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    156 jul./set. 2007

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    Economia emDestaque

    Entrevista Artigos

    Conjunturas brasileirae baiana no 1 semestrede 2007

    Carla do Nascimento,Elissandra de Britto,Fabiana Karine Pachecodos Santos, Joo PauloCaetano Santos, Patrcia

    Cerqueira, RosangelaFerreira Conceio

    6

    Uma nova proposta deplanejamento

    Ronald Lobato

    20Desenvolvimento eincluso: o Brasil indoalm do ciclo dosbiocombustveis

    Andr Pomponet

    28

    Insero baiana nocomrcio internacionalnos anos de 1989-1996-2006, segundometodologia UNCTAD

    Bruno Rodrigues Pinheiro

    Rodnei Fagundes Dias

    34

    Sumrio

    ExpedienteGOVERNO DO ESTADO DA BAHIAJAQUES WAGNER

    SECRETARIA DO PLANEJAMENTORONALD LOBATO

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJOS GERALDO DOS REIS SANTOS

    CONSELHO EDITORIALAntnio Plnio Pires de Moura, Celeste MariaPhiligret Baptista, Edmundo S Barreto Figuera,Jair Sampaio Soares Junior, Jackson OrnelasMendona, Jos Geraldo dos Reis Santos, JosRibeiro Soares Guimares, Laumar Neves de Sou-za, Marcos Verhine, Roberto Fortuna Carneiro

    DIRETORIA DE INDICADORES E ESTATSTICAEdmundo S B. Figuera

    COORDENAO DE ACOMPANHAMENTOCONJUNTURALLuiz Mrio Ribeiro Vieira (coordenador)

    COORDENAO EDITORIALElissandra Alves de Britto,Joo Paulo Caetano Santos

    EQUIPE TCNICACarla Janira Souza do Nascimento, Fabiana Ka-rine Pacheco dos Santos, Joseanie Aquino Men-dona, Patrcia Cerqueira, Ncia Moreira da SilvaSantos, Rosangela Ferreira Conceio

    NORMALIZAOCoordenao de Documentao e Biblioteca COBI

    REVISOMaria Jos Bacelar

    PRODUO EDITORIAL E GRFICACoordenao de Disseminao de Informaes CODINMrcia Santos (coordenadora), Dris Serrano, Eli-

    sabete Cristina Barretto, Mariana Oliveira, RamonBrando.

    FOTOSAgecom, Braskem, Cleide Carmo, Jamile AmineStock.XCHNG, Veracel

    DESIGN GRFICO/EDITORAO/ILUSTRAESNando Cordeiro

    Os artigos publicados so de inteira responsabi-lidade de seus autores. As opinies neles emiti-das no exprimem, necessariamente, o ponto devista da Superintendncia de Estudos Econmi-cos e Sociais da Bahia SEI. permitida a repro-duo total ou parcial dos textos desta revista,desde que seja citada a fonte.Esta publicao est indexada no Ulrichs Inter-national Periodicals Directory e no Qualis.

    Inovao tecnolgica naindstria baiana

    Carla Janira Souza doNascimento

    42

    Anlise sobre osinvestimentos industriaisrealizados no Estado daBahia por complexo deatividade 2000-2006

    Fabiana Pacheco

    54

    62

    Carta do editor4

    Concurso pblico na bahia:uma anlise evolutiva dos

    ltimos sete anosRosangela Ferreira Conceio

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    Ponto de vista

    A crise do mercadoimobilirio dos EUA

    e suas implicaes paraa economia brasileira

    Luiz Filgueiras

    88

    Investimentosna Bahia

    Sessoespecial

    ConjunturaEconmicaBaiana

    IndicadoresConjunturais

    Investimentos indus-triais previstos deveroalcanar R$ 14,2 bilhesna Bahia

    9470

    Livros98

    100

    Indicadores Econmicos

    Indicadores Sociais

    Finanas Pblicas

    111

    118

    128

    Av. Luiz Viana Filho, 435 4 Avenida 2 and. CAB

    Cep: 41.745-002 Salvador BahiaTel.: (71) 3115 4822 Fax: (71) 3116 1781www.sei.ba.gov.br [email protected]

    CONJUNTURA & PLANEJAMENTO, V.1- (1994- ) Salvador: Superintendncia de Estudos

    Econmicos e Sociais da Bahia, 2007.

    Trimestral

    ISSN 1413-1536CDU 338(814.2)

    Programa de Acelera-o do Crescimento:uma anlise dos inves-timentos anunciadospara a Bahia

    Simone Uderman

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    Carta do editorNas economias atuais, o investimento em inovao etecnologia tem contribudo para se alcanar o desen-volvimento econmico e social. Estados Unidos, Japo,Alemanha e outros pases do chamado mundo desen-volvido mantm suas posies hegemnicas no ape-nas por deterem grandes parcelas da produo e doconsumo mundial, mas, sobretudo, por investirem par-te substancial de seus oramentos em inovao tecno-lgica, diga-se Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

    Nessa perspectiva, o Brasil e, especificamente, a Bahiasomente alcanaro nveis de desenvolvimento iguaisaos dos pases centrais, quando se conscientizaremde que emerge em meio globalizao a necessidadeno apenas de se integrar com as demais economias,mas tambm de aprimorar as tecnologias existentesou produzir novas tecnologias capazes de gerar maiorvalor agregado, maior produtividade do trabalho e, con-seqentemente, maiores ganhos. H de se anotar queo investimento em tecnologia no passa apenas pela

    disponibilizao de recursos financeiro para o desen-volvimento de pesquisas, mas tambm pela capacita-o intelectual e educacional da populao.

    Um exemplo da necessidade de se investir em novastecnologias o caso dos Biocombustveis. At o mo-mento, o Brasil se coloca como um dos lderes na pes-quisa e produo desses produtos. Entretanto tal posi-o pode no se manter no longo prazo em virtude dafalta de investimentos em novas tecnologias voltadaspara a extrao da energia da biomassa. No caso daproduo do Biodisel a partir da cana-de-acar, tem-se a utilizao de apenas 21% de seu valor energtico.O investimento em novas tecnologias poderia aumen-tar para 50% a extrao de energia da biomassa.

    No caso especfico da Bahia, o baixo nvel de investi-

    mento em tecnologia pode ser observado, dentre ou-

    tras situaes, na composio das exportaes. Esse

    fato apontado no artigo Insero baiana no comrcio

    internacional nos anos de 1989-1996-2006, segundo

    metodologia UNCTAD, no qual seu autor destaca que

    esse desenvolvimento, a despeito do processo evolu-

    tivo pelo qual tem passado as exportaes baianas,

    ocorreu com base em produtos de baixo valor agrega-

    do, onde h concentrao de 60% das exportaes em

    commodities e produtos intensivos em trabalho. Ou

    seja, houve crescimento nas exportaes, porm essecrescimento no se pautou na agregao de valor de

    produtos de alta tecnologia; o aumento priorizou basi-

    camente produtos de baixo valor agregado.

    Reforando essa tese, temos o artigo de Carla Janira,intitulado Inovao tecnolgica na indstria baiana, queapresenta indicadores de inovao para a indstria local,utilizando-se da Pesquisa Industrial de Inovao Tecnol-gica (PINTEC). O resultado dessa pesquisa revela que asatividades inovativas na indstria baiana no agem como

    elementos propulsores do crescimento econmico, dadoo carter incipiente desta atividade nas empresas locais.Assim, faz-se necessrio eliminar os gargalos que impe-dem a acelerao do crescimento da indstria baiana,investindo cada vez mais em tecnologias.

    Com base nessas informaes sobre o investimentoem tecnologia no Brasil e na Bahia, enfatiza-se a ne-cessidade de se elevar os investimentos em novas tec-nologias (P&D). Tal tarefa no to simples, na medidaem que investir em tecnologias (P&D) requer grandeparcela de recursos e longos prazos de maturao.Dessa forma, governo e iniciativa privada devem seunir com vistas a formalizar uma poltica sustentvelde desenvolvimento de novas tecnologias, sob o riscode ficarmos a reboque no apenas dos pases desen-volvidos, mas de pases que hoje esto no mesmo pa-tamar do Brasil.

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    6 Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    Conjunturas brasileira

    e baianano 1semestrede 2007 Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana KarinePacheco dos Santos, Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia

    Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio*

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    7Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    A economia brasileira vem exi-bindo crescimento expressivoem 2007, o que pode ser eviden-ciado nos indicadores econmi-cos do primeiro semestre. Osprincipais setores da economia agricultura, indstria e servi-os indicam manuteno natendncia de crescimento. Asprximas pginas apresentama performance desses setorespara as conjunturas brasileira ebaiana, ao longo do primeiro se-mestre de 2007.

    PRODUTO INTERNO BRUTO

    Com base nos resultados das Contas Nacionais Tri-mestrais (2007) divulgadas pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatstica (IBGE), referentes ao primeirotrimestre de 2007, o produto interno bruto da economiabrasileira registrou uma expanso de 4,3%, em relaoa igual perodo do ano anterior.

    Dentre os setores que contribuem para a gerao dovalor adicionado, destaca-se o setor de servios queapresentou crescimento de 4,6% na comparao com omesmo perodo do ano anterior. Os maiores destaquesforam para intermediao financeira e seguros (9,2%),servios de informao (7,3%), comrcio (atacadista evarejista)com uma taxa positiva de 6,0%, seguida porservios imobilirios e aluguel(4,2%).

    Em seguida tem-se a indstria com elevao de 3,0%.O destaque foi a extrativa mineralapresentando umataxa de crescimento de 4,1%, beneficiada pelo aumen-to de 2,6% da produo de petrleo e gs e de 7,9% daproduo de minrio de ferro. O setor de eletricidade,gs, gua, esgoto e limpeza urbanacom 3,9% de cresci-mento, a indstria de transformaocom 2,8% e a cons-truo civilcom 2,4%.

    A agropecuria cresceu 2,1%, influenciada principal-mente pelo bom resultado alcanado em algumas la-

    vouras, a exemplo de algodo, milho, batata inglesa esoja. Outro fator importante para este setor o desem-penho positivo do abate de bovinos, produto mais im-portante dentro da pecuria.

    Pelo lado da demanda interna, o crescimento de 6,0%no consumo das famliasno primeiro trimestre de 2007,em relao ao mesmo perodo do ano anterior est atre-lado elevao da massa salarial, refletindo as boascondies do mercado de trabalho, tanto no que se re-

    * Economistas e tcnicos da Coordenaode Anlise Conjuntural da SEI.

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    fere aos nveis de rendimento quanto aos de ocupaoe tambm continuidade do processo de ampliao docrdito. J oconsumo do governoapresentou elevaode 4,0% e aformao bruta de capital fixo(FBCF) regis-trou incremento de 7,2%, justificado essencialmente

    pelo aumento da produo e da importao de bens decapital, ou ainda, de mquinas e equipamentos.

    No tocante demanda externa, as exportaes de bense serviosmantiveram-se em crescimento registrandotaxa de 5,9% no perodo. As importaes de bens e ser-vios tambm apresentaram acelerao no trimestrecom taxa de 19,9%.

    Diante desse ambiente favorvel da economia brasilei-

    ra, a expectativa de analistas do Instituto de PesquisaEconmica Aplicada (IPEA) de que em 2007 o pascresa em torno de 4,3%. Este crescimento creditadoaos resultados positivos que vm apresentando os se-tores produtivos do pas ao longo do ano, esperando-seque a agricultura registre um incremento de 4,5%, aindstria cresa 4,4% e os servios 4,0% (BOLETIM DECONJUNTURA, 2007).

    INDSTRIA

    O comportamento registrado neste primeiro semestrede 2007 na indstria nacional foi positivo para a eco-nomia, como pode ser verificado nos dados referentesao ms de junho da PIM Pesquisa Industrial Mensal(2007) do IBGE.

    A taxa da indstria geral de 4,8%, no primeiro semestredo ano, frente a igual perodo de 2006, resulta do predo-mnio de taxas positivas que atingem vinte atividadespesquisadas, com a maior contribuio positiva vindade mquinas e equipamentos (17,5%). Nessa compa-rao, tambm vale destacar os desempenhos positi-vos de veculos automotores (8,9%), metalurgia bsica(8,2%), alimentos (3,3%), mquinas para escritrio eequipamentos de informtica (21,2%), outros produtosqumicos(5,3%) e indstria extrativa(5,7%).

    Os ndices por categorias de uso indicam o maior dina-mismo do setor de bens de capital(16,7%). A categoria

    de bens de consumo durveis registrou taxa de 4,4%,com acrscimo de 5,3% na fabricao de automveise de 13,3% na de eletrodomsticosda linha branca,enquanto a produo da linha marrom (-20,9%) e a decelulares(-6,2%) pressionaram negativamente.

    Os bens intermedirios apresentaram acrscimo de4,1%, com destaque para o subsetor de insumos indus-triais elaborados (4,0%), o de maior impacto na categoria,refletindo a maior produo siderrgicae de autopeas. Ogrupamento de insumos para a construo civil, que acu-mulou acrscimo de 6,1% no primeiro semestre do anotambm contribuiu para a performance positiva dessesegmento. O subsetor de combustveis e lubrificantes ela-borados(-2,4%) foi o nico que mostrou queda, reflexo do

    recuo na produo de leo diesel e leos lubrificantes.

    A indstria de bens de consumo semi e no durveis(2,9%) teve seu resultado influenciado, sobretudo, poralimentos e bebidas elaborados(4,5%), no qual se desta-cam os itens refrigerantes, carnes e miudezas de aves.

    A produo industrial baiana tambm apresentouresultados positivos para este primeiro semestre de2007, mas aperformanceda atividade na Bahia muitoaqum do esperado, com alguns segmentos mostran-

    do um crescimento pfio. Os dados que confirmam estaafirmativa esto expostos nos pargrafos seguintes.

    De acordo com os dados da PIM, no primeiro semestredo ano, a indstria baiana apresentou variao positivade apenas 0,3%, com resultados positivos em quatrodas nove atividades investigadas. Os maiores impac-tos positivos foram assinalados por alimentos e bebidas(14,1%), em funo do aumento na produo de fari-nhas e pelletsda extrao do leo de soja, e borrachae plstico (12,3%), em virtude da maior fabricao deembalagens de plstico para produtos alimentcios garrafes, garrafas e frascos de plstico. Entre outrossegmentos, pode-se citar a metalurgia bsica, que obte-ve incremento em sua produo de 0,2%, em funo demaior produo de vergalhes de ao e cobre e mine-rais no-metlicos, com aumento de 7,1% no perodo.

    Em sentido oposto, as principais presses negativasvieram de refino de petrleo e produo de lcool(-3,5%)

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    e celulose e papel(-4,8%), por conta, respectivamente,da menor produo de nafta, leo diesel e celulose; eveculos automotores(-9,7%), em decorrncia de umaparada em fevereiro de 2007, verificada na fbrica ins-talada no estado; e dosprodutos qumicos, que registra-

    ram queda de 0,4% na produo de sulfato de amnio.

    No desempenho de alguns dos setores acima men-cionados, observa-se que o segmento de alimentos ebebidas apresentou o resultado mais significativo noperodo, principalmente em razo da maior produode derivados de soja. O gro alm de apresentar es-timativas favorveis na produo agrcola do estado,tem altas cotaes no mercado internacional.

    Em veculos automotores, houve uma reduo na fabri-cao de automveis, nos primeiros sete meses do anode 2007, sendo produzidas 128 mil unidades; desse to-tal foram exportadas 44,3 mil unidades. Esta produo inferior registrada em igual perodo do ano passado,que chegou a 141 mil unidades (ACOMPANHAMENTOCONJUNTURAL, 2007).

    Com relao ao refino de petrleo, segundo dadosda Agncia Nacional do Petrleo (ANP), na Refina-ria Landulpho Alves, ocorreu reduo na produo

    de leo diesel em 6,6%, comparando-se o primeirosemestre de 2007 com igual perodo de 2006; igual-mente a produo de leo combustvel registrouqueda de 1,6%, e a produo de nafta para petro-qumica, de 7,4%. Tambm registraram queda aproduo de gasolina (-2,2%), GLP (-20,3%) e asfalto(-22,7%). Positivamente, destacam-se a produo delubrificantes (39,0%), parafina (26,5%), querosene de

    avio (11,4%) e solventes (76,7%), que tm pequenaparticipao no valor da produo do setor.

    No setor de produtos qumicos, espera-se, para 2007,a maturao de investimentos realizados para amplia-

    o da capacidade produtiva e modernizao de plan-tas j existentes. Alm disso, vale salientar o incio daoperao, no estado, da produo da matria-prima denegro-de-fumo, utilizada para a produo de pneus, oque totaliza um investimento de US$ 65 milhes.

    O desempenho da indstria demetalurgia bsicaconti-nua sendo influenciado pela forte volatilidade do preodo cobre no mercado internacional. Segundo o Relat-rio de Acompanhamento Conjuntural da FIEB (2007),

    no mercado interno, as vendas de ao bruto alcana-ram um incremento de 13,7% no primeiro semestre de2007, comparado com o mesmo perodo de 2006. Esteincremento deve-se a uma maior demanda advindados setores da construo civil e do setor automobi-lstico, estimulados, respectivamente, pelo aumento nocrdito imobilirio e pelo aumento das operaes definanciamento de automveis. J as vendas externasobtiveram queda de 11,8% para o mesmo perodo emanlise, o que se deve ao fato de o setor siderrgiconacional ter priorizado atender demanda do mercado

    interno. As expectativas para o setor so de tendnciade crescimento do consumo interno de ao, ao longodo ano, impulsionada pelo desempenho dos segmen-tos da indstria naval e de petrleo e gs.

    Para o segmento depapel e celulose, registrou-se altano preo da celulose cotada no mercado internacio-nal. O aumento nos preos est relacionado com ocrescimento da demanda global aquecida, com areduo na oferta, com a falta de madeira e cavaco,alm do aumento verificado nas tarifas de exporta-es na Rssia e ocorrncia de greve no Canad. Asexpectativas para o segmento so de maturao dealguns investimentos de ampliao/duplicao da ca-pacidade produtiva por parte das grandes empresasde papel e celulose do estado.

    No emprego industrial, segundo a Pesquisa IndustrialMensal de Emprego e Salrios (PIMES) do IBGE, o es-tado da Bahia registrou taxa positiva de 0,5% no nvel

    O desempenho da indstria

    demetalurgia bsicacontinua

    sendo influenciado pela forte

    volatilidade do preo do cobre

    no mercado internacional

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    de pessoal ocupado assalariado na indstria geral (ex-trativa e mineral), para o acumulado do ano at junho,em confronto com igual perodo de 2006. No Brasil,registrou-se aumento de 1,6% para este indicador.

    Em termos setoriais, no total do pas, os destaquesforam: alimentos e bebidas (5,3%), produtos de metal(5,7%), meios de transporte (4,7%) e mquinas e equi-pamentos (4,3%). Em contraposio, as presses ne-gativas na composio da taxa geral foram exercidas,sobretudo, por calados e artigos de couro(-6,4%), ves-turio(-5,1%) e madeira(-4,7%).

    Na Bahia, os ramos que apresentaram aumento noemprego industrial foram: alimentos e bebidas(12,6%),

    coque refino de petrleo e produo de lcool (5,2%),mquinas e equipamentos (5,5%) e borracha e plsti-cos(6,3%). Negativamente, destacam-se os segmentosda qumica e petroqumica(-10,3%),produtos de metal(-14,7%) e minerais no-metlicos(-12,9%).

    As expectativas para a indstria baiana, no segundosemestre de 2007, mostram-se favorveis para a recu-perao de desempenho dos principais setores. Tendo-se como pano de fundo o quadro da indstria nacional;a demanda interna aquecida; o aumento da massa sa-

    larial, do consumo das famlias e dos investimentos; ea reduo gradual da taxa de juros.

    BALANA COMERCIAL

    Os resultados do comrcio exterior continuam a deno-tar maior maturidade da economia brasileira nas rela-es internacionais. Apesar do constante movimentode valorizao do real frente ao dlar, tal fato no foisuficiente para conter o avano das exportaes bra-sileiras, as quais vm sendo beneficiadas pelo aumen-to internacional no preo das commodities que tmgrande peso nas exportaes. Por outro lado, essamesma valorizao tem contribudo de forma decisivapara o aumento das importaes brasileiras.

    No primeiro semestre de 2007, a balana comercial brasi-leira registrou crescimento tanto das exportaes quantodas importaes. No perodo, as exportaes cresceram

    19,9%, com volume total de US$ 73,2 bilhes, e as impor-taes cresceram 26,6%, com valor total importado deUS$ 52,6 bilhes. Com estes resultados, a balana comer-cial do Brasil apresentou supervitde US$ 20,6 bilhes.Dada a atual composio da balana comercial brasi-

    leira, a expectativa que o Brasil termine 2007 com su-pervitcomercial de 45,0 bilhes, aproximadamente.

    J no ms de julho de 2007, tanto as exportaes quan-to as importaes brasileiras registraram valores recor-des. As exportaes somaram US$ 14,2 bilhes e asimportaes US$ 10,8 bilhes. A anlise das exporta-es brasileiras por categorias de uso, at o ms de ju-lho, aponta que 57,5% do total exportado correspondeua bens intermedirios; a subcategoria insumos indus-

    triais respondeu por 41,0% de tudo o que foi exporta-do pelo Brasil. Os Estados Unidos continuam sendo oprincipal destino das exportaes brasileiras (16,0%),porm com perda em relao ao ano de 2006, quandoessa participao era de 18,2% no mesmo perodo. Nasimportaes, situao semelhante; dentro da categoriabens intermedirios, que responde por 43,4% do totalimportado, a subcategoria insumos industriaisrespon-deu por 32,3% de tudo o que foi importado.

    A dinmica da balana comercial baiana similar bra-

    sileira; crescimento das exportaes e das importaes,sendo que o volume das importaes ligeiramentesuperior ao das exportaes. No primeiro semestre de2007, o volume total exportado pela Bahia foi de US$ 3,4bilhes, com crescimento de 10,4% sobre o mesmo per-odo do ano anterior. O ltimo dado, para o ms de julho,apontou exportaes no valor de US$ 580 milhes.

    A composio das exportaes baianas por fator agre-gado mostra a pauta com ampla participao de pro-dutos industrializados (87,0%). Desse total, os produtosmanufaturados respondem por 59,6% das exportaesbaianas, demonstrando o alto grau de industrializaodas mesmas, sobretudo nos segmentos de derivadosde petrleo, automotivo, qumico e petroqumico, meta-

    lrgico e papel e celulose. No obstante esse vigor dasexportaes baianas, no que concerne aos produtosindustrializados, preciso atentar para o fato de queaproximadamente 60% do total exportado correspon-de a insumos industriais, ou seja, mais da metade do

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    que exportado pela Bahia destinado a processosindustriais fora do pas, os quais, certamente, pos-suem um contedo tecnolgico mais avanado. Outraocorrncia importante nas exportaes baianas que,dos cinco principais segmentos exportadores, apenas

    o segmento automotivono ou est relacionado scommodities. Dessa forma, preciso dotar as expor-taes baianas no apenas do componente industrial,mas, sobretudo, do componente tecnolgico, agregan-do valor aos produtos e aumentando os ganhos obtidosno comrcio exterior.

    A Tabela 1 apresenta a anlise das exportaes baia-nas por fator agregado para o acumulado do ano ato ms de julho. Mais uma vez pode-se observar que as

    manufaturas continuam a determinar o desempenhopositivo do ano, com 59,6% do valor total exportado.

    As importaes baianas seguem em ritmo aceleradode crescimento. No primeiro semestre de 2007, o cres-cimento foi de 21,2%, com total importado de US$ 2,5bilhes. O ms de julho de 2007 registrou o segundomaior valor importado pela Bahia: US$ 545 milhes.

    A avaliao das importaes por categorias de usoaponta que, a despeito de representarem apenas 11,0%

    do total importado, o crescimento nas importaes debens de consumo no durveis(95,9%) e bens de con-sumo durveis (31,5%) demonstra o impacto positivoda valorizao do real frente ao dlar para as impor-taes. Outro fator que tambm tem impulsionado ocrescimento das importaes, e que pode ser deduzidopela leitura dos dados, o crescimento econmico e,por extenso, a demanda interna por bens externos.

    Destaca-se tambm o crescimento das importaes debens de capital (37,0%), indicando a movimentao daindstria baiana para mais investimentos em implanta-o ou renovao do parque produtivo.

    Considerando-se as trajetrias percorridas no primeirosemestre, a expectativa de que as balanas comerciais,tanto brasileira quanto baiana, fechem o ano com saldospositivos, porm abaixo do verificado no ano anterior. Es-sas perspectivas podem sofrer alteraes mais drsticas,

    na medida em que a atual crise financeira internacionaltome contornos maiores e atinja o lado real-produtivo daeconomia. Nesse cenrio, certamente, as exportaesbrasileira e baiana tero impactos negativos.

    COMRCIO VAREJISTA

    O comrcio varejista tem apresentado, nos ltimos me-ses, ritmo de crescimento superior ao do setor industrial.No indicador referente ao ms de junho, observa-se queas vendas cresceram no Pas pelo sexto ms consecutivoe registraram o melhor primeiro semestre da srie hist-rica iniciada em 2001, segundo dados da PMC - PesquisaMensal de Comrcio (2007) divulgada pelo IBGE.

    No primeiro semestre de 2007, o varejo nacional apre-sentou crescimento de 9,9%, frente a igual ms do anoanterior. Quando analisado o desempenho do setor poratividade, verifica-se que houve aumento das vendas em

    Tabela 1Composio das exportaes por fator agregado:Bahia, Jan.- Jul./2007 %

    Bsicos 12,3

    Industrializados (A+B) 86,6

    Semimanufaturados (A) 27,0

    Manufaturados (B) 59,6

    Operaes Especiais 1,1

    Total 100,0

    Fonte: Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio

    Destaca-se tambm o

    crescimento das importaes

    de bens de capital (37,0%),indicando a movimentao

    da indstria baiana para mais

    investimentos em implantao

    ou renovao do parque

    produtivo

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    12 Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    todas as atividades do varejo neste indicador. Os desta-ques, levando-se em considerao o peso de cada seg-mento para a formao da taxa geral do comrcio, foram:hipermercados, supermercados, produtos alimentcios, be-

    bidas e fumo(7,0%); mveis e eletrodomsticos(16,5%); eoutros artigos de uso pessoal e domstico(24,5%).

    O aquecimento da demanda interna provocou, no ms dejunho, crescimento das vendas em vinte e seis do total devinte e sete estados brasileiros. Na anlise da participaona composio da taxa do Comrcio Varejista, a Bahia foio quarto estado a se destacar, com uma taxa mensal de15,5%, na comparao com igual ms de 2006.

    A taxa registrada pela Bahia no ms de junho foi a de

    maior expressividade apresentada pelo comrcio baia-no desde dezembro de 2003, quando o setor deu incioao processo de retomada do nvel de atividade. Essecomportamento se repete pelo quadragsimo terceiroms consecutivo (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSSOCIAIS ECONMICOS DA BAHIA, 2007).

    Segundo os dados da PMC, entre janeiro e junho de2007, em relao ao mesmo perodo de 2006, o cresci-mento nas vendas do Comrcio Varejista baiano foi de10,9%, superando a do ano anterior (9,20%). As suces-

    sivas variaes positivas levaram o varejo a acumularnos ltimos 12 meses uma taxa de 10,5%.

    Por atividade, ainda segundo a PMC, sete dos oito ra-mos que compem o volume de vendas apresentaramvariaes positivas. Levando-se em considerao o graude contribuio para o Indicador Acumulado do Volumede Vendas nos primeiros seis meses deste ano, toman-do-se como base igual perodo de 2006, tm-se: hiper-mercados, supermercados, produtos alimentcios, bebi-das e fumo (8,2%); mveis e eletrodomsticos (18,3%);combustveis e lubrificantes(5,4%); tecidos, vesturio ecalados(19,0%); outros artigos de uso pessoal e doms-tico (28,3%); artigos farmacuticos, mdicos, ortopdi-cos, de perfumaria e cosmticos(12,5%); e livros, jornais,revistas e papelaria (18,3%). Obteve-se ainda variaopositiva de 13,2% para o subgrupo hipermercados e su-permercados. Neste mesmo perodo, observou-se umaexpanso nas vendas de veculos, motos, partes e peasna ordem de 20,9% e material de construo(3,4%), mas

    esses grupos no entram na composio do indicador,fazendo parte do Comrcio Varejista Ampliado.

    A exceo ficou por conta do segmento de Equipamen-tos e materiais para escritrio, informtica e comuni-

    caoque apresentou para o acumulado do ano umavariao negativa de 7,9%, contrariando o comporta-mento verificado em mbito nacional (22,3%). A taxaapurada na Bahia talvez reflita a tradio nordestinade comemorar o So Joo, perodo em que os consu-midores costumam alocar sua renda em aquisio devesturio e calados, alm de despender recursos comviagens realizadas ao interior do estado.

    Os principais destaques na composio da taxa para o

    Comrcio Varejista baiano foram: outros artigos de usopessoal e domstico, com uma variao de 28,3%, emveis e eletrodomsticos, com 18,3%. O primeiro, queengloba lojas de departamentos, tica, joalheria, artigosesportivos e brinquedos, teve suas vendas impulsiona-das pela comemorao do Dia dos Namorados e dosfestejos juninos. As datas comemorativas, tradicional-mente, aquecem os negcios do ramo, em razo dascaractersticas dos artigos que comercializam. A taxaapurada para a segunda atividade de destaque conti-nua sendo conseqncia das maiores facilidades de

    acesso ao crdito, as constantes campanhas promo-cionais realizadas pelas grandes redes varejistas e aampliao dos prazos de parcelamento das compras.

    Um outro segmento a ser analisado em funo de seupeso na estrutura do Comrcio Varejista o de hiper-mercados, supermercados, produtos alimentcios, be-

    bidas e fumo, que acumulou no perodo uma taxa de8,2%. A expanso nas vendas atribuda ao fato de osetor comercializar, prioritariamente, gneros de pri-meira necessidade e ser fortemente influenciado pelorendimento da populao.

    Para o subgrupo de hipermercados e supermercados,o crescimento das vendas foi mais expressivo (13,2%).Dentre os fatores que conseguiram dinamizar os ne-gcios nesses estabelecimentos, tm-se as constan-tes promoes empreendidas pelas grandes redes, asvendas realizadas por meio de cartes de crdito dasprprias redes, e o fato de comercializarem eletrnicos,

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    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    que teve a demanda aquecida com a valorizao doreal. Alm disso, o desempenho refletiu o crescimentodo poder de compra da populao, devido, principal-

    mente, ao aumento real do salrio.

    O desempenho apresentado pelo comrcio h algunsmeses reflete o ambiente econmico do Pas. Os fatoresque consolidam essa forte expanso no consumo so:aumento do poder de compra da populao; aumentoda renda; queda dos juros; estabilidade econmica; ex-panso da oferta de crdito; expanso da oferta internade produtos importados; e elasticidade dos prazos deparcelamento das compras.

    A expectativa que no segundo semestre se confirme atendncia de alta que se repete h dois anos. Embora,na avaliao de analistas econmicos e representantesdo setor, o ritmo de cortes da taxa bsica de juros SELIC , empreendidos pelo Comit de Poltica Eco-nmica (Copom)1, deva ser moderado, levando a umaexpanso mais modesta do comrcio, o crescimento

    do consumo no deve ser superior ao da produo, sobpena de gerar inflao.

    Os resultados apurados para os oito segmentos vare-jistas que compem o Indicador do varejo no estado daBahia, em relao s diversas abordagens de observa-o, encontram-se na Tabela 2.

    AGRICULTURA

    As expectativas para a produo de gros no pas sootimistas. De acordo com os ltimos dados divulga-dos pela CONAB, a previso de recorde est mantida

    e a produo deve alcanar 131,1 milhes de tonela-das, 7% acima do resultado da produo da safra an-terior. Ajustes na produtividade so apontados comoresponsveis pela melhora no desempenho do setor.A produo de milho est estimada em 50,6 milhesde toneladas, 19,1% a mais do que na safra anterior.A soja e o algodo-caroo tambm apresentam cres-cimento significativo, chegando a 58,4 milhes de to-neladas e 2,4 milhes de toneladas, respectivamente(SAFRA..., 2007a).1 No ms de junho o Banco Central reduziu a taxa Selic de 12,5% para 12,0%.

    Tabela 2Variao no volume de vendas no varejo:1Bahia, jun./2007 %

    Classes e gneros Mensal2 No ano3 12 meses4

    Comrcio varejista 15,5 10,9 10,5

    Combustveis e lubrificantes 17,2 5,4 2,3

    Hipermercados, supermercados, produtos alimentcios, bebidas e fumo 8,1 8,2 12,0

    Hipermercados e supermercados 12,6 13,2 19,6

    Tecidos, vesturio e calados 28,2 19,0 10,4

    Mveis e eletrodomsticos 24,5 18,3 16,6

    Artigos farmacuticos, mdicos, ortopdicos, de perfumaria e cosmticos 16,8 12,5 8,1

    Livros, jornais, revistas e papelaria 24,0 18,3 -7,4

    Equipamentos e materiais para escritrio, informtica e comunicao -19,3 -7,9 -4,9

    Outros artigos de uso pessoal e domstico 38,0 28,3 21,5

    Veculos, motos e peas 29,9 20,9 20,2

    Materiais de construo 4,8 3,4 2,6

    Fonte: IBGE/ Diretoria de Pesquisas / Depar tamento de Comrcio e ServiosObs: nd significa que o dado no est disponvel1Dados deflacionados pelo IPCA2Variao observada no ms em relao ao mesmo ms do ano anterior3Variao acumulada observada at o ms do ano em relao ao mesmo perodo do ano anterior4Variao acumulada observada nos ltimos 12 meses em relao aos 12 meses anteriores

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    14 Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    A soja e o milho, que representam 82,5% dos cereais,leguminosas e oleaginosas, registram as maiores reasplantadas em 2007, chegando a 20,6 milhes de hectarese 13,7 milhes de hectares, respectivamente. O feijo 2safra apresenta queda em sua produo, devido estia-

    gem na Paraba e substituio das reas plantadas doproduto pelo milho na Bahia, em decorrncia das expec-tativas favorveis de bons preos do produto no mercadointernacional. A retirada, pelos Estados Unidos, de parterazovel de sua produo do mercado, para atender de-manda interna da produo de etanol, vem pressionandoos preos deste produto para cima (SAFRA..., 2007b).

    As boas expectativas de produo nacional de grostambm so identificadas na produo agrcola baia-

    na. As estimativas do Levantamento Sistemtico daProduo Agrcola (LSPA), do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatstica (IBGE), realizadas em julho de2007, indicam um desempenho positivo para as prin-cipais lavouras. Os dados gerais (Tabela 3) ratificam aexpectativa de melhora do setor no estado.

    No estado, no caso especfico da produo de gros,chega-se a 5,5 milhes de toneladas, 30% a mais em

    relao ao ano anterior. O milho o principal produtoa impulsionar os nmeros da produo para cima. Emjulho de 2007 estima-se a produo deste gro em 1,7milho de toneladas na Bahia, crescendo 54% em rela-o ao ano anterior.

    Observando-se os produtos, separadamente, outros

    merecem destaque: a produo de algodo apre-

    senta crescimento de 29% (1,1 milho de hectares),

    e a produo de soja cresce 15,4% (2,3 milhes de

    hectares). O cacau, a mandioca e a cana-de-acar

    apresentam crescimento de 16,5%, 5,9% e 1,4%,

    respectivamente.

    A cotonicultura baiana registrou aumento de aproxima-

    damente 29% na produo e de 17% na rea colhida.Dentre os motivos para este resultado positivo esto:a expanso da cultura do algodo no Oeste da Bahia,as boas condies climticas e a recuperao das co-taes do gro. As cotaes mdias mundiais devemsubir 13,6%, segundo o CEPEA, motivadas pelo consu-mo mundial e pelas importaes chinesas que dinami-zam o mercado internacional (CENTRO DE ESTUDOSAVANADOS EM ECONOMIA APLICADA, 2007).

    Tabela 3Estimativas de produo fsica, reas plantada e colhida e rendimento dos principais produtos agrcolas:Bahia, 2006/2007

    Produtos/safras

    Produo fsica (t) rea plantada (ha) rea colhida (ha) Rendimento (kg/ha)

    20061 20072 Var.(%) 20061 20072 Var.(%) 2006

    1 20072 Var.(%) 2006 2007Var.(%)

    Mandioca 4.403.414 4.662.314 5,9 350.827 368.004 4,9 345.701 353.936 2,4 12.738 13.173 3,4

    Cana-de-acar 6.141.719 6.229.734 1,4 102.888 107.769 4,7 102.230 106.556 4,2 60.077 58.464 -2,7

    Cacau 135.925 158.319 16,5 553.476 577.027 4,3 520.233 554.320 6,6 261 286 9,6

    Caf 174.792 135.825 -22,3 162.975 159.333 -2,2 159.326 146.162 -8,3 1.097 929 -15,3

    Gros 4.315.275 5.522.758 28,0 2.708.879 2.671.366 -1,4 2.577.235 2.504.293 -2,8 1.674 2.205 31,7

    Algodo 811.163 1.045.240 28,9 257.567 300.376 16,6 257.567 300.376 16,6 3.149 3.480 10,5

    Feijo 333.209 388.670 16,6 719.900 637.562 -11,4 616.417 563.312 -8,6 541 690 27,6

    Milho 1.107.016 1.708.881 54,4 808.761 835.293 3,3 781.121 742.470 -4,9 1.417 2.302 62,4

    Soja 1.991.400 2.298.000 15,4 872.600 851.000 -2,5 872.600 851.000 -2,5 2.282 2.700 18,3

    Sorgo 72.487 81.967 13,1 50.051 47.135 -5,8 49.530 47.135 -4,8 1.463 1.739 18,8

    Total - - - 3.879.045 3.883.499 0,1 3.704.725 3.665.267 -1,1 - - -

    Fonte: IBGE - PAM/LSPA/GCEA1 Estimativas do GCEA/IBGE safra 2006 (dados sujeitos a retificao)2 Estimativas do GCEA/IBGE julho/2007 (dados sujeitos a retificao)3Rendimento= produo fsica/rea colhida

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    15Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    O feijo, a despeito de redues em suas reas planta-das e colhidas, apresenta crescimento da produo de16,4%, fato que confirma a melhoria em seu rendimen-to mdio (kg/ha).

    O nico produto, dentre os pesquisados, que tem de-sempenho abaixo do apresentado no ano passado o caf, que continua a tendncia de baixa. Em julhode 2007 a estimativa de produo para este produto inferior (-22,3%) em relao ao nmero do ano passa-do e sua rea caiu 2,2%. O baixo desempenho do caf,segundo as informaes da Conab, est associado prtica de podas drsticas (recepa), aliadas ao menorndice de ocorrncia de floradas na regio do planalto(tradicional), baixo uso de insumos, aumento de reassemi-abandonadas, substituio do caf pelo eucaliptoe bienualidade negativa (um ano de alta e outro de bai-

    xa) (SEGUNDO..., 2007).

    O resultado favorvel das exportaes do estado pu-xado pela soja, cacau e caf, que impulsionaram asvendas motivadas pelos timos preos internacionaise contnuo crescimento da economia mundial (EXPOR-TAES..., 2007).

    O resultado semestral das exportaes do agronegciona Bahia (Tabela 4) apresentam crescimento de 27% no

    valor de suas transaes em relao ao mesmo pero-do do ano passado. O volume comercializado tambmapresenta crescimento, chegando aproximadamente a864 mil toneladas.

    A soja o principal produto exportado pelo estado, notocante ao valor de transaes, chegando a US$ 162milhes nesse perodo. Em relao ao mesmo perododo ano passado este produto apresenta crescimentode 84,6% nas exportaes. A colheita da soja, que seencerrou em maio, confirmou as boas expectativaspara esta safra 2006/07, no que se refere produoe produtividade esperadas. Alm disso, a valorizaodo Real e a retirada do mercado internacional de parteda produo da safra americana (reduo de 13,9% na

    Tabela 4Exportaes do agronegcio: Bahia, Jan. - Jun. 2006/2007

    ProdutosPeso (ton)

    Var (%)Valores (US$ 1000 FOB)

    Var (%)2006 2007 2006 2007

    Soja e derivados 398.217 676.294 69,8 87.773 162.039 84,6

    Cacau e derivados 44.837 38.731 -13,6 105.953 100.734 -4,9

    Couros e peles 13.214 11.724 -11,3 42.209 53.450 26,6

    Sisal e derivados 50.668 57.868 14,2 43.436 51.683 19,0

    Caf e especiarias 18.169 23.675 30,3 39.338 54.519 38,6

    Algodo e seus subprodutos 30.183 31.285 3,7 33.549 34.966 4,2

    Frutas e suas preparaes 25.238 22.342 -11,5 22.310 22.692 1,7

    Fumo e derivados 925 1.079 16,6 6.543 8.230 25,8

    Pesca e aqicultura 1.664 839 -49,6 7.245 3.273 -54,8

    Total das exportaes agronegcio 583.115 863.837 48,1 388.356 491.586 26,6

    Total das exportaes baianas 4.425.809 4.473.327 1,1 3.062.317 3.379.354 10,4Participao do agronegcio nas exportaes baianas 13,2 19,3 12,7 14,5

    Fonte: Centro internacional de negcios da Bahia - PROMOBAHIA (com adaptaes)

    A soja o principal produto

    exportado pelo estado, no

    tocante ao valor de transaes,

    chegando a US$ 162 milhes

    nesse perodo

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    16 Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    produo, decorrente da diminuio da rea plantada)contriburam para o aquecimento das transaes doproduto no estado (CENTRO DE ESTUDOS AVANA-DOS EM ECONOMIA APLICADA, 2007).

    O cacau o segundo produto mais importante, relativa-mente a valores negociados, chegando US$ 101 mi-lhes em junho de 2007. Comparando-se com o ano pas-sado, o produto apresenta uma queda de 5% no valor.

    Depois da soja, o caf o produto que apresenta omaior crescimento no valor de transaes (39%) emrelao ao mesmo perodo do ano passado, a despeitodas previses de queda da produo no estado, segui-do de couros e peles (27%) e fumo e derivados (26%).

    O volume negociado (em toneladas) do agronegcionas exportaes do estado tambm apresenta cresci-mento em relao ao mesmo perodo do ano anterior,chegando a 864 toneladas. Este volume representa19% do peso total negociado pelo estado, e de 15% dovalor negociado, o que demonstra a importncia destemacrosetor para a economia da Bahia.

    Ainda no que se refere ao agronegcio, possvel queeste ano o PIB nacional ultrapasse o de 2004 (recor-

    de). De acordo com a Confederao da Agricultura ePecuria (CNA) e o Centro de Estudos Avanados emEconomia Aplicada da USP (Cepea), os resultados pre-liminares indicam uma elevao maior na renda dossegmentos vinculados pecuria (2,36%), alm deuma expanso acentuada no PIB dos insumos agrco-las (3,39%) devido antecipao das compras para asafra 2007/08. O PIB estimado em torno de R$ 564,4bilhes em 2007, 4,5% superior ao de 2006. O cenriofavorvel decorrente dos bons resultados das lavou-ras de algodo, cana-de-acar, milho, soja e da pecu-ria de leite, frangos e bovinos (PIB..., 2007).

    EMPREGO

    A reduo do desemprego e o aumento na massa sa-larial refletem a conjuntura favorvel apresentada nassees anteriores. Os resultados da Pesquisa Mensaldo Emprego, da Pesquisa de Emprego e Desemprego,

    e os dados do Cadastro de Empregados e Desempre-gados mostram aperformancepositiva do emprego naBahia e no Brasil.

    Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divul-

    gada pelo IBGE, a taxa de desocupao registrada paraa Regio Metropolitana de Salvador (RMS) no primeirosemestre de 2007 de 14,1%, superior registrada namdia Brasil (9,9%).

    Com base nas taxas referentes ao ms de junho, a RMSregistrou taxa de desocupao de 14,6%, superior re-gistrada para todas as regies do Pas (9,7%). Enquantona RMS esta taxa manteve-se constante nos meses demaio e junho, aps aumentos consecutivos nos meses

    de janeiro a maio (13,5%, 13,6%, 14,1%, 14,2%, 14,6%,respectivamente), a taxa de desocupao para todas asregies metropolitanas do Pas, aps registrar por trsmeses consecutivos a mesma taxa (10,1%), apresentouem junho queda de 0,4 p.p.

    Ainda com base nos dados da Pesquisa Mensal deEmprego do IBGE, destaca-se, para todas as regiesmetropolitanas, o grupo de atividade do Comrcio, re-parao de veculos automotores e de objetos pessoais

    e domsticos e comrcio a varejo de combustveis, res-

    ponsvel por 19,6% da populao ocupada, que apre-sentou acrscimo em relao a maio (3,0%). No que serefere taxa de desocupao, o setor que apresenta amaior mdia no semestre entre os grupos de atividades o da construo, com taxa de 5,5%.

    Do mesmo modo, o aumento na taxa de desocupaona RMS, ao longo do primeiro semestre, decorre, princi-palmente, do desaquecimento no setor de construo,que registra na mdia do primeiro semestre a maiortaxa de desocupao, da ordem de 8,7%, entre os gru-pos de atividades pesquisadas. Na segunda e terceiraposies, com taxa mdia de desocupao no semes-tre de 6,5%, encontram-se os segmentos de serviosprestados empresa, aluguis, atividades imobilirias

    e intermediao financeira e servios domsticos.

    Com relao ao rendimento mdio real (efetivamenterecebido), com base nos dados da PME, a RMS regis-trou aumento de 7,7% no ano, em comparao com o

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    17Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    mesmo perodo do ano anterior, enquanto para o totaldas RMs o incremento foi de 4,7%, sendo a Regio Me-tropolitana do Recife responsvel pela taxa mais bai-xa (1,8%) observada no perodo. Com relao massasalarial de todos os trabalhos, a PME mostra que na

    mdia de todas as regies metropolitanas do Pas oaumento no perodo de janeiro a maio foi de 5,9%, en-quanto na RMS observa-se incremento de 11,9%.

    Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego(PED), calculada pela SEI, UFBA e DIESSE, indicamqueda na taxa de desemprego na Regio Metropoli-tana de Salvador, no ms de junho, reduzindo-se em0,5 p.p. em relao ao ms imediatamente anterior,passando para 22,0%. O ponto positivo que essa

    taxa de desemprego encontrada 1,7 p.p. menor quea registrada no mesmo ms do ano anterior e a me-nor observada para os meses de junho, desde o incioda pesquisa, em 1997. A taxa de desemprego aber-to diminuiu de 14,5% para 14,0% e a de desempregooculto manteve-se em 8,0%. De certa forma, os dadosdessa pesquisa corroboram os dados da PME, poisambas indicam estabilidade com tendncia de quedano nvel do desemprego da RMS.

    Com base nos dados do CAGED do Ministrio do Tra-

    balho e Emprego (MTE), no primeiro semestre de 2007foram gerados 39.641 postos com carteira de trabalhoassinada na Bahia, saldo superior ao registrado nomesmo perodo de 2006 (22.846), indicando incremen-to de 3,4%, em especial no decorrer de todo ano de2006 (25.089 postos de trabalho). A taxa, embora abaixoda mdia nacional (4,0%), favorvel, especialmentese comparada ao conjunto da regio Nordeste, ondehouve acrscimo de apenas 0,4% do nvel de empre-go, com a criao de 16.165 vagas. Considerando-se a

    participao dos segmentos de atividade na geraode postos de trabalho, destaca-se o setor agropecuriocom um saldo de 10.549 postos no primeiro semestre evariao de 11,3% no estoque.

    CONSIDERAES FINAIS

    As expectativas para a economia baiana so de cres-cimento em 2007. Essa avaliao est sustentada no

    desempenho da agropecuria e do setor de servios.As incertezas respaldam em torno da recuperao daproduo industrial.

    Este cenrio torna-se mais propcio diante dos in-

    vestimentos industriais e de infra-estrutura divulga-dos recentemente pelo Programa de Acelerao doCrescimento (PAC). As polticas estadual e federalde investimento visam criar uma estrutura econmi-ca razovel que estimule o crescimento da economiabaiana. Aliada estabilidade econmica, o esforo deinvestimento na revitalizao da infra-estrutura fsicae na modernizao da planta produtiva cria condiespara um crescimento mais acelerado da economianos prximos anos.

    Os investimentos em infra-estrutura divulgados peloPAC para o estado, que representam aproximada-mente de 3,4 bilhes de reais, esto distribudos emprojetos para rodovias, hidrovias, ferrovias, centroslogsticos e portos. A grande parte desses projetos(cerca de 60,0% do investimento) concentra-se naconstruo de ferrovias.

    Os investimentos industriais previstos at 2011, repre-sentando um esforo de inverso privada em torno de

    13,7 bilhes de reais, contemplam diversos segmentosde atividade; destes, 62,3% esto concentrados em trssetores: minerais no-metlicos(28,2%), papel e celu-lose(22,5%) e produtos qumicos(11,6%). Ressalte-seque a concretizao desses investimentos apresentaum efeito em cadeia por todos os setores da economiabaiana, principalmente para o setor de servios.

    Ao se verificar o cenrio da economia baiana nos l-timos cinco anos (2002-2006), observa-se crescimen-to significativo nos indicadores de comrcio exterior,acima dos observados para o Pas. As exportaes eimportaes baianas cresceram no perodo 26,2% a.a.e 14,4% a.a., respectivamente, enquanto, para o Brasil,as exportaes e importaes apresentaram taxas m-dias anuais de 18,8% e 10,4%, respectivamente.

    De um modo geral, o cenrio econmico para a Bahiamostra-se sustentado em taxas bastante otimistas,com perspectivas favorveis para os prximos meses.

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    Conjunturas brasileira e baiana no 1 semestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE

    REFERNCIAS

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    AGNCIA NACIONAL DE PETRLEO. Dados estatsticos. Dis-ponvel em: . Acesso em: 16 ago. 2007.

    BOLETIM DE CONJUNTURA. Braslia: IPEA, n. 77, jun.2007. Disponvel em: . Acessoem 16. ago. 2007.

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    CENTRO DE ESTUDOS AVANADOS EM ECONOMIA APLI-CADA. Agromensal. Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2007.

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    CHIARINI, Adriana; ASSIS, Francisco Carlos de; LEONEL, Fl-vio. Venda do varejo tem maior alta desde 2001. Expanso no1 semestre di de 9,9% ante igual perodo de 2006, reforan-do a tese de que o juro vai cair menos. O Estado de S. Paulo,16 ago. 2007. Disponvel em: .Acesso em: 16 ago. 2007.

    CONTAS NACIONAIS TRIMESTRAIS. Resultados do 1 tri-mestre de 2007 : indicadores de volume e valores corren-tes. Disponvel em: . Acesso em: 17ago. 2007.

    ECONOMIA E CONJUNTURA. Rio de Janeiro: UFRJ, jun.2007. Disponvel em: . Acesso em:17 ago. 2007.

    EXPORTAES baianas crescem 14,2% em abril. Disponvelem: .Acesso em: 17 mai. 2007.

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    ONAGA, Marcelo; MEYER, Carolina. O melhor ano da his-tria. Os brasileiros nunca compraram tantos carros o

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    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL DO EMPREGO E SALRIO.Rio de Janeiro: IBGE, jun. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 17 ago. 2007.

    PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL. Rio de Janeiro: IBGE,jun. 2007. Disponvel em: . Aces-so em: 17 ago. 2007.

    PESQUISA MENSAL DE COMRCIO. Rio de Janeiro: IBGE,jun. 2007. Disponvel em: . Acessoem: 15 ago. 2007.

    PESQUISA MENSAL DO EMPREGO. Rio de Janeiro: IBGE,jun. 2007. Disponvel em: . Acessoem: 14 ago. 2007.

    PIB do agronegcio deve ser recorde. Disponvel em: .Acesso em: 17 ago. 2007.

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    SAFRA de gros cresceu 14% em julho, segundo o IBGE.Disponvel em: . Acesso em:14 ago. 2007b.

    SEGUNDO levantamento de caf 2007-2008. Disponvel em:

    < http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/Bole-tim.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2007.

    SOARES, Pedro. Comrcio cresce 9,9% no 1 semestre.Taxa semestral a maior medida pelo IBGE desde 2001;no ano, houve expanso de vendas em todos os meses atjunho. Juro menor, prazo maior para pagamento, salrioem alta e dlar em baixa favoreceram aumento de vendas,segundo instituto. Folha de S. Paulo, Rio de janeiro, 16 ago.2007. Disponvel em: . Aces-so em: 16 ago. 2007.

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    19Conj. & Planej., Salvador, n.156, p.6-19, jul./set. 2007

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla do Nascimento, Elissandra de Britto, Fabiana Karine Pacheco dos Santos,Joo Paulo Caetano Santos, Patrcia Cerqueira, Rosangela Ferreira Conceio

    STEFANO, Fabiane. Veja onde o consumo cresce mais r-pido no Brasil. Portal Exame. 11 jul. 2007. Disponvel em: Acesso em: 20 jul. 2007.

    STEFANO, Fabiane; PADUAN, Roberta. O brasileiro vai s com-

    pras. Poucas vezes se viu um mercado interno to aquecido. Eo melhor: desta vez o jogo diferente dos surtos de consumodo passado. Portal Exame. 12 jul. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 20 jul. 2007.

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS E SO-CIAIS DA BAHIA Vendas do comrcio aumentam 10,9% noprimeiro semestre. Jun. 2007. Disponvel em: . Acesso em: 17 ago. 2007.

    VENDAS mantm crescimento, diz IBGE. Gazeta Mer-cantil, Rio de Janeiro e So Paulo, 16 ago. 2007. Dispo-nvel em: . Acesso em: 16ago. 2007.v

    informao e conhecimentomais perto de voc.

    www.sei.ba.gov.br

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    Ronald LobatoENTREVISTA

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    Uma nova propostade planejamentoSECRETRIO FALA DAS AES

    PARA O DESENVOLVIMENTOINTEGRADO DO ESTADO

    Em entrevista revista Conjuntura e Planejamento (C&P),

    o Secretrio do Planejamento da Bahia, Ronald Lobato,

    falou sobre o novo modelo de desenvolvimento do Estado.

    Fundamentado no planejamento estratgico, o secretrio

    falou, entre outros assuntos, sobre os projetos de curto e

    longo prazos do Estado, a participao popular na construodo PPA, a proposta de integrao da economia estadual e

    nacional e o sentimento de construo de uma nova Bahia,

    voltada para a melhoria dos indicadores sociais. Confira.

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    ENTREVISTARonald Lobato

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    C&P Gostaria que o senhor co-mentasse sobre a concepo de

    planejamento do novo Governo daBahia. Em que difere a atual pro-posta do Plano Plurianual (PPA)das experincias anteriores?Ronald Lobato Estamos le-vando o conceito de planejamentoestratgico s ltimas conseqn-cias, ou seja, estamos executandoo que a boa tcnica recomenda,integrando oramento, gesto emonitoramento ao planejamento,

    porque somente com esses trspilares que o planejamento acon-tece. Se reduzirmos o planejamen-to apenas ao oramento esse um olhar fazendrio sobre a aode governo, saber quanto arreca-dou e quanto aplicou impor-tante, mas muito pouco, porque,na medida em que se quer que a

    ao de governo altere a realidade, preciso programar a ao. essa

    a diferena entre a abelha e o ar-quiteto. Temos que visualizar aqui-lo que queremos que acontea.E s se consegue quando se temum diagnstico da realidade; masum diagnstico que permita sabercomo agir sobre essa realidade.

    C&P E essa a proposta doPPA?RL O PPA permite esse tipo de

    abordagem. Uma abordagem emque se constri a viso de futuroque se quer, os macro-objetivos quedevem ser mensurveis e, feito isso,vemos o que a sociedade acatoucomo sendo foco de governo. O queest acontecendo na Bahia indi-to, inclusive em relao a outros es-tados, porque sempre se ficou muito

    na liturgia da consulta popular. Ns,no; estamos indo alm da liturgia.

    As propostas so transformadas emdiretrizes, que por sua vez so trans-formadas em programas. Estes seconcretizam em aes, que so asatividades e projetos a serem imple-mentados pelo governo. E para todosos projetos, em todas as instncias,temos que produzir indicadores quenos permitam aferir a correo des-sa poltica.

    C&P E em relao prticadessas polticas, a gente sabe quea Bahia, a despeito de ser a sextaeconomia do Brasil, tem um dosquadros de pobreza mais eleva-dos. Quais as aes mais relevan-tes para mudar essa realidade?RL O Brasil tem esse quadro deconcentrao de renda que recen-

    RonaldLobato

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    temente melhorou, se compara-mos os 10% de renda superior comos 10% de renda inferior. Est ha-vendo transferncia de renda paraas camadas mais pobres da popu-

    lao. Mas tambm est havendouma distribuio de renda para ossetores rentistas da sociedade. Naverdade, h uma melhora em ter-mos absolutos, mas h tambmuma concentrao de renda paraos setores financeiros, que pre-cisa ser corrigida e vem sendocorrigida , na medida em que osjuros que a sociedade e o governo

    pagam para os detentores dos ati-vos vm diminuindo.

    C&P Quais so as aes maisrelevantes para mudar esse qua-dro de concentrao de renda ecomo reverter esse quadro depobreza da Bahia?RL A Bahia particularmentediferenciada na questo da con-centrao da atividade industrial

    no produto interno bruto o PIB, ou seja, temos mais indstrias,relativamente, que a mdia doconjunto dos Estados. Nossa es-trutura basicamente industrial e,pior, na estrutura industrial temosuma concentrao da produo deprodutos industriais semi-elabo-rados. O que significa que temosuma concentrao de indstriasde capital intensivo, que oferecepoucos empregos em relao aocapital investido. Essas indstriasintermedirias no tm muita arti-culao com a produo estadual.Tudo isso leva concentrao derenda; leva a uma situao desfa-vorvel. Como as aes de gover-no, no que diz respeito a atender snecessidades da populao, no

    foram suficientes, temos uma situ-ao de descalabro social. Somosos piores em tudo: desemprego,na regio metropolitana de Salva-dor, em educao, sade... Essa

    situao precisa ser revertida. Porisso, decorrente desse diagnsti-co, temos uma poltica destinada concentrao de recursos pbli-cos na rea social. Nosso esforoser fazer com que esses empre-endimentos de porte estruturanteestejam articulados com mdios epequenos empreendimentos.

    C&P Existe concentrao derenda no s em classes sociais,mas tambm em relao aos ter-ritrios. H uma poltica de inte-riorizao desse movimento?RL H. O governo decidiu criaruma Secretaria de Desenvolvimen-to e Integrao Regional, a Sedir,por conta disso. Essa uma pro-posta nacional. E, nacionalmen-te, as coisas esto melhorando.

    Tratando-se da Bahia, decidimosenfrentar essa concentrao derenda territorial. Como? Entenden-do que, por exemplo, o principal

    territrio da Bahia a ser desenvolvi-do o semi-rido, com a criao demecanismos administrativos quepermitam que esse objetivo sejaperseguido. O objetivo melhorar

    o desenvolvimento relativo do se-mi-rido e temos alocado recursospara esse efeito. Estamos concen-trando, no PPA, 59% na rea social.Concentrar 59% na rea social teruma distribuio de melhor quali-dade dos recursos pblicos, inclu-sive do ponto de vista territorial.

    C&P Como esses 59% sero

    aplicados na prtica?RL Na educao pblica, noacesso integral e humanizado saes de servios de sade, na pro-moo do desenvolvimento comincluso social, no fortalecimentodas identidades culturais dos ter-ritrios, no desenvolvimento dainfra-estrutura social (habitao,saneamento e energia), na promo-o de polticas de igualdade de

    direitos humanos com foco emraa e gnero e na garantia de se-gurana e integridade ao cidado,centrando aes na informao,na inteligncia, na preveno e norespeito aos direitos humanos.

    C&P E a priorizao territorialdo semi-rido, definida por essegoverno, tem relao com essaproposta?RL O semi-rido uma escolhabvia para quem tem preocupa-es sociais, pois a regio con-centra os piores IDHs, qualidadede vida ruim e dificuldades de de-senvolvimento de propostas auto-sustentveis. Mas definir o semi-rido como prioridade pouco. necessrio definir como fazer para

    Concentrar 59%(dos recursosalocados no PPA)

    na rea social teruma distribuio demelhor qualidadedos recursospblicos, inclusivedo ponto de vistaterritorial.

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    mudar a realidade do semi-rido.Estamos concentrando energiaspara desenvolver o plano diretorde desenvolvimento sustentveldo semi-rido, com base em trs

    eixos principais de arranjos scio-produtivos. Alis, esse conceito dearranjos scio-produtivos umainovao nossa, na medida em queentendemos que o desenvolvimen-to dessas regies somente se darcom a integrao da populao noprocesso. Queremos resgatar algu-mas experincias localizadas, comoas que aconteceram no municpio

    de Valente e em alguns municpiosdo Cear. A integrao da popula-o com a sua histria produtiva,com a sua histria de trabalho, emparceria e solidariedade capaz deresgatar as suas produes hist-ricas, compondo arranjos scio-produtivos que vo como acon-teceu em Valente dobrar o seuIDH. E, conseqentemente, passarda questo da sobrevivncia para

    a questo da capacidade da popu-lao acumular riqueza. esse onosso objetivo.

    C&P E como isso se dar naprtica?RL- Temos trs focos: os arranjosscio-produtivos vinculados ca-deia caprino-ovino-bovinocultura;a cadeia do sisal e da bioenergia;e, subsidiariamente, outras ca-deias sem tanta expresso socialou com menor capacidade de che-gar acumulao de riqueza, que a questo da mandioca, da aqi-cultura, das frutas e das flores. Es-tamos concentrando energias paraque, no semi-rido, essas cadeiasprodutivas sejam desenvolvidas pormeio de arranjos scio-produtivos;

    e o governo fomentar essa pro-posta com essa concepo. Maisainda, compondo uma logsticaapropriada para que haja acumu-lao de riqueza. Logstica essa,que parte das estradas vicinais,dos pequenos entrepostos, das pe-quenas fbricas, dos pequenos fri-gorficos. Tudo isso, da forma maisarticulada possvel, incorporado aogrande projeto de infra-estrutura e

    logstica que queremos, para quea Bahia se destaque como um dosportais de desenvolvimento nacio-nal. A Bahia, ao invs de ser umestado voltado para o desenvolvi-mento autrquico, isolado do pas,tem que ser vista como um portalde articulao.

    C&P O governo federal temanunciado investimentos em pro-jetos de etanol e biodiesel comoos mais importantes para o futu-ro do pas. Como esses projetospodem impactar a Bahia do pon-to de vista da reduo das desi-gualdades sociais e regionais?RL No campo da energia re-novvel, o etanol est um poucoreservado para a agroindstria,

    para as grandes plantaes. J obiodiesel tem uma funo social ede auto-sustentao quase autr-quica ante regies territorialmentedefinidas, como o semi-rido, ou

    seja, temos uma tradio de produ-o de mamona e outras oleagino-sas, que vamos ter que resgatar. E,objetivamente, a Petrobras est en-volvida com isso. A empresa inau-gurou uma usina, uma fbrica emCandeias. Estamos vendo comofaremos para que essa produoseja utilizada com todas as suaspotencialidades, mas h alguns

    problemas. Do ponto de vista derendimento energtico, a mamonano a melhor alternativa. H con-sumos mais nobres para a produ-o da mamona. Acaba sendo dif-cil garantir que a produo dessasoleaginosas originrias da agri-cultura familiar seja direcionadapara esse consumo. Somente como aumento significativo da produ-o que um dos objetivos nos-

    sos que obteremos resultadosmais significativos nessa direo.

    C&P E quais so as aesnesse sentido?RL Aumentar o consumo dobiodiesel e das oleaginosas quepodem ser desenvolvidas pela agri-cultura familiar, para obter resulta-dos significativos. nesse contextoque poderemos avanar na ques-to do biodiesel de mamona, como aumento da demanda e havendoa obrigatoriedade de incorporar 2%de biodiesel no diesel, que o B2.Se chegarmos ao B5, que implicaem incorporar 5% de biodiesel aoleo diesel, teremos uma demandaefetivamente significativa. Ao mes-mo tempo, preciso melhorar mui-

    A Bahia, ao invsde ser um Estadovoltado para o

    desenvolvimentoautrquico, isoladodo pas, tem queser vista comoum portal dearticulao.

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    to a qualidade da produo do bio-diesel, desde o agricultor familiar, acolheita, a seleo, o processamen-to, o esmagamento, que devem serfeitos de forma muito competente,

    para que o biodiesel possa ser feitocom base na oferta da agriculturafamiliar. Significa dizer que o go-verno tem que entrar com assistn-cia tcnica, tendo que recuperarou modificar a Empresa Baiana deDesenvolvimento Agrcola (EBDA),j que esta uma atividade fun-damental, que tem de acontecer.A instituio voltada para a assis-

    tncia tcnica na Bahia a EBDA,que est destruda, a ponto de todoo recurso que entre na empresaser confiscado pela justia parapagar passivos, principalmentetrabalhistas, acumulados ao longodo tempo. Mas temos que ver umaforma de resgatar essa funo, que fundamental para a melhoria daproduo do agricultor familiar.

    C&P Como o governo preten-de reforar os investimentos quej mostraram capacidade com-petitiva em escala mundial?RL Essa pergunta me leva aum dilema. O plo petroqumico,certamente, foi um passo fants-tico na Bahia, nessa direo demodernizao. S que o plo estnecessitando de uma redefinio.Nesse momento, o que est acon-tecendo o contrrio; outras linhasprodutivas esto demonstrandoser mais contemporneas, maisavanadas, como, por exemplo, aqumica verde, o lcool, as resinasobtidas diretamente nas refinarias.O traado da nafta requer avanotecnolgico, para que se possa res-gatar o plo petroqumico da Bahia

    que, ainda assim, continua sendoo maior do Hemisfrio Sul, a des-peito de passar por um momentode reverso de tendncia. Mais doque reforar, precisamos resgataro plo. A celulose, esta sim, podese reforada, pois ainda somostecnologia de ponta. Temos que

    acrescentar a tecnologia de pontana agricultura, como tambm nautilizao da madeira, seja paramveis, seja para celulose. E a ce-lulose, por sua vez, se transformarem papel, de ponta, para que pos-samos nos apropriar dessas van-tagens climticas. Alm disso, halgumas outras manifestaes que

    so ilhas da nossa realidade, narea de informtica, de software,mas pouca coisa de ponta.

    C&P E sobre as polticas de

    atrao de novos negcios,quais so os setores e territriosprioritrios?RL De novo estamos diantede um dilema. Somos um Estadopobre, com um oramento curto.Significa dizer que s teremos su-cesso se soubermos selecionar asprioridades, ou seja, aplicar bem osrecursos disponveis. Se entrarmos

    na linha de acharmos que devemosaumentar recursos indiscrimina-damente, chegaremos insolvn-cia. Isso no queremos, mesmoque essa insolvncia venha paragovernos futuros. No essa a op-o do governo atual. Por exemplo,quando analisamos os subsdios,incentivos e renncias fiscais, nopodemos deixar de prestar aten-o ao fato de que estamos fazen-

    do renncia fiscal de um bilho etrezentos milhes por ano. umacifra maior do que a nossa capaci-dade de investimento. Responden-do sua pergunta, o nosso foco oferecer logstica, infra-estrutura,visando principalmente o fomento captao de recursos de investi-mentos externos. Mas no somosingnuos. Estamos juntos, com ou-tros Estados e a Unio, discutindoos incentivos, mas com uma polti-ca muito clara: temos que ser par-cimoniosos e oferecer vantagensque sejam menores do que as van-tagens que a sociedade e o Estadovo obter ao longo do processo deatrao desses empreendimentos.Estamos num momento de redefi-nio desses valores. Entendemos

    No somosingnuos, estamos

    juntos, com

    outros Estados e aUnio, discutindoa questo dosincentivos, mascom uma polticamuito clara:temos que serparcimoniosos e

    oferecer vantagensque sejam menoresdo que as vantagensque a sociedade e o

    Estado vo obter aolongo do processode atrao desses

    empreendimentos.

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    que oferecer diferenciao de im-postos uma alternativa que seenquadra nessa poltica. Porm,que as vantagens adicionais dife-renciao do perdo da cobrana

    seja em torno de 90% um certoexagero. Como nacionalmente tal-vez acontea num curto prazo aextino da guerra fiscal , os Es-tados do Nordeste reivindicam quehaja um fundo nacional de inves-timento no Nordeste, exatamentepara que no sejamos obrigadosa permanecer nessa guerra fiscal,que deletria e prejudicial a to-

    dos.

    C&P Em relao s polticasde atrao de negcios, o se-nhor tem como citar os setorese os territrios que sero focodessa poltica de atrao? O se-nhor citou logstica...RL Eu citei logstica, principal-mente, e incentivo. S que na pol-tica de incentivo vamos atuar com

    essas restries a que me referi,ou seja, s ceder naquilo que sejamenor do que vamos receber. De-senvolver uma poltica de extinoda guerra fiscal em parceria comos Estados e a Unio; concederdiferimentos que no sejam exage-rados para aquelas que antecipamo recolhimento dessas dvidas tri-butrias.

    C&P Quais as regies que se-ro priorizadas?RL A localizao uma vari-vel importante na pontuao dadefinio da prioridade aos empre-endimentos, ou seja, um empre-endimento no semi-rido recebeuma pontuao maior do que uminvestimento na Regio Metropoli-

    tana de Salvador, por exemplo. Nopodemos incentivar tudo. Incenti-vamos, mas de acordo com umapoltica de seleo. A oferta de em-prego uma questo importante; a

    localizao uma questo impor-tante; o fato de estar fortalecendouma cadeia que relevante, que estratgica, tambm importante.Cada uma dessas caractersticasrecebe uma pontuao e, conse-qentemente, vai ser consideradaprioritria ou no. Decidimos que aBahia, ao invs de promover ilhasde desenvolvimento, tem que ser

    vista de forma integrada, macro, emque os grandes investimentos inte-rajam com as pequenas empresas,cooperativas, assentamentos. A re-gio cacaueira foi um aprendizadodessa participao com a socieda-de. L foi definido um modelo dedesenvolvimento para o territrioe para o Baixo Sul com viso ml-tipla. Tem aqicultura, projetos deseringa, de preservao da Mata

    Atlntica, de turismo ecolgico e

    histrico, caminhos para o objetivodo turismo, educao da famlia,criao de animais. Tudo isso en-volvendo a sociedade, com poucoapoio do governo. Podemos e deve-

    mos priorizar e contribuir para essainiciativa da sociedade local.

    C&P Em relao poltica deinvestimento em logstica detransporte, que o senhor con-sidera prioritria, quais efeitosesses investimentos podem tersobre as atividades sociais eeconmicas do Estado?

    RL Me referi, ainda h pouco, Bahia ser um portal de integraoda economia global e da economiacontinental. E isso no um dese-jo voluntarista. A Bahia est numaposio geogrfica muito apropria-da para essa demanda e tambmtemporalmente adequada para queisso se transforme em realidade.A Bahia tem fronteira com o Nor-deste Setentrional, com o Centro-

    Oeste e com o Sudeste. o nicoEstado que tem essa circunstncia.Temporalmente falando, vivemosum momento em que fica cada vezmais claro que h deseconomiasde escalas no aprofundamento dalogstica do Sudeste. Isso significadizer que, nacionalmente, precisamsurgir alternativas a essa concen-trao excessiva da logstica noSudeste. A Bahia, por fora da sualocalizao, tem condies de ins-crever uma ferrovia ligando o Oes-te brasileiro com o Atlntico, comrampa mxima de 0,5%, o que um diferencial absoluto no que dizrespeito a custos. Temos condiesde estender as suas ligaes Leste-Oeste por rodovirias, tambm parao Oeste brasileiro; e temos condi-

    Estamostrabalhando paraque a Bahia setorne um portalde integrao da

    economia globalcom a economiacontinental.

    Essa uma visoestratgica, delongo prazo, dignade ser perseguida.

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    Ronald LobatoENTREVISTA

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    es de melhorias dos seus portos,de forma muito significativa, em re-lao a outros portos. Tanto a Baade Todos os Santos, quanto a Baade Camamu so diferenciadamentesuperiores s condies naturaisobservadas e existentes em portosdo Nordeste e do Sudeste. Ento,estamos trabalhando para que aBahia se torne um portal de inte-grao da economia global com aeconomia continental. Essa umaviso estratgica, de longo prazo,digna de ser perseguida.

    C&P Como os investimentosdo PAC se refletem no desen-volvimento econmico e socialdo Estado?RL O PAC exatamente a ex-presso do que estvamos falan-do sobre o momento certo para aBahia se lanar nessa questo. omomento em que o governo federalcompreendeu as necessidades dasarticulaes Leste-Oeste. Como a

    Bahia tem poucos recursos, exa-tamente esse momento, timo, quecoincide com algumas tendnciasdo governo federal e estamos con-solidando apoios, inclusive de todaa bancada baiana no CongressoNacional. Temos clareza de que de-vemos fazer um esforo para que

    a Bahia se integre com essa novapoltica nacional. Graas a essaconcepo, conseguimos obter 19bilhes de reais para o PAC Bahia2007/2011, o que quase do tama-nho do nosso PPA. Aplicados eminfra-estrutura sero cerca de R$16,5 bilhes. Nas outras reas, R$2,3 bilhes de reais. Ento, essaconjuno e esse astral favorveispodem ser aproveitados. Nossaobrigao empenhar esforospara que os projetos sejam conso-lidados, ou seja, temos que trans-formar os recursos que esto alo-

    cados no PAC em realidade. Umavez alocado no PAC significa que jexistem projetos, porque s entrano PAC se houver projeto. Aquelasituao do incio do ano, quandono tnhamos projetos, est su-perada. Conseguimos acumularprojetos num volume muito signi-ficativo para transformar nossa re-alidade. Isso porque o novo modelode desenvolvimento que est no

    nosso planejamento estratgico estruturado a partir de uma visode futuro, que pensa na construode um sonho atingvel, de ser umasociedade com qualidade de vidasuperior, medida pela educao,sade, trabalho, emprego e melhordistribuio de renda.

    Esse novomodelo dedesenvolvimento,

    que est no nossoplanejamentoestratgico, estruturado a partirde uma viso defuturo, que pensana construode um sonho

    atingvel, de seruma sociedade comqualidade de vidasuperior, medidapela educao,sade, trabalho,emprego e melhor

    distribuio derenda.

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    Desenvolvimento e incluso: o Brasil indo alm do ciclo dos biocombustveisARTIGOS Pobreza como insuficincia de renda: vantagens e limitaes de sua utilizao

    Pensar a Histria Econmica atravs de ci-clos constitui uma estratgia interessantepara compreender-se as dinmicas de acu-mulao que caracterizaram determinadosperodos em diferentes pases. O recurso foiparticularmente adequado na interpretaoda evoluo dos pases latino-americanos,

    principalmente aqueles que desempenharamo papel de fornecedores de produtos prim-rios para a Europa.

    Nos pases subdesenvolvidos os ciclos eco-

    nmicos quase sempre so fruto da disponi-

    bilidade de recursos naturais que, explorados

    exausto, descrevem a trajetria de ascen-

    so e declnio do processo de acumulao,

    o que constitui, conceitualmente, o ciclo.

    As riquezas acumuladas quase sempre so

    apropriadas por pases centrais (inicialmen-te pela sujeio poltica e, posteriormente,

    pela disponibilizao de capitais para explo-

    rar esses recursos), sendo tambm contem-

    plados segmentos da elite local associados

    s atividades.

    Desenvolvimento e incluso:o Brasil indo alm do ciclodos biocombustveis

    Andr Pomponet*

    * Economista e Especialista em Polticas Pblicas e Gesto Go-vernamental. [email protected]

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    ARTIGOSAndr Pomponet

    sobre as demais atividades econmicas existentes,vinculando-as a sua dinmica. O primeiro deles foi odo pau-brasil, no sculo XVI, e consistia na extrao damadeira disponvel no litoral brasileiro, que era muitovalorizada na Europa. As dificuldades iniciais da Co-

    roa Portuguesa no povoamento do litoral brasileiro ex-plicam a opo pela explorao extrativa.

    Logo em seguida veio o ciclo da cana-de-acar. poca o acar era especiaria nos mercados euro-peus e monoplio comercial dos venezianos, que oadquiriam na sia. O elevado valor do produto explicaa disseminao de plantios pelo litoral do Nordeste,particularmente na Bahia e em Pernambuco (POM-PONET, 2002). Era caracterizado pela monocultura,

    pelas grandes extenses das propriedades e pelo usoda mo-de-obra escrava importada da frica (FURTA-DO, 1964). Embora o cultivo da cana-de-acar subsis-ta at hoje no litoral nordestino, foi ofuscado, ainda nosculo XVIII, por dois fatores a ascenso de um ou-tro ciclo, o da minerao no interior de Minas Gerais;e o incio do plantio da cana-de-acar nas AntilhasHolandesas , que deprimiram os preos do produtonos mercados europeus.

    O ciclo do caf foi o mais duradouro e o que produziu

    resultados mais perenes no Brasil. Comeou em me-ados do sculo XIX, com as lavouras estendendo-sedo Rio de Janeiro em direo a So Paulo e ao Nortedo Paran. No sculo XX o caf permaneceu como oprincipal produto da pauta de exportaes brasileirase impulsionou o desenvolvimento econmico de SoPaulo. Paralelamente, ocorria o ciclo da borracha naAmaznia (entre 1880 e 1920, declinando com o incioda produo inglesa no Sudeste da sia) e, na Bahia, ociclo do cacau, de importncia relativamente menor.

    O ciclo do caf trouxe uma contribuio indita eco-nomia brasileira: os excedentes acumulados na cultu-ra cafeeira e que no podiam ser reinvestidos devidos sucessivas crises de superproduo foram cana-lizados para a formao de uma estrutura industrialno estado de So Paulo (MELLO, 1984). Inicialmenteprodutor de bens finais, esse conjunto de indstriastransformou-se nas dcadas seguintes no maior par-que industrial da Amrica Latina, alterando significati-

    No sculo passado alguns pases latino-americanos(Brasil, Argentina e Mxico) conseguiram se industria-lizar e dinamizaram seus mercados internos. Essa di-versificao econmica reduziu a importncia relativadas atividades primrio-exportadoras sobre o ambiente

    interno, mas no representou mudanas na inserointernacional desses pases, que permaneceram expor-tadores de commoditiesagrcolas (no caso brasileiro,por exemplo, caf e soja, entre outros produtos).

    A emergncia dos biocombustveis que se dese-nha como um novo ciclo para a economia brasileira representa mais uma oportunidade mpar para opas subverter essa lgica, desenvolvendo tecnologias,exportando produtos com elevado valor agregado e in-

    cluindo parcelas excludas da sociedade.

    O objetivo deste texto produzir uma breve reflexo so-bre a questo, num momento que pode ser considera-do oportuno. Internamente, o Brasil j est utilizando oleo vegetal no diesel vendido no pas e, externamente,existe entusiasmo com a idia. o que mostrou a visitado presidente norte-americano George W. Bush ao Bra-sil, em maro de 2007, quando foi assinado o Memo-rando de Entendimento para o Avano da Cooperaoem Biocombustveis (VEJA..., 2007). Os norte-america-

    nos, inclusive, j adicionam o leo produzido do milhono diesel que comercializam (FRANZIN, 2007).

    Alm desta introduo, compem o texto mais trssees: na primeira apontam-se caractersticas dosciclos econmicos brasileiros e o que deixaram comolegado. Em seguida, faz-se um breve balano da traje-tria dos biocombustveis no Brasil para depois discu-tir o que necessrio para se ir alm de apenas maisum ciclo primrio-exportador. Conclui-se com algumas

    consideraes finais.

    LEGADO DOS CICLOS ECONMICOS

    Os primeiros ciclos econmicos brasileiros obede-ceram lgica da explorao dos recursos naturaisexistentes pelos colonizadores portugueses. No pasinicialmente pouco povoado e dotado de escassa ati-vidade produtiva, esses ciclos refletiam-se fortemente

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    Desenvolvimento e incluso: o Brasil indo alm do ciclo dos biocombustveisARTIGOS

    vamente a economia brasileira. evidente, porm, queesse processo de industrializao foi favorecido pelasturbulncias internacionais, decorrentes da Grande

    Depresso e de duas guerras mundiais (o que inibiu ocomrcio internacional e favoreceu a indstria doms-tica), e pela opo do Governo Vargas de estimular aindustrializao brasileira (ABREU, 1990).

    Esse conjunto de transformaes fez com que, nas d-cadas seguintes, o Brasil fosse alado condio deuma das maiores economias do mundo, dotado de umconsidervel parque industrial. No limiar de mais umciclo econmico, entretanto o dos biocombustveis, o Brasil ainda enfrenta o desafio de superar a condi-

    o de pas exportador de bens primrios. o que serdiscutido na seo seguinte.

    EVOLUO DOS BIOCOMBUSTVEIS NOBRASIL

    A primeira crise do petrleo, em 1973, despertou o Bra-sil para a necessidade de recorrer a outras alternativasenergticas. O pas crescia a taxas robustas desde me-ados da dcada anterior e a elevao dos preos docombustvel representava um entrave continuidadedo milagre econmico, j que o valor das importa-es do pas saltou de US$ 600 milhes em 1973 paraUS$ 2,5 bilhes no ano seguinte (BERTELLI, 2007). Orecurso adotado foi investir em infra-estrutura e refinodo petrleo brasileiro o que exigiu quase uma dca-da de maturao (CASTRO; SOUZA, 1988) e, comomedida adicional, utilizar o lcool obtido da cana-de-acar como fonte complementar. Outras alternativas

    utilizadas para superar a crise energtica foram osinvestimentos em hidreltricas e a construo de umausina nuclear em Angra dos Reis (PAIXO, 2007).

    O segundo choque do petrleo, em 1979, fortaleceu a

    opo pela produo de lcool com o Prolcool. A pro-jeo era produzir 7,7 bilhes de litros em cinco anos,utilizando a cana-de-acar e a mandioca, o babau e osorgo sacarino. Parte dos investimentos em destilariase lavouras foram financiados pelo Estado (FONTENEL-LE, 2007). A deciso de utilizar o lcool como combus-tvel de veculos partiu do presidente Ernesto Geisel,em 1975, quando visitou o Centro Tecnolgico da Ae-ronutica e se convenceu de que era uma alternativavivel aos combustveis fsseis (BERTELLI, 2007). Alm

    de representar uma alternativa dependncia do pasem relao ao petrleo, a opo pelo lcool tambmsignificou a possibilidade dos usineiros de acar su-perarem uma crise que se arrastava desde o sculo an-terior (PAIXO, 2007).

    Entre 1973 e 1984 a participao do lcool na matrizenergtica brasileira se elevou de 8% para 12,2%. A de-pendncia do petrleo diminuiu (passou de 42,8% em1973 para 32,9% onze anos depois) e a energia hidre-ltrica, o carvo, o xisto e o gs natural cresceram em

    importncia, embora a fonte mais empregada tenha setornado a energia hidreltrica, que saltou de 19% para28,8% no mesmo intervalo (PAIXO, 2007).

    Os automveis movidos a lcool deram um impulsosignificativo na indstria sucroalcooleira. Em 1981, 30%dos veculos produzidos no Brasil utilizavam o lcoolcomo combustvel; esse percentual saltou para 96% cin-co anos depois, quando atingiu o auge (PAIXO, 2007).Mesmo nessa fase inicial de sucesso, o Prolcool enfren-tou dificuldades, principalmente relacionadas a proble-mas apresentados pelos motores dos automveis, o queexigiu esforos tcnicos considerveis para a correo.

    Em 1987 o Prolcool comeou a enfrentar grandesadversidades. Entre elas esto a elevao dos preosdo acar nos mercados internacionais (o que esti-mulou a reduo da produo de lcool no Brasil) e aestabilizao dos preos do petrleo no Oriente Mdio(PAIXO, 2007). Nessa poca tambm os investimen-

    A primeira crise do petrleo,

    em 1973, despertou o

    Brasil para a necessidade derecorrer a outras alternativas

    energticas

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    ARTIGOSAndr Pomponet

    tos brasileiros no setor petrolfero haviam maturado eo pas produzia boa parte do petrleo que consumia(CASTRO; SOUZA, 1988).

    Um outro fator afetou de maneira ainda mais decisiva

    a produo de lcool combustvel no Brasil poca: oesgotamento das possibilidades de financiamento p-blico do setor. O ajustamento norte-americano de 1979restringiu as possibilidades de financiamento dos pa-ses perifricos no incio da dcada de 1980 (CARNEI-RO; MODIANO, 1990; CASTRO; SOUZA, 1988) e o setorsucroalcooleiro passou inclume, mesmo com o ajusteortodoxo que reduziu o crescimento da economia. Em1987 o Brasil enfrentava graves problemas de dficitpblico e o financiamento foi reduzido drasticamente,

    o que mergulhou o setor em dificuldades que se esten-deram por toda a dcada seguinte (PAIXO, 2007).

    A conscincia de que o petrleo constitui uma fonteenergtica finita, o surgimento de novos conflitos noOriente Mdio o que tem elevado de maneira consis-tente os preos do petrleo no mundo e os proble-mas ambientais decorrentes do chamado Aquecimen-to Global trouxeram novamente os biocombustveis ordem do dia na discusso sobre alternativas energ-ticas no Brasil e no mundo. o que ser tratado na

    prxima seo.

    PARA ALM DO CICLO DOSBIOCOMBUSTVEIS

    H 150 anos o petrleo constitui o principal elementoda matriz energtica mundial. Sua utilizao est vin-culada aos grandes avanos que a humanidade expe-rimentou no ltimo sculo e meio, notadamente no se-tor de transportes, que legou o avio, o automvel e osgrandes caminhes (SACHS, 2007). Pode-se deduzir,portanto, que o uso do petrleo como matriz energticafoi uma das alavancas do desenvolvimento capitalista,encurtando as distncias e favorecendo o aumento davelocidade de circulao de mercadorias.

    O chamado pico do petrleo, porm, ainda no sedeu. Estima-se que acontea na prxima dcada e queo declnio do produto como matriz energtica ocorra ra-

    pidamente, pois so previstos demanda crescente e r-pido esgotamento das fontes existentes. A combinaodesses fatores elevar o preo do barril, que alcanara marca de US$ 100 (SACHS, 2007). poca a huma-nidade estar desenvolvendo alternativas energticas

    que substituam o petrleo, como o hidrognio lquidoe a fuso a frio (CRAIDE, 2007), j que estimativasapontam que os biocombustveis substituam cerca de20% do combustvel fssil empregado hoje.

    Os biocombustveis, apesar da importncia para o Brasil,no substituiro integralmente os combustveis fsseisno mundo, pois calcula-se que essa substituio total exi-giria reas cultivveis quatro vezes maiores que a terra,apenas para o plantio de cana e de oleaginosas (CRAIDE,

    2007). Para o Brasil, porm, o produto constitui uma rea-lidade, j que 43,6% da matriz energtica do pas prove-niente da biomassa e 2% do diesel utilizado misturadoa leo vegetal, estando prevista adio de 5% at 2010(POMPONET; SGANZERLA, 2006). Prev-se que em 2030os biocombustveis sejam responsveis por 4% a 7% dostransportes rodovirios no mundo, contra apenas 1% atu-almente. Esse aumento se refletir tambm no aumentoda rea plantada, que passar de 1% das reas cultivveishoje no mundo para algo entre 2% e 3,5%.

    Estima-se que alguns pases faro uso mais intensivodessa fonte energtica, como o prprio Brasil, os Esta-dos Unidos e a Unio Europia. Os norte-americanos,inclusive, j tentam uma aproximao com o Brasil nosetor, pois o presidente George W. Bush esteve no pasem maro, quando a questo foi bastante discutida eganhou grande destaque na imprensa. Nessa ocasiofoi