Cristologia (completo)

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IGREJA BATISTA CIDADE UNIVERSITRIA MINISTRIO DE EDUCAO CRIST GRUPOS DE INTERESSE CRISTOLOGIA: A DOUTRINA DE CRISTO Wesley R. Silva 1. A importncia de se estudar a doutrina de CristoJesus

Cristo a figura central da histria do mundo. Os impactos da pessoa de Cristo na histria

e cultura humanas: um divisor de datas na histria do ocidente, uma civilizao assim chamada crist, guerras e conflitos em nome de Cristo, valores cristos, a cruz como um smbolo universal de morte, etc.Jesus

Cristo deve ser a figura central na vida de todo indivduo. Os impactos da pessoa de Cristo

na vida dos crentes: interiores (salvao, perdo, regenerao, justificao, novos valores, etc.) e exteriores (mudana de atitudes).No

existe cristianismo sem Cristo: no uma religio, mas um modo de vida cuja proposta

bsica Cristo em vs, esperana da glria (Col. 1:27). A maior diferena entre um cristo nominal e um cristo autntico que para este Jesus uma realidade existencial. O cristianismo no medido pelo seu efeito coletivo, mas pela presena de Jesus na vida do indivduo.No

existe comparao entre Jesus Cristo e os fundadores das outras grandes religies. Confcio,

Buda, Maom, todos morreram propondo ao homem um caminho para encontrarem a verdade ou para se tornarem a divindade, mas s Jesus diz eu sou o caminho, a verdade e a vida (Joo 14:6), s Jesus se intitula o prprio Deus (Joo 10:30).A

base do cristianismo a Palavra de Deus (Lucas 24:27 o primeiro ato de proclamao e

apresentao de Jesus com base na Palavra), onde Jesus o tema central da mensagem transmitida pelos e para os homens:a. b. c. d. e. f.

pelos profetas (Atos 10:43, 3:21) pelos apstolos (Atos 5:42) para os judeus (Atos 17:1-3) para os samaritanos (Atos 8:5) para os gentios (Gl. 1:15-16, Ef. 3:8) para o homem de hoje (Marcos 16:15, I Cor. 15:1-4)

2. A historicidade de Jesus e a crtica modernaO

que a doutrina de Cristo. No NT duas palavras so traduzidas como doutrina: didaskalia e

didache. Ambas significam tanto o ato como o contedo do ensino. Jesus possua uma doutrina (Mat. 7:28); os apstolos tinham uma doutrina (Atos 2:42). Com o passar do tempo a igreja elaborou um conjunto de ensinamentos sobre a pessoa de Jesus. Esta doutrina de Cristo pode se aceita com vrias modificaes entre as chamadas religies crists, ou simplesmente negada. Embora cada cristo autntico conhea a Jesus existencialmente, importante ter algum conhecimento doutrinrio sobre Jesus para melhor compreenso da sua condio pessoal e como testemunho (apologtica).O

relato dos evangelhos como a nica fonte informativa sobre Jesus. No existe outro material

escrito. Toda a doutrina de Cristo foi desenvolvida pela igreja ao longo dos sculos com base nos evangelhos. Portanto, fundamental reconhecer a veracidade do testemunho dos evangelhos sobre Jesus. Toda crtica e ataque intelectual contra o cristianismo procura minar, desacreditar, descaracterizar ou reinterpretar o Cristo apresentado pelos evangelhos.O

impacto do deismo e do iluminismo na interpretao histrica de Jesus. A mesma metodologia

empregada nas humanidades foi aplicada interpretao bblica. Baseados nas leis mecanicistas de Newton, vrios pensadores ao longo do sc. 18 advogavam que pelo uso da razo somente seria possvel alcanar o progresso no conhecimento, no avano tcnico e mesmo nos valores morais. A descoberta da verdade deveria ser feita a partir da observao emprica da natureza e no a partir de fontes tradicionais de autoridade, como a Bblia. A Igreja Romana era vista como a grande responsvel pela escravizao da mente humana no passado e, por extenso, toda e qualquer religio. Muitos filsofos e cientistas da poca, inspirados em Emmanuel Kant, optaram por alguma forma de deismo, aceitando a existncia de Deus, mas rejeitando as implicaes da teologia crist. As idias de Kant serviram de fundamento e orientao para o surgimento de uma srie de correntes cientfico-filosficas (ismos) que ainda dominam o pensamento de nossos dias (existencialismo, humanismo, modernismo, darwinismo, relativismo, etc.) e se caracterizam por pressuposies anti-sobrenaturais.Os

evangelhos apresentam Jesus como um ser consciente de sua transcendncia. Jesus apresenta

a sua natureza e misso diante dos homens de modo explcito (Joo 14:7-10) e implcito (Joo 1:51, 18:36). justamente essa transcendncia que procura ser negada pela crtica secularista na tentativa de reduzir a pessoa de Cristo a um simples fato histrico, sem implicaes espirituais. Se de fato existiu, Jesus estaria circunscrito dimenso espao-temporal da histria humana como

qualquer outro mortal, mas no a transcenderia. Do ponto de vista apologtico, a idia de que Jesus nunca existiu no to daninha quanto a afirmao de que Ele foi apenas histrico.O

Cristo da histria versus o Cristo histrico. O Cristo histrico uma expresso tcnica

criada pela crtica designando um Jesus hipottico, que poderia ser interpretado exclusivamente em termos humanos, fazendo parte da histria humana ordinria.Os

evangelhos no so um relato puramente histrico ou biogrfico (neutro, objetivo) sobre

Jesus, mas interpretam sua vida e obra a partir de uma perspectiva de f. Mateus e Lucas rearranjaram o material de Marcos com alguma liberdade para atender as necessidades da comunidade de primeiros cristos e no como historiadores modernos. As variaes encontradas entre as narrativas do evangelhos no comprometem, contudo, a veracidade dos fatos apresentados.O

critrio da dissimilaridade versus a probabilidade histrica na interpretao da pessoa de

Cristo. A crtica mais radical aceita como autnticas apenas as declaraes de Jesus no relacionadas diretamente com o judasmo ou com a teologia da igreja primitiva. Onde existir um paralelo, as declaraes no seriam propriamente de Jesus, mas uma influncia judaica ou crist. Contraposto a esta idia existe o conceito de probabilidade histrica, que postula que, como judeu, Jesus teria usado idias correntes no judasmo e a igreja crist teria feito uso dos prprios ensinamentos de Jesus na interpretao de sua pessoa.A

viso da crtica secularista: os evangelhos como uma tradio instvel e transmitida sem

controle. Vrios estgios de desenvolvimento da teologia de Cristo: do Cristo histrico s doutrinas da igreja judaica primitiva, igreja judaica helenista e igreja gentlica helenista.A

viso da teologia bblica: os evangelhos como uma tradio transmitida sob o controle de

testemunhas oculares da vida de Jesus. Os evangelhos assumiram a forma escrita cerca de uma gerao aps a morte de Jesus (entre 60 e 90 d. C.), quando testemunhas oculares ainda eram encontradas na igreja (I Cor. 15:6, Tiago 1:1, I Joo 1:1-4).A

relao entre f e histria. O estudo crtico e histrico prova as prerrogativas divinas de Jesus?

A histria no necessariamente leva a Deus e a percepo puramente intelectual da verdade no produz a vida eterna. Um historiador pode concluir que Jesus era o Filho de Deus, mas no aceitar suas reivindicaes. A histria no prova a validade da f, mas essencial f genuna, pois esta se baseia em evidncias histricas. Aceitar a Jesus como Senhor sem evidncias histricas como abraar uma ideologia ou um ideal, mas no uma pessoa.

3. A pessoa de Cristo: sua humanidade

3.1. A importncia da humanidade de CristoTeologicamente

existe menos controvrsia em relao humanidade de Jesus que em relao a

sua divindade, mas este tpico igualmente importante pelos seguintes motivos:a.

se Jesus no era um de ns no poderia haver salvao; a validade e a aplicabilidade da obra realizada na cruz depende da realidade da sua humanidade, assim como a sua eficcia depende da genuinidade da sua divindade.

b.

se Jesus no era um de ns no poderia realizar o tipo de intercesso que o sacerdote deve fazer em favor dos que representa (Heb. 2:17). se Jesus era um de ns e foi tentado como ns, ento pode nos compreender e nos ajudar em nossas lutas como homem (Heb. 2:18, 4:15-16).

c.

3.2. A natureza fsica humana de JesusA

Bblia d vrias indicaes de que Jesus era uma pessoa completamente humana (corpo, mente aspecto fsico:a.

e esprito).No

gestao e nascimento (Lucas 2:4-7; Gl. 4;4); embora sua concepo fosse singular, daquele ponto em diante o processo foi aparentemente o mesmo experimentado por qualquer ser humano.

b. c.

crescimento (Lucas 2:52). ascendncia humana (Mat. 1:1; Atos 13:22-23; Rom. 1:3); Jesus possua uma genealogia humana e teria herdado as caractersticas genticas de seus antecessores; tanto Jos como Maria eram da linhagem de Dav; a genealogia de Mateus baseada em Jos (1:1-17) e a de Lucas possivelmente em Maria (3:23-38).

d.

aparncia pessoal (Joo 4:9, 20:15); Jesus tinha a aparncia de um homem de sua poca, no transmitindo sobrenaturalidade em seu aspecto fsico. limitaes fsicas:

e.

fadiga (Joo 4:6) fome (Mat. 4:2, 21:18) sede (Joo 4:7, 19:28) sono (Mat. 8:24) dor (Marcos 15:15-19)f.

nomes humanos:

Filho do homem (Lucas 19:10); identificao plena com a raa humana

nazareno (Mat. 2:23); identificao com uma localidade profeta (Mat. 21:11); identificao com homens santos do passado de Israel carpinteiro (Marcos 6:3); identificao com uma ocupao humanaa.

a nfase da encarnao (Joo 1:14, I Joo 4:2-3); a negao da humanidade de Jesus um dos sinais do esprito do anti-cristo. o testemunho dos discpulos (I Joo 1:1); enfatizando a realidade da manifestao fsica de Cristo.

b.

No

aspecto psicolgico (algumas dessas caractersticas no provam, per si, que Jesus eraa. b. c. d. e. f. g. h.

humano, pois vrias delas so atributos do prprio Deus): amor (Joo 13:23) compaixo (Mat. 9:36, 15:32) sofrimento, tristeza (Mat. 26:37; Luc. 22:44; Joo 11:33-35) alegria (Lucas 10:21) ira, indignao (Mat. 21:12-13; Marcos 3:5, 10:14) surpresa e admirao (Lucas 7:9, Marcos 6:6) solido e abandono (Marcos 14:32-34, 15:34) capacidade cognitiva (Lucas 2:52, Marcos 13:28, Mat. 23:37; Marcos 9:21; Joo 4:17-18; Joo 11:13-14; Marcos 13:32)no

aspecto espiritual (como homem, Jesus limitou-se aos meios e mtodos pelos quais o podera. b. c. d. e.

divino obtido e experimentado pelo homem): dependncia da orao (Marcos 1:35, Lucas 6:12-13, ao todo 25 registros) jejum (Mateus 4:2) tentao ((Mat. 4:1; Heb.4:15) uno do Esprito (Atos 10:38) participao nos cultos (Lucas 4:16)

3.3. Heresias primitivas que contestam a humanidade de JesusCedo

na vida da igreja surgiram pensamentos que procuravam negar a humanidade de Cristo. (dokeo = parecer): a divindade nunca poderia tornar-se realmente material, j que a

Docetismo

matria inerentemente m, ao passo que Deus puro (a carta de I Joo foi escrita basicamente para combater o docetismo (I Joo 1:1-2, 4:1-3).Apolinarismo

(Apolinrio, bispo srio do sc. IV): Jesus era humano somente fisicamente, mas

sua alma era divina (uma leitura limitada de Joo 1:14, propondo que apenas o verbo que se

encarnara, o restante sendo divino; uma maneira de acomodar o problema da natureza dual de Jesus). 3.4. O nascimento virginal de CristoDoutrina

muito debatida entre o final do sc. XIX e incio do XX pelos fundamentalistas e consideravam uma crena essencial, baseada nos poucos relatos bblicos

modernistas.Fundamentalistas

existentes (Mateus 1:18-25; Lucas 1:26-38; Isaas 7:14).Modernistas

a rejeitavam, consideravam no essencial ou reinterpretavam de modo no literal o silncio de Jesus sobre o assunto (Jesus fez silncio sobre outras coisas tambm). o silncio de Marcos, Joo e Paulo (o propsito desses escritores bblicos no era narrar as circunstncias do nascimento de Jesus).

com base nos seguintes argumentos:a. b.

O

duplo milagre da concepo virginal: Deus prov tanto o componente humano como a relao entre a concepo virginal e a encarnao e impecabilidade de Cristo. Alguns telogos

encarnao.A

argumentam que o nascimento virginal no era indispensvel para a sua encarnao (criao direta, sem a necessidade ou apesar dos pais) e impecabilidade (o Esprito Santo santificaria qualquer influncia pecaminosa transmitida pelo macho somente ou pela mulher).Principais a. b.

significados teolgicos da doutrina do nascimento virginal: afirmao da natureza sobrenatural da salvao, sem qualquer interveno humana. a salvao no depende de qualquer qualificao humana (a origem humilde de Maria). prova da singularidade de Jesus. evidncia do poder e soberania de Deus sobre a natureza.

c. d.

3.5. A impecabilidade de CristoO

testemunho dos apstolos: Heb. 4:15, 7:26, 9:14; Joo 6:69; I Pedro 2:22; I Joo 3:5; II Cor. testemunho do prprio Cristo: Joo 8:46. testemunho dos incrdulos: Mateus 27:4, 19; Lucas 23:41. teria sido passvel de pecar? Sua tentao foi genuna ou somente uma farsa? As tentaes

5:21.O O

Jesus

de Cristo foram reais, embora fossem insuficientes para venc-lo. A natureza divina torna a

pecabilidade impossvel. O pecado no faz parte da natureza humana bsica, mas sim da corrompida. Ado e Eva antes da queda e Jesus foram os nicos seres humanos puros. 3.6. As implicaes teolgicas da humanidade de Cristo.A

morte expiatria de Jesus tem valor para ns pois foi um ato sacerdotal. fato de ter experimentado a nossa natureza Jesus intercede por ns e nos ajuda em nossa

Pelo

fraquezas.Em

Cristo vemos representada a verdadeira humanidade. No podemos medir a humanidade de dependncia da graa de Deus possvel para o homem viver de acordo com o padro

Cristo pela nossa, mas sim a nossa pela de Jesus.Pela

divino.

4. A pessoa de Cristo: sua divindade 4.1. A autoconscincia de Jesus.A

divindade de Cristo um dos tpicos doutrinrios mais cruciais da nossa f. se considerava igual ao Pai e possuidor de fazer coisas que apenas Deus tem o direito de a maioria das referncias que Jesus fez sobre sua divindade no fosse explcita e aberta,

Jesus

fazer.Embora

tanto seus discpulos como seus opositores a interpretaram corretamente. Jesus nunca disse literalmente Sou Deus, mas suas alegaes seriam imprprias se feitas por algum menos do que Deus.A A A A

meno sobre os anjos e o reino (Mat. 13:41, Joo 18:36). prerrogativa de perdoar pecados (Marcos 2:5-7). prerrogativa de julgar a terra (Mat. 25:31-32). prerrogativa de redefinir o valor do Sbado (Marcos 2:27-28). Alm de combater uma prerrogativa de estabelecer um ensino com a mesma autoridade das Escrituras (Mat. 5:21-22, e demonstrao de poder sobre a morte (Joo 5:21, 11:25). de pr-existncia (Joo 8:58-59). O uso da frmula Eu sou (x. 3:14), verbo

interpretao legalista da lei, Jesus aponta para o verdadeiro significado do Sbado.A

27-28).Sua declarao Sua declarao

que exprime a idia de passado, presente e futuro ao mesmo tempo, indicando a natureza eterna e imutvel de Deus.Uso

de figuras de linguagem que atestam sua divindade: Eu sou ...

a. b. c. d. e. f. g.

o po da vida (Joo 6:35) a luz do mundo (Joo 8:12) a porta das ovelhas (Joo 10:7) o bom pastor (Joo 10:11) a videira verdadeira (Joo 15:1) a ressurreio e a vida (Joo 11:25) o caminho, a verdade e a vida (Joo 14:6) com o Pai (Joo 10:30, 14:7-9). de Filho de Deus (Mat. 16:15-16, 26:63-65; Joo 5:18, 19:7). Este nome

Sua identificao

Sua auto-denominao

dado a Jesus 40 vezes na Bblia, alm de outras referncias indiretas como meu filho e seu filho. 4.2. O testemunho dos escritores do Novo Testamento.Joo

(Joo 1:1). (1:1-3). (Col. 1:15, 2:9; Fil. 2:5-11; II Cor. 5:10; II Tim. 4:1).

Hebreus Paulo

4.3. Associao a Jesus de afirmaes relativas a Jeov.Salmo Salmo Isaas Isaas

45:6-7 102:24-27

Hebreus 1:8-9 Hebreus 1:10-12 I Pedro 2:8 Mateus 3:1-3 Apocalipse 2:23

8:13-14 40:3-4 17:10

Jeremias

4.4. Os nomes divinos atribudos a Jesus.o

Verbo (logos, Joo 1:1,14)a. b.

o princpio csmico eterno que traz ordem ao universo (Herclito sc. 6 a.C.). este mesmo princpio csmico permeia todas as coisas e prov o padro de conduta para o homem racional (filsofos esticos). emanao divina que intermediou a criao do universo (Filo 20 a.C. 42 d.C.). a Palavra de Deus como poder criador e mantenedor de todas as coisas (equivalente ao conceito helenista de logos).

c. d.

e.

a Sabedoria como personificao do poder de Deus (Prov. 8:22-31, conceito paralelo ao de logos e Palavra de Deus). o conceito joanino:

f.

personalidade pr-existncia (Gn. 1:1; Joo 1:1, 8:58, 17:5 divindade (Joo 1:1); a ausncia do artigo definido antes da palavra Deus denota a similaridade de essncia, porm preservando a distino de personalidade) agente criador (Joo 1:3) encarnao (Joo 1:14); literalmente tabernaculou revelador (Joo 1:4, 14, 18): vida, luz, graa, verdade, glria, o PaiO

Messias (christos = o ungido, Joo 1:41):a.

algum ungido para realizar uma misso que envolve redeno, julgamento e representatividade do prprio Deus (Isaas. 45:1-7). expectativa escatolgica (Daniel. 9:25-26). expectativa poltica (Isaas. 9:1-7; Joo 6:15, 12:13, 18:33-36, Mat. 16:20). o objetivo dos evangelhos foi apresentar Jesus como o Messias (esse termo era usado como um ttulo no NT exceto em Joo 1:17, 17:3). a nfase da igreja primitiva: Jesus Senhor (Atos 11:20; Rom. 10:9). quando o evangelho penetra o mundo helnico, christos passa a ser usado como nome prprio, sem as conotaes religiosas do VT, e no como ttulo (observar a mudana em Atos 2:36, 17:1-3, 18:5, Atos 28:31; Rom. 1:1; Col. 2:2; I Joo 1:3).

b. c. d.

e. f.

O

Senhor (kyrios)a.

o grego kyrios a transliterao do tetragrama hebraico Yhwh (Jav ou Jeov); isto indica que Jesus o prprio Deus no exerccio de domnio de todas as coisas. a designao mais freqente de Jesus nas cartas de Paulo e na igreja gentlica. o cerne da mensagem de Paulo (II Cor. 4:5; I Cor. 12:3). a relao entre confessar e viver o senhorio de Cristo (I Cor. 1:2; II Tim. 2:22). expresso atribuda por Jesus a si prprio, nunca pelos discpulos. uso da expresso nos evangelhos sinticos (Mateus, Marcos, Lucas) aplica-se a trs situaes na vida de Jesus: ministrio terreno, humilhao e morte, vinda gloriosa no futuro para inaugurar o reino de Deus.

b. c. d. O

Filho do Homema. b.

c.

os judeus aparentemente desconheciam o significado deste nome aplicado a um ser humano (Joo 9:35-36, 12:23, 34); provavelmente no havia conotao messinica neste nome, mas sim uma aluso prpria divindade (Dan. 7:13-14).

d.

significado: proclamao do carter messinico de Jesus e uma plena identificao com a humanidade culpada.

O

Filho de Deusa.

nos evangelhos sinticos Jesus refere-se poucas vezes a Deus como Pai (aprox. 35 vezes) contra 106 em Joo; o propsito claro de Joo tornar explcito o que os outros evangelistas deixam implcito; esta afirmao aparece em Joo desde o incio (Joo 1:14, 32-34, 49), ao passo que nos sinticos os discpulos apreendem este conceito somente a partir da metade do ministrio de Jesus (Mat. 16:13-16).

b.

Joo tambm destaca Jesus como o nico Filho de Deus (Joo1:18, 3:16,18); o significado desta nfase distinguir a natureza de relacionamento que Jesus tinha com o Pai da natureza dos relacionamentos com outros filhos de Deus (Joo 20:17).

c.

Caractersticas desse relacionamento especial:

amor (Joo 5:20, 10:17, 17:24) obras (Joo 5:17, 19, 10:32, 14:10) palavras (Joo 8:26, 28, 40, 14:24) conhecimento mtuo (Joo 6:46, 10:15, 17:25) domnio e honra (Joo 3:35, 5:23)d.

A misso do Filho:

tornar os homens participantes da vida divina (Joo 5:21, 26, 3:36, 6:40, 10:10) dar a sua vida pelos pecados do mundo (Joo 10:11, 17-18, 1:29, Marcos 10:45) exercer juzo (Joo 5:22) 4.5. Heresias que procuram negar a divindade de Cristo.Ebionismo

(sc. II a V). Jesus era um homem comum que possuia dons incomuns, mas no era

divino. Rejeio do nascimento virginal. O Cristo encarnou-se em Jesus somente por ocasio do batismo e afastou-se dele no final de sua vida. Esta doutrina pretendia resolver a questo da divindade de Jesus e a concepo monotesta de Deus.Arianismo

(sc. III e IV). Jesus era um ser criado, apesar de ser o mais elevado dos seres,

portanto no era divino e no tinha existncia prpria. Somente Deus o Pai eterno e a origem de todas as coisas. Baseavam-se em textos bblicos que sugeriam inferioridade ou imperfeio de

Jesus em relao ao Pai (Joo 14:28, Marcos 13:32). rio (256-336), bispo de Alexandria, foi o autor desta heresia que causou muita polmica nos primeiros sculos da era crist. O arianismo foi condenado no conclio de Nicia (325) e rio foi exilado, mas sua doutrina no morreu, continuando a gerar polmica e causando diviso entre as igrejas crists. Finalmente foi banida pelo imperador Teodsio I (379). Uma variedade do arianismo subsiste at hoje atravs dos Testemunhas de Jeov.Cristologia

funcional. Doutrina moderna (sc. XX) que d nfase ao que Jesus fez e no no que

Ele , alegando ser este o destaque do NT. Esta doutrina, entretanto, despreza uma poro significativa de conceitos ontolgicos (essncia, natureza) sobre Jesus que so apresentados de modo explcito no NT. 4.6. Implicaes da divindade de Cristo.Podemos A

ter conhecimento real de Deus (Joo 14:9, Hebreus 1:1-2).

redeno est disposio de todos os homens, pois a morte de Cristo suficiente para todos. e a humanidade, uma vez separados pelo pecado, foram religados por iniciativa do prprio merece nosso louvor e adorao (Fil. 2:9-11).

Deus

Deus.Cristo

5. A pessoa de Cristo: sua unidade 5.1. A importncia da questoSe Jesus

era plenamente divino e plenamente humano, como definido pelos Conclios de Nicia

(325) e Constantinopla (381), como explicar a coexistncia de duas naturezas com atributos contraditrios em sua pessoa?Essa difcil A

questo tambm agitou a teologia cristolgica no incio da Idade Mdia.

transposio entre o abismo moral e espiritual entre Deus e os homens depende da unidade existam indicaes da pluralidade de Deus no VT (Gn. 1:27, 3:22, 11:7), Jesus sempre

entre a divindade e a humanidade de Cristo.Embora

se referiu a si mesmo no singular, ou referia-se unidade entre Ele e o Pai (Joo 17:21-22). 5.2. Desvios histricos de interpretaoNestorianismo:

Nestrio, patriarca de Constantinopla (428) havia duas pessoas distintas em

Cristo (heresia condenada no Conclio de feso em 431).

Eutiquianismo:

Eutquio, abade de Constantinopla (ca. 450) as duas naturezas se fundiram em

uma s, nem divina, nem humana (heresia condenada pelo Conclio de Calcednia em 451).Adocionismo:

Deus adotou Jesus como seu filho em algum momento de sua vida terrena, talvez

no batismo ou na ressurreio (trata-se mais de um homem tornando-se Deus do que Deus tornando-se homem).A

doutrina do kenosis (do grego kenoo = esvaziar): baseia-se em Fil. 2:6-8 e postula que Jesusa.

se esvaziou da forma de Deus: retendo os atributos ticos de sua divindade (amor, misericrdia, etc), mas abrindo mo dos atributos infinitos (onipotncia, onipresena, etc) e assumindo qualidades humanas.b. c.

abrindo mo completamente da sua natureza e auto-conscincia divinas. os atributos divinos foram essencialmente reduzidos para se acomodarem a um modo humano de existncia e expresso (alterao de gnero). relativizando seus atributos infinitos enquanto estava sobre a terra (alterao de grau).

d.

5.3. O significado do auto-esvaziamento de CristoA

encarnao foi mais uma aquisio de atributos humanos que uma desistncia dos atributos palavra usurpao (Fil. 2:6, arpagmos) pode ser traduzida de duas maneiras:a. b.

divinos.A

algo que se possui e que deve ser mantido a todo custo. algo que se no possui e que deve ser conseguido a todo custo. Cristo existia na forma e glria de Deus e possua status de igualdade com Deus, mas no considerou esta igualdade como algo a ser retido, esvaziando-se e tomando a forma de servo (mesma essncia, mesmo status funcional).

Em

vista dessas possibilidades, trs interpretaes so possveis para Fil. 2:6-8:a.

b.

Cristo existia na forma e glria de Deus, mas no possua igualdade de status com Deus, porm no considerou igualdade com Deus como algo a ser obtido a todo custo (mesma essncia, porm diferente status funcional). A nfase do texto no est sobre do que Jesus se esvaziou, mas como se esvaziou: assumindo a forma de servo. Cristo no possua status de igualdade com Deus, mas, ao contrrio de Ado, no perseguiu a possibilidade de ser igual a Deus (Gn. 3:5).

c.

O esvaziamento no se refere forma (morphe) divina, que a prpria natureza e essncia de Deus, mas igualdade com Deus, quando Cristo tornou-se

funcionalmente subordinado ao Pai durante sua vida terrena. A estrutura gramatical de Fil. 2:6-7 relaciona a expresso forma de servo com a expresso igual a Deus e no com a expresso forma de Deus. 5.4. Princpios bsicos da doutrina da unio hipostticaA

presena das naturezas divina e humana em Jesus tratada pela teologia como unio

hiposttica e explicitamente revelada em Joo 1:14; Rom. 1:2-5; Fil. 2:6-11; I Tim. 3:16; Hebreus 2:14 e I Joo 1:1-3.Aps

a ressurreio, a unio hiposttica permanece para sempre (Mat. 26:64; Joo 3:13; Atos

7:56).A

unio das duas naturezas significa que elas no atuaram independentemente. Jesus no exerceu atributos divinos de Jesus estavam funcionalmente limitados pela sua humanidade, mas no

sua divindade em certas ocasies e sua humanidade em outras.Os

reduzidos na sua essncia. Ele ainda tinha poder para ser onisciente, onipresente, etc. Uma limitao circunstancial no exerccio de seu poder e de suas capacidades (no-uso voluntrio).A

concepo da humanidade atribuda a Jesus feita erroneamente com base na humanidade iniciativa da encarnao veio de Deus e no do homem. Nosso problema em compreender a

corrompida pelo pecado, mas a humanidade de Jesus existia na sua forma mais plena e imaculada.A

encarnao deve-se ao fato de que na realidade estamos nos perguntando como um ser humano pode se tornar Deus, quando na verdade no impossvel para Deus se tornar homem.A

declarao de f do Conclio de Calcednia (451) sobre a unidade da pessoa de Cristo:

Um s e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unignito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundveis e imutveis, indivisveis e inseparveis; a distino de naturezas de modo algum anulada pela unio, mas, pelo contrrio, as propriedades de cada pessoa e natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma s Pessoa e Subsistncia; no dividido ou separado em duas pessoas, mas um s e mesmo Filho, Unignito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito [testemunharam], e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos pais nos transmitiu.

5.5 As seis heresias bsicas acerca da pessoa de Cristo.ebionismo arianismo docetismo

(Jesus no era Deus). (Jesus no era plenamente Deus). (Jesus no era humano). (Jesus no era planamente humano). (Jesus era duas pessoas distintas). (Jesus possua uma natureza mista). CONCEPO ORTODOXA

apolinarismo

nestorianismo eutiquianismo

HERESIAS ebionismo verdadeiro Deus

arianismo

verdadeiro homem docetismo

apolinarismo

duas naturezas eutiquianismo uma pessoa

nestorianismo

6. A obra de Cristo: seu sofrimento e morte 6.1. ImportnciaA

morte de Cristo como a soluo para o problema do pecado humano e como meio de trazer os vital com a encarnao: Jesus nasceu para morrer; a encarnao visava a expiao dados morte de Cristo no NT: mais de 175 citaes no NT. investigada pelos profetas do VT (I Ped. 1:10-11). anunciada e confirmada pelo prprio Cristo (Mateus 16:21; Lucas 9: 28-31, 24:4446); possvel que a incapacidade dos discpulos de entenderem a morte de Cristo seja resultado de uma expectativa da realizao do reino messinico terreno.d.

homens comunho com Deus uma das idias centrais do NT (I Cor. 15: 1-3).Conexo

(Heb. 2:14)Destaques a. b. c.

nos escritos de Paulo h mais de 30 referncias morte de Cristo (Rom. 5:6-8; II Cor. 5:14-15; Gl. 2:19-20; Efsios 5:25; Fil. 2:8; Col. 1:21-22; I Tes. 5:9-10; I Tim. 2:5-6); apenas em II Tess. e Filemon Paulo no faz referncias diretas morte de Cristo.

e. f. g.

nos escritos de Pedro (I Pedro 1:18-19, 3:18). nos escritos de Joo (I Joo 1:7; 3:16; Apoc. 5:9). na epstola aos Hebreus (Heb. 9:13-14, 13:12); a carta aos Hebreus baseia-se na morte de Cristo para desenvolver o seu tema principal: o valor do sacerdcio de Cristo e a perseverana dos crentes.

6.2. Tipos e predies da morte de Cristo no VTPor

meio de tipos e profecias diversas, a morte de Jesus tratada em todo o VT. de tipos especficos sobre a morte e sacrifcio de Jesus: o sacerdcio de Aro (xodo 29:10-11; Heb. 10:11-12). o sangue do sacrifcio (Levtico 17:11; Heb. 9:13-14); uma exigncia da santidade de Deus para a remisso dos pecados, que salienta a distncia moral existente entre o Deus santo e o homem pecador.c. d. a. b.

Exemplos

o cordeiro pascal (xodo 12:3-11; Isaas 53:7; Joo 1:29; I Cor. 5:7). a serpente no deserto (Nm. 21:4-9; Joo 3:14-15).

Exemplos a. b. c.

de profecias sobre a morte de Jesus: aluses crucificao (Salmo 22:1, 6-8, 16-18; Zac. 12:10). o servo sofredor (Isaas 52:13-53:12). o atentado de Satans (Gnesis 3:15).

6.3. A natureza da morte de CristoNo

foi acidental (Mat. 26:2; Marcos 9:31). no morreu como mrtir em defesa de uma causa nobre. Paulo, Tiago, Estevo e muitos (Atos 2:22-23; I Pedro 1:18-20; Apoc. 13:8). A expiao teve origem na

Cristo

outros foram mrtires do cristianismo.Foi pr-determinada

eternidade; era um fato implcito no corao de Deus antes de tornar-se um fato na histria do homem.Foi voluntria

(Joo 10: 17-18). Os judeus e os romanos foram apenas os instrumentos usados

por Deus na execuo da sua vontade, mas no os determinantes da morte de Cristo. 6.4. Alcance e abrangncia da morte de CristoA

morte de Cristo tem duplo aspecto: universal e restrita. universal em sua abrangncia e suficincia, mas restrita em sua eficincia. suficiente para todos (Heb. 2:9; I Tim. 2:3-6; I Joo 2:2). eficiente somente para a salvao de todos os que crem (Joo 1:12, 3:16). eficiente para o juzo de todos os que permanecerem na incredulidade (Joo 3:17-18, 5:24).

6.5. Resultados da morte de CristoEm

relao aos que crem:a. b. c.

anulao potencial do poder do pecado (Hebreus 9:26; Rom. 6:6-7). libertao do domnio espiritual das trevas (Col. 1:13). libertao da maldio da lei (Gl. 3:10-13; Col. 2:14); todo obstculo legal para a salvao do homem removido; toda a acusao que a lei proferir contra o pecador fica totalmente satisfeita, libertando da maldio todos quantos confiam na lei e nas sua obras para sua justificao.

d. e.

remoo da condenao (Rom. 8:33-34; Joo 5:24). remoo das diversas barreiras existentes entre os homens (Gl. 3:28; Efsios 2:1116). oportunidade de filiao a Deus (Gl. 4:4-5; Joo 1:12).

f.

g. h. i. Em

oportunidade de reconciliao com Deus (Rom. 5:10-11). perdo dos pecados (Efsios 1:7; I Joo 1:7). base da justificao (Rom. 5:1,9). foi retirado o seu poder sobre o mundo (Joo 12:31-33; I Joo 3:8). foi retirado o seu poder sobre a morte (Hebreus 2:14). principados e potestades so derrotados (Efsios 6:12; Col. 2:14-15). libertao do cativeiro da corrupo, seja ele qual for (Rom. 8: 20-23). h um efeito csmico, de difcil entendimento, na obra redentora de Cristo.

relao ao domnio exercido por Satans:a. b. c.

Em

relao ao universo fsico:a. b.

7. O obra de Cristo: significados teolgicos da morte de Cristo 7.1. O contexto e a necessidade da expiaoA

expiao o ponto crucial da f crist, no qual se baseiam outras doutrinas importantes, tais natureza de Deus perfeita e completamente santa. Sendo contrrio natureza de Deus, o

como a salvao, o pecado, igreja, a escatologia.A

pecado repulsivo a Ele (Mat. 5:48; I Pedro 1:15-16; Isaas 1:13). Deus compelido a se afastar do pecado. alrgico a ele.A

lei a expresso da prpria pessoa e vontade de Deus (Rom. 7:12). Sua prpria natureza

resulta na exigncia de certas coisas e proibio de outras. Desobedecer a lei atacar a prpria natureza de Deus.A

violao da lei, quer por transgresso ou por omisso, passvel de punio (Gn. 2:15-17;

Rom. 5:12, 6:23). Existe uma relao de causa e efeito entre o pecado e a punio. A punio uma inevitabilidade e no uma possibilidade.A

condio humana incapaz de fazer qualquer coisa para salvar a si mesma ou para livrar-se da morte de Jesus tem valor suficiente para fazer expiao por toda a humanidade (I Joo 2:2). expiao a expresso simultnea do amor e da ira de Deus (Rom. 5:8, 1:18; Num. 14:18).

pecaminosidade (Rom. 7:18-23).A A

Amor e ira so parte da natureza divina, no havendo contradio ou incoerncia nestes atributos. Deus em seu amor deseja a salvao do homem, mas tambm precisa manter-se fiel sua prpria natureza, sem negar a sua justia. A ira a reao de um Deus santo ao pecado. A expiao necessria porque o homem sem Cristo est debaixo da ira e do juzo de Deus.

7.2. Os conceitos bsicos da expiaoPropiciao:

ato realizado para aplacar a ira de Deus, de modo a ser satisfeita a sua santidade e a

sua justia, tendo como resultado o perdo do pecado e a restaurao do pecador comunho com Deus (x. 32:30; Rom. 3:25; Heb 2:17; I Joo 4:10). Tem relao com o propiciatrio do VT, onde o sumo sacerdote entrava uma vez por ano para fazer expiao pelos pecados do povo (x.25:17-22; Lev. 16:2). O propiciatrio ficava oculto por uma cortina, mas Cristo foi proposto ou exibido por Deus. Existe divergncia entre os telogos quanto ao conceito da propiciao: uns rejeitam a idia de aplacar a ira de Deus e traduzem a palavra como expiao; outros acham que esta a interpretao correta. O grego hilasterion pode ser traduzido como propiciao ou expiao.Sacrifcio

vicrio: Cristo morreu por ns, em nosso favor, como nosso representante (Rom. 5:8; morreu em nosso lugar sofrendo Ele prprio a condenao e a penalidade do

Ef. 5:2), como um advogado representando seu cliente.Substituio: Cristo

pecado; nossos pecados foram transferidos para Ele (Isaas 53:5-6; II Cor. 5:14 e 21). Um advogado no toma o lugar do cliente, mas Cristo tomou o nosso lugar e cumpriu a pena por ns. Cristo foi ao mesmo tempo o sacerdote e a oferta pelo pecado.Redeno:

atravs de sua morte Cristo nos libertou da escravido do pecado e nos adquiriu para

Deus (Marcos 10:45; Rom. 3:24; Ef. 1:7; I Cor. 6:19-20). As quatro palavras gregas usadas para redeno no NT tem conotao comercial e enfatizam trs idias bsicas: a) do que fomos libertos (pecado e morte); b) o preo pago (o sangue de Cristo); c) uma mudana de propriedade (escravos de Deus).Justificao:

envolve duas interpretaes com nfases diferentes mas complementares (Rom.

5:1, 9, 18-19):a.

Deus, pela sua graa, perdoa o homem de sua culpa, tendo como base o fato de que Jesus cumpriu a Lei em seu lugar e sofreu o castigo pelos seus pecados (contexto judicial ou forense).

b.

Deus no nos fez justos (qualidade tica), mas nos declarou justos (status de relacionamento). A idia no VT a de conformidade a um padro, no necessariamente em virtude de qualidades ticas ou morais, mas pela fidelidade mantida em um relacionamento (Gn. 38:26). O homem que cr em Cristo, apesar de pecador, declarado justo por Deus porque em Cristo ele colocado em um novo relacionamento com Deus.

Reconciliao: a hostilidade

contra Deus removida por Sua prpria iniciativa; Deus o sujeito

e o homem e o mundo so os objetos da reconciliao (Rom. 5:10-11; II Cor. 5:18-19). A reconciliao no uma mudana da atitude humana em direo a Deus, mas uma atitude de Deus

em relao ao homem e seu pecado. Reconciliao e justificao so estreitamente relacionadas. Justificao a declarao de absolvio da culpa do pecado. Reconciliao a restaurao da comunho que resulta da justificao. A paz resultante (Rom. 5:1) no um estado mental, mas uma condio de relacionamento. 7.3. Teorias diversas sobre a expiaoO

significado e o impacto da expiao so ricos e complexos, dando origem a vrias teorias a seu teoria sociniana ou da expiao como exemplo. Rejeita qualquer idia de satisfao vicria. A

respeito.A

morte de Cristo e os demais aspectos de sua vida tem valor apenas inspirativo para os homens (I Pedro 2:21). A expiao um conceito metafrico. Para a restaurao do relacionamento com Deus basta adotar os ensinamentos de Jesus e seguir o seu exemplo. Defendida por Fausto Socino (sc. XVI).A

teoria da influncia moral ou da expiao como demonstrao do amor de Deus., Ensina que a

natureza de Deus essencialmente amor, minimizando outros atributos divinos como justia, santidade, retido. A iniciativa da reconciliao posta no homem, pois Deus no tem dificuldade para perdoar. O pecado visto como uma doena da qual precisamos ser curados. Cristo veio para corrigir este problema e sua morte demonstra a grandeza do amor de Deus. A conscincia desse amor deveria nos estimular a voltar para Deus. Popularizada no incio do sc. XIX nos EUA e Gr-Bretanha.A

teoria governamental ou da expiao como demonstrao da justia divina. Como governante

do universo Deus tem o direito de punir o pecado, mas pelo seu amor ilimitado no obrigado a faz-lo. Para manter a ordem moral do universo, Deus enviou Jesus no para sofrer a pena estipulada para a humanidade, mas como um substituto da pena. A morte de Cristo deveria ser uma demonstrao de justia suficiente para nos impedir de pecar. Quando o homem reconhece o que o pecado fez contra Cristo, Deus pode outorgar-lhe o perdo num ato de compaixo. Esta teoria nega a morte vicria e substitutiva de Jesus e seu principal proponente foi o advogado Hugo Grotius (1583-1645).Teoria

do resgate ou da expiao como vitria sobre as foras do pecado e do mal. Na luta

csmica entre o bem o mal, Satans estabeleceu controle sobre a humanidade. Cristo deu sua vida em resgate ao diabo para que este libertasse a humanidade. Satans foi derrotado pois perdeu o controle sobre as almas dos homens e no conseguiu reter a Cristo, que ressuscitou dos mortos. Teoria defendida por Orgenes, Anselmo, Agostinho, foi muito popular na Idade Mdia. Embora Cristo em sua morte tenha triunfado sobre as foras do mal (Col. 1:13, 2:14-15), a idia de um

resgate pago ao diabo no bblica. A derrota do inimigo s foi possvel pela sua morte vicria na cruz (Gl. 3:13).A

teoria da satisfao ou da expiao como compensao a Deus. Em Cristo foram satisfeitas

todas as justas exigncias de Deus com relao ao pecado. Qualquer atitude humana seria insuficiente para satisfazer a Deus, portanto s Deus poderia fazer esta satisfao, o que resultou na encarnao de Cristo para o cumprimento da pena. Esta teoria possui duas variantes de interpretao:a.

satisfao absoluta em Cristo todos os pecados da humanidade (passados, presentes e futuros) foram removidos; todos os homens eventualmente crero em Cristo, antes ou depois da morte (apoia-se em textos como I Pedro 3:18-20; 4:6).

b.

satisfao moderada tudo depende da f, que deve ser exercida durante a existncia fsica.

8. A obra de Cristo: sua ressurreio e ascenso 8.1. A importncia da ressurreio e sua relao com o Antigo e Novo TestamentoA A

ressurreio de Cristo um dos cernes doutrinrios do Evangelho (I Cor. 15:3-4, 16-19). ressurreio era uma esperana dos judeus (J 19:25-27; Joo 11:23-24; Atos 24:14-15). gerais sobre a ressurreio do corpo no AT (Salmo 49:15; Isaas 26:19; Daniel 12:2;

Profecias

Osias 13:14).Poucas

referncias especficas sobre sua ressurreio de Cristo no Antigo Testamento (Salmos

16:8-11 e 110:1; Atos 2:24-32; 13:35-37).A

ressurreio ao terceiro dia (Lucas 24:44-46 Osias 6:2; Mateus 12:40 Jonas 1:17). do prprio Cristo (Mateus 16:21, 17:23, 20:17-19; Marcos 9:30-32, 14:28; Lucas 9:22,

Predies

18:31-34; Joo 2:19-22). 8.2. Evidncias neo-testamentrias da ressurreio de CristoO

tmulo vazio:a.

a reao dos discpulos (Mateus 28:1-6; Marcos 16:1-8; Lucas 24:1-8; Joo 20:110). a reao dos judeus (Mateus 28:11-15). as Marias (Mateus 28:1, 8-9; Marcos 16:9; Joo 20:15-18). Pedro (Lucas 24:34).

b. As

aparies de Jesus (Atos 1:1-3):a. b.

c. d. e. f. g. A

os dois discpulos no caminho de Emas (Lucas 24:13-15). demais discpulos no cenculo (Marcos 16:14; Joo 20:19). os discpulos no Mar da Galilia (Joo 21:1-14). a toda igreja numa nica oportunidade (I Cor. 15:6). Tiago, Paulo e outros apstolos (I Cor. 15:7-8).

transformao na vida dos discpulos (comparar Mat. 26:69-75 com Atos 2:14, 22-24, 5:27testemunho do prprio Cristo (Apoc. 1:17-18).

32).O

8.3. Os resultados da ressurreio de CristoCumprimento Confirmao Prova da Vida

da promessa aos pais (Atos 13:30-34).

do senhorio de Cristo (Lucas 24:3; Atos 2:36; Rom. 1:4).

nossa justificao (Rom. 4:24-25). da medida do poder de Deus (Efsios 1:18-20).

regenerada e de esperana (I Pedro 1:3). de todas as coisas a Jesus (Efsios 1:20-23). de que haver um julgamento futuro (Atos 17:31; Joo 5:26-29). da nossa prpria ressurreio (II Cor. 4:14; I Tes. 4:13-16; I Cor. 15:19).

Ilustrao Sujeio Garantia Garantia

8.4. A natureza do corpo ressurretoConcepes a.

sobre a vida aps a morte: gregos: imortalidade da alma sem ressurreio do corpo; dualismo entre alma e corpo (Atos 17:32). judeus: ressurreio do mesmo corpo; unidade entre corpo e esprito (Lucas 24:37). igreja: ressurreio com um novo corpo espiritual transformado, glorioso e incorruptvel, igual ao corpo de Jesus (I Cor. 15:35-58; II Cor. 5:1-4; Fil. 3:20-21).

b. c.

O

corpo fsico de Jesus aps a ressurreio tinha caractersticas tanto materiais quanto espirituais estado intermedirios dos mortos:a.

(Lucas 24:36-43; Joo 20:19-20; 26-27).O

no VT: Sheol, traduzido como sepultura, inferno, abismo, lugar tenebroso e inferior (Salmo 49:15; Prov. 15:24; Ez. 26:20). no NT: Hades traduzido como inferno ou priso, um lugar com duas divises: uma para os justos (seio de Abrao ou paraso), e outra para os injustos (lugar de tormentos) Lucas 16:22-23.

b.

Cristo

teria descido ao hades para proclamar o evangelho aos perdidos (I Pedro 3:18-20).

8.5. A ascenso e exaltao de CristoA

ressurreio e a ascenso de Cristo foram eventos separados no tempo, mas parte de um nico da ascenso: preparao do lugar da nossa futura habitao (Joo 14:2-3). a descida do Esprito Santo (Joo 16:7). a distribuio de dons espirituais aos crentes (Salmo 68:18; Efsios 4:7-8).

processo: sua exaltao em glria (Efsios 1:20-23).Resultados a. b. c.

9. A obra de Cristo: seu ministrio atualEmbora

os aspectos passados da obra de Cristo sejam os mais conhecidos e ensinados, devemos

ter em mente que Jesus est vivo e atuante hoje.Aps

a sua ascenso Cristo est nos cus direita de Deus (Marcos 16:19; Atos 7:55-56; Rom.

8:34; Col. 3:1; Heb. 1:3, 12:2).O

exerccio da autoridade universal: Cristo recebeu autoridade plena da parte de Deus, que usou

no s para criar o universo, mas tambm para mant-lo sob sujeio (Mat. 28:18; Col. 1:16-17; Efsios 1:20-21).Cristo

o cabea da Igreja, que o seu corpo, a qual rene os crentes de todas as pocas e de

todos os lugares (Efsios 1:22-23; Col. 1:18). A Igreja d continuidade ao ministrio de Cristo na terra (Mat. 28:18-20; II Cor. 5:20; Joo 14:12).Cristo Cristo

intercede junto a Deus por aqueles que so seus (Joo 17:9, 20; Rom. 8:34; Heb. 7:25). nosso Advogado (parakletos) junto a Deus, cuja expiao teve eficcia eterna (I Joo

2:1; Joo 14:16,26; Apoc. 12:10; J 1:6-12).

10. A segunda vinda de Cristo e a implantao de seu reinado eternoEmbora

haja diferenas entre os telogos mais ortodoxos quanto natureza e seqncia dos

eventos futuros, ponto de aceitao geral que Cristo um dia retornar terra (Atos 1:10-11) e que este dia marcar a interveno final de Deus na histria humana (Mateus 24:3; II Pedro 3:113).No

VT, a segunda vinda de Cristo muitas vezes anunciada implicitamente no contexto da

restaurao final da nao de Israel, atravs do uso das expresses dia do Senhor, naquele dia

ou nos ltimos dias (Ams 5:18; Joel 1:15, 3:18; Sofonias 3:11; Zacarias 14:9; Isaas 2:2-4, Osias 3:5; Malaquias 3:1-2).No

NT, a encarnao ou primeira vinda de Cristo vista como o cumprimento da esperana do

AT e a sua segunda vinda como a consumao dessa esperana. O cumprimento e a consumao so duas partes de uma nica obra redentora, com implicaes passadas, presentes e futuras.As

referncias neo-testamentrias segunda vinda de Cristo usam expresses correlatas s do

VT: dia do Senhor, dia do Senhor Jesus, dia de Cristo, aquele dia, ltimo dia, etc (Mateus 24:36; Joo 12:48; I Cor. 1:7-8; Fil. 1-6, 2:16; I Tes. 5:2; II Tes. 1:10; II Tim. 1:18; II Pedro 3:10).Circunstncias a. b. c. d.

da segunda vinda de Cristo:

ser precedida de sinais (Mat. 24:3-14, 32-33). ser visvel e inconfundvel (Mat. 24:30; Apoc. 1:7). ser repentina e inesperada (Mat. 24:27, 36-44, 25:13; Luc. 21:34; I Tes. 5:1-3). ocorrer mesmo contra a expectativa dos incrdulos (Tiago 5:8; II Ped. 3:4-10; Apoc. 22:20). da segunda vinda de Cristo: manifestar sua glria e poder (II Tes. 1:7; Tito 2:13; I Pedro 4:13). destruir o anticristo e a maldade (II Tes. 2:7-8). ressuscitar os mortos (I Cor. 15:20-23; I Tes. 4:16-17). transformar os crentes ainda vivos (I Cor. 15:51-52; Fil. 3:20-21; I Joo 3:2). reunir os redimidos (Mateus 24:30-31; II Tes. 2:1). estabelecer o seu reino na terra (Apoc. 20:1-7, Isaas 11:1-10). separar os justos dos injustos (Mateus 26:31-46). distribuir o galardo aos santos, de acordo com pensamentos e obras (II Cor. 5:10; I Cor. 3:12-15; I Cor. 4:5). julgar os incrdulos (Apoc. 20:11-15). destruir a atual ordem das coisas e estabelecer novos cus e nova terra (II Pedro 3:7, 10-13; Apoc. 21-22). presentes da segunda vinda de Cristo: exortao vigilncia (Mat. 24:42-44; I Tes. 5:4-6). exortao santidade (II Pedro 3:11-12; I Joo 3:2-3) guardar-se do engano (II Tes. 2:1-3). o atraso na sua vinda apenas aparente, revelando pacincia e bondade (II Pedro 3: 9).

Finalidades a. b. c. d. e. f. g. h.

i. j.

Significados a. b. c. d.

11. Bibliografia consultada Bancroft, E. H. 1983. Teologia elementar doutrinria e conservadora. So Paulo, Imprensa Batista Regular, 378 p. Chafer, L. S. 1974. Teologia Sistematica. Tomo III. Dalton, Publicaciones Espaolas, 1145 p. Erickson, M. J. 1997. Introduo Teologia Sistemtica. So Paulo, Vida Nova, 540 p. Ladd, G. E. 1974. A theology of the New Testament. Grand Rapids, William B. Eerdmans Publ., 661 p. Pinto, C. O. (sem data). Teologia Sistemtica III. Apostila do Seminrio Bblico Palavra da Vida. Atibaia, 85 p. Richardson, A. 1996. Introduo teologia do Novo Testamento. So Paulo, ASTE, 389 p.