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MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA GERÊNCIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL GERÊNCIA EXECUTIVA DE PROJETOS ESPECIAIS ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS PROJETO “AÇÕES INTEGRADAS PARA O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA - PRODESAMCRIAÇÃO E DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS EM SANEAMENTO BÁSICO ADEQUADAS A REALIDADE RIBEIRINHA EXPERIÊNCIAS DE SANEAMENTO BÁSICO NAS ÁREAS RIBEIRINHAS DA AMAZÔNIA RELATÓRIO PARCIAL PROJETO OEA / BRA / 04 / 001 / PRODESAM ACORDO ADA/OEA BELÉM 2006 4

CRIAÇÃO E DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS … · ministÉrio da integraÇÃo nacional agÊncia de desenvolvimento da amazÔnia gerÊncia executiva de desenvolvimento social

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  • MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONAL

    AGNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA AMAZNIA GERNCIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

    GERNCIA EXECUTIVA DE PROJETOS ESPECIAIS

    ORGANIZAO DOS ESTADOS AMERICANOS

    PROJETO AES INTEGRADAS PARA O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DA AMAZNIA - PRODESAM

    CRIAO E DIFUSO DE TECNOLOGIAS E EXPERINCIAS EM SANEAMENTO BSICO ADEQUADAS A REALIDADE RIBEIRINHA

    EXPERINCIAS DE SANEAMENTO BSICO NAS REAS RIBEIRINHAS DA AMAZNIA

    RELATRIO PARCIAL

    PROJETO OEA / BRA / 04 / 001 / PRODESAM

    ACORDO ADA/OEA

    BELM 2006

    4

  • 2006 Agncia de Desenvolvimento da Amaznia ADA Av. Almirante Barroso, 426 Marco CEP: 66.090-900 Belm Par Brasil [email protected] www.ada.gov.br

    CRIAO E DIFUSO DE TECNOLOGIAS E EXPERINCIAS EM SANEAMENTO BSICO ADEQUADAS A REALIDADE RIBEIRINHA

    EXPERINCIAS DE SANEAMENTO BSICO NAS REAS RIBEIRINHAS DA AMAZNIA

    RELATRIO PARCIAL

    EQUIPE TCNICA Solange Maria Gayoso da Costa Consultora Elizete dos Santos Gaspar - ADA NORMALIZAO: Biblioteca da ADA

    Agncia de Desenvolvimento da Amaznia

    Criao e difuso de tecnologias e experincias em saneamento bsico adequadas realidade ribeirinha: experincias de saneamento bsico nas reas ribeirinhas daAmaznia; Relatrio parcial. / Agncia de Desenvolvimento da Amaznia,Organizao dos Estados Americanos. Belm: ADA, 2005 58 p.

    1. Saneamento Populao ribeirinha. 2. Saneamento - Amaznia.I. Organizaodos Estados Americanos. II.Ttulo.

    CDU 628.1 (811)

    5

  • LISTA DE ILUSTRAES FIGURAS FOTO 1- EXEMPLO DE POO MANUAL UTILIZADO PELA POPULAO DAS ILHAS DO ACAR 21 FOTO 2 - COMUNIDADE DE ITACOANZINHO ACAR 24 FOTO 3 - SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUA EM ITACOANZINHO ACAR 25 FOTO 4 - SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUA IMPLANTADO EM URUBUUA ABAETETUBA

    29 FOTO 5 - CONDIES DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE GUA DE URUBUEUA

    ABAETETUBA 30 FOTO 6- MODO DE VIDA EM COTIJUBA 34 FOTO 7 BARCO FLOR DA AMAZNIA 36 FOTO 8 CISTERNA IMPLANTADA NA ILHA GRANDE - BELM 37 FOTO 9- SISTEMA DE GUA AMAZONFRUT ILHA DO MURUTUCU - BELM 38 FOTO 10- PARTICIPAO COMUNITRIA NA CONSTRUO DO SISTEMA DE GUA BAIXO

    AMAZONAS 45 FOTO 11- SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA DAS COMUNIDADES DE MAGUARI E SO

    JORGE - BELTERRA 46 FOTO 12- ATIVIDADES REALIZADAS PELO PRODESAS 53 TABELAS TABELA 1- ATENDIMENTO DE GUA E ESGOTO PELAS PRESTADORAS DE SERVIO DOS

    ESTADOS DO AMAZONAS E PAR - 2002 ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO. TABELA 2 - POPULAO URBANA E RURAL DOS MUNICPIOS DO ACAR- PAR, 2000 20 TABELA 3- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ACESSO

    GUA NO MUNICPIO DO ACAR - PAR , 2000 21 TABELA 4- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ESCOAMENTO

    DA INSTALAO SANITRIA NO MUNICPIO DO ACAR - PAR, 2000. 22 TABELA 5- DISTRIBUIO DAS FAMLIAS CADASTRADAS NO SIAB SEGUNDO O TIPO DE

    ABASTECIMENTO DE GUA UTILIZADO NO MUNICPIO DO ACAR PAR 2004. 23 TABELA 6- DISTRIBUIO DAS FAMLIAS CADASTRADAS NO SIAB SEGUNDO O TIPO DE

    TRATAMENTO DA GUA NO MUNICPIO DO ACAR PAR 2004. 23 TABELA 7- POPULAO URBANA E RURAL DOS MUNICPIOS DE ABAETETUBA - PAR, 2000 26 TABELA 8- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ACESSO

    GUA NO MUNICPIO DE ABAETETUBA PAR, 2000 27 TABELA 9- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ESCOAMENTO

    DA INSTALAO SANITRIA NO MUNICPIO DE ABAETETUBA - PAR, 2000 27 TABELA 10- POPULAO URBANA E RURAL DO MUNICPIO DE BELM - PAR, 2000 32 TABELA 11- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ACESSO

    GUA E NO MUNICPIO DE BELM- PAR, 2000. 32 TABELA 12- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ESCOAMENTO

    DA INSTALAO SANITRIA NO MUNICPIO DE BELM - PAR, 2000. 33

    6

  • TABELA 13- POPULAO URBANA E RURAL DOS MUNICPIOS DE AVEIRO, BELTERRA E SANTARM, 2000 39

    TABELA 14- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ACESSO GUA NOS MUNICPIOS DE AVEIRO, BELTERRA E SANTARM, 2000 40

    TABELA 15- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ESCOAMENTO DA INSTALAO SANITRIA NOS MUNICPIOS DE AVEIRO, BELTERRA E SANTARM, 2000 40

    TABELA 16- POPULAO URBANA E RURAL DOS MUNICPIOS DE ATALAIA DO NORTE, BENJAMIN CONSTANT E SO PAULO DE OLIVENA AMAZONAS, 2000. 50

    TABELA 17- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ACESSO GUA NOS MUNICPIOS DE ATALAIA DO NORTE, BENJAMIN CONSTANT E SO PAULO DE OLIVENA - AMAZONAS, 2000. 50

    TABELA 18- DOMICLIOS PARTICULARES PERMANENTES SEGUNDO A FORMA DE ESCOAMENTO DA INSTALAO SANITRIA NOS MUNICPIOS ATALAIA DO NORTE, BENJAMIN CONSTANT E SO PAULO DE OLIVENA - AMAZONAS, 2000. 51

    QUADROS QUADRO 1 EXPERINCIAS EM SANEAMENTO BSICO IDENTIFICADAS NOS ESTADOS DO PAR

    E AMAZONAS 2005 17 QUADRO 2- DISTRIBUIO DO TIPO DE SISTEMA IDENTIFICADO POR MUNICPIO NOS ESTADOS

    DO PAR E AMAZONAS, 2005 19 QUADRO 3- DISTRIBUIO DE MICRO SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA NO MUNICPIO

    DO ACAR PAR 2004. 22 QUADRO 4- DISTRIBUIO DAS FONTES DE RECURSOS DO PROJETO SADE NA FLORESTA

    PAR 2004. 43 QUADRO 5 PARCERIAS ESTABELECIDAS PARA IMPLEMENTAO DO PROJETO SADE NA

    FLORESTA SANTARM, 2005. 43 QUADRO 6- TIPOS DE PROGRAMAS E AGNCIAS FINANCIADORAS DAS ATIVIDADES DO PSA

    SANTARM 44

    7

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ADA Agncia de Desenvolvimento da Amaznia ADA/AS guas do Amazonas AMAZONFRUT Frutas da Amaznia Ltda AP/MC Associao Um Milho de Cisternas ASA Articulao do Semi rido Brasileiro BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social CEAPS Centro de Estudos Avanados de Promoo Social e Ambiental CI Conselho Comunitrio CLIS Comisses Locais Integradas de Sade COSANPA Companhia de Saneamento do Estado do Par CPI Comisso Provisria de Investigao CUT Central nica dos Trabalhadores EMATER Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural FLONA Floresta Nacional do Tapajs FNO Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FUNASA Fundao Nacional de Sade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBAMA Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis INPA Instituto Nacional de Pesquisa da Amaznia NERUA Ncleo de Estudos Rurais e Urbanos da Amaznia ONG Organizao No Governamental POEMA Programa de Apoio a Pobreza e Meio Ambiente PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura PRODESAS Projeto de Desenvolvimento Sustentvel do Alto Solimes PSA Projeto Sade e Alegria RMb Regio Metropolitana de Belm SAM Servio de Abastecimento de gua do Municpio do Acar SAAEB Sistema Autnomo de gua e Esgoto de Belm SECTAM Secretaria Executiva de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente SEMAGRI Secretaria Municipal de Agricultura do Municpio do Acar SIAB Sistema de Informao de Ateno Bsico do Municpio do Acar SNIS Sistema Nacional de Indicadores de Saneamento STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais TAPAJOARA Associao das Famlias da Resex Tapajs Arapiuns UFAM Universidade Federal do Amazonas UFPA Universidade Federal do Par ULBRA Universidade Luterana do Brasil UNICEF Fundao das Naes Unidas Para a Infncia USP Universidade de So Paulo

    8

  • 9

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 12

    2 CONDIES DO SANEAMENTO BSICO NA AMAZNIA 14

    3 RESULTADO DAS ANLISES DAS EXPERINCIAS SELECIONADAS PARA ESTUDO. 17

    3.1 Servio municipal de abastecimento de gua para populao das ilhas do Acar. 20

    3.2 Projeto Saneamento Bsico no contexto da Amaznia: um novo enfoque de poltica municipal e de participao popular/POEMA Municpio de Abaetetuba/Par. 26

    3.3 Servio de Abastecimento de gua na rea rural do Muncipio de Belm 32 3.3.1Sistema municipal de abastecimento de gua da Ilha de Cotijuba. 33 3.3.2Projeto Flor da Amaznia - sistema de captao de gua da chuva cisterna; 35 3.3.3AMAZONFRUT - sistema de captao e tratamento da gua do rio. 38

    3.4 Projeto Sade na Floresta desenvolvido na Regio do Baixo Amazonas (municpios de Santarm, Belterra e Aveiro). 39

    3.5 Projeto de Desenvolvimento Sustentado do Alto Solimes PRODESAS. 50

    4 CONCLUSES 57

    5 RECOMENDAES 57

    REFERNCIAS 60

    ANEXOS 61

    10

  • 11

  • 1 INTRODUO O mapeamento das experincias em saneamento bsico para as populaes ribeirinhas da Amaznia, realizado pela ADA, est inserido no Trabalho de Criao e Difuso de Tecnologias e Experincias em Saneamento Bsico Adequadas a Realidade Ribeirinha. O propsito da ADA ao contratar a realizao desse mapeamento foi a de identificar a existncia de tecnologias de baixo custo e experincias de saneamento bsico, com vistas a obter subsdios para a articulao junto a agncias de fomento a viabilidade de criao de linhas de financiamento para o setor. Foram selecionadas sete experincias em andamento cujas aes visam a melhoria das condies de vida da populao ribeirinha e/ou desenvolvam tecnologias de baixo custo adequadas as condies naturais e especiais da regio Amaznica. Em decorrncia do tempo curto para a realizao do mapeamento e as grandes distncias geogrficas existentes na regio, o levantamento das informaes foi concentrado nos Estados do Par e Amazonas. Nestes foram identificadas e analisadas as seguintes experincias: no estado do Par - Sistema de Abastecimento de gua do Municpio do Acar; Saneamento Bsico no Contexto da Amaznia: Um novo enfoque de Poltica Municipal e de Participao Popular em Abaetetuba; Sistema Autnomo de Abastecimento de gua de Cotijuba; Projeto Flor da Amaznia; Sistema Autnomo de tratamento de gua da AMAZONFRUT e Projeto Sade na Floresta. No Estado do Amazonas o Projeto de Desenvolvimento Sustentvel do Alto Solimes PRODESAS. O estudo desenvolvido demonstrou que os projetos selecionados constituem-se em um conjunto diversificado de experincias, capazes de oferecer insumos e subsdios para a poltica pblica de saneamento na Amaznia. As anlises realizadas foram consolidadas a fim de ressaltar as principais caractersticas e resultados alcanados por cada experincia. A expectativa de que a iniciativa da ADA, ao apoiar esse estudo, poder, como desdobramento, contribuir para viabilidade de aes concretas de incentivo a aplicabilidade de tecnologias e instrumentos que venham a desenvolver a poltica de saneamento bsico destinada a populao ribeirinha. Dadas as peculiaridades das distncias entre as unidades territoriais da Amaznia, o levantamento e mapeamento prvio das experincias foi realizado em duas etapas: a) via internet e contatos telefnicos nos estados do Par e Amazonas, objetivando identificar indicaes preliminares da existncia de tais experincias ou identificar estudiosos na rea do saneamento para troca de informaes; b) In loco: pesquisa de campo nas localidades onde houve a identificao prvia da execuo de experincias em saneamento que atendam populaes ribeirinhas. No trabalho de campo foram feitas observaes localizadas, focalizando as principais informaes sobre o projeto em especial, sobre a concepo, processo de implementao,

    12

  • recursos financeiros, tecnologia utilizada e participao comunitria, para isso foram utilizados os seguintes instrumentais: template (modelo em anexo), registro fotogrfico e entrevista semi-estruturada aplicada ao corpo tcnico, aos gestores, as organizaes envolvidas e a comunidade atendida pelas experincias. O mapeamento foi realizado durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2005. Nesse perodo foram visitados os municpios do Acar, Abaetetuba, Belm, Belterra, Santarm e Manaus, para o levantamento de informaes, observao de campo e realizao de entrevistas sobre as experincias previamente identificadas. Foram realizadas entrevistas com os coordenadores dos projetos, tcnicos, lideranas comunitrias e com os moradores das comunidades. Foram ainda realizadas reunies nas Comunidades de So Domingos, Maguari e So Jorge no Municpio de Belterra. O presente relatrio parcial apresenta num primeiro momento um perfil geral sobre o saneamento na regio amaznica, concentrando-se a anlise nos estados do Par e Amazonas. Num segundo momento apresentam-se as sete experincias selecionadas. So apresentadas, ainda as concluses e recomendaes iniciais ADA. Por fim so apresentadas as referncias bibliogrficas, os anexos.

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  • 2 CONDIES DO SANEAMENTO BSICO NA AMAZNIA do conhecimento de grande parte da sociedade que o planejamento pensado pelo Brasil para a regio amaznica seguiu um modelo de corte autoritrio e centralizador. Centralizador porque definido e gestado pelo ncleo do poder central brasileiro e autoritrio porque elaborado e executado sem qualquer participao de segmentos local e regional, alis a mxima terra sem homens, dita e bradada pelo Estado brasileiro, significou o total desconhecimento e desrespeito para com o povo vivente na regio. Pela sua dimenso e complexidade, a regio tem sido objeto de inmeras investigaes cientficas e tecnolgicas, ora com objetivos de compreender suas contradies e identificar formas de superao, ora com objetivos de explorao econmica por projetos tecnolgicos de grande porte, tais como o Programa Grande Carajs e a Hidreltrica de Tucuru. A regio chama ateno pela grandeza de sua rea (referida como Regio Norte ou Amaznia legal) e por ser considerada a mais extensa rea inundada do planeta, uma vez que sofre inundaes causadas pelos grandes e pequenos rios da regio. A Amaznia recobre uma rea de 6 milhes de km e corresponde a 61% do territrio do pas. Alm de possuir o maior banco gentico do planeta, incluindo os demais pases com reas amaznicas, tem aproximadamente 1/5 da gua doce do globo e 1/3 das florestas tropicais. A maior biodiversidade existente no planeta encontra-se nos pases do Sul, em que se incluem os pases da Pan-Amaznia, na Amrica Latina, da frica Central e de todas as ilhas que conformam o mundo asitico, reas nas quais se concentram as populaes pobres do planeta (CASTRO, 2003). Nesse sentido, que significativas parcelas da populao urbano-rural vivem s margens dos rios amaznicos, estabelecendo mltiplas relaes com o fenmeno das guas, relaes essas que tiveram suas origens nos processos de colonizao do pas e que foram enraizadas pelas dinmicas scio-culturais locais. No ltimo decnio, das regies em desenvolvimento, a Amrica Latina e Caribe so aquelas que possuem a maior taxa de cobertura em abastecimento de gua (66% da populao). Em 2000, apenas 24% da populao da frica e 49% da populao da sia tiveram acesso a um sistema de abastecimento de gua. Em termos de saneamento, dos 79 milhes de novos habitantes dessa regio, 68 milhes foram beneficiados por um sistema de esgotamento sanitrio. Na sia, a porcentagem de pessoas atendidas passou de 13% em 1990 para 18% em 2000, enquanto que na frica o total passou de 11% para 13% em 2000, no atendendo nem 20% da nova populao africana (169 milhes de pessoas). Diante disso, os 147 dirigentes mundiais na Cpula do Milnio das Naes Unidas, em 2000, deciso de reduzir metade a proporo de pessoas que no tm acesso gua potvel at 2015. Para atender esse objetivo ser necessrio que apenas na frica, sia, Amrica latina e Caribe, 2,2 bilhes de pessoas adicionais tenham acesso de saneamento e 1,5 bilhes tenham acesso gua. Isso significa que durante os prximos anos ser necessrio fornecer, a cada dia, servios de abastecimento de gua a 280.000 pessoas a mais e infra-estrutura de saneamento a outras 384.000 (BARP, Ana Rosa B., 2004).

    14

  • No caso do Brasil que, pelos dados do IBGE 2000, tm aprofundado as caractersticas de urbanidade, apresenta cerca de 45,5 milhes de domiclios rurais e urbanos e destes apenas 76,6% dispunham de acesso rede geral de abastecimento de gua, e cerca de 40% rede geral de esgotamento sanitrio. Provavelmente esse acesso est concentrado nos 11 maiores municpios brasileiros. Soma-se a isso o fato de que menos de 30% de todo o esgoto gerado recebe algum tipo de tratamento e disposio final adequada (BRASIL, 2004). Frente a esse quadro e a poltica de disperso historicamente adotada pelo Estado brasileiro, a sociedade busca encontrar solues que, se no resolvem, amenizam a ausncia de poltica pblica no setor do saneamento bsico, destacando-se principalmente a forma de utilizao e consumo de gua potvel. Dados revelam que dentre as alternativas existentes, o sistema particular de acesso gua potvel a mais utilizada no Brasil com 46% de apropriao domiciliar, acompanhada de chafariz, bica ou mina com 29%, cursos dgua com 8% e caminho pipa com 7% (IBGE, 2000). Na Amaznia, a populao que habita as margens dos rios, conhecidas na regio como populaes ribeirinhas, em sua maioria utilizam-se da gua da forma como ela se apresenta, com raros ou mesmo nenhum tipo de tratamento e, portanto, comprometendo os nveis de qualidade de vida da populao. Se pensarmos que a maioria das populaes ribeirinhas habita em reas rurais, percebemos, por exemplo, que no estado do Par o acesso gua potvel atinge nmeros insignificantes como vemos no mapa abaixo

    FONTE: Brasil. Ministrio das Cidades. SNIS, 2002. Srie Histrica 1995 2002

    15

  • importante que se diga que no Par dois rgos governamentais da esfera estadual so responsveis pelas polticas de saneamento, abastecimento de gua e gesto dos recursos hdricos e ambiental, trata-se da Secretaria Executiva de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM), criada em 1988 e a Companhia de Saneamento do Par (COSANPA), que data de 1970. A SECTAM o rgo do governo estadual encarregado de coordenar, executar e controlar as atividades relacionadas ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico e proteo e conservao do meio ambiente no Par, bem como o atual rgo gestor da poltica estadual de recursos hdricos. Enquanto que a COSANPA tem como misso atender a populao urbana no Estado do Par com servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio de forma a alcanar elevados nveis de qualidade e de universalizao (portal da COSANPA, 2005). Apesar de sua misso, a COSANPA at a presente data tem apresentado capacidade para abastecer apenas 2.108.668 hab., sendo que destes aproximadamente 70% concentram-se na Regio Metropolitana de Belm (RMB) 1 com 77,49% de atendimento, o que demonstra a fragilidade do rgo em cumprir a misso definida de universalizao da gua no estado do Par. Pelos dados do Sistema Nacional de Informao sobre Saneamento, elaborado pelo governo federal no ano de 2004, percebemos que o estado do Par e o estado do Amazonas, objeto desse estudo exploratrio, se encontram nas fileiras dos estados, cujos municpios apresentam bastante carncia de acesso gua, especialmente a potvel que utilizada para consumo alimentar. o que verificamos na tabela abaixo: Tabela 1- Atendimento de gua e esgoto pelas prestadoras de servio dos estados do Amazonas e Par 2002

    Fonte: Sistema Nacional de Informaes sobre saneamento. Diagnstico dos Servios de gua e Esgoto 2002. No caso do Estado do Par, de suma importncia o disciplinamento dos meios fsicos, biolgico e scio-econmico em decorrncia do seu acelerado processo de ocupao, bem como vital que se ampliem os recursos na perspectiva da universalizao do servio. Enquanto que no Estado do Amazonas importante lembrar que nesse estado o servio encontra-se por conta dos Servios de Abastecimento Local gerenciado por prefeituras de municpios mdios e pequenos e na capital gerenciado por um servio de natureza privada, a empresa guas do Amazonas S/A (ADA).

    1 A RMB composta pelos municpios de Belm, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Brbara, que juntos somam 1.500 mil habitantes.

    ESTADOS

    Pop. Atend. De

    gua (hab.)

    Total de Ligaes de gua

    (lig.)

    Extenso da Rede de gua

    (km)

    Pop. Atend.

    Por Esgoto (hab.)

    Total de Ligaes de Esgoto

    (lig.)

    Extenso da Rede de Esgoto (km)

    Par 2.176.171 360.000 4.115,40 80.795 10.042 4.115,40 Amazonas 1.203.321 213.882 2.350 96.975 21.356 342

    16

  • Na oportunidade conveniente dizer que no dia 05/12/2005 a Cmara Municipal de Manaus votou Projeto de Resoluo, resultante do relatrio da Comisso Provisria de Investigao (CPI), definindo pela suspenso do contrato de prestao de servios de abastecimento e captao de gua e esgotos mantidos entre a Prefeitura Municipal de Manaus e a prestadora de servios ADA, sob o argumento de irregularidades no contrato firmado, bem como, a resoluo define pela criao, em 180 dias, de uma Agncia reguladora municipal para gerir e fiscalizar os contratos de concesso existentes no mbito do Executivo Municipal (http: matos, Unibloq.com.br). A importncia que a gua apresenta na vida amaznica pressupe que sejam desenvolvidos maiores cuidados sobre os mananciais de recursos advindos de rios, igaraps e lagos, procurando conceber tecnologias de preservao, revitalizao e tratamento desses mananciais, bem como vital definir formas de planejamento e gesto do uso das guas existentes na regio. Em relao s tcnicas a serem utilizadas no processo de revitalizao dos rios, no existe uma recomendao nica para todos os casos. (DIAS, Herly ; PRUSKI, Fernando, 2003). 3 RESULTADO DAS ANLISES DAS EXPERINCIAS SELECIONADAS PARA ESTUDO No levantamento das experincias em saneamento bsico nos estados do Par e do Amazonas foram identificados programas e projetos que esto sendo desenvolvidos pela ao governamental local (administrao municipal), por universidades (programas de extenso), por ONGS (promoo da sade para as comunidades atendidas) e pela iniciativa privada (industrial). Tais experincias esto em execuo nos municpios de Abaetetuba, Acar, Belm e Santarm no estado do Par; Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Manaus e So Paulo de Olivena no estado do Amazonas.

    Quadro 1 Experincias em Saneamento Bsico identificadas nos Estados do Par e Amazonas 2005

    Municpio Projeto e/ou

    Programa - identificao

    Responsvel direto pela execuo

    Instituies parceiras Localidades onde so desenvolvidos os

    projetos ou programas

    Acar (PA)

    Sistema de Abastecimento de gua

    Prefeitura Municipal

    SECTAM FUANASA

    Nas ilhas do Municpio

    Abaetetuba (PA)

    Saneamento Bsico no Contexto da Amaznia: Um novo enfoque de Poltica Municipal e de Participao Popular.

    Universidade Federal do Par- UFPA/ Programa de Apoio a Pobreza e Meio Ambiente - POEMA

    UFPA Prefeitura Municipal de Abaetetuba

    Comunidades de Camurituba Beira e Urubueua

    17

  • Sistema Autnomo de Abastecimento de gua de Cotijuba

    Prefeitura Municipal Sistema Autnomo de Abastecimento de gua de Belm - SAAEB

    UFPA Ilha de Cotijuba

    Projeto Flor da Amaznia

    Sociedade Bblica do Brasil

    UFPA e voluntrios Ilha Grande

    Belm (PA)

    Sistema Autnomo de tratamento de gua da AMAZONFRUT

    Industria de Aa AMAZONFRUT

    -------------

    Ilha do Mututucu

    Santarm (PA)

    Projeto Sade na Floresta

    ONG Projeto Sade e Alegria PSA

    Prefeituras Municipais de Aveiro, Belterra e Santarm; FUNASA; STR de Aveiro, Belterra e Santarm; TAPAJOARA; Federao das Comunidades da FLONA; IBAMA; BNDES

    Comunidades existentes na Floresta Nacional do Tapajs FLONA e na Reserva Extrativista Tapajs Arapiuns.

    Atalaia do Norte (AM)

    Comunidade de So Joo

    Benjamin Constant (AM)

    Comunidades Novo paraso, Vera Cruz, Guanabara II, Nova Aliana e Cidade Nova

    So Paulo de Olivena (AM)

    Projeto de Desenvolvimento Sustentvel do Alto Solimes - PRODESAS

    Universidade Federal do Amazonas - UFAM e Instituto de Pesquisa da Amaznia - INPA

    Universidade de So Paulo USP/IEE, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/CEULM), Prefeituras Municipais de Atalaia do Norte, Benjamin Constant e So Paulo de Olivena.

    Comunidade de Tupi I

    Fonte: Pesquisa de campo realizada nos meses de setembro, outubro e novembro de 2005. Essas experincias adotam metodologias diferenciadas, tanto no modelo de sistema de abastecimento e tratamento de gua, quanto no processo de implementao e implantao dos projetos. Aquelas desenvolvidas pelas ONGs e pelas instituies cientficas de ensino e pesquisa esto estruturadas em programas mais amplos nos quais a temtica do saneamento bsico desenvolvida em conjunto com um processo educativo intenso de organizao comunitria, de capacitao e de educao sanitria e ambiental projetos: Flor da Amaznia, Projeto Sade na Floresta, Saneamento Bsico no Contexto da Amaznia: Um novo enfoque de Poltica Municipal e de Participao Popular e PRODESAS. As experincias executadas diretamente pelas prefeituras municipais, ainda que se tenha desenvolvido um processo de discusso e organizao comunitria para a auto-gesto, este no teve o mesmo investimento e a mesma intensidade que as experincias desenvolvidas pelas ONGs. So os casos dos sistemas implantados nas ilhas do Municpio do Acar e na ilha de Cotijuba no Municpio de Belm.

    18

  • Duas das experincias identificadas esto voltadas para a industria. O projeto da AMAZONFRUT exclusivo da Fbrica de Aa e o Projeto gua Limpa para Pequenas Comunidades do Amazonas da FUNCAPI, o qual no se encontra em execuo, estando ainda como proposta a ser experimentada. Este trata-se de um projeto para desenvolvimento de dois prottipos para captao manual e tratamento de gua barrenta (Rio Solimes - AM) e para captao manual e tratamento de gua negra (Rio Negro - AM). O projeto recebeu o prmio Samuel Bechimol na categoria social. Por encontra-se na fase de projeto no tendo ainda entrado em execuo, no foi possvel acessar informaes mais detalhadas sobre o mesmo em virtude disso este projeto no poder ser avaliado mais detalhadamente. As experincias com sistemas de abastecimento e tratamento de gua utilizada por populaes ribeirinhas, identificados durante a pesquisa, podem ser assim classificadas:

    1) Sistema de abastecimento de gua atravs de poo manual; 2) Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano com motor a diesel e/ou

    energia fotovoltaica, ou energia eltrica; 3) Sistema de abastecimento de gua utilizando a gua do rio; 4) Sistema de abastecimento de gua a partir da captao da gua da chuva cisterna;

    Quadro 2- Distribuio do tipo de sistema identificado por municpio nos Estados do Par e Amazonas, 2005

    Municpio Tipo de sistema de abastecimento de gua identificado Situao atual

    Acar (PA) Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano com motor a diesel e energia fotovoltaica;

    Sistema em funcionamento

    Abaetetuba (PA)

    Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano com motor a diesel e energia fotovoltaica

    Sistema desativado

    Belm (PA) Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano com motor a diesel e energia fotovoltaica;

    Sistema de abastecimento de gua a partir da captao da gua da chuva cisterna;

    Sistema de abastecimento de gua utilizando a gua do rio;

    O primeiro est desativado e os dois seguintes esto em funcionamento.

    Santarm (PA)

    Sistema de abastecimento de gua atravs de poo manual; Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano

    com motor a diesel e energia eltrica;

    Projeto em execuo

    Atalaia do Norte (AM)

    Benjamin Constant (AM) So Paulo de Olivena (AM)

    Sistema de abastecimento de gua atravs de poo artesiano com

    energia fotovoltaica

    Em funcionamento h sete anos

    Fonte: pesquisa de campo realizada nos meses de setembro, outubro e novembro 2005.

    19

  • 3.1 Servio municipal de abastecimento de gua para populao das ilhas do Acar. Aspectos gerais do Municpio O Municpio do Acar, com uma rea de 4.363,6 Km, pertence Mesoregio Nordeste Paraense e Microrregio de Tom-Au e foi instalado em 1932. A sede municipal est localizada nas coordenadas geogrficas 01 57 e 48 11 51 WGR e se encontra a 65,7 KM da capital do estado em linha reta. Limita-se ao norte com o Rio Guam, ao sul com os municpios de Tailndia e Tom-Au, a leste com os Municpios de Bujaru e Concrdia do Par e a oeste com os Municpios do Moju e Barcarena. Segundo os dados do IBGE-2000, a populao do Municpio de 52.126 habitantes e possui uma densidade demogrfica de 11,8 hab/Km. A maior taxa de populao est concentrada na rea rural do municpio. Possui ainda uma taxa de urbanizao de apenas 18,70%.

    Tabela 2 - Populao urbana e rural dos municpios do Acar- Par, 2000

    Municpio Populao total, 2000 Populao

    total urbana, 2000

    Populao total rural, 2000

    Taxa de urbanizao,

    2000 (%)

    1991 a 2000 (%)

    Acar (PA) 52126 9745 42381 18,69508499 3,11841013

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos

    As famlias residentes na zona rural compem-se majoritariamente de povos tradicionais, em sua maioria cabocla e quilombolas. A economia do municpio est estruturada no setor primrio com experimentos de meliponicultura (abelha sem ferro), unidade agroflorestal, cafeicultura, manejo de leguminosas para cobertura e melhoramento de solo, Nim indiano e psicultura em tanque e rede. Os projetos foram elaborados pela EMATER local (em torno de 848) com apoio do FNO e PRONAF. De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura SEMAGRI 11.200 (onze mil e duzentos) produtores que trabalham em regime de mo-de-obra familiar que recebem assistncia da prefeitura. No setor secundrio (indstria e setor de transformao) as atividades desenvolvidas so as olarias, serrarias, marcenarias, estaleiro e casas de farinha. So desenvolvidas ainda atividades de artesanato. A populao utiliza como forma de acesso gua os sistemas de abastecimento ligados em rede geral, poos ou nascentes e outras formas. O nmero de domiclios que acessam a gua via um sistema de abastecimento com rede de distribuio bem inferior s outras formas, como demonstra a tabela abaixo.

    20

  • Tabela 3- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Acesso gua no Municpio do Acar - Par , 2000

    Municpio Total de domicliosRede Geral

    Poo ou nascente

    Outra forma de acesso

    Acar (PA) 9830 1746 5547 2537

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos

    A maioria dos poos utilizados para o acesso gua so manuais, sendo construdos pela prpria populao. Geralmente utiliza-se de vasilhames (baldes, latas) para puxar a gua de dentro do poo. A higiene precria (especialmente dos vasilhames) o que contribui para a ocorrncia de doenas. A gua desse tipo de poo no recebe nenhum tipo de tratamento sendo consumida para beber, lavagem de roupa e banho.

    Foto 1- Exemplo de poo manual utilizado pela populao das Ilhas do Acar

    As condies do saneamento tambm so bastante precrias. Do total de 9.830 domiclios, 7..580 possuem banheiro ou sanitrio.

    21

  • Tabela 4- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Escoamento da Instalao Sanitria no Municpio do Acar - Par, 2000.

    Municpio Total de domiclios

    Com banheiro

    ou sanitrio

    Com banheiro

    ou sanitrio

    e rede geral

    Com banheiro

    ou sanitrio e fossa sptica

    Com banheiro

    ou sanitrio e

    fossa rudimentar

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado a uma vala

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado

    diretamente a um rio,

    lago ou mar

    Com banheiro ou sanitrio e outro tipo

    esgotamento

    Acar (PA) 9830 7580 13 428 5762 660 81 636

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos.

    Ainda que o nmero de domiclios com banheiro e sanitrio seja considervel, isso no tradutor de boas condies sanitrias, uma vez que destes cerca de 70% possuem banheiro ou sanitrio em condies insalubres, utilizando fossas rudimentares, valas, rios, e outros para o escoamento dos dejetos.

    3.1.1 Servio de Abastecimento de gua do Municpio do Acar.

    O servio de gua no municpio gerenciado pelo Servio de Abastecimento de gua SAM que est subordinado a Secretaria Municipal de Sade. Este responsvel pela administrao e manuteno de 14 micro-sistemas, sendo 04 implantados na zona urbana: 01 no Centro da Cidade, 01 no bairro da Alegria, 01 no bairro do Matadouro e 01 no bairro do Pantanal. Na zona rural foram implantados 10 micro-sistemas, 01 na Comunidade de Colatina, 01 no Km 34, 01 na Comunidade de Itaco, 01 na Comunidade de Genipauba, 01 na Comunidade de Jacarequara, 01 na Comunidade de Boa Esperana, 01 na Vila da Paz e 01 na Comunidade de Santa Maria.

    Quadro 3- Distribuio de Micro Sistemas de Abastecimento de gua no Municpio do Acar Par 2004.

    Micro Sistemas Total Zona Urbana Zona Rural 04 10

    14

    Fonte: Prefeitura Municipal do Acar /Secretaria Municipal de Sade, 2004. O abastecimento de gua na zona urbana do municpio fluente o dia todo nos bairros mais centrais; nos bairros perifricos o fornecimento de gua feito durante duas horas pela manh e duas horas tarde. O sistema de tratamento da gua utilizado o hipoclorito de sdio, entretanto, alto ainda o percentual de vezes em que a gua distribuda chega s residncias sem nenhum tipo de tratamento. Para o controle realizado mensalmente o exame bacteriolgico da gua.

    22

  • A rede de abastecimento de gua implantada no municpio no suficiente para cobrir a demanda existente, em especial na zona rural, por isso ainda utilizada pela populao a gua do poo individual e/ou nascente. Segundo a Secretaria de Sade das 232 escolas municipais, apenas 73 contam com abastecimento de gua potvel e das 10.028 famlias cadastradas no Sistema de Informao de Ateno Bsico SIAB apenas 2.016 recebem gua da rede pblica, 5.593 famlias usam o poo ou utilizam gua de nascentes e 2329 no tem qualquer informao a respeito do tipo de abastecimento de gua utilizado.

    Tabela 5- Distribuio das famlias cadastradas no SIAB segundo o tipo de abastecimento de gua utilizado no Municpio do Acar Par 2004.

    Ano Rede Pblica Poo ou Nascente Outros

    2003 2106 5593 2329 2004 2106 5593 2329

    Fonte: Prefeitura Municipal do Acar /Secretaria Municipal de Sade /SIAB, 2004.

    Ainda segundo os dados do SIAB 2.095 famlias utilizam o filtro, 445 fervem a gua, 997 utilizam o hipoclorito de sdio, contudo 6.491 consomem a gua sem qualquer tipo de tratamento.

    Tabela 6- Distribuio das famlias cadastradas no SIAB segundo o tipo de tratamento da gua no Municpio do Acar Par 2004.

    Ano

    Filtro Fervura Clorao Sem

    tratamento 2003 2.095 445 997 6.491 2004 2.095 445 997 6.491

    Fonte: Prefeitura Municipal do Acar /Secretaria Municipal de Sade /SIAB, 2004.

    Os micros sistemas localizados na zona rural foram implantados atravs da Prefeitura h cerca de oito anos atrs, tendo para isso financiamento do Governo Estadual atravs da SECTAM. O projeto de construo dos micros sistemas custou em torno de R$ 308.000,00 (trezentos e oito mil reais) sendo R$ 280 (duzentos e oitenta mil reais) oriundos de repasse e R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais) de contrapartida. O convnio teve durao de 01 ano e foi executado pela Secretaria Municipal de Sade do municpio. O municpio, na gesto anterior da prefeitura foi contemplado com um convnio de R$ 1.077.000,00 (um milho e setecentos mil reais) do programa Alvorada, via FUNASA/MIN. SADE, mas, somente teve a capacidade de execuo de 14,52% do total dos recursos, ou seja, apenas R$ 172.594,88 (cento e setenta e dois mil quinhentos e noventa e quatro reais e oitenta e oito centavos). A deficincia na execuo provocou o cancelamento do convnio. A gesto atual est estudando formas de reaver os recursos, pois pretendem implantar um manancial no municpio.

    23

  • A Prefeitura est ainda, solicitando para o governo do estado, recursos na ordem de R$ 614.617,90 (seiscentos e quatorze mil, seiscentos e dezessete reais e noventa centavos), para implantar 166 sistemas nas escolas.

    3.1.2 Implementao dos micros sistemas de gua localizados na zona rural. Em torno de 10 micros sistemas de gua esto implantados na zona rural, destes 09 atendem as populaes ribeirinhas: Comunidade de Colatina, Comunidade de Itaco (que compreende ainda Itacoanzinho), Comunidade de Genipauba, Comunidade de Jacarequara, Comunidade de Boa Esperana, Vila da Paz e Comunidade de Santa Maria.

    Foto 2 - Comunidade de Itacoanzinho Acar

    No existem dados controlados pelo municpio que posam indicar com maior preciso o nmero de populao ribeirinha que so atendidas pelos micros sistemas. A rede de distribuio ainda no atende todas as residncias, sendo priorizados os equipamentos pblicos como a escola e o posto de sade. As casas mais prximas ao sistema j so atendidas pela rede de distribuio. Todos os sistemas encontrados nas localidades do Municpio do Acar possuem uma rede de distribuio que termina com uma torneira no porto principal da localidade, se utilizam desta torneira as outras famlias ribeirinhas que moram as margens do rio. Estas se deslocam de suas residncias em canoas e trazem vasilhames para armazenamento e transporte da gua.

    24

  • 3.1.3 Modelo do sistema de abastecimento de gua Os micros sistemas implantados fazem a captao de gua atravs de poo artesiano com profundidades diferentes variando entre 30 a 52 metros, a gua vai para um reservatrio suspenso (caixa dgua) e depois distribudo para a escola, unidade de sade e algumas residncias. O sistema apresenta os seguintes elementos: o poo, a bomba, e a rede de distribuio, o motor e a edificao fsica para o motor e a bomba.

    A manuteno compreende os cuidados com o maquinrio (motor e bomba) e com a caixa dgua, que requer a limpeza, pelo menos a cada seis meses. A gua consumida considerada de boa qualidade, segundo a Secretaria de Sade est avaliada com exame bacteriolgico mensalmente. Essa mesma avaliao feita pelos moradores: (...) gua do poo melhor do que a que era captada antes em poo aberto sem proteo (tampa) (Entrevista com D. Antonia Lucia Nascimento, professora e moradora do local, 2005).

    Foto 3 - Sistema de Abastecimento de gua em Itacoanzinho Acar

    3.1.4 Gerenciamento do sistema A prefeitura implanta o sistema e entrega para a Comunidade. O gerenciamento feito pelas famlias que so atendidas com o abastecimento de gua. Para isso constituem uma diretoria que fica responsvel pelo funcionamento e arrecadao da taxa de pagamento. Os valores cobrados giram em torno de R$ 7,00 (sete reais) mensais. O pagamento da taxa exclusivo para o combustvel do gerador, sendo que o material utilizado na ampliao do sistema doado pela prefeitura a pedido das comunidades. A Prefeitura gasta em mdia com a manuteno dos 10 sistemas de gua cerca de R$ 7.000,00 (sete mil reais). A verba arrecadada pela comunidade utilizada na compra de combustvel para o gerador de energia. Os valores arrecadados geralmente no so suficientes para garantir o sistema funcionando durante todo o ms, ainda que a Prefeitura do Acar fornea parte deste.

    A verba arrecadada no suficiente para ter gua todos os dias e fazer a manuteno do sistema, as famlias pagam do dia 1 ao 15 do ms e quando chega no final j no tem combustvel. A prefeitura de Acar nos d 50 litros por ms a comunidade. (Entrevista com D. Antonia Lucia Nascimento, professora e moradora do local, 2005).

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  • A limpeza da caixa feita pela comunidade, entretanto, no h uma periodicidade na limpeza pela falta de organizao da prpria comunidade. H reunio todo ms com as famlias atendidas pelo sistema, este o momento de discutir sobre o pagamento da taxa (as inadimplncias), a manuteno do sistema e aos problemas de gerenciamento. As famlias que no so abastecidas pelo sistema utilizam gua de poo manual, ou se abastecem da gua atravs na torneira do vizinho. Outras ainda utilizam gua do igarap. 3.1.5 Impactos de resultados aps a implantao dos sistemas. Um dos resultados observados aps a implantao dos micros sistemas de abastecimento de gua foi a diminuio da ocorrncia de doenas de veiculao hdrica como a diarria, em especial nas crianas. Segundo os moradores das Comunidades de Itaco e Itacoanzinho o que vem contribuindo tambm para o controle deste distrbio, o trabalho educativo que vem sendo desenvolvido pela pastoral da criana, que orienta no tratamento da gua (fervura ou armazenamento da gua em vasilhames e exposio aos raios solares) para o consumo humano.

    3.2 Projeto Saneamento Bsico no Contexto da Amaznia: Um novo enfoque de Poltica Municipal e de Participao Popular/POEMA Municpio de Abaetetuba/Par. Aspectos gerais do Municpio. O Municpio de Abaetetuba possui uma rea territorial total de 1.613,9 Km, fazendo limite ao norte com o rio Par e com o Municpio de Barcarena, ao sul com os municpios de Igarap-Miri e Moju, a leste com Municpio de Moju e a oeste com o rio Par e com o Municpio Igarap-Miri.. Em Abaetetuba residem 119.152 habitantes; destes 70.843 ou seja, cerca 59,45% da populao est na rea urbana e 48.309 ou aproximadamente 44,54% dos habitantes residem na rea rural.

    Tabela 7- Populao urbana e rural dos municpios de Abaetetuba - Par, 2000

    Municpio Populao total, 2000 Populao total

    urbana, 2000 Populao total

    rural, 2000 Taxa de

    urbanizao, 2000 (%)

    1991 a 2000 (%)

    Abaetetuba 119152 70843 48309 59,45598899 1,606770187

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos

    O acesso gua nesse municpio se d atravs de sistema de abastecimento ligado em rede geral de distribuio, poo ou nascente e outras formas. Do total de 21.414 domiclios apenas 6.774 tem acesso gua via rede geral; 8.796 utilizam o poo ou a gua de nascentes para seu consumo e 5.844 usam outras formas de acesso.

    26

  • Tabela 8- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Acesso gua no Municpio de Abaetetuba Par, 2000

    Municpio Total de domiclios

    Rede Geral

    Poo ou nascente

    Outra forma de acesso

    Abaetetuba 21414 6774 8796 5844

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos importante mencionar que a maioria dos poos utilizados como sistema de acesso a gua so manuais, confeccionados pela prpria populao e expostos a cu aberto. A gua desse tipo de poo no recebe nenhum tipo de tratamento sendo consumida para beber, lavagem de roupa e banho. As condies do saneamento tambm no so ideais. Do total de 21.414 domiclios 19.803 possuem banheiro ou sanitrio, os quais apresentam diferentes formas de escoamento da instalao sanitria., a saber:

    Tabela 9- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Escoamento da Instalao Sanitria no Municpio de Abaetetuba - Par, 2000

    Municpio Total de

    domiclios

    Com banheiro

    ou sanitrio

    Com banheiro

    ou sanitrio

    e rede geral

    Com banheiro

    ou sanitrio e fossa sptica

    Com banheiro

    ou sanitrio e

    fossa rudimentar

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado a

    uma vala

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado

    diretamente a um rio,

    lago ou mar

    Com banheiro ou sanitrio e outro tipo

    esgotamento

    Abaetetuba 21414 19803 79 6133 6991 959 3730 1911

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos Do total de domiclios com banheiro ou sanitrio 68,64% esto ligados a formas de escoamento precrias e inadequadas; 31% utilizam fossa sptica e apenas 0,39% est ligada rede de esgoto. Concepo e implementao do projeto O Projeto Saneamento Bsico no Contexto da Amaznia: Um novo enfoque de Poltica Municipal e de Participao Popular teve inicio em 1990 pelo Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amaznia, tendo como rea de atuao o bairro do Bengu na rea urbana do Municpio de Belm. Surge a partir do interesse dos pesquisadores da UFPA - aps a realizao de uma pesquisa sobre condies de sobrevivncia das camadas populares na periferia de Belm -

    27

  • em desenvolver um programa experimental de cooperao entre a Universidade, o poder municipal e as populaes vulnerveis. (Mitschein, et all.1994, p 35). A experincia realizada no bairro do Bengu, com apoio do UNICEF, permitiu desenvolver o projeto piloto de sistema de abastecimento de gua, que segundo dados do POEMA, conseguiu reduzir os custos para implantao de sistemas de gua tratada para US$ 11,00 per capta. (Mitschein, et all.1994, p 35). O xito desta experincia despertou o interesse especialmente das prefeituras do interior. O POEMA escolheu a esfera local-comunitria como campo da atuao, pois ela abre um amplo leque de oportunidades para fomentar um processo de mobilizao social em torno da gerao participativa de tecnologias apropriadas e alternativas organizacionais, que ao proporcionarem condies de uso e manejo sustentveis dos recursos disponveis, possibilitaram uma satisfao melhor das necessidades bsicas das populaes pobres e fortalecem a sua capacidade de auto-organziao perante entidades e instituies que dispem de poder poltico-econmico. (Mitschein, et all.,1994, p 36). Para implementar o projeto de saneamento o POEMA selecionou diferentes comunidades rurais, as quais denominaram de comunidades-laboratrio. As linhas de aes desenvolvidas pelo projeto foram: mtodos e tcnicas de planejamento; sade, saneamento e nutrio; agrossilvicultura; beneficiamento de produtos naturais; energia; educao. A implementao das aes se deu por fases: primeira - a realizao de levantamentos sistemticos das estruturas scio-econmicas e da flora e fauna local; segunda execuo das aes de saneamento e agrossilvicultura; terceira as atividades de educao e sade. Uma das comunidades rurais selecionadas foi a Comunidade de Urubuua, que fica na regio das ilhas. As habitaes so do tipo palafitas em decorrncia das inundaes peridicas que ocorrem. As habitaes ficam distantes cerca de 300m. H um pequeno ncleo onde se localizam cinco casas, uma igreja, uma farmcia e um centro comunitrio. Antes da implantao do sistema os habitantes consumiam gua diretamente do rio. O sistema implantado em Urubuua foi construdo h cerca de doze anos, como um sistema combinado de bombeamento. Usa-se tanto um conjunto de motor-bomba a leo diesel, como um catavento de duplo efeito, com grande eficincia mesmo a baixa velocidade de vento, que recalca gua para um reservatrio elevado de 10.000 litros. Este ltimo com finalidade de diminuir o consumo de leo diesel (Mitschein, et all. 1994, p 145). O sistema utilizou ainda um manancial de gua subterrneo atravs de poo de 36m de profundidade que apresentou um teor de ferro acima do admissvel, foi necessrio ento, alm do tratamento bacteriolgico um tratamento fsico-qumico realizado com filtro de areia que retm o xido de ferro produzido pela reao qumica do hipoclorito de sdio com o ferro da gua. O custo desse sistema foi de US$ 12,00 por habitante. (Mitschein, et all.1994, p 145).

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  • Foto 4 - Sistema de Abastecimento de gua implantado em Urubuua Abaetetuba

    O sistema foi implantado no ncleo da comunidade, a distribuio da gua era feita atravs de torneira coletiva, onde os habitantes da ilha e vizinhana abasteciam seus vasilhames e reservatrios caseiros. As casas mais prximas ao sistema possuem canalizaes para o abastecimento de gua, feita pelos prprios moradores, tambm a igreja e a escola, esta ultima feita pelo POEMA, mas hoje no esta funcionando. Recebiam ainda o hipoclorito de sdio para o tratamento da gua em casa. Hoje este se encontra em situao precria com problemas no filtro, na caixa e na estrutura. Esses dois ltimos precisam ser trocados por outros mais resistentes e o filtro esta precisando trocar a areia. Na comunidade houve o beneficiamento de doze famlias com a construo de fossas sanitrias de alvenaria suspensas. O POEMA construiu os sanitrios e entregou s famlias, mas, segundos depoimentos dos moradores, estes no receberam nenhuma orientao e assistncia. A participao comunitria no projeto. Durante a implantao do projeto houve a formao de um grupo na comunidade para tratar da questo ambiental. O processo educativo realizado no comit ambiental teve xito durante o perodo de implantao do projeto, ainda quando a comunidade contava com a assessoria direta do POEMA. Aps a concluso do projeto e a entrega do sistema para a auto-gesto da comunidade, as aes de educao ambiental no tiveram continuidade. Os prprios moradores fazem uma avaliao de que no tem condies para dar continuidade ao processo desencadeado pelo projeto.

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  • (...) na implantao do projeto houve a formao de um grupo na comunidade para tratar da questo ambiental, mas tambm no houve continuidade aps a implantao do projeto. Os moradores que faziam parte desse grupo, falavam que no davam conta de continuar fazendo as reunies sem nenhuma orientao adequada (...) (Entrevista com Sra. Gedenilce moradora da comunidade, novembro de 2005)

    A comunidade tambm no tem condies de auto-sustentar o sistema de abastecimento de gua, em decorrncia da sua baixa renda e de sua dificuldade de gerenciamento administrativo. No foi possvel identificar durante a pesquisa se no projeto houve a capacitao e formao da comunidade para a auto-gesto do sistema. Se houve, esta aparece como insuficiente.

    Foto 5 - Condies do Sistema de Abastecimento de gua de Urubueua Abaetetuba

    A manuteno feita pela prpria comunidade, que sempre teve dificuldade para manter o sistema. A estrutura e a caixa esto precisando ser trocadas por outras mais resistentes (concreto), mas a comunidade est com dificuldades para adquirir verbas para esta troca. A limpeza da caixa feita a cada dois ou trs abastecimentos. O reservatrio fica no mximo trs dias abastecido, pois as famlias e os viajantes quando tem gua vo buscar. A doao do combustvel feita pelas famlias que consomem a gua do sistema. A escola da comunidade hoje utiliza gua do rio, antes tinha encanao que vinha direto do sistema, mas no est funcionando no momento. O tratamento da gua do rio feito com hipoclorito quando tem e com gua sanitria, na falta do outro. H o projeto de placa solar para a obteno de energia para a escola, mas tambm est com problema, pois a bateria no est funcionando. (Entrevista com a Sra.

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  • Emelita coordenadora do Centro Comunitrio, novembro de 2005). A limpeza da caixa feita pelos moradores toda vez que se vai encher a caixa, o que feito quando se tem o leo diesel para o funcionamento do gerador, pois a comunidade no tem ajuda de nenhum rgo para o suprimento do combustvel e os moradores no tem condies de doar sempre. No comeo havia a coleta de um real, mas j no se faz a coleta (Entrevista com Sra. Gedenilce moradora da comunidade, novembro de 2005).

    No encerramento do projeto o sistema foi repassado a Prefeitura de Abaetetuba. Segundo os moradores locais a prefeitura nunca prestou nenhuma assistncia ou fez alguma manuteno no sistema. Impactos e resultados obtidos. Os principais resultados atingidos com a implantao do sistema foi a diminuio da ocorrncia de doenas de veiculao hdrica, como diarria (criana e adulto). Mesmo com o sistema funcionando precariamente, os moradores identificam esse resultado ainda hoje.

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  • 3.3 Servio de abastecimento de gua na rea rural do municpio de Belm Aspectos gerais do Municpio. O municpio de Belm est dividido em 8 Distritos Administrativos, com um territrio de 1.065 Km, sendo a poro continental correspondente a 34,36% da rea total, e a poro insular corresponde a 65,64%, considerando-se as 43 ilhas que formam o municpio.

    O Municpio tem vivido um processo intenso de urbanizao, com aumento acelerado de sua populao, que atinge 1.280.614 habitantes. Este contingente populacional maior na rea urbana, com 99,53%, representando uma taxa de urbanizao muito superior observada para o conjunto da Amaznia e para o Estado do Par.

    Tabela 10- Populao urbana e rural do municpio de Belm - Par, 2000

    Municpio Populao total, 2000

    Populao total

    urbana, 2000

    Populao total rural,

    2000

    Taxa de urbanizao,

    2000 (%)

    1991 a 2000 (%)

    Belm 1280614 1272354 8260 99,3549969 0,259007126

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos A condio do acesso gua em Belm apresenta-se em condies melhores aos outros municpios j apresentados. O percentual de domiclios com acesso a rede geral de distribuio de gua significativamente maior do que o percentual de domiclios que utilizam outras formas de abastecimento.

    Tabela 11- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Acesso gua e no Municpio de Belm- Par, 2000.

    Municpio Total de

    domicliosRede Geral

    Poo ou nascente

    Outra forma

    de acesso

    Belm 296352 218066 67305 10981

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos As condies do saneamento tambm se diferenciam dos outros municpios. Do total de 283.052 domiclios que possuem banheiro ou sanitrio, 76.177 esto ligados rede geral e 146.366 domiclios utilizam fossa sptica. E 60.409 utilizam outras formas precrias de escoamento das instalaes sanitrias.

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  • Tabela 12- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Escoamento da Instalao Sanitria no Municpio de Belm - Par, 2000.

    Municpio

    Total de domiclios

    Com banheiro ou

    sanitrio

    Com banheiro

    ou sanitrio

    e rede geral

    Com banheiro

    ou sanitrio e fossa sptica

    Com banheiro

    ou sanitrio e

    fossa rudimentar

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado a uma vala

    Com banheiro ou

    sanitrio ligado

    diretamente a um rio,

    lago ou mar

    Com banheiro ou sanitrio e outro tipo

    esgotamento

    Belm 296352 283052 76177 146366 30609 22533 4038 3329

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos Ainda que com melhores condies que outros municpios, em 2001 foram registrados 222 bitos causados por doenas infecciosas intestinais e parasitrias, diarrias e gastrointerites de origem infecciosa, hepatite viral e doenas transmitidas por protozorios (Paranagu, et al, 2003). Isso indica que as condies de saneamento em Belm ainda no so as ideais.

    3.3.1 Sistema municipal de abastecimento de gua da Ilha de Cotijuba. A Ilha de Cotijuba a terceira maior ilha de um arquiplago de 42 ilhas pertencente ao municpio de Belm. Nos ltimos dez anos a ilha comeou a ser incorporada aos espaos acessveis do municpio. Por um lado, em funo da regularizao de uma linha de transporte fluvial implantada pela Prefeitura e por outro lado pela divulgao da beleza de suas praias, provocando, com isso, impactos em sua paisagem, na conformao das atividades econmicas e nos hbitos dos seus moradores e freqentadores mais assduos. De acordo com o ltimo censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatstica (IBGE), Cotijuba indicou elementos importantes que do ao municpio sinais ainda de um mundo rural muito presente na capital, 44% da rea total da ilha permanecem na posse de agricultores e pescadores que representam 22% da populao total. Localizam-se, sobretudo, em reas da poro norte e em alguns pontos do litoral que circunda a ilha. A densidade demogrfica destas reas consideravelmente menor que na parte sul, onde se concentram as atividades de lazer e comrcio, caracterizando a existncia de dois mundos divididos pelo nvel de concentrao demogrfico. Esse elemento torna-se importante porque acaba constituindo-se critrio e medida de peso no processo de deciso da administrao municipal. Onde tem mais gente acaba recebendo maior nmero de benefcios, deixando a parte dispersa com pouco ou quase nenhum acesso (CARVALHO ; GUERRA, 2003).

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  • So vrios os elementos que caracterizam uma forte presena de ruralidade na ilha: moradia, a cultura agrcola, a rusticidade dos aspectos fsicos da ilha, o transporte interno (bondinhos), inexistncia de rua pavimentada, a inexistncia de esgotamento sanitrio e outros. Para esse trabalho, entretanto, importante destacar que do conjunto de elementos rurais presentes na ilha, est o tipo de fonte de gua predominante.

    Foto 6- Modo de vida em Cotijuba

    Segundo CARVALHO ; GUERRA (2003), em Cotijuba o poo cavado manualmente est presente em 60% das residncias, sendo que, destes 84,6% tm gua extrada por um mecanismo simples base de roldanas ou por eixo de madeira tendo na extremidade uma manivela que permite a retirada da gua por trao humana. A segunda fonte de abastecimento dos moradores da ilha a rede de abastecimento da Prefeitura Municipal de Belm que, conta com quatro caixas dgua nas localidades identificadas como Rua Jarbas Passarinho, Estrada da Praia Funda, Pedra Branca e Poo. As duas primeiras esto ligadas a um sistema de distribuio que atende satisfatoriamente s reas cobertas ao sul da ilha. Os outros dois sistemas (Pedra Branca e Poo) no esto completamente acabados, no dispem de rede de distribuio o que obriga os moradores a se abastecerem em torneiras prximas das caixas dgua. O sistema de abastecimento de gua, implantado pelo SAAEB, com uma caixa de gua de vinte litros de capacidade, com um poo artesiano de quarenta e oito metros de profundidade, que funciona atravs de placas solares. Foi implantado para atender dezoito famlias na poca. O sistema do tipo chafariz pblico. (Entrevista com Engenheiro Joo Neto, Belm, 2005).

    A deciso de se implantar o sistema em poo foi dos prprios moradores da comunidade numa das reunies do oramento participativo, mas na poca de 1997, os mesmos no entendiam como funcionava o sistema. A proposta dos representantes da comunidade da ilha de Cotijuba, era ter um sistema na Pedra Branca, que a parte mais alta do local e depois viria para Poo, desceria o Vai-quem-quer e iria ate a Praia Funda e se interligaria com o sistema do centro que existe na ilha, para abastecer praticamente toda a ilha. Mas tcnicos especializados fizeram um estudo e verificaram que no se poderia fazer do jeito que a comunidade queria, teriam que fazer sistemas isolados. Foi o que fizeram, um no Poo que tem capacidade ate para rede, sendo que o local foi

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  • escolhido por ter o maior fluxo de moradores, e o da Pedra Branca, o qual nunca funcionou. O sistema nessa comunidade teve um gasto de vinte e cinco mil reais, a gua apresentou um teor de ferro (1,2) muito elevado, pois o normal em torno de 0,2. Foi colocado um filtro para fazer o tratamento, mas o sistema no foi utilizado e as placas acabaram sendo roubadas. Hoje o sistema no funciona. (Entrevista com o funcionrio da SAAEB na ilha de Cotijuba e morador da comunidade de Poo, Romildo)

    Esse sistema atende a 26% dos domiclios registrados, principalmente os situados ao sul da ilha. No vero, quando a demanda aumenta por conta da estao mais freqentada da ilha, o servio de abastecimento torna-se insuficiente. Os habitantes das reas ligadas rede de distribuio devem armazenar gua durante o perodo noturno para a utilizao durante o dia. O levantamento indicou ainda que 26% dos domiclios no possuem fonte de gua disponvel, dependendo do fornecimento de terceiros (vizinhos) ou de fontes alternativas (ibidem). De acordo com Romildo a comunidade possui hoje em torno de quarenta famlias, que na sua maioria no usam o sistema por causa da distancia entre as moradias e o local onde se encontra o sistema. Algumas crticas foram feitas a estes dois sistemas como a baixa capacidade de fornecimento de gua, a altura insuficiente das caixas para dar um desnvel que permitisse a distribuio por gravidade e a localizao em pontos de baixa concentrao populacional. O sistema do Poo tem sido utilizado normalmente enquanto o da pedra Branca foi desativado pelo nvel de ferro presente na gua, inviabilizando sua utilizao para alimentao.

    De acordo com Jeov (funcionrio da FUNASA) que faz um trabalho em conjunto com o setor de sade da ilha, no h incidncia de casos de malria e doenas relacionadas com a gua. A FUNASA faz um trabalho de preveno contra doenas como malaria, LVC, com as parturientes que no podem fazer um tratamento. Existindo no local em torno de nove profissionais. A unidade de sade atende as ilhas de Paquet, Jutuba, ilha Nova, Urubuoca e uma parte do Arapiranga que pertence ao municpio de Barcarena, mas se encontra mais prximo da ilha de Cotijuba, atende tambm a ilha do Maraj.

    3.3.2 Projeto Flor da Amaznia - Sistema de captao de gua da chuva cisterna O Projeto Flor da Amaznia desenvolvido pela Sociedade Bblica do Brasil - SBB e atende as comunidades ribeirinhas. A SBB uma entidade sem fins lucrativos, de natureza religiosa, social, filantrpica e cultural. Sua finalidade traduzir, produzir e distribuir a Bblia. Alm do trabalho na rea de traduo e publicao de Bblias, a SBB desenvolve projetos no campo da ao social. Desde 1962, quando criou o barco Projeto Luz da Amaznia, para prestar assistncia espiritual e social aos ribeirinhos.

    O Projeto Luz da Amaznia se constitui como um programa de assistncia mdica, social e espiritual, com o objetivo de levar esperana e mais qualidade de vida populao ribeirinha da

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  • Amaznia, particularmente nas vilas localizadas s margens dos rios, em pontos distantes dos centros urbanos.

    Os objetivos do projeto so:

    Elevar o padro de qualidade de vida do ribeirinho Promover sua transformao social Promover seu desenvolvimento espiritual e cultural Proporcionar mais visibilidade para a realidade social da regio Atuar como mediador entre a comunidade e o poder pblico, visando o atendimento s

    necessidades bsicas da populao ribeirinha.

    O trabalho desenvolvido por meio de dois barcos-hospitais: o Luz na Amaznia II e o Luz na Amaznia III, ambos com base em Belm (PA). Equipados com enfermaria, farmcia, laboratrio de anlises clnicas e consultrio dentrio, os barcos permitem a realizao desde atendimentos de emergncia at cirurgias de pequeno porte.

    Foto 7 Barco Flor da Amaznia

    Os barcos, verdadeiros hospitais fluviais, realizam, em mdia, oito viagens por ano, que podem durar de trs a trinta dias. Atuam no programa equipes fixas e um corpo de voluntrios, entre profissionais da rea de sade, assistentes sociais e estagirios (estudantes universitrios). Alm do atendimento mdico/odontolgico gratuito e do apoio espiritual, equipe e voluntrios desenvolvem um trabalho de apoio materno-infantil, ministrando palestras s mes sobre educao em sade. Os adolescentes atendidos tambm recebem orientaes sobre escolha profissional, planejamento familiar e doenas sexualmente transmissveis (SBB, 2005). Para desenvolver as atividades o projeto conta com a parceria da Universidade Federal do Par UFPA, que faz do projeto campo de estgio para os alunos de medicina, enfermagem, psicologia, odontologia e biologia. Os profissionais que atuam no projeto o fazem de forma voluntria. So remuneradas pela SBB a tripulao do barco e a tcnica responsvel pelo projeto.

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  • O sistema de abastecimento de gua atravs da captao de gua da chuva cisterna. O sistema de abastecimento de gua atravs da captao de gua da chuva cisterna, implantado pelo Projeto Luz da Amaznia na Ilha Grande no Municpio de Belm, foi inaugurado em 18 de agosto de 2004, a partir de uma articulao da SSB com o projeto D. Helder Cmara, de Recife que desenvolve um trabalho na regio do Semi - rido nordestino; amplamente difundido pela Associao Um milho de Cisternas AP/ MC, Articulao no Semi-rido Brasileiro-ASA. A tecnologia utilizada na Ilha Grande consiste na construo da cisterna de placas sobre o solo, dispensando a escavao requerida pelo modelo tradicional que encobre cerca de 60% da rea da cisterna o que contribui para o reforo estrutural e estabilidade da cisterna. A tcnica, constituda basicamente de um novo clculo estrutural, que redistribui o esforo da estrutura nos arames. A construo da cisterna fora do cho economiza tempo e trabalho para as famlias responsveis pela escavao.

    Foto 8 Cisterna implantada na Ilha Grande - Belm

    Depois de pronta favorece o acesso gua por permitir a instalao de uma torneira que libera a gua por gravidade, dispensando a introduo de baldes e dificultando a entrada de quaisquer formas de detritos contaminantes. Para implantao do sistema a comunidade recebeu treinamento e ficou responsvel pela manuteno e administrao. O tempo de construo foi de uma semana. Est a primeira experincia utilizando essa tecnologia a ser desenvolvida no Par. Constitui-se, portanto, num projeto piloto e vem sendo monitorado pelo Projeto Luz da Amaznia e pela UFPA. O processo de implantao e envolvimento da comunidade foi gradativo. Como j havia um trabalho previamente desenvolvido com a execuo das atividades do projeto, a organizao da comunidade ocorreu sem maiores problemas. Antes da implantao houve reunies para apresentao da proposta e para adeso dos moradores. A gua recolhida em um reservatrio de 16 mil litros e tratada com hipoclorito de sdio, para beber gua utilizada pela escola coada e se coloca remdio no pote. Segundo as funcionrias da

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  • escola e moradoras da ilha, aps a implantao do sistema houve uma diminuio de doenas com a diarria, por exemplo. O sistema atende aproximadamente 68 famlias. Antes da implantao do sistema a populao utilizava a gua do rio ou apanham na rea porturia da cidade de Belm. O monitoramento que est sendo feito indicou alguns problemas de contaminao da gua. A gua mantida na cisterna considera boa para o consumo, recebendo o tratamento de hipoclorito de sdio. Segundo informaes prestadas pela coordenadora do projeto, Sra. Marizete, os exames bacteriolgicos identificaram a presena de coliformes fecais na gua armazenada em vasilhames. A explicao para a contaminao est no manuseio e na contaminao da torneira e dos vasilhames utilizados pelos moradores para apanhar a gua. Faz-se necessrio a introduo de um processo educativo junto s famlias.

    3.3.3 AMAZONFRUT - Sistema de captao e tratamento da gua do rio. O sistema de abastecimento de gua da Fbrica de Aa AMAZONFRUT localiza-se na Ilha do Murutucu no Municpio de Belm. Este exclusivo para o atendimento da fbrica e vem funcionando a mais de dois anos. O nico problema apresentado foi entrada de bolhas de ar na bomba. O sistema compreende a captao da gua feita a 5 metros de profundidade por uma bomba instalada as margens do igarap e transportada para 4 reservatrios: sendo dois com capacidade de 10 mil litros e dois com capacidade de cinco mil litros. Ao encher os reservatrios feito o tratamento com Sulfato de Alumnio, diluindo 1 Kg para 20 litros de gua e adiciona-se 2 litros dessa diluio em cada caixa dgua, espera-se em torno de 8 horas para a decantao; aps esse tempo o responsvel verifica qual dos reservatrios j estar decantado. Aquele que estiver com a gua limpa aberto uma vlvula para passar a gua a outro reservatrio a um nvel abaixo, o qual possui um filtro e desse transportada para um outro reservatrio acima e depois vai para a produo dos derivados do aa.

    Por outro lado o nosso de sistema de tratamento muito simples: sedimentao do silte presente na gua do rio por disperso de Sulfato de Alumnio em p (1.000g /10.000 l) na caixa dgua logo aps o enchimento e recirculao por meio de uma bomba de baixa potencia (em curso de instalao e no cotado na planilha anexa). Filtragem primria por filtro de elemento de polietileno plissado com malha de 20 micra. Filtragem secundria por filtro de cartucho de profundidade em polietileno em fibras aglomeradas com malha de 5 micra. Antes dos Esterilizadores por UV, temos um elemento filtrante em polietileno com 3 micra. (Entrevista com Andr Schwob, proprietrio da fbrica, Belm outubro de 2005).

    Foto 9- Sistema de gua AMAZONFRUT Ilha do Murutucu - Belm

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  • Sistematicamente realizada, na prpria fbrica, a anlise para a verificao da qualidade da gua. Segundo a engenheira de produo de alimentos da fbrica Sra. Vanessa, a gua apresenta timas condies para o consumo e fabricao dos produtos do aa. A produo da fbrica exclusiva para exportao. Os seus produtos so a polpa que misturada com um cido, xaropes (aa com guaran) e outros, so embalados em baldes, tambores e copos. O seu transporte feito em container em balsas para o porto e de l o mercado externo. Os fornecedores de aa so os ribeirinhos prximos da fbrica, que chegam a fornecer 200 latas (lata de margarina, duas corresponde a uma rasa) por dia, no perodo de safra. H o fornecimento tambm das ilhas prximas de Macap em que o perodo de maior produo ocorre no perodo de entre safra aqui das ilhas. A fbrica tambm mantm um plantio prprio, entretanto este no suficiente para a produo. A compra depende da qualidade do produto, com isso h um rodzio entre os fornecedores, porque em determinada poca certos fornecedores no apresentam a qualidade desejada.

    3.4 Projeto Sade na Floresta desenvolvido na regio do baixo amazonas (municpios de Santarm, Belterra e Aveiro) Aspectos gerais dos Municpios Os trs municpios do Mdio Amazonas onde o Sade e Alegria atua Santarm, Belterra e Aveiro, abrangem uma rea territorial total de 44.025 Km onde residem cerca de 292.650 habitantes. Um tero da populao est na rea rural (98.247), distribudos em comunidades ao longo dos rios e estradas que variam, segundo PSA (2003), entre 5 (cinco) e 200 (duzentas) famlias ocupando terras devolutas ou reas de Unidades de conservao como a FLONA e a RESEX Tapajs e Arapius.

    Tabela 13- Populao urbana e rural dos municpios de Aveiro, Belterra e Santarm, 2000

    Municpio Populao total, 2000 Populao total

    rural, 2000 Taxa de

    urbanizao, 2000 (%)

    1991 a 2000 (%)

    Aveiro (PA) 15518 12538 19,20350561 3,284065065Belterra (PA) 14594 9468 35,12402357 - Santarm (PA) 262538 76241 70,96001341 -0,086943341Total 292650 98247 125,2875426 -0,086943341

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos As famlias residentes nessas comunidades compem-se majoritariamente de povos tradicionais, em sua maioria cabocla descendentes de ndios. Sua economia est estruturada na produo para a subsistncia, praticam o extrativismo e a agricultura itinerante. Vivem da pesca artesanal, caa, coleta de produtos da floresta, plantio de mandioca e lavouras regionais. Com base na

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  • economia de subsistncia a renda dessas famlias baixa, logo a circulao de moedas tambm muito baixa. O acesso gua potvel e de qualidade nesses municpios bastante deficitria, sendo o percentual de domiclios com acesso ligados a uma rede de distribuio bem menor que os domiclios que utilizam o poo ou outra forma de acesso, como demonstra a tabela abaixo.

    Tabela 14- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Acesso gua nos Municpios de Aveiro, Belterra e Santarm, 2000

    Municpio Total de domiclios Rede Geral Poo ou nascente Outra forma de

    acesso

    Aveiro (PA) 2926 545 1291 1090Belterra (PA) 2983 876 1268 839Santarm (PA) 53334 32412 11077 9845Total 59243 33833 13636 11774

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos Vale ressaltar que os poos utilizados como sistema de acesso a gua so em sua maioria manuais. Para acessar a gua utiliza-se de vasilhames (baldes, latas) os quais so amarrados em cordas, como encontrado nos Municpio do Acar. A gua desse tipo de poo no recebe nenhum tipo de tratamento sendo consumida para beber, lavagem de roupa e banho. As condies do saneamento tambm so bastante precrias. Do total de domiclios nos municpios, em mdia 80% possui banheiro ou sanitrio.

    Tabela 15- Domiclios Particulares Permanentes Segundo a Forma de Escoamento da Instalao Sanitria nos Municpios de Aveiro, Belterra e Santarm, 2000

    Municpio Total de domiclios

    Com banheiro

    ou sanitrio

    Com banheiro ou sanitrio e rede geral

    Com banheiro ou sanitrio e

    fossa sptica

    Com banheiro

    ou sanitrio e

    fossa rudimentar

    Com banheiro

    ou sanitrio ligado a uma vala

    Com banheiro ou

    sanitrio ligado

    diretamente a um rio,

    lago ou mar

    Com banheiro ou sanitrio e outro tipo

    esgotamento

    Aveiro (PA) 2926 2571 23 143 1720 682 1 2Belterra (PA) 2983 2890 1 107 2777 1 0 4Santarm (PA) 53334 51659 280 15382 32390 2861 12 734Total 59243 57120 304 15632 36887 3544 13 740

    Fonte: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos Ainda que este percentual possa parecer satisfatrio, quando examinamos detalhadamente a forma de escoamento das instalaes sanitrias verifica-se que domiclios com banheiro ou sanitrio no significa boas condies sanitrias. Do total de 57.120 que possuem banheiro ou

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  • sanitrio apenas 304 esto ligados a uma rede geral e 15.632 possuem fossa sptica. Ou seja, na maior parte dos domiclios as condies sanitrias so rudimentares e insalubres, agravando os riscos de doenas para a populao. As guas fluviais principal fonte de consumo esto contaminadas por dejetos lanados no rio; segundo dados do PSA (2002), das 4.711 famlias atendidas pelo Projeto Sade Na Floresta apenas 226 (cerca de 4%) das famlias residentes da zona rural contam com pedras sanitrias para vedao correta das fossas. O Projeto Sade na Floresta

    O Projeto Sade na Floresta executado pela Organizao no Governamental Centro de Estudos Avanados de promoo Social e Ambiental CEAPS, com o nome de fantasia Projeto Sade e Alegria PSA, atua na regio do Baixo Amazonas desde 1987 junto a comunidades ribeirinhas extrativistas dos Rios Amazonas, Tapaj e Arapiuns, na rea rural dos Municpios de Santarm, Belterra e Aveiro Oeste do Par. O PSA tem a proposta de apoiar processos participativos e integrados de Desenvolvimento Comunitrio Global e Sustentado, geridos pela prpria populao e interativos com as polticas pblicas e capazes de se multiplicarem espontaneamente a partir das dinmicas e realidades locais (PSA, 2005). Conta com uma equipe interdisciplinar que atuam nas comunidades implementando programas integrados de organizao comunitria, sade, produo e manejo agroflorestal, gerao de renda, educao, arte e cultura, gnero, infncia e juventude, comunicao popular e pesquisa participativa. Os programas, de desenvolvimento comunitrio integrado, implementados pelo PSA incorporam:

    Organizao e gesto comunitria: capacitao de lideranas; educao para a cidadania e auto-gesto; avaliao, planejamento e monitoramento participativos; construo de agendas 21 locais; gesto participativa em Unidades de Conservao; apoio s organizaes comunitrias e intercomunitrias; assessoria a projetos comunitrios; intercmbio institucional e mecanismos de sustentabilidade;

    Sade Comunitria: capacitao da rede de agentes de sade e parteiras; Comisses Locais Integrados de Sade CLIS; higiene e saneamento bsico; sade oral, da criana e da mulher; assistncia simplificada; monitoramento epidemiolgico; apoio a portadores de necessidades especiais; unidades mveis, postos e centros de sade; sistema de abastecimento de guas; sistema de radiocomunicao;

    Economia da Floresta/ Gerao de Renda: capacitao de produtores e grupos de mulheres; zoneamento participativo e planos de uso; agricultura familiar e agroecologia; sistema permaculturais e quintais agroflorestais; manejo florestal e criao de pequenos animais; educao para o trabalho e micro-crdito; mulher cabocla economia domstica,

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  • industria caseira e arte-utilitria; beneficiamento, certificao e comercializao; ecoturismo de base comunitria; sistema de energia renovvel;

    Educao, Cultura e Comunicao: capacitao de professores, crianas e jovens; educao ambiental e comunitria; educao pela comunicao; adaptao curricular e novos mtodos de ensino; educao infantil monitores-mirins (6 12 anos); rede mocoronga formao de jovens reprteres; jornais, programas de rdio e vdeos comunitrios; telecentros culturais para a incluso digital; circo mocorongo; centro de pesquisa e informao.

    A sade a principal diretriz do PSA, sendo a educao ambiental a base de toda a proposta. O Projeto Sade na Floresta, voltado para o saneamento bsico, comeou atendendo inicialmente 16 comunidades. Em 2001 teve uma primeira ampliao de metas passando a atuar em uma unidade de conservao a Floresta Nacional do Tapajs - FLONA, onde vivem 32 comunidades. No ano de 2004 teve novamente sua meta ampliada para duas unidades de conservao, a FLONA que abrange os municpios de Belterra e uma parte do municpio de Aveiro e RESEX Tapajs/Arapiuns, com atuao nas duas margens (esquerda e direita) do rio Arapiuns no Municpio de Santarm. As atividades desenvolvidas no projeto atendem 129 comunidades (4.711 famlias / 28.250 pessoas) ao longo dos Rios Tapajs, Arapiuns e Amazonas. As metas do projeto so:

    Construir 1 unidade de sade; Construir 5 postos de sade; Implantar 19 sistemas de abastecimento de gua; Fornecer 46 kits de fabricao de cloro; Implantar 144 poos semi-artesianos; Instalar 3.688 pedras sanitrias; Fornecer 4.549 filtros de gua para as famlias; Instalar 27 rdios comunitrias; Instalar 18 rdios amadores; Realizar 20 oficinas de saneamento; Aquisio e adaptao de um barco; Aquisio de um furgo.

    As atividades desenvolvidas no projeto so todas conjugadas com os programas de desenvolvimento comunitrio integrado do PSA. Por isso ao implantar o sistema de abastecimento de gua em uma comunidade outras atividades, em especial a de organizao comunitria, so desenvolvidas.

    Para o projeto no faz sentido realizar a obra se no representar um grande avano no nvel de organizao comunitria. A gua por si s trs um beneficio muito grande, mas para o projeto no suficiente, se no fica faltando um elemento que o mais importante, o passo na organizao comunitria (entrevista com Rui coordenador da rea de sade do PSA, Santarm, outubro de 2005).

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  • O financiamento do projeto. Os recursos financeiros utilizados pelo Projeto Sade na Floresta so oriundos do financiamento a fundo perdido do BNDES, o qual todo aplicado na execuo das atividades previstas; e de outros recursos correspondentes contrapartida do PSA.

    Quadro 4- Distribuio das fontes de recursos do projeto Sade na Floresta Par 2004.

    Descrio Valor (R$) % BNDES 2.420.000,00 53,57

    Recursos prprios 1.087.630,00 24,08 Outros recursos 1.010.000,00 22,36

    Total 4.517.630,00 100,00 Fonte: PSA, 2003

    Para a execuo dos recursos foi estabelecido um contrato com o BNDES. O problema maior enfrentado pelo PSA para ser contemplado com os recursos pleiteados foi a contrapartida exigida, a qual equivale a cerca de 50% dos custos total do projeto. Isso gerou uma dificuldade uma vez que o enquadramento do projeto na linha de financiamento do BNDES foi o mesmo utilizado para o financiamento de uma indstria privada. Tal fato acrescentou ao PSA um ano de negociao, adaptaes ao enquadramento do banco e busca de parcerias para garantir a contrapartida exigida.

    Quadro 5 Parcerias estabelecidas para implementao do Projeto Sade na Floresta Santarm, 2005.

    Parcerias

    Tipo de parceria

    Fundao Konrad Adenauer KAS Terre ds Hommes TCH PROMANEJO MMA PPG7 Instituto Airton Sena IAS F. KELLOGG Fundao Ford PROGETO CONTINENTE/ITLIA Banco Mundial Cooperao Italiana

    Financeira

    FUNASA Tcnica Prefeitura Municipal de Belterra Prefeitura Municipal de Santarm

    Logstica

    Sindicato dos Trabalhadores rurais de Santarm, Belterra e Aveiro TAPAJOARA

    Na auto gesto do Projeto e na organizao das comunidades Federao das Comunidades da FLONA

    Fonte: PSA, 2003 e Entrevistas com Rui coordenador da rea da sade e Carlos DrombrosK, 2005

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  • (...) porque foram tratados como beneficirio do projeto. Assim como uma usina de acar ou de lcool l de Pernambuco tratada no financiamento. Se uma industria pega um financiamento, tem que ter contrapartida, porque ela vai investir no pessoal ou em outras infra-estruturas da propriedade, para poder compor com aquilo que est sendo financiado pelo BNDES, para que eles possam visualizar que existe uma lgica, que o projeto est completo e vai chegar a um provvel resultado, eles vo avaliar como isto esta sendo construdo (...) resto todo era contrapartida do projeto, o que nos levou a procurar outros financiadores, porque no tinham recurso prprio, no trabalhavam com gerao de recursos. Fomos atrs de parceiros e a contrapartida dos parceiros era muito pequena, mas conseguimos montar essa negociao com eles; e o que era mais importante para o projeto era a sua execuo e comprovar os impactos que imaginvamos que tivesse (...) (entrevista com Rui coordenador da rea de sade do PSA, Santarm, outubro de 2005).

    Para garantir a sustentabilidade do projeto o PSA conta com fontes diferenciadas para custeio de suas atividades, a saber:

    Quadro 6- Tipos de programas e agncias financiadoras das atividades do PSA Santarm

    Programa

    Agncia financiadora

    Apoio a Auto-Gesto Fundao Konrad Adenauer KAS Sade Comunitria na Amaznia Brasileira Terre ds Hommes TCH Aes Bsicas de Sade na Flona Tapajs PROMANEJO MMA PPG7 Jovem Caboclo Instituto Airton Sena IAS Educao Ambiental e Empreendedorismo Juvenil F. KELLOGG Sade Comunitria e Desenvolvimento Integrado Fundao Ford Apoio a Infra-estrutura Institucional PROGETO CONTINENTE/ITLIA Atividades de Produo Agroflorestal Banco Mundial Apoio Institucional ao PSA Cooperao Italiana

    Fonte: PSA, 2003 Os elementos de despesas referentes contrapartida correspondem aos recursos humanos (pessoal local responsvel pela execuo), despesas administrativas (gua, luz, telefone, manuteno e reparos), viagens a campo, seminrios, oficinas, obras, instalaes e maquinrios (embarcao do CI e equipamento de apoio). Deve-se considerar ainda como integrante da contrapartida o apoio das Prefeituras Municipais de Belterra e Santarm. Os repasses financeiros so efetivados a cada trimestre pelo BNDES obedecendo ao cronograma de execuo das atividades. Aps cada liberao e execuo da programao trimestral feita a prestao de contas e aps nova liberao.

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  • O processo de implantao dos sistemas nas comunidades

    O trabalho de implantao, direto, hoje so com as instituies mais associativas, o STR, a Tapajoara, a federao da FLONA, o BNDES, a FUNASA com as prefeituras e em especial a comunidade. Nas atividades do projeto est prevista ainda contrapartida comunitria, esta entendida como ao pedaggica para a organizao comunitria e para que esta de fato se aproprie como dona daquela ao. A organizao comunitria que de fato vem garantindo o sucesso das aes desenvolvidas pelo Projeto Sade na Floresta.

    (...) isso que o mais importante, o que esta dando certo porque no momento que se faz uma boa descrio para a comunidade da importncia daquilo, ela j comea a sentir que de fato dela, quando comea a desenvolver o trabalho. Pensando fisicamente da de fato e tem todo um carinho muito especial, por exemplo, um sistema de abastecimento de gua, hoje melhorou porque j deles. Esta forma da gesto comunitria a menina dos olhos do projeto (entrevista com Carlos DrombrosK, Santarm, outubro de 2005).

    Foto 10- Participao Comunitria na Construo do Sistema de gua Baixo Amazonas

    Dentro do projeto Sade na Floresta as atividades so voltadas para:

    A construo de postos de sade, dentro do padro do ministrio da sade. Dentro do projeto tem a construo de uma unidade em sade, que seria uma unidade especializada em atendimentos de mdia complexidade;

    Outra atividade que se desenvolve o sistema de abastecimento de gua. Esto previstos dezenove sistemas, j foram implantados dezoito e o ltimo que falta est previsto para o ano que vem;

    Outra atividade desenvolvida a implantao do kit de fabricao de cloro, ou hipoclorito. So financiados cinqenta e um kits cloro e que so entregues aos agentes comunitrios de sade (ACS). Est ao desenvolvida em parceria direta com as Secretarias de Sade dos respectivos municpios onde est sendo desenvolvida a ao. realizado um programa educativo de capacitao dos ACS para o manuseio do equipamento de fabricao do hipoclorito e para garantir que todas as famlias recebam o hipoclorito;

    No projeto tambm h a implantao do poo semi-artesiano; estando prevista a construo de cento e quarenta e quatro poos voltados para as comunidades onde no sero instalados os sistemas de abastecimento de gua. No so profundos como os dos sistemas, mas todo trabalhado com material indicado pelo ministrio da sade, sendo esta uma exigncia do BNDES;

    Prev-se ainda implantao de pedras sanitrias, com previso para 3.688. Para a implantao das pedras o PSA conta com a parceria tcnica da FUNASA que treina os

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  • membros da comunidade para a confeco da pedra. A fim de garantir o uso do banheiro o projeto usou de um artifcio que deu certo, vinculou a doao dos filtros de gua ao uso do banheiro. Somente recebe o filtro aquela famlia que comprovadamente est utilizando o banheiro com a pedra sanitria; o filtro de gua que pode ser filtro de barro, ou filtro de vela. A entrega desses utenslios trabalhada conjuntamente atravs de oficinas educativas com contedos sobre higiene, saneamento, gesto, todos os cuidados bsicos e a sade no geral;

    Uma outra atividade a instalao de rdios comunitrias. So apenas vinte e sete kits financiados, so rdios que tem todo material e so autofalantes das comunidades. Tem que estar a servio da comunidade principalmente neste campo de orientao de saneamento, as informaes do sindicato da igreja, da associao, etc. H tambm os rdios amadores com uma rede de noventa e dois rdios, sendo que dentro do projeto Sade na Floresta foram financiados dezoito rdios. Quase todas as comunidades que fazem parte do projeto possuem esses rdios amadores, que passaram a ser hoje muito importante para a comunicao, por exemplo, para mobilizar as pessoas para as reunies sempre rpido. um instrumento muito fcil, apesar de possurem uma certa fragilidade, devido ao nosso prprio clima que deteriora muito rpido o equipamento.

    Foto 11- Sistemas de Abastecimento de gua das Comunidades de Maguari e So Jorge - Belterra

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  • Para garantir a implantao e ainda a interdisciplinaridade do trabalho do PSA, todos os convnios em andamento foram readequados objetivando fortalecer as interfaces com o Projeto Sade na Floresta.

    Organizao comunitria. Observa-se no Projeto Sade na Floresta a existncia de diversas formas de estimulo a organizao e participao comunitria desde a fase de formulao e implementao das atividades do projeto. Reconhece-se que esta participao pr-condio para o xito do prprio projeto. As aes de assessoria as comunidades vo para alm das atividades do Projeto Sade na Floresta, tambm orientando na elaborao, negociao e execuo de projetos locais. O objetivo principal das aes em organizao comunitria prepar-las para assumir a gesto de suas prprias comunidades, e passarem a ocupar os espaos representativos disponveis para o aperfeioamento das polticas pblicas. (PSA, 2003) Para as implementaes de todos os projetos do PSA na regio onde atua foi constitudo, em 1990 e legalizado em 1997, um Conselho Comunitrio CI frum que rene as lideranas das comunidades atendidas pelo PSA. Um dos seus objetivos atuar como centro proponente na elaborao, encaminhamento, execuo e superviso de projetos, alm de aprofundar a participao da diretoria do CI no co-gerenciamento do PSA com um todo (PSA, 2003). Os projetos negociados junto aos financiadores passaram a incorporar o CI como parceiro, o qual vem sendo responsvel por definir a contrapartida das comunidades beneficiadas. O envolvimento das lideranas comunitrias na gesto dos projetos tem reduzido a ocorrncia de erros e desacertos, uma vez que se associa o conhecimento tcnico com os conhecimentos das populaes locais. Para a implementao dos micro-sistemas de abastecimento de gua, os passos tomados para a organizao da comunidade podem ser assim sintetizados:

    a) Reunies preparatrias para a discusso da implantao do sistema, organizao da comunidade e elaborao do regimento de gesto do sistema, onde fica definido em documento como que vo gerir, administrar o sistema de gua;

    b) Os recursos que financiam o projeto so liberados a cada trs meses. A implantao do sistema comea com a liberao dos recursos;

    c) Visita comunidade para fazer os levantamentos de campo: topogrfico, para dimensionar a extenso fsica da rea e altimetria; verificao e definio do local para a perfurao do poo; o nmero de famlias e de moradores;

    d) Um tcnico da FUNASA fica responsvel para elaborar a planta cartogrfica da rea fsica da comunidade e o mapa da rede de distribuio da gua;

    e) Elabora-se o oramento, faz-se a compra do material e a articu