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    Desde seu primeiro nmero, em junho de 1994,a revista Conjuntura & Planejamento vem se re-novando, a fim de proporcionar informao de

    qualidade aos diversos agentes econmicos e sociedade. Ao longo desses 13 anos, marcahistrica para uma publicao de carter regio-nal, a C&P passou por mudanas grficas e decontedo editorial.

    A busca pela qualidade permitiu a indexao daC&P no Ulrichs Internacional Periodcs Directorye no Qualis, rgos que avaliam a qualidade daspublicaes e seu contedo tcnico-cientfico.

    Dando continuidade a esse processo de mo-dernizao, a C&P apresentar uma nova mu-dana. A partir de abril de 2007 a sua periodici-dade ser alterada, deixando de ser veiculadamensalmente, para assumir um carter trimes-tral. Nessa mudana est prevista, tambm, aampliao do seu contedo, com a inclusode novas sees. Nesse sentido, o espao re-servado s anlises ser aumentado, para quepossa ser divulgado um maior e mais diversifi-cado conjunto de informaes. Essa alterao

    possibilitar equipe de acompanhamentoconjuntural da SEI realizar anlises mais densase aprimoradas sobre o desempenho da econo-mia baiana, permitindo uma melhor leitura e in-terpretao dos seus principais indicadores.

    Aproveitamos para informar aos nossos assi-nantes que os exemplares mensais adquiridossero convertidos, a partir de junho, para oformato trimestral. Ao mesmo tempo ser dis-ponibilizado no site da SEI um boletim com os

    principais indicadores econmicos e sociais daBahia, atualizados mensalmente.

    Salientamos que o acompanhamento rigorosoe ininterrupto da conjuntura econmica, quetornou a C&P referncia na qualidade da infor-mao sobre a economia baiana, ser mantidocom a nova periodicidade.

    Com essa nova mudana, entendemos estarcontribuindo para a melhoria sistemtica da

    publicao e contamos com a permanenteconfiana dos assinantes, colaboradores dacomunidade tcnico-cientfica da Bahia, assimcomo do corpo tcnico da SEI, que fizeram daConjuntura & Planejamento uma revista nacio-nalmente reconhecida.

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    4 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.4-14, Maro/2007

    Economia baiana em 2006 e expectativaspara 2007

    Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana

    Pacheco, Joo Paulo C. Santos, Joseanie Mendona,

    Ncia Santos, Patrcia Cerqueira*

    * Economistas e membros da equipe tcnica da CAC (Coordenao deanlise conjuntural).

    O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil,em 2006, frustrou as expectativas dos analistas mais oti-mistas, que apostaram em taxas acima de 3%. Segundodados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica(IBGE), esse indicador situou-se em 2,9%, sendo propi-ciado, sobretudo, pelo crescente consumo de bens du-rveis por parte da demanda domstica. Setorialmente,a indstria e a agropecuria pesaram sobremaneira nocrescimento da economia brasileira em 2006. Em ter-

    mos de PIB, a agropecuriacresceu 3,2%, a indstria3,0%, e osservios2,4%. Dentro do setor industrial des-tacam-se o crescimento da extrativa mineral(5,6%) e daconstruo civil (4,5%). No setor de servios tem-se ocrescimento significativo do comrcio(4,0%).

    No setor industrial, segundo dados da Pesquisa In-dustrial Mensal (PIM) elaborada pelo IBGE, registrou-se um crescimento na produo fsica industrial noPas de 2,8% em 2006; no ano anterior o resultado foida ordem de 3,1%. Na composio desse resultado,as atividades que tiveram bons desempenhos e im-pactaram o desempenho global do indicador foram:mquinas para escritrio e equipamentos de informti-ca (51,6%);indstria extrativa(7,4%);mquinas e equi-pamentos (4,0%);mquinas, aparelhos e materiais el-tricos (8,7%);alimentos (1,8%); ebebidas (7,2%). Osdestaques negativos foram:madeira(-6,9%); vesturio(-5,0%) eoutros produtos qumicos (-0,9%).

    Por categorias de uso, a maior taxa observada foi em

    bens de consumo durveis(5,8%), em conseqncia doaumento generalizado nos seus diversos subsetores,

    principalmente automveis (5,1%) e eletrodomsticos(10,0%). O segmento de bens de capital tambm exi-biu crescimento acima da mdia nacional, avanando5,7%, apoiado principalmente no dinamismo do setor deinformtica (bens de capital de uso misto cresce 11,5%),mas tambm nos resultados de bens de capital parafins industriais (5,3%) e dos segmentos relacionados infra-estrutura, como a produo demquinas e equipa-mentos para energia eltrica (22,2%) e para construo

    (8,2%). Dentre os principais resultados negativos, citam-se os subsetores debens de capital agrcolas (-16,5%) edebens de capital para transporte (-1,6%).

    O desempenho do setor industrial nacional reflexoda manuteno das condies de crdito, da maiorestabilidade do mercado de trabalho e do aumentoda massa salarial no perodo, alm de se beneficiar dodinamismo das exportaes de commodities, como o caso da indstria extrativa (minrios de ferro e petr-leo) e da alimentcia (acar). O grupo de atividadesque se destacou em 2006 possui estreita relao comos crescimentos dos segmentos de bens de consumodurveis e de bens de capital, principais impulsiona-dores do ndice global.

    Considerando-se o comrcio exterior, a balana co-mercial brasileira alcanou US$ 46 bilhes em 2006,resultado de exportaes de US$ 137 bilhes e impor-taes de US$ 91 bilhes. As exportaes cresceram

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    5Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.4-14, Maro/2007

    Carla do Nascimento et al.

    16% em relao ao mesmo perodo, ao passo que asimportaes tiveram aumento de 24%, invertendo atendncia observada nos ltimos anos, quando as ex-portaes sempre cresciam acima das importaes.

    No tocante atividade agrcola, estimativas do IBGE,por meio do Levantamento Sistemtico da Produo

    Agrcola (LSPA), apontaram um crescimento da safra2006 no pas em relao safra 2005 de treze produ-tos, dentre os vinte cinco produtos analisados: batata-inglesa 2 safra (7,7%), batata-inglesa 3 safra (3,3%),caf em gro (21,2%), cana-de-acar (8,3%), cebola(6,4%), feijo em gro 1 safra (11,2%), feijo em gro2 safra (26,0%), laranja (1,1%), mandioca (3,6%), mi-lho em gro 1 safra (15,7%), milho em gro 2 safra(38,7%), soja em gro (2,1%) e sorgo em gro (4,9%).

    Entretanto, observou-se variao negativa em: al-

    godo herbceo em caroo (21,3%), amendoim emcasca 1 safra (13,2%), amendoim em casca 2 sa-fra (31,2%), arroz em casca (13,0%), aveia em gro(25,8%), batata-inglesa 1 safra (7,0%), cacau emamndoa (13,5%), cevada em gro (40,6%), feijo emgro 3 safra (12,4%), mamona (42,6%), trigo em gro(49,1%) e triticale (26,8%).

    A safra total brasileira (primeira, segunda e terceirasafras), de cereais, leguminosas e oleaginosas, em2006, alcanou produo de 116,6 milhes de tone-

    ladas, contra 112,6 milhes de toneladas colhidasna safra passada, registrando, portanto, um acrs-cimo de 3,6%, o que representou um ganho de 4,0milhes de toneladas entre uma temporada e outra.A rea colhida alcanou o patamar de 45,5 milhesde hectares, contra 47,6 milhes de hectares colhidosem 2005, ou seja, um decrscimo de 4,4%. Em ter-mos absolutos, a produo de cereais, leguminosase oleaginosas ficou assim distribuda pelas GrandesRegies: Sul, 48,2 milhes de toneladas; Centro-Oes-te, 39,7 milhes de toneladas; Sudeste, 15,8 milhesde toneladas: Nordeste, 9,6 milhes de toneladas; eNorte, 3,3 milhes de toneladas.

    Pelo lado da demanda, observa-se que ocorreu umaumento no consumo por parte dos baianos, quepode ser fundamentado com base nos dados da Pes-quisa Mensal do Comrcio (PMC) do IBGE. Em 2006,o varejo apresentou crescimento de 6,2% para o volu-me de vendas, e a receita nominal obteve incrementode 7,3%. Por atividades, comparando-se a 2005, os

    segmentos que compem o comrcio varejista apre-sentaram os seguintes resultados para o volume devendas: hipermercados, supermercados, produtosalimentcios, bebidas e fumo (7,6%); mveis e eletro-domsticos (10,3%); outros artigos de uso pessoal edomstico (17,1%); equipamentos e materiais paraescritrio, informtica e comunicao (30,1%);artigosfarmacuticos, mdicos, ortopdicos e de perfumaria(3,7%);tecidos, vesturio e calados (2,0%); e livros,jornais, revistas e papelaria (0,5%).

    A atividade decombustveis e lubrificantes apresen-ta, pelo segundo ano consecutivo, resultado negativono volume de vendas, ao registrar variao acumu-lada de -8,1% no ano de 2006. O desempenho dosegmento de combustveis e lubrificantes deve-sebasicamente racionalizao na demanda de com-bustveis automotivos, com conseqente mudanana estrutura de consumo dos produtos do setor, emque o item de maior preo (a gasolina) vem sendoprogressivamente substitudo pelos mais baratos (l-cool e, principalmente, GNV). Este processo, que foimotivado pelos sucessivos aumentos de preos doscombustveis em geral, vem sendo facilitado pela ex-panso da oferta de gs veicular e pelo crescimentoda frota de carros modelo flex.

    Por outro lado, fatores como aumento da massa sa-larial e estabilidade dos preos dos produtos bsicosfavoreceram o segmento de hiper e supermercados,enquanto o ramo de mveis e eletrodomsticos foibeneficiado pelas condies favorveis ao crdito ao

    consumidor, melhoria do rendimento real dos traba-lhadores e queda nos preos devido concorrnciados produtos importados. Da mesma forma,outros ar-tigos de uso pessoal e domsticofoi influenciado pelocomportamento dessas mesmas variveis.

    Algumas perspectivas podem ser colocadas para aeconomia brasileira em 2007. Em termos de produ-o agrcola, a segunda estimativa do IBGE para asafra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosasindica uma produo da ordem de 129,4 milhes de

    toneladas, sendo maior 1,2% que a prevista em janei-ro (127,9 milhes de toneladas), e superior em 11,0%

    A rea colhida alcanou o patamar

    de 45,5 milhes de hectares,

    contra 47,6 milhes de hectares

    colhidos em 2005

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    Economia baiana em 2006 e expectativas para 2007

    obtida em 2006 (116,6 milhes de toneladas). Comrelao rea plantada, em 2007, apresenta uma re-trao de apenas 0,1% em relao ao ano anterior,situando-se em 45,4 milhes de hectares. Entre osprodutos investigados, a soja e o milho 1 safra soos que apresentam maiores reas plantadas, com20,7 e 9,4 milhes de hectares cultivados em 2007,

    respectivamente.

    Para o setor industrial prev-se uma acomodao doritmo de crescimento. Em janeiro de 2007, j descon-tadas as influncias sazonais, a produo industrialregistrou variao negativa de 0,3% frente a dezem-bro de 2006, aps uma seqncia de trs resultadospositivos, perodo em que acumulou crescimento de1,8%. Na comparao com janeiro de 2006, a inds-tria assinala avano de 4,5%. O indicador acumuladonos ltimos doze meses (2,9%) fica praticamente igualao resultado de dezembro (2,8%).

    Para o ano de 2007, espera-se uma reverso de ten-dncia de crescimento da economia a partir do PAC(Plano de Acelerao do Crescimento), cujo cerne in-clui: investimentos em infra-estrutura; estmulo ao cr-dito e financiamento; melhora do ambiente de inves-timento; desonerao e aperfeioamento do sistematributrio; e medidas fiscais de longo prazo.

    Dentre as medidas j adotas ou a serem adotadas nombito do PAC citam-se: investimento de R$ 503,9bilhes em infra-estrutura nos prximos quatro anos;reduo do spreadbsico do BNDES de 1,5% para0,5% ao ano para projetos de usinas hidreltricascom potncia superior a dois mil MW mdios; est-mulo ao crdito atravs de sucessivas redues dataxa de juros de longo prazo (TJLP) para o financia-mento de longo prazo e com isso reduzir os custosdos investimentos em infra-estrutura; medidas paramelhora do ambiente de investimentos que incluem

    desde o marco legal das agncias reguladoras, lei dogs natural, at a reestruturao do Sistema Brasi-leiro de Defesa da Concorrncia; reduo da cargatributria e renncia fiscal de mais R$ 1,41 bilho em2007; controle dos gastos atravs do aumento anualda folha de salrios do funcionalismo pblico (inclu-sive inativos) limitado inflao (IPCA) acrescida deum reajuste real de 1,5% ao ano para cada um dostrs poderes. A medida ir vigorar por 10 anos e temcomo objetivo conter a despesa de pessoal em rela-

    o ao PIB e reajustar o valor do salrio mnimo deacordo com a inflao (INPC) mais a taxa de cres-

    cimento real do PIB com dois anos de defasagem,no perodo compreendido entre 2008 e 2011. Essamedida est prevista para at 2023.

    O governo federal tem como

    metas para 2007 um PIB de4,5%, taxa SELIC de 12,2%, taxa

    de inao de 4,1%, e de 4,25%

    para o resultado primrio em

    percentual do PIB

    Com base nessas medidas, o governo federal tem

    como metas para 2007 um PIB de 4,5%, taxa SELICde 12,2%, taxa de inflao de 4,1%, e de 4,25% para oresultado primrio em percentual do PIB.

    No entanto, o Instituto de Pesquisa Econmica Apli-cada (IPEA) revisou sua projeo de crescimento doPIB para o ano de 2007, situando-a em 3,7%, bemdistante dos 4,5% que o governo anunciou quandodo lanamento Plano de Acelerao do Crescimen-to. Dessa forma, confirmada a projeo do IPEA, aeconomia brasileira poder crescer novamente a uma

    taxa modesta.

    dentro deste cenrio que se insere a economiabaiana, com o pas apresentando ainda elevadas ta-xas de juros (atualmente em torno de 12,75%), redu-zidos aumentos da renda real, leve recuperao dosinvestimentos e manuteno dos elevados volumesde exportao.

    Considerando-se a conjuntura baiana, a trajetriada taxa de variao trimestral em relao ao mesmo

    trimestre de 2005 revela que o resultado para o PIBda Bahia ficou abaixo das expectativas em 2006. Osresultados consolidados, divulgados pela Superinten-dncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia(SEI), mostram recuo das taxas no segundo trimes-tre, apesar de no ltimo trimestre ocorrer uma leverecuperao. Partindo de uma variao de 4,6% nostrs primeiros meses de 2006, essa taxa reduziu-secontinuamente: passou para -1,5% no segundo tri-mestre, apresentou pequena recuperao no terceiro,

    chegando a 1,8%, e obteve significativo incrementono quarto, quando atingiu 5,2%. Ainda assim, a taxa

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    Carla do Nascimento et al.

    de crescimento acumulada no ano (variao no anocom relao ao mesmo perodo do ano anterior) norespondeu s expectativas. Observa-se que a taxainiciou 2006 em 4,6%, passou para 1,3% e 1,5% nosegundo e terceiro trimestres, respectivamente, e acu-mula 2,4% no quarto trimestre.

    O desempenho do PIB da Bahia foi frustrado principal-mente pela queda no setor agrcola e pelo baixo cres-cimento do setor industrial. Na taxa de crescimentoacumulada no ano, o setor agropecurio caiu 4,4%, aindstria (extrativa mineral, transformao, construocivil e servios industriais de utilidade pblica) aumen-tou 2,7% e o setor de servios cresceu 3,6%.

    Os aspectos que mostram o comportamento des-ses setores esto melhor evidenciados nas seesseguintes.

    AgriculturaA agricultura brasileira e, em especial, a agricultura baia-na enfrentaram uma srie de dificuldades no ano de2006. O panorama desfavorvel do setor decorrente,principalmente, das quebras de safras nas regies pro-dutoras ocasionadas pelas ms condies climticas epela conjuntura de preos e de cmbio desfavorveis.Alm destes problemas, as dificuldades de infra-estru-

    tura (estocagem) e dbitos financeiros com safras an-teriores desestimularam muitos produtores rurais.

    As estimativas do Levantamento Sistemtico da Produ-o Agrcola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografiae Estatstica (IBGE, 2007a) realizadas em dezembro de2006 indicam um desempenho negativo para as prin-cipais lavouras baianas. Os destaques negativos so:feijo (-27,6%), milho (-31,5%), soja (-17,1%) e sorgo(-30,4%). Dentre as culturas pesquisadas, apenas o

    caf e a cana-de-acar apresentam estimativas posi-tivas para a safra (24,5% e 8,9%, respectivamente).

    Como pode ser observado na Tabela 1, a avaliaogeral dos principais produtos apresenta queda de4,2% na produo fsica (em toneladas), acompanha-da de reduo na rea colhida em torno de 4,8%.

    Para as lavouras de gros, no estado, verifica-se redu-o na produo (-20,1%), na rea plantada (-3,5%) ecolhida (-6,0%) e tambm no rendimento por hectare

    (-15,0%). No que diz respeito ao rendimento, pode-sedestacar que a diminuio de uso de adubos e defen-sivos agrcolas refletiu a perda de renda por parte dosprodutores. Alm disso, o dlar mais barato tende agerar, no momento da colheita e da comercializao,reduo dos ganhos e/ou prejuzos com as lavouras.

    A safra de feijo apresenta reduo expressiva na produ-o (em torno de 28%) e no rendimento (cerca de 20%),seguida de queda nas reas plantada e colhida. Estedesempenho deve-se, sobretudo, s ms condies cli-

    mticas nas regies produtoras, com chuvas irregulares,e ao estado de endividamento dos agricultores baianos.

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    Economia baiana em 2006 e expectativas para 2007

    As estimativas para o milho seguem a mesma tendn-cia do feijo: queda acentuada na produo (31,4%)e rendimento (25%), confirmando o resultado nacionalruim do ano de 2006 (diminuio da rea cultivada emtodo o pas). A despeito deste resultado negativo parao estado, a Associao dos Agricultores e Irrigantesda Bahia (AIBA) tem observado melhores resultados

    para o Oeste da Bahia. A projeo de incremento demais de 40 mil hectares na rea plantada com o gro.A AIBA ainda destaca que os produtores do Oeste es-to confiantes nos preos e na taxa de cmbio positi-va para as negociaes (MILHO..., 2007).

    Outros fatores estimulam a crescente demanda pormilho, dentre eles a produo de etanol nos EstadosUnidos e os preos internacionais favorveis. Em de-zembro, o milho foi cotado acima de US$ 140,00/to-nelada na Bolsa de Chicago (CBOT), o maior patamar

    desde agosto de 1996. Esse valor 82,13% superior mdia de dezembro de 2005.

    A soja, um dos principais gros produzidos no es-tado (33% da rea cultivada com gros no estado),apresenta estimativa de retrao de sua produode 17,1%. Apesar deste resultado negativo, a produ-o baiana conseguiu alta taxa de comprometimentona venda antecipada dos gros em 2006 (CACAU...,2007). Para a prxima safra, segundo informaesda Associao de Agricultores e Irrigantes do Estado(AIBA), esperada uma produo em torno de 2,24milhes de toneladas de soja, derivada das condiesclimticas que vm beneficiando o cultivo no Oeste edo controle da ferrugem asitica (SAFRA..., 2007a).

    A cacauicultura baiana registra queda de 4,4% na pro-duo e de 6,6% na rea colhida. Dentre os motivospara este resultado negativo esto: a queda dos pre-os, o aumento dos custos de produo e as condi-es climticas adversas, que aumentaram a intensi-

    dade dos ataques da vassoura-de-bruxa.A continuidade do resultado positivo do caf, com in-cremento de 24,6% em sua produo, deve-se, emgrande parte, utilizao de plantaes irrigadas noestado, refletindo na diminuio do impacto das estia-gens durante o plantio.

    Em relao cana-de-acar, verifica-se crescimen-to de aproximadamente 9% na produo fsica, e deapenas 2,4% no rendimento. As expectativas em rela-

    o aos preos do lcool e do acar nos mercadosinterno e externo vm contribuindo para a expanso

    da produo. As perspectivas para o mercado brasi-leiro de acar em 2007 e prximas safras so boas.Mesmo com estimativas de recuo das cotaes in-ternacionais, o Brasil deve se manter em destaquedevido aos seus baixos custos de produo os me-nores do mundo.

    Em relao cana-de-acar,

    verica-se crescimento de

    aproximadamente 9% na

    produo fsica, e de apenas

    2,4% no rendimento

    As exportaes do agronegcio da Bahia tambm fo-ram influenciadas pela desvalorizao do real frenteao dlar em 2006 e pelas quebras de safras no esta-do. Os dados apresentados pelo Centro Internacionalde Negcios da Bahia (ver Tabela 2) referentes ao co-mrcio exterior em 2006 revelam a reduo de 18%no volume (em toneladas) das transaes em com-parao ao mesmo perodo do ano anterior. O valorexportado tambm apresenta queda.

    Produtos de pesca e aqicultura e soja e derivadosso os destaques negativos, repercutindo nas recei-tas auferidas (queda de 3,7%). Os setores de couros epeles, caf e especiarias, algodo e seus subprodutose frutas e suas preparaes aparecem com significa-tivas variaes positivas tanto em volume exportadoquanto em receitas.

    Embora tenha registrado uma importante queda em2006, com reduo de 24,6% no volume e de 28,3%nas receitas, totalizando 1.253.240 toneladas ne-gociadas em 2006, a soja permanece com a maiorparticipao nas exportaes do agronegcio baiano(cerca de 27%).

    Para 2007 tem-se a expectativa de recuperao daagricultura de gros, impulsionada pelo aumento nospreos do milho e da soja no mercado internacional,favorecido pelo programa de produo de lcool nosEstados Unidos e da quebra na produo de trigoamericana. Os agricultores dos EUA vo reduzir a

    rea plantada de soja e destinar maior volume ao mi-lho para extrao do lcool (SAFRA..., 2007b).

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    Indstria

    Em 2006, a indstria baiana (extrativa e de transforma-o) registrou um desempenho modesto, contudo po-sitivo, com crescimento de 3,2%, segundo dados daPesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. A produofsica da indstria baiana iniciou o ano de 2006 comtaxa significativa de 6,7% no primeiro trimeste, recuan-do para 3,4% e 1,0% no segundo e terceiro trimestres,e atingiu 0,5% no quarto trimestre. Estes resultadosmostram a desacelerao do setor sinalizada desdejulho de 2006 e confirmada pelo fraco desempenhoda indstria de transformao nos meses de novem-bro e dezembro de 2006.

    Na comparao com o resultado dos demais estadosda regio Nordeste pesquisados, a Bahia registrou omenor desempenho, ficando atrs do Cear (4,8%) e

    de Pernambuco (8,2%).

    A indstria extrativa registrou queda de 1,4% e a detransformao alcanou um crescimento de 3,4%.Nesta ltima, influenciaram no resultado positivo ossegmentos de papel e celulose (18,6%), refino depetrleo e produo de lcool (4,6%) e metalurgiabsica (9,7%).

    A influncia negativa veio dos setores dealimentos ebebidas(-1,25) e veculos automotores (-6,4%). Para o

    setor deprodutos qumicos e petroqumicosverificou-se um pequeno decrscimo na produo de 0,2%.

    Partindo para uma anlise setorial, pode-se afirmarque o segmento de papel e celulose continua a regis-trar incremento na produo, em virtude do aumentona produo de celulose, estando a Bahia como osegundo maior estado em rea reflorestada, ficandoatrs apenas do estado de So Paulo. O crescimentoda rea reflorestada tem como conseqncia a cons-tante expanso desse setor no estado, que comportagrandes unidades produtivas. Alm disso, o resultadofavorvel do setor reflete tambm o crescimento nospreos da celulose acima das expectativas, acompa-nhando o incremento da demanda internacional, pu-xado pela economia chinesa.

    No setor de refino de petrleo e produo de lcool, oresultado positivo foi influenciado por uma maior pro-duo de gasolina, leo diesel e leos combustveis.Tambm registraram aumento na produo: asfalto,

    lubrificantes, parafina e nafta petroqumica. Espera-separa os prximos anos investimentos de grande portenas reas de explorao e produo de petrleo, gsnatural e biodiesel.

    O bom desempenho registrado pela metalurgia bsicadeveu-se ao acrscimo na produo de barra, perfil evergalhes de cobre e vergalhes de ao ao carbono.O segmento foi influenciado pela alta de aproximada-mente 43% dos preos do cobre no mercado interna-cional. As expectativas so de investimentos voltados

    para ampliao da capacidade produtiva e moderni-zao de plantas industriais.

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    Economia baiana em 2006 e expectativas para 2007

    Para o setor de veculos automotores, em 2006, verifi-cou-se reduo na produo de veculos, atribuda aofato de que o setor atingiu a plena capacidade produ-tiva. Tal cenrio s pode ser revertido caso haja novosinvestimentos no setor.

    O setor de produtos qumicos e petroqumicos obteve

    queda na sua produo pelo segundo ano consecutivo.Segundo relatrio de empresa do ramo petroqumico:

    ...o ano de 2006 foi marcado por um cenrio ad-

    verso para a indstria petroqumica brasileira. A

    combinao de preos elevados de petrleo e de

    nafta, associados alta volatilidade dessas duas

    commodities no mercado internacional, alm do

    excesso de capacidade de polietileno no mercado

    brasileiro, impactou a rentabilidade do setor [...] em

    grande parte de 2006 (EBITDA ..., 2007, p. 1).

    Durante o primeiro semestre, o setor qumico sofreucom o rpido aumento dos preos das suas mat-rias-primas, que seguem as cotaes do petrleo.Ademais, tinha-se uma conjuntura de valorizao doreal e uma demanda interna desaquecida, que dificul-tava o aumento dos preos de venda. No segundosemestre ocorreu uma melhora gradual na produode produtos qumicos, quando foi possvel ao setoro repasse dos preos de custos das matrias-primasaos preos de venda, diante do aumento da demanda

    interna e da estabilidade dos preos das matrias-pri-mas. Contudo, durante todo o ano as vendas externasdos produtos qumicos foram mais significativas que ademanda interna, uma vez que a alta nos preos dasmatrias-primas foram rapidamente repassadas aosprodutos vendidos no mercado internacional.

    Considerando-se o emprego industrial, o nvel depessoal ocupado na indstria baiana, segundo a Pes-quisa Industrial Mensal de Emprego e Salrios (IBGE,2007e), apresentou reduo na indstria geral de0,5% em 2006, comparando-se com o ano de 2005,superior ao resultado observado no cenrio nacional,onde a variao de pessoal ocupado na indstriaregistrou taxa nula. Entre os segmentos que exerce-ram presso significativa para o resultado do estadodestacam-se: produtos qumicos (-11,0%), borrachae plstico (-10,5%), produtos de metal (-10,2%) e ves-turio (-8,3%).

    Tal desempenho dos setores explica a desacelera-

    o da taxa anualizada da indstria baiana. Apesardo aumento no consumo das famlias, que aqueceu

    o mercado interno, principalmente no setor de bensde durveis, a elevada taxa de juros dificulta novosinvestimentos produtivos na indstria.

    Para 2007, a expectativa para o setor industrial quese mantenha um cenrio de crescimento sustentadoda economia, com inflao sob controle e possibilida-

    de de redues adicionais nas taxas de juros, resultan-do em estmulo para o crescimento da economia e doconsumo. A perspectiva de melhoria do poder aquisi-tivo da populao, aumento de crdito disponvel, de-sonerao da cadeia produtiva e do nvel de atividadena construo civil, entre outros fatores, sinalizam paraum ambiente promissor para o setor industrial.

    Os primeiros resultados para o ano de 2007 j indicamo movimento de crescimento da indstria baiana. Se-gundo dados do IBGE, a produo fsica cresceu 6,3%

    em janeiro, resultado determinado por seis segmentosda indstria de transformao que aumentou 6,8%,com destaque para: produtos qumicos (9,8%), alimen-tos e bebidas (21,2%) e metalurgia bsica (14,0%). Nosentido contrrio influenciaram os segmentos de refinode petrleo e produo de lcool (-3,8%) e veculosautomotores (-16,1%). A indstria extrativa mineralapresentou decrscimo de produo de 3,8%.

    Comrcio exteriorO comrcio exterior, mais uma vez, foi o destaque den-tre os principais indicadores da economia baiana. Acorrente de comrcio baiana soma das exportaese importaes apresentou crescimento de 20,9% nacomparao com o ano de 2005, demonstrando quea economia baiana tem acompanhado o processo deinsero externa da economia brasileira. Entretanto,se o crescimento da corrente de comrcio baiana destacvel, o mesmo no pode ser dito quando seavalia o comrcio exterior a partir de seus dois ramos:exportao e importao.

    Corrente de comrcio baiana

    soma das exportaes e

    importaes apresentou

    crescimento de 20,9% na

    comparao com o ano de 2005

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    Carla do Nascimento et al.

    Em 2006, as exportaes baianas, apesar de registra-rem mais um recorde no valor total exportado, US$ 6,6bilhes, com crescimento de 13,1%, ficaram aqumdas expectativas formadas pelo desempenho de anosanteriores, sobretudo quando a comparamos com odesempenho das importaes, que no mesmo per-odo registrou crescimento de 34,9%, com valor total

    de US$ 4,5 bilhes. Esses resultados podem ser cre-ditados em parte valorizao do Real ante o Dlar;enquanto em 2004 e 2005 o Dlar foi cotado, em m-dia, a R$ 2,92 e R$ 2,41, respectivamente, em 2006 acotao mdia foi de R$ 2,17 queda de 10,0% emcomparao com 2005. Fatores como crescimento daeconomia brasileira e da renda interna tambm influen-ciaram diretamente o desempenho da balana comer-cial. Toda essa conjuntura determinou um menor, po-rm expressivo, saldo comercial de US$ 2,25 bilhes.

    No que se refere s exportaes, os destaques po-sitivos ficaram por conta dos segmentos qumicos epetroqumicos, com crescimento de 17,2%, resultadoda fraca demanda interna e do aumento nos preosdo petrleo (como observado na seo anterior); me-talrgicos (78,0%), impulsionado pelas altas cotaesdo cobre no mercado internacional; e papel e celulo-se (64,7%), tambm devido a aumentos na cotaodo produto bem como da demanda internacional. Poroutro lado, os destaques negativos ficaram por conta

    dos segmentos petrleo e derivados (-20,1%) que-da causada em parte pela reduo dos preos dopetrleo no mercado internacional, reduzindo assimas quantidades embarcadas e soja e derivados (-28,3%), devido conjuno de preos baixos no mer-cado internacional e quebra de safra.

    Dado o atual momento das economias brasileira emundial, a perspectiva para 2007 que o desempe-nho da balana comercial mantenha o mesmo ritmode 2006. Ou seja, o crescimento da economia brasi-

    leira aumento da demanda interna e a estabilidadeda taxa de cmbio tendem a manter inalterada a ten-dncia das exportaes e das importaes. Isso podeser evidenciado pelos primeiros nmeros de 2007.Segundo os dados do MDIC/SECEX, as exportaesbaianas registraram queda de 0,8% em janeiro, nacomparao com janeiro de 2006; por outro lado, asimportaes registraram crescimento de 22,8% nomesmo perodo. Esses resultados configuram um su-pervit no saldo comercial de US$ 114 milhes. Em

    termos de segmentos, observa-se acrscimo nas ex-portaes de qumicos e petroqumicos (43,2%), auto-

    motivo (10,2%), metalrgico (8,7%) e papel e celulose(22,8%). Destaca-se a significativa queda nas vendasde petrleo e derivados (-77,1%).

    Comrcio varejista

    O volume de vendas no varejo nacional fechou 2006com crescimento de 6,2%, sendo o segundo melhordesempenho da srie histrica da Pesquisa Mensal doComrcio (PMC) do IBGE, iniciada em 2001, e a maiorexpanso registrada desde 2004. Analistas do merca-do credenciam os estados do Norte e Nordeste comoprincipais responsveis pelos resultados das vendas.

    O volume de vendas no varejo

    fecha 2006 com crescimento de6,2%, sendo o segundo melhor

    desempenho da srie histrica

    da Pesquisa Mensal do Comrcio

    (PMC) do IBGE, iniciada em 2001

    Fazendo-se uma anlise trimestral dos dados, ob-

    serva-se que o volume de vendas reais do comrciobaiano iniciou o ano de 2006 com taxa significativa de9,7% no primeiro trimestre, recuando para 8,7% no se-gundo e avanando um pouco para 8,9% no terceiro,e atingiu 11,2% no quarto trimestre. Estes resultadosmostram a dinmica do setor em 2006, que cresceu9,7% no ano.

    O acmulo positivo no volume de vendas no ano de2006 atribudo ao aumento da renda real do trabalhoe da massa salarial, estabilidade no emprego, cmbiobaixo, facilidade de crdito e ampliao de progra-mas sociais, como o Bolsa Famlia. O setor que maisinfluenciou o comportamento do comrcio varejistana Bahia, em 2006, foi o de hipermercados, produ-tos alimentcios, bebidas e fumo, seguido por mveise eletrodomsticos e outros artigos de uso pessoal edomstico.

    Por atividade, de acordo com a PMC, observou-secrescimento para 2006 em relao a igual perodo

    em 2005 em seis ramos de atividade, do total deoito que compem o indicador do comrcio baiano.

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    12 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.4-14, Maro/2007

    Economia baiana em 2006 e expectativas para 2007

    Considerando a contribuio para o volume de ven-das, os destaques para esse perodo foram os seg-mentos dehipermercados, supermercados, produtosalimentcios, bebidas e fumo (14,2%), mveis e ele-trodomsticos (19,0%), outros artigos de uso pessoale domstico (13,4%), tecidos, vesturio e calados(2,8%),artigos farmacuticos, mdicos, ortopdicos,

    de perfumaria e cosmticos (3,5%) e equipamentose materiais para escritrio, mdicos, ortopdicos, deperfumaria e cosmticos (20,7%). Obteve-se, ainda,variao positiva para o subgrupo de hipermercadose supermercadosde 23,3%.

    Para o segmento de combustveis e lubrificantes e li-vros, jornais, revistas e papelariaa variao foi negati-va em 1,7% e 29,3%, respectivamente. Nesse mesmoperodo, observou-se uma expanso nas vendas deveculos, motos, partes e peasna ordem de 19,5% e

    dematerial de construode 2,6%, mas esses gruposno entram na composio do indicador de volume devendas, fazendo parte do comrcio varejista ampliado.

    O desempenho apresentado pelo segmento de hi-permercados, supermercados, produtos alimentcios,bebidas e fumo, por se tratar de um grupo fortemen-te influenciado pelo poder de compra da populao,reflete a combinao do aumento da massa de sal-rios com a estabilidade de preos de produtos bsi-cos. Segundo o economista-chefe da corretora Con-veno, Fernando Montero, um outro aspecto a serconsiderado que esse setor tambm comercializaequipamentos de informtica, produtos que tiveramas suas vendas alavancadas pela valorizao cambial(LAMUCCI; GRABOIS, 2007).

    O setor de mveis e

    eletrodomsticos, segundo maior

    destaque no volume de negcios do

    comrcio varejista baiano em 2006,

    tambm sofreu inuncia nas vendas

    de eletroeletrnicos importados

    O setor demveis e eletrodomsticos, segundo maiordestaque no volume de negcios do comrcio vare-

    jista baiano em 2006, tambm sofreu influncia nasvendas de eletroeletrnicos importados. Alm da

    queda dos preos resultante das importaes, o bomdesempenho da atividade se deve manuteno decondies de crdito e aumento da renda. Entretanto,apesar das taxas positivas apresentadas ao longo doano, o grau de endividamento das famlias j comeaser percebido, indicando uma tendncia estabiliza-o de demanda por esses bens.

    Em 2006, o ramo de outros artigos de uso pessoal edomstico, que abrange segmentos como lojas dedepartamento, tica, joalheria, artigos esportivos, brin-quedos etc. apresentou o terceiro melhor desempe-nho do varejo. Esse desempenho pode ser creditados caractersticas dos artigos que o ramo comerciali-za, como valores compatveis com o poder de comprade grande parte da populao.

    O segmento de tecidos, vesturio e calados, embo-

    ra tenha apresentado o quarto maior impacto positivono resultado do varejo baiano em 2006, teve o seudesempenho considerado insatisfatrio. Os analistasdefendem que esse comportamento fruto de ummaior comprometimento da renda disponvel, por par-te dos consumidores, com a aquisio de computa-dores e automveis.

    No ramo de artigos farmacuticos, mdicos, ortop-dicos, de perfumaria e cosmticoshouve um cresci-mento suave nas vendas. Apesar de modesta, essa

    expanso reflete o comrcio no segmento de farmciade produtos genricos, que apresentam preos maisacessveis parcela da populao de menor poderaquisitivo (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECO-NMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2007).

    A atividade de equipamentos e materiais para escri-trio, informtica e comunicaocontinuou em 2006apresentando taxas positivas. Esse comportamento resultado da queda de preos, proveniente da valori-zao do real, da melhoria do nvel de renda da popu-lao e tambm das medidas definidas pelo governopara incentivar o segmento, como iseno de PIS eCofins para mquinas de at R$ 2,5 mil. Um outro as-pecto relevante que os fabricantes desses produ-tos foram beneficiados pelo impacto da reduo doImposto sobre Produtos Industrializados (IPI), definidona Lei de Informtica no fim de 2004 (LAMUCCI; GRA-BOIS, 2007).

    As variaes negativas nesse perodo ficaram por

    conta dos segmentos de combustveis e lubrificantese livros, jornais, revistas e papelaria. O primeiro ramo

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    13Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.4-14, Maro/2007

    Carla do Nascimento et al.

    teve seu desempenho comprometido por apresentarsucessivos resultados negativos ao longo do ano emdecorrncia da alta de preos e da racionalizao doconsumo, com a substituio da gasolina por lcoolou por gs (LAGE, 2007). Quanto ao segundo, verifi-ca-se que em todo o perodo analisado (ano de 2006)as taxas obtidas foram negativas, tratando-se do seg-

    mento, dentre os oito que compem o indicador dovarejo, que vem apresentando os resultados maisdesfavorveis.

    No tocante s vendas de veculos, motos e peas, areduo dos juros cobrados pelas instituies finan-ceiras ligadas s montadoras, alm do alongamentodos prazos de financiamentos, foram extremamenterelevantes para impulsionar as vendas do setor.

    Para o ano de 2007, a expectativa que o comrcio va-

    rejista continue apresentando dinamismo nas vendas,mesmo que em algum momento haja uma ameniza-o no ritmo de expanso. O prognstico otimista paratal comportamento do comrcio varejista em 2007 temcomo base a manuteno da queda nas taxas de jurose a dinamizao da economia com a implantao pelogoverno do Programa de Acelerao do Crescimen-to (PAC). No entanto, as incertezas referem-se a umcenrio de crdito desacelerado e inadimplncia cres-cente, associado perspectiva de crescimento menosintenso da renda em relao a 2006.

    Consideraes nais

    As expectativas para 2007 so de que o nvel de ativi-dade econmica no estado da Bahia entre numa traje-tria de crescimento superior ao observado em 2006.A expanso do setor agropecurio seria resultado dacombinao de uma boa safra de gros com preosem alta das principais commodities, como por exem-plo, a soja. Na indstria, o crescimento deve ocorrerprincipalmente na indstria de construo civil, tendo-se como base que as principais medidas de polticaeconmica para estimular o crescimento do pas visamimpulsionar este setor, como tambm o setor de trans-formao com base nos investimentos industriais.

    Na indstria de transformao o principal estmulodeve ter origem na demanda do mercado interno. Noestado, este incentivo deve beneficiar no primeiro mo-mento a indstria de bens no durveis e durveis,

    como, por exemplo, os segmentos de alimentos e be-bidas e veculos. No segundo momento, a partir da

    maior dinmica da economia brasileira, pode aumen-tar a demanda por bens intermedirios, principalmen-te dos segmentos qumicos, metalrgicos, siderrgi-cos e de celulose.

    Esse processo deve repercutir na taxa de ocupaode mo-de-obra, revertendo a trajetria de queda no

    nvel de emprego, principalmente da indstria. Comodestacado em seo anterior, a indstria extrativa e detransformao no estado apresentou queda no nvelde pessoas ocupadas de 0,5%.

    Em ltima escala, o aumento no nvel de emprego e,consequentemente, na massa salarial, ir contribuirpara que as vendas reais do comrcio varejista avan-cem, refletindo a melhora na renda da populao.

    Todo este prognstico depende do andamento da po-

    ltica econmica brasileira, que com o PAC pretendeestimular a demanda agregada no curto prazo comintuito de viabilizar acelerao nas taxas de cresci-mento, dando mais dinmica s principais atividadeseconmicas.

    Referncias

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    com margem de 18%, o melhor desempenho de2006. Release de resultados 4 trimestre. Disponvel

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    14 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.4-14, Maro/2007

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    Os indicadores da atividade econmica baiana em 2006 mostraram crescimento nos prin-cipais setores, com destaque para o setor varejista; o setor industrial registrou crescimentomodesto. O setor externo com dados de janeiro de 2007 manteve a tendncia verificadadurante todo o ano de 2006.

    A produo da indstria baiana de transformao, segundo a PIM-IBGE, registrou, em2006, crescimento de 3,4% em relao a 2005. No acumulado do ano, a indstria apresen-tou crescimento de 4,5% em comparao com o mesmo perodo de 2005. Nesse mesmoperodo, os segmentos que registraram os maiores crescimentos foram: Celulose, papel eprodutos de papel(18,6%),metalurgia bsica(10,6%) eminerais no-metlicos (6,1%). Poroutro lado, os segmentosautomotivo(-6,2%) ealimentos e bebidas(-1,8%) registraram de-sempenho negativo no perodo.

    No que se refere ao comrcio exterior, os dados para o ms de janeiro apresentaram quedadas exportaes e crescimento das importaes. O valor total exportado foi de US$ 507milhes (-0,8% em relao ao mesmo ms do ano anterior) e o importado foi de US$ 392

    milhes (22,8% em relao ao mesmo perodo de 2006).

    O comrcio varejista, conforme os dados da PMC-IBGE, registrou variao positiva de 9,7%no volume das vendas em 2006. Esse foi o terceiro ano consecutivo de crescimento docomrcio. Os segmentos que evidenciaram as maiores taxas de crescimento no ano foram:hipermercados e supermercados (23,3%), equipamentos e materiais para escritrio(20,7%)emveis e eletrodomsticos(19,0%). O segmento veculos, motos e peasregistrou cresci-mento de 19,5,0% no ano.

    O ndice de Preos ao Consumidor (IPC-SEI), para Salvador, registrou, em fevereiro de 2007,variao de 0,11%. No ano, o ndice acumula alta de 1,3%, sendo que as maiores presses

    ocorreram nos grupos transporte e comunicao (4,88%) ealimentos e bebidas(1,5%).

    O mercado de trabalho, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-SEI/DIEE-SE/SEADE), fechou o ms de janeiro com taxa de desemprego em 22,1%. No mesmo ms,394.000 pessoas estiveram fora do mercado de trabalho. O rendimento real dos trabalha-dores acumulou variao positiva de 6,6% em 2006.

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    17Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    No ms de dezembro de 2006, o ndice de Movimentao Econmica de Salvador (IMEC)registrou variao negativa de 2,5% na comparao com o mesmo ms do ano anterior. Com

    esse resultado, o indicador fechou o ano com crescimento de 3,5% na comparao com 2005.Naquele ano, o crescimento da atividade econmica foi de 5,6%.

    No ms de fevereiro, o ndice de Preos ao Consumidor (IPC), divulgado pela SEI, registrouvariao de 0,11%. Com este resultado, a projeo do ndice para o fechamento nos doze meses

    foi reduzida, passando de 4,17%, em janeiro, para 3,94%, em fevereiro. Habitao e encargos(14,8%) etransportes e comunicao(7,26%) foram os grupos que mais pressionaram o ndice no

    acumulado dos doze meses.

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    18 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    Os grupostransportes e comunicao(1,6%) eAlimentos e bebidas (0,39%) apresentaram, emfevereiro, as maiores contribuies para a elevao da inflao em Salvador. Com relao a essesgrupos, os subitenstransporte pblico(4,95%) e tubrculos, razes e legumes(12,75%) foram os

    que apresentaram as maiores variaes no perodo. J os grupos artigos deresidncia, vesturio,sade e cuidados pessoais e despesas pessoaisregistraram variao negativa no mesmo ms.

    As primeiras estimativas para a safra baiana, realizadas em fevereiro de 2007 peloLevantamento Sistemtico da Produo Agrcola (LSPA) do IBGE, mantm as previses para aproduo de mandioca, que se encontra em torno de 4.403 mil toneladas. Em relao cana-

    de-acar, observa-se novamente a continuidade das estimativas anteriores, com produo de6.412 mil toneladas e rendimento de 60.007 kg/hectare.

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    19Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    No que diz respeito s estimativas preliminares para a safra de feijo em 2007, verifica-se umsignificativo incremento na produo de 51,7%. O resultado positivo deve-se principalmente

    ao aumento no feijo 1 safra (em entressafra) de 236%. Para o milho tambm so registradosaumentos em relao safra 2006, com variao de 48,3% na produo e de 40,5% no

    rendimento. Tal desempenho do milho fruto, em especial, de incrementos na produo domilho 1 safra, que atingiu 78% nas estimativas do LSPA de fevereiro. Em relao soja, asestimativas so de acrscimo de 13% na produo, motivadas pelas condies climticas

    favorveis que vm beneficiando o cultivo no Oeste.

    Segundo o LSPA/IBGE de fevereiro de 2007, as estimativas para a produo de cacau (emfrutificao) permanecem em torno de 136 mil toneladas. Dentre outros motivos, a crise na

    cacauicultura baiana deve-se queda dos preos, ao aumento dos custos de produo e

    quebra da safra. Quanto safra de caf, tem-se a estimativa de produo em 175 mil toneladas erendimento de 261 kg de caf por hectare.

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    Conjuntura Econmica Baiana

    A produo industrial do setor de transformao da Bahia registrou forte queda (-7,6%) em dezembro

    de 2006, na comparao com o mesmo ms do ano anterior, conforme dados da Pesquisa IndustrialMensal (PIM-IBGE). A queda no ms de dezembro foi determinante para o fechamento da taxa anual,que ficou em 3,4%, nmero bem inferior aos 5,0% registrados em novembro.

    A srie livre de influncias sazonais da produo da indstria de transformao baiana mostra taxanegativa de 5,2%, entre os meses de novembro e dezembro de 2006. A queda foi influenciada,sobretudo, pelo segmentorefino de petrleo e lcool, que recuou 12,0%, seguido porprodutos

    qumicos (-9,1%) e celulose, papel e produtos de papel(-7,2%). Aindstria extrativa mineraltambm apresentou queda no mesmo perodo (-4,3%).

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    Conjuntura Econmica Baiana

    O emprego na indstria baiana de transformao registrou, em dezembro de 2006, queda de 0,3%em relao a dezembro de 2005; esta foi a terceira queda consecutiva. Confirmando a tendnciade queda registrada durante todo o ano, a taxa de emprego na indstria baiana fechou 2006 comqueda de 0,7%. Os setores que registraram as maiores quedas foram:mquinas e equipamentos,

    exclusive eletroeletrnicos, de preciso e comunicao (-14,5%) eprodutos qumicos (-11,0%).

    O consumo total de eletricidade no estado da Bahia fechou 2006 com crescimento total de 3,0%em relao 2005. Dentre os principais grupos consumidores, o maior crescimento foi registrado

    no residencial (5,0%); j o crescimento dos setores comercial e industrial foi menos expressivo:1,1% e 1,3% respectivamente.

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    22 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    Os dados da Pesquisa Mensal de Comrcio (PMC-IBGE) revelam que, em dezembro/06, o volumede vendas do varejo baiano cresceu 11,3%, comparado a dezembro de 2005. Esse trigsimostimo ms consecutivo que o comrcio apresenta desempenho positivo. A pesquisa apurou,ainda, para o acumulado dos ltimos doze meses, uma expanso de 9,7%. No segmento de

    veculos, motos e peasconstatou-se um crescimento de 5,6% ante igual ms de 2005. Para osltimos doze meses a expanso nos negcios desse segmento foi de 19,5%.

    No acumulado de janeiro-dezembro/06, em comparao com o mesmo perodo do anopassado, a pesquisa revelou que o crescimento das vendas foi sustentado essencialmente pelos

    segmentos de Hipermercados, produtos alimentcios, bebidas e fumo (14,2%), seguidos porMveis e eletrodomsticos(19,0%) e Outros artigos de uso pessoal e domsticos(13,4%). Esse

    desempenho atribudo ao aumento da renda real do trabalho e da massa salarial, estabilidadeno emprego, cmbio baixo e facilidade de crdito.

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    23Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    Em janeiro de 2007, foram emitidos 415.500 cheques sem fundos na Bahia, registrandocrescimento de 2,8% na comparao com o mesmo ms de 2006. Apesar da taxa positiva no

    primeiro ms do ano, no acumulado dos doze meses o indicador apontou queda na emisso decheques sem fundo, quando o mesmo recuou de 2,1%, em dezembro, para 1,0%, em janeiro.

    Em janeiro, as exportaes baianas somaram US$ 507 milhes e as importaes US$ 392,8milhes. Em termos percentuais, as exportaes registraram variao negativa de 0,8% em relao

    a janeiro de 2006, e as importaes cresceram 22,8% no mesmo perodo. Com esses resultados, osaldo da balana comercial ficou R$ 76,8 milhes abaixo do registrado no mesmo ms de 2006.

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    24 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    As exportaes por fator agregado iniciaram 2007 com a mesma tendncia que terminaram em2006 bsicos em queda e industrializados em elevao. Em termos percentuais, os produtos

    bsicos registraram queda de 30,1% em relao a janeiro de 2006, enquanto os produtosindustrializados registraram crescimento de 20,6% no mesmo perodo.

    A arrecadao de ICMS no Estado da Bahia fechou o ano com crescimento de 9,9% nacomparao com 2005. No ano, foi arrecadado um total de R$ 7,7 bilhes. No ms de

    dezembro, a arrecadao total registrou crescimento de 11,1% na comparao com o mesmoms de 2005, com um total arrecadado de R$ 692 milhes.

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    25Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.16-25, Maro/2007

    Conjuntura Econmica Baiana

    Conforme os dados captados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego para o ms dejaneiro de 2007, verificou-se continuidade do declnio, que teve incio em setembro de 2006,

    da Taxa de Desemprego na Regio Metropolitana de Salvador, que se situou em 22,1% daPopulao Economicamente Ativa. Esse desempenho justifica-se pela compensao entreas pessoas que entraram no mercado de trabalho (1 mil) e a gerao de novos postos de

    trabalho (4 mil) no perodo.

    O rendimento auferido pelos ocupados no ms de dezembro de 2006, em comparao aomesmo ms de 2005, apresentou crescimento de 6,65%, conforme a Pesquisa de Emprego e

    Desemprego (PED) para a RMS. O rendimento real mdio foi estimado em R$ 797. No acumuladodos ltimos doze meses verificou-se incremento de 0,08%.

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    26 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    A economia baiana apresentou em 2006, pelo 15 anoconsecutivo, uma expanso favorvel no indicador quemede o nvel da atividade interna, mesmo aps as ex-pressivas taxas alcanadas nos trs ltimos anos.

    A taxa de crescimento de apenas 2,4% reflexo diretodo mau desempenho registrado pelo setor agropecu-rio (queda de 4,4% aproximadamente), uma vez quetanto o setor industrial como o de servios, crescerama uma taxa superior registrada para o conjunto doPIB (indstria com expanso de 2,7% e servios 3,6%em relao ao ano de 2005). Essa a avaliao reali-zada pela equipe de Contas Regionais da Superinten-

    Denis Veloso da Silva*Gustavo Casseb Pessoti**

    talo Guanais Aguiar Pereira*

    * Economistas e tcnicos da Equipe de Contas Regionais da SEI.

    ** Economista e Coordenador de Contas Regionais e Finanas Pblicas da SEI.

    dncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia,rgo responsvel pelas estatsticas governamentais.

    Contrariando as expectativas de que o PIB pudesseatingir a taxa de 3% em 2006, a frustrao no desem-penho da indstria de transformao nos dois ltimosmeses do ano foi decisiva para a diminuio na in-tensidade do crescimento econmico esperado parao estado. A indstria de transformao responde poraproximadamente 35% do PIB baiano e concentra-da em um pequeno nmero de grandes empresas,cujos avanos ou retraes tm influncia direta noresultado do macro indicador.

    Apesar disso, o resultado da Bahia ganha contornosimportantes na medida em que possibilitou ao Estado

    Grfico 1Taxa de crescimento do Produto Interno Bruto - Bahia, 2006

    -4,4

    2,73,6

    2,4

    Agropecuria Indstria Servios PIB

    Fonte: SEI*Dados sujeitos a retificao

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    27Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    acumular uma expanso de 20,5% de crescimento nosltimos quatro anos, enquanto o Brasil, nessa mesmacomparao temporal, acumulou expanso de apenas11%. Em termos mdios a taxa registrada para a eco-nomia brasileira ficou prxima dos 2,6% ao ano, en-quanto na Bahia houve uma expanso mdia do pro-duto interno da ordem de 4,8%, no referido perodo.

    Outro prisma de analise do resultado da atividadebaiana em 2006 pode ser realizada por meio dos de-sempenhos trimestrais, que revelou uma retomada nocrescimento da economia no quarto trimestre do ano.Aps apresentar uma expanso de 1,8% no terceirotrimestre (na comparao com o mesmo perodo do

    ano anterior), o PIB apresentou um incremento de5,2% no ltimo trimestre de 2006.

    No ano de 2006, conforme j apontado, a grandevil foi a agropecuria, que apresentou seu piorresultado dos ltimos oito anos, retraindo-se, apro-ximadamente 4,4%.

    Conforme demonstra a Tabela 1, grande parte das la-vouras apresentou forte retrao, tanto em termos deproduo, como rea plantada e rendimento mdio.

    Observando-se as estimativas dos gros, por produ-tos, destacam-se, negativamente, o milho (-31,5%),

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    28 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    Economia baiana cresce em 2006 e encerra o ano com expanso de 2,4% do PIB

    feijo (-27,9%) e soja (-17,1%). Estas lavouras ocupamboa parte da rea plantada do estado. A queda deproduo destes trs produtos tem efeitos multiplica-dores sobre o produtor rural, j que os dois primeirosso representativos da agricultura familiar e o ltimouma das principais commoditiesdo mercado.

    Entre as principais dificuldades que acometeram aagricultura baiana em 2006 esto: a presena de umaconjuntura de cmbio desfavorvel, os preos dosprodutos no mercado internacional, as ms condiesclimticas comprovadas pelas quedas de produtivi-dade -, as dificuldades de infra-estrutura (estocagem)e dbitos financeiros (safras anteriores) que descapi-talizaram os agricultores baianos.

    Em relao ao setor industrial, o destaque do ano deveser dado construo civil que apresentou forte ex-

    panso, acumulando ao final de 2006 um crescimentode 8,7%. Esse resultado corroborado pela retomadanas obras do metr, bem como de outros empreendi-mentos privados que ocorreram nesse perodo.

    Por outro lado, a indstria de transformao, carro che-fe do PIB baiano, no conseguiu repetir o mesmo de-sempenho de anos anteriores. Em 2006, o segmentoregistrou um crescimento de 2,7%, segundo os dadosdas contas trimestrais. H de ressaltar que, emborapositivo, esse resultado causou grande frustrao nas

    expectativas de crescimento da indstria de transfor-mao em funo do desempenho negativo apresen-tado pela maioria dos segmentos industriais no msde dezembro.

    Segundo os dados do IBGE, em dezembro, a produ-o industrial da Bahia ajustada sazonalmente recuou5,5% em relao a novembro de 2006, aps dois me-ses com taxas positivas, perodo em que acumulou

    acrscimo de 1,6%. Com o resultado de dezembro,o indicador de mdia mvel trimestral apresentou re-trao de 0,4%. Corroborando essa anlise, no con-fronto com dezembro de 2005, a produo industrialbaiana recuou expressivos 7,6%.

    Entre os principais destaques positivos no balano

    do ano 2006 encontram-se os segmentos depapel ecelulosecom expanso de 18,6% em virtude do au-mento na fabricao de celulose; refino de petrleoe produo de lcool com incremento de 4,6%, devi-do maior produo de gasolina, leo diesel e leoscombustveis; emetalurgia bsica9,7%, por conta doacrscimo na produo de barra, perfil e vergalhesde cobre, e vergalhes de ao ao carbono. Em senti-do oposto, as maiores presses negativas foram ob-servadas em alimentos e bebidas (-1,2%) e veculosautomotores(-6,4%), em funo, respectivamente, da

    queda na produo de leite em p e leo de soja refi-nado; e automveis.

    A Indstria extrativa, fortemente prejudicada pela dimi-nuio na extrao de petrleo e gs natural, tambmapresentou retrao na atividade em relao ao anode 2005 (queda de aproximadamente 1,4%).

    Refletindo os efeitos da poltica macroeconmica, ocomrcio baiano encerrou 2006 acumulando incre-mento de 9,1%. Esse foi o terceiro ano consecutivo

    em que o setor apresentou desempenho positivo.Essa taxa situou-se bem acima da observada em2005, perodo da base comparativa, quando as ven-das expandiram-se em 8,5%.

    Concorreram para impulsionar o consumo nesses pe-rodos: o aumento do emprego, a recuperao gra-dual dos rendimentos dos trabalhadores e a inflaomais baixa. Acrescente-se a esses fatores a expanso

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    29Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    Denis Veloso da Silva, Gustavo Casseb Pessoti e talo Guanais Aguiar Pereira

    do crdito, sem dvida um importante incentivo paradinamizar o varejo, bem como a expanso na massasalarial dos ocupados da RMS. Tambm, no intuitode ampliar o giro dos negcios, os lojistas, cada vezmais, vm apostando nas promoes e investindo emintensas campanhas demarketing.

    Segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comrcio(PMC), h trinta e sete meses consecutivos o comr-cio varejista do estado da Bahia vem apresentandodesempenhos positivos, cujas taxas mais expressivasapuradas mensalmente nos anos de 2004 e 2005 fo-ram observadas nos segmentos de Mveis e eletrodo-msticos e Equipamentos e materiais para escritrio,informtica e comunicao. A ampliao dos prazosde parcelamentos das compras e as maiores facilida-des de acesso ao crdito foram de fundamental impor-tncia para alavancar as vendas desses bens. Porm,

    desde junho de 2006 o segmento de Mveis e ele-trodomsticosvem indicando desacelerao no nvelde atividade, ao passo que no ramo de Equipamentose materiais para escritrio, informtica e comunicaoos dados oscilaram, nesse perodo, entre pequenasvariaes positivas e desempenhos negativos.

    Em relao ao comrcio exterior baiano, apesar dapoltica cambial que tem valorizado em demasia amoeda nacional, o comportamento dos preos dosprodutos no mercado internacional tem sido determi-

    nante para o desempenho das exportaes baianas,que alcanaram, em 2006, cerca de US$ 6,8 bilhes.Esse valor 13,1% superior ao ano de 2005 e foi ob-tido quase que exclusivamente pela valorizao dospreos, em mdia de 27,4%, j que a quantidade totalembarcada reduziu-se no perodo (11,2%).

    Impulsionadas pela conjuntura favorvel do cm-bio, as importaes chegaram a US$ 4,5 bilhesno mesmo perodo, e um incremento de 34,9%, emrelao a 2005. Segundo as informaes tcnicasdos relatrios do comrcio exterior publicados peloPROMO, o crescimento das importaes, nesseano, esteve vinculado ao setor de bens de consumodurveis (127%) especificamente eletrnicos, ajuda-dos pela queda do dlar; ao de bens intermedirios(56,2%), pressionado pelo aumento dos preos dosulfeto de cobre no mercado internacional; e ao de

    bens de capital (31,1%), ligado modernizao daproduo industrial.

    Fruto da sensvel melhora em seus preos externos,as vendas de celulose e papel, vem crescendo msa ms, atingindo US$ 715,4 milhes no acumuladodo ano de 2006 valor esse, 64,7% maior que o re-gistrado em igual perodo do ano anterior. Segundoa PROMO, a expectativa que a demanda da China,segundo maior produtor de papel do mundo, continueimpulsionando as vendas globais da matria prima.

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    30 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    Economia baiana cresce em 2006 e encerra o ano com expanso de 2,4% do PIB

    O setor de petrleo e derivados, apesar da reduonas vendas (20%) que vem ocorrendo desde julho,ocupa a segunda posio em receitas no acumuladodo ano, com US$ 1,1 bilho. Os preos do produtono mercado internacional vm recuando nos ltimosmeses, influenciando nos resultados mensais.

    O Destaque das exportaes do ano, conforme Tabela4 foi dado pelo setor metalrgico que expandiu suasvendas externas em aproximadamente 78%. Ainda,segundo a PROMO, o cobre (catodos, fios e resduos) o principal responsvel pelo bom desempenho dosetor, em funo das boas cotaes do produto nomercado internacional.

    Finalizando, observa-se que a conjuntura de 2006favoreceu apenas a alguns segmentos da economiabaiana. Entretanto, setores tradicionais como agri-

    cultura e a indstria de transformao, neste ltimo,considerando os desempenhos negativos do ms dedezembro, no propiciaram ao PIB taxas de cresci-mento capazes de conduzir o seu resultado a um pa-tamar mais elevado.

    Tabela 4Exportaes baianas - principais segmentos - Jan/Dez - 2005/2006

    Valores (us$ 1000 FOB) Variao%

    Participao%

    2005 2006Qumicos e Petroqumicos

    Petrleo e Derivados

    Metalrgicos

    Automotivo

    Papel e Celulose

    Soja e Derivados

    Minerais

    Cacau e Derivados

    Caf e Especiarias

    Couros e Peles

    Sisal e Derivados

    Algodo e seus Subprodutos

    Mveis e Semelhantes

    Calados e suas Partes

    Borracha e suas Obras

    Frutas e suas Preparaes

    Maq., Apars. e Mat. Eltricos

    Fumo e Derivados

    Pesca e Aquicultura

    Demais Segmentos

    Total

    1.152.388

    1.375.657

    578.294

    872.186

    434.363

    377.174

    154.801

    224.401

    89.054

    71.597

    63.552

    96.112

    68.236

    56.032

    46.797

    103.581

    38.826

    18.613

    18.118

    147.962

    5.987.744

    1.351.022

    1.099.312

    1.029.262

    920.652

    715.376

    270.403

    221.742

    209.561

    111.100

    92.372

    79.970

    107.654

    71.502

    62.489

    75.985

    115.469

    57.670

    24.614

    12.067

    143.759

    6.771.981

    17,24

    -20,09

    77,98

    5,56

    64,70

    -28,31

    43,24

    -6,61

    24,76

    29,02

    25,83

    12,01

    4,79

    11,52

    62,37

    11,48

    48,53

    32,24

    -33,40

    -2,84

    13,10

    19,95

    16,23

    15,20

    13,60

    10,56

    3,99

    3,27

    3,09

    1,64

    1,36

    1,18

    1,59

    1,06

    0,92

    1,12

    1,71

    0,85

    0,36

    0,18

    2,12

    100,00

    Fonte: MDIC/SECEX, Dados Coletados em 09/01/2007Elaborao: PROMO - Centro Internacional de Negcios da Bahia

    Segmentos

    Mesmo assim, a retomada do crescimento ocorridano quarto trimestre do ano de 2006, pode ser um sina-lizador do desempenho econmico do prximo ano.Espera-se, com a continuidade dos investimentos in-dustriais previstos para 2007, bem como atravs dosprimeiros levantamentos da produo agrcola realiza-dos pelo IBGE para a Bahia, que a taxa de crescimen-

    to do PIB baiano seja superior registrada em 2006,com maior destaque para o setor agropecurio.

    Referncias

    BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponvel em: www.bcb.gov.br. Acesso em: 09 Mar. 2007.

    BOLETIM DO CAGED. Salvador: SUPERINTENDN-CIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA

    BAHIA. Disponvel em: www.sei.ba.gov.br. Acesso em:05 mar. 2007.

    COMRCIO EXTERIOR DA BAHIA. Informativo Ja-neiro-Junho de 2006. Salvador: PROMO-BA. Dispo-

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    31Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.26-31, Maro/2007

    Denis Veloso da Silva, Gustavo Casseb Pessoti e talo Guanais Aguiar Pereira

    nvel em: www.promobahia.com.br. Acesso em: 28fev. 2007.

    LEVANTAMENTO SISTEMTICO DA PRODUOAGRCOLA. Rio de Janeiro: IBGE. Disponvel em:www.ibge.gov.br. Acesso em: 09 mar. 2007.

    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL PRODUO F-SICA REGIONAL. Rio de Janeiro: IBGE. Disponvelem: www.ibge.gov.br. Acesso em: 08 mar. 2007.

    PESQUISA MENSAL DO COMRCIO. Rio de Janeiro:IBGE. Disponvel em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 07mar. 2007.

    PIB TRIMESTRAL DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE.Disponvel em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 05mar. 2007.

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    32 Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.32-37, Maro/2007

    O cultivo do abacaxi em Itaberaba, municpio do semi-rido baiano distante 266 km de Salvador e localizadona regio do Rio Paraguau, tem-se constitudo emalternativa de gerao de emprego e renda, dinami-zando a economia local. Organizados por meio deuma cooperativa, os produtores locais geram cercade trs mil empregos diretos e indiretos em um siste-ma de agricultura predominantemente familiar (82%esto nessa condio), que produziu, em 2004, 41milhes de frutos, com valor da produo estimado

    em R$ 10,660 milhes (SUPERINTENDNCIA DE ES-TUDOS ECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2007).

    Alm de abastecer o mercado baiano, o abacaxi p-rola, conhecido pelo alto teor de acar, vendidotambm em Belo Horizonte (MG), So Paulo (SP) eBraslia (DF), e desde 2004 exportado pelos pr-prios produtores para a Espanha, Portugal e Polnia. um avano, j que anteriormente os cooperadosrepassavam a produo para uma empresa exporta-dora de Tocantins.

    A manuteno do cultivo, com o conseqente aque-cimento da economia local, porm, precisa ser ava-liada com ressalvas. H a ameaa permanente dasdoenas (a fusariose a principal delas), as secasperidicas comprometem a qualidade dos frutos e oacesso restrito ao crdito ainda um empecilho parao financiamento da produo. O principal problema,contudo, a insistncia em se perpetuar o modelo pri-mrio-exportador. Incapaz de romper o paradigma, o

    produtor no agrega valor ao produto, comercializan-do-o in natura, s obtendo preos atraentes quando

    Oportunidades da agroindstria do abacaxipara Itaberaba

    Andr Pomponet*

    Clia Regina Sganzerla Santana*

    * Especialistas em polticas pblicas e gesto governamental.

    as secas no prejudicam a safra. Em pocas de estio,os frutos so vendidos por preos irrisrios a empre-sas que processam algum beneficiamento, produzin-do polpas, sucos ou compotas.

    A finalidade deste artigo ressaltar a importncia dese beneficiar o fruto em Itaberaba, atravs de agroin-dstrias familiares. A organizao dos produtores comesse propsito gerar empregos, elevar a renda dosplantadores e resultar em impostos para o municpio.

    Em suma, haver a consolidao da agroindstria fa-miliar, rompendo o padro primrio-exportador e for-talecendo a economia local.

    A abacaxicultura emItaberabaConhecido como Portal da Chapada, Itaberaba umdos principais municpios da Regio do Paraguau. A

    atividade comercial uma das mais diversificadas daChapada Diamantina, com agncias de bancos p-blicos e privados e sedes regionais de alguns rgosgovernamentais. Possui um dos maiores rebanhosbovinos da regio e, na agricultura, alm do cultivo doabacaxi, se destaca tambm na produo de manga(em 2004 a safra rendeu 1,411 milho de frutos, comvalor estimado em R$ 5,040 milhes), limo e man-dioca. sede de empresas do setor moveleiro e de

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    33Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.32-37, Maro/2007

    Andr Pomponet e Clia Regina Sganzerla Santana

    uma fbrica de calados femininos, com produoanual estimada em 3,8 milhes de pares, e geradorade centenas de empregos diretos.

    O municpio assumiu a hegemonia na produo deabacaxi na Bahia na dcada de 1990, com a deca-dncia da lavoura em Corao de Maria, cujos frutos

    foram atingidos pela doena da fusariose. Dotado decondies climticas favorveis para o cultivo do aba-caxizeiro, o municpio produz o fruto h cerca de 30anos, mas somente a partir de 1993 que o plantiodisseminou-se, resultado de uma experincia da Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (Embrapa).Naquele ano, foram plantados 50 hectares, saltandopara cerca de dois mil 12 anos depois. O valor da pro-duo, estimado em 474 mil reais em 1994, elevou-se para patamares acima de 10 milhes de reais em2004 e 2005, conforme se pode conferir no Grfico 1.

    Em 2005 a rea colhida estimada foi de 1.460 hec-tares, com tamanho mdio de cada propriedadeestimado em trs hectares. Ao longo dos anos, aprodutividade cresceu em virtude do apoio tcnico,passando de 18,4 mil frutos colhidos por hectare em2000, para mais de 41 mil frutos em 2005, de acordocom o Grfico 2. Tal crescimento ocorreu, em parte,

    graas ao apoio tcnico, j que h estimativas apon-tando que 70% dos produtores locais contam comassistncia da Empresa Baiana de DesenvolvimentoAgrcola (EBDA). Esse desempenho permite que osprodutores tenham uma renda mdia mensal em tor-no de trs salrios mnimos, com expressivo empregoda mo-de-obra familiar. Um detalhe adicional queo abacaxi pode ser plantado em regime de consrciocom outros cultivos, como feijo, mandioca e milho,que reforam o carter familiar da atividade, baseadana diversidade agrcola.

    R$m

    il

    6.000

    8.000

    10.000

    12.000

    4.000

    2.000

    Grfico 1Produo de abacaxi, Itaberaba - Bahia: 1994 - 2005

    1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Fonte: Elaborao do autor de acordo com IBGE - Produo Agrcola Municipal*O ano de 1993 foi omitido devido mudana de moeda

    0

    Grfico 2Quantidade produzida de abacaxi, Itaberaba - Bahia: 1993 - 2005

    mil

    frutos

    30.000

    35.000

    40.000

    45.000

    25.000

    20.000

    Fonte: Elaborao do autor de acordo com IBGE - Produo Agrcola Municipal

    15.000

    10.000

    5.000

    0

    1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

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    Oportunidades da agroindstria do abacaxi para Itaberaba

    O valor mdio da produo por hectare do abacaxiem Itaberaba tambm se destaca na comparaocom outras culturas da lavoura temporria local, con-forme se observa no Grfico 3.

    A evoluo do cultivo do abacaxi em Itaberaba estrelacionada organizao dos produtores, j que cer-ca de 600 esto vinculados Cooperativa dos Produ-tores de Abacaxi de Itaberaba (Coopaita), embora se

    estime que haja cerca de mil produtores no municpio.A criao da cooperativa contou com o apoio do Se-brae, que diagnosticou alguns problemas de gestoa serem enfrentados, como a desorganizao dosprodutores e a falta de viso na atividade. Depois decriada, a entidade inclusive passou a integrar o GrupoGestor do Abacaxi, composto tambm por EBDA, Em-brapa, Sebrae e ADAB, cuja finalidade acompanharo desenvolvimento da produo buscando soluespara as dificuldades.

    Uma das dificuldades enfrentadas pelos produtores a presena da fusariose. Estimativas apontam quecerca de 30% da produo se perde em funo des-sa doena, o que se reflete negativamente sobre oslucros. Outro problema enfrentado a concorrnciade outros estados e pases produtores, mesmo coma aceitao que o produto tem no Brasil e no exterior.Para tanto, exige-se um esforo permanente de apri-moramento da planta (visando aumentar a qualidadee a produtividade) e, ao mesmo tempo, fazer com

    que esse desenvolvimento de tecnologia alcance to-dos os produtores.

    Um outro problema relevante se refere ao clima. Em-bora apresente condies favorveis ao cultivo, Itabe-raba um municpio sujeito a prolongados perodosde estiagem, o que compromete o desenvolvimentoda planta. Perodos de seca superiores a trs me-ses j produzem danos no fruto, que exige irrigaopara no apresentar deficincias (a alternativa de seempregar a gua do Rio Paraguau para suprir a au-sncia de chuvas no acessvel a todos os produto-

    res). Em 2003, por exemplo, uma estiagem danificoucerca de 70% da safra, o que impediu os produtoresde venderem o produto no mercado de frutas frescas,onde se obtm preos maiores. Para evitar um pre-juzo maior, os frutos foram vendidos a indstrias debeneficiamento, que oferecem preos mais baixos.O valor da produo um indicativo do prejuzo: em2003 foram colhidos 38 milhes de frutos, que ren-deram R$ 5,32 milhes; no ano seguinte, a produocresceu somente trs milhes, mas o valor atingiu os

    R$ 10,660 milhes j citados (a preos correntes).Mas, mesmo com as oscilaes nos rendimentos, de-correntes dos riscos inerentes atividade agrcola, aabacaxicultura uma alternativa interessante para omunicpio, j que os trs mil empregos diretos e in-diretos gerados tm impacto notvel sobre uma po-pulao estimada em 2005 de 62 mil pessoas (IBGE,2007). E o modelo de organizao dos produtores,atravs da Coopaita, inclusive se reflete sobre a lu-cratividade. Um dos efeitos notados a reduo da

    inadimplncia, pois a organizao assegura o paga-mento aos agricultores, sem a ao dos intermedi-

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    Andr Pomponet e Clia Regina Sganzerla Santana

    mentos industriais e baixo dinamismo nos segmentosde comrcio e servios.

    Superar esse quadro, todavia, no tarefa fcil. Aexpanso e aprofundamento das polticas pblicasde educao e sade, combinadas s polticas detransferncia de renda, produzem resultados que

    atenuam a pobreza, mas a situao exige soluesmais complexas. A diversificao das atividades pro-dutivas, combinando a agricultura tradicional coma agroindstria, uma alternativa para dinamizar aeconomia local. E o sucesso alcanado pelo cultivodo abacaxi atende a um requisito para a instalaode agroindstrias familiares.

    A agroindstria familiar, em carter artesanal, geraprodutos atravs de processamento simples, combaixo contedo tecnolgico e capacidade significa-

    tiva de agregao de valor, como doces, compotas,doces em calda e polpas. Normalmente volta-se paraos mercados local e regional e emprega mo-de-obrafamiliar e pouco qualificada em atividades artesanaisou semi-artesanais (RUIZ, 2007). A matria-prima em-pregada normalmente o excedente no vendido innaturae que no obtm preos atraentes nos merca-dos. Encaixa-se, portanto, no perfil de Itaberaba, querene os requisitos expostos acima.

    rios, como ocorre em inmeras atividades agrcolas.Outro efeito positivo a exportao direta dos frutosvia cooperativa, como j se faz desde 2004, o que eli-mina tambm a ao de intermedirios.

    Contudo, mesmo com esses avanos verificados em

    termos sociais, com a melhor organizao dos pro-dutores, a abacaxicultura em Itaberaba permanececomo uma atividade primrio-exportadora tradicionale, portanto, muito sujeita s incertezas climticas, soscilaes de preos e s naturais limitaes impos-tas s atividades com baixo valor agregado ao pro-duto. necessrio, portanto, que se aproveite o dina-mismo criado pelo cultivo do abacaxi e se favorea osurgimento de atividades que agreguem valor a umadas principais atividades econmicas de Itaberaba.

    Abacaxi e agroindstria

    Itaberaba situa-se no semi-rido baiano e enfrentaproblemas semelhantes queles que afligem a maio-ria dos municpios da regio. A mo-de-obra poucoqualificada, j que 24,78% dos que tm idade superiora 15 anos so analfabetos e 44,18% tm menos dequatro anos de estudo, a renda per capita em 2000estava aqum do salrio mnimo (R$ 122,10, contra

    R$ 151,00 do mnimo naquele ano) e a informalidadeatingia 66% dos trabalhadores (SEI, 2006).

    Condies precrias no mercado de trabalho e no n-vel de educao naturalmente se refletem nos indica-dores de pobreza. Em 2000, 58% da populao esta-va nessa situao e, nesse universo, 32,45% estavamem condio de indigncia, ou seja, no dispunhamde renda suficiente sequer para se alimentar. Itabera-ba, portanto, converge para a mdia das condiesdo semi-rido baiano, em que se combinam baixa

    produtividade do setor agrcola (naturalmente com aexceo da abacaxicultura), escassez de estabeleci-

    Mesmo com as oscilaes nos

    rendimentos, decorrentes dos

    riscos inerentes atividade

    agrcola, a abacaxicultura

    uma alternativa interessantepara o municpio

    A agroindstria familiar, em

    carter artesanal, gera produtos

    atravs de processamento simples,

    com baixo contedo tecnolgico

    e capacidade signicativa de

    agregao de valor

    Mas a agroindstria familiar exige condies prviaspara se consolidar, pois somente 3% dos estabe-lecimentos conseguem sobreviver (RUIZ, 2007). Aprincipal condio a realizao de um planejamen-to adequado, com a definio exata de potenciaismercados consumidores, dotao de uma estrutu-ra compatvel para o processamento dos produtos(normalmente produzidos em pequena escala e emdimenses semi-industriais), condies para a co-

    mercializao da produo e divulgao dos produ-tos junto ao pblico consumidor.

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    Oportunidades da agroindstria do abacaxi para Itaberaba

    O arranjo institucional para o atendimento dessascondies, porm, complexo e exige a ao de ml-tiplos atores. Note-se que embora empregue mo-de-obra familiar e que no exija uma maior qualificao,a atividade requer cuidados especficos, como a ca-pacitao do trabalhador na higiene, manipulao,processamento e comercializao dos produtos. Es-

    tima-se que as dificuldades da agroindstria familiarem apresentar produtos bem embalados e visualmen-te atraentes influenciam no sucesso ou fracasso doempreendimento (RUIZ, 2007). uma evidncia deque sem um planejamento cuidadoso a agroindstriafamiliar pode fracassar.

    Consideraes nais

    Parece evidente que a agroindstria familiar do abacaxiconstitui uma alternativa interessante para gerao deemprego e renda em Itaberaba e, por conseqncia,para a reduo da pobreza. H, porm, um requisitonecessrio para o desenrolar de todo o processo des-

    crito acima: a de que a agroindstria familiar constituaum objetivo de governo, partindo de um conceito dedesenvolvimento para o semi-rido baiano.

    O aproveitamento dos produtos no comercializa-dos in natura na agroindstria familiar representa umprimeiro passo no sentido de se reduzir a depen-dncia do agricultor das incertezas climticas e pro-piciar o surgimento e o desenvolvimento de outrasatividades produtivas, colaborando para a reduoda pobreza.

    A longa estagnao da economia brasileira e as es-cassas oportunidades de trabalho oferecidas pelasgrandes metrpoles evidenciam que a fixao do ho-mem no campo de forma produtiva e auto-sustentvel a alternativa mais adequada para o enfrentamentoda pobreza longe dos grandes centros urbanos daBahia. Impulsionada pelo abacaxi, Itaberaba podeconstituir um espao privilegiado para uma experin-cia peculiar na agroindstria familiar no estado.

    Referncias

    CMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS DE ITABE-RABA. Produo de Abacaxi. Disponvel em: . Aces-so em: 24 jan. 2007.

    CUNHA, Getlio. Abacaxi em Itaberaba. InformativoMensal da Equipe Tcnica do Abacaxi, vol. 2 n. 7, jul.

    2004. Embrapa. Disponvel em: . Acesso em: 24 jan. 2007.

    OTTO Alencar inaugura unidade da Bahia Leve emItaberaba.Agecom. Salvador, 30 set. 2002. Disponvelem: . Acesso em: 24 jan. 2007.

    PAGEL, Geovana. Cidade baiana referncia nacionalna produo de abacaxi prola. Agncia de NotciasBrasil-rabe, So Paulo, 31 ago. 2005. Disponvel em:

    . Acessoem: 25 jan. 2007.

    A consolidao de uma cultura

    associativa e cooperativa umpr-requisito fundamental para

    a agroindstria familiar que a

    abacaxicultura em Itaberaba j

    contempla

    A consolidao de uma cultura associativa e coope-rativa um pr-requisito fundamental para a agroin-

    dstria familiar que a abacaxicultura em Itaberaba jcontempla. O desenvolvimento e o acesso a novastecnologias, o acesso a linhas de crdito (como asdisponibilizadas pelo Programa Nacional de Agricul-tura Familiar) e a oferta de infra-estrutura em transpor-tes so atribuies que o Estado pode desempenharbem. J a anlise dos mercados, a divulgao dosprodutos e o treinamento da mo-de-obra, por suavez, podem ser executados por organizaes no-go-vernamentais, como o prprio Sebrae. A interveno

    desses atores, porm, no prescinde da mobilizaodos produtores, principal grupo de presso polticapara a viabilizao da agroindstria familiar.

    O Grupo Gestor do Abacaxi, criado com a finalidadede supervisionar e orientar a atividade dos produtores,certamente pode ter um papel importante na constru-o da agroindstria familiar em Itaberaba, inclusivedespertando para a comunidade a relevncia de seagregar valor atravs de atividades artesanais que uti-lizam baixa tecnologia e no requerem mo-de-obra

    com maior qualificao, o que atende s condiesdo municpio.

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    37Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n .154, p.32-37, Maro/2007

    Andr Pomponet e Clia Regina Sganzerla Santana

    REINHARDT, Domingo; ALVES, Alberto. O perfil atual doagronegcio do abacaxi em Itaberaba-BA. 06 ago. 2003.Disponvel em: . Acesso em: 25 jan. 2007.

    RUIZ, Mauro; et al.Agroindstria Familiar de Londrina-PR. Disponvel em: . Acesso em: 26 jan. 2007.

    SECRETARIA DE AGRICULTURA, IRRIGAO E RE-FORMA AGRRIA. Cultura Abacaxi. Salvador, 2007.Disponvel em: .Acesso em: 26 jan. 2007.

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOSE SOCIAIS DA BAHIA. Identificao e anlise da evo-

    luo temporal das manchas de pobreza na Bahia.Banco Bahia Municpios. Produzido pela Diretoria deEstudos (DIREST). Salvador, 2006.

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOSE SOCIAIS DA BAHIA. Consulta ao Banco de Dados.Cultura por Municpio. Disponvel em: Acesso em: 27 jan. 2007.

    VIEIRA JNIOR, Rodrigo. Pequenos produtores baia-nos exportam abacaxi para Espanha.Agncia Sebraede Notcias, 20 out. 2004. Disponvel em: . Acesso em: 25jan. 2007.

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    39Conjuntura e Planejamento, Salvador: SEI, n.154, p.39-45, Maro/2007

    Robenilton dos Santos Luz*

    Biodiesel reanima agronegcio: um anode boas perspectivas, embaladas pelasagroenergias

    * Graduando da Faculdade de Cincias Econmicas, Universidade Federal da

    Bahia, bolsista do Ncleo de Estudos Conjunturais (NEC). E-mail: [email protected].

    O ano de 2006 ser lembrado como um dos perodosrecentes piores para a agropecuria comercial. Presana teia de dependncia externa e macroeconmica,sofreu crises em seus principais segmentos, com des-

    taque para os dois primeiros da pauta exportadora:os complexos agroindustriais da soja e das carnes.Agricultores realizando piquetes em estradas, pacotesde ajuda do Governo Federal, aumento do saldo de-vedor e receita negativa tornaram-se notcias comunsvindas do campo. Mesmo assim, o agronegcio foiresponsvel por 93% do saldo da balana comercialbrasileira no ano passado.

    As perspectivas para o agronegcio em 2007 sobem melhores, indicando o incio da recuperao

    do setor. Com os preos em alta devido s agroe-nergias e ao crescimento das economias centrais eemergentes demandantes de commodities, o terrenoest preparado para bons negcios. Do outro lado, oscustos de produo esto mais baixos, pois a ltimacrise obrigou fornecedores de insumos, fertilizantes,tratores, colheitadeiras e outros meios de produoagrcolas a reduzirem os preos dos materiais. Os for-necedores enfrentam tambm a concorrncia externaa preos competitivos graas ao cmbio apreciado,um dos principais causadores da crise da agricultu-

    ra em 2006, que agora ajuda a manter os preos aoprodutor rural baixos. Por fim, no possvel prever seo clima e as pragas vo prejudicar a agricultura, mascom os demais fatores positivos possvel iniciar oano com otimismo.

    Conjuntura econmica daagricultura

    Um estudo da Agroconsult aponta que a receita doagronegcio dever chegar a R$ 26,4 bilhes em

    2007, R$ 6,1 bilhes acima das dvidas totais (R$ 20,3bilhes). Mesmo assim, o Governo se prepara pararolar parte das dvidas do setor, apesar de negar qual-quer possibilidade de renegociao publicamente

    (ZANATTA, 2007). A equipe econmica trabalha dis-cretamente para disponibilizar R$ 6 bilhes esse ano,o que, se bem investido, pode ajudar a impulsionar aeconomia rural ou inseri-la ainda mais em uma situ-ao de dependncia.

    As previses para a produo de gros so bastantepositivas: espera-se recorde na safra 2006/2007. OInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE)estima a produo em 127,9 milhes de toneladas,9,7% superior safra anterior (IBGE, 2007). A liderana

    desse crescimento nordestina (23,7%, para 11,8 mi-lhes de toneladas), seguida pela Regio Sul (13,7%,para 54,9 milhes de toneladas). Assim, o Nordestepassa a responder por 9,2% da produo nacionalde gros, enquanto o Centro-Oeste mantm-se com33%. O Sul mantm a maior fatia, 42%, a se confirma-rem as previses do IBGE. J a Companhia Nacionalde Abastecimento (CONAB) vem elevando suas es-timativas a cada nova previso da safra 2006/2007,e de acordo com o levantamento de fevereiro desseano, a produo recorde deve se situar em 126 mi-

    lhes de toneladas de gros. A estimativa do rgodo Ministrio da Agricultura, Pecuria