corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    1/35

    0

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DO PIAU FATEPICURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

    MARIA ANTONIA BARROSO DA COSTA

    ATUAIS CONDIES DA RESSOCIALIZAO NO SISTEMA PENITENCIRIOFEMININO DE TERESINA - PI

    TERESINA2014

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    2/35

    1

    MARIA ANTONIA BARROSO DA COSTA

    ATUAIS CONDIES DA RESSOCIALIZAO NO SISTEMA PENITENCIRIOFEMININO DE TERESINA - PI

    Monografia apresentada Faculdade deTecnologia do Piau- FATEPI, como partedos requisitos exigidos para a conclusodo Curso de Bacharelado em Direito.Orientador: Afonso Lima da Cruz Junior

    TERESINA2014

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    3/35

    2

    MARIA ANTONIA BARROSO DA COSTA

    ATUAIS CONDIES DA RESSOCIALIZAO NO SISTEMA PENITENCIRIOFEMININO DE TERESINA - PI

    Relatrio final, apresentado a Faculdade deTecnologia do Piau (FATEPI), como parte dasexigncias para a obteno do ttulo deBacharel em Direito.

    Teresina, ____ de _________ de _______.

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________________Prof. Esp. Afonso Lima da cruz Jnior (orientador)

    ________________________________________Prof. Esp. Sarah Maria Veloso Freire Lopes

    ________________________________________Prof. Msc. Luciana Carrilho de Moraes

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    4/35

    3

    Dedico este trabalho aos meus pais (inmemoriam), que infelizmente nopuderam estar presente.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    5/35

    4

    AGRADECIMENTOS

    Ao grandioso Arquiteto universal, por ter me dado foras suficiente para

    prosseguir com minhas conquistas.

    Aos meus pais (in memoriam) que me ofertaram uma base slida, e me

    guiaram ao caminho certo, transmitindo coragem e carinho para continuar nessa

    batalha.

    Ao meu filho, meu noivo, aos meus irmos, aos meus amigos do curso, valor

    imenso que guardarei para sempre em meu corao, nos quais me ajudaram nos

    momentos difceis que passei.

    Aos professores, que se empenharam em dividir seus conhecimentos para

    comigo.

    Ao meu orientador, MS. Afonso Lima da Cruz Junior, por ter se dedicado no

    auxilio desta monografia.

    E por fim, a todos que, de forma direta e indireta, contriburam com algo para

    o meu sucesso.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    6/35

    5

    RESUMO

    O presente trabalho de concluso de curso de bacharelado em Direito intitulado Aressocializao do preso acerca da lei de execuo penal tem a finalidade de

    comprovar as contradies da Lei de Execues Penais (LEP) dentro do presdiosob a tica da Ressocializao do apenado no sistema prisional; com base deestudo foram as informaes contidas na Lei de Execues Penais e na pesquisa decampo realizada. Foi possvel concluir que a falta de estrutura, administrao,acarreta na dificuldade de se ressocializar detentos. O Estado por ser um dos maisimportantes atores que contribui no cotidiano na vida do detento, no sentido deressocializar, preparar para ingressar no mercado de trabalho, assim como noconvvio social , deveria assegurar no mnimo de dignidade, respeitando direitosfundamentais do detento, algo que no se verifica na atual realidade penitenciriabrasileira. O estado possui uma participao direta na ressocializao do apenado,porm, h falhas nessa participao, pois, por omisso ou negligncia, a falta de

    uma poltica de ressocializao do apenado resulta numa criminalidade maior, ouseja, reincidncia criminal.

    Palavras-chave: Ressocializao. Lei de Execues Penais. Estado. Pena.Execuo.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    7/35

    6

    ABSTRACT

    The present study Completion of the Bachelor of Laws titled The rehabilitation of theprisoner of the law of criminal enforcement is intended to demonstrate the

    contradictions of the Law of Penal Execution (LEP) inside the prison from theperspective of resocialization of the convict in the prison system; based study wasthe information contained in the Law on Sentence and field research. It wasconcluded that the lack of infrastructure, administration, entails the difficulty of re-socialize inmates. The State as one of the most important actors contributing ineveryday life of the prisoner, to re-socialize, prepare to enter the job market as wellas in social life, should ensure a minimum of dignity, respecting fundamental rights ofthe detainee, something that does not occur in the current Brazilian penitentiaryreality. The state has a direct interest in the rehabilitation of the convict, but there areflaws in this participation, therefore, by omission or negligence, lack of a policy ofrehabilitation of the convict results in increased crime, or criminal recidivism.

    Keywords : resocialization . Law on Sentence. State. Pena. Execution

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    8/35

    7

    SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................... 8

    2 EVOLUO HISTRICA DA PENA............................................................... 12

    2.1 FINS DA PENA ................................................................................................ 13

    2.2 SISTEMAS PRISIONAIS .................................................................................. 14

    2.2.1 Principais Sistemas Prisionais .......................................................................... 14

    2.2.2 Sistema Pensilvnia ou celular ......................................................................... 15

    2.2.3 Sistema Auburniano ......................................................................................... 15

    2.2.4 Sistema Progressivo Ingls .............................................................................. 16

    2.2.5 Sistema Progressivo Irlands ........................................................................... 17

    3 O SISTEMA DE EXECUO E A NATUREZA JURDICA PENAL BRASILEIRA .................................................................................................................................. 18

    3.1 O OBJETO DA EXECUO PENAL................................................................ 18

    3.2 OS PRINCPIOS QUE REGEM A EXECUO PENAL ................................... 19

    3.2.1 O princpio da dignidade da pessoa humana ................................................... 20

    3.2.2 Princpio da Isonomia ou da Igualdade ............................................................ 21

    3.2.3 Princpio da Legalidade .................................................................................... 213.2.4 Princpio da Proporcionalidade ......................................................................... 21

    3.2.5 Princpio da Individualizao da pena .............................................................. 22

    3.2.6 Princpio da jurisdicional idade ......................................................................... 22

    4 RESSOCIALIZAO DO PRESO................................................................... 23

    4.1 O TRABALHO COMO FORMA DE RESSOCIALIZAO ................................. 24

    4.2 UM ESTUDO DA ESTRUTURA DO PRESDIO FEMININO DE TERESINA-PI 26

    4.3 ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS ........................................................... 275 CONCLUSO ................................................................................................... 30

    REFERNCIAS................................................................................................. 33

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    9/35

    8

    1 INTRODUO

    A cada dia que passa cresce a necessidade de se construir presdios cada

    vez maiores para abrigar um nmero maior de criminosos, o que ressalta a

    crescente escalada da violncia.

    Percebe-se o alto nvel de reincidncia criminal e chega-se a uma concluso

    de que a ressocializao dentro dos presdios no est sendo eficaz, pois muitos ex-

    detentos voltam prtica criminosa, ou seja, na maioria das vezes voltam a praticar

    os mesmos crimes pelos quais foram condenados anteriormente, o que deixa claro

    que no est sendo aplicada a lei n 7210, de 11 de julho de 1984, que tem por

    objetivo assegurar ao condenado e ao internado todos os direitos no atingidos pelasentena ou pela lei.

    O tema escolhido de amplo interesse para o contexto social, no qual chama

    a ateno e leva-se ao questionamento de se realmente a Lei de Execuo Penal

    (LEP) estaria sendo posta em prtica, conforme reza na Constituio Federal/ 88.

    Pretende-se com o estudo, abordar a situao dos detentos na prtica

    educacional dentro dos presdios. Buscando identificar a forma como so

    preparados para a reinsero na sociedade aps cumprirem pena, discorrendosobre as dificuldades encontradas junto sociedade e no seu mbito social.

    Diante desta realidade, o objetivo deste trabalho mostrar atravs da

    pesquisa, a contradio entre a realidade carcerria e a Lei de Execuo Penal de

    n. 7.210/84, que no contempla a ressocializao do apenado.

    Os objetivos especficos so: identificar a legislao quanto normatizao

    da ressocializao do detento, analisar onde reside a falha e caracterizar a

    ressocializao e as necessidades da incluso dos apenados.O Estado por ser um dos mais importantes atores que contribui no cotidiano

    na vida do detento, no sentido de ressocializar, preparar para ingressar no mercado

    de trabalho, assim como no convvio social, deveria assegurar no mnimo de

    dignidade, respeitando direitos fundamentais do detento.

    Conforme Mendona e Pessoa (2008, p. 213), [...] ressocializar o processo

    de reeducar um recluso para o novo convvio em sociedade aps o cumprimento de

    penas designadas pela Justia, em virtude de o mesmo ter infringindo as leis e

    praticado algum delito.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    10/35

    9

    Segundo Mendona e Pessoa (2008), como foi observado em seus relatos,

    ressocializar trazer o infrator de volta ao convvio social, depois de ter cumprido

    determinada pena.

    Segundo Ferreira (1999, p. 1465),

    [...] Tornar a socializar (-se). Segundo Clovis Alberto Volpe Filho O termoressocializar traz em seu bojo a idia de fazer com que o ser humano setorne novamente social (ou scio). Isto porque, deve-se ressocializar aqueleque foi dessocializado.

    Para os autores acima ressocializar inserir novamente um detento em um

    novo convvio social com condies satisfatrias.

    Na concepo de Bitencourt (2001, p. 139) [...] o objetivo da ressocializao

    esperar do delinqente o respeito e a aceitao de tais normas com a finalidade deevitar a prtica de novos delitos.

    De acordo com a Lei de Execues Penais, que possui como uma de suas

    finalidades o objetivo de proporcionar condies para a harmnica integrao social

    do condenado e do interno, o estado possui umas participao direta na

    ressocializao do apenado.

    Percebe-se ento que h falhas por parte do Estado, por omisso ou

    negligncia resultando numa criminalidade, ou seja, reincidncia criminal.

    O individuo ao ingressar no sistema prisional, deve somente perder a

    liberdade de ir e vir, portanto permanecendo todos os outros direitos assegurados

    pela Constituio Federal, na qual o Estado por muitas vezes omisso. Para Grego

    (2011, p. 444),

    O Estado no educa, no presta servios de sade, no fornece habitaopara a populao carente e miservel, enfim, negligente em todos osaspectos fundamentais no que diz respeito preservao da dignidade dapessoa humana.

    No entanto, a realidade outra, na prtica o que se v totalmente ao

    contrrio do que se est na lei, os estabelecimentos super lotados, os apenados

    sofrem por conta da falta de recursos, sem falar nas torturas, nas condies

    inadequadas.

    Conforme Vadillo (1999, p. 211), de fundamental importncia que o

    processo de reeducao e de reinsero social passe necessariamente pelo

    respeito profundo e incondicionado dignidade do preso e sua personalidade.

    De acordo Vadillo (1999), importante que todos os detentos tenham seus

    direitos e garantias respeitados, obedecendo aos princpios de: dignidade da pessoa

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    11/35

    10

    humana, legalidade, igualdade, personalidade da pena, da jurisdicionalidade, da

    ressocializao, do devido processo legal, enfim todos os demais, conforme o

    dispositivo expresso na da Lei de execuo penal.

    Segundo Bitencourt (2011, p. 132),

    [...] O conceito de ressocializao deve ser submetido necessariamente anovos debates e a novas definies. preciso reconhecer que a penaprivativa de liberdade um instrumento, talvez dos mais graves, com queconta o Estado para preservar a vida social de um grupo determinado. Estetipo de pena, contudo, no resolveu o problema da ressocializao dodelinquente: a priso no ressocializa. As tentativas para eliminar as penasprivativas de liberdade continuam. A pretendida ressocializao deve sofrerprofunda reviso.

    Conforme Bitencourt (2011), a priso no ressocializa, no entanto o sistema

    carcerrio dever ser submetido a uma reforma urgente voltado integrao socialdo condenado.

    Dessa forma, para que se consiga a ressocializao necessita-se

    urgentemente de uma reavaliao dos aparelhos do Estado, em conjunto com a

    sociedade, onde se possa fazer valer os direitos dos detentos, para que

    efetivamente a Lei n 7210, de 11 de julho de 1984 produza mudanas na

    ressocializao dos detentos e no ficar somente no papel.

    A metodologia utilizada na pesquisa foi o mtodo dialtico. Segundo Lakatos(2000, p. 91), o mtodo dialtico [...] penetra o mundo dos fenmenos tendo em

    vista sua ao recproca, da contradio inerente ao fenmeno e da mudana

    dialtica que ocorre na natureza.

    Ainda na metodologia, ser desenvolvida, visita in loco, pesquisa de campo,

    visitas aos presdios, entrevistando detentos, artigos cientficos, acesso a internet,

    tambm pesquisa bibliogrfica onde pretendo buscar relatar opinio de vrios

    autores sobre o tema pesquisado, com a finalidade de discutir a possibilidade de

    ressocializar o apenado.

    Para Menga (1986 apud MARCONI; LAKATOS, 2006, p 271) o estudo

    qualitativo [...] o que se desenvolve numa situao natural; rico em dados

    descritivos, tem um plano aberto e flexvel e focaliza a realidade de forma complexa

    e contextualizada.

    A monografia est estruturada nos seguintes captulos, o primeiro trata da

    introduo, que condensa a apresentao do problema, e os objetivos, as hipteses

    e a metodologia. O Segundo captulo ser mencionado sobre evoluo histrica e a

    finalidade da pena, e dos sistemas prisionais. O terceiro captulo trata sobre a Lei

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    12/35

    11

    das Execues Penais sua natureza, objeto. O quarto captulo ser abordado a

    ressocializao do apenado, sua conceituao na doutrina e perante a Lei das

    Execues Penais, alm de abordar a ressocializao no sistema prisional de

    TeresinaPI. No ultimo capitulo a concluso com a demonstrao e as hipteses.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    13/35

    12

    2 EVOLUO HISTRICA DA PENA

    A palavra pena provm do latim poena e do grego poin, que significa

    inflio de dor fsica ou moral que se impe ao transgressor de uma lei. Nas

    palavras Pessina (p. 589-590), a pena expressa um sofrimento que recai, por obra

    da sociedade humana, sobre aquele que foi declarado autor de delito.

    O autor acima deixa claro que a pena a manifestao do Estado quando

    algum pratica algum ato ilcito.

    Segundo Fragoso (1994, p. 279) pena a perda de bens jurdicos que

    imposta pelo rgo da justia a quem comete crime ou infrao penal, isto , a quem

    infringe a lei.De acordo com a doutrina a evoluo da pena est dividida em 4 importantes

    perodos: Vingana Privada, Vingana Divina, Vingana Pblica e Perodo

    Humanitrio.

    Na antiguidade marcada pela vingana privada, considerada uma das

    primeiras modalidades, na qual sua finalidade era retribuir o mal pela prpria pessoa

    que sofreu o dano, onde prevalecia o exerccio arbitrrio das prprias razes, onde o

    instinto animal se manifestava, foi ento que surgiu a Pena do Talio, conhecidacomo o primeiro cdigo de leis e punies, que teve origem no cdigo de Hamurabi.

    Momento posterior teve o surgimento da composio, conhecida como

    vingana de cunho, que era utilizada pelo ofendido em busca de sanar a lide, onde o

    ofensor poderia compensar o ofendido atravs de moedas, gados e etc..

    Na vingana divinaa represso ao delinquente, era fundamentada na ira da

    divindade ofendida pelo crime, onde os princpios religiosos era que mantinha o

    direito de aplicar a sano, ou seja, os sacerdotes ficavam encarregados de fazerjustia.

    Nessa poca as penas eram severas, cruis, desumanas, as quais levavam

    a morte do apenado. E na Vingana Pblica nasce a ideia da paz social, a pena

    perde sua ndole sacra, a igreja comea perder sua fora, surge o pensamento

    poltico, onde a figura do lder que era representante do Rei, passa ser o

    responsvel pela punio, que exercia sua autoridade em nome de Deus, aplicando

    inmeras arbitrariedades.

    A figura do Estado se fortalece, passa ento a ter o poder de delegar o

    exerccio da pena. No entanto, as leis no eram mais fundamentadas e nem to

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    14/35

    13

    pouco aplicadas como simples costumes sagrados, aprovadas pelos deuses e na

    Vingana Humanitria que surge no perodo Iluminista, no final do sculo XVIII,

    nasce o pensamento jurdico, comea a questionar sobre os fundamentos do direito

    de punir e da legitimidade das penas, reconhecendo os direitos inatos do ser

    humano, ou seja, tinham que ser tratados igualmente perante as leis.

    As penas no eram mais desproporcionais, passaram a ser graduadas de

    acordo com a gravidade do comportamento, sendo substitudas pela privao de

    liberdade.

    2.1 FINS DA PENA

    Para Beccaria (2003, p. 47) a pena tinha uma concepo utilitarista,

    considerando a pena um simples meio de atuar no jogo de motivos sensveis que

    influenciam a orientao da conduta humana.

    Segundo Capez trata-se de:

    Sano penal de carter aflitivo; imposta pelo Estado, em execuo de umasentena, ao culpado pela prtica de uma infrao penal, consiste narestrio ou privao de um bem jurdico, cuja finalidade aplicar aretribuio punitiva ao delinquente, promover a sua readaptao social eprevenir novas transgresses pela intimidao dirigida coletividade.(CAPEZ, 2005)

    Conforme Capez (2005) o Estado tem a funo de punir e aplicar a sano

    penal de acordo com conduta do infrator, com o objetivo de reinserir novamente no

    meio social.

    O direito de punir nasce com a prtica do crime, no entanto, so inmeras

    teorias sobre a razo do fundamento do direito de punir. Para os Doutrinadores, a

    pena tem trs fins a serem atingidos:Nas palavras de Mirabete (2007, p. 244)As teorias absolutas (de retribuio

    ou retribucionistas) tm como fundamento da sano penal a exigncia da justia:

    pune-se o agente porque cometeu o crime, ou seja, consiste em retribuir o mal

    causado, a pena uma forma de retribuio ao criminoso pelo ato ilcito, sendo uma

    compensao pelo mal causado;

    Teoria Relativa ou Utilitria: consistindo numa preveno geral e especial.

    Teoria Mista ou Sincrtica: foi desenvolvida por Adolf Merkel, a pena tanto

    uma retribuio ao condenado pela realizao de um delito, como uma forma de

    prevenir a realizao de novos delitos. tem a finalidade de prevenir em todos ao

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    15/35

    14

    aspectos, intimidade a sociedade para que no venha delinqir e limitar o poder do

    estado, no sentido de evitar abusos.

    2.2 SISTEMAS PRISIONAIS

    Nos primrdios, no conhecia a privao de liberdade, a priso era tida como

    uma custodia de natureza cautelar, onde mantinha o condenado sob custodia

    aguardando a deciso, caso tivesse a responsabilidade penal, seria aplicado sua

    pena: (morte ou corporal) e logo em seguida seria libertado.

    Nas lies de Donderis (1988, p.63):

    At o sculo XVII, somente umas limitadas excees tinham um contedosimilar ao da pena de priso moderna, j que a clausura, em geral, tinha afuno cautelar de servir como reteno at o momento do juzo ou daexecuo.

    As prises eram normalmente destinadas aos monges, que nelas ficavam

    recolhidas com intuito de cumprir uma penitncia, referente a um ato religioso, da

    ento o nome de penitenciria, lugar onde as pessoas cumprem suas penas

    utilizadas atualmente.

    Na Roma antiga, os condenados ficavam custodiados provisoriamente, aexemplo disso o caso da priso Mamertina um lugar escuro, mido, cheio de

    insetos peonhentos, a comida era escassa, sendo que os acusados ficavam presos

    pelos ps em toras de madeira, sendo que ainda sofria maus tratos pelos crceres.

    A palavra crcere se originou do latim carcere designou a Idade Antiga,

    conforme Edmundo Oliveira. Na Grcia, os devedores eram encarcerados, com

    intuito de saldar suas dividas e garantir a presena nos tribunais. No perodo

    medieval a tortura reinava, a pena era fsica, a amputao dos rgos, forca e

    guilhotina. Ressalta-se que foi no perodo cristo que a priso comeou ser

    entendida como hoje.

    2.2.1 Principais Sistemas Prisionais

    Com a necessidade de se ter um ordenamento jurdico coercetivo, como o

    objetivo de garantir a paz e o sossego da sociedade, surgiram as instituies penais.

    A partir do sculo XVIII surgiram os sistemas prisionais tais como: Sistema

    Pensilvnia ou Celular, Auburniano, progressivo ingls e irlands.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    16/35

    15

    2.2.2 Sistema Pensilvnia ou Celular

    O Sistema Pensilvnia ou celular foi criado por Guilhermo Penn em 1681,

    surgiu na Filadlfia, Estado da Pensilvnia, que fica nos Estados Unidos. Explicando

    acerca do surgimento do sistema celular, Cezar Roberto Bittencourt (2000, p. 92)

    afirma que [...] o incio definido do sistema filadlfico comea sob a influncia das

    sociedades integradas por quacres e os mais respeitveis cidados da Filadlfia e

    tinha como objetivo reformar as prises.

    Este Sistema baseava se no Direito Cannico e nas convices religiosas,

    sendo um regime de recluso totalmente fechado, onde o condenado ficava isolado

    da parte exterior, sem comunicao com os demais detentos e era permitidosomente passeio inconstantes e a leitura da bblia no intuito de que o condenado

    viesse refletir sobre seus erros, pois acreditava-se na recuperao do condenado

    atravs do trabalho de conscincia.

    Nas palavras de Jesus (2004, p. 249) ensina que, [...] utiliza-se o isolamento

    celular absoluto, com passeio isolado do sentenciado em um ptio circular, sem

    trabalho ou visitas, incentivando-se a leitura da bblia. Os principais precursores

    foram Benjamin Franklin e Willian Bradford.Bittencourt (2000, p. 94), com propriedade, afirma sobre o Sistema Filadlfico

    ou Pensilvnico que [...] j no se trataria de um sistema penitencirio criado para

    melhorar as prises e conseguir a recuperao do delinquente, mas de um eficiente

    instrumento de dominao servindo, por sua vez, como modelo para outro tipo de

    relaes sociais.

    Tal sistema foi fortemente criticado devido ter levados muito condenados a

    loucura e at a morte.Devido tal problema, esse sistema sofreu algumas modificaes durante o

    sculo XIX na Europa, na Inglaterra em 1938 e nos demais pases. E ai comea a

    ser implantado o Separaty Continemente, o qual permitia a comunicao dos

    condenados com os visitantes, uma vez que fosse selecionados.

    2.2.3 Sistema Auburniano

    No intuito de superar os limites e defeitos do regime Pensilvnia, surgiu o

    Sistema Auburniano, tal sistema era menos rigoroso que o anterior. Neste sistema,

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    17/35

    16

    criou-se o trabalho, os presos eram mantidos isolados na parte noturna e durante o

    dia trabalhavam.

    Segundo Damsio (2004, p.250), sua origem prende-se a construo da

    penitenciria na cidade de Auburn, do Estado de New York, em 1818, sendo seu

    diretor ElamLynds.

    Tratando sobre esta matria, Bitencourt (2000, p. 95) explica que este sistema

    deixou de lado o confinamento absoluto do preso por volta do ano de 1824, a partir

    de ento se estendeu a poltica de permitir o trabalho em comum dos reclusos, sob

    absoluto silncio e confinamento solitrio durante a noite.

    No era permitida, sequer, a comunicao entre os presos, com o objetivo de

    primar pelo silncio absoluto.

    2.2.4 Sistema progressivo ingls

    Este sistema surgiu na Inglaterra, no sculo XIX, idealizado por Alexander

    Maconochie, no ano de 1840, na Ilha Norfolk, na Austrlia e foi denominado pelos

    Ingleses sistema progressivo ou Mark system(sistema de vales)

    Tal sistema consistia em medir a durao da pena por uma soma de trabalhoe de boa conduta imposta ao condenado.

    Para Bittencourt (2001, p. 97) relata que:

    A essncia deste regime consiste em distribuir o tempo de durao dacondenao em perodos, ampliando-se em cada um os privilgios que orecluso pode desfrutar de acordo com sua boa conduta e o aproveitamentodemonstrado do tratamento reformador. Outro aspecto importante o fatode possibilitar ao recluso reincorporar-se sociedade antes do trmino dacondenao. A meta do sistema tem dupla vertente: de um lado pretendeconstituir um estmulo boa conduta e adeso do recluso ao regimeaplicado, e, de outro, pretende que este regime, em razo da boadisposio anmica do interno, consiga paulatinamente sua reforma moral ea preparao para a futura vida em sociedade.

    Conforme o autor, ele explica que essncia desse sistema, era incentivar o

    apenado ter boa conduta e ao mesmo tempo preparar para o retorno sociedade.

    Segundo Odete (2003, p. 60) O sistema progressivo se divide em trs

    perodos:

    1 - Isolamento celular diurno e noturno nesse perodo o apenado ficavaisolado e era submetido a trabalho duro e obrigatrio, com alimentaoescassa, no intuito de fazer o apenado refletir sobre o mal causado;2 - Trabalho em comum sob a regra do silncio durante esse perodo oregime de trabalho era em comum, permanecia o silncio absoluto duranteo dia e isolamento noturno, tambm comea o nmero de marcas e com

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    18/35

    17

    certo tempo, conforme a quantidade , o condenado passava a integrar aclasse posterior, sendo que, conforme sua conduta e trabalho,chegando aprimeira classe,ou seja, obtinha o ticket ofleave, que dava seu acesso aliberdade condicional.

    3 - Liberdade condicional se dar a liberdade limitada, com restries, com

    vigncia determinada e o detento tinha que obedecer, caso no tivesse feitonada para sua revogao, obtinha a liberdade definitiva.

    2.2.5 Sistema progressivo irlands

    Foi adotado em 1853, o sistema de vales, foi aperfeioado por Walter Crofton,

    sob o regime de Maconochie, nesse regime tinha o objetivo de melhorar na

    preparao do detento para o seu retorno junto a sociedade, sendo que a idia era

    estabelecer prises intermedirias entre as prises e a liberdade condicional.

    Na precisa lio de Lyra (1942, p. 103), tal sistema acrescentou mais uma

    fase alm das fases mencionadas no sistema progressivo ingls, fase esta que veio

    no sentido de aperfeioar o sistema.

    Conforme Betencoourt (2000, p. 99-102) O Sistema Progressivo Irlands era

    dividido em quatro fases: 1) Recluso celular diurna e noturna, 2) Recluso celular

    noturna e trabalho diurno em comum, 3) Perodo intermedirio e, 4) Liberdade

    condicional:

    1 - Recluso celular diurna e noturna nos mesmos termos do sistemaingls, a alimentao escassa, sem comunicao;2 - Recluso celular noturna e trabalho diurno em comum no tinha muitadiferena do sistema ingls, dividida em classe e era obtido a progressopor meio das marcas, que beneficiava em privilgio e maior liberdade;3 - Perodo intermedirio perodo entre a priso e a liberdadecondicionada, onde o detento trabalhava ao ar livre, dentro do prprioestabelecimento e de preferncia em trabalho agrcolas.4 - Liberdade condicional tem as mesmas caractersticas do sistemaingls, o detento gozava da liberdade com restries e com o passar do

    tempo , ganhava a liberdade definitiva.

    importante ressaltar que o cdigo penal adotou o modelo do sistema

    progressivo irlands, sendo com as peculiaridades destacadas na Lei de Execuo

    Penal.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    19/35

    18

    3 O SISTEMA DE EXECUO E A NATUREZA JURIDICA PENAL BRASILEIRA

    No nosso ordenamento jurdico h vrias doutrinas que divergem sobre a

    natureza da execuo penal. Destaca-se nesse contexto trs correntes: a

    administrativa, a mista e a jurisdicional.

    A primeira corrente, Administrativa e a segunda corrente, Mista.

    Nas palavras de Girinover (1987, p. 03) uma atividade complexa, que se

    desenvolve, entrosadamente, nos planos jurisdicional e administrativo.

    No entanto, o que se pode verificar que a natureza jurdica se desenvolve

    tanto no setor jurisdicional, quanto no administrativo.

    De acordo com o Cdigo de Processo Penal, adotou-se no Brasil a correntemajoritria a mista: jurisdicional e administrativa.

    3.1 O OBJETO DA EXECUO PENAL

    Conforme a Lei de Execuo Penal de n. 7.210 de Julho de 1984 em seu

    artigo1 preceitua: A execuo penal tem por objetivo efetivar as disposies de

    sentena ou deciso criminal e proporcionar condies para a harmnica integraosocial do condenado e do internado.

    De acordo com o artigo supra citado, observa-se que tem dupla finalidade,

    uma a execuo penal, ou seja, cumprir criminalmente a sentena editada pelo juiz

    e ao mesmo tempo dando suporte ao detento condies propcias para o retorno

    junto a sociedade.

    Mirabete (2006, p. 26) relata que o artigo acima, tem duas ordens de

    finalidades:A primeira a correta efetivao dos mandamentos existentes na sentenaou outra deciso criminal, destinados a reprimir e prevenir os delitos. Odispositivo registra formalmente o objetivo de realizao penal concreta dottulo executivo constitudos por tais decises. A segunda a deproporcionar condies para harmnica integrao social do condenado edo internado, baseando-se por meio da oferta de meios pelos quais osapenados e os submetidos s medidas de segurana possa participarconstrutivamente da comunho social.

    De acordo com o autor, o tratamento dos apenados, a uma pena ou medida,

    privativa de liberdade deve ter por objetivo, conforme a lei permitir, incentivar a

    vontade de viver, como tambm manter-se com o fruto do seu trabalho, no sentido

    de adquirir responsabilidade e incentivando-os a desenvolver respeito por si prprio.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    20/35

    19

    Na realidade, h diferena no que est expresso na lei com a real situao do

    nosso sistema prisional, pelo que se pode verificar nosso sistema no eficiente, ou

    seja, desumano, equipara-se a uma escola de crime, onde funcionam escritrios

    do crime organizado.

    No entanto, h falha do Estado. So vrias indagaes a cerca da

    ressocializao em relao a Lei de Execues Penais.

    Nesse sistema falido, como feito para inserir o apenado na sociedade da

    qual o Estado retirou-o? Ser que a pena cumpre, efetivamente, esse efeito

    ressocializante ou, ao contrrio, acaba de corromper a personalidade do agente?

    Que tipo de ressocializao busca-se produzir? Ser que o Estado t preocupado

    em ressocializar o apenado?

    Em relao ao objetivo da lei de Execuo Penal, Nogueira (1996, p. 33),

    conclui que,

    [...] A execuo a mais importante fase do direito punitivo, pois que nadaadianta a condenao sem a qual haja a respectiva execuo da penaimposta. Da o objetivo da execuo penal, que justamente tomarexeqvel ou efetiva a sentena criminal que imps ao condenadodeterminada sano pelo crime praticado.

    Para Nogueira (1996), o objetivo da execuo penal fazer valer a

    condenao sentenciada do condenado, ou seja, por em prtica a sua pena.

    3.2 OS PRINCPIOS QUE REGEM A EXECUO PENAL

    Os direitos fundamentais so caracterizados como sendo os precursores da

    constitucionalizao dos princpios gerais do direito. Para os doutrinadores os

    princpios esto na essncia de qualquer norma, visando sempre esclarecer as

    questes jurdicas.Ressalta-se ento que a incluso dos princpios na nossa constituio Federal

    de suma importncia para o nosso ordenamento jurdico.

    Os Direitos fundamentais so direito subjetivos, direito este que s pertence a

    algum, trata de um direito personalssimo, que dever ser reconhecido pelos

    outros, um direito que no pode ser transmitido outra pessoa.

    Nas palavras de Bonavides (2001, p. 553) destaca que:

    [...] os direitos fundamentais so a bssola das Constituies. A pior dasinconstitucionalidades no deriva, porm, da inconstitucionalidade material,devers contumaz nos pases em desenvolvimento ou subdesenvolvidos,onde as estruturas constitucionais, habitualmente instveis e movedias,

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    21/35

    20

    so vulnerveis aos reflexos que os fatores econmicos, polticos efinanceiros sobre elas projetam.

    Os direitos fundamentais esto normatizados na carta magna, seja eles como

    princpios, ou como regra. Nas palavras de Reale Jnior (1998, p. 57), ele trs emseu bojo o conceito e a importncia dos princpios.

    Princpio , por definio, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiroalicerce dele, disposio que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhe o esprito e servindo de critrio para sua exata compreenso einteligncia exatamente por definir a lgica e a racionalidade do sistemanormativo, no que lhe a tnica e lhe d sentido harmnico. doconhecimento dos princpios que preside a inteleco das diferentes partescomponentes do todo unitrio que h por nome sistema jurdico positivo.

    Conforme a citao acima, o autor nos mostra que a importncia dos

    princpios para o nosso ordenamento jurdico.

    3.2.1 O Principio da Dignidade da Pessoa Humana

    Na viso da sociedade este principio visto como um direito para defender

    bandidos, mas a realidade outra, este principio em regra no s para defender

    bandidos, mas sim toda sociedade sem distino de cor, raa, classe, aplicado

    para todos aqueles que infligirem a lei ou no.

    Este principio est elencado no artigo 1, III da CRFB, sendo um dos

    principais princpios fundamentais, que trata do respeito, da proteo do ser

    humano, que at ento vive sendo violado diariamente, basta ligar a TV para se

    observar que a realidade completamente diferente.

    O sistema penitencirio brasileiro tem sofrido violaes contra nosso

    ordenamento jurdico em se tratar da dignidade do preso que fica a merc do

    Estado, que vem mantendo seu papel que o de punir, to pouco ressocializar, oque se observa que conforme a Lei de Execues penais, em seu artigo 1 onde

    expressa claramente que proporcionar condies para a harmnica integrao

    social do condenado e do internado, porm quando se trata da realidade, ao invs

    de proporcionar, faz distanciar o apenado da integridade social, motivando para

    prtica de novos delitos.

    O apenado ao ingressar no sistema prisional, deveria somente perder a

    liberdade de ir e vir, portanto deveria permanecer todos os outros direitos queesto elencados na Constituio Federal.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    22/35

    21

    O artigo 3 da Lei de Execuo Penal assegura todos estes direitos, porm

    quando se trata da realidade, os presos vivem em condies humilhantes, so

    ignorados pelas autoridades competentes, sendo violados todos seus direitos

    garantidos.

    3.2.2 Principio da Isonomia ou da Igualdade

    Este principio est descrito no artigo 5 da Constituio Federal , um dos

    alicerces da democracia, ele veda privilgios e distines, porm todos so iguais

    perante a lei, ele assegura ao cidado a terem um tratamento igual para todos.

    Segundo o artigo 5 (CRFB, 1988):Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas ainviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade.

    O artigo acima visa proteger a dignidade da pessoa humana, contra qualquer

    ato degradante que venha atentar contra ela.

    3.2.3 Principio da Legalidade

    Este princpio atua como forma de limitar o poder punitivo estatal, onde relata

    que uma conduta no poder ser considerada criminosa se no houver lei previa

    que a tipifique e que retribua advertncia legal, ou seja, aplicar a pena somente nos

    casos previsto em lei.

    Regido no artigo 5, XXXIX da Constituio Federal e pelo artigo 1 do Cdigo

    Penal Brasileiro, recomendando que no h crime sem lei anterior que o defina,

    nem pena sem prvia cominao legal.

    3.2.4 Principio da Proporcionalidade

    O principio da proporcionalidade, no est expresso diretamente na carta

    magna, porm seu fundamento jurdico est em vrios dispositivos constitucionais:

    artigo 1, III, artigo 3, I, artigo 5, incisos II,XXXV,LIV, e pargrafo 2

    Tal principio probe o abuso quanto as punies, ele veio nosentido de

    equilibrar as sanes relativos a conduta culposa.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    23/35

    22

    3.2.5 Principio da Individualizao da pena

    Est positivado na Constituio Federal em seu artigo 5, inciso XLVI, reza o

    seguinte: A lei regular a individualizao da pena e adotar, entre outras, as

    seguintes: a) privao ou restrio da liberdade; b) perda de bens; c) prestao

    social alternativa; d) suspenso ou interdio de direitos.

    O principio da Individualizao da pena, preceitua que as sanes sejam

    impostas aos transgressores tero que ser personalizadas e particularizadas,

    conforme a natureza do delito.

    3.2.6 Principio da Jurisdicionalidade

    Segundo Capez (2011, p. 17):

    A jurisdio a atividade pela qual o Estado soluciona os conflitos deinteresse, aplicando o Direito ao caso concreto. A jurisdio aplicada porintermdio do processo, que uma sequncia ordenada de atos quecaminham para a soluo do litgio por meio da sentena e que envolveuma relao jurdica entre as partes litigantes e o Estado-Juiz.

    Com base no entendimento do autor acima, ele bastante esclarecedor que

    de suma importncia uma justia especializada no que diz respeito a

    jurisdicializao.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    24/35

    23

    4 RESSOCIALIZAO DO PRESO

    Nosso Sistema prisional , na sua grande maioria, desprovido de eficcia em

    relao ressocializao do detento.

    A Lei de Execuo Penal de n. 7.210, criada em 1987, tem a finalidade de

    assistir o preso e ao internado, quanto a sua ressocializao garantindo todos seus

    direitos no atingidos pela sentena, no intuito de prevenir o crime e estimular ,

    orientar a volta ao convvio social.

    Neste contexto assevera Bitencourt (2011, p. 118):

    A ressocializao do delinquente implica um processo comunicacional einterativo entre o indivduo e sociedade. No se pode ressocializar odelinquente sem colocar em duvida, ao mesmo tempo, o conjunto socialnormativo ao qual se pretende integr-lo. Caso contrario, estaramosadmitindo, equivocadamente, que a ordem social perfeita, ao que, nomnimo, discutvel.

    No h duvidas quanto s palavras do autor acima, onde expressa

    claramente que o individuo para ser ressocializado, ter que ser submetido uma

    reforma em conjunto urgente, onde o Estado possa implantar e melhorar as polticas

    publica e as normas vigentes.

    O apenado ao ingressar no sistema prisional, se depara com os problemasfrequentes tais como: superlotao carcerria, ausncias de programas de

    reabilitao, espancamento por parte dos prprios agentes visto como se fosse

    marginal pela sociedade, no h duvidas, em relao a dignidade do preso que

    afetado diariamente.

    Na realidade a pena tem o objetivo de ressocializar o apenado, pelo que se v

    est bem longe de alcanar este objetivo, o Estado tem papel principal no que se diz

    respeito ressocializao do detento, no entanto a realidade outra, os direitos dos

    presos no so respeitados, o estado no respeita a Lei de Execuo Penal, a

    exemplo disso o artigo 88 da LEP, expressa claramente que a cela individual ao

    condenado, dever ser adequada s condies humana, como tambm o artigo 85,

    prev: o estabelecimento penal dever ter lotao compatvel com a sua estrutura

    e finalidade. Ou, seja, a Lei de Execuo Penal, que deveria ter em seu papel

    regulamentar a ressocializao do detento, haja vista que um dos direitos

    fundamentais do detento.

    A Lei de Execuo Penal importante para reintegrao do apenado, traz um

    leque de possibilidades de reeducao que favorece, por meio de direitos, deveres,

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    25/35

    24

    integridade moral, acompanhamento religioso, trabalho, tratamento de sade fsica,

    dentro de outros mais.

    importante ressaltar que a referida lei, a mais avanada e moderna do

    mundo, porm vem enfrentando a falta de efetividade no cumprimento e na

    aplicabilidade.

    A Lei de Execuo Penal (LEP), tem a natureza ressocializante e reeducativa,

    o que reza no artigo 1, A execuo penal tem por objetivo efetivar as disposies

    de sentena ou deciso criminal e proporcionar condies para a harmnica

    integrao social do condenado e do internado.

    Em seu artigo 10, prev que o Estado tem o dever de dar assistncia ao

    preso e ao internado, com intuito de prevenir o crime, orientando-o o retorno aconvivncia social, como tambm o artigo 11, esclarece que a assistncia material

    por meio de alimentao, vesturio e instalaes higinicas condizentes com a

    pessoa humana: alm da jurdica, educacional, social e a sade.

    Para que se possa atingir o objetivo da LEP, necessrio que o Estado deva

    rever todos os fatores inerentes que envolve a funo social (sociedade, normas,

    regras) para que seja alcanada sua finalidade quanto ao detento.

    4.1 O TRABALHO COMO FORMA DE RESSOCIALIZAO

    A Lei de Execuo Penal, em seu artigo 28, trata do trabalho do condenado,

    como dever social e condio de dignidade humana e ter finalidade educativa e

    produtiva. Porm, o detento ao cumprimento da pena fica restrito a certas atividades

    laborativas.

    O Estado tem o papel de atribuir trabalho ao detento dentro doestabelecimento prisional, no entanto precisa desenvolver politicas pblicas, em

    parcerias com rgos pblicos e privados, para que sejam ofertados cursos

    profissionalizantes com intuito de capacitar os detentos dentro do presdio

    preparando-os para convvio social baseado no artigo 34 da LEP.

    Ressalta-se que o conceito de ressocializao est atrelado ao conceito de

    trabalho e da qualificao profissional, pois prevaleceu atravs da afirmao que o

    trabalho a base do equilbrio da nossa sociedade, tambm considerado o agente

    ressocializador nos presdios do mundo inteiro.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    26/35

    25

    O trabalho alm de ter a funo ressocializadora, tambm funciona como

    redutor de pena, vejamos o artigo 126 da LEP O condenado que cumpre a pena

    em regime fechado ou semiaberto poder remir, por trabalho ou por estudo, parte do

    tempo de execuo da pena, ou seja, um trs dias de trabalho diminui um dia de

    pena.

    Segundo Mirabete (2007, p. 120) nas suas belssimas palavras menciona em

    suas obras que [...] a habilitao profissional uma das exigncias das funes da

    pena, pois facilita a reinsero do condenado no convvio familiar e social a fim de

    que ela no volte a delinquir.

    O autor trata da importncia do trabalho na reinsero do condenado e que a

    legislao tem como fator principal, pois seu objetivo manter o apenado ocupado,sendo assim evitando o cio, porm a realidade outra, ocorre que dentro dos

    presdios a maioria dos detentos passa bastante tempo livre.

    Ressalta-se que h falha por parte da prpria administrao do presdio, o

    artigo 39, V da referida LEI, auto explicativo no que se refere a obrigatoriedade do

    trabalho interno do preso condenado, sendo que seu trabalho remunerado ou de

    qualquer beneficio da execuo j mencionado anteriormente.

    direito do preso a assistncia religiosa, que est expresso no artigo 24 daLEP, prev a permisso da participao dos apenados nos cultos, como tambm

    esclarece que nenhum detento obrigado a fazer parte das atividades religiosas, e

    que todos tem o direito de escolha. Assim, in verbis:

    Art. 24- A assistncia religiosa, com liberdade de culto, ser prestada aospresos e aos internados, permitindo-se-lhes a participao nos serviosorganizados noestabelecimento penal bem como a posse de livros deinstruo religiosa. 1 No estabelecimento haver local apropriado para os cultos religiosos2 Nenhum preso ou internado poder ser obrigado a participar deatividades religiosas.

    A assistncia religiosa tem o papel de mostrar para o detento a sua dignidade

    e sua valorizao como pessoa humana, alm de est previsto na LEP, um direito

    garantido pela Constituio Federal e considerado importante para ressocializao

    do sentenciado, tanto como trabalho , alm desses tem outros pilares bsicos que

    no podem faltar dentro de uma penitenciria, uma boa alimentao, as visitas, o

    lazer. Porm, a maioria dos detentos ficam revoltados, sem ter um tratamento dentro

    dos parmetros da LEI.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    27/35

    26

    4.2 UM ESTUDO DA ESTRUTURA DO PRESIDIO FEMININO DE TERESINA- PI

    A penitenciria feminina de Teresina, fundada em 23 de junho de 1980, pelo

    governo de Lucdio Portela que fica localizada na BR 316 KM 07 bairro: Santo

    Antonio, possui capacidade mxima para 114 detentas, sua populao carcerria

    122 presas atualmente, sendo que 93 provisrias e 29 sentenciadas, possui 02

    pavilhes, dividido em A e B, sendo no pavilho A: 05 celas e no B: 16, e 02 celas

    disciplinares, quanto ao tamanho da cela maior: 8,32 m 5,00 mm, e a menor 6,30 m

    x 5,20 m, em mdia seis detentas por cela, possui cama para cada detenta.

    Quanta alimentao feita trs por dia, com cardpio feito pela nutricionista,

    de qualidade boa e variedade. Atualmente 68 detentas que participam do programalaboral, distribudo nos programas: Educao de Jovens e Adultos, (EJA),

    Alfabetizao e ensino fundamental e Mdio, SENAR (realizao de cursos

    profissionalizantes) e o PRONATEC, ou seja, que 45% vivem em cio, so

    realizadas as atividades acadmicas em trs salas de aula dentro do presdio, ainda

    so disponveis bibliotecas

    respeitada, para todas as detentas, a regra de 1 hora mnima diria de

    atividades fsicas indicadas pelo professor de Educao Fsica e aula de dana ao arlivre onde so praticadas no ginsio, incluindo as culturais, Aulas de dana, Gincana

    Cultural, Festa junina, Dia das mes e Natal.

    So designado 06 representantes de cada religioso para o lugar de deteno

    (Catlica e Evanglica), onde correspondem s religies praticadas pelas detentas,

    como tambm as oportunidades para trabalhar dentro do lugar de deteno e como

    se comparam com as que existem no mundo externo por exemplo: Cozinha, faxina,

    panificao, corte e costura e artesanato.Existem oportunidades para trabalhar fora do lugar de deteno, os familiares

    conseguem carta de emprego para detentas dos regimes semi-aberto e aberto.

    Algumas delas j foram beneficiadas para trabalharem na construo civil, atravs

    do Projeto Comear de Novo.

    Os problemas de sade mais comuns so Gripe, dores de cabea, problemas

    respiratrios, DSTs. So disponibilizadas Consultas e exames so agendados nas

    unidades de sade prximas ao presdio regularmente de acordo com a

    necessidade. feita visita mdica as instalaes? Tcnica de Enfermagem:

    diariamente; Clinico Geral/Psiquiatra/Psicloga: 1x/semana; Dentista/Auxiliar

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    28/35

    27

    Bucal/Estagirio: 2 vezes por semana; Assistente Social: 2x/semana; Enfermeira e

    estagirios da UFPI: 2x/semana. O acesso a um psiclogo feito atravs de

    encaminhamentos da Chefe de Disciplina e de profissionais do setor mdico.

    composta a equipe mdica (nmero de mdicos, enfermeiras, psiclogos,

    psiquiatras, dentistas, outros), 01 Clnico Geral, 01 Psicloga, 01 Enfermeira, 02

    Tcnicas de enfermagem, 01 dentista, 01 Psiquiatra, 01 Assistente Social.

    O acesso a um ginecologista feito Em hospitais pblicos e Projeto de

    Extenso da UFPI - Preveno DST - AIDSRealizao de exames citolgicos por

    enfermeiros 2 vezes na semana. Obteve-se a informao de que no existe

    berrio. Quando as crianas pequenas vivem junto com as mulheres detidas, h

    acesso a pediatras. So atendidas as necessidades especiais das mulheresgrvidas. Os partos so realizados na Maternidade Dona Evangelina Rosa ou

    Hospital/Maternidade do Bairro Promorar

    So no Total de 48 agentes lotados, sendo 40 plantonistas e 08 na

    Administrao do presdio. Estrutura do Presdio: o Presdio composto dos

    seguintes cmodos: Um Alojamento da Guarda Militar, Vistoria Masculina e

    Feminina de visitantes; recepo, Sala de Panificao, Refeitrio, Cozinha,

    Deposito, rea de Alimentos Carnes, Salas da OAB, defensoria, AssistnciaSocial, da Chefe de grupo, da Chefe de disciplina, Celas do Regime aberto

    Trabalho externo, Pavilhes A e B Celas de Triagem, Gerencia, Setor da

    Administrao, Sala da Enfermagem, Consultrio dentrio, Alojamento masculino e

    feminino dos Agentes de planto Ginsio de esporte, Auditrio, Espao do

    horta,Espao da Lavanderiadesativado.

    A Penitenciria Feminina de Teresina uma instituio penal integrante da

    superintendncia dos servios penitencirios, rgo da administrao pblica direta,subordinada estrutura organizacional dos servios da secretaria de Justia e

    direito Humanos do Piau.

    4.3 ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS

    Aps visita feita ao presdio, referente pesquisa de campo com a diretora,

    uma gente penitencirio, e dois detentos, obteve os seguintes dados:

    Identificao dos entrevistados: (1) Diretora; (2) Agente penitencirio; (3)

    Apenado (participa do programa); (4) Apenado (no participa do programa).

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    29/35

    28

    Quanta questo sobre a chegada dos apenados, a entrevistada1 respondeu

    que recebida pelo chefe de planto do dia (agente) onde o apenado dever

    constar documentao especifica (guia de recolhimento, oficio do juiz, laudo de

    exame de corpo de delito e laudo de identificao criminal. Entrevistado 2 alm

    dessas informaes acrescenta que passa por uma vistoria, aps recebe

    fardamento, passa por uma triagem que dura 18 dias. Entrevistada 3, informa que

    recebe orientao na entrada do presdio quanto ao comportamento.

    Em relao pergunta sobre os programas existentes sobre a

    ressocializao, quanto a obrigatoriedade na participao do detento, quem fiscaliza,

    coordena, foram obtidas as seguintes respostas:

    A entrevistada 1, alfabetizao, educando para liberdade, curso PRONATEC(doces e conservas, padeiro e confeiteiro e corte costura): o condenado no

    obrigado a participar do programa, e quem coordena a prpria instituio que

    fiscaliza e a diretoria da humanizao da secretaria.

    O artigo 39, V da lei de Execuo penal, esclarece quanto obrigatoriedade do

    sentenciado, ora j mencionado nos captulos anterior, fortalea ainda mais que o

    interesse da gestora no sentido de contribuir na ressocializao dos apenados

    dentro do estabelecimento no existe e que o conhecimento da Lei era muito vago,ou seja mal interpretado.

    Ressalta-se que os direitos e deveres dos presos no so respeitados como

    reza na Constituio Federal.

    Quanto pergunta feita se o interno recebe remunerao quanto atividade

    desenvolvida ou somente a remio da pena e se recebe como feito o pagamento,

    se fica com o interno ou entregue a famlia

    A entrevistada 1 informou que quando se trata do programa fornecido umabolsa que corresponde uma quantia e a mesma fica retida num fundo criado pela

    administrao do presdio, e quando autorizada pela detenta fornecida a famlia e

    sem falar na remio da pena e das regalias (visita fora do normal e ligao extra)

    No que se refere aos requisitos para escolha do instrutor do programa e se

    existe encaminhamento para o mercado de trabalho para o apenado que participa

    do programa e se h colaborao externa (sociedade x empresa) e qual o

    cronograma do programa de ressocializao e a partir de quando comea o

    programa e qual a durao

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    30/35

    29

    A entrevistada 1 no soube informar, e que no existe nenhum

    encaminhamento para o detento que participa como tambm no h colaborao da

    sociedade x empresa e no tem nenhum cronograma e que ainda esto sendo

    implantado, e o programa imprevisvel.

    Observa-se ento que, tanto da parte administrativa, como do estado, no h

    interesse no que se refere a ressocializao do detento, e que Lei no prevalece As

    autoridades competente no oferece oportunidade de trabalho para todos os presos,

    finge que aplicam a lei e o estado finge que est tudo bem.

    Ao se perguntar se o programa eficaz e se tinha alguma sugesto, foi obtida

    a seguinte resposta:

    A entrevistada 1 No era eficaz e que para ser teria que ter ajuda da prpriasociedade e sem sugesto. Entrevistada (2) respondeu com ironia (riso) no era

    eficaz, que iria depender da conduta de cada um, que uns esto aptos, outros no,

    porque o preparo vem de fora e no do presdio e sugeriu mais desempenhos por

    parte dos gestores e melhorias na estrutura do local. Entrevistada (3) sim, sugeriu

    mais cursos, e que ali estaria abrindo uma porta que se fechou, dando mais uma

    oportunidade. Entrevistada (4) no soube, porm afirmou que no sabia nada sobre

    ressocializao e to pouco de cursos.O que se observou durante esta pesquisa, que tanto a administrao, como

    agente penitenciria no so preparadas para ajudar na ressocializao das

    detentas, porm a ressocializao deveria comear pelos gestores, a falta de

    conhecimentos da prpria Lei, a falta de incentivo, no esclarece aos detentos sobre

    seus direitos, falta organizao, nas dependncias do estabelecimento, como por

    exemplo: o local onde era disponvel a horta, hoje est cheio de mato, a entrada da

    creche est totalmente coberta de mato, ou seja, do que adianta o Legislador fazeruma Lei propicia e no ser aplicada na prtica, o Estado no fornece material.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    31/35

    30

    5 CONCLUSO

    De uma maneira muito natural, a humanidade conseguiu evoluir seu

    pensamento acerca das punies devidas aos indivduos que se desviavam dos

    propsitos de paz e convvio social. Aqueles que no respeitavam as regras de

    convvio eram punidos com o rigor das leis que eram criadas com objetivo de

    disciplinar aqueles cidado que se desvirtuavam das condutas aceitveis.

    Assim, os crimes deveriam ser punidos no somente com o intuito de reparar

    o dano causado pelo criminoso, mas tambm com um objetivo disciplinar, ou seja,

    intimidar a coletividade de tal modo que no houvesse mais crimes. Quando a razo

    e a moral passaram a disciplinar as relaes humanas, o Estado passou a entenderque a vida humana precisava ser resguardada, assim, a pena deixou de incidir sobre

    a vida e passou a restringir outro bem jurdico: a liberdade.

    medida que o pensamento foi evoluindo a respeito da pena, novos sistemas

    penitencirios foram surgindo, baseados na privao da liberdade como nica forma

    de execuo de pena. Nesse sentido, princpios que protegiam o ser humano e sua

    dignidade passaram a se sobrepor ao poder de punir do Estado. Os direitos

    humanos passaram a nortear a execuo penal em muitos aspectos. Com essaprivao de liberdade, passou-se a buscar no sistema penitencirio uma maneira de

    no apenas aplicar a sano e garantir a execuo da pena, mas tambm e talvez

    principalmente garantir que os mesmos delitos no voltassem a ocorrer pelos

    mesmos criminosos.

    Um dos maiores objetivos da pena privativa de liberdade , sem dvida, a

    ressocializao do preso. A garantia de que este no voltar a cometer o mesmo

    delito e ainda, reinseri-lo ao convivo do qual foi tirado por no obedecer as regras deconduta social. A ressocializao do indivduo passou a ser entendida como algo

    essencial para que a pena pudesse atingir todos os seus objetivos.

    Desse entender, verifica-se que ao possibilitar o regresso de um indivduo

    melhorado ao convvio social, o Estado protege a sociedade de uma reincidncia. A

    ressocializao torna-se, portanto, to necessria quanto a punio em si. Por isso,

    a necessidade de uma lei que norteasse a execuo desde seu aspecto punitivo at

    o seu aspecto educacional.

    Acerca disso, o Brasil inovou muito atravs da Lei de Execues Penais. Uma

    lei que contempla todas as principais fases da execuo penal e que alm de

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    32/35

    31

    efetivar o que est disposto na sentena ou deciso criminal, tambm se preocupa

    em dar condies para uma integrao social harmnica do condenado ou

    internado.

    O que verificou-se na prtica no foi o que est disposto efetivamente na lei.

    notrio o desrespeito dignidade da pessoa humana e aos princpios de Direitos

    Humanos nas penitencirias do pas. Apesar dessa evoluo no pensamento,

    infelizmente a contradio existente entre a realidade e a lei evidente e

    preocupante. A ressocializao torna-se impossvel quando o mnimo no

    garantido dentro dos presdios. O sistema progressivo no suficiente para garantir

    uma recuperao capaz de reinserir completamente um criminoso novamente ao

    convivo social.A pesquisa realizada revelou no somente o pensamento da doutrina em

    relao uma crise penitenciria alarmante no Brasil, mas tambm os aspectos

    reais da dificuldade que o Estado possui em ressocializar detentos. Os dados

    coletados auxiliaram na compreenso dos mtodos adotados hoje para a reinsero

    dos detentos na sociedade. No campo de pesquisa, a Penitenciria Feminina de

    Teresina, verificou-se a tentativa de se proporcionar s internas as garantias dadas

    pela Lei de Execues Penais, como por exemplo a assistncia social eeducacional, atravs de cursos profissionalizantes. Contudo os mtodos aplicados e

    o despreparo dos funcionrios dificulta esse processo.

    Dessa maneira a hiptese levantada foi comprovada atravs da visita

    realizada e das entrevistas feitas com internas e com funcionrios da penitenciria.

    A contradio existe de fato entre a realidade carcerria e a Lei de Execuo Penal.

    O que se verificou na prtica foi que existe um abismo muito grande entre o a

    Lei em si e o seu cumprimento integral, o prprio Estado no possui a estruturabsica necessria para arcar com uma reforma to urgente. possvel ter uma

    dimenso sobre os aspectos mais imediatos que precisam de um conjunto de

    polticas pblicas para que aconteam, mas o problema se estende e se agrava

    medida em que no se ressocializa. E a falta dessa ressocializao implica em um

    aumento gradativo nos nmeros da criminalidade e violncia urbana.

    Ressalte-se que necessrio a reavaliao urgente do sistema penitencirio

    feminino de Teresina, na qual de suma importncia um trabalho intenso do

    governo implantar um tratamento penal digno atravs da subjetividade , com intuito

    de inserir novos conceitos de condutas, de valores, de famlias e outros, como

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    33/35

    32

    tambm implantar uma poltica de conscientizao da sociedade para que no perca

    a esperana que o ser humano capaz de ser reabilitado, proporcionando

    educao, sade e trabalho, melhorias sociais a populao, onde sabemos que

    parte da criminalidade vem da pobreza, pela desestruturao familiar. Portanto, no

    adianta falar em reforma de presdios sem antes combater os fatores que gera a

    criminalidade.

  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    34/35

    33

    REFERNCIAS

    BECCARIA, Cesari. Dos delitos e das penas. So Paulo. 2003

    BITENCOURT. Cezar Roberto. Falncia da pena de priso causas e alternativas.So Paulo: Saraiva, 2012.

    BONAVINDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 11. ed. So Paulo:Malheiros, 2001.

    CAPEZ, F. Execuo penal simplificado. 14. ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

    DONDERIS, Vicenta Cervell. Derecho penitencirio.3 ed. 1988

    FERREIRA. Aurlio Buarque de Holanda. Aurlio sculo XXI: o dicionrio da lnguaportuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

    FOUCAULT. Michel. Vigiar e punir: nascimento da priso. Trad.: Raquel Ramahete,20 ed. Petrpolis: Vozes, 1987

    FRANGOSO, Heleno C. Lies de direito penal: a nova parte geral. 4 ed. Rio deJaneiro: Forense, 1994,

    GRECO. Rogerio, Direitos humanos, sistema prisional a alternativa privaode liberdade, editora saraiva, 2011.

    GRINOVER, Ada P. Execuo penal. So Paulo. Max Limonad, 1987.

    JESUS. Damsio de. Manual de direito penal volume I. So Paulo : Atlas, 2004.

    LAKATOS. Eva Maria. Metodologia cientifica. 9. ed. So Paulo: Atlas, 2000.

    LYRA, Roberto. Comentrios ao cdigo penal. Rio de Janeiro: Forense, 1942.

    MENDONA, Claudiana da Silva & PESSOA. A importncia das penas

    alternativas na ressocializao do apenado. Disponvel em:http://www.panoptica.org/seer/index.php/op/article/viewFile/162/172.Acesso em 22de agosto de 2014

    MIRABETE. Julio Fabrini. Manual de direito penal: parte geral. 24. ed. So Paulo:Atlas, 2007.

    NUCCI. Sousa Guilherme,Manual de execuo penal. So Paulo: Saraiva, 2013.

    NOGUEIRA, Paulo L. Comentrios lei de execuo penal. 3 ed. So Paulo:Saraiva, 1996

    OLIVEIRA. Odete M. Priso: um paradoxo social. 3 ed. Florianopolis: UFSC, 2003

    http://www.panoptica.org/seer/index.php/op/article/viewFile/162/172http://www.panoptica.org/seer/index.php/op/article/viewFile/162/172
  • 7/24/2019 corrigida MONOGRAFIA MARIA ANTONIA finl.pdf

    35/35

    34

    REALE, Miguel. Fundamentos do direito. 3 ed. So Paulo: revista dos Tribunais,1998.

    VADILLO. Enrique Ruiz. Estudios de derecho procesal penal(1999)

    VOLPE FILHO. Clovis Alberto. Ressocializar ou no-dessocializar, eis a questo.DireitoNet, 18 de mai. de 2010. Disponvel em:. Acesso em 22 de agosto de 2014.