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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal 1/14 23 de outubro de 2020 Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal COVID-19: uma leitura do contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia A expressão da pandemia continua a ser caracterizada por uma elevada heterogeneidade territorial. Alguns dos resultados apurados foram os seguintes: Desde o início de março que o número preliminar de óbitos em 2020 para o total do país, aferidos às últimas quatro semanas, se mantém superior ao registado no período homólogo de referência (média para o mesmo período em 2018 e 2019). Em 167 dos 308 municípios portugueses em que reside 68% da população, o número de óbitos entre 14 de setembro e 11 de outubro de 2020 foi superior ao valor homólogo de referência. A análise da mortalidade, controlando o efeito da estrutura etária da população a partir do cálculo de taxas de mortalidade padronizadas pela idade, permitiu também verificar um aumento da incidência da mortalidade nos meses de março a setembro de 2020 face ao período homólogo de referência na maioria das regiões. A 21 de outubro registou-se o maior número de novos casos (valores acumulados dos últimos 7 dias) em Portugal: 16 247 novos casos (correspondentes a 15,8 novos casos por 10 mil habitantes), o que representa um crescimento de 165% em relação a 7 de outubro, data de referência do último destaque. A 18 de outubro, data da última atualização de dados ao nível do município, foram registados 13 947 novos casos (correspondentes a 13,5 novos casos por 10 mil habitantes) e ao nível das regiões NUTS II, este valor foi superado apenas pela região Norte (14,1 novos casos por 10 mil habitantes). Os novos casos registados nos últimos 7 dias nesta região representavam 36% do total de novos casos observados para o país. Destaca-se ainda que as sub- regiões Tâmega e Sousa e Terras de Trás-os-Montes, ambas localizadas na região Norte, foram as únicas a superar a média nacional de novos casos por 10 mil habitantes. A análise focada nas últimas duas semanas destaca para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) taxas de crescimento inferiores àquelas observadas para o total do país, mas para a Área Metropolitana do Porto (AMP) o ritmo de crescimento foi superior ao nacional. Na semana terminada a 18 de outubro esta taxa foi +64,3% na AML e +95,5% na AMP enquanto o crescimento no país foi +73,7%, registando-se, assim, uma diminuição da importância relativa do número de novos casos (últimos 7 dias) no caso da AML e um aumento da importância relativa do número de novos casos na AMP. A 18 de outubro de 2020, 34 municípios registaram um número de novos casos confirmados com a doença COVID- 19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes superior à média nacional, dos quais 24 pertencem à região Norte e onde reside 39% da população da região. Deste conjunto, evidenciaram-se seis municípios com valores superiores a 25 novos casos por 10 mil habitantes: Paços de Ferreira (99,6), Lousada (55,4), Felgueiras (27,3) e Penafiel (25,2) no Tâmega e Sousa e os municípios de Paredes (27,9) e Porto (26,0) na AMP. Na AML, quatro municípios apresentaram valores acima da média nacional (representando 46% da população da região): Sintra (16,7), Lisboa (15,3), Cascais (14,7) e Loures (13,9).

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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23 de outubro de 2020

Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

COVID-19: uma leitura do contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia

A expressão da pandemia continua a ser caracterizada por uma elevada heterogeneidade territorial. Alguns dos

resultados apurados foram os seguintes:

Desde o início de março que o número preliminar de óbitos em 2020 para o total do país, aferidos às últimas quatro

semanas, se mantém superior ao registado no período homólogo de referência (média para o mesmo período em

2018 e 2019). Em 167 dos 308 municípios portugueses em que reside 68% da população, o número de óbitos

entre 14 de setembro e 11 de outubro de 2020 foi superior ao valor homólogo de referência.

A análise da mortalidade, controlando o efeito da estrutura etária da população a partir do cálculo de taxas de

mortalidade padronizadas pela idade, permitiu também verificar um aumento da incidência da mortalidade nos

meses de março a setembro de 2020 face ao período homólogo de referência na maioria das regiões.

A 21 de outubro registou-se o maior número de novos casos (valores acumulados dos últimos 7 dias) em Portugal:

16 247 novos casos (correspondentes a 15,8 novos casos por 10 mil habitantes), o que representa um crescimento

de 165% em relação a 7 de outubro, data de referência do último destaque.

A 18 de outubro, data da última atualização de dados ao nível do município, foram registados 13 947 novos casos

(correspondentes a 13,5 novos casos por 10 mil habitantes) e ao nível das regiões NUTS II, este valor foi superado

apenas pela região Norte (14,1 novos casos por 10 mil habitantes). Os novos casos registados nos últimos 7 dias

nesta região representavam 36% do total de novos casos observados para o país. Destaca-se ainda que as sub-

regiões Tâmega e Sousa e Terras de Trás-os-Montes, ambas localizadas na região Norte, foram as únicas a superar

a média nacional de novos casos por 10 mil habitantes.

A análise focada nas últimas duas semanas destaca para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) taxas de

crescimento inferiores àquelas observadas para o total do país, mas para a Área Metropolitana do Porto (AMP) o

ritmo de crescimento foi superior ao nacional. Na semana terminada a 18 de outubro esta taxa foi +64,3% na AML

e +95,5% na AMP enquanto o crescimento no país foi +73,7%, registando-se, assim, uma diminuição da

importância relativa do número de novos casos (últimos 7 dias) no caso da AML e um aumento da importância

relativa do número de novos casos na AMP.

A 18 de outubro de 2020, 34 municípios registaram um número de novos casos confirmados com a doença COVID-

19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes superior à média nacional, dos quais 24 pertencem à região Norte e onde

reside 39% da população da região. Deste conjunto, evidenciaram-se seis municípios com valores superiores a 25

novos casos por 10 mil habitantes: Paços de Ferreira (99,6), Lousada (55,4), Felgueiras (27,3) e Penafiel (25,2) no

Tâmega e Sousa e os municípios de Paredes (27,9) e Porto (26,0) na AMP.

Na AML, quatro municípios apresentaram valores acima da média nacional (representando 46% da população da

região): Sintra (16,7), Lisboa (15,3), Cascais (14,7) e Loures (13,9).

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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Este destaque encontra-se organizado em duas secções. A primeira inclui uma análise territorial dos resultados de

mortalidade geral, com base nos dados de óbitos (todas as causas de morte) ocorridos em território nacional até ao dia

11 de outubro. A informação sobre óbitos é obtida a partir dos dados do registo civil (assentos de óbito) apurados no

âmbito do Sistema Integrado do Registo e Identificação Civil (SIRIC) e foi recolhida até 20 de outubro. Este

desfasamento temporal evita que a informação divulgada seja sujeita a revisões acentuadas. Ainda assim, a informação

tem carácter preliminar e será sujeita a atualização posterior.

A segunda secção analisa a situação da pandemia em Portugal, privilegiando a escala do município e a diferenciação

territorial da incidência da doença e da sua evolução mais recente, tendo por base o número de casos confirmados com

COVID-19 divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Este destaque incorpora a informação disponível até ao dia

22 de outubro (dados da situação até 21 de outubro para o país e até 18 de outubro para os municípios).

Adicionalmente, enquadrados no domínio do Statslab do INE, este destaque apresenta ainda dados sobre mobilidade

da população proporcionados pela iniciativa “Data for Good” do Facebook.

I. Indicadores de contexto demográfico e territorial

Desde o início do mês de março que o número preliminar de óbitos em 2020 para o total do país, aferidos às últimas

quatro semanas, se mantém superior ao do período homólogo de referência (média para o mesmo período em 2018 e

2019), atingindo nas quatro semanas de 6 de julho a 2 de agosto um número de óbitos 1,3 vezes superior ao do período

de referência [Figura 1].

Nas últimas quatro semanas (14 de setembro a 11 de outubro), o número preliminar de óbitos em 2020 foi superior ao

período de referência em todas as regiões NUTS II do Continente e na Região Autónoma dos Açores, registando-se

valores acima da média nacional na Área Metropolitana de Lisboa, na região Norte e na Região Autónoma dos Açores.

No início do mês de março (semanas de 2 a 29 de março), apenas as regiões autónomas e o Algarve registaram um

número preliminar de óbitos ligeiramente inferior ao observado no período de referência [Figura 2].

Principais eventos para o enquadramento da pandemia COVID-19 em Portugal

Os primeiros casos diagnosticados com a doença COVID-19 em Portugal foram reportados em 2 de março de 2020 e o primeiro óbito foi

registado em 16 de março de 2020.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou o surto de COVID-19 como pandemia em 11 de março de 2020.

A 19 de março foi declarado em Portugal o primeiro período de Estado de Emergência, que viria a ser renovado a 3 de abril e a 18 de

abril.

A 3 de maio foi declarada a passagem para o Estado de Calamidade, ao qual se seguiram três fases de desconfinamento.

A 1 de julho foi declarado o Estado de Alerta para a generalidade do país, o Estado de Contingência para a Área Metropolitana Lisboa e o

Estado de Calamidade para 19 freguesias de cinco municípios da Área Metropolitana de Lisboa.

A 1 de agosto manteve-se o Estado de Alerta para a generalidade do país e foi declarado o Estado de Contingência para a totalidade do

território da Área Metropolitana de Lisboa.

A 15 de setembro foi declarado Estado de Contingência em todo o território nacional fixando regras específicas de organização do trabalho

para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

A 15 de outubro foi declarado Estado de Calamidade em todo o território nacional.

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Figura 1 - Rácio entre os óbitos nas últimas 4 semanas e óbitos no período homólogo de referência, Portugal, semanas de 2 a 29

março até 14 setembro a 11outubro

Figura 2 – Rácio entre os óbitos nas últimas 4 semanas e óbitos no período homólogo, Portugal e NUTS II, semanas de 2 a 29 março e

14 setembro a 11 outubro

Fonte: INE, Estatísticas de óbitos (Resultados Preliminares (2020) e definitivos (2018 e 2019)).

Em 167 municípios o número de óbitos entre 14 de setembro-11 de outubro foi superior ao valor homólogo de referência

Em 167 dos 308 municípios portugueses, e onde reside 68% da população, o número de óbitos nas últimas quatro

semanas (entre 14 de setembro e 11 de outubro de 2020) foi superior ao valor homólogo de referência (média para o

mesmo período em 2018 e 2019). Deste conjunto, destacaram-se 43 municípios que registaram um número de óbitos 1,5

vezes superior ao registado no período de referência. Para os restantes 141 municípios o número de óbitos nas últimas

quatro semanas foi igual ou inferior ao observado no período de referência [Figura 3].

Figura 3 – Rácio entre os óbitos nas últimas 4 semanas (14 de setembro a 11 de outubro) e óbitos no período homólogo de referência, Portugal, NUTS III e município

Fonte: INE, Estatísticas de óbitos (Resultados Preliminares (2020) e definitivos (2018 e 2019)). Nota: Os menores valores municipais para Portugal correspondem aos valores dos municípios do Corvo, São Roque do Pico e Monforte.

1,03

1,30

1,09

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2 -2

9 m

ar

9 m

ar -

5 ab

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16 m

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12 a

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23 m

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l

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N.º

1,03

0,97

1,04

1,07

1,08

1,09

1,10

1,10

1,19

0,0 0,5 1,0 1,5

R.A. Madeira

Centro

Norte

R.A. Açores

PORTUGAL

Alentejo

Algarve

A.M. Lisboa

%

14 set - 1 out

2 - 29 mar

Tabuaço

Porto Santo

Monforte

Oleiros

Vagos

Bombarral

Almodôvar

Espinho

Góis

Vimioso

Alcoutim

Grândola

Cartaxo

Sesimbra

Cinfães

Batalha

Mesão Frio

Porto Moniz

Sousel

Penamacor

Vila Verde

Constância

Murtosa

Montalegre

S.M. Agraço

Cuba

V.N. Poiares

Melgaço

Sousel

V.N. Paiva

Aljezur

Redondo

Sines

Belmonte

Chamusca

Barreiro

-2 -1 0 1 2 3 4 5

Região de Leiria

Douro

R.A. Madeira

Alto Alentejo

Beira Baixa

Cávado

Médio Tejo

Região de Aveiro

Alto Tâmega

Oeste

Baixo Alentejo

A.M. Porto

Região de Coimbra

R.A. Açores

Alto Minho

Portugal

Viseu Dão Lafões

T. Trás-os-Montes

Algarve

Alentejo Central

Alentejo Litoral

Ave

Beiras e S. Estrela

Lezíria do Tejo

A.M. Lisboa

Tâmega e Sousa

Menor valor municipal NUTS III Maior valor municipal

N.º

PORTUGAL

Celorico de Basto

Celorico da Beira

Vieira do Minho Mondim de Basto

Viana do Alentejo

Alfândega da Fé

Penal. do Castelo

Arcos de Valdevez

Praia da VitóriaCorvo/S.R. Pico

Oliveira de Azeméis

Ribeira de Pena

V.N Barquinha

Terras de Bouro

Marinha Grande

0 50 km

Rácio] 1,5 ; 5 ]] 1 ; 1,5 ]] 0,8 ; 1 ][ 0 ; 0,8 ]

MunicípiosFrequências

Limites territoriais 75911142856541561428 30188423711 10091624114 626114243 626014343 736812443

NUTS IIINUTS II

Município

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A mortalidade ao nível regional e o efeito da estrutura etária da população

A estrutura etária da população constitui um fator importante na avaliação do fenómeno da mortalidade, uma vez que a mortalidade é, tendencialmente, maior em

populações mais idosas. O indicador usualmente considerado para avaliar a mortalidade corresponde à taxa bruta de mortalidade, que consiste no número de óbitos

durante um determinado período de tempo dividido pela população média desse período. No entanto, o cálculo deste indicador ao nível regional não permite isolar o

efeito da diferente distribuição etária da população nas regiões. O cálculo de taxas padronizadas de mortalidade pela idade permite anular o efeito da variável idade,

o que se revela mais ajustado para a comparação do fenómeno entre diferentes contextos regionais e entre diferentes momentos do tempo.

Assim, foram apuradas taxas de mortalidade padronizadas pela idade com base no método direto de padronização que consiste na aplicação das taxas específicas de

mortalidade por idades, de cada uma das regiões, a uma população padrão, designadamente a população padrão europeia de 2013 (Eurostat 2013), cuja

composição etária é fixa para grupos quinquenais até aos 85 e mais anos [ver nota técnica no final do destaque]. Importa, contudo, ressalvar que, pelo facto de

utilizarem uma população padrão “artificial”, as taxas de mortalidade padronizadas pela idade, adequam-se, exclusivamente, para comparar diferentes territórios e

momentos no tempo, cuja população foi artificialmente uniformizada do ponto de vista da estrutura etária.

Ainda que as taxas de mortalidade sejam normalmente apuradas para dados anuais, para efeitos da presente análise, o cálculo da taxa bruta de mortalidade

[Figura A] e da taxa de mortalidade padronizada pela idade [Figura B] considerou o número de óbitos entre os meses de março a setembro de 2020 aferidos à

população média anual de 2020. Controlando o efeito da idade, regista-se uma alteração do posicianmento relativo das regiões, verificando-se, um aumento de três

para quatro regiões com valores acima da média nacional, apresentando as regiões autónomas as taxa mais elevadas e surgindo a Área Metropolitana de Lisboa,

seguida do Norte, com os valores mais baixos. Destaca-se, em particular, as alterações de posicionamento do Alentejo e da Região Autónoma dos Açores que

correspondem, de acordo com o índice de envelhecimento (2019),respetivamente à região mais e menos envelhecida do país.

Figura A - Taxa bruta de mortalidade, Portugal e NUTS II, março a setembro 2020

Figura B - Taxa mortalidade padronizada pela idade, Portugal e NUTS II, março a setembro 2020

Fonte: INE, Óbitos (Resultados Preliminares (2020); Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019; Estimativas Mensais de População Residente 2020.

Na figura seguinte é possívelcomparar a taxa padronizada de mortalidade pela idade aferida para os meses de março a setembro de 2020 com a obtida para o

período homólogo de referência (média no mesmo período em 2018 e 2019) para as sete regiões NUTS II do país, permitindo verificar um aumento da taxa bruta de

mortalidade padronizada pela idade em todas regiões, constituindo a Região Autónoma da Madeira a única exceção.

Figura C - Taxa de mortalidade padronizada pela idade, Portugal e NUTS II, março a setembro

Fonte: INE, Óbitos (Resultados Preliminares (2020); Estimativas Anuais de População Residente; Estimativas Mensais de População Residente 2020.

5,8

5,9

6,0

6,1

6,5

7,1

7,5

8,9

0 2 4 6 8 10

R.A. Açores

A.M. Lisboa

Norte

R.A. Madeira

PORTUGAL

Algarve

Centro

Alentejo

5,2

5,3

5,4

5,4

5,9

6,0

6,9

7,4

0 2 4 6 8 10

A.M. Lisboa

Norte

Centro

PORTUGAL

Algarve

Alentejo

R.A. Madeira

R.A. Açores

5,1

5,2

5,3

5,4

5,4

5,9

6,0

6,9

7,4

0 2 4 6 8

A.M. Lisboa

Norte

Centro

PORTUGAL

Algarve

Alentejo

R.A. Madeira

R.A. Açores

2020

Média 2018-2019

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II. A expressão da pandemia nos municípios

Com base nos dados divulgados diariamente do total de casos confirmados de COVID-19 é possível fazer uma leitura da

evolução dos novos casos da doença COVID-19 (últimos 7 dias) desde o início de março até ao momento presente.

Na figura seguinte, é possível observar inicialmente um aumento exponencial de novos casos de COVID-19, registando o

dia 2 de abril (últimos 7 dias) o valor mais elevado de novos casos confirmados (5 618, correspondentes a 5,5 novos

casos por 10 mil habitantes). A partir dessa data até ao final de agosto, o número de novos casos situou-se abaixo ou em

torno de 2 500 novos casos. Posteriormente, registou-se uma aceleração, com valores acima dos 4 000 novos casos desde

o dia 13 de setembro e acima dos 5 000 novos casos desde o dia 28 de setembro, sendo o número de novos casos

registados a 2 de abril ultrapassado pela primeira vez no dia 4 de outubro (5 856, correspondentes a 5,7 novos casos por

10 mil habitantes). Mais recentemente, registou-se novamente um aumento exponencial do número de novos casos

(últimos 7 dias), com valores acima dos 10 mil novos casos a partir do dia 14 de outubro, registando o dia 21 de outubro

o valor mais elevado até ao momento: 16 247 novos casos (15,8 novos casos por 10 mil habitantes).

Figura 4 – Novos casos confirmados de COVID-19 (últimos 7 dias) e respetiva taxa de variação, Portugal, por dia

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação COVID-19 (disponibilizado a 22 de outubro). Nota: As datas assinaladas no eixo do gráfico correspondem a domingos.

36% dos novos casos confirmados de COVID-19 nos últimos 7 dias foram registados na região Norte

A 21 de outubro de 2020, em Portugal, por cada 10 mil habitantes, verificaram-se 15,8 novos casos confirmados de

COVID-19 (últimos 7 dias), o que representa um aumento de 165% em relação a 7 de outubro, data de referência do

destaque anterior. A 18 de outubro de 2020, data da última atualização de dados ao nível do município, existiram no

país 13,5 novos casos confirmados de COVID-19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes.

5 618 5 856

10 760

16 247

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

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2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

14 000

16 000

18 000

15 m

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7 ju

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l

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ut

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ut

0

Número de novos casos (últimos 7 dias) Taxa de variação de novos casos (%)

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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Ao nível das regiões NUTS II, a média nacional de novos casos por 10 mil habitantes foi superada apenas pelo Norte

com 14,1 novos casos por 10 mil habitantes. Os novos casos registados nesta região representaram 36% do total de

novos casos observados do país (35% da população, em 2019). Destaca-se ainda que as sub-regiões Tâmega e Sousa

e Terras de Trás-os-Montes, ambas localizadas na região Norte, superaram a média nacional de novos casos por 10 mil

habitantes. As áreas metropolitanas do Porto (13,2) e de Lisboa (12,3), assim como as restantes NUTS II do país

registaram nos últimos 7 dias um número de novos casos por 10 mil habitantes inferior à média nacional.

De facto, a partir da figura seguinte é possível observar que nas últimas semanas se verifica uma aproximação dos valores

da AMP e da AML aos observados para o total do país, tendo a AML passado registar valores inferiores à média nacional a

partir de 11 de outubro. A análise focada nas últimas duas semanas destaca para a AML taxas de crescimento inferiores

ao total do país: +1,4% (+37,1% no país) a 11 de outubro e +64,3% (+73,7% no país) a 18 de outubro. Por sua vez, o

ritmo de crescimento na AMP foi superior ao do país: +78,7% a 11 de outubro e +95,5% a 18 de outubro.

Verifica-se, assim, uma diminuição da importância relativa do número de novos casos (últimos 7 dias) no caso da AML e

um aumento da importância relativa na AMP. No conjunto de sete dias terminado a 18 de outubro, a AML representava

25% dos novos casos do país (28% da população, em 2019) e a AMP reunia 16% (17% da população residente, em

2019).

Figura 5 – Número de novos casos confirmados COVID-19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes, domingos-12abril a 18 outubro, Portugal, região Norte e áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação COVID-19 (disponibilizado a 22 outubro). INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019.

PORTUGAL

0

2

4

6

8

10

12

14

16

12 a

br

19 a

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26 a

br

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aio

10 m

aio

17 m

aio

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aio

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7 ju

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14 ju

n

21 ju

n

28 ju

n

5 ju

l

12 ju

l

19 ju

l

26 ju

l

2 ag

o

9 ag

o

16 a

go

23 a

go

30 a

go

6 se

t

13 s

et

20 s

et

27 s

et

4 ou

t

11 o

ut

18 o

ut

N.º de novos casos por 10 mil hab.N.º de novos casos por 10 mil hab.N.º de novos casos por 10 mil hab.N.º de novos casos por 10 mil hab.

A.M. Porto

A.M. Lisboa

18 abril:

Início 3º Estado

de Emergência

3 maio:

Início Estado

de Calamidade

1 julho: Declaração de

calamidade (19 freguesias

AML), contingência e alerta

1 agosto: Declaração de

contingência (AML) e alerta

15 setembro: Declaração de

contingência para todo o país

15 outubro: Declaração de

calamidade para todo o país NORTE

4 maio: Início 1ª

Fase

Desconfinamento

18 maio: Início 2ª

Fase

Desconfinamento

1 junho: Início 3ª

Fase

Desconfinamento

14-19 setembro:

Início do ano letivo

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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34 municípios registaram novos casos confirmados com a doença COVID-19 por 10 mil habitantes acima do valor nacional

A 18 de outubro de 2020, 34 municípios registaram um número de novos casos confirmados com a doença COVID-19

(últimos 7 dias) por 10 mil habitantes superior à média nacional (13,5 novos casos por 10 mil habitantes).

Na região Norte, 24 municípios registaram um valor acima do nacional, representando 39% da população desta região.

Neste contexto, evidenciam-se os seis municípios com valores superiores a 25 novos casos por 10 mil habitantes: Paços

de Ferreira (99,6), Lousada (55,4), Felgueiras (27,3) e Penafiel (25,2) no Tâmega e Sousa e os municípios de Paredes

(27,9) e Porto (26,0) na Área Metropolitana do Porto.

Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), quatro municípios apresentaram valores acima da média nacional (representando

46% da população da região): Sintra (16,7), Lisboa (15,3), Cascais (14,7) e Loures (13,9).

Com valores acima da média nacional destacaram-se, também, três municípios na região Centro – os municípios de

Alvaiázere (42,4) na região de Coimbra, Pinhel (28,2) nas Beiras e Serra da Estrela e Arruda dos Vinhos (16,9) na sub-

região do Oeste –; dois municípios no Alentejo – os municípios de Borba (20,8) no Alentejo Central e Beja (18,2) no Baixo

Alentejo –; e o município de Alcoutim (47,7) no Algarve.

Figura 6 – Número de novos casos confirmados COVID-19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes a 18 de outubro, Portugal NUTS III e município

Fonte:Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação Covid-19 (disponibilizado a 22 de outubro);INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019. Nota: No gráfico, de modo a facilitar a leitura da informação e a identificação das situações de maior incidência de novos casos, optou-se por apresentar apenas os municípios correspondentes ao maior valor municipal.

Nordeste

Alter do Chão

Funchal

Alvaiázere

Cartaxo

Mangualde

Borba

Mira

Odemira

Pinhel

Alcoutim

Vila Real

Beja

Esposende

Vizela

Sintra

Paredes

Mogadouro

-5 5 15 25 35

R.A. Açores

Alto Alentejo

R.A. Madeira

Região de Leiria

Lezíria do Tejo

Viseu Dão Lafões

Oeste

Beira Baixa

Médio Tejo

Alentejo Central

Região de Coimbra

Região de Aveiro

Alentejo Litoral

Alto Minho

Beiras e S. Estrela

Algarve

Douro

Baixo Alentejo

Alto Tâmega

Cávado

Ave

A.M. Lisboa

A.M. Porto

PORTUGAL

T. Trás-os-Montes

Tâmega e Sousa

Menor valor municipal NUTS III Maior valor municipal

N.º

PORTUGAL

0⁄⁄

42,4

47,7

99,6

99,6Paços de Ferreira

Paços de Ferreira

Vila Pouca de Aguiar

Viana do Castelo

Sever do Vouga

Entroncamento

Castelo Branco

Arruda dos Vinhos

0 50 km

Nº novos casos por 10 mil hab.

] 25 ; 100 ]] 13,5 ; 25 ]] 4 ; 13,5 ]] 0 ; 4 ]Dado nulo

MunicípiosFrequências

Limites territoriais 759111428

PT

56541561428 30188423711 10091624114NUTS IIINUTS II

Município 1078473404 10784733014 6611494259

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

8/14

O coeficiente de localização1 considerando os novos casos confirmados (últimos 7 dias) calculado para os dias 19 de abril,

17 de maio, 14 de junho, 12 de julho, 9 de agosto, 6 de setembro, 4 e 18 de outubro indica maiores níveis de

concentração territorial no dia 14 de junho. Até esta data, a tendência foi no sentido de uma maior concentração dos

novos casos registados a que se seguiu posteriormente uma redução da concentração. Considerando a série dos

coeficientes de localização com base nos novos casos (últimos 7 dias) estimada para todos os domingos de 19 de abril a

18 de outubro, verifica-se que o menor nível de concentração ocorreu a 18 de outubro e o maior a 14 de junho.

Figura 7 – Concentração territorial de novos casos confirmados COVID-19 (últimos 7 dias) face à população residente, com base na distribuição por município

Curva de Localização Coeficiente de localizaçãoCoeficiente de Localização

CL 18 outubro 31,6 4 outubro 35,1

6 setembro 37,2 9 agosto 46,4 12 julho 51,7 14 junho 65,8 17 maio 47,2 19 abril 41,9

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação Covid-19 (disponibilizado a 22 de outubro); INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019. Nota: Para o cálculo dos coeficientes de localização considerou-se zero para os municípios sem valor no Relatório da DGS (dado nulo ou< 3). As datas apresentadas correspondem a domingos.

A figura seguinte apresenta o número de novos casos de COVID-19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes por município

para todos os domingos desde 3 de maio até 4 de outubro, permitindo uma visualização da incidência de novos casos nos

diferentes contextos municipais ao longo do tempo. Deste modo, é possível observar uma maior incidência de novos casos

em municípios localizados na região Norte no início do mês de maio (dia 3) e que, posteriormente, nos meses de junho e

julho, se verifica uma maior incidência de novos casos em municípios da Área Metropolitana de Lisboa, em particular no

dia 12 de julho. Importa também destacar a incidência pontual de novos casos em alguns municípios dispersos no país,

como por exemplo a situação do município de Reguengos de Monsaraz na semana terminada a 28 de junho, de Miranda

do Douro nas semanas terminadas a 12 e 19 de julho, a situação de Mora nos dias 16 e 23 de agosto, de Alcácer do Sal a

30 de agosto, de Sernancelhe a 6 e 13 de setembro, de Vimioso a 20 de setembro, de Freixo de Espada à Cinta a 27 de

setembro, de Montalegre e Bragança a 4 e a 11 de outubro, e de Paços de Ferreira e Lousada a 18 de outubro.

Na semana terminada a 18 de outubro, destaca-se o aumento expressivo do número de municípios com mais de 12 novos

casos por 10 mil habitantes: eram 11 municípios na semana terminada a 11 de outubro e passaram a 40 na semana

terminada a 18 de outubro. A expressão territorial deste aumento evidencia sobretudo a região Norte e a AML.

1 O Coeficiente de localização varia entre 0 e 100, sendo que valores mais próximos de 100 refletem maior desigualdade na distribuição de casos confirmados de COVID-19 face à população residente total.

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Nov

os c

asos

con

firm

ados

(% a

cum

ulad

a)

População residente (% acumulada)

Reta de igual distribuição

18 outubro

4 outubro

6 setembro

9 agosto

12 julho

14 junho

17 maio

19 abril

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Figura 8 - Novos casos confirmados COVID-19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes, domingos-3 maio a 18 outubro, por município 3 de maio 10 de maio 17 de maio 24 de maio 31 de maio

7 de junho 14 de junho 21 de junho 28 de junho 5 de julho

12 de julho 19 de julho 26 de julho 2 de agosto 9 de agosto

16 de agosto 23 de agosto 30 de agosto 6 de setembro 13 de setembro

20 de setembro 27 de setembro 4 de outubro 11 de outubro 18 de outubro

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação Covid-19 (disponibilizado a 22 de outubro); INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019. Nota: Os municípios assinalados com Dado nulo correspondem a municípios com um número de casos zero ou inferior a 3.

0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km

0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km

0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km

0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km

0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km 0 50 km

Limites TerritoriaisNº de novos casos por 10 mil hab.

NUTS III NUTS II] 5 ; 8 ] ] 8 ; 12 ]] 0 ; 2,4 ] > 12] 2,4 ; 5 ]Dado nulo

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16 municípios registaram simultaneamente um número de novos casos por 10 mil habitantes e um total de casos

confirmados por 10 mil habitantes acima da referência nacional

A figura seguinte ilustra a relação entre o total de casos confirmados por 10 mil habitantes até ao dia 18 de outubro e o

número de novos casos registados por 10 mil habitantes a 18 de outubro (últimos 7 dias). Dos 34 municípios com um

número de novos casos confirmados por 10 mil habitantes acima do valor nacional, 16 apresentavam também valores de

casos confirmados por 10 mil habitantes acima da média nacional: quatro municípios da sub-região Tâmega e Sousa –

Paços de Ferreira (99,6), Lousada (55,4), Felgueiras (27,3) e Cinfães (17,5) –; quatro municípios da Área Metropolitana do

Porto – Paredes (27,9), Porto (26,0), Valongo (17,9) e Matosinhos (14,1) –; quatro da Área Metropolitana de Lisboa –

Sintra (16,7), Lisboa (15,3), Cascais (14,7) e Loures (13,9) –; dois localizados na sub-região Ave – Vizela (21,8) e

Guimarães (14,2) –; o município de Bragança (23,5) em Terras de Trás-os-Montes e de Vila Verde no Cávado. No

conjunto de sete dias terminado a 18 de outubro, os novos casos (últimos 7 dias) observados nestes municípios

representavam mais de um terço (34%) do total de novos casos do país.

Figura 9 - Número de casos confirmados por 10 mil habitantes a 18 de outubro de 2020 e Número de novos casos confirmados (últimos

7 dias) por 10 mil habitantes a 18 de outubro de 2020, por município

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação COVID-19 (disponibilizado a 22 outubro); INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019.

Guimarães

V.N. Famalicão

LeiriaFunchal

Moita

Palmela

Arouca

Espinho

P. Varzim

V. Conde

Trofa

Cascais

Lisboa

Loures

Oeiras

Sintra

V.F. Xira

Amadora

Odivelas

Setúbal

Maia

Matosinhos

Porto

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

240

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Cas

os c

onfir

mad

os p

or 1

0 00

0 ha

bita

ntes

(N.º

)

Novos casos confirmados por 10 000 habitantes (N.º)

Municípios com + 100 mil hab.Municípios localizados:

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

PT = 98,9

Municípios com + 100 mil hab.Municípios localizados:

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Municípios com + 100 mil hab.

OutrasRegiõesAMPAML

Municípios com + 100 mil hab

A.M. Lisboa A.M. Porto Outras NUTS III

Reguengos de Monsaraz

Mora

Vimioso

Sernancelhe

PT = 13,5

Ovar

AlvaiázereAlcoutim

AML

AMP

Lousada55,4

Paços de Ferreira99,6

⁄⁄

100

Paredes

Gondomar

Valongo

Felgueiras

Bragança

Penaf iel

Pinhel

Vizela

CinfãesVila Verde

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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34 municípios registaram casos confirmados com a doença COVID-19 por 10 mil habitantes acima do valor nacional

A 21 de outubro de 2020, em Portugal, por cada 10 mil habitantes existiram 106 casos confirmados de COVID-19, o que

representa um aumento de 33% em relação a 7 de outubro, data de referência do destaque anterior.

A 18 de outubro de 2020, data da última atualização de dados ao nível do município, existiam no país 98,9 casos

confirmados de COVID-19 por 10 mil habitantes. O número de casos confirmados com a doença COVID-19 por 10 mil

habitantes foi superior ao nacional em 34 municípios, destacando-se a situação na região Norte e na AML onde,

respetivamente 20 e 9 municípios registaram um valor acima do país [Figura 10].

Apesar desta diferenciação territorial, o coeficiente de localização estimado para os dias 5 de abril e 18 de outubro sugere

uma redução progressiva da concentração territorial dos casos, i.e., uma disseminação espacial progressiva no conjunto

do país. As curvas de localização traduzem graficamente esta tendência pela aproximação à reta de igual distribuição

entre o número de casos confirmados e a população residente pelos municípios [Figura 11].

Figura 40 - Número de casos confirmados COVID-19 por 10 mil habitantes até 18 de outubro 2020, por município

Figura 51 - Concentração territorial de casos confirmados COVID-19 até domingo 5 de abril e até domingo 18 de outubro

face à população residente, com base na distribuição por município

Curva de Localização

Coeficiente de localização

18 outubro 27,4

5 abril 37,7

Fonte: Direção-Geral da Saúde, Relatório diário de Situação Covid-19 (disponibilizado a 22 de outubro); INE, Estimativas Anuais de População Residente 31 Dezembro 2019. Nota: Para o cálculo dos Coeficientes de localização considerou-se zero para os municípios sem valor no Relatório da DGS (dado nulo ou < 3).

0 50 km

Nº casos por 10 mil hab.] 150 ; 231,2 ]] 98,9 ; 150 ]] 30 ; 98,9 ]] 0 ; 30 ]Dado nulo ou < 3 casos

MunicípiosFrequências

Limites territoriais

PT

NUTS IIINUTS II

Município 161281302212

0

20

40

60

80

100

0 20 40 60 80 100

Cas

os c

onfir

mad

os (%

acu

mul

ada)

População residente (% acumulada)

Reta de igual distribuição

18 outubro

5 abril

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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Indicadores de mobilidade da população ao nível regional: uma leitura a partir da informação da

iniciativa “Data for Good” do Facebook

Tirando partido da iniciativa “Data for Good” do Facebook, a figura seguinte apresenta a proporção de população que “ficou em casa” entre os

dias 1 de março e 18 de outubro, nomeadamente valores mínimos, medianos e máximos apurados a partir das 25 sub-regiões NUTS III do país.

Para uma melhor contextualização da informação, a figura inclui os principais momentos-chave associados à pandemia COVID-19 em Portugal.

Deste modo, é possível observar que os dias correspondentes a domingos assinalam, de uma forma geral, menos mobilidade da população do

que os outros dias da semana. Salienta-se também que após os primeiros casos confirmados de COVID-19 e, na sequência da declaração do

primeiro Estado de Emergência a 19 de março, se verifica uma redução da mobilidade da população, registando-se um aumento dos níveis de

mobilidade na sequência da implementação das medidas de desconfinamento, cuja primeira fase teve início a 4 de maio.

Proporção de população que “ficou em casa” entre 1 de março e 18 de outubro – valores mínimos, medianos e máximos das NUTS III

Fonte: Iniciativa “Data for Good” do Facebook. Dados cedidos pela Carnegie Mellon University. Nota: As datas assinaladas no eixo do gráfico correspondem a domingos. A informação para os dias 6

e 17 de outubro não se encontra disponível.

Nota Técnica

Os dados sobre mobilidade da iniciativa “Data for Good” do Facebook correspondem a atualizações de localização recolhidas a partir dos dispositivos móveis de

utilizadores da aplicação Facebook que têm a opção ‘’histórico de localização’ ligada. Apenas são considerados dados com precisão de localização (GPS) inferior a 200

metros e, no caso, de um utilizador apresentar múltiplas localizações resultantes de mais do que um dispositivo móvel associado, o Facebook considera apenas os

dados com maior precisão de localização. A obtenção de resultados para o nível das NUTS III implica um mínimo de 300 utilizadores únicos por sub-região. A

proporção de população que “ficou em casa” é aferida a partir do número de utilizadores do Facebook associados a uma única quadrícula de referência de

600mx600m durante as 8h e as 20h do dia x, exigindo-se pelo menos três ocorrências durante esse período horário. A quadrícula de referência, enquanto proxy de

“residência”, é aferida diariamente a partir do maior número de localizações observadas entre as 20h e as 24h do dia x-1 e entre as 0h e as 8h do dia x, exigindo-se

também um mínimo de três ocorrências. A informação associada às quadrículas de 600mx600m é afeta à respetiva sub-região NUTS III. Uma vez que uma

quadrícula pode intercetar mais do que uma sub-região, são gerados 9 pontos amostrais em cada quadrícula, atribuindo-se 1/9 da população da quadrícula para

cada ponto da amostra.

A iniciativa “Data for Good” do Facebook tem como objetivo a disponibilização de dados para fins de investigação sobre questões humanitárias e tem permitido

publicar resultados em artigos científicos particularmente nos Estados Unidos da América. Obviamente a utilização que o INE faz, no domínio de Statslab, desta fonte

de dados não é movida por qualquer motivo publicitário, mas pelo interesse público da informação. O INE agradece ao investigador Miguel Godinho Matos o apoio

dado na exploração analítica desta informação.

___________ 1 Professor associado da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa e investigador convidado da Carnegie Mellon

University.

0

20

40

60

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1 m

ar

8 m

ar

15

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Máxima

Mediana

Mínima

%

2 março: Primeiros casos

19 março: Início 1º Estado de Emergência

3 abril:Início 2ºEstado de Emergência

18 abril: Início 3ºEstado de Emergência

3 maio:Início Estado de Calamidade

4 maio: Início 1ª Fase Desconfinamento

11 março: OMS declara pandemia

18 maio: Início 2ª Fase Desconfinamento

16 março: 1º óbito

1 junho: Início 3ª Fase Desconfinamento

1 julho: Declaração de calamidade (19 freguesias AML), contingência e alerta

1 agosto: Declaração de contingência (AML) e alerta

15 setembro: Declaração de contingência para todo o país

14-19 setembro:Início do ano letivo

15 outubro: Declaração de contingência para todo o país

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Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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Nota técnica

Fontes de Informação

Os dados relativos aos Óbitos correspondem aos óbitos gerais (todas as causas de morte) ocorridos em território nacional desde o dia 1 de março de

2020 e até à terça-feira da semana anterior à da difusão. A informação tem caracter preliminar e é obtida através de uma operação estatística de

recolha direta e exaustiva recorrendo ao aproveitamento de factos obrigatoriamente sujeitos a registo civil (assentos de óbito) no Sistema Integrado

do Registo e Identificação Civil (SIRIC). Para além da informação de caráter administrativo constante nos assentos, o INE recolhe ainda um conjunto

adicional de variáveis identificadas como relevantes no âmbito do Sistema Estatístico Nacional (SEN) e do Sistema Estatístico Europeu (SEE). O

registo e o envio dos dados são efetuados eletronicamente, com observância dos requisitos definidos pelo INE, e estabelecidos em articulação com o

Instituto dos Registos e de Notariado, IP (IRN) e o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, IP (IGFEJ).

Os dados relativos ao número de casos confirmados têm por base os publicados diariamente no Relatório de Situação Covid-19 da Direção-Geral

da Saúde (DGS) para o país e por município. Os casos confirmados estão referenciados ao município da ocorrência e correspondem ao total de

notificações clínicas no sistema SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica). Para a data de referência alvo de análise neste destaque a

soma dos casos confirmados por município correspondiam a 84% do total nacional. Esta proporção reflete a condição de confidencialidade dos dados

por município, mas também limitações no processo de referenciação espacial da informação. Efetivamente, quando os casos confirmados por

município são inferiores a 3, por motivos de confidencialidade, os dados não são divulgados pela DGS.

A população média anual de 2020 utilizada no cálculo da taxa bruta de mortalidade e da taxa de mortalidade padronizada pela idade (ver abaixo)

incorporou informação relativa ao ano de 2020 da operação estatística Estimativas Mensais de População Residente. Esta operação consiste

num estudo estatístico que antecipa valores para as estimativas mensais de população residente em Portugal por sexo, idades e regiões NUTS III,

utilizados, principalmente, no Inquérito ao Emprego no âmbito da ponderação dos resultados amostrais dessa operação. As Estimativas Mensais de

População Residente desenvolvem-se com base em duas componentes demográficas: natural e migratória. A componente natural (nados vivos e

óbitos) utiliza os resultados da operação estatística: “Previsões mensais de nados vivos e óbitos”. A componente migratória considera a hipótese de

manutenção dos fluxos migratórios preliminares estimados para 2019 e utilizados no exercício de Estimativas Preliminares Anuais de População

Residente em 31 de dezembro de 2019.

Este destaque incorpora os dados de população residente referenciados a 31 de dezembro 2019 divulgados a 15 de junho.

Indicadores divulgados

Rácio entre os óbitos nas últimas 4 semanas e óbitos no período homólogo de referência

Taxa bruta de mortalidade

Taxa de mortalidade padronizada pela idade (População padrão europeia – 2013)

Número de novos casos confirmados de doença COVID-19 nos últimos 7 dias

Taxa de variação do número de novos casos da doença COVID-10 nos últimos 7 dias

Número de novos casos confirmados de doença COVID-19 nos últimos 7 dias por 10 mil habitantes

Número de casos confirmados de doença COVID-19 por 10 mil habitantes

Densidade populacional

Coeficiente de localização

Proporção da população residente com 75 e mais anos

A taxa padronizada de mortalidade pela idade (TPMI) foi calculada com base no método direto de padronização e na aplicação das taxas específicas

de mortalidade por idades (grupos etários quinquenais até 85 e mais anos) de cada uma das regiões, à população padrão europeia de 2013 (Eurostat

2013), determinando-se assim o número de óbitos que ocorreria na população padrão, se estivesse sujeita à mortalidade específica por idades, de

cada região. As taxas de mortalidade específicas por idade foram calculadas considerando os óbitos ocorridos nos meses de março a setembro e a

população média anual para o mesmo ano de ocorrência dos óbitos.

Page 14: COVID-19: uma leitura do contexto demográfico e da ...img.rtp.pt/icm/noticias/docs/86/868aaa2eeca912635edbe62...19 (últimos 7 dias) por 10 mil habitantes superior à média nacional,

Indicadores de contexto demográfico e da expressão territorial da pandemia COVID-19 em Portugal

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O número total de óbitos esperados foi obtido através da seguinte fórmula:

em que:

TMxi corresponde à taxa de mortalidade específica para a região x e o grupo etário quinquenal i;

Yi corresponde à população padrão para o grupo etário quinquenal i.

A taxa de mortalidade padronizada pela idade resulta da seguinte fórmula:

em que:

OBex corresponde ao número de óbitos esperados na região x

Y corresponde ao total de indivíduos da população padrão.

O coeficiente de localização (CL) é obtido através da seguinte fórmula:

1002

1

1

n

j

jj yxCL

em que:

jx corresponde ao rácio entre o número de casos confirmados de COVID-19 em cada município j e o número de casos confirmados de COVID-19

para o total do país;

jy corresponde ao rácio entre a população residente em cada município j e o total de população residente no país.

O CL varia entre 0 e 100, sendo que valores mais próximos de 100 refletem maior desigualdade na distribuição de casos confirmados de COVID-19

face à população residente total e, neste sentido, indicam situações de maior concentração territorial.

A curva de localização (ou curva de concentração de Lorenz) corresponde a uma representação gráfica que relaciona a distribuição acumulada de

duas variáveis. Desta representação, consta também a reta de igual distribuição, sendo que, quanto maior o afastamento em relação a esta, maior é

a concentração da variável representada no eixo das ordenadas (na presente análise, os casos confirmados de COVID-19, por período de referência)

face à variável representada no eixo das abcissas (na presente análise, o total de população residente).