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CORRIDA: ESTÍMULO PARA A PRÁTICA DO ATLETISMO

Autora: Profª. Claudilene Zirondi Sardanha1

Orientador: Prof. Dr. Vidal Palácios Calderón2

RESUMO

O objetivo do presente artigo foi elaborar um conjunto de atividades didáticas para aumentar a motivação pela prática do atletismo dos alunos de ensino médio do Colégio Estadual João Paulo II, da Cidade de Curitiba. Foi aplicado um questionário com perguntas fechadas a 12 professores de Educação Física e 37 alunos do 1º ano com idade entre 14 e 16 anos. Finalmente, verificou-se o baixo nível de motivação dos alunos pela prática desta modalidade e a falta de preparação dos professores para ministrar as aulas de Atletismo. Palavras – Chave: Educação Física. Atletismo. Corridas. Motivação. Abstract:

The purpose of this article was to elaborate a set of educational activities to increase motivation for athletics of high school students in State School João Paulo II, in Curitiba. We used a questionnaire with closed questions and 12 physical education teachers and 37 students of 1st year aged between 14 and 16 years. Finally, I note the low level of student motivation for practicing this sport and the lack of preparedness of teachers to teach the Athletics classes. Key - Words: Physical Education. Athletics. Running. Motivation.

1 Especialista em Pedagogia do Esporte pela UFPR, professora de Educação Física no Colégio Estadual

João Paulo II. 2 Doutor em Ciências da Cultura Física pelo Instituto Superior de Cultura Física Manuel Fajardo, Cuba,

professor da UFPR.

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1 INTRODUÇÃO

A Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar,

tematiza formas de atividades expressivas como: jogo, esporte, dança

ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimentos que

podemos chamar de Cultura Corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

O atletismo é a modalidade que compreende as habilidades motoras

básicas utilizadas pelo ser humano de maneira específica. Envolve a marcha

atlética, as corridas (velocidade, meio fundo e fundo, corridas de rua, com

barreiras e obstáculos, revezamentos), os saltos (salto em distância, triplo, em

altura, salto com vara), os lançamentos (martelo, disco, dardo) e o arremesso

de peso (INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ATHLETICS FEDERATIONS,

2004).

Antropologicamente o Atletismo nasceu com o homem. Afinal, o mais

antigo de nossos ancestrais já andava, era obrigado a correr, saltar e lançar

coisas. Era a luta contra os predadores e a busca por alimentos. Pode-se dizer

que ao aprimorar essas habilidades o homem garantiu sua história.

A corrida, o salto e o lançamento são exercícios físicos mais antigos e

mais naturais que, já na Antiguidade, constituíam o elemento principal da

preparação física dos jogos Olímpicos. Como atos motores naturais, significam

uma função da natureza humana. (MEZZAROBA, et al, 2006; NASCIMENTO,

2000).

A modalidade do Atletismo historicamente é muito pouco trabalhada no

ambiente escolar, muitas vezes pela falta de conhecimento dos profissionais de

Educação Física que não se sentem seguros em desenvolver este conteúdo e

outras vezes pelo desinteresse dos alunos. Dentre os esportes mais

recordados evidenciam-se o futebol, o vôlei, o basquete e o handebol. Outras

modalidades como a dança, a ginástica e até mesmo o atletismo são menos

lembrados, talvez pela falta de aplicação nas aulas de educação física na

escola. (PEREIRA e SILVA, 2004).

É na escola que deve haver a busca em favorecer a prática do atletismo.

Porém, em muitas delas a modalidade é pouco aplicada e em algumas sequer

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consta no programa da disciplina. (BETTI, 1999). Em decorrência disso,

muitos alunos não estão obtendo a adequada preparação para o domínio das

habilidades tais como: a corrida, o salto vertical, o salto horizontal, como

também dos exercícios educativos de corrida.

A escola deve assumir de uma vez por todas o objetivo de criar nos

alunos competências de informação desportiva, num mundo em que o

conhecimento científico e tecnológico se produz a um ritmo acelerado e em

que se torna indispensável formar cidadãos capazes de assumir a mudança,

empenhados no desenvolvimento cultural, desportivo, pessoal e da sociedade

em geral.

É, portanto, na escola que devem estar centralizados os principais

recursos e informação, estimulantes do trabalho pedagógico na sala de aula, de

investigação e particularmente do desenvolvimento de hábitos desportivos e do

prazer da corrida nos nossos alunos.

Por sua característica de representar os movimentos naturais do

homem, o Atletismo é chamado de “esporte-base”. Também por sua

capacidade de trabalhar o movimento humano em suas características básicas,

em três tipos de provas: as corridas, os saltos e os lançamentos e pelo

desenvolvimento dessas habilidades serem essencialmente necessárias para a

prática de outras atividades esportivas e recreativas.

Nascimento (2000) salienta que pelo fato do atletismo conter diversas

habilidades básicas, se fortalece como o esporte base. Dessa forma esta

modalidade é complexa, visto que explora o desenvolvimento e o talento físico

do indivíduo. Portanto, é considerada por muitos como o conteúdo clássico da

educação física escolar.

Para MATTHIESEN et al,

[...] o atletismo a ser utilizado na escola deve ser considerado como o "pré-atletismo", onde, numa primeira fase, faz-se através dos gestos motores básicos que são correr, saltar e lançar; e numa segunda fase, mantêm-se os da primeira, avançando-se para as tarefas que exigem uma maior codificação dos gestos motores básicos, aproximando progressivamente a criança do Atletismo. (2003).

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Os conteúdos da cultura corporal (atletismo) devem ser tratados de

forma lúdica, a fim de facilitar o processo pedagógico. Na atividade lúdica, a

criança deve-se divertir e vivenciar um grande número de experiências numa

multiplicidade de situações que possibilitam a criação. Para que as crianças

construam sua realidade, as aulas devem estar conectadas ao prazer de

realizar, o que facilita a socialização dos conteúdos e a convivência entre os

sujeitos escolares (alunos, professores, equipe pedagógica).

As atividades lúdicas são elementos importantes do dia a dia das

crianças. O lúdico tem sua essência no divertimento-prazer, agrado, alegria.

Nas aulas de atletismo na Educação Física é indispensável favorecer a

realização de atividades lúdicas, pois elas estimulam a aprendizagem, o

desenvolvimento, a socialização e a construção do conhecimento, já que o

lúdico faz parte da cultura infantil e é expresso nas ações, expressões e gestos

da criança.

A aprendizagem dos conhecimentos de atletismo de forma lúdica deve

estar vinculada à explicação da realidade social e oferecer subsídios para a

compreensão dos determinantes sócio-históricos do aluno.

A desmotivação ao atletismo por parte das crianças é um sintoma que

deriva do contexto social em que está inserida. Tem-se desta forma uma

realidade escolar que faz com que os alunos não tenham possibilidade ou

interesse em conhecer a modalidade de atletismo: Como motivar os alunos do

Colégio Estadual João Paulo II, da Cidade de Curitiba para a prática do

atletismo? Esta pergunta representa o problema principal do presente artigo.

Portanto, o objetivo deste artigo é refletir sobre a elaboração de um conjunto de

atividades didáticas para aumentar a motivação dos alunos da referida escola

pela prática do atletismo.

Os objetivos específicos deste artigo são:

Determinar as causas da baixa motivação dos alunos pela prática do

atletismo.

Verificar o nível de preparação dos professores para ministrarem as

aulas de atletismo na escola

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Revisão da bibliografia

O Atletismo conta a história esportiva do homem no Planeta. É chamado

de esporte-base porque sua prática corresponde a movimentos naturais do ser

humano: correr, saltar, lançar. Não por acaso, a primeira competição esportiva

de que se tem notícia foi uma corrida, nos Jogos de 776 A.C., na cidade de

Olímpia, na Grécia, que deram origem às Olimpíadas. A prova, chamada pelos

gregos de "stadium", tinha cerca de 200 metros e o vencedor, Coroebus, é

considerado o primeiro campeão olímpico da história (CBAT, 2011).

A origem do atletismo remonta à antiguidade grega, tendo sido inclusive

um dos desportos em destaque nas antigas olimpíadas. Ao longo dos tempos,

nunca deixou de ser praticado e acarinhado por motivos recreativos ou

competitivos e passou a integrar, para além das provas associadas à corrida

(velocidade, estafeta, meio fundo), as provas do lançamento, marcha.

O Atletismo é considerado o “Esporte Base” (MATTHIESEN, 2005),

aquele que estimula os movimentos naturais de correr, saltar e lançar. Na

maioria das vezes a realização de um grande número de atividades práticas

das aulas de atletismo é possível com o envolvimento de uma quantidade

muito pequena de recursos físicos (materiais), ou seja, inicialmente o trabalho

com o atletismo não envolve grandes investimentos em materiais, que na

grande maioria das vezes inviabiliza a implantação de muitos projetos. Em

contrapartida consegue-se que as crianças corram, saltem e explore o tempo

todo a gama básica de movimentos que compõem o Atletismo.

É importante que o aluno tenha um diversificado acervo motor, o que lhe

possibilitará praticar variadas atividades físicas, auxiliando o aumento do nível

de atividade física diária e subsequentemente melhora na aptidão física e na

composição corporal.

Ainda que esse seja o mais comum, existem outras possibilidades de conhecimento dessa modalidade que merecem ser revistas. Ou seja, para além dessa perspectiva competitiva e restrita a grandes eventos mundiais, é preciso que se explore o lado educacional do atletismo. (MATTHIESEN, 2005, p. 15)

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Oliveira (2006) também coloca a necessidade de haver a aplicação de

uma proposta transformativa pela qual:

As transformações ocorrerão em relação às limitações físicas e técnicas dos alunos para realizar determinados movimentos, deve se enfatizar o prazer e satisfação do aluno em movimentar-se, pois a tarefa da escola não é treinar o aluno, mas estudar o espore de forma atrativa e compreensiva, incluindo a efetiva participação de todos. (OLIVEIRA, 2006, p. 31).

De acordo com as (DCE- Diretrizes Curriculares do Paraná) o

profissional de Educação Física deve realizar uma abordagem dentro do

conteúdo estruturante esporte, alguns conteúdos específicos, entre outros, que

podem surgir no ambiente escolar.

Portanto, o ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o (a) professor (a) organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise crítica das inúmeras modalidades esportiva e do fenômeno esportivo que sem dúvida é algo bastante presente na sociedade atual. (DCE – 2008, p. 34).

As corridas

A corrida é a faculdade para movimentar-se de um lugar para outro. O

seu objetivo consiste em percorrer uma distância no menor tempo possível.

A corrida ajuda a criança a construir a sua identidade, a sua relação

com o mundo, tornando-se um ser ativo e tolerante. Por isso é importante dar a

todas as crianças esse instrumento indispensável que é o ensino das várias

opções que o atletismo nos dá. Correr traz consigo prazer, descoberta,

comunicação, interação, enriquecimento cultural e pessoal. Correr é

compreender melhor o nosso mundo e o dos outros. Correr implica técnica. É

uma aptidão e uma arte. A Corrida não é um produto acabado, mas parte

importante de todo um processo que está relacionado com o corpo e a mente.

Um forte processo de massificação da atividade física como forma de

promoção da saúde aconteceu no Brasil a partir da década de 1970. O

movimento esporte para todo originário da Europa, foi introduzido no país como

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programa de governo no final dessa década. A partir desse período, com a

grande valorização da prática de exercícios e atividades físicas e esportivas,

ocorreu a implantação e multiplicação de academias de ginástica e a prática de

corrida de rua, com base nos princípios trazidos por Keneth H. Cooper, médico

e militar americano (MIRANDA, 2007).

Correr é uma das habilidades naturais do ser humano que se manifesta

nos primeiros anos de vida. Crianças estão estreitamente ligadas ao seu

desenvolvimento motor, especialmente no que se refere à exploração do

ambiente em que vive. A corrida, em especial a corrida de rua, entre jovens e

adultos, passou a ser atividade com diferentes significados nos últimos 30

anos, com esse segmento etário praticando no sentido do cuidado com a

saúde, sem conotação competitiva, em especial nas grandes metrópoles

(MIRANDA, 2007; SALGADO; CHACON-MIKAHIL, 2006).

Atualmente, o critério da Federação Internacional das Associações de

Atletismo/IAAF (2005) define as Corridas de Rua, as chamadas provas de

pedestrianismo, como as disputadas em circuitos de rua, avenidas e estradas

com distâncias oficiais variando entre 5 e 100 km.

As Corridas de Rua surgiram e se popularizaram na Inglaterra no século

XVIII. Posteriormente, a modalidade expandiu-se para o restante da Europa e

Estados Unidos. No final do século XIX, após a primeira Maratona Olímpica, as

Corridas de Rua difundiram-se ainda mais, particularmente nos Estados Unidos

(RUNNER'S WORLD, 1999). Por volta de 1970, aconteceu o "jogging boom"

baseado na teoria do médico norte-americano Kenneth Cooper, criador do

"Teste de Cooper", que prega a prática de corridas. A prática da modalidade

então cresceu de forma extraordinária. Também na década de 70 surgiram

provas onde foi permitida a participação popular junto aos corredores de elite,

porém com largadas separadas para os respectivos pelotões.

A corrida é um dos esportes que vem cada vez mais crescendo em

todas as cidades. Acredita-se que este crescimento esteja relacionado aos

benefícios que a atividade traz aos praticantes.

Mikahil (2006), afirma que “na última década ocorreu um crescimento na

prática da corrida de rua, originado por diversos interesses como: saúde,

estética, integração social, fuga do estresse, busca de atividades prazerosas e

competitivas”.

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As provas de corridas de rua brasileiras seguem um padrão de

homologação fornecido pela Confederação Brasileira de Atletismo/CBAt que

objetiva cadastrar as provas para que os resultados possam ser aceitos

internacionalmente e servir como seletivas nacionais (CBAt, 2004). Outro fator

que deve ser considerado é que o número de provas no país que oferece

premiações tem aumentado, e este fato é, sem dúvida, um atrativo a mais para

que muitos indivíduos se submetam a este tipo de atividade física.

A prática da corrida tem aumentando consideravelmente como parte de

treinamento, como forma de aplicação de testes, de maneira recreativa e até

mesmo com o objetivo de busca da melhora da saúde e qualidade de vida

(GONÇALVES, et al, 2007; DUARTE, et al, 2008).

Esse movimento é utilizado não somente como busca de fatores de

saúde, mas aplicada em outras modalidades do atletismo tais como: salto em

altura, salto com vara, salto triplo, salto em distância. Além disso, a corrida por

si é aplicada como modalidade esportiva, como por exemplo, em corridas de

velocidade (100, 200 e 400 metros), com barreiras (100, 110 e 400 metros),

corridas de revezamento (4x100 e 4x400 metros) e também as corridas de

meio fundo e fundo (800, 1500, 5000, 10.000 metros). Quando a corrida é

aplicada como prova específica de competição se torna um movimento

complexo com o objetivo de chegar o mais rápido possível (DAL PUPO, et al,

2005; GONÇALVES, et al, 2007).

A corrida de velocidade é composta por quatro fases importantes: fase

de reação, que é à saída do bloco, onde o atleta realiza uma pressão sobre o

bloco havendo um impulso inicial; fase de aceleração positiva, onde a

frequência e comprimento do passo aumentam; fase de velocidade constante,

na qual a aceleração é igual a zero e fase de desaceleração ou aceleração

negativa (DAL PUPO, et al, 2007; BROCHADO, et al, 1997). Na fase de

velocidade constante, os movimentos são cíclicos e simétricos, considerados

para Ferro (2001, apud DAL PUPO, et al, 2007, p. 60) a unidade básica para

analises da corrida. É nesse momento que o atleta deve percorrer o maior

espaço num menor tempo possível. A partir disso, esse movimento cíclico é

dividido em duas partes importantes, que são a fase de apoio (anterior e

posterior) e a fase aérea ou de balanceio anterior e posterior (PETTER, 2002;

TARTARUGA, 2008). Segundo Tartaruga (2008) a fase de apoio ainda pode

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ser dividida em dois momentos que são: fase de suporte e fase de impulsão. A

proporção para qual a fase aérea está para a fase de apoio é, de acordo com

Dal Pupo (et al, 2007) 60% para 40%. Ou seja, a fase de voo deve ser maior

que a fase de apoio. Na fase de impulsão é importante que o indivíduo aplique

força a partir do metatarso contra o solo.

Na corrida de 100 metros rasos, além das condições físicas e

psicológicas, a técnica é de grande importância para o desempenho da prova.

Para Jonath (1977 apud BROCHADO et al, 1997, p.11) a frequência e o

comprimento do passo como principais fatores que influenciam a velocidade na

corrida variam de acordo com as fases e se tornam variáveis de valor para o

desempenho. Neste caso, a posição do joelho da perna que irá atingir o solo

pode interferir no comprimento do passo, visto que mais alta a posição de

elevação, maior será a fase de voo. Para Martin e Sanderson (2000 apud

BLOEDOW et al, 2006. p.163) a frequência, mais do que o comprimento do

passo, é fator determinante para a performance da corrida. Outros estudos

(COERTJENS, et al, 2005; TARTARUGA, 2008) confirmam que o comprimento

do passo é a variável que irá determinar a velocidade empregada na corrida,

além de proporcionar melhor economia. Segundo Martin e Sanderson (2000,

apud BLODEOW, 2006, p.163) a coordenação de todos esses movimentos de

angulação e posição dos membros durante a corrida apresenta um menor

gasto energético e, portanto, maior eficiência. Corroborando com esta

afirmativa, Bortoluzzi, et al, (2008) alega que quanto maior a qualidade de

movimentação tanto dos membros inferiores quanto dos membros superiores,

maior será o desempenho do atleta.

A corrida, mesmo sendo considerada habilidade básica no acervo motor

adquirido pela criança, muitas vezes não é bem executada por crianças e

adultos, visto que os mesmos não tiveram a prática dessa modalidade na

infância e/ou adolescência. Dessa forma pode haver pouca evolução técnica no

desempenho atlético do indivíduo na própria modalidade ou até mesmo em

outras modalidades como futebol, handebol, basquete e em provas

combinadas como triátlon. Neste sentido, para o aprendizado da técnica da

corrida propriamente dita são utilizados os exercícios educativos de corrida.

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Exercícios educativos para técnica de corrida.

Muitas vezes, os educativos são temidos pelos corredores, mas são

necessários para melhorar a técnica da corrida. Esses exercícios devem fazer

parte da rotina do corredor desde o início da prática da modalidade, pois

economiza energia na realização do movimento, aumenta a coordenação

motora e diminui o risco de lesões quando utilizados na fase introdutória da

aula de Educação Física.

Os educativos de corrida, ou melhor, as técnicas de corrida, quando

realizadas auxiliam muito no desenvolvimento motor de cada indivíduo. Quanto

melhor é a técnica de corrida de um corredor, mais eficaz ele se torna, menor é

o dispêndio de energia em cada passada e, logicamente, melhor será o

resultado final, tornando a corrida mais econômica.

Os exercícios de técnica de corrida são essenciais para manter uma

passada regular e correto, permitem uma aprendizagem técnica e até uma

adaptação do sistema nervoso ao movimento de correr.

Pode realizá-los como complemento do aquecimento antes de começar

a aula de atletismo, mas sempre depois do aquecimento ou no fim de uma

sessão de corrida a um ritmo confortável.

Para a melhor aprendizagem da corrida no caso de iniciantes e melhorar

o aprimoramento da técnica para os mais avançados, os exercícios educativos

são fundamentais. Estes são exercícios analíticos e coordenativos que visam

agregar vivências motoras específicas à modalidade de forma a aperfeiçoar a

técnica da mesma. Estes exercícios, cuja nomenclatura é originária da língua

inglesa ou alemã, podem ser utilizados em diferentes momentos do

treinamento. No aquecimento os exercícios educativos têm como objetivo a

preparação do atleta para o treino; no treinamento em si pode ser utilizado com

o objetivo de aprimoramento da técnica na forma de exercícios específicos.

(MATTHIESEN, 2007) e também para o condicionamento físico geral quando

utilizados com maior volume e distância.

Existem inúmeros exercícios educativos de corridas em atletismo, porém os

mais utilizados são os seguintes (OZOLIN, 1979):

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a) Corridas com elevação de joelho (Skipping). A corrida com a elevação

de joelho é também conhecida na bibliografia cientifica como Skipping. É

caracterizada por um deslocamento embasado na elevação do joelho à altura

do quadril de forma alternada, com os braços num movimento anteroposterior,

podendo ser priorizado a frequência e a coordenação dos movimentos.

(MATTHIESEN, et al, 2007).

b) Passos saltados (Hopserlauf). Os passos saltados são caracterizados

como um deslocamento com saltitamento duplo na perna de impulsão, no qual

o joelho deverá ser elevado à altura do quadril, com ação dos membros

superiores semelhante ao Skipping. Neste exercício pode haver prioridade

quanto á progressão vertical como também na horizontal, dependendo do

objetivo escolhido, impulsão ou comprimento do passo respectivamente.

c) Passadas saltadas (Sprunglauf). De acordo com Matthiesen (2007) as

passada saltadas são uma combinação do movimento do salto com o

movimento da corrida. Os membros superiores e inferiores deverão, de

maneira coordenada, alternar-se. Haverá uma semi-flexão do joelho dianteiro,

na altura do quadril e apenas este membro tocará o solo. A prioridade neste

exercício é para o comprimento do passo. É importante a extensão completa

da perna de apoio na fase de impulsão posterior para o aproveitamento da

energia da deformação elástica que foi armazenada na fase excêntrica do

movimento.

d) Corridas com pernas esticadas (Kick Out). As corridas com as pernas

esticadas são utilizadas para melhorar o comprimento do passo e a força de

impulsão com o terço anterior do pé. Com o tronco inclinado para trás o sujeito

deve procurar a maior elevação dos pés depois do contato com o solo.

e) Corridas com o calcanhar elevada (Anfersen). Durante a execução deste

exercício educativo de corrida as pernas durante a impulsão posterior são

fortemente flexionadas na articulação do joelho e os calcanhares ficam mais

perto das nádegas. A essência fundamental do exercício consiste em aumentar

a velocidade angular da perna em volta da articulação do joelho por meio da

redução do momento de inércia, uma vez que a massa muscular desse

membro encontra-se mais concentrada ao redor da articulação.

Estes exercícios de corrida podem ser feitos numa reta de 30 a 50

metros com piso regular ou na rampa. Neste sentido para o desenvolvimento

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da resistência de força dos atletas os educativos de corridas podem ser

realizados numa distancia de até 80 metros. Faça os exercícios numa linha reta

ou na curva da pista de atletismo. Regresse andando para a total recuperação.

Progrida gradualmente no número de séries que faz de cada um e no seu grau

de dificuldade.

Material e métodos

A pesquisa é de caráter descritivo baseada na revisão da bibliografia

científica sobre a problemática abordada. A amostra foram duas turmas com 37

alunos do 1º ano do ensino médio de ambos os sexos com faixa etária entre 14

e 16 anos do Colégio Estadual João Paulo II, da Cidade de Curitiba e 12

professores de Educação Física que ministram aulas na referido colégio. Estas

turmas foram escolhidas porque se encontra em uma faixa etária que é

necessária a constante estimulação pela prática regular de exercícios físicos.

Através da técnica de entrevista foi aplicado um questionário com

perguntas fechadas para a fundamentação empírica do problema de pesquisa

aos alunos e professores do Colégio Estadual João Paulo II, da Cidade de

Curitiba. O processamento das respostas foi realizado utilizando a estatística

descritiva.

Análise e discussão dos resultados dos questionários aplicados a os alunos

Foi aplicado um questionário a 37 alunos do 1º ano do Ensino Médio, da

Rede Estadual de Ensino do Colégio Estadual João Paulo II. Na primeira

pergunta do questionário aplicado constatou-se a fraca participação dos alunos

da referida escola nas competições de corrida de rua organizadas pela

Prefeitura da Cidade de Curitiba. Neste sentido num total de 37 alunos

somente 10 alunos assistiram ao evento (27,02%) e outros 27 alunos nunca

participaram (72,97%). Por outro lado, o relacionamento dos alunos com as

pessoas que participam do evento foi também muito fraco, inclusive quando

questionada a participação dos membros da família e parentesco. Para se ter

uma ideia, por exemplo, dos 37 alunos só 1 aluno (2,70%) conhecia alguém

13

que participava do evento organizado pela Prefeitura, outros 4 alunos

(10,81%%) relataram sobre a participação de alguém da família e a maioria

deles, isto é, 25 alunos (67,56%) não conhecia ninguém. Este fato sem dúvida

representa um aspecto negativo para a prática da modalidade e inclusive para

o desempenho futuro dos atletas quando Volvok e Filin (1985) ressaltam a

importância da geneseologia como um dos critérios importantes do ponto de

vista sociológico para a detecção de talentos no esporte. Na pergunta 3 do

questionário constatou-se ou pouco conhecimento que possuíam os alunos

sobre as provas de atletismo. Neste sentido dos 37 alunos apenas 11 alunos

(29,72%) conheciam as provas de atletismo, sendo que 2 deles(5,40%) citou a

prova de corridas e outros 9 (24,32%)as provas de arremesso. Evidentemente,

este aspecto é resultado da pouca divulgação do esporte atletismo no contexto

atual da escola e inclusive a exclusão de muitas provas do programa de

atletismo na Educação Física, pois via de regra os professores não trabalham

as modalidades mais complexas devido ao pouco domínio que possuem sobre

os correspondentes processos pedagógicos. Por outro lado, verificou-se por

meio da pergunta 4 que a baixa motivação dos alunos tem a sua origem

inclusive na fraca participação dos eventos desta modalidade, pois apenas 5

alunos(13,51%) da amostra total teve alguma participação nas diversas

competições ou corrida de Rua. Ainda a situação fica mais difícil quando

questionados sobre a visita realizada às pistas de atletismo na pergunta 5 do

questionário. Neste sentido nota-se que somente 2 alunos(5,40%) visitou uma

pista de atletismo. Este aspecto reflete a situação precária dos espaços físicos

para a prática da modalidade na cidade de Curitiba, pois existem apenas duas

pistas sintéticas na cidade para a prática do atletismo, mas com aceso restrito.

Uma destas pistas encontra-se numa instituição particular e bastante afastada

do centro da cidade (Universidade Positivo) e a outra instituição é do governo

do estado (Colégio Estadual do Paraná). Outras duas pistas de atletismo de

terra encontram-se no Centro Politécnico no Jardim das Américas e pertence à

Universidade Federal do Paraná e a outra fica no São José dos Pinhais. É

importante ressaltar que embora estas pistas de atletismo não tenham as

condições adequadas para a realização de competições de atletismo de alto

nível, são usadas frequentemente pelos membros da comunidade e no caso da

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pista da Universidade Federal do Paraná são organizados os eventos de

corridas de Rua da Prefeitura Municipal de Curitiba.

Na pergunta 3 do questionário os alunos escolheram as modalidades

desportivas de sua maior preferência. Se dermos uma olhada no gráfico 1

podemos facilmente justificar a necessidade da realização desta pesquisa e

pensarmos em novas estratégias e ações que permitam a maior participação

dos alunos nas diversas atividades de atletismo e, sobretudo das corridas de

rua. Neste gráfico podemos perceber que apenas 2 alunos(5,40%) escolheram

o atletismo com esporte preferido. Igualmente, o voleibol com 29 alunos

(78,37%) foi o esporte mais citado, seguido do futsal com 22 alunos (59,45%).

Mesmo que o voleibol e o futsal são esportes no Brasil que apresentam uma

grande tradição internacional convém salientar que o atletismo com as

atuações relevantes das brasileiras Maurren Higa Maggi, vencedora dos

passados jogos olímpicos disputados na cidade de Pequim em 2008 e com três

títulos de ouro em jogos pan-americanos (Winnipeg, 1999; Rio, 2007 e

Wadalajara, 2011) na prova de salto em distância feminino e Fabiana de

Almeida Murer com suas conquistas de ouro no décimo terceiro Campeonato

Mundial de atletismo disputado em Daegu, 2011; no Campeonato Mundial de

atletismo Indoor de 2010 disputados em Doha, e nos jogos pan-americanos de

Rio 2007 na prova de salto com vara feminino, são dois dos inúmeros

exemplos de atletas do esporte objeto de estudo que os professores de

Educação Física podem trazer para os alunos ao tratarem os conteúdos

teóricos das aulas de atletismo. Logicamente, estes exemplos são algumas das

ferramentas que podem ser utilizadas a fim de aumentar a motivação pela

prática do atletismo na escola do ponto de vista teórico.

15

Na tentativa de conhecer o critério atual dos alunos entrevistados com

relação à prática do atletismo, na pergunta 6 do questionário dos 37 alunos que

participaram da pesquisa 22 deles(59,45%)mostraram interesse pelo

conhecimento da modalidade e atividades voltadas para o treinamento

desportivo. Outros 15 alunos (40,54%) deram uma resposta negativa.

Análise e discussão dos resultados dos questionários aplicados aos

professores

Ao analisarmos o tipo de Instituição da formação dos professores de

Educação Física do Colégio Estadual João Paulo II, da Cidade de Curitiba na

pergunta 1 do questionário aplicado percebe-se que 9 dos professores(75%) se

formou em Universidade Pública e outros 3 professores(25%) em Universidade

Particular. É importante ressaltar que via de regra o currículo dos cursos de

Educação Física das Instituições de Ensino Superior do Brasil não prevê a

especialização em determinadas disciplinas durante os anos de formação. Isto

evidentemente é um aspecto negativo para o profissional que pretende agir em

determinada área no mercado de trabalho. Somente depois de formado os

professores podem realizar determinados cursos de pós-graduação, mas em

quase nenhum deles a disciplina de Atletismo está contemplada no programa.

16

Neste sentido, na pergunta 2 do questionário vemos que apenas 1

professor(8,33%) fez curso de pós-graduação na área de atletismo. Se

compararmos este fato com a carga horária da disciplina de atletismo nos

cursos de graduação em Educação Física das Universidades de Ensino

Superior podemos facilmente concluir que as dificuldades dos professores para

ministrar as aulas práticas de atletismo são ainda maiores. Igualmente, Betti

(1999) questiona a pouca utilização dos conteúdos de atletismo na escola.

Segundo a autora, a insegurança por parte dos professores em relação a

conteúdos que não dominam lhes incitam a trabalhar os conteúdos nos quais

tem maior afinidade.

Esta suposição corrobora-se ao olharmos para os resultados que se

mostram no quadro 1.

Quadro 1. Avaliação da preparação dos professores para ministrar aulas

práticas de atletismo

Critérios de Avaliação Número de professores

Boa 4

Regular 5

Ruim 3

Veja-se que dos 12 professores 4(33,3%) estão em condições para

ministrar as aulas práticas de atletismo, isto é, menos do 50% de amostra. Por

outro lado, 66,6% se encontram na categoria de regular e ruim. Convém

lembrar que o domínio das habilidades práticas nas aulas de atletismo é sem

dúvida um elemento que contribui para a motivação dos alunos, pois uma boa

demonstração do professor na fase inicial de apresentação da habilidade

sempre desperta o interesse do aluno por aprender mais.

Na pergunta 4 do questionário os 12 professores(100%) manifestaram

que os alunos na possuem motivação alguma pela prática do atletismo. Neste

sentido nenhum dos 12 professores se manifestou a favor de uma alta

motivação dos alunos pela prática da modalidade. Os critérios de motivação

dos professores neste quesito estiveram concentrados nas categorias média

com 7 professores(58,33%) e ruim com 5 professores(41,66%). Portanto,

17

corrobora-se a baixa motivação dos alunos pela prática do atletismo segundo

as respostas dadas pelos professores.

O interesse pela prática do atletismo com relação a outros esportes

praticados na escola foi avaliado com a pontuação de 1 a 5 (ver quadro 2).

Quadro 2. Interesse dos alunos pela prática de atletismo em comparação com

outros esportes segundo o critério dos professores.

Critério de pontuação 5 4 3 2 1

Número de professores 2 8 2

Se voltarmos o olhar para este quadro 2 é fácil perceber que os alunos

estão muito mais interessados pela pratica de outros esportes. Neste sentido

somente 2 professores(16,66%) deram uma pontuação de 3 de um máximo de

5.

Os exercícios educativos de corridas representam o meio fundamental

para a aprendizagem da técnica da corrida ou a chamada corrida propriamente

dia, pois neles estão presentes os movimentos principais que caracterizam o

padrão técnico da corrida. Por exemplo, o skipping é um exercício de corrida

utilizado para melhorar o trabalho do joelho (elevação) durante a corrida e a

coordenação do movimento de balanceio com os braços; os passos saltados

(Hopserlauf) além de melhorar a coordenação motora contribuem para o

movimento correto da perna livre e aprimoramento da impulsão; as passadas

saltadas (Sprunglauf) do ponto de vista biomecânico é o exercício que

apresenta mais especificidade com os parâmetros da corrida por dois motivos:

a) a extensão da perna durante a fase de impulsão posterior é fator decisivo

para o aproveitamento da energia elástica, b) a elevação da perna livre

formando uma linha paralela com o solo permite aumentar o comprimento do

passo; as corridas com pernas esticadas (Kick Out) além de ajudar a

coordenação motora fortalece o trabalho do metatarso da perna de apoio; e,

por último, as corridas com o calcanhar elevado (Anfersen) representam um

exercício importante para aprimorar a recuperação da perna após a fase de

impulsão posterior na corrida. Uma vez comprovada à importância destes

exercícios para o processo pedagógico da corrida propriamente dita

resolvemos incluir no questionário aplicado aos professores uma pergunta para

18

saber com qual frequência estes exercícios são utilizados nas aulas de

atletismo. Os dados apresentados no gráfico 2 confirmam a necessidade da

proposta do conjunto de atividades didáticas com os exercícios educativos de

corridas como objetivo principal deste artigo. Nota-se que os 12 professores

raramente utilizam nas suas aulas práticas os exercícios educativos de

corridas. Convém lembrar que a função principal destes exercícios

independente do tipo de prova (corridas, saltos, arremessos) e a de preparar o

organismo do aluno para a execução do conteúdo destinado para a fase

principal. Daí a sua utilização obrigatória depois do aquecimento geral.

Na pergunta 7 do questionário todos os 12 professores de Educação

Física confirmaram as condições precárias que possuem as escolas para a

prática do atletismo e a falta de materiais suficientes para o ensino das

habilidades básicas. As respostas dos professores coincidem com estudos

realizados por (MEZZAROBA, et al, 2006) no qual o espaço físico é uma das

barreiras mais citadas na literatura existente para a prática do atletismo. Neste

sentido, quando se fala em atletismo, uma minoria das escolas consegue

oferecer aos alunos toda a infraestrutura necessária tais como uma pista de

atletismo e recursos materiais para as aulas.

Na pergunta 7 do questionário os professores opinaram de forma

unânime que melhorar as condições materiais e espaços físicos é a solução

19

para aumentar a participação ativa dos alunos durante as aulas de atletismo. A

seguir, 7 dos professores(58,33%) apontaram um maior incentivo por parte dos

diretivos e, finalmente, 6 professores(50%) acharam que a capacitação sobre

os conteúdos de atletismo é uma das alternativas possíveis. Opostamente,

apenas 1 professor citou as competições de atletismo na escola como última

opção.

Conjunto de atividades didáticas derivadas dos exercícios educativos de

corridas para aumentar a motivação dos alunos pela prática do atletismo

Como foi dito na revisão da bibliografia no processo pedagógico das

corridas são utilizados geralmente 5 exercícios educativos. Muitas vezes a

baixa motivação das aulas está dada por a reiterada repetição dos mesmos

exercícios no período que abrange o semestre de ano letivo. Por isso, a

diversificação destes exercícios constitui uma ferramenta para evitar a

monotonia durante as aulas e aumentar o interesse dos alunos pela prática

visto que o alto nível de coordenação exigido para cada um deles é a principal

barreira dos alunos durante o processo pedagógico e fator de motivação. A

seguir, as atividades didáticas propostas para cada um dos exercícios

educativos:

1- Os exercícios para o skipping:

a. Joelho alto no lugar com a perna direita. Imitação dos movimentos no lugar

com os braços flexionados e joelhos altos durante um período de 8 a 10

segundos. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

b. Joelho alto no lugar com a perna direita e deslocamento. Este exercício é

similar ao anterior. Porém, depois do sinal do professor o aluno se desloca

numa distância de aproximadamente 15 metros. Realizar 2 repetições do

exercício.

c. Joelho alto no lugar com a perna esquerda. Imitação dos movimentos no

lugar com os braços flexionados e joelhos altos durante um período de 8 a

10 segundos. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

20

d. Joelho alto no lugar com a perna esquerda e deslocamento. Este exercício

é similar ao anterior. Porém, depois do sinal do professor o aluno se

desloca numa distancia de aproximadamente 15 metros. Realizar 2

repetições do exercício.

e. Skipping no lugar. Realizam-se os movimentos no lugar com os braços e

joelhos numa posição alta durante um período de 10 a 15 segundos.

Realizar 3 repetições do exercício

f. Skipping no lugar e deslocamento. Depois de 3 a 4 segundos de skipping

no lugar, ao sinal do professor o aluno se desloca numa distância de 15 a

20metros.

g. Skipping numa distância de 30 a 40 metros. Realizar 3 repetições do

exercício.

h. Cominações de joelho alto com uma perna e skipping (5 movimentos com a

perna direita+5 movimentos com a perda esquerda+skipping numa

distancia de 10 metros). Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

i. Joelho alto lateral no lugar com a perna direita. Imitação do movimento no

lugar, mas desta vez lateral durante 8 a 10 segundos. Realizar 2 repetições

do exercício.

j. Joelho alto lateral no lugar com a perna direita e deslocamento. Imitação do

movimento no lugar durante 5 segundos e, a seguir, depois do sinal iniciar

deslocamento numa distância de 8 a 10 metros. Realizar 2 repetições do

exercício.

k. Joelho alto lateral com a perna direita deslocamento até uma distancia de

10 a 15 metros com a perna direita. Realizar 2 repetições do exercício.

l. Joelho alto lateral no lugar com a perna esquerda. Imitação do movimento

no lugar, mas desta vez lateral durante 8 a 10 segundos. Realizar 2

repetições do exercício.

m. Joelho alto lateral no lugar com a perna esquerda e deslocamento.

Imitação do movimento no lugar durante 5 segundos e, a seguir, depois do

sinal iniciar deslocamento numa distância de 8 a 10 metros. Realizar 2

repetições do exercício.

n. Joelho alto lateral com deslocamento até uma distância de 10 a 15 metros

com a perna esquerda. Realizar 2 repetições do exercício.

21

o. Skipping lateral no lugar. Realizar este exercício por um período de 8 a 10

segundos. Realizar 2 repetições do exercício.

p. Skipping lateral no lugar com deslocamento direito. Realizar este exercício

por um período de 5 segundos, e depois, iniciar o deslocamento pelo lado

direito numa distância de até 10m. Realizar 2 repetições do exercício.

q. Skipping lateral no lugar com deslocamento esquerdo. Realizar este

exercício por um período de 5 segundos, e depois, iniciar o deslocamento

pelo lado esquerdo uma distância de até 10 metros. Realizar 2 repetições

do exercício.

r. Skipping lateral esquerdo ou direito. Este exercício é realizado numa

distancia de 10 a 15 metros. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

s. Combinações de skipping lateral. Joelho alto lateral com perna esquerda+

Joelho alto lateral com a perna direita+ skipping lateral. Realizar de 2 a 3

repetições do exercício.

t. Skipping em zig-zag. Este exercício começa com o skipping de frente numa

distancia de 5 a 6 metros + skipping lateral direito + skipping de frente.

Como no exercício anterior, mas o primeiro cambio lateral é realizado para

o lado esquerdo. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

2-Corridas com pernas estendidas para frente.

Este exercício educativo de corrida é muito fácil de executar. Representa

em si uma habilidade muito simples e, por isso, é fácil dominar a técnica de

realização depois da demonstração feita pelo professor.

3-Corridas com calcanhar elevado.

a. Calcanhar elevado no lugar com a perna direita. Realizar 3 séries do

exercício durante 8 a 10 segundos.

b. Calcanhar elevado no lugar com a perna direita e deslocamento numa

distância de 10 metros. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

c. Corrida com calcanhar elevado com a perna direita até uma distância de

30m. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

22

d. Calcanhar elevado no lugar com a perna esquerda. Realizar de 2 a 3

séries do exercício durante 10 segundos.

e. Calcanhar elevado no lugar com a perna esquerda e deslocamento

numa distância de 10 metros. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

f. Corrida com calcanhar elevado com a perna esquerda até uma distância

de 30 metros. Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

g. Corrida com calcanhar elevado até uma distância de 20 metros. Realizar

de 2 a 3 repetições do exercício.

h. Combinações de corridas com calcanhar elevado (10 metros com a

perna direita+10 metros com a perna esquerda+10 metros com as duas

pernas). Realizar de 2 a 3 repetições do exercício.

i. Corridas com calcanhar elevado 10 metros + corrida com calcanhar

elevado com a perna direita+corrida com calcanhar elevado com a perna

esquerda. Realizar de 3 a 4 repetições do exercício.

4-Passos saltados (hopserlauf)

a. Imitação da fase de impulsão no lugar com a perna direita. Realizar de 2

a 3 séries x 6 a 8 repetições do exercício.

b. Imitação da fase de impulsão no lugar com a perna esquerda Realizar

de 2 a 3 séries x 6 a 8 repetições do exercício.

c. Realizar consecutivamente a ligação das impulsões com cada perna

Realizar 2 séries x 4 a 5 ligações do exercício.

d. Imitação de 5 a 6 impulsões somente com a perna direita.

e. Imitação de 5 a 6 impulsões somente com a perna esquerda.

f. Combinações de impulsão com cada perna (4 a 5 impulsões com a

perna direita+ 4 a 5 impulsões com a perna esquerda). Realizar duas

repetições do exercício.

g. Passos saltados até uma distância de 25 a 30 metros. Realizar de 3 a 4

repetições do exercício.

5-Passadas saltadas (sprunglauf)

23

a. Passo com a perna direita numa distância de 15 a 20 metros. Realizar 3

repetições do exercício.

b. Passo com a perna esquerda numa distância de 15 a 20 metros.

Realizar 3 repetições do exercício.

c. Combinações de passos (4 a 5 passos com a perna direita + 4 a 5

passos com a perna esquerda). Realizar 3 repetições do exercício em

uma distância de até 60 metros.

d. Combinações- Passadas saltadas numa distancia de 8 a 10 metros + 3 a

4 passos com a perna direita + 3 a 4 passos com a perna esquerda.

Realizar 3 repetições do exercício.

e. Combinações- 3 a 4 passos com a perna esquerda + 3 a 4 passos com

a perna direita + 10 metros de passadas saltadas. Realizar 3 repetições

do exercício.

f. Passadas saltadas numa distância de 30 40 metros. Realiza de 4 a 5

repetições do exercício.

6-Combinações de educativos de corridas com a corrida propriamente dita.

a. Skipping no lugar durante 3 a 4 segundos + skipping com deslocamento

até 10 metros + corrida propriamente dita. Realizar de 2 a 3 repetições

do exercício.

b. Corridas com pernas esticadas para frente numa distância de 8 a 10

metros + skipping numa distância de 8 a 10 metros + corrida

propriamente dita até 10 metros. Realizar de 3 a 4 repetições do

exercício.

c. Skipping com deslocamento até 10 metros + passadas saltadas 10

metros + corrida 10 metros. Realizar de 3 a 4 repetições do exercício.

d. Corrida com calcanhar elevado 10 metros + corrida 30 metros. Realizar

3 repetições do exercício.

e. Tiros de sprint para o aperfeiçoamento da técnica da corrida

propriamente dita. Realizar de 3 a 4 repetições do exercício em uma

distância de até 40 metros.

f. Tiros com intensidade moderada até 30 metros. Realizar 4 repetições do

exercício.

24

g. Tiros com intensidade moderada até 50 a 60 metros. Realizar 4

repetições do exercício.

h. Corridas progressivas até 50 a 60 metros. Realizar 4 repetições do

exercício.

i. Corridas com mudança de velocidade até 60 a 70 metros. Realizar de 3

a 4 repetições do exercício.

Sugestões metodológicas das atividades didáticas durante a realização dos

exercícios educativos de corridas

a) Utilizar no sistema de aulas todas as possíveis variedades de cada

exercício educativo citado anteriormente e quando os alunos dominarem

o padrão de execução de cada exercício proposto passar para a próxima

variante. Porém, no sistema de aulas práticas podem ser incluídas as

variedades de cada exercício uma vez que os alunos tenham domínio da

técnica.

b) As distâncias e tempos de execução dos exercícios educativos devem

ser controlados por ser um processo pedagógico voltado para

adolescentes.

c) As combinações de exercícios educativos propostos para cada caso

particular devem ser auxiliadas com o sinal de apito do professor e

sempre respeitando os intervalos de descanso completo entre cada

repetição.

d) As variantes propostas de exercícios educativos uma vez dominados

podem ser utilizadas como meio de treinamento dos alunos para as

provas de corrida, fazendo as correspondentes alterações na distância e

no volume de séries a executar.

Considerações Finais

O atletismo é considerado esporte base para o sucesso de aprendizado

de inúmeras habilidades em outras modalidades esportivas tais como: futebol,

basquete, handebol etc., nos quais existe a combinação das fases de corrida e

25

impulsão antes de executar o movimento final. Por outro lado o atletismo é rico

em meios e métodos para o desenvolvimento das valências físicas força,

velocidade, resistência, agilidade, flexibilidade, que servem de uma forma ou

outra como base para o aprendizado das técnicas dos esportes citados acima.

Evidentemente, a baixa motivação dos alunos pela prática do atletismo é

resultado da pouca divulgação deste esporte no contexto atual da escola. É

importante ressaltar que nos projetos pedagógicos da escola já começam as

dificuldades para a prática do atletismo, pois a exclusão de muitas provas do

programa de atletismo na Educação Física pelos professores e consequência

da pouca preparação dos mesmos para ministrarem os conteúdos básicos de

corridas, saltos e arremesso.

Por outro lado, a baixa motivação dos alunos tem a sua origem inclusive

na fraca participação dos eventos desta modalidade organizados na cidade de

Curitiba e no pouco conhecimento que possuem sobre o atletismo dado isto

pela falta de materiais específicos e espaços físicos que lhe permitam a prática

sistemática sem precisar de deslocamento fora dos limites da escola. Neste

sentido, a falta de pistas de atletismo foi umas das dificuldades vistas nesta

pesquisa.

Por último, a insuficiente carga horária da disciplina de atletismo nos

cursos de graduação em Educação Física das Universidades de Ensino

Superior, a qual permite dedicar mais tempo ao processo pedagógico das

provas e habilidades mais complexas, assim como a não oferta de cursos de

pós-graduação, ainda aumentam as dificuldades dos professores para ministrar

as aulas práticas de atletismo, pois em tão pouco tempo é difícil aprender os

processos pedagógicos de todas as provas de atletismo.

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