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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Agrícola Dissertação Criopreservação de sêmen de galos Guilherme Martino van der Laan Pelotas, Novembro 2007.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Agrícola

Dissertação

Criopreservação de sêmen de galos

Guilherme Martino van der Laan

Pelotas, Novembro 2007.

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Guilherme Martino van der Laan

CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN DE GALOS

Dissertação apresentada à Universidade Federal

de Pelotas, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Agrícola, para a obtenção do título de Mestre em

Ciências (área de conhecimento: Reprodução

Animal).

Orientador: Dr. João Carlos Deschamps, M.V., PhD .

Co-Orientador: Dra. Denise Calisto Bongalhardo, M.V., PhD.

Pelotas Rio Grande do Sul – Brasil

Novembro, 2007

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Dados de catalogação na fonte: Patrícia de Borba Pereira Bibliotecária CRB10/1487

V217c Van der Laan, Guilherme Martino Criopreservação de sêmen de galos / Guilherme

Martino van der Laan;. – Pelotas : Ufpel, 2007. 56p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Biotecnologia Agrícola. Centro de Biotecnologia. Universidade federal de Pelotas, Pelotas,2007. 1. Galos 2.Criopreservação. 3.LDL 4. Sêmem I.Deschamps, João Carlos orientador II. Bongalhardo, Denise Calisto CDD 636.5

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Banca Examinadora: Prof. Dr. João Carlos Deschamps (Orientador – FV/UFPel)

Profa. Dra. Denise Calisto Bongalhardo (IB/UFPel)

Prof. Dr. Thomaz Lucia Junior (FV/UFPel)

Prof. Dr. Márcio Nunes Corrêa (FV/UFPel)

Prof. Dr. Tiago Collares (IB/UFPel)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me guiado durante toda minha trajetória de

vida.

À Universidade Federal de Pelotas, em especial ao Centro de Biotecnologia

por me proporcionarem todas as condições para a realização deste projeto para a

obtenção do título de Mestre em Ciências.

Ao orientador João Carlos Deschamps pelo esforço em disponibilizar todo o

necessário para realização do trabalho.

Ao diretor e funcionários do Biotério Central e do Conjunto Agrotécnico

Visconde da Graça (CAVG) por nos proporcionarem estrutura e materiais

necessários para o desenvolvimento do projeto.

Em especial gostaria de agradecer a Profa. Dra. Denise Calisto Bongalhardo

por todo ensinamento técnico, colaboração e incondicional auxílio para a finalização

desta dissertação.

Aos alunos da graduação que contribuíram imensamente para a realização

deste trabalho, Ciciane, Éder e Rossana, vocês estão de parabéns!

Agradeço também aos grandes amigos e colegas da pós-graduação em

Veterinária e Biotecnologia: Priscila De Leon, Elisa Santos, Gissele Rambo, Eduardo

Xavier, Marcelo Vieira, Rafael Tonieto, Carine Corcini, Vinícius Campos, Marta

Amaral e Tiago Colares, pela troca de experiências e por toda ajuda que todos, de

uma maneira ou de outra, o fizeram.

E agradeço com muito amor e muita gratidão à minha família, Pai, Mãe, Ana

e Ane. A minha paixão da vida, Beta, pelo amor, compreensão, apoio incansável e

auxílio indispensável durante este período.

...mais uma etapa vencida!

À vocês,

MUITO OBRIGADO!

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“O que realmente importa na vida não

são os objetivos a que nos propormos,

mas os caminhos que seguimos para

alcançá-los.”

Peter Bamm

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vi

Resumo

VAN DER LAAN, Guilherme Martino. Criopreservação de sêmen de galos. 2007. 56f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Agrícola. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

A adição de diluentes ao sêmen de aves é uma prática rotineiramente empregada em programas de inseminação artificial para melhorar o manejo de machos geneticamente superiores. A fertilidade do sêmen fresco normalmente decai 1 hora após a coleta, por isso a necessidade do uso de diluentes e temperaturas hipotérmicas para o armazenamento do sêmen por períodos mais prolongados. A Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL), extraída da gema de ovo, tem sido utilizada na composição de diversos diluentes de sêmen para mamíferos, porém, ainda não tinha sido avaliada a sua aplicação em diluentes de resfriamento para sêmen de aves. Em relação ao congelamento, diversos métodos foram desenvolvidos ao longo dos anos. Uma das alternativas é o uso da Dimetilacetamida (DMA) como crioprotetor. Os melhores resultados obtidos com DMA ocorrem quando o sêmen é submetido ao congelamento ultra-rápido na forma de pellets e a um rápido descongelamento à 60ºC. O objetivo deste trabalho foi o estabelecimento de protocolos de preservação de sêmen de galos, enfocando o uso de Lipoproteínas de Baixa Densidade (LDL) como um componente do diluente para resfriamento, e a Dimetilacetamida (DMA) como crioprotetor interno para o congelamento. Para isto, foi verificado o efeito da adição de diferentes níveis de lipossomas de LDL na composição do diluente de resfriamento, sobre as características de qualidade do sêmen resfriado à 5°C. Também foi avaliada a qualidade do sêmen congelado utilizando DMA como crioprotetor, envasado em palhetas ou pellets, e descongelados em três diferentes temperaturas. Os resultados obtidos nestes estudos nos permitiram concluir que: a adição de lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento mantém a qualidade geral dos espermatozóides quando adicionado na proporção de 6%; sugerindo que melhorias na fertilidade podem ser obtidas desde que seja respeitado um limite de adição desta lipoproteína ao diluente; a temperatura corporal (40˚C) foi a mais apropriada para descongelamento de sêmen criopreservado com DMA; e ainda, o envase em palhetas é mais eficiente em relação ao pellet. Esta última observação é de grande valor, visto que o armazenamento do sêmen em palhetas é mais adequado por razões sanitárias, e mais conveniente para a identificação dos ejaculados, especialmente para a aplicação a campo de bancos genéticos. Palavras-chave – criopreservação, dimetilacetamida, resfriamento, lipossomas, LDL, diluentes.

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Abstract

VAN DER LAAN, Guilherme Martino. Roosters Sperm Cryopreservation. 2007. 56f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Agrícola. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Adding extenders to poultry semen is currently used in artificial insemination programs to optimize the management of genetically superior males. Fresh semen fertility usually declines after 1 hour of collection, raising the need to use diluents and low temperatures to store semen for longer periods. Low density lipoprotein (LDL), extracted from the egg yolk, is used as a component of various mammalian semen diluents, however its application on poultry semen has not been evaluated. Regarding cryopreservation, different methodologies have been developed during the past years. One alternative is to use dimethylacetamide (DMA) as a cryoprotectant. The best results with DMA are obtained when semen is subjected to ultra-fast freezing, in pellets, and to a fast thawing at 60ºC. The objective of this work was to establish protocols to preserve rooster sperm, focusing on the use of LDL as a component of the refrigeration diluent, and on DMA as a internal cryoprotectant for freezing. To reach these objectives, the effect of adding different levels of LDL liposomes to the cooling diluent, upon the quality characteristics of semen refrigerated at 5°C, was evaluated. The quality of semen frozen with DMA, packed in straws or pellets, and thawed in three different temperatures was also evaluated. The results obtained allow to conclude that: adding 6% of LDL liposomes to the cooling diluent preserves the general sperm quality, suggesting that improvements on fertility could be obtained if a limit in lipoprotein supplementation is imposed; body temperature (40˚C) is most suitable for thawing sperm frozem with DMA; and packing sperm in straws is more efficient than packing in pellets. This last observation is of great value, since storing semen in straws is more appropriate due to sanitary reasons, and more convenient for ejaculates identification, especially for field application of genetic banks. Key words – cryopreservation, dimethylacetamide, resfrigeration, liposomes, LDL, diluents.

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LISTA DE FIGURAS

Artigo 2.1

Figura 1 - Motilidade do sêmen de galos submetidos aos tratamentos com

diferentes níveis de lipossomas de LDL. ..............................................

26

Figura 2 - Regressão linear da motilidade do sêmen resfriado a 5˚C, por

tratamento, em função do tempo de acondicionamento a 5˚C. ............

27

Figura 3 -

Figura 4 -

Figura 5 -

Regressão linear para Integridade de membrana espermática, por

tratamento em função do tempo de acondicionamento a 5˚C. ...........

Número de furos na membrana perivitelina interna do ovo (IPVL) de

galinha, penetrada por espermatozóide de galo....................................

Fotos tiradas em microscópio de campo escuro (aumento – 400X)

dos furos típicos realizados pelos espermatozóides incubados com a

membrana perivitelina interna do ovo (IPVL). Grupo controle (A) e

tratamento T6 (B), não diferem estatisticamente entre eles..................

29

30

31

Artigo 2.2

Figura 1 -

Figura 2 -

Médias e erro padrão para motilidade (E) e penetração espermática

(D) de sêmen de galos descongelados em três diferentes

temperaturas..........................................................................................

Médias e erro padrão para Penetração Espermática (furos/mm2) de

sêmen de galos, armazenados em palhetas ou em pellets, e

descongelados em três diferentes temperaturas. ...............................

44

Figura 3 - Médias e erro padrão para Motilidade (%) de sêmen de galos,

armazenados em palhetas ou em pellets, e descongelados em três

diferentes temperaturas. .....................................................................

45

Figura 4 - Médias e erro padrão para Integridade de (E) e Penetração

Espermática (D) do sêmen congelado em pellets e palhetas. ..............

45

44

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LISTA DE TABELAS

Artigo 2.1

Tabela 1 - Médias e erro padrão para Motilidade espermática do sêmen de galos

resfriado a 5˚C, nos diferentes tratamentos por período de

estocagem. ..........................................................................................

25

Tabela 2 - Percentual de Integridade de Membrana (médias e erro padrão) por

tratamento e período de estocagem. .................................................

28

Tabela 3 - Penetração espermática em IPVL (n˚ de furos por mm2) nos

tratamentos...........................................................................................

30

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SUMÁRIO

1 Introdução Geral.......................................................................................... 2 Artigos

2.1 Efeito da lipoproteína de baixa densidade (LDL) no resfriamento do

sêmen de galo (Gallus gallus).......................................................................

12

17

2.1.1 Introdução ............................................................................................ 20

2.1.2 Materiais e Métodos ............................................................................ 22

2.1.2.1 Animais ............................................................................................. 22

2.1.2.2 Extração do LDL / Preparo dos Lipossomas .................................... 22

2.1.2.3 Diluente ............................................................................................ 23

2.1.2.4 Coleta de Sêmen .............................................................................. 23

2.1.2.5 Avaliação dos ejaculados ................................................................ 24

2.1.2.6 Análise estatística ............................................................................ 25

2.1.3 Resultados .......................................................................................... 25

2.1.4 Discussão ........................................................................................... 30

2.1.5 Referências ........................................................................................ 32

2.2 Comparação entre forma de envase e temperatura de descongelamento

de sêmen de galos congelado com dimetilacetamida (DMA)...........................

2.2.1 Introdução ...........................................................................................

2.2.2 Materiais e Métodos ...........................................................................

2.2.2.1 Animais ............................................................................................

2.2.2.2 Coleta de Sêmen e Diluição .............................................................

2.2.2.3 Procedimentos de congelamento .....................................................

2.2.2.4 Procedimentos de descongelamento ...............................................

2.2.2.5 Teste da qualidade do sêmen ..........................................................

2.2.2.6 Análise estatística ............................................................................

2.2.3 Resultados ..........................................................................................

2.2.4 Discussão ...........................................................................................

2.2.5 Referências .........................................................................................

35

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3 Conclusões...................................................................................................

4 Considerações finais..................................................................................

Referências...................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A identificação e a seleção de reprodutores com características de valor

econômico para a indústria de aves é dependente de seleção genética (AMANN,

1999). Neste processo, os machos são considerados mais importantes do que as

fêmeas, visto que um macho pode gerar, por ano, uma progênie muito maior do que

uma fêmea. Portanto, melhorias na progênie são adquiridas com mais eficácia

através da seleção de um número pequeno de machos com alto potencial genético

(HAMMERSTEDT, 1999).

Na indústria de perus, o uso de inseminação artificial é o meio mais eficiente

para obtenção de progênie (ETCHES, 1996; DONOGHUE et al., 1998; DONOGHUE,

1999). Inseminação artificial também é utilizada na indústria de aves de postura

(ETCHES, 1996), enquanto na indústria de aves de corte a monta natural ainda é

usada exclusivamente. Entretanto, devido à intensa seleção de machos pelas

características de crescimento e eficiência de processamento, a inseminação

artificial poderá ser obrigatória na indústria de aves de corte, a exemplo do que

ocorreu com a indústria de perus (REDDY, 1995).

Benefícios oriundos da inseminação artificial incluem a eliminação de

incompatibilidade física ou comportamental entre machos e fêmeas, a eliminação do

estresse associado com a alimentação inadequada dos galos, a seleção de machos

baseada na qualidade do ejaculado (SINGH, 1999) e a maximização do número de

pintinhos produzidos por um único macho, visto que esta técnica é capaz de

aumentar em até 10 vezes o número de pintinhos produzidos, por ejaculado, em

comparação com a monta natural (AMANN, 1999).

A adição de diluentes ao sêmen, além de maximizar o uso do ejaculado,

diminui os custos da inseminação artificial (CHRISTENSEN, 1995) e por este motivo,

vários diluentes têm sido desenvolvidos e vem sendo utilizados comercialmente.

Entretanto, a preservação do sêmen de galos, diluído por mais de 24 horas, resulta

em diminuição da fertilidade (BAKST; CECIL, 1992). Melhorias na habilidade de

preservação do sêmen seriam benéficas, não somente para aumentar o potencial de

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uso da inseminação artificial (BLESBOIS; GRASSEAU, 1998), mas também pela

perspectiva promissora da comercialização de sêmen em nível industrial (BAKST;

CECIL, 1992).

Para a preservação do sêmen por longos períodos, é necessária a adição de

crioprotetores ao diluente. Vários crioprotetores vem sendo testados na tentativa de

congelar o sêmen de aves (LAKE; RAVIE, 1984; TSELUTIN et al., 1995; WISHART,

1997), sendo que o glicerol tem sido o mais efetivo no que se refere à proteção da

célula espermática (MAEDA et al., 1984; DONOGHUE; WISHART, 2000).

Hammerstedt e Graham (1992) discutiram as vantagens e desvantagens

relacionadas ao uso do glicerol como crioprotetor em aves. Dois problemas

persistentes são: seu efeito contraceptivo quando no trato da fêmea, e danos

sofridos pelo espermatozóide durante a sua remoção (GILL et al., 1996). O efeito

contraceptivo do glicerol ainda é desconhecido, mas pode estar relacionado com o

choque osmótico que ocorre dentro do oviduto; provavelmente o influxo de água na

célula hiperosmótica seja mais rápido que o efluxo de glicerol, provocando o

rompimento da membrana espermática (LAKE; RAVIE, 1984). Portanto, a remoção

do glicerol antes da inseminação torna-se fundamental para que se obtenha

fertilidade (BUSS, 1993; VAN VOORST; LEENSTRA, 1995; IAFFALDANO;

MELUSSI, 2003). A lavagem do sêmen descongelado com Accudenz mostrou-se o

melhor método para remoção do glicerol quando comparado com a remoção por

diálise ou por centrifugação em gradiente de densidade de Percoll (LONG;

KULKARNI, 2004), entretanto a fertilidade obtida por este método ainda é baixa.

Como alternativa, o efeito protetor conferido pela dimetilacetamida (DMA) e

a possibilidade de usar o sêmen sem que a mesma seja removida antes da

inseminação, são vantagens que encorajaram o uso deste crioprotetor para o

congelamento do sêmen de aves (LAKE; RAVIE, 1984). Segundo Challah et al.

(1999), a fertilidade obtida com sêmen congelado com DMA é comparável àquela

obtida com sêmen fresco, especialmente quando armazenado na forma de pellets

(TSELUTIN et al., 1999). Quando este crioprotetor é utilizado, a porcentagem de

espermatozóides viáveis aumenta quando é feito o resfriamento rápido ao invés do

resfriamento lento, sendo que quanto maior a taxa de DMA, maior a viabilidade do

espermatozóide (BLANCO et al., 2000).

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Independentemente do crioprotetor utilizado, a diminuição na fertilidade

observada após inseminação com sêmen armazenado é atribuída aos danos na

membrana do espermatozóide (DONOGHUE et al., 1996; MAEDA et al., 1986).

Motilidade, viabilidade e integridade morfológica do espermatozóide de galos

(MAHAPATRA et al., 1994) e perus (DOUARD; HERMIER; BLESBOIS, 2000)

diminuem durante armazenagem do sêmen. Embora Bakst e Sexton (1979) sugerem

que as glicoproteínas de membrana envolvidas nos processos de reconhecimento e

ligação do gameta não sejam afetadas pela criopreservação, foi observado que um

menor número de espermatozóides é capaz de hidrolizar a membrana perivitelina

interna do ovo (ALEXANDER et al., 1993; DONOGHUE, 1996).

Os danos na membrana são atribuídos principalmente à formação de cristais

de gelo que ocorre durante o processo de congelamento e descongelamento. A

velocidade destes processos afeta o tamanho e o local de maior formação dos

cristais (dentro ou fora da célula), que por sua vez determinam o grau de prejuízo à

membrana. A formação de cristais de gelo pode ser evitada através de uma troca

ultra-rápida de temperatura, quando a água irá formar uma estrutura única, mas

instável, semelhante ao vidro (HAMMERSTEDT, 1995).

A baixa fertilidade observada após estocagem in vitro do sêmen, contrasta

com a habilidade do espermatozóide em manter sua capacidade de fertilização após

várias semanas armazenado in vivo, dentro das glândulas hospedeiras de

espermatozóides da fêmea. Provavelmente estas glândulas possuem mecanismos

especiais que auxiliam na sobrevivência do espermatozóide, como mecanismos

para estabilização das membranas e inibição da motilidade e da atividade

enzimática (BAKST; CECIL, 1992). Existem suposições de que, a sobrevivência do

espermatozóide nas glândulas hospedeiras, seja dependente da modulação lipídica

das membranas através de mecanismos semelhantes à adição de lipossomas:

vesículas membranosas liberadas das extremidades das microvilosidades da

superfície apical das células epiteliais glandulares, com comportamento semelhante

à lipossomas, contribuiriam para a manutenção da membrana plasmática do

espermatozóide armazenado na glândula (BAKST, 1993).

Os fosfolipídios predominantes no sêmem fresco de aves são: a

fosfatidilcolina e a fosfatidiletanolamina (RAVIE; LAKE, 1985; PARKS; LYNCH,

1992; BLESBOIS et al., 1997; BLESBOIS; LESSIRE; HERMIER, 1997; CEROLINI et

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al., 1997a, 1997b), que diminuem drasticamente em resposta à criopreservação

(BLESBOIS et al., 1997), concomitantemente com diminuição da motilidade do

espermatozóide e da fertilidade. A diminuição no conteúdo de fosfolipídios pode ser

explicado pela lise de fosfolipídios, seguida por metabolismo endógeno, ou por uma

combinação complexa de lise, metabolismo e peroxidação (DOUARD; HERMIER;

BLESBOIS, 2000).

A fusão de lipossomas mostrou-se benéfica para a preservação de

espermatozóides de bovinos (GRAHAM; FOOTE, 1987), ovinos (HOLT; NORTH,

1988) e suínos (HE, 1997; HE; BAILEY; BUHR, 2001). Em aves, foi demonstrado

que o uso de proteolipossomas contendo principalmente fosfatidilcolina e

fosfatidiletanolamina (40% de cada) promove incrementos na motilidade e

viabilidade do espermatozóide de galos após quatro horas de armazenamento à

temperatura ambiente (BONGALHARDO; BUHR, 2002).

Um componente comumente utilizado em diluentes de sêmen é a gema de

ovo. A maioria das propriedades da gema do ovo são atribuídas ao seu conteúdo de

lipoproteínas de baixa densidade (LDL), cujos principais fosfolipídios são a

fosfatidilcolina e a fosfatidiletanolamina (ANTON et al., 2003). De acordo com

Bergeron et al. (2004), a membrana do espermatozóide incorpora fosfolipídios e

colesterol da LDL. Lipoproteínas de alta densidade (HDL) estão presentes no

plasma seminal de aves, entretanto LDLs não foram detectadas (BLESBOIS;

HERMIER, 1990). Estes autores demonstraram que a substituição do plasma

seminal por uma solução contendo HDL de aves, em concentrações fisiológicas, não

alterou a fertilidade do sêmen de galo armazenado a 4°C por 24 horas, entretanto

concentrações maiores de HDL foram prejudiciais ao espermatozóide. A adição de

LDL aos diluentes para congelamento mostrou-se benéfica para os espermatozóides

de eqüinos (MARTIN, 2005) e caninos (VARELA JR, 2005). Trabalhos enfocando o

uso de LDL nos diluentes de sêmen de aves não foram encontrados.

O objetivo geral desta dissertação foi a melhoria da qualidade do sêmen de

galos, seja ele resfriado ou congelado. Para alcançar este objetivo, foi fundamental a

compreensão das modificações que ocorrem no espermatozóide após a coleta,

durante resfriamento e congelamento do sêmen; desenvolver alternativas para

combater a degradação do espermatozóide decorrente do processo de

criopreservação; e utilizar técnicas de maneira objetiva e confiável através de testes

in vitro, para avaliar o potencial de fertilização do sêmen processado.

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Os objetivos específicos foram: 1) o desenvolvimento de diluentes de

resfriamento compostos com diferentes concentrações de Lipossomas de LDL; 2)

comparar a qualidade do sêmen congelado utilizando Dimetilacetamida como

crioprotetor, armazenados em pellets ou palhetas e descongelados e 3 diferentes

temperaturas; 3) avaliação da qualidade do espermatozóide através de testes de

viabilidade, motilidade e penetração na membrana perivitelina interna do ovo, antes

e após o processamento, para identificar possíveis alterações no potencial de

fertilização do mesmo.

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2.1 ARTIGO

“Efeito da lipoproteína de baixa densidade sobre a qualidade do sêmen resfriado de galos”

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EFEITO DA LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE SOBRE A QUALIDADE DO SÊMEN RESFRIADO DE GALOS

Van der Laan, G.M.1; Marten, C.P.2; Oliveira, E.B.2; Deschamps, J.C.1; Bongalhardo, D.C.3

1Laboratório de Reprodução Animal, Centro de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas, Brasil;

2 Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária – UFPEL; 3 Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas, Brasil.

RESUMO

A preservação de sêmen de aves diluído e resfriado por mais de 24 horas resulta em diminuição da fertilidade. O presente estudo teve como objetivo obter melhorias na preservação de sêmen de galos, através da adição de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ao diluente de resfriamento. A metodologia empregada na pesquisa baseou-se na avaliação do sêmen submetido a testes de motilidade (MOT), integridade de membrana (IM) e penetração espermática (PE), por um período de 5 dias após a adição de 0, 6, 8 e 10% de lipossomas de LDL ao diluente Beltsville Poultry Semen Extender (BPSE). Logo após a coleta, foi feito um pool de sêmen, que foi dividido em 4 alíquotas. Cada alíquota foi então diluída com BPSE (1:1, vol:vol) contendo 0% (controle), 6, 8 e 10% de lipossomas de LDL. As amostras foram então resfriadas a 5°C por 5 dias, sendo que a qualidade do sêmen foi verificada antes do resfriamento (0 hora) e após 24, 48, 72 e 96 horas de resfriamento. Após 5 repetições, observou-se que a adição de lipossomas no tratamento T6 não foi diferente (P>0,05) ao tratamento T0 (controle) para MOT, enquanto que o tratamento T10 apresentou os menores valores (45.2 ± 2,8), diferindo significativamente dos grupos T0 e T6 (66.1 ± 2,3 e 63.6 ± 2,9 respectivamente). Com relação ao tempo de resfriamento, observou-se uma diminuição significativa (P<0,05) em MOT e VIG após 24h de resfriamento, enquanto que IM e PE mantiveram constante durante as 96 horas de resfriamento. Ao analisar o efeito de tratamento dentro de tempo de resfriamento, observou-se que IM teve médias mais altas nos tratamentos T6 e T8 (81.4 ± 1,7 e 82.7 ± 1,3) , porem não diferiram estatisticamente dos tratamentos T0(controle) e T10 (73.0 ± 2,5 e70.5 ± 4,1 respectivamente). Os presentes resultados demonstram que a adição de Lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento de sêmen de galos manteve a qualidade dos espermatozóides no tratamento com

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adição de 6% de LDL, em relação ao tratamento controle. Sugerem também que melhorias na fertilidade podem ser obtidas, desde que seja respeitado um limite de adição desta lipoproteína ao diluente. Palavras-chave – galos, integridade de membrana, resfriamento, lipossomas, LDL, diluentes.

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ABSTRACT

Preservation of diluted poultry semen for more than 24 hours results in decreased fertility. The present study aimed to obtain improvements in rooster semen preservation by adding low density lipoproteins (LDL) to the cooling extender. The methodology used was based on the evaluation of sperm motility (MOT), membrane integrity (MI), and sperm penetration (SP) for a period of 5 days after adding LDL liposomes to Beltsville Poultry Semen Extender (BPSE). After collection, semen was pooled and split into 4 aliquots. Each aliquot was diluted with BPSE (1:1, vol:vol) containing 0% (control), 6, 8, and 10% of LDL liposomes. Samples were refrigerated at 5°C for 5 days, and semen quality was evaluated before cooling (hour 0) and after 24, 49, 72, and 96 hours of refrigeration. After 5 repetitions, it was observed that MOT in T6 treatment did not differ (P>0.05) from the T0 (control), while T10 showed the lowest values (45.2 ± 2.87), being significantly different from T0 and T6 (66.1 ± 2.35 and 63.6 ± 2.90, respectively). Regarding refrigeration time, a significant decrease (P<0.05) in MOT and VIG after 24h was observed, while MI and SP remained constant during the 96 hours of cooling. When analyzing treatment effect within refrigeration time, it was observed that MI had higher values at T6 and T8 (81.4 ± 1.7 and 82.7 ± 1.3), but they were not statistically different from T0 and T10 (73.0 ± 2.5 and 70.5 ± 4.1, respectively). The present results allow to conclude that adding 6% of LDL liposomes to the cooling diluent preserves the general sperm quality, suggesting that improvements on fertility could be obtained if a limit in lipoprotein supplementation is imposed. Key words – rooster, membrane integrity, refrigeration, liposomes, LDL, diluents. 1. Introdução

Sêmen resfriado de aves vem sendo progressivamente utilizado em

programas de inseminação artificial, para aperfeiçoar o manejo de machos

geneticamente superiores. Dessa forma, produzindo maior quantidade e qualidade

de pintos, gerando o máximo de retorno econômico para a indústria avícola.

No entanto, a habilidade fertilizante do sêmen fresco armazenado in vitro

usualmente decai em até 1 hora após a coleta. Para armazenar sêmen de galos por

períodos superiores a 24 horas (BLESBOIS; SEIGNEURIN, 1997), é necessário o

uso de um diluente salino tamponado e de equilibrada osmolaridade, e ainda, usar

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temperaturas hipotérmicas entre 2 e 5°C para limitar a dissipação excessiva de

energia, na intenção de reter o metabolismo e a capacidade de fusão dos gametas

(CLARKE; SEXTON; OTTINGER, 1982).

Um dos crioprotetores externos mais utilizados em diluentes é a gema de

ovo. Esta é associada com aumento na habilidade fertilizante do espermatozóide

quando presente em diluentes de sêmen (DUNN; BRATTON; COLLINS, 1950;

SHANNON e CURSON, 1983), em razão de possuir em sua constituição a

lipoproteína de baixa densidade (LDL), cujos principais fosfolipídios são a

fosfatidilcolina e a fosfatidiletanolamina (ANTON et al, 2003). Um dos possíveis

mecanismos de proteção atribuído à LDL seria a sua associação com a membrana

espermática do espermatozóide (BERGERON et al, 2004; WATSON, 1981).

Foulkes (1977) e Graham e Foote (1987) sugerem que a LDL pode-se aderir

à membrana da célula espermática durante o processo de preservação espermática.

Segundo Anton et al.(2003), a LDL forma uma película interfacial entre ácidos

graxos e a água. Além disto, Bergeron et al. (2004) descreveram que a LDL

promove um seqüestro da maior parte das proteínas presentes no plasma seminal,

formando um complexo, de modo que estas não fiquem disponíveis para atuarem na

membrana. Desta forma, a LDL confere a célula espermática uma maior resistência

ao choque térmico por redução dos efeitos nocivos das proteínas do plasma seminal

na membrana espermática.

A adição de LDL aos diluentes para congelamento ou resfriamento de

sêmen mostrou-se benéfica para espermatozóides de eqüinos (MARTIN, 2005),

bovinos (PACE, 1974, GRAHAM; FOOTE, 1987), suínos (DEMANIOWICZ;

STRZEZEK, 1996) e caninos (VARELA JUNIOR, 2005). Trabalhos enfocando o uso

de LDL nos diluentes de sêmen de galos não foram conduzidos.

O objetivo deste estudo foi verificar o efeito da adição de lipossomas de LDL

na composição do diluente de resfriamento, sobre as características de qualidade do

sêmen de galos, refrigerados a 5°C.

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2. Materiais e Métodos

Neste estudo foi avaliada a adição de Lipossomas de LDL ao diluente

Beltsville Poultry Semen Extender (BPSE) (SEXTON, 1977) em 4 tratamentos: um

controle (T0) sem adição de lipossomas de LDL ao diluente, e outros 3 tratamentos

com respectivamente 6 (T6), 8 (T8) e 10% (T10) de lipossomas de LDL ao diluente

BPSE.

A metodologia empregada na pesquisa baseou-se na avaliação do sêmen

submetido aos tratamentos, resfriado a 5°C em câmara fria pelo período de 5 dias. A

qualidade do sêmen foi verificada através de testes de motilidade (MOT),

integridade de membrana (IM) e penetração espermática (PE) nas subseqüentes 0,

24, 48, 72 e 96 horas de resfriamento. Foram realizadas 5 repetições destes

tratamentos.

2.1 Animais

Um total de 15 galos de Linhagem Embrapa–051 (Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária) originada do cruzamento das raças Plymouth Rock White e

Rhode Island Red, foram usados neste estudo no Laboratório de Reprodução

Animal do Centro de Biotecnologia da UFPEL. Os animais foram alojados em

gaiolas individuais, alimentados com ração contendo 2850 Kcal de energia, 12,5 %

de proteína bruta, 3,34% de gordura, 3,54% de fibra, 0,67% de fósforo e 1% de

cálcio, tendo acesso ad libitum a esta ração e a água.

2.2 Extração do LDL / Preparo dos Lipossomas

Para a extração da Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL) da gema de ovo

tomou-se como base o método desenvolvido por Moussa et al. (2002).

Foram coletados ovos frescos de galinhas poedeiras provenientes do

Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG – UFPel). Os ovos foram

quebrados manualmente e a gema separada da clara (albúmen). Cada gema foi

cuidadosamente rolada em papel filtro para a remoção da chalaça e traços de claras

aderidos a membrana vitelina. Esta membrana foi então rompida com a ajuda de

uma agulha, e a gema coletada em um Becker resfriado em gelo.

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A fração plasmática da gema é separada por adição de solução salina (0,17

M NaCl), sendo diluída duas vezes (peso/peso) e misturada por 1 hora, de acordo

com McBee e Cotterill (1979). Após homogeneização, a solução foi centrifugada por

45 minutos a 7.840 RPM, em temperatura de 4°C. O sobrenadante foi centrifugado

novamente para a completa remoção de grânulos, e, mantido a 4°C. O plasma foi

então misturado a 40% de Sulfato de Amônia por 1 hora para precipitação. O pH do

plasma foi fixado e controlado a 8.7 e a temperatura fixada a 4°C, em seguida foi

centrifugado a 7.840 RPM por 45 minutos, o que separou o sobrenadante do

sedimento.

O sobrenadante foi então dializado por pelo menos 8 horas com água

destilada para eliminar o sulfato de amônia. Após a completa eliminação do sulfato

de amônia, a solução foi novamente centrifugada (7.840 RPM por 45 minutos) e

coletado o sobrenadante, rico em LDL.

Para o preparo dos Lipossomas, a solução resultante da extração do LDL foi

submetida a sonicação por 30 minutos (Sonicador SERCON LU-5), a uma

freqüência de 60 kHz e temperatura ambiente. Desse modo, a solução de

Lipossomas de LDL ficou pronta para ser incorporada ao diluente.

2.3 Diluente

O diluente de resfriamento BPSE foi preparado com 5g de frutose, 0,34g de

cloreto de magnésio, 0,64g de citrato de potássio tribásico, 4,30g de acetato de

sódio, 8,67g de glutamato de sódio, 1,95g de TES, 0,65g de fosfato de potássio

monobásico e 12,70g de fosfato de potássio dibásico para 1 litro de água destilada,

com o pH ajustado para 6,5 e osmolaridade 353 mOsm/kg H2O (SEXTON, 1977).

Nos tratamentos foram adicionados ao diluente BPSE 0% (controle), 12, 16 e 20%

de lipossomas de LDL, resultando na solução final com 0, 6, 8 e 10 % após a adição

do sêmen na proporção (1:1, vol:vol).

2.4 Coleta de Sêmen

A coleta de sêmen era realizada rotineiramente 3 vezes por semana através

de massagem abdominal (BURROWS e QUINN, 1937). As amostras eram usadas

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sem seleção conforme quantidade, apenas excluindo-se aquelas que apresentavam

contaminação por sangue ou resíduos cloacais.

2.5 Avaliação dos ejaculados

Logo após a coleta, foi feito um pool de sêmen, transferindo os ejaculados

para um tubo Falcon (graduado) de 15 ml onde foi verificado o volume total obtido,

sendo a concentração espermática avaliada por meio de contagem de células

espermáticas em Câmara de Neubauer.

O pool de sêmen foi dividido em 4 alíquotas, e cada uma foi então diluída

com BPSE (1:1, vol:vol) contendo os respectivos tratamentos. As amostras eram

manipuladas apenas uma vez ao dia para as avaliações, e prontamente levadas ao

resfriamento para evitar maiores oscilações de temperatura.

A motilidade (percentagem de células móveis) e vigor (0 – 5) foram

analisadas em cada tratamento através de microscópio óptico, utilizando

aproximadamente 10μl de sêmen em lâmina sob lamínula, a temperatura ambiente.

A integridade de membrana foi avaliada através do corante SYBR-14 + PI

(Live/Dead Sperm Viability), o qual prediz o potencial fertilizante de amostras de

sêmen (SEIGNEURIN; BLESBOIS, 1995). Esta análise foi realizada em todas as

etapas deste estudo. Antes de cada avaliação as amostras foram ajustadas,

adicionando 10μl de sêmen de cada tratamento em tubos eppendorf contendo 500μl

de diluente BPSE, previamente identificados. Imediatamente, adicionou-se o SYBR-

14 e PI nestas amostras. O procedimento foi realizado em uma sala escura, para

proteger os corantes do contato direto com a luz.

Utilizou-se microscópio de fluorescência (Olympus BX-51) para a contagem

de células viáveis, após incubação das amostras no escuro, em temperatura

ambiente por 15 minutos. Um total de 200 células espermáticas foram contadas em

cada lâmina, categorizando-as como viáveis (verdes) e não viáveis (coloração

vermelha ou dupla coloração). O resultado foi expresso em percentagem de células

viáveis.

A penetração espermática foi estimada in vitro através da técnica de

incubação do espermatozóide com a membrana perivitelina interna do ovo (IPVL) de

galinha, conforme descrito por Robertson e Wishart (1997). O sêmen analisado foi

diluído à 5 x 107 sp/ml e incubado em banho-maria à 40°C por 10 min. As

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membranas foram colocadas em pocinhos contendo 600 μl de Dulbecco’s Eagle’s

Medium (MEM), modificado com HEPES, aquecido à 40°C. Após, foi transferido 200

μl do sêmen para os pocinhos contendo MEM e IPVL (concentração final de 1,25 x

107 sp/ml) e incubado por 5 minutos em banho-maria à 40°C com agitação. As

membranas foram então lavadas com cloreto de sódio à 1% para remoção dos

espermatozóides. As lâminas foram preparadas e observadas ao microscópio de

campo escuro (Olympus BX-41). Três campos de cada lâmina foram fotografadas

para contar o número de furos visíveis, feitos pelos espermatozóides na IPVL por

mm2.

2.6 Análise estatística

Os dados foram analisados utilizando o programa Statistix® (2003). Para

motilidade, se utilizou Análise de Variância (ANOVA). Para a análise do teste de

penetração espermática utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis para dados não

paramétricos, enquanto que para a análise de integridade de membrana os dados

foram transformados para arco-seno, e realizado ANOVA. As médias foram

comparadas por Teste LSD, utilizando a probabilidade P< 0,05.

3 Resultados

Os efeitos da adição de diferentes níveis de lipossomas de LDL sobre a

motilidade (MOT), das células espermáticas estão demonstradas na Tabela 1.

Tabela 1. Médias e erro padrão para Motilidade espermática do sêmen de galos resfriado a 5˚C, nos diferentes tratamentos por período de estocagem.

Trat (%) 0h 24h 48h 72h 96h

T0 77.5 ± 4.5 a 67.0 ± 2.7 a 69.5 ± 4.4 a 58.5 ± 4.7 a 58.0 ± 5.7 a T6 75.5 ± 4.4 a 65.5 ± 6.1 a 68.5 ± 3.6 a 56.5 ± 6.4 a 52.0 ± 7.4 a T8 72.5 ± 3.5 a 58.5 ± 4.7 ab 53.0 ± 5.6 b 49.0 ± 6.6 ab 43.5 ± 7.9 ab

T10 61.0 ± 2.0 b 50.5 ± 4.1 b 45.5 ± 5.3 b 38.0 ± 6.6 b 31.0 ± 4.9 b a, b Letras diferentes, na mesma coluna, representam diferença P<0,05.

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Os tratamentos T0 e T6 não diferiram (P>0,05) em nenhum momento durante

os 5 dias de experimento para Motilidade. Os grupos T8 e T10 apresentaram

resultados inferiores comparados aos grupos T0 e T6. Apesar de a diferença

apresentada pelo grupo T8 na 0 hora não ser significativa às 24, 72 e 96h, este

tratamento diferiu do controle. O T10 sempre demonstrou os valores mais baixos

para motilidade, diferindo dos grupos T0 e T6, nos momentos 0, 24, 48, 72 e 96h de

resfriamento à 5˚C.

Após o resfriamento, observou-se que a motilidade diminuiu após 0, 24, 48,

72 e 96h em todos os tratamentos. Na Figura 1, podemos observar a queda da

motilidade espermática ao longo do experimento e destacar a diferença entre os

tratamentos T0 e T10, com valores inferiores para o tratamento T10.

Figura 1. Motilidade do sêmen de galos submetidos aos tratamentos com diferentes níveis de lipossomas de LDL.

Através da regressão linear (Figura 2) fica evidenciado que á medida que

aumenta o tempo de acondicionamento do sêmen a 5˚C, a motilidade decresce.

Ainda, quanto maior a concentração de lipossomas de LDL no diluente do sêmen,

menor é a motilidade espermática ao passar do tempo.

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Figura 2. Regressão linear da motilidade do sêmen resfriado a 5˚C, por tratamento, em função do tempo de acondicionamento a 5˚C. T0 (BPSE - grupo controle): Motilidade = 80,35 – 4,75(h) – R2 = 0,849; T6 (BPSE adicionado de 6% LDL): Motilidade = 80,4 – 5,6(h) – R2 = 0,885; T8 (BPSE adicionado de 8% LDL): Motilidade = 75,55 – 6,75(h) – R2 = 0,929; T10 (BPSE adicionado de 10% LDL): Motilidade = 66,95 – 7,25(h) – R2 = 0,989.

A percentagem de células viáveis no teste de Integridade de Membrana

indicado pelo método SYBR-14 + PI, não diferiu significativamente (P>0,05) entre os

tratamentos T0, T6, T8, e T10, em qualquer dos períodos de avaliação.

Tabela 2. Percentual de Integridade de Membrana (médias e erro padrão) por tratamento e período de estocagem (dados transformados para arco-seno).

Trat (%) 0h 24h 48h 72h 96h

T0 80.2 ± 4.55 79.4 ± 5.37 70.2 ± 5.4 68.6 ± 4.0 66.6 ± 7.8 T6 81.8 ± 6.29 80.6 ± 3.41 81.4 ± 3.32 80.0 ± 4.13 83.2 ± 2.95 T8 87.0 ± 2.28 84.0 ± 2.91 81.0 ± 3.89 82.4 ± 2.0 79.4 ± 3.12 T10 82.4 ± 2.67 69.6 ± 9.24 65.6 ± 11.8 67.0 ± 9.13 68.0 ± 12.2

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Na regressão linear para integridade de membrana (Figura 3), podemos

observar a tendência dos tratamentos T6 e T8 com a maior porcentagem de células

íntegras no teste de IM, com médias respectivas de 81.4% e 82.7%. Para os

tratamentos T0 e T10, a porcentagem média de IM foi 73.0% e 70.5%

respectivamente, ainda que ligeiramente mais baixa, não foram significativamente

diferentes dos valores obtidos nos tratamentos T6 e T8.

Figura 3. Regressão linear para Integridade de membrana espermática, por tratamento em função do tempo de acondicionamento a 5˚C. T0 (BPSE - grupo controle): Integridade de membrana = 84,4 – 3,8(h) – R2 = 0,897; T6 (BPSE adicionado de 6% LDL): Integridade de membrana = 80,74 – 0.22(h) – R2 = 0,080; T8 (BPSE adicionado de 8% LDL): Integridade de membrana = 87,8 – 1,68(h) – R2 = 0,829; T10 (BPSE adicionado de 10% LDL): Integridade de membrana = 79,94 – 3,14(h) – R2 = 0,533.

A penetração espermática foi verificada ao longo de todo o processo deste

trabalho. Os tratamentos não apresentaram diferença significante entre eles

(P>0,05) para os diferentes momentos de análise das amostras (tab.3). Na Figura 4,

podemos observar a média de furos categorizadas, para os 4 diferentes tratamentos.

A diferença dos furos na membrana entre os tratamentos pode ser visto na Figura 5.

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Tabela 3. Penetração espermática em IPVL (n˚ de furos por mm2) nos diferentes tratamentos. Trat (%) 0h 24h 48h 72h 96h

T0 31.8 ± 7.83 41.7 ± 26.3 82.0 ± 27.9 53.0 ± 37.7 26.1 ± 8.4 T6 110.4 ± 50. 13.8 ± 7.0 19.7 ± 3.6 11.3 ± 2.4 18.2 ± 4.7 T8 97.9 ± 36.6 15.9 ± 5.7 19.0 ± 4.1 15.2 ± 5.0 9.7 ± 1.6

T10 98.9 ± 69.8 9.0 ± 1.7 24.4 ± 5.7 14.5 ± 3.9 9.8 ± 4.1

Figura 4. Média de furos (furos/mm2) na membrana perivitelina interna do ovo (IPVL) de galinha, penetrada por espermatozóide de galo.

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Figura 5. Fotos tiradas em microscópio de campo escuro (aumento – 400X) dos furos típicos realizados pelos espermatozóides incubados com a membrana perivitelina interna do ovo (IPVL). Grupo controle (A) e tratamento T6 (B), não diferem estatisticamente entre eles.

4 Discussão

O mecanismo que promove a proteção do espermatozóide pela Lipoproteína

de Baixa Densidade (LDL) ainda é discutido. Uma das hipóteses é que o LDL fica

associada com a membrana espermática, estabilizando-a (WATSON, 1975;

FOULKES, 1977; MCDONALD, FOULKES, 1981). Outra hipótese sugere que os

fosfolipídios presentes na LDL protegem o sêmen formando um filme protetor na

superfície da membrana espermática (QUINN ET AL., 1980), ou repondo os

fosfolipídios que são perdidos ou danificados durante o processo de criopreservação

(FOULKES et al., 1980; GRAHAM, FOOTE, 1987). Bergeron e Munjunath (2006)

propuseram um novo mecanismo de proteção do espermatozóide pelo uso do LDL,

tendo em vista a descoberta que as proteínas do plasma seminal (BSP) formam

complexos estáveis com a LDL. Em ejaculados não diluídos, os espermatozóides

são continuamente expostos a elevadas concentrações de proteínas BSP e

contínua remoção lipídica, resultando em diminuição da resistência do

espermatozóide ao choque térmico e congelamento. A LDL tem condições de se

ligar a maior parte das proteínas BSP, desde que o ejaculado seja diluído poucos

minutos após a coleta em diluentes contendo a LDL. Assim, a LDL pode oferecer

proteção às células espermáticas pela redução dos efeitos nocivos que as proteínas

do plasma seminal exercem sobre a membrana espermática.

Os resultados apresentados neste experimento demonstram que a adição de

Lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento de sêmen de galos manteve a

qualidade dos espermatozóides no tratamento com adição de 6% de LDL, em

relação ao tratamento controle. Observou-se um efeito negativo em relação a alta

quantidade de LDL presente no diluente, pois o tratamento 10% apresentou valores

inferiores em relação aos outros tratamentos, em todas as avaliações (MOT, VIG, IM

e PE).

No teste de motilidade, ficou evidenciado a medida que aumenta o tempo de

acondicionamento do sêmen a 5˚C, a motilidade decresce, como pode ser visto na

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regressão linear da figura 2. Este resultado já era esperado pois quando o sêmen é

armazenado in vitro por mais de 24 horas, maiores são os problemas com fertilidade

(DONOGHUE; WISHART, 2000).

Nossos resultados não indicam uma influência significativa entre os

tratamentos com diferentes níveis de LDL sobre a Integridade de Membrana (IM). Na

figura 4 podemos observar o gráfico de regressão linear onde fica evidente que os

tratamentos T2 (6%) e T3 (8%) tiveram melhores médias de células íntegras

comparados aos outros grupos. Ainda, o Tratamento 2 (6%) foi o único apresentou

uma tendência em permanecer constante a porcentagem de células viáveis (íntegras)

ao longo das horas de resfriamento, enquanto que T1, T3 e T4 apresentaram uma

tendência decrescente entre 0 e 96 horas. Segundo Chalah e Brillard (1998), SYBR

14 + PI é o método mais adequado para verificar a Integridade de Membrana de

sêmen fresco e resfriado (>0˚C) de aves.

Através do teste de Penetração Espermática, se pode obter uma estimativa

da fertilidade individual ou de um grupo de aves, por meio da avaliação do número de

furos na membrana interna (IPVL) de ovos frescos (BRAMWELL et al.,1995). Este

tipo de teste serve para mostrar a função in vivo do sêmen, e ainda, a avaliação do

número de furos na membrana é uma análise simples (WISHART, 1995).

No teste de penetração espermática, não foram observadas diferenças

estatísticas entre os tratamentos. No gráfico da figura 5, podemos observar que

apesar de não diferirem entre eles, o grupo controle foi o melhor tratamento, seguido

pelo T2 e T3 com a média de furos/mm2 bem semelhantes, e por último o T4, com os

menores valores para PE. Assim como no teste de motilidade, observou-se o efeito

negativo em relação à proporção de Lipossomas de LDL ao diluente, sendo

inversamente proporcional o nível de LDL e o número de furos na membrana no teste

de PE.

Os resultados obtidos nestes estudos nos permitiram concluir que a adição

de lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento de sêmen de galos mantém a

qualidade geral dos espermatozóides quando adicionado na proporção de 6%,

portanto, melhorias na fertilidade de sêmen de aves podem ser obtidas desde que

seja respeitado um limite de adição desta lipoproteína ao diluente.

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2.2 ARTIGO

“Comparação entre a forma de envase e a temperatura de descongelamento de sêmen de galos congelado com dimetilacetamida”

Resumo apresentado no “40th Annual Meeting – Society for the Study of

Reproduction (SSR - 2007), hosted by University of Texas and the University of

Texas Health Science Center at San Antonio / USA”.

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COMPARAÇÃO ENTRE A FORMA DE ENVASE E A TEMPERATURA DE DESCONGELAMENTO DE SÊMEN DE GALOS CONGELADO COM

DIMETILACETAMIDA

Van der Laan, G.M.1; Miranda, R.C.2; Castro, T.F.2; Marten, C.P.2; Oliveira, E.B.2;

Deschamps, J.C.1; Bongalhardo, D.C.3

1Laboratório de Reprodução Animal, Centro de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas, Brasil;

2 Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Pelotas, Brasil ; 3 Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas, Brasil

RESUMO Uma alternativa ao uso de glicerol como crioprotetor de sêmen de galos é a utilização de Dimetilacetamida (DMA). Os melhores resultados obtidos com DMA ocorrem quando o sêmen é rapidamente congelado na forma de pellets e submetido a um rápido descongelamento à 60ºC. Porém, o congelamento em palhetas ainda é o método mais apropriado para armazenar sêmen e a exposição do mesmo a temperaturas mais altas que a temperatura corporal fisiológica durante o descongelamento pode causar danos ao espermatozóide. O presente trabalho visou avaliar a qualidade do sêmen de galos congelado com DMA, envasado em palhetas e em pellets e descongelado a três temperaturas. Após a coleta, foi feito um pool de sêmen, que foi dividido em duas alíquotas e equilibrado à 5ºC por 10 min. Um minuto depois da adição de DMA, o sêmen foi envasado em palhetas de 0,25 ml e mergulhado em nitrogênio líquido. Os pellets foram feitos pipetando-se 25µl de sêmen diretamente em nitrogênio líquido. As palhetas foram descongeladas em banho-maria a 5, 40 e 60ºC. Os pellets foram colocados em tubos Eppendorf contendo diluente de Lake’s a temperaturas de 5, 40 e 60ºC. Após descongeladas as amostras foram mantidas a temperatura ambiente para análises. A motilidade (MOT) foi avaliada de forma subjetiva ao microscópio, a integridade de membrana (IM) através das sondas fluorescentes SYBR-14 e PI, e a penetração espermática (PE), através da incubação do sêmen com a membrana perivitelina interna (MPI) do ovo. A análise de variância mostrou que existem diferenças nas temperaturas de descongelamento para MOT e PE, sendo que MOT à 40 e à 60 foram superiores à 5ºC (35,8 ± 5,8, 25,4 ± 7,1, e 15,0 ± 5,0% respectivamente, P<0,05), e PE à 40 foi superior à 60 e 5ºC (14,2 ± 2,6, 6,3 ± 1,2, e 6,8 ± 1,1 furos/mm2 , respectivamente, P<0,05). Quando o sêmen foi envasado em palhetas, PE foi significativamente maior do que em pellets (11,9 ± 2,0 vs. 6,5 ± 0,9 furos/mm2, P<0,05), o mesmo ocorrendo

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para IM (20,3 ± 1,8 vs. 9,0 ± 1,0, P<0,05). Não houve interação entre forma de envase e temperatura de descongelamento em nenhum dos parâmetros analisados. Estes resultados indicam que a temperatura corporal é a mais apropriada para descongelamento de sêmen criopreservado com DMA, e que o envase em palhetas é uma alternativa ao invés do método de pellets. Palavras chaves – Sêmen de galo, criopreservação, dimetilacetamida, motilidade espermática.

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COMPARISON AMONG THAWING TEMPERATURES OF ROOSTER SPERM FROZEN WITH DIMETHYLACETAMIDE

ABSTRACT

Protecting rooster sperm with dimethylacetamide (DMA) is an alternative to the use of glycerol. The best results obtained with DMA occur when sperm is fast-frozen in pellets and fast-thawed at 60°C. However, straws are still the most suitable method for storing semen, and subjecting sperm to temperatures higher than the physiological body temperature could have deleterious effects on its function. The present work aimed to evaluate quality of rooster semen frozen with DMA, packed in straws and pellets, and thawed at 3 temperatures. After collection, semen was pooled, split in two aliquots, and kept at 5°C for 10 min. One min after addition of DMA, semen was packed into 0.25 ml straws, which were plunged into liquid nitrogen; and pellets were formed by dropping 25 μl of semen directly into liquid nitrogen. Straws were thawed with swirling motion into ice bath (5°C) or water bath (40 and 60°C). Pellets were placed into tubes containing Lake’s diluent at 5, 40, or 60°C. After thawing, samples were maintained at room temperature for analyses. Motility (MOT) was measured subjectively at microscope and the ability of sperm to penetrate the egg was performed incubating sperm diluted at 1.25 x 109 sp/ml with egg’s inner-perivitelline layer (IPVL) squares for 5 min at 40°C. IPVL was spread in slides and the number of hydrolyses holes (HOLES) made by the sperm in 1 mm2 was counted. Analysis of variance showed that there was difference among thawing temperatures; in MOT, 40 and 60°C was superior to 5°C (35,8 ± 5,8, 25,4 ± 7,1, and 15,0 ± 5,0% respectively, P<0,05) and in PE, 40 was higher than both 60 and 5°C (14,2 ± 2,6, 6,3 ± 1,2, e 6,8 ± 1,1 holes/mm2, respectively, P<0,05). Sperm penetration (PE) and Membrane Integrity (IM) were affected by packing method, with straws being superior to pellets (11,9 ± 2,0 vs. 6,5 ± 0,9 holes/mm2, P<0,05) and (20,3% ± 1,8 vs. 9,0% ± 1,0, P<0,05) respectively. There was no difference (P > 0.05) between packing methods in MOT or interaction between packing and temperature in any parameter. These results indicate that body temperature is more suitable for thawing DMA cryopreserved sperm, and that packing semen in straws could be an alternative to the pellet storage method.

Keywords: rooster sperm, cryopreservation, dimethylacetamide, sperm motility.

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1 Introdução A criopreservação de sêmen em animais domésticos é a biotécnica

reprodutiva mais utilizada para difundir material genético, manter a conservação da

biodiversidade genética e aperfeiçoar o manejo da inseminação artificial.

A criopreservação de sêmen em aves domésticas tem sido estudada

extensivamente com o passar dos anos. Métodos utilizando diferentes tipos de

diluentes e crioprotetores como Glicerol, Dimetilsulfóxido (DMSO), Dimetilacetamida

(DMA), condições de congelamento, tipos de armazenamento do sêmen, e

procedimentos para descongelamentos foram desenvolvidos (LAKE, 1986;

BELLAGAMBA et al., 1993).

Hammerstedt & Graham (1992) discutiram as vantagens e desvantagens

relacionadas ao uso do glicerol como crioprotetor em aves. Dois problemas

persistentes são o seu efeito contraceptivo quando no trato da fêmea, e os danos

sofridos pelo espermatozóide durante a sua remoção (GILL et al., 1996). O efeito

contraceptivo do glicerol ainda é desconhecido, mas pode estar relacionado com o

choque osmótico que ocorre dentro do oviduto (LAKE; RAVIE, 1984). Portanto, a

remoção do glicerol antes da inseminação torna-se fundamental para que se

obtenha fertilidade (BUSS, 1993; VAN VOORST; LEENSTRA, 1995; IAFFALDANO;

MELUSSI, 2003). A lavagem do sêmen descongelado com Accudenz Gradient

Centrifugation (MCLEAN et al., 1998) mostrou-se o melhor método para remoção do

glicerol quando comparado com a remoção por diálise ou por Percoll Density

Gradient Centrifugation (LONG; KULKARNI, 2004), entretanto a fertilidade obtida por

este método ainda é baixa.

O efeito protetor conferido pela Dimetilacetamida (DMA) e a possibilidade de

usar o sêmen sem que a mesma seja removida antes da inseminação, são

vantagens que encorajaram o uso deste crioprotetor para o congelamento do sêmen

de aves (LAKE; RAVIE, 1984). Segundo Challah et al. (1999), a fertilidade obtida

com sêmen congelado com DMA é comparável àquela obtida com sêmen fresco,

especialmente quando armazenado na forma de pellets (TSELUTIN et al., 1999).

O armazenamento do sêmen congelado (pellet/palheta) é um importante

ponto a ser considerado quando se busca aperfeiçoar o método de criopreservação.

Isto devido ao número de variáveis envolvidas ao método de congelamento, no qual

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irão interagir (MORTIMER et al., 1976; SEXTON, 1979; LAKE; RAVIE, 1984;

LATORRE et al., 1988).

O objetivo do presente estudo foi comparar a qualidade do sêmen congelado

de galos (Gallus gallus) utilizando a Dimetilacetamida (DMA) como crioprotetor,

envasado em palhetas ou em forma de pellets, e descongelados em três diferentes

temperaturas.

2 Materiais e Métodos

A metodologia empregada na pesquisa baseou-se na avaliação do sêmen

submetido aos 3 tratamentos de descongelamento (5, 40 e 60˚C), em dois diferentes

tipos de envase (pellets ou palhetas). A qualidade do sêmen foi verificada através de

testes de motilidade (MOT), penetração espermática (PE) e Integridade de

membrana (IM) logo após os descongelamentos. Foram realizadas 5 repetições

destes tratamentos.

2.1 Animais

Um total de 15 galos de Linhagem Embrapa–051 (Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária – linhagem originada do cruzamento das raças Plymouth

Rock White e Rhode Island Red), foram usados neste estudo no Laboratório de

Reprodução Animal do Centro de Biotecnologia da UFPEL. Os animais foram

alojados em gaiolas individuais, alimentados com ração contendo de energia 2850

Kcal, 12,5 % de proteína bruta, 3,34% de gordura, 3,54% de fibra, 0,67% de fósforo

e 1% de cálcio, tendo acesso ad libitum a esta ração e a água.

2.2 Coleta de Sêmen e Diluição

A coleta de sêmen foi realizada conforme os procedimentos descritos por

Burrows e Quinn (1937). Foi tomado devido cuidado para impedir contaminação por

sangue ou resíduos cloacais no momento da coleta. Após formar um pool com o

sêmen coletado, foi verificado o volume final e a concentração espermática na

câmara de Neubauer. O pool foi então diluído em solução de Lake´s (LAKE, 1968)

na proporção de 1:1 (vol;vol) em temperatura ambiente. Foram retiradas amostras

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para as avaliações de Motilidade (MOT), Integridade de Membrana (IM) e

Penetração Espermática (PE).

O sêmen diluído foi então dividido em duas alíquotas iguais rotuladas de

“Pellets” e “Palhetas”, e resfriadas a 5˚C por 10 minutos na câmara fria.

2.3 Procedimentos de congelamento

Ao estarem equilibradas as amostras a 5˚C na câmara fria, foi adicionado o

DMA na concentração final de 6% para ambas alíquotas. Após homogeneizadas

lentamente, foram equilibradas a 5˚C por 1 minuto para serem envasadas.

O sêmen da primeira alíquota foi transferido para palhetas de 0,25 ml e

seladas. As palhetas foram submetidas a 1 minuto ao vapor de nitrogênio (3 cm

acima do nível do N2), para então serem colocadas diretamente dentro do líquido de

Nitrogênio.

Com a segunda alíquota, foram formados os pellets a partir de 25 μl de

sêmen lançados diretamente no nitrogênio líquido. Os pellets foram armazenados

dentro de Cryotubos®, e então estocados dentro do botijão de nitrogênio.

2.4 Procedimentos de descongelamento

• Palhetas

Para o descongelamento, as palhetas foram submetidas a três diferentes

tratamentos: Tratamento 1 (banho de gelo a 5˚C), tratamento 2 (banho-maria a

40˚C), e tratamento 3 (banho-maria a 60˚C). As palhetas foram mergulhadas e

manualmente agitadas por 30 segundos em cada tratamento. Após descongeladas,

as palhetas foram rapidamente abertas nas duas extremidades, e o sêmen

transferido para tubos Eppendorf® contendo o diluente Lake´s (1:1, vol:vol), e

posteriormente submetidos a avaliação.

• Pellets

Os pellets também foram submetidos aos mesmos três tratamentos. Para o

descongelamento, os pellets foram transferidos dos Cryotubos® para tubos

Eppendorf® contendo diluente de Lake´s (1:1, vol:vol) nas temperaturas de 5, 40 e

60˚C (tratamentos), e manualmente agitados dentro do banho de gelo ou no banho-

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maria. Imediatamente após o descongelamento, os tubos ficaram expostos a

temperatura ambiente para a análise do sêmen.

2.5 Teste da qualidade do sêmen

A motilidade (percentagem de células móveis) foi analisada em cada

tratamento através de microscópio, utilizando aproximadamente 10μl de sêmen em

lâmina sob lamínula, a temperatura ambiente.

A habilidade fertilizante do sêmen foi estimada in vitro pelo teste de

Penetração Espermática (PE), através da técnica de incubação do espermatozóide

com a membrana perivitelina interna do ovo (IPVL) de galinha, conforme descrito por

Robertson e Wishart (1997). As membranas são colocadas em pocinhos contendo

600 μl de Dulbecco’s Eagle’s Medium (MEM), modificado com HEPES, aquecido à

40°C. O sêmen a ser analisado é diluído à 5 x 107 sp/ml e incubado em banho-maria

à 40°C por 10 min. Após, transfere-se 200 μl do sêmen para os pocinhos contendo

MEM-IPVL (concentração final de 1,25 x 107 sp/ml) e incuba-se por 5 minutos em

banho-maria à 40°C com agitação. As membranas são então lavadas com cloreto

de sódio à 1% para remoção dos espermatozóides. São preparadas em lâminas e

observadas ao microscópio de campo escuro (Olympus BX-41). Fotografam-se três

campos de cada lâmina e conta-se o número de furos visíveis, feitos pelos

espermatozóides na IPVL por mm2.

A integridade de membrana foi determinada através do corante SYBR-14 +

PI, o qual prediz o potencial fertilizante de amostras de sêmen (SEIGNEURIN;

BLESBOIS, 1995). O corante SYBR-14 é um marcador de ácido nucléico que

permeia apenas em membranas intactas, corando o DNA (verde fluorescente),

enquanto que o Iodeto de Propidium (PI) também cora DNA, porém apenas em

células com lesão de membrana (vermelho fluorescente = célula não viável).

Antes de cada avaliação as amostras são ajustadas, adicionando 5μl de

sêmen de cada tratamento em tubos Eppendorf® contendo 500μl de diluente Lake´s,

previamente identificados. Imediatamente, adiciona-se o SYBR-14 + PI nestas

amostras. Procedimento realizado em uma sala escura, protegendo os corantes do

contato direto com a luz. Utilizou-se microscópio de fluorescência (Olympus BX-51)

para a contagem de células, após incubação das amostras no escuro, em

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temperatura ambiente por 15 minutos. Um total de 200 células espermáticas foram

contadas em cada lâmina, categorizando-as como viáveis (verdes) e não viáveis

(coloração vermelha ou dupla coloração), e o resultado expresso em percentagem

de células viáveis ou íntegras.

2.6 Análise estatística

Os dados foram analisados através do programa Statistix® (2003). As

porcentagens de motilidade, integridade de membrana e os valores de penetração

espermática foram examinados por análise de variância (ANOVA), e as médias

comparadas por Teste de Tukey, utilizando a probabilidade p < 0,05.

3 Resultados

Nas nossas condições laboratoriais, podemos demonstrar que existem

diferenças significativas (P<0,05) entre diferentes temperaturas de

descongelamento, e também, entre métodos de envase de sêmen congelado.

A percentagem de células espermáticas móveis foi maior antes do

congelamento (90 a 100%) do que após o descongelamento, apresentando médias

de 23.9 ± 6,2 e 26.9 ± 4,1 para pellets e palhetas, respectivamente. A motilidade do

sêmen descongelado a 40°C e a 60°C foram superiores à 5°C (35,8 ± 5,8; 25,4 ±

7,1; e 15,0 ± 5,0% respectivamente, P<0,05), como demonstra o gráfico da figura 1.

O número de furos na membrana (IPVL) do teste de penetração espermática

foi significantemente mais alto quando o sêmen foi descongelado a 40°C (14.2 ± 2,6)

do que a 5°C (6.8 ± 1,1) ou a 60°C (6.3 ± 1,2) (Figura 1).

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Figura 1. Médias e erro padrão para motilidade (E) e penetração espermática (D) de sêmen de galos descongelados em três diferentes temperaturas.

Após os descongelamentos, o sêmen envasado em palhetas demonstrou

uma média superior para PE (P<0,05) em relação ao pellet (Figura 2), enquanto que

para MOT essas médias não foram diferentes entre elas (Figura 3).

Figura 2. Médias e erro padrão para Penetração Espermática (furos/mm2) de sêmen de galos, armazenados em palhetas ou em pellets, e descongelados em três diferentes temperaturas.

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Figura 3. Médias e erro padrão para Motilidade (%) de sêmen de galos, armazenados em palhetas ou em pellets, e descongelados em três diferentes temperaturas.

Não houve interação (P>0,05) entre as variáveis temperatura de

descongelamento e método de envase do sêmen.

As amostras envasadas em palhetas demonstraram uma porcentagem

significativamente maior (P<0,05) tanto em de células íntegras (IM) (20,3 ± 1,8 vs. 9,0

± 1,0, P<0,05), como na penetração espermática (PE) (11,9 ± 2,0 vs. 6,5 ± 0,9

furos/mm2, P<0,05), comparadas ao sêmen congelado em pellets (Figura 4).

Figura 4. Médias e erro padrão para Integridade de Membrana (E) e Penetração Espermática (D) do sêmen congelado em Pellets e Palhetas.

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4 Discussão

Os principais pontos críticos que afetam o metabolismo e a estrutura celular

durante a criopreservação são: 1) a interação entre o espermatozóide e o

crioprotetor interno adicionado ao sêmen para limitar o stress pela troca de

temperatura; 2) curva da temperatura de congelamento e descongelamento; 3) o tipo

de envase para o sêmen (BLESBOIS, 2007).

Tselutin, Seigneurin e Blesbois (1999) compararam 3 crioprotetores

(Glicerol, DMA e DMSO) para congelamento de sêmen de aves, e demonstraram

que o DMSO é o crioprotetor mais tóxico, e o Glicerol, o menos nocivo à célula

espermática. No entanto, os índices de fertilidades mais elevados foram obtidos com

o DMA, porém apenas quando o sêmen foi congelado em Pellets. Amostras de

sêmen congeladas em pellets utilizando DMA resultam em índices de fertilidade

superiores comparadas a outras técnicas testadas (CHALAH, et al., 1999).

Ao contrário destes resultados, o presente estudo demonstra uma

superioridade significativa do sêmen armazenado em Palhetas em relação ao Pellet.

Os resultados dos testes de integridade de membrana, e penetração espermática

foram superiores (P<0,05) em Palhetas, enquanto que no teste de motilidade

espermática, não apresentaram diferença (P>0,05) entre os dois tipos de

acondicionamento do sêmen.

Os dados obtidos por Tselutin, Seigneurin e Blesbois (1999), e Chalah

(1999) podem ter resultado pelo uso de um utensílio específico (thermoregulate

hotplates) para o rápido descongelamento de pellets, desse modo, proporcionando

índices ideais de descongelamento comparados ao tradicional banho-maria

(utilizado neste experimento). Além disso, o melhor resultado que obtivemos com o

envase em palhetas pode ter ocorrido pela escolha das palhetas de 0,25 ml, a qual

possui a parede do plástico mais fina, permitindo a melhor troca e distribuição de

temperatura entre o nitrogênio e o sêmen, resultando em uma maior velocidade de

congelamento.

Sobre o descongelamento, obtivemos os melhores resultados para os testes

de motilidade (MOT) e penetração espermática na membrana (PE) quando as

amostras foram submetidas à temperatura de descongelamento à 40˚C, comparadas

com 5˚ e 60˚C. Estes resultados obtidos em nossas condições laboratoriais diferem

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das condições padrão, em que são usados o congelamento ultra-rápido com DMA

em pellets, e descongelamento ultra-rápido a 60˚C (TSELUTIN et al., 1999;

CHALLAH et al., 1999).

Na Holanda, o método tradicional de congelamento-descongelamento ultra-

rápido com DMA foi otimizado e combinado com o envase em Palhetas. Esta

adaptação é usada hoje como referência para o banco genético local de

reprodutores (WOELDERS; ZUILBERG; HIEMSTRA, 2006). Estas combinações de

técnicas adotadas neste país concordam com os resultados que obtivemos em

nossos experimentos.

Portanto, com os resultados obtidos neste estudo, concluímos que a

temperatura corporal (40˚C) é mais adequada para descongelar sêmen

criopreservado com DMA. Ainda, o envase em palhetas é mais eficiente em relação

ao pellet por razões sanitárias e segurança, e ainda, mais conveniente para a

identificação dos ejaculados, especialmente para a aplicação a campo desses

bancos genéticos.

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3 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos nestes estudos nos permitiram concluir que:

- A adição de lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento de sêmen de

galo mantém a qualidade geral dos espermatozóides quando adicionado na

proporção de 6%;

- Melhorias na fertilidade do sêmen podem ser obtidas desde que seja

respeitado um limite de adição de lipossomas de LDL ao diluente de resfriamento;

- A temperatura corporal (40˚C) é a mais apropriada para descongelamento

de sêmen criopreservado com DMA em nossas condições laboratoriais;

- O envase em palhetas é mais eficiente em relação ao pellet. Esta

observação é de grande valor, visto que o armazenamento do sêmen em palhetas é

mais adequado por razões sanitárias, e mais conveniente para a identificação dos

ejaculados, especialmente para a aplicação a campo de bancos genéticos.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aperfeiçoamento das técnicas de conservação de sêmen para aves pode

ter um impacto significante na indústria avícola. O desenvolvimento de novas

análises para avaliar a qualidade do sêmen in vivo nos dará a oportunidade de

entender o comprometimento do espermatozóide após conservação in vitro. O

desenvolvimento e pesquisas de novos diluentes, cada vez mais, está nos

conduzindo para elevados índices de eficiência em sistemas de criopreservação de

sêmen de aves.

O somatório de resultados que obtivemos durante os últimos dois anos de

pesquisa em nosso laboratório nos servem como subsídio para a continuação de

nossas pesquisas na área de criopreservação. Dessa maneira, passaremos a

próxima etapa de nosso trabalho onde nossos objetivos são mesclar estas

informações obtidas, onde passaremos a usar o DMA adicionado de 6% LDL para o

congelamento de sêmen de galo, e 40˚C como temperatura padrão para

descongelamento de palhetas de 0,25ml.

Finalizando, este período de trabalho proporcionou a integração entre o

Centro de Biotecnologia e o Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Instituto de

Biologia da Universidade Federal de Pelotas com a participação efetiva diária na

área da pesquisa com desenvolvimento de projetos, rotina laboratorial e orientação

de alunos em diferentes níveis da graduação, fatores fundamentais para

crescimento e aperfeiçoamento profissional.

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