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7/21/2019 Crer Para Compreender - Bulthmann http://slidepdf.com/reader/full/crer-para-compreender-bulthmann 1/23 CRER PARA COMPREENDER O grande teólogo do século XX, Rudolf Karl Bultmann, na sua famosa obra  “Crer e compreender”, examina se é possível a exegese livre de premissas. Abaixo, segue mina crítica ao ensaio “Será possível a exegese livre de premissas?”.[1]  Alan Francisco de Soua !emos["] # $ex$o % de 1&'(, mas % da)ueles )ue cos$umam vencer o $empo. *scri$o por +udol -arl ul$mann /10021&(34, $e5logo alem6o. Ao l72lo, deparei2me com )ues$8es acerca dos es$udos de um $ex$o 9 $alve por es$ar a vida $oda lidando com $ex$os, especialmen$e nes$a :l$ima d%cada, )uando laureei2me em !e$ras na ;niversidade do *s$ado do +io de <aneiro. *m=ora a in$en>6o do au$or sea $ra$ar dos aspec$os exeg%$icos =í=licos, isso n6o impede a possi=ilidade de pensarmos nossa orma de lidar com $ex$os diversos. @ impor$an$e risar )ue, em=ora $ena sido escri$o em poucas páginas, os elemen$os a=ordados por ul$mann, no ar$igo )ue irei usar para relex6o, s6o amplos e, para o $ema em )ues$6o, ocarei em alguns aspec$os pon$uais. Bual % a dis$ncia compreensiva en$re um suei$o in$erpre$an$e e uma realidade in$erpre$ada? A verdade, en)uan$o me$a ermen7u$ico2cogni$iva, pode ser considerada uma possi=ilidade a$ingível D a$i$ude compreensiva de um suei$o in$erpre$an$e? # $í$ulo da o=ra % !er" possível a exegese livre de premissas# $ [E], o )ue nos reme$e a )ues$8es relevan$es para )ual)uer es$udioso )ue $em como o=e$o $ex$os em geral. # )ue pre$endo rele$ir, nos parágraos a seguir, % so=re as implica>8es )ue residem no a$o de es$udar um $ex$o a undo.  A primeira respos$a do au$or D pergun$a )ue prop8e como $í$ulo % sim e n6o. Buando di sim D pergun$a so=re a possi=ilidade de uma exegese livre de premissas, ul$mann reere2se D exegese ei$a “sem pressupor os resul$ados da exegese” " []. A segunda respos$a, por sua ve, segue da explica>6o de )ue o exege$a n6o % neu$ro. *s$e, ao analisar o $ex$o, $ra “consigo cer$as pergun$as” e “cer$a no>6o do assun$o de 1[3] BULTMANN, R. K. Será possível a exegese livre de premissas? In: BULTMANN, Rudolf Karl. Crer e Compreender. Artigos Selecionados. Editados por alt!r Alt"ann. #$o L!opoldo R#: #inodal, 1%&', pp. ((3)((%. ([*] Bult"ann, p. ((3.

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CRER PARA COMPREENDER

O grande teólogo do século XX, Rudolf Karl Bultmann, na sua famosa obra   “Crer e

compreender”, examina se é possível a exegese livre de premissas. Abaixo, segue

mina crítica ao ensaio “Será possível a exegese livre de premissas?”.[1]

 Alan Francisco de Soua !emos["]

# $ex$o % de 1&'(, mas % da)ueles )ue cos$umam vencer o $empo. *scri$o por 

+udol -arl ul$mann /10021&(34, $e5logo alem6o. Ao l72lo, deparei2me com )ues$8es

acerca dos es$udos de um $ex$o 9 $alve por es$ar a vida $oda lidando com $ex$os,

especialmen$e nes$a :l$ima d%cada, )uando laureei2me em !e$ras na ;niversidade do

*s$ado do +io de <aneiro. *m=ora a in$en>6o do au$or sea $ra$ar dos aspec$os

exeg%$icos =í=licos, isso n6o impede a possi=ilidade de pensarmos nossa orma de

lidar com $ex$os diversos. @ impor$an$e risar )ue, em=ora $ena sido escri$o em poucas

páginas, os elemen$os a=ordados por ul$mann, no ar$igo )ue irei usar para relex6o,

s6o amplos e, para o $ema em )ues$6o, ocarei em alguns aspec$os pon$uais.

Bual % a dis$ncia compreensiva en$re um suei$o in$erpre$an$e e uma realidade

in$erpre$ada? A verdade, en)uan$o me$a ermen7u$ico2cogni$iva, pode ser considerada

uma possi=ilidade a$ingível D a$i$ude compreensiva de um suei$o in$erpre$an$e? # $í$ulo

da o=ra % !er" possível a exegese livre de premissas#$[E], o )ue nos reme$e a

)ues$8es relevan$es para )ual)uer es$udioso )ue $em como o=e$o $ex$os em geral. #

)ue pre$endo rele$ir, nos parágraos a seguir, % so=re as implica>8es )ue residem no

a$o de es$udar um $ex$o a undo.

  A primeira respos$a do au$or D pergun$a )ue prop8e como $í$ulo % sim e n6o.

Buando di sim D pergun$a so=re a possi=ilidade de uma exegese livre de premissas,

ul$mann reere2se D exegese ei$a “sem pressupor os resul$ados da exegese” "[]. A

segunda respos$a, por sua ve, segue da explica>6o de )ue o exege$a n6o % neu$ro.

*s$e, ao analisar o $ex$o, $ra “consigo cer$as pergun$as” e “cer$a no>6o do assun$o de

1[3] BULTMANN, R. K. Será possível a exegese livre de premissas? In: BULTMANN, RudolfKarl. Crer e Compreender. Artigos Selecionados. Editados por alt!r Alt"ann. #$oL!opoldo R#: #inodal, 1%&', pp. ((3)((%.

([*] Bult"ann, p. ((3.

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)ue $ra$a o $ex$o”E[']. Aco )ue, na $eoria, % possível uma exegese es$ar livre de

premissas, mas, na prá$ica, n6o, pois, a$% mesmo )uando o exege$a se prop8e a ser o

mais imparcial possível, ele á $em em men$e o o=e$ivo de alcan>ar $al me$a, e is$o, de

alguma orma, indue2o a um im pr%2cien$e ou es$a=elecido, ou sea, o n6o )uerer $er 

premissa alguma ipso facto se $orna a premissa mesma. *, )uando $ra$amos do $ex$omais in$erpre$ado em $odo o mundo, a Bíblia, a is$o se soma o a$o de =oa par$e dos

exege$as ser de coniss6o religiosa cris$6 ou de alguma ou$ra espiri$ualidade )ue se

vala das *scri$uras, e, como algu%m disse cer$a ve, ningu%m % imparcial )uando se

aproxima da Bíblia. Será?

  *m rela>6o aos resul$ados pr%2conce=idos no exercício exeg%$ico, ul$mann

di “Goda exegese dirigida por preconcei$os dogmá$icos n6o ouve o )ue o $ex$o es$á

diendo, mas á2lo dier o )ue ela )uer ouvir”[3]. Assim, ul$mann es$aria airmando

)ue o exege$a )ue n6o possua “preconcei$os dogmá$icos” % o :nico capa de aer a

mais isen$a exegese. A)ui, vol$o a rei$erar )ue a$% mesmo o exege$a )ue n6o se vala

de premissas dogmá$icas, ao im e ao ca=o, $am=%m n6o se a=s$%m de alguma

premissa, mesmo )ue es$a n6o sea dogmá$icaH como á disse, em :l$ima análise, por 

mais proissional e imparcial )ue sea o exege$a, sempre $erá sua premissa, mesmo

)ue ela sea o pr5prio o=e$ivo de aer uma exegese sem premissa. Ainal, com o ísico

Ierner Jeisem=erg, lem=ramos )ue “a o=serva>6o do o=servador ae$a o o=servado”.

Como um adendo D $emá$ica, penso )ue, nesse aspec$o, o am=ien$e acad7mico

ainda sea pouco compreendido. @ cons$an$emen$e acusado de ser rígido e ecado

em suas me$odologias. Kas, a li=erdade em criar sua pr5pria capacidade especula$iva

e novas concep>8es n6o ca=e D Academia. *s$a leva consigo a manu$en>6o do )ue a

umanidade nos legou e or>a os alunos /ou deveria ser assim4 a compreender as

ideias )ue nos cegaram com máximo rigor. Buando as ideias orem da melor 

maneira possível compreendidas, mesmo )ue os resul$ados seam con$rários Ds

cren>as )ue o in$%rpre$e carrega consigo, en$6o, es$e poderá reormular suas ideias,

criar novas ou ena$iar suas concep>8es cri$icando o au$or cua lei$ura oi =em

compreendida. Kas, amais, $eremos uma exegese $o$almen$e imparcial e livre de

premissas.

3[+] Bult"ann, p. ((3.

*[] Bult"ann, p. ((*.

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Se, por um lado, para ul$mann, % necessário a=rir m6o dos resul$ados )ue se

espera ao ler um $ex$o 9 para se cegar D exegese sem premissas 2, por ou$ro, %

necessário lem=rar )ue á cer$as de$ermina>8es is$5rico2su=e$ivas undamen$ais na

ora de in$erpre$ar de$erminado $ex$o. # lei$or “es$á de$erminado por sua

individualidade, is$o %, por suas $end7ncias e á=i$os especíicos, por seus dons e seus

pon$os racos”'[(]. Ls$o aliado a $oda is$5ria )ue o precedeu e de$erminou seu modo de

ler o “mundo”. A es$e respei$o escreveu o poe$a Fernando Messoa %&...' o (ue se sente

exige o momento) passado este, " um virar de p"gina e a istória continua, mas n*o o

texto.+  Mara o poe$a, o $ex$o n6o con$inua, is$o %, a mensagem originalmen$e escri$a

perde, necessária e indelevelmen$e, o $odo de sua compreens6o, e is$o por)ue mudam

os parme$ros do $empo e da is$5ria. Mara ul$mann, no caso da Bíblia, cada %poca a

lerá segundo o momen$o is$5rico em )ue vive. *, a)ui, $alve es$ea a maior 

ragilidade da airma>6o de ul$mann de )ue % possível, ao exege$a livre de amarras

dogmá$icas, alcan>ar a exegese pura, sem mesclas, $end7ncias ou premissas se,

como aca=o de mos$rar, para ul$mann, o lei$or da Bíblia sempre $erá sua lei$ura

ressigniicada pelo momen$o is$5rico pelo )ual passa, por acaso is$o $am=%m n6o se

aplicaria a ele pr5prio, ul$mann? @ claro )ue simN *, se mesmo ele $eve a sua lei$ura

=í=lica ae$ada pelo momen$o is$5rico em )ue viveu, is$o n6o seria a prova mais ca=al

de )ue o pr5prio ul$mann $am=%m n6o conseguiu a$ingir a sonada exegese perei$a?

 A)ui, ul$mann inringe a coer7ncia e a l5gica.3[0] *, se nem os mais no=res exege$as

podem alcan>ar a in$erpre$a>6o imparcial, )uem poderia? Ainal de con$as, como

conecer o $odo da compreens6o de um $ex$o, se n6o á ningu%m )ue possa

in$erpre$á2lo sem )ue, para is$o, precise necessariamen$e se valer 9 ao modo Oan$iano

 9 das ca$egorias men$ais? Mara os cris$6os, no )ue $ange ao $ex$o =í=lico, s5 á um

:nico Ser )ue possa a$ingir a exegese perei$a o *spíri$o San$oN Mara eles, de modo

geral, a)uilo )ue a ra6o umana n6o alcan>a % esclarecido us$a e in$egralmen$e pelaPivina +evela>6o e pela Pivina Lnspira>6o.

+['] Bult"ann, p. ((*.

[&] A-ui, Bult"ann o"!t! o -u! /la0o d! ar0al2o 2a"aria d! paralaxe cognitiva, -u!onsist! no fato d! o propon!nt! d! u"a t!s! n$o ons!uir sust!nt4)la !" s!us pr5priosmodus vivendi ! modus agendi. No aso d! Bult"ann, !l! a6r"a -u! os !7!!tas i"pariais

pod!" fa8!r u"a !7!!s! i"parial, "as, ao "!s"o t!"po, !l!, -u! 9 !7!!ta, !" o"oos d!"ais !7!!tas, !st$o todos li"itados p!las arat!r;stias su<!ti0as da p!rsonalidad!! p!lo ont!7to t!"poral ! ultural d! sua 9poa.

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+ós mudamos incessantemente. -as se pode afirmar também (ue cada

releitura de um livro e cada lembrana dessa releitura renovam o texto/, airmou <orge

!uis oges. *, con$ra $oda o=e>6o de )ue os $ex$os deveriam $er uma in$erpre$a>6o

deini$iva, o au$or deende )ue a is$5ria n6o % vis$a o=e$ivamen$e, aa vis$a )ue

somos par$e dela e es$amos nela. Mor$an$o, um olar aas$ado, o=e$ivo e deini$ivodes$oa do comprome$imen$o com o movimen$o pr5prio da pr5pria is$5ria. Qis$o, acer$a

ul$mann. *le s5 erra ao considerar possível o sim D pergun$a inicial ser" possível a

exegese livre de premissas#

Qo início do seu ar$igo, ul$mann airma )ue Fil6o, Maulo e o au$or da 0pístola

de Barnabé n6o “ouviram” os $ex$os usados como on$e para suas airma>8es, pois

$eriam eles ei$o o $ex$o dier a)uilo )ue eles á sa=iam de an$em6o. A es$a

me$odologia, ul$mann cama alegoria e airma )ue ela deve ser irrevogavelmen$e

evi$ada. Merce=o, n6o somen$e nes$e posicionamen$o =ul$manniano, mas $am=%m em

ou$ros de sua vas$a o=ra, )ue es$e $e5logo n6o cr7 na Pivina Lnspira>6o, na Pivina

+evela>6o e, nem $ampouco, na Pivina Llumina>6o, pois airmar )ue Maulo acresceu a

P$ "' algo )ue n6o es$ava no $ex$o em 1Co && % airmar )ue o $ex$o de P$ "' % um

$ex$o como ou$ro )ual)uer, sem inspira>6oH is$o, a lu da $eologia cris$6, % um pa$en$e

a=surdo, pois sa=e2se )ue o $ex$o =í=lico n6o % um $ex$o )ual)uer e )ue guarda, em

suas camadas mis$eriosas, signiicados variados, como o pr5prio <esus Cris$o nos

ensina )uando ci$a $an$os e $an$os $ex$os ve$ero$es$amen$áreos )ue, aparen$emen$e,

n6o $raiam nenuma revela>6o so=re sua vinda. Cer$amen$e a)ui $emos assoalado a

diiculdade ermen7u$ico2epis$emol5gica cons$i$u$iva do pensamen$o ociden$al

moderno o )ue es$á para al%m do experimen$al n6o pode ser di$o, nem pensado e

nem $ampouco )ues$ionado /+. Carnap4. Simplesmen$e por)ue es$a realidade n6o

possui uma exis$7ncia empiricamen$e demons$rável. @ possível dier, des$a orma, )ue

a realidade /on$ologia4 parece es$ar um=ilicalmen$e ligada D capacidade cogni$iva de

compreens6oRpercep>6o /ermen7u$ica4 de um suei$o epis$7mico. * % us$amen$e es$e

o calcanar de A)uiles da ci7ncia moderna e modernosa. @ conditio sine (ua non

provar demons$ravelmen$eH por$an$o, usando as palavras de Lmmanuel -an$, na Kriti1 

der reinen 2ernunft , % preciso “reduir o espa>o da % e aumen$ar o da ra6o”. * +udol 

ul$mann % deposi$ário iel des$a ilosoia.  Apesar de cer$o )uan$o D Jermen7u$ica,

a)ui, agora, ul$mann $am=%m inringe a $eologia cris$6. Kais a ren$e, mais uma ve o

a )uando acusa os in$%rpre$es dos evangelos 9 como eu e voc7 9 de serempreconcei$uosos por acredi$arem )ue a $ransmiss6o dos rela$os de <o6o e Ka$eus s6o

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is$oricamen$e i%is devido ao a$o de es$es $erem sido discípulos de <esus. #ra s5 di

algo assim )uem pa$en$emen$e n6o cr7 na Pivina Lnspira>6o das *scri$uras, dogma

comum a $odas as denomina>8es cris$6s. Paí )ue, ao im e ao ca=o, ul$mann n6o

pode ser cris$6o, ao menos n6o na acep>6o mais prounda do $ermo. *, se

considerarmos, com os cris$6os, )ue s5 á um :nico Peus 9 e )ue es$e Peus % Mai,*spíri$o, mas $am=%m <esus 2, podemos, a posteriori  e ipso facto airmar )ue ul$mann

% necessariamen$e a$eu /conorme nos recorda o Me. Maulo +icardo de Aevedo <r.4.

Se, na Bíblia, á co)ue de inorma>8es /como no caso ci$ado pelo $e5logo alem6o em

)ue n6o se sa=eria ao cer$o em )ue momen$o do minis$%rio de <esus deu2se a

puriica>6o do Gemplo4, % por)ue $al livro n6o % um ar$igo cien$íico, )ue =usca a

exa$id6o o $empo $odo, mas, acima de $udo, um livro de %, e )ue, por$an$o, exige, de

$odo e )ual)uer =om exege$a, a % como primeiro e maior pr%2re)uisi$o. * is$o pareceal$ar a ul$mann.

@ por is$o, e como conse)u7ncia inevi$ável de sua al$a de %, )ue ul$mann %

levado a suspei$ar se <esus sa=ia, en)uan$o es$eva a)ui na Gerra, )ue era o Kessias

/consci7ncia messinica de <esus4.

“Será )ue a exegese dos evangelos pode ser dirigida pela pressuposi>6o dogmá$ica de )ue <esus era

o Kessias e $ina consci7ncia de o ser? #u n6o precisa ela, an$es, deixar es$a )ues$6o em a=er$o? A

respos$a deveria es$ar clara. A even$ual consci7ncia messinica seria um a$o is$5rico )ue, nes$a

)ualidade, somen$e pode ser demons$rado pela pes)uisa is$5rica. Caso es$a pudesse $ornar provável

)ue <esus sa=ia ser o Kessias, $al resul$ado $eria cer$ea apenas rela$ivaH is$o por)ue a pes)uisa

is$5rica amais pode conduir a resul$ados de validade a=solu$a. Godo conecimen$o is$5rico es$á em

discuss6oH a )ues$6o se <esus $ina ci7ncia de ser o Kessias, por$an$o, permanece a=er$a den$ro da

exegese.”

Peus, pela sua pr5pria na$urea, de acordo com Iolar$ Mannen=erg(

[&], n6o %um o=e$o do )ual podemos dispor anali$icamen$e do pon$o de vis$a da a=ordagem

cien$íico2enomenol5gica. * a Bíblia, como por$adora da Malavra de Peus, $am=%m

possui $ais limi$es.

# pro=lema de ul$mann % )ue ele procura demons$rar )ue a Bíblia possui erros

l5gicos, mas es)uece )ue es$e livro, n6o raro, % il5gico por)ue de %. *n$6o %

$ruis$icamen$e 5=vio )ue ele acará vários erros l5gicosN * n6o somen$e ele, mas eu e

'[%] =ANNENBER>, . Teoria de la ciencia y teologia. Madrid: Li0ros Europa, 1%&1.

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voc7 $am=%mN A )ues$6o n6o % essa, mas es$as diiculdades sempre exis$ir6o para

a)ueles )ue n6o $7m %.

Mara ul$mann 9 e demais pensadores modernosos 2, % a capacidade

percep$ivo2compreensiva acerca de uma dada realidade )ue deverá ser en$iicada,en)uan$o a linguagem deverá ser compreendida, expressis verbis, como modus

 probandi , is$o %, como m%$odoRmodo de demons$ra=ilidade in$erpre$a$ivaT, sem a

pre$ens6o de assumir, com isso, nenum $ipo de voca>6o epis$emol5gica )ue sea

$o$aliadora da verdade. Jaa vis$a )ue es$a :l$ima, como nos sugere acelard, es$á

relacionada D dinamicidade me$odol5gica )ue se dá en$re um suei$o epis$7mico e um

o=e$o cognoscível e, por isso mesmo, % um enUmeno a=er$o e cons$ruível, e n6o

pron$o e, dogma$icamen$e, inal$erável. #corre, por%m, )ue acelard e ul$mann

es$6o, nes$e pon$o, $o$almen$e erradosN A linguagem n6o pode sus$en$ar2se na

imparcialidade ria e no rigorismo acad7mico. Q6o á imparcialidade umanaN Mois,

para )ue ouvesse, seria mis$er n5s n6o $ermos sen$idos. # caleidosc5pio imenso de

inorma>8es )ue nos pene$ram pelos sen$idos marcam irreragável e indelevelmen$e

nosso modus agendi , nosso modus operandi , nosso modus faciendi e nosso modus

vivendi N Mor$an$o n6o á como ser imparcial dian$e de uma exegese.

Mara exempliicar, imaginemos )ue dois es$udan$es de Geologia rece=em a

propos$a de ela=orar a exegese de um $ex$o =í=lico. # primeiro, an$es de en$rar no

curso, nunca avia sen$ado na cadeira de uma aculdade. # segundo á % ormado em

Pirei$o e % p5s2graduado $am=%m. # primeiro nasceu e cresceu em uma comunidade

caren$e e enren$ou $oda sor$e de diiculdades para aprender, al%m de n6o con$ar com

um ensino de )ualidade em sua orma>6o. # segundo nasceu e cresceu em uma

amília de classe m%dia al$a, n6o $eve $an$as diiculdades assim e es$udou em =oas

escolas. # primeiro, por uma s%rie de mo$ivos )ue n6o conv%m de$alar, assis$e a

programas de $elevis6o populescos, n6o $em o á=i$o da lei$ura e convive com pessoas

simples e incau$as. # segundo assis$e a programas cul$uralmen$e ediican$es, $em o

á=i$o da lei$ura e convive no meio de pessoas =em ormadas. # primeiro n6o

en$endeu =em a propos$a do $ra=alo. # segundo á coligiu os ma$eriais para come>ar 

a a72lo. Mergun$o por acaso es$as exegeses ser6o imparciais? #s es$udan$es, por 

ocasi6o do la=or exeg%$ico, n6o sorer6o a in$erer7ncia de $ais a$ores? #ra, % sa=ido

)ue a idade, a orma>6o, a educa>6o, o con$ex$o epocal e cul$ural e a religi6o eRou a %de uma pessoa 9 en$re ou$ras coisas 9 n6o apenas pode como, de a$o, ae$a a sua

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ermen7u$ica par$icular, pois $ais variáveis comp8em sua cosmovis6o. Pes$ar$e, e n6o

o=s$an$e, ul$mann parece negligenciar is$o )uando airma )ue a4 % possível /mesmo

)ue somen$e aos exege$as “livres” de preconcei$os4 uma exegese sem premissas e =4

a linguagem como modus probandi . A linguagem n6o % somen$e um modo de provar ou

de demons$rar, mas $am=%m um modo de expressar nossos pensamen$os, inclina>8ese preconcei$os. Q6o % possível viver sem preconcei$os. @ na$ural D es$ru$ura psí)uica a

orma>6o de concei$os preconce=idos. *les nos audam a prever e evi$ar erros e a nos

relacionar com o mundo.

<á acelard es$á mais errado ainda )uando airma )ue a verdade % um

enUmeno cons$ruível. Mois, se a verdade % um enUmeno, ela es$á den$ro da realidade,

is$o %, % real. #ra, a)uilo )ue % real independe da mina von$adeH independe do poder 

de cons$ru>6o umano. Se uma por$a es$iver ecada e algu%m )uiser passar por ela

alegando )ue, ao con$rário, ela es$á a=er$a, a mesma por$a n6o passará de ecada D

a=er$a s5 por )ue $al indivíduo )uis ou deseou. Q6o á como “cons$ruir” uma realidade

em )ue uma por$a ecada es$ea a=er$a simul$aneamen$e. Ls$o % ridículoN

#u$ro pro=lema de ul$mann, % )ue ele divide o concei$o de premissa em dois

$ipos as premissas en)uan$o preconcei$os de =ase religiosa e premissas ou$ras,

)uais)uer. Godavia, como vimos, na prá$ica, n6o á dieren>a eica, pois $an$o uma

como a ou$ra $em o poder de persuadir e induir o ermeneu$a a $omar es$e ou a)uele

camino exeg%$ico. Con$ra si mesmo, ul$amnn acer$a )uando airma )ue

%determinado enfo(ue sempre constitui premissa”, pois, se $odo e )ual)uer eno)ue

pressup8e uma ou mais premissas, ele, no a$o da exegese, es$á limi$ando, ocando

de$erminado $ex$o so= as limi$a>8es de seu in$elec$o, seu conecimen$o, sua vis6o ou

in$en>6o. A)ui, com o il5soo #lavo de Carvalo, $emos )ue dier )ue es$amos dian$e

de uma paralaxe cogni$iva.

  Piversos s6o os aspec$os )ue devem ser levados em con$a no exercício

ermen7u$ico de um $ex$o. So=re a compreens6o is$5rica, o au$or di

“A compreens6o da is$5ria como con$ex$ura de eei$os pressup8e a compreens6o das or>as a$uan$es a

conca$enarem os enUmenos individuais. *ssas or>as s6o as necessidades econUmicas, os pro=lemas

sociais, a am=i>6o de poder na polí$ica, paix8es, ideias e ideais umanos. #s is$oriadores dierem no

peso )ue d6o a esses a$ores, e apesar de $odo o empeno em cegar a uma vis6o uniorme, no caso

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de cada historiador individual sempre preponderará determinado enfoque, determinada

perspectiva.0[1V] 9 grifo nosso

  *s$a es$roe de ul$mann % suicien$e para condená2lo ao modo de paradoxo,

 á )ue con$raria sua pos$ura ado$ada no $ex$o de )ue % possível um exege$a ser livre de

premissas. ul$mann % ená$ico )uando deende )ue o eno)ue do is$oriador /englo=o

nessa relex6o o il5soo, o $e5logo, o cien$is$a, o soci5logo, o psic5logo, e$c.4 % sempre

unila$eral. Lsso n6o % um desmerecimen$o do olar umano, mas a cons$a$a>6o da

limi$a>6o umana ren$e a seu “o=e$o” de es$udo. Modemos, nesse pon$o, acrescen$ar 

a concep>6o nie$sceana na )ual diversos pon$os de vis$a enri)uecem a

compreens6o do en$e. Pian$e disso, ul$mann n6o desmerece o ac:mulo de

conecimen$o para as gera>8es u$uras, mas ena$ia a possi=ilidade de sempre

re$omar o )ue nos oi legado por meio de olar crí$ico. Godavia, ul$mann a=s$%m o

exegeta3livre3de3dogmas  das pos$uras a priori   )ue a$ri=ui aos ou$ros, ou sea, em

minas palavras, segundo ul$mann, á uma classe de seres umanos, camada de

exegetas3sem3rabo3preso2com3dogmas, )ue n6o deixam, miraculosamen$e, suas

ideias ou ca$egorias a priori  in$ererirem na sua produ>6o $ex$ual acad7mica /exegese4.

ul$mann parece supor )ue somen$e $al exege$a /como ele4 pode alcan>ar a máxima

imparcialidade na análise e, com isso, desocul$ar a verdade.&[11] A mesma verdade )ue

% ocul$ada ou mascarada pela análise preconcei$uosa dos lei$ores, ermeneu$as ou

exege$as “inescrupulosamen$e” religiosos demais. A verdade n6o pode ser reduida Ds

ca$egorias racionais da cien$iicidade moderna 9 )ue exigem a veriica>6o e o con$role

em $ermos de demons$ra>6o e repe$i>6o como cri$%rio de norma$ia>6o do enUmeno

compreendido e in$erpre$ado cien$iicamen$e pelo suei$o epis$7mico 9 us$amen$e

por)ue n6o podemos desconec$á2la /a verdade4 da dimens6o geo2is$5rica )ue $an$o a

de$ermina como possi=ili$a sua melor compreens6o /isso de alguma orma á

invia=ilia a cren>a no dogma “cien$íico” do universalismo dedutivista,  $an$o doposi$ivismo )uan$o do cien$ismo4. A pre$ens6o de )ue a ci7ncia, com seus respec$ivos

m%$odos apropriados, pode a$ingir a realidade como um $odo e ser considerada como o

&[1?] Bult"ann, p. ((+.

%[11] A 0!rdad!, o"o r!alidad! psio)oniti0a"!nt! al0!<ada d! pri"!ira rand!8a, 9 a"ais nor! tar!fa !"pr!!ndida p!la @atitud! int!rpr!tati0a M!st!rsC. / t!r"o r!oalethéia, o"o foi !7posto "aistral"!nt! por M. D!id!!r !" sua 2!r"!nutia

f!no"!nol5ia, sini6a Fd!soultaG$oH ou d!s0!la"!nto. Isto i"plia di8!r -u! !la a0!rdad!C pr!isa s!r arr!atada do luar !" -u! s! !nontra oultada atra09s dodisursolinua!" lógosC. Rudolf Karl Bult"ann foi dis;pulo d! Martin D!id!!r.

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“:nico lugar da verdade” /!AK*+G, "VV", p. "04 á se cons$i$ui um pseudodiscurso

ren$e Ds a$i$udes epis$emol5gicas mais s5=rias nos dias de oe. Goda e )ual)uer 

ci7ncia apenas apresen$a um recor$e da realidade, ao con$rário da Geologia e de sua

ancilla principal, a Filosoia.

Qes$e sen$ido, a $eologia sa$isa, sim, como no$iica Mannen=erg /1&014, o pos$ulado

da coer7ncia, pois suas proposi>8es $7m, ou$rossim, o cará$er cogni$ivo /pois es$as

man$7m uma rela>6o de iden$iica>6o com a is$5riaRrealidade concre$a4 )ue $orna seus

ar$igos cons$i$u$ivos in$eligíveis do pon$o de vis$a da racionalidade epis$emol5gica, aa

vis$a )ue nela $am=%m exis$e $an$o o “o=e$o ma$erial” )uan$o o “suei$o epis$7mico”

/#FF, 1&&0, p. 12"4. #ra, com =ase nesse :l$imo pressupos$o, n6o á como olvidar 

)ue a verdade, en)uando doxa, % uma condi>6oRin$en>6o )ue pode carac$eriar 

preerencialmen$e a a$i$ude in$erpre$a$iva de $odo suei$o cognoscen$e, )ue desea,

ou$rossim, $ransormar sua suspei$a in$ui$iva em cer$ea epis$emol5gica. *s$e

procedimen$o marca a in$encionalidade do cogito  car$esiano ren$e a )uais)uer 

enUmenos on$ol5gicos exis$en$es e undamen$ados por uma cren>a apriorís$ica de

orien$a>6o $endenciosamen$e religioso2me$aísica.1V[1"]  Qesse sen$ido, es$a pos$ura

ermen7u$ica $am=%m passa a ser carac$eriada pela cien$iicidade me$5dica )ue

pre$ende $ranscender os limi$es imaginários do conecimen$o sensível /popularmen$e

reconecidos e ar$iculados no senso comum4, conver$endo2o em cer$ea

epis$emol5gica para o suei$o compreensivo in$erpre$an$e, mas, com is$o,

desperdi>ando a par$e me$aísica da verdadeRrealidade. A verdade, en)uan$o valor 

mo$ivacional e me$a alveada do empreendimen$o cogni$ivo, deve ser iden$iicada no

$es$emuno revelacional da experi7ncia is$5ricaH geograia epis$emol5gica es$a )ue

demarca o seu grau de au$en$icidade, =em como sua legi$imidade e valida>6o

cogni$ivas. Mor%m, $am=%m, ela deve ser iden$iicada no $es$emuno revelacional da

epiania da Malavra de Peus. Qa $eologia, en)uan$o ci7ncia da % [a$ri=ui>6o )ue

Jeidegger ou$orga a ela] /J*LP*WW*+, 1&&14, ela amais pode deixar de ser sua me$a

primeira e inal, se consideramos como os pais da Lgrea /so=re$udo <us$ino11[1E]4 de

)ue a verdade s5 % reerencial da % /ou do suei$o pís$ico4 1"[1] por)ue ela, an$es de

$udo, le % cons$i$u$iva. Assim, ao im e ao ca=o, veremos )ue, se a verdade cons$i$ui a

1?[1(] Esta 9 a sinto"4tia onlus$o a -u! s! 2!a da proposta "!todol5ia da 6loso6aart!siana do cogito ergo sum. =ara "!l2or !slar!i"!nto, f. J!sart!s 1%%(C.

11[13] f. o pri"!iro ap;tulo d! Tilli2 1%&?C.

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%, s5 pode aver, de a$o, uma % corre$a /so= pena exis$irem várias verdades

con$radi$5rias, )ue, em :l$ima análise, aca=ariam sendo $odas elas men$iras4.

 Assim sendo, o )ue deve aver de comum, em $ermos de a$i$ude ermen7u$ica de $odo

suei$o in$erpre$an$e /so=re$udo na)uele )ue $ransi$a no e pelo reino da epis$emologia=í=lica4, % exa$amen$e a ones$idade in$elec$ual, orien$ada para o desvelamen$o da

verdade :l$ima exis$en$e en)uan$o o=e$ivo epis$7mico do empreendimen$o cogni$ivo, e

a %, ao modo anselmiano, necessária para a in$elec>6o da)uilo )ue n6o se cap$a

apenas com a exegese me$5dica racional /a)uela mesma camada de mis$%rio de )ue

 á alei4. Assim, discordo de Mires X #liveira /"VV04 )uando airmam

Qes$e sen$ido, a na$urea eurís$ica de $odo esor>o cogni$ivo numa a$i$ude in$erpre$a$iva serena  !amais

poderá direcionar , para de$erminados in$eresses secundários n6o especiicados aprioris$icamen$e

/ideol5gicos4, os signiicados possíveis /e os n6o possíveis4 de uma verdade encon$rada em um

de$erminado $ex$oRdiscursoRrealidade. 9 grifo nosso

Q6o % preciso expor, novamen$e, por )ue discordo des$es au$ores. *les ado$am

o mesmo posicionamen$o de ul$mann acei$am como real e eica a possi=ilidade de

uma exegese sem premissas. Ao modo da compreens*o prévia de ul$mann, es$es

au$ores v6o alar de reade(ua*o compreensiva, indo, a$%, mais longe )ue ul$amnn

)uando airmam )ue nem mesmo is$o pode adul$erar a o=e$ividade do resul$ado

in$erpre$a$ivo.

*s$a compreens6o nos permi$e alcan>ar maior grau de o=e$ividade na percep>6oRapreens6o de uma

realidadeRverdade pes)uisada mesmo considerando )ue, na pr5pria $area ermen7u$ica, á exis$a uma

“reade)ua>6o compreensiva” )ue % apreendida e comunicada por um in$erpre$an$e, o que n"o

implicaria, inevi$avelmen$e, num $ipo modal de pseudo2o=e$ividade. 9 grifo nosso

 Acredi$o, sim, )ue a exegese =í=lica, )uando ei$a com parcimUnia, $emperan>a

e ones$idade in$elec$ual, % capa de alcan>ar um “maior grau de o=e$ividade”, mas 9

repi$o 9 ao modo anselmiano, is$o %, so=re sua 5rmula fides (uaerens intellectum.

*m poucas palavras, a verdade possui uma ace de o=e$ividade /ra6o, ci7ncia4

e ou$ra de su=e$ividade /%, me$aísica4. Ls$o, por%m, n6o signiica dier )ue a mesma

/a verdade4 sea necessariamen$e aprisionada e de$erminan$emen$e condicionada pela

1([1*] on!ito utili8ado na t!oria da !pist!"oloia t!ol5ia -u! sini6a @su<!itoportador da f9 >ER,(??*C.

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5$ica de seu suei$o )ue a perce=e para n6o redundarmos, assim, na sen$en>a

exis$encialis$a de orien$a>6o OierOegaardiana )uando es$a airma )ue a verdade %

essencialmen$e su=e$ividade. # corre$o % evi$ar es$es ex$remos nem apenas

o=e$ividade /ul$mann, acelard, Mires X #liveira4, nem apenas su=e$ividade

/-ierOegaard4, mas a m%dia ponderada /San$o Anselmo, -arl ar$4. Assim, $eno )uediscordar parcialmen$e de Mires X #liveira )uando airmam

Se a verdade, en)uan$o enUmeno ac$ível de uma percep>6oRapreens6o ermen7u$ica, $orna2se

inalcan>ável e inin$eligível sem a necessária u$ilia>6o dos 5culosT a=ricados /ideol5gicos4 por um topos

epis$7micoRsu=e$ivo, en$6o amais poderemos considerar )ue ela /verdade4 sea viceada no orion$e

cogni$ivo2ermen7u$ico da enomenologia da compreens6o /mui$o em=ora se ala )ue es$a es$á

preocupada n6o com a verdade em si, mas com o sen$ido )ue a ela damos na 4asein4, o )ue poderia

ser compreendido, grosso modo, como um o=s$áculo epis$emol5gico primário para as ci7nciasin$erpre$a$ivas em geral, na )ual se inclui a)ui a $eologia como ci7ncia ermen7u$ica.

Piscordo, mais uma ve por)ue Mires X #liveira, assim como ul$mann,

acelard, -an$, Jeidegger e $an$os ou$ros modernos e p5s2modernos es)uecem2se

da presen>a econUmica de Peus na is$5riaH es)uecem2se da Pivina Llumina>6o do

*spíri$o San$o. *s$a verdade, con$udo, n6o pode se ocul$ar so= o medo e a al$a de %

dos $e5logos “cris$6os”. #=viamen$e, concordaria com os au$ores se a Geologia n6o

osse uma ci7ncia na$ural e so=rena$ural, is$o %, )ue $em como o=e$o de es$udo o ísico

e o me$aísico.

ul$mann, no en$an$o, acer$a )uando ala da impor$ncia do conecimen$o da

língua original para se aer uma =oa exegese. Buan$o a is$o, un$amen$e com Jaroldo

de Campos, cos$umo dier )ue %A tradu*o é uma forma privilegiada de leitura crítica.

5ogo, a tradu*o dos textos bíblicos t6m a sua import7ncia, mesmo nas línguas (ue 8"

 possuam uma ou mais vers9es deles/.

  A$% agora, $emos algumas coisas )ue devam ser levadas em con$a. A

a=er$ura ao novo )ue se $oma ao lan>ar m6o de aer a exegese. # a$o de n6o sermos

puros is$oricamen$e em rela>6o ao )ue nos propomos es$udar. Buan$o a es$e pon$o,

n6o somen$e en$ra o is$5rico no geral, ou uma esp%cie de consci7ncia cole$iva, mas o

suei$o mesmo. Acerca disso, ul$mann di )ue a “compreens6o is$5rica sempre

pressup8e uma rela>6o do in$%rpre$e com o o=e$o )ue se manies$a dire$a ou

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indire$amen$e nos $ex$os”1E[1']. *ssa rela>6o do in$%rpre$e es$á na sua rela>6o vivencial

com o o=e$o e % nesse aspec$o )ue n6o á possi=ilidade de isen>6o de premissas na

exegese. “*s$a compreens6o” di ul$mann “% )ue camo de compreens"o pr#via”.1

[13]

  Já, desse modo, uma rela>6o exis$encial com a is$5ria da )ual o in$%rpre$e

a par$e. A par$ir dessa rela>6o, % impossível pensar numa es$ru$ura suei$o2o=e$o no

)ual ouvesse um olar isen$o para o o=e$o, aa vis$a )ue $emos previamen$e

concep>8es )ue inluenciar6o relevan$emen$e a in$erpre$a>6o. Pian$e da compreens6o

pr%via, de sermos suei$os is$5ricos e carregarmos a mu$a=ilidade dada a par$ir de

nossa condi>6o, ul$mann conclui )ue a “in$ui>6o is$5rica nunca % deini$iva e

concluída”1'[1(].

  Mara ul$mann, o “even$o is$5rico a par$e do seu u$uro” 13[10], ou sea,

somen$e )uando o even$o acon$ece % )ue ele come>a a ser compreendido, e )uan$o

mais dis$ncia o in$%rpre$e $oma do even$o, maior % a compreens6o de seu sen$ido. A

esse respei$o, mais a ren$e, ul$mann di )ue %A compreens*o de um texto nunca é

definitiva, mas permanece aberta, por(ue em cada futuro o sentido da 0scritura se

manifesta de nova maneira/ $: [19] .  Mor%m, na compreens6o de um $ex$o, á

inorma>8es )ue podem permanecer inal$eradas, pelo menos em seu cerne, como oi e

ainda % o caso da ressurrei>6o de Cris$o para os cris$6os, )ue permanece a mesma

mensagem, inal$erada em seu maior signiicado, e D )ual pouco se pode acrescen$ar.

Mor im, % preciso a$en$ar para uma coisa. # mais duro golpe dado na $ese

=ul$manniana de )ue % possível uma exegese sem premissas % deserido pelo pr5prio

ul$mannN Maradoxalmen$e, como á disse, ul$mann, nes$e ar$igo o )ual cri$icamos

/!er" possível a exegese livre de premissas#4, admi$e ser e n6o ser possível uma

13[1+] Bult"ann, p. ((.

1*[1] Bult"ann, p. ((.

1+[1'] Bult"ann, p. (('.

1[1&] Bult"ann, p. (('.

1'[1%] Bult"ann, p. ((&.

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pr5prias ideias se con$rariam. Giran$e o res$o de sua o=ra e a =rilan$e capacidade

especula$iva )ue possuía, ul$mann n6o mereceria o status  de um dos melores

$e5logos do s%culo YY.

 A$% a)ui, á

a4  apresen$amos o ar$igo de ul$mann 9 in$i$ulado !er" possível a exegese livre de

 premissas#,

=4 

mos$ramos )ue $al au$or acer$a /)uan$o ao “n6o”4 )uando airma a parcialidade de $odo

e )ual)uer alan$eRescri$orRouvin$eRlei$or de $odo e )ual)uer $ex$o, mas )ue erra, )uando

relega somen$e aos exege$as n6o2preconcei$uosos, a exclusividade de um $ra=alo

ermen7u$ico isen$o de $end7ncias, pois )ue $ais exege$as, para ul$mann, conseguem

evi$ar )ue suas cosmovis8es e inorma>8es aca=em pene$rando e in$ererindo no $ex$o

e em sua in$erpre$a>6o,

c4 

evidenciamos )ue, des$a maneira, ul$mann come$e dois erros, um $e5rico2l5gico e

ou$ro $eol5gico. Buan$o ao primeiro, ul$mann come$e uma paralaxe cogni$iva /#lavo

de Carvalo4, na )ual, ele, ul$mann, airmando ser possível uma exegese sem

premissas, descura do a$o de )ue o exege$a /como ele4, ao alvi$rar para si o anseio de

cons$ruir uma o=ra puramen$e o=e$iva, aca=a impondo $al premissa ao seu la=or 

exeg%$ico, o )ue, de algum modo, in$erere na)uela $6o deseada imparcialidade.

Buan$o ao segundo erro, ul$mann inringe pelo menos $r7s dos principais dogmas

comuns a $oda cris$andade a Pivina Lnspira>6o das *scri$uras, a Pinvina +evela>6o de

Peus e a Pivina Llumina>6o do *spíri$o San$o. Gudo is$o )uando acusa Maulo, Ka$eus e

<o6o de n6o rela$arem a verdade em seus $ex$os, pois es$ariam apenas apresen$ando

um eno)ue incomple$o e alseado pelas suas su=e$ividades. #ra, se assim osse, n6ose poderia crer em uma s5 palavra deles. @ claro )ue, en)uan$o suei$os is$5ricos e

narra$ivos, $ais ap5s$olos $inam suas su=e$ividades e as passavam para seus

escri$os, mas is$o n6o )uer dier )ue a presen>a de $ais su=e$ividades alseiam a

verdade. *n$6o, como )ue ao modus probandi , ul$mann, ci$ando dois $ex$os

aparen$emen$e con$radi$5rios e n6o armoniáveis, airma n6o merecem $o$al cr%di$o

os evangelos de Ka$eus e <o6o. Assim, ul$mann negligencia a dou$rina da Pivina

Lnspira>6o das *scri$uras, colocando a verdade de $ais $ex$os so= suspei$a e

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d4 

)ue, us$amen$e por n6o aver em con$a o papel do *spíri$o San$o na dinmica do

la=or ermen7u$ico, ul$mann reei$a a genuína % cris$6, e, assim, reei$a Cris$o, e, se

reei$a Cris$o, reei$a o :nico PeusH logo, ul$mann % um a$eu, por$an$o n6o poderia

se)uer aer $eologia.

 Agora, man$enamos a devida cau$ela, pois os riscos )ue o exege$a =í=lico

cris$6o corre es$6o nas duas pon$as da $area. Se, como vimos, a aus7ncia de %

incapaci$a $odo e )ual)uer exege$a da Bíblia  de o=$er dela o mais comple$o

aprovei$amen$o, por ou$ro, o excesso de conian>a pode escamo$ear armadilas

sorra$eiras. Ao considerarmos o ideal de o=e$ividade e de neu$ralidade como valores

cien$íicos insus$en$áveis do pon$o de vis$a da pes)uisaRinves$iga>6o cien$íica /ML+*S

X #!LZ*L+A, "VV04, poderemos acilmen$e nos incorrer em alguns ou$ros riscos por 

exemplo, o de n6o apreendermos, por con$a da)uilo )ue acelard /1&&34 cama de

“o=s$áculo epis$emol5gico”, o verdadeiro signiicadoRsen$ido provável $ra$ado por um

$ex$oRrealidadeRlinguagem us$amen$e por acredi$armos )ue dele á sa=emos o

suicien$e a pon$o de n6o mais precisarmos aprender. @ preciso man$er a umildade e

deixar o *spíri$o San$o nos auxiliar. Ainal, a)uilo )ue pensamos sa=er, com re)u7ncia,

nos impede de aprender o )ue ainda n6o sa=emos perei$amen$e /Claude ernard4. #

“conecimen$o real % a lu )ue sempre proe$a algumas som=ras” /ACJ*!A+P, 1&&3,

p. 1(4. Ls$o signiica dier )ue “dian$e do real, a)uilo )ue cremos sa=er com clarea

ousca o )ue deveríamos sa=er” /ACJ*!A+P, 1&&3, p. 104. Ao mesmo $empo, Qesse

sen$ido, a a$i$ude epis$emol5gica exige um procedimen$o de descons$ru>6o do “eu

cogi$o” dian$e da)uilo )ue aparen$emen$e se ulga conecer suicien$emen$e. *s$a % a

$ese undamen$al )ue aparece no epicen$ro da crí$ica de acelard, e, a)ui, pagamos

nosso $ri=u$o a ele. Qes$e sen$ido, a propos$a =acelardiana se aproxima rela$ivamen$e

da a$i$ude car$esiana ren$e ao on$ologicamen$e de$erminado, re)en$emen$e

assumido como um axioma ou como uma verdade a=solu$a. A d:vida me$5dica

/ins$rumen$aliada pelo “cogi$o ergo sum”4 sugere uma reorgania>6o psicopedag5gica

do conecimen$o sensível do suei$o epis$7mico /agora por$ador de uma ra6o

in)uiridoraRins$rumen$al4 dian$e de $udo a)uilo )ue % acei$o com rela$iva ingenuidade

racional para o=$er a clarea median$e o uso do cogi$o. +essalve2se somen$e )ue, es$a

d:vida me$5dica deve servir apenas como ins$rumen$o epis$emol5gico, e n6o como

regra de vida, como acon$eceu com +en\ Pescar$es, ou sea, a % na Malavra de Peus

n6o precisa ser descar$ada )uando se es$iver usando a $%cnica do cogito ergo sum

como ins$rumen$o me$odol5gico.

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Qes$e sen$ido, a propos$a =acelardiana se aproxima rela$ivamen$e da a$i$ude

car$esiana ren$e ao on$ologicamen$e de$erminado, re)uen$emen$e assumido como um

axioma ou como uma verdade a=solu$a. A d:vida me$5dica /ins$rumen$aliada pelo

“cogi$o ergo sum”4 sugere uma reorgania>6o psicopedag5gica do conecimen$o

sensível do suei$o epis$7mico /agora por$ador de uma ra6o in)uiridoraRins$rumen$al4

dian$e de $udo a)uilo )ue % acei$o com rela$iva ingenuidade racional para o=$er a

clarea median$e o uso do cogito. Godavia en$endamos )ue “ingenuidade racional” para

acelard /e $am=%m para ul$mann4 % $am=%m o aca$amen$o irrele$ido dos dogmas e

dou$rinas da Lgrea Cris$6. Mor$an$o, adap$emos sua exposi>6o ao con$ex$o $eol5gico,

)ue n6o pode, amais, a=dicar da %.

Qum primeiro momen$o, a %, na perspec$iva car$esiana, % % no cogito orien$ado

por uma l5gica ma$emá$ica )ue $orna possível a cer$ea com rela>6o ao o=e$o

reerenciado pela ra6o in$ui$iva. Pe acordo com acelard, a “opini6o” es$á sempre

e)uivocada. Mois pensa mal D medida )ue $radu necessidades em conecimen$o. Mor 

es$a ra6o, n6o se pode =asear nada so=re ela /ACJ*!A+P, 1&&34. *, a)ui,

novamen$e uma crí$ica a ul$mann. Se acelard es$iver cer$o )uando di )ue $oda

opini6o erra por)ue $radu necessidades de momen$o, en$6o, como á vimos, ul$mann

 amais poderá aer uma exegese livre de premissas, pois, no momen$o em )ue a

es$iver aendo, averá, pelo menos, uma necessidade de momen$o a de aer uma

exegese sem premissasH e, como dissemos, de alguma orma, o cará$er peremp$5rio

des$a necessidade “oprime” o exege$a coagindo2o ou pressionando2o a las$rar2se

somen$e nis$o, renegando $o$almen$e a possi=ilidade de exis$ir um $ex$o )ue necessi$e

de uma ermen7u$ica $ipicamen$e espiri$ual. # espíri$o cien$íico % mui$o mais

esclarecível, do )ue esclarecedorH possui um ins$in$o “orma$ivo”, e n6o “conserva$ivo”

/ACJ*!A+P, 1&&3, p. 1&4. @ como pe>as de um )ue=ra2ca=e>as ao modo derecor$es de realidadeH realidade es$a )ue permanece sempre ragmen$ada. Assim

$am=%m, á $ex$os =í=licos )ue, se su=me$idos orem ao es$udo des$a ou da)uela

ci7ncia, $er6o sua mensagem apresen$ada apenas em recor$es limi$ados /como as

pe>as do )ue=ra2ca=e>as4, por%m, amais, es$a mensagem será plenamen$e

decodiicadaRin$erpre$ada sem o auxílio do *spíri$o San$o.

Mara acelard, $odo conecimen$o % ru$o de uma respos$a dada a umapergun$a ei$a, ou como sugere ;namuno /1&&34, como respos$a D necessidade de

so=reviv7ncia do ins$in$o de perpe$ua>6o no )ual a pergun$a ei$a emerge como

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pro=lema. # o=s$áculo epis$emol5gico se esconde no conecimen$o n6o )ues$ionado.

Lnelimen$e, por%m, acelard admi$e )ue )uando o espíri$o umano se apresen$a D

cul$ura cien$íica, ele á n6o % $6o ovem. Mois $ra consigo $oda a =agagem rece=ida ao

longo de sua experi7ncia da viv7ncia co$idiana. Qes$e sen$ido, a idade de um esp&rito

que se apresenta ) cultura cient&fica # a idade de seus preconceitos( *+rifonosso #ra, de acordo com acelard, as crises de crescimen$o do pensamen$o

implicam uma reorgania>6o $o$al do sis$ema de sa=er, segundo o )ual, $oda ca=e>a

=em ei$a deve necessariamen$e ser reei$a /ACJ*!A+P, 1&&34. *s$a pos$ura

carac$eria a verdadeira condi>6o do espíri$o umano ren$e ao $o$almen$e inusi$ado,

conigurada na)uilo )ue o /1&&04 cama de “umildade in$elec$ual” num sen$ido

geral, e “umildade $eol5gica” no sen$ido es$ri$amen$e acad7mico para a realidade de

$e5logos e $e5logas. San$o Agos$ino /apud  #FF, 1&&04, considerado como um dosmaiores pensadores do #ciden$e cris$6o /assim como Bart4, n6o se envergona de

rever cri$icamen$e seus "E" livros em suas Retractationes. Kas para o educador, de

acordo com acelard, es$e senso de umildade pode se encon$rar pra$icamen$e

invalidado, ra6o pela )ual ele /o educador4 diicilmen$e $erá um senso de racasso. #

educador se v7 invariavelmen$e como mes$re, e n6o como aprendiH como suei$o

epis$7mico maduro,e n6o como uma esp%cie de mu$an$e in$elec$ual como % exigido

pela cul$ura cien$íica /ACJ*!A+P, 1&&34. Qo en$an$o, o esp&rito cient&fico # um

eterno itinerante, ha!a vista que o discurso cient&fico será sempre um discurso de

circunst-ncia( *+rifo nosso  Qum ou$ro $ra=alo, acelard /1&&4 di )ue $odo

pensamen$o cien$íico deve mudar peran$e uma experi7ncia nova. *s$a lexi=ilidade

psico2in$erpre$a$iva do suei$o epis$7mico s5 % possível por)ue a ovialidade,

carac$eriada pela a=er$ura do espíri$o cien$íico, n6o % superada pela le$argia

anes$%sica da ma$uridade improdu$iva de suei$os epis$emologicamen$e envelecidos.

acelard /1&&34 cega aer men>6o D ala de um epis$em5logo irreveren$e )ue diia

serem :$eis D ci7ncia somen$e omens e muleres na primeira me$ade de suas vidas,

pois na ou$ra, seriam ex$remamen$e nocivos /ACJ*!A+P, 1&&34.

Pessar$e, com acelard, podemos airmar )ue os agi5graos =í=licos $inam

sim um discurso de circuns$ncia, dado )ue, en)uan$o suei$os is$5ricos, es$avam

circunscri$os numa dada dinmica de $empo e cul$ura, o=edecendo ao =eitgeist   ora

pales$ino, ora romano, ora grego, ora cris$6o, ora dois ou mais des$es

simul$aneamen$e. Kas a produ>6o $ex$ual des$es mesmos escri$ores n6o se limi$aD)uilo )ue $em proced7ncia somen$e para a %poca de escri$ura dos $ex$os. *, nis$o, se

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engana +udol ul$mann )uando airma )ue n6o merecem conian>a os $ex$os de <o6o

e Ka$eus por)ue exp8e $6o2s5 a cosmovis6o ae$ada e limi$ada des$es mesmos

au$ores. Segundo a Sacra Geologia, por%m, os $ex$os escri$urís$icos possuem o )ue

podemos camar de metassignificado espiritual , is$o %, as mensagens veiculadas

nes$es $ex$os dirigiam2se a um dado p:=lico alvo epocal, mas $am=%m D pos$eridade,ou sea, ao im e ao ca=o, aos u$uros lei$ores cris$6os /n5s4.

Q6o o=s$an$e $ais pon$os de dessemelan>a com ul$mann, a dou$rina de

acelard guarda ainda alguns aspec$os corro=oran$es. Com acelard, aprendemos

)ue a a$i$ude ermeneu$icamen$e corre$a % a)uela )ue $ra a pergun$a an$es de

incorporar )uais)uer pressupos$os, seam eles de ordem ermen7u$ico2ilos5icos,

seam eles oriundos da experi7ncia comum. *s$a pergun$a sugere mui$o mais a

ingenuidade de um espíri$o )ue ainda n6o sa=e /e por isso pergun$a para aprender 

algo novo, e nisso consis$e o “conecimen$o cien$íico” para acelard4, do )ue a

perspicácia de )uem pergun$a para cris$aliar a dieren>a epis$emol5gica es$a=elecida

no diálogo in$ersu=e$ivo. Godavia, vale insis$ir, es$e ensinamen$o =acelardiano n6o

pode se aplicar $o$almen$e ao $ex$o =í=lico, pois, como vimos, n6o daria con$a de

explicar a camada de mis$%rio )ue a na Bíblia e )ue somen$e a Pivina +evela>6o %

capa de in$erpre$ar. A a$i$ude o=e$iva do espíri$o cien$íico % neu$ra D medida )ue ela

assume a inoc7ncia de uma consensual convic>6o de )ue o conecimen$o umano %

ragmen$ário e es$ru$uralmen$e microdimensionado /por$an$o, essencialmen$e limi$ado4,

con$endo em si deici7ncias cons$i$u$ivas, podendo, des$a orma, perce=er a verdade

somen$e de mui$o longe. A pedagogia de rup$ura incide so=re e no suei$o epis$7mico

na medida em )ue ele elege um novo m%$odo de apreens6o de uma verdade ainda

desconecida para romper com o convencionado conecimen$o a=i$ual

/ACJ*!A+P, 1&&4. Já, por$an$o, uma irreu$ável rela>6o en$re m%$odo e verdade

)ue pode n6o s5 de$erminar o curso do empreendimen$o epis$emol5gico, como

$am=%m os resul$ados a serem o=$idos pelo mesmo. Mor con$a dis$o, acelard aca=a

condenado o m%$odo car$esiano de ser redu$ivo, e n6o indu$ivo. Mois es$e n6o s5 alsea

o resul$ado da análise, como $am=%m en$rava o desenvolvimen$o ex$ensivo do

pensamen$o o=e$ivo /ACJ*!A+P, 1&&4. Pe acordo com acelard /1&&, p. &(4, a

“perenidade” de m%$odos, inelimen$e /por melores )ue seam4, $orna o pensamen$o

cien$íico a=solu$amen$e inecundo e a nova verdade inalcan>ável, al%m do )ue eles

aca=am invia=iliando a macrocompreens6o des$a :l$ima. Quma de suas ci$a>8esaparece a seguin$e asser>6o “uma verdade demons$rada man$%m2se cons$an$emen$e

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a$i$ude de descons$ru>6o n6o somen$e de um tu3cognoscível 

/$ex$oRlinguagemRrealidade4, mas $am=%m e, so=re$udo, de um preconcei$uoso eu3

cogito in$erpre$an$e. @ a par$ir des$e axioma ermen7u$ico )ue o dis$anciamen$o $ornar2

se2á modus operandi  da)uilo )ue +icoeur /1&0&, p. 1E(4 cama de “ermen7u$ica da

apropria>6o” da coisaRrealidade in$erpre$ada /ou “coisa do $ex$o”4. A pos$urain$erpre$a$iva de um suei$o in$erpre$an$e deve se conigurar como a)uiescen$e

“su=miss6o cogni$iva” dian$e de uma realidade nova a ser revelada como verdade

deseada. *m $ermos ermen7u$ico2$eol5gicos, o diálogo en$re o in$%rpre$e e o

$ex$oRrealidade in$erpre$ada pressup8e uma condi>6o pr%via a “a$i$ude de %”

/W*FF+@, "VV', p. E'4, )ue na l5gica de uma engenaria cogni$iva, signiica assumir a

condi>6o de um “inve$erado aprendi”, como nos sugeriu acelard /1&&34. A

o=e$ividade in$encionada pela corre$a pos$ura ermen7u$ica aca=a cons$rangendo osuei$o cognoscen$eRin$erpre$an$e a assumir, do pon$o de vis$a da percep>6o cogni$iva,

sua inidade gnosiol5gica igurada na gramá$ica da umildade in$elec$ivaT

/tapeinopr>s?ne4 ren$e a uma sempre nova verdadeRrealidadeT /cognoscível4 a ser 

revelada /apo1al@ft6nai 4 de maneira processual. A verdade, mui$as vees, %2nos

revelada a$rav%s de um processo $emporal 9 como ocorre ami:de nas *scri$uras. Mor 

es$a ra6o, ela /a verdade4 % considerada, stricto sensu, um enUmeno

ermeneu$icamen$e inexaurível em sua on$ologia. *m $eologia, de acordo com Wer%

/"VV', p. E&4, “a manies$a>6o da verdade % sempre manies$a>6o do devir” /eran>a

de Jerácli$o4, e compe$e, ao suei$o in$erpre$an$e, resignar2se dian$e da

impondera=ilidade des$e a$o ermen7u$ico. A cada nova desco=er$a se ins$aura

sempre uma nova relei$ura /)ue comp8e cada camada in$erpre$a$iva do processo

ermen7u$ico4"V[""], )ue desem=ocará, ou$rossim, em uma nova necessidade

cogni$iva. *s$a circularidade ermen7u$ico2cognosci$iva produ no suei$o in$erpre$an$e

a necessidade de se en$regar D desco=er$a de uma sempre nova verdade, de maneira

comple$amen$e inan$il /no sen$ido =acelardiano4. *, nis$o, conirma2se a condi>6o de

o=e$ividade in$erpre$a$iva da pos$ura ermen7u$ica ren$e a uma realidadeRverdade a

ser conecida e in$erpre$ada, mas )ue n6o descura ou olvida da Pivina Llumina>6o do

*spíri$o San$o.

 

(?[((] #or! !sta disuss$o, roatto 1%&*C prop! o on!ito d! eisegese o"o on!ito"ais apropriado para s! falar d! pro!sso 2!r"!nutio.

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(1[1] Ensaio 04lido o"o a0aliaG$o p!la disiplina d! E7!!s! ( , so a ori!ntaG$o do =rof.Jr. Esdras osta B!nt2o, na auldad! E0an9lia da on0!nG$o !ral das Ass!"l!ias d!J!us AEAJC.(([(] Alan raniso d! #ou8a L!"os 9 prof!ssor d! l;nuas portuu!sa ! r!a ! r!sp!ti0aslit!raturas ! a2ar!lando !" T!oloia.

(1

((