Cristofani Origem Social Apocaliptica Estudos Teologicos

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    Dor e Resistncia: Jovens, Mulheres e Crianas

    na Origem Social do Apocalipsismo Judaico Relendo Daniel 11.29-35

    Jos R. Cristofani

    Introduo

    A literatura apocalptica cannica tem sido, via de regra, utilizada parapromover posturas passivas e milenaristas frente aos desafios sociais. Por umlado, articula-se uma linha de pensamento que v nos apocalipses a predeterminao da histria, afirmando que Deus estabeleceu os acontecimentos desdesempre e por isso cabe ao homem submeter-se passivamente ao curso histrico.Por outro lado, desenvolve-se uma corrente de argumentao que toma os apocalipses como a descrio de um futuro reino milenarista onde todos os tipos decontradies sero eliminadas por uma interveno divina. A primeira correnteleva a um tipo de passividade. A segunda, a um tipo de recusa deste mundo.

    Ambas se articulam dentro de um fundamentalismo que se nutre no s da faltade perspectiva do povo aflito diante de suas exguas possibilidades de satisfazersuas necessidades mais imediatas, como tambm se nutre do terror causado nas

    pessoas pela proclamao da iminente catstrofe apocalptica, pessoas j aterrorizadas pelas angstias e ansiedades do dia-a-dia.

    Por isso este artigo pretende inserir-se dentro de uma perspectiva hermenutica latino-americana. Quer perguntar pela origem social do apocalipsismo

    judaico enfocando o texto de Daniel 11.29-35, perguntando pelo grupo social epela respectiva situao que geraram to eloqente testemunho de resistncia.

    Assim, duas tarefas preliminares se impem. A primeira traar um panorama da pesquisa sobre a questo da origem do apocalipsismo que permitalocalizar a temtica deste ensaio. A segunda fazer um resumo das tentativasfeitas para se estabelecer o grupo social que produziu o apocalipsismo quepermita vislumbrar as dificuldades de tais tentativas.

    Panorama da Pesquisa

    Pode-se dividir a trajetria dos estudos sobre a origem do apocalipsismo emdois grande perodos: o primeiro compreende cerca de cem anos, indo de 1857,data da publicao da primeira monografia que tratava especificamente da origemdo apocalipsismo, at 1959, quando O. Plger publicou seu Theokratie und

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    Eschatologie,marcando assim o incio do segundo perodo, que se estende at osdias atuais.

    Antes de 1857 a pesquisa j preparava o caminho para o desencadeamentode estudos sistemticos sobre o apocalipsismo. Entre os fatores que ajudaram a

    desencadear esse processo estavam a datao de Daniel no sc. II a.C. e aincluso, por J. S. Semler, de outros apocalipses da poca do NT em sua pesquisasobre o Apocalipse. Isso ocorreu no final do sc. XYIH.

    Coube ento a J. F. Lcke, em 1832, estabelecer a investigao independente do apocalipsismo (termo forjado por ele) compreendendo-o como umfenmeno religioso autnomo. J afirmava que o apocalipsismo tinha sua origemno profetismo, tendo influncias estrangeiras do zoroastrismo persa e do helenis-mo. Seu ponto de partida era a viso histrica especfica do apocalipsismo, a

    partir da qual todas as outras caractersticas deveriam ser avaliadas. Assinalava,

    ainda, que entre as causas do surgimento do apocalipsismo estariam as tensesdentro da comunidade ps-exica.

    Assim, quando A. Hilgenfeld (1857) publicou Apokalyptik in ihrer gc-schichtlichen Entwicklung (Apocalipsismo em Seu Desenvolvimento Histrico), o terreno estava preparado para acolher e fazer germinar essa semente.Nele o autor utilizou-se do idealismo hegeliano para buscar a origem do apocalipsismo no profetismo. Defendeu que o mesmo era a ponte histrica entre o

    profetismo veterotestamentrio e o cristianismo, a ligao mesma dos Testamen

    tos em seu aspecto religioso. Podemos dizer que a um tempo o apocalipsismoera filho do profetismo 1e me do cristianismo2. Isso era um contraste coma postura da escola de Wellhausen, que, atravs da histria literria dos escritosapocalpticos, tinha asseverado que o cristianismo herdara a tradio profticadiretamente da fonte, sem qualquer mediao, sendo que os apocalpticos erammeros imitadores dos profetas, nada tendo de peculiar.

    R. H. Charles inseriu-se na mesma linha gentico-evolucionista hegelianaque seu antecessor, acentuando a origem do apocalipsismo no profetismo, resistindo a aceitar elementos iranianos na formao do pensamento apocalptico.Rejeitou, de igual modo, a tese wellhauseniana.

    Destoando da busca da origem do apocalipsismo no profetismo, G. Hlscher(alm de Noack e Dillmann) props deriv-lo da sabedoria. Segundo ele, alegenda (critrio formal) seria o novo modo de os escribas ps-exlicos fundirem material bblico, tradies populares, elementos esotricos e estrangeiros.

    No somente era comum a esses estudos o fato de derivarem o apocalipsismo do profetismo (com a exceo que apontamos acima) a partir da visohistrica daquele, mas tambm o fato de destacarem as caractersticas de tal

    literatura, isto , o contedo, bem como a utilizao de mtodos racionalistas.A busca dos agentes produtores, respectivamente dos portadores da litera

    tura apocalptica no fazia parte das preocupaes dessa recm criada rea depesquisa3. Em que pese a proposta de Hlscher de buscar a origem entre os

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    escribas ps-exicos, esta questo ficou sem desenvolvimento ulterior por umbom tempo.

    Com o advento do mtodo da histria das religies na virada do sculo,passou-se a enfatizar a origem estrangeira do apocalipsismo. Surgiu a teoriaparsista4, conforme a qual o apocalipsismo era considerado fruto da influncia

    persa sobre o pensamento judaico. Assim, uma gama de eruditos aderiram a essatese5, alguns deles especificando tal influncia: por exemplo, R. Reitzenstein religio mistrica iraniana; von Gall zoroastrismo. O ponto fundamental daargumentao desse grupo era a escatologia , ou seja, a viso histrica.

    A reao veio da escola myth and ritual,na esteira de Hugo Gressmann,que afirmava que se deveria buscar a escatologia no mbito israelita. Tal escolafoi busc-la no mito do culto real . Segundo esta escola, o culto real teriaabsorvido os mitos comuns ao Antigo Oriente Prximo e os profetas os teriam

    assimilado do culto e s ento passado para o apocalipsismo. Assim, se haviaalgum elemento aliengena no apocalipsismo, deveria ser buscado dentro do cultoreal israelita e no fora, no zoroastrismo persa.

    O livroA Importncia da Literatura Apocalptica,de H. H. Rowley, pareceser a sntese deste primeiro perodo. Ele assumiu a tese da origem proftica doapocalipsismo, mas no negou influncias estrangeiras6. Rowley trabalhou como critrio das caractersticas7.

    Portanto, nesse primeiro perodo foram estabelecidas as frentes de atuao

    no estudo da origem do apocalipsismo. Primeiro, a derivao do profetismo,depois da sabedoria8e ento do parsismo. Tambm os mtodos foram aplicadosindistintamente ao corpo da literatura apocalptica como um todo, estabelecendo-lhe caractersticas que determinavam o carter apocalptico ou no de uma obra.Ainda foi caracterstico o fato de a pesquisa partir, invariavelmente, da concepode histria9contida no apocalipsismo. Com isso a ateno concentrou-se sobretudo no contedo do mesmo, no sendo to relevante a considerao do gnero,da forma e dos agentes do apocalipsismo. Isso viria com o segundo perodo.

    Com a publicao de Theokratie und Eschatologie em 1959, O. Plger

    deslocou o centro de gravidade das discusses sobre a origem do apocalipsismo.As atenes ento se voltaram tambm para as perguntas de carter mais sociolgico, como por exemplo: qual grupo, autor ou crculo produziu o apocalipsismo?

    Na obra de Plger a resposta a essa pergunta foi encontrada no conflitodentro da comunidade ps-exlica entre os teocrticos e os escatolgicos .Destes ltimos teriam surgido os hasidim10e dentre eles o autor de Daniel.

    P. D. Hanson, utilizando o mtodo contextual-tipolgico , como elemesmo o designou", buscou os originadores do apocalipsismo e os encontrou no

    conflito entre dois grupos na comunidade da restaurao do exlio, os zadoquitase os visionrios. Para isso ele reconstruiu literria e sociologicamente os orculosdo Dutero-Isaas e do Trito-Isaas com base em um nico aspecto: a escatologia.

    J. J. Collins, em sua tese The Apocalyptic Visions of the Book of

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    Daniel , trata da ideologia, da comunidade, do Sitz im Leben e da funo doapocalipsismo. O autor rejeita a tese assidia em relao autoria de Daniel,

    propondo um grupo de elite (maskilim) como seu autor, sendo o livro deDaniel um manifesto que poderia evocar uma resistncia no-violenta ao decretode Antoco IV.

    Se no primeiro perodo a nfase estava na viso histrica e no contedocaracterstico do apocalipsismo, no segundo somam-se a isso as questes degnero literrio, forma e sobretudo de cunho sociolgico. E esse o grandemrito das obras alistadas acima: o de ter acrescentado as perguntas pela funo,objetivo e lugar social do apocalipsismo.

    Significativamente a literatura apocalptica ainda continuou sendo tratada deforma global, isto , os apocalipses eram tomados em conjunto, como se nohouvesse entre eles nenhuma distino de forma, contedo, lugar social e funo.

    Assim, outras duas dificuldades metodolgicas foram apontadas porNickelsburg12. A primeira diz respeito ao uso das fontes. Qual a prioridade entreelas? Como integrar os dados delas obtidos? A segunda diz respeito aos modelosutilizados para o estudo. Ou eles servem de matriz que modela os dados ouservem de filtro que reala ou oblitera resultados. Em qualquer hiptese, isso

    predetermina os resultados. A soluo que props pode ser sumariada assim:restringir o estudo a um nico texto e s depois comparar os resultados comoutras fontes.

    No mbito da Amrica Latina a tnica das publicaes a respeito doassunto insere-se na linha de pesquisa que pergunta pelo lugar social do apocalipsismo, tomando uma clara postura ao lado dos pobres do continente latino-americano.

    Apesar da nova perspectiva, a abordagem ainda considera muitas coisas dapesquisa como definitivas (p. ex. a autoria assidia de Daniel) sem question-las.Tambm a opo pelos pobres no tem servido de critrio controlador da anlise,mas tem sido, via de regra, usada como uma matriz que molda os resultadosantecipadamente. Tambm no h estudo especfico sobre a origem social doapocalipsismo a partir desta perspectiva latino-americana.

    Portanto, essa ser a tentativa deste artigo: buscar essa origem social doapocalipsismo judaico em Daniel.

    Tipologia dos Grupos Sociais

    A questo da origem social do apocalipsismo na verdade uma perguntapelo grupo social que o produziu.

    As mais diversas tentativas tm sido feitas para solucionar essa pergunta.Uma a de se fazer uma tipologia das seitas que existiam no sc. II a.C.,tentando identificar entre elas o grupo que presumivelmente teria sido responsvel pela literatura apocalptica.

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    Via de regra, as tipologias das seitas que tm sido feitas apresentamalguns problemas bsicos que dificultam encontrar uma resposta satisfatria paraa questo da origem social do apocalipsismo.

    O primeiro problema que pode ser constatado em algumas tipologias oda terminologia. Usa-se de modo geral o termo seita na acepo que lhe dada pela sociologia da religio; isto , seita designa um grupo separado daIgreja oficial 13. Portanto, um termo moderno que no adequado ao sc. IIa.C. por motivos bastante bvios. Assim, por exemplo, S. B. Reid14, em seuestudo de Daniel e 1 Enoque, simplesmente assume as categorias de seita descritas pelo antroplogo B. Wilson.

    Outro problema das tipologias o ponto de partida que adotam. Invariavelmente a bem conhecida informao de Josefo15sobre as quatro filosofias o

    ponto de partida comum para se estabelecer uma caracterizao dos diversos

    grupos. A dificuldade que os grupos anteriores aos quatro tomam-se apenassecundrios, pois s so importantes na medida em que ajudam a explicar osgrupos mencionados por Josefo.

    Tambm constitui um problema o fato de as tipologias geralmente seremgeneralizantes e uniformizantes. Generalizam na medida em que atribuem certascaractersticas a todos os grupos (apocalipsismo, p. ex.). Uniformizam na medidaem que colocam os diversos grupos sob um nico critrio de anlise ou colocamcamadas sociais diversas sob a mesma designao. Um exemplo disso a

    tipologia dos grupos sociais que encontramos no artigo de G. Baumbach16.Outros problemas relativos tipologia so mencionados por G. G. Porton17.Uma tipologia interessante a de Hans de Wit18. O autor se limita ao texto

    de Daniel para apresentar sua tipologia dos grupos. Tendo como ponto de partidaum nico texto, a vantagem dupla. Por um lado, possvel limitar-se aosgrupos que o prprio texto apresenta e, por outro, analisar os grupos em suasrelaes uns com os outros. Outra vantagem da tipologia desenvolvida por deWit tentar caracterizar os grupos pelo seu aspecto econmico. Nisto, porm,reside um dos pontos fracos de sua tentativa, pois utiliza-se da dicotomia opressor x oprimido , uma categoria bastante moderna que no consegue captar todaa complexidade das relaes sociais da poca de Daniel. Outra limitao de suatipologia que no consegue incluir nela os jovens dos captulos 1-6 de Daniel.

    Uma outra tentativa, alm da tipologia, para se responder a pergunta pelosgrupos sociais a caracterizao de um deles, isto , tentar reconstruir apenasum dos grupos com base em diversas fontes. E isso constitui o problema, comoapontou Nickelsburg, citado acima.

    A tese mais popular nessa linha a de M. Hengel19, que, seguindo O.Plger20, atribui a origem social do apocalipsismo, Daniel inclusive, aos hasidim,grupo mencionado nos livros dos Macabeus (1 Mac 2.42; 7.12 e 2 Mac 14.6). EJ. Morgenstem21que tenta traar a evoluo dos hasidimcomo tendo-se originadodos tsadiquimdos Salmos ps-exicos. Contudo, uma reao veemente tese de

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    Hengel, conseqentemente de Morgenstem, apresentada por P. Davies22, quemostra que os hasidimno podem ser reconhecidos como grupo organizado nosc. II a.C.

    Porton23, por sua vez, tambm indica que essa tentativa de solucionar oproblema dos grupos tem a tendncia de no prestar a devida ateno diversi

    dade de grupos no sc. II a.C. e inclusive diversidade de correntes entre os mesmos.Assim, deve-se buscar um caminho alternativo entre a tipologia dos grupos

    e a caracterizao de apenas um deles baseada em diversas fontes. Um caminhoque no se limite s uniformizaes das tipologias nem s generalizaes dareconstruo individual de um grupo, mas que faa jus diversidade deles.

    Portanto, o esforo deste artigo ser o de caracterizar o grupo social quearticulou o apocalipsismo de Daniel fazendo jus proposta de Nickelsburg citadaacima: 1. Analisar um nico texto, no caso, Daniel 11.29-35, e 2. Comparar os

    resultados obtidos no estudo do texto com outras fontes, aqui os livros dosMacabeus e 1 Enoque.

    Daniel 11.29-35

    No tempo determinado retomar (Antoco IV) e entrar no Sule no ser como a primeira vez, a segunda vez.

    Viro junto a ele navios kittim e ser humilhado

    e recuar e amaldioar contra a santa aliana, fare voltar e ter considerao para com os abandonadores da santa aliana.

    E foras militares a partir dele colocar-se-o e profanaro o lugar santo, a cidadela,removero o (sacrifcio) regular e colocaro algo abominvel que causa horror.

    E os que agem culposamente contra a aliana levaro apostasia atravs de boaspromessas.Mas um povo que conhece seu Deus mostrar resistncia e agir.

    Os maskilim do povo daro compreenso para muitos

    E sero lanados em terra por meio de espada e por meio de chama, por meio decativeiro e por meio de pilhagem (por) dias.

    E ao serem lanados em terra sero ajudados por ajuda da pequenezento muitos sero unidos junto a eles por meio de boas promessas.

    E dos maskilim sero lanados em terra para purificar entre eles, e purificando e tomando branco at o tempo final, sim, continuamente para o tempo determinado.

    A resposta pergunta pela origem social do apocalipsismo em Danieldepende em grande parte de como se identificam os personagens dos versculos

    em questo. Portanto, eis a nossa tarefa.1. Homem vil (v. 29; cf. v. 21) e suas foras militares (v. 31):

    Sem qualquer dificuldade pode-se identificar o homem vil com Antoco

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    IV, poderoso rei selucida que, como comandante do exrcito, empreendeucampanhas contra outros reinos, sobretudo contra o Egito.

    2. Navios de kittim (v. 30):As naus referidas no texto tm sido identificadas como romanas, as quais

    trouxeram Gaius PopiUius Laenas, chefe de uma delegao romana enviada aoEgito. A verso siraca fala das legies vindas das terras dos Kitinianos24.Contudo, essa referncia aos romanos s tem importncia indireta para este estudo.

    3. Abandonadores da santa aliana (vv. 30, 32):

    Esses violadores da aliana podem ser buscados entre a classe dirigente deJerusalm. 1 Mac 1.10-14 fala de uma gerao de perversos que fizeramaliana com o poder estrangeiro; foram responsveis pela construo de umginsio (v. 14), pelo restabelecimento dos prepcios (v. 15) e renegaram

    a aliana sagrada (v. 15). J 2 Mac 4.7ss. atribui ao sumo sacerdote Jaso ainiciativa de construir o ginsio (v. 9) e passar seus irmos de raa para oestilo de vida dos gregos (v. 10). Portanto, com toda a probabilidade Dn 11.30faz referncia a essas pessoas que fizeram causa comum com Antoco IV em seu

    projeto de helenizao de Jerusalm.

    4. Povo que conhece seu Deus (v. 32):Este item pode ser subdividido em dois grupos principais: a) os maskilim

    e b) o povo que a eles se juntou (pequena ajuda e muitos).

    a. Maskilim (vv. 33, 34):Tm sido notado que o grupo dos maskilimfoi o responsvel pelo livro de

    Daniel. Trnbm a caracterizao deste grupo tem variado de autor para autor,como j tivemos a oportunidade de mostrar. Contudo, nenhuma das propostasapresentadas parece mostrar o rosto desse grupo e seus adeptos. Essa ser atentativa feita aqui.

    Numa leitura rpida de Daniel, salta aos olhos a insistncia no papeldesempenhado pelos jovens no livro. A introduo do livro (cap. 1) tem nadamenos que cinco vezes a palavra jovem (menino, criana). Trata-se da apresentao de Daniel e de seus companheiros como heris da primeira parte dolivro (caps. 1-6). No cap. 2 Daniel interpreta o sonho de Nabucodonosor aps

    pedir a intercesso dos seus amigos junto a Deus. No cap. 3 os companheiros deDaniel saem livres da fornalha. Nos caps. 4, 5 e 6 temos Daniel como a grandefigura das narrativas.

    A esses jovens dada sabedoria (conhecimento, inteligncia) em todacultura e sabedoria (v. 17a), e a Daniel acrescentada a compreenso das vises

    e sonhos (v. 17b). A tnica sobre a sabedoria e sbios perpassa toda aprimeira parte do livro25, enquanto a compreenso das vises, a segunda partedo mesmo.

    Outro aspecto importante do vocabulrio a exigncia de que os jovens

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    sejam instrudos e tenham recebido inteligncia de Deus. Ainda temos aocorrncia desta raiz em 9.13 e 9.25 no contexto de entendimento da verdadee da viso , respectivamente. Significativamente, alm de ocorrer em 11.33,35(no versculo 34 so o objeto da perseguio), a mesma palavra aparece em 12.3e 12.10, a primeira dentro da viso dos caps. 10-12 e a segunda dentro da

    releitura posterior.Seria temerrio afirmar, baseado nesses dados, que os maskilimdevem ser

    identificados com jovens. Contudo, deve-se ao menos perguntar se no seriaprximo aos crculos da juventude que se deveria busc-los. Seus discpulospoderiam ser esses jovens.

    Continuando nesta linha de raciocnio, o livro de Daniel traz referncias squestes alimentares dos jovens, no sentido de no se contaminarem (cf.1.5,8ss.); fala tambm em vida piedosa que cultiva caras tradies dos pais :

    orao (2.17-18; 9.4ss.)26; jejum (?) (10.3); reverncia aos utenslios do templo(5.1ss.); o tom antiidoltrico face ao rei-deus (3.15).

    b. Ajuda da pequenez e os muitos:Na traduo do v. 34 h que se identificar a ajuda da pequenez (v. 34a)

    com os muitos (v. 34b)27.Contra a maioria dos estudiosos, pode-se afirmar que a pequena ajuda

    no se refere aos macabeus28. Ento a pergunta : quem a pequena ajuda ? na cidade de Jerusalm, em meio perseguio de Antoco IV, no lapso

    de tempo entre sua primeira campanha no Egito e o levante macabeu, o espaoe o tempo onde se deve procurar a ajuda da pequenez .

    importante salientar que a ajuda pequena no por ser pouca ou por serpor pouco tempo, nem ainda porque no vai ajudar de fato os maskilim. Areferncia ajuda da pequenez antes pela sua composio frgil, isto , a pequena ajuda composta de um misto de pessoas, mas preponderantemente

    por jovens, mulheres e suas crianas.A pequena ajuda no parece dizer muito primeira vista. Entretanto, a

    seguinte estatstica reveladora: ezer usada no AT 21 vezes; dessas, 19 sereferem ajuda que Deus vai providenciar e as outras duas refernciasencontram-se na narrativa da criao da mulher (!), em Gn 2.18,20, onde ela chamada ezer. Isso no pode ser mera coincidncia, parecendo antes sugerir quede algum modo as mulheres so agentes de algum tipo de ajuda que nas demaisinstncias s se atribui a Deus. E mais, dos 21 textos, 11 aparecem num contextode luta, libertao e livramento, o que est bem de acordo com Daniel.

    Sobre m eat(pequena) Jenni/Westermann diz o seguinte: Como corretivo

    da excessiva valorizao da grandeza humana aparecem no AT algumas passagens nas quais se exalta precisamente o menor, o mais jovem, ou tambm apequenez ou baixa posio de uma famlia ou um povo (...).29

    Portanto, a combinao destas duas palavras em Dn 11.34 no parece ser

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    fortuita; deve significar que se trata realmente de uma ajuda da pequenez ou ajuda dos menores , no sentido de fragilidade.

    Se se tomasse como certa a tese de que os maskilim seriam os jovensjudeus fiis santa aliana, pelo menos uma grande parcela deles, e que mulherese crianas seriam parte desse grupo social que resiste ao poder que assofa o povo

    judeu, poder-se-iam explicar alguns outros pontos, como por exemplo os acrscimos ao livro de Daniel.

    Susana (Daniel 13)

    A histria de Susana, provinda provavelmente do perodo persa, relatacomo um adolescente intervm num episdio para restabelecer a justia.

    Em sntese a narrativa a seguinte: dois ancios (juizes) tentam chantagearSusana para que ela se deite com eles. Negando-se a faz-lo, pois seria adultrio,Susana acusada pelos dois ancios, diante de seu marido, tambm juiz, e daassemblia, de ter mantido relaes sexuais com um jovem que teria fugido coma chegada dos dois. Susana condenada morte. Quando est para ser executada, o Senhor intervm atravs de um jovem menino30 chamado Daniel (v. 45),que restabelece a verdade dos fatos, mostrando que os dois ancios haviamtentado chantagear Susana e tinham j chantageado as filhas de Israel (v. 57),que, por medo, a eles se entregaram.

    No episdio destacada a atitude de resistncia de Susana, sendo que oadolescente Daniel desempenha um papel importante ao ser instrumento de Deusna libertao da mulher.

    Uma observao importante o fato de que alguns manuscritos gregos deDaniel colocam Susana antes de Daniel 1, o que pode indicar no s atentativa de se estabelecer uma cronologia para a vida de Daniel, como tambma relevncia dessa histria para os leitores de Daniel.

    Tudo parece indicar o papel importante que tiveram jovens e mulheres naresistncia tambm interna.

    Se a hiptese de que o grupo social que aparece em Dn 11.29-35 deve tersido composto de sbios, jovens, mulheres e suas crianas est correta, entooutras fontes deveriam expressar de algum modo a presena de jovens, mulherese crianas na resistncia ao poder interno (abandonadores da aliana) e ao poderexterno (Antoco IV e seus exrcitos).

    Livros dos MacabeusOs livros dos Macabeus relatam os episdios ocorridos em Jerusalm na

    poca de Daniel. Desta forma devem trazer elementos que corroborem a tesedeste artigo.

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    Como no livro de Daniel, no Segundo Livro dos Macabeus (caps. 6-7) hum profundo problema a respeito da pureza alimentar , pois as pessoas soobrigadas a participar do banquete sacrifical, contaminando-se, portanto. Tambma violao da vida piedosa, do santurio dedicado a Jpiter Olmpico, entre outrascoisas, se constitui num problema para os habitantes de Jerusalm, sobretudo

    para os jovens (cf. 7.24). Ainda a pretenso de Antoco IV de ser Epfanes deveter sido um grave problema para os judeus, sem dvida. Portanto, a situaovivencial a mesma em ambos os escritos.

    Na direo da tese proposta apontam as seguintes narrativas dos livros dosMacabeus:

    Chefes e ancios gemeram, moas e moos perderam seu vigor, murchou a belezadas mulheres. Tdo recm-casado entoou uma elegia, ficou de luto a esposa em sua cmara nupcial. (1 Mac 1.26-27.)

    Esta elegia certamente refere-se ao sofrimento do povo como um todo (cf. v. 28),do qual as moas e os moos, mulheres, recm-casadas tomam parte. Tambm o ai entoado por Matatias toma o povo como um todo, mas destaca os

    seus filhinhos (do templo), trucidados nas praas e seus jovens, pela espada doinimigo. (1 Mac 2.9.)

    Ainda que se refiram aos filhos e jovens do templo , h que se notar que istopode indicar um problema em relao a eles.

    Quando da violncia do misarca em Jerusalm, houve muitos que foramchacinados e somente mulheres e crianas (alm do gado!) so mencionadas.

    Saqueada a cidade... Levaram prisioneiras as mulheres e as crianas e apoderaram- se do gado. (1 Mac 1.31-32.)

    O quadro se toma mais elucidativo ao se juntar citao acima o textoparalelo de 2 Mac 5.24, que narra o objetivo especfico da misso do misarca:

    o rei enviou o misarca Apolnio frente de um exrcito de vinte e dois mil homens, com a ordem de trucidar todos os que estavam na fora da idade e de

    vender as mulheres e os mais jovens.Aps a instalao dos cultos pagos em Jerusalm e o decreto de proibio

    das prticas judaicas, a perseguio continuou.

    Quanto s mulheres que tinham feito circuncidar seus filhos, eles, cumprindo odecreto, as executavam com os mesmos filhinhos pendurados a seus pescoos, e ainda com os seus familiares e com aqueles que haviam operado a circunciso. (1 Mac 1.60-61.)

    Este texto apresenta o motivo da morte dos fiis e o destaque dado s mulheres

    que circuncidaram seus filhos. O texto paralelo de 2 Mac 6.10 fala por si mesmo:Assim, duas mulheres foram presas por haverem circuncidado seus filhos. Fizeram-nas circular ostensivamente pela cidade, com os filhinhos pendurados aos seios,precipitando-as depois muralha abaixo.

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    parte o carter edificante de 2 Macabeus, o fato que esse sofrimento,sobretudo de mulheres e crianas, deixou uma marca bastante profunda namemria do autor.

    Pode-se completar este quadro com as narrativas de 2 Mac 6.18-31; 7.1 ss.e 5.13, transcritos abaixo:

    Houve assim um extermnio de jovens e de ancios, um massacre de rapazes,mulheres e crianas, imolaes de moas e criancinhas.

    A cruel perseguio atingiu a todos. Mas, curiosamente, h nos textoscitados uma aluso preponderante s vtimas mais indefesas (mulheres e crianas)ou de mais valor para a venda (moas/os). Esses no se submeteram s leisimpostas pelo poder estrangeiro, permanecendo fiis Lei. Trata-se de mulheresque circuncidaram seus filhos e que por isso foram mortas com os mesmos.

    Em meio a toda essa crueldade ressoa uma nota de triunfo, que revela aresistncia deste grupo:

    Apesar de tudo, muitos em Israel ficaram firmes e se mostraram irredutveis em no comerem nada impuro. Aceitaram antes morrer que contaminar-se com osalimentos e profanar a aliana sagrada, de fato morreram. (1 Mac 1.62-63.)

    O texto similar de 2 Mac 6.12-17 reala o sentido corretivo dos sofrimentos.O autor do Quarto Livro dos Macabeus defende a tese de que a razo

    domina as paixes da carne. Para comprovar sua tese, o autor faz uma detalhada

    descrio do martrio dos dois primeiros livros dos Macabeus. Ao relatar omartrio ocorrido em Jerusalm por ocasio do saque do templo, destaca que:

    Em seu interior (do templo) os sacerdotes, junto com as mulheres e as crianas,suplicavam a Deus que protegesse o lugar que ia ser profanado. (4 Mac 4.9.)

    Num outro versculo o autor diz que Antoco IV, ao suprimir a observnciada Lei, viu que suas ameaas e castigos eram inteis...

    At o ponto de algumas mulheres que haviam circuncidado seus filhos se arrojaremabaixo junto com seus bebs, conscientes de que essa era a sorte que as esperava.(4 Mac 4.25.)

    Essas informaes no podem ser fortuitas, mas indicam um problema quedeixou uma profunda marca na alma do povo judeu, qual seja, que jovens,mulheres e crianas resistiram at a morte.

    1 Enoque

    O livro etope de Enoque um apocalipse contemporneo de Daniel. Neletambm encontram-se passagens que parecem indicar a resistncia dos pequenos , dos menores . Entre outras passagens, destaca-se a seguinte:

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    Eis que nasceram cordeiros daquelas ovelhas brancas e comearam a abrir os olhos e a gritar para as ovelhas (...) Entretanto, todas as guias, abutres, corvos emilhafres despedaavam ainda as ovelhas, voavam sobre elas e as devoravam. As ovelhas calavam, enquanto que os cordeiros gritavam e clamavam (...). (1 Enoque90.6, ll.)31

    Os cordeiros (v. 6) so identificados pela crtica como sendo os hasidhne o ataque das aves de rapina (v. 11) como o ataque de Antoco IV e seu exrcitoem Jerusalm32.

    Ora, mesmo que a identificao dos cordeiros com os hasidim no sejacorreta, permanece o fato de que os cordeiros so os menores e maisfrgeis que gritam e clamam , em suma, que resistem.

    Concluso

    A proposta deste artigo foi buscar a origem social do apocatipsismo judaico, mostrando ser necessrio identificar o grupo social que deu origem ao mesmo.

    O grupo social que est por detrs do apocalipsismo de Daniel compostopelos maskilim, pelos jovens, mulheres e suas crianas que, em meio dor,resistiram a Antoco IV.

    Obviamente muitas perguntas e tarefas emergem com tal tese, por exemplo:qual o papel de jovens, mulheres e crianas no sc. II a.C.? Por que o livro de

    Daniel no mais explcito a esse respeito?Contudo, uma coisa parece clara: que jovens, mulheres e crianas tiveram,

    em meio dor, um papel relevante na resistncia a Antoco IV e de algumaforma participaram da origem do apocalipsismo.

    De resto, a resistncia desse grupo indica o caminho para se romper com autilizao milenarista , passiva e quietista do apocalipsismo.

    Notas

    1 Expresso de H. H. ROWLEY, The Relevance ofApocalyptic,New York, Association, 1964, p. 15.

    2 E. KSEMANN, Os Incios da Tologia Crist, in: Apocalipsismo, So Leopoldo, Sinodal,1983, pp. 231-254, defende a tese de que o apocalipsismo a matriz da teologia crist.

    3 Contudo, H. MOORE, The Problem of Apocalyptic as Evidenced in Recent Discussion, IrBSt8 (1986), p. 85, tentando estabelecer oSitz im Lebenpara o apocalipsismo, alista os provveisportadores do mesmo para alguns autores do perodo descrito acima: Hilgenfeld (essnios);Charles (fariseus); Herford (zelotas).

    4 M. RIST, Apocalypticism, in: IBD, vol. I, defensor de tal tese.5 P. D. HANSON, Prolegomena to the Study of Jewish Apocalyptic, in: F. M. CROSS et al., eds.,

    Magnalia Dei: the Mighty Acts o f God, New \rk, Garden City, 1976, p. 396, alista osseguintes: R. Reitzenstein, R. Otto, N. H. Nyberg, A. Bertholet, E. Meyer, W. Bousset, A. von Gall.

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    6 D. S. RUSSEL, The Method and Message o f Jewish Apocalyptic, Philadelphia, Wfestminster,1964, vai na mesma direo que Rowley, acentuando, contudo, a influncia do sincretismohelnico-persa. ' ? V

    7 Listas de caractersticas podem ser encontradas na mesma obra de ROWLEY, p. 25, nota 11,onde cita Ljndblom e H. W. Robinson. Cf. .tambm G. Von RAD, Tologia do Antigo Tsta-mento,So Paulo, ASTE, vol. n, p. 453, nota 428, onde cita W. Baumgartner, tambm citado

    por F. DINGERMANN, O Anncio daCaducidade Deste Mundo e os Mistrios do Fim; osIncios da Apocalptica no Antigo Tstamento, in: J. SCHREINER, ed., Palavra e Mensagem,So Paulo, Paulinas, 1987, p. 466.

    8 G. VON RAD, op. cit., pp. 296-310, unilateralizou essa posio. Veja a veemente crtica posio de von Rad em P. VON OSTEN-SACKEN, O Apocalipsismo em Sua Relao com o Profetismo e a Sabedoria, in:Apocalipsismo,So Leopoldo, Sinodal, 1983, pp. 121-170.

    9 Cf. M. NOTH, A Concepo de Histria do Apocalipsismo do Antigo Tstamento, in: ibid., p.79, citando G. Krger: Pode-se caracterizar o problema da histria como nosso mais urgente,mais amplo, e mais difcil problema.

    10 Tse que encontrou bastante ressonnci na obra de M. HENGEL, Judaism and Hellenism,Philadelphia, Fortress, 1974, pp. 175-218.

    11 P. D. HANSON, op. cit, p. 408.

    12 W. G. E. NICKELSBURG, Social Aspects of Palestinian Jewish Apocalypticism, in: D. HELL-HOLM, ed., Apocalypticism in the Mediterranean and Near East, Tbingen, J. C. B. Mohr,1983, pp. 647-648.

    13 Para um resumo das diversas definies de seita cf. M. HILL, Sect, in: M. ELIADE, ed.,Encyclopledia o f Religion, New York, MacMillan, 1987, vol. 13, pp. 154-158. Tmbm J.WACH,Sociologia da Religio,So Paulo, Paulinas, 1990, pp. 238-249.

    14 S. B. REID,Enoch and Daniel,Berkeley, Bibal, 1989, pp. 19-22.

    15 F. JOSEFO, Antiguidades Judaicas 18.11-25, in: Documentos do Mundo da Biblia 3, SoPaulo, Paulinas, 1986, pp. 44-46.

    16 G. BAUMBACH, Volk Gottes im Frhjudentum, pp. 93-114 (devo a traduo deste artigoaos professores Dr. Nelson Kilpp e Dr. Dr. Friedrich Erich Dobberahn).

    17 G. G. PORTON, Diversity in Postbiblical Judaism, in: R. A. KRAFT & G. W. E. NICKELSBURG, eds., Early Judaism and Its Modem Interpreters,Philadelphia, Fortress; Atlanta, Scholars, 1986, pp. 57-80.

    18 H. DE WH,Libro de Daniel,Santiago, Rehue, 1990, pp. 55-59.

    19 M. HENGEL, op. cit., pp. 175-218.

    20 O. PLGER, Theocracy and Eschatology, Richmond, John Knox, 1968, pp. 17ss.

    21 J. MORGENSTERN, The Hasidim Who Were They?, HUCA 38 (1967), 59-73.

    22 P. DAVIES, Hasidim in the Maccabean Period, JJS 28 (1977), 127-140.

    23 G. G. PORTON, op. cit., p. 62.

    24 N. W. PORTEOUS,Daniel: a Commentary,Philadelphia, Westminster, 1965, p. 167.

    25 Sabedoria 1.4,17,20; + 2.20,21,23,30; 5.11,4 (aramaico); Sbio 2.42,13,14,18,21,24(2x),27,48;4.3(6),15(18); 5.7,8,15.

    26 Interessante notar que aqui a orao de intercesso, a mesma funo da morte dos maskilim

    (cf. 11.35).27 "BI identificao tem a vantagem de explicar os muitos dos w . 39,41,44; 12.2,3,10. Nos caps.

    11-12 a palavra ocorre nada menos do que 19 vezes das 24 que aparece em Daniel. E, nessescaptulos, das 11 ocorrncias que se referem a pessoas, oito delas so aos que vo ser objeto de

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    alguma ao por parte de outros. Ainda em 8.2S e 9.27 ocorre em contexto claramente paraleloao texto de Dn 11-12, isto , a perseguio de Antoco IV. Outra vantagem desta identificao tentar dar um rosto a essa gente.

    28 J. J. COLLINS, Daniel with an Introduction to Apocalyptic Literature, Grand Rapids, W. B.Eerdmans, 1984, p. 101, tambm no aceita essa identificao, dizendo: A pequena ajuda estmais propriamente se referindo aos poucos que partilham o ponto de vista dos maskilim.Nota-

    se que ele toma a referncia no sentido quantitativo.29 JENNI/WESTERMANN,Diccionrio Teolgico Manual dei Antiguo Tstamento,Madrid, Cris-

    tiandad, vol. I, col. 582.

    30 A LXX fala de um jovem, enquanto que Todcio tem um jovem moo, que MatosSoares traduz por jovem menino e a BJ por adolescente . Interessantemente a Siraca tem:que tinha 12 anos.

    31 Outros textos de Enoque podem ser acrescentados a esse, por exemplo: 96.2 fala daproles(children Charles) dos justos que sero como guias. 96.5 um ai sobre aqueles que (...) pisam os humildes ( the weak people Charles) com vossa fora. 99.5 apresenta ainverso da situao no dia da destruio, quando as mulheres dos mpios ficaro grvidas, mas

    os mpios abortaro seus infantes, arrojaro seus lactentes e no faro caso deles.32 F. CORRIENTE & A. RINERO, Libro 1 de Henoc, in: A. Diez MACHO, ed.,Apocrifos dei

    Antiguo Tstamento,Madrid, Cristiandad, 1984, tomo IV, p. 120.

    Jos Roberto CristofaniRua Matos Costa, 892

    Boa Vista89228-151 Joinville SC

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