Crime Ambiental SENASP

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  • Curso Crimes Ambientais Mdulo 1 SENASP/MJ - ltima atualizao em 08/05/2008

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    Bem-vindo ao curso Crimes Ambientais.

    Conteudista: Roberto Glaydson Ferreira Leite

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    Apresentao A interao do homem com a natureza, ao longo da histria da humanidade, acontece de forma predatria e indiscriminada, o que tem trazido o desequilbrio do meio ambiente em escala global. A necessidade de preservar o meio ambiente fato notrio. Desde a Conferncia de Estocolmo, em 1972, as naes chegaram ao consenso que a conservao do meio ambiente condio sine qua non* para a qualidade de vida no planeta. *sine qua non - do Latim: sem o qual no pode ser (indispensvel)

    O homem, ao mesmo tempo, criatura e criador do meio ambiente.

    (Conferncia Estocolmo - 1972)

    O objetivo deste curso fornecer uma viso geral dos crimes praticados o meio ambiente e capacitar o agente encarregado da aplicao da lei, para aprimeira resposta no enfrentamento aos crimes ambientais. Ao final do curso, voc ser capaz de: Perceber a importncia da preservao/conservao do meio ambiente; Caracterizar a biodiversidade brasileira e as leis que a protegem; Analisar a Poltica Nacional do Meio Ambiente; Enumerar as modalidades de crimes contra a fauna e a flora; Comentar, a partir de noes bsicas, outros crimes ambientais; e Descrever os conhecimentos necessrios proteo do meio ambiente ao combate dos crimes ambientais.

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    Este curso ir apresentar importantes informaes sobre o maio ambiente e os recorrentes crimes ambientais em nosso pas, para sensibiliza-lo e capacita-lo a aplicar as leis de maneira correta. O curso est dividido em 4 mdulos: Mdulo 1: Noes Fundamentais Mdulo 2: Crimes Contra a Fauna Mdulo 3: Crimes Contra a Flora Mdulo 4: Poluio e Outros Crimes Ambientais A preservao do meio ambiente essencial para a qualidade de vida. No se pode falar em qualidade de vida humana sem uma adequada conservao do ambiente. (PRADO, 2001, p. 25) H algumas grandes esferas de preocupao que so comuns a todos os pases, tais como: a contaminao que alcana nveis perigosos na gua, no ar, no solo e nos seres vivos; a necessidade freqentemente urgente de conservar os recursos naturais no-renovveis; as possveis perturbaes do equilbrio ecolgico da biosfera, emergentes da relao do homem com o meio ambiente, e as atividades nocivas para a sade fsica, mental e social do homem no meio ambiente por ele criado, particularmente no ambiente de vida e de trabalho. (Prado 2001, p.15, ao citar o informe sobre a Situao Social do Mundo, da Organizao das Naes Unidas) Seguindo a tendncia mundial de proteo ao meio ambiente, a Constituio Federal de 1988, em seu artigo 225, contempla a tutela jurisdicional do meio ambiente ao prescrever que: Art. 225 Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. Voc, membro do sistema de Segurana Pblica, deve entender que o equilbrio ecolgico frgil, delicado e que todos os elementos ar, gua, terra, luz, plantas, animais e homem que interagem nesse ecossistema tm influncia um sobre o outro, e sobre o equilbrio natural. Da a importncia da conservao/preservao e do uso racional e sustentvel dos recursos naturais. A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no 3, do artigo

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    225 da Constituio Federal: 3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados. A Lei 9.605/98, Lei de Crimes Ambientais LCA procura cumprir o disposto na Constituio, com vistas a disciplinar a proteo jurdica do meio ambiente que, anteriormente, era constituda de leis e de decretos vagos e esparsos, o que contribua para a no aplicabilidade da legislao at ento vigente. A LCA: buscou unificar a legislao penal em matria ambiental; e caracterizou os crimes ambientais de forma mais clara. A Lei de Crimes Ambientais ser seu principal instrumento de trabalho no enfrentamento aos Crimes Ambientais. Devido a grande relevncia do combate aos crimes ambientais, foi criada no Congresso Nacional, a Comisso Parlamentar de Inqurito Destinada a Investigar o Trfico de Animais e Plantas Silvestres Brasileiros, a Explorao e Comrcio Ilegal de Madeira e a Biopirataria no Pas CPIBIOPI. O objetivo da CPIBIOPI investigar o trfico de animais e plantas silvestres brasileiros, a explorao e o comrcio ilegal de madeira e a biopirataria no pas. Associados aos crimes ambientais, em geral, h outros crimes, como: Crime contra a ordem tributria; Porte ilegal de arma de fogo; Improbidade administrativa; Contrabando ou descaminho; Condescendncia criminosa; e Prevaricao.

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    No decorrer do curso, voc aprender que, como agente encarregado da aplicao da lei, dever prender os infratores, apreender os objetos do crime, efetuar a conduo para a delegacia para as providncias cabveis e, se for o caso, emitir ou solicitar a emisso do auto de infrao ambiental. Note que este curso no tem a inteno de esgotar todas as modalidades de crimes ambientais existentes, mas apresentar uma viso geral dos crimes praticados contra o meio ambiente e como a lei deve ser aplicada nestes casos.

    Bom Estudo! Antes de comear o curso conhea a Cartilha de Crimes Ambientais, em: http://www.ibama.gov.br/linhaverde/lei_crimes_ambientais.pdf

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    Mdulo 1 - Noes fundamentais Bem-vindo ao primeiro mdulo do curso Crimes Ambientais, onde, entre outros assuntos sero apresentadas as noes fundamentais de Meio Ambiente e a forma como a legislao nacional trata este tema. O estudo ser dividido em 4 aulas: Aula 1: Conceitos bsicos Aula 2: Biodiversidade brasileira Aula 3: Poltica Nacional do Meio Ambiente Aula 4 : A Lei de Crimes Ambientais Ao final deste mdulo, voc ser capaz de: Conceituar meio ambiente, crime, crime ambiental, fauna, flora, poluio, etc.; Descrever a biodiversidade brasileira; Perceber a importncia da preservao/conservao do meio ambiente; Analisar a Poltica Nacional do Meio Ambiente e conhecer as diretrizes para preservao e conservao do meio ambiente no pas; Descrever o Sistema Nacional de Meio Ambiente; e Analisar a Lei de Crimes Ambientais como principal ferramenta no enfrentamento das infraes ambientais.

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    Reflexo Antes de prosseguir com o curso, pense no seguinte... Para voc, qual a importncia do meio ambiente e de sua preservao? Agora, leia o texto Carta do ndio Seatle e reflita. Carta do Cacique Seatle, da tribo Duwamish, do Estado de Washington, para o Presidente Franklin Pierce, dos Estados Unidos, em 1855, depois de o governo ter dado a entender que pretendia comprar o territrio da tribo.

    O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos tambm de sua amizade e sua benevolncia. Isto gentil da parte dele, pois sabemos que ele no necessita da nossa amizade. Porm, vamos pensar em sua oferta, pois sabemos que se no o fizermos, o homem branco vir com armas e tomar nossa terra. O grande chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz com a mesma certeza com que nossos irmos brancos podem confiar na alternao das estaes do ano. Minha palavra como as estrelas elas no empalidecem. Como podes comprar ou vender o cu, o calor da terra? Tal idia -nos estranha. Ns no somos donos da pureza do ar ou do resplendor da gua. Como podes, ento, compr-los de ns?

    Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra sagrada para o meu povo.

    Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada vu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir so sagrados nas tradies e na conscincia do meu povo. Sabemos que o homem branco no compreende o nosso modo de viver. Para ele, um torro de terra igual a outro, porque ele um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra no sua irm, mas sim, sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trs o tmulo dos seus pais, sem remorsos de conscincia. Rouba a terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece a sepultura dos antepassados e o direito dos filhos. Sua ganncia empobrecer a terra e vai deixar atrs de si os desertos.

    A vista de suas cidades um tormento para os olhos do homem vermelho. Mas

    talvez isso seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende. No se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem da primavera ou o tinir das asas dos insetos. Talvez, por ser um selvagem, que nada entende, o barulho das cidades , para mim, uma afronta contra os ouvidos. E que espcie de vida aquela em que o homem no pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo, noite? Um ndio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho da gua e o prprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar animais, rvores, homens. No parece que o homem branco se importe com o ar

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    que respira. Como um moribundo, ele insensvel ao seu cheiro. Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condio. O homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmos. Sou um selvagem e no compreendo que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bises apodrecendo nas pradarias, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e no compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso do que um biso que ns, os ndios, matamos apenas para sustentar nossa prpria vida.

    O que o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, os homens

    morreriam de solido espiritual porque tudo quanto acontece aos animais pode tambm afetar os homens. Tudo est relacionado entre si. Tudo que fere a terra fere tambm os filhos da terra. Os nossos filhos viram seus pais serem humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em cio, e envenenam seu corpo com alimentos doces e bebidas ardentes. No tem grande importncia onde passaremos nossos ltimos dias eles no so muitos. Mais algumas horas, at mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que tm vagueado em pequenos bandos nos bosques, sobrar para chorar sobre os tmulos, um povo que um dia foi to poderoso e cheio de confiana como o nosso. De uma coisa sabemos que o homem branco, talvez, venha um dia a descobrir: O nosso Deus o mesmo Deus! Julgas, talvez, que O podes possuir da mesma maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas no podes. Ele Deus da humanidade inteira. E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra amada por Ele. E causar dano a terra demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco tambm vai desaparecer, talvez at mais depressa do que as outras raas. Continua poluindo tua prpria cama, e hs de morrer uma noite, sufocado nos teus prprios dejetos! Depois de abatido o ltimo bisonte e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem a gente, e quando as colinas escarpadas se encherem de mulheres a tagarelar onde ficaro ento os sertes? Tero acabado. E as guias? Tero ido embora. Restar o adeus andorinha da torre e caa, o fim da vida e o comeo da luta para sobreviver.

    Talvez compreendssemos se conhecssemos com que sonha o homem branco, se

    soubssemos quais as esperanas que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as vises do futuro que oferece s suas mentes para que possam formar os desejos para o dia de amanh. Mas ns somos selvagens. Os sonhos do homem branco so ocultos para ns. E por serem ocultos, temos de escolher o nosso prprio caminho. Se consentirmos, para garantir as reservas que nos prometeste. L, talvez possamos viver os ltimos dias conforme desejamos. Depois de o ltimo homem ter partido e a sua lembrana no passar de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuar a viver nestas florestas e praias, porque ns as amamos como um recm-nascido ama o bater do corao de sua me. Se te vendermos nossa terra, ama-a como ns a amvamos. Protege-a como ns a protegamos. Nunca esqueas como era a terra quando dela tomaste posse. E com toda tua fora, o teu poder, e todo o teu corao, conserva-a para teus filhos e ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus o mesmo Deus. Essa terra querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

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    Aula1 - Conceitos bsicos Nesta aula, voc ir estudar os conceitos dos termos fundamentais para o desempenho de suas atividades, durante a execuo do policiamento ambiental. Estes conceitos so: Meio ambiente; Crime; Crime ambiental; Fauna; Flora; Poluio; e Licenciamento Ambiental. Para ajud-lo em seu aprendizado ser utilizada uma enciclopdia eletrnica livre, para que possa encontrar o significado de alguns termos. A enciclopdia que ser utilizada a Wikipdia que se encontra no site: www.pt.wikipedia.org. Meio ambiente Em biologia, sobretudo na ecologia, o meio ambiente inclui todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o comportamento de um ser vivo ou de uma espcie. Incluindo os fatores abiticos (a luz, o ar, a gua, o solo) e os seres vivos que coabitam no mesmo bitopo. (Wikipdia) A Lei n 6.938/81, no seu 3 artigo, inciso I, define Meio Ambiente como conjunto de condies, leis, influncias, alteraes e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

    O meio ambiente constitudo pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles.

    Crime No Sistema Penal Brasileiro crime um fato tpico e antijurdico.

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    Sistema Penal Brasileiro utiliza a teoria finalista para a conceituao de crime.

    Para Mirabet (2003, p. 98), fato tpico o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca, em regra, um resultado, e previsto como infrao penal [...] fato antijurdico aquele que contraria o ordenamento jurdico. Os irmos Fhrer (2000, p. 25) ensinam que chama-se tpico a descrio feita pela lei da conduta proibida. E se denomina tipicidade a correlao da conduta com o que foi descrito no tpico. A antijuridicidade significa que o fato, para ser crime, alm de tpico, deve tambm ser ilcito, contrrio ao direito. Crime um fato tpico e antijurdico.

    Crime ambiental Uma vez que voc j estudou os conceitos de meio ambiente e de crime, crie o seu prprio conceito de crime ambiental, respondendo pergunta:

    O que crime ambiental?

    Resposta Crime ambiental qualquer dano ou prejuzo causado aos elementos que compem o meio ambiente, protegidos pela legislao. Fauna

    Fauna o conjunto de animais de um determinado local. Difere-se de reino animal, por se limitar aos animais de certo habitat, certo bioma, enquanto que o reino animal composto por todas as espcies de animais da Terra.

    Bioma - Silva (2001, p. 17-18) ensina que bioma, do grego bios, significa vida, e oma que significa massa, proliferao. Denominao dada a cada uma das grandes comunidades-clmax da Terra, por exemplo, aos grandes agrupamentos faunsticos e florsticos do mundo. So grandes superfcies onde uma verdadeira paisagem vegetal criada por algumas espcies dominantes, est associada uma fauna especfica.

    O reino animal composto de todos os animais do planeta, quer sejam racionais ou irracionais.

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    Silva (2001, p. 16) ensina que animal todo ser vivo dotado de movimento que possua ausncia de clorofila e celulose, que se alimente de substncias slidas e, normalmente, seja capaz de percepes sensoriais. A fauna para fins de interpretao e aplicao da legislao se divide em trs grupos: Fauna Silvestre: Conjunto de animais que vivem em determinada regio. So os que tm seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; so animais que ficam, em via de regra, afastados do convvio do meio ambiente humano. Fauna Extica: a originria de outro pas (estrangeira). Fauna Domstica ou Domesticada: o conjunto de espcies passveis de domesticao. A comunidade cientfica zoolgica agrupa a fauna em seis grupos, so eles: invertebrados, peixes, anfbios, rpteis, aves e mamferos. Fauna o conjunto de animais de uma determinada regio Flora Flora o reino vegetal localizado em determinada regio, ou seja, o conjunto da vegetao de um pas ou de uma regio. dis Milar (2001, p. 162) conceituou flora como a totalidade de espcies que compreende a vegetao de uma determinada regio, sem qualquer expresso de importncia individual dos elementos que a compem. Elas podem pertencer a grupos botnicos os mais diversos, desde que estes tenham exigncias semelhantes quanto aos fatores ambientais, dentre eles os biolgicos, os do solo e do clima. A flora brasileira constituda por diversos espaos protegidos por lei, que so chamados de unidades de conservao e divididos em dois grupos: Unidades de Proteo Integral, cujo objetivo a preservao da natureza, sendo proibido o uso direto de seus recursos; e Unidades de Uso Sustentvel, cujo objetivo a conservao da natureza, sendo que os recursos naturais devem ser utilizados de modo sustentvel.

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    Unidades de Proteo Integral

    Unidades de Uso Sustentvel

    Estao Ecolgica rea de Proteo Ambiental Reserva Biolgica rea de Relevante Interesse Ecolgico Parque Nacional Floresta Nacional

    Monumento Nacional Reserva ExtrativistaRefgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna

    Reserva de Desenvolvimento Sustentvel

    Reserva Particular do Patrimnio Nacional

    Flora o conjunto de plantas de uma determinada regio.

    Para complementar seus conhecimentos e entender mais sobre cada Unidade de Conservao, leia a Lei n 9.985/2000 (SNUC), do artigo 7 ao 21, em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9985.htm

    Poluio Poluio pode ser considerada a liberao de elementos, radiaes, vibraes, rudos e substncias ou agentes contaminantes em um ambiente, prejudicando os ecossistemas biolgicos ou os seres humanos. (Wikipdia) A Lei n 6.938/81 define poluio como a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente: prejudiquem a sade, a segurana e o bem-estar da populao; criem condies adversas para as atividades sociais e econmicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente; lancem matrias ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos. Voc sabe qual o custo da poluio? Segundo o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), em http://www.ipea.gov.br/pub/td/1996/td_0437.pdf, os custos anuais para a sade, decorrentes da poluio do ar, na cidade do Mxico, em 1992, foram estimados em US$ 1.070.000.000 (um bilho e setenta milhes de dlares); a perda de produo agrcola em todo o pas foi calculada em US$ 1.200.000.000 (um bilho e duzentos milhes de dlares) e os custos para a sade, decorrentes da poluio da gua foram estimados em US$ 3.600.00.000 (trs bilhes e seiscentos milhes de dlares). Poluio a contaminao do meio ambiente.

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    Licenciamento Ambiental Licenciamento Ambiental um ato administrativo que estabelece condies, restries e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo empreendedor. Atravs do licenciamento ambiental, a administrao pblica procura exercer o controle das atividades humanas que interferem nas condies ambientais, buscando conciliar o desenvolvimento econmico com o uso de recursos naturais. (Wikipdia)

    O licenciamento ambiental exige Estudo Prvio de Impacto Ambiental (EIA) e Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA) que so realizados por tcnicos habilitados e visam diminuir os danos ambientais e aumentar o uso sustentvel dos recursos naturais. Para Edis Milar, o licenciamento ambiental, ao contrrio do licenciamento simples, ato uno, de carter complexo, em que vrios agentes interferem nas etapas e que dever ser precedido de EIA/RIMA, sempre que houver significante impacto ambiental. O licenciamento ambiental compreende trs fases, sendo que para cada fase expedido um tipo de licena: Licena prvia Na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos bsicos a serem atendidos nas fases de localizao, instalao e operao, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo.

    Segundo o IBAMA, o licenciamento ambiental uma obrigao legal prvia para a instalao de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas caractersticas a participao social na tomada de deciso, por meio da realizao de Audincias Pblicas como parte do processo. O licenciamento ambiental uma obrigao compartilhada pelos rgos Estaduais de Meio Ambiente e pelo IBAMA, como parte integrante do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infra-estrutura que envolvam impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petrleo e gs na plataforma continental. As principais diretrizes para a execuo do licenciamento ambiental esto expressas na Lei n 6.938/81 e nas Resolues CONAMA n 001/86 e n 237/97.

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    Licena de instalao Autorizando o incio da implantao, de acordo com as especificaes constantes no Projeto Executivo aprovado. Licena de operao Autorizando, aps as verificaes necessrias, o incio da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluio, de acordo com o previsto na Licena Prvia e de Instalao.

    Aula 2 - Biodiversidade brasileira

    De acordo com clculos do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), o patrimnio gentico nacional tem um valor potencial estimado de U$$ 2.000.000.000.000 (dois trilhes de dlares). Esse dado confirma a necessidade de proteger esses recursos naturais.

    Nesta aula voc conhecer a resposta. Biodiversidade A biodiversidade* refere-se variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade gentica dentro das populaes e espcies; a diversidade de espcies da flora, da fauna, de fungos macroscpicos e de microrganismos; a variedade de funes ecolgicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; as diferentes comunidades, habitats e

    Nesta aula, voc estudar sobre a riqueza da biodiversidade brasileira, para que comece a entender a importncia do seu papel como profissional da rea de Segurana Pblica no enfrentamento aos crimes ambientais.

    Voc sabe o que biodiversidade e qual sua importncia?

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    ecossistemas formados pelos organismos. Ela inclui a totalidade dos recursos vivos ou biolgicos, e dos recursos genticos e seus componentes. *biodiversidade - O termo diversidade biolgica foi criado por Thomas Lovejoy em 1980, ao passo que a palavra Biodiversidade foi usada pela primeira vez pelo entomologista E. O. Wilson no ano de 1986, num relatrio apresentado ao primeiro Frum Americano sobre a diversidade biolgica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos EUA (National Research Council, NRC). A palavra "Biodiversidade" foi sugerida a Wilson pelo pessoal do NRC a fim de substituir diversidade biolgica, expresso considerada menos eficaz em termos de comunicao. A Conveno sobre Diversidade Biolgica (importantssimo documento sobre a temtica preservacionista) em seu artigo 2 define biodiversidade ou diversidade biolgica como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas* terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos de que fazem parte; e, ainda, a diversidade dentro de espcies, entre espcies e de ecossistemas. *ecossistemas: Conjunto de elementos (ar, gua, solo, fauna, flora) de determinada regio.

    Segundo informaes do IBAMA, o Brasil o pas de maior biodiversidade do planeta, que qualificada pela diversidade de ecossistemas, de espcies biolgicas, de endemismos e de patrimnio gentico, por esta razo o pas considerado megabiodiverso*, reunindo pelo menos 70% das espcies vegetais e animais do planeta. *megabiodiverso - pela grande diversidade de ecossistemas, espcies biolgicas, endemismos e patrimnio gentico. O Brasil Concentra 55 mil espcies de plantas superiores (22% de todas as que existem no mundo), muitas delas endmicas*; 524 espcies de mamferos; mais de 3 mil espcies de peixes de gua doce; entre 10 e 15 milhes de insetos (a maioria ainda por ser descrita); e mais de 70 espcies de psitacdeos: araras, papagaios e periquitos. *endmicas s existem naquele lugar, ou seja, no existem em nenhum outro lugar; exclusivo daquela regio. No Brasil esto quatro dos biomas* mais ricos do planeta: Mata Atlntica, Cerrado, Amaznia e Pantanal que, infelizmente, correm srios riscos.

    Biodiversidade ou diversidade biolgica (grego bios, vida) diz respeito variedade de vida.

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    *bioma uma comunidade biolgica de determinada regio (fauna e flora), que habita em determinada regio, caracterizada pelo mesmo tipo de vegetao. Conhea os biomas do Brasil em http://www.suapesquisa.com/geografia/biomas_brasileiros.htm e do mundo em http://ciencias3c.cvg.com.pt/bioma.htm. O Brasil possui a maior rede hidrogrfica do mundo.

    Aula 3 - Poltica Nacional do Meio Ambiente A Poltica Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservao e conservao do meio ambiente no pas. A Lei n 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispe sobre a poltica nacional do meio ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao e estabelece que sua execuo se dar por intermdio do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O Sistema Nacional de Meio Ambiente o SISNAMA um conjunto de instituies e rgos pblicos responsveis pela poltica nacional do meio ambiente que visa proteo e melhoria da qualidade do meio ambiente nas trs instncias: federal, estadual e municipal.

    A estrutura do SISNAMA Como os problemas ambientais so setorizados, ou seja, cada regio possui suas prprias peculiaridades, o sistema composto de rgos federais, estaduais e municipais, de forma que a aplicao da lei atenda as circunstncias locais. O SISNAMA est assim estruturado: rgo Superior: O Conselho de Governo; rgo Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); rgo Central: O Ministrio do Meio Ambiente (MMA); rgo Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis

    Biodiversidade a variedade de todas as formas de vida existentes.

    O SISNAMA o responsvel pelas polticas de proteo ambiental.

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    (IBAMA); rgos Seccionais: Os rgos ou entidades federais/estaduais responsveis pela execuo de programas, projetos e pelo controle e fiscalizao de atividades capazes de provocar a degradao ambiental; e rgos Locais: Os rgos ou entidades municipais, responsveis pelo controle e fiscalizao dessas atividades nas suas respectivas jurisdies.

    Sistema Nacional de Meio Ambiente Os rgos que compem o SISNAMA so responsveis pelo licenciamento ambiental, pela criao de unidades de conservao, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras, dentre outras competncias. Ao estudar a legislao que trata dos crimes ambientais, observe que as infraes so punidas nas esferas penal e administrativa, e voc, como agente encarregado da aplicao da lei, s poder agir, administrativamente, se o rgo ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou tiver celebrado convnio com rgo ou entidade membro do SISNAMA. Os Estados e os Municpios tm competncia para legislar em matria ambiental, como a Constituio Federal prescreve: Art. 23 competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios: [...] III Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histrico, artstico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos; IV Impedir a evaso, a destruio e a descaracterizao de obras de arte e de outros bens de valor histrico, artstico ou cultural; [...]

    importante entender que os Estados e os Municpios participam de forma ativa do SINSAMA e so responsveis por elaborarem normas complementares Unio. Exemplo: Se a legislao federal estabelece que a quantidade mxima de pescado por pescador de 15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado de Tocantins pode fixar em 10kg a quantidade permitida no estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma mais restritiva), de igual modo, o Municpio de Miracema TO, pode baixar a norma e estabelecer que nos limites do municpio a quantidade mxima de 5kg.

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    VI Proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suas formas; VII Preservar as florestas, a fauna e a flora; e [...] XI Registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pesquisa e explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios.

    Infrao ambiental Para lavrar o auto de infrao ambiental, o rgo ao qual voc pertence deve estar devidamente credenciado, portanto, quando se deparar com a ocorrncia, acione a Polcia Militar Ambiental do seu Estado ou o IBAMA, para que eles possam tomar as medidas administrativas cabveis. Para seu conhecimento, as infraes ambientais so punidas com as seguintes penas administrativas, dentre outras:

    Advertncia;

    Multa;

    Embargo;

    Suspenso das atividades;

    Apreenso dos animais, produtos e subprodutos da prtica delituosa; e

    Destruio dos produtos e subprodutos apreendidos.

    Aula 4 - Lei de Crimes Ambientais Nesta aula, voc aprender sobre a Lei de Crimes Ambientais LCA, que disciplinar sua conduta para enfrentar os crimes ambientais. Com a edio da Constituio Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar como um direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer parte da norma constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo. Sobre a necessidade da tutela do meio ambiente como um todo, Silva (2001, p.111) cita Moreira Neto, que j em 1977, dizia o seguinte:

    A proteo da flora e da fauna deve ser objeto de tutela jurdica, no apenas setorizada, como ocorre atualmente, atravs de diplomas legais isolados, mas com resultado de princpios e mtodos integrados [...] No se pode, por exemplo, ter uma legislao sobre pesticidas sem considerar a de gua, caa, pesca, loteamento, etc., e vice-versa. Em outras palavras: a proteo flora deve ser considerada em termos de ecossistema, em suas mltiplas interaes com a fauna, com a terra, com a gua e com o ar. Cdigo de Flora ou de Fauna alheios realidade ecolgica no so seno fragmentos de soluo que a pouco ou nada conduzem.

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    As inovaes da LCA

    Com o objetivo de unificar a legislao ambiental e acabar com a confuso de legislaes esparsas, foi editada a Lei de Crimes Ambientais A Lei da Vida, Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a exatos dez anos da edio da Lei n 7.653. A Lei de Crimes Ambientais procurou unificar as diversas prticas lesivas ao meio ambiente e representa um significativo avano na tutela do meio ambiente. Veja em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm Com as mudanas na LCA, as penas se tornaram mais uniformes, com gradao adequada e as infraes mais definidas, como: Abuso e maus-tratos aos animais nativos e exticos passa a ser crime. Experincias dolorosas e cruis em animal vivo, mesmo que para fins didticos considerado crime. Fabricar, vender, transportar e soltar bales, pelo risco de causar incndios, sujeita o infrator priso e multa. O desmatamento no autorizado crime Veja as principais inovaes da LCA.

    Antes Depois Leis esparsas, de difcil aplicao. A legislao ambiental consolidada; as penas tm

    uniformizao e gradao adequadas e as infraes so claramente definidas.

    Pessoa jurdica no era responsabilizada criminalmente.

    Define a responsabilidade da pessoa jurdica inclusive a responsabilidade penal e permite a responsabilizao tambm da pessoa fsica autora ou co-autora da infrao.

    Pessoa jurdica no tinha decretada liquidao quando cometia infrao ambiental.

    Pode ter liquidao forada no caso de ser criada e/ou utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime definido na lei. E seu patrimnio transferido para o Patrimnio Penitencirio Nacional.

    A reparao do dano ambiental no extinguia a punibilidade.

    A punio extinta com apresentao de laudo que comprove a recuperao do dano ambiental.

    Impossibilidade de aplicao direta de pena restritiva de direito ou multa.

    A partir da constatao do dano ambiental, as penas alternativas ou a multa podem ser aplicadas imediatamente.

    Aplicao das penas alternativas era possvel para crimes cuja pena privativa de liberdade fosse aplicada at 2 (dois) anos.

    possvel substituir penas de priso at 4 (quatro) anos por penas alternativas, como a prestao de servios comunidade. A grande maioria das penas previstas na lei tem limite mximo de 4 (quatro) anos.

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    O destino dos produtos e instrumentos da infrao no era bem definida.

    Produtos e subprodutos da fauna e flora podem ser doados ou destrudos, e os instrumentos utilizados quando da infrao podem ser vendidos.

    Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para se alimentar, era crime inafianvel.

    Matar animais continua sendo crime. No entanto, para saciar a fome do agente ou da sua famlia, a lei discriminaliza o abate.

    Maus tratos contra animais domsticos e domesticados era contraveno.

    Alm dos maus tratos, o abuso contra estes animais, bem como aos nativos ou exticos, passa a ser crime.

    No havia disposies claras relativas a experincias realizadas com animais.

    Experincias dolorosas ou cruis em animal vivo, ainda que para fins didticos ou cientficos, so consideradas crimes, quando existirem recursos alternativos.

    Pichar e grafitar no tinham penas claramente definidas.

    A prtica de pichar, grafitar ou de qualquer forma de poluir edificao ou monumento urbano, sujeita o infrator a at um ano de deteno.

    A prtica de soltura de bales no era punida de forma clara.

    Fabricar, vender, transportar ou soltar bales, pelo risco de causar incndios em florestas e reas urbanas, sujeita o infrator priso e multa.

    Destruir ou danificar plantas de ornamentao em reas pblicas ou privadas era considerado contraveno.

    Destruio, dano, leso ou maus tratos s plantas de ornamentao crime, punido por at 1 (um) ano.

    O acesso livre s praias era garantido, entretanto, sem prever punio criminal a quem o impedisse.

    Quem dificultar ou impedir o uso pblico das praias est sujeito a at 5 (cinco) anos de priso.

    Desmatamentos ilegais e outras infraes contra a flora eram consideradas contravenes.

    O desmatamento no autorizado agora crime, alm de ficar sujeito a pesadas multas.

    A comercializao, o transporte e o armazenamento de produtos e subprodutos florestais eram punidos como contraveno.

    Comprar, vender, transportar, armazenar madeira, lenha ou carvo, sem licena da autoridade competente, sujeita o infrator a at 1 (um) ano de priso e multa.

    A conduta irresponsvel de funcionrios de rgos ambientais no estava claramente definida.

    Funcionrio de rgo ambiental que fizer afirmao falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informaes ou dados em procedimentos de autorizao ou licenciamento ambiental, pode pegar at 3 (trs) anos de cadeia.

    As multas, na maioria, eram fixadas atravs de instrumentos normativos passveis de contestao judicial.

    A fixao e a aplicao de multas tm a fora da lei.

    A multa mxima por hectare, metro cbico ou frao era de R$ 5 mil.

    A multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhes.

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    Resumo Neste mdulo, voc estudou as noes bsicas que nortearam o curso de Crimes Ambientais e aprendeu que: O meio ambiente constitudo pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles; Crime um fato tpico e antijurdico; Crime ambiental qualquer dano ou prejuzo causado aos elementos que compem o meio ambiente, protegidos pela legislao; Fauna o conjunto de animais de um determinado local, sendo que para fins de aplicao da lei est dividida em trs grupos: Fauna Silvestre Conjunto de animais que vivem em determinada regio, afastados do convvio do meio ambiente humano; Fauna Extica a originaria de outro pas.

    Fauna Domstica ou Domesticada Espcies passveis de domesticao. Flora o conjunto de plantas de uma determinada regio, sendo que a legislao protege diversos espaos em virtude de sua importncia natural; Poluio a contaminao do meio ambiente; Licenciamento Ambiental um ato administrativo que estabelece condies, restries e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo empreendedor quando a atividade a ser desenvolvida oferecer riscos ao meio ambiente; Biodiversidade diz respeito variedade de vida; o Brasil o pas de maior biodiversidade do planeta; Como parte da poltica nacional do meio ambiente foi criado o SISNAMA, que um conjunto

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    de instituies e rgos pblicos responsveis pela poltica nacional do meio ambiente que visa proteo e melhoria da qualidade do meio ambiente nas trs instncias: federal, estadual e municipal; e A Lei de Crimes Ambientais (LCA) ser sua principal ferramenta de trabalho para enfrentar os crimes ambientais.

    Leitura Complementar Antes de terminar o estudo deste mdulo, vale a pena consultar os endereos que seguem, pois eles apresentam glossrio de termos tcnicos: http://www.IBAMA.gov.br/siucweb/guiadechefe/java.htm http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index.php3&conteudo=./glossario/a.html

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    Mdulo 2 - Crimes contra a Fauna

    A grandeza de uma nao pode ser julgada pelo modo como seus animais so tratados.

    Mahatma Ghandi Bem-vindo. Voc est na segundo mdulo do curso Crimes Ambientais. Neste mdulo, voc vai aprender sobre os crimes contra a fauna, o que imprescindvel para a sua atuao como agente encarregado da aplicao da lei. O estudo est fundamentado na Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm. Neste mdulo sero apresentadas as seguintes aulas: Aula 1: Procedimentos Aula 2: A caa Aula 3: O comrcio ilegal Aula 4: Introduo de espcies exticas Aula 5: Maus-tratos Aula 6: Degradao do ambiente aqutico Aula7: Os crimes de pesca Ao final deste mdulo, voc ser capaz de: Listar as primeiras providncias a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a fauna; Conscientizar-se para a importncia da preservao/conservao dos recursos faunsticos; Descrever os principais crimes praticados contra a fauna; Identificar a legislao pertinente aos crimes contra a fauna; Identificar as infraes contra a fauna; e

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    Reconhecer a importncia de atuar de forma correta diante dos ilcitos penais contra a fauna.

    Reflexo Antes de prosseguir com o curso, pense sobre a questo abaixo:

    Para voc, faz diferena proteger um nico animal da ao predatria dos infratores?

    Agora leia o texto A estrela do mar e reflita: (http://www.lidertraining.com.br/metaforas.asp?cod=46)

    A estrela do mar Era uma vez um escritor que morava em uma tranqila praia, junto de uma colnia de pescadores. Todas as manhs, ele caminhava a beira do mar para se inspirar e a tarde ficava em casa escrevendo. Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia danar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas do mar da areia para, uma por uma, jog-las novamente de volta ao oceano.

    Por que est fazendo isso? perguntou o escritor. Voc no v? A mar est baixa e o sol est brilhando. Elas iro secar e morrer se ficarem

    aqui na areia explicou o jovem. O escritor espantou-se.

    Meu jovem. Existem milhares de quilmetros de praias por esse mundo afora, e centenas de milhares de estrelas do mar espalhadas pela praia. Que diferena faz? Voc joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma. O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano, olhou para o escritor e disse:

    Para essa daqui eu fiz diferena. Naquela noite, o escritor no conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manh, voltou praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, comearam a jogar estrelas do mar de volta ao oceano. Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo um lugar melhor. Sejamos a diferena!

    Autor: desconhecido

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    Aula 1 Procedimentos Como membro do sistema de Segurana Pblica, voc deve, alm de adotar os procedimentos padres para uma abordagem e conduo de detidos, deve aplic-los nos crimes contra a fauna. Ao chegar no local, voc deve avaliar a situao: Observe a presena de pessoas; Identifique os possveis infratores; Solicite a documentao ambiental (licenas, GTA,...); e Analise a documentao apresentada. A partir da avaliao inicial, se voc constatar irregularidades, aplique a LCA: Prenda o infrator ou o responsvel pelo empreendimento; Apreenda o material objeto do crime; Isole e preserve o local do crime, uma vez que a percia essencial para a constatao do dano ambiental; Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se no houver, leve-os para a delegacia com circunscrio sobre a rea para as providncias cabveis (TCO/Flagrante e apreenses necessrias); e Se for necessrio, contate o Batalho Ambiental (Florestal) para confeco do auto de infrao ou o IBAMA e, na ausncia desses, faa contato com outros rgos ambientais que tenham competncia para confeccionar o auto de infrao ambiental.

    Conduta criminosa? Na dvida no decida! Pea ajuda Polcia Ambiental ou ao IBAMA.

    Os erros mais comuns nas ocorrncias ambientais so:

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    No identificar o crime; Confundir as infraes; Deixar de agir (Prevaricao); Deixar de conduzir para a delegacia; e Deixar de acionar a Polcia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confeco do auto de infrao.

    Aula 2 - A caa Nesta aula, voc iniciar o estudo dos tipos penais.

    Antes de iniciar seu aprendizado, reflita sobre a situao abaixo e responda o que faria:

    Voc est realizando um ponto de bloqueio policial (barreira) e, ao abordar um veculo, constata que existem diversos animais dentro de caixas de isopor, dentre eles: 2 tatus, 1 tei e 1 caititu cortado em pedaos.

    E agora, o que voc deve fazer como agente encarregado da aplicao da lei?

    Continue o estudo e ver como agir nessa situao.

    A fauna silvestre propriedade do Estado (artigo 1, da Lei 5.197/67), portanto, a velha concepo de que os animais so coisas de ningum, sem dono, falsa. O primeiro crime capitulado na LCA o crime de caa, que trata justamente da proteo jurdica dos animais silvestres e dispe o seguinte o artigo 29: Art. 29 Matar, perseguir, caar, apanhar e utilizar espcimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratria, sem a devida permisso, licena ou autorizao da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena Deteno, de seis meses a um ano, e multa. Matar: Exterminar, ceifar a vida Prado (2005, p.230). Perseguir: Incomodar, ir ao encalo, importunar, seguir de perto, correr atrs, acossar Prado (2005, p.230). Caar: Perseguir animais a fim de matar ou de apanhar vivos Prado (2005, p.230).

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    Apanhar: Recolher,colher, caar com armadilhas, redes ou visgos Prado (2005, p.230). Utilizar: Servir-se, tirar proveito Prado (2005, p.230). Fauna silvestre de acordo com o pargrafo 3, deste mesmo artigo 29, da LCA, composta pelas espcies nativas, migratrias e quaisquer outras, aquticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do territrio brasileiro, ou em guas

    jurisdicionais brasileiras. Estas condutas no se aplicam aos atos de pesca.

    No se esquea A caa profissional proibida no Brasil

    Para a prtica desse crime, como a de outros crimes ambientais, o infrator tem que agir sem licena da autoridade competente, que no caso o IBAMA ou o rgo ambiental local, que tenha delegao para tal.

    Para o manejo da fauna silvestre necessria a devida licena expedida pelo IBAMA.

    importante entender que os animais domsticos e exticos no so objetos dos crimes descritos, uma vez que a tutela jurisdicional se limita aos animais silvestres. Ces, gatos, cachorros, bois, cavalos, elefantes, lees, coalas, cangurus e outras espcies domsticas ou exticas no so tutelados por este dispositivo legal. O pargrafo 1, do artigo 29, da LCA e seus incisos tratam dos animais em seus habitats e visa lei de proteo dos animais em seu habitat, uma vez que sem seu abrigo ou local de reproduo natural, o animal ficar extremamente exposto s intempries naturais e a aes de predadores. Alm disso, alguns animais ao perceberem que seus locais de abrigo e procriao foram manuseados os abandonam. 1 Incorre nas mesmas penas:

    Somente os animais aquticos, exluindo peixes, crustceos e moluscos, so objetos do crime de caa. So eles: baleias, peixes boi, golfinhos, botos e lees marinhos.

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    I Quem impede a procriao da fauna, sem licena, autorizao ou em desacordo com a obtida; e II Quem modifica, danifica ou destri ninho, abrigo ou criadouro natural.

    Ao se referir procriao da fauna, o legislador refere

    se fauna silvestre que, como j citado, no esto tutelados os animais domsticos nem exticos, porque no de interesse pblico tutelar sua procriao.

    Os pargrafos quarto e quinto, do artigo 29, da LCA, tratam dos casos de aumento de pena e prescrevem que ela triplica se o crime decorrer do exerccio de caa profissional, que proibida no Brasil e, ainda, aumenta pela metade se praticado: Contra espcie rara ou considerada ameaada de extino ainda que somente no local da infrao, entendendo-se como espcie rara quela que existe naturalmente em pequenas quantidades na natureza e por esta razo so difceis de se encontrar, e espcie ameaada de extino constante na relao da CTIS publicada pelo IBAMA; Em perodo proibido caa, uma vez que a caa proibida no Brasil, toda vez que se praticar um crime contra a fauna deve-se ter o aumento da pena; Durante a noite, pois durante o perodo noturno a fiscalizao mais difcil de ser executada e menos eficaz; Com abuso de licena, pois a princpio a impresso que nenhuma infrao est sendo cometida j que o infrator estava devidamente autorizado a praticar o ato; Em unidade de conservao que foi criada pelo poder pblico justamente para a preservao e conservao dos ecossistemas ali existentes, pois o abate de animais pode vir a interferir no equilbrio ecolgico; Com emprego de mtodos ou instrumentos capazes de provocar destruio em massa. No se considera como criminosa a conduta de abater um animal quando realizada:

    Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua famlia;

    Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ao predatria ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizada pela autoridade competente; e

    Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo rgo competente.

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    O contedo apresentado essencial para suas atividades dirias como policial.

    Nesta aula, voc aprendeu que a caa de animais silvestres, assim como a destruio de ninhos e locais de procriao crime; que a caa s permitida mediante licena do IBAMA ou do rgo ambiental local, quando tiver autorizao delegada para este fim. Animais como o tatu, veado, paca, anta, caititu, capivara e tei esto entre os preferidos pelos caadores. Agora, prossiga com o estudo, na prxima aula voc vai estudar sobre o trfico de animais silvestres.

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    Aula 3 - O Comrcio ilegal Nesta aula, voc estudar sobre uma das maiores atividades criminosas do mundo.

    Voc sabe quais so os trs maiores comrcios ilegais do mundo?

    Nesta aula voc conhecer a resposta. Os artigos 29, 1, III e 30, da LCA, disciplinam o comrcio ilegal de animais silvestres, que considerado o terceiro maior comrcio ilcito do mundo, s perdendo para o trfico de drogas e de armas, movimentando cerca de US$ 20.000.000 (vinte milhes de dlares) por ano, sendo que a participao do Brasil no total mundial de 20%.

    Art. 29 [...]

    Pena Deteno, de seis meses a um ano, e multa.

    1 Incorre nas mesmas penas:

    [...]

    III Quem vende, expe venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depsito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espcimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratria, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros no autorizados ou sem a devida permisso, licena ou autorizao da autoridade competente.

    Art. 30 Exportar para o exterior peles e couros de anfbios e rpteis em bruto, sem a autorizao da autoridade ambiental competente:

    Pena Recluso, de um a trs anos, e multa.

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    Transporte de animais silvestres Para o transporte necessria a licena de transporte emitida pelo IBAMA, a nota fiscal que oficializou o comrcio e a Guia de Trnsito Animal GTA do Ministrio da Agricultura e do Abastecimento; para o transporte internacional exige-se ainda a licena de exportao, emitida pelo IBAMA. O dispositivo tutela inclui no somente o animal j formado, mas tambm as espcies em formao ovos e larvas. O ovo representa o primeiro estgio de vida de algumas espcies e, portanto, a destruio do ovo implica na destruio de um ser que est se formando, numa quebra no ciclo de vida do espcime, semelhantemente, a larva o primeiro estgio de vida dos insetos. Aos produtos beneficiados, como bolsas, jaquetas, cintos e botas, cuja matria-prima seja a pele ou os couros de rpteis ou anfbios, aplica-se o disposto no artigo 29, 1, III, por se tratar de produto ou objeto da fauna silvestre.

    Trfico de animais O trfico de animais silvestres d a impresso de ser uma atividade aparentemente inofensiva e algumas autoridades no do tratamento adequado a esse tipo de crime. Para ter idia da potencialidade desta atividade, basta recorrer ao preo estimado praticado no mercado internacional, segundo a Rede Nacional de Combate ao Trafico de Animais Silvestres, 2000 - RENCTAS: O espcime da arara-azul-de-lear cotado em US$ 60.000 (sessenta mil dlares); O grama do veneno da coral-verdadeira cotado em mais de US$ 30.000 (trinta mil dlares);

    O grama do veneno da aranha-marrom vale cerca de US$ 20.000 (vinte mil dlares);

    O espcime do papagaio-de-cara-roxa cotado em US$ 6.000 (seis mil dlares); e Cada espcime de melro tem cotao em mais de US$ 2.000 (dois mil dlares).

    O inciso III, do pargrafo 1, do artigo 29, da LCA, trata do comrcio da fauna silvestre, que a princpio deve ser realizado somente por criadouros/criadores autorizados pelo IBAMA, e de acordo com a permisso, licena ou autorizao concedida.

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    Biopirataria Uma outra vertente do trfico de animais a biopirataria, que se constitui na explorao, manipulao, exportao e/ou comercializao internacional de recursos biolgicos que contrariam as normas da Conveno sobre Diversidade Biolgica, em http://www.cdb.gov.br/CDB. A Biopirataria se caracteriza tambm pela apropriao e monopolizao ilegal dos conhecimentos das populaes tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais. A ao desses criminosos facilitada pela ausncia de uma legislao que defina as regras de uso dos recursos naturais brasileiros. A biopirataria deve ser veementemente combatida e apoiada neste dispositivo legal.

    A Biopirataria uma das modalidades de trfico de animais silvestres.

    Aula 4 - Introduo de espcies exticas Nesta aula, voc estudar sobre um dos crimes responsveis pela destruio de ecossistemas.

    O que fauna extica?

    Fauna extica a fauna originria de outro pas. O Artigo 31*, da LCA, combate entrada de animais exticos no territrio brasileiro, uma vez que a introduo de espcimes pode vir a alterar o equilbrio dos ecossistemas e causar o desaparecimento de diversas espcies.

    *Art. 31 Introduzir espcime animal no pas, sem parecer tcnico oficial favorvel e licena expedida por autoridade competente:

    Pena Deteno, de trs meses a um ano, e multa.

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    O conceito de animal j foi delimitado, no incio do curso, como sendo todo ser vivo dotado de movimento que possua ausncia de clorofila e celulose, que se alimente de substncias slidas e, normalmente, capaz de percepes sensoriais; j espcie um conjunto de indivduos semelhantes entre si e capazes de entrecruzarem em condies naturais produzindo descendentes frteis.

    O objetivo do Artigo 31 proteger a fauna nacional, porque a introduo de um nico espcime extico pode vir a se constituir num grande problema, especialmente, se o animal introduzido no tiver aqui um predador natural e comear a destruir a fauna e a flora local.

    No se constitui crime a introduo espcime extica desde que realizada com licena emitida pelo IBAMA ou rgo ambiental com funo delegada. Essa introduo pode vir a provocar mudanas profundas no ecossistema, exemplo disso, foi a introduo de coelhos na Austrlia, o que provocou a diminuio das populaes de mamferos marsupiais nativos da regio, como os cangurus, por causa da alterao do habitat. No Brasil, a introduo de javalis no sul do pas um exemplo dos danos que a introduo de espcies exticas pode causar, eles tornaram-se um grave problema para a flora, a agricultura e a pecuria.

    Aula 5 -Maus-tratos Nesta aula, voc estudar uma das inovaes da LCA: maus-tratos e abuso de animais silvestres, exticos e domsticos.

    O que voc entende que so maus tratos aos animais?

    Nesta aula voc conhecer a resposta. Uma das inovaes da legislao foi a tutela da fauna domstica e extica, que anteriormente no eram protegidas pela Lei de Proteo a Fauna., em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5197.htm. A LCA dispe que: Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domsticos ou

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    domesticados, nativos ou exticos: Pena Deteno, de trs meses a um ano, e multa. 1 Incorre nas mesmas penas quem realiza experincia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didticos ou cientficos, quando existirem recursos alternativos. 2 A pena aumentada de um sexto a um tero, se ocorre morte do animal. No mdulo anterior, voc aprendeu os conceitos de fauna silvestre, extica e domstica. Relembre: Fauna Silvestre o conjunto de animais que vivem em determinada regio. So os que tm seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; so animais que ficam, em via de regra, afastados do convvio do meio ambiente humano. Fauna Extica a originria de outro pas (estrangeira). Fauna Domstica ou Domesticada formada pelas espcies passveis de domesticao. O caput do artigo 32, da LCA, traz as condutas de abuso e maus-tratos. Vladimir Passos de Freitas e Gilberto Passos de Freitas (2000, p. 94), assim se pronunciaram sobre as condutas previstas neste artigo:

    Praticar ato de abuso realizar uso errado do animal. Por exemplo, cavalgar por horas sem permitir descanso ao cavalo, nem dar-lhe oportunidade de comer ou beber gua. Lanar galo em rinha sabendo que, mesmo vencedor, ele sair ferido, apenas para satisfazer o desejo dos apostadores, ou transportar pssaros fechados em caixas, por horas, sem as mnimas condies de bem-estar. Maus-tratos significam insultar e ultrajar. Por exemplo, manter cachorro permanentemente fechado em lugar pequeno, sem ventilao e limpeza. Ferir lesar o animal. a ao do que exagera ao aoitar um burro, causando-lhe ferimentos. Finalmente, mutilar, conduta que implica em retirar parte do corpo do animal, geralmente um membro.

    Rinha crime!

    No se esquea de que:

    O pargrafo primeiro, do artigo 32, da LCA, trata da utilizao da fauna para fins cientficos. No se quer coibir pesquisas cientficas, o objetivo garantir que s sero empregados mtodos dolorosos e cruis, em animais, se no houver outra alternativa disponvel, uma vez

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    que a manipulao de novas drogas realizada, primeiramente, nos animais para, s depois, ser utilizada em seres humanos. O Decreto Lei n 24.645-1934, que ainda est em vigor, trata das condutas que se constituem em maus tratos, em http://www.tribunaanimal.com/decreto_lei_n.htm.

    Maus tratos aos animais crime.

    Aula 6 - A degradao do ambiente aqutico Nesta aula, voc estudar sobre a destruio do ambiente aqutico. A proteo fauna ictiolgica comea a ser contemplada no artigo 33, da LCA: Art. 33 Provocar, pela emisso de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de espcimes da fauna aqutica existentes em rios, lagos, audes, lagoas, baas ou guas jurisdicionais brasileiras: Pena Deteno, de um a trs anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Para aplicao da legislao ambiental deve se entender que a fauna aqutica engloba os animais silvestres que vivem na gua (baleias, golfinhos,...), os peixes, os crustceos e moluscos compem a fauna ictiolgica ou ictiofauna. O pargrafo nico, do artigo 33, da LCA dispe o seguinte: Pargrafo nico. Incorre nas mesmas penas: I Quem causa degradao em viveiros, audes ou estaes de aqicultura de domnio pblico; II Quem explora campos naturais de invertebrados aquticos e algas, sem licena, permisso ou autorizao da autoridade competente; III Quem fundeia embarcaes ou lana detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta nutica.

    Esse dispositivo legal visa manter o equilbrio do habitat aqutico.

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    O crime do inciso I, do artigo 33, da LCA, bastante semelhante ao previsto no caput do artigo, com a diferena de que no se faz necessrio que da degradao ambiental resulte a morte dos espcimes, alm de que somente praticado em ambiente aquticos de propriedade do Estado, que pode ser a Unio ou qualquer Estado federado.

    O crime do inciso II, do artigo 33, da LCA, trata da explorao econmica que deve ser realizada somente com autorizao do IBAMA.

    O inciso III, do artigo 33, da LCA, dispe sobre a proteo dos arrecifes naturais que existem ao longo da costa brasileira.

    Aula 7 - Os crimes de pesca Nesta aula, voc estudar um dos grandes temas da LCA: os crimes de pesca!

    O que pesca?

    Nesta aula voc conhecer a resposta. O conceito de pesca essencial para fins de interpretao e aplicao da lei De acordo com o artigo 36 considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espcimes dos grupos dos peixes, crustceos, moluscos e vegetais hidrbios, suscetveis ou no de aproveitamento econmico, ressalvadas as espcies ameaadas de extino, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora. Para configurar o crime de pesca, basta a iminncia da captura dos espcimes da ictiofauna, ou seja, o pescador que atira na gua um instrumento de pesca proibido incorre no crime, mesmo que no consiga trazer nada da gua. A pesca de vegetais no novidade na legislao, porque o Cdigo de Pesca j previa essa modalidade, que a princpio parece estranha, mas a flora aqutica passa a ser potencialmente objeto de pesca.

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    O artigo 34*, da LCA, veda a pesca em certos perodos e locais:

    *Art. 34 Pescar em perodo no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por rgo competente:

    Pena Deteno, de um ano a trs anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

    Pargrafo nico. Incorre nas mesmas penas quem:

    I Pesca espcies que devam ser preservadas ou espcimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

    O que se visa nesse artigo a proteo da ictiofauna em perodos determinados, especialmente, durante a desova o perodo de reproduo dos peixes e em certos locais, para que as populaes possam se desenvolver. Como em quase todos os crimes contra a fauna o IBAMA quem estabelecer quais as espcies que podero ser pescadas e quais os tamanhos mnimos permitidos para a pesca.

    O legislador visou proteo das espcies que estejam em risco de extino ou que ainda no atingiram o tamanho suficiente, em especial porque ainda no se reproduziram.

    Com a finalidade de garantir a continuidade das espcies de peixes, crustceos, moluscos e vegetais hidrbios, foi editado no inciso II, do artigo 34, da LCA, a proibio da pesca em quantidades superiores s permitidas ou mediante a utilizao de aparelhos, apetrechos, tcnicas e mtodos no permitidos.

    Cada regio hidrogrfica possui caractersticas prprias quanto aos instrumentos que so ou no permitidos para a pesca em guas interiores, em geral, os seguintes apetrechos so proibidos: redes e tarrafas de arrasto de qualquer natureza, redes de emalhar, espinhis e joo bobo.

    Consulte a superintendncia local do IBAMA para certificar-se dos instrumentos/

    A pesca irregular crime!

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    apetrechos proibidos em sua regio.

    A comercializao Quanto ao processo de comercializao dos produtos de pesca, prescreveu o legislador, no inciso III, do artigo 34, da LCA, sobre o transporte, comercializao, beneficiamento e industrializao de espcimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. Reprime-se neste dispositivo a receptao dos espcimes oriundos da pesca ilegal. O dispositivo visa punir aquele que se utiliza do recurso natural para auferir lucros, no se importando com a origem do pescado. O tipo penal disciplina todo o ciclo de comercializao, desde o transporte, o beneficiamento, a industrializao at a venda dos espcimes da ictiofauna. Dentro desse tipo penal tem-se a pesca ilegal de peixes ornamentais, que alcanam valores astronmicos no mercado internacional.

    A ganncia dos pescadores ou das empresas que exploram a atividade pesqueira pode trazer um malefcio terrvel ao meio ambiente, que a extino de espcies.

    Tambm o IBAMA o responsvel por determinar quais so as quantidades permitidas por pescador ou por embarcao e a definir quais so os apetrechos permitidos.

    Quanto pesca predatria, a mesma est disciplinada no artigo 35, da LCA.

    Art. 35 Pescar mediante a utilizao de:

    I Explosivos ou substncias que, em contato com a gua, produzam efeito semelhante; e

    II Substncias txicas ou outro meio proibido pela autoridade competente:

    Pena Recluso de um ano a cinco anos.

    O artigo conclui que a pesca predatria destri todo o habitat aqutico da ictiofauna e por esta razo que a pena foi agravada nesse tipo penal, pois o infrator no est preocupado em preservar o ambiente para que ele, futuramente, possa vir a pescar, haja vista que este tipo de

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    pesca predatria causa danos irreversveis ao meio ambiente, destruindo toda fauna e flora aquticas.

    OBS.: Os tamanhos mnimos no se aplicam aos peixes de piscicultura. Nesse caso, necessrio comprovar a origem do peixe, atravs de nota fiscal.

    crime capturar, transportar e comercializar espcies protegidas, peixes abaixo do tamanho mnimo e alm do limite por pescador amador, que de 10kg mais um exemplar (ou o limite estipulado por legislao estadual/municipal, quando inferior a 10kg).

    Resumo

    A fauna silvestre constituda de todo e qualquer animal que tenha todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do territrio brasileiro, ou guas jurisdicionais brasileiras. Logo, os animais migratrios fazem parte de nossa fauna, como as aves migratrias e os cetceos.

    Exemplos dos crimes citados neste mdulo: A caa (que proibida no Brasil); Venda de animais silvestres em feiras livres ou lojas; Comercializao ilegal de sapatos, bolsas, casacos, dentre outros artefatos e objetos que so produtos/subprodutos da fauna silvestre;

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    Manuteno de animais silvestres em cativeiro; Transporte irregular de animais silvestres; Maus-tratos aos animais (rinha de galo, espancamento, etc.); Degradao do ambiente aqutico pela emisso de detritos; e Pesca irregular (quantidades maiores que as permitidas, nos locais proibidos, em perodo de defeso, com artefatos proibidos). No se esquea que: Para o manuseio da fauna silvestre exige-se a devida licena, permisso ou autorizao do rgo competente (IBAMA); e Para o transporte interestadual e internacional exige-se a nota fiscal, guia de trnsito de animais (GTA), a licena de transporte e de exportao se for o caso, expedidas pelo IBAMA. Leitura Complementar Antes de concluir o estudo desta unidade, saiba mais, consultando os endereos a seguir: Comisso Parlamentar de Inqurito destinada a Investigar o trfico ilegal de animais e plantas silvestres da fauna e da flora brasileiras CPITRAFI http://www.camara.gov.br/internet/comissao/index/cpi/Rel_Fin_CPI_Biopirataria.pdf http://www.camara.gov.br/Internet/comissao/index/cpi/rel_fin_cpitrafi_01_pdf.pdf Maus-tratos a animais Decreto Lei n24.645, de Julho de 1934 http://www.tribunaanimal.com/decreto_lei_n.htm Lista da fauna ameaada de extino http://institutoaqualung.com.br/info_fauna35.html Licena de pesca amadora

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    http://www.ibama.gov.br/pescaamadora/licenca/licenca.htm Tabela de tamanhos mnimos de captura de peixes http://www.ibama.gov.br/pesca-amadora/documentos/tabelas-de-tamanhos/ Tabela de cotas e capturas (Cotas de captura e transporte de peixes pelos pescadores amadores nos Estados da Federao e no Distrito Federal) http://www.ibama.gov.br/pesca-amadora/documentos/tabela-de-cotas-de-captura/ Legislao de pesca amadora http://www.ibama.gov.br/pesca-amadora/documentos/legislacao-federal/

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    Mdulo 3 - Crimes contra a Flora Bem-vindo. Voc est no terceiro mdulo do curso Crimes Ambientais. Voc vai aprender sobre os crimes contra a flora, o que necessrio para a execuo do policiamento ambiental. O estudo est basicamente fundamentado na Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Veja em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm Voc iniciar seu aprendizado com o crime do desmatamento. Este um dos mais devastadores crimes ambientais. Bom estudo! Neste mdulo sero apresentadas as seguintes aulas: Aula1: Procedimentos Aula2: Desmatamento Aula3: Queimadas Aula4: Os bales Juninos Aula 5: O comrcio ilegal da Flora Aula 6: O uso da motosserra Aula 7: As plantas de ornamentao Ao final deste mdulo, voc ser capaz de: Listar as primeiras providncias a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a flora; Conscientizar-se sobre a importncia da preservao/conservao dos recursos florestais; Descrever os principais crimes praticados contra a flora; Identificar a legislao pertinente aos crimes contra a flora; Identificar as infraes contra a flora; e Reconhecer a importncia de atuar de forma correta diante dos ilcitos penais contra a flora.

    Aula 1 - Procedimentos

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    Como membro do sistema de Segurana Pblica, voc deve adotar, alm dos procedimentos padres para uma abordagem e conduo de detidos, os seguintes procedimentos padres nos diversos crimes contra a flora: Ao chegar ao local, voc deve avaliar a situao: Observe a presena de pessoas; Identifique os possveis infratores; Solicite a documentao ambiental (licenas, DOF, LPU...); e Analise a documentao apresentada. A partir da avaliao inicial se voc constatar irregularidades, aplique a LCA: Prenda o infrator ou o responsvel pelo empreendimento; Apreenda o material objeto do crime; Isole e preserve o local do crime, uma vez que a percia essencial para a constatao do dano ambiental; Conduza os envolvidos para a delegacia ambiental da localidade, se no houver, leve-os para a delegacia com circunscrio sobre a rea para as providncias cabveis (TCO/Flagrante e apreenses necessrias); e Se for necessrio, contate o Batalho Ambiental (Florestal) para confeco do auto de infrao ou o IBAMA e, na ausncia desses, faa contato com outros rgos ambientais que tenham competncia para confeccionar o auto de infrao ambiental.

    Conduta criminosa?

    Na dvida no decida! Pea ajuda Polcia Ambiental ou ao IBAMA.

    Os erros mais comuns nas ocorrncias ambientais so:

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    No identificar o crime; Confundir as infraes; Deixar de agir (Prevaricao); Deixar de conduzir para a delegacia; e Deixar de acionar a Polcia Ambiental (Florestal) ou o IBAMA, para confeco do auto de infrao. Aula 2 - Desmatamento

    Por que o desmatamento um dos crimes ambientais mais devastadores?

    Nesta aula voc conhecer a resposta. O desmatamento destri todo o ecossistema, levando plantas e animais a extino. Veja algumas conseqncias do desmatamento: Altera as condies climticas; Diminui a incidncia das chuvas; Causa a elevao da temperatura; Altera o nvel de gua subterrneo e superficial; Leva a desertificao, dentre outros efeitos.

    Prado (2001, p. 142) ensina que o desmatamento um dos fatores responsveis pela deteriorao do solo, destruindo o equilbrio dos ecossistemas e que, dificilmente, o reflorestamento consegue restaurar o equilbrio ecolgico anterior, porque no consegue recompor a diversidade biolgica perdida.

    Visando proteo jurdica das florestas, a LCA dispe que:

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    Art. 39 Cortar rvores em floresta considerada de preservao permanente, sem permisso da autoridade competente: Pena Deteno, de um a trs anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Art. 50-A Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domnio pblico ou devolutas, sem autorizao do rgo competente: Pena Recluso de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. 1 No crime a conduta praticada quando necessria subsistncia imediata pessoal do agente ou de sua famlia. 2 Se a rea explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena ser aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. Segundo o artigo 2 do Cdigo Florestal so consideradas de preservao permanente as florestas e demais formas de vegetao que esto ao longo de cursos dgua, ao redor de lagoas, nas nascentes olhos dgua, no topo de morros, montes, serras, nas encostas com mais de 45 de declividade, dentre outras. Veja em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771.htm O IBAMA considera que desmatamento a operao que visa destruir a vegetao nativa de determinada rea para o uso alternativo do solo. Considera-se nativa toda vegetao original, remanescente ou regenerada, caracterizada pelas florestas, capoeiras, cerrades, cerrados, campos, campos limpos, vegetaes rasteiras, etc. Pelo exposto nos dispositivos legais descritos tm-se que o corte (desmatamento) s pode ser realizado mediante licena (autorizao) do rgo ambiental competente, no caso o IBAMA, ou o rgo ambiental estadual que desempenhe funo delegada.

    Somente pode ser realizado o corte com licena do rgo ambiental, sem licena o corte crime.

    O artigo 40 tambm prev pena de recluso de at 5 anos se o dano for causado em unidade de conservao. Conforme j informado, as unidades de conservao so espaos que por suas caractersticas naturais so especialmente protegidos por lei visando preservao ao uso sustentvel de seus recursos naturais. O IBAMA mantm, em seu sitio na internet, informaes das autorizaes de desmatamentos emitidas no pas. De acordo com o IBAMA, merecem destaque algumas espcies da flora, como o jacarand-da-bahia e o pau-brasil, ambos com explorao proibida. As licenas so de dois tipos: de proteo integral e de uso sustentvel.

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    Em geral, ao desmatamento esto associados outros crimes ambientais como, por exemplo, o de penetrar em unidade de conservao com instrumentos prprios para a explorao de produtos ou subprodutos florestais (artigo 52 da LCA), ou de utilizar motosserra para o corte das rvores (artigo 51 da LCA).

    OBS.: Qualquer rvore pode ser declarada imune de corte por ato do poder pblico (federal, estadual ou municipal), por motivo de sua localizao, raridade, beleza ou condio de porta-sementes. Aula 3 - Queimadas Nesta aula sero estudados os tipos penais relacionados aos crimes praticados contra a flora. Voc aprender sobre as queimadas. Uma prtica muito comum no Brasil.

    Quais as conseqncias das queimadas?

    Um dos crimes ambientais mais comuns so as queimadas. Como o desmatamento, essa prtica tambm nociva aos ecossistemas. Ela causa inmeras doenas respiratrias no homem, alm de ser responsvel pela poluio atmosfrica e destruio do solo.

    A queimada est associada ao crime da poluio atmosfrica, que consiste em causar poluio de qualquer natureza, em nveis que resultem danos sade humana, provocando a mortandade de animais ou a destruio significativa da flora. Caso provoquem a retirada, mesmo que momentnea, dos habitantes das reas afetadas, ou causem danos diretos sade da populao tambm crime. A LCA, no seu artigo 41* trata como delito, a produo de fogo perigoso descontrolado e potencialmente lesivo flora. *Art. 41 Provocar incndio em mata ou floresta: Pena Recluso, de dois a quatro anos, e multa. Pargrafo nico. Se o crime culposo, a pena de deteno de seis meses a um ano, e multa.

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    A queimada sem autorizao crime.

    O site da Assessoria de Comunicao (ACS), da Universidade de Braslia (UnB), divulgou o seguinte sobre as queimadas: No contexto local, as queimadas destroem a fauna e a flora, empobrecem o solo, reduzem a penetrao de gua no subsolo e, em muitos casos, causam mortes, acidentes e perda de propriedades. Regionalmente, causam poluio atmosfrica e prejudicam a sade de milhes de pessoas, alm de atrapalhar a aviao e aos transportes terrestres e aquticos. So tambm responsveis pela alterao e at destruio completa de ecossistemas. Em termos mundiais, os incndios de florestas esto relacionados a modificaes na composio qumica da atmosfera e no clima do planeta.

    Aula 4 - Os bales juninos

    Os bales so extremamente perigosos e tm causado mortes e destruio do patrimnio natural e do privado. Uma das grandes inovaes da lei* de crimes ambientais o dispositivo que trata dos bales juninos. *O artigo 42, da LCA dispe: Art. 42 Fabricar, vender, transportar ou soltar bales que possam provocar incndios nas florestas e demais formas de vegetao, em reas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena Deteno de um a trs anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. A lei no probe apenas soltar o balo, a proibio atinge tambm o comrcio, incluso a fabricao, o transporte e a venda. O objetivo coibir totalmente a prtica da soltura de bales. No importa se o balo foi lanado ou no, o simples ato de fabric-lo j constitui a infrao penal.

    Fabricar, transportar, vender e soltar bales juninos crime.

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    Prado (2005, p. 328) define balo como sendo um artefato de papel, de formas variadas, lanado ao ar e apto a subir em razo do ar quente produzido em seu interior. Aula 5 - O comrcio ilegal da Flora Um dos crimes mais comuns a fabricao, transporte e comercializao irregular do carvo*. *Carvo a substncia obtida pela carbonizao ou queima de madeira. O comrcio ilegal de carvo abastece muitas indstrias e siderrgicas. Para a fabricao e transporte exige-se a devida licena ambiental, alm da nota fiscal e o documento de origem florestal (DOF)* expedido pelo IBAMA. *O DOF documento de origem florestal o documento obrigatrio para o controle do transporte de produto e subproduto florestal de origem nativa, inclusive o carvo vegetal nativo; ele acompanha, obrigatoriamente, o produto ou subproduto florestal nativo, da origem ao destino (o destino tem que constar no documento), independente do meio de transporte: rodovirio, areo, ferrovirio, fluvial ou martimo. Em geral, os depredadores do meio ambiente utilizam carvoarias clandestinas. Eles constroem fornos, deixam a madeira de lei* queimando e quando o carvo est pronto vo e retiram dos fornos. *Madeiras de lei so resistentes, duras, rijas, prprias para construo e trabalhos expostos a intempries. Prado (2001, p.50). Para coibir esta prtica clandestina faz-se necessrio destruir os fornos, apreender o carvo e prender esses criminosos.

    Muita ateno com comrcio ilegal de carvo.

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    Veja como a LCA trata desse crime:

    Art. 45 Cortar ou transformar em carvo madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Pblico, para fins industriais, energticos ou para qualquer outra explorao, econmica ou no, em desacordo com as determinaes legais:

    Pena Recluso, de um a dois anos, e multa.

    Art. 46 Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvo e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibio de licena do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que dever acompanhar o produto at o final do beneficiamento:

    Pena Deteno, de seis meses a um ano, e multa.

    Pargrafo nico. Incorre, nas mesmas penas quem vende, expe venda, tem em depsito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvo e outros produtos de origem vegetal, sem licena vlida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

    Biopirataria Uma outra vertente a extrao irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos e sementes que constituem a biopirataria, ou seja, o contrabando dos recursos biolgicos. A ao desses criminosos facilitada pela ausncia de uma legislao que defina as regras de uso dos recursos naturais brasileiros, sendo a biopirataria intensamente combatida com apoio do dispositivo legal. Os biopiratas se camuflam sob muitos disfarces: inocentes turistas, bem intencionados cientistas... Todos com o objetivo de se apropriar e monopolizar os recursos naturais do pas.

    Um exemplo de biopirataria foi o registro de patente e o direito de uso exclusivo do nome cupuau conseguido pela empresa japonesa Asahi Foods e que, somente depois de muita batalha, o governo brasileiro conseguiu quebrar a patente no Japo, nos Estados Unidos e na Unio Europia.

    Um crime bastante comum a venda de palmito in natura. Para a extrao do palmito a rvore sacrificada. Restaurantes, pizzarias e supermercados esto entre os compradores do produto irregular. Geralmente, o produto acondicionado em embalagens sem indicaes de origem legal (informaes sobre o produtor e registro no IBAMA).

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    Outra modalidade o comrcio ilegal de mudas coletadas diretamente da natureza, como as de plantas medicinais e ornamentais, tais como: orqudeas, bromlias, xaxins e flores do cerrado. A modalidade mais lucrativa a venda de madeira de lei, em especial o mogno, conhecido como ouro verde da floresta. Para o transporte de madeira exige-se a nota fiscal e o documento de origem florestal, o DOF, emitido pelo IBAMA. No local de extrao exigem-se as licenas emitidas pelo rgo ambiental que autorizem extrao da madeira.

    Para o transporte de qualquer produto/subproduto da flora nativa exige se a nota fiscal e o documento de origem florestal.

    Em geral, ao comrcio ilegal da flora est associado a outros crimes ambientais como: Penetrar em unidade de conservao com instrumentos prprios para a explorao de produtos ou subprodutos florestais* (artigo 52 da LCA); *Produtos aquilo que produzido pela Natureza. *Subprodutos florestais - resultado de uma atividade extrativa, tudo que se retira secundariamente de algo. Prado (2001, p. 144) Impedir ou dificultar a regenerao natural de florestas e de demais formas (artigo 48 da LCA); Destruir ou danificar florestas nativas e plantadas ou vegetao fixadora de dunas e protetora de mangue, objeto de especial preservao. Aula 6 - O uso da motosserra O artigo 51 da LCA* dispe que a utilizao sem licena/registro da motosserra crime: *Art. 51 Comercializar motosserra ou utiliz-la em florestas e nas demais formas de vegetao, sem licena ou registro da autoridade competente: Pena Deteno, de trs meses a um ano, e multa. A lei obriga a todos os estabelecimentos comerciais e proprietrios de motosserras a se registrarem no IBAMA. Para a utilizao da motosserra, o proprietrio deve possuir a Licena de Porte e Uso de motosserra LPU, emitida pelo IBAMA. Para que o uso da motoserra seja considerado crime, deve ser utilizada para cortar qualquer tipo de

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    rvore ou vegetao. No s a utilizao crime, mas tambm a comercializao sem a observncia dos dispositivos legais.

    O uso de motosserra sem licena crime.

    Aula 7 - As plantas de ornamentao O artigo 49 da LCA* tutela a proteo das plantas de ornamentao quer estejam em logradouro pblico ou em rea particular: *Art. 49 Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentao de logradouros pblicos ou em propriedade privada alheia: Pena Deteno, de trs meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Pargrafo nico. No crime culposo, a pena de um a seis meses, ou multa. Planta ornamental toda planta cultivada por sua beleza. Prado (2001, p. 138) entende que plantas ornamentais so as que decoram, adornam, embelezam ou enfeitam um local, cita ainda como exemplos destas plantas: begnias, lrios, tulipas, orqudeas, samambaias, dentre outras. A lei protege todos os tipos de planta de ornamentao contra qualquer tipo de dano. Causar danos planta de ornamentao crime.

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    Resumo

    A flora constituda da totalidade de espcies que compreende a vegetao de uma determinada regio, sem qualquer expresso de importncia individual dos elementos que a compem. Elas podem pertencer aos mais diversos grupos botnicos, desde que esses tenham exigncias semelhantes quanto aos fatores ambientais, dentre eles os biolgic