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1 CRIMES ELEITORAIS Importância do tema – necessidade de tipificação de condutas diante da relevância da preservação da democracia contra ataques que possam atingir e abalar a legitimidade do processo eleitoral. Justiça Eleitoral no Brasil – controle da legalidade das eleições - competência jurisdicional e administrativa. Órgãos da Justiça Eleitoral. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL • Compete à Justiça Eleitoral o controle quanto à lisura e regularidade das eleições, cabendo assim a esses órgãos especializados preparar, dirigir, velar pela regularidade da votação, declarar os vencedores, sendo também de sua alçada o processo e julgamento dos crimes que tenham vinculação ao processo eleitoral.

Crimes Eleitorais

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CRIMES ELEITORAIS

• Importância do tema – necessidade de tipificação de condutas diante da relevância da preservação da democracia contra ataques que possam atingir e abalar a legitimidade do processo eleitoral.

• Justiça Eleitoral no Brasil – controle da legalidade das eleições - competência jurisdicional e administrativa.

• Órgãos da Justiça Eleitoral.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL

• Compete à Justiça Eleitoral o controle quanto à lisura e regularidade das eleições, cabendo assim a esses órgãos especializados preparar, dirigir, velar pela regularidade da votação, declarar os vencedores, sendo também de sua alçada o processo e julgamento dos crimes que tenham vinculação ao processo eleitoral.

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CARACTERÍSTICAS DA JUSTIÇA ELEITORAL

- adoção do sistema jurisdicional

- justiça especializada

- estrutura piramidal e hierárquica

- inexistência de magistratura própria

- periodicidade de investidura dos juízes

- funcionamento permanente

- divisão territorial para fins eleitorais

*CRIMES ELEITORAIS

- Crime é todo fato humano, proibido por lei, ou toda a ação ou omissão proibida pela lei, sob ameaça de pena.

• Crimes eleitorais – sob o aspecto formal – são aquelas condutas consideradas típicas pela legislação eleitoral.

• Crimes eleitorais – sob o aspecto material – são todas aquelas ações ou omissões humanas, sancionadas penalmente, que atentem contra os bens jurídicos expressos nos direitos políticos e na legitimidade e regularidade dos pleitos eleitorais.

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Previsão topológica dos crimes eleitorais

• Código Eleitoral – arts. 289 a 354.• Lei 6.091, de 15.08.74- que trata do fornecimento

gratuito de transporte, em dia de eleição, a eleitores nas zonas rurais – art. 11.

• Lei n. 6.996, de 07.06.1982- processamento eletrônico de dados – art. 15.

• Lei Complementar n. 64, de 18.05.1990 – Lei das Inelegibilidades – art. 25.

• Lei n. 9.504, de 30.09.1997- Lei das Eleições –art.33, par. 2o e 3o; art. 34, par. 2o; art. 39, par. 5o; art. 40; art. 72 e art. 91, par. único.

*CÓDIGO PENAL

• A parte geral do CP tem aplicação no que concerne à temática dos crimes eleitorais, dado conter normas basilares que informam todo o sistema penal, além de assim também determinar o art. 287 do CE e art. 12 do CP.

• Toda a disciplina pertinente a princípios e normas gerais, aplicação da lei penal, crime, exclusão de ilicitude, imputabilidade penal, concurso de pessoas, aplicação da pena, extinção da punibilidade, previstas no CP, têm incidência em se tratando de crimes eleitorais.Incidência também das disposições preliminares do CE, artigos 283 a 288.

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Natureza jurídica das normas relativas a crimes eleitorais

• Art. 121 da CF- lei complementar disporá sobre a organização e competência da justiça eleitoral –CE tem essa natureza quando trata dessa matéria.

• Normas relativas a crimes eleitorais – natureza de lei ordinária.

• Objetividade jurídica – proteção à liberdade e legitimidade do sufrágio, exercício dos direitos políticos.

• *Crimes eleitorais específicos ou puros e os acidentais.

• Crimes conexos aos eleitorais – art. 76 do CPP –intersubjetiva, objetiva e instrumental.

CONCEITO DE MEMBROS E FUNCIONÁRIOS PARA EFEITOS

PENAIS NO CE• O art. 283 do CE define para os efeitos

penais, quem são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral –magistrados, cidadãos vinculados temporariamente ou nomeados para as mesas receptoras ou juntas apuradoras, funcionários públicos e os requisitados, inclusive aqueles que não percebem remuneração.

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• Sempre que o CE não indicar o grau mínimo, será de 15 dias para a pena de detenção e de 1 ano para a de reclusão - art. 284 do CE.

• Quando a lei determinar a agravação ou atenuação sem indicar o quantum, deverá ser fixada entre 1/5 e 1/3, guardados os limites da pena cominada ao crime – art. 285 CE.

*Disposições gerais do CE

DISPOSIÇÕES GERAIS DO CE

• A pena de multa será fixada em dias-multa, no mínimo de 1 dia-multa e no máximo de 300, e o montante, consideradas as condições pessoais e econômicas do condenado, não pode ser inferior a 1/30 do salário mínimo o dia-multa , nem superior ao valor de um salário mínimo. Pode ser aumentada até o triplo, considerada a situação econômica do condenado – art. 286 do CE.

• Nos crimes eleitorais por meio da imprensa, do rádio ou da televisão, aplica-se somente o CE.

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PENAS - PRINCÍPIOS

• Caráter retributivo e preventivo• Legalidade e anterioridade• Culpabilidade• Humanidade das sanções• Personalidade das penas• Individualização da pena – motivação e

proporcionalidade• Insignificância

QUESTÕES

• Crime contra a honra praticado contra juiz eleitoral, no exercício de suas funções, pode ser considerado como crime eleitoral e classificado como específico ou acidental e, ainda, qual o órgão jurisdicional que detém competência para o julgamento, nesse caso?

• Crimes culposos no âmbito eleitoral seriam de relevância para garantia da lisura do processo eleitoral?

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*CRIMES ELEITORAIS CONCERNENTES À FORMAÇÃO DO CORPO ELEITORAL

• São condutas que atentam contra a lisura do alistamento eleitoral, ou seja, afetam a inscrição e ulterior inclusão dos eleitores no registro próprio e podem consistir em fraude e perturbação no alistamento ou em violência, instigação e coação tendentes ao desvirtuamento do cadastro de eleitores.

• Não há crimes culposos.

*INSCRIÇÃO FRAUDULENTA DE ELEITOR

• Art. 289 do CE – Inscrever-se, fraudulentamente, eleitor.

• Objetividade jurídica – preservação da regularidade, da seriedade, da autenticidade do registro dos eleitores

• Ação típica pressupõe a utilização de ardil, artifício ou outro meio malicioso tendente a causar o engodo, a mascarar a realidade, e assim permitir a realização da inscrição de alguém que não preenche os requisitos legais.

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*Alistamento

• Caracteriza-se como o conjunto de atos tendentes a habilitar a pessoa ao exercício da cidadania, constituindo-se em um processo, sendo que a inscrição se apresenta como uma de suas fases.

• Tem início com a apresentação do requerimento e se prolonga até a expedição do título de eleitor, com a conseqüente inscrição do nome do cidadão no rol dos eleitores – art. 42 a 61 do CE.

• Deve demonstrar a nacionalidade, idade, domicílio eleitoral.* A transferência fraudulenta do título de eleitor também caracteriza o delito do art. 289 do CE.

*CONSUMAÇÃO DO CRIME DO ART. 289 CE

• Consuma-se o delito independentemente de estar completo o alistamento, bastando a apresentação do requerimento e documentos eivados de fraude, visando a obtenção da inscrição.

• Crime formal, que independe do resultado, não há necessidade que o agente consiga votar ou ser votado, basta a ação tendente à inscrição fraudulenta.

• QUESTÃO – O indeferimento da inscrição interromperia a conduta delituosa, evitando, assim, a consumação do delito. A tentativa é possível?

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*Elemento subjetivo do tipo descrito no art. 289 do CE

• Dolo genérico – vontade livre e consciente de inscrever-se mediante o emprego de meios astuciosos e fraudulentos. Não se exige fim especial de agir. Pena de até cinco anos de reclusão e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

• A figura típica do art. 289 não se confunde com a do art. 350 do CE, que se caracteriza pela conduta de omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou faz nele inserir declaração falsa ou diversa daquela que devia constar. Pode a conduta do art. 350 constituir meio para realização do tipo do art.289.

*INDUZIMENTO À INSCRIÇÃO DE ELEITOR EM INFRAÇÃO ÀS NORMAS LEGAIS

• Art. 290 – induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste Código.

• Ação típica consiste em instigar, sugerir, incitar, persuadir alguém a se inscrever eleitor, mediante a prática de atos violadores à legislação eleitoral.

• Dois elementos do crime – induzimento – violação às normas eleitorais.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 290

• Consumação – no momento em que a pessoa, por ter sido convencida pelo agente do crime, conclui no sentido de realizar a sua inscrição como eleitor violando a legislação eleitoral. O auxílio, a assistência material, o transporte da pessoa, não caracterizam o delito. Delito que independe do oferecimento de vantagem.

• Crime formal, não é necessário a obtenção da inscrição.

• Não admite tentativa. Pena de até 2 anos de reclusão e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

INSCRIÇÃO FRAUDULENTA EFETIVADA PELO JUIZ

• Art. 291 do CE – Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição do alistando.

• Trata-se de crime próprio – o sujeito ativo somente pode ser o juiz eleitoral ou aquele juiz designado para exercer algumas funções eleitorais, de 1º grau ou de instância superior. Comporta co-autoria.

• Crime formal, consumação se dá independente do resultado, com a ação de deferir a inscrição com fraude, mesmo que essa ordem não venha a ser cumprida.

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*Art. 291 do CE

• Tentativa possível, desde que iniciada a atuação fraudulenta do juiz no sentido de admitir a inscrição do alistando, venha a conduta a ser interrompida. Deferida a inscrição, não há mais falar em tentativa, mesmo que não tenha sido expedido o título eleitoral.

• Dolo genérico, não se exige fim especial de agir.

• Pena de até cinco anos de reclusão e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

*NEGATIVA OU RETARDAMENTO DE INSCRIÇÃO ELEITORAL

• Art. 292 do CE – negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição requerida. Rito do alistamento – art. 45 CE.

• Crime próprio – sujeito ativo autoridade judiciária de 1º grau ou de instância superior. TRE – 5 dias para apreciar recursos.

• Crime ocorre na segunda fase do alistamento, que se segue à inscrição.

• Retardar significa atrasar, delongar o exame. Negar consiste em indeferir a inscrição, quando presentes os requisitos legais.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 292 DO CE

• Consumação ocorre no momento em que o juiz eleitoral nega ou retarda a inscrição, sem base legal e de forma dolosa.

• Trata-se de crime formal, independe de resultado material.

• Tentativa não é possível.• Dolo genérico, não há necessidade de fim especial

de agir.Não é punido a título de culpa.• Pena – pagamento de 30 a 60 dias-multa.

*PERTURBAÇÃO OU IMPEDIMENTO DO ALISTAMENTO

• Art. 293 do CE – perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento.

• Alistamento caracteriza-se como conjunto de atos e compõe-se, basicamente, de duas fases, uma onde há a formulação e entrega do requerimento com os documentos necessários, e outra, onde, após o exame e diligência necessárias, dá-se o deferimento ou não do pedido. O crime pode ocorrer em qualquer uma dessas fases.

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*CONSUMAÇÃO – ART. 293

• A conduta de impedir se revela em obstar, inviabilizar a inclusão do nome de determinada pessoa no registro eleitoral e deve atingir alguém que detenha condições legais para obtenção do título. Perturbar traduz embaraços, dificuldades.

• O impedimento ou perturbação pode atingir diretamente o alistando ou os membros e funcionários da Justiça Eleitoral encarregados desse mister. Consuma-se com a prática dos atos de impedir ou perturbar. É possível a tentativa.

*Art. 293 do CE

• Dolo genérico – não há necessidade de o agente visar a obtenção de benefício próprio ou de terceiro. Basta a vontade deliberada de praticar atos que provoquem o impedimento ou a perturbação do alistamento.

• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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*RETENÇÃO DE TÍTULO ELEITORAL OU DO COMPROVANTE DE

ALISTAMENTO• Art. 91, parágrafo único, da Lei n.9.504,de 1997 –

retenção de título eleitoral ou do comprovante de alistamento.

• Tipo penal não exige que o ato se dê contra a vontade do eleitor. Basta a não entrega de tais documentos ao alistando ou ao eleitor, sem motivo legal, para que se dê a consumação do crime.

• Trata-se de crime próprio, sujeito ativo somente podem ser os servidores responsáveis pela entrega do comprovante do alistamento ou do título de eleitor. Dolo genérico. Pena- detenção 1 a 3 meses.

*RETENÇÃO DO TÍTULO ELEITORAL CONTRA A VONTADE DO ELEITOR

• Art. 295 do CE – reter título eleitoral contra a vontade do eleitor.

• Não há necessidade que resulte no impedimento do exercício do direito de voto. Violação à liberdade do eleitor de portar o documento.Crime que independe do resultado.

• Consumação – a partir do momento em que pretenda o eleitor reaver o seu título e não obtenha a restituição. Delito que se protrai no tempo.

• Tentativa de difícil configuração. Dolo genérico.• Pena de detenção de 15 dias a 2 meses ou

pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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*CRIMES RELATIVOS A PARTIDOS POLÍTICOS

• Partidos políticos – pessoas jurídicas de direito privado, adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, sendo que somente após o registro de seus atos constitutivos no Cartório de Títulos e Documentos, deverão ser registrados no TSE.

• Registro na Justiça Eleitoral – finalidade de permitir controle de ordem subjetiva, quantitativa, qualitativa e financeira sobre essas entidades.

• Partidos políticos exercem atos por delegação da autoridade pública, ninguém pode ser votado ou exercer o direito de elegibilidade se não estiver inscrito em um partido político.

*OBJETIVIDADE JURÍDICA

• Os crimes eleitorais concernentes aos partidos políticos visam resguardar, justamente, a autenticidade, a legitimidade da formação desses entes, bem como o seu regular desenvolvimento, o exercício de suas funções, posto que é partir desses entes que surgirão as candidaturas, além de que através deles são defendidas ideologias.

• Lacunosa é a legislação quanto aos ilícitos perpetrados por dirigentes e filiados a partidos políticos quando da utilização de valores e subvenções para o custeio das campanhas eleitorais. Nessa seara são perpetradas fraudes.

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NECESSIDADE DE NOVOS TIPOS PENAIS

• Várias condutas, tais como aquelas relativas à efetivação de doações de valor superior ao permitido, bem como a de aplicação de valores não declarados devidamente à Justiça Eleitoral, de realização de gastos além daqueles estabelecidos para a campanha eleitoral e, ainda, desvios de valores, apropriação ou dispersão de fundos para fins distintos dos contemplados na lei, deveriam ser tipificados.

• Modelo espanhol poderia ser adotado – Lei 9.100/95 contemplava alguns tipos penais nessa seara – devem retornar à legislação eleitoral.

SUBSCRIÇÃO DE MAIS DE UMA FICHA DE REGISTRO DE PARTIDO

• Art. 319 do CE – subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos.

• Conduta delituosa se revela pelo ato de assinar a ficha de registro de um ou mais partidos, não sendo necessário tenha sido admitido o respectivo registro, nem tampouco tenha sido levado à Justiça Eleitoral para os fins próprios. Tentativa possível.

• Crime de perigo. Pena de detenção de 15 dias a 1 mês ou pagamento de 10 a 30 dias multa.

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INSCRIÇÃO SIMULTÂNEA EM DOIS OU MAIS PARTIDOS

• Art. 320 do CE – inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos.

• Cada eleitor deve contar com uma única inscrição a partido político, posto que da filiação decorre a adesão ao programa defendido pela entidade e também direitos consignados nos estatutos, inclusive a apresentação de candidatura.

DESFILIAÇÃO PARTIDÁRIA

• Não pode o eleitor possuir, ao mesmo tempo, inscrição em mais de um partido político, sendo a ele facultado desligar-se do partido, na forma do art. 21 da Lei n. 9.096/95, mediante comunicação escrita ao órgão de direção municipal e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito.

• Assim deverá agir até o dia imediato ao da nova filiação, sob pena de restar caracterizada a duplicidade de filiações, a determinar a nulidade de ambas, bem como o delito do art. 320 do CE.

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ART. 320 DO CE

• Dolo genérico – não há necessidade de fim específico.

• Consumação – momento da duplicidade de inscrições, vencido o prazo de desfiliação do partido anterior.

• Tentativa de difícil configuração.

• Pena – 10 a 20 dias multa.

COLETA DE ASSINATURA EM MAIS DE UMA FICHA DE REGISTRO DE PARTIDO

• Art. 321 do CE – coletar assinatura de eleitor em mais de uma ficha de registro de partido político.

• Trata-se não da ação ilícita do eleitor de subscrever mais de uma ficha de registro de partido, mas da ação daquele que colhe a assinatura do eleitor em mais de um documento de registro.

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ART. 321 DO CE

• Elemento subjetivo – dolo genérico-• Consumação – momento em que são colhidas as

assinaturas do eleitor em mais de uma ficha de registro.

• Tentativa possível.• Trata-se de crime de perigo, irrelevante tenha

ocorrido prejuízo efetivo à formação do partido.• Pena – detenção de 15 dias a 2 meses ou

pagamento de 20 a 40 dias-multa.

NÃO CONCESSÃO DE PRIORIDADE POSTAL

• Art. 239 do CE – garante prioridade postal aos partidos políticos, durante os 60 dias anteriores à realização das eleições, para remessa de propaganda de seus candidatos registrados.

• Sendo negada ou restringida essa prioridade, mediante ação de funcionário da empresa encarregada de assim proceder, caracterizado está o delito.

• Trata-se de crime próprio – somente pode ser cometido por funcionário encarregado de remeter, despachar o material de propaganda.

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Art. 239 do CE

• Consumação – momento em que o funcionário deixa de assegurar prioridade postal à remessa do material de propaganda – conduta omissiva.

• Objetividade jurídica – assegurar recepção do material pelo seu destinatário em tempo hábil.

• Dolo genérico-• Tentativa inadmissível, início da ação omissiva já

resulta na consumação do crime.• Pena – pagamento de 30 a 60 dias multa.

UTILIZAÇÃO DE PRÉDIOS OU SERVIÇOS DE REPARTIÇÕES PÚBLICAS

• Art. 346 do CE – utilizar serviço de qualquer repartição federal, estadual, municipal, autárquica, fundacional, de sociedade de economia mista, de entidade mantida ou subvencionado pelo Poder Público, ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, para beneficiar partido ou organização de caráter político.

• A estrutura administrativa, os órgãos, o patrimônio dos entes públicos não podem ser desviados de suas finalidades precípuas para favorecer partido político ou organização política.

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ART. 346 DO CE

• Bem jurídico tutelado – moralidade administrativa.

• Sujeito ativo pode ser a autoridade responsável pelos entes e órgãos indicados no tipo, bem como os servidores que prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à infração penal, seja na condição de autor, co-autores ou partícipes.

• Ação não precisa causar prejuízo econômico ou financeiro ao ente público.

ART. 346 DO CE

• Indispensável para a integração do tipo, que algum partido ou organização política tenha obtido benefício com a utilização do serviço ou bem.

• Benefício pode ser material ou moral, dotado de expressão econômica ou aferível em termos de prestígio.Consumação ocorre no momento em que se dá o benefício, mediante a ação comissiva ou omissiva. Tentativa possível.

• Dolo específico – fim especial de favorecer, de beneficiar partido político ou organização política.

• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

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INELEGIBILIDADES

• Um dos direitos políticos de maior relevo é o de ser votado e decorre da presença de determinados pressupostos constitucionais e legais.

• São condições de elegibilidade – nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária, idade mínima, alfabetização.

• Nacionalidade – brasileiros natos, art. 12, I, CF• Naturalizados – art. 12, II, da CFI

EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS

• Estarão presentes se não caracterizadas as hipóteses de perda ou suspensão dos direitos políticos.

• A supressão dos direitos políticos poderá decorrer da:

• - perda da nacionalidade brasileira (cancelamento da naturalização) – art. 15, I, e 14, par. 4o, I, CF.

• - aquisição de outra nacionalidade, salvo os casos do artigo 12, par. 4o, II, CF.

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SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS

• São casos de suspensão dos direitos políticos:

• - incapacidade civil absoluta enquanto perdurar essa situação - art. 15, II, da CF.

• - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos – art. 15, III, da CF.

• - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa – art. 15, IV, da CF.

• - improbidade administrativa – art. 15, V, da CF.

OUTRAS CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

• ALISTAMENTO ELEITORAL – deve estar inscrito como eleitor na circunscrição em que irá disputar a eleição – art. 14, par. 3o, III, da CF.

• DOMICÍLIO ELEITORAL - CIRCUNSCRIÇÃO onde pretende disputar a eleição, art. 14, par. 3o, IV, da CF.

• FILIAÇÃO PARTIDÁRIA art. 14, par. 3o, V, da CF.

• IDADE MÍNIMA - art. 14, par. 3o, VI, da CF.

• ALFABETIZAÇÃO - art. 14, par. 4o, da CF.

• CAUSAS DE INELEGIBILIDADES – art. 14, par. 7o, 8o e 9o, da CF e Lei Complementar n. 64|90.

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ARGUIÇÃO DE INELEGIBILIDADE TEMERÁRIA OU DE MÁ-FÉ

• Art. 25 da LC 64/90 - constitui crime eleitoral a argüição de inelegibilidade ou a impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé.

• Publicado o pedido de registro de candidatura, pode ser apresentada impugnação, no prazo de 5 dias, com base na falta de condições de elegibilidade ou na presença de causas de inelegibilidade e, ainda, no não cumprimento dos prazos de desincompatibilização.

ART. 25 DA LC 64/90

• A argüição realizada sem substrato fático e legal, temerária, eivada de má-fé, constitui crime, em face dos danos ao processo eleitoral.

• Objetividade jurídica – tutelar o direito de ser votado e resguardar o processo eleitoral.

• Na 1ª hipótese contemplada na norma a argüição decorre da influência do poder econômico visando afastar da disputa o candidato; na 2ª decorre da influência indevida do poder de autoridade (prestígio funcional); na 3ª o agente não adota as

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Art 25 da LC 64/90

• cautelas necessárias para certificar-se da existência das causas de inelegibilidade e, impetuosamente, formula a argüição; e, na última, age de má-fé, sabendo da insubsistência ou inexistência das causas alegadas na argüição de inelegibilidade.

• Elemento subjetivo – tanto dolo direto como o eventual ( argüição temerária) – agente tem consciência acerca do risco de produzir o resultado.

Art.25 da LC 64/90

• Consumação do crime – momento em que é apresentada a argüição perante a JE – não depende do julgamento da argüição, se acolhida, não há falar em crime.

• Tentativa possível – Pena 6 meses a 2 anos de detenção e multa.

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*CRIMES CONCERNENTES À PROPAGANDA ELEITORAL

• Propaganda eleitoral tem a finalidade de realizar a divulgação do pensamento dentro de padrões éticos e construtivos, de forma a possibilitar que os eleitores conheçam os programas, idéias e propostas de partidos e candidatos.

• Não pode a propaganda ser destrutiva, devastadora, enganosa, difamatória, injuriosa ou caluniosa.

• Objetividade jurídica – tutela a veracidade e autenticidade da propaganda eleitoral.

CONCEITO DE PROPAGANDA ELEITORAL

• Caracteriza-se pela utilização de métodos e instrumentos tendentes a persuadir o eleitor a deliberar em favor de determinados candidatos ou partidos.

• É um direito dos candidatos e partidos.• Deve observar os princípios da paz social, da

dignidade da pessoa humana, não pode incitar guerra ou processo violentos, nem atentar contra a ordem política e social ou levar a preconceitos de raça ou de classes, além de que deve ser realizada de forma igualitária.

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ESPÉCIES DE PROPAGANDA ELEITORAL

• PARTIDÁRIA – levada a efeito pelos partidos políticos e visa difundir os programas partidários, transmitir mensagens aos filiados, além de propostas em relação a temas político-comunitários.Não pode servir para pré-candidatos anteciparem suas campanhas eleitorais.

• Propaganda pré-eleitoral ou intrapartidária–utilizada pelo postulante de candidatura a cargo eletivo, com vista à escolha de seu nome pelo partido. É facultada na quinzena que antecede a convenção do partido. Não podem ser usados o rádio e a televisão, nem ser dirigida ao eleitorado.

PROPAGANDA ELEITORAL

• Propaganda eleitoral stricto sensu – destinada a persuadir os eleitores a escolherem determinados candidatos ou partidos nas eleições que serão realizadas. É permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição – pode assumir variadas formas –comícios, alto-falantes, folhetos,volantes, placas, faixas, imprensa, rádio e televisão (45 dias anteriores à antevéspera das eleições)

• Descriminalização – art. 322,328,329 e 333 CE.

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DIVULGAÇÃO DE FATOS INVERÍDICOS NA PROPAGANDA ELEITORAL

• Art. 323 do CE – divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado. Tutela dos eleitores contra métodos falsos de induzimento e persuasão.

• Basta o perigo de dano para a configuração do crime, ou seja, a potencialidade lesiva da divulgação do fato inverídico na propaganda eleitoral, não sendo necessário o dano efetivo.

• Os candidatos e partidos não têm o direito de divulgar fatos inverídicos, seja a seu respeito, seja a respeito de adversários.

ART. 323 DO CE

• Elementos constitutivos do tipo• divulgação de fatos inverídicos -• na propaganda eleitoral (partidária, intrapartidária

ou stricto sensu) -• aptidão de causar influência no eleitorado, seja de

ordem positiva ou negativa em relação a candidato ou partido.

• Consumação pode ocorrer não só no período da campanha eleitoral, mas também antes.

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Art. 323 do CE

• Dolo específico - agente movido pela vontade de divulgar fatos inverídicos na propaganda eleitoral para influir no espírito do eleitorado.

• Consumação – no momento em que se dá a divulgação.Tentativa possível.

• Pena – 2 meses a um ano de detenção ou pagamento de 120 a 150 dias-multa. Se cometido pela imprensa, rádio ou televisão, a pena é agravada de 1/5 a 1/3, art. 285 do CE.

CALÚNIA NA PROPAGANDA ELEITORAL

• Art. 324 do CE – caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.

• Trata-se de crime contra a honra praticado durante a propaganda eleitoral com a intenção de influenciar, de incutir no espírito do eleitorado uma impressão negativa.

• Atinge a honra objetiva, a reputação da pessoa no meio social em que vive, o conceito que goza perante terceiros.

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ART. 324 DO CE

• Elementos constitutivos do crime – falsidade da imputação – que ocorre não só quando o fato não é verdadeiro, como também, quando verdadeiro, é inocente a pessoa acusada - cabe a exceção da verdade.

• Imputação falsa relativa a crime.• Ação típica pode ocorrer tanto pela linguagem

escrita, falada ou através de símbolos, figuras, montagens.

• Consumação – no momento em que a imputação falsa é conhecida por pessoa diversa daquela que a realizou. Possível a tentativa.

ART. 324 DO CE

• Meras críticas não caracterizam o crime de calúnia. A imputação falsa deve consistir em fato determinado, individualizado, preciso, alusões genéricas não caracterizam esse delito, mas sim injúria.

• Dolo direto e eventual - consciência absoluta da falsidade ou, pelo menos, a dúvida, com o fim de atingir a honra alheia durante a propaganda eleitoral.

• Incide no crime, não só quem tem a iniciativa de caluniar, mas também quem propala ou divulga o fato, sabendo da falsidade.

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ART. 324 DO CE

• Provada a veracidade, afastada está a ilicitude da conduta. Exceção da verdade é possível afora os casos previstos no art. 324, par. 2o, do CE:

• fato imputado - crime de ação privada – ofendido não condenado com trânsito em julgado.

• imputação ao Presidente da República ou Chefe de governo estrangeiro.

• crime imputado de ação pública, ofendido absolvido com trânsito em julgado.

• Pena – detenção de 6 meses a 2 anos e pagamento de 10 a 40 dias-multa.

DIFAMAÇÃO NA PROPAGANDA ELEITORAL

• Art. 325 – difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.

• Consiste na imputação de fato que, embora sem estar dotado de caráter criminoso, incide na reprovação ético-social, sendo, portanto, ofensivo à reputação da pessoa a quem se atribui.

• Trata-se de conduta que ofende a honra objetiva, ou seja, a reputação, boa fama, valor social que detém no meio, por isso só se consuma ao chegar ao conhecimento de terceiro.

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Art. 325 do CE

• Não importa se o fato imputado corresponde ou não à realidade, se é falso ou verdadeiro, mas deve ser apto a causar repercussão no meio social, abalando o conceito de que goza a pessoa.

• A norma visa coibir atitude daqueles que se arvoram em censores.

• Deve ser concernente a fato determinado – alusões genéricas podem caracterizar outro crime, o de injúria. Meras críticas não caracterizam o crime.

• Condição de candidato da vítima não é indispensável.

ART. 325 DO CE

• Elemento subjetivo – dolo específico, deve ter por fim depreciar o valor que detém a vítima no meio social.

• Consumação no momento em que a imputação difamatória é feita na propaganda, ou com fins de propaganda, e chega ao conhecimento de terceiro.

• Exceção da verdade somente admitida se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.(ex. delegado candidato – fato relativo ao exercício funcional)

• Pena – de 3 meses a um ano de detenção e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

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INJÚRIA NA PROPAGANDA ELEITORAL

• Art. 326 – injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro.

• Ofensa à honra subjetiva da vítima – ao sentimento de cada um possui no que concerne à própria honorabilidade e respeitabilidade.

• Pode ser veiculada de várias formas – palavra oral e escrita, símbolos, gestos, e não precisa ser dirigida somente contra candidato ou eleitor, mas deve ocorrer na propaganda eleitoral, ou com fins de propaganda.

ART. 326 DO CE• Elemento subjetivo – dolo específico• Consumação – momento em que a vítima toma

conhecimento da injúria, não há necessidade de que terceiros tomem ciência.Tentativa possível.

• Pena 15 dias a 6 meses de detenção ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.Pena pode deixar de ser aplicada em caso de provocação ou de retorsãoimediata, que consista em outra injúria, art. 326, par. 1º, do CE.

• Pena de 3 meses a 1 ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas correspondentes à violência, se a injúria consiste em violência ou vias de fato. – art. 326, par. 2o, do CE.

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INUTILIZAÇÃO, ALTERAÇÃO OU PERTURBAÇÃO DE

PROPAGANDA• Art. 331 do CE – inutilizar, alterar ou perturbar

meio de propaganda devidamente empregado –• Tutela conferida ao livre exercício da propaganda

eleitoral - proteção ao direito à propaganda eleitoral levada a efeito através de meios e modos legítimos, lícitos, realizada dentro dos ditames legais, no tempo e modo devidos.

• Inutilizar – destruir, tornar sem efeito propaganda eleitoral regularmente realizada.

• Alterar – modificar, dar um novo sentido –• Perturbar- colocar empecilhos, dificultar -

ART. 331 DO CE

• Elemento subjetivo – dolo genérico –vontade deliberada e consciente de impedir o exercício regular do direito à propaganda, em qualquer de suas modalidades.

• Censura prévia constitui cerceamento abusivo da propaganda eleitoral.

• Pena – detenção de 15 dias a 6 meses e pagamento de 30 a 60 dias –multa.

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REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA ELEITORAL NO

DIA DA ELEIÇÃO• Art. 39, par. 5o, I, II e III, da Lei 9.504/97,com a

redação dada pela Lei n.11.300/2006 –É crime• usar alto-falantes e amplificadores de som ou a

promoção de comício ou carreata, no dia da eleição;

• a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna, no dia da eleição;

• a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, broches ou dísticos em vestuário, no dia da eleição.

REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA ELEITORAL NO DIA DA ELEIÇÃO

• Tutela a liberdade do eleitor de votar sem sofrer qualquer constrangimento, daí ser vedada a propaganda eleitoral no dia da eleição.

• Proibido está o aliciamento de eleitores no dia da eleição, bem como a divulgação de qualquer espécie de propaganda.

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ART. 39, PAR. 5o, I,II E III DA LEI 9.504/97

• Não pode ser realizada a chamada “boca de urna”, que se revela pela distribuição de impressos, volantes aos eleitores, no dia da eleição, ou, ainda, o comportamento de aliciar, de tentar persuadir o eleitor a votar em determinado candidato ou partido.

• Essas práticas são vedadas não somente nas proximidades das seções eleitorais, mas em qualquer lugar, na data da eleição.

• Crime somente pode ser cometido durante o horário da eleição ou quando os eleitores estão se dirigindo ao local de votação.

ART. 39, PAR. 5o, I, II e III, DA LEI 9.504/97

• Elemento subjetivo – dolo específico – vontade consciente e deliberada de realizar a propaganda vedada com o fim de influir na vontade do eleitor. Atirar panfletos na rua ou mesmo espalhar propaganda eleitoral durante a madrugada, enquanto os eleitores dormem e as secções eleitorais estão fechadas, não configura o delito.

• Consumação - no momento em que se dá a propaganda irregular no dia da eleição, independentemente do resultado, mesmo que não convença o eleitor ou não aceite a propaganda.

• Pena – 6 meses a 1 ano, pena alternativa prestação de serviços e multa.

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UTILIZAÇÃO DE ORGANIZAÇÃO COMERCIAL PARA PROPAGANDA OU ALICIAMENTO DE ELEITORES

• A propaganda deve ser realizada sob a responsabilidade dos partidos e candidatos e por eles paga. Não pode ser efetivada mediante a utilização ou interposição de empresas privadas, daí o art. 334 do CE considerar crime a conduta de utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores.

• Tutela a realização da propaganda dentro de padrões igualitários, coibindo o abuso do poder econômico, a utilização de empresas com finalidade de influenciar o eleitorado.

ART. 334 DO CE

• Organização comercial – não só aquela que realiza a compra e venda de produtos, mas toda aquela que desenvolve atividade lucrativa e vem a levar e efeito propaganda, mediante a utilização da distribuição de mercadorias, prêmios ou sorteios.

• Ex. emissora de rádio - prêmios a ouvintes –perguntas vinculando a algum candidato – entrega de bens em bairros por empresa comercial.

• Art. 334 encerra quatro tipos penais:

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ART. 334 DO CE

• a)valer-se de organização comercial de vendas;• b) distribuir mercadorias;• c) distribuir prêmios;• d) proceder a sorteios.• Os três últimos não envolvem necessariamente

organização comercial de vendas, podendo resultar de atividade desenvolvida por qualquer pessoa jurídica ou natural.

• Se a distribuição tiver sentido de contrapartida –voto - crime é de corrupção eleitoral.

ART. 334 DO CE

• Art. 334 – trata-se de um mimo – visando convencer o eleitor .

• Elemento subjetivo – dolo específico – realizar a distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para fins de propaganda ou aliciamento de eleitores.

• Consumação – momento em que as condutas são realizadas – tentativa possível.

• Pena – 6 meses a 1 ano de detenção e cassação do registro se o responsável for candidato.

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UTILIZAÇÃO DE SÍMBOLOS, FRASES OU IMAGENS DE ENTES PÚBLICOS NA

PROPAGANDA ELEITORAL• Art. 40 da Lei 9.504/97 – usar na propaganda

eleitoral, símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de economia mista.

• Visa afastar a influência, que poderia exercer no eleitorado, a vinculação a determinado candidato ou partido, de símbolos, frases ou imagens utilizadas por entes públicos ou empresas da administração indireta.

ART. 40 DA LEI 9.504/97

• Elemento subjetivo – dolo• Consumação – momento em que é feito o

uso indevido, na propaganda eleitoral, dessas insígnias, imagens ou frases.

• Tentativa possível.• Pena – 6 meses a 1 ano de detenção, com

alternativa de prestação de serviços à comunidade e multa.

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REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA ELEITORAL EM LÍNGUA

ESTRANGEIRA• Art. 335 do CE – fazer propaganda, qualquer que

seja a sua forma, em língua estrangeira.• A língua nacional é o português, art. 13 da CF,

pelo que a utilização de qualquer outro idioma na propaganda eleitoral é crime.

• Protege a soberania nacional, a independência nacional – a língua é uma das expressões de soberania e espírito nacionalista de um povo. Visa evitar ingerência alienígena.

• Campanha é disputa de brasileiros, natos e naturalizados

ART.335 DO CE

• Elemento subjetivo – dolo genérico – não há necessidade de o agente visar fim específico.

• Consumação – momento em que se dá utilização indevida do idioma estrangeiro na propaganda eleitoral. Tentativa possível.

• Materialidade pode estar expressa em papéis e objetos – apreensão – perdimento no caso de condenação – art. 335 do CE e 91, II, a, do CP.

• Pena – 3 a 6 meses de detenção e pagamento de 30 a 60 dias-multa, além da apreensão e perda do material utilizado na propaganda.

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PARTICIPAÇÃO DE PESSOA NÃO DETENTORA DE DIREITOS POLÍTOS NA PROPAGANDA ELEITORAL

OU EM ATIVIDADES PARTIDÁRIAS

• Art. 337 do CE – participar o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos políticos de atividades partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos.

• Responsável pelas emissoras de rádio ou televisão que autorizar transmissões de que participem pessoas não detentoras de direitos políticos, bem como o diretor de jornal que lhes divulgar os pronunciamentos, incorrerão nas mesmas penas.

• Dolo genérico – vontade de realizar atividades político-partidárias sem deter direitos políticos.

Art. 337 do CE

• A Lei de Estrangeiros (Lei n. 6.815/80) também proíbe ao estrangeiro o exercício de atividade de natureza política, mesmo que atinjam somente os compatriotas. Estão afastados dessa proibição os portugueses, beneficiários do estatuto da igualdade, dado que a eles são reconhecidos direitos políticos, art. 12, par. 1o, da CF. Para tanto devem ter residência permanente no Brasil. O brasileiro que não goze de direitos políticos (art. 15 da CF) também não pode participar da propaganda eleitoral e de atividades partidárias.

• Pena 15 a 6 meses e 90 a 120 dias multa.

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RESPONSABILIDADE PENAL DOS DIRETÓRIOS PARTIDÁRIOS

• Art. 336 do CE – dever de o juiz verificar se o diretório local do partido, por qualquer de seus membros, concorreu para a prática dos delitos relativos à propaganda eleitoral, ou dela se beneficiou, conscientemente, sendo que nesses casos, há de dar a suspensão de sua atividade eleitoral pelo prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro em caso de reincidência.

• Concurso ou participação do diretório político ou de um seu membro na propaganda eleitoral delituosa ou se a atividade veio a lhes beneficiar.

PESQUISA FRAUDULENTA

• Pesquisas consistem em consultas feitas a determinadas faixas da população com a objetividade de restarem aferidas preferências, escolhas, opiniões.

• Trata-se de coleta de dados – amostragem• Divulgar pesquisa obtida por meios fraudulentos –

crime – art. 33, par. 4o, da Lei 9.504/97.• A fraude pode se revelar através de ardis,

artifícios, ou qualquer outro meio que permita dar uma aparência e, assim, iludir as pessoas a respeito da pesquisa eleitoral.

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PESQUISA FRAUDULENTA

• O crime pode consumar-se tanto na hipótese de serem alterados dados relativos a uma pesquisa eleitoral, como também sem ter havido a consulta, ocorrer a divulgação de resultados enganosos. Trata-se de pesquisa que não corresponde à realidade, que não retrata a efetiva opinião das pessoas consultadas. Crime de perigo de dano -desnecessária a concretização da influência no eleitorado.

• Dolo genérico. Consumação no momento em que é divulgada a pesquisa – conhecida por terceiros.

• Pena 6 meses a 1 ano de detenção e multa.

NÃO ACESSO DOS PARTIDOS AOS DADOS RELATIVOS ÀS PESQUISAS• Art. 33 da Lei n. 9.504/97 – as entidades e

empresas que realizarem pesquisas relativas às eleições ou candidatos devem registrar, para conhecimento público, as informações pertinentes ao trabalho desenvolvido até cinco dias antes da divulgação. Deverão indicar quem contratou a pesquisa, o valor, a origem dos recursos, a metodologia, período de realização, plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico e área física, intervalo de confiança e margem de erro, sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo, questionário completo aplicado, nome de quem pagou o trabalho.

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ART. 34, PAR. 2o, DA LEI 9504/97

• Partidos políticos poderão ter acesso ao sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades que divulgaram pesquisas, mediante intervenção da Justiça Eleitoral, sendo que se não forem disponibilizados tais dados, resulta caracterizado o crime de retardar, impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos no que concerne às pesquisas eleitorais, art. 34, par.2o, da Lei 9.504/97.

• Visa resguardar a fiscalização – dolo genérico. • Pena 6 meses a 1 ano, com alternativa de

prestação de serviços à comunidade e multa.

IRREGULARIDADES NOS DADOS PUBLICADOS EM PESQUISA

ELEITORAL• Pesquisas eleitorais não podem conter

imprecisões, irregularidades no que tange aos dados publicados, sob pena de caracterizar crime.

• Elemento subjetivo – dolo direto e eventual.• Tanto na hipótese de o agente ter desejado o

resultado, como também na de ter assumido, conscientemente, o risco de produzi-lo tipifica o crime do art. 34, par. 3o, e 35 da Lei n. 9.504/97 –não pode ser punido a título de culpa.

• Pena 6 meses a 1 ano, com alternativa de prestação de serviços à comunidade e multa.

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CRIMES ELEITORAIS -VOTAÇÃO

• Visam tutelar o exercício do direito de voto, a liberdade de escolha do eleitor, de molde a que seja a votação realizada sem qualquer alteração, impedimento ou desvirtuamento.Direito de voto além de consistir num direito do cidadão, também é dotado de função social.

• Art. 297 do CE – impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio, o que significa obstar ou causar embaraços ao exercício desse direito.

• Campanha para que haja voto em branco não caracteriza o delito em pauta. Dolo genérico.

• Pena – 15 a 6 meses de detenção e 60 a 100 d-m.

PRISÃO OU DETENÇÃO DE ELEITOR, MEMBRO DE MESA, FISCAL, DELEGADO DE PARTIDO OU

CANDIDATO

• Art. 298 – prender ou deter eleitor, membro de mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com violação do disposto no art. 236 do CE.

• Nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e até 48h depois do encerramento da eleição prender ou deter eleitor, salvo flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável.

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ART. 298 DO CE

• Os membros de mesas receptoras e fiscais de partido não poderão ser presos durante o exercício de suas funções, salvo flagrante delito.

• o mesmo ocorrendo no que tange aos candidatos desde 15 dias antes da eleição.

• Considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal; acaba de cometê-la; é perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser autor da infração(impróprio); ou, então, é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o autor do ilícito (presumido).

ART. 298 DO CE

• pode ocorrer a prisão no qüinqüídio que antecede a eleição e até 48 h. depois, na hipótese de ter desobedecido à ordem de salvo conduto dada em favor de outrem.

• Qualquer pessoa pode ser o autor do crime 298 do CE, não havendo exigência de que somente possa ser perpetrado por autoridade judiciária ou policial.

• Crime permanente . Tentativa possível. Dolo genérico.

• Pena de 1 a 4 anos de reclusão.

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CORRUPÇÃO ELEITORAL

• Art. 299 do CE – dar, oferecer, prometer (corrupção ativa), solicitar ou receber, para si ou para outrem (corrupção passiva), dinheiro, dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita.

• Voto não é mercadoria exposta à venda.• Qualquer pessoa pode cometer o delito, não

precisa ser candidato.• Tratando-se de candidato comete também a

infração do art. 41-A da Lei 9.504/97. Os dois preceitos podem ser aplicados, cada um em processo próprio.

CORRUPÇÃO ELEITORAL

• Benefício pode consistir em qualquer recompensa, dada ou prometida, para conseguir o voto ou abstenção, seja material, moral, econômico, financeiro, apoio ou outro qualquer.

• Deve ser concreto, individualizado, direcionado a uma ou mais pessoas, não caracterizando o delito promessas genéricas.

• Se a oferta é para comparecer a comício, não caracteriza o crime.

• Consumação no momento da oferta, independentemente da aceitação ou do recebimento.

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CORRUPÇÃO ELEITORAL

• Não há necessidade que ocorra o pagamento. Trata-se de crime formal. Pune-se pelo perigo de dano. Também não se exige que a promessa ocorra em data próxima da eleição.

• Já a captação de sufrágio (art. 41-A) exige que a doação, oferecimento, promessa ou entrega ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, de vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, seja realizada pelo candidato, no período compreendido entre a data do registro da candidatura até o dia da eleição.

CORRUPÇÃO ELEITORAL

• O art. 23, § 5o, da Lei 9.504/97, com a redação da Lei 11.300/06, veda quaisquer doações em dinheiro, bem como troféus, prêmios, ajuda de qualquer espécie feitas por candidato, entre o registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas. Pena –será negado ou cassado o diploma. Art.30-A §2o. Não precisa estar presente a corrupção eleitoral.

• Dolo específico – deve visar a obtenção de voto.• Tentativa possível. Pena - 1 a 4 anos de reclusão e

5 a 15 dias-multa.

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COAÇÃO VISANDO A OBTENÇÃO DE VOTO OU ABSTENÇÃO

• Art. 300 do CE – valer-se o servidor público de sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido.

• Trata-se de crime próprio, somente pode ser praticado por servidor público, se for da justiça eleitoral, a pena é agravada.

• Conceito de servidor público – art. 283 CE.-administração direta ou indireta, bem como aqueles que exercem temporariamente a função pública, remunerados ou não.

• Visa resguardar a liberdade de voto.

ART. 300 D0 CE

• Coação - ato ou omissão que cause intimidação, temor no eleitor, que represente promessa de malefício, e pode se revelar de forma oral, escrita, mímica ou simbólica e, ainda, pode ser física ou psíquica.

• Se for coação física, não pode consistir violência ou grave ameaça, pois se assim for estaremos diante do crime do art. 301 do CE.

• Coação deve ser idônea e séria – representar efetiva intimidação, receio de um mal.Caso de superior hierárquico que coage seu subordinado a votar, sob pena de sofrer perdas funcionais.

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Art. 300 do CE

• Coação deve ser direta, específica, atingindo um ou mais eleitores determinados, não podendo ser genérica, indeterminada. Ex. se não for eleito, determinado setor público sofrerá perdas, não caracteriza o delito.

• Dolo específico, deve visar a obtenção do voto ou da abstenção.

• Consumação – momento da coação. Crime formal. Tentativa admissível.

• Pena 15 dias a 6 meses de detenção, agravada de 1/5 a 1/3 se for servidor da Justiça Eleitoral.

VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA

• Art. 301 – uso de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos.

• Há necessidade da “vis corporalis”, utilização de força física, ou da violência moral, intimidação de maior envergadura, para constranger o eleitor.

• Qualquer pessoa pode ser sujeito do crime, não só o servidor público, como no crime anterior.

• Trata-se de crime formal, não sendo relevante a obtenção do resultado. Tentativa possível, dolo específico. Pena – 1 a 4 anos reclusão e 5 a 15 d-m

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CONCENTRAÇÃO DE ELEITORES

• Art. 302 CE – promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, a concentração de eleitores sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo.

• 2 elementos para a caracterização do crime: existência de concentração de eleitores na data da eleição; finalidade de impedir (inviabilizar), embaraçar (dificultar) ou fraudar o exercício do direito de voto.

• Crime formal – consumação no momento da concentração de eleitores com propósito ilícito.

ART. 302 DO CE E ART. 11, III E ART. 5o DA LEI 6091/74

• Dolo específico- concentração de eleitores com fim de obstar, embaraçar ou fraudar.

• O mero transporte de eleitores, sem o fim específico acima mencionado não caracteriza o crime do art. 302. Crime formal.

• O delito do artigo 11, III, c|c com o art. 5o da Lei 6.091/74 também exige dolo específico -transporte de eleitores desde o dia anterior até o posterior à eleição realizado com propósito eleitoral, ou seja, de obter vantagem de ordem eleitoral, em benefício de determinado candidato ou partido.

• Pena – de 4 a 6 anos de reclusão e 200 a 300 d-m.

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Majoração de preços de utilidades e serviços necessários à eleição

• Art.303 do CE – majorar preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.

• Visa proteger os consumidores de utilidades e serviços em relação a abusos de ordem econômica em razão das eleições.

• O transporte e alimentação de eleitores no dia da eleição, bem como, durante a campanha, o material de propaganda, não podem sofrer aumentos abusivos, sob pena de tipificar o delito.

ART. 303 DO CE

• Trata-se de aumento abusivo, anormal, e não aquele decorrente do aumento de custos para o fornecimento de bens e serviços.

• Consumação do crime independente do dano financeiro causado a eleitores ou consumidores. Crime formal.

• Dolo genérico. Tentativa possível.• Pena – 250 a 300 dias-multa.

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OCULTAÇÃO,SONEGAÇÃO OU RECUSA DE FORNECIMENTO

• Art. 304 do CE – ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar, no dia da eleição, o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato.

• Resguarda a população, no dia da eleição, quanto ao suprimento de necessidades essenciais e garante também não possa haver favoritismo ou discriminação.

• Ocultar (esconder), sonegar (fornecimento reduzido), açambarcar (monopolizar), recusar (negar) o fornecimento de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou fornecê-los com exclusividade.

ART. 304 DO CE.

• Somente pode ocorrer no dia da eleição.

• Trata-se de crime formal, não precisa o agente obter alguma vantagem.

• Dolo genérico.

• Tentativa possível.

• Pena 250 a 300 dias-multa.

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INTERVENÇÃO INDEVIDA DE AUTORIDADE JUNTO À MESA

RECEPTORA• Art.305 CE – intervir autoridade estranha à mesa

receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento, sob qualquer pretexto.

• A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora, constituída por um presidente, um 1o e 2o mesários, dois secretários e um suplente.O presidente da mesa receptora e o juiz eleitoral detêm o poder de polícia sobre os trabalhos eleitorais (art. 119-120).

• Os secretários e mesários colaboram seja na distribuição e encaminhamento dos eleitores para votação, seja na identificação. Art. 128 CE.

ART. 305 DO CE

• Os candidatos registrados e os delegados e fiscais de partidos poderão fiscalizar a votação, pelo que a atuação dessas pessoas, dentro dos limites legais não constitui ilícito penal.

• Qualquer intromissão estranha, que não seja daqueles autorizados legalmente, caracteriza o delito, nem mesmo a força armada deve permanecer no lugar da votação, somente podendo nele penetrar a pedido do presidente da mesa ou do juiz eleitoral. O eleitor também só deve permanecer no local o tempo necessário à votação.

• Sujeito ativo do crime – qualquer autoridade.

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ART. 305 DO CE

• Ação típica consiste em intervir, intrometer-se, interceder nos trabalhos da mesa receptora, sem estar investido de atribuições pela lei eleitoral. A intervenção indébita pode ocorrer através de palavras, gestos, escrita, supressão, lançamento de dados, intercessão junto a eleitores, etc.

• Crime formal. Não há necessidade que da ação resulte prejuízo. Dolo genérico.

• Pena 15 dias a 6 meses e 60 a 90 dias- multa.

NÃO OBSERVÂNCIA DA ORDEM DE CHAMAMENTO DOS

ELEITORES PARA VOTAR

• Art. 306 do CE – não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar.

• Visa resguardar o bom desenvolvimento da votação e o respeito aos eleitores que se apresentam para votar.

• Tem prioridade para votar os candidatos, o juiz eleitoral, seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos, as mulheres grávidas. Art. 143 e 146 CE. Afora essas preferências, a não observância da ordem de chegada, constitui crime.

• Dolo genérico. Pena 15 a 30 dias multa.

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Fornecimento de cédula já assinalada ou rubricada a destempo

• Os tipos previstos nos arts. 307 e 308 do CE só podem restar caracterizados se presente a votação convencional, pois adotado o sistema eletrônico, não são fornecidas cédulas oficiais.

• Art. 307 – fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada. Pena –1 a 5 anos e 5 a 15 dias –multa.

• Art. 308 – rubricar a mesa receptora a cédula, e distribui-la por antecipação diretamente ao eleitor, ou interpondo uma outra pessoa. Pena – 1 a 5 anos e 60 a 90 dias-multa.

VOTAÇÃO MÚLTIPLA

• Art. 309 do CE - votar ou tentar votar mais de uma vez, em lugar de outrem.

• Direito de votar é individual. Não há voto por procuração nosso sistema. É indelegável. Cada eleitor pode votar só uma vez em cada espécie de eleição, em sua seção eleitoral. A tentativa já está alçada a crime. Assim é crime votar por si, mais de uma vez; votar em lugar de outrem, uma ou mais vez, tentar por si ou por outrem, votar mais de uma vez. Pena – 1 a 3 anos de reclusão.

• Consumação no lugar em que se dá a 2a votação ou aquela em lugar de outrem.

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PRÁTICAS IRREGULARES QUE LEVEM À ANULAÇÃO

• Art. 310 – praticar, ou permitir o membro da mesa receptora que seja praticada, qualquer irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do art. 311.

• Trata-se de crime próprio, somente pode ser cometido por membro da mesa receptora. Co-autoria e participação de estranho é possível.Arts. 220 e 221 trazem casos de nulidade e anulabilidade da votação.

• Ação penal não está condicionada à prévia declaração de invalidade da votação, mas precisa resultar demonstrado que a conduta tinha potencialidade para tanto.

ART.310 DO CE

• A preclusão para argüir a invalidade da votação não afasta a possibilidade da ação penal.

• Elemento subjetivo – dolo genérico.

• Tentativa possível.

• Pena – 15 dias a 6 meses de detenção e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

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VOTAR EM SEÇÃO ELEITORAL ONDE NÃO ESTÁ INSCRITO OU

AUTORIZADO

• Art. 311 do CE – votar em seção eleitoral sem estar nela inscrito e nem tampouco autorizado a assim proceder pela lei eleitoral, bem como presidente de mesa que admite o voto nessas circunstâncias.

• Art. 145 do CE estabelece as hipóteses em que é facultado ao eleitor votar fora da respectiva seção - não militando qualquer dessas exceções, se vier o eleitor a votar fora da seção eleitoral, cometerá o crime do art. 311. Tentativa possível.

• Pena 15 dias a 1 mês de detenção e 5 a 15 d-m para o eleitor e para o presidente 20 a 30 d-m.

VIOLAÇÃO DO SIGILO DO VOTO

• Art. 312 – violar ou tentar violar o sigilo do voto.• Resguarda a livre manifestação do eleitor,

evitando venha a sofrer influência ou qualquer ordem de coação.

• Divulgação do voto pelo eleitor, após a votação –não caracteriza o crime, mas não poderá exibir no momento da votação.

• Dolo genérico.• Pena - 15 dias a dois anos de detenção.

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OMISSÃO NO RECEBIMENTO E REGISTRO DE PROTESTOS

• Art. 316 – não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração protestos devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior.

• Delito pode ocorrer tanto na fase de votação como na apuração. Art. 132 CE e art. 70 da Lei 9504|97.

• Dolo genérico. Consumação – momento em que os membros da mesa receptora deveriam atuar.

• Pena 1 a 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

QUESTÕES

• Aponte diferenças entre a corrupção eleitoral e a captação de sufrágio.

• A divulgação de pesquisa eleitoral, ainda não registrada na Justiça Eleitoral, caracteriza crime?

• O transporte de eleitores, no dia da eleição, caracteriza crime eleitoral?

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CRIMES - RESULTADO DAS ELEIÇÕES

• Visa resguardar a apuração e os resultados das eleições, para que não sejam desvirtuados, conspurcados, não sofram injunções e influências e possam alterar a vontade manifestada pelos eleitores.

• OMISSÃO NA EXPEDIÇÃO DO BOLETIM DE APURAÇÃO - Art. 313 – deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente após a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes.

ART. 313 DO CE• Art. 158 – apuração de votos compete às Juntas

Eleitorais quanto às eleições realizadas na zona de sua jurisdição; aos TRE nas eleições para governador e vice, senador, deputado federal e estadual, de acordo com os resultados parciais enviados pelas Juntas; ao TSE nas eleições para presidente e vice, pelos resultados parciais remetidos pelos TRE.

• Na votação eletrônica, a própria urna contabilizará, procedendo a totalização dos resultados, devendo ser expedidos os relatórios parciais, pelo que também nesses casos cabe a expedição do boletim de urna, art. 67 e 68 da Lei 9.504/97, com os nomes e números dos candidatos e os votos recebidos.

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ART. 313 do CE

• Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o respectivo boletim de urna, imediatamente após a apuração e antes de procedida a apuração da subseqüente, redunda no crime em tela.

• Trata-se de crime próprio. Dolo genérico.• Tentativa impossível.• Pena 90 a 120 dias-multa.

OMISSÃO DE ENTREGA DO BOLETIM DE URNA

• O presidente de mesa é obrigado a entregar cópia do boletim de urna, contendo os nomes e números dos candidatos nela votados, aos partidos e coligações concorrentes ao pleito, que o requeiram até uma hora após a expedição, na forma do artigo 68, § 1º, da Lei n. 9.504/97, sob pena de configurar o delito do § 2º desse mesmo artigo.

• Trata-se de crime próprio, somente pode ser praticado pelo presidente da mesa. Dolo genérico.

• Consumação no momento em que tendo sido requerida a cópia do boletim no prazo assinalado, não é procedida a entrega. Pena – 1 a 3 meses de detenção e multa de 1000 a 5000 UFIR.

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OMISSÃO NO RECOLHIMENTO DAS CÉDULAS APURADAS

• Art. 314 CE – deve o juiz e os membros da Junta Eleitoral, terminada a apuração, e antes de passar à contagem da urna subseqüente, recolher as cédulas apuradas, fechando-as e lacrando-as na urna respectiva e não o fazendo resulta caracterizado o delito. Somente pode ser perpetrado no caso de urna convencional. Dolo genérico.

• Consumação no momento em que encerrada a apuração, expedido o boletim de urna, não é feito o recolhimento das cédulas apuradas e a colocação na urna e aposição do lacre. Tentativa impossível. Pena 15 dias a 2 meses de detenção e 90 a 100 dm.

CRIMES SISTEMA AUTOMÁTICO DE DADOS

• Os crimes tipificados nos arts. 314 e 315 são incompatíveis com a votação eletrônica, daí a existência dos crimes tipificados no art. 72 da Lei n. 9.504/97, sendo que no inciso I está descrita a conduta de “obter acesso a sistema de tratamento automático de dados usado pelo serviço eleitoral, a fim de alterar a apuração ou a contagem dos votos”.Trata-se de crime formal. Consumação independente do resultado.

• Acessar significa alcançar o banco de dados, com possibilidade de modificar os registros existentes. Penetrar no programa, com condições de proceder alterações. Dolo específico.

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Art.72 DA LEI 9.504/97

• Art. 72, II – desenvolver (criar, melhorar, adaptar) ou introduzir (inserir) comando, instrução ou programa de computador capaz de destruir, apagar, eliminar, alterar, gravar ou transmitir dado, instrução ou programa ou provocar qualquer outro resultado diverso do esperado em sistema de tratamento automático de dados usados pelo serviço eleitoral.

• Trata-se de crime formal, não é necessário tenha a conduta alcançado o resultado almejado. Dolo específico.

ART. 72,III, DA LEI 9.504/97

• Art. 72, III – causar, propositadamente, dano físico ao equipamento usado na votação ou na totalização de votos ou a suas partes, o que significa destruir, inutilizar, deteriorar, total ou parcialmente, equipamento usado na votação ou na contabilização dos votos. Dolo genérico.

• Trata-se de crime de dano. Material.

• PENAS para qualquer uma das modalidades do art. 72 – 5 a 10 anos de reclusão.

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VIOLAÇÃO DO SIGILO DA URNA OU DOS INVÓLUCROS• Art. 317 – violar ou tentar violar o sigilo da urna

ou dos invólucros.• Consuma-se com a violação ou tentativa,

independentemente do conhecimento a respeito de seu conteúdo ou do manejo das cédulas existentes. Não há necessidade de que daí decorra prejuízo a candidato ou partido.

• Dolo genérico.• Pena – reclusão de 3 a 5 anos.

CONTAGEM DE VOTOS DE ELEITORES COM IMPUGNAÇÃO

• Art. 318 – efetuar a mesa receptora a contagem de votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob impugnação.

• Art. 190 do CE – não será efetuada a contagem dos votos pela mesa se esta não se julgar suficientemente garantida, ou se qualquer eleitor houver votado sob impugnação, devendo a mesa, nesses casos, deslocar a apuração para a autoridade judiciária.

• Trata-se de crime próprio – presidente e mesários podem cometê-lo. Crime formal. Tentativa possível.Pena 15 dias a 1 mês de detenção ou 30 a 60 dias multa.

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CRIMES SERVIÇOS ELEITORAIS

• O controle da legalidade e autenticidade das eleições é outorgada à Justiça Eleitoral, sendo que nessa trajetória, vários serviços eleitorais prestados, daí a existência de tutela penal para que sejam resguardados.

• Art. 296 do CE - promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais, seja na fase do alistamento, do registro, da votação, apuração. Nas convenções partidárias não resulta caracterizado o crime, por não se tratar de trabalhos eleitorais, mas de atividades partidárias.Dever ser de ordem a prejudicar os trabalhos, deve causar transtornos ao seu regular desenvolvimento.Ex. desordem na fila de votação.

ART. 296 DO CE

• Dolo específico. Consumação no momento em que é realizada a desordem. Crime material. Pena – 15 dias a 2 meses de detenção e 60 a 90 dias-multa.

• Art. 339 – destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição. Visa preservar votos e documentos das eleições contra ações tendentes à inutilizar, aniquilar, eliminar, fazer desaparecer, esconder urna contendo votos ou documentos. Dolo genérico. Consumação depende de um dos resultados pretendidos pelo agente. Pena de 2 a 6 meses e 5 a 15 dias multa, se funcionário da JE – 2 a 6 meses e 5 a 15 dias multa.

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Art. 340 do CE• Art. 340 do CE – fabricar, mandar fabricar,

adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da JE.

• Velar pela autenticidade dos documentos e materiais que são utilizados no processo eleitoral, de molde a que não possam ser manipulados, adulterados ou utilizados indevidamente. A confecção dos materiais é da responsabilidade da JE, pelo que não pode qualquer pessoa irrogar-se na faculdade de assim proceder.

• Trata-se de crime formal. Dolo genérico. Pena 1 a 3 anos de reclusão e 3 a 15 dias-multa.

*ART. 341 DO CE

• Art. 341 – retardar a publicação, ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça Eleitoral.

• As publicações devem ser céleres. Retardar significa demorar, delongar, não publicar é não realizar o ato. Trata-se de crime próprio. Perigo de dano. Dolo genérico.

• Pena – 15 dias a 1 mês de detenção ou 30 a 60 dias multa.

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*ART. 342 DO CE.• Art. 342 - não apresentar o órgão do Ministério

Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a execução de sentença condenatória.

• Sujeito ativo – membro do MP no exercício da função eleitoral - ação penal pública.

• O MPE tem o prazo de 10 dias para oferecer denúncia, se solto, ou 5 dias em se tratando de preso, e também o de 5 dias para promover a execução da sentença condenatória, contados da data da vista.( art. 357 e 363 do CE, e 46 do CPP) O extrapolamento desses prazos, sem justificativa plausível, configura o delito. Pena de 15 dias a 2 meses de detenção ou 50 a 90 dias multa.

*ART. 344 DO CE

• Art. 344 – recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa, aqui entendido aquele fundamental para a realização das eleições.

• O serviço eleitoral deve ser prestado na forma e no tempo devidos. Não comete o crime aquele que está impedido de comparecer ou que precisa afastar-se antes do término por razões imperiosas. A impossibilidade deve ser invencível, absoluta. Força maior ou caso fortuito. Crime formal.

• Pena 15 a 2 meses ou 90 a 120 dias multa.

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*ART. 345 DO CE

• Art. 345 – não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita a outra penalidade.

• O serviço eleitoral prefere a todos os demais, daí que o acúmulo de serviços decorrente de outras atividades não justifica o não cumprimento dos deveres legais.

• Pena – 30 a 90 dias multa.

*ART. 347 DO CE

• Art. 347 – recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução. Para a caracterização do crime é indispensável a existência de ordem, diligência ou instrução emanada de autoridade competente, o conteúdo deve estar em conformidade com a lei, observada também a forma legal.

• Instruções genéricas, que não foram observadas, não caracterizam o delito em tela. A ordem deve ser direta, individualizada, legal e dirigida a quem tem o dever de cumpri-la.

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CRIME DE DESOBEDIÊNCIA

• Difere do crime de desacato (menosprezar, humilhar, menoscabar), que, ademais, nem sequer é crime eleitoral. Na desobediência há uma recusa quanto ao cumprimento da ordem, diligência.

• Servidor público que desobedece pratica prevaricação ou, então, o crime do art.345, não cumprimento dos deveres impostos pela lei eleitoral a membros e funcionários da JE.

• Pena – 3 meses a 1 ano de detenção e 10 a 20 dias multa.

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ELEITORAL

• Os documentos eleitorais devem gozar de credibilidade, de confiança, já que refletem atos no âmbito do processo eleitoral e das instituições democráticas, que precisam se revestir de legitimidade e autenticidade.

• Documentos para fins eleitorais são não somente as peças escritas, que contém a expressão gráfica do pensamento, mas também os que lhes são assemelhados, tais como fotografias, filmes, enfim, tudo aquilo a que se incorpore declaração ou imagem destinada à prova de fato juridicamente relevante.

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ART. 348 DO CE

• Art. 348 – falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais.

• Trata-se de falsidade material, sendo que a conduta compreende tanto a confecção, a contrafação, a fabricação do documento público falso, em sua inteireza ou em apenas uma parte, como também a modificação de seu teor.

• Falsificar induz a ação de criar um documento público inautêntico, no todo ou em parte.

• Alterar implica modificá-lo em sua forma exterior, tendo por base um já existente.

Art. 348 do CE• A falsificação parcial difere da alteração de

documento verdadeiro, sendo que a distinção que caracteriza a primeira situação está no fato de que o documento, nesse caso, necessariamente deve ser composto de duas ou mais partes individualizáveis, sendo que uma delas é objeto da contrafação, ao passo que a outra não é atingida pela ação delituosa, permanecendo autêntica. Já na alteração, o documento verdadeiro existe e é modificado pela ação delituosa.

• Art. 348 – par. 2o – documento público por equiparação é todo aquele emanado de entidades da administração pública indireta.

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ART. 348 DO CE

• A falsificação deve ser idônea e versar sobre fato juridicamente relevante. Prova da materialidade delitiva – crime que deixa vestígios, art. 158 e 167 do CPP, necessidade de exame de corpo de delito. Na impossibilidade, por terem desaparecido os vestígios, admite-se prova testemunhal.

• Dolo específico – fins eleitorais. Crime de perigo de dano, consumação no momento da falsificação, mesmo não obtendo o resultado pretendido.

• Pena 2 a 6 anos de reclusão e 15 a 30 dias multa, sendo funcionário público – agravação entre 1/5 e 1/3.

ART. 349 do CE

• Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais.

• Assemelha-se ao crime anterior, a diferença está que o documento contrafeito ou adulterado para fins eleitorais é particular, ou seja, não produzido pelo Estado nem tampouco pelas entidades paraestatais Indispensável a relevância do documento e a aptidão para iludir

• Dolo específico – fins eleitorais. Prova da materialidade.

• Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 3 a 10 d-m.

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ART. 350 DO CE• Omitir, em documento público ou particular,

declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais.

• Trata-se de crime de falsidade ideológica, o bem jurídico tutelado é a veracidade do documento, não sua autenticidade. Não se trata de falsidade de forma, mas de conteúdo. Não há que se falar em adulteração, rasura, inclusão ou retirada de letras ou algarismos do documento, a menção retratada é que se revela inverídica. No falso ideal o agente forma um documento até então inexistente para fraudar a verdade, sendo assim extrinsecamente verdadeiro, o seu conteúdo é que se apresenta inverídico.

Art. 350 do CE• Agente não esconde a autoria do documento. Deve

o documento conter potencialidade lesiva, caso contrário, crime é impossível, art. 17 do CP, pela ineficácia absoluta do meio ou em razão da absoluta impropriedade do objeto. Crime formal, irrelevante o prejuízo. Não comete crime aquele que para defender-se faz declaração que não corresponde à verdade.Tentativa possível.

• Dolo específico. • Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 5 a 15 dias multa

se o documento é público e de 1 a 3 anos e 3 a 10 dias-multa, se particular. Agrava-se a pena para o funcionário público de 1/5 a 1/3.

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ART. 315 DO CE

• Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato ou lançar nesses documentos votação que não corresponde às cédulas apuradas.

• Trata-se de modificação do resultado. Crime formal, cuja ação delituosa consiste em alterar nos mapas ou boletins de apuração a votação obtida por qualquer candidato, como também pela intenção de lançar nesses documentos votação não coadunante com o resultado apurado.

• Dolo genérico. Materialidade delitiva – prova.• Votação eletrônica – crimes da Lei 9.504/97, art.

72. Pena 1 a 5 anos e 5 a 15 dias multa.

ART. 352 do CE• Reconhecer, como verdadeira, no exercício da

função pública, firma ou letra que o não seja, para fins eleitorais.

• Trata-se de crime próprio, somente pode ser praticado por quem esteja no exercício de função pública.

• Dolo específico. Consumação no momento em que o tabelião ou funcionário encerra a certificação de que a firma ou letra corresponde à da pessoa mencionada, sem que o seja, e assim procede para fins eleitorais.

• Pena – 1 a 5 anos de reclusão e 5 a 15 dias multa, se o documento é público, e 1 a 3 anos, se particular, além de 3 a 10 dias-multa.

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*ART. 353 DO CE

• Uso de documento falso para fins eleitorais.• Esse crime pressupõe a saída do documento da

esfera pessoal do agente, de molde a repercutir em relação a outras pessoas. A utilização deve ser para fins eleitorais. Se o agente traz o documento consigo, sem ser o autor da falsificação, e não o exibe, não comete o crime em questão. Deve ter aptidão para enganar. Crime de perigo de dano.

• Dolo específico. Tentativa impossível. Necessária a prova da materialidade, tratando-se de uso de documento falsificado materialmente.

ART. 353

• Autor do crime de falsificação sendo o mesmo que faz o uso do documento falso – crime meio e crime fim – princípio da consunção.

• Há os que entendem que deveria ser punido somente pela falsificação, entendendo tratar-se de crime único, progressivo, sendo o uso pós-fato impunível.

• Difere do crime de inscrição fraudulenta -• Pena – a mesma da falsificação, daí ser importante

identificar se o documento é público ou particular.

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*ART. 354 DO CE• Obter, para uso próprio ou de outrem, documento

público ou particular, material ou ideologicamente falso, para fins eleitorais.

• Trata-se de conduta que não pode ser levada a efeito pelo autor da falsificação nem por aquele que o utiliza, mas sim daquele que se presta a obter, a conseguir o documento, visando sua ulterior utilização.

• Obtenção do documento já caracteriza o risco de dano. Exame de corpo de delito

• Consumação no momento em que é obtido o documento, tentativa é possível.

• Pena – mesma da falsificação.

Ação Penal Eleitoral • No processo das infrações eleitorais, a ação penal

é de regra pública, cabendo ao MP o seu desencadeamento. Poderá, no entanto, qualquer do povo ou até mesmo o candidato, partido político ou coligação apresentar a respectiva “notitia criminis”, com a finalidade de comunicar a infração penal ao juiz eleitoral da zona onde se verificou o fato, que, por seu turno, a remeterá ao MP para as providências legais necessárias – art. 356 do CE.

• Se o MP não oferecer denúncia no prazo de 10 dias, representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.

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Ação Penal Eleitoral

• Neste caso o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá denúncia. Em caso de inércia do juiz, o próprio eleitor poderá representar contra o MP.

• Mesma situação poderá ocorrer no caso de pedido de arquivamento, na hipótese de não ser acolhido pelo juiz eleitoral.

• É cabível a ação penal privada subsidiária.• É admissível a assistência, quando a ação penal

estiver instaurada, art. 271 do CPP, normalmente ocorre nos crimes de injúria, calúnia e difamação no âmbito da propaganda eleitoral.

Ação Penal Eleitoral

• A investigação para apuração de crime eleitoral pode ser levada a efeito pela via do inquérito policial, sendo desnecessário quando da comunicação da infração penal eleitoral já contiverem todos os elementos indispensáveis ou quando o Ministério Público possa coletá-losdiretamente, art. 356

• Requisitos da denúncia – art. 357, par. 2o, exposição do fato delituoso com todas as suas circunstâncias, qualificação do acusado ou elementos que possam identificá-lo, classificação do crime e rol de testemunhas.

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AÇÃO PENAL ELEITORAL

• A denúncia será rejeitada se o fato narrado não constituir crime; se já estiver extinta a punibilidade pela prescrição ou outra causa; se forma manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal – art. 358 do CE.

• Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do MP.

• O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 dias para oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.

AÇÃO PENAL ELEITORAL

• Ouvidas as testemunhas de acusação e da defesa e praticadas as diligências requeridas pelo MP e deferidas ou ordenadas pelo Juiz, abrir-se-á prazo de 5 dias a cada uma das partes – acusação e defesa – para alegações finais.

• Decorrido esse prazo e conclusos os autos em 48 horas, terá o juiz 10 dias para proferir sentença.

• Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o TRE, no prazo de dez dias, que terá efeito suspensivo.

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RECURSOS

• ART. 121, par. 4o, CF admite a interposição de recurso das decisões proferidas pelos TREs, entre eles nos casos de terem sido proferidas contra expressa disposição da CF ou de lei e também quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais TREs.

• Recurso especial - Prazo de 3 dias – art. 276 do CE.

• Recurso Extraordinário - prazo de 3 dias- 281 CE e 102, III, CF.

• Denegado o RESP ou RE – cabe agravo de instrumento – prazo de 3 dias. Art. 279 e 282 CE

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIAELEITORAL

• Os Tribunais Regionais Eleitorais possuem competência originária para o processo e julgamento dos crimes eleitorais cometidos por Juízes Eleitorais, bem como por deputados estaduais e distritais, prefeitos membros do Ministério Público, art. 29, X e 96, III, da CF.

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AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA ELEITORAL

• O STJ tem competência originária para o processo e julgamento dos crimes eleitorais cometidos por Governadores de Estado e do Distrito Federal, Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do DF, Tribunais Regional Federais e Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais dos Municípios e os do MP da União que oficiem perante os Tribunais – art. 105, I, a, CF.

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA ELEITORAL

• O STF tem competência para o processo e julgamentos da ação penal originária por crimes eleitorais cometidos pelo Presidente da República, o Vice, membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador Geral da República, comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, membros dos Tribunais Superiores , Tribunal de Contas e chefes de missão diplomática de caráter permanente, art. 102, I, c. da CF.

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RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• Disciplina – Lei n. 8.038, de 28.05.1990• Nos crimes de ação penal pública, que é o caso

dos crimes eleitorais, o MP terá o prazo de 15 dias para oferecer denúncia ou para pedir o arquivamento do inquérito ou das peças informativas.

• Diligências complementares poderão ser deferidas pelo relator, com interrupção do prazo referido.

• Tratando-se de indiciado preso, o prazo para o oferecimento da denúncia é o de 5 dias.

RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• as diligências complementares não interromperão o prazo, salvo se o relator, ao deferi-las, relaxar a prisão.

• O relator, escolhido na forma regimental, será o juiz da instrução e terá as atribuições que a legislação processual confere aos juízes singulares.

• Ao relator compete determinar o arquivamento do inquérito ou de peças informativas, quando o requerer o MP, ou submeter o requerimento à decisão do colegiado, bem como decretar a extinção da punibilidade, nos casos previstos em lei.

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RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• Apresentada a denúncia, será notificado o acusado para oferecer resposta no prazo de 15 dias. Pode ser feita a notificação por edital, quando necessário, contendo o teor resumido da acusação, para que compareça ao TRE em 5 dias, onde terá vista dos autos pelo prazo de 15 dias, a fim de apresentar resposta.

• Sendo apresentados novos documentos com a resposta, será ouvido, o MP em 5 dias, a seguir o relator pedirá dia para que o TRE delibere acerca do recebimento ou rejeição da denúncia.

RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• No julgamento será admitida sustentação oral pela prazo de 15 minutos, primeiro para a acusação, depois à defesa.

• Recebida a denúncia, o relator designará dia e hora para o interrogatório, mandando citar o acusado e intimar o MP e o assistente, se for o caso.

• O prazo para a defesa prévia é o de 5 dias, contado do interrogatório ou da intimação do defensor dativo.

• A instrução obedecerá, no que couber, o procedimento comum previsto pelo CPP.

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RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• O relator poderá delegar a realização do interrogatório a juiz com competência territorial no local de cumprimento da carta de ordem.

• Concluída a inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, serão intimadas as partes para requerimento de diligências, no prazo de 5 dias.

• Realizadas as diligências, serão intimadas a acusação e defesa para apresentarem alegações escritas, no prazo de 15 dias, sendo que será comum o prazo do acusador e assistente, bem como dos co-réus.

RITO DA AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

• Após as alegações escritas, poderá o relator determinar de ofício a realização de provas reputadas imprescindíveis para o julgamento.

• Finda a instrução, o TRE realizará o julgamento, na forma do regimento interno, dando o prazo de 1 hora, sucessivamente, para a acusação e defesa, para sustentação oral, assegurado 1/4 do tempo da acusação para o assistente.

• Encerrados os debates, será feito o julgamento.

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QUESTÃO

• São aplicáveis ao processo eleitoral os institutos da Lei 9.099/95 e 10.259/01?

• COMPOSIÇÃO dos danos – art. 74. • TRANSAÇÃO - arts. 72 e 76.• SUSPENSÃO CONDICIONAL DO

PROCESSO- pena mínima não superior a 1 ano –art. 89 da Lei n. 9.099/95.

• INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - pena máxima não superior a 2 anos

QUESTÕES

• 1 .No caso de decisão condenatória prolatada pelo TRE, o art. 363 do CE admite a execução imediata. Analise o preceito à luz da Constituição Federal, Código Eleitoral e Código de Processo Penal, apresentando sua posição a respeito.

• 2. O art. 366 do CPP tem aplicação na ação penal originária, no âmbito eleitoral?