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RESUMO A Idade Média teve início na Europa, no século V. Nesse período ocorreu a divisão do Império Romano Ocidental e do Império Romano Oriental. Essa época estendeu-se até o século XV. A Idade Média foi marcada pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial e a supremacia da Igreja Católica. O Iluminismo surgiu na França no século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão Teocêntrica que dominava a Europa na Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Palavras-chave: Deus; Homem; Razão.

Cristianismo Na Idade Média

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RESUMOA Idade Mdia teve incio na Europa, no sculo V. Nesse perodo ocorreu a diviso do Imprio Romano Ocidental e do Imprio Romano Oriental. Essa poca estendeu-se at o sculo XV. A Idade Mdia foi marcada pela economia ruralizada, enfraquecimento comercial e a supremacia da Igreja Catlica. O Iluminismo surgiu na Frana no sculo XVII e defendia o domnio da razo sobre a viso Teocntrica que dominava a Europa na Idade Mdia. Segundo os filsofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propsito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade.

Palavras-chave: Deus; Homem; Razo.

INTRODUOA histria do cristianismo o estudo da religio baseada nos ensinamentos de Jesus de Nazar. O cristianismo tornar-se-ia numa das maiores religies, afetando todas as outras fs e mudando o curso da histria humana.O cristianismo comeou a se espalhar inicialmente a partir de Jerusalm, e depois em todo o Oriente Mdio, acabando por se tornar a religio oficial da Armnia em 301, da Etipia em 325, da Gergia em 337, e depois a Igreja estatal do Imprio Romano em 380. Tornando-se comum em toda a Europa na Idade Mdia, e se expandiu em todo o mundo durante a Era dos Descobrimentos.Atualmente o cristianismo possu cerca de 2,13 bilhes de adeptos, sendo a maior religio mundial[][] adotada por cerca de 33% da populao do mundo. a religio predominante na Europa, Amrica, Oceania e em grande parte da frica e partes da sia.Na Idade Mdia, a Igreja Catlica dominava o cenrio religioso. Detentora do poder espiritual influenciava no modo de pensar e agir das pessoas, na poltica e na organizao social, alm de deter o poder econmico. Alguns pensadores, que posteriormente sero citados, defendiam a existncia de Deus atravs da f e da razo. Porm, com o passar dos tempos, surge o pensamento iluminista que por sua vez tem por objetivo entender e organizar o mundo a partir da razo, ou seja, o Homem como centro do universo (Antropocentrismo) e no mais Deus como o centro de todas as coisas. (Teocentrismo).

1.DESENVOLVIMENTO DO CRISTIANISMO NA IDADE MDIA

1.1 PANO DE FUNDO HISTRICO PR-MEDIEVALPara compreendermos o cristianismo na Idade Mdia importante trazermos uma vislumbre dos acontecimentos que sucederam esse movimento cristo durante a chamada Idade das trevas.Durante sua histria, o cristianismo passou de uma obscura seita judaica do sculo I para uma religio existente em todo o mundo conhecido na Antiguidade.Na Judeia, uma das provncias romanas no Oriente, faces polticas locais se digladiavam em fins do sculo I a.C. De um lado, a aristocracia e os sacerdotes judeus aceitavam a dominao romana, pois os primeiros obtinham vantagens comerciais e os segundos mantinham o monoplio da religio. Entre as vrias seitas judaicas que coexistiam na regio, estavam a dos fariseus, voltados para a vida religiosa e o estudo da Tor, e a dos essnios, que pregavam a vinda do Messias, um rei poderoso que lideraria os judeus rumo independncia. Nesse clima de agitao, durante o governo de Otvio, nasceu, em Belm, um judeu chamado Jesus.Poucas fontes histricas no-crists mencionam Jesus ou os primeiros anos do cristianismo. A principal fonte a respeito de sua vida so os Evangelhos, que relatam o nascimento e os primeiros anos no modesto lar de um arteso de Nazar. H um perodo sobre o qual praticamente no h informaes, at que, aos trinta anos, Jesus recebe o batismo pelas mos de Joo Batista, nas guas do Rio Jordo e comea a pregao de seu iderio. Segundo os Evangelhos, as autoridades religiosas judaicas no aceitaram que aquele homem simples, que pregava aos humildes, pudesse ser o rei, o Messias que viria salv-los. Consideraram-no um dissidente e o enquadraram na lei religiosa, condenando-o morte por crucificao, a ser aplicada pelos romanos. O apstolo Paulo, judeu com cidadania romana, deu carter universal nova religio: segundo ele, a mensagem de Jesus, era dirigida no somente aos judeus, mas a todos os povos. Com Paulo, o cristianismo deixou de ser uma seita do judasmo para se tornar uma religio autnoma. Por no aceitarem a divindade imperial e por acreditarem que havia uma nica verdade, os cristos foram perseguidos pelos romanos.O poder do cristianismo no podia mais ser ignorado. A partir do momento em que cidados ricos do Imprio Romano se converteram nova religio, a doutrina, que pregava a igualdade e a liberdade, deixava de representar um perigo social. Aos poucos, a Igreja Catlica se institucionalizava e o clero se organizava, numa enorme escalada da hierarquia com o surgimento dos bispos e presbteros, no lugar de ancios e superintendentes. O territrio sob o domnio romano foi dividido em provncias eclesisticas. Os patriarcas, bispos dos grandes centros urbanos - como Roma, Constantinopla, Antioquia da Sria e Alexandria -, ampliaram seu poder, controlando as provncias. O bispado de Roma procurou se sobrepor aos demais, alegando que o bispo de Roma era o herdeiro do apstolo Pedro, que teria recebido de Jesus a incumbncia de propagar a f crist entre os povos.Em 313, o imperador Constantino fez publicar o dito de Milo, que institua a tolerncia religiosa no imprio, beneficiando principalmente os cristos. Com isso, recebeu apoio em sua luta para se tornar o nico imperador e extinguir a tetrarquia. Em 361, assumiu o trono Juliano, o Apstata, que tentou reerguer o paganismo, dando-lhe consistncia tico-filosfica e reabrindo os templos. Trs anos depois o imperador morreu e, com ele, as tentativas de retomar a antiga religio romana.Em 391, Teodsio I (379-395) oficializou o cristianismo nos territrios romanos e perseguiu os dissidentes. Aps seu reinado, o imprio foi dividido em duas partes. Os filhos de Teodsio assumiram o poder: Arcdio herdou o Imprio Romano do Oriente, cujo centro poltico era Constantinopla (antiga Bizncio, rebatizada em homenagem ao imperador Constantino, localizava-se onde hoje a cidade turca de Istambul); a Honrio I coube o Imprio Romano do Ocidente, com capital em Roma.

1.2 INCIO DA IDADE MDIAA Idade Mdia Termo usado para o perodo situado entre a Antiguidade e a Idade Moderna. Conceito estipulado no perodo do Renascimento (XVI) volta do somente para a regio da Europa Ocidental, ou seja, no h Idade Mdia na frica, Japo, China. Tem como marco inicial o ano de 476 d.C (fim do Imprio Romano no Ocidente, tomada de Roma, pelo imperador germnico Odoacro) e tem seu trmino no ano de 1453 d.C (Fim do Imprio Romano no Oriente, Tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos). Suas caractersticas, entretanto, nunca foram s mesmas no tempo ou no espao, pois no havia unidade nesse perodo. preciso dizer o contexto especfico. O perodo est dividido em: Alta Idade Mdia (sc. VI - X), Idade Mdia Central (sc. XI - XIII) e Baixa Idade Mdia (sc. XIV e XV). H at hoje um forte preconceito sobre este perodo, tomado como Idade das Trevas, Escurido, de Pestes e Guerras, no havia cidades, nem comrcio, dentre outros adjetivos. Contudo, deve ser levado em considerao que num perodo de mil anos, no houve apenas pestes, guerras..., Temos que ter um olhar consciente: Nesse perodo houve a criao das Universidades, da letra minscula, Parlamento, Hospitais, Tribunal com Jri, aperfeioamento da Matemtica, geografia, escrita. Devemos estud-la sem preconceitos, com um olhar crtico e consciente.A transio do cristianismo para a Idade Mdia foi um processo gradual e localizado. As reas rurais cresceram como centros de poder, enquanto as zonas urbanas diminuram. Apesar do Oriente conter o maior nmero de Cristos (reas gregas), aconteceram importantes desenvolvimentos no Ocidente (reas Latinas). Cada uma das duas reas assumiram formas distintas. Os Bispos de Roma foram obrigados a adaptar-se a drstica alterao das circunstncias: mantendo apenas uma fidelidade nominal ao imperador, eles eram obrigados a negociar com os governantes brbaras das ex-provncias do Imprio Romano. No Oriente, a Igreja manteve a sua estrutura, seu carter e sua lenta evoluo.

1.2.1 Incio do papado medievalAps a pennsula Itlica ter sido alvo de guerras e tumultos devido as tribos brbaras, o imperador Justiniano I tentou reafirmar o domnio imperial no leste da Itlia contra a aristocracia gtica. As campanhas subsequentes foram mais ou menos bem sucedidas, e um exarcado foi criada para a Itlia, mas a influncia imperial era restrita.Logo aps, os lombardos invadiram a enfraquecida pennsula, ocupando a cidade de Roma. Enquanto o lado Oriental do imprio fracassava em enviar ajuda, os papas passaram a alimentar a populao, negociar tratados, pagar pela proteo aos senhores da guerra com os lombardos, alm de contratarem soldados para defenderem a cidade.[49] Eventualmente, os papas procuravam outros apoios, especialmente dos francos. Nesse perodo, o papa Gregrio I, eleito prefeito de Roma pelo imperador Justino I, foi responsvel por aplicar vrias reformas polticas que ocasionaram o prestgio do papado durante toda a Idade Mdia.1.2.2 Expanso missionria ocidentalA perda gradual dos domnios do Imprio Romano do Ocidente, substitudo por federaes e reinos germnicos, coincidiu com os primeiros esforos missionrios em reas no controladas pelo desmoronado imprio.[]J no sculo V, as atividades missionrias da Britnia em reas celtas (atual Esccia, Irlanda e Pas de Gales), deram incio as tradies do cristianismo cltico, que mais tarde foi reintegrado Igreja de Roma. Os missionrios mais proeminentes foram So Patrcio, So Columba e So Columbano. As tribos anglo-saxes que invadiram a Gr-Bretanha do sul logo aps o abandono de Roma, foram inicialmente pags, mas se converteram ao cristianismo por Agostinho de Canturia, atravs da misso do papa Gregrio Magno. Logo que se tornou um centro missionrio, cristos como Wilfrid, Willibrord, Lullus e So Bonifcio comearam a converter seus parentes Saxes na Germania.A Glia (atual Frana) foi invadida pelos Francos no sculo V. Os nativos foram perseguidos at que o rei franco Clvis I os converteu do paganismo para o catolicismo em 496. O rei insistiu que seus nobres colegas seguissem seu exemplo, reforando o seu reino recm-criado, unindo assim a f dos governantes com a dos governados. Aps a ascenso do Reino Franco e a estabilizao das condies polticas, a parte ocidental da Igreja aumentou a atividade missionria, apoiada pelo reino merovngios, como forma de pacificar os povos vizinhos incmodos. Aps a fundao de uma igreja em Utrecht por Willibrord, houve um recuo na expanso do cristianismo aps o rei pagos dos Frsios, Radbod, destruir muitos centros cristos entre 716 e 719. Em 717, o missionrio ingls So Bonifcio foi enviado para ajudar Willibrord, restabelecendo igrejas e continuando as misses Frsias, na Alemanha.[]1.2.3 Iconoclastia crist bizantinaAps uma srie de reveses militares pesados contra os muulmanos, a iconoclastia surgiu no incio do sculo VIII. Em 720, o imperador bizantino LeoIII, o Isurio proibiu a representao pictrica de Cristo, santos e cenas bblicas.No Ocidente, o Papa Gregrio III realizou dois snodos em Roma e condenou as aes de Leo III. O Imprio Bizantino, convocou o conclio iconoclasta de Hieria em 754, declarando que os retratos dos santos eram herticos. O movimento destruiu grande parte da das representaes artsticas crists da igreja primitiva. O movimento iconoclasta foi definido como hertico em 787 no Segundo Conclio de Niceia, mas conseguiu um breve ressurgimento entre 815 e 842.

1.3 Alta Idade Mdia (800-1299) 1.3.1 Renascena carolngiaA Renascena carolngia foi um perodo de renascimento cultural e intelectual da literatura, das artes e dos estudos das escrituras durante o final do sculo VIII at o sculo IX, principalmente durante o reinado de Carlos Magno e Lus, o Piedoso, que eram governantes francos. Para resolver os problemas do analfabetismo do clero e dos escribas da corte, Carlos Magno fundou escolas e atraiu a maioria dos sbios de toda a Europa para a sua corte.

1.3.2 Reforma MonsticaA partir do sculo VI, a maioria dos mosteiros no Ocidente eram da Ordem Beneditina. Devido aplicao estrita das reformar das Regra de So Bento, a Abadia de Cluny se tornou uma lder reconhecida do monaquismo ocidental a partir do final do dcimo sculo. Cluny criou uma grande ordem onde os administradores de casas subsidiria serviam como deputados do abade de Cluny e respondiam a ele. O esprito de Cluny foi uma influncia na revitalizao da igreja normanda, em seu auge a partir da segunda metade do sculo X at o incio do sculo XII .A segunda onda de reformas monsticas veio com o Movimento de Cister. Os primeiros cistercienses fundaram uma abadia em 1098, que ficou conhecida como Abadia de Cister. A tnica da vida cisterciense foi um retorno observncia literal das regras beneditinas, rejeitando a evoluo dos beneditinos. A caracterstica mais marcante da reforma foi o retorno ao trabalho manual, especialmente o trabalho de campo. Inspirados por Bernardo de Claraval, o principal construtor dos cistercienses, a ordem se tornou a principal fora de difuso tecnolgica da Europa medieval. At o final do sculo XII, as casas cistercienses chegavam a 500. No seu auge, no fim do sculo XV, alegou-ser ter perto de 750 casas. A maioria delas foram construdas em reas de deserto, e desempenharam um papel importante em trazer tais peas isoladas da Europa para o cultivo econmico.Um terceiro nvel da reforma monstica foi fornecida pelo estabelecimento das Ordens mendicantes. Vulgarmente conhecido como frades, mendigos vivem sob uma regra monstica tradicional com os votos de castidade, pobreza e obedincia. Entretanto, eles enfatizam a pregao, a atividade missionria e a educao em um monastrio isolado. A partir do sculo XII, a ordem franciscana foi instituda pelos seguidores de So Francisco de Assis. Posteriormente, a ordem dos dominicanos foi iniciada por So Domingos de Gusmo.

1.3.3 A Cristandade Medieval Em meio desorganizao administrativa, econmica e social produzida pelas invases ou migraes germnicas e ao esfacelamento do Imprio Romano, praticamente apenas a Igreja Catlica, com sede em Roma, conseguiu manter-se como instituio. Vemos os Vndalos na frica, os Visigodos na Hispania, os Francos na Glia, os Anglos e Saxes nas Ilhas Britnicas, os brbaros na Itlia. Consolidando sua estrutura religiosa, a Igreja foi difundindo o cristianismo entre os povos brbaros, enquanto preservava muitos elementos da cultura greco-romana. Valendo-se de sua crescente influncia religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unificao, diante da fragmentao poltica da sociedade feudal. O termo catlico (adjetivo grego que significa Universal) usado a partir do Conclio de Trento (1545 - 1563) para designar a Igreja Romana em oposio s Igrejas da Reforma. Antes, o termo utilizado era Cristandade.

Com a expanso do feudalismo por toda a Europa Medieval, observamos a ascenso de uma das mais importantes e poderosas instituies desse mesmo perodo: a Igreja Catlica. Aproveitando-se da expanso do cristianismo, observada durante o fim do Imprio Romano, a Igreja alcanou a condio de principal instituio a disseminar e refletir os valores da doutrina crist.Naquela poca, logo depois do Primeiro Sculo, diversas interpretaes da doutrina crist e outras religies pags se faziam presentes no contexto europeu. Foi atravs do Conclio de Niceia, em 325, que se assentaram as bases religiosas e ideolgicas da Igreja Catlica Apostlica Romana. Atravs da centralizao de seus princpios e da formulao de uma estrutura hierrquica, a Igreja teve condies suficientes para alargar o seu campo de influncias durante a Idade Mdia.Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensamento religioso, a Igreja esteve nos mais diferentes extratos da sociedade medieval. A prpria organizao da sociedade medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um reflexo da Santssima Trindade. Alm disso, a vida terrena era desprezada em relao aos benefcios a serem alcanados pela vida nos cus. Dessa maneira, muitos dos costumes dessa poca estavam influenciados pelo dilema da vida aps a morte.Alm de se destacar pela sua presena no campo das ideias, a Igreja tambm alcanou grande poder material. Durante a Idade Mdia ela passou a controlar grande parte dos territrios feudais, se transformando em importante chave na manuteno e nas decises do poder nobilirquico. A prpria exigncia do celibato foi um importante mecanismo para que a Igreja conservasse o seu patrimnio. O crescimento do poder material da Igreja chegou a causar reaes dentro da prpria instituio.Aqueles que viam na influncia poltico-econmica da Igreja uma ameaa aos princpios religiosos comearam a se concentrar em ordens religiosas que se abstinham de qualquer tipo de regalia ou conforto material. Essa ciso nas prticas da Igreja veio subdividir o clero em duas vertentes: o clero secular, que administrava os bens da Igreja e a representava nas questes polticas; e o clero regular, composto pelas ordens religiosas mais voltadas s praticas espirituais e a pregao de valores cristos.Sob outro aspecto, a Igreja tambm teve grande monoplio sob o mundo letrado daquele perodo. Exceto os membros da Igreja, pouqussimas pessoas eram alfabetizadas ou tinham acesso s obras escritas. Por isso, muitos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras onde grandes obras do Mundo Clssico e Oriental eram preservadas. So Toms de Aquino e Santo Agostinho, por exemplo, foram dois membros da Igreja que produziram tratados filosficos que dialogavam com os pensadores da Antiguidade.Mesmo contando com tamanho poder e influncia, a Igreja tambm sofreu com manifestaes dissidentes. Por um lado, as heresias, seitas e ritos pagos interpretavam o texto bblico de forma independente ou no reconheciam o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a Cisma do Oriente marcou uma grande ruptura interna da Igreja, que deu origem Igreja BizantinaNo cabe a ns querer criminalizar ou repudiar a Igreja dos dias de hoje, com base nas suas aes passadas. As questes e prticas dessa instituio no so exatamente iguais quelas encontradas entre os sculos V e XV. Dessa maneira, ao darmos conta do papel desempenhado por essa instituio religiosa, durante a Idade Mdia, obtemos uma grande fonte de reflexo sob tal perodo histrico.No ano de 476, caiu o Imprio Romano do Ocidente, que foi invadido por uma srie de povos germnicos, alguns arianos, outros pagos. O trabalho da Igreja nos sculos sucessivos foi o de evangelizar e contribuir para a civilizao destes povos, e mais tarde a mesma coisa em relao aos povos eslavos, escandinavos e magiares. A Alta Idade Mdia (at o ano 1000) foi, sem dvida, um perodo difcil para o continente europeu, em razo da situao de violncia poltica e social, empobrecimento cultural e crise econmica, consequncias das contnuas invases (que duraram at o sculo X). A atuao da Igreja conseguiu, pouco a pouco, conduzir esses povos jovens a uma nova civilizao, que alcanar seu esplendor nos sculos XII-XIV. No sculo VI, nasceu o monaquismo beneditino, que garantiu, ao redor dos mosteiros, ilhas de paz, tranquilidade, cultura e prosperidade. No sculo VII, foi de grande importncia a ao missionria, em todo o continente, dos monges irlandeses e escoceses; no sculo VIII, a dos beneditinos ingleses. Neste ltimo sculo, terminou a etapa da Patrstica, com os ltimos Padres da Igreja, So Joo Damasceno no oriente, So Beda o Venervel, no ocidente. No sculo VII-VIII, nasceu a religio islmica na Arbia; aps a morte de Maom, os rabes se lanaram a uma srie de guerras de conquista que os levaram a constituir um vastssimo imprio: entre outros, subjugaram os povos cristos da frica do Norte e da Pennsula Ibrica e separaram o mundo bizantino do latino germnico. Durante aproximadamente 300 anos, foram um flagelo para os povos da Europa mediterrnea, em razo das incurses, saques e deportaes, realizados de modo praticamente sistemtico e contnuo. Em fins do sculo VIII, se institucionalizou o poder temporal dos papas (Estados Pontifcios), que j existia de fato desde os fins do sculo VI, surgido para suprir o vazio de poder criado na Itlia central pelo interesse do poder imperial bizantino, nominalmente soberano na regio, mas incapaz de prover a administrao e a defesa da populao. Com o tempo, os papas se deram conta de que um limitado poder temporal era uma garantia eficaz de independncia em relao aos diversos poderes polticos (imperadores, reis, senhores feudais). Na noite de Natal do ano 800, foi restaurado o Imprio do Ocidente (Sacro Imprio Romano): o papa coroou Carlos Magno na baslica de So Pedro; nasceu assim um estado catlico, com aspiraes universais, caracterizado por uma forte sacralizao do poder poltico, e um complexo entrelaamento de poltica e religio, que durar at 1806. No sculo X, o papado sofreu uma grave crise por causa das interferncias das famlias nobres da Itlia central na eleio do papa (Sculo de Ferro); e, mais em geral, porque os reis e senhores feudais se apoderaram da nomeao de muitos cargos eclesisticos. A reao papal a to pouco edificante situao teve lugar no sculo XI, atravs da reforma gregoriana e da chamada questo das investiduras", nas quais a hierarquia eclesistica logrou recuperar amplos espaos de liberdade em relao ao poder poltico. No ano de 1054, o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulrio, efetuou a separao definitiva dos gregos da Igreja Catlica (Cisma do Oriente): foi o ltimo episdio de uma histria de rupturas e disputas iniciada j no sculo V, e devida, em boa medida, s graves interferncias dos imperadores romanos do oriente na vida da Igreja (cesaropapismo). Este cisma afetou a todos os povos dependentes do patriarcado, e at agora, afeta blgaros, romenos, ucranianos, russos e srvios. Desde os incios do sculo XI, as repblicas martimas italianas haviam arrebatado aos muulmanos o controle do Mediterrneo, pondo um limite s agresses islmicas: a finais do sculo, o crescimento do poder militar dos pases cristos teve como expresso o fenmeno das cruzadas Terra Santa (1096-1291), expedies blicas de carter religioso, cujo fim era a conquista ou defesa de Jerusalm. Nos sculos XIII e XIV se assiste o apogeu da civilizao medieval, com grandes realizaes teolgicas e filosficas (a escolstica maior: santo Alberto Magno, So Toms de Aquino, So Boaventura, o beato Duns Scoto), literrias e artsticas. No que diz respeito vida religiosa, de grande importncia a apario, nos incios do sculo XIII, das ordens mendicantes (franciscanos, dominicanos e outros). O enfrentamento entre o papado e o imprio, j iniciado na questo das investiduras", continuou com diversos episdios nos sculos XII e XIII, terminando com o enfraquecimento de ambas as instituies: o imprio se reduziu, na prtica, a um estado alemo, e o papado sofreu uma crise notvel: de 1305 a 1377, a sede do papado transferiu-se de Roma para Avignon, no sul da Frana, e, pouco depois do retorno a Roma, em 1378, teve incio o Grande Cisma do Ocidente: uma situao muito difcil, pela qual deu-se, a princpio, o surgimento de dois papas e, depois, trs (as obedincias romana, de Avignon e a de Pisa), enquanto o mundo catlico da poca permanecia perplexo, sem saber quem era o pontfice legitimo. A Igreja conseguiu superar tambm esta durssima prova, e a unidade foi restaurada com o Concilio de Constana (1415-1418). Em 1453, os turcos otomanos, muulmanos, conquistaram Constantinopla, pondo, assim, fim milenar histria do Imprio Romano do Oriente (395-1453), e conquistaram os Balcs, que permaneceram quatro sculos sob seu domnio. difcil imaginar um estudo sobre a Idade Mdia sem uma anlise criteriosa da religiosidade que impregnou todo o perodo. Portanto, os autores aqui comparados analisaram exaustivamente o papel da Igreja Crist no processo de formao do medievo.Mas tambm neste ponto que os dois autores apresentam mais discordncias.A comear pelo fato de que somente Gibbon descreve as causas de a Igreja tornar-se parte do Estado romano e como ela se sobreps ao paganismo. O autor afirma que isto somente foi possvel com a vitria do cristianismo sobre a religio pag romana. As causas, segundo ele, foram:I. O inflexvel zelo e, se nos permitido usar tal expresso, a intolerncia dos cristos derivada, em verdade, da religio judaica, mas purificada pelo esprito acanhado e antissocial que, em vez de atrair, dissuadir os gentios de abraar a lei de Moiss. II. A doutrina de uma vida futura, valorizada por toda e qualquer circunstncia ocasional que pudesse dar peso e eficcia a essa importante verdade. III. Os poderes miraculosos atribudos Igreja primitiva. IV. A pura e austera moralidade dos cristos. V. A unio e a disciplina da repblica crist, que formou aos poucos um Estado independente que se desenvolveu no corao do Imprio Romano (GIBBON, 2005, p. 236).Para o autor, os mesmos motivos que levaram a vitria do cristianismo sobre o culto pago formaram as causas de sua interferncia na queda do Imprio. Gibbon colocou como uma importante ressalva, a grande maioria dos brbaros cristianizados havia aderido seita crist do arianismo. Fato que desempenhar importante papel no processo de aliana entre a Igreja Romana e os Francos, aliana esta que ser responsvel pela formao do Imprio Merovngio. importante que a Igreja Crist, como instituio, j caminha em direo de se tornar a Igreja CatlicaApostlica Romana, pois nesta poca como em nossos dias, esta Igreja estava se tornando muito mais uma instituio poltica do que a verdadeira Igreja surgida com os primeiros apstolos em Jerusalm.

A Igreja como a principal causadora da queda do Imprio Romano, para ele os cristos foram o principal motivo da runa e crise de Roma (2005, p. 539-540), pois a Igreja imobilizou o Estado romano ao desviar a ateno do imperador de questes relativas manuteno estatal para o combate s seitas e heresias13 que surgiam no seio do cristianismo.Anderson, que no descarta esta teoria, completa afirmando que a Igreja ao tornar-se uma segunda burocracia mantida pelo Estado (2004, p. 126-127), onerava os cofres romanos a tal ponto que ajudou no colapso econmico romano. Porm, para Anderson, o papel da Igreja no foi to decisivo e aponta que outros fatores foram mais importantes para a crise econmica romana, como os vistos anteriormente principalmente a crise da mo-de-obra escrava.Para ele, a Igreja desempenhou um papel muito mais ligado transio entre dois modos de produo, um em extino, o escravista, e outro na sua gnese o feudal.Assim, a Igreja representou muito mais um processo de conciliao entre duas pocas do que o de desintegrao de uma. Pois, a Igreja teve muita importncia para o surgimento da sociedade medieval, sendo responsvel pela preservao de parte importante da cultura e da legislao romana, desempenhando papel fundamental no processo de sntese entre as culturas romana e brbara (ANDERSON, 2004, p. 130). Enquanto Gibbon denuncia que a Igreja, ao transformar a sociedade romana numa sociedade intolerante e austera, corrompeu a cultura clssica greco-romana, Anderson chama a ateno para o fato de que Parte de um gigantesco processo de assimilao e adaptao dessa cultura por uma populao mais vasta, que iria arruin-la e salvaguard-la no colapso de sua infraestrutura tradicional. A mais impressionante manifestao desta transmisso foi ainda outra vez a da linguagem. Com a cristianizao do Imprio, os bispos e o clero das provncias ocidentais, assumindo a converso em massa da populao rural, latinizaram permanentemente sua fala durante os sculos IV e V. As lnguas romanas foram o efeito desta popularizao, um dos elos sociais mais essenciais de continuidade entre a Antiguidade e a Idade Mdia.Portanto, a participao da Igreja teve importante papel e lugar no processo de transio entre o final do Imprio Romano e o nascimento do medievo.Sua eficcia autnoma no seria encontrada na esfera de estruturas de relaes econmicas ou sociais, onde s vezes tem sido equivocadamente procurada, mas na esfera cultural acima destas relaes entre o final do sculo IV e incio do sculo V, a Igreja esteve envolvida numa srie de controvrsias teolgicas. Foi neste perodo que surgiu a seita hertica do arianismo, doutrina que afirmava que Jesus Cristo havia sido criado por Deus, portanto, negavam-lhe o carter divino e ainda desacreditava a doutrina da Trindade.O combate seita ariana tornou-se muito importante para a unidade do cristianismo, porm, onerou significativamente os cofres pblicos. Apesar de combatida, o arianismo retornaria com muita fora nos sculos VI e VII.A civilizao clssica, definida por seu desenvolvimento superestrutural sem precedentes na histria da humanidade, necessitava de um aparelho ideolgico que a preservasse do colapso romano, a Igreja cumpriu este papel.Apesar de no discordar integralmente de Gibbon, que colocava a Igreja como uma das principais culpadas pelo fim do Imprio Romano, Anderson atribuiu Igreja a sobrevivncia da cultura romana, sendo esta essencial no processo de assimilao cultural dos povos brbaros ao legado greco-romano. Desempenhando, assim, um importante papel no nascimento da Idade Mdia e no surgimento do feudalismo.

CONCEPES DE DEUS NA IDADE MDIAEnto, quais seriam as concepes de Deus para os pensadores da Idade Mdia? Para respondermos essa questo, partimos de um pequeno contexto histrico para melhor entendermos essa dualidade entre os pensadores mais influentes do perodo da Idade Mdia e os pensadores do perodo do Iluminismo. Nos primeiros tempos da Era Crist, em reao ao gnosticismo, desenvolvem-se duas linhas na antropologia, sendo que, uma das linhas coloca em evidncia a unidade e a globalidade do homem, enquanto que a outra aceita o dualismo antropolgico. Ao lado dessa concepo de unidade humanstica, a concepo dualista encontra-se, entre outros, por Agostinho. No incio, Agostinho, pregou que "a alma determina o ser do homem enquanto ela parte da prpria vida divina." Conquanto Agostinho admitisse "em teoria a bondade tanto da alma quanto do corpo, desvalorizava, no entanto, o corpo do ponto de vista tico." Para corroborar o trabalho, de acordo com o Urbaneski (2008, p. 28), Agostinho aponta que Deus o Bem Supremo e este, sendo bondade no cria o mal. Deus criou o mundo e desde o princpio vigora o bem. Alm disso, o mundo foi criado de forma perfeita em sua totalidade. Quanto ao mal, Santo Agostinho diz que este a privao do bem. Neste sentido, o mal a privao do bem, e o homem, por sua vontade, pode distanciar-se de Deus, e assim afastar-se do bem. A vontade criadora e livre, e pela vontade que o homem deixa o corpo dominar a alma e chegar degradao e, consequentemente, afastar-se do bem. A poca Medieval foi marcada pelas mais frteis demonstraes da existncia de Deus. Para So Toms de Aquino, um dos grandes pensadores da poca, "Deus bondoso para com os homens, e Deus orienta nas suas pesquisas, mas cabe ao filsofo no falhar com a razo".Toms de Aquino expe cinco provas da existncia de Deus, partindo da realidade sensvel: Deus, primeiro motor imvel do universo em movimento e causa eficiente desse universo; ser absoluto em relao s coisas que apresentam apenas graus de perfeio; ordenador e fim supremo do Universo. Dando, dessa maneira, sentido e finalidade ao universo.Embora Santo Agostinho e So Toms de Aquino tivessem suas diferenas e contradies em seus pensamentos, ambos acreditavam e defendiam a existncia de Deus, o que vai ao encontro com os pensamentos iluministas que, por sua vez, defendiam a ideia de progresso e perfectibilidade humana, admitindo assim que os seres humanos esto em condio de tornar o mundo em algo "melhor". Dessa forma, os iluministas foram substituindo as crenas religiosas e o misticismo, que segundo eles, bloqueavam a evoluo do homem, isto , o homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questes que, at em to, eram justificadas somente pela f.O Deus da Idade Mdia livro de Jacques Le Goff, Grande medievalista francs, nos traz concepes de Deus para a sociedade medieval, como o mesmo o cita, e uma conversa a cerca do que tivemos como compreenso do que foi Deus, para a populao na antiguidade Tardia. Para o autor Deus a principal personagem para a abordagem de seu estudo, uma vez que Deus um assunto da histria. Dividido em quatro captulos, um livro com leitura encantadora e tranquila, nos faz pensar Deus sobre uma ptica da cultura ocidental, j que Deus em foco o Deus dos cristos, com D maisculo. O Deus acolhido e oficializado pelo imprio romano do ocidente, na chamada antiguidade tardia. O Deus que embora incorporado por este imprio, no foi um Deus nico, puro, foi uma difuso, uma confluncia de prticas religiosas tidas como herticas, mas que foram impostas a grande massa aps oficializao do cristianismo como religio oficial do Estado romano.Em o Deus da Idade Mdia as caractersticas da atual histria da religio, permeiam durante a narrao dos quatro captulos do livro, logo no primeiro captulo o autor questiona que diferentemente de Jav e de Al, que o Judasmo e o Islam protegeram de qualquer figurao, por outro lado o Deus dos cristos pode ser representado. Isso se refere adorao de imagens, antropomorfizao do Deus cristo, que se durante a idade mdia, perodo de grande ascenso do cristianismo no ocidente. Logo em seguida, Le Goff aponta:A imagem de Deus no liga apenas iconografia. Tambm est no centro da Teologia, da liturgia, da espiritualidade, da devoo, como os homens e mulheres da Idade Mdia imaginavam Deus? Que relacionamento mantinham com ele? Este o assunto, a um tempo muito amplo e muito preciso, destas conversas . (p. 10)Conforme citao o autor procura entender a representao de Deus para os homens e mulheres que viviam no perodo do medievo, uma vez que muitos medos eram as companhias principais das mentes dos homens e mulheres nesse perodo, porm para ele a imagem de Deus se relaciona a pessoa que imagina deus conforme o tempo ao qual est inserido. Existem muitos Deus, um para cada pessoa que o idealiza, como sua imagem muda com o tempo tentamos aprender esses diferentes Deus em torno de alguns dados essenciais: o Deus da Igreja, Deus da religio oficial; o Deus das prticas, que na idade mdia esto fundamentalmente religiosas, antes que emergem aspectos profanos. Ser que o Deus da idade mdia o mesmo da atualidade? O Deus oficial do ocidente o mesmo deus de outras culturas? O Deus do monotesmo o mesmo do politesmo? Como um s Deus ao mesmo tempo trs (pai, filho e esprito santo)? Qual a diferena o Deus dogma e o Deus fiel? So perguntas que no decorrer da narrativa Le Goff busca refletir. Assim de um Deus que era perseguido pela religio do estado, rejeitado, perseguido na antiguidade, esse mesmo Deus torna-se oficial, perseguidor. Do culto vrios Deus, na antiguidade tardia o homem passa a cultuar um nico Deus, montono, no medievo, um Deus perseguidor, que vigia , que pune, que tudo v, o grande juiz. O cristianismo tornou-se uma religio que promete vida eterna, aos servos fiis.Os outros deuses so falsos, no so oficiais. No captulo dois Duas figuras maiores, o esprito santo e a virgem Maria, onde o autor explora a idia ambgua do mundo medieval onde o mundo dividido entre o bem e o mal, entre anjos e demnios. um mundo envolvido, pelas tentaes, pelos pecados, pela oposio entre o Deus bom justo, todo-poderoso, como tambm do Deus terrvel, castigador. Um homem idoso, a um tempo diretor e protetor. uma fonte de autoridade. o Deus que convm a uma sociedade que se constitui lenta e dificilmente. o Deus que permanece no cu, no mostrando, mas eventualmente mais do que sua mo atravs das nuvens. (p. 38)No mesmo captulo vimos oposio qual os Santos assumiram, conforme o tempo, no deixando de cada que a importncia dos Santos no cotidiano cristo se deu durante a antiguidade tardia. Porm, Legoff chama ateno para o fato de que Deus a figura maior, superior, ele inacessvel, e os homens e mulheres nesse perodo tinha essa conscincia, apesar de hoje a oposio dos Santos para o cristianismo, ser maior que no medievo. O apelo aos Santos tornou-se maior.O Deus da antiguidade tardia um Deus homem ao mesmo tempo divino. Um Deus pai, filho e esprito santo, um Deus protetor, um senhor majestade. O saber no medievo era algo reservado para Deus que era o senhor do conhecimento e da verdade terrena. Um Deus sofredor e a exemplo de seu pai, seus filhos deveriam tambm sofrer. Le Goff discute tambm a importncia da virgem Maria e dos anjos, nesse perodo. O famoso manto protetor de Maria, que protege, alm de ser uma forte representao feminina divina. A virgem a ligao de Deus com os homens.Outros que tambm recebem destaques so os anjos da guarda, que tambm protege e guardam as pessoas dos males, dos monstros, dos demnios que insistem em tentar os homens e mulheres daquele perodo. Outra imagem tambm modificada na idade mdia a figura da criana, expressamente mostrada na figura do menino Jesus, a criana torna-se algo divino, amvel, ligado ao culto da virgem Maria ascendem no medievo, adquirindo um status divino simblico. O Deus dos cristos que ao contrrio dos Judeus e dos islmicos, que anicmico, ou seja, no pode ou no necessita ser representado, uma vez que os seguidores dessas religies no pode ser iconografado. As demais religies no aceitam, no adoram um Deus representado, por meio de imagens. Quando Le Goff cita a Santssima Trindade, que uno e mltiplo- Pai, Filho e Esprito Santo- como j mencionado, e temos o Esprito Santo sobre a forma de uma pomba, ou seja, assume uma forma antropomrfica. A figura do rei todo poderoso, majestoso, sentado no trono, julgando as atitudes dos servos. Essa a figura do Deus pai, da Idade Mdia.Essa mo define a um s tempo a natureza e a funo reconhecidas p Deus feudal. uma funo de comando, trata-se de uma mo que ordena que pune; e uma funo de proteo, trata-se de uma mo que protege. ( p.71) Segundo Le Goff, no mundo medieval, tudo se volta para a religio, para Deus, desde comportamentos, os pensamentos, crenas, este era o pensamento na Europa crist feudal. Deus e sistema feudal so inteiramente ligados o regime feudal implicar um empreendimento conjunto de descristianizao. O regime feudal e a Igreja eram de tal forma ligada que no era possvel destruir um sem o outro (p. 83). No captulo quatro, ltimo do livro, Deus na cultura medieval Le Goff aborda a cultura do cristianismo como uma forte doutrina, na qual rege e organiza a vida da sociedade na antiguidade tardia, construindo fortes identidades da cultura no ocidente. Mas complexos que os anteriores, uma vez que apresenta reflexes mais tericas filosficas e teolgicas do que histricas. O autor aborda, ainda no captulo quatro, que o poder da Igreja era mediado pelas influencias dos sacramentos e esta era a principal ligao entre Deus e o homem. Os sacramentos surgiram como uma relao direta para com Deus, desde o nascimento (batismo) morte. O autor destaca tambm a importncia do papel das oraes, que acalma, alivia os servos pecadores. As oraes assumiram grande importncia, que foram includos nas liturgias, nas missas como o pai nosso. Quando ocorre, o que Le Goff chama de promoo de virgem Maria, inclui-se a Ave Maria. E parte da pensamos que so prticas ainda vigorados na atualidade pela Igreja. Le Goff pensa a importncia do homem, e o lugar deste na sociedade medieval, uma vez que tudo se volta para Deus, que o ser supremo, detentor dos saberes nesse perodo. O homem um ser inferior, submisso a Deus, ele o pecador, fraco, temente ao ser superior.Na concluso do livro, Le Goff cita que o maior acontecimento da Idade Mdia est no tocante concepo de um Deus politesta que se submete ao monotesmo. A obra essencial para pensamos as diversas concepes de Deus no s na antiguidade tarde, como tambm na atualidade. Nas diversas religies, dando nfase para o cristianismo. Deixando uma reflexo acerca de que Deus temos hoje? Quantos Deus temos? So os mesmos, ou so diferentes? As religies moldaram as concepes do verdadeiro Deus? Existe um Deus verdadeiro? So questes aos quais devemos refletirOutra crena comum da Idade Mdia foi o Teocentrismo a filosofia ou doutrina que considera Deus o fundamento de toda a ordem no mundo. Nesta viso, o significado e o valor das aes feitas s pessoas ou ao ambiente so atribudas a Deus. Os princpios do teocentrismo, como a humildade, o respeito, a moderao, a abnegao e a ateno, pode levar a uma forma de Ambientalismo. A Idade Mdia pode ser denominada teocntrica porque todas as suas ideias giravam em torno de Deus, o Deus da Revelao judaico-crist e no o "Deus dos Filsofos".O Pai, o Filho e o Esprito Santo na pintura O batismo de Cristo, de Francesco Albani (15781660)Em teologia crist, o teocentrismo s vezes foi usado para descrever teologias que se concentram no Deus Pai, em oposio quelas que se concentram em Cristo (cristocntrico) u no Esprito Santo. O teocentrismo foi um elemento-chave da cristologia de Santo Agostinho.Este ponto de vista encontra resistncia entre alguns telogos que alegam que ele representa um desafio para a trindade. Um desses telogos Carl Baaten que disse: "Se podemos falar de Deus, que realmente Deus parte de Cristo, na verdade no h razo para a doutrina da Trindade. Algum tipo de unitarianismo vai fazer o trabalho."[] Paul F. Knitter, em sua defesa, como cristo teocntrico, disse que isso depende de como a unidade entre Deus e Jesus Cristo vista dentro da trindade. Ele diz que, "no podemos to bem ou exclusivamente afirmar que o logos/Cristo Jesus. A ao de 'encarnar' do Logos atualizada mas no restrita a Jesus. Deus se manifestou e Jesus de Nazar e este o nico e verdadeiro Deus".No entanto, o termo pode ser confuso porque teocentrismo tambm pode se referir a uma teologia que no se centra em qualquer pessoa da Trindade, mas sim enfatiza a Divindade como um todo. Teologias que se concentram no Pai so muitas vezes referidos como "paternocentricas

3. CRENDICES DA IDADE MDIA AINDA EXISTENTES NA SOCIEDADE CONTEMPORANEA

3.1 A INFLUNCIA DA IGREJA MEDIEVALDurante a Idade Mdia (sculo V ao XV) a Igreja Catlica conquistou e manteve grande poder. Possua muitos terrenos (poder econmico), influenciava nas decises polticas dos reinos (poder poltico), interferia na elaborao das leis (poder jurdico) e estabelecia padres de comportamento moral para a sociedade (poder social). Como religio nica e oficial, a Igreja Catlica no permitia opinies e posies contrrias aos seus dogmas (verdades incontestveis). Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decises da Igreja eram perseguidos e punidos. Na Idade Mdia, a Igreja Catlica criou o Tribunal do Santo Ofcio (Inquisio) no sculo XIII, para combater os hereges (contrrios religio catlica). A Inquisio prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas que no seguiam s ordens da Igreja. Por outro lado, alguns integrantes da Igreja Catlica foram extremamente importantes para a preservao da cultura. Os monges copistas dedicaram-se copiar e guardar os conhecimentos das civilizaes antigas, principalmente, dos sbios gregos. Graas aos monges, esta cultura se preservou, sendo retomada na poca do Renascimento Cultural. Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupava-se com as questes polticas e econmicas, muitos integrantes da Igreja Catlica colocavam em prtica os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a vida material para dedicarem-se aos pobres.A cultura na Idade Mdia foi muito influenciada pela religio catlica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temtica religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bblicas, pois era uma forma didtica e visual de transmitir o evangelho para uma populao quase toda formada por analfabetos. Neste contexto, o papa So Gregrio (papa entre os anos de 590 e 604) criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as informaes e conhecimentos religiosos atravs de um instrumento simples e interessante: a msica.Atualmente, a Igreja Catlica muito diferente do que era na Idade Mdia. Hoje, ela no tem mais todo aquele poder e no pratica atos de violncia. Pelo contrrio, posiciona-se em favor da paz, liberdade religiosa e do respeito aos direitos dos cidados. O papa, autoridade mxima da Igreja, pronuncia-se contra as guerras, terrorismo e atos violentos. Defende tambm a unio das pessoas, principalmente dos pases mais ricos, na luta contra a pobreza e a misria.

Em outra ocasio falamos da crendice (cujos resqucios chegaram aos dias de hoje) de que o espirro era uma forma de expulsar os demnios do corpo, da ter surgido a frase "Deus te d sade", logo que algum espirra.Na Idade Mdia havia um costume catlico de se construir as igrejas com a porta virada para o Ocidente. O objetivo era simples: ao entrar no templo, o fiel caminharia rumo ao Oriente, local onde nasce o Sol (portanto, Cristo) e onde se encontra o paraso.Durante a mesma Idade Mdia a Europa passou por grandes perodos de secas, o que gerava longas estiagens. Os religiosos mais entusiasmados encontraram uma forma de fazer com que a terra produzisse mais: no sculo XI, camponeses enterravam pedaos de hstias consagradas para aumentar a fertilidade da terra.

Acreditava-se que o demnio estivesse arrodeando, 24 horas por dia, todas as pessoas que habitavam o planeta. Para se livrar do maldito, muitos fiis copiavam versculos bblicos e andavam dia e noite com tais versculos nos bolsos das roupas.No foi por menos que surgiu o hbito de deixar a Bblia aberta no salmo 91. Muito comum nos dias de hoje.Tambm tinham o hbito de arrancar pequenos fragmentos de relquias, os quais conduziam igualmente nos bolsos. Oraes de todo tipo e para toda serventia eram copiadas e memorizadas para uma eventual necessidade.

Ainda hoje no Nordeste brasileiro comum tais oraes.Foi assim que surgiu a prtica de se fazer um sinal da cruz com os dedos para desviar redemoinhos (tambm muito praticado no Nordeste do Brasil).Outros objetos eram de grande serventia, como crucifixos, anis e outras tantas formas de amuletosCom o advento do Cristianismo e sua disseminao pelo mundo, o poder simblico de muitas crenas, rituais ou costumes passaram a ser perseguidos e rotulados como herticos e pecaminosos. O Cristianismo proliferou uma poltica em que existia uma cultura certa e uma cultura errada e, to logo, a verdade deveria prevalecer sobre a falsidade.As mulheres durante a Idade Mdia que possuam domnio de ervas medicinais para a cura de enfermidades eram julgadas como hereges e pecadoras, pois, na concepo catlica, elas tentavam enganar as leis divinas com rituais que iam contra os preceitos da Igreja Catlica. Por isso, vrias mulheres foram perseguidas e acusadas de feitiaria ou bruxaria e, consequentemente, foram assassinadas pela prtica de suas crendices e cultura. NaIdade Mdia, as bruxas eram acusadas de falsear o controle divino, manipulando ervas e curando doenas, pois ningum poderia mudar o curso divino das coisas se no fosse Deus. Juntamente com essa acusao, as bruxas eram acusadas de fazerem pactos demonacos e realizarem coisas sobrenaturais, como voar pelos ares. Foi com esse imaginrio simblico que acusaes foram legitimadas e vrias mulheres foram mortas em diversas cidades da Europa at a chegada do Iluminismo.O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religies afro-brasileiras, semeou misticismo e superstio durante sculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relquias, aparies de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, gua benta, entre outros. Hoje, h um crescimento espantoso entre setores evanglicos do uso de copo dgua, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abenoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peas de roupa de entes queridos, orao no monte, no vale; leos de oliveiras de Jerusalm, gua do Jordo, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideo (distribudas em profuso), o cajado de Moiss... infindvel e sem limites a imaginao dos lderes e a credulidade do povo. Esse fenmeno s pode se explicado, ao meu ver, por um gosto intrnseco pelo misticismo impresso na alma catlica dos evanglicos.

3.2 A INFLUNCIA DO CRISTIANISMO NA CIVILIZAO OCIDENTALO papel do cristianismo na civilizao ocidental tem sido estreitamente interligado com a formao da histria e da sociedade ocidental. Atravs de sua longa histria, a igreja tem sido uma fonte importante de servios sociais como a educao, visto que vrias universidades do mundo foram fundadas pela Igreja, Alguns historiadores da cincia como JL Heilbron, AC Crombie, David Lindberg, Edward Grant, Thomas Goldstein, e Ted Davis, tm argumentado que a Igreja teve uma influncia positiva e significativa no desenvolvimento da cincia, e que sacerdotes-cientistas, muitos dos quais jesutas, esto entre os luminares na astronomia, gentica, geomagnetismo, meteorologia, sismologia e fsica solar, tornando-se alguns dos "pais" dessas cincias. A Igreja incentivou os cuidados mdicos e servios de bem-estar e teve influncia em termos econmicos; a inspirao para a cultura e filosofia, e elemento influente na poltica e religio. Engenharia e matemtica avanaram e isto refletiu-se atravs da transformao da arquitetura na Idade Mdia. De vrias maneiras, tem procurado afetar atitudes ocidentais para o vcio e a virtude em diversos campos. Foi, durante muitos sculos, propagadora dos ensinamentos de Jesus dentro do mundo ocidental e continua a ser uma fonte de continuidade entre a cultura ocidental moderna cultura ocidental clssica.A Bblia e teologia crist tambm influenciaram fortemente filsofos ocidentais e ativistas polticos. Os ensinamentos de Jesus, como a Parbola do Bom Samaritano, esto entre as fontes importantes para as noes modernas de direitos humanos e medidas do bem-estar habitualmente fornecidas pelos governos do Ocidente. Assim como ensinamentos cristos sobre a sexualidade humana e o casamento tambm tm sido influentes na vida familiar.O cristianismo desempenhou um importante papel na extino de prticas como o sacrifcio humano, a escravido,[] o infanticdio e a poligamia. Ele, em geral, afetou o estatuto das mulheres, condenando o infanticdio (bebs do sexo feminino tinham maior probabilidade de serem mortos), o divrcio, incesto, infidelidade, poligamia, controle de natalidade, aborto e a defendendo o casamento. Embora o ensino oficial da Igreja considera que homens e mulheres so complementares.Influncia do cristianismo no se restringe sobre a civilizao ocidental, os cristos tambm tm desempenhado um papel de destaque nos recursos de desenvolvimento e pioneiro da civilizao islmica. A influncia cultural da Igreja tem sido muito grande. Festas como a Pscoa e o Natal so marcados universalmente como feriados; o calendrio gregoriano (do Papa Gregrio XIII) foi adotado internacionalmente como o calendrio civil; e o prprio tempo medido pelo Ocidente a partir da data prevista de nascimento do suposto fundador da Igreja, Jesus de Nazar: a AD Um Ano (Anno Domini). Na lista das 100 Pessoas Mais Influentes na histria humana, 65 por cento figuras crists de diversas reas.

CONCLUSO

Referncias Bibliogrficas

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