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A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais consumidas no mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e potássio, médio teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e vitaminas B e C.A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade, que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos industrializados.A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na desidratação infantil, depois de bem homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do tubo digestivo, evita, por ação mecânica, que as células do órgão continuem se desidratando.No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de cozida, para eliminar o efeito do tanino nos intestinos.
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A Cultura da Bananeira
1 - Introduo
A banana (Musa spp.) uma fruta de consumo universal, sendo umas das
mais consumidas no mundo, e, comercializada por dzia, por quilo e at mesmo por
unidade. rica em carboidratos e potssio, mdio teor em acares e vitamina A, e
baixo em protenas e vitaminas B e C.
A banana apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade,
que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em
produtos industrializados.
A fruta verde usada in natura com grande sucesso na desidratao infantil,
depois de bem homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes
intestinais e do tubo digestivo, evita, por ao mecnica, que as clulas do rgo
continuem se desidratando.
No meio rural utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de
cozida, para eliminar o efeito do tanino nos intestinos.
A importncia da bananicultura varia de local para local, assim como de pas
para pas. Por vezes, ela plantada para servir de complemento da alimentao da
famlia (fonte de amido), como receita principal ou complementria da propriedade ou
como fonte de divisas para o pas.
Com freqncia, seu cultivo feito em condies ecolgicas adversas, mas,
em vista da proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna
economicamente vivel.
H uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos tm vrios sabores e
utilizaes. O porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser
compostos por algumas bananas ou centenas delas.
Merece realar que seu tronco no um tronco e, sim, um imbricamento de
bainhas de folhas. Seu perodo de vida definido pelo aparecimento do filhote na
superfcie do solo e a sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura
considerada de carter permanente na rea.
As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas
frescas ou industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de
bananas de fritar ou da terra. Na lngua espanhola, apenas as bananas do subgrupo
Cavendish (Nanica, Nanico, Dgua, etc.) so chamadas de bananas; as
demais so conhecidas por pltanos.
2- Origem da banana
O gnero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado por Lineu em
homenagem a Antonio Musa, mdico de Otvio Augusto, o primeiro imperador de
Roma (63 14 A.C.). A palavra banana originria das lnguas serra-leonesa e
liberiana (costa ocidental da frica), a qual foi simplesmente incorporada pelos
portugueses sua lngua.
No se pode indicar com exatido a origem da bananeira, pois ela se perde
na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do
sul da China ou da Indochina. H referncias da sua presena na ndia, na Malsia e
nas Filipinas, onde tem sido cultivada h mais de 4.000 anos. A histria registra a
antigidade da cultura.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando
Cabral aqui chegou, encontrou os indgenas comendo in natura bananas de um
cultivar muito digestivo que se supe tratar-se do Branca e outro, rico em amido,
que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de Pacoba que deve ser o
cultivar Pacova. interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa
banana. Com o decorrer do tempo, verificou-se que o Branca predominava a regio
litornea e o Pacova, a Amaznica.
O cultivar Pacova possua com certa freqncia, sementes muito grandes em
relao s atuais, pois quase igualavam em tamanho s da mucuna preta (Mucuna
aterrima). Os registros de importao das primeiras bananeiras para o continente
americano datam de 1494 a 1530, pocas em que j se conhecia, no continente
asitico, elevado nmero de espcies do gnero Musa, incluindo-se aquelas
ornamentais, sem valor alimentcio. Como tais espcies no foram encontradas pelos
descobridores em nossa terra, pode-se deduzir que deve ter havido uma seleo do
material trazido desses locais de origem da bananeira. Esse aspecto um ponto
pacfico em que os historiadores se baseiam para explicar a etnia asitica do ndio das
Amricas. Atribui-se a esses imigrantes a primeira seleo de bananas no mundo e a
introduo das primeiras sementes produtoras de bananeiras comestveis no
Continente Americano.
3 Classificao das bananeiras
3.1. Classificao botnica
As bananeiras produtoras de frutos comestveis foram classificadas, pela
primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gnero Musa com as espcies: Musa
cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa corniculata.
Essa classificao foi abandonada porque, dado seu empirismo, no seria
possvel incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos
dentro da mesma espcie. Sendo assim, atualmente, segundo a sistemtica botnica
de classificao hierrquica, as bananeiras produtoras de frutos comestveis so
plantas da classe das Monicotiledneas, ordem Scitaminales, famlia Musaceae, da
qual fazem parte as subfamlias Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta
ltima inclui, alm do gnero Ensete, o gnero Musa. O gnero Musa ainda pode ser
dividido em quatro subgneros: Australimusa, Callimusa, Rhodochlamys e Eumusa.
Os subgneros Callimusa e Rhodochlamys no produzem frutos comestveis; o
subgneros Australimusa contm apenas uma espcie (Musa textilis), conhecida como
abac e utilizada principalmente nas Filipinas para extrao de fibras das bainhas
vasculares. No subgnero Eumusa ou simplesmente Musa que esto localizadas as
espcies de interesse comercial, essas espcies de interesse comercial so: Musa
acuminata Colla e Musa balbisiana Colla.
Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam nveis cromossmicos
di, tri ou tetraplides, respectivamente com 22, 33 e 44 cromossomos, em
combinaes variadas de genomas das espcies Musa acuminata (genoma AA) e Musa
balvisiana (genoma BB). Estes cultivares diferem das espcies silvestres devido a
presena de genes responsveis pela partenocarpia. Segundo os grupos
cromossmicos, os principais cultivares de bananas cultivados no Brasil so
classificados da seguinte maneira:
- Grupo diplide acuminata AA: Ouro.
- Grupo triplide acuminata AAA: Robusta, Mestia, Gros-Michel, Caru
roxa, Caru verde, Caipira, Leite, Ouro Mel, So Mateus, So Tom. Dentro
deste grupo o subgrupo Cavendish apresenta importncia, representado
principalmente pelos cultivares Nanica e Nanico.
- Grupo triplide AAB: Pacovan, Ma, Mysore, So Domingos. Dentro
deste grupo os subgrupos de maior importncia so Prata, representado pelos
cultivares Prata An e Prata Zulu, e Plantain, representado pelos cultivares Maranho,
Terra e Terrinha.
- Grupo triplide ABB: Marmelo, Figo, Po.
- Grupo tetraplide AAAA: IC-2.
- Grupo tetraplide AAAB: Pioneira, Ouro da Mata, Platina.
Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do mundo so os
triplides, devido ao seu vigor, maior tamanho dos frutos e consistncia mais
agradvel destes em relao aos diplides.
3.2 - Classificao quanto utilizao
Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar as bananeiras
mais cultivadas em cinco grupos:
a - Banana destinada exportao e mercado interno: Ba, Bout-round,
Caturro, Grande Naine, Gros Michel, Jangada, Johnson, Lacatan, Monte
Cristo, Nanica, Nanico, Pseudocaule roxo, Piru, Robusta, Valery e
Williams.
b - Banana de mesa para consumo interno: Ba, Bout-round, Branca,
Canela, Caru roxa, Caru verde, Caturro, Colatina ouro, Congo, Enxerto,
Figo cinza, Figo cinza escura, Figo vermelha, Figo vermelha rachada, Giant
Fig, Grande Naine, Jangada, Johnson, Lacatan, Leite, Ma, Miomba,
Monte Cristo, Mysore, Nanica, Nbrega, Ouro, Ouro da mata, Ouro mel,
Pach naadan, Pacovan, Padath, Po, Piru, Platina, Prata, Prata ponta
aparada, Prata Santa Maria, Prata Zul, Pseudocaule roxo, Robusta, Salta do
cacho, So Domingos, So Mateus, So Tom, Valery, Viropaxy e
Williams.
c - Banana para fritar, conhecidas como banana da terra e na lngua
espanhola como "pltano": Angola, Carnaval, DAngola, Figo cinza, Figo
cinza-escura, Figo vermelha rachada, Maranho branca, Maranho caturra,
Maranho vermelha, Mongol, Mucoc, Ouro (quando verde), Po, Pacova,
Pacov, Pacovau, Sambur, Terra, Terra caturra e Terrinha.
d - Banana para compota: Nanica e todos os cultivares do subgrupo
Cavendish, Ouro, Pacovan, Prata Zul, So Domingos, Terra e todos os
cultivares do subgrupo Plantain.
e - Banana para doce em massa: Branca, Enxerto, Nanica e todos os
cultivares do subgrupo Cavendish.
3.3 - Classificao quanto ao porte
a - Porte baixo, at 2,0 metros: Nanica e Salta-do-cacho.
b - Porte mdio, de 2,0 a 3,5 metros: Angola, Ba, Bout-round,
Congo, Enxerto, todo o subgrupo Figo, Grande Naine, Jangada, Java,
Johnson, Leite, Ma, Maranho caturra, Monte Cristo, Nanico, Ouro,
Pacova, Pacovau, Padath, Piru, Platina, Pseudocaule roxo, Robusta,
So Mateus, So Tom, Terrinha, Valery e Williams.
c - Porte alto, de 3,5 a 6 metros: Canela, Carnaval, Caru roxa, Caru
verde, Colatina ouro, Giant fig, IC-2, Lacatan, Nbrega, Miomba,
Mongol, Mysore, Ouro mel, Pach naadan, Pacov, Prata ponta aparada,
Prata Santa Maria, Prata Zul, Sambur e Viropaxy.
d - Porte muito alto, mais de 6 metros: Branca, Caturro, Gros Michel,
Imperial, Maranho branca, Maranho vermelha, Ouro da mata, Pacovan,
Prata e Terra.
4 Morfologia
A Bananeira uma planta herbcea, caracterizada pela exuberncia de suas
formas e dimenses das folhas. Possui tronco curto e subterrneo, representado pelo
rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule. O rizoma constitui um
rgo de reserva, onde se insere as razes adventcias e fibrosas. Entretanto, no
linguajar popular este chamado de tronco da bananeira.
A multiplicao da bananeira se processa, naturalmente no campo, por via
vegetativa, pela emisso de novos rebentos. Entretanto, o seu plantio tambm pode
ser feito por meio de sementes, processo este usado mais freqentemente quando se
pretende fazer a criao de novas variedades ou hbridos.
A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida definido. Sua fase
de gestao comea com a gerao de um proto-rebento em outra bananeira, mas
como nos animais, o incio da contagem de sua vida somente se faz com seu
aparecimento ao nvel do solo. Com seu crescimento, h a formao de uma
bananeira que ir produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem, amadurecem e
caem, verificando-se em seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz
que a planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual tambm pode ser
abreviado com a colheita do cacho, que corresponde ao assassinato da bananeira.
Como esse processo contnuo e extremamente dinmico, uma bananeira adulta
apresenta sempre ao seu redor, em condies naturais, outras bananeiras em diversos estdios de desenvolvimento. Esse conjunto de bananeiras interligadas, com
diferentes idades, oriundas de uma nica planta e crescendo desordenadamente, denomina-se touceira (Figura 1).
Figura 1: Corte horizontal esquemtico de uma touceira de bananeiras, com a me com cacho, mostrando a formao inicial de trs famlias.
Essa caracterstica de constante renovao das plantas que permite dizer
que os bananais tm vida permanente, apesar das bananeiras possurem um ciclo de
vida perfeitamente definido.
Botanicamente, as touceiras de bananeiras so formadas por rebentos que
constituem a primeira, segunda, terceira, etc., geraes da muda original e que
popularmente recebem as denominaes de me, filho, neto, etc.
Me - a planta mais velha da touceira, que pode estar na fase vegetativa
ou ter lanado sua inflorescncia ou j estar ou no com o cacho completamente
formado, o qual poder estar ou no no ponto de colheita. Ela perde a denominao
de me aps a colheita. A me sempre uma s, salvo no caso da ocorrncia da
dicotomia.
Filho - todo e qualquer rebento originrio do intumescimento de uma gema
vegetativa seguido de seu posterior desenvolvimento (gema lateral de brotao, que
ser uma olhadura), localizada no rizoma da planta me.
Neto - todo e qualquer rebento originrio de um filho.
Irmo - todo rebento que se forma devido ao desenvolvimento de outra
olhadura de um mesmo rizoma. Isso quase sempre ocorre mais de uma vez, o que
d origem a uma irmandade, cujo nmero bastante varivel.
Famlia - um conjunto de rizomas interligados e descendentes,
representados pela me, um filho e um neto, onde todos os demais rebentos
(filhos e netos) foram eliminados.
A me pode ter vrios filhos, que sero irmos entre si e cada um
destes, por sua vez, pode tambm emitir seus filhos, os quais sero os netos da
me original. assim que surge uma touceira.
Na touceira que se forma naturalmente portanto, sem que se tenha feito
nenhum desbaste, possvel com o tempo, individualizar-se duas, trs, quatro ou
mais famlias, desenvolvendo-se ao mesmo tempo (Figura 1). Imaginando-se uma
touceira que tenha certa idade, pelas cicatrizes deixados no solo pelos rizomas das
plantas j colhidas, possvel traar uma verdadeira rvore genealgica.
Aps a colheita da planta me, a planta filho assume a posio desta e a
planta neto, por sua vez, assume a posio de planta filho, e assim
sucessivamente.
4.1 Sistema radicular
As razes tm sua origem na parte central do rizoma, na unio entre o
cilindro central e o crtex. Geralmente, surgem em grupo de trs ou quatro,
distribuindo-se por toda a superfcie do rizoma, em processo de diferenciao
contnua, segundo o crescimento do meristema. As razes so fasciculadas e crescem
em maior porcentagem horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo,
ocupando seus primeiros 20 a 30 cm; apenas um reduzido nmero delas (cerca de
20%) se desenvolve no sentido vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.
O nmero de razes que a bananeira gera depende do cultivar e varia de 400
a 800, havendo certa relao direta na quantidade com a sua altura. Essa quantidade,
assim como seu vigor, tambm esto em funo do arejamento (oxigenao) e
nutrientes existentes no solo. Desse total, cerca de 250 a 300 delas so emitidas
enquanto a planta estiver emitindo folhas lanceoladas. medida que o bananal
envelhece, as plantas passam a diminuir a emisso de razes.
As razes superficiais tm comprimento varivel e podem at ultrapassar os 4
m de extenso. Em condies de solos prprios para a bananeira, uma muda com
sessenta dias de idade j apresenta razes horizontais com 1 m de comprimento. As
verticais, dependendo da natureza fsica e disponibilidade de gua no solo, podem
atingir comprimento igual ao das horizontais ou nem chegar a 50 cm. Em geral, seu
dimetro de 4 a 8 mm, podendo contudo, em determinados cultivares, chegar a 20
mm.
A distribuio horizontal das razes no solo, no caso do plantio inicial, igual
nos 360 que as rodeiam. Com o passar do tempo e j havendo se formado a
famlia (me, filho e neto), as razes da planta mais jovem (neto) se
distribuem sempre da seguinte forma: sua quase totalidade se localiza, a partir da
trajetria de caminhamento da famlia, a 90 para a direita e 90 para a esquerda,
situando-se a maior porcentagem delas nos primeiros 15 da direita e da esquerda.
com base nisso que se faz a indicao do local da adubao.
Fazendo-se um corte transversal na raiz encontra-se, externamente, um
tecido mais macio - o crtex - que envolve um tecido bastante fibroso e resistente
denominado cilindro central. Na extremidade da raiz h uma coifa brancacenta,
espcie de um aguilho que, pela ao dos seus produtos qumicos e enzimticos
exsudados, distri as resistncias que ocasionalmente tentam impedir-lhe seu
alongamento. Ela revestida de pequenos plos, cuja vida marcada em horas.
Normalmente, em toda a extenso da superfcie externa das razes, existem
abundantes radicelas que se assemelham a uma cabeleira. Agindo como pequenas
bombas de suco, elas retiram a gua do solo, juntamente com elementos qumicos
necessrios vida da planta. Pelo fenmeno da osmose, o lquido atravessa suas
paredes celulares e penetra nas razes e, por elas, atinge o rizoma. Este processo de
suco da seiva bruta feito pelas folhas, que a elas vai ter atravs de suas bainhas
(pseudocaule).
As razes da bananeira plantada em solo frtil e bem adubado, com boa
drenagem e provido de umidade suficiente, exercem suas funes com grande
intensidade e todo o sistema radicular se apresenta bastante vigoroso. Nessas
condies, elas chegam a crescer at 60 cm por ms. O grande nmero permanente
de radicelas que essas razes possuem facilita a absoro de gua e de elementos
qumicos. Em solos pobres, sem fertilizantes, com drenagem deficiente ou sem a
umidade necessria, as razes apresentam-se delgadas, curtas, em pequeno nmero,
quase desprovidas de radicelas. Estas so sempre mais numerosas e ativas
principalmente nos 50 cm mais prximos da coifa.
Em solos com problemas de salinizao ou com oscilaes do lenol fretico
devido influncia das mars, a vida das razes muito curta e suas pontas ficam
aparadas como se tivessem sido rodas. Sua parte terminal, muito freqentemente,
seca.
A bananeira gera razes continuamente apenas at a diferenciao floral,
simultaneamente com o processo de formao das folhas. As razes so geradas, mas
at que ganhem o exterior levam algum tempo, que o mesmo que a inflorescncia
gasta para a sua pario. Nessa ocasio, esto vivas na planta de 25 a 50% das
razes emitidas durante sua vida. Simultaneamente com a pario, cessa o
aparecimento das novas razes. medida que as folhas morrem por senilidade, fome,
desidratao, parasitismo fngico, etc., as razes formadas na mesma poca dessas
folhas tambm morrem. So, portanto, dois processos contnuos e simultneos: de
um lado, a emisso de razes e folhas e, de outro, a morte desses mesmos rgos.
Quando as bananas amadurecem sem que o cacho tenha sido colhido e elas
comeam a cair, as razes cessam progressivamente suas atividades e morrem
tambm. A morte acelerada quando se colhe o cacho.
4.2 Rizoma
O rizoma definido morfologicamente como um caule que desenvolveu
folhas na parte superior e razes adventcias na poro inferior. Ou mais
simplificadamente, o rizoma pode ser definido como a parte da bananeira onde todos
os seus rgos, direta, ou indiretamente se apiam.
Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de bulbo, que,
botanicamente, um rgo de reserva de certas plantas, como da cebola e do alho. O
bulbo no d formao a brotos.
O rizoma novo possui um aspecto carnoso e relativamente aquoso, que se
torna gradativamente mais rgido, medida que envelhece.
O rizoma apresenta, externamente, na regio inferior, as razes, e, na superior o pseudocaule. Internamente, ele constitudo de duas partes, como as razes.
Fazendo-se um corte vertical, passando pelo centro do rizoma de uma
bananeira, que j emitiu mais de 20% de suas folhas, pode-se identificar
perfeitamente, o crtex e o cilindro central. Essas duas reas, quando expostas ao ar,
se oxidam rapidamente.
O crtex a camada mais externa, cuja espessura mxima chega a ser de 3
a 5 cm. Ele constitudo de uma massa rgida, cheia de fibras finas e revestido
externamente, por um fino tecido com menos de 0,5 mm. Principalmente nos
cultivares do subgrupo Cavendish, essa pelcula bem escura e impregnada de
pequenas manchas quase negras, enquanto, nos do subgrupo Prata, essa camada
bem clara. Nela, possvel observar as cicatrizes dos arcos de crculo, onde as
bainhas das folhas que j morreram estiveram fixadas. A partir do arco de circulo
mais velho, portanto j na parte bem inferior do rizoma, que aparecem as primeiras
linhas de razes. Estas se dispem em diversos nveis, descrevendo linhas helicoidais,
sendo que as mais do alto correspondem s mais novas e, muitas vezes, algumas
delas iniciam seu crescimento fora da terra.
O cilindro central envolto pelo crtex e constitudo por fibras rgidas mais
grossas. Sua colorao interna mais creme do que a do crtex, uma vez que este
um pouco mais brancacento. Aps a colheita, se as condies fitossanitrias foram
boas, o cilindro central apodrece primeiro, enquanto o crtex permanece vivo e
consistente, por vrios semestres.
Tal a semelhana do tecido desse cilindro central com o do cilindro central
das razes, que se pode dizer que o cilindro central destas uma expanso do tecido
central do rizoma. Da mesma forma, o crtex da raiz um alongamento do crtex do
rizoma.
Na regio superior de ambas as partes do rizoma, como que as recobrindo,
encontra-se o colo do rizoma, que uma delgada superfcie de transio entre o
crtex e a base das bainhas das folhas.
No rebento de uma bananeira, com um ou dois meses de idade, o seu colo
se apresenta como uma superfcie quase plana. medida que ela se vai tornando
mais velha, o colo tambm se alonga para o alto.
Na parte superior do colo, h uma srie de arcos de crculos concntricos,
quase completos, esculpidos em baixo-relevo, que correspondem linha de fixao de
cada uma das bainhas. No centro dos arcos, o crtex e o cilindro central se fundem
em um s, formando uma regio meristemtica denominada cmbio.
Os dimetros dos arcos de crculos crescem com a idade das folhas, de modo
que o maior dimetro representa a linha de insero da bainha da folha mais externa
e, portanto, a mais velha. Os arcos de crculos que correspondem s folhas mais
jovens so to pequenos que impossvel v-los a olho nu. Com auxlio de lentes que
aumentam de 10 a 20 vezes, verifica-se que, na sua regio mais central, h um
conjunto de clulas que recebe o nome de gema apical de crescimento. Ela est
exatamente no ponto de fuso do crtex e do cilindro central, ou seja, o cmbio.
O cmbio o responsvel pela contnua gerao das clulas que constituiro
a gema apical de crescimento, que produzir as folhas e as gemas laterais de
brotao, at que haja o fenmeno da diferenciao floral.
Durante o desenvolvimento da bananeira, o rizoma cresce internamente,
com uma silhueta semelhante a uma bexiga de borracha quando inflada, dentro da
gua. Disso resulta que o colo da bananeira, inicialmente quase plano, aps a
formao das primeiras quinze a vinte folhas, adquire um aspecto alongado para
cima, que se acentua mais com o envelhecimento da planta.
Esse alongamento, causado como que por uma fora atuando de baixo para
cima, empurra cada vez mais a gema apical de crescimento para o alto. Ao fazer o
alongamento, o cilindro central vai, progressivamente, invadindo o interior do
pseudocaule.
A grande expanso interna do rizoma se processa durante a fase de pr-
diferenciao floral da gema apical de crescimento, pois, nessa ocasio, o rizoma
apresenta-se quase exclusivamente constitudo pelas fibras rgidas do cilindro central.
Dependendo do cultivar e da fertilidade do terreno onde se fez o plantio do
bananal, o rizoma pode atingir de 45 a 50 cm de dimetro (Pacovan). O Nanico,
quando cultivado em boas condies, tem em mdia, 30 cm.
4.3 Gema apical e gema lateral
Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento se encontra
sempre no centro dos semi-arcos de crculos esculpidos pela fixao das bainhas das
folhas. Tais semi-arcos no se completam pelo fato de terem um ponto de
interrupo, no qual h outro conjunto de clulas meristemticas, que so em tudo e
por tudo iguais gema apical de crescimento. Apenas sua fisiologia diferente. Ela
a gema lateral de brotao.
A gema apical est sempre em processo de multiplicao, no qual so
produzidos uma folha (bainha, pecolo e lbulos foliares) e sua respectiva gema
lateral de brotao. Isso ocorre durante um prazo definido pelas condies ecolgicas,
nutricionais e genticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas atividades
vegetativas e passa a ter funes de produo. a fase da diferenciao floral,
quando ento as clulas do cmbio se modificam e criam a inflorescncia da planta
(futuro cacho).
Sendo simultnea a formao da folha e da gema lateral de brotao, pode-
se facilmente concluir que a bananeira tem tantas dessas gemas quantas forem as
folhas geradas.
Depois que a gema lateral de brotao e a folha esto formadas, possvel
v-las com uma lente de 10 a 15 vezes de aumento, uma vez que este conjunto se
apresenta como um cone, com no mximo, 1 ou 2 mm. Para isso, preciso fazer uma
dissecao completa do pseudocaule, uma vez que ele est no seu interior.
Estando formadas a gema lateral de brotao e a folha, inicia-se um
crescimento radial concntrico, at chegarem prximo da periferia do rizoma. No
incio desse processo de crescimento o dimetro do semicrculo aumenta, assim como
a gema lateral de brotao e, com isso, cria-se um espao interno para a formao de
outro conjunto de folha e gema lateral de brotao. Esse contnuo crescimento vai
fazendo aparecer uma srie de cones superpostos. medida que isso acontece, h
um aumento na velocidade de crescimento dos dois rgos. Ao estarem prximas da
periferia do rizoma, a gema lateral de brotao j tem cerca de 2 cm de dimetro e
conhecida por olhadura ou mamica. medida que cresce, ela passa a exercer as
mesmas funes da gema apical de crescimento e, assim, acaba formando uma
protuberncia que se transformar, futuramente, em um rebento.
O ponto de ligao entre o rizoma da planta me e do filho, a regio
entre o crtex e o cilindro central, apresenta-se bastante comprimido, como se a
natureza quisesse violentamente separ-los por estrangulamento. Esta , por assim
dizer, uma ponte de ligao entre os dois rizomas, ou seja, um cordo umbilical entre
me e filho, por onde se processaro as trocas de seiva e de hormnios.
4.4 Sistema foliar
As folhas da bananeira so formadas por bainha foliar, pseudopecolos ou
pecolo, nervura e limbo foliar.
A folha mais interna do pseudocaule, logo aps seu nascimento, apresenta-
se como um pequeno cone foliar, tendo sua base apoiada sobre a regio do cilindro
central do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical.
Com o desenvolvimento do cone, suas microscpicas dimenses aumentam e
a gema apical de crescimento que ficou no seu interior reinicia o processo de
multiplicao.
a partir das paredes do cone que se originam todas as partes componentes
da folha, ou seja, bainha foliar, pecolo, nervura principal, limbo (ou lbulos) foliares
com suas nervuras secundrias e de bordo e o aguilho (ou pavio).
Sendo contnuo o processo de formao de folhas, h no interior do
pseudocaule uma srie de cones superpostos. Tendo alcanado de 8 a 12 mm,
verifica-se que o mais externo j apresenta seu vrtice mais alongado terminando por
um delgado filamento (pavio).
Os pequenos cones passam por um processo de desenvolvimento e vo
progressivamente assumindo o aspecto de uma folha. Quando isso ocorre, possvel
contar de 10 a 15 cones superpostos no seu interior. A medida que a folha vai se
formando no centro do pseudocaule, sua velocidade de desenvolvimento acelerada,
assim como seu deslocamento para o alto. A primeira parte que emerge para o
exterior o pavio seguido pela vela.
A vela formada pelo enrolamento dos limbos (lbulos) foliares de forma
muito perfeita e compacta, sendo que o limbo esquerdo enrolado sobre si mesmo e
o direito, envolvendo o primeiro.
A vela permanece ereta por um ou dois dias para comear a se desenrolar e
formar o cartucho. Nessa posio, a folha permanece por 24 a 30 horas, em funo
dos fatores ecolgicos, at completar seu total desenrolamento.
Quando a folha se abre, ela tem sempre o limbo esquerdo um pouco mais
colorido do que o direito (vendo-se a folha atravs da pgina inferior para a superior),
pelo fato desse ter desenrolado primeiro.
As folhas das bananeiras, ao se desenrolarem totalmente, j tm as suas
dimenses definidas, isto , no crescem mais. A relao comprimento/largura, nas
plantas adultas, um ndice caracterstico do cultivar.
O processo de formao de folhas, sendo constante, vo surgindo do interior
da bananeira uma folha aps outra e, com isso, tem-se sempre folhas jovens no alto
da planta e as mais velhas, nas partes mais baixas.
A gema apical pode gerar de 30 a 70 folhas, segundo o potencial do cultivar.
Esse nmero tanto maior quanto maior for o ndice de fertilidade e o adequado teor
de umidade no solo e na temperatura ambiente.
As folhas so numeradas de cima para baixo em algarismos romanos. A folha
vela (ou o cartucho) sempre a folha de nmero 0 (zero).
As primeiras folhas do jovem rebento so praticamente pequenas escamas
deltides; quando mais velho, o filhote emite folhas constitudas apenas pela
nervura principal. As primeiras folhas so bastante estreitas devido ao no
desenvolvimento dos lbulos foliares e, por ter uma forma lanceolada, so chamadas
de espada. medida que a planta cresce, as novas folhas apresentam dimenses
maiores at que seja atingido o estgio de adulta.
Esse comportamento do formato da folha decorre da grande atuao
hormonal inibidora da planta me sobre o desenvolvimento do filho. Essa inibio
vai diminuindo progressivamente at a diferenciao floral da me, e cessa por
completo com o seu florescimento. nessa ocasio que se verifica um grande
desenvolvimento do filho, cujas folhas passam a ser adultas e com o ndice foliar
caracterstico do cultivar, quanto relao comprimento/largura.
Em resumo, o formato da folha, levando-se em conta seu comprimento e sua
largura, permite avaliar a influncia hormonal inibidora que a me est exercendo
sobre o filho, atravs da ligao umbilical dos seus rizomas.
As bainhas foliares da bananeira tm grande importncia, pois so elas que,
imbricadas umas sobre as outras, formam o falso tronco da bananeira, ou seja, o
pseudocaule, sustentculo do cacho e tambm armazenador de nutrientes e gua.
A bainha mais externa, portanto a que envolve todo o pseudocaule, torna-se
menos envolvente na sua parte mais alta, devido ao seu formato deltide,
principalmente nas bananeiras que ainda no sofreram a diferenciao floral.
Examinando-se uma folha adulta, verifica-se que na parte mais alta da
bainha ela se afasta do pseudocaule e assume o formato da letra U.
A regio da bainha, onde inicia seu estrangulamento em U, at onde os
limbos foliares se expandem, recebe o nome de pecolo da folha. Seu prolongamento
dentro da folha constitui a nervura central ou principal.
A nervura principal se expande dos dois lados formando o limbo foliar direito
e o esquerdo, que constituem as superfcies foliares.
Moldurando o contorno da folha, em ambos os limbos, encontra-se a nervura
de bordo, representada por uma linha escura e de consistncia um pouco mais rgida.
A nervura central ligada nas de bordo pelas nervuras secundrias, que so
paralelas entre si, porm, com suas extremidades distais ligeiramente voltadas para o
pice da folha. Em determinadas circunstncias nutricionais, possvel observar
nervuras tercirias fazendo ligaes entre as secundrias.
chamado de roseta foliar a regio delimitada no pseudocaule pelo ponto
onde a folha mais velha se afasta dele e a mais nova folha est se abrindo. Nas
plantas mais jovens, a roseta foliar mais alongada e nas que j floresceram, mais
compacta.
Prenunciando o aparecimento da inflorescncia, a bananeira emite de trs a
quatro folhas cada vez mais curtas, as quais correspondem as ltimas folhas a serem
lanadas.
A ltima folha emitida pela bananeira tem sua conformao mais coricea,
cujo formato em geral, anormal, tendo suas nervuras secundrias muito
pronunciadas e irregularmente onduladas, sendo conhecida pelos bananicultores
como folha pitoca. Esta folha, que geralmente envolve mais intimamente a
inflorescncia quando ainda dentro do pseudocaule, muitas vezes seca durante o
desenvolvimento do cacho.
O rebento guarda-chuva no emite nunca folhas lanceoladas, pois j as
primeiras so bastante largas. Esse aspecto faz com que eles recebam o nome muda
orelha-de-elefante ou muda guarda-chuva ou ainda, muda dgua, tal a
turgescncia do seu pseudocaule e rizoma. O cordo umbilical dessas mudas, por
algum motivo de origem mecnica ou provocado por insetos ou nematides, foi
bloqueado e no h troca de seiva entre ela e sua me.
Nas primeiras folhas de qualquer tipo ou tamanho de muda convencional,
aparecem sempre manchas irregulares de cor pardo-chocolate, bem visveis nas
pginas foliares superiores. medida que essas mudas se desenvolvem, tais manchas
desaparecem. Elas so formadas pela reao da antocianina ao pH do suco foliar que,
nesta ocasio, mais cido. Nos filhotes agregados na planta me, isso no
acontece, pois a seiva que circula na famlia uma s. Entretanto, o mesmo no
acontece com a muda guarda-chuva que se forma dentro do bananal, uma vez que
ela no pertence a famlia. Esse tipo de muda no emite nunca folhas lanceoladas,
por no ter recebido hormnios inibidores da me. As mudas de laboratrio
geralmente no apresentam tais manchas.
A estrutura das bainhas constituda por um tecido parenquimatoso,
formado por clulas bem grandes. Estas vo, progressivamente, diminuindo de
tamanho, medida que chegam mais prximo do incio da nervura principal. Esta, por
sua vez, tambm apresenta tais clulas, que se reduzem a tamanhos bem pequenos
quando esto perto do pavio.
nas folhas que se processa a fotossntese, quando ento a seiva bruta
transformada em seiva elaborada, que na bananeira muito adstringente e conhecida como cica.
4.5 - Pseudocaule ou falso tronco
O pseudocaule da bananeira um estipe. Ele formado pelas bainhas das
folhas superpostas. As bainhas se fixam sobre o rizoma descrevendo arcos de crculos
concntricos, em torno da gema apical de crescimento. Eles formam fortes cicatrizes
no rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e chegam at as folhas.
Essa regio de transio entre ambos os rgos denomina-se colo do rizoma ou da
bananeira.
Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um cone
alongado; nas adultas seu formato quase que cilndrico.
Seu comprimento, que representa a altura da planta, igual distncia do
solo at ao topo da roseta foliar. O pseudocaule pode ter de 1,2 at 8 m de altura e o
seu dimetro na base varia de 10 a 50 cm, a 30 cm do solo.
Seu dimetro, na extremidade superior, pode tambm atingir quase as
mesmas dimenses da base, mas em geral, equivalente a apenas 80%. Quando se
faz referncia ao dimetro de uma bananeira, normalmente, se refere quele medido
a 100 cm do solo.
Seu peso pode oscilar de 10 a 100 kg.
do pseudocaule que se pode extrair fibras usadas na fabricao de tecidos
para confeco de roupas, cordas, dar resistncia s chapas impregnadas com
plstico, na fabricao de tijolos, etc. Ele pode ainda ser utilizado na alimentao, etc.
atravs do pseudocaule que a inflorescncia ganha o exterior da planta.
O pseudocaule de uma planta que ainda no lanou sua inflorescncia
constitudo somente de bainhas imbricadas umas sobre as outras. Naquelas que j
lanaram a inflorescncia, o pseudocaule formado por bainhas que capeiam o
palmito da bananeira. Ele constitudo pelo alongamento do cilindro central do
rizoma, o que acontece durante a ascenso da inflorescncia, no seu caminhamento
para o exterior.
Ao longo do palmito, pode-se ver as ltimas trs ou quatro gemas laterais de
brotao, correspondentes s ltimas trs ou quatro folhas emitidas, pois nele que
as bases de suas bainhas esto fixadas.
O palmito quase branco, menos fibroso do que o cilindro central, e tem
sido utilizado como recheio de pastis e tortas, pela sua semelhana com o palmito
verdadeiro de certas palmceas.
Quando o palmito ganha o exterior, ele passa a constituir o cabo do cacho e,
em seguida, o eixo da inflorescncia.
4.6 - Diferenciao floral
Terminado o processo de diferenciaofoliar e gemas laterais de brotao da
planta, a gema apical cessa essa atividade, devido a uma srie de fatores hormonais.
H, ento, uma modificao do seu aspecto e ela se transforma no rgo de
frutificao da bananeira: a inflorescncia. A essa fase da vida da planta d-se o
nome de diferenciao floral, quando ento cessa sua vida vegetativa e comea a de
frutificao ou de produo. O perodo compreendido entre a diferenciao floral e do
lanamento da inflorescncia corresponde ao de gestao do cacho.
O processo de diferenciao floral ocorre quando cerca de 60% de todas as
folhas geradas (jovens e adultas) j se abriram para o exterior da planta. Os
restantes 40% de folhas j esto formados, porm ainda permanecem se
desenvolvendo dentro da planta e envolvendo toda a inflorescncia.
Dada a modificao da gema apical em inflorescncia, conclui-se que, aps a
diferenciao floral, a bananeira no gera mais folhas, porm continua ainda lanando
aqueles 40% de folhas j geradas. Por conseguinte, aps o lanamento da
inflorescncia, ela tambm no emite mais nenhuma folha.
O processo da diferenciao floral, no cultivar Nanico, se d, em geral,
quando o alongamento vertical sofrido pelo cilindro central do rizoma j est, em
mdia, na altura de 40 cm. Essa distncia calculada a partir de onde as razes mais
superficiais ganham o exterior do rizoma e a gema apical de crescimento. Nessa fase
da vida da planta, possvel verificar, externamente, a que altura est se
processando a diferenciao floral, pois nesse local h uma dilatao do pseudocaule.
Nesse cultivar, nas condies climticas do Estado de So Paulo, a inflorescncia leva
de dois a trs meses para vencer a distncia entre o ponto de processamento da
diferenciao floral e a roseta foliar. Esse tempo varia segundo o cultivar e as
condies ecolgicas. O agricultor refere-se a essa fase como o de engravidamento
da bananeira.
Uma vez formada a inflorescncia, ela passa a ter um rpido processo
vertical de caminhamento, subindo pelo centro do pseudocaule, ultrapassando a
roseta foliar para expandir-se no exterior.
Esse processo determina, a uma s vez, o alongamento vertical final do
cilindro central do rizoma, que deu a formao do palmito, cujo prolongamento no
exterior da planta corresponde ao engao.
Fazendo-se uma inspeo interna na bananeira, que j sofreu a diferenciao
floral, mas que ainda tem a inflorescncia no seu interior, pode-se contar
perfeitamente o nmero de pencas e de flores que ela tem. Quanto mais prxima da
ocasio da diferenciao floral, menores sero esses rgos e, por outro lado, quanto
mais perto da roseta foliar a inflorescncia estiver, mais fcil se torna a identificao
do sexo das flores e a contagem do nmero delas e das pencas.
A contagem das pencas pode ser feita logo aps a diferenciao floral,
usando-se uma lente de 10 a 15 vezes de aumento. A identificao do sexo das flores
facilmente feita nessa ocasio, pois os ovrios j esto perfeitamente diferenciados
quanto ao seu comprimento. Para o cultivar Nanico, a identificao de pencas e
flores pode ser feita a olho nu, quando a inflorescncia atinge cerca de 50 a 60 cm de
altura do solo.
Dessa forma, j no se pode mais influenciar com nenhum tratamento o
nmero de bananas e pencas que o cacho vir a ter, uma vez que o nmero de flores
e o seu sexo definido durante a diferenciao floral.
Para aumentar o tamanho do cacho , portanto, necessrio que os bons
tratos culturais e nutricionais sejam feitos bem antes dessa fase.
4.7 - Inflorescncia
A inflorescncia da bananeira uma espcie de espiga simples, terminal, que
emerge do centro das bainhas foliares, protegida por uma grande brctea, muitas
vezes chamada de placenta.
Quando o florescimento, o pice se avoluma e origina as brcteas da
inflorescncia, produzidas em srie e distribuda pela rquis em espiral. Cada brctea
possui uma massa axilar de forma cncava que constitui os primrdios da penca,
onde se diferenciam as flores, dispostas alternadamente em duas fileiras paralelas,
com desenvolvimento simultneo. O nmero de pencas varia com a cultivar e as
condies de vegetao da planta, podendo chegar a 13-14.
4.8 Flores
As flores femininas, masculinas ou hermafroditas esto reunidas em pencas
isoladas e protegidas cada uma delas por uma brctea, que sempre caduca para as
femininas, o que pode ou no acontecer para as demais.
Em cada penca encontram-se flores de um s sexo, porm na regio de
transio entre elas, podem aparecer numa mesma penca, flores femininas e
masculinas.
A flor da banana comestvel zigomrfica, sempre completa com os rgos
femininos e masculinos, verificando-se em algumas a atrofia das anteras (flores
femininas) e, em outras, dos ovrios (flores masculinas). Devido a essas diferenas
no tamanho do ovrio, possvel basear-se neste fato para se identificar o sexo das
flores.
As flores femininas tm o ovrio bem desenvolvido e so as primeiras a
aparecer e as responsveis pela formao das bananas. Nas masculinas, o ovrio
cerca de 30 a 50% menor e, geralmente, elas abortam ou se desenvolvem formando
rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica.
As flores masculinas e femininas das bananeiras produtoras de frutos
comestveis apresentam cinco tpalas (spala + ptala), dispostas em dois vertculos,
que se fundem para formar um clice tubular denominado de perignio. Sua
extremidade se apresenta fendilhada, formando cinco pequenos dentes ou lbulos, de
forma varivel, segundo o cultivar. Suas coloraes caractersticas identificam o grupo
a que pertence a espcie. A tpala dorsal independente e livre e, por isso, recebe a
denominao especfica de tpala livre.
Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam cinco estames
(antera + filamentos) bastante semelhantes, assim como o pistilo (ovrio + estilo +
estigma). Os estames das flores masculinas possuem anteras normais e os sacos
polnicos esto dispostos ao longo do filamento em duas linhas paralelas. Os gros de
plen so geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, as anteras so
atrofiadas, o filamento mais curto e o plen, degenerado.
As flores masculinas e femininas apresentam um ovrio nfero e trilocular,
estilo filiforme e estigma grosso (dilatado). Nas flores femininas, os ovrios se
dispem em cada loja (lculo) em duas linhas regulares ou em quatro irregulares. As
flores masculinas tm o ovrio bastante atrofiado, mas o estilo e o estigma se
apresentam apenas com as dimenses um pouco reduzidas.
Aps o aparecimento de todas as flores femininas, normalmente surgem as
pencas de flores masculinas. Por vezes, podem se formar pencas de flores
hermafroditas em nmero varivel, intercaladas entre as pencas de flores masculinas.
O desenvolvimento das flores hermafroditas, tambm produzem frutos comestveis,
porm com aspecto anormal e atrofiado, cujo paladar bastante inferior ao dos frutos
normais.
Quando a inflorescncia emerge da planta as flores femininas tm sua
extremidade distal voltada para o solo devido ao geotropismo positivo, mas
geralmente, aps a partenocarpia ou a polinizao, elas vo se voltando para o alto,
como se houvesse um geotropismo negativo atuando sobre elas. As flores masculinas,
por via de regra, permanecem sempre voltadas para o solo ou se elevam apenas at
quase a posio horizontal, enquanto que as hermafroditas ficam na posio
horizontal formando um pompom.
4.8.1 - Fecundao das flores
A fecundao das flores nas bananeiras selvagens feita normalmente por
insetos. Retirando o plen de flores masculinas de uma inflorescncia, ele fecunda as
flores femininas de outra inflorescncia (polinizao cruzada). A polinizao somente
pode se processar dessa forma, pois na mesma planta as flores femininas nascem
sempre primeiro na inflorescncia e, com isso, quando os gros de plen das flores
masculinas estiverem viveis para a polinizao, os ovrios das femininas j no
estaro mais receptveis, por estarem velhos.
As bananeiras de frutos comestveis, em geral, no produzem gros de plen
frteis e os ovrios das flores femininas dificilmente podem ser fecundados, devido a
um atrofiamento do estigma que impede a passagem do plen. Porm, h casos de
no acontecer o atrofiamento e a fecundao poder se processar normalmente,
surgindo com isso sementes frteis.
O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas parcialmente atrofiado
pode, com relativa facilidade, vir a produzir sementes pelo que tem sido usado como
me nos trabalhos de melhoramento.
Em bananeiras, a polinizao realizada apenas nos trabalhos de pesquisa,
uma vez que as bananas se formam naturalmente por partenocarpia.
A polinizao feita retirando-se o gro de plen frtil de uma flor masculina
(quase sempre selvagem) e depositando-o em uma feminina, que ainda esteja
protegida pela brctea, o que indica que ela ainda deve estar virgem. Essa brctea
levantada para realizar a polinizao e, imediatamente, reconduzida sua antiga
posio e amarrada para evitar a entrada de insetos que possam trazer outros gros
de plen. No h necessidade de reabrir a brctea depois; com o tempo, ela cair
naturalmente.
Obter-se- certeza do sucesso da polinizao observando o aspecto do fruto
que, neste caso, dever ser mais cilndrico e mais curto. A confirmao de que houve
a polinizao somente se ter com a presena das sementes, nos frutos maduros.
As bananeiras selvagens apresentam em mdia, de 80 a 100 sementes
frteis por fruto. Nos trabalhos de melhoramento, esse nmero geralmente bastante
reduzido, dificilmente ultrapassando 5 sementes por fruto.
4.8 - Cacho e fruto
O cacho da bananeira constitudo de engao (pednculo), rquis, pencas de
bananas (mos), sementes e boto floral (corao).
O cacho de banana comestvel pode apresentar, ocasionalmente, at 600
bananas reunidas em 20 ou mais pencas, com peso ao redor de 100 kg.
O tamanho do cacho varia segundo o cultivar, o clima, a fertilidade do solo,
os tratos culturais e fitossanitrios. Seu formato quase sempre tronco-cnico, mas
h tambm o quase cilndrico.
Medindo-se seu comprimento, apenas na parte em que as pencas de
bananas se inserem, pode-se encontrar alguns com 20 a 30 cm ou at com 200 a 250
cm. Da mesma forma, o dimetro do cacho varia de 20 cm a at 60 a 70 cm.
As pencas podem estar mais ou menos imbricadas uma sobre as outras,
dando-lhe a aparncia de maior ou menor compactao. Essa uma caracterstica do
cultivar, mas pode ser influenciada pelos fatores ecolgicos e nutricionais.
O engao o pednculo da inflorescncia, sendo conhecido como o cabo do cacho. Ele
a continuao do palmito que, por sua vez, o alongamento do cilindro central do rizoma. Ele tem incio no ponto de fixao da ltima folha e termina na insero da
primeira penca. Botanicamente, conhecido por pednculo da inflorescncia. Ele revestido por plos rudimentares, com comprimento varivel, segundo o cultivar. A
forma do engao sendo de uma bengala, facilita o transporte do cacho aps a colheita. Devido a isso, esse rgo tambm conhecido como bengala do cacho.
Dependendo do cultivar, das condies ecolgicas reinantes antes do lanamento da inflorescncia, da situao fitossanitria e das fertilizaes, a distncia do pice da
ala do engao at a base da primeira penca, pode variar de quase 0 a mais de 100 cm. Seu dimetro igualmente influenciado pelos mesmos fatores, podendo oscilar
entre os limites de 5 e 15 cm.
A rquis, continuao do engao, definida botanicamente como eixo da
inflorescncia, que onde se inserem as flores. Inicia-se a partir do ponto de insero
da primeira penca e termina no boto floral. Ela pode ser dividida em rquis feminina,
rquis masculina e rquis hermafrodita, conforme o sexo das pencas das flores que
nela se inserem. medida que a rquis se alonga, sua extremidade final fica mais
fina, podendo terminar com apenas 2 cm ou menos de dimetro.
Entre os bananicultores, a expresso rquis refere-se apenas parte
masculina deste rgo. Esta parte, tambm chamada como rabo-do-cacho, pode se
apresentar despida ou no de restos florais e suas respectivas brcteas. O
comprimento total e a sua forma (curvatura) variam segundo o cultivar.
Na extremidade final da rquis feminina, encontra-se o boto floral (corao
ou mangar) que o conjunto de pencas de flores masculinas ainda em
desenvolvimento, com suas respectivas brcteas. Pode-se dizer que o corao a
gema apical de crescimento, modificada, que ganhou o exterior.
Nos cultivares em que as flores masculinas so caducas, aps sua deiscncia,
aparecem protuberncias na rquis masculina denominadas n ou cicatriz e que
correspondem s almofadas atrofiadas das pencas de bananas. A distribuio e a
orientao dessas cicatrizes so as mesmas que ocorreram nas pencas de bananas.
Simultaneamente, com o incio do amadurecimento das bananas, o corao
cessa suas atividades, morre e seca.
A penca (ou mo) de banana o conjunto de frutos reunidos pelos seus
pednculos em duas fileiras horizontais e paralelas. O pednculo da banana pode ter
de quase zero mm a cerca de 50 mm de comprimento.
Os pednculos das diversas bananas se fundem e formam a almofada, que
se confunde com a rquis. As almofadas variam seu comprimento segundo o cultivar.
Nas primeiras pencas, elas podem ter at pouco mais de 40 mm. Esse comprimento
sempre diminui nas ltimas, podendo chegar a quase zero.
As almofadas se fixam na rquis sempre em nveis diferentes, seguindo trs
linhas helicoidais e paralelas. Partindo da primeira penca para a ltima (a mais de
baixo), verifica-se que o sentido da linhas anti-horrio, portanto, levgiro.
O nmero de pencas e bananas influenciado pelas condies ecolgicas, de
fertilidade e sanitrias em que a planta se desenvolveu, porm o potencial gentico
do cultivar limita esses nmeros.
O primeiro tero de pencas femininas se forma, em mdia, uma a cada 24
horas; o segundo leva cerca de 30 horas e o tero final aproximadamente 36 horas.
Implica isto em dizer que em um cacho com 10 pencas, por exemplo, a primeira
penca pode ter se formado de 13 a 15 dias antes da ltima. Esse tempo aumenta
progressivamente, com o aumento do nmero de pencas. Durante a formao das
pencas masculinas o tempo continua aumentando sempre, podendo-se ter nas
ltimas intervalos superiores a trs dias. Todos esses valores so bsicos, em
condies de inverno, eles so muito aumentados e mais ainda, se no houver
irrigao. Em locais mais quentes e midos, eles so encurtados.
A banana, tambm chamada de dedo, o resultado do desenvolvimento
partenocrpico ou da polinizao dos ovrios das flores femininas da inflorescncia.
Elas so bagas alongadas e triloculares. O pericarpo corresponde casca e o
endocarpo a polpa que se come. O pericarpo constitudo do epicarpo, que a
parte verde; o mesocarpo a parte brancacenta da casca, na qual se encontram as
suturas do mesocarpo, que so os fios internos da banana. O endocarpo tem no seu
interior, as sementes frteis ou apenas os rudimentos de sementes, que so as
pequenas pontuaes escuras junto ao seu eixo central.
As bananas podem ter formatos bastante variveis, desde retos at curvos
como uma meia lua. Seu comprimento pode chegar a 45-50 cm, com dimetro de at
quase 10 cm e peso de 2 a 3 kg. A colorao da casca varia da cor palha de milho
passando pela verde-clara, amarela, avermelhada e quase preta. A espessura da
casca oscila de 2 a 10 mm segundo o cultivar, as condies ecolgicas e de fertilidade
em que a planta e o fruto se desenvolveram. A polpa tambm pode apresentar as
cores branca, creme, amarela e rsea.
As bananas podem apresentar duas a quatro linhas de sementes, em cada
um dos seus trs lculos (ou loja). A quantidade de sementes e sua disposio so
caracteres utilizados na classificao botnica. Suas sementes podem ser frteis ou
abortivas (estreis). Sua colorao escura, quase preta.
As sementes frteis apresentam-se revestidas por uma carapaa dura com
dimenses semelhantes s do algodo, enquanto as estreis se reduzem a pequenas
pontuaes. As sementes das primitivas bananeiras tinham at 20 mm de
comprimento; hoje, esto reduzidas para 4 a 5 mm.
Nas bananas comestveis, as sementes so estreis e esto sempre na regio
central da polpa, onde os trs lculos se encontram e elas se apresentam como
rudimentares pontuaes escuras. Elas formam duas ou quatro linhas dentro de cada
lculo.
As bananeiras produtoras de sementes (as selvagens) no dispensam a
polinizao para a formao e desenvolvimento do fruto. Se for impedida a
polinizao de sua flor, esta chega intumescer mas algumas semanas depois seca e
cai.
Ao contrrio das bananas comestveis, cujas sementes so rudimentares, nas
selvagens elas ocupam quase todo o interior do fruto devido a sua quantidade e
tamanho. Tais sementes so envolvidas por uma massa semelhante polpa das
bananas comestveis, a qual bem mais adocicada e mais gelatinosa.
As bananas comestveis tm desenvolvimento partenocrpico, portanto, no
produzem sementes. No melhoramento gentico, este um dos pontos difceis para o
especialista, pois, lanando mo de bananeiras produtoras de frutos com sementes,
ele dever obter hbridos, cujas frutas no as tenham.
4.8.1 - Dicotomia
o fenmeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos. Pode
ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou depois da diferenciao floral.
A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu
processo vegetativo de multiplicao, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo
em cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir por si, de
uma nova gema apical que se desenvolver normalmente. Havendo dois ou mais
pontos de crescimento, cada um deles ir formar um novo pseudocaule, que
produzir seu cacho.
Tendo em vista que esse fenmeno pode se repetir em vrias ocasies,
possvel encontrar bananeiras com pseudocaules bifurcados, trifurcados ou mais
vezes. Se a dicotomia ocorrer apenas na inflorescncia, haver um pseudocaule e dois
ou mais cachos. H casos em que ela se processa mais de uma vez em diferentes
pocas, ficando a planta por exemplo, com dois pseudocaules com um total de cinco
cachos. Ela pode tambm ocorrer apenas no rabo do cacho.
Em cultivares que apresentam a dicotomia, isso acontece freqentemente,
mais de uma vez na mesma planta, como tem sido observado no cultivar So Mateus,
que um mutante do So Tom. Neste cultivar, esta tara gentica se manifesta em
quase 100% das plantas. Na Nanica, menos freqente.
Os cachos das bananeiras com dicotomia tm desenvolvimento quase normal
e seus frutos em nada diferem dos demais quanto ao paladar. Havendo suficiente
nutrientes no solo, todas as flores femininas produziro frutos de aspecto normal.
5 - Distribuio geogrfica
Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom
desenvolvimento, exige calor constante e elevada umidade. Essas condies so,
geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30 norte e sul, nas regies
onde as temperaturas permanecem acima de 10C e abaixo de 40C. Entretanto, h
possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30, contanto que a temperatura
o permita.
A expanso de um cultivar, em determinados pases e reas, funo da sua
aclimatao, interesse do mercado local ou do importador. Disso resulta que h
relativa diversificao de cultivares entre as regies produtoras.
Os principais pases que produzem banana podem ser assim agrupados por
regio:
A - Amrica do Sul: Argentina, Brasil, Colmbia, Equador, Guianas, Paraguai,
Venezuela
B Amrica Central: Costa Rica, Guatemala, Honduras, Mxico, Nicargua,
Panam.
C frica: Angola, Republica dos Camares, Zaire, Costa do Marfim, Guin, Ilhas
canrias, Ilhas da Madeira, Mandagascar, Moambique, Somlia.
D Regio do Caribe: Cuba, Guadalupe, Ilhas Windward, Jamaica, Martinica,
Repblica Dominicana,
E Oriente Mdio: Israel, Jordnia, Lbano.
F sia: Sri Lanka, China, Filipinas, ndia, Java, Sumatra.
G Oceania: Austrlia, Ilhas Fidji, Samoa Ocidental.
6 - Importncia da bananicultura
6.1- Importncia Mundial
As primeiras informaes da histria contempornea, do incio da
comercializao efetiva de bananas, datam de 1870, feita em escuna, que transportou
da Jamaica para os Estados Unidos (cidade de Jersey) 160 cachos. Exportaes
espordicas ocorreram anteriormente das ilhas do Caribe, onde os cultivares Nanica
(1829), e Gros Michel (1835) j tinham sido introduzidos.
Os primeiros plantios extensivos, na Amrica Central, foram feitos
principalmente na Costa Rica, Honduras e Colmbia, entre 1870 e 1879, prevalecendo
o cultivar Gros Michel que passou a ser a Rainha das Bananas, at que o mal-do-
panam explodiu nesta regio em 1900. Novas reas foram plantadas procurando
sempre uma fuga dessa enfermidade. Em 1912, o mal-do-panam j era bastante
grave na Jamaica. Visando diversificar os plantios de Gros Michel e Nanica, foi
plantado o cultivar Mysore, que se admite tenha sido introduzido em 1912, na
Repblica Dominicana.
O cultivar Gros Michel, pela alta suscetibilidade ao mal-do-panam, foi
substitudo, em todo o mundo, por diversos cultivares do subgrupo Cavendish, que
apresentam alta tolerncia a essa enfermidade. Assim que encontramos o Poyo
(ou Robusta) em Guadalupe e na frica Ocidental; o Nanica e o Grande Naine na
Martinica (local de origem dessa ltima) e o Lacatan, na Jamaica. No Brasil so
encontrados o Nanica e o Nanico, sendo que o Gros Michel nunca chegou a ser
plantado comercialmente, pois ele muito exigente em calor.
Atualmente, para os produtores mundiais que objetivam a exportao, so
as bananas do subgrupo Cavendish que mais interessam. preciso que se diga que o
mercado mundial tem demonstrado, nesta ltima dcada, um interesse crescente por
bananas de fritar. o caso, por exemplo, da Venezuela, que tem uma rea de mais
de dez mil hectares contnuos do cultivar Harton, semelhante ao nosso Pacova e
cuja produo praticamente toda exportada para os EUA. Outros pases do Caribe,
como Cuba, tambm so grandes produtores de banana de fritar. No Continente
Africano e na ndia, esses tipos de banana tm muita importncia, pois so usados
como fonte de amido.
No Brasil, os cultivares do subgrupo Prata, em especial o Prata, so muito
importantes por serem os mais consumidos. Os do tipo de fritar, que no
apresentavam grande interesse, tm tido, tambm aqui, maior procura pelos
consumidores, nesta ltima dcada.
A banana constitui hoje grande fonte de divisas para os seguintes pases,
internacionalmente cognominados Repblicas Bananeiras: Colmbia, Costa Rica,
Equador, Guadalupe, Honduras, Jamaica, Martinica, Mxico, Panam e Venezuela.
Os EUA tm se mantido como o maior comprador de bananas nos ltimos
vinte anos e apresentado um aumento constante nas importaes. O Japo o
segundo maior importador efetivo, pois a Alemanha e a Blgica reexportam.
6.2 - Importncia da bananicultura para o Brasil
O Brasil o segundo maior produtor mundial de banana, com 9,80% do
total, e tambm o segundo maior consumidor, pois para o povo em geral, ela no
apenas uma fruta, mas um complemento de sua alimentao diria. O maior produtor
e consumidor a ndia.
O cultivo da bananeira no Brasil talvez seja uma das poucas exploraes
agrcolas feitas, em maior ou menor proporo, em quase todos os municpios. essa
freqncia que torna o Brasil um grande produtor. A banana e a laranja so as frutas
de consumo mais constantes da populao, e sua presena sempre assinalada nos
mais diversos mercados e feiras livres.
Com o crescimento da populao e melhoria da sua capacidade aquisitiva,
houve aumento de consumo desse alimento barato, em todos os mercados
consumidores.
Paralelamente a esse aumento de consumo, surgiu em nossos bananais,
durante a dcada de 60, a molstia conhecida por mal-de-sigatoka-amarela ou
simplesmente sigatoka-amarela (cercosporiose da bananeira) que, causando grandes
prejuzos, fez com que a produo diminusse em quantidade e qualidade. Em
conseqncia, o preo elevou-se e o mercado consumidor passou a exigir que os
produtores cuidassem das bananeiras como uma cultura e no mais como uma
simples planta de produo quase extrativa, como vinha sendo feito.
Nas ltimas dcadas, a bananicultura brasileira passou por sucessivas
remodelaes na tecnologia de cultivo. Os resultados de estudos feitos entre ns, com
as bananeiras, principalmente aqueles a partir de 1960, permitiram que se firmassem
novos conceitos de produo para nossos agricultores, no que diz respeito a solo,
clima, poca de plantio, cultivares, aplicao de corretivos de solo, adubao,
espaamento de plantio, rotao de cultura, controle fitossanitrio manejo do bananal
e da fruta ps-colheita, a fim de atender aos novos mercados brasileiros que se
formaram.
O elevado preo dos fretes de produtos perecveis como a banana, tem feito
com que muitos plantios, principalmente de frutas e verduras, se desloquem para
perto de grandes centros urbanos.
Em termos de comercializao exterior, ela feita praticamente s para os
mercados platinos e apenas com bananas de So Paulo junto com as de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul, sendo que esses dois ltimos a fazem de modo
espordico. Raras exportaes tem ocorrido para a Europa.
Quando o produtor brasileiro pensa no plantio de bananas visando o mercado
exterior, geralmente est pensando em outros alm do Mercosul, tais como o
americano e o europeu. Entretanto, ele precisa lembrar tambm que as exigncias do
mercado platino so muito menores do que as dos demais. Alm disso, comparando-
se a mdia histrica dos preos pagos ao produtor brasileiro, com a dos pases que a
produzem visando principalmente a exportao, verifica-se que, nos ltimos dez anos,
a do nosso mercado interno foi mais interessante.
6.2.1- Situaes regionais da bananicultura brasileira
Pela grande extenso territorial do Brasil, o cultivo da banana deve ser
apreciado regionalmente.
- Bacia Amaznica: O bananal feito de forma quase indgena, com
aspectos de extrativismo. Predominam, em ordem de importncia, os cultivares
Pacova, Ma, Maranho, Terra e Branca e em menor quantidade, o Nanico e o
Nanica. Nos ltimos dez anos, a rea cultivada aumentou cerca de cinco vezes,
porm quase sempre com o nomadismo tpico da regio. Esses plantios novos tm
sido feitos onde h melhores estradas, em terra firme, isto , reas no inundveis na
poca das cheias dos rios, e mais com os cultivares Branca e Nanico. Nas reas
inundveis, os plantios no tm sofrido mudanas.
O moko est tendo um desenvolvimento pequeno, atingindo quase que
somente as terras baixas, com raros casos nas terras altas. A evoluo e a expanso
da sigatoka-negra ainda uma incgnita e o futuro dos plantios amaznicos de
banana, outra.
- Brasil Central: Os plantios tm-se expandido e passaram a ser feitos com
os cultivares Nanico, Enxerto e Terra. Os plantios dos dois primeiros so feitos, na
maioria, com mudas de laboratrio. H tambm muitos plantios de Pacovan,
principalmente para ser comercializado em Braslia, onde o nordestino seu grande
consumidor. A irrigao passou a ser uma constante nesses bananais.
Os plantios tradicionais de Ma tm diminudo devido ao mal-do-panam.
Os novos plantios, em carter empresarial, esto sendo feitos em reas virgens, com
o emprego de mudas de laboratrio, sendo ainda imprevisvel sua longevidade. Os
plantios de desbravamento, que eram realizados em baixo das matas, quase no
ocorrem mais.
Nessa regio, os plantios tendem a aumentar e h grande interesse por
novas informaes tecnolgicas. As produes da banana Maa so comercializadas,
principalmente, no mercado de So Paulo, que paga um bom preo por elas. O
consumo de banana na Capital Federal, e nas outras capitais dos estados da regio,
tm aumentado bastante.
- Regio Sul: J chegou ao limite mximo de sua expanso geogrfica
possvel para cultivar bananeiras, tem tido grande aumento de produtividade.
O estado de Santa Catarina o maior produtor, seguido pelo Rio Grande do Sul e Paran. Estes dois ltimos tm aumentado suas reas de produo, na regio Norte-
litornea, utilizando as tecnologias atualmente geradas em Santa Catarina. Neste estado, os bananais foram plantados nas partes altas das fraldas da Serra do Mar,
prximos do litoral e, mais recentemente nas baixadas martimas, com os cultivares Enxerto (Prata an), Branca e Prata como uma defesa contra a friagem. H ainda
plantios de Nanico, Caturro e Imperial, que so menos tolerantes ao frio, o que em parte, compensado pela altura dos dois ltimos cultivares, que chegam a 6
e 7 m. Ambos, porm, apresentam o defeito do ciclo de produo ser mais longo.
A produo consumida nos grandes centros sulinos, mas boa parte
tambm remetida para So Paulo e at Belo Horizonte. Em determinados anos, as
bananas al colhidas, no vero, so exportadas para o Uruguai. Os bons preos que os
produtores tm obtido e o aumento de consumo, estimularam os bananicultores a
ampliar seus plantios, empregando os mais recentes conhecimento tecnolgicos
banancolas. Infelizmente, a regio sujeita a problemas de excesso de chuvas e
baixas temperaturas, com ocasionais chuvas de pedra.
- Nordeste: Onde persiste o sistema de irrigao por inundao, o cultivo de
banana feito nos antigos permetros do Departamento Nacional de Combate Seca
(DNOCS), com predominncia dos cultivares Nanica, Nanico e Grande Naine. Nestas
reas, o nvel tecnolgico bastante baixo, a despeito de todo apoio que a entidade
cooperativista lhes proporciona.
No Cear, h novos plantios feitos com mudas de laboratrio e alta
tecnologia, muitos dos quais com o cultivar Ma. Entretanto, na serra de Baturit os
plantios continuam sendo com as tecnologias tradicionais.
Como reflexo desse novo padro de produo, a comercializao dos
mercados de Fortaleza e Belm esto se tornando mais exigentes. Os marginais e
tradicionais produtores tm visto sua fruta ser desprezada comercialmente pelos
consumidores, em favor das bananas produzidas por proprietrios que evoluram e
passaram a apresentar produtos de primeira qualidade.
No sul do Maranho e do Cear esto se formando reas com plantios bem
tecnificados, com o cultivar Pacovan e, em menor quantidade, com o Grande Naine.
As ricas terras aluviais, que podem ser irrigadas com as guas da barragem
de cabeceira do rio Au (RN), onde o clima bem seco e que distam cerca de 40 km
do porto martimo, representam as melhores reas agrcolas para a produo de
bananas no Nordeste e no Brasil.
Nelas, h um empreendimento banancola, em produo, da mais alta
importncia agrcola e comercial, devidamente projetado para ser uma empresa capaz
de apresentar bananas de padro internacional, tanto em qualidade de produto como
em embalagem, a qual feita em caixas de papelo. Sua comercializao realizada
nos principais centros do pas e est servindo para demonstrar o potencial de
consumo de bananas de primeiro mundo que temos e, ainda, d exemplo do que se
deve fazer para apresentar um bom produto aos consumidores. H outros dois
empreendimentos instalandos nessa rea, com iguais caractersticas e metas.
Em reas irrigadas, foi possvel obter com Grande Naine, produtividade de
mais de 80 t/ha/ano.
No baixo So Francisco, na regio de Petrolina e Juazeiro, h um grande plo
de produo em expanso, estimado em dez milhes de bananeiras, no qual se faz o
plantio, principalmente, do Pacovan.
Esses dois plos banancolas do semi-rido tem como caractersticas bsicas
comuns, a pequena propriedade e as guas do So Francisco distribudas dentro dos
bananais, por asperso, tanto abaixo como acima das folhas.
No sul da Bahia, h reas no irrigadas, onde o plantio foi feito
principalmente para sombreamento do cacau, sendo a banana tida como cultura
secundria. Nelas predominam os cultivares Branca, Prata e Pacovan. Nessas reas,
os altos ndices de produtividade que vm sendo obtidos com Pacovan e Terra, e
sua boa aceitao pelos consumidores, abrem boas perspectivas de expanso desses
plantios.
Suas produes so comercializadas, principalmente, nas capitais dos
estados e, as produzidas mais ao sul, remetidas para Vitria e Rio de Janeiro.
- Centro-Sul: Foi nessa regio, que o cultivo da bananeira mais se
desenvolveu e atingiu maior ndice de tecnologia e produtividade.
Os cultivares Branca e Prata, em funo dos bons tratamentos recebidos,
tem possibilitado bons rendimentos e produzido timas bananas em Minas Gerais
(regio sul do estado) e Esprito Santo, cujos mercados consumidores pagam
razoavelmente bem por esses padres de qualidade.
O cultivar Nanico foi progressivamente introduzido nas terras mecanizveis
do Esprito Santo e do Rio de Janeiro, enquanto nas reas acidentadas desses
estados, continuam sendo plantados os cultivares Prata, Branca e incrementado o
Ouro da Mata.
H plantios do cultivar Ouro nas encostas da Serra do Mar, onde eles
encontram condies de clima favorvel para uma boa produo. Outros cultivares
que tambm se aclimataram bem na base dessas encostas foram os cultivares Terra e
Maranho, cujos cachos, freqentemente, atingem 80 kg de peso.
Nesses trs estados, a bananicultura se expande de forma constante,
acompanhando o consumo.
No norte de Minas Gerais, nas vrzeas do alto do rio So Francisco, na regio
de Janaba, formou-se uma grande rea de produo, atualmente com mais de dez
mil hectares de bananeiras. A maior parte dessas plantaes foi feita com mudas
produzidas por biotecnologia sendo todas irrigadas. H galpes que recebem a
banana por meio de cabos areos. Infelizmente, h falta de apoio tecnolgico. A
despeito disso, dado o interesse do produtor, essas regies tm apresentado boas
produes e boas bananas. A produo comercializada tanto em Braslia como em
Belo Horizonte e So Paulo.
Estado de So Paulo: O cultivo da bananeira feito com fins comerciais
desde o sculo passado, quando houve predominncia de plantio dos cultivares
Nanica e Ma. A exportao vem se processando desde essa ocasio.
Os plantios de banana Ma que a existiam, a partir de 1930, comearam
a desaparecer devido ao mal-do-panam. J em 1965, no se encontrava, em todo o
estado, mais nenhuma lavoura desse excelente cultivar.
A partir de 1960, iniciou-se a substituio do cultivar Nanica pelo Nanico,
devido ao melhor aspecto dos frutos. Hoje, h cerca de 50% de cada um deles nas
lavouras do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira.
O cultivar Grande Naine, introduzido no Vale do Ribeira em 1970, est se
desenvolvendo bem, uma vez que sua aclimatao foi boa. Entretanto, o mesmo no
aconteceu em regies de pouca precipitao ou baixa umidade relativa do ar, como
no Planalto.
Os outros cultivares Enxerto, Terra, Ouro, etc. no despertavam interesse
entre os bananicultores paulistas. Entretanto, dado o constante aumento de seu
consumo no mercado da Grande So Paulo, passaram a plant-los, principalmente o
cultivar Enxerto. Mesmo assim, dada a falta de banana Prata, o abastecimento tem
sido complementado com produes vindas de outros estados.
As grandes companhias banancolas que haviam no Litoral Paulista,
praticamente desapareceram, em vista de dificuldades de mo-de-obra e ao alto valor
das propriedades, ante o enorme desenvolvimento imobilirio e turstico que se
registra na regio. Poucas propriedades ainda produzem bananas em larga escala.
No Vale do Ribeira, h uma tendncia de diminuio das reas de plantio e
maior aceitao de tecnologias de produo. Atualmente, a regio est com sua rea
de produo reduzida a quase 50%, devido s sucessivas inundaes e fortes ventos
que a tm assolado.
O controle da sigatoka-amarela vem sendo feito rotineiramente, nos
ltimos vinte anos, por meio de avies, helicpteros, tratores e atomizadores costais.
Muitos galpes de embalagem foram construdos nesta ltima dcada, mas
h ainda parte desta operao sendo feita no meio dos bananais. A construo dos
galpes um reflexo das exigncias dos consumidores, que pagam mais pela melhor
qualidade das bananas. Elas so embaladas em buqus e em muitas propriedades se
faz o seu resfriamento antes de serem remetidas aos mercados onde iro ser
amadurecidas.
Os cabos areos para o transporte de banana aos galpes de embalagem,
que h dez anos no haviam no Brasil, j esto instalados em vrias propriedades e
estados.
A comercializao ainda feita em grande parte na CEAGESP, havendo,
contudo, muita venda direta do produtor aos supermercados. Nessa central de
vendas, a comercializao em cachos atravs de leiles, praticamente acabou. As
vendas so feitas quase s em pencas e buqus, embaladas em caixas de madeira,
papelo e plstico.
O Planalto Paulista, que antigamente chegou a ser grande produtor de
Ma, j possui vrios plos de 50 a 100 mil plantas de Nanico e Enxerto, com
tendncia de expanso, empregando-se a mais alta tecnologia de produo. Estes
plos tm se formado, principalmente, junto cidades de 100 a 200 mil habitantes e
esto se multiplicando.
A produo desses bananais , em geral, colhida, embalada, climatizada e
vendida aos supermercados prximos da sua rea de plantio, pelo prprio agricultor.
Entretanto, ainda pequeno o nmero de produtores que se associam para efetuar
suas vendas e as compras de insumos.
Tal sistema de comercializao tem assegurado maiores lucros para os
produtores e reduzido muito suas perdas com refugos, pois ele passou a classificar as
bananas em 1a, 2a e 3a categoria e vend-las com preos diferenciados, porm vende
tudo que produz.
Dessa forma, os produtores paulistas esto descobrindo que mais lucrativo
terem menores reas de produo, mas cuidarem com mais ateno da
comercializao at ao nvel do retalhista final, quando ento ele cria um plo de
vendas restrito de 50 a 60 Km de sua propriedade. Esta situao tende a se
consolidar e se repetir cada vez mais em todo o pas.
O amadurecimento da banana feito em cmaras de climatizao. As
antigas estufas j so coisa do passado. Estas cmaras esto localizadas tanto nas
reas de produo como nas metropolitanas e nas CEASAs das cidades do interior.
Em face desse panorama de evolues, os consumidores de todo o Brasil,
passaram a procurar por uma banana com melhor aparncia, ao efetuarem suas
compras e o produtor est se vendo obrigado a adotar as usuais tecnologias de
colheita e embalagem, dominantes no mercado internacional.
7 Exigncias climticas
Antes de se fazer o plantio de um bananal, em escala comercial, preciso
estudar bem os fatores climticos da localidade, para se saber se eles suprem aqueles
que a planta exige. Se eles no forem favorveis cultura, dificilmente o produtor
obter bons lucros, pois os fatores climticos so os grandes responsveis pelo
desenvolvimento da planta.
7.1 - Temperatura
Os limites mais favorveis de temperatura para o bom desenvolvimento da
bananeira esto entre 20 a 24C, registrados ao redor do pseudocaule a 100 cm do
solo. A bananeira tambm pode se desenvolver satisfatoriamente em locais com
temperatura abaixo e acima dos limites citados, porm com prejuzos para o ritmo de
seu desenvolvimento e da qualidade da banana.
As temperaturas de 15 e 35C tm sido apontadas como os limites
extremos entre os quais a bananeira encontraria boas condies para crescer e
produzir. Se os valores absolutos da temperatura permanecerem dentro desses
ndices (15 e 35C), o cultivo da bananeira estar assegurado na rea. Temperaturas
pouco acima de 24C, por breve perodo de tempo, tambm so favorveis
produo da bananeira.
Quando a temperatura mnima cai abaixo de 12C, os tecidos da planta so
prejudicados, principalmente os da casca do fruto. Se descer at 4C, inicialmente
comeam a aparecer nos bordos das folhas as primeiras manchas amarelas, as quais
se acentuam com o tempo, culminando com danos letais nessa rea.
Quando a temperatura sobe acima de 35C, h inibies no desenvolvimento
da planta devido, principalmente, desidratao dos tecidos, em especial, o das
folhas. Isto faz com que elas se tornem rgidas e sujeitas ao fendilhamento mais
facilmente.
A temperatura muito importante para a bananicultura em relao a vrias
molstias e pragas que atacam a planta e cuja velocidade de desenvolvimento delas
varia em funo desse fator.
7.2 - Precipitao
A bananeira necessita permanentemente de umidade, oriunda de chuvas ou
de irrigao. Para ela o importante no a mdia anual que interessa e sim a diria.
O ideal seria que a mdia anual de chuvas casse dividida semanalmente.
Regies onde haja uma estao das chuvas e outra da seca bem definidas
no so boas, pois a bananeira no precisa de hibernao para crescer ou produzir.
A quantidade de gua que ela precisa para ter um bom desenvolvimento e
produo varia com os mltiplos fatores climticos no que concerne aos seus limites
mximos e mnimos e, quanto ao solo, no que se refere aos fatores profundidade,
textura, declividade, drenagem, etc.
Se no houver suficiente regularidade e quantidade de chuvas, a irrigao
precisar ser feita. Isto importante, principalmente para as razes poderem ter um
bom e constante desenvolvimento.
7.3 Umidade Relativa
As regies onde a umidade relativa mdia anual situa-se acima de 80% so
as mais favorveis bananicultura.
Esta alta umidade acelera a emisso de folhas, prolonga a sua longevidade,
favorece o lanamento da inflorescncia e uniformiza a colorao da fruta. Contudo,
quando associada a chuvas e variaes de temperatura, provoca a ocorrncia de
doenas fngicas.
Sob condies de baixo teor de umidade as folhas tornam-se mais coriceas
e tm vida mais curta.
7.4 Luminosidade
A bananeira tem seu melhor crescimento quando recebe mais de 2.000 lux
(horas de luz/ano queimada no heligrafo) suportando, contudo, at um limite de
1.000 lux. Valores abaixo so insuficientes para que ela tenha desenvolvimento
normal.
Se cultivada em local que receba apenas 30% do limite mnimo de
luminosidade, em carter permanente, a bananeira tende a no interromper seu
contnuo e lento desenvolvimento, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo
at mesmo chegar a no entrar no processo da diferenciao floral. Disto resulta que
a bananeira no suporta sombra artificial ou natural (cerrao, bruma, poluio,
sombra de morros, etc.) sobre suas folhas, pois ela retarda seu desenvolvimento,
principalmente por no fazer a fotossntese.
Quando muito acima do limite mximo citado, pode haver queima das folhas, o que
acontece, principalmente, durante a fase de cartucho ou folha recm-aberta. Nessa
idade da folha seu tecido muito tenro, ficando vulnervel aos raios solares. Da
mesma forma, a inflorescncia pode tambm ser prejudicada pelos mesmos fatores. Apenas nas reas com luminosidade muito alta (4.000 lux), poder-se-ia pensar em
sombrear parcialmente, as bananeiras.
7.5 Vento
O vento uma das maiores preocupaes comuns a todos os produtores de
banana. Os prejuzos e a perda da produo que o vento causa, por derrubar as
bananeiras ou romper suas razes e folhas, so, em geral, maiores do que os
provocados pela sigatoka-amarela no controlada.
Esse um aspecto para o qual os bananicultores e principalmente os
brasileiros, no tm voltado sua ateno e, por isso, no protegem suas plantaes
como o fazem outros povos, em especial os europeus, que consideram o quebra-
vento como um seguro agrcola, que fica de gerao para gerao.
Os ventos so capazes de provocar danos suficientes para arrasar em poucos
minutos uma boa plantao. Eles causam prejuzos proporcionais sua intensidade, a
saber:
a) chilling ou friagem que consiste em danos fisiolgicos na bananeira e
ou no fruto, causados por baixas temperaturas;
b) desidratao da planta devido grande evaporao;
c) fendilhamento entre as nervuras secundrias;
d) diminuio da rea foliar pela dilacerao das folhas que j foram
fendilhadas;
e) rompimento das razes;
f) quebra do seu pseudocaule;
g) tombamento inteiro da bananeira e sua famlia.
7.6 Altitude
A altitude afeta diretamente a temperatura, chuvas, umidade relativa,
luminosidade, etc., fatores estes que, por sua vez, influem no desenvolvimento e na
produo da bananeira.
Trabalhos realizados em regies tropicais equatorianas, com baixas altitudes,
demonstraram que o ciclo de produo da bananeira, principalmente do subgrupo
Cavendish, foi de 8 a 10 meses. Nessas regies, onde a altitude passou para 900 m,
ele aumentou para 18 meses.
Comparaes feitas entre plantaes conduzidas em situaes iguais de
cultivo, solos, chuvas, umidade, etc., evidenciaram um aumento de 30 a 45 dias no
ciclo de produo, a cada 100 m de acrscimo na altitude, em uma mesma latitude.
Estudos feitos com vrios cultivares do subgrupo Cavendish, para avaliar seu
comportamento em diferentes altitudes, indicaram que os cultivares Mons Marie e
Williams foram os menos prejudicados com os maiores ndices.
8 Cultivares
Vrios autores tm procurado classificar e descrever as principais cultivares
de banana.
Classificar e descrever literalmente, as caractersticas identificativas dos
diferentes cultivares algo muito difcil. Simmonds props e descreveu muitos
cultivares utilizando inmeros indicativos de cada um dos caracteres morfolgicos e
genticos deles. Esta metodologia quase que perfeita, porm seu nvel no est ao
alcance de todos aqueles que tm interesse ou esto apenas ligados a algum setor da
bananicultura. Posteriormente, Champion fez um outro brilhante trabalho, j mais
descritivo e com tabelas indicativas dos provveis locais de aparecimento dos diversos
cultivares. Seguramente mais de 10 autores brasileiros j descreveram os diferentes
cultivares utilizados pelos nossos produtores.
8.1 Principais cultivares
Embora exista um nmero expressivo de variedades de banana no Brasil,
quando se consideram aspectos como preferncia dos consumidores, produtividade,
tolerncia a pragas e doenas, resistncia seca, porte e resistncia ao frio, restam
poucas cultivares com potencial agronmico para serem usadas comercialmente. As
cultivares mais difundidas no Brasil so: Prata, Pacovan, Prata An, Ma, Mysore,
Terra e DAngola, do grupo AAB, e Nanica, Nanico e Grande Naine, do grupo AAA,
utilizadas principalmente na exportao. Em menor escala so plantadas a Figo
Cinza, Figo Vermelha, Ouro, Caru Verde e Caru Roxa. As cultivares Prata e
Pacovan so responsveis por aproximadamente 60% da rea cultivada com banana
no Brasil
9 - Propagao
As bananeiras so normalmente propagadas vegetativamente, por meio de
mudas desenvolvidas a partir de gemas do seu caule subterrneo ou rizoma. A
escolha de mudas de boa qualidade fundamental para o sucesso da implantao do
bananal.
O ideal que mudas, sejam oriundas de viveiros, que so reas
estabelecidas com a finalidade exclusiva de produo de material propagativo de boa
qualidade. Os viveiros devem estar prximos fonte de gua e ao local de preparo do
material de plantio. No caso da inexistncia de viveiros, as mudas devem ser obtidas
de bananal com plantas bem vigorosas e em timas condies fitossanitrias, cuja
idade no seja superior a q