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    Entrevista Artigos

    28Diagnsticos antigos,dilemas atuais:perspectivas paraa caprinocultura nonordeste semi-rido daBahiaAndr Pomponet

    46Controvrsias sobreefetividade dainterveno do Estadono desenvolvimentolocalChristian Luiz da Silva

    36Perdas na produode gros no estado daBahiaArno P. Schmitz,Anglica Antunes

    54Anlise dasMesorregies de Xinge Metade Sul do RioGrande do Sul nombito da PNDRMrcio Arajo Silva

    Sumrio

    ExpedienteGOVERNO DO ESTADO DA BAHIAJAQUES WAGNERSECRETARIA DO PLANEJAMENTORONALD DE ARANTES LOBATOSUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJOS GERALDO DOS REIS SANTOSCONSELHO EDITORIALAntnio Plnio Pires de Moura, Celeste MariaPhiligret Baptista, Edmundo S Barreto Figuera,Jair Sampaio Soares Junior, Jos Ribeiro SoaresGuimares, Laumar Neves de Souza, MarcusVerhine, Roberto Fortuna CarneiroCOORDENAO GERALLuiz Mrio Ribeiro Vieira

    COORDENAO EDITORIALElissandra Alves de Britto,Joo Paulo Caetano SantosEQUIPE TCNICACarla Janira Souza do Nascimento, JoseanieAquino Mendona, Patrcia Cerqueira, RosangelaFerreira ConceioNORMALIZAOCoordenao de Documentao e Biblioteca CobiREVISOLuiz Fernando SarnoPRODUO EDITORIAL E GRFICACoordenao de Disseminao de Informaes CodinMrcia Santos (coordenadora), Dris Serrano,

    Elisabete Cristina Barretto, Julio Vilela, MarianaOliveira, Nando Cordeiro, Ramon Brando.

    FOTOSAgecom, Ricardo SoubhiaDESIGN GRFICO/EDITORAO/ILUSTRAESNando CordeiroIMPRESSOEGBAOs artigos publicados so de inteira responsabili-dade de seus autores. As opinies ne les emitidasno exprimem, necessariamente, o ponto de vistada Superintendncia de Estudos Econmicos eSociais da Bahia SEI. permitida a reproduototal ou parcial dos textos desta revista, desdeque seja citada a fonte.Esta publicao est indexada no Ulrichs Inter-

    national Periodicals Directory e no Qualis.

    Carta do editor5

    6Conjunturas brasileirae baiana no 1 trimestrede 2008Carla do Nascimento,Elissandra de Britto,Joo Paulo Caetano

    Santos, Joseanie AquinoMendona, PatrciaCerqueira, RosangelaFerreira Conceio

    Economia emdestaque

    24Desenvolvimentosustentvel: a trilhaalm dos nmerosJos Eli da Veiga

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    Ponto de vista

    72PAC: um exemplode planejamentogovernamentalEva Maria Cella DalChiavon

    Investimentosna Bahia

    ConjunturaEconmicaBaiana

    IndicadoresConjunturais

    78Extrao de Mineraisno-Metlicos devergerar R$ 3,8 bilhes eminvestimentos industriaisat 2012

    Livros82

    84

    Indicadores Econmicos

    Indicadores Sociais

    Finanas Pblicas

    95

    101

    110

    62Elementos deinterpretao doCiclo Sistmico deAcumulao norte-americanoPedro Eduardo SantanaTupinamb

    68Que vantagem Marialeva? Mulheres nomercado de trabalho daRegio Metropolitanade Salvador em 2007Ana Margaret Simes,Luiz ChateaubriandCavalcanti dos Santos

    Av. Luiz Viana Filho, 435 4 Avenida 2 and. CABCep: 41.745-002 Salvador BahiaTel.: (71) 3115 4822 Fax: (71) 3116 1781www.sei.ba.gov.br [email protected]

    CONJUNTURA & PLANEJAMENTO, V.1- (1994- ) Salvador: Superintendncia de Estudos

    Econmicos e Sociais da Bahia, 2008

    Trimestral

    ISSN 1413-1536CDU 338(813.8)

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    Carta do editorA economia brasileira, ao trilhar o desenvolvimento econmico, trouxe avanos estrutu-

    rais na qualidade de vida da sua populao, constatados pelos indicadores econmicos.Entretanto, alguns gargalos ainda so encontrados, de forma que se faz necessria umaavaliao sobre at que ponto as polticas governamentais tm promovido o avano doBrasil categoria de pas emergente. Nesta perspectiva, questiona-se sobre qual sera trajetria a ser seguida a fim de que as polticas implementadas no pas reduzam asdesigualdades tanto internamente, como em relao aos outros pases, tais quais asexistentes entre os estados, de maneira que uma melhor distribuio de renda, inserosocial e cultural levem ao desenvolvimento econmico desejado.

    Partindo dessa premissa, a revista Conjuntura & Planejamento (C&P) de n 159 traz acontribuio de autores como Christian Luiz da Silva Controvrsias sobre efetividade dainterveno do Estado no desenvolvimento local ; Arno P. Schmitz e Anglica Antunes Perdasna produo de gros no Estado da Bahia ; Mrcio Arajo Silva Anlise das mesorregiesde Xing e Metade Sul do Rio Grande do Sul: caractersticas e constataes no mbito da

    poltica nacional de desenvolvimento regional PNDR ; e Andr Pomponet Diagnsticosantigos, dilemas atuais: perspectivas para caprinocultura no nordeste semi-rido da Bahia . Emlinhas gerais, busca-se uma melhor compreenso sobre o papel do Estado como agenteindutor do crescimento econmico, diante das desigualdades regionais existentes.

    No artigo de Silva, a preocupao avaliar os limites de interveno do Estado e seuimpacto para o bem-estar da sociedade. Schmitz e Antunes chamam ateno para a

    necessidade de se verificar o nvel de perdas de gros e seus impactos na absoro demo-de-obra, especialmente do plantio colheita no Estado da Bahia. Mrcio ArajoSilva aborda o debate a respeito das desigualdades existentes entre as Mesorregiesde Xing, no Nordeste, e a da Metade Sul do Rio Grande do Sul (MSRS). J o artigo dePomponet, analisa os avanos ocorridos no nordeste semi-rido da Bahia com a atividadede caprinocultura, apresentando-a como uma alternativa para a gerao de emprego erenda capaz de induzir o desenvolvimento local.

    Na seo de entrevista, tem-se a explanao indita do professor Jos Eli da Veiga sobrea crise alimentar no mundo e suas repercusses. De maneira perspicaz, o professorpresenteia os leitores da C&P com uma abordagem clara e didtica sobre essa crisemundial dos alimentos, sua relao com a questo dos biocombustveis e a insero doBrasil nesse contexto. Na seo Ponto de Vista, Eva Maria faz uma explanao sobre oPrograma de Acelerao do Crescimento (PAC), ressaltando a sua importncia comoplanejamento governamental na promoo do desenvolvimento do pas.

    Assim, mais uma vez, a revista Conjuntura & Planejamento busca, por meio de seusartigos, enriquecer o debate sobre os problemas e medidas que afetam a economiabrasileira, em especial a economia baiana.

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Conjunturasbrasileira e baiana no 1 trimestre de2008

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Aquino Mendona,

    Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio*

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    * Economistas e tcnicos da Coordenao de Anlise Conjuntural da SEI.

    [email protected]

    Os indicadores dos grandes setores da economia brasi-leira agricultura, indstria e comrcio apresentaramtaxas positivas nos primeiros meses de 2008. No entanto j se percebe uma reduo gradual no crescimento dedois desses setores: indstria e comrcio. Ao mesmotempo, a demanda continua crescendo acima da pro-duo de bens, mas em um ritmo mais lento. Em parte,

    este desaquecimento, principalmente em determinadossegmentos do varejo, reflexo da elevao dos preos eda presso dos bens importados.

    Nesse contexto, dois aspectos so relevantes no perodoem anlise: a recente elevao dos preos dos alimentose a manuteno do aumento no nvel das importaes.

    No que se refere ao impacto dos preos dos alimentos,deve-se ressaltar que as presses inflacionrias so pre-ocupantes em economias como a brasileira, nas quais osgastos elevados com alimentos afetam principalmenteas camadas sociais mais baixas. O cenrio atual comestoques mais baixos e a demanda crescendo mais quea produo propcio para que as autoridades gover-namentais adotem polticas econmicas que incentivema produo em longo prazo. Nesse sentido, os nveis de

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    capacidade instalada elevados confirmam a necessidadede mais investimentos, principalmente na indstria detransformao.

    Ao investigar o IPCA, ndice de preos oficial do GovernoFederal para medio das metas inflacionrias, contrata-das com o FMI desde julho de 1999, observa-se que em2008 ele registrou taxa 0,55% em abril, 0,48% em maro,0,49% em fevereiro, ante 0,25% em abril de 2007. No pri-meiro quadrimestre do ano, a variao do IPCA atingiu2,08%, comparativamente a 1,51% no mesmo perodode 2007. Considerando-se apenas o grupo dealimentose bebidas , ele apresentou incremento de 1,29% no msde abril; em 2008 este grupo j acumula acrscimo de4,4%. No entanto, ressalta-se que este aumento ainda bastante gradual, apesar de crescente.

    Assim, diante desse ambiente de presso altista dospreos, o Comit de Poltica Monetria do Banco Central(Copom) decidiu (nos dias 16 e 17 de abril) aumentar ataxa Selic em 0,5%, passando-a para 11,75% ao ano. Essafoi a primeira elevao dos juros desde maio de 2005(BANCO CENTRAL, 2008).

    Ao mesmo tempo, o nvel de importaes continua cres-

    cendo em ritmo mais acelerado do que as exportaes,em razo tanto do fortalecimento do real como do maiornvel de atividade econmica no Pas, a despeito daselevadas cotaes de diversascommodities pertencentes pauta exportadora. Destaca-se aqui o crescimento dasimportaes de bens de capital de 44,7% no primeiroquadrimestre em relao ao mesmo perodo de 2007, jun-tamente com a produo de insumos da construo civil(crescimento de 9,6% no primeiro trimestre). O aspectofavorvel desses indicadores que eles confirmam aexpanso dos investimentos na economia brasileira.

    Ao considerar as expectativas dos resultados do PIB trimes-tral, que ser divulgado pelo IBGE em junho, grande partedos analistas econmicos acredita em desacelerao noprimeiro trimestre, mas concluem que isso no ter grandeimpacto no PIB anual, uma vez que a demanda mantm-seacelerada, principalmente por conta dos investimentos.

    Esses aspectos repercutem diretamente nas economiassubnacionais, em especial na economia baiana. Os

    indicadores que mostram a performance das economiasnacional e baiana em 2008 esto apresentados nassees seguintes.

    INDSTRIA REDUZ RITMODE CRESCIMENTO

    O comportamento registrado no primeiro trimestre naindstria brasileira foi positivo, como pode ser verificadnos dados referentes ao ms de maro, divulgados naPIM Pesquisa Industrial Mensal (2008) do IBGE.

    A taxa da indstria geral (extrativa e transformao) de6,3%, no perodo de janeiro a maro de 2008, frente aigual perodo de 2007, resulta do desempenho positivoobservado na maioria dos segmentos pesquisados.

    Considerando-se as categorias de uso, o setor debensde capital foi o que apresentou maior dinamismo, comtaxa de 17,1%. Entre os subsetores que o compem,os maiores acrscimos vieram debens de capital para peas agrcolas (246,4%),agrcolas (53,8%), para transporte (29,0%) e deenergia eltrica (15,2%).

    A categoriabens de consumo durveis registrou taxa de13,6%, tambm acima da mdia geral, com acrscimode 20,3% no setorautomobilstico , de 19,3% na produode outros equipamentos de transporte e de 13,5% na demateriais eletro-eletrnicos e de comunicao .

    A produo debens intermedirios apresentou acrscimode 6,0%, com destaque para a subcategoria deinsumosindustriais bsicos (6,6%). O grupamento de peas eacessrios para equipamentos de transporte industrial ,que acumulou acrscimo de 13,1% no perodo, tambmcontribuiu para a performance positiva desta categoria.

    A indstria debens de consumo semi e no durveis (1,2%)teve seu resultado influenciado, sobretudo, poralimentose bebidas elaborados para consumo domstico (1,3%).

    Ao se considerar a indstria da Bahia, observa-se quea produo tambm apresentou resultados positivospara o primeiro trimestre de 2008, mas a performance da

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    atividade no estado foi muito aqum do esperado e estabaixo da mdia nacional. Enquanto a indstria do Pasapresentou taxa de 6,3%, a indstria baiana acumulouapenas o percentual de 3,7% no perodo. Comparada s

    demais unidades federativas pesquisadas, a indstria daBahia encontra-se na penltima posio, com resultadopositivo acima, apenas, da indstria de Santa Catarina,que apresentou taxa de 2,2% no perodo. O resultado daindstria baiana foi inclusive menor que o do Nordeste,que registrou incremento de 5,9% no perodo. Esta regiofoi principalmente impulsionada pela produo industrialde Pernambuco, que apresentou acrscimo de 13,7%no perodo. Tal desempenho vem sendo influenciadoprincipalmente pela produo dealimentos e bebidas,

    produtos qumicos e produo de lcool .

    De acordo com os dados da PIM, no primeiro trimestrede 2008 a indstria baiana (extrativa e de transformao)apresentou variao positiva de apenas 3,7%, com resulta-dos positivos em oito das nove atividades investigadas. Osmaiores impactos positivos foram assinalados porcelulose,

    papel e produtos e papel (22,3%),metalurgia bsica (8,3%)e produtos qumicos (1,4%). Em sentido oposto, a pressonegativa veio dealimentos e bebidas , com taxa de -1,2%.

    O resultado positivo da indstria decelulose e papel notrimestre deve-se, principalmente, produo de celu-lose ao longo do ano. O segmento obteve recuperaono ms de dezembro, quando atingiu a significativa taxade 38,2%. Tal evento deve-se, em parte, s recentes uni-dades ampliadas e duplicadas de grandes empresas dosetor, favorecendo o aumento da capacidade produtivade celulose no estado. Dentre outros aspectos positivos,ressaltam-se os elevados preos internacionais da celu-lose, que estimulam o aumento da oferta do produto,graas ao crescimento da demanda global e ofertarestrita dos produtores do Hemisfrio Norte.

    A indstriametalrgica obteve acrscimo (8,3%), principal-mente por conta do aumento na produo de vergalhesde ao ao carbono e lingotes, blocos e tarugos ou placasde ao ao carbono. Esse acrscimo na produo deve-se dinmica do setor no perodo recente. Segundo o InstitutoNacional dos Distribuidores de Ao (INDA), no Brasil asvendas de aos planos fecharam o 1 trimestre com alta de24,7% em relao ao mesmo perodo de 2007. Os principais

    responsveis por esse volume expressivo de vendas foramos setores demquinas e equipamentos industriais (50,2%),agrcola e rodovirio (17,6%),automobilstico (29,9%) econs-truo civil (9,8%) (ESTATSTICAS ..., 2008).

    Foi determinante para o resultado positivo de 1,4% nosetor de produtos qumicos o incremento da produode polietileno linear e policloreto de vinila (PVC), que sresinas termoplsticas consideradas da segunda geraoda cadeia petroqumica. Grande parte do resultado dosegmento deve-se ao aumento na demanda domsticade resinas termoplsticas no perodo, impulsionadapelo crescimento da economia brasileira, com destaquepara os setores agrcola, automobilstico, da construocivil e de eletroeletrnicos, e pelo aumento da rendadisponvel. Ademais, as plantas de resinas j operamna capacidade mxima de utilizao. Por outro lado, oprincipal desafio do segmento refere-se valorizao dreal em relao ao dlar, que tem beneficiado as impor-taes de manufaturados e de resinas, especialmenteas importaes provenientes dos EUA, onde a baixaatividade econmica vem estimulando as exportaesde resinas termoplsticas.

    O aumento na produo do segmento deborracha e plstico (9,5%) deve-se ao incremento na produo deembalagens plsticas e tubos, canos e mangueiras pls-ticas. O desempenho desse segmento est fortementeassociado estabilidade econmica, que tem contribudopara o aumento do consumo de alimentos, em especialentre as classes mais baixas, o que, conseqentemente,impulsiona a demanda por embalagens plsticas. Asprincipais incertezas quanto ao futuro do setor estorelacionadas alta do preo do petrleo, que exerceforte presso sobre os custos, e a competio com asembalagens de papel.

    A indstria deminerais no-metlicos deve seu incre-mento (6,3%) produo de ladrilhos e placas de cer-mica e granito talhado ou serrado. Os incrementos nosetor refletem o aquecimento no mercado imobilirio, amelhoria na renda da populao, o que favorece o con-sumo formiga das camadas mais baixas, e o grandevolume de obras pblicas no estado, seja por parte dosgovernos federal, estadual ou municipal. Destacam-setambm as inmeras construes de empreendimentos

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    comerciais nos ltimos meses, como shoppings centers,lojas de departamentos etc.

    Em relao aorefino de petrleo e produo de lcool ,a estabilidade observada no setor (0,2% no trimestre)deveu-se ao pequeno acrscimo no processamento

    de leo diesel e outros leos combustveis e asfaltode petrleo.

    No setor deveculos automotores ocorreu aumento de1,6% na fabricao de automveis no primeiro trimestre,sendo produzidas 49 mil unidades, produo superior registrada em igual perodo do ano passado, quandohouve paralisao parcial na unidade produtora. Aempresa tem capacidade produtiva de cerca de 250 milveculos/ano. No cenrio nacional, observa-se que asmontadoras continuam em ritmo acelerado, registrandoexpanso no nvel de produo, enquanto as exportaestm sido reduzidas para compensar o aquecimento domercado interno.

    O segmento dealimentos e bebidas foi o nico a apre-sentar resultado negativo no perodo (-1,2%), principal-mente em razo da menor produo de leo de soja embruto e farinhas e pellets da extrao de leo de soja. Osderivados de soja, apesar de apresentarem estimativasfavorveis para a produo agrcola do estado para a

    safra 2008 e tambm obterem elevadas cotaes nomercado internacional, foram os principais responsveispelo recuo na produo industrial do setor de alimentose bebidas, principalmente em decorrncia da elevadabase de comparao no mesmo perodo do ano de 2007quando o setor cresceu 17,8%, influenciado pela produo

    de derivados de soja.

    O setor deextrao mineral do estado, segundo dadosda PIM, apresentou, no trimestre, acrscimo na extraode 3,6% em relao ao mesmo perodo do ano anterior,resultado do aumento na extrao de gs natural e leosbrutos de petrleo.

    No que se refere ao emprego industrial, segundo a PIME Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salrio (2008do IBGE, a indstria baiana registrou aumento de 2,4%no nvel de pessoal ocupado assalariado, para o primeirotrimestre de 2008, em confronto com 2007. No Brasil,observou-se aumento de 3,0% para este indicador. Entras regies pesquisadas pelo IBGE, o Sudeste foi a queapresentou a maior taxa de ocupao na indstria (3,7%)E a regio Sul, a menor taxa (1,7%). A regio Nordesteregistrou aumento de 3,2% no total de ocupados assa-lariados na indstria e foi impulsionada principalmentepelo estado de Pernambuco, que apresentou incrementode 4,7% no perodo.

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    No total do Pas, em termos setoriais, dentre os segmen-tos que apresentaram incremento no total de pessoalassalariado destacam-se:mquinas e equipamentos (4,0%),meios de transporte (11,1%),mquinas e aparelhos

    eletroeletrnicos e de comunicao (13,6%) e produtos demetal (9,4%). Em contraposio, as presses negativas nacomposio da taxa geral foram exercidas, sobretudo, porcalados e artigos de couro (-11,2%) evesturio (-4,0%).

    Na Bahia, os ramos que apresentaram os maioresaumentos no total de pessoas ocupadas assalariadasforam:mquinas e equipamentos (34,3%),calados ecouro (8,1%),minerais no-metlicos (18,7%) evesturio (11,9%). Negativamente, destacam-se os segmentos

    produtos qumicos (-20,3%),txtil (-10,0%), fumo (-23,1%)e produtos de metal (-5,9%).

    As expectativas para as indstrias brasileira e baiana paraos prximos trimestres mostram-se favorveis para osprincipais setores, diante do quadro da indstria nacio-nal e de outras caractersticas da conjuntura nacional,como a demanda interna aquecida, o aumento da massasalarial, do consumo das famlias e da expanso dosinvestimentos para diversificao da matriz industriale da pauta de exportaes. A esse cenrio agregam-se

    ainda as medidas adotadas pelo governo de incentivofiscal instalao de novas indstrias no estado.

    AVANO DAS IMPORTAESCOMPROMETE SALDO COMERCIAL

    No comrcio exterior, apesar de se constatar expanso nofluxo comercial brasileiro e baiano nos quatro primeirosmeses de 2008, representado pela corrente de comrcio,os dados apontam tendncia de queda no saldo comer-cial brasileiro e, para a Bahia, uma situao estvel, emcomparao ao igual perodo do ano anterior. Ainda comrelao expanso do fluxo comercial, est associada auma srie de fatores tais como: elevao de preos decommodities , variao cambial, aquecimento da demandainterna e externa (ndia e China), aumento de produo,dentre outros. Cada um destes fatores tem afetado deforma diferenciada a balana comercial, elevando oureduzindo tanto exportaes quanto importaes.

    Na atual conjuntura, cabe destacar, particularmente,os efeitos da variao cambial, do aquecimento dademanda interna e da elevao dos preos dascom-modities . No caso da variao cambial, na medida em

    que o dlar tem se desvalorizado ante o real, verifica-suma menor propenso s exportaes e, por outrolado, maior propenso s importaes; essa maiorpropenso s importaes reforada pelo aumentoda demanda interna crescimento do consumo dasfamlias, que em 2007 foi de R$ 1,5 trilho, correspon-dendo a 60,9% do PIB1. Por outro lado, o aumento nopreo dascommodities tem colaborado para o cres-cimento das exportaes brasileiras e baianas. Esseaumento nos preos dascommodities decorrente dedois fatores: o primeiro refere-se demanda externa,puxada, sobretudo, pelo crescimento da ndia e daChina; o segundo refere-se a um processo especula-tivo que atinge diretamente os preos do petrleo edos alimentos.

    De acordo com os dados da balana comercial brasi-leira, as exportaes registram expanso de 13,6% nosquatro primeiros meses de 2008 em relao ao mesmoperodo de 2007, com valor total de US$ 52 bilhes. Jas importaes registraram expanso de 35,1%, com

    total importado de US$ 48,2 bilhes. No perodo, o saldcomercial brasileiro ficou em US$ 4,6 bilhes, equivalenta apenas 35,7% do saldo verificado no mesmo perodo dano anterior, o que demonstra a deteriorao dosupervit comercial brasileiro.

    Na Bahia, os dados apontam situao semelhante verificada no Brasil, sendo que em relao ao saldocomercial, verifica-se uma pequena variao positivaem relao ao mesmo perodo do ano anterior, comtendncia de estabilidade. Entre janeiro e abril de 2008,as exportaes baianas cresceram 22,0%, totalizandoUS$ 2,6 bilhes, enquanto que as importaes registramcrescimento de 25,9%, totalizando US$ 2,12 bilhes. Coesses resultados, o saldo comercial baiano registrousupervit de US$ 485 milhes no perodo. Esse saldo U$$ 33,9 milhes superior ao do mesmo perodo doano anterior.

    1 PIB a preos de mercado.

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 trimestre de 2008ECONOMIAEM DESTAQUE

    Analisando-se as exportaes por fator agregado , perce-be-se que, no perodo avaliado, a maior expanso ocorreuna categoriasemimanufaturados (44,0%), ao passo queas exportaes de produtos da categoriamanufatura-dos cresceram 18,0%. Por outro lado, as exportaesde bsicos apresentaram queda de 12,6% resultadoprincipalmente da reduo nos embarques de soja e

    derivados. O Grfico 1 apresenta a variao anual dasexportaes baianas por fator agregado.

    Ainda com relao s exportaes baianas, os cincoprincipais produtos exportados at o ms de abril foram:

    fuel-oil , pasta qumica, catodos de cobre refinado, auto-mveis com motor a exploso e benzeno. Juntos, essescinco produtos responderam por 52,5% de tudo o que foiexportado pela Bahia, fato que denota a alta concentraoda pauta de exportaes, ou seja, baixa diversificaodo setor exportador baiano.

    Como exposto inicialmente, as importaes, tanto brasilei-ras quanto baianas, tm crescido a taxas maiores do queas exportaes. Tomando-se como referncia os setoresdas Contas Nacionais, verificam-se algumas diferenascomportamentais entre as importaes brasileiras ebaianas. Enquanto no conjunto do Brasil o crescimentodas importaes ocorre de forma quase que balanceada,na medida em que as categoriasbens de capital, interme-dirios e de consumo registraram crescimento prximo

    dos 40,0%, na Bahia tal equilbrio no verificado, umavez que, enquanto a categoriabens de capital registrouqueda de 22,7%, a debens intermedirios cresceu 8,9%e a debens de consumo , 28,2%.

    Finalmente, cabe destaque para as importaes decombustveis e lubrificantes , as quais cresceram 54,8%

    no Brasil e 126,8% na Bahia. Essas taxas refletem dire-tamente os aumentos no preo do petrleo e de seusderivados. Essas informaes podem ser visualizadas na Tabela 1. Esses resultados refletem que as importaesem nvel nacional esto sendo realizadas como respostas polticas de crescimento econmico, o que no ocorrede forma direta na Bahia.

    Bsicos Semimanufaturados Manufaturados

    Grfico 1Exportaes por Fator AgregadoBahia, abr./2007 - abr./2008

    Grfico 1Exportaes por Fator AgregadoBahia, abr./2007 - abr./2008

    80

    60

    40

    20

    0

    -20

    -40 abr/07 maio jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr/08

    %

    -12,6

    0,1

    -10,6-10,9-25,3

    29,132,825,525,1

    19,5

    22,631,2

    20,2

    44,055,052,0

    51,5

    25,222,620,421,424,223,0

    28,230,427,7

    18,019,829,2

    60,1

    -0,62,2-3,9-5,2-3,4-0,82,0-1,83,1

    Fonte: MDIC-SECEXElaborao: CAC-SEI*Variao acumulada no ano

    Tabela 1Importaes por Setores de Contas NacionaisBrasil e Bahia: 2007 - 2008

    Categoriasde uso

    Brasil Bahia

    2008* 2007* Var(%) 2008* 2007* Var(%)Bens de capital 13.380 9.458 41,5 308,9 399,5 -22,7Bens intermedirios 20.724 14.616 41,8 870 799 8,9Bens de consumo 5.118 3.688 38,8 215 167 28,2Combustveis elubrificantes 8.946 5.780 54,8 732 323 126,8

    Fonte: MDIC-SECEX Elaborao CAC-SEI* Acumulado no ano de janeiro a abril

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    13Conj. & Planej., Salvador, n.159, p.6-23, abr./jun. 2008

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    Tendo como referncia a atual conjuntura, e a perspec-tiva de que a mesma se mantenha estvel ao menosat o final desse ano, espera-se que a balana comer-cial brasileira feche o ano de 2008 comsupervit bem

    abaixo do registrado no ano passado. J para a balanacomercial baiana, a expectativa de que osupervit sesitue prximo ao de 2007.

    VAREJO BAIANO APRESENTA TAXASTRIMESTRAIS SATISFATRIAS

    O comportamento do varejo brasileiro no primeiro trimes-tre de 2008 animador. Essa premissa parte do fato deque o comrcio se mantm com taxas positivas, emboraa base de comparao seja elevada. Segundo dados daPMC Pesquisa Mensal de Comrcio (2008), divulgadapelo IBGE, as vendas alcanaram variaes de 11,4% sobremaro do ano anterior, 12,0% para o primeiro trimestre e10,2% no acumulado dos ltimos 12 meses.

    Esse desempenho continua sendo atribudo a fatores con- junturais como a recuperao de rendimento dos consu-midores, a valorizao cambial, a ampliao dos prazos de

    parcelamento das compras e a permanncia de uma maioroferta de crdito. A melhoria no quadro geral da economiacontribui para manter o ritmo de expanso dos negcios,sendo observado em vinte e cinco estados brasileiros.

    Ocomrcio varejista baiano tambm registrou resultadopositivo, embora abaixo da mdia nacional. A taxa de 8,5%

    no ms de maro expressa uma suave melhora no ritmode vendas aps a taxa de 7,8% observada em fevereiro.Nos trs primeiros meses de 2008, a expanso atingiuo patamar de 8,8% no volume de vendas, em relao a

    igual perodo do ano anterior. As sucessivas variaespositivas levaram o varejo a acumular nos ltimos 12meses uma taxa de 9,4%. No entanto, mesmo com todosos resultados positivos dos indicadores, observa-se umareduo no ritmo de crescimento do comrcio varejistano estado, conforme ilustra o Grfico 2. Os fatores quecontribuem para este arrefecimento no setor so: elevadabase de comparao do ano de 2007, elevao dos preosdos produtos alimentcios e, conseqentemente, a quedanas vendas dehiper e supermercados .

    Contudo, verifica-se que na Bahia ocorreram algumasparticularidades que provocaram uma melhora nos neg-cios, como o aumento do emprego formal no estado,levando a uma recuperao de rendimento dos consu-midores. Alm de um considervel nmero de turistasque permaneceram na capital do estado e em algunsmunicpios do interior aproveitando o final do vero,contribuindo para impulsionar os negcios em determi-nados segmentos como, por exemplo,outros artigos deuso pessoal e domstico .

    De acordo com os dados da PMC, considerando a tri-mestralidade, sete de um total de oito ramos de atividadeque compem o volume de vendas apresentaram desem-penhos positivos no perodo, com exceo do segmentodehipermercados, supermercados, produtos alimentcios,bebidas e fumo , que registrou variao negativa de 0,3%,

    Bahia Brasil

    Grfico 2 Volume de vendas no comrcio varejista*Brasil e Bahia, mar./2007 - mar./2008

    Grfico 2 Volume de vendas no comrcio varejista*Brasil e Bahia, mar./2007 - mar./2008

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    8 mar/07 abr maio jun jul ago set out nov dez jan fev mar/08

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    Fonte: PMC-IBGEElaborao: CAC-SEI*Variao acumulada no ano

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    comportamento desses segmentos no primeiro trimestre,pois a melhoria do quadro geral da economia, a reduode preos dos produtos de informtica, associada s faci-lidades de financiamento, levaram a acumularem no per-

    odo taxas positivas de 6,3% e 2,7%, respectivamente.

    Considerando-se o varejo ampliado, observou-se no pri-meiro trimestre uma expanso nas vendas deveculos,motos, partes e peas na ordem de 21,1%, ematerial deconstruo de 9,4%, mas esses grupos no entram nacomposio do indicador de volume de vendas, fazendoparte do comrcio varejista ampliado. O movimentodo primeiro grupo decorre das estratgias adotadaspelas instituies financeiras ligadas s montadoras dereduzir os juros cobrados, intensificar as campanhaspromocionais e alongar os prazos de financiamento, e odo segundo grupo ao incentivo conferido pelas medidasoficiais de governo.

    Em relao s perspectivas para os prximos trimestres,os analistas de mercado acreditam que apesar de umpossvel aumento da taxa bsica de juros SELIC, o ritmode crescimento do comrcio dever ser mantido, haja vistaque a taxa de inadimplncia continua estvel, e a rendae o crdito continuam em expanso. Entretanto, como

    o primeiro trimestre costuma ser mais fraco, somente

    nos prximos meses ser possvel traar uma trajetriamais consistente para o comportamento do comrciovarejista no ano de 2008.

    EXPECTATIVAS FAVORVEIS PARAA SAFRA AGRCOLA 2008

    A Conab Companhia Nacional de Abastecimento, emseu ltimo levantamento nacional da safra 2007/2008,estima crescimento em rea plantada (1,6%) e produ-o (7,9%) em relao safra anterior. De acordo comos ltimos dados divulgados, a estimativa da safrade gros de 142 milhes de toneladas, perfazendoaproximadamente 47 milhes de hectares, contra os132 milhes de toneladas e 46 milhes de hectares dasafra anterior. Os plantios realizados dentro do perodorecomendado e as chuvas foram suficientes para umbom resultado, a despeito do atraso destas ltimas nosmeses de preparo do solo e do plantio (ACOMPANHA-MENTO..., 2008a).

    Esse resultado traz tona um dos velhos problemas deinfra-estrutura enfrentados pela agropecuria em todo

    o Pas: a falta de armazns. De acordo com a Conab,

    Tabela 3Estimativas de produo fsica, reas plantada e colhida e rendimento dos principais produtos agrcolas: Bahia,2007 - 2008

    Produtos/ safras

    Produo fsica (t) rea plantada (ha) rea colhida (ha) Rendimento (kg/ha

    20071 20082 Var. (%) 20071 20082 Var. (%) 20071 20082 Var. (%) 2007 2008 Var. (%)Mandioca 4.665.855 4.538.341 -2,7 390.529 366.482 -6,2 352.889 339.891 -3,7 13.222 13.352Cana-de-acar 6.179.203 6.133.558 -0,7 108.389 107.585 -0,7 106.352 106.334 0,0 58.101 57.682Cacau 136.718 142.913 4,5 574.002 563.130 -1,9 560.905 563.130 0,4 244 254 4,Caf 151.607 163.355 7,7 162.730 159.020 -2,3 149.926 152.830 1,9 1.011 1.069 5Gros 5.464.038 5.734.986 5,0 2.676.862 2.664.099 -0,5 2.486.556 2.519.374 1,3 2.197 2.276Algodo 1.125.240 1.159.789 3,1 301.928 317.758 5,2 301.928 317.758 5,2 3.727 3.650 -Feijo 319.402 350.285 9,7 634.136 581.050 -8,4 539.447 499.270 -7,4 504 702 39Milho 1.635.849 1.688.814 3,2 843.328 807.624 -4,2 747.711 744.679 -0,4 1.940 2.268 1Soja 2.298.000 2.433.750 5,9 851.000 901.400 5,9 851.000 901.400 5,9 2.700 2.700 0Sorgo 85.547 102.348 19,6 46.470 56.267 21,1 46.470 56.267 21,1 1.841 1.819 -1,Total - - - 3.912.512 3.860.316 -1,3 3.656.628 3.681.559 0,7 - - -

    Fonte: IBGE - Levantamento Sistemtico da Produo AgrcolaElaborao: CAC-SEI1 LSPA/IBGE safra 2007.2 LSPA/IBGE abril 20083 Rendimento= produo fsica/rea colhida.

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 trimestre de 2008ECONOMIAEM DESTAQUE

    a capacidade total de estocagem de 123,7 milhesde toneladas, ou seja, se produz mais do que se podeestocar. Mas este no o mais grave problema. O quepreocupa mais que estes armazns, em sua maioria,

    no esto nas propriedades ou fazendas, o que aumentaa dependncia dos produtores em relao s empre-sas de trading e diminui o rendimento dos agricultores(SAFRA..., 2008).

    As boas expectativas de produo nacional de grostambm so identificadas na produo agrcola baiana.As estimativas do LSPA Levantamento Sistemtico daProduo Agrcola do IBGE, realizadas em abril de 2008,indicam um desempenho positivo para as principaislavouras. Os dados gerais, apresentados na Tabela 3, rati-ficam a expectativa de otimismo do setor no estado.

    No estado, no caso especfico da produo de gros,chega-se a 5,73 milhes de toneladas, 5,0% a mais emrelao ao ano anterior. As melhorias nas tcnicas deproduo, os preos e a ampliao de reas colhidasso eventos responsveis por este resultado. Destaca-sea elevada produtividade em vrias culturas, principal-mente no feijo (39,3%).

    Asoja e omilho so os principais produtos que impulsio-nam os nmeros da produo para cima. As informaesde abril de 2008 apontam crescimento de 5,9% e 3,2%,respectivamente. Em nmeros absolutos chega-se a2,43 milhes de toneladas desoja e 1,69 milhes detoneladas demilho. A expanso de 5,9% na rea dasoja uma das justificativas para este resultado positivo.No caso domilho destaca-se o significativo aumentode produtividade (16,9%), j que apresenta reduo emsua rea plantada (-4,2%) combinada com aumento deproduo.

    O feijo, que passou por reduo na rea colhida devido estiagem que prejudicou a colheita da safra de vero doano passado, apresenta recuperao, com expectativade produo 10% maior em relao ao ano passado, pas-sando de 319 mil toneladas para 350 mil toneladas.

    A produo decaf apresenta crescimento de 7,8% emrelao ao ano passado. Este dado favorecido pelabienalidade positiva e as chuvas que ocorreram de

    forma mais constante. A Conab estima que a produono estado ser de 2,27 milhes de sacas (ACOMPA-NHAMENTO..., 2008b).

    Ocacau tambm apresenta crescimento em sua produ-o (4,5%), impulsionado pelo aumento da produtividadpor hectare (4,1%) e pela alta dos preos no mercadointernacional. O cenrio muito positivo para os pro-dutores nacionais, j que o Brasil, dentre os produtoresinternacionais, o nico com rea disponvel paraexpanso da produo (PREO..., 2008).

    Os nicos produtos, dentre os pesquisados, que apre-sentam quedas nas estimativas de safra so amandioca e a cana-de-acar .

    No que diz respeito ao comrcio internacional, acom-panhando o cenrio positivo das exportaes do Brasie da Bahia, as vendas decacau e seus derivados cres-ceram 39,2% no acumulado de janeiro a abril de 2008,comparando-se ao mesmo perodo do ano passado.Este segmento representa aproximadamente 3,0% dovalor da pauta de exportaes do estado. Este cresci-mento apia-se na tendncia altista que tomou contados mercados futuros dos produtos agrcolas (CENTRO

    INTERNACIONAL DE NEGCIOS DA BAHIA, 200

    O caf e especiarias , outro segmento significativo dapauta de exportaes (1,9% do valor total exportado),apresenta crescimento de 12,0% no primeiro quadri-mestre de 2008 em relao ao mesmo perodo do anoanterior. Outro segmento que merece destaque o de frutas e suas preparaes , que apresenta crescimento de46,0% no perodo em relao ao mesmo perodo do anopassado. O valor total vendido at o momento de US$20,9 milhes (CENTRO INTERNACIONAL DE NEGDA BAHIA, 2008).

    J para o segmentosoja e derivados o quadro no omesmo observado em 2007. Este segmento apresentaqueda nos valores exportados em torno de 60,6%. Deacordo com as informaes da Promo, no houve registrode vendas desoja no ms de abril, provavelmente emfuno da greve dos auditores da receita federal, queatrasou a liberao de cargas (CENTRO INTERNACIONDE NEGCIOS DA BAHIA, 2008).

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    CONJUNTURA FAVORVEL NOMERCADO DE TRABALHO NA RMS

    A conjuntura do mercado de trabalho no Pas apresen-ta-se favorvel, com reduo na taxa de desempregoe elevao dos rendimentos. Os indicadores apuradospelas pesquisas de emprego e desemprego de vriosinstitutos confirmam a gerao de novos postos detrabalho durante o primeiro trimestre de 2008.

    Fatores como o crescimento do PIB, a expanso dademanda domstica, impulsionada pelo controle dainflao e da taxa de juros, e o efeito cmbio sobre oconsumo alm do aumento da oferta de crdito, comconseqente rebatimento sobre a produo industrial,levaram as empresas a contratarem mais trabalhadores,o que resultou em aumento da massa salarial e dasocupaes com carteira assinada.

    Nesse contexto, dados da PME Pesquisa Mensal deEmprego (2008) divulgados pelo IBGE, para o ms demaro, demonstraram estabilidade na taxa de deso-cupao, que se situou em 8,6% da PEA (PopulaoEconomicamente Ativa) contra 8,7% em fevereiro para o

    conjunto das seis regies metropolitanas que compema pesquisa. J em relao a maro de 2007, a queda nocontingente de desocupados e a elevao no nmerode ocupados fizeram com que a taxa de desocupaoregistrasse reduo de 1,5 ponto percentual.

    Ainda com base nos dados da PME, a taxa de atividade(proporo de pessoas economicamente ativas em rela-o populao em idade ativa) no ms de maro foiestimada em 56,7% e ficou estvel nas comparaescom fevereiro do mesmo ano e maro de 2007. Em marohavia 41,0 milhes de pessoas em idade ativa (pessoascom 10 anos ou mais de idade) no agregado das seisregies metropolitanas pesquisadas. Esta estimativaapresentou estabilidade na comparao com fevereiro.Frente a maro de 2007, cresceu 2,0%.

    A populao ocupada em maro no se alterou em rela-o a fevereiro (embora tivesse registrado alta absolutade 122 mil pessoas, cerca de 0,6%, esta variao no foiestatisticamente significativa). Em relao a maro do ano

    passado houve acrscimo de 3,5% neste contingente, ouseja, 713 mil pessoas a mais no mercado de trabalho noperodo de um ano. Considerando o nvel da ocupao(proporo de pessoas ocupadas em relao populao

    em idade ativa), estimado em 51,9%, houve estabilidadena comparao com fevereiro e elevao em relao amaro do ano passado (0,8 ponto percentual). O nmerode trabalhadores com carteira de trabalho assinada nosetor privado no apresentou movimentao em com-parao a fevereiro. Em um ano foram criados 749 milpostos de trabalho nesta categoria de ocupao, ou seja,o contingente de trabalhadores com carteira de trabalhoassinada cresceu 8,7% em relao a maro de 2007.

    Os dados da PME tambm mostram que, na comparaomensal (maro comparado a fevereiro), o nico grupa-mento de atividade a apresentar variao significativa foo daconstruo , com elevao de 4,3%. Frente a marode 2007, trs grupamentos foram responsveis pela altada ocupao:servios prestados s empresas, aluguis,atividades imobilirias e intermediao financeira (5,5%),educao, sade, servios sociais, administrao pblica,defesa e seguridade social (5,0%) eoutros servios (7,2%).Em sentido contrrio, o grupamento dosservios doms-ticos apresentou declnio (-6,1%).

    O rendimento mdio real habitual dos ocupados, estimadoem maro de 2008 em R$ 1.188,90, registrou decrscimde 0,6% na comparao com fevereiro. Em relao amaro de 2007, o poder de compra dos ocupados apre-sentou elevao (2,0%). O rendimento mdio real dosempregados com carteira assinada no setor privado,estimado em R$ 1.138,50, apontou estabilidade em amboos perodos analisados. A massa de rendimento realhabitual dos ocupados, estimada em maro de 2008em 25,5 bilhes de reais, indicou acrscimo de 0,5% nacomparao com fevereiro ltimo e ganho de 6,3% nacomparao com maro de 2007.

    Na anlise da Regio Metropolitana de Salvador (RMS),com base nos dados da PME apresentados na Tabela 4,a taxa de desocupao apresentou queda de 1,3 pontopercentual na comparao com maro de 2007, acom-panhada de queda no nmero de desocupados de 9,9%.Em maro de 2008 havia 2.986 mil pessoas em idadeativa na RMS, no apresentando diferena significativa

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 trimestre de 2008ECONOMIAEM DESTAQUE

    em comparao com fevereiro. Em relao a maro de2007 houve acrscimo de 2,9% no total da populaoem idade ativa, representando um adicional de 85 milpessoas. Das 2.986 mil pessoas em idade ativa, 49,7%

    encontravam-se ocupadas, 7,3% desocupadas e 43,0%no-economicamente ativas.

    Em maro, osempregados sem carteira de trabalho assi-nada no setor privado apresentaram queda de 14,1% e osempregadores reduo de 18,2%, permanecendo estveisas demais categorias ocupacionais. Na comparao anual(maro de 2008 em relao a maro de 2007), apenas acategoriaempregados com carteira de trabalho assinada apresentou incremento da ordem de 9,4%.

    O rendimento mdio real habitualmente recebido porms pelo total das pessoas ocupadas na RMS (R$ 960,30)apresentou queda de 3,1% na comparao mensal e

    aumento de 5,8% frente a maro de 2007. Na comparaomensal, houve queda do rendimento nas seguintes cate-gorias:empregados sem carteira assinada (-4,3%),militarou funcionrio pblico estatutrio (-7,4%) etrabalhadores

    por conta prpria (-5,3%). Osempregados com carteira detrabalho assinada tiveram seus rendimentos acrescidos de3,3%. Na comparao anual foi observado crescimentoem:empregados com carteira assinada (9,3%),empregadossem carteira de trabalho assinada (14,1%). No entanto,houve queda para osmilitares ou funcionrios pblicosestatutrios (-4,8%) etrabalhadores por conta prpria (-4,6%). Os grupamentos de atividade no apresentarammodificaes em seus contingentes.

    A massa de rendimento real efetivo da populao ocupada(a preos de maro de 2008), em fevereiro de 2008, foiestimada em R$ 1.414 milhes para a RMS. Esta estimativapresentou variao negativa de 5,9% comparando-secom janeiro e variao positiva de 5,5% em relao aomesmo ms do ano anterior.

    Por seu turno, a PED Pesquisa de Emprego e Desemprego(2008), do convnio SEI-SETRAS-DIEESE-UFBA-SEADmaro de 2008, aponta para uma reduo de 8,3% na taxde desemprego comparando-se a maro de 2007, saindo

    de uma taxa de 22,9% para 21,0% conforme ilustrado noGrfico 3. O nvel de ocupao elevou-se 5,5%, com oseguinte comportamento setorial: Servios, criao de 32mil posies de trabalho (3,8%); agregadooutros setores ,que inclui aconstruo civil, servios domsticos e outrasatividades , acrscimo de 17 mil postos (8,3%);indstria ,

    Tabela 4Principais indicadores do mercado de trabalhoRMS, mar./2007 - mar./2008

    IndicadoresMil pessoas Variao

    Mar/07 Fev/08 Mar/08 Mensal Anual

    PIA 2.901 2.994 2.986 -0,3% 2,9%PEA 1.710 1.720 1.701 -1,1% -0,5%Ocupados 1.469 1.509 1.484 -1,7% 1,0%Desocupados 241 210 218 3,5% -9,9%Tx Atividade 59,0% 57,4% 57,0% -0,4 p.p. -2,0 p.p.Tx Desocupao 14,0% 12,2% 12,8% 0,6 p.p. -1,3 p.p.

    Fonte: PME-IBGE

    Grfico 3Evoluo da taxa de desempregoRMS, mar./2007 - mar./2008

    Grfico 3Evoluo da taxa de desempregoRMS, mar./2007 - mar./2008

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    Fonte: PED-SEI/SETRAS/UFBA/DIEESE/SEADEElaborao: CAC-SEI

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 trimestre de 2008ECONOMIAEM DESTAQUE

    observa aumento no nvel de emprego, reduo das taxasde desemprego e manuteno dos nveis de rendimentoda populao ocupada.

    INVESTIMENTOS NO ESTADOALAVANCAM CRESCIMENTOECONMICO

    Para o presente momento de crescimento econmico,investimentos em infra-estrutura representam condionecessria para a composio da estrutura econmica,atraindo, conseqentemente, atividades de potenciaisprodutivos de grande porte, alm de proporcionar opor-tunidades de desenvolvimento sustentvel.

    Para o estado da Bahia, com base em informaesdivulgadas pela Secretaria de Infra-Estrutura do Estadoda Bahia (Seinfra), apresentadas na Tabela 6, foram inves-tidos nos setores de transportes, energia e comunicao,somente em 2007, aproximadamente R$ 822,5 milhes,o que representa 0,9% no PIB da Bahia em recursosaplicados em reas consideradas mais precrias dossetores que inviabilizam todo o processo de expanso

    do estado (BAHIA, 2008).

    Os investimentos no setor de transporte (rodovirio,ferrovirio, aerovirio e hidrovirio) foram focalizadoscom maior intensidade na malha rodoviria estadual,que apresentava precrias condies de trafegabilidade,

    provocando elevados custos para as empresas transpor-tadoras de mercadorias e pessoas, gerando um impactodireto na elevao de preos praticados na economia.Contudo, foram necessrios investimentos da ordem de

    R$ 284 milhes na recuperao de aproximadamente8.250 km. Vale salientar que estes investimentos estoconcentrados nas seguintes aes: construo, restau-rao, recuperao, manuteno e outras aes emrodovias; policiamento e sinalizao de rodovias; almde aeroportos e terminais de transportes.

    Ao sistema de transporte rodovirio intermunicipal cou-beram investimentos da ordem de R$ 115 milhes peloPlano Estadual de Renovao de Frotas de nibus. AAssociao das Empresas de Transporte Coletivo Rodovirio do Estado da Bahia (Abemtro) tem como metaa reduo da idade mdia dos nibus de 10 para 4,5anos atravs da aquisio de 1.300 novos nibus at2010, com investimentos totais equivalentes a R$ 450milhes. Somente em 2007, foram adquiridos 300 nibuso que equivale a 23,1% do total da frota. Para tanto, oPrograma proporcionar um avano significativo naqualidade de servios, alm de gerar trabalho e rendapara a populao.

    Aes focalizadas em energia e comunicao (energia,comunicaes e gs natural) foram da ordem de R$ 422milhes em 2007. O setor de energia eltrica absorve92,8% do total desse investimento atravs do ProgramaLuz Para Todos, que tem como finalidade universalizaro servio de distribuio de energia eltrica no meiorural at o final de 2008. Quanto ao setor de comunica-o, foram realizados investimentos da ordem de R$ 12milhes em 2007; alm da ampliao das estaes deretransmisso da TV Educativa, foram recuperadas 30%das 170 estaes de transmisso que se encontravamdanificadas.

    No setor de gs natural o destaque para o Programade Investimentos da Bahiags, que tem como objetivoo aumento da disposio de abastecimento do produtoaos segmentos comerciais, residenciais e automotivos nacapital baiana, alm de favorecer tambm a expanso darede no interior da Bahia. Estes investimentos foram deR$ 18 milhes na construo de 11,2 km de gasodutos,totalizando 527 km de rede da Bahiags.

    Tabela 6Principais investimentos realizados em infra-estruturaBahia, 2007

    Aes Recursos aplicados(R$ 1.000)Malha rodoviria estadual 283.950Sistema de transporte rodovirio intermunicipal 115.000Energia e comunicao 422.300 Energia eltrica (Programa Luz para Todos) 392.000 Comunicaes 12.000 Gs natural (Bahia gs) 18.300Concesso rodovia BA-099 1.300Total 822.550

    Fonte: Secretaria de Infra-estrutura do Estado da BahiaElaborao: CAC-SEI

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

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    O investimento de R$ 1,3 milho referente concessoda rodovia BA-099 destinou-se desapropriao de44 casas para dar continuidade 4 etapa (40 km deextenso) de obras para a duplicao da Linha Verde,

    estrada que liga a Bahia a Sergipe (217 km), no trechoGuarajubaItacimirim. Esta concesso foi destinada Concessionria Litoral Norte (CLN), empresa respon-svel pela conservao e manuteno da rodovia. Osinvestimentos em infra-estrutura focalizados nesta reacontriburam bastante para a atrao de considerveisinvestimentos em empreendimentos tursticos e habita-cionais, ocasionando atrao de visitantes em um dosprincipais destinos tursticos do estado. Estes investimen-tos refletem positivamente na populao das diversaslocalidades do Litoral Norte, que tambm foram benefi-ciadas com aumento de postos de trabalho e melhoriados meios de transporte, contribuindo, tambm, para oprogresso econmico e social da localidade.

    Recentemente o governo do estado anunciou um pro-grama fiscal diretamente destinado s indstrias do ramopetroqumico e naval, o Acelera Bahia. Este plano temcomo objetivo reduzir em 5,75 p.p a alquota do ICMSpraticado no estado, passando de 17% para 11,25%.Melhorando a infra-estrutura de toda uma rede que

    envolve o transporte de cargas em parceria com a reduodo imposto estadual, as empresas do ramo petroqumicoobtero ganhos de produtividade, tornando-se cadavez mais competitivas, alm de atrair novas indstriasseduzidas pela reduo do imposto.

    Alm dos investimentos em infra-estrutura realizadospelo estado, destacam-se tambm os investimentos emparceria Bahia-Brasil destinados ao Programa Federalde Acelerao do Crescimento (PAC) em: infra-estrutura(R$ 3.553,8 bilhes), habitao (R$ 263,8 milhes) esaneamento (R$ 906,9 milhes).

    Para o setor agrcola, foi lanado pelo governo federal oPlano Executivo para Acelerao do Desenvolvimento eDiversificao do Agronegcio na Regio Cacaueira doEstado Bahia, oPAC do Cacau. O Plano tem investimentosprevistos da ordem de 2,2 bilhes at 2016. Para tanto,objetiva o...equacionamento das dvidas, prev investi-mentos em projetos de diversificao, produo de bio-combustveis, apoio agroindstria e a agricultura familiar

    e obras de infra-estrutura no sul da Bahia (GOVERNO...,2008 ), viabilizando o processo de atrao de indstriasde produtos finais para a regio, a partir da matria-primadestinada exportao.

    Percebe-se, portanto, que a atrao de investimentos,principalmente em infra-estrutura, relevante e temimpactos diretos nos principais segmentos da economiaque contribuem para agregar valor ao PIB baiano. Opapel do governo na atrao de investimentos privados preponderante para gerao de emprego e renda parao estado.

    CONSIDERAES FINAIS

    No primeiro trimestre de 2008, o Brasil apresentouexpanso na demanda interna, principalmente comoresultado da ampliao do consumo das famlias e dosinvestimentos. O consumo das famlias continua sendoestimulado pelas melhores condies de crdito e peloaumento da massa de rendimentos. J os investimentosrefletem a continuidade da recuperao da construocivil, de alguns setores industriais e da expanso dasimportaes de bens de capital.

    Os indicadores econmicos descritos nas sees anterio-res evidenciam que a expanso da economia brasileira nosprimeiros meses de 2008 deu-se graas ao bom desem-penho registrado em todos os setores produtivos.

    Diante desse ambiente propcio, a expectativa de analistas de que em 2008 o Pas volte a apresentar taxas decrescimento no mesmo nvel do ano anterior. A principaincerteza em relao s expectativas de crescimento daeconomia brasileira o cenrio internacional, especial-mente a crise americana e seus efeitos sobre os mercadosfinanceiros internacionais. Outro aspecto refere-se aosetor externo da economia brasileira, que deve apresen-tar forte reduo do saldo comercial em decorrncia daapreciao cambial e do excesso de importaes.

    Adicionalmente, o comportamento dos preos ao con-sumidor j afeta as taxas de juros, motivando o BancoCentral, na ltima reunio do Copom, a aumentar a taxaSelic. A repetio desse evento pode acarretar uma

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 trimestre de 2008ECONOMIAEM DESTAQUE

    retrao ao estmulo do aumento da taxa de investimento,que ainda est bastante reduzida.

    dentro deste contexto que se insere a economia baiana,

    na qual, mesmo apresentando indicadores satisfatrios, j se observa arrefecimento do ritmo de atividade aolongo do primeiro trimestre.

    Entretanto, as perspectivas para a economia baiana em2008 so positivas e esto sustentadas principalmente nodesempenho do comrcio, que j sinaliza a possibilidadede manuteno das taxas positivas, ainda que inferioress do ano anterior. Estas expectativas tendem a refletira continuidade do crescimento da massa salarial, asmelhores condies de crdito, os impactos dos pro-gramas de transferncia de renda, alm dos efeitos darecuperao do setor agrcola.

    A propsito, a agricultura vem apresentando estimativasde crescimento favorveis para a safra 2008, repetindo oexcelente resultado obtido na safra anterior, quando teveum aumento na produo de gros de 25,3%, atingindoa produo de 5,58 milhes de toneladas.

    Nesse sentido que o maior crescimento da economia

    baiana advm, fundamentalmente, da manuteno dascondies externas favorveis e do estmulo demandaagregada no curto prazo pela poltica econmica brasi-leira, com o intuito de viabilizar a acelerao nas taxasde crescimento, dando mais dinamismo s principaisatividades econmicas.

    REFERNCIAS

    ACOMPANHAMENTO CONJUNTURAL. Salvador: FIEB, 15maio 2008. Disponvel em: http://www.fieb.org.br. Acesso

    em: 15 maio 2008.ACOMPANHAMENTO da safra brasileira: gros oitavolevantamento. Braslia: CONAB, 2008a. Disponvel em:. Acesso em: 15 maio 2008.

    ACOMPANHAMENTO da safra brasileira: caf segundaestimativa. Braslia: CONAB, 2008b. Disponvel em: .Acesso em: 15 maio 2008.

    ACOMPANHAMENTO da safra brasileira: cana-de-acar primeiro levantamento. Braslia: CONAB, 2008c. Disponvelem: . Acesso em 15 maio 2008.

    BAHIA acumula 3.524 novos empregos em 2008. ConjunturaCAGED, Salvador: SEI, fev. 2008a. Disponvel em: . Acesso em: 6 maio 2008.

    BAHIA. Secretaria de Infra-Estrutura.Relatrio de gesto 2007 . [Salvador]: SEINFRA, 2008b. Disponvel em: . Acesso em: 14 maio 2008.

    BAHIA tem maior saldo de empregos formais do nordeste.Conjuntura CAGED, Salvador: SEI, jan. 2008c. Disponvelem: . Acesso em: 6 maio 2008

    Bahia tem maior saldo de emprego formal do Nordeste em2008. Conjuntura CAGED. mar. 2008. Disponvel em: . Acesso em 06 maio 2008.

    BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ata do Copom 15-16 abr.2008. [Braslia: BACEN, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 9 maio 2008.

    BRASIL. Ministrio do desenvolvimento, indstria e comr-cio.Estatsticas de comrcio exterior . Braslia: MDIC, 2008.Disponvel em: Acesso em: 15maio 2008.

    CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGDOS. Braslia: MTE, mar. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 13 mar. 2008.

    CENTRO INTERNACIONAL DE NEGCIOS DA BAHIA.Desempenho do comrcio exterior baiano . Salvador: Promo,abr. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 1maio 2008.

    CONTAS NACIONAIS TRIMESTRAIS. Rio de Janeiro: IBGmar. 2008. Disponvel em:. Acessoem: 15 maio 2008.

    CONSUMO ao dispara e usinas cortam exportaes.ValorEconmico , So Paulo, 15 maio 2008. Disponvel em: . Acesso em: 13 maio 2008.

    ESTATSTICAS mensais da distribuio.Revista Brasileira do Ao, So Paulo, v. 17, n. 100, 15 abr./15 maio 2008. Disponvelem: . Acesso em: 12 maio 2008.

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    23Conj. & Planej., Salvador, n.159, p.6-23, abr./jun. 2008

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Joo Paulo Caetano Santos,Joseanie Aquino Mendona, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    GOVERNO Federal finaliza o PAC do Cacau. Disponvel em: Acesso em: 15 maio 2008.

    LEVANTAMENTO SISTEMTICO DA PRODUO AGR-COLA. Rio de Janeiro: IBGE, abr. 2008. Disponvel em:. Acesso em: 13 maio 2008.

    LUCRO da Braskem no 1T08 alcana R$ 83 milhes. SoPaulo: Braskem, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 12 maio 2008.

    NECESSIDADE de controlar demanda divide opinies.ValorEconmico , So Paulo, 3 abr. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 3 abr. 2008.

    PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO. Salvador: SEI,mar. 2008. Disponvel em: .Acesso em: 7 maio 2008.

    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL DO EMPREGO E SAL-RIO. Rio de Janeiro: IBGE, mar. 2008. Disponvel em: . Acesso em: 12 maio 2008.

    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL. Rio de Janeiro: IBGE,mar. 2008. Disponvel em: . Acessoem: 12 maio 2008.

    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL. ndices especiais decategoria de uso por atividade. Bens de capital. Rio deJaneiro: IBGE, mar. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 12 maio 2008.

    PESQUISA MENSAL DE COMRCIO. Rio de Janeiro: IBGmar. 2008. Disponvel em: . Acessoem: 15 maio 2008.

    PESQUISA MENSAL DO EMPREGO. Rio de Janeiro: IBGEmar. 2008. Disponvel em: . Acessoem: 6 maio 2008.

    PREO do cacau teve recuperao de 54%. Salvador:SEAGRI, 2008. Disponvel em: . Acesso em: 15maio 2008.

    SAFRA recorde acentua aperto na estocagem. Salvador:SEAGRI, 2008. Disponvel em: . Acesso em 15 maio 2008.

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    ENTREVISTA

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    D e s e n v

    o l v i m e n t o s u s t e n t v

    e l

    A t r i l h a a l m

    d o s n

    m e r o s

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    ENTREVISTAJos Eli da Veiga

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    C&P Quais so as efetivas causas da atual crisemundial de alimentos e como a questo dos bio-combustveis se insere neste contexto?Jos Eli da Veiga Essa crise foi gerada por previsvel

    aumento da demanda global por alimentos e energia.Essencialmente motivado por intenso progresso mate-rial em alguns pases muito pobres que agora soemergentes, a comear por dois gigantes: China endia. S no era to previsvel a rapidez com que essaumento criaria sria disparidade com a oferta. Assim,nesse tipo de conjuntura, nada mais razovel do queconsiderar irracional, e mesmo imoral, a conversode gros alimentcios em combustvel para veculos,ou a converso para esse mesmo fim de terras comalta aptido para produo de alimentos bsicos. Oproblema saber qual est sendo a real influncia detal converso na elevao dos preos alimentares.

    C&P O Brasil tornou-se um ator estratgicointernacional, tanto no tema dos biocombust-veis quanto na produo de alimentos. O senhoravalia como seria possvel compatibilizar os doispapis?JEV O Brasil permanecer em situao razoavel-mente confortvel enquanto sua produo de etanol

    avanar sobre terras antes usadas para pastos de umdos mais revoltantes sistemas de produo de carne, j que essa troca pode ser considerada altamentebenfica para a sociedade. Todavia, se sistemas de

    O Brasil permanecer emsituao razoavelmenteconfortvel enquanto sua

    produo de etanol avanarsobre terras antes usadaspara pastos de um dosmais revoltantes sistemasde produo de carne, jque essa troca pode serconsiderada altamente

    benfica para a sociedade

    O que h de prtico e objetivono ideal de desenvolvimento

    sustentvel? O economista Jos Eli da Veiga, em entrevistaconcedida revista C&P,responde de modo instigantea esta questo, colocando otanto (e muito) que falta parase definir e pr em prticaesta idia. Professor Titular do

    Departamento de Economiada Universidade de So Paulo(USP) e autor de 15 livros euma infinidade de artigos etextos sobre temas vinculadosao desenvolvimento, elelembra que no ser possveloperacionalizar a idia de

    sustentabilidade sem que seobtenha uma definio bemmais precisa do que as maisconhecidas e badaladas.Sua fala contundente vaitambm em direo crisemundial de alimentos eenergia, ao papel do Brasil

    no contexto internacional epassa rapidamente pela brigaentre cticos e alarmistasquanto s mudanas climticas.Parece que a economia no giramais em torno do seu prprioumbigo.

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    Jos Eli da VeigaENTREVISTA

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    produo de alimentos bsicos pas-sarem a ser convertidos em sistemasde produo de energticos, ou seestes vierem a aumentar ainda mais

    os desmatamentos, o Brasil comcerteza deixar de compatibilizar osdois papis e tambm passar a seralvo de forte hostilidade da opiniopblica internacional.

    C&P A produo de biodieselno Brasil enseja uma forte pers-pectiva de incluso social, porintermdio da agricultura fami-liar, com ampla possibilidade deadaptao em regies deprimi-das e de clima semi-rido. H, defato, viabilidade socioeconmicae ambiental de insero da agri-cultura familiar na cadeia produ-tiva do biodiesel?JEV Por enquanto est muito difcilde avaliar a distncia que separa osresultados concretos da crucial inten-o do governo federal de combinar a

    produo de biodiesel com o objetivode fortalecer a agricultura familiar.

    C&P O debate mundial sobrea mudana climtica vem sendomarcado por teses e previses

    bastante antagnicas entre osconsiderados alarmistas e oscticos. Na sua opinio, quaisas principais lies herdadas

    deste debate?JEV cedo demais para se falar emlies herdadas. Por um lado, tudodeve ser feito para que os chamadoscticos possam no s continuarsuas pesquisas, como ampli-las,sem qualquer tipo de restrio quepossa vir a ser sugerida por seusopositores. Por outro lado, em termosdo debate pblico sobre o que fazersobre o aquecimento global, serbem melhor para o futuro da huma-nidade que as teses desses cticossejam simplesmente ignoradas.

    C&P Quais seriam os princi-pais alicerces em prol de um novoestilo de desenvolvimento que, defato, possa ser sustentvel?JEV Esta questo muito maiscomplexa. Por isso, qualquer res-

    posta, mesmo que parcial, sernecessariamente muito mais longaque as anteriores.

    Em primeiro lugar, no ser possveloperacionalizar a idia de desenvolvi-mento sustentvel sem que se obte-nha uma definio bem mais precisado que as mais conhecidas e bada-ladas, que pululam em documentosoficiais, de partidos e sindicatos, degrandes empresas ou de organiza-es no-governamentais. E claroque esse processo de estreitamentoda definio no pode ser arbitrrio.S ter sentido se apoiado em slidomtodo cientfico.

    O inevitvel ponto de partida a rejei-o daquela proposta to batida dese estabelecer as pontes faltantes

    entre a economia, a vida social ea base ecolgica, como se estesfossem trs sistemas independentes.De nada servem aqueles diagramascheios de flechinhas, sejam triangu-lares ou com trs esferas. Seu usos mostra o quanto se est longe dacincia (evoluo darwiniana), e maisespecificamente do conceito de co-evoluo que preside a interdepen-dncia desses trs subsistemas.

    O segundo passo tambm est ligado obrigao de se detonar arqutipoto ou mais trivial, realimentado poroutro diagrama onipresente em qual-quer manual de aprendizado da cin-cia econmica. Descreve um sistema

    No ser possveloperacionalizar

    a idia dedesenvolvimentosustentvel sem quese obtenha umadefinio bem maisprecisa do que asmais conhecidas e

    badaladas

    Ser possvelcomear a entenderos fatores biofsicos,psicolgicos,econmicos esocioculturaisque se entrelaamna idia dedesenvolvimentosustentvel.Nenhuma naopoder pegaro caminho dedesenvolvimentosustentvel se nocumprir o seguinterequisito: melhorara qualidade de vida

    de cada cidado

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    ENTREVISTAJos Eli da Veiga

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    que no dependeria de entrada deenergia solar, nem geraria rejeitos,principalmente na forma de calor.Como se a economia s girasse em

    torno de seu prprio umbigo, semnada retirar ou devolver ao restantedo universo.

    C&P Seria preciso uma visomais integrada?JEV Feitos esses dois avanosfundamentais, ser possvel come-ar a entender os fatores biofsi-cos, psicolgicos, econmicos esocioculturais que se entrelaamna idia de desenvolvimento sus-tentvel. E assim perceber quenenhuma nao poder pegar ocaminho de desenvolvimento sus-tentvel se no cumprir o seguinterequisito: melhorar a qualidade devida de cada cidado tanto nopresente quanto no futuro comum nvel de uso dos ecossistemasque no exceda a capacidade rege-

    nerativa e assimiladora de rejeitosdo ambiente natural. Quando talrequisito for cumprido, o pas cer-tamente estar contribuindo paraa manuteno dos processos evo-lutivos da biosfera.

    Todavia, justamente essa ampladefinio que no ser traduzidaem indicadores operacionais se nofor submetida a um srio processo

    de afunilamento. E no existe umatrilha segura pela qual se passeieem busca dessa preciso. Ao con-trrio, h uma verdadeira corrida deobstculos tericos, motivados prin-cipalmente pelas ambigidades quesempre caracterizaram as noes derenda, de riqueza, e de bem-estar.

    C&P E como seria possvel tra-duzir o conceito em indicadoresoperacionais?JEV A expresso desenvolvimentosustentvel denota um recente valorque pode muito bem ter emplacadono discurso, mas que continua muitolonge de se fazer sentir na prtica.E a principal razo dessa imensadistncia entre intenes e gestosest exatamente no srio conflitoentre a idia de riqueza e a consa-

    grada maneira de se medir o nvel daatividade econmica (via produto ourenda). Ou pior: no abuso de us-lacomo se tambm pudesse servirpara avaliar coisas bem diversas,tais como a qualidade de vida, o bem-estar, e, sobretudo, o progresso e acivilizao.

    Apesar de j existirem mtodos bemrazoveis para se estimar a evoluodesses outros anseios, uma pro-funda inrcia institucional faz comque tudo continue girando apenasem torno dos toscos PIB e seu percapita, que no passam de precriasaproximaes da renda das naese dos indivduos.

    Tudo parece indicar que no haverindicador que consiga revelar

    simultaneamente grau de susten-tabilidade do processo socioecon-mico e grau de qualidade da vidaque dele decorre. Talvez sejam doislados de uma mesma moeda, masnenhum mtodo contbil ou esta-tstico parece permitir que ambos

    sejam expressos por uma nica fr-mula sinttica.

    Isso significa que a nica maneira debem utilizar indicadores disponveispara a orientao de polticas requernecessariamente alguma consor-ciao. Por exemplo, o emprego doIndicador de Genuno Progressoao lado da Pegada Ecolgica (comsua inerente comparao biocapa-cidade, expressa em dbito ecol-gico) pode mostrar se um pas estse aproximando ou excedendo seunvel macroeconmico timo. Ou,ainda mais crucial, a que distnciase encontra de seu ponto mximode sustentabilidade. A combinaodesses dois indicadores capaz derevelar possibilidades de declnio eco-nmico e de catstrofe ecolgica.

    A expressodesenvolvimento

    sustentvel denotaum recente valorque pode muito

    bem ter emplacadono discurso, masque continua muitolonge de se fazersentir na prtica

    Tudo pareceindicar que nohaver indicador

    que consiga revelarsimultaneamentegrau desustentabilidadedo processosocioeconmico egrau de qualidadeda vida que deledecorre

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    ARTIGOS

    Diagnsticos antigos, dilemasatuais: perspectivas para acaprinocultura no nordestesemi-rido da Bahia

    Andr Pomponet*

    Embora ainda no esteja entre os mais importantes segmentoseconmicos do estado, a caprinocultura est h sculos dissemi-nada no nordeste semi-rido da Bahia. Nos ltimos anos houveavanos significativos, com investimentos governamentais em

    infra-estrutura, voltados para consolidar a atividade entre osagricultores familiares.

    Mas, em uma regio em que as oportunidades econmicas soescassas em funo de uma srie de limitaes, a caprinoculturase coloca como uma alternativa para a gerao de emprego erenda capaz de induzir o desenvolvimento local. Para tanto, porm, necessrio que a atividade se profissionalize, modificando ocarter de subsistncia que atualmente a caracteriza.

    O objetivo do presente texto apresentar uma anlise no exaustivada caprinocultura no nordeste semi-rido da Bahia, descrevendoo estgio atual e apontando as necessidades que se impem natransio para a profissionalizao da atividade e para o acessoaos mercados dos grandes centros urbanos.

    Embora a delimitao no seja rigorosa, considera-se como plo capri-nocultor do nordeste semi-rido a regio que abrange os seguintesterritrios de identidade: Serto do So Francisco, Itaparica, Sisal, Pie-monte do Itapicuru e Semi-rido Nordeste II (SUPERINTENDNCIA

    * Economista e Especialista em Polti-cas Pblicas e Gesto [email protected]

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    ARTIGOSAndr Pomponet

    DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA,2007). A regionalizao atravs dos territrios de identi-dade serviu para a elaborao do Plano Plurianual 2008-2011 e coincide com a maior regio caprinocultora baiana

    mapeada pela Companhia Nacional de Abastecimento(CONAB, 2006).

    A CABRA E O SEMI-RIDO

    No existem informaes precisas sobre quando ascabras foram introduzidas no nordeste semi-rido daBahia. Domesticado pelo homem h cerca de dez milanos, o animal provavelmente foi conduzido aos sertesbaianos por expedies responsveis pela expanso dapecuria bovina nos sculos XVI e XVII. Com efeito, o Valedo So Francisco, uma das primeiras regies ocupadaspara a criao de gado, ainda hoje concentra boa partedo rebanho caprino da Bahia, estimado em cerca dequatro milhes de animais, sendo que 80% do total estona poro semi-rida do estado (CONAB, 2006).

    Numa regio em que a pecuria de corte voltada parao abastecimento dos centros urbanos do litoral era a

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    Diagnsticos antigos, dilemas atuais: perspectivas para a caprinocultura no nordestesemi-rido da BahiaARTIGOS

    nica atividade econmica relevante, a caprinoculturafoi incorporada ao circuito da economia de subsistncia.Assim, a criao de cabras foi combinada aos cultivosde milho, feijo e mandioca, fornecendo protena animal

    atravs da carne e do leite. Nos anos em que as estia-gens arrasavam as plantaes, as cabras estavam entreas nicas alternativas alimentares e, ao mesmo tempo,constituam a nica fonte de renda dos agricultores maispobres. Nessas ocasies, at mesmo o rebanho bovinoera dizimado ou migrava para regies onde houvessereservas de pasto e gua.

    O segredo do sucesso da cabra no semi-rido baiano,registre-se, foi a excepcional capacidade de adaptao doanimal s condies edafoclimticas adversas. A regiocombina baixa precipitao pluviomtrica anual (mdiade 800mm), elevadas temperaturas mdias anuais (entre23 e 27 graus Celsius) e grande insolao, estimada em2.800 horas por ano. Como dificuldade adicional, h aimensa irregularidade das chuvas: mesmo nos anosconsiderados normais, o ciclo chuvoso se estende porapenas trs meses, em mdia, e, quando h estiagem,essa s vezes se prolonga at por anos seguidos, tornandoimpraticvel qualquer atividade agrcola e dizimando osrebanhos. Alm da variabilidade temporal, o regime plu-

    viomtrico do semi-rido apresenta tambm expressivadisperso espacial.

    A rudeza do clima naturalmente se reflete sobre a vegeta-o semi-rida, cujo bioma mais conhecido como caa-tinga. As plantas apresentam caractersticas xerofticas,com folhas finas ou inexistentes e muitos espinhos, comestratos compostos por gramneas, arbustos e rvorescuja altura oscila entre trs e sete metros. Ao contrriodo que se pensou durante muito tempo, a caatinga semi-rida apresenta uma grande diversidade de flora e fauna.Algumas plantas, como o mandacaru e o umbuzeiro, tma caracterstica de armazenar gua em seu interior paraenfrentar os perodos de seca.

    Mas, mesmo com todas as dificuldades apontadas acima,o caprino adaptou-se regio. E se multiplicou, j que,em 2004, dos 10 milhes desses animais existentes noBrasil, cerca de 93% estavam no Nordeste e 80% delespovoavam o semi-rido. Essa realidade no surpreende, j que aproximadamente 94% do rebanho mundial se

    encontram em pases em desenvolvimento (CONAB,2006). Castro (1984) ressalta essa imensa capacidade deadaptao, j que se pode encontrar cabras desde o altoe frio Himalaia at as quentes savanas africanas.

    Combinada capacidade de resistir s adversidadesclimticas, a cabra apresenta outra grande virtude que,aos poucos, foi sendo percebida pela populao do semi-rido: a sintonia com a atividade de subsistncia praticadana regio. Uma das vantagens que a dieta alimentardo animal no rivaliza com a humana, principalmente nque se refere ao consumo de gros (CAVALCANTI; SIL1988). Assim, a alimentao dos rebanhos no dependedas safras incertas que, por vezes, so incapazes desuprir at mesmo as necessidades da populao. Outravantagem que caprinos e bovinos podem ser criadosem regime de consrcio, j que nesse caso tambm noexiste competio pela alimentao, pois as dietas sodiferentes. Por fim, a criao pode ser consorciada aindacom os tradicionais cultivos de milho e feijo, alm damamona e sisal (CAVALCANTI; SILVA, 1988). Esses dltimos, inclusive, so cultivados em municpios queconstituem importantes plos caprinocultores.

    Todas essas vantagens deveriam tornar a cabra um

    animal amplamente valorizado no semi-rido h sculosInfelizmente, porm, no foi esta a realidade. Conhecidpejorativamente como vaca de pobre, a cabra semprefoi objeto de injustificvel depreciao, sendo inclusiveassociada ao demnio, ou sendo classificada como filhado demnio (CASTRO, 1984, p. 70). Esse preconceitono exclusivo dos brasileiros, j que na Espanha, em1826, determinou-se o extermnio desses animais sob aalegao de que eles causavam danos s arvores dasflorestas. E nos Estados Unidos, quem se dedicava criao de cabra leiteira era ridicularizado. Somente naFrana havia algum reconhecimento, pois o animal erachamado de vaca democrtica, por ser acessvel at populao mais pobre (CASTRO, 1984).

    Note-se, conforme atesta o prprio Castro (1984), que omaior preconceito em relao cabra leiteira partia principalmente dos grandes fazendeiros baianos, que preferiamse dedicar criao de gado. Entre os mais pobres, con-tudo, havia alguma valorizao, pois muitos mantinham chamada cabra de corda, animal domstico responsvel

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    pelo fornecimento de leite para as famlias, principalmentepara as crianas pequenas que no dispunham do similarbovino. Desses animais s se desfaziam em casos deextrema necessidade financeira.

    S nas dcadas mais recentes a caprinocultura passoua ser objeto de ateno oficial. Isso quando se perce-beu que o animal, adaptado s condies inspitas dacaatinga, poderia contribuir com o desenvolvimentoda regio, gerando oportunidades de negcios para asfamlias mais pobres, colaborando para evitar os fluxosmigratrios e constituindo importante fonte de protenaanimal numa regio em que a segurana alimentar ainda um desafio.

    o que ser discutido na seo seguinte.

    DA CAPRINOCULTURA DESUBSISTNCIA...

    A caprinocultura passou ao largo dos grandes projetosde desenvolvimento para o Nordeste. Ao final da dcadade 1970, a situao no era muito diferente da vigente em

    decnios anteriores. Em 1979, por exemplo, a populaoresidente no nordeste da Bahia, principal plo capri-nocultor, enfrentava um conjunto de dificuldades querestringia o desenvolvimento da regio. A renda familiarera considerada muito baixa, as instalaes sanitriasdas residncias eram muito precrias e o analfabetismoe o semi-analfabetismo eram comuns entre os chefesde famlia. Mesmo quem possua alguma escolaridadeno ia alm do antigo curso primrio (BAHIA, 1979).O prprio governo baiano reconhecia deficincias nasreas de sade e de educao e a situao difcil em queviviam os agricultores familiares da regio residiam emcasas pobres e mal-conservadas e os demais bens serestringiam a um chiqueiro rstico, uma aguada e umcercado onde se cultivava palma ou que era reservadopara outros cultivos anuais (CENTRO DE PLANEJA-MENTO DA BAHIA, 1980).

    As limitaes que afetavam o capital humano atingiamtambm a infra-estrutura. O estudo da SEPLANTEC(BAHIA, 1979) diagnosticou que o nmero de cacimbas

    era insuficiente e a capacidade de reter a gua nosescassos perodos chuvosos era baixa, problema que setornava ainda mais dramtico em funo da evaporaoelevada. Em geral, o nmero de reas cercadas, aguadas,pastos artificiais e apriscos era reduzido, restringindo aspossibilidades de desenvolvimento da atividade (CENTRDE PLANEJAMENTO DA BAHIA, 1980).

    A infra-estrutura viria tambm era ruim. Alm de poucasas estradas quase sempre eram apenas carroveis e aspavimentadas apresentavam estado ruim de conservao. poca, no nordeste da Bahia, somente duas rodoviaseram asfaltadas: a BR 407, que corta a regio na direo

    Norte-Sul, e a BR 235, na direo Oeste-Leste. Essa ltimporm, s tinha asfalto em um trecho de 130km, a partirde Juazeiro (CENTRO DE PLANEJAMENTO DA BAH1980). O Rio So Francisco, que poderia se constituirem via alternativa para o escoamento da produo, eranavegvel em apenas alguns trechos (BAHIA, 1979).

    Como dificuldade adicional, os caprinocultores enfren-tavam restries referentes ao acesso ao crdito e assistncia tcnica. Como muitos no apresentavamsituao fundiria regular (viviam em propriedades cujottulo de posse no detinham), o crdito bancrio eranegado. Ora, como o crdito era atrelado oferta deassistncia tcnica, somente cerca de 1% dos produtorescontava com o assessoramento tcnico (CENTRO DEPLANEJAMENTO DA BAHIA, 1980). O governo estaque poderia suprir a demanda, dispunha de apenas doistcnicos em Juazeiro.

    A combinao dessas dificuldades implicava, por sua vezem inmeros vcios no manejo dos caprinos. Mantendo

    Como dificuldadeadicional, os caprinocultoresenfrentavam restriesreferentes ao acesso ao crditoe assistncia tcnica

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    Diagnsticos antigos, dilemas atuais: perspectivas para a caprinocultura no nordestesemi-rido da BahiaARTIGOS

    uma tradio dos sculos anteriores, a criao era pra-ticada em sistema extensivo, com pouco ou nenhumcontrole sobre a mobilidade dos animais. Essa mobi-lidade era facilitada pela ausncia ou fragilidade das

    cercas, permitindo que os rebanhos vagassem pelacaatinga em busca de alimento. A frouxido dos limitesdas propriedades desestimulava os criadores a cultivaras plantas mais adequadas alimentao dos caprinos,o que colaborava para empobrecer a flora e reduzir aprodutividade.

    Somente nos perodos de reproduo os criadores reco-lhiam os animais para os apriscos, quando outros proble-mas ficavam evidentes. Um deles era o prprio aprisco;construdo sem qualquer cuidado, representava apenasum cercado de madeira sem cobertura. Outro era apromiscuidade decorrente do confinamento de animaisde espcies diferentes, o que favorecia a proliferao dezoonoses e elevava a mortalidade. No era raro se veratravs da caatinga cabras com infeces decorrentesde partos e abortos, fraturas, bicheiras e at mesmoleses resultantes de ataques de outros animais, comoonas (CENTRO DE PLANEJAMENTO DA BAHIA, 1980). Aausncia de conhecimentos tcnicos provocava pressesinclusive sobre o prprio meio-ambiente, pois o mesmo

    Centro de Planejamento da Bahia (1980) diagnosticou asobreexplorao do espao de pastoreio, degradandono apenas a vegetao, mas tambm as aguadas, comvermes e outros elementos patolgicos.

    Tantas dificuldades na etapa produtiva da cadeia natu-ralmente iam se refletir sobre a dimenso comercial. Noincio da dcada de 1980, somente dois produtos de origemcaprina alcanavam alguma importncia no mercado: acarne e a pele. A carne, conforme mapeamento posterior,era destinada ao autoconsumo (cerca de 13% da produo)ou comercializao em municpios prximos (75% dototal produzido). O restante era destinado ao mercadosergipano, que no fica distante (CAVALCANTI; SILVA,1988). Na cadeia comercial, os atravessadores desempe-nhavam um papel importante, revendendo quase metadeda produo, e os prprios produtores encarregavam-se decomercializar 20% do total (CAVALCANTI; SILVA, 1988). Atcaminhoneiros envolviam-se com o negcio, comprandoos animais vivos para revend-los em Pernambuco, Ser-gipe, Alagoas e at mesmo em So Paulo (CENTRO DE

    PLANEJAMENTO DA BAHIA, 1980). J a pele, emboconsiderada nobre, era subaproveitada por sofrer danosnas etapas de esfolamento e curtimento ou apresentavaestragos decorrentes de infeces nos animais (CENTRODE PLANEJAMENTO DA BAHIA, 1980).

    Mas, mesmo com todos esses problemas, a caprinocul-tura seguia cumprindo a funo relevante de conter osfluxos migratrios nos perodos de estiagem prolongadae constituindo parte importante da dieta da populaosemi-rida (CAVALCANTI; SILVA, 1988). Quando a sedizimava ou reduzia as colheitas de feijo, mandioca emilho, a caprinocultura assumia a condio de principal

    ou nica fonte de renda das famlias mais pobres.

    Contudo, poca, j existia a conscincia de que aatividade precisava se profissionalizar para satisfazera demanda potencial dos grandes centros urbanos.Comeou ento a se estruturar, lentamente, nos quasetrinta anos que se seguiram.

    ... CAPRINOCULTURA DE MERCADO

    Entre 1975 e 2003, o rebanho caprino brasileiro saltou de7,1 milhes para 9,5 milhes de animais, um avano de35%. No Nordeste, esse salto foi de 36%, passando de 6milhes de cabeas para 8,9 milhes, segundo dados doIBGE (apud MARTINS; GARAGORRY; CHAIB FILHOS a microrregio de Juazeiro detinha 1,6 milho de ani-mais, integrando ao lado de Itaparica (PE) e Campo Maio(PI) as trs maiores microrregies do pas, que detinham25% do rebanho nacional. Em 2004, a Bahia tinha 3,92milhes de caprinos, ou 39% do total brasileiro.

    A caprinocultura s ganhoumaior espao no planejamentoda Bahia, merecendo umprograma exclusivo, no PlanoPlurianual 2003-2007

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    O dado mais animador, porm, que a densidade decaprinos por quilmetro quadrado aumentou substan-cialmente nas maiores microrregies produtoras noperodo considerado (MARTINS; GARAGORRY; CHAIB

    FILHO, 2006). Em Juazeiro, por exemplo, o nmero deanimais por quilmetro quadrado pulou de 14,32 em1975 para 30,14 em 2003. Esse aumento de mais de 100%sinaliza uma substancial elevao da produtividade e um indcio de que grandes dificuldades enfrentadas hcerca de 30 anos foram sendo superadas. Uma anlisedas polticas governamentais implementadas no perodoreforam esse raciocnio.

    A primeira vez que a caprinocultura figurou no PlanoPlurianual da Bahia ocorreu no perodo 1996-1999. Nele,previu-se incentivo atividade atravs de cursos paraprodutores, assistncia tcnica e realizao de pesquisas(BAHIA, 1995). No planejamento seguinte (2000-2003), otreinamento de produtores rurais no nordeste semi-ridoe na regio do So Francisco teve investimento estimadode R$ 214 mil, mas incluindo a ovinocultura (BAHIA, 1999,p. 180). R$ 8 mil foram destinados ao treinamento detcnicos e outros R$ 8 mil foram aplicados em projetosde pesquisa (BAHIA, 1999).

    A caprinocultura s ganhou maior espao no planeja-mento da Bahia, merecendo um programa exclusivo, noPlano Plurianual 2003-2007. Nele foi includo o ProgramaCabra Forte, que previu a interveno do Estado naimplantao de infra-estrutura hdrica e a capacitaode mo-de-obra para elevar a produo e a produtividade(BAHIA, 2003, p. 154-155). No final do perodo em quevigorou, o Programa havia atendido aproximadamente 33mil produtores de 50 municpios, envolvendo os governosestadual e federal, j que instituies com o Banco doNordeste e o Banco do Brasil foram mobilizados paraofertar recursos do Pronaf (PROGRAMA..., 2006).

    At agosto de 2006, o Programa investiu na escavaode 7.599 cisternas voltadas para fornecer gua potvelpara famlias de pequenos produtores , 420 sistemassimplificados de abastecimento de gua, 514 poos eforam construdas 37 barragens. Outra iniciativa foi aimplantao de 100 hectares de pastagens, responsveispela produo de 40 mil fardos de feno por ms, sobgesto de uma cooperativa (PROGRAMA..., 2006). Outras

    medidas adotadas foram a disponibilizao de assistnciatcnica para os 35 mil produtores cadastrados, a impor-tao de 60 embries de caprinos e ovinos e a aquisiode uma unidade mvel de sanidade animal, batizada

    como Bode Mvel (PROGRAMA..., 2006). Note-se questes nmeros incluem tambm produtores dedicados criao de ovinos.

    A ao mais original, porm, foi a incorporao da caprnocultura do semi-rido baiano ao Programa de Aquisiode Alimentos (PAA), estratgia integrante do ProgramaFome Zero. Com o PAA, o governo federal adquire a prduo de agricultores familiares com o propsito de gerarum fluxo de renda que permita ao produtor arcar com oscustos de produo, reaplicar o excedente no negcio e,ao mesmo tempo, sustentar a famlia. A aquisio se datravs da Compra Antecipada com Doao Simultnea(CAEAF), formalizada com associaes e cooperativas dagricultores familiares, que se comprometem a entregaros produtos diretamente na instituio beneficiada pelocontrato (CONAB, 2006, p. 8).

    Na Bahia, dois produtos derivados da caprinocultura foramcontemplados pelo PAA: o leite e a carne. Os contratosforam firmados com a Associao de Desenvolvimento

    Sustentvel e Solidrio da Regio Sisaleira (APAEB) e coa Associao dos Pequenos Produtores e Apicultores daFazenda Santarm, no valor total de R$ 1,1 milho. Forabeneficiados 447 produtores nos dois municpios-sededas entidades: Valente e Casa Nova. O detalhe que ocontrato com os produtores da Fazenda Santarm teveque ser alterado, j que as entidades beneficiadas coma aquisio da carne caprina no dispunham de freezers para conservar o produto. A soluo encontrada foi substituir a carne por outros produtos (CONAB, 2006, p. 8).

    Essas medidas, adotadas ao longo de quase 30 anos,colaboraram para estruturar a caprinocultura no nor-deste semi-rido da Bahia, consolidando-a como umadas principais atividades de subsistncia. Mas, em umaregio que apresenta limites em relao disponibilidadede recursos naturais e que tem a caprinocultura comouma das principais atividades econmicas, necessrioir alm e estimular a profissionalizao dos produtores,bem como redirecionar seus esforos para o mercado. Osefeitos de tal estratgia so bvios: gerao de emprego e

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