0,00001), assim como em relação aos pacientes classifica�os como �esnutri�os por qualquer uma �as ferramentas. �m relação à acurácia �o méto�o, foi encontra�a especifici�a�e �e 100%, sensibili�a�e �e 87% e acurácia �e 88%, consi�era�o satisfatório. Conclusão: A presença �e �esnutrição i�entifica�a tanto pela ASG quanto pela AND�ASP�N foi associa�a a maior ocorrência �e complicações infec�ciosas e não�infecciosas. Por ser um méto�o recente e inova�or, mais estu�os são necessários para consoli�ação �o uso �essa ferramenta em pacientes hospitaliza�os.

ABSTRACTIntroduction: Hospital malnutrition has a high prevalence an� is correlate� with increase� morbi�ity an� mortality. �arly nutritional screening is recommen�e� to ensure a�equate nutritional therapy an� re�uction of complications. The objective of this stu�y was to evaluate the agree�ment an� accuracy between subjective metho�s of assessment of nutritional status with clinical outcomes in surgical patients of a public hospital in the Fe�eral District, Brazil. Methods: A stu�y accuracy an� correlation of outcomes in a public hospital in the Fe�eral District was con�ucte�. It is applie� within 72 hours of a�mission to Subjective Global Assessment (SGA), an� the new nutritional �iagnostic tool AND�ASP�N (Aca�emy of Nutrition an� Dietetics � American Society of Parenteral �nteral Nutrition in) as well as anthropometric parameters. The outcomes evaluate� were: presence of infectious an� noninfectious complications, time of hospitalization or �eath. Outcomes were evaluate� until 28 �ays after hospital a�mission by the presence of infectious an� non�infectious complications, length of stay or �eath. Results: A total of 153 patients, whose average length of stay was 6.36 ± 6.66 �ays. There was a positive association between length of stay an� complications (p<0.00001), as compare� to patients classifie� as malnourishe� by either tool. With respect to vali�ation, a specificity of 100% was foun�, sensitivity of 87% an� accuracy of 88% which gives a satisfactory result for the in�icators. Conclusions: Malnutrition i�entifie� both by ASG as the AND�ASP�N was associate� with a higher inci�ence of infections an� non�infectious complications. Because it is a new an� innovative metho�, further stu�ies are nee�e� to consoli�ate the use of this tool in hospitalize� patients.

1. Residente do Programa de Residência em Nutrição Clínica, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil.

2. Preceptora do Programa de Residência em Nutrição Clínica, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil.

Correlação e acurácia de métodos subjetivos de avaliação do estado nutricional com desfechos clínicos em pacientes cirúrgicosCorrelation and accuracy of subjective methods of nutritional assessment with clinical outcomes in surgical patients

AArtigo Original

Franciele Maciel Campos¹ Norma Guimarães Marshall2

Page 2: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

Correlação e acurácia �e méto�os subjetivos �e avaliação �o esta�o nutricional com �esfechos clínicos em pacientes cirúrgicos

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

259

INTRODUÇÃO

No ambiente hospitalar, a desnutrição é prevalente, como verificado pelo Estudo Latino-Americano de Nutrição (ELAN)1 e o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI)2, na América Latina e no Brasil, que demons-traram que cerca de 50% da população avaliada apresen-tavam algum tipo de desnutrição. A desnutrição hospitalar também está associada ao aumento da mortalidade, morbi-dade, risco de infecções, dificuldade de cicatrização, tempo de internação e custos hospitalares3,4.

A desnutrição em pacientes cirúrgicos pode ser causada tanto por condições socioeconômicas, como também pelo fato de o trauma induzir ao aumento do catabolismo, especialmente naqueles com doenças gastrintestinais, mais vulneráveis a condições clínicas, como ingestão alimentar insuficiente, má-absorção intestinal e expressiva perda de massa muscular2,5.

Quando se identifica precocemente a desnutrição, torna-se possível a intervenção nutricional adequada, que

possibilita recuperação mais rápida do estado nutricional e a possível minimização de complicações clínicas6,7.

Com o passar das décadas, foram criadas diversas ferra-mentas com o objetivo de avaliar o estado nutricional, adap-tadas ao público e tipo de serviço hospitalar oferecido. Avaliação Subjetiva Global (ASG) é validada em pacientes cirúrgicos. Essa ferramenta é reconhecida mundialmente e, muitas vezes, consi-derada o padrão ouro de Avaliação Nutricional Subjetiva6-8.

Um método subjetivo de avaliação e diagnóstico nutri-cional foi proposto em 2012, após reunião entre especia-listas durante os congressos da ASPEN (American Society for Parenteral and Enteral Nutrition) e ESPEN (European Society for Clinical Nutrition and Metabolism) e, sugere a análise da causa da desnutrição baseada na sua etiologia (doença aguda ou crônica) e quanto à gravidade (em grave ou não grave). Tudo isso baseado no pressuposto de que a infla-mação associada a situações clínicas agudas ou crônicas contribui para a piora do estado nutricional, com uma maior perda muscular (Figura 1 e Quadro 1)9-11.

Quadro 1 – Relação entre presença de infecção e desnutrição.

Sem Inflamação Com Inflamação

Desnutrição não relacionado à doençaOUDesnutrição relacionada à inanição

Desnutrição relacionado à doença

Doença: aguda = < 3 meses (Inflamação grave)= trauma, queimaduras, Infecção grave, pancreatite aguda, sepse, grandes cirurgias, necroses,

radiação, DII, TU vários graus Inanição Anorexia nervosa Fome crônica pura

Doença Crônica => 3 meses (Inflamação L/M) = Ex: CH, câncer de pâncreas, falência de órgãos, artrite reumatoide, obesidade sarcopênica

Em 1 semana ocorre ↑catabolismo proteico para produzir glicose, a seguir há resposta de adaptação ao jejum

↑PCR e ↓ Albumina, ↑ febre, ↑ do metabolismo e das necessidades, Má absorção, diarreia, ↑ proteólise, PTN de fase aguda, produção de radicais livres,

cobre sanguíneo, ↓ capacidade de cicatrização, intelectual e funcional, ↓ MM e tecido adiposo ↑ tempo de internação

Figura 1 - Definições de desnutrição baseada na etiologia.

Page 3: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

260

Campos FM et al.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a concordância e acurácia entre métodos subjetivos de avaliação do estado nutricional com desfechos clínicos em pacientes cirúrgicos de um hospital público do Distrito Federal.

MÉTODO

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), sob o número de protocolo 960.637∕15. Os pacientes foram informados minuciosamente sobre os objetivos da pesquisa, riscos e benefícios, bem como dos parâmetros a serem avaliados e cada um assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Todos os dados foram mantidos em sigilo, assegurando o anonimato dos sujeitos de pesquisa, de acordo com a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (CNS/MS).

Foi realizado de abril a junho de 2015, um estudo de acurácia, prospectivo observacional analítico e de concor-dância de métodos subjetivos de avaliação do estado nutri-cional com desfechos clínicos, em um hospital público do Distrito Federal, o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), na unidade de Cirurgia Geral.

Foram incluídos todos os pacientes internados durante os 3 meses referentes ao período de coleta de dados da pesquisa para realizar cirurgia do trato gastrointestinal, sendo excluídos os pacientes menores de 18 anos, os internados há mais de 3 dias em outra unidade hospitalar; pacientes que realizaram cirurgia bariátrica ou urológica; pacientes que foram reinternados com complicações no período anterior ao início da pesquisa; os incapazes de informar os dados necessários para a realização das avaliações ou que não tivessem acompanhante apto para esse fim, cirurgias cance-ladas, pacientes que tiveram transferência para outro hospital antes do tempo necessário para acompanhar o desfecho.

Foram coletados dados referentes à identificação dos pacientes, diagnóstico, data de internação e alta, tempo de internação, cirurgia realizada, antropometria, resultados das avaliações nutricionais, além de desfechos clínicos e complicações pós-operatórias, sendo estes registrados em um formulário de coleta de dados.

A avaliação nutricional foi realizada com a aplicação simultânea da ASG e AND-ASPEN, sendo realizada por um único profissional, treinado para esse fim, em até 72 horas da admissão. A ASG avalia critérios de integração da história clínica recente (alteração de peso recente e ingestão alimentar, sintomas gastrintestinais, capacidade funcional, estresse meta-bólico da doença) e exame físico, que analisa perda de tecido adiposo subcutâneo e tecido muscular, presença de ascite e edema). A análise de todos os itens forma em seu conjunto o diagnóstico nutricional final de: A (bem nutrido), B (modera-damente desnutrido) ou C (gravemente desnutrido).

O método AND-ASPEN classifica a doença em aguda ou crônica, considerando o tempo de acometimento pela doença: até 3 meses, doença aguda, e tempo superior, em doença crônica. Para definição da gravidade da desnutrição, são avaliados os critérios: ingestão energética; perda de peso recente; perda de gordura subcutânea e de tecido muscular; presença de edema e força do aperto de mão. Para diag-nóstico da desnutrição, um mínimo de dois (2) parâmetros avaliados devem apresentar alteração. Para cada parâmetro é realizada uma análise subjetiva e classificação em “sem alteração”, “alteração leve a moderada” e “alteração impor-tante”. A análise de todos os parâmetros em seu conjunto favorece a classificação do diagnóstico nutricional em: “não desnutrido”, “desnutrido não grave” e “desnutrido grave”. No momento da coleta de dados, o serviço ainda não possuía dinamômetros para avaliação da força de aperto de mão.

O peso dos pacientes foi aferido com balança eletrônica digital portátil, a estatura foi aferida com uso de estadiômetro e para os acamados, foi utilizada a aferição da altura recum-bente, com o paciente trajando roupas leves e sem sapatos. Nos casos em que não foi possível aplicar nenhum método recorreu-se à utilização do peso e altura referidos. O índice de massa corporal foi calculado em sequência (kg∕m²). A classificação foi feita com base na Organização Mundial de Saúde12, para pacientes de 19 a 59 anos de idade, e Lipschitz13, para pacientes de 60 anos ou mais.

A avaliação dos desfechos foi realizada por análise de óbitos, alta ou permanência na unidade de internação e reinternações em até 28 dias após a avaliação. As compli-cações pós-operatórias foram classificadas em infecciosas ou não-infecciosas. Consideraram-se complicações pós-operatórias anormalidades que ocorreram no período após a operação. As complicações não-infecciosas foram aquelas em que houve exacerbação de doenças prévias ou insuficiências orgânicas, deiscências e fístulas. Compli-cações infecciosas consideraram-se sepse, pneumonia e infecção da ferida operatória.

O porte das cirurgias foi verificado pela avaliação da descrição do procedimento cirúrgico no prontuário eletrônico do paciente, que levou em consideração tempo da cirurgia, tamanho da incisão e avaliação do próprio cirurgião.

Os dados foram tabulados utilizando o software Micro-soft Excel® 2013. Para análise dos resultados, foi utilizado o software estatístico R versão 3.1.0, com auxílio do ambiente de trabalho RStudio. As médias estão descritas juntamente com o desvio padrão. A associação e significância estatística foram testadas pelo teste Qui-quadrado com a correção de Yates para duas variáveis dicotômicas. Foi avaliada a acurácia dos instrumentos de avaliação nutricional, por meio do cálculo da especificidade, da sensibilidade, do valor predi-tivo positivo e do valor preditivo negativo. Para possibilitar a

Page 4: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

Correlação e acurácia �e méto�os subjetivos �e avaliação �o esta�o nutricional com �esfechos clínicos em pacientes cirúrgicos

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

261

O tempo médio de internação hospitalar foi de 6,36 ±6,66 dias. Ao se estratificar observou-se que os pacientes com complicações estiveram internados por uma média de 13,2±9,3 dias (infecciosas 12,5±9 dias e não-infecciosas 14,4±10 dias). Após o período de acompanhamento dos desfechos, 9 pacientes permaneceram internados na unidade hospitalar.

Os resultados da aplicação da ASG mostraram que 10% da amostra apresentavam algum grau de desnu-trição, enquanto que pela AND-ASPEN 22% apresentavam desnutrição. Os resultados da aplicação da ASG e AND-ASPEN com seus respectivos graus de desnutrição podem ser observados na Tabela 2.

Pela análise dos dados, verificou-se que a associação entre tempo de internação e complicações teve diferença significativa (p<0,00001). Entre os pacientes que ficaram internados por até 15 dias aproximadamente, 17% tiveram complicações. Já quando se analisaram aqueles que ficaram mais de 15 dias internados, esse número cresceu para mais de 82% dos pacientes.

Resultados similares foram encontrados quando inves-tigada a associação do estado nutricional da amostra e o tempo de internação. Observou-se que, independente-mente do método de avaliação nutricional empregado, 15% dos pacientes desnutridos apresentaram internação menor de 15 dias. Porém, quando se considerou o tempo de internação maior que 15 dias, esse valor aumentou para 50% e 76,5% para o método de avaliação ASG e AND-ASPEN, respectivamente. Nove pacientes permane-ceram internados após o período de 28 dias de avaliação dos desfechos.

Verificou-se, também, uma associação positiva entre pacientes com perda ponderal e tempo de internação (p=0,00001), ou seja, pacientes com maior perda de peso apresentaram tempo de internação mais prolongado.

Não houve diferença estatística significativa entre os idosos desnutridos segundo a ASG e a ocorrência de complicações (p=0,1043), mas quando se utilizou a AND-ASPEN essa diferença foi observada (p=0,00868). As demais associações relacionadas aos idosos podem ser observadas na Tabela 3.

Em relação à acurácia do método AND-ASPEN, foi evidenciada uma sensibilidade (capacidade de identificar o paciente desnutrido) de 87% e especificidade (capacidade de identificar o paciente que não apresenta desnutrição) de 100%. O valor preditivo positivo foi de 100% e o negativo de 48,5%. A acurácia mostra que a aceitação dos dados é de 88%, o que significa um resultado satisfatório para os indicadores utilizados. Dentro da escala de estudo, o índice Kappa encontrado de 0,59% é considerado regular (Tabela 4).

comparação entre os métodos de avaliação nutricional (AND-ASPEN e ASG), os pacientes classificados pela AND-ASPEN como "desnutridos não graves" e "desnutridos graves" foram agrupados como "pacientes desnutridos", assim como os pacientes classificados como "moderadamente desnutridos" e "gravemente desnutridos" pela ASG. Para avaliação de concordância entre os instrumentos de avaliação de diagnós-tico do estado nutricional, foi calculado o coeficiente Kappa (K). A presença de significância estatística foi determinada conforme p-valor < 0,05.

RESULTADOS

No período de coleta de dados, foram internados 564 pacientes na unidade de cirurgia geral, dos quais 210 assi-naram o TCLE, mas de acordo com os critérios de exclusão, 57 destes não fizeram parte da amostra.

Dos 153 pacientes restantes, 62,1% eram do sexo feminino (n=95), a média das idades foi de 45,2±15,5 anos (idades entre 18 e 86 anos), sendo que 19% eram idosos (n=29). A maioria das cirurgias foi considerada de pequeno porte (51%) e o número de cirurgias de médio e grande porte foram similares. De modo geral, 76% da amostra não apresentaram compli-cações (n=116), os demais desfechos podem ser analisados pela análise descritiva encontrada na Tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização da amostra dos pacientes internados na clínica cirúrgica do HRAN, DF, Brasil, 2015 (n=153).

Variáveis N (%)

Sexo

Homens 58 37,9

Mulheres 95 62,1

Faixa etária

18 – 59 anos 124 81

> 60 anos 29 19

Peso (kg)

18 – 59 anos 73,6±13,2

> 60 anos 63,6±11,3

IMC (kg∕m²)

18 – 59 anos 24,6±4,0

> 60 anos 27,3±4,9

Porte da cirurgia

Pequeno 79 51,6

Médio 35 22,9

Grande 39 25,5

Complicações

Sem complicações 116 76

Infecciosas 22 14,2

Não-infecciosas 15 9,8

Page 5: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

262

Campos FM et al.

Tabela 2 – Classificação de pacientes desnutridos de acordo com classificação de cada método de avaliação nutricional, internados na clínica cirúrgica do HRAN, DF, Brasil, 2015.

AND-ASPEN DNGCDA DGCDA DNGCDC DGCDC DNGCCA DGCCA Não desnutridos

% (n) 8,49 (13) 5,88 (9) 4,57 (7) 1,96 (3) 0,7 (1) ___ 78,4 (120)

ASG ASG A ASG B ASG C

% (n) 89,5 (137) 9,8 (15) 0,65 (1)

Desnutrido (n) % Não desnutrido (n) %

ASG 16 10 137 90

AND 33 22 120 78DNGCDA= desnutrição não grave no contexto da doença aguda; DGCDA= desnutrição grave no contexto da doença aguda; DNGCDC= desnutrição não grave no contexto da doença crônica; DGCDC= desnutrição grave no contexto da doença crônica; DNGCCA= desnutrição não grave no contexto das circunstâncias ambientais; DGCCA= desnutrição grave no contexto das circunstân-cias ambientais. ASG A= bem nutrido. ASG B= moderadamente desnutrido. ASG C= gravemente desnutrido.

Tabela 3 – Associações entre as variáveis da amostra dos pacientes ido-sos ou adultos pelo teste X², internados na clínica cirúrgica do HRAN, DF, Brasil, 2015, n=153.

Associação p-valor

Tempo de internação

Complicações

Todos <0,00001

> 60 anos 0,0008

Desnutrido ASG

Todos <0,00001

> 60 anos 0,04267

Desnutridos AND-ASPEN

Todos <0,00001

> 60 anos 0,02137

Perda ponderal recente

Todos <0,00001

> 60 anos _

Porte da cirurgia

Todos <0,00001

> 60 anos 0,01708

Complicações

Desnutridos ASG

Todos 0,00004

> 60 anos 0,1043

Desnutridos AND-ASPEN

Todos <0,00001

> 60 anos 0,00868

IMC

Desnutridos ASG

Todos 0,00019

> 60 anos 0,03086

Desnutridos AND-ASPEN

Todos 0,00005

> 60 anos 0,0784

Tabela 4 – Validação da ferramenta de diagnóstico AND-ASPEN utilizando como padrão-ouro a ASG.

Indicador %

Sensibilidade 87,6

Especificidade 100

Acurácia 88

Valor Preditivo Positivo 100

Valor Preditivo Negativo 48,5

Kappa 59

DISCUSSÃO

Identificar, de maneira precoce, o estado nutricional de um paciente é vital para o início de terapia nutricional adequada, para evitar maior perda ponderal ou promover a sua recuperação, contribuindo para um melhor prog-nóstico clínico durante a internação14. Estudos de acurácia são importantes para que sejam identificados os melhores métodos para o diagnóstico nutricional e sua respectiva correlação com os desfechos clínicos15.

A média de idade encontrada neste estudo foi de 45,2±15,5 anos, diferentemente de outros estudos que encontraram uma maior frequência de idosos5,8,16. A fre quência do sexo feminino foi de 62,1%. Almeida et al.8, ao avaliarem 300 pacientes cirúrgicos, também observaram maior frequência do sexo feminino (56%), assim como Moriana et al.16. Entretanto, Vidal et al.17 obtiveram 40,7% de mulheres em sua amostra. Os estudos em geral demonstram uma maior frequência de mulheres buscando o serviço de saúde preventivamente, isso justifica a maioria desse gênero nos hospitais, tanto para realizar diagnóstico quanto para o tratamento de doenças.

O porte de cirurgia predominante neste estudo foi de pequenas cirurgias (51,6%), sendo que as cirurgias de médio e grande porte foram em sua soma quase equivalentes

Page 6: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

Correlação e acurácia �e méto�os subjetivos �e avaliação �o esta�o nutricional com �esfechos clínicos em pacientes cirúrgicos

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

263

(48,4%). No estudo de Pham et al.18, realizado no Vietnã, os pesquisadores aplicaram a ASG em 274 pacientes que realizaram cirurgias de grande porte, dos quais 77,7% foram considerados com algum grau de desnutrição, já no presente estudo foram 30,7% com esse mesmo resultado, tendo em vista o tamanho da amostra e o porte de cirurgia observado nesse estudo.

O tempo médio de internação encontrado entre todos os pacientes foi de 6,36 ± 6,66 dias de internação, resul-tado similar ao obtido por Moriana et al.16 em um estudo transversal com pacientes clínicos e cirúrgicos de um hospital terciário, cujo tempo médio de internação hospitalar foi de 6,97 dias. Leandro-Merhi et al.19, em outro estudo transversal realizado com pacientes cirúrgicos de um hospital público brasileiro, obtiveram um tempo de internação de 5,6 ± 5,3 dias. O curto período de tempo de internação observado neste estudo pode ser justificado pelo grande número de cirurgias eletivas realizadas no período da pesquisa.

Houve diferença significativa entre o tempo de inter-nação quando estratificaram os pacientes conforme estado nutricional. Em pacientes classificados como desnutridos pela ASG em relação aos bem nutridos, o p-valor foi de <0,00001, mesmo resultado obtido por Almeida et al.5 em outra publicação. O que retifica o fato de que a desnutrição é fator contribuinte para o aumento do tempo de internação hospitalar.

Nicolo et al.20 fizeram um estudo em dois hospitais terciários dos Estados Unidos para verificarem a facilidade para a aplicação da ferramenta da AND-ASPEN em 262 pacientes cirúrgicos e de clínica médica. A prevalência de desnutrição entre os pacientes avaliados comparando-se ao deste estudo foi semelhante em relação à classificação de doenças agudas, no entanto, quando avaliados em doenças crônicas foi diferente. Isso se deve principalmente ao tipo de participantes do estudo, que incluiu pacientes de clínica médica.

Não foram encontrados trabalhos que tenham reali-zado os mesmos testes em pacientes cirúrgicos utilizando o método AND-ASPEN, como no presente estudo. Nas análises realizadas, houve diferença estatística significativa tanto entre o tempo de internação dos pacientes desnutridos (p<0,00001) quanto em relação à presença de complicações (p<0,00004), quando comparado aos classificados como "não desnutridos" por essa ferramenta. Verificou-se que 57% dos pacientes considerados desnutridos apresentaram complicações, enquanto entre aqueles que não tiveram desnutrição este número foi de aproximadamente 18%. A presença de complicações em pacientes considerados desnutridos pela ASG foi de 10%, com diferença significativa em relação aos bem nutridos (p=0,00004). Pham et al.18 verificaram que, quanto mais grave a desnutrição, maior

era a prevalência de complicações infecciosas (33,6%) no pós-operatório em relação aos bem nutridos. Já Kuzu et al.21, avaliando 460 pacientes cirúrgicos desnutridos pela ASG em um hospital da Turquia, obtiveram um índice de complicações de 30,6%. Goiburu et al.22 verificaram uma taxa de 58,4% de complicações infecciosas e não-infecciosas em desnutridos, índices maiores do que os encontrados em nosso estudo, justificado por fazer parte da amostra pacientes com trauma.

O número de desnutridos detectados pela ASG foi menor (n=16) do que pela AND-ASPEN (n=33), isso pode ser expli-cado pela ASG ter sido criada para detectar a desnutrição já instalada e ser pouco sensível a mudanças agudas, enquanto a outra ferramenta já é mais sensível às mudanças, por levar em consideração a desnutrição como processo inflamatório. É sabido que pacientes cirúrgicos são mais propensos a desenvolver um alto catabolismo e inflamação, o que pode facilitar o desenvolvimento da desnutrição nesses pacientes21.

O IMC teve associação com ambos os métodos de avaliação subjetiva, indicando que existe relação entre o IMC e a ocorrência de desnutrição. Nesta análise, a associação maior foi com os pacientes com os menores valores de IMC. Pelo método da AND-ASPEN, a possibilidade de pacientes acima do peso serem classificados como desnutridos é maior do que pela ASG. Wu al.23 avaliaram 751 pacientes chineses submetidos a cirurgia e correlacionaram os resultados obtidos pela ASG com o IMC. A ASG identificou 48,2% dos pacientes como desnutridos contra 9,6% pelo IMC, sugerindo que o IMC não é um bom parâmetro de avaliação isolado.

A ferramenta de diagnóstico da AND-ASPEN demonstrou uma sensibilidade de 87,6% e especificidade de 100%, valor preditivo positivo de 100% e valor preditivo negativo 48,5%. Não há ainda estudos que tenham validado essa ferramenta em pacientes cirúrgicos. Os resultados obtidos sugerem a possibilidade de ser bem aplicada nessa população.

A ausência de óbitos neste estudo pode ser justificada pelo curto tempo em que se analisaram os desfechos e o grande número de cirurgias eletivas. O estudo de Ceniccola et al.24, realizado com pacientes internados em UTI, demonstrou a aplicabilidade da ferramenta AND-ASPEN em predizer mortalidade.

Uma das limitações do estudo foi o número de pacientes identificados com desnutrição por ambos os métodos ser menor do que o verificado por outros estudos1-4, provavel-mente devido à característica da amostra, que em sua maioria correspondia a cirurgias eletivas e de pequeno porte. A baixa incidência de desnutrição pode ter contribuído também na baixa correlação entre outras variáveis.

O método de diagnóstico nutricional da AND-ASPEN é um instrumento novo e, apesar do treinamento realizado, a falta de prática e familiaridade do pesquisador com esse método em detrimento da ASG pode ter influenciado no baixo

Page 7: Correlação e acurácia de métodos subjetivos de …arquivos.braspen.org/journal/jul-ago-set-2019/artigos/06...BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64 260 Campos FM et al. O objetivo deste

BRASPEN J 2019; 34 (3): 258-64

264

Campos FM et al.

valor de Kappa. Outras limitações observadas foram o curto período de coleta de dados que influenciou no tamanho da amostra e a escassez de estudos com a ferramenta AND-ASPEN para comparação dos resultados.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo sugerem que a ferra-menta de diagnóstico nutricional da AND-ASPEN é uma boa opção para avaliação nutricional em pacientes cirúrgicos, tendo em vista os valores de sensibilidade, especificidade e acurácia encontrados em relação ao padrão ouro utilizado.

Verificou-se uma associação significativa entre o estado nutricional e os desfechos no pós-operatório. A presença de desnutrição identificada tanto pela ASG quanto pela AND-ASPEN foi associada à maior ocorrência de complicações infecciosas e não-infecciosas. Assim como o porte da cirurgia e a perda ponderal recente foram associados a um maior tempo de internação hospitalar.

Por ser um método recente e inovador, mais estudos são necessários para consolidação do uso dessa ferramenta em pacientes cirúrgicos hospitalizados.

REFERÊNCIAS 1. Correia MI, Campos AC; ELAN Cooperative Study. Prevalence

of hospital malnutrition in Latin America: the multicenter ELAN study. Nutrition. 2003;19(10):823-5.

2. Waitzberg DL, Caiaffa WT, Correia MI. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001;17(7):573-80.

3. Raslan M, Gonzalez MC, Torrinhas RS, Ravacci GR, Pereira JC, Waitzberg DL. Complementarity of Subjective Global Assess-ment (SGA) and Nutritional Risk Screening 2002 (NRS 2002) for predicting poor clinical outcomes in hospitalized patients. Clin Nutr. 2011;30(1):49-53.

4. Guerra RS, Sousa AS, Fonseca I, Pichel F, Restivo MT, Ferreira S, et al. Comparative analysis of undernutrition screening and diagnostic tools as predictors of hospitalisation costs. J Hum Nutr Diet. 2016;29(2):165-73.

5. Almeida AI, Correia M, Camilo M, Ravasco P. Length of stay in surgical patients: nutritional predictive parameters revisited. Br J Nutr. 2013;109(2):322-8.

6.BeghettoMG,KoglinG,MelloED.Influenceoftheassessmentmethod on the prevalence of hospital malnutrition: a comparison between two periods. Nutr Hosp. 2010;25(5):774-80.

7. Garcia RS, Tavares LR, Pastore CA. Nutritional screening in surgical patients of a teaching hospital from Southern Brazil: the impact of nutritional risk in clinical outcomes. Einstein [online]. 2013;11(2):147-52.

8. Almeida AI, Correia M, Camilo M, Ravasco P. Nutritional risk screening in surgery: valid, feasible, easy! Clin Nutr. 2012;31(2):206-11.

9.WhiteJV,GuenterP,JensenG,MaloneA,SchofieldM;Academyof Nutrition and Dietetics Malnutrition Work Group; A.S.P.E.N. Malnutrition Task Force; A.S.P.E.N. Board of Directors. Consensus statement of the Academy of Nutrition and Dietetics/American Society for Parenteral and Enteral Nutrition: characteristics recom-mendedfortheidentificationanddocumentationofadultmalnutri-tion (undernutrition). J Acad Nutr Diet. 2012;112(5):730-8.

10. Malone A, Hamilton C. The Academy of Nutrition and Diete-tics/The American Society for Parenteral and Enteral Nutrition consensus malnutrition characteristics application in practice. Nutr Clin Pract. 2013;28(6):639-50.

11. Jensen GL, Compher C, Sullivan DH, Mullin GE. Recognizing malnutritioninadults:definitionsandcharacteristics,screening,assessment, and team approach. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013;37(6):802-7.

12. WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation. WHO Technical Report Series 894. Geneva: World Health Organization; 2000.

13. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care. 1994;21(1):55-67.

14. Thieme RD, Cutchma G, Chieferdecker ME, Campos AC. Nutri-tional risk index is predictor of postoperative complications in operations of digestive system or abdominal wall? Arq Bras Cir Dig. 2013;26(4):286-92.

15. Beghetto MG, Luft VC, Mello ED, Polanczyk CA. Accuracy of nutritional assessment tools for predicting adverse hospital outcomes. Nutr Hosp. 2009;24(1):56-62.

16. Moriana M, Civera M, Artero A, Real JT, Caro J, Ascaso JF, et al. Validity of subjective global assessment as a screening method for hospital malnutrition. Prevalence of malnutrition in a tertiary hospital. Endocrinol Nutr. 2014;61(4):184-9.

17. Vidal A, Iglesias MJ, Pertega S, Ayúcar A, Vidal O. Prevalencia de malnutrición en los servicios médicos y quirúrgicos de un hospital universitario. Nutr Hosp. 2008;23(3):263-7.

18. Pham NV, Cox-Reijven PL, Greve JW, Soeters PB. Application of subjective global assessment as a screening tool for malnutrition in surgical patients in Vietnam. Clin Nutr. 2006;25(1):102-8.

19. Leandro-Merhi VA, Aquino JL, Chagas JFS. Nutrition status and risk factors associated with length of hospital stay for surgical patients. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2011;35(2):241-8.

20. Nicolo M, Compher CW, Still C, Huseini M, Dayton S, Jensen GL. Feasibility of accessing data in hospitalized patients to support diagnosis of malnutrition by the Academy-A.S.P.E.N. malnutrition consensus recommended clinical characteristics. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2014;38(8):954-9.

21. Kuzu MA, Terzioglu H, Genc V, Erkek AB, Ozban M, Sonyürek P, et al. Preoperative nutritional risk assessment in predicting postoperative outcome in patients undergoing major surgery. World J Surg. 2006;30(3):378-90.

22. Goiburu ME, Goiburu MM, Bianco H, Díaz JR, Alderete F, Palacios MC, et al. The impact of malnutrition on morbidity, mortality and length of hospital stay in trauma patients. Nutr Hosp. 2006;21(5):604-10.

23. Wu BW, Yin T, Cao WX, Gu ZD, Wang XJ, Yan M, et al. Clinical application of subjective global assessment in Chinese patients with gastrointestinal cancer. World J Gastroenterol. 2009;15(28):3542-9.

24. Ceniccola GD, Holanda TP, Pequeno RSF, Mendonça VS, Oliveira ABM, Carvalho LSF, et al. Relevance of AND-ASPEN criteria of malnutrition to predict hospital mortality in critically ill patients: a prospective study. J Crit Care. 2018;44:398-403.

Local de realização do estudo: Programa de Residência em Nutrição Clínica, Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Brasil.

Conflito de interesse: As autoras declaram não haver.