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NAYARA IZABEL VIANA
Correlação entre polimorfismos genéticos relacionados à
hereditariedade, fatores hormonais e o câncer de próstata
São Paulo
2017
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Doutora em Ciências
Programa de Urologia
Orientador: Prof. Dr. Alberto Azoubel Antunes
Coorientadora: Profª. Drª. Sabrina Thalita dos
Reis Faria
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
©reprodução autorizada pelo autor
Viana, Nayara Izabel Correlação entre polimorfismos genéticosrelacionados à hereditariedade, fatores hormonais eo câncer de próstata / Nayara Izabel Viana. -- SãoPaulo, 2017. Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo. Programa de Urologia. Orientador: Alberto Azoubel Antunes. Coorientador: Sabrina Thalita dos Reis Faria.
Descritores: 1.Neoplasias da próstata2.Hereditariedade 3.Polimorfismo de nucleotídeoúnico 4.Androgênios 5.Estrogênio 6.Prognóstico
USP/FM/DBD-413/17
Dedicatória
Aos meus pais Antônio e Rozilane, com
todo meu amor e gratidão, pelo amor
incondicional e por tudo que fazem
para a realização dos meus sonhos.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus e Nossa Senhora Aparecida, pela proteção e
pelas bênçãos que me concedem todos os dias.
Ao Prof. Dr. Alberto Azoubel Antunes, meu orientador, por ter me aceitado mais
uma vez como sua aluna, assim como no mestrado. Agradeço por toda ajuda na
realização deste trabalho, por todo empenho em sempre me ajudar durante
esses anos de pós-graduação e por contribuir para o meu crescimento.
À Profª. Drª. Sabrina T. Reis, minha coorientadora, minha amiga e minha irmã.
Agradeço por ter sido a primeira mão estendida para que eu pudesse trilhar esse
caminho e realizar tantos sonhos. Obrigada pela amizade que construímos, por
ter se tornado minha irmã e por me ajudar em tudo e em todos os momentos.
Obrigada por ser meu exemplo profissional e pessoal e por me ensinar muito
mais que você imagina.
À Profª. Drª. Katia Ramos Moreira Leite, pela oportunidade única de trabalhar ao
seu lado. Agradeço por todos os momentos de aprendizado e principalmente
pelo seu carinho em nos incentivar a fazermos mais e melhor do que nós
mesmos achamos que somos capazes.
Ao Prof. Dr. Miguel Srougi, por sempre incentivar e apoiar o trabalho realizado
no LIM55. Agradeço pela oportunidade de aprender lições reais de humildade e
amor ao próximo.
A todos os funcionários da Urologia, especialmente à secretária da pós-
graduação, Elisa Cruz, pela imensa ajuda durante todo o período de doutorado
e também às secretárias Inisabete, Tereza e Aparecida, sempre dispostas e
ajudar.
Ao Iran Amorim Silva, querido amigo do laboratório, sempre disposto a ajudar e
ensinar tudo que sabe. Agradeço pelo companheirismo, pela convivência
maravilhosa e pela ajuda em tudo que preciso. É uma honra trabalhar ao seu
lado.
À Vanessa Guimarães e ao Ruan Pimenta, meus amigos queridos, com quem
posso contar em todos os momentos. Agradeço por vocês serem tão especiais,
companheiros e por sermos tão unidos. Vocês são verdadeiros presentes de
Deus na minha vida.
Aos meus amigos Me. Denis Reis Morais e Dr. Caio Moura, por serem meus
companheiros desde o início do mestrado, pelo apoio e pela ajuda durante todo
o caminho.
Aos meus queridos companheiros do LIM55: Dr. Nelson Dip, Drª. Isis Paloppi,
Dr. José Pontes Junior, Dr. Renato Fidelis, Dr. Rubens Park, Dr. Alexandre
Iscaife, Me. Juliana Camargo, Dr. Saulo Recuero. Agradeço pela amizade, pela
ajuda e por fazerem do nosso laboratório um lugar tão iluminado e especial.
À toda equipe do consultório do Prof. Miguel que se empenhou para auxiliar na
coleta das amostras dos pacientes: Prof. Dr. Alberto Antunes, Prof. Dr. Carlo
Passerotti, Dr. Adriano Nesrallah e à enfermeira Mary Elen Salles. Ao Dr. Erico
Diógenes, Dr. Renato Oyama e Daniela Janolli, também pela ajuda na coleta das
amostras.
Aos pacientes que aceitaram participar deste trabalho e gentilmente cederem
uma amostra de sangue.
Aos meus queridos pais, Antônio Viana e Rozilane Viana, agradeço por serem
tão maravilhosos e especiais. Agradeço pelo amor incondicional que nos une,
por serem meu porto seguro, por tudo que me ensinaram e ensinam, e por não
medirem esforços pela minha felicidade. Deus não poderia ter sido mais
generoso ao me abençoar como filha de vocês. Amo muito vocês.
Ao meu marido Carlos Eduardo Moura, meu grande amor e companheiro de
todos os momentos. Agradeço por incentivar todos os meus sonhos com tanta
generosidade e dedicação. Agradeço pelo amor e carinho em todos esses anos,
pela paciência, compreensão e por se empenhar pela nossa felicidade. Te amo
muito.
Ao meu querido avô José Malta de Oliveira, que torce e se alegra pelas minhas
conquistas. Aos meus avós que já não estão mais entre nós, José Afonso Viana,
Izabel Delfina Viana e Ceci Aparecida. Agradeço por todo amor que me
dedicaram e por tudo que fizeram por mim.
Aos meus tios, Paulo, João Pedro, Antônio e Roberval e às minhas tias Vera,
Maria José, Rosângela, Silvania e Luciana, por todo amor, carinho e orações.
Vocês são pessoas muito especiais na minha vida, com as quais sei que posso
contar em todos os momentos.
Aos meus primos e primas, Paula, Marcos, Otávio e Carolyna, por serem meus
irmãos de coração e pelo amor que nos une. À nossa pequena Isabella, minha
sobrinha de coração, uma princesinha que Deus nos enviou para trazer mais
amor para nossa família. Vocês são muito especiais e eu os amo muito.
Às minhas amadas amigas, Valéria, Luz Maria, Nyara, Tatiane, Karen, Taíla e
Nayara, pelo incentivo, pela torcida e pelo carinho de se fazerem sempre
presentes, apesar da distância. Vocês são essenciais na minha vida.
Ao meu afilhado Lucas Reis Faria, que amei desde o momento em que soube
da sua existência. Agradeço por você ser essa criança tão especial, que trouxe
tanto amor para nossa vida. Amo você, meu pequeno príncipe.
Ao amigo Leandro Faria, por toda ajuda durante todos esses anos. Agradeço por
termos você e a Sabrina como nossa família e por compartilharmos tantos
momentos juntos. À pequena Laura, que mesmo antes de nascer já preenche
nossa vida com mais amor e alegria. Ao Sr. Geraldo e Neuza Reis pelo carinho
de sempre comigo e com minha família.
Aos meus primos Maria da Anunciação e Irineu Bagnariolli, pela ajuda e carinho
que sempre têm conosco.
À FAPESP, pelo apoio concedido para realização deste trabalho (2012/19258-
5).
Esta dissertação ou tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.
Sumário
Lista de abreviaturas
Lista de tabelas
Lista de figuras
Resumo
Summary
1. INTRODUÇÃO............................................................................... 1
1.1 Câncer de próstata........................................................................ 2
1.2 Patogênese do Câncer de Próstata............................................... 6
1.2.1 Fatores hereditários....................................................................... 6
1.2.2 Fatores hormonais......................................................................... 11
1.2.3 Fatores de transcrição................................................................... 14
1.3 Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs)................................ 15
1.4 Justificativa.................................................................................... 18
2. OBJETIVOS................................................................................... 19
3. MÉTODOS..................................................................................... 21
3.1 Pacientes....................................................................................... 22
3.2 Polimorfismos................................................................................ 24
3.3 Extração de DNA........................................................................... 25
3.4 Análise dos genótipos.................................................................... 26
3.5 Análise estatística.......................................................................... 28
4. RESULTADOS............................................................................... 30
5. DISCUSSÃO.................................................................................. 45
6. CONCLUSÕES.............................................................................. 60
7. ANEXOS........................................................................................ 62
8. REFERÊNCIAS.............................................................................. 64
Apêndice
Lista de abreviaturas
µl – microlitro
A – Adenina
AJCC – American Joint Committee on Cancer
AR – Androgen Receptor
BRCA1 – Breast Cancer 1
BRCA2 – Breast Cancer 2
C – Citosina
CaP – Câncer de Próstata
DHT - Di-hidrotestosterona
DNA - Deoxyribonucleic Acid
ELISA - Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay
EN2 – Engrailed-2
ER – Estrogen Receptor
ESR2 – Estrogen Receptor 2
G – Guanina
GWAS – Genome Wide Associate Study
HCFMUSP – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
HNF1 - Hepatocyte Nuclear Factor 1
HOXB13 – Homeobox B13
HPC1 – Hereditary Prostate Cancer 1
HPC2 – Hereditary Prostate Cancer 2
HPC20 – Hereditary Prostate Cancer 20
HPCX – Hereditary Prostate Cancer on the X
INCA – Instituto Nacional do Câncer
JAZF1 – JAZ Zinc Finger 1
KLK - Kallikrein
LIM55 – Laboratório de Investigação Médica 55
MAF – Minor Allele Frequency
MSMB - Beta-Microseminoprotein
MSR1 - Macrophage Scavenger Receptor 1
NR2C2 - Nuclear Receptor Subfamily 2 Group C Member 2
ºC – graus Celsius
OR – Odds Ratio
PCAP – Prostate Cancer Project
PCR – Polymerase Chain Reaction
PSA – Antígeno Prostático Específico
pTEN - Phosphatase and Tensin Homolog
RNaSEL – Ribonuclease L
RR – Risco Relativo
SLC22A3 - Solute Carrier Family 22 Member 3
SNP – Single Nucleotide Polymorphism
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
T – Timina
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TR – Toque Retal
UTR - Untranslated Region
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Relação entre acometimento de familiares e risco de
CaP.................................................................................... 7
Tabela 2 - Características clínico-patológicas dos pacientes com
CaP e dos indivíduos do grupo controle.............................. 23
Tabela 3 - Características clínico-patológicas dos pacientes com
CaP esporádico e familiar................................................... 23
Tabela 4 - Polimorfismos selecionados para análise........................... 25
Tabela 5 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos nos
pacientes diagnosticados com CaP e nos indivíduos do
grupo controle.................................................................... 32
Tabela 6 - Distribuição dos alelos dos 13 polimorfismos entre
pacientes com CaP e grupo controle.................................. 34
Tabela 7 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos nos
pacientes disgnosticados com CaP com histórico familiar
e esporádico....................................................................... 35
Tabela 8 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em
relação ao nível de PSA pré-operatório.............................. 37
Tabela 9 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em
relação ao escore de Gleason na peça............................... 39
Tabela 10 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em
relação ao escore de Gleason na peça (3 parâmetros) ...... 41
Tabela 11 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em
relação à recidiva bioquímica............................................. 43
Lista de Figuras
Figura 1 - Esquematização da nova graduação proposta pela ISUP
para o CP e as curvas de sobrevida livre de recidiva de
acordo com a nova graduação.............................................. 5
Figura 2 - Sistema TaqMan®. Identificação da base com uso de
sondas marcadas com fluoróforos......................................... 28
Resumo
Viana NI. Correlação entre polimorfismos genéticos relacionados à hereditariedade, fatores hormonais e o câncer de próstata [Tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2017.
INTRODUÇÃO: O Câncer de Próstata (CaP) é a sexta neoplasia mais comum
no mundo correspondendo a aproximadamente 10% do total de cânceres. No
Brasil, o CaP é a neoplasia maligna não cutânea mais comum entre os homens.
A hereditariedade é um dos principais fatores de risco do CaP, que se caracteriza
pela herança de mutações em genes de susceptibilidade de alta penetrância que
quando transmitidos aos descendentes aumentam o risco de desenvolvimento
de tumores. Os andrógenos e estrógenos influenciam o desenvolvimento,
maturação e manutenção da próstata, afetando a proliferação e a diferenciação.
Isso tem despertado grande interesse no papel desses hormônios esteroides no
desenvolvimento e manutenção tanto da próstata normal quanto maligna. Os
Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) são variantes de risco genéticos
associados com uma série de doenças, incluindo o câncer. Considerando que a
história familiar e que os componentes hormonais constituem fatores de risco
para o desenvolvimento do CaP, acredita-se que a identificação de
polimorfismos envolvidos nesses processos possa ter um papel relevante para
auxiliar no desenvolvimento de ferramentas alternativas para a detecção precoce
e para a definição do prognóstico desta neoplasia. OBJETIVOS: Analisar
polimorfismos (SNPs) relacionados com histórico familiar e com fatores
hormonais em amostras de sangue de pacientes com CaP e em homens
saudáveis. Além disso, correlacionar os resultados da genotipagem com
parâmetros clínico-patológicos. MÉTODOS: O estudo foi composto por 185
pacientes diagnosticados com CaP, sendo 97 casos esporádicos e 72 com
histórico familiar (dois parentes de primeiro grau). O grupo controle foi composto
por 70 amostras de sangue de indivíduos saudáveis, que comprovadamente não
possuíam CaP e fazem acompanhamento com intuito preventivo. Foram
selecionados 13 polimorfismos para análise: rs10486567, rs10993994,
rs9364554, rs5945572, rs2735839, rs4430796, rs7501939, rs138213197,
rs1271572, rs2987983, rs8072254, rs4919743 e rs3808330. A genotipagem foi
realizada através da técnica de PCR em tempo real (qPCR) e correlacionada
com o histórico familiar de CaP, PSA pré-operatório, graduação histológica de
Gleason e estadiamento patológico. RESULTADOS: Analisamos a frequência
dos polimorfismos selecionados e encontramos as seguintes correlações em
nossos casos: os SNPs rs10486567 e rs9364554 aumentam a chance de
desenvolvimento do CaP enquanto que o SNP rs8072254 diminui o risco. Com
relação à hereditariedade, o SNP rs1271571 apresentou associação com o CaP
esporádico. Na comparação com os fatores prognósticos encontramos que o
SNP rs3808330 foi mais frequente em indivíduos que possuíam PSA <10; o SNP
rs7501939 foi mais frequente em indivíduos com menor escore de Gleason e
ausência de recidiva e o SNP rs5945572 foi mais frequente em indivíduos com
menor escore de Gleason na peça. CONCLUSÕES: De uma forma geral
encontramos polimorfismos que parecem ter um papel relevante no
desenvolvimento do CaP, na transmissão familiar e a fatores prognósticos. Estes
importantes polimorfismos, ainda não haviam sido estudados na população
brasileira e nosso trabalho identificou correlações ainda não demonstradas na
literatura.
Descritores: neoplasias da próstata; hereditariedade; polimorfismo de
nucleotídeo único; androgênios; estrogênio; prognóstico.
Summary
Viana NI. Correlation between genetic polymorphisms related to heredity, hormonal factors and prostate cancer [thesis]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”, 2017.
BACKGROUND: Prostate Cancer (PCa) is the sixth most common cancer
worldwide accounting for around 10% of all cancers. In Brazil, the PCa is the
most common non-skin malignancy among men. Heredity is one of the main risk
factors for PCa, which is characterized by mutations of heritage in high-
penetrance susceptibility genes that when transmitted to offspring increase the
risk of tumor development. Androgens and estrogens influence the development,
maturation and maintenance of the prostate, affect proliferation and
differentiation. This has aroused great interest in the role of these steroid
hormones in the development and maintenance of both normal and malignant
prostate. Single Nucleotide Polymorphisms (SNPs) are variants of genetic risk
associated with a number of diseases including cancer. Considering that the
family history and hormonal components are risk factors for the development of
PCa, we believe that the identification of polymorphisms involved in these
processes may have an important role to assist in the development of alternative
tools for early detection and to define the prognosis of this cancer. OBJECTIVES:
To analyze polymorphisms (SNPs) associated with family history and hormonal
factors in patient blood samples with PCa and in healthy men. In addition, to
correlate the results of genotyping with clinical-pathological parameters.
METHODS: The study consisted of 185 patients diagnosed with PCa, divided into
97 sporadic cases and 72 with a family history. The control group consisted of 70
blood samples from healthy individuals who had no proven PCa and do it for
preventive purposes. We selected 13 polymorphisms for analysis: rs10486567,
rs10993994, rs9364554, rs5945572, rs2735839, rs4430796, rs7501939,
rs138213197, rs1271572, rs2987983, rs8072254, rs4919743 and rs3808330.
Genotyping was performed by PCR in real time (qRT -PCR) and correlated with
family history of PCa, preoperative PSA, Gleason histologic grading and
pathological staging. RESULTS: We analyzed the frequency of the selected
polymorphisms and found the following correlations in our cases: SNPs
rs10486567 and rs9364554 increase the chance of developing PCa while the
SNP rs8072254 decreases the risk. Regarding heredity, the SNP rs1271571
presented association with sporadic PCa. In comparison with the prognostic
factors we found that the SNP rs3808330 was more frequent in patients who had
PSA <10; SNP rs7501939 was more frequent in patients with lower Gleason
score and no recurrence and the SNP rs5945572 was more frequent in subjects
with lower Gleason score on the surgical specimen. CONCLUSIONS: In general
we found that polymorphisms that appear to have a relevant role in the
development of PCa in family transmission and in prognostic factors. These
important polymorphisms had not yet been studied in the Brazilian population and
our work has identified correlations yet not demonstrated in the literature.
Descriptors: prostatic neoplasms; heredity; single nucleotide polymorphism;
androgens; estrogens; prognosis.
1
1. INTRODUÇÃO
2
1.1 Câncer de Próstata
O Câncer de Próstata (CaP) é a sexta neoplasia mais comum no mundo
correspondendo a cerca de 10% do total de cânceres. A neoplasia representa
um importante problema de saúde devido à sua alta prevalência, custos
associados e mortalidade. No Brasil, o CaP é a neoplasia maligna não cutânea
mais comum entre os homens. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer
(INCA) para 2016 são estimados 61.200 novos casos da doença e estima-se que
13.772 homens tenham morrido pela doença em 2013 (1). A taxa de incidência
do CaP é cerca de seis vezes maior nos países desenvolvidos em comparação
aos países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos foram estimados para
2017 cerca de 161.360 novos casos da doença e 26.730 mortes pela mesma (2).
Dados de sobrevivência relativa dos Estados Unidos indicam que cerca de 1 em
cada 11 (9%) pacientes com CaP irá morrer pela doença em um período de 15
anos após o diagnóstico (3).
Apesar das causas específicas de iniciação e progressão do CaP ainda
não serem totalmente conhecidas, muitas evidências sugerem que fatores
genéticos e ambientais possuem um importante papel na origem e evolução
desta neoplasia. Os fatores de risco mais comuns para o CaP são idade
avançada, grupo racial e história familiar. O CaP é diagnosticado em apenas 2%
dos homens com menos de 50 anos (4), no entanto após essa idade a incidência
e a mortalidade aumentam exponencialmente (5). Pacientes da raça negra
apresentam maior incidência de CaP e tendem a apresentar evolução mais
agressiva da doença, enquanto que asiáticos têm menor prevalência. Presença
3
de pai ou irmão com CaP antes dos 60 anos aumenta o risco em 3 a 10 vezes
em relação à população geral (6).
Além dos fatores de risco clássicos para o CaP, vários outros fatores têm
sido identificados com um papel relevante para o surgimento da doença. Alguns
estudos mostraram correlação entre o CaP e a dieta (7), obesidade (8) , atividade
física (9) e tabagismo (10), além da região onde reside e situação econômica (11,
12). Sendo assim, as diferenças nas taxas de CaP resultam da combinação entre
fatores de susceptibilidade genética e fatores de risco externos. Essas diferentes
contribuições para a incidência de CaP são refletidas nas diferentes taxas da
doença em todo o mundo. Países asiáticos como a China, têm as taxas mais
baixas. As taxas mais elevadas são encontradas na América do Norte,
especialmente na população afro-americana (13). Nos últimos anos surgiram
muitas investigações relacionadas a fatores hormonais, e ressurgiu também o
interesse em etiologias inflamatórias ou infecciosas.
O exame de toque retal (TR) e a dosagem sérica do antígeno prostático
específico (PSA) são utilizados como exames de primeira linha para evidenciar
a possibilidade da presença de neoplasia prostática, sendo o diagnóstico
realizado por biópsia com agulha (14, 15). É importante a associação da dosagem
de PSA ao TR, já que o TR tem alta especificidade (94%), porém baixa
sensibilidade (50%), assim como baixo valor preditivo positivo (21%-53%). O
valor considerado normal do PSA é menor que 2,5 ng/mL e apesar de específico
da glândula prostática, o nível de PSA no sangue se eleva não só em casos de
CaP, mas também na Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ou prostatite (16).
4
O prognóstico do CaP depende fundamentalmente do escore de
Gleason(17) e do estadiamento patológico. O escore de Gleason baseia-se no
padrão glandular e a relação entre as glândulas e o estroma prostático e é
dividido em 5 graus histológicos (sendo o grau 1 a lesão mais diferenciada e o
grau 5 a mais indiferenciada). Em espécimes de prostatectomia radical e de
ressecção transuretral, o escore é resultado da soma do padrão mais comum
com o segundo mais comum. Já em biópsias, o escore é obtido pela soma do
padrão mais prevalente com o padrão de mais alto grau. Tumores com escore 6
são considerados de baixo grau e os tumores de escore 8, 9 e 10 são
considerados de alto grau. O escore 7 é considerado de grau intermediário e seu
comportamento é bastante variável (18). Analisando os dados da literatura que
demonstra um comportamento indolente da neoplasia Gleason 6 a Sociedade
Internacional de Patologia Urológica (ISUP) propôs um novo sistema de
graduação que classifica os tumores de 1 a 5 como exposto na Figura 1 que
apresenta grande correspondência com o comportamento do tumor (19).
5
Figura 1 - Esquematização da nova graduação proposta pela ISUP para o CP e
as curvas de sobrevida livre de recidiva de acordo com a nova graduação (19)
O estadiamento patológico segue a classificação TNM recomendada pela
AJCC (American Joint Committee on Cancer - 2010).
O tratamento do CaP inclui desde a vigilância ativa até o tratamento
sistêmico com bloqueio hormonal e quimioterapia. Para determinação do
tratamento mais adequado, vários fatores devem ser observados, tais como o
escore de Gleason, o estadiamento, a idade, a presença de comorbidades e os
possíveis efeitos colaterais do tratamento. A vigilância ativa pode ser usada
como primeira opção de tratamento em pacientes que possuem doença de baixo
risco de acordo com os critérios de D’Amico (quando a expectativa de vida é
menor que 10 anos) ou de Epstein (se menor que 20 anos) (20). Para os pacientes
com CaP de baixo risco que não são candidatos à vigilância ativa e aqueles com
risco intermediário, a opção de tratamento é a prostatectomia radical ou a
radioterapia, cujas taxas de cura são de 95% e 75% respectivamente, em 10
6
anos (21). Por outro lado, os pacientes considerados de alto risco devem ser
submetidos a um tratamento mais agressivo devido ao potencial metastático da
doença (22). Em caso de doença metastática o tratamento consiste na castração
clínica ou cirúrgica (terapia antiandrogênica), a qual é altamente efetiva na
diminuição do tumor e nos níveis séricos do PSA (23).
1.2 Patogênese do Câncer de Próstata
1.2.1 Fatores hereditários
A hereditariedade é um dos principais fatores de risco do CaP, que se
caracteriza pela herança de mutações em genes de susceptibilidade de alta
penetrância que quando transmitidos aos descendentes aumentam o risco de
desenvolvimento de tumores. O CaP associado à agregação familiar foi relatado
pela primeira vez em 1956 (24), mas a evidência definitiva para a forma hereditária
da doença apareceu em 1992, quando a primeira análise de segregação foi
concluída (25). Estudos posteriores de segregação, estudos com gêmeos e
estudos caso-controle e coorte, forneceram fortes evidências relacionadas à
predisposição genética e o CaP (26, 27), com risco crescente de 2 a 3 vezes para
os homens com história familiar da doença em um parente de primeiro grau. O
Risco Relativo (RR) é ainda maior (3 a 5 vezes mais elevado), se o parente for
diagnosticado antes dos 65 anos de idade ou se houver 2 ou mais familiares com
CaP. A história familiar é uma das indicações para o início do exame de PSA na
7
fase mais jovem para a detecção precoce do CaP (28). A tabela 1 apresenta a
relação entre o acometimento de familiares e o risco de CaP (29).
Tabela 1 – Relação entre acometimento de familiares e risco de CaP
Familiar com CaP Risco relativo Intervalo de confiança
Nenhum 1
Pai 2,17 1,90 – 2,49
Irmão 3,37 2,97 – 3,83
Parente de 1º grau com < 65 anos 3,34 2,64 – 4,23
2 parentes de 1º grau 5,08 3,31 – 7,79
Parente de 2º grau 1,68 1,07 – 2,64
Fonte: Wein AJ et al. Campbell Walsh Urology. 9ªed.2007.
Dados de 44.788 gêmeos escandinavos mostraram associação
significante entre fatores hereditários e risco de CaP, com os fatores hereditários
respondendo por 42% do risco (30). No entanto uma análise realizada em 2014
com dados desse mesmo registro de gêmeos estimou a herdabilidade de CaP
em 58% (31). Outro estudo mostrou que existe maior concordância para o
diagnóstico de CaP entre gêmeos monozigóticos que gêmeos dizigóticos (de
18% e 3%, respectivamente) em uma análise combinada de gêmeos suecos,
dinamarqueses e finlandeses (30). Em uma comparação semelhante entre
gêmeos nos Estados Unidos, as concordâncias foram, respectivamente 27,1%
e 7,1% (32).
Atualmente a definição de formas hereditárias do CaP é baseada na
distribuição e idade de início da doença numa dada família. Familiar e hereditário
8
são termos que se referem ao aumento do risco de câncer dentro das famílias,
mas não são sinônimos (33). Para fins de investigação, o CaP pode ser dividido
em três formas epidemiológicas: (1) esporádica – que ocorre aleatoriamente na
população em indivíduos que não possuem história familiar; (2) familiar –
caracterizado por agrupamento simples de doença nas famílias, por exemplo,
quando dois irmãos têm CaP e (3) hereditário – caracterizado por um padrão de
distribuição de CaP consistente com a herança mendeliana de um gene de
susceptibilidade e início precoce da neoplasia (34).
A forma familiar do CaP corresponde a aproximadamente 20% dos casos
e é definida pelo acometimento de pelo menos dois parentes de primeiro grau.
A etiologia do CaP familiar pode envolver uma variedade de mecanismos, como
a exposição familiar a fatores de risco ambientais ou alimentares, vários genes
trabalhando juntos para contribuir com a herança poligênica, ou a transmissão
de um único gene de baixa penetrância. Em uma meta-análise de estudos de
caso-controle e coortes, Jonhns e Houlston (35) concluíram que homens que
possuem história familiar de CaP têm aproximadamente 2,5 vezes mais chance
de desenvolvimento da doença. O risco se torna maior para aqueles que
possuem parentes que tiverem início precoce da doença e para aqueles que têm
mais de um parente afetado. Em um estudo italiano com 1.294 casos de CaP,
indivíduos com história familiar possuíam odds ratio (OR) de desenvolvimento
da doença de 4.0 (95% IC 2.5-6.5), e o risco foi maior quando o parente afetado
teve diagnóstico precoce, quando possuíam mais de um parente afetado ou
quando o parente em questão era o irmão (36). O padrão de herança em muitos
casos de CaP familiar é tão forte que se assemelha a um traço autossômico
dominante (37).
9
A etiologia do CaP hereditário, por outro lado, é caracterizada pela
transmissão hereditária compatível com herança mendeliana. Esse tipo de CaP
acontece em 5% dos casos, e o reconhecimento dessa hereditariedade
necessita de critérios mais estritos, por exemplo, de três parentes de primeiro ou
segundo grau acometidos ou dois parentes afetados antes dos 55 anos de idade
(34). O CaP hereditário costuma ser diagnosticado mais precocemente (cerca de
6 a 7 anos antes dos casos esporádicos) (38).
Até o momento, apenas alguns genes de risco foram identificados,
embora cerca de 40 loci tenham sido associados à susceptibilidade genética (39).
Em 1956, Morganti et al. identificaram os primeiros agregados familiares de CaP,
porém apenas em 1966, Smith et al. encontraram o primeiro gene localizado no
cromossomo 1q24-25, denominado HPC1 (Hereditary Prostate Cancer 1) (24, 40).
O gene relacionado a esse lócus foi posteriormente clonado e corresponde ao
RNASEL (RNAasel 2’-5’-oligoadenilato (2-5 A)-dependente), um gene supressor
que atua sobre a proliferação celular e apoptose induzida por interferon,
importante na degradação de células infectadas por vírus (41). Duas mutações
foram descritas neste gene, uma localizada no códon de iniciação e outra que
resulta em uma proteína truncada em duas famílias com herança HPC1, porém
são raras e seu papel no desenvolvimento do CaP parece ser pequeno (42).
Outros dois loci importantes foram identificados nesse cromossomo, o 1q42.2-
43, denominado PCAP (Predisposing for Prostate Cancer), (43, 44) e o 1p36 CAPB
(Cancer, Prostate and Brain). Outras análises de ligação identificaram algumas
alterações nos loci 16q23.2, 17p (HPC2 – Hereditary Prostate Cancer 2), 20q13
(HPC20), 8p22 (MSR1) e Xq27-28 (HPCX).
10
Os genes BRCA1 e BRCA2 também já foram descritos como genes de
suscetibilidade. O RR de CaP aumenta em homens que carregam a mutação
nesses genes de predisposição ao câncer de mama (45, 46). Além deles, no gene
NSB1 foram encontradas mutações em linhagens germinativas em uma
frequência maior nos casos de CaP que nos controles (47, 48). Essas evidências
suportam a possibilidade de que a predisposição ao CaP em alguns casos, pode
ser decorrente de mutações que ocorrem em genes associados ao reparo do
DNA.
O gene HOXB13 pertence a um grupo de genes homeobox altamente
conservados que são essenciais para a embriogênese de vertebrados. Nos
seres humanos, existem quatro conjuntos de genes HOX (A, B, C e D) em
cromossomos separados e o aglomerado HOXB está localizado na região
17q21-22. HOXB13 é altamente expresso tanto em próstata normal quanto no
CaP. A proteína HOXB13 é um fator de transcrição específico que possui 284
aminoácidos e que interage com o receptor de andrógeno e tem um papel
importante no desenvolvimento da próstata (49). Foi demonstrado também que
essas proteínas regulam as respostas celulares a andrógenos, tais como a
promoção do crescimento independente de andrógenos, em linhagens celulares
de CaP (50). Além do CaP, HOXB13 também tem se mostrado como supressor
de tumor em câncer colo retal primário (51) e como preditor de recorrência do
câncer de mama (52).
Análises por linkage de CaP hereditário detectaram um sinal significativo
na região cromossômica 17q21-22 nas populações norte-americana e finlandesa
(53, 54). Em 2012 Ewing et al. (55) sequenciando esta região, identificaram uma
11
rara, mas recorrente mutação missense rs138213197 no primeiro exon do
homeobox B13. Esta mutação foi encontrada em 1,4% dos casos de CaP e em
0,1% dos controles, e entre os casos de CaP foi mais frequente em homens com
início precoce da doença. Um estudo de confirmação que utilizou 2.443 famílias
com CaP hereditário do International Consortium for Prostate Cancer Genetics
confirmou que 48% das famílias de CaP hereditário com ascendência europeia
têm pelo menos um portador da mutação em HOXB13 (56).
Os mecanismos pelos quais a mutação G84E pode promover a
carcinogênese da próstata são desconhecidos. Uma possível alternativa pode
ser por meio da ligação entre este gene com os membros da família de proteínas
MEIS. A expressão dessas proteínas em colaboração com os genes HOX tem
sido implicada no desenvolvimento da leucemia (57).
1.2.2 Fatores hormonais
Receptor de andrógeno (AR)
Os andrógenos influenciam o desenvolvimento, maturação e manutenção
da próstata, afetando a proliferação e a diferenciação do epitélio luminal. Isso
tem despertado grande interesse no papel desses hormônios esteroides no
desenvolvimento e manutenção tanto da próstata normal quanto do câncer (58).
No CaP já estabelecido, os tumores inicialmente respondem à terapia de
deprivação de andrógenos. Além disso, resultados do Prostate Cancer
Prevention Trial mostraram que a inibição da conversão da testosterona em
diidrotestosterona (DHT) reduz a incidência de CaP em aproximadamente 25%
12
(59). Contudo, os mecanismos moleculares que envolvem os processos de
transformação neoplásica e carcinogênese envolvendo os andrógenos ainda
não estão bem estabelecidos.
O mecanismo de ação dos andrógenos sobre a próstata constitui uma
sequência integrada de eventos. Inicialmente a testosterona, que regula o
crescimento e a manutenção do epitélio prostático normal, atravessa a
membrana plasmática das células por interação hidrofóbica com os fosfolipídios
e é metabolizada no citoplasma em DHT através de uma reação catalisada pela
enzima 5 α redutase presente no envoltório nuclear (60). A DHT, um andrógeno
mais potente que a testosterona e o principal hormônio trófico da próstata, liga-
se com grande afinidade a receptores androgênicos (AR), uma proteína nuclear
que é expressa na maioria das células prostáticas, incluindo as epiteliais e as
estromais (61). Essa ligação ativa os elementos de resposta dos genes alvo,
promovendo a proliferação celular.
O gene do AR possui 8 éxons e está localizado no braço longo do
cromossomo Xq11-12. A expressão gênica do AR pode ser modulada em
múltiplos níveis por mecanismos de transcrição, pós-transcrição e pós-tradução
(62). Estudos mostram que os SNPs de risco para o CaP são mais abundantes
em regiões genômicas contendo sítios de ligação do AR e sugerem que a
sinalização alterada deste receptor pode ser um mecanismo potencialmente
importante para o desenvolvimento do CaP (63, 64). Essas mutações também
ocorrem em tumores avançados de próstata, que se tornam resistentes à terapia
hormonal (65).
13
O éxon 1 do AR possui uma área de microssatélites CAG, cujo
comprimento é inversamente relacionado à atividade transcripcional dos genes-
alvo. Assim, quanto menor a zona de polimorfismo, maior a sensibilidade ao
andrógeno. Isto pode explicar parcialmente a maior incidência e gravidade do
CaP em afro-americanos, que possuem uma sequência CAG curta, e a menor
incidência entre os asiáticos, que possuem a sequência longa. Em caucasianos,
para cada repetição CAG adicional, há uma diminuição correspondente a 3% do
risco de desenvolvimento do CaP (66). Na população brasileira repetições CAG
menores que 21 representam um RR de 2,44 para o desenvolvimento do CaP
(67). Alterações do AR através de mutações, amplificação ou superexpressão do
gene são comuns em no CaP metastático (68).
Receptor de estrógeno (ERβ)
Os estrógenos possuem efeitos diretos e indiretos sobre o crescimento e
o desenvolvimento da próstata e têm sido correlacionados também com a
iniciação e a progressão do CaP. Tradicionalmente, os estrógenos eram
considerados como fatores de proteção contra o CaP e utilizados no tratamento
da doença avançada. O tratamento consiste em um feedback negativo sobre o
eixo hipotálamo-pituitário-gonadal e também através de um efeito inibitório direto
dos estrógenos sobre o crescimento de células epiteliais da próstata. No entanto,
estudos com animais mostram que os estrógenos podem atuar como pró-
carcinógenos na próstata (69). Animais knockout de aromatase não produzem
17β-estradiol na próstata, e apesar da testosterona e da DHT elevada, não
14
desenvolvem CaP (70). Diversas evidências mostram que os estrógenos que
atuam através do receptor de estrógeno (ER) podem contribuir para a
carcinogênese e progressão do CaP. A expressão de ER é silenciada no CaP
precoce e reemerge com a progressão da doença. Os ER epiteliais podem
desempenhar um papel importante na iniciação do CaP, já que a perda potencial
de ERβ pode contribuir para a progressão da doença órgão-confinada (71). Além
disso, o reaparecimento da expressão de ERβ no CaP metastático também
sugere um papel potencial na progressão para a doença resistente à castração.
Polimorfismos no gene ER já foram relacionados a outras doenças do trato
reprodutivo masculino, tais com hipospadia (72) e infertilidade (73).
1.2.3 Fatores de transcrição
Fatores de transcrição podem ser utilizados como biomarcadores para
diagnosticar doenças, uma vez que a expressão anormal destes, leva a uma
desregulação na transcrição do DNA para o RNA mensageiro, resultando na
indução de várias doenças, entre elas o câncer. Entre os vários fatores de
transcrição conhecidos, engrailed-2 (EN2) é essencial, uma vez que contém o
domínio homeobox, que desempenha um papel chave no desenvolvimento
embrionário (74). EN2 é reconhecido como um biomarcador potencial em vários
tipos de câncer, incluindo tumores de mama, ovário, bexiga e próstata (75-77).
Especificamente no CaP, os níveis de expressão de EN2 são aumentados no
tecido e na urina e apresenta maior especificidade e sensibilidade do que o PSA
(78). Dada a importância que EN2 tem para o desenvolvimento normal da
15
próstata, a expressão irregular deste gene poderia ser um mecanismo potencial
para o desenvolvimento do CaP. Ainda não existe na literatura relatos de
polimorfismos neste gene associados ao CaP.
1.3 Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs)
Uma série de estudos de sequenciamento já identificou mais de 30
milhões de variantes genéticas em todo o genoma humano (The 1000 Genomes
Project Consortium 2010). Essas variações genéticas estruturais incluem
inserções e inversões e a maioria delas são denominadas SNPs (Single
Nucleotide Polymorphisms). O SNP é caracterizado por uma variação na
sequência de DNA que ocorre quando um único nucleotídeo (A, T, C ou G) no
genoma difere do nucleotídeo normalmente esperado. As alterações mais
frequentes no DNA são as que envolvem bases nitrogenadas de mesma
característica estrutural, ou seja, troca entre duas purinas (A/G ou G/A) ou duas
pirimidinas (C/T ou T/C) que são denominadas transições. As transversões são
substituições de uma purina por uma pirimidina ou vice-versa (79). Para que uma
alteração de única base seja considerado um SNP, deve ocorrer em uma
frequência mínima de 1% em uma dada população (80). Em relação à
nomenclatura, cada SNP presente no banco de dados público dbSNP
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/SNP) pode ser localizado por seu
identificador único, que consiste da sigla rs (que se refere a “SNP referência”) e
o do seu número serial único.
16
Os SNPs estão dispersos por todo o genoma humano podendo ocorrer
tanto em regiões codificadoras como não codificadoras. SNPs que ocorrem em
regiões codificadoras podem ser denominados sinônimos ou não sinônimos
(SNPns), sendo que este último ocorre quando há substituição de um
aminoácido na sequência proteica podendo haver modificações estruturais e
funcionais na proteína e, portanto, tem um maior potencial de reflexo biológico.
No entanto, a maioria dessas variantes de risco estão mapeadas em regiões não
codificantes, não alterando a sequência das proteínas (81).
Outros tipos de SNPs também são de grande importância para a fisiologia
da célula. Alguns exemplos são os SNPs localizados em regiões promotoras que
podem alterar a expressão do gene, polimorfismos localizados em sítios de
splicing que podem resultar na inserção, exclusão ou modificação do tamanho
dos éxons, podendo alterar a estabilidade do RNAm ou a própria proteína
traduzida a partir desse RNAm, SNPs que causam geração ou supressão de
códons de terminação de tradução gerando proteínas com diferentes tamanhos
e finalmente, polimorfismos em regiões regulatórias existentes nas regiões
3’UTR ou SNPs que causam adenilação alternativa ou alteração na estrutura e
estabilidade do RNA.
Estudos de associação do genoma (GWAS) identificaram mais de 4.800
variantes de risco genéticos associados com mais de 500 traços e características
humanas e também com uma série de doenças (82). Os SNPs podem servir como
marcadores genéticos para identificar estudos de ligação em famílias,
desequilíbrio de ligação em populações isoladas, bem como em análise de
associação de pacientes e controles. Para estudos de associação e linkage, os
17
SNP são comumente usados pois são fontes de variação genética comuns e
apresentam herança estável ao longo das gerações.
Em relação ao câncer, os SNPs podem estar envolvidos nas diferentes
respostas a tratamentos observados entre pacientes e também aos diferentes
níveis de risco individual de desenvolvimento de neoplasias. Estudos GWAS
encontraram mais de 90 SNPs comuns (cujas frequências do alelo menor [MAF]
foram de 5% ou mais) associados com alterações fracas ou moderadas ([OR]:
1,1 -1,3) para o desenvolvimento do CaP (39, 83-87). Em conjunto, estes SNPs
podem ser responsáveis por cerca de um terço do risco global de CaP hereditário
(84).
SNPs menos comuns (MAF 1% - 5%) e raros (MAF <1%) podem ser
responsáveis por conferir maior risco da doença do que variantes genéticas mais
comuns. Para identificar essas variantes, são necessárias abordagens
alternativas em estudos GWAS. Uma dessas abordagens tem como base
indivíduos que possuem CaP familiar ou hereditário, onde o risco genético de
herança associado com mutações menos frequentes está concentrado. As
estimativas indicam que 5 a 10% de toda a incidência de CaP por herdabilidade
é resultante dos alelos de predisposição raros (25).
Mais recentemente Liu e et al. (88) realizaram uma meta análise
combinando dados de estudos de associação GWAS e encontraram 31 SNPs
em 14 loci de risco independentes que foram considerados como sendo
impactantes na susceptibilidade do CaP, e portanto relevantes para a saúde
pública mundial.
18
1.4 Justificativa
Atualmente o CaP continua a ter uma etiologia pouco clara, que envolve
numerosas combinações entre fatores genéticos e ambientais. O curso
habitualmente longo da doença, o surgimento precoce de lesões precursoras e
sua manifestação clínica tardia dificultam seu estudo e compreensão. Diante
desses desafios, observamos que existe uma série de alterações biológicas e de
mecanismos moleculares que resultam na iniciação e progressão da doença e
que necessitam ser compreendidos. Assim, pesquisas envolvendo alterações
moleculares como os polimorfismos genéticos voltadas para a descoberta,
validação e compreensão do comportamento biológico do CaP é de fundamental
importância.
Considerando que a história familiar e que os componentes hormonais
constituem fatores de risco para o desenvolvimento do CaP, acreditamos que a
identificação de polimorfismos envolvidos nesses processos possa ter um papel
relevante para auxiliar no desenvolvimento de ferramentas alternativas para a
detecção precoce e para a definição do prognóstico desta neoplasia. A
população brasileira se caracteriza por uma grande diversidade genética, e
muitos SNPs, como o rs10486567, rs10993994, rs9364554, rs5945572,
rs2735839, rs4430796, rs7501939, rs138213197 relacionados à
hereditariedade; rs1271572, rs2987983, rs8072254, rs4919743 associados aos
fatores hormonais e rs3808330 localizado em um importante fator de transcrição,
nunca foram estudados nestes homens.
19
2. OBJETIVOS
20
Objetivo primário
Análise de polimorfismos (SNPs) relacionados com histórico
familiar, fatores hormonais e de transcrição em amostras de sangue de
pacientes com câncer de próstata e em homens saudáveis.
Objetivo secundário
Correlação da genotipagem com fatores prognósticos clássicos do
CaP e com dados clínicos: histórico familiar de CaP, PSA pré-operatório,
graduação histológica de Gleason, estadiamento patológico e recidiva
bioquímica.
21
3. MÉTODOS
22
3.1 Pacientes
Foram selecionados 185 pacientes diagnosticados com CaP, com média
de idade de 60,2 anos, que são acompanhados na clínica particular do Prof. Dr.
Miguel Srougi. Esses pacientes foram subdivididos em dois grupos de acordo
com o histórico familiar, onde foram classificados como: 1 - indivíduo com CaP
com histórico familiar (n=72) e 2 - indivíduo com CaP esporádico (n=97). O
critério de inclusão do primeiro grupo foi o paciente ter dois parentes de primeiro
grau afetados. Todos os pacientes com CaP foram tratados cirurgicamente por
prostatectomia radical.
O grupo controle foi composto por 70 pacientes que não possuem CaP.
Estes homens são acompanhados no ambulatório de Urologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP),
pelo grupo da próstata, onde fazem acompanhamento periódico com intuito
preventivo. Os critérios de inclusão deste grupo foram: PSA abaixo de 2,5 ng/ml,
não possuir histórico familiar de CaP e ter idade superior a 60 anos.
As características clínico-patológicas dos pacientes com CaP e dos
indivíduos do grupo controle estão apresentadas na tabela 2. A tabela 3 mostra
a comparação entre as características clínico-patológicas entre os pacientes
com CaP esporádico e familiar.
23
Tabela 2 - Características clínico-patológicas dos pacientes com CaP e dos
indivíduos do grupo controle
Características Casos CaP (n = 185)
Média (Desvio-padrão)
Controles (n = 70)
Média (Desvio- padrão)
p
Idade (anos) 60,23 (8,05) 67,24 (8,87) 0,00
PSA (ng/ml) 8,38 (11,20) 1,17 (0,82) 0,00
Volume da
próstata (gramas) 40,92 (16,39) 34,62 (13,67) 0,00
Tabela 3 - Características clínico-patológicas dos pacientes com CaP
esporádico e familiar
Características CaP esporádico (n=97)
Média (Desvio- padrão)
CaP familiar
Média (Desvio- padrão)
p
Idade de
diagnóstico (anos) 59,90 (8,07) 60,35 (8,37) 0,73
PSA pré-
operatório (ng/ml) 8,13 (8,59) 9,7 (17,33) 0,43
Escore de Gleason – n (%)
≤ 6 22 (25,6%) 15 (26,3%)
0,63 7 29 (33,7%) 23 (40,4%)
8-10 35 (40,7%) 19 (33,3%)
Estadiamento patológico n (%)
pT2 62 (78,5%) 48 (82,8%) 0,53
pT3 17 (21,5%) 10 (17,2%)
Recidiva bioquímica n (%)
Não 66 (75%) 46 (79,3%) 0,54
Sim 22 (25%) 12 (20,7)
O sangue dos pacientes com CaP foi coletado por uma enfermeira na
clínica particular e enviado para o Laboratório de Investigação Médica da
Disciplina de Urologia (LIM55) da FMUSP. O sangue do grupo controle foi
coletado no Ambulatório de Urologia do HCFMUSP e também encaminhado para
24
o LIM55. Além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os
pacientes também responderam um questionário (anexo 1) referente a histórico
detalhado de câncer na família e tratamento. As amostras de sangue coletadas
foram estocadas em freezer a -80°C até o processamento. Este trabalho foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo sob o nº 456/13.
Os pacientes foram subdivididos de acordo com os fatores prognósticos
do CaP. Para o PSA pré-operatório os pacientes foram classificados em dois
grupos, <10ng/ml e ≥10ng/ml. Considerando o escore de Gleason na peça, os
pacientes foram categorizados de duas formas. Na primeira os pacientes foram
subdivididos em Gleason ≤ 6 e Gleason 7-10, e na segunda em Gleason ≤ 6,
Gleason 7 e Gleason 8-10. De acordo com o estadiamento patológico, os
pacientes foram divididos em tumores pT2 (órgão-confinados) e pT3 (doença
extra-prostática). Para a recidiva bioquímica, consideramos que houve
recorrência da doença quando o PSA pós-tratamento foi maior que 0,2ng/ml.
3.2 Polimorfismos
Foram selecionados treze polimorfismos (Tabela 4) e avaliados através
da técnica de reação em cadeia da polimerase quantitativa em tempo real
(qPCR). Comparamos a frequência dos genótipos para cada um dos 13
polimorfismos entre os 185 pacientes com CaP e os 70 pacientes do grupo
controle. Para seleção dos SNPs relacionados a hereditariedade, utilizamos
como referência a meta análise realizada por Liu et al. (88). Os demais
25
polimorfismos foram selecionados através de busca na base PubMed utilizando
os termos de interesse.
Tabela 4 - Polimorfismos selecionados para análise
Fator de
associação
com o CaP
Alteração Gene -
Cromossomo Alelo
Consequência
funcional
Hereditariedade rs10486567 JAZF1 - 7 G/A Variante intrônica
rs10993994 MSMB - 10 C/T Região promotora
rs9364554 SLC22A3 - 6 C/T Variante íntrônica
rs5945572 NUDT10/11- X G/A -
rs2735839 KLK2/3 - 19 G/A Variante íntrônica
rs4430796 HNF1B - 17 A/G Variante intrônica
rs7501939 HNF1B - 17 T/C Variante intrônica
rs138213197 HOXB13 - 17 C/T Alteração missense
Receptor de
estrógeno rs1271572 ESR2 - 14 A/C Variante intrônica
rs2987983 ESR2 - 14 A/G Variante intrônica
Receptor de
andrógeno rs8072254 AR - 17 A/G Variante intrônica
rs4919743 AR - 17 A/G Variante intrônica
Engrailed-2 rs3808330 EN2 - 7 C/T Região promotora
3.3 Extração de DNA
Para análise dos polimorfismos, primeiramente foi feita a extração de DNA
das amostras enviadas, utilizando o kit QIAamp DNA Blood Mini Kit (Qiagen®).
Para execução deste método, as amostras foram equilibradas à temperatura
ambiente e a quantidade de 200 µl foi retirada de cada uma delas para extração.
A esse volume foram adicionados 20 µl de protease, e posteriormente 200 µl de
26
solução de lise (Buffer AL). As amostras foram então incubadas a 56ºC por 10
minutos. Os tubos foram centrifugados e foram adicionados 200 µl de etanol (96
– 100%) e as amostras foram agitadas e centrifugadas. A mistura desse passo
foi então transferida para um novo tubo contendo uma coluna fornecida pelo kit
e as amostras foram centrifugadas para passagem da mistura pela coluna. O
filtrado foi então descartado e foram realizadas etapas de lavagem da coluna
com 500 µl das soluções Buffer AW1 e Buffer AW2, respectivamente. Após as
lavagens, as colunas foram transferidas para um novo tubo, onde foram
adicionados 200 µl da solução de eluição (Buffer AE), incubadas à temperatura
ambiente por 1 minuto e centrifugadas. A pureza e concentração do DNA foram
mensuradas em espectrofotômetro Nanodrop® (ND-1000, Wilmington, EUA)
(260/280nM).
3.4 Análise dos genótipos
Realizamos a análise da detecção dos polimorfismos por qPCR de 255
amostras (pacientes), sendo 185 diagnosticados com CaP e 70 controles.
Utilizamos a técnica de identificação da base com uso de sondas marcadas com
fluoróforos (Taqman®) (figura 2).
Nessa abordagem foram utilizados primers flanqueando a região
polimórfica para amplificação dos produtos por PCR, além de duas sondas que
se anelam sobre uma pequena sequência de nucleotídeos que contém o
polimorfismo, sendo cada uma específica para um dos alelos descritos. Em uma
das extremidades de cada sonda está fixada uma molécula fluorescente (dye
reporter), e na outra uma molécula não fluorescente, denominada quencher.
27
Enquanto as sondas estão intactas, a interação entre os dye reporters e
os quenchers impede que a fluorescência seja emitida. Durante a reação de
PCR, a Taq polimerase, por sua ação exonucleásica, quebra a sonda ligada ao
fragmento, causando a liberação do dye reporter e a emissão de fluorescência.
Como apenas a sonda específica para um determinado alelo é capaz de se ligar
a ele, apenas a fluorescência emitida por ela será detectada. Cada sonda é
marcada com uma fluorescência diferente e através da leitura da fluorescência
emitida é possível determinar o genótipo da amostra. É importante citar que além
do dye reporter e da molécula quencher, uma molécula denominada MGB (Minor
Groove Binder) também está afixada à sonda, tendo a função de elevar a sua
temperatura de anelamento, permitindo uma ligação mais específica, e evitando
que ela se ligue inespecificamente à sequência correspondente ao outro alelo.
A detecção da fluorescência emitida na reação é feita por uma câmera
CCD localizada no aparelho ABI7500 (Applied Biosystems), capaz de detectar
diferentes comprimentos de onda e os genótipos são determinados de acordo
com o perfil de emissão das fluorescências ao final da reação de PCR. Os oligos
e sondas foram adquiridos da empresa Applied Biosystems.
Para amplificação dos fragmentos desejados utilizamos as seguintes
condições de reação: 5,0 l do Master Mix TaqMan, 0,25 l de primer específico
de cada polimorfismo, 2,75 l de água destilada e 2,0 l de DNA, totalizando um
total de 10 l para cada reação. Para amplificação as amostras foram submetidas
a 40 ciclos de 95°C por 15 segundos e 60°C por 1 minuto, precedidos por 2
minutos a 50°C, e 10 minutos a 95°C. O produto foi então analisado por PCR em
28
tempo real, que faz a discriminação alélica através da emissão de luz em um
comprimento de onda característico.
Figura 2 - Sistema Taqman: Identificação da base com uso de sondas
marcadas com fluoróforos. Nesta abordagem além do primer são desenhadas
um par de sondas que se anelam sobre uma pequena seqüência de nucleotídeos
que contém o polimorfismo, sendo cada uma específica para um dos alelos
descritos (polimórfico e tipo selvagem). Em uma das extremidades de cada
sonda está fixada uma molécula fluorescente (dye reporter), e na outra uma
molécula não fluorescente, denominada quencher. Enquanto as sondas estão
intactas, a interação entre os dye reporters e os quenchers impede que a
fluorescência seja emitida. Durante a reação de PCR, a Taq DNA polimerase,
por sua ação exonucleásica, quebra a sonda ligada ao fragmento, causando a
liberação do dye repórter e a emissão de fluorescência (Fonte: Reis ST)
3.5 Análise estatística
A verificação do grau de significância da comparação entre as frequências
dos genótipos observada e esperada nos grupos controle e de pacientes com
CaP foi feita pelo teste de qui-quadrado (²).
29
A frequência de 13 polimorfismos foi avaliada entre estes dois grupos, e
além disso foram feitas análises dentro do grupo de pacientes com CaP,
analisando o histórico familiar e também fatores prognósticos (PSA pré-
operatório, estadiamento patológico, Gleason da peça cirúrgica). Realizamos
também uma análise dos polimorfismos com a recidiva bioquímica dos
pacientes. Foi avaliada a força de associação entre cada um dos polimorfismos
e o grupo através do cálculo de odds ratio (OR) e seu respectivo intervalo de
confiança a 95% (IC 95%).
As análises estatísticas foram realizadas no software SPSS 19.0 para
Windows, e em toda a análise o p foi considerado significativo quando menor ou
igual a 0,05.
30
4. RESULTADOS
31
A tabela 5 mostra a frequência dos genótipos dos SNPs analisados
comparando o grupo de pacientes com CaP e o grupo controle. A tabela 6 mostra
uma análise secundária, considerando apenas a presença ou ausência dos
alelos polimórficos para identificar se o fato do indivíduo possuir um único alelo
polimórfico já é capaz de aumentar ou diminuir a predisposição à alguma
característica. Sendo assim, agrupamos os indivíduos com genótipo homozigoto
polimórfico e heterozigoto em um só grupo e os indivíduos com genótipo
homozigoto selvagem em um outro grupo.
Nessas primeiras comparações encontramos uma associação
significativa entre o polimorfismo rs10486567 e o CaP. A presença do genótipo
homozigoto polimórfico foi maior nos pacientes diagnosticados com CaP (57,1%)
comparado com o grupo controle (40%) (OR=3,00; IC: [1,26 – 7,13]), enquanto
a presença do genótipo selvagem ocorreu em 17,1% nos indivíduos do grupo
controle e em somente 8,2% dos pacientes com CaP (p=0,02) (tabela 5). O alelo
polimórfico deste SNP esteve presente em 91,8% dos pacientes com a neoplasia
aumentando o risco de desenvolvimento do CaP em 2 vezes (OR=2,33; IC: [ 1,03
– 5,26]) (p=0,03) (Tabela 6)
Com relação ao polimorfismo rs9364554, apesar de termos encontrado
uma baixa frequência do genótipo polimórfico, no grupo de pacientes com CaP
a presença desse polimorfismo foi observada em 7,1% dos pacientes, enquanto
que no grupo controle foi encontrada em somente 2,9% dos indivíduos (p=0,05)
(OR=3,10; IC: [0,67 – 14,25]), indicando que a presença desse polimorfismo em
homozigose pode estar associada ao desenvolvimento do CaP (tabela 5). O alelo
polimórfico deste SNP esteve presente em 71 pacientes com CaP (38,6%) e em
apenas 16 indivíduos do grupo controle (22,9%). A presença deste alelo aumenta
32
a predisposição a esta neoplasia em 2 vezes (OR=2,12; IC: [1,12 – 3,98])
(p=0,01) (Tabela 6).
Também encontramos uma correlação significativa na comparação dos
grupos com o polimorfismo rs8072254. Entretanto, neste caso o genótipo
homozigoto polimórfico foi mais frequente nos pacientes do grupo controle que
nos casos de CaP (45,7% versus 28,8% respectivamente), conferindo uma
proteção ao desenvolvimento desta neoplasia (p=0,03) (OR=0,48; IC: [0,23 –
1,01]).
Para os demais polimorfismos não encontramos associações
significativas de acordo com a frequência dos genótipos e alelos e o CaP.
Tabela 5 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos nos pacientes
diagnosticados com CaP e nos indivíduos do grupo controle
Alteração (ensaio)
Genótipo CaP (n) Controle
(n) Odds Ratio p
rs10486567
AA* 8,2% (15) 17,1% (12) 1 0,02
AG 34,8% (64) 42,9% (30) 1,70 [0,71 – 4,09]
GG 57,1% (105) 40% (28) 3,00 [1,26 – 7,13]
rs7501939
TT* 14,2% (26) 15,7% (11) 1 0,74
TC 44,8% (82) 48,6% (34) 1,02 [0,45 – 2,29]
CC 41% (75) 35,7% (25) 1,26 [0,54 – 2,93]
rs4430796
AA* 22,8% (42) 22,9% (16) 1 0,12
AG 54,9% (101) 65,7% (46) 0,83 [0,42 – 1,64]
GG 22,3% (41) 11,4% (8) 1,95 [0,75 – 5,05]
rs10993994
CC* 25,5% (47) 20% (14) 1 0,17
CT 44% (81) 57,1% (40) 0,60 [0,29 – 1,22]
TT 30,4% (56) 22,9% (16) 1,04 [0,46 – 2,35]
rs2735839
GG** 3,8% (7) 2,9% (2) 1 0,77
GA 95,7% (176) 97,1% (68) 0,73 [0,15 – 3,64]
AA 0,5% (1) 0 (0) 4,61 [0]
33
rs5945572
GG* 29,9% (55) 31,4% (22) 1 0,87
GA 30,4% (56) 27,1% (19) 1,17 [0,57 – 2,41]
AA 39,7% (73) 41,4% (29) 1,00 [0,52 – 1,93]
rs9364554
CC* 61,4% (113) 77,1% (54) 1 0,05
CT 31,5% (58) 20% (14) 1,98 [1,01 – 3,86]
TT 7,1% (13) 2,9% (2) 3,10 [0,67 – 14,25]
rs138213197
CC* 56% (103) 52,9% (37) 1 0,65
CT 44% (81) 47,1% (33) 0,88 [0,50 – 1,53]
TT 0% (0) 0% (0) -
rs1271572
AA* 36,4% (67) 30% (21) 1 0,62
AC 43,5% (80) 47,1% (33) 3,73 [0,13 – 1,39]
CC 20,1% (37) 22,9% (16) 5,41 [0,28 – 1,52]
rs2987983
AA* 7,6% (14) 11,4% (8) 1 0,62
AG 89,1% (164) 85,7% (60) 1,56 [0,62 – 3,91]
GG 3,3% (6) 2,9% (2) 1,71 [0,27 – 10,58]
rs8072254
AA* 26,1% (48) 20,0% (14) 1 0,03
AG 45,1% (83) 34,3% (24) 1,00 [0,47 – 2,13]
GG 28,8% (53) 45,7% (32) 0,48 [0,23 – 1,01]
rs4919743
AA* 3,8% (7) 0% (0) - 0,19
AG 86,4% (159) 92,9% (65) -
GG 9,8% (18) 7,1% (5) -
rs3808330
CC* 7,1% (13) 8,6% (6) 1 0,86
CT 22,3% (41) 20% (14) 1,35 [0,43 – 4,23]
TT 70,7% (130) 71,4% (50) 1,20 [0,43 – 3,33]
*Genótipo homozigoto selvagem
34
Tabela 6 - Distribuição dos alelos dos 13 polimorfismos entre pacientes com CaP e grupo controle.
Alteração Alelo Sem Câncer
(n)
Com Câncer
(n)
Odds Ratio p
rs10486567
A* 17,1% (12) 8,2% (58) 1,00 0,03
G 82,9% (15) 91,8% (169) 2.33 [ 1,03 – 5,26]
rs7501939
T* 15,7% (11) 14,1% (26) 1,00 0,74
C 84,3% (59) 85,9% (158) 1,13 [ 0,52 - 2,43]
rs4430796
A* 22,9% (16) 22,8% (42) 1,00 0,99
G 77,1% (54) 77,2% (142) 1,00 [ 0,52 – 1,93]
rs10993994
C* 20% (14) 25,5% (47) 1,00 0,35
T 80% (56) 74,5% (137) 0,72 [0,37 – 1,42]
rs2735839
A* 2,9% (2) 3,8% (7) 1,00 0,71
G 97,1% (68) 96,2% (177) 0,74 [0,15 – 3,66 ]
rs5945572
A* 31,4% (22) 29,9% (55) 1,00 0,81
G 68,6% (48) 70,1% (129) 1,07 [0,59 – 1,94]
rs9364554
C* 77,1% (54) 61,4% (113) 1,00 0,01
T 22,9% (16) 38,6% (71) 2,12 [1,12 – 3,98]
rs138213197
C* 52,9% (37) 56% (103) 1,00 0,65
T 47,1% (33) 44% (81) 0,88 [0,50 – 1,53]
rs1271572
A* 30% (21) 37% (68) 1,00 0,29
C 70% (49) 63% (116) 0,73 [0,40 – 1,32]
rs2987983
A* 11,4% (8) 7,6% (14) 1,00 0,33
G 88,6% (62) 92,4% (170) 1,56 [0,62 – 3,91]
rs8072254
A* 20% (14) 26,1% (48) 1,00 0,31
G 80% (56) 73,9% (136) 0,70 [0,36 – 1,38]
rs4919743
A* 0% (0) 4,3% (8) 1,00 0,07
G 100% (70) 95,7% (176) 1,04 [1,01 – 1,07]
rs3808330
C* 8,6% (6) 7,1% (13) 1,00 0,68
T 91,4% (64) 92,9% (171) 1,23 [0,45 – 3,38]
*Alelo selvagem
35
Avaliamos também a frequência dos genótipos comparada aos pacientes
diagnosticados com CaP com histórico familiar e com os pacientes com CaP
esporádico (Tabela 7). Nesta comparação, encontramos uma associação
significativa em relação ao SNP rs1271572 em que o genótipo polimórfico foi
quase 3x mais presente nos pacientes que possuíam CaP esporádico quando
comparado aos indivíduos com CaP com história familiar da doença (p=0,03)
(OR=0,29; IC: [0,11 – 0,78]). Os demais polimorfismos e a análise de alelos não
apresentaram significância estatística considerando a hereditariedade desta
neoplasia.
Tabela 7 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos nos pacientes
diagnosticados com CaP com histórico familiar e esporádico
Alteração (ensaio)
Genótipo
Pacientes portadores
de CaP esporádico
(n)
Pacientes portadores
com histórico
familiar (n)
Odds Ratio p
rs10486567
AA* 8,2% (8) 9,7% (7) 1 0,68
AG 30,9% (30) 36,1% (26) 0,99 [0,31 – 3,10]
GG 60,8% (59) 54,2% (39) 0,75 [0,25 – 2,25]
rs7501939
TT* 17,7% (17) 11,1% (8) 1 0,43
TC 42,7% (41) 50% (36) 1,86 [0,72 – 4,83]
CC 39,6% (38) 38,9% (28) 1,56 [0,59 – 4,13]
rs4430796
AA* 25,8% (25) 20,8% (15) 1 0,54
AG 52,6% (51) 61,1% (44) 1,43 [0,67 – 3,06]
GG 21,6% (21) 18,1% (13) 1,03 [0,40 – 2,64]
rs10993994
CC* 26,8% (26) 20,8% (15) 1 0,08
CT 37,1% (36) 54,2% (39) 1,87 [0,86 – 4,09]
TT 36,1% (35) 25% (18) 0,89 [0,38 – 2,09]
rs2735839
36
GG* 5,2% (5) 1,4% (1) 1 0,22
GA 94,8% (92) 97,2% (70) 3,80 [0,43 – 33,30]
AA 0% (0) 1,4%(1) 8,07 [ - ]
rs5945572
GG* 29,9% (29) 31,9% (23) 1 0,96
GA 29,9% (29) 29,2% (21) 0,91 [0,41 – 2,00]
AA 40,2% (39) 38,9% (28) 0,90 [0,43 – 1,88]
rs9364554
CC* 58,8% (57) 63,9% (46) 1 0,62
CT 32% (31) 30,6% (22) 0,87 [0,45 – 1,71]
TT 9,3% (9) 5,6% (4) 0,55 [0,15 – 1,90]
rs138213197
CC* 50,5% (49) 61,1% (44) 1 0,17
CT 49,5% (48) 38,9% (28) 0,65 [0,35 – 1,20]
TT 0% (0) 0% (0) -
rs1271572
AA* 35,1% (34) 44,4% (32) 1 0,03
AC 39,2% (38) 45,8% (33) 0,92 [0,47 – 1,80]
CC 25,8% (25) 9,7% (7) 0,29 [0,11 – 0,78]
rs2987983
AA* 8,2% (8) 8,3% (6) 1 0,58
AG 87,6% (85) 90,3% (65) 1,02 [0,33 – 3,08]
GG 4,1% (4) 1,4% (1) 0,33 [0,02 – 3,80]
rs8072254
AA* 27,8% (27) 26,4% (19) 1 0,94
AG 43,3% (42) 45,8% (33) 1,11 [0,53 – 2,34]
GG 28,9% (28) 27,8% (20) 1,01 [0,44 – 2,30]
rs4919743
AA* 3,1% (3) 4,2% (3) 1 0,85
AG 87,6% (85) 84,7% (61) 0,71 [0,14 – 3,67]
GG 9,3% (9) 11,1% (8) 0,88 [0,13 – 5,72]
rs3808330
CC* 6,2% (6) 69% (5) 1 0,86
CT 25,8% (25) 19,4% (14) 0,67 [0,17 – 2,60]
TT 68% (66) 73,6% (53) 0,96 [0,27 – 3,33]
*Genótipo homozigoto selvagem
Os pacientes foram subdivididos de acordo com os fatores prognósticos
clássicos do CaP. Inicialmente subdividimos os pacientes de acordo com os
níveis de PSA pré-operatório em dois grupos: PSA < 10 ng/ml e pacientes com
37
PSA ≥ 10 ng/ml (Tabela 8). Nesta comparação encontramos significância
estatística apenas para o SNP rs3808330. O genótipo homozigoto polimórfico
esteve mais presente no grupo de pacientes com PSA <10ng/ml, (p=0,02)
(OR=0,18; IC: [0,05 – 0,68]). A análise considerando somente os alelos não
revelou nenhuma associação estatisticamente significativa.
Tabela 8 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em relação ao nível
de PSA pré-operatório
Alteração (ensaio)
Genótipo PSA
<10ng/ml (n)
PSA ≥10ng/ml
(n) Odds ratio p
rs10486567
AA* 9,2% (13) 7,4% (2) 1 0,87
AG 32,4% (46) 37% (10) 1,41 [0,27 – 7,27]
GG 58,5% (83) 55,6% (15) 1,17 [0,24 – 5,74]
rs7501939
TT* 14,9% (21) 14,8% (4) 1 0,44
TC 43,3% (61) 55,6% (15) 1,29 [0,38 – 4,32]
CC 41,8% (59) 29,6% (8) 0,71 [0,19 – 2,61]
rs4430796
AA* 22,5% (32) 18,5% (5) 1 0,77
AG 55,6% (79) 63% (17) 1,37 [0,46 – 4,04]
GG 21,8% (31) 18,5% (5) 1,03 [0,27 – 3,92]
rs10993994
CC* 23,2% (33) 29,6% (8) 1 0,41
CT 47,2% (67) 33,3% (9) 0,55 [0,19 – 1,56]
TT 29,6% (42) 38% (10) 0,98 [0,34 – 2,76]
rs2735839
GG* 4,9% (7) 0% (0) 1 0,45
GA 94,4% (134) 100% (27) 3,25 [-]
AA 0,7% (1) 0% (0) 1,00 [-]
rs5945572
GG* 29,6% (42) 29,6% (8) 1 0,64
GA 28,9% (41) 37% (10) 1,28 [0,46 – 3,56]
AA 41,5% (59) 33,3%(9) 0,80 [0,28 – 2,24]
rs9364554
CC* 60,6% (86) 74,1% (20) 1 0,22
CT 31,7% (45) 25,9% (7) 0,66 [0,26 – 1,70]
38
TT 7,7% (11) 0% (0) -
rs138213197
CC* 58,5% (83) 44,4% (12) 1 0,17
CT 41,5% (59) 55,6% (15) 1,75 [0,76- 4,03]
TT 0% (0) 0% (0) -
rs1271572
AA* 34,5% (49) 37% (10) 1 0,59
AC 46,5% (66) 37% (10) 0,74 [0,28 – 1,92]
CC 19% (27) 25,9% (7) 1,27 [0,43 – 3,71]
rs2987983
AA* 7,7% (11) 11,1% (3) 1 0,53
AG 88,7% (126) 88,9% (24) 0,69 [0,18 – 2,69]
GG 3,5% (5) 0% (0) -
rs8072254
AA* 24,6% (35) 22,2% (6) 1 0,96
AG 46,5% (66) 48,1% (13) 1,14 [0,40 – 3,28]
GG 28,9% (41) 29,6% (8) 1,13 [0,36 – 3,59]
rs4919743
AA* 2,8% (4) 7,4% (2) 1 0,49
AG 86,6% (123) 81,5% (22) 0,35 [0,06 – 2,07]
GG 10,6% (15) 11,1% (3) 0,40 [0,04 – 3,27]
rs3808330
CC* 4,2% (6) 18,5% (5) 1 0,02
CT 23,2% (33) 22,2% (6) 0,21 [0,05 – 0,95]
TT 72,5% (103) 59,3% (16) 0,18 [0,05 – 0,68]
*Genótipo homozigoto selvagem
Considerando o escore de Gleason subdividimos os pacientes em dois
grupos: pacientes com Gleason ≤ 6 e Gleason 7-10. A comparação entre a
genotipagem e o escore de Gleason foi realizada para a peça cirúrgica. O SNP
rs7501939 apresentou significância estatística marginal (Tabela 9). A frequência
do genótipo homozigoto polimórfico foi maior em pacientes que apresentaram
menor escore Gleason (57,1%) comparado aos pacientes com escore de
Gleason 7-10 (36,9%) (p= 0,07) (OR=0,38; IC: [0,11 – 1,25]).
Ainda nesta comparação, encontramos que o genótipo homozigoto
selvagem do SNP rs5945572 foi mais frequente nos pacientes com escore de
39
Gleason de alto grau, enquanto que o genótipo homozigoto polimórfico foi mais
predominante nos pacientes com escore de Gleason de baixo grau (39,3% e
59,5%, respectivamente) (p=0,00) (OR=0,15; IC: [0,05 – 0,45]).
Na análise de alelos não encontramos nenhuma associação significativa
considerando o escore de Gleason.
Tabela 9 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em relação ao escore
de Gleason na peça
Alteração (ensaio)
Genótipo Gleason ≤6
(n) Gleason >
7-10 (n) Odds Ratio p
rs10486567
AA* 7,1% (3) 9,8% (11) 1 0,65
AG 40,5% (17) 33% (37) 0,59 [0,14 – 2,40]
GG 52,4% (22) 57,1% (64) 0,79 [0,20 – 3,10]
rs7501939
TT* 9,5% (4) 16,2% (18) 1 0,07
TC 33,3% (14) 46,8% (52) 0,82 [0,24 – 2,83]
CC 57,1% (24) 36,9% (41) 0,38 [0,11 – 1,25]
rs4430796
AA* 26,2% (11) 19,6% (22) 1 0,18
AG 45,2% (19) 61,6% (69) 1,81 [0,75 – 4,39]
GG 28,6% (12) 18,8% (21) 0,87 [0,31 – 2,41]
rs10993994
CC* 16,7% (7) 29,5% (33) 1 0,25
CT 46,7% (20) 42,9% (48) 0,50 [0,19 – 1,34]
TT 35,7% (15) 27,7% (31) 0,43 [0,15 – 1,21]
rs2735839
GG* 4,8% (2) 3,6% (4) 1 0,78
GA 95,2% (40) 95,5% (107) 1,33 [0,23 – 7,58]
AA 0% (0) 0,9% (1) 8,07 [-]
rs5945572
GG* 11,9% (5) 39,3% (44) 1 0,00
GA 28,6% (12) 29,5% (33) 0,31 [0,10 – 0,97]
AA 59,5% (25) 31,3% (35) 0,15 [0,05 – 0,45]
rs9364554
CC* 54,8% (23) 63,4% (71) 1 0,52
CT 38,1% (16) 28,6% (32) 0,64 [0,30 – 1,38]
40
TT 7,1% (3) 8% (9) 0,97 [0,24 – 3,89]
rs138213197
CC* 61,9% (26) 54,5% (61) 1 0,26
CT 38,1% (16) 45,5% (51) 1,35 [0,65 – 2,80]
TT 0% (0) 0% (0) -
rs1271572
AA* 38,1% (16) 35,7% (40) 1 0,70
AC 40,5% (17) 47,3% (53) 1,24 [0,56 – 2,76]
CC 21,4% (9) 17% (19) 0,84 [0,31 – 2,25]
rs2987983
AA* 11,9% (5) 8% (9) 1 0,71
AG 87,5% (36) 88,4% (99) 1,52 [0,48 – 4,86]
GG 2,4% (1) 3,6% (4) 2,22 [0,19 – 25,72]
rs8072254
AA* 21,4% (9) 23,2% (26) 1 0,27
AG 57,1% (24) 43,8% (49) 0,70 [0,28 – 1,74]
GG 21,4% (9) 33% (37) 1,42 [0,49 – 4,07]
rs4919743
AA* 2,4% (1) 4,5% (5) 1 0,71
AG 90,5% (38) 85,7% (96) 0,50 [0,05 – 4,46]
GG 7,1% (3) 9,8% (11) 0,73 [0,06 – 8,91]
rs3808330
CC* 4,8% (2) 6,3% (7) 1 0,82
CT 21,4% (9) 25% (28) 0,88 [0,15 – 5,07]
TT 73,8% (31) 68,8% (77) 0,71 [0,14 – 3,60]
*Genótipo homozigoto selvagem
Para a comparação do escore de Gleason, incluímos mais uma análise,
dessa vez subdividindo os pacientes em três parâmetros: Gleason ≤ 6, Gleason
7 e Gleason 8-10 (Tabela 10). Nesta análise o SNP rs7501939 também
apresentou significância marginal e a relação se manteve a mesma que na
análise anterior em que a frequência do genótipo homozigoto polimórfico foi
maior em pacientes que possuem menor escore de Gleason (57,1%) comparado
aos pacientes com Gleason 7 (45,5%) e Gleason 8-10 (28,6%) (p= 0,07).
Ainda nesta comparação, encontramos que o genótipo homozigoto
polimórfico do SNP rs5945572 foi mais frequente nos pacientes com escore de
41
Gleason de baixo grau comparado aos pacientes com escore de Gleason de alto
grau (59,5% (≤6) e 37,5% (7) e 25% (8-10), respectivamente) (p=0,04).
Na análise de alelos não encontramos nenhuma associação significativa
considerando o escore de Gleason divididos em três parâmetros.
Tabela 10 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em relação ao
escore de Gleason na peça (3 parâmetros)
Alteração (ensaio)
Genótipo Gleason ≤6
(n) Gleason 7
(n) Gleason 8-
10 (n) p
rs10486567
AA* 7,1% (3) 10,7% (6) 8,9% (5) 0,91
AG 40,5% (17) 32,1% (18) 33,9% (19)
GG 52,4% (22) 57,1% (32) 57,1% (32)
rs7501939
TT* 9,5% (4) 14,5% (8) 17,9% (10) 0,07
TC 33,3% (14) 40% (22) 53,6% (30)
CC 57,1% (24) 45,5% (25) 28,6% (16)
rs4430796
AA* 26,2% (11) 19,6% (11) 19,6% (11) 0,18
AG 45,2% (19) 55,4% (31) 67,9% (38)
GG 28,6% (12) 25% (14) 12,5% (7)
rs10993994
CC* 16,7% (7) 30,4% (17) 28,6% (16) 0,42
CT 46,7% (20) 46,4% (26) 39,3% (22)
TT 35,7% (15) 23,2% (13) 32,1% (18)
rs2735839
GG* 4,8% (2) 3,6% (2) 3,6% (2) 0,76
GA 95,2% (40) 94,6% (53) 96,4% (54)
AA 0% (0) 1,8% (1) 0% (0)
rs5945572
GG* 11,9% (5) 37,5% (21) 41,1% (23) 0,04
GA 28,6% (12) 25% (14) 33,9% (19)
AA 59,5% (25) 37,5% (21) 25% (14)
rs9364554
CC* 54,8% (23) 51,8% (29) 75% (42) 0,10
CT 38,1% (16) 37,5% (21) 19,6% (11)
TT 7,1% (3) 10,7% (6) 5,4% (3)
rs138213197
42
CC* 61,9% (26) 60,7% (34) 48,2% (27) 0,29
CT 38,1% (16) 39,3% (22) 51,8% (29)
TT 0% (0) 0% (0) 0% (0)
rs1271572
AA* 38,1% (16) 44,6% (25) 26,8% (15) 0,33
AC 40,5% (17) 41,1% (23) 53,6% (30)
CC 21,4% (9) 14,3% (8) 19,6% (11)
rs2987983
AA* 11,9% (5) 14,3% (8) 1,8% (1) 0,20
AG 87,5% (36) 82,1% (46) 94,6% (53)
GG 2,4% (1) 3,6% (2) 3,6% (2)
rs8072254
AA* 21,4% (9) 21,4% (12) 25% (14) 0,59
AG 57,1% (24) 44,6% (25) 42,9% (24)
GG 21,4% (9) 33,9% (19) 32,1% (18)
rs4919743
AA* 2,4% (1) 5,4% (3) 3,6% (2) 0,90
AG 90,5% (38) 83,9% (47) 87,5% (49)
GG 7,1% (3) 10,7% (6) 8,9% (5)
rs3808330
CC* 4,8% (2) 5,4% (3) 7,1% (4) 0,41
CT 21,4% (9) 17,9% (10) 32,1% (18)
TT 73,8% (31) 76,8% (43) 60,7% (34)
*Genótipo homozigoto selvagem
Os pacientes foram subdivididos de acordo com o estadiamento
patológico e neste caso foram divididos em tumores pT2 (órgão-confinados) e
tumores pT3 (doença extra-prostática). Nesta análise não encontramos
significância estatística entre nenhum dos SNPs analisados, tanto na
comparação com a frequência dos genótipos quanto na comparação com a
frequência de alelos.
Avaliamos a presença ou ausência de recidiva bioquímica, que foi
considerada presente quando o PSA pós tratamento foi maior que 0,2 ng/ml.
Neste caso 34 pacientes apresentaram recidiva bioquímica e 121 pacientes não
apresentaram. Dois polimorfismos foram significativamente associados com
43
esse fator. Considerando o SNP rs7501939, encontramos que o genótipo
homozigoto polimórfico foi mais frequente nos pacientes que não apresentaram
recidiva bioquímica (p=0,04) (OR=1,05; IC: [0,25 – 4,31]).
Considerando o polimorfismo rs4919743, embora o genótipo heterozigoto
tenha sido o mais prevalente nos 2 grupos, sua frequência foi maior nos
pacientes sem recidiva (90,1%) quando comparado aos pacientes com recidiva
(73,5%) (p= 0,04) (OR=0,22; IC: [0,04 – 1,20]) (Tabela 11). Para os genótipos
não foi possível construir curvas de sobrevida devido à baixa frequência do
genótipo homozigoto selvagem.
Na análise de alelos não encontramos nenhuma associação significativa
considerando recidiva bioquímica.
Tabela 11 - Distribuição dos genótipos de 13 polimorfismos em relação à recidiva
bioquímica
Alteração (ensaio)
Genótipo
Sem recidiva
bioquímica (n)
Com recidiva
bioquímica (n)
Odds Ratio p
rs10486567
AA* 10,7% (13) 5,9% (2) 1 0,42
AG 30,6% (37) 41,2% (14) 2,45 [0,49 – 12,31]
GG 58,7% (71) 52,9% (18) 1,64 [0,34 – 796]
rs7501939
TT* 15,7% (19) 9,1% (3) 1 0,04
TC 39,7% (48) 63,6% (21) 2,77 [0,73 – 10,38]
CC 44,6% (54) 27,3% (9) 1,05 [0,25 – 4,31]
rs4430796
AA* 24,8% (30) 14,7% (5) 1 0,06
AG 51,2% (62) 73,5% (25) 2,41 [0,84 – 6,94]
GG 24% (29) 11,8% (4) 0,82 [0,20 – 3,39]
rs10993994
CC* 19% (23) 32,4% (11) 1 0,24
44
CT 47,9% (58) 41,2% (14) 0,50 [0,50 – 1,27]
TT 33,1% (40) 26,5% (9) 0,47 [0,17 – 1,30]
rs2735839
GG* 5,8% (7) 0% (0) 1 0,15
GA 94,2% (114) 100% (34) 4,81 [-]
AA 0% (0) 0% (0) -
rs5945572
GG* 30,6% (37) 38,2% (13) 1 0,06
GA 27,3% (33) 41,2% (14) 1,20 [0,49 – 2,93]
AA 42,1% (51) 20,6% (7) 0,39 [0,14 – 1,07]
rs9364554
CC* 61,2% (74) 70,6% (24) 1 0,49
CT 31,4% (38) 26,5% (9) 0,73 [0,30 – 1,72]
TT 7,4% (9) 2,9% (1) 0,34 [0,41 – 2,84]
rs138213197
CC* 58,7% (71) 55,9% (19) 1 0,77
CT 41,3% (50) 44,1% (15) 1,12 [0,52 – 2,41]
TT 0% (0) 0% (0) -
rs1271572
AA* 37,2% (45) 32,4% (11) 1 0,30
AC 42,1% (51) 55,9% (19) 0,42 [0,13 – 1,39]
CC 20,7% (25) 11,8% (4) 0,65 [0,28 – 1,52]
rs2987983
AA* 9,1% (11) 5,9% (2) 1 0,38
AG 86,8% (105) 94,1% (32) 1,67 [0,35 – 7,95]
GG 4,1% (5) 0% (0) -
rs8072254
AA* 26,4% (32) 26,5% (9) 1 0,92
AG 43,8% (53) 47,1% (16) 1,07 [0,42 – 2,71]
GG 29,8% (36) 26,5% (9) 0,88 [0,31 – 2,51]
rs4919743
AA* 2,5% (3) 8,8% (3) 1 0,04
AG 90,1% (109) 73,5% (25) 0,22 [0,04 – 1,20]
GG 7,4% (9) 17,6% (6) 0,66 [0,09 – 4,47]
rs3808330
CC* 6,6% (8) 5,9% (2) 1 0,20
CT 20,7% (25) 35,3% (12) 1,92 [0,35 – 10,46]
TT 72,7% (88) 58,8% (20) 0,90 [0,17 – 4,61]
*Genótipo homozigoto selvagem
45
5. DISCUSSÃO
46
Considerando que o CaP é a segunda principal causa de morte por câncer
na população masculina, é fundamental que os esforços se concentrem em
descobrir indivíduos propensos a desenvolver a doença. Do ponto de vista de
saúde pública, a capacidade de identificar a predisposição genética para o CaP
poderia ser uma abordagem de rastreio para a população masculina. A
identificação de indivíduos com alto risco de aparecimento precoce e agressivo
do CaP, seria ainda mais valiosa.
Neste trabalho, investigamos a frequência de 13 SNPs presentes em
genes que já foram associados ao desenvolvimento do CaP esporádico ou
familiar e também em receptores hormonais, e tentamos estabelecer uma
correlação entre estes SNPs e o desenvolvimento do CaP e também a sua
progressão. Quando comparamos a frequência dos genótipos dos SNPs
estudados entre pacientes diagnosticados com CaP e o grupo controle,
encontramos diferenças estatísticas relacionadas a 3 SNPs. O primeiro deles é
o SNP rs10486567, que está localizado no cromossomo 7, no segundo íntron do
gene JAZF1 e codifica três proteínas C2-H2 do tipo zinc finger. Em nosso
estudo, a presença do genótipo homozigoto polimórfico aumentou em três vezes
o risco de desenvolvimento do CaP. Considerando apenas a presença ou
ausência dos alelos polimórficos, este SNP manteve o resultado encontrado nas
análises de frequência dos genótipos. A presença do alelo polimórfico aumentou
a predisposição ao CaP em 2 vezes. Através da meta-análise realizada por Liu
et al. (88) este SNP emergiu como um foco de interesse para o CaP e após
análises mais detalhadas continuou apresentando associação com o risco para
a neoplasia (89), incluindo a forma familiar(90).
47
Embora a importância funcional do SNP rs10486567 ainda tenha que ser
identificada, JAZF1 é reconhecido por codificar uma proteína zinc finger
denominada cisteína 2 histidina 2 (Cys2-His2), um tipo estrutural de zinc finger
que interage com alguns metais pesados como cádmio e chumbo (91, 92).
Interações de proteínas zinc fingers com metais pesados é um dos mecanismos
propostos para a carcinogênese por metal (93-95). Proteínas zinc finger estão
envolvidas no reparo do DNA, na transcrição e na supressão de tumores. Alguns
metais pesados já foram identificados como modificadores da estrutura e função
de algumas proteínas zinc finger chaves envolvidas na carcinogênese, tais como
o supressor de tumor p53 (96) e na inibição da cadeia de reparo do DNA (97).
As proteínas codificadas por este gene são também repressoras
transcripcionais de NR2C2, que se trata de um receptor nuclear altamente
expresso no tecido da próstata e que interage com o receptor de andrógeno.
JAZF1 é também um gene que frequentemente se funde com SUZ12 em
tumores de endométrio (98). Além disso, nesses tumores ocorrem frequentes
translocações que levam a expressão quimérica de JAZF1 e JJAZ1. O
mecanismo que conduz a esse rearranjo é desconhecido mas sabe-se que isso
não ocorre em concentrações elevadas de estrógeno e progesterona, sugerindo
que esse tipo de fusão pode ocorrer de maneira hormônio dependente (99). No
entanto, um estudo recente mostrou que na presença do polimorfismo
rs10486567, a sensibilidade de JAZF1 ao andrógeno é reduzida em 56%,
sugerindo que este SNP parece ser a variante funcional mais significativa deste
locus (100).
48
Em conformidade com nossos resultados outros trabalhos também
encontraram associação entre o SNP rs10486567 e o CaP (89, 101-103). Além disso,
em um desses estudos que avaliou 1.827 homens brancos com diagnóstico de
adenocarcinoma de próstata, esse SNP também mostrou associação com
pacientes que possuíam escore de Gleason de alto grau (≥8) (101). Em outro
estudo que investigou a possível utilização de alguns loci de risco como
marcadores de mortalidade para o CaP, este SNP esteve entre os que
mostraram associação positiva para essa finalidade. No entanto neste mesmo
trabalho, esse SNP mostrou associação com casos de CaP não fatais (104). O
alelo polimórfico deste SNP também foi associado com uma diminuição
significativa do risco de recorrência bioquímica, surgimento de metástase (105) e
início precoce da neoplasia (106). Outro estudo mostrou que este polimorfismo em
combinação com outras alterações pode ter um efeito cumulativo associado com
características mais agressivas do CaP (107). Assim como encontrado em nossos
resultados, é incontestável a participação deste SNP no desenvolvimento do
CaP e na aquisição de algumas características, principalmente com relação a
agressividade da doença. Em face dessas importantes associações este SNP
merece ser alvo de investigações mais profundas em trabalhos posteriores.
Ainda comparando a frequência dos genótipos entre pacientes com CaP
e o grupo controle, o polimorfismo rs9364554 também mostrou uma possível
associação com o desenvolvimento da doença, onde a presença do genótipo
homozigoto polimórfico representa um risco três vezes maior de
desenvolvimento da neoplasia. Na análise considerando apenas a presença ou
ausência do alelo polimórfico, encontramos que o alelo variante do SNP
rs9364554 foi estatisticamente associado a presença do CaP. A presença deste
49
alelo aumenta a predisposição a esta neoplasia em 2 vezes. Este SNP está
localizado no íntron 5 do gene SLC22A3 que atua na eliminação de algumas
drogas e toxinas ambientais. Grisanzio et al. (108), mostraram que a supressão
deste gene foi capaz de alterar algumas características fenotípicas associadas
ao CaP em linhagens celulares. Essas características dizem respeito
principalmente aos eventos associados à proliferação e viabilidade celular
mostrando, portanto, que este gene provavelmente está associado à iniciação
tumoral. Este fato é corroborado pela constatação de que a expressão de
SLC22A3 é inversamente correlacionada à progressão do CaP, visto que há uma
redução da expressão deste gene à medida que a doença avança (109). Variantes
em SLC22A3 também estão associadas com câncer colo retal (110) e com
mieloma múltiplo (111).
O SNP rs9364554 está associado à diminuição da transcrição de
SLC22A3 (108) e também já mostrou associação com a progressão do CaP (112).
Na população chinesa, não houve associação entre este polimorfismo e o CaP
(113). Não existem muitos trabalhos avaliando esta alteração no CaP, e, portanto,
consideramos relevante esse dado encontrado na população brasileira, visto que
tanto a presença do genótipo homozigoto polimórfico quanto do alelo polimórfico,
podem ser suficientes para elevar a predisposição à doença.
Também encontramos uma correlação significativa na comparação dos
grupos com o polimorfismo rs8072254, neste caso a presença do genótipo
homozigoto polimórfico foi mais frequente em pacientes do grupo controle, o que
nos faz supor que em condição de homozigose esse polimorfismo pode ser
considerado um SNP protetor, entretanto a distribuição do alelo polimórfico deste
SNP foi muito semelhante entre casos e controles. O SNP rs8072254 está
50
mapeado na terceira posição no elemento de resposta a andrógenos (ARE), que
são sítios de DNA reconhecidos pelo receptor de andrógeno (AR) (114, 115).
Estudos revelaram que o alelo variante (A) deste SNP é mais permissivo à
ligação com AR quando comparado com o alelo selvagem (G). Estes resultados
também foram encontrados em estudos in vitro, utilizando luciferase, onde foi
relatado que tanto a presença do alelo variante (A) quanto a presença do alelo
selvagem (G) são permissivos à ligação com AR, no entanto a ligação com o
alelo A é significativamente mais elevada do que com o alelo selvagem G. Isso
sugere que possa existir uma maior expressão de AR em CaP, devido à ligação
com o alelo variante A do SNP rs8072254.
Quando comparamos a distribuição dos polimorfismos com os pacientes
que possuíam CaP esporádico e CaP familiar, encontramos uma associação
significativa em relação ao SNP rs1271572, que está localizado na região
promotora do receptor de estrógeno beta ou ESR2. O genótipo polimórfico desta
alteração foi quase 3x mais presente nos pacientes que possuíam CaP
esporádico quando comparado aos indivíduos com CaP com história familiar da
doença (p=0,03). Em um estudo realizado na população chinesa, a frequência
deste polimorfismo foi significativamente menor nos casos de CaP que no grupo
controle (116). Existem poucos trabalhos na literatura relacionados a este SNP e
este trabalho realizado na população chinesa parece ser o único a associar esta
alteração específica ao CaP.
A importância dos estrógenos no desenvolvimento do trato reprodutivo
masculino tem sido cada vez mais reconhecida. Os estrógenos atuam através
dos receptores de estrógenos nucleares específicos (ESRs). O receptor de
51
estrógeno β (ERβ) ou ESR2 é altamente expresso no epitélio da próstata
sugerindo um efeito direto dos estrógenos nesse órgão (117, 118). A supressão do
ESR2 em animais leva a hiperplasia ventral da próstata, indicando que esta
molécula pode desempenhar um papel antiproliferativo nesse tecido (119, 120).
Alguns estudos confirmaram os sinais antiproliferativos deste gene no CaP, onde
observaram inibição da invasão e do crescimento do tumor bem como regulação
da apoptose (121, 122). Através da regulação da apoptose, ocorre a inibição da
proliferação de células cancerosas induzidas por 17 β-estradiol (estrógeno) e da
5α-diidrotestosterona em células de CaP sensíveis a andrógeno (LNCaP) (123).
Como dito anteriormente, ESR2 e AR são localizados e amplamente expressos
no epitélio da próstata (124). A redução da expressão de ESR2 em tumores
recorrentes privados de andrógeno ou após castração reflete a dependência de
andrógenos pela expressão de ESR2 no CaP humano (125, 126).
Foram realizados alguns estudos sobre o padrão de expressão de ESR2
em tecidos da próstata normal e maligno. Na maioria dos estudos, a expressão
de ESR2 diminui à medida que aumenta a graduação de Gleason, mas a
expressão deste gene se eleva novamente em lesões metastáticas (127-129).
Essas variações na expressão de ESR2 sugerem que este gene pode regular a
carcinogênese da próstata através de genes relacionados à proliferação celular
e apoptose, levantando a possibilidade de que as variantes de ESR2 podem
alterar o risco de CaP.
Aqui, não encontramos associação entre este polimorfismo e o
desenvolvimento do CaP ou a seus fatores prognósticos, entretanto
curiosamente, encontramos associação entre este SNP e os casos de CaP
52
esporádico. Nossos resultados são inéditos na literatura, uma vez que este
polimorfismo no gene ESR2 ainda não havia sido associado ao CaP
considerando o histórico familiar e a população brasileira. São necessárias
análises genéticas adicionais para melhor caracterização desta região para de
fato garantir a funcionalidade desta alteração.
Considerando os fatores prognósticos clássicos do CaP, para os valores
de PSA pré-operatório, encontramos significância estatística apenas para o SNP
rs3808330. Encontramos maior frequência do genótipo homozigoto polimórfico
no grupo de pacientes com PSA <10ng/ml. Este SNP está localizado no gene
EN2 e nosso trabalho é o primeiro a analisar esta mutação no CaP.
Os genes Engrailed (EN) são membros de uma família de fatores de
transcrição que contém um homeodomínio e apresentam um alto grau de
conservação funcional durante o desenvolvimento embrionário e na regulação
da tradução (74). EN foi primeiramente descrito como uma mutação em
Drosophila que resultou numa falha do desenvolvimento da extremidade que
divide a asa em compartimentos anterior e posterior. Genes homólogos de EN
estão presentes em vários grupos de animais. Os vertebrados têm dois genes
engrailed, o EN1 e EN2 que são mais ou menos equivalentes funcionalmente
(130, 131).
Estudos recentes têm mostrado que EN2 pode ser clinicamente útil como
um marcador de diagnóstico específico de CaP. Atualmente os testes usados na
prática clínica para detecção do CaP, incluem a dosagem do PSA, o exame de
toque digital e a realização de biópsias, e cada um destes testes apresentam
limitações significativas (132-134). Existe uma necessidade urgente de novos
53
biomarcadores para superar as limitações para detecção do CaP. Em 2011,
Morgan et al. (78) avaliaram o papel de EN2 no diagnóstico de CaP. Foi
demonstrado que EN2 é secretado na urina por células de CaP mas não por
tecido prostático normal. A expressão de EN2 foi confirmada nas linhagens
celulares PC3, DU145 e LNCaP e em tecidos de biópsias com CaP confirmado,
pela técnica de PCR em tempo real. Por imunohistoquímica também foi
confirmada a alta expressão da proteína EN2 nos tecidos de CaP e não nos
tecidos prostáticos normais ou na neoplasia intraepitelial prostática de alto grau
(135). Os níveis de EN2 foram medidos por ELISA em amostras de urina da manhã
e neste trabalho a presença de EN2 foi associada ao CaP, com uma
sensibilidade de 66% e uma especificidade de 88,2% sem necessidade de toque
digital retal (136).
Em face das potenciais utilidades clínicas do EN2 resolvemos investigar
se polimorfismos nesse importante marcador poderia estar associado a alguma
característica do CaP. Interessantemente, o SNP rs3808330 que avaliamos se
mostrou mais presente em pacientes que possuíam níveis menores de PSA.
Como ainda não existe nenhum trabalho avaliando essa alteração associada ao
CaP, não conseguimos definir precisamente o significado desta correlação, mas
podemos postular que por esta alteração ser na região promotora talvez ela
possa estar associada com uma baixa expressão do EN2, entretanto este fato
abre perspectivas para outras investigações.
Ainda nas comparações com fatores prognósticos do CaP, encontramos
associações para o SNP rs7501939. Este polimorfismo apresentou maior
frequência do genótipo homozigoto polimórfico em pacientes que apresentaram
54
menor escore Gleason e em pacientes que não apresentaram recorrência da
doença. Este polimorfismo está localizado no cromossomo 17q12 no segundo
íntron do gene HNF1β que é um fator de transcrição. HNF1β codifica três
isoformas em seres humanos. As isoformas HNF1β (A) e HNF1β (B) parecem
ser ativadores da transcrição, ao passo que a isoforma HNF1β (C) é um
repressor de transcrição (137). Existem diferenças na expressão das isoformas de
HNF1β entre tecidos normais e malignos da próstata, onde tumores de próstata
exibem maior expressão de HNF1β isoforma (B) do que o tecido normal (138). É
possível que variantes em HNF1β contribuam para a alteração da expressão
desta isoforma no CaP. Estudos de expressão gênica embrionária, mostram que
a expressão de HNF1β ocorre durante o desenvolvimento inicial do trato
urogenital humano (139). Embora o mecanismo biológico pelo qual HNF1β pode
afetar o risco de CaP ainda não tenha sido elucidado, a expressão diferencial
deste gene tem sido associada à recorrência do CaP (140).
Polimorfismos nesse gene, foram incialmente relatados como sendo
relacionados com o CaP em um estudo de associação do genoma (GWAS) na
Islândia (141) e posteriormente foi replicado em dois estudos adicionais no Reino
Unido (142) e nos Estados Unidos (143). Além disso essas alterações estão
associadas também a infertilidade masculina (144).
Em recente trabalho de Nikolic et al. (145) realizado na população sérvia, o
alelo polimórfico do SNP rs7501939 mostrou associação com o risco de CaP e
também com hiperplasia prostática benigna, porém não foi associado com os
parâmetros de progressão do CaP. Curiosamente, no estudo de Chornokur et al.
(98), este polimorfismo também foi associado ao risco de CaP, porém
55
exclusivamente em pacientes obesos. Em outro estudo, avaliando os
polimorfismos de HNF1β no CaP e em outras malignidades tais como colo retal,
pulmão, mama, melanoma e pâncreas, o SNP rs7501939 mostrou associação
somente com o risco de CaP (146). Este polimorfismo também já apresentou
associação com o CaP hereditário e com pacientes que tiveram diagnóstico
precoce da doença (147).
Como podemos perceber muitos trabalhos associaram este polimorfismo
ao desenvolvimento do CaP, mas não aos fatores prognósticos. Aqui em nosso
trabalho não encontramos associação com o desenvolvimento desta neoplasia
mas encontramos uma associação entre este polimorfismo e ausência de
recidiva bioquímica e com escore de Gleason mais baixo.
Ainda na comparação com o escore de Gleason, encontramos que o
genótipo homozigoto polimórfico do SNP rs5945572 foi mais frequente nos
pacientes com Gleason de baixo grau. O SNP rs5945572 está localizado no gene
NUDT11 (cromossomo X) que codifica isoformas de diphosphoinositol, que
determina a taxa de fosforilação no reparo do DNA, resposta ao stress e
apoptose (148). A inibição da expressão de NUDT11 influencia fenótipos celulares
associados a propriedades relacionadas a tumores em células de CaP. Na
linhagem celular LNCaP a supressão de NUDT11 inibiu a proliferação e a
formação de colônias bem como diminuiu a viabilidade celular (108).
Em um grande estudo genome-wide envolvendo as populações islandesa,
europeia e americana, o SNP rs5945572 apresentou forte associação com o CaP
(149). Este estudo foi replicado na população africana e a mesma associação foi
encontrada (102). Esta alteração também já foi associada com o risco de CaP em
56
famílias com membros acometidos (150). Este polimorfismo, porém, não
demonstrou associação com o CaP quando avaliado na população asiática. No
entanto, em outro estudo na população americana, este SNP não só foi
associado ao risco de CaP, (149) como também com pacientes que apresentaram
recidiva bioquímica (112). Em homens com ancestralidade europeia esta alteração
apresentou associação com o aumento do risco de CaP e com a gravidade dos
sintomas do trato urinário inferior (151).
De uma forma geral encontramos que alguns polimorfismos parecem ter
um papel relevante no desenvolvimento do CaP, na transmissão familiar e com
alguns fatores prognósticos. Estes importantes polimorfismos, ainda não haviam
sido estudados na população brasileira e em vários pontos, nosso trabalho
identificou correlações ainda não demonstradas na literatura. Acreditamos que o
valor da associação entre esses SNPs e o CaP em estudos posteriores poderá
auxiliar no desenvolvimento de ferramentas alternativas que possam auxiliar na
detecção precoce e na definição do prognóstico desta neoplasia.
Utilidades clínicas e avanços no futuro
O CaP representa uma condição fenotípica com relações multigênicas. O
valor preditivo de um determinado alelo é resultado de uma combinação entre o
odds radio e a frequência do alelo na população. O odds ratio de qualquer alelo
envolvido na promoção do CaP em uma determinada população, geralmente é
muito baixo, provavelmente devido aos vários caminhos genéticos possíveis que
podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença. Embora o risco de
57
desenvolvimento do CaP em uma população associada com qualquer mutação
alélica seja baixo, quando se trata de uma mutação conhecida, o risco pode ser
bastante elevado para os indivíduos que possuem a alteração. Devemos
considerar a possibilidade de que, mesmo em famílias com uma forte história de
CaP, o desenvolvimento da doença pode não ser devido a uma única mutação,
mas sim a uma combinação poligênica de alelos de predisposição.
Devido à heterogeneidade do CaP no geral, os testes genéticos
representam um grande desafio técnico. Ainda assim, os avanços tecnológicos
da atualidade permitem testar a presença de muito mais loci que no passado. O
sequenciamento completo do genoma é hoje uma realidade e está se tornando
cada vez mais viável comercialmente. Embora a tecnologia de sequenciamento
ainda não tenha atingido a confiabilidade nem a capacidade de interpretação
necessária para ser usada na triagem em massa, as técnicas estão melhorando
rapidamente. No momento, o PSA continua a ser a principal ferramenta para
avaliar o risco de CaP. No entanto, é provável que no futuro, os testes genômicos
irão melhorar a estratégia de diagnóstico do teste do PSA.
Diversos estudos já mostraram avanços que podem ser aliados a práticas
já estabelecidas. Em um estudo GWAS realizado na Islândia, alelos localizados
nos cromossomos 10q26, 12q24 e 19q13.33 foram associados com altos níveis
de PSA e com biópsias prostáticas negativas (152). Um outro estudo com 505
homens mostrou que diversos SNPs nos cromossomos 10 e 19 modificaram
significativamente o risk ratio para CaP e não mostraram qualquer relação com
os níveis de PSA (153). Uma avaliação similar de um painel com alguns desses
58
alelos em diferentes populações mostrou redução na necessidade de biópsias
(154).
Modelos de risco futuros úteis no ambiente clínico provavelmente irão
incorporar vários loci de risco ao invés de variantes individuais e podem ser
dependentes da origem étnica de cada paciente. A combinação entre
ferramentas genéticas e informações clínicas conduziram a geração de um novo
foco na medicina: o tratamento do câncer personalizado. Esta nova meta não
envolve somente ferramentas para a detecção do câncer com novos
biomarcadores, mas também a melhoria na eficácia das ferramentas genéticas
e nas tecnologias de sequenciamento de nova geração para pacientes com
câncer e seus familiares. Estas novas abordagens irão oferecer a possibilidade
de detecção mais precoce da patologia e um tratamento diferente ou específico,
dependendo do genótipo do indivíduo. Isso permitirá a criação de diferentes
protocolos para o tratamento de cânceres mais agressivos e a possibilidade de
realizar controles preliminares em famílias consideradas de risco. Embora muitos
passos significativos no tratamento do CaP tenham sido dados no que diz
respeito a assuntos clínicos e informações genéticas, ainda há um longo
caminho a ser percorrido.
Limitações do estudo
Nosso trabalho envolveu a análise de 13 polimorfismos associados a
fatores de risco para o desenvolvimento do CaP em 185 indivíduos
diagnosticados com a neoplasia e 70 indivíduos saudáveis. Como fatores
59
limitantes do nosso estudo destacamos o relativo pequeno número de pacientes
incluídos no trabalho, embora o mesmo tenha se baseado em outros estudos da
literatura sabemos que estudos de polimorfismos genéticos podem ter uma
amostra muito grande normalmente até captada em diversos centros.
60
6. CONCLUSÕES
61
Através das análises realizadas concluímos que os SNPs rs10486567
(JAZF1) e rs9364554 (SLC22A3) estão associados ao CaP e que seus alelos
polimórficos aumentam em 2 vezes a predisposição para esta neoplasia. O
polimorfismo rs8072254 (AR) parece exercer um efeito protetor para o CaP e o
SNP rs1271572 (ESR2) foi mais frequente no grupo de pacientes com CaP
esporádico.
Considerando os fatores prognósticos do CaP concluímos que o SNP
rs3808330 (EN2) está associado com menores níveis de PSA. O polimorfismo
rs7501939 (HNF1β) está associado a menor escore de Gleason e a ausência de
recidiva bioquímica. O SNP rs5945572 (NUDT10/11) apresentou associação
com menor escore de Gleason.
62
7. ANEXOS
63
Anexo 1. Questionário aplicado aos pacientes com CaP
Questionário
Nome: Idade:
Parentes de 1º grau com CP? ( ) sim ( ) não
Quantos?
Qual a idade aproximada que tinham quando o câncer foi descoberto?
São pacientes do Dr. Miguel Srougi? ( ) sim ( ) não
Se sim, qual o nome?
Caso possua parentes de 1º grau com CP, tem algum irmão com mais de 55 anos sem CP? ( ) sim ( ) não
Se sim, e ele também for paciente do Dr. Miguel, gostaríamos que ele participasse do estudo. Você poderia nos fornecer nome e telefone?
Atualização de endereço:
E-mail:
Fez uso de hormônios?
Fez radioterapia?
Fez uso de outros medicamentos para próstata?
Existem outros tipos de tumores na família?
64
8. REFERÊNCIAS
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