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CRUZEIROSEIXAS Fauna Flora e Arte SÃOMAMEDE PORTO · GALERIA DE ARTE

Cruzeiro Seixas - Fauna Flora e Arte

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CRUZEIROSEIXASFauna Flora e Arte

SÃOMAMEDEPORTO · GALERIA DE ARTE

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16. “O momento petrificado”, 2002, Técnica mista sb papel, 30 x 21 cm

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CRUZEIROSEIXAS

FAUNA FLORA E ARTE

OUTUBRO/NOVEMBRO DE 2005

SÃOMAMEDEPORTO · GALERIA DE ARTE

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FAUNA FLORA E ARTE

“A fauna e a flora do surrealismo são inconfessáveis”, disse Breton. Esta citaçãoexprime bem o envolvimento imaginoso da criação plástica (e também poética)de Artur Cruzeiro Seixas. Em suas pinturas, desenhos, colagens, etc., prevaleceum universo de formas que se diria “inconfessável”. Com efeito nele há umtestemunho que fica interdito, que é impossível porque se torna ambiguamenteinterior, secreto.Que segredo é esse? Para tudo se dizer numa palavra, poderíamos admitir queele se encontra relacionado com a nudez. Ela, a nudez, é o que estásecretamente descoberto. Afinal um visível e, ao mesmo tempo, invisível lugarde encontro. Assim entendida, ela não diz respeito apenas ao corpo humano;também se refere às coisas. Por outras palvras, corresponde a uma encenação,precisamente a do despojamento.Há uma tradição na representação da nudez que vem, sobretudo, da estatutáriagrega, clássica. Esta tradição está presente em Cruzeiro Seixas. Mas ela ésubvertida. Os corpos ficam contorcionados, imbricados uns nos outros,tornam-se compósitos, estão decepados, sofrem alongamentos, distensões. Osplintos – os lugares onde assentam as composições escultóricas clássicas – sãoatravessados por esses corpos, tornam-se transparentes, fragmentam-se.As coisas, os seres vivos estão sujeitos a transformações. O universo plásticode Cruzeiro Seixas é, magnificamente, o da metamorfose. Os peixes são a facede alguém ou os seus braços, os cabelos são chamas, as pernas e os péspertencem a outros seres ou, até, a objectos, a lua atravessa a fronte, asarvores têm ”todos os seus sexos”, nas coisas há um ou mais rostos, corposdos cavalos fica repartido, enxerta-se noutras figuras. É a “infinita galeria deespelhos”...Há um espaço de ilusão e, também, de plena verdade. Duas afirmações, quesão de Cruzeiro Seixas, exprimem precisamente isto: “poucas coisas possíveisacontecem. O que é mais quotidiano é o impossivel”; “prefiro o acaso, mas oacaso que prefiro é um acaso mágico”.Mas há outra espécie de citações. Se considerarmos algumas das suascolagens, poderiamos encontrar fragmentos de Chirico, Luca Signorelli, MiguelAngelo etc. E, ao falar de alquimia, Cruzeiro Seixas refere a propósito a obra deGustave Moreau ou de Boecklin. É obvio que as raízes de Cruzeiro Seixas sãooutras, mas indirectamente entrevê-se e “maraviglia” e a “terribilità” (Signorelli,Miguel Ângelo), a pintura metafísica (Chirico), o simbolismo ou, melhor, umcerto simbolismo a que os surrealistas, como André Breton, foram sensíveis(Moreau, Boecklin).Surpreender nesta imaginária tradição impossível uma originalidade possível, eiso que Cruzeiro Seixas sempre conseguiu. Mesmo em relação aos própriosartistas plásticos que estiveram ligados ao nosso Surrealismo, ele soube ganharuma individualidade que lhe é própria, porque, como disse, “o Surrealismo éuma estrada que me segue”. Assim, vai de certo modo sozinho para que sejamelhor acompanhado pela sua obra.

Fernando GuimarãesPorto, Agosto de 2005

9. "Duas pessoas perfazem um quadrúpede",2000, Tinta-da-china sb papel, 12 x 12 cm

18. S/ Título, 2002, Técnica mista sb papel, 31 x 34 cm

13. “Cá estamos nós outra vez”, 1959,Técnica mista sb papel, 27 x 8 cm

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22. S/ Título, 2003, Técnica mista sb papel, 29 x 42 cm

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23. "Coisas enormes por dentro", 2002, Técnica mista sb papel, 29 x 42 cm

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3. "A Mulher e a escultura", 1952, Tinta-da-china sb papel, 20 x 16 cm 4. S/ Título, 1957, Desenho sb papel, 27 x 21 cm

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6. S/ Título, 1965, Tinta-da-china sb papel, 15 x 10 cm 17. S/ Título, 1954, Desenho sb papel, 40 x 28 cm

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24. "Em busca de Cherezade", 2003, Técnica mista sb papel, 33 x 51 cm

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25. "Alguns exemplos úteis", 2003, Técnica mista sb papel, 33 x 51 cm

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5. "Estudo de um desenho perdido", 1955, Tinta-da-chinasb papel, 22 x 16 cm

1. S/ Título, 1946, Técnica mista sb papel, 12 x 21 cm

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11. Estudo p/retrato de Cesariny feito a seupedido para ilustrar um livro que não chegoua ser publicado!", 1950, Técnica mista sbpapel, 14 x 11 cm

2. Estudo, 1947, Tinta-da-china sb papel, 21 x 17 cm

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15. S/ Título, 2002, Técnica mista sb papel, 22 x 31 cm

33. S/ Título, 1987, Técnica mista sb papel, 21 x 15 cm

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14. "Os devedores do azul", 2001, Técnica mista sb papel, 21 x 29 cm

12. S/ Título, 1951, Técnica mistasb papel, 8 x 7 cm

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21. "Quando o vento parecia maduro", 1998, Técnica mista sb papel, 26 x 27 cm

8. S/ Título, 1963, Tinta-da-china sb papel, 14 x 14 cm

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10. S/ Título, 1958, Tinta-da-chinasb papel, 16 x 9 cm

20. S/ Título, 1982, Técnica mista sb papel, 25 x 30 cm

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19. "Foi exactamente assim que tudo aconteceu no dia 31 de Janeiro de 1938", 2003, Técnica mista sb papel, 33 x 35 cm

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NOTABIOGRÁFICA

Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas nasceu na Amadora em 1920. Começoupor atravessar uma fase expressionista-neo-realista mas desde cedo (1948) tomou parteno movimento Surrealista quer na pintura quer na poesia, tendo constituído o grupo “OsSurrealistas” em 1949. Entre 1952 e 1964 viveu em Angola e foi bolseiro da Gulbenkianem 1968 ano em que inicia a sua actividade como consultor artístico da Galeria SãoMamede, até 1974. Posteriormente, de 1976 a 1983 dirige a Galeria da Junta deTurismo do Estoril, bem como entre 1985 e 1988 a Galeria de Vilamoura, no Algarve.Em 1999 doa a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda, de V.N. de Famalicão, com vista à constituição do Centro de Estudos do Surrealismo e doMuseu do Surrealismo. Actualmente vive em Lisboa.

Principais exposições:1948 toma parte na actividade dos surrealistas de Lisboa (António Maria Lisboa, Mário

Cesariny, Mário Henrique Leiria, Pedro Oom, Fernando José Francisco, RisquesPereira, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa, Carlos Calvet eAntónio Paulo Tomás).

1949 e 1950 exposições de “Os Surrealistas”. 1953 e 1959 expõe em Luanda. 1955 “Retrato Homenagem”, a António Maria Lisboa incluído na edição de a

Verticalidade e a Chave”.1967 Retrospectiva na Galeria Bucholz.

Galeria Divulgação, Porto, expõe com Cesariny.1970 e 1972 Expõe na Galeria São Mamede.1975 Galeria da Emenda, expõe guaches de África.

Galeria Ottolini, cinquenta anos da Revolução Surrealista, exposião de “cada-vres-exquis” e “pinturas colectivas” (Com Samouco, Raúl Perez, LaurensVancrevel, Paula Rego, Mário Botas, entre outros)

1972, 1974 e 1976 Exposições colectivas em Paris, no Brasil, em Bruxelas, emChicago, em Londres, em Madrid, na Alemanha e no México.

1977 Expõe em Amsterdão com Raúl Perez e Philip West.1994 Colabora na organização e participa numa importante exposição do Surrealismo

em Portugal, realizada na Galeria São Mamede, intitulada “Surrealismo ou Não” 1995 Galeria São Mamede, exposição de “Homenagem a Mário Henrique Leiria.2000 Exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu

80º aniversário2001 Galeria Sacramento, em Aveiro, exposição conjunta com Eugenio Granell

Fundación Eugenio Granell, em Santiago de Compostela, grande exposiçãoretrospectiva, sendo paralelamente publicado o livro biográfico “Cruzeiro Seixas”.

2003 Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz, grande exposição retrospec-tiva da obra de Cruzeiro Seixas.Galeria Municipal Artur Bual, Amadora, exposição retrospectiva e de homenagem. Galeria São Mamede, exposição conjunta com Raúl Perez.

Outras participações artísticas:Participa em várias mostras colectivas como em 1979 “Presencia Viva de WolfgangPaalen” no Museu do México (cidade do México); em 1984 “Le Surréalisme Portugais”organizada por Moura Sobral, no Canadá (Montreal); em 1994 “O Rosto da Máscara”no Centro Cultural de Belém (Lisboa), e de tapeçarias de Portalegre com EugenioGranell na galeria desta manufactura em Lisboa; em 1997 “Le Surréalisme et l’Amour”no Pavillon des Artes, em França (Paris); em 1998 “O que há de Português na ArteModerna Portuguesa” no Palácio Foz (Lisboa); em 1999 “Desenhos de Surrealistas emPortugal” no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e “Confrontos” com Carlos Calvete Manuel Moura na livraria Ler Devagar (Lisboa); em 2000 “Le Mouvement Phases de1952 à l’horizon 2000” em França, exposição itinerante, “Neo-realismo VersusSurrealismo”, na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira (Póvoa de Sta. Iria) e “Parentén’est pas hériditaire (Surréalisme et Liberté)” na República Checa, exposição itinerante;

em 2001 “Surrealismo em Portugal 1934-1952” no Museo Extremeño Iberoamericanode Arte Contemporáneo, em Espanha (Badajoz), posteriormente no Museu do Chiado,em Lisboa e na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, ou “Ospassos lado a lado” no Hospital Júlio de Matos, em conjunto com três artistas utentesdeste estabelecimento de saúde mental.Executa ilustrações para diversos livros como “A Afixação Proibida” de António MariaLisboa, “A Cidade Queimada” e “Titânia” de Mário Cesariny, “Antologia Erótica eSatírica” de Natália Correia, “Kunst en Anarchie” de Edgar Wind (Holanda), “Casos deDireito Galáctico” de Mário Henrique Leiria, “História Trágico Marítimo” e “Mulher deLuto” de Gomes Leal ou “Le Livre du Tigre” de Isabel Meyrelles. Colabora nas revistas surrealistas francesa “Phases”, holandesa “Brumes Blondes” ena canadiana “La Turtue-Lièvre” A partir de trabalhos de Cruzeiro Seixas, os escultores Alberto Trindade e Bruno Trin-dade têm vindo a executar diversas esculturas.Redige prefácios diversos, dos quais se cita para as exposições de Cesariny em 1969,de Raúl Perez em 1981, de Philip West em 1988 e de Eugenio Granell em 1996.Realizou cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para a Companhia deBailado de Gulbenkian.

Livros:1973 livro “Cruzeiro Seixas”, por Mário Cesariny, da colecção Escritores e Artistas de Hoje.1986 Edição do livro de poemas de Cruzeiro Seixas “Eu Falo em Chamas”.

Publicação de álbum referindo 230 obras de diversos autores, da colecção deCruzeiro Seixas, adquiridas pela Fundação Cupertino de Miranda.

1989 Publicação do álbum ilustrado “Cruzeiro Seixas”, sobre a sua vida e obra (SOC-TIP) por ocasião da atribuição do prémio soc-tip “Artista do Ano”.

2000 Edição do álbum “O que a Luz Oculta” com poemas e desenhos de Cruzeiro Seixas. Edição “Retrato sem Rosto”, exposição retrospectiva e de homenagem a CruzeiroSeixas, por ocasião do seu 80º aniversário, álbum biográfico “Cruzeiro Seixas”.

2001 Edição de “Viagem sem Regresso” poemas e desenhos, paralelamente é feitauma edição de luxo, em formato de álbum acompanhado de serigrafia; “Galeria de Espejos - Galeria de Espelhos” livro de poemas prefaciados e tradu-zidos para castelhano por Perfecto E. Cuadrado; “Local Onde o Mar Naufragou” de desaforismos e serigrafias“Cruzeiro Seixas”, Livro biografico editado pela Fundación Eugenio Granell, deSantiago de Compostela, por ocasião de uma grande exposição retrospectiva.

2002 É editado o livro de poesia “Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. I”.2003 Edição do segundo volume de poesia: “Artur do Cruzeiro Seixas - Obra Poética vol. II”.

Encontra-se representado em diversas colecções privadas e em instituições como oMuseu do Chiado (Lisboa), Centro de Arte Moderna da Fundação Caloust Gulbenkian,Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda (V. N. deFamalicão), Museu Machado de Castro (Coimbra), Fundação António Prates, (Pontede Sor), Fundación Eugenio Granell (Galiza), ou o Museu de Castelo Branco.

FICHATÉCNICAGráfismo

RCO - Produções, Lda.

FotografiaEduardo Tomé

Tiragem1000 exemplares

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R. D. Manuel II, 2604050-343 Porto

Tef. 226 099 589

R. Escola Politécnica, 1671250-101 LisboaTef. 213 973 255Fax 213 952 385

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